estagios da meditação

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    Frum de filosofia budista

    Sinopse dos estgios da meditao

    A meditao consiste no cultivo de uma compreenso, para que esta se torneespontnea. Uma compreenso inicial surge mediante a escuta de um ensinamento, desenvolvida mediante a ponderao sobre o que se escutou e, finalmente, aperfeioada mediante a meditao sobre o que se ponderou; tm-se, assim, assabedorias surgidas da escuta, da ponderao e da meditao.

    Especificamente, a sabedoria surgida da meditao sobre a realidade o antdotonico, capaz de eliminar a ignorncia, a causa fundamental de todos os sofrimentos,nossos e dos outros. Em que consiste essa realidade o tema de muitos outros textosencontrados no Frum de filosofia budista; aqui, trataremos do modo de meditar sobreessa realidade, de modo que sua compreenso se torne espontnea.

    Como visto, a meditao no possvel sem a ponderao, nem esta possvel sema escuta. A escuta se faz evitando-se os trs problemas do pote. Um pote emborcadono pode receber gua; do mesmo modo, uma mente que no aspire receber oensinamento no pode receb-lo. Um pote furado recebe a gua, mas no pode ret-la;do mesmo modo uma mente desatenta recebe um ensinamento, mas no pode ret-lo.Um pote contendo veneno pode receber e reter a gua, mas a envenenar; do mesmomodo, uma mente contendo preconceitos pode receber e reter um ensinamento, mas odistorcer de modo a torn-lo intil. Portanto, obtm-se uma sabedoria surgida daescuta ao escutar-se um ensinamento com aspirao, ateno e imparcialidade.

    Uma vez obtida uma compreenso surgida da escuta, necessrio ponderar-se sobreessa compreenso, para verificar-se sua validade. Vlido aquilo que no desmentidonem por uma percepo direta nem por uma inferncia. Assim, investigam-se todas aspossibilidades de invalidao de nossa compreenso surgida da escuta, at que,exauridas essas possibilidades sem qualquer dano a nossa compreenso, obtenhamosuma sabedoria surgida da ponderao.

    Tornada incontrovertvel nossa compreenso, mediante a sabedoria surgida daponderao, chegado o momento de meditar-se sobre nosso objeto, at que suacompreenso se torne espontnea. Isso se faz, inicialmente, praticando-se a meditaoestabilizadora, at alcanar-se a tranqilidade da mente, que um estado surgido dameditao; em seguida, alterna-se essa meditao estabilizadora com a meditaoanaltica, at que a tranqilidade da mente se una viso especial, que , finalmente,uma sabedoria surgida da meditao e o antdoto nico, capaz de eliminar a ignornciaque nos prende ao sofrimento.

    Para praticar-se a meditao estabilizadora, escolhemos um lugar confortvel,pacfico, saudvel e silencioso, em companhia favorvel a nossa prtica, ou o que maisse aproximar dessas condies. Diminumos nosso desejo de obter objetos materiais,geramos contentamento com aquilo que possumos, abandonamos atividadesirrelevantes, mantemos boa conduta moral e abandonamos distraes e outrospensamentos perturbadores.

    Satisfeitas essas condies, sentamo-nos com as pernas cruzadas; a mo direitadentro da esquerda sobre o colo, polegares se tocando altura do umbigo; a colunavertebral ereta como um fio de prumo; os ombros alinhados horizontalmente; a cabealigeiramente inclinada como a de um cisne; a lngua tocando o palato e os olhos

    semicerrados suavemente voltados para a ponta do nariz. Inspiramos e expiramossuavemente dez ciclos completos, sem perder a conta, a ateno voltada apenas para arespirao.

    http://www.geocities.com/matibhadra/conteudo/forum_portugues.htmhttp://www.geocities.com/matibhadra/conteudo/forum_portugues.htm
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    Assim preparados, escolhemos nosso objeto de meditao, que necessariamenteum objeto mental. Pode ser um estado mental como o amor, a compaixo, oubodhicitta; ou um fenmeno como a morte, a impermanncia ou a vacuidade; ou umaimagem mental auspiciosa, como a de um buddha, sendo esta ltima a melhor escolha.Qualquer que seja o objeto de meditao escolhido, entretanto, deve ser mantido atalcanar-se a tranqilidade da mente.

    Se tivermos escolhido Buddha Shakyamuni como nosso objeto de meditao, ovisualizamos diante de ns, distncia de nosso prprio corpo estirado para a frente,com a altura de um palmo, no nvel de nossos olhos, feito de luz, suave, pacfico eradiante. Uma imagem fsica pode ser utilizada ocasionalmente como auxiliar, mas oobjeto de meditao nossa imagem mental. Passamos, ento, a progredir ao longo denove etapas, ou estaes mentais:

    1. Inicialmente, utilizamos opoder da escuta (da descrio do objeto, no caso, deBuddha Shakyamuni, com todos os seus detalhes), para obter a colocao damente sobre seu objeto.

    2. Em seguida, utilizamos opoder da ponderao (que investiga o objeto demeditao) e uma ateno ainda forada, para obter uma colocao continuadada mente sobre seu objeto. Nestas duas etapas, nossa ateno forada, e afalta dapreguia vencida pelos antdotos da confiana, da aspirao, do esforoe da maleabilidade.

    3. Em seguida, utilizamos opoder do lembramento para fazer nosso objeto demeditao reaparecer caso desaparea de nossa mente, e para fazer nossamente retornar a esse objeto caso se dirija a algum outro; esta a recolocaoda mente sobre o seu objeto, etapa em que nossa ateno, embora no maisforada, ainda interrompida.

    4. Em seguida, completamos opoder do lembramento, para obter uma colocao

    cerrada, em que o objeto de meditao no mais desaparece de nossa, nem estase dirige a outro objeto. Nestas duas ltimas etapas, a falta do esquecimento vencida pelo antdoto do lembramento.

    5. Em seguida, utilizamos opoder da deteco para identificar uma queda naintensidade da aparncia de nosso objeto de meditao, falta que corrigimosaumentando ligeiramente a intensidade do modo de apreenso desse objeto,obtendo assim o controle da mente.

    6. Em seguida, utilizamos opoder da deteco para identificar o surgimento deoutros objetos em nossa mente, falta que corrigimos diminuindo ligeiramente aintensidade do modo de apreenso de nosso objeto de meditao, obtendo assimapacificao da mente.

    7. Em seguida, utilizamos opoder do vigorpara eliminar completamente osurgimento, ainda que tnue e intermitente, de outros objetos e assim obter a

    pacificao completa da mente.

    8. Em seguida, completamos opoder do vigorpara obter uma apreenso unificadado objeto de meditao. A ateno, que at agora era interrompida, passa a serininterrupta.

    9. Em seguida, utilizamos opoder da familiaridade de nossa mente com seu objetode meditao para obter uma ateno espontnea e a nona estao mental, acolocao em equilbrio.

    Alcanada esta etapa, a cultivamos at que se manifestem as experincias depurificao mental e fsica, seguidas das experincias prazerosas da maleabilidade fsica

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    e mental, grande alegria e flutuao, a qual, atenuada, d lugar tranqilidade damente, em que nossa concentrao goza de estabilidade, claridade, intensidade emaleabilidade.

    Obtida essa concentrao, que uma meditao estabilizadora, passamos, como ditoacima, a altern-la com a meditao analtica, que consiste na anlise, mediante o uso

    da razo, ou de inferncias, do objeto de meditao. Neste ponto, podemos modificarnosso objeto de meditao; agora, o melhor objeto consiste na realidade, o objeto nicocuja observao purifica nossa mente da ignorncia, a causa de todos os sofrimentos.

    E por que necessria a meditao analtica? Porque a realidade, inicialmente, noaparece diretamente nossa percepo, sendo pois necessrio determin-la com o usode inferncias. Assim, determina-se inferencialmente o significado da realidade, e nissoconsiste a meditao analtica. Uma vez determinado esse significado, toma-se-o comoobjeto de nossa meditao estabilizadora, segundo as estapas acima descritas.

    Assim, nossa meditao analtica, ao determinar inferencialmente o significado darealidade, induzir alguma das nove etapas acima descritas, a qual deve ser cultivadaat alcanar-se a tranquilidade da mente, tendo-se por objeto o significado da realidade.Neste ponto, a estabilidade mental no possvel ao analisar-se, e a anlise no possvel ao estabilizar-se a mente, ou seja, ainda no se deu uma unio datranqilidade da mente com a viso especial do significado da realidade proporcionadapela anlise.

    Para obter-se essa unio, alterna-se entre meditao estabilizadora e meditaoanaltica, sempre tendo-se por objeto o significado da realidade, de modo que a anliseinduza progressivamente cada uma das nove etapas acima descritas, que entocultivada at alcanar-se a tranqilidade da mente. Esse processo , ento, repetidomuitas vezes, at que a prpria anlise induza diretamente as experincias depurificao mental e fsica, do prazer da maleabilidade fsica e mental, de grandealegria, flutuao e finalmente a tranqilidade da mente.

    Neste ponto, a anlise no mais impede a estabilizao, antes, a induz diretamente;e a estabilizao no mais impede a anlise, antes, a torna mais penetrante, de modoque obteve-se a unio da tranqilidade da mente com a viso especial. A partir de entoos estgios da meditao esto delineados em Nome, existncia e os estgios para aoniscincia.

    E por que praticamos os estgios da meditao? Porque queremos a eliminao detodo sofrimento, nosso e dos outros, bem assim de suas causas, as mentes aflitivascomo a raiva, o apego e a raiz de todas elas, a ignorncia que obscurece a realidade.Portanto, com a motivao de alcanarmos no apenas a libertao individual dosofrimento, mas tambm o estado desperto de um buddha, para conduzir todos os

    demais seres a esse mesmo estado, praticamos com vigor os estgios da meditao ateliminarmos a totalidade da ignorncia que obscurece a realidade, e dedicamos todas asvirtudes de nossa prtica obteno desse resultado.

    2002 Jlio Springer Pitanga

    http://www.geocities.com/matibhadra/forum/portugues/022.htmhttp://www.geocities.com/matibhadra/forum/portugues/022.htmmailto:[email protected]?subject=F%C3%B3rum%20de%20filosofia%20budistahttp://www.geocities.com/matibhadra/forum/portugues/022.htmhttp://www.geocities.com/matibhadra/forum/portugues/022.htmmailto:[email protected]?subject=F%C3%B3rum%20de%20filosofia%20budista
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    Estgios da MeditaoKamalashila

    Na lngua da ndia, Bhavanakrama. Na lngua do Tibet, Gompe Rimpa.

    Homenagem ao jovial Manjushri! Explicarei brevemente os estgios dameditao aos que seguem o sistema de sutras do Mahayana.

    Os inteligentes que desejam alcanar a iluminao rapidamente devem seesforar deliberadamente para satisfazer suas causas e condies. No possvel que a iluminao seja produzida sem causas porque, se fossepossvel, todas as coisas seriam sempre iluminadas. Se as coisas fossemproduzidas sem depender de outras, elas poderiam existirirrestritamente, no haveria qualquer razo pela qual tudo no fosseiluminado. Conseqentemente, como todas as coisas funcionais surgem

    apenas ocasionalmente, elas dependem estritamente de suas causas. Ailuminao tambm rara porque no ocorre em todas as condies e emtodos os lugares, e nem tudo pode se tornar iluminado.Conseqentemente, ela definitivamente depende de causas e condies.

    Tambm, a partir dessas causas e condies, devem-se cultivar as causascorretas e completas. Se colocarem em prtica as causas erradas, mesmoque trabalhem durante muito tempo, a meta almejada no poder sealcanada. Ser como tentar tirar leite de um chifre. De forma similar, oresultado no ser produzido quando todas as causas no foremcolocadas em ao. Por exemplo, se a semente ou qualquer outra coisaestiver ausente, o resultado o fruto e assim por diante no serproduzido. Conseqentemente, aqueles que desejam um resultadoespecfico devem cultivar suas causas e condies completas e precisas.

    Se perguntarem, "Quais so as causas e condies do fruto final dailuminao?", eu, que sou como um cego, talvez no esteja em posio depoder explicar, mas empregarei as palavras que Buddha pronunciou ao sedirigir a seus discpulos aps a sua iluminao. Ele disse

    Vajrapani, Senhor dos Segredos, a sabedoria transcendente da iluminao origina-sena compaixo e surge de uma causa o pensamento altrusta, o despertar da

    Bodhichitta e o aperfeioamento dos meios hbeis.Conseqentemente, se estiverem interessado em alcanar a iluminao,precisa-se praticar essas trs coisas a compaixo, o despertar daBodhichitta e os meios hbeis. Movidos pela compaixo, os Bodhisattvasfazem o voto de liberar todos os seres sencientes. Ento, superando suaperspectiva egocntrica, dedicam-se de forma vida e contnua sprticas extremamente difceis de acumulao de mrito e sabedoria.Depois de entrarem nessa prtica, certamente completaro a acumulaode mrito e sabedoria. Completar a acumulao de mrito de sabedoria como ter a prpria iluminao na palma da mo. Desse modo, como a

    compaixo a nica origem da iluminao, vocs devem se familiarizarcom esta prtica desde o incio. O Dharmasamgiti diz o seguinte

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    Buddha, um Bodhisattva no deve se dedicar a muitas prticas. Se um Bodhisattva sededicar um nico Dharma e o aprender com perfeio, ele possuir todas as qualidadesde Buddha na palma de sua mo. E se me perguntar qual esse nico Dharma, agrande compaixo.

    Os Buddhas j alcanaram todas as suas metas, mas permanecem no

    samsara enquanto existirem seres sencientes. Isso se deve ao fato depossurem uma grande compaixo. Tambm no entram na bem-aventurada morada do nirvana como os Shravakas. Por considerarem osinteresses dos seres sencientes em primeiro lugar, eles abandonam amorada do nirvana como se fosse uma casa de ferro incandescente.Conseqentemente, a grande compaixo apenas a causa inevitvel donirvana da no-permanncia do Buddha.

    A maneira de meditar sobre a compaixo ser ensinada desde o incio.Comecem a prtica meditando sobre a equanimidade. Procurem realizar aimparcialidade para com todos os seres sencientes, eliminando o apego e

    a averso. Todos os seres sencientes desejam a felicidade e no desejamo sofrimento. Pensem profundamente sobre como, neste samsara semincio, no existe um nico ser senciente que no tenha sido centenas devezes seu amigo e parente. Conseqentemente, por no haverjustificativa para ter apego a algumas pessoas e averso a outras,desenvolvam uma mente de equanimidade para com todos os seressencientes. Comecem a meditao sobre a equanimidade pensando emuma pessoa neutra e depois reflitam sobre pessoas que so amigas einimigas.

    Depois de a mente ter desenvolvido a equanimidade durante todos os

    seres sencientes, meditem sobre a bondade amorosa. Umedeam ocontinuum mental com a gua da bondade amorosa e o preparem assimcomo preparariam um terreno frtil. Quando a semente da compaixo plantada nessa mente, a germinao rpida, adequada e completa.Depois de ter irrigado o fluxo da mente com a bondade amorosa,meditem sobre a compaixo.

    A mente compassiva possui a natureza de desejar que todos os seres quesofrem fiquem livres do sofrimento. Meditem sobre a compaixo paracom todos os seres sencientes, porque os seres nos trs reinos deexistncia so inteiramente torturados pelos trs tipos de sofrimento em

    vrias formas. Buddha disse que o calor e outros tipos de dor torturamconstantemente os seres nos infernos durante um perodo de tempomuito longo. Tambm disse que os pretas so marcados pela dor e pelasede e experienciam um sofrimento fsico intenso. Podem-se ver tambmanimais sofrendo de vrias maneiras terrveis comem uns aos outros,ficam irados, so feridos e mortos. Tambm, podem-se ver sereshumanos experimentando vrios tipos de dor intensa. Por seremincapazes de encontrar o que querem, ficam ressentidos e causam danouns aos outros. Sofrem a dor de perder as belas coisas que desejam e dese defrontar com as coisas feias que no querem, bem como com a dorda pobreza. Existem aqueles cuja mente est atada por vrios grilhes deemoes negativas como o desejo insacivel. Outros esto agitados pordiferentes tipos de vises errneas. Essas so todas causas de aflio,

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    portanto esto sempre sofrendo de uma dor intensa, como se estivessem beira de um precipcio. Os devas sofrem a aflio da mudana. Porexemplo, sinais de morte iminente e sua queda em estadosdesventurados oprimem constantemente a mente dos devas do reino dodesejo. Como podem viver em paz? A aflio difusa aquela que surge

    sob o poder de causas que se caracterizam por aes negativas. Elapossui a natureza e as caractersticas da desintegrao momentnea epermeia todos os seres que vagam.

    Conseqentemente, vejam todos os seres que vagam como imersos emuma grande fogueira de infelicidade. Pensem que so todos como vocpor no desejarem de modo algum a infelicidade "Ai de mim! Todos osmeus amados seres sencientes esto sencientes esto sentindo uma dorenorme. O que posso fazer para liber-los?" E tornem seus o sofrimentodeles. Quer estejam envolvidos com a meditao unidirecionada ou comsuas atividades corriqueiras, meditem sempre sobre a compaixo,

    concentrando-se em todos os seres sencientes e desejando que selibertem do sofrimento. Comecem meditando sobre seus amigos eparentes. Reconheam como eles vivenciam os vrios sofrimentos queforam explicados.

    Depois de terem percebido todos os seres sencientes como iguais, semnenhuma diferena entre eles, ento vocs devem meditar sobre os seressencientes com relao aos quais so indiferentes. Quando a compaixoque sentirem para com eles for igual que sentem para com seus amigose parentes, meditem sobre a compaixo por todos os seres sencientesatravs das dez direes do universo. Assim como uma me atende ao

    seu pequeno e amado filho que padece, quando desenvolverem umsentimento de compaixo espontneo e igual por todos os seressencientes, vocs tero aperfeioado a prtica da compaixo, e isso conhecido como a grande compaixo.

    A compaixo sobre a bondade amorosa comea com os amigos e pessoasde quem vocs gostam. Ela tem a natureza de desejar que elesencontrem a felicidade. Pouco a pouco, expandam a meditao e incluamnela os desconhecidos e at mesmo seus inimigos. Ao se habituarem compaixo, gradualmente geraro o desejo espontneo de liberar todosos seres sencientes.

    Conseqentemente, depois de se familiarizarem com a compaixo comobase da meditao, meditem sobre o despertar da Bodhichitta. ABodhichitta de dois tipos relativa e absoluta. A Bodhichitta relativa o cultivo do pensamento inicial que aspira a alcanar o estado bddhicoinsupervel e perfeitamente consumado a fim de beneficiar todos osseres sencientes que vagam, depois de terem feito, por compaixo, ojulgamento de liberar todos eles do sofrimento. Essa Bodhichitta relativadeve ser cultivada em um processo semelhante ao descrito no captulosobre tica moral no Bodhisattvabhumi, gerando essa mente ao fazer ovoto de Bodhisattva diante de um mestre que aja de acordo com os

    preceitos do Bodhisattva.

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    Depois de gerar o despertar da Bodhichitta relativa, esforcem-se paracultivar o despertar da Bodhichitta absoluta. A Bodhichitta absoluta transcendente e livre de quaisquer elaboraes. extremamente clara, oobjeto do absoluto, imaculado, inabalvel, como uma lamparina demanteiga no perturbada pelo vento.

    Isso alcanado pela familiarizao constante e respeitosa com o yogadas meditaes shamatha e vipashyana durante um longo perodo detempo. O Samdhinimochana Sutra diz o seguinte

    Maitreya, voc precisa saber que todos os Dharmas virtuosos dos Shravakas,Bodhisattvas ou Tathagatas, sejam mundanos ou transcendentes, so fruto dasmeditaes shamatha e vipashyana.

    Como todos os tipos de concentrao podem ser includos nestes dois,todos os yogis devem, em todos os momentos, procurar as meditaesshamatha e vipashyana. Novamente, o Samdhinimochana Sutra afirma

    O Buddha disse que preciso que se saiba que os ensinamentos dos vrios tipos deconcentrao buscados pelos Shravakas, Bodhisattvas e Tathagatas esto todoscontidos na meditao shamatha e vipashyana.

    Os yogis no podem eliminar os obscurecimentos meramente sefamiliarizando com a meditao shamatha. Isso apenas eliminartemporariamente as emoes negativas e as iluses. Sem a luz dasabedoria, o potencial latente das emoes negativas no pode sercompletamente destrudo e, conseqentemente, sua destruio total noser possvel. Por essa razo, o Samdhinimochana Sutra diz o seguinte

    A concentrao capaz de eliminar adequadamente as emoes negativas e asabedoria pode destruir completamente seu potencial latente.

    O Samdhinimochana Sutra tambm diz o seguinte

    Mesmo que meditem com uma concentrao unidirecionada, no destruiro aconcepo errnea do "eu" e suas emoes negativas iro perturb-los novamente. Isso como a meditao unidirecionada de Udrak. Quando a ausncia do "eu" dosfenmenos especificamente examinada e as meditaes so realizadas com basenessa anlise, essa a causa da liberao resultante. Nenhuma outra causa pode trazerpaz.

    Alm disse, o Bodhisattvapitaka diz

    Aqueles que no ouviram esses vrios ensinamentos do Bodhisattvapitaka e tambmno ouviram o ensinamento implementado sobre o Vinaya, que acham que aconcentrao unidirecionada suficiente, cairo no abismo da arrogncia emdecorrncia do orgulho. Logo, no podem alcanar a liberao completa dorenascimento, velhice, doena, morte, infortnio, lamentaes, sofrimento, infelicidademental e perturbaes. Tambm no conquistam a liberao completa dos seis reinosdo samsara e nem da grande quantidade de sofrimento da mente e dos agregadosfsicos. Mantendo isso em mente, o Tathagata disse que ouvir os ensinamentos osajudar a se liberarem da velhice e da morte.

    Por essas razes, aqueles que desejam alcanar a sabedoriacompletamente purificada e transcendente atravs da eliminao detodos os obscurecimentos devem meditar sobre a sabedoria enquanto

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    permanecem na meditao shamatha. O Ratnakuta Sutra diz o seguinte

    A concentrao unidirecionada alcanada a partir da ligao com a tica moral. Com arealizao da concentrao unidirecionada, medita-se sobre a sabedoria. A sabedoriaajuda a alcanar uma percepo pura e penetrante. Pela percepo pura e penetrante, a

    conduta moral aperfeioada.

    O Mahayanaprasadaprabhavana Sutra diz o seguinte

    filho ou filha de nobre famlia, se voc no permanecer fiel sabedoria, no possodizer como ter f no Mahayana dos Bodhisattvas ou como ingressar no Mahayana. filho ou filha de nobre famlia, voc deve saber que isso por causa da f dosBodhisattvas no Mahayana, em resultado da contemplao do Dharma perfeito e darealidade com uma mente livre de distraes.

    A mente dos yogis ser distrada e se voltar para vrios objetos secultivar a meditao vipashyana sem desenvolver a mente da meditao

    shamatha. A mente ficar instvel como uma lamparina de manteiga novento. Como a clareza da meditao vipashyana estar ausente, essedois devem ser igualmente cultivados. Conseqentemente, oMahaparinirvana Sutra diz o seguinte

    Os Shravakas no podem ver a natureza bddhica porque sua absoro unidirecionada mais forte e sua sabedoria mais fraca. Os Bodhisattvas podem v-la, mas no comclareza, porque sua sabedoria mais forte e sua concentrao unidirecionada maisfraca, enquanto os Tathagatas podem ver tudo porque possuem no mesmo grau amente de shamatha e de vipashyana.

    Devido ao poder da meditao shamatha, a mente no ser perturbada

    pelo sopro dos pensamentos conceituais, como uma lamparina demanteiga no perturbada pela brisa. A meditao vipashyana eliminacada mcula de vises errneas e assim no sero afetados pelas dosoutros. O Chandrapradipa Sutra diz o seguinte

    Por meio da meditao shamatha, a mente se tornar firme; com a meditaovipashyana, ela ser como uma montanha.

    Conseqentemente, permaneam fiis pratica do yoga de ambas asmeditaes. Inicialmente, os yogis devem procurar os pr-requisitos quepossam ajuda-lo a alcanar com rapidez e eficcia as meditaesshamatha e vipashyana. Os pr-requisitos para o desenvolvimento da

    meditao shamatha so os seguintes praticar o contentamento, nose envolver em um nmero de atividades excessivo, adotar a pura ticamoral e eliminar e eliminar totalmente o apego e todos os outros tipos depensamentos conceituais. Um ambiente conducente deve ser conhecidopelas cinco caractersticas seguintes proporcionar fcil acesso a comidae roupas, ser destitudo de seres malignos e inimigos, ser livre da doena,abrigar bons amigos que adotem a tica moral e que compartilham visessemelhantes, ser freqentado por poucas pessoas durante o dia e no serbarulhento noite. Limitar os desejos envolve no ter um apegoexcessivo a muitas e boas roupas, como trajes religiosos e assim pordiante. A prtica do contentamento significa estar sempre satisfeito comas pequenas coisas, como trajes religiosos de qualidade inferior. No seenvolver com muitas atividades envolve desistir das atividades comuns

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    como negcios, evitar associar-se estreitamente a chefes de famlia emonges, e abandonar completamente a prtica da medicina e daastrologia.

    Mesmo no caso da declarao de que uma transgresso dos votos dos

    Shravakas no pode ser restaurada, se houver arrependimento e aconscincia da inteno de no repeti-la, alm da conscincia daverdadeira identidade da mente que praticou a ao, ou familiaridadecom a ausncia de uma verdadeira existncia de todos os fenmenos, amoralidade da pessoa pode ser considerada pura. Isso deve sercompreendido a partir doAjatashatrukaukrityavirodana Sutra. Devemsuperar seu arrependimento e fazer um esforo especial na meditao.

    Permanecer atento s vrias imperfeies do apego nesta vida e nasvidas futuras ajuda a eliminar as concepes errneas sobre este assunto.Algumas das caractersticas comuns s coisas belas e s coisas feias no

    samsara so que todas so instveis e esto sujeitas desintegrao.No existe nenhuma dvida de que vocs iro, sem demora, se separarde todas essas coisas. Sendo assim, meditem sobre por que o "eu"deveria ser to excessivamente apego a essas coisas e, depois, livrem-sede todas as concepes errneas.

    Quais so os pr-requisitos da meditao vipashyana? So os seguintes apoiar-se nas pessoas santas, buscar seriamente instrues extensas e acontemplao apropriada. Em que tipo de pessoa santa devem se apoiar?Naquela que ouviu muito, que se expressa com clareza, que dotada decompaixo e que capaz de suportar a adversidade. Qual o significado de

    buscar seriamente instrues extensas? ouvir com seriedade instruesextensas a respeito do significado definitivo e interpretativo das dozeramificaes dos ensinamentos do Buddha. O Samdhinirmochana Sutradiz o seguinte

    No ouvir os ensinamentos dos seres superiores ao seu bel-prazer um obstculo meditao vipashyana.

    O mesmo sutra diz

    A meditao vipashyana surge de sua causa, a viso correta, que por sua vez surge doouvir e da contemplao.

    O Narayanaparipriccha Sutra diz o seguinte

    A partir da experincia do ouvir, alcana-se a sabedoria, e com a sabedoria as emoesnegativas so totalmente apaziguadas.

    Qual o significado da contemplao adequada? determinarapropriadamente os sutras definitivos e interpretativos. Quando osBodhisattvas esto livres da dvidas, podem meditarunidirecionadamente. Caso contrrio, se forem assediados pela dvida eindeciso, sero como um homem em uma encruzilhada, sem saber porqual caminho seguir. Os yogis devem evitar o peixe, a carne e assim por

    diante; e, em todas as ocasies, comer com moderao e evitar alimentosno conducente sade. Assim, os Bodhisattvas que reunirem todos os

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    pr-requisitos para as meditaes shamatha e vipashyana devemcomear a meditar.

    Ao meditar, os yogis devem primeiro completar todas as prticaspreparatrias. Devem ir ao banheiro e, em um local agradvel, livre de

    rudos perturbadores, devem pensar, "Conduzirei todos os seressencientes ao estado da iluminao." A seguir, devem manifestar umagrande compaixo, o pensamento de que desejam liberar todos os seressencientes, e prestar homenagem a todos os Buddhas e Bodhisattvas nasdez direes, tocando o solo com os cinco membros do seu corpo. Devemcolocar uma imagem dos Buddhas e Bodhisattvas, como uma pintura, emfrete deles ou em algum outro lugar. Devem fazer o maior nmeropossvel de oferendas e louvores. Devem confessar suas ms aes e seregozijar com os mritos de todos os outros seres. Em seguida, devem sesentar na postura de ltus completa de Vairochana ou na postura demeio-ltus, sobre uma almofada confortvel. Os olhos no devem estar

    muito abertos nem fechados. Deixem que focalizem a ponta do nariz. Ocorpo no deve estar inclinado nem para frente nem para trs.Conservem-no reto e voltem a ateno para dentro de si. Os ombrosdevem descansar na posio natural e a cabea no deve se inclinar paratrs, para frente ou para nenhum dos lados. O nariz deve estar alinhadocom o umbigo. Os dentes e lbios devem repousar em seu estado natural,com a lngua tocando o cu da boca. Respirem com extrema delicadeza esuavidade, sem fazer nenhum rudo, sem se esforar e com regularidade.Inspirem e expirem com naturalidade, lentido e de modo imperceptvel.

    Inicialmente, deve ser realizada a meditao shamatha. A meditao

    shamatha a mente que superou a distrao dos objetos externos e que,espontnea e continuamente, volta-se para o objeto de meditao comsatisfao e suavidade. Aquilo que examina apropriadamente a realidadea partir do estado da meditao shamatha a meditao vipashyana. ORatnamegha Sutra diz o seguinte

    A meditao shamatha uma mente unidirecionada; a meditao vipashyana fazanlise especfica do ltimo.

    O Samdhinirmochana Sutra tambm relata o seguinte

    Maitreya perguntou, " Buddha, de que modo devem buscar totalmente a meditao

    shamatha e se tornar especialistas na meditao vipashyana?"

    Buddha respondeu, " Maitreya, transmiti os seguintes ensinamentos aos Bodhisattvas Sutras, preces melodiosas, ensinamentos profticos, versos, instrues especficas,conselhos a partir de experincias, expresses de realizao, lendas, contos denascimento, ensinamentos extensos, ensinamentos maravilhosos, a doutrinaestabelecida e instrues. Os Bodhisattvas devem ouvir adequadamente estesensinamentos, lembrar-se do contedo deles, exercitar-se atravs da recitao verbaldeles e examin-los mentalmente. Tendo adquirido uma sabedoria perfeita, devem irsozinhos a reas remotas, refletir sobre esses ensinamentos e continuar a concentrar amente neles. Devem focalizar mentalmente apenas os tpicos sobre os quais refletirame manter isso continuamente. Isso chamado de empenho mental. Depois de a menteter sido repetidamente engajada nesse processo, e tendo sido alcanada a flexibilidade

    fsica e mental, ela chamada shamatha. assim que os Bodhisattvas buscamadequadamente a mente que se absorve tranqilamente. Quando o Bodhisattva alcana

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    a flexibilidade fsica e mental, e permanece somente nelas, elimina as distraesmentais. O fenmeno que foi contemplado como o objeto da concentraounidirecionada interior deve ser analisado e considerado como um reflexo. Este reflexoou imagem, que objeto da concentrao unidirecionada, deve ser totalmentepercebido como um objeto do conhecimento. Deve ser completamente investigado etotalmente examinado. Praticam a pacincia e se deleitam com ela. A partir da anlise

    adequada, observam-na e a compreendem. isso que conhecido como a meditaovipashyana. Desse modo, os Bodhisattvas so especialistas no mtodo da meditaovipashyana."

    Os yogis que esto interessados em alcanar uma mente que se absorvetranqilamente devem, inicialmente, concentrar-se no fato de que nosdoze conjuntos de escrituras sutras, louvores melodiosos e assim pordiante podem ser resumidos como todos conduzindo realidade, queconduziro realidade e que conduziram realidade. Uma das maneirasde fazer esta meditao colocar firmemente a mente nos agregadosmentais e fsicos, como um objeto que inclui todos os fenmenos. Outra

    maneira colocar a mente em uma imagem do Buddha. O SamadhirajaSutra diz o seguinte

    Com seu corpo na cor dourada, o senhor do universo extremamente belo. OBodhisattva que coloca a mente nesse objeto considerado como estando emconcentrao.

    Ento, coloquem a mente no objeto de sua escolha e, depois disso,voltem a colocar, repetida e continuamente, a mente nele. Depois deterem colocado a mente dessa maneira, examinem-na e verifiquem se elaest adequadamente concentrada no objeto. Verifiquem tambm seexiste o torpor e vejam se a mente est sendo distrada por objetos

    externos. Se a mente estiver embotada por causa da sonolncia e dainrcia mental, ou se sentirem que o torpor est se aproximando, ento amente deve se dirigir para um objeto de encanto, como uma imagem doBuddha ou uma noo de luz. Neste processo, depois de dissipar o torpor,a mente deve tentar ver o objeto com muita clareza. Devem reconhecer apresena do torpor quando a mente no consegue ver o objeto com muitaclareza, quando tem a impresso de estarem cegos ou em lugar escuro,ou ainda de estarem com de olhos fechados.

    Durante a meditao, caso a mente procure as qualidades de objetosexternos como a forma ou volte a ateno para outros fenmenos

    ou seja, distrada pelo desejo de um objeto que experimentaramanteriormente -, ou se suspeitarem que a distrao est se aproximando,reflitam sobre o fato de que todos os fenmenos compostos soimpermanentes. Pensem no sofrimento e em temas semelhantes, ou seja,em assuntos que apazigem a mente. Neste processo, a distrao deveser eliminada e, com a corda da plena conscincia e ateno, a mentedeve ser amarrada como um elefante a uma rvore, que o objeto dameditao. Quando perceberem que a mente est livre do torpor e daagitao, e que ela permanece naturalmente no objeto, devem relaxar oesforo e se manterem neutros enquanto ela continuar dessa maneira.Devem compreender que a meditao shamatha se concretiza quando

    vocs exibem a flexibilidade fsica e mental por meio da familiaridade

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    prolongada com a meditao, e a mente adquire o poder de se envolvercom o objeto quando assim desejar.

    Depois de alcanarem a meditao shamatha, meditem sobre ameditao vipashyana, pensando da seguinte forma todos os

    ensinamentos do Buddha so perfeitos e, direta ou indiretamente,revelam e conduzem realidade com a mxima clareza. Secompreenderem a realidade, ficaro livres de todas as redes de viseserrneas, assim como a escurido se dissipa quando a luz aparece. Ameditao shamatha no pode purificar a percepo primitiva nemeliminar as trevas dos obscurecimentos. Quando meditaremadequadamente com sabedoria sobre a realidade, a percepo primitivaser purificada. Somente com a sabedoria possvel compreender arealidade. Somente com a sabedoria possvel erradicar com eficcia osobscurecimentos. Conseqentemente, ao se empenharem na meditaoshamatha, busquem a realidade com sabedoria e no fiquem satisfeitos

    com a meditao shamatha.O que a realidade? a natureza de todos os fenmenos que, em ltimaanlise, so vazios do "eu" das pessoas e do "eu" dos fenmenos. Essefato compreendido exclusivamente a partir da perfeio da sabedoria. OSamdhinirmochana Sutra diz o seguinte

    " Tathagata, atravs de qual perfeio os Bodhisattvas assimilam a no-existncia dosfenmenos?"" Avalokiteshvara, assimilada pela perfeio da sabedoria"

    Conseqentemente, meditem sobre a sabedoria enquanto se dedicam

    meditao shamatha. Os yogis devem fazer o seguinte tipo de anlise uma pessoa no observada como separada dos agregados mentais efsicos, dos elementos e dos poderes sensoriais. A pessoa tambm notem a natureza dos agregados porque os agregados possuem aidentidade de serem muitos e impermanentes. Outros qualificam apessoa como permanente e individual. A pessoa, enquanto fenmeno, spode existir como "um" ou "muitos" porque no existe nenhuma outramaneira de existir. Conseqentemente, precisamos concluir que asustentao do "eu" e do "meu" totalmente errnea.

    A meditao sobre a ausncia do "eu" dos fenmenos tambm deve ser

    realizada da seguinte forma os fenmenos, em resumo, esto includosnos cinco agregados, nas doze fontes de percepo e nos dezoitoelementos. Os aspectos fsicos dos agregados, das fontes de percepo edos elementos so, em seu sentido ltimo, nada mas do que aspectos damente. Isso acontece porque, quando so desmembrados em partculassutis e a natureza dessas partculas sutis individualmente examinada,nenhuma existncia definida pode ser encontrada.

    No sentido ltimo, a mente tambm no pode ser real. Como poderia serreal a mente que assimila apenas a falsa natureza da forma fsica e assimpor diante, e aparece em vrios aspectos? Assim como as formas fsicas e

    outras formas so falsas, como a mente no existe separadamente dasformas fsicas e das outras que so falsas , ento ela tambm falsa.

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    Assim como as formas fsicas e outras formas possuem vrios aspectos esuas existncias no so nem "uma" nem "muitas", de forma similar, amente no diferente delas, sua existncia tambm no nem "uma"nem "muitas". Conseqentemente, a mente, por natureza, como umailuso.

    Faam a anlise de que, exatamente como a mente, a natureza de todosos fenmenos tambm como uma iluso. Desse modo, quando aexistncia da mente especificamente examinada pela sabedoria, nosentido ltimo ela no percebida nem interna nem externamente, nem percebida na ausncia de ambos. Nem a mente do passado, nem a dofuturo, nem a do presente percebida. Quando a mente nasce, ela novem de lugar algum, e quando cessa, no vai a lugar algum, porque inapreensvel, indemonstrvel e no-fsica. Se perguntarem, "O que otodo daquilo que inapreensvel, indemonstrvel e no-fsico?", oMaharatnakuta Sutra declara

    Kashyapa, quando se busca completamente a mente, ela no pode ser encontrada. Oque no encontrado no pode ser percebido. E o que no percebido no nempassado, nem futuro, nem presente.

    Atravs dessa anlise, o incio da mente fundamentalmente no visto, ofinal da mente fundamentalmente no visto e o meio da mentefundamentalmente no visto. Todos os fenmenos devem sercompreendidos como sendo destitudos de um fim e de um meio, assimcomo a mente no possui nem um fim nem um meio. A partir doconhecimento de que a mente desprovida de um fim ou de um meio,nenhuma existncia da mente percebida. O que completamente

    compreendido pela mente tambm compreendido como sendo vazio.Compreendendo-se isso, a prpria existncia, que estabelecida como oaspecto da mente, assim como a existncia da forma fsica, e de outros,tambm no fundamentalmente percebida. Desse modo, quando no sev fundamentalmente a existncia de todos os fenmenos a partir dasabedoria, ela no ir analisar se a forma fsica permanente ouimpermanente, vazia ou no-vazia, contaminada ou no-contaminada,produzida ou no-produzida e existente ou no-existente. Assim como aforma fsica no examinada, da mesma maneira a sensao, apercepo, a vontade e a conscincia tambm no so examinados.

    Quando o objeto no existe, suas caractersticas tambm no podemexistir. Ento, como poderiam ser examinadas?

    Dessa maneira, quando a pessoa no apreende com firmeza a entidadede uma coisa como fundamentalmente existente, depois de t-lainvestigado com sabedoria, o praticante se envolve em uma concentraono-conceitual unidirecionada. Desse modo, a no-existncia de todos osfenmenos percebida. Aqueles que no meditam com sabedoria,fazendo especificamente a anlise da existncia das coisas, e que apenasmeditam sobre a eliminao da atividade mental no so capazes deevitar os pensamentos conceituais, nem de compreender a no-existncia

    por serem destitudos da luz da sabedoria. Se a chama da conscincia,que conhece os fenmenos como eles so, for produzida a partir da

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    anlise individual da realidade, ela queimar a madeira do pensamentoconceitual, assim como o fogo produzido quando se esfrega a madeira assim disse o Buddha. O Ratnamegha Sutra tambm declara

    Aqueles que so hbeis em discernir as falhas dedicam-se ao yoga da meditao sobrea vacuidade a fim de se livrarem de todas as elaboraes conceituais. Essas pessoas,devido sua repetida meditao sobre a vacuidade, quando efetuam uma buscacompleta do objeto e da existncia do objeto, o que encanta e distrai a mente,percebem que eles so vazios. Quando essa mesma mente tambm examinada, elatambm percebida como vazia. Quando realizada uma busca completa da existnciado que percebido por essa mente, essa existncia tambm percebida como vazia. Aoalcanar esse tipo de percepo, a pessoa entra no yoga da ausncia da manifestao.

    Isso mostra que somente aqueles que se dedicaram anlise completapodem entrar no yoga da ausncia da manifestao. Foi explicado combastante clareza que, pela mera eliminao da atividade mental, sem queocorra um exame da existncia das coisas por meio da sabedoria, no possvel o envolvimento com a meditao no-conceitual. Desse modo, aconcentrao feita depois que, por meio da sabedoria, tenha sidoperfeitamente analisada a existncia efetiva de coisas como a formafsica e outras coisas. A concentrao tambm no feita a partir dapermanncia entre este mundo e o mundo alm deste, porque as formasfsicas e as outras no so percebidas. Ento, ela chamadaconcentrao da no-permanncia, e ento eles so chamados yogis desabedoria suprema porque, ao examinarem especificamente a existnciade todas as coisas por meia da sabedoria, nada perceberam. Isso estescrito no Gaganaganja Sutra o e no Ratnachuda Sutra.

    Desse modo, ao entrarem na realidade da ausncia do "eu" das pessoas edos fenmenos, ficam livres dos conceitos e das anlises porque noexiste nada a ser completamente eliminado e observado. Ficam livres daexpresso e, com o envolvimento mental unidirecionada, entramautomaticamente na meditao sem esforo. Assim, meditam claramentesobre a realidade e permanecem nela. Enquanto permanecem nessameditao, a continuidade da mente no deve ser distrada. Quando amente distrada para objetos externos devido ao apego e outras coisas,essa distrao deve ser notada. Apazigem rapidamente a distraomeditando sobre o aspecto repulsivo desses objetos e reponhamimediatamente a mente na realidade.

    Se a mente no parecer inclinada a fazer isso, meditem com alegria,refletindo sobre as vantagens da concentrao unidirecionada. A falta dedisposio deve ser apaziguada por meio da contemplao dos defeitosda distrao. Se a funo da mente se tornar pouco clara e comear aesvaecer, ou se existir o risco de ela esvaecer por estar sendo dominadapela inrcia mental ou pelo sono, procurem rapidamente, como antes,superar esse torpor concentrando a mente em coisas que encerram umencanto supremo. Ento, o objeto da realidade deve ser mantido em focoestreito. s vezes, quando notarem que a mente est agitada ou tentadaa se distrair com a lembrana de eventos passados de risos e

    divertimento, apazige a distrao, como nos casos anteriores, refletindosobre temas como a impermanncia e outros, o que ajudar a subjugar a

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    mente. Depois, empenhem-se mais uma vez em ligar a mente narealidade sem aplicar foras opostas.

    Se e quando a mente se dedicar espontaneamente meditao sobre arealidade, livre do esmaecimento e da agitao mental, ela deve ser

    deixada vontade e seus esforos devem relaxar. O esforo aplicadoquando a mente est em equilbrio distrai a mente, mas se o esforo nofor aplicado quando a mente se tornar entorpecida, ela se tornar comoum cego em virtude do extremo torpor e no alcanar a meditaovipashyana. Assim sendo, quando a mente ficar entorpecida, apliquem oesforo e quando estiver absorta, relaxem o esforo. Quando umasabedoria excessiva for gerada e a meditao shamatha enfraquecer emdecorrncia da meditao vipashyana, a mente oscilar como umalamparina ao vento e no percebero a realidade com clareza.Conseqentemente, nessa ocasio, meditem sobre a meditaoshamatha. Quando esta ltima se tornar excessiva, meditem sobre a

    sabedoria.Quando ambos estiverem igualmente vinculados, mantenham-se imveis,sem fazer esforo enquanto no sentirem nenhum desconforto fsico oumental. Caso surja o desconforto fsico ou mental, vejam o mundo inteirocomo uma iluso, uma miragem, um sonho, um reflexo da lua na gua euma apario. E pensem o seguinte, "Esses seres sencientes estoextremamente perturbados no samsara por no entenderem esseconhecimento profundo." Em seguida, gerem uma grande compaixo e odespertar da Bodhichitta com o pensamento seguinte, "Vou me esforarsinceramente para ajuda-los a compreender a realidade." Descansem.

    Novamente, da mesma maneira, dediquem-se a uma concentraounidirecionada sobre a no-aparncia de todos os fenmenos. Se a mentese desencorajar, repousem. Este o caminho para se dedicarem unioda meditao shamatha com a meditao vipashyana. Concentrem-se naimagem de uma forma conceitual e no-conceitual.

    Sendo assim, atravs desse progresso, os yogis devem meditar sobre arealidade durante uma hora, meia sesso durante a noite, uma sessointeira ou pelo o espao de tempo em que sentir conforto. Esta aconcentrao que discerne totalmente o absoluto, conforme ensinada noLankavatara Sutra.

    Em seguida, se desejarem sair da meditao enquanto suas pernas aindaestiverem cruzadas, pensem da maneira seguinte, "Emborafundamentalmente todos esses fenmenos no tenham existncia,convencionalmente eles definitivamente existem. Se este no fosse ocaso, como iria prevalecer o relacionamento entre causa e efeito? OBuddha tambm disse o seguinte

    As coisas so produzidas convencionalmente, mas fundamentalmente carecem de umaexistncia inerente.

    Os seres sencientes com uma atitude infantil exageram os fenmenos,

    pensando neles como sendo dotados de uma existncia inerente, quandona verdade no a possuem. O fato de atriburem uma existncia inerente

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    s coisas que dela carecem confunde suas mentes e vagam pelo samsaradurante um longo tempo. Por essas razes, vou me esforar sem faltapara atingir o estado iluminado, alcanando as acumulaes insuperveisde mrito e sabedoria a fim de ajud-los a perceber a realidade.

    Ento, lentamente abandonem as pernas cruzadas e faam prostraesaos Buddhas e Bodhisattvas das dez direes. Faam oferendas a eles,entoem seus louvores e digam longas preces recitando um esforoconsciente para realizar as acumulaes de mrito e sabedoria,praticando a generosidade e outras as perfeies, que so dotadas daessncia da vacuidade e da grande compaixo.

    Se agirem dessa forma, sua concentrao realizar a vacuidade quepossui a melhor de todas as qualidades. O Ratnachuda Sutra diz oseguinte

    Vestindo a armadura da bondade amorosa, enquanto vivem em um estado de grande

    compaixo, pratiquem a concentrao que realiza a vacuidade que possui a melhor detodas as qualidades. O que a vacuidade que possui a melhor de todas as qualidades? aquela que no est separada da generosidade, da tica, da pacincia, do esforo, daconcentrao, da sabedoria ou dos mis hbeis.

    Os Bodhisattvas precisam recorrer a prticas virtuosas como agenerosidade como uma forma de aperfeioar completamente todos osseres sencientes e a fim de aperfeioar o lugar, o corpo e nmerossqitos. Se no fosse assim, quais seriam as causas desses corpos, dasterras puras e assim por diante, aos quais o Buddha se referiu? Asabedoria iluminada que possuir a melhor de todas as qualidades pode

    ser alcanada a partir da generosidade e de outros meios hbeis.Conseqentemente, os Bodhisattvas tambm devem cultivar agenerosidade e outros meios hbeis, e no apenas a vacuidade. OSarvadharmasamgrahavaipuliya Sutra diz o seguinte

    " Maitreya, os Bodhisattvas realizam completamente as seis perfeies para alcanar ofruto final do estado bddhico. Mas a isso os tolos respondem, 'Os bodhisattvas devemtreinar apenas a perfeio da sabedoria; qual a necessidade das outras perfeies?'Repudiam as outras perfeies. Maitreya, o que voc acha disso? O fato de o rei deKashi ter oferecido sua carne para o falco em beneficio de um pombo foi umacorrupo da sabedoria?"

    Maitreya respondeu, "Este no o caso."

    Ento, o Buddha disse, " Maitreya, os Bodhisattvas acumularam rudimentos de mritoscom suas aes associadas s seis perfeies. Esses rudimentos de mritos sonocivos?"

    Maitreya respondeu, " Buddha, este no o caso."

    O Buddha falou ainda, " Maitreya, voc tambm praticou corretamente a perfeio dagenerosidade durante sessenta ons, a perfeio da tica durante sessenta ons, aperfeio da pacincia durante sessenta ons, a perfeio do esforo durante sessentaons, a perfeio da concentrao durante sessenta ons e a perfeio da sabedoriadurante sessenta ons. A isso os tolos respondem, 'S existe uma maneira de alcanar oestado bddhico, que o caminho da vacuidade.' A prtica deles completamente

    errada."

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    O Bodhisattva que tivesse sabedoria mas no tivesse um meio hbil seriacomo os Shravakas, que so incapazes de se envolver nas aes dosBuddhas. Mas podem fazer isso quando apoiados por meios hbeis.Conforme afirma o Ratnakuta Sutra

    Kashyapa, assim que . Por exemplo, os reis que tm o apoio de ministros podematingir todos os seus objetivos. De forma similar, a sabedoria de um Bodhisattva, sendocompletamente sustentada por meios hbeis esse Bodhisattva tambm executa todasas atividades de um Buddha.

    A viso filosfica do caminho do Bodhisattva diferente e os caminhosfilosficos dos no-buddhistas e dos Shravakas so diferentes. Porexemplo, como a viso filosfica do caminho dos no-buddhistasinadequadamente observa um "eu" e assim por diante, esse caminho estcompletamente separado da sabedoria. Conseqentemente, noconseguem alcanar a liberao. Os Shravakas esto separados dagrande compaixo e destitudos de meios hbeis. Conseqentemente,

    esforam-se com determinao para alcanar o nirvana. Em seu caminho,os Bodhisattvas veneram a sabedoria e os meios hbeis, de modo que seesforam para alcanar o nirvana da no-permanncia. O caminho doBodhisattva consiste na sabedoria e nos meios hbeis e,conseqentemente, alcanam o nirvana da no-permanncia. Em virtudedo poder da sabedoria, no caem no samsara; em decorrncia dos meioshbeis, no caem no nirvana. O Gayasirsha Sutra diz o seguinte

    O caminho do Bodhisattva, resumidamente, duplo. Os dois caminhos so o dos meioshbeis e o da sabedoria.

    O Shriparamadya tambm diz

    A perfeio da sabedoria a me, e a especialidade nos meios hbeis o pai.

    O Vimalakirtinirdesha tambm diz

    O que cativeiro para os Bodhisattvas e o que liberao? Sustentar uma vidadestituda de meios hbeis no samsara representa cativeiro para os Bodhisattvas. Levaruma vida com meios hbeis no samsara representa a liberao. Sustentar uma vidadestituda de sabedoria no samsara representa cativeiro para os Bodhisattvas. Levaruma vida com sabedoria no samsara representa liberao. A sabedoria, quando noest ligada aos meios hbeis, representa cativeiro; a sabedoria unida aos meios hbeisrepresenta liberao. Os meios hbeis, quando no ligados sabedoria, representam

    cativeiro; os meios hbeis ligados sabedoria representam liberao.Se um Bodhisattva cultivar somente a sabedoria, cai no nirvana desejadopelos Shravakas. como estar em um cativeiro e no poder ser liberadopara o nirvana no-permanente. Desse modo, a sabedoria separada dosmeios hbeis representa opresso para os Bodhisattvas.Conseqentemente, assim como a pessoa que est com frio por causa dovento busca o conforto do fogo, um Bodhisattva cultiva a sabedoria davacuidade junto com os meios hbeis para eliminar o vento da visoerrnea, no para realiza-lo como fazem os Shravakas. O DashadharmakaSutra diz o seguinte

    filho de boa famlia, assim que . Por exemplo, uma pessoa que tenha devoo aofogo, que o respeita e o considera como mestre no pensar, "Como um respeito, honro

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    e venero o fogo, devo segura-lo nas mos". No faz isso porque sabe que, se o fizer,sentir dor fsica e desconforto mental. De forma similar, um Bodhisattva tambm estconsciente do nirvana, mas no tenta alcan-lo. Sabe que, se o tentasse, estariaafastando-se da iluminao.

    Se o Bodhisattva recorrer meramente aos meios hbeis, no transcender

    o nvel ordinrio e portanto haver somente opresso.Conseqentemente, cultiva os meios hbeis junto com a sabedoria. Apartir do poder da sabedoria, os Bodhisattvas so capazes de transformarat mesmo as emoes negativas em nctar, assim como o veneno sob oefeito de um mantra. No h necessidade de expressar a generosidade eassim por diante, que conduz naturalmente a estados elevados deexistncia. O Ratnakuta Sutra diz o seguinte

    Kashyapa, assim que . Devido ao poder dos mantras e dos medicamentos, umveneno pode no causar a morte. De modo similar, como as emoes negativas dosBodhisattvas esto sob o poder da sabedoria, elas no podem prejudic-los.Conseqentemente, devido ao poder dos meios hbeis, os Bodhisattvas no abandonamo samsara nem caem no nirvana. Devido ao poder da sabedoria, eliminam todos osobjetos e, conseqentemente, no caem no samsara. Desse modo, alcanam o nirvanada no-permanncia, exclusiva do estado de Buddha.

    O Gaganaganja Sutra tambm diz o seguinte

    Em virtude do conhecimento da sabedoria, os Bodhisattvas eliminam todas as emoesnegativas e, em virtude do se conhecimento dos meios hbeis, no abandonam os seressencientes.

    O Samdhinirmochana Sutra tambm afirma

    No ensinei que algum que no esteja preocupado com bem-estar dos seressencientes e que no se sinta inclinado a perceber a natureza de todos os fenmenoscompostos alcanar o estado bddhico insupervel e perfeitamente realizado.

    Portanto, os interessados no estado bddhico devem cultivar tanto asabedoria quando os meios hbeis. Enquanto estiverem meditando sobrea sabedoria transcendente ou enquanto se encontrarem em profundaconcentrao, no devem se dedicar a meios hbeis com a sabedoria.Mas os meios hbeis podem ser cultivados junto com a sabedoria tantodurante o perodo preparatrio quanto no perodo aps meditao. Essa a maneira de se dedicar simultaneamente sabedoria e aos meioshbeis. Alm disso, este o caminho dos Bodhisattvas que se dedicam a

    uma prtica integrada da sabedoria e dos meios hbeis. Isso significacultivar o caminho transcendente que est totalmente impregnado deuma grande compaixo concentrada em todos os seres sencientes. Equando praticam os meios hbeis, depois de sair da concentrao,praticam a generosidade e outros meios hbeis sem qualquer concepoerrnea, como um mgico. OAkshayamatinirdesha Sutra diz o seguinte

    O que so os meios hbeis de um Bodhisattva e qual a sabedoria que alcanada? Osmeios hbeis do Bodhisattva envolvem pensar e colocar a mente firmemente nos seressencientes com grande compaixo durante a concentrao. E o envolvimento naconcentrao com paz e extrema paz sabedoria.

    Existem muitas outras referncias desse tipo. O MaradmanaparipricchaSutra tambm diz o seguinte

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    Alm disso, as atividades perfeitas dos Bodhisattvas dizem respeito aesforos conscientes da parte mente de sabedoria e acumulao detodo o Dharma meritrio pela mente de meios hbeis. A mente desabedoria tambm conduz ausncia do "eu", no-existncia de seressencientes, bem como da vida, da sustentao e da pessoa. E a mente de

    meios hbeis conduz ao aperfeioamento total de todos os seressencientes.

    O Sarvadharmasamgraha Vaipuliya Sutra tambm afirma que

    Assim como um mgico se empenha em deixar sua criao partir, pois, como j conhecea criao, no tem nenhum apego a ela de modo similar, os trs mundos so comouma iluso que o sbio Buddha conhecia muito antes de conhecer os seres sencientesnesses mundos e de ter empreendido esforos para ajud-los.

    por causa da prtica da sabedoria e dos meios hbeis do bodhisattvaque se diz o seguinte, "Em suas atividades, permanecem no samsara,

    mas em seus pensamentos residem no nirvana". Desse modo,familiarizem-se com a generosidade e outros meios hbeis que sodedicados iluminao insupervel e perfeitamente realizada, possuindoa essncia da vacuidade e da grande compaixo. A fim de gerar odespertar da Bodhichitta, como foi feito anteriormente, pratiquem ameditao shamatha e a meditao vipashyana o mais possvel emsesses regulares. Conforme foi ensinado no Gocharaparishiddha Sutra,familiarizem-se com os meios hbeis, colocando firmemente a atenoplena nas boas qualidades dos bodhisattvas que trabalham em todos osmomentos pelo bem-estar dos seres sencientes.

    Aqueles que dessa maneira familiarizam-se com ao compaixo, com osmeios hbeis e o despertar da Bodhichitta, sem nenhuma dvida sedistinguiro nesta vida. Os Buddhas e Bodhisattvas sempre sero vistosem sonhos, outros sonhos agradveis tambm acontecero e os devascompreensivos o protegero. Haver imensa acumulao de mritos esabedoria. As emoes negativas e outros estados nocivos de existnciasero purificados. Desfrutaro de uma grande felicidade e paz mental emtodas as ocasies, e um grande nmero de seres o estimaro muito.Fisicamente, estaro livres das doenas. Alcanaro uma supremadestreza mental, alcanando assim qualidades especiais como aclarividncia. Ento, viajaro atravs de um poder milagroso para

    incontveis mundos, faro oferendas aos Buddhas e ouviro osensinamentos deles. Na hora da morte tambm, sem nenhuma dvida,vero Buddhas e Bodhisattvas. Em vidas futuras, renascero em famliase lugares especiais, onde no estaro separados dos Buddhas eBodhisattvas. Desse modo, alcanaro sem esforo todas as acumulaesde mrito e sabedoria. Possuiro uma grande riqueza, um vasto sqito emuitos assistentes. Por possurem uma inteligncia aguada, serocapazes de aperfeioar o fluxo mental de muitas pessoas. Em todas asvidas, sero capazes de recordar vidas passadas. Procurem empreenderessas imensurveis vantagens que tambm so descritas em outrossutras.

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    Desse modo, se meditarem sobre a compaixo, os meios hbeis e odespertar da Bodhichitta durante um longo tempo e com grandeadmirao, o fluxo mental gradualmente se purificar e aperfeioar.Portanto, assim como se produz fogo esfregando pedaos de madeira,realizaro sua meditao sobre a realidade perfeita, alcanaro assim um

    conhecimento extremamente claro do reino dos fenmenos livre deelaboraes conceituais, a sabedoria transcendente livre das redesiminentes do pensamento conceitual. Essa sabedoria da Bodhichittaabsoluta imaculada como uma lamparina que no oscila, noperturbada pelo vento. Assim, essa mente na entidade da Bodhichittaabsoluta est includa no caminho da viso, que apreende a naturezadesprovida do "eu" de todos os fenmenos. A partir dessa realizao,ingressam no caminho que se concentra na realidade das coisas e depoisnascem na famlia dos Tathagatas, entram no estado imaculado de umBodhisattva, afastam-se de todos os nascimentos que vagam,permanecem na realidade dos Bodhisattvas e atingem o primeiro nvel

    dos Bodhisattvas. Podem-se encontrar mais detalhes dessas vantagensem outros textos, como no Dashabhumika. assim que a meditaoshamatha que se concentra na realidade ensinada no LankavataraSutra. assim que os Bodhisattvas ingressam na meditao no-conceitual livre de elaborao.

    Desse modo, os que ingressarem no primeiro nvel, mais tarde, nocaminho da meditao, familiarizam-se com as duas sabedorias do estadotranscendente e com os meios hbeis e sabedoria subseqentes. Dessemodo, purificam gradualmente a acumulao mais sutil deobscurecimentos que so objeto da purificao do caminho da meditao.

    Alm disso, a fim de alcanar qualidades mais elevadas, os praticantespurificam completamente os nveis espirituais inferiores. Todos ospropsitos e objetivos so alcanados completamente no ingresso dasabedoria transcendente tos Tathagatas e no ingresso no oceano dailuminao. Desse modo, por meio da prtica gradual, o fluxo mental purificado totalmente. O Lankavatara Sutra explica esse fenmeno. OSamdhinirmochana Sutra tambm diz o seguinte

    A fim de atingir esses nveis mais elevados, a mente deve ser purificada da mesmamaneira como o outro refinado, at alcanar o estado bddhico insupervel eperfeitamente consumado.

    Ao ingressar no oceano da iluminao, possuem qualidades impecveiscomo jias para amparar os seres sencientes, e atendem suas precespositivas anteriores. Ento, tornam-se personificaes da compaixo,possuindo vrios meios hbeis que funcionam espontaneamente e atuamem vrias emanaes no interesse de todos os seres que vagam. Almdisso, todos os atributos maravilhosos so aperfeioados. Com aeliminao total de todas as impurezas e do seu potencial latente, todosos Buddhas perseveram para ajudar todo ser senciente. Por essapercepo, gerem f nos Buddhas, a fonte de todo conhecimento e detodas as qualidades maravilhosas. Todas as pessoas devem se esforar

    para alcanar essas qualidades. Ento, o Buddha disse

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    A sabedoria transcendente iluminada produzida com base na compaixo, tem comocausa o despertar da Bodhichitta e aperfeioada pelos meios hbeis.

    Os sbios distanciaram-se da inveja e de outras mculas; sua sede deconhecimento insacivel como o oceano. Retm apenas o que adequado por meio do discernimento, exatamente como os cisnesextraindo leite da gua. Assim, os eruditos devem se distanciar dasatitudes divisrias e da intolerncia. Boas palavras so recebidas atmesmo de uma criana.

    Qualquer que seja o mrito que eu tenha acumulado pela exposiodesse caminho do meio, dedico a todos os seres para que realizem ocaminho do meio.

    A segunda parte dos Estgios da Meditao, de autoria do AcharyaKamalashila, termina aqui. Traduzido e editado em tibetano pelo abadeindiano Prajnaverma e pelo monge Yeshe De.

    MEDITAO SHANTI

    4.1 -Reconhecimento 4.2 -Motivao

    4.3 -Prtica (5 Ritos Tibetanos &Meditao)

    4.4 - Apreciao e oferecimento

    A PRTICA DOS 4 ESTGIOS DE UMA SESSO DE MeditaoShanti,

    INDICADOS ABAIXO,ENVOLVE A UTILIZAO DE TCNICAS ESPECIAIS DE

    MEDITAO,VISUALIZAO, RESPIRAO, MOVIMENTOS, POSTURAS E

    MANTRAS.

    4.1 -Reconhecimento

    O reconhecimento a semente

    4.2 Motivao

    A motivao a terra frtil.

    http://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Recon%23Reconhttp://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Motiv%23Motivhttp://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Pr%23Prhttp://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Pr%23Prhttp://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Aprec%23Aprechttp://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Recon%23Reconhttp://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Motiv%23Motivhttp://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Pr%23Prhttp://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Pr%23Prhttp://www.geocities.com/HotSprings/3849/como.html?200724#Aprec%23Aprec
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    4.3 -Prtica (5 Ritos Tibetanos & Meditao)

    A prtica o cultivo.

    4.4 -Apreciao e oferecimento

    A apreciao e o oferecimento so a ritualizao da colheita.

    Prtica de Meditao