estagio - mecanismos auxiliares na prevencao de oscilacoes cambiais

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES URI - CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - COMÉRCIO EXTERIOR FERNANDO CARLOS BEZ JANSEM BALBINOT TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO COMIL – CARROCERIAS E ÔNIBUS LTDA. ERECHIM 2005

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Estagio - Fernando Bez - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

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Page 1: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS

MISSÕES URI - CAMPUS DE ERECHIM

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - COMÉRCIO EXTERIOR

FERNANDO CARLOS BEZ

JANSEM BALBINOT

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

COMIL – CARROCERIAS E ÔNIBUS LTDA.

ERECHIM

2005

Page 2: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

1

FERNANDO CARLOS BEZ

JANSEM BALBINOT

CÂMBIO – MECANISMOS AUXILIARES NA PREVENÇÃO DE OSCILAÇÕES

CAMBIAIS

COMIL – CARROCERIAS E ÔNIBUS LTDA.

Trabalho de Conclusão de Curso, realizado na empresa Comil – Carrocerias e Ônibus Ltda, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Administração - Comércio Exterior da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, sob a orientação do Prof. Msc. Adroaldo Lazzarotto.

ERECHIM

2005

Page 3: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

2

AGRADECIMENTOS

Agradecemos, em primeiro lugar, a Deus por nos dar forças para superar todos

os desafios durante este período de estudos tão importante para nossa

formação acadêmica.

Também agradecemos aos nossos pais que sempre acreditaram e nos

apoiarem em nossos sonhos, mesmo os mais loucos, e nos ensinaram que é

possível realizá-los, além de nos mostrarem que trabalho duro, perseverança e

honestidade são as ferramentas ideais para atingirmos nossas metas.

Nossos agradecimentos e desculpas as namoradas pela compreensão do

tempo que ficamos longe preocupados com a realização deste trabalho.

Ao orientador, Prof. Msc. Adroaldo Lazzaroto, pela orientação, dedicação e

confiança necessária para a realização deste estudo.

À empresa Comil – Carrocerias e Ônibus, pela oportunidade e apoio para a

realização desta etapa do trabalho.

Aos Srs. João Carlos Martinewski da Corretora de Câmbio ONNIX e Ney César

Martini, do Banco Santander, por nos repassarem valiosas informações para a

realização deste.

Às demais pessoas, que de uma ou de outra maneira, apesar de não citadas

aqui, deram crédito e acreditaram em nosso trabalho. Nossos agradecimentos

a todos.

Page 4: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

3

“É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco

de perder tudo, do que permanecer estático como os pobres de espírito, que

não lutam, mas também não vencem; que não conhecem a dor da derrota, mas

não têm a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final

da jornada na Terra, não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-

se ante Ele por terem simplesmente passado pela Vida.”

Robert Nesta Marley

Page 5: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

4

Lista de Figuras

Figura 1: Estrutura do Mercado Cambial...........................................................17

Figura 2: Gráfico de variação da taxa de câmbio de dezembro/2004 até

novembro/2005................................................................................................. 51

Figura 3: Gráfico da variação da Taxa PTAX nas datas de negociação...........52

Page 6: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

5

Lista de Tabelas

Tabela 1: Relatório de venda de 514 ônibus da Comil para o Qatar.................49

Tabela 2: Especificação de datas e valores negociados de acordo com Tabela

...........................................................................................................................49

Tabela 3: Negociação com valores previstos pela empresa.............................76

Tabela 4: Simulação da operação realizada com Trava de Câmbio.................77

Tabela 5: Simulação da negociação com Dólar Ptax Data do ACC .................78

Tabela 6: Simulação da negociação com Dólar Ptax Data do pagamento.......78

Page 7: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIENTE E CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ......................................................................................................... 9

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA ........................................................................ 11 1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 12

1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 12 1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 12

1.4 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 12 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 14

2.1 GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................ 14 2.2 EXPORTAÇÃO ................................................................................................ 15 2.3 MERCADO DE CÂMBIO ................................................................................ 15

2.3.1 Quanto à origem e ao destino da moeda ...................................................... 18 2.3.2 Quanto ao tipo de taxa de câmbio ............................................................... 19 2.3.3 Quanto ao prazo de liquidações das operações ............................................ 20 2.3.4 Quanto a entrega da moeda estrangeira ....................................................... 22 2.3.5 Quanto à legalidade das operações de câmbio ............................................. 23 2.3.6 Quanto aos mercados legais de câmbio ....................................................... 24 2.3.7 Instrumentos auxiliares na prevenção de oscilações cambiais ...................... 25 2.3.8 Incentivos à Exportação - Mecanismos de Financiamento à Exportação ...... 31 2.3.8.1 Financiamentos na fase Pré - Embarque ................................................ 31 2.3.8.2 Financiamentos na fase Pós-Embarque .................................................. 33 2.3.8.3 Operações de desconto cambiais ........................................................... 34

2.4 CONTRATO DE CÂMBIO ............................................................................... 35 2.4.1 Tipos de Contrato de Câmbio ...................................................................... 36 2.4.2 Alteração do Contrato de Câmbio ............................................................... 36 2.4.3 Liquidação do Contrato de Câmbio ............................................................. 37 2.4.4 Contratos de Câmbio na Exportação ........................................................... 38 2.4.5 Recebimento Antecipado na exportação ...................................................... 39 2.4.6 Cancelamento de Contrato de Câmbio na exportação .................................. 40 2.4.7 Câmbio Simplificado na exportação ............................................................ 41 2.4.8 Modalidades de Pagamento na Exportação .................................................. 41 2.4.8.1 Pagamento Antecipado .......................................................................... 42 2.4.8.2 Remessa sem Saque .............................................................................. 42 2.4.8.3 Cobrança Documentária ........................................................................ 43 2.4.8.4 Carta de Crédito .................................................................................... 44

2.5 TAXA DE CÂMBIO ......................................................................................... 45 2.5.1 Taxa PTAX do BC ...................................................................................... 45 2.5.2 Spread ........................................................................................................ 45

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 47 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................. 47 3.2 INSTRUMENTO DE COLETA ........................................................................ 47 3.3 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 47

4 ANÁLISE DE CASO DE EXPORTACÃO REALIZADA PELA COMIL .............. 48 5 ANÁLISE DOS MECANISMOS DE PROTEÇÃO E FINANCIAMENTO DISPONÍVEIS NO MERCADO ................................................................................. 54

5.1 COMO FUNCIONA O MERCADO DE CÂMBIO ........................................... 54 5.1.1 Histórico do mercado cambial ..................................................................... 54 5.1.2 Operações de câmbio .................................................................................. 55

Page 8: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

7

5.1.3 Corretoras de Câmbio ................................................................................. 56 5.3 OPÇÕES DE HEDGE E DERIVATIVOS ......................................................... 57

5.3.1 Contratos Futuros........................................................................................ 57 5.3.1.1 Swaps cambiais ..................................................................................... 58 5.3.1.2 NDF ( Non-deliverable forward) ........................................................... 59 5.3.2 Contratos de opções .................................................................................... 61 5.3.2.1 Opção de Call (compra) e Put (venda) ................................................... 61

5.4 FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES ....................................................... 63 5.4.1 Adiantamento sobre contrato de câmbio – ACC .......................................... 66 5.2.2 BNDES Exim Pré-Embarque ...................................................................... 68 5.2.3 BNDES Exim Pré – Embarque Especial ...................................................... 69 5.2.4 BNDES Exim Pós-Embarque ...................................................................... 71 5.2.5 Adiantamento sobre cambiais entregues - ACE ........................................... 72 5.2.6 Proex – Programa de Financiamento às Exportações ................................... 73

6 ANÁLISE E PROPOSTA PARA OPERAÇÕES FUTURAS ................................... 75 6.1 SIMULAÇÕES DA NEGOCIAÇÃO REALIZADA ......................................... 76

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 82 APÊNDICES .............................................................................................................. 84 ANEXOS .................................................................................................................. 107

Page 9: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

8

INTRODUÇÃO

A busca incessante por riquezas vem transformando o mundo da economia

global. A cada dia que passa, observa-se economias adotando políticas que,

por muitas vezes, são contra seus próprios princípios, levando seu país a uma

completa estagnação financeira e o empobrecimento de seu povo.

Dentro desse contexto, o Brasil tende a manter sua estabilidade econômica

adquirida ao longo dos anos, com uma política econômica restritiva, na qual a

moeda estrangeira se mantém desvalorizada à algum tempo e as taxas de

juros são as maiores praticadas em todo mundo, onde estas diretrizes vem aos

poucos ditando as novas regras da chamada globalização no Brasil.

Diante desse cenário e com as constantes mudanças na economia

mundial, cada vez mais é de extrema importância para todas as empresas que

negociam seus produtos no mercado externo, estarem atentas às mudanças

que estes fatores causam no câmbio e as conseqüências que estas podem

causar à sua empresa. Na empresa Comil, esta situação não é diferente. Com

o elevado percentual de produtos vendidos para o mercado externo, as

variações sofridas pelo câmbio influenciam de maneira significativa os

resultados obtidos pela empresa.

Com esta situação apresentada, o grupo se propôs a analisar uma

negociação realizada e buscar mecanismos que auxiliem a empresa a prevenir-

se de possíveis oscilações cambiais que venham a ocorrer.

No decorrer do trabalho, num primeiro momento será analisada uma

negociação já realizada pela empresa Comil nos últimos tempos, para que

sirva de base para as análises que serão feitas posteriormente. Após estas

análises, o grupo buscou no mercado as opções de mecanismos que este

oferece para que a empresa possa se prevenir das possíveis oscilações que o

mercado cambial venha a oferecer. Após conhecer estes mecanismos,

analisou-se quais os benefícios que estes poderiam trazer para a empresa.

Com esta análise, o grupo busca oferecer a empresa quais as melhores

opções destes mecanismos para que a mesma possa utilizar.

Page 10: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

9

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIENTE E CARACTERIZAÇÃO DA

ORGANIZAÇÃO

O desenvolvimento econômico da ultima década, a alta tecnologia aplicada

nos meios de produção e a globalização, fazem com que cada vez mais as

empresas expandam seus mercados para além das fronteiras do próprio país.

No Brasil, as políticas governamentais de incentivo às exportações, atraem

os produtores a venderem para o mercado externo, em busca de melhores

resultados financeiros, conquista de novos mercados e também buscar novas

tecnologias para utilizar no seu processo de fabricação.

Com esse aumento das exportações, as formas de pagamento e o

fechamento do câmbio são de vital importância para o bom desempenho das

empresas. A globalização trouxe ao governo Brasileiro a perda da autonomia

sobre a sua moeda, onde que, com o modelo de câmbio flutuante, faz com o

governo não controle as oscilações sobre o seu câmbio.

Dentro desse mercado competitivo e globalizado está a Comil, empresa do

setor metalúrgico criada em 2 de janeiro de 1986, situada na cidade de

Erechim, norte do Rio Grande do Sul, e que conta atualmente com mais de

1800 funcionários. A empresa hoje tem uma participação no mercado brasileiro

em torno de 10% e exportou no último ano 800 unidades, entre as suas linhas

de ônibus. Essas exportações lhe trouxeram um montante de mais de R$

88.000.000,00, o que faz com que o fechamento do câmbio seja um dos

aspectos mais importantes em suas negociações, visto o total de vendas para

o exterior do último ano.

As condições macroeconômicas não têm beneficiado o mercado de ônibus

nos últimos meses. Além do dólar, cuja trajetória descendente de preço tem

diminuído o faturamento e afetado as margens das vendas externas e

exportações, os juros básicos internos próximos de 20% a.a. não favorecem o

crescimento da atividade econômica, inibindo o crescimento das vendas no

mercado brasileiro, pelo menor ritmo de renovação das frotas e necessidades

de expansões.

O reflexo direto destas condições adversas no mercado de carrocerias para

ônibus no Brasil tem sido uma retração acentuada das vendas internas, e um

direcionamento ainda maior para o exterior.

Page 11: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

10

A atual taxa de câmbio no Brasil se encontra em patamar muito perigoso,

porque está extremamente sobrevalorizada. Neste sentido, a política de

combate à inflação, que tira vantagens do atual câmbio, acaba comprometendo

as futuras exportações e o saldo da balança comercial. Ora, as exportações

têm sido a alavanca do crescimento econômico atual. Assim, o combate à

inflação, via um câmbio sobrevalorizado, acaba comprometendo o potencial de

crescimento. Neste contexto, efetivamente, o lastro do crescimento Brasileiro,

assim como de outros países, tem sido o comércio externo. No entanto, outro

aspecto preocupa neste raciocínio. As importações não estão crescendo

significativamente, em relação ao tamanho da sobrevalorização da moeda. Isto

estaria significando menos investimentos por parte dos nossos industriais,

menos capacitação tecnológica e, portanto, potencialmente menos

possibilidade de crescimento futuro da economia e das próprias exportações.

Nestas condições, em nossa capacidade produtiva estando esgotada, o que é

o caso, o resultado final será uma estagnação econômica nos próximos anos.

Para evitá-la, seria necessário recuperar a taxa de câmbio, ou seja,

desvalorizar o real. Em isto não ocorrendo, 2006 poderá ser muito mais difícil

do que se imagina.

Neste contexto, um dos mecanismos para desvalorizar o real, além da

atuação do Banco Central Brasileiro na ponta compradora de dólares,

reforçando de quebra suas reservas internacionais, é a redução da taxa de

juros (SELIC). O governo brasileiro começou a fazer este movimento em

setembro. Porém, o mesmo depende de muitos fatores. Em primeiro lugar, o

comportamento da inflação interna. Qualquer movimento de retomada

inflacionária tende a frear o recuo dos juros, pois os mesmos servem de

inibidores ao investimento e, portanto, ao aquecimento da economia. Por outro

lado, temos os fatores externos. Dentre eles, os juros internacionais. Neste

momento preocupa a tendência de aumento dos juros nos EUA. Em o mesmo

continuando, a atração de capitais internacionais será maior por parte da

economia estadunidense, esvaziando parcialmente países como o Brasil. Não

podemos nos manter sem tais investimentos. Assim, o Brasil tenderá a

compensar a alta dos juros nos EUA com novas altas da taxa SELIC,

revertendo prematuramente o movimento de baixa agora iniciado. Nos últimos

anos, fomos muito mais auxiliados pela economia global do que propriamente

Page 12: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

11

pela realidade local. Ou seja, houve uma forte oferta de recursos externos que

encontraram taxas de juros, junto aos países ricos, muito baixas (da ordem de

0,5% ao ano). Isto levou este capital a buscar os países emergentes,

particularmente aqueles com juros elevados, caso do Brasil. Ora, neste

momento, os juros mundiais começam a subir e a alavanca externa tende a

diminuir ou desaparecer. Paralelamente, apesar da estabilidade econômica,

ainda não conseguimos criar condições sustentáveis para uma economia

interna forte que possa substituir o apoio externo.

Outro fator que pode influenciar as oscilações cambiais é o momento

político vivido pelo país atualmente. Todo tempo se houve falar em

empeachment do Presidente, queda do Ministro da Fazenda, e outros

escândalos que podem sem dúvida alguma exercer influência sobre a taxa de

câmbio. Estes fatores políticos estão totalmente ligados à estabilidade

econômica do país, uma vez que, com a incerteza do cenário político e a

possibilidade de mudança nas pessoas que comandam a economia do Brasil

façam com que investidores retirem seus capitais do país, aumentando a taxa

de câmbio.

Com o atual cenário econômico e político que se desenha e as constantes

variações cambiais, cada vez mais é de vital importância para as empresas que

atuam no comércio exterior estarem atualizadas e serem profundas

conhecedoras de todos os mecanismos e suportes que possam lhe auxiliar nas

tomadas de decisões quando no momento de realizar qualquer negociação e

decidir sobre o fechamento do câmbio.

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

Diante desse cenário e conhecendo algumas negociações anteriores

realizadas pela empresa Comil Carrocerias e Ônibus Ltda., tem-se a seguinte

situação de pesquisa: Quais são os mecanismos que podem auxiliar a empresa

a tomar decisões, prevenindo-se de possíveis variações cambiais?

Page 13: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

12

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Identificar os mecanismos para a prevenção de possíveis oscilações

cambiais e analisá-los de forma que possam ser utilizados pela empresa Comil

em negociações futuras.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Analisar uma negociação com o fechamento de câmbio realizado

pela empresa;

• Identificar e descrever os principais mecanismos que o mercado

oferece para as empresas se prevenirem de oscilações cambiais;

• Analisar os mecanismos encontrados de acordo com a necessidade

da empresa;

• Apresentar à empresa opções de mecanismos que lhe dêem maior

segurança e retorno financeiro nas contratações de câmbio.

1.4 JUSTIFICATIVA

Dentro de um contexto geral, o referido estágio tem várias justificativas para

a sua realização. Para os alunos e estagiários que realizaram, o referido

estágio se justifica em primeiro lugar por ser requisito para a obtenção do

diploma de bacharel em Administração - Comércio Exterior. Em segundo lugar,

e não menos importante, ele se justifica por ter exigido dos estagiários,

empenho e muita pesquisa para a realização do estudo desejado e também por

servir de experiência mais prática de como funciona o mercado de câmbio,

preparando-os para o mercado que irá se apresentar após estarem formados.

O referido estágio justifica-se também por possibilitar à empresa onde o

mesmo foi realizado, um maior conhecimento sobre as diversas opções que o

mercado oferece no momento de realizar o fechamento do câmbio, opções

estas que ajudam a empresa a se prevenir de possíveis oscilações que

possam vir a ocorrer no mercado cambial, visto que a empresa exporta em

Page 14: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

13

torno de 35% da sua produção e recebe estas vendas em moeda estrangeira

que precisa ser trocada ao ingressar no país.

Para todos os leitores que vierem a ler este estágio, o mesmo servirá de

aporte técnico sobre o mercado de câmbio, visto que o mesmo irá desenvolver

uma pesquisa e apresentar as diversas opções de mecanismos que o mercado

oferece para as empresas se prevenirem de possíveis oscilações cambiais.

À Universidade, este servirá de método de avaliação do aprendizado que

os estagiários obtiveram durante a realização do curso, e também como

material de pesquisa para outros trabalhos que venham à ser realizados nesta

área.

Page 15: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

14

2 REVISÃO DA LITERATURA

Ao longo deste capítulo serão apresentadas teorias conceituais, na

visão de diversos autores, o que permitirá o melhor entendimento dos assuntos

que englobam a administração das organizações e regem o comércio

internacional.

A revisão da literatura permite entre outros propósitos levantar soluções alternativas para tratar de uma problemática. Permite, por exemplo, levantar dados e informações contextuais para dimensionar e qualificar a problemática em estudo, levantar métodos e instrumentos de análise e assegurar ao seu autor que o trabalho tem alguma originalidade. Do ponto de vista mais acadêmico, conforme Demo (1991), permite ainda conhecer quadros de referência alternativos, atualizar-se na polêmica teórica elaborar precisão conceitual e investigar na consciência critica. (ROESCH. 1999, p. 105).

2.1 GLOBALIZAÇÃO

Cada vez mais vem se falando em globalização, um termo muito conhecido

por todos que se tornou comum em todas as organizações. Para Sandroni

(2002), a globalização é o termo que designa o fim das economias nacionais e

a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos

transportes.

Chama-se globalização o crescimento da interdependência de todos os

povos e países da superfície terrestre. Ouve-se falar também em “aldeia

global”, pois parece que o planeta está ficando menor e todos se conhecem,

assistem a programas semelhantes na televisão e ficam sabendo no mesmo

dia o que ocorre no mundo inteiro. Um exemplo se dá na indústria de

automóveis, que fabrica um mesmo modelo de carro em montadoras de três

países diferentes e os vende em outros cinco países. As empresas não ficam

mais restritas a um país, seja como vendedora ou produtora.

Para Sandroni (2002), a globalização é o termo que designa o fim das

economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios

de comunicação e dos transportes.

Com essa globalização, as empresas viram-se obrigadas a realizar

negócios não somente no mercado interno, mas também a importar matéria-

prima ou produtos para a sua produção e também à exportar seus produtos

para outros países. Os negócios internacionais resultantes das importações e

Page 16: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

15

exportações brasileiras desencadeiam um processo dinâmico, oriundo de

reflexos das negociações internacionais e fruto das políticas econômicas do

Brasil.

Contudo, para que esta forma de negociação possa funcionar, foram

criadas normas. Ratti (2001), explica que as normas de Comércio Internacional

são aquelas que se aplicam uniformemente a mais de um país, visando a

facilitação dos negócios internacionais. São disciplinadas através de acordos

entre dois ou mais países ou criadas a partir de organismos internacionais

como a Organização das Nações Unidas (ONU), Câmara Internacional de

Comércio (CCI) ou Organização Mundial de Comércio (OMC).

Para Sandroni (2002), comércio internacional é intercâmbio de bens e

serviços entre países, resultante de suas especializações na divisão

internacional do trabalho. Seu desenvolvimento depende basicamente do nível

dos termos de intercâmbio, que se obtém comparando o poder aquisitivo de

dois países que mantenham comércio entre si.

2.2 EXPORTAÇÃO

”Exportação é a remessa de bens de um país para outro. Em um sentido

amplo, poderá compreender, além dos bens propriamente ditos, também os

serviços ligados à essa exportação”. (RATTI, 2001, p. 348)

Segundo Labatut (1994), exportação é uma remessa que compreende uma

saída de mercadorias de um determinado território aduaneiro e que gera em

contrapartida uma entrada de divisas.

2.3 MERCADO DE CÂMBIO

Não se pode entender como realizar uma negociação sem antes saber um

pouco como funciona o mercado cambial e os trâmites legais que este envolve.

De acordo com GAROFALO FILHO (2004, p. 307), mercados de câmbio são

mercados em que se realizam compras e vendas de moedas estrangeiras.

“Mercado de câmbio é aquele que envolve a negociação de moedas

estrangeiras e as pessoas interessadas em movimentar essas moedas. No

Brasil as operações de câmbio não podem ser praticadas livremente e devem

Page 17: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

16

ser conduzidas através de um estabelecimento bancário autorizado a operar

em câmbio.” (FORTUNA, 2005, p. 377)

De acordo com Fortuna (2005, p. 377), pelo sistema brasileiro, as divisas

são monopólio do estado, que é representado pelo banco central o qual

estabelece as condições pelas quais um banco pode operar em câmbio:

• Os bancos deverão comprovar que desfrutam de linhas de crédito

concedidas por banqueiros estrangeiros até determinados limites que

lhes permitam sacar a descoberta;

• Os bancos podem comprar e vender moedas estrangeiras livremente ao

longo do dia, mas ao final do dia, o saldo de sua conta em moedas

estrangeiras deverá situar-se dentro dos limites permitidos de posições

compradas e vendidas.

Com isso, e segundo o que diz Ratti (2001), o fato de não se aceitar

moedas estrangeiras em pagamento das exportações, nem a moeda nacional

em pagamento das importações, constitui a base de um mercado onde são

compradas e vendidas as moedas dos diversos países.

Enfim, um mercado cambial ou de divisas é um mercado onde são

compradas e vendidas as moedas dos diferentes países, pois não são aceitas

moedas estrangeiras em pagamento das exportações, nem moeda nacional em

pagamento das importações.

Além de exportadores e importadores, o mercado cambial é composto das

bolsas de valores, dos bancos, dos corretores e todos aqueles que efetuam

transações com o exterior, de acordo com o que mostra a figura abaixo.

No mercado cambial iremos encontrar dois grupos:

• Grupo Vendedor: exportadores, turistas, tomadores de empréstimos,

vendedores de serviços e especuladores.

• Grupo Comprador: importadores, turistas, compradores de serviços,

compradores de títulos e especuladores.

• Os bancos atuam como intermediários entre os dois grupos acima,

centralizando a compra e venda de divisas.

• Os corretores de câmbio atuam como intermediários entre os bancos e as

partes interessadas, encarregando-se de procurar as melhores taxas e

condições para seus clientes. O Banco Central do Brasil é o órgão executor da

Page 18: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

17

política cambial brasileira, é ele quem autoriza os bancos comerciais a

operarem no mercado cambial.

Figura 1: Estrutura do Mercado Cambial.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Como pode ser observado na figura acima, existe a figura do corretor de

câmbio, que segundo Fortuna (2005, p. 377), é o intermediário das operações

de câmbio, funcionando como contato entre clientes e os bancos autorizados a

operar em câmbio. Os corretores só trabalham no mercado de taxas livres

(dólar comercial), e tem como principal função, procurar no mercado o melhor

negócio com as melhores taxas para seu cliente efetuar o fechamento do

câmbio.

Assim sendo, a operação cambial envolve os seguintes agentes:

• exportador, que vende a moeda estrangeira;

• Banco autorizado pelo Banco Central a realizar operações de

câmbio;

• corretora de câmbio, caso seja requerida pelo vendedor da

moeda estrangeira.

Page 19: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

18

Corretores de Câmbio

Segundo a legislação vigente, não é obrigatória a intervenção de corretor

nas operações de câmbio, embora muitas empresas prefiram conduzir suas

transações através do corretor, tendo em vista a qualidade e a rapidez dos

serviços prestados por esses profissionais.

De acordo com Vieira (2004, p. 38), os corretores de câmbio atuam como

intermediários entre os bancos autorizados a operar em câmbio e as empresas

que atuam no comércio exterior, efetuando suas operações diretamente com

clientes. Segundo ele, a principal atribuição do corretor é a de procurar no

mercado cambial quais as melhores taxas e condições para seus clientes e

aproximar as partes interessadas para que os negócios efetivamente sejam

realizados. É importante salientar que, quando houver a intervenção de uma

Sociedade Corretora, está deverá também assinar o contrato de câmbio,

assumindo solidariamente a responsabilidade pela condução dos negócios, de

acordo com as regras do Banco Central do Brasil.

As operações de câmbio que se relacionam com o estabelecimento

operador tem as seguintes operações como sendo as mais comuns:

• Compra

Recebimento de moeda estrangeira contra entrega de moeda nacional.

• Venda

Entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de moeda nacional.

• Arbitragem

Entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de outra moeda

estrangeira.

Este mercado de câmbio que será objeto de estudo durante a realização

deste trabalho, se divide em vários sub-mercados, dependendo de vários

setores que serão abordados em seguida.

2.3.1 Quanto à origem e ao destino da moeda

Quando diz respeito à origem e destino das moedas, o mercado de câmbio

está dividido em Mercado Primário e Mercado Secundário de Câmbio.

Page 20: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

19

De acordo com o que diz Garofalo Filho (2004, p. 307), Mercado de Câmbio

Primário compreende as operações que implicam transferências de valores em

moedas estrangeiras entre residentes e não-residentes no país. São, portanto,

as operações que alteram – para maior ou para menor – as disponibilidades de

moedas estrangeiras no país.

E na visão de outro autor, mercado primário de câmbio é o mercado onde

são realizadas operações cambiais entre bancos e seus clientes não-

bancários. (RATTI, 2001)

Já o Mercado Secundário de Câmbio cuida das operações que decorrem

das operações primárias, isto é, são derivadas. No Brasil, o mercado optou por

utilizar a expressão derivativas, mais parecida com o original inglês derivative.

(GAROFALO FILHO, 2004, p. 307)

Este Mercado Secundário de Câmbio também divide-se em alguns

segmentos que o completam. Um deles é o Mercado Interbancário, que de

acordo com Ratti (2001), trata-se do mercado onde são realizadas apenas

operações entre bancos. Neste mercado são realizadas operações de compra

e venda de câmbio entre bancos e entre os bancos e o banco central.

(GAROFALO FILHO, 2004, p. 307)

2.3.2 Quanto ao tipo de taxa de câmbio

Quando se trata de mercado de câmbio e que tem referência com o tipo de

taxa de câmbio utilizada, o mercado de câmbio se divide da seguinte forma:

• Mercado de câmbio de taxas administradas

“Nesse tipo de mercado as taxas de câmbio sofrem incisiva interferência

das autoridades monetárias do país. Para que isso seja possível, o governo –

ou seu banco central – deve ser comprador de todo excedente de moeda

existente no mercado e vendedores de toda a moeda demandada.”

(GAROFALO FILHO, 2004, p. 307)

• Mercado de câmbio de taxas flutuantes ou livres

Segundo Ratti (2001), não existem paridades monetárias e as taxas cambiais

flutuam livremente, embora possam estar sujeitas a sofrer intervenções da

parte de autoridades monetárias, em caso de flutuações exageradas.

Page 21: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

20

“Nesse tipo de mercado, as características principais são: o governo não define as taxas de câmbio, nem se responsabiliza pelos excessos de oferta ou demanda. Com isso, caso haja um excesso de oferta de moeda estrangeira, as taxas podem cair – como no Brasil entre 1994 e 1998 – ou subir, na hipótese de haver um grande crescimento de demanda, como sentimos no Brasil a partir de 1999 e pelo menos até 2003” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 309).

• Mercado de câmbio com bandas de flutuação

“A política de bandas constitui um modelo que pode ser interpretado como

uma variação do modelo de taxas administradas, ou como uma variação do

modelo de taxas flutuantes.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 309)

2.3.3 Quanto ao prazo de liquidações das operações

As operações de câmbio podem ser negociadas para imediata liquidação

ou para liquidação em um tempo futuro. As expressões ”mercado a termo” e

“mercado futuro” têm, de forma genérica, o mesmo sentido: configuram

operações contratadas para liquidação a prazo, ou seja, não são operações

que se liquidem a vista.

Estas operações são qualificadas como segue abaixo:

• Mercado de câmbio futuro

Segundo Garofalo Filho (2004, p. 310), este mercado refere-se às

“Operações realizadas em mercados organizados de bolsa, em que há datas

fixas de vencimento dos contratos, lotes padrão e marking to market.”

De acordo com Ratti (2001), este mercado também “Compreende as

operações futuras de câmbio, essas operações vêm a ser a compra ou a venda

de divisas estrangeiras – a uma taxa cambial determinada por ocasião da

contratação – e que serão entregues em data futura. São realizadas por

exportadores, importadores, investidores em moeda estrangeira, etc.”

Para qualquer data futura específica, o cliente contrata hoje com o Banco

uma taxa futura prefixada de câmbio (calculado pelas condições de mercado)

para venda ou compra de dólares, sem qualquer desembolso inicial.

Page 22: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

21

Se o cliente fechar a compra da taxa futura e o dólar subir além da taxa

contratada, o Banco cobrirá a diferença.

Essa operação equivale a contratar por um valor fixo a compra ou venda de

dólar em uma data futura específica. Não há a entrega física dos dólares e não

há vínculo com o fechamento de câmbio. Há apenas um ajuste da diferença,

que ocorre, no vencimento em R$, entre o cliente e o Banco.

Com esse produto, o cliente sabe antecipadamente quanto vai pagar ou

receber em R$.

De acordo com a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F, 2005), Contratos

Futuros são instrumentos negociados em Bolsa de Valores, segundo uma

padronização de quantidade, qualidade, data de vencimento e local de entrega.

A forma padronizada facilita a negociação, reduzindo as variáveis a serem

consideradas no momento da sua comercialização.

Também, segundo a Universidade Federal da Bahia (2005), Contratos

futuros, da mesma forma que forwards, firmam preço de um ativo para ser

liquidado em data vindouro, entretanto apresentam mecânicas operacionais

diferentes: enquanto nos forwards, as liquidações acontecem nas datas

previstas, nos futuros ocorrem ajustes diários e, dependendo da posição do

contratante serão realizados acréscimos ou reduções, em função das

diferenças relativas entre os valores assumidos pelos contratos dia após dia

até a data final combinada.

� Contrato de Câmbio Travado ou ”Trava de Câmbio”

Segundo Vieira (2004, p. 55), contrato de câmbio travado, ou “trava de

câmbio”, é uma operação que ocorre quando o exportador efetua um contrato

de câmbio de exportação para liquidação em uma data futura com determinada

instituição financeira autorizada a operar em câmbio pelo Banco Central do

Brasil, porém não recebe o adiantamento correspondente ao valor em moeda

nacional, onde permanecerá aplicado no banco.

O exportador tem a opção de contratar o câmbio por antecipação,

isto é, antes de embarcar a mercadoria, fixando a taxa cambial que

vai prevalecer para a operação, que funciona da seguinte forma: o

exportador fecha o câmbio com o banco antes de embarcar a

Page 23: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

22

mercadoria, mas não recebe em troca o valor equivalente em reais.

Em vez disso, venderá ao banco, para liquidação futura, os dólares

oriundos da exportação. No momento em que se faz a trava, fixa-se

a taxa de conversão da moeda estrangeira, o que significa que o

exportador perderá a correção cambial do período. (FORTUNA,

2005,p. 416)

De acordo com o Banco do Nordeste (2005), neste tipo de contrato, o

exportador “trava” ou fixa a taxa de câmbio que quer receber quando o

importador pagar a mercadoria vendida. Estes contratos de câmbio de

exportação são fechados sem a concessão de ACC ou ACE, permitindo ao

cliente fixar a taxa de câmbio para conversão da moeda estrangeira e ganhar

uma remuneração até a liquidação do contrato.

• Mercado de câmbio a termo

De acordo com Garofalo Filho (2004, p. 312), este mercado “Refere-se ao

mercado no qual são cursadas operações de balcão (portanto, excluem-se

aquelas de mercados futuros organizados de bolsas) com a característica

taylor made, o que significa que prazos, preços, taxas e garantias são

livremente firmados entre as partes contratantes.”

• Mercado de câmbio à vista, ou spot, ou pronto, ou disponível

“Neste mercado são efetuadas as operações “prontas” de câmbio, que são

operações de compra ou de venda de divisas para entrega imediata. Essa

“entrega imediata” refere-se a prazo de até dois dias úteis (business days),

contados da data da operação.” (RATTI, 2001)

Estas operações, segundo o que diz Garofalo Filho (2004, p. 312), “[...] são

contratadas para imediata liquidação, porém, na praxe do mercado e nas

operações com o próprio Banco Central, essa liquidação ocorre no segundo dia

útil após a contratação, também chamado D+2.”

2.3.4 Quanto a entrega da moeda estrangeira

O mercado cambial também possui divisões relacionadas à forma como ela

é entregue ou paga. Neste quesito, o mercado de câmbio se divide em:

Page 24: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

23

• Mercado de câmbio manual

“Refere-se às operações que envolvem a compra e a venda de moedas

estrangeiras em espécie, isto é, quando a troca se efetua com moedas

metálicas ou cédulas de outros países.” (FORTUNA, 2005, p. 379 )

“Trata-se do mercado em que são conduzidas as operações em espécie, em que uma das moedas é a nacional e a(s), estrangeira(s). Na maioria das vezes, trata-se do câmbio de viajantes e envolve cédulas, moedas metálicas e traveller’s checks. Tais operações podem ser realizadas em bancos, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e hotéis.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 312).

• Mercado de câmbio sacado

Segundo Fortuna (2005, p. 379), ele ocorre quando, na troca, existem

documentos ou títulos representativos da moeda. Nesse tipo de operações, as

trocas de processam pela movimentação de uma conta bancária em moeda

estrangeira.

“O mercado de câmbio sacado compreende o grosso das operações cambiais pelos estabelecimentos bancários, ou seja, a compra e venda de divisas estrangeiras, representadas por depósitos, letras de câmbio, cheques, ordens de pagamento, valores mobiliários,etc. A concretização dessas operações ocorre mediante movimentação (débito ou crédito) nas contas de depósito que os bancos mantêm junto a seus concorrentes no exterior.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 313).

2.3.5 Quanto à legalidade das operações de câmbio

Como em praticamente todos os segmentos, o mercado de câmbio também

possui operações que ocorrem dentro da legalidade e outras não tão “legais”

assim.

• Mercado legal/ oficial de câmbio

De acordo com Garofalo Filho (2004), é uma designação genérica do

mercado de câmbio em que as operações são regulamentadas pela autoridade

e executada exclusivamente por agentes autorizados por ela.

• Mercado paralelo de câmbio

“O mercado paralelo de câmbio, ou mercado negro, ou simplesmente

black, surgiu em decorrência do monopólio de câmbio do BC e sua tendência é

Page 25: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

24

deixar desatendida a demanda da sociedade em relação à moeda estrangeira”

(GAROFALO FILHO, 2004, p. 314).

2.3.6 Quanto aos mercados legais de câmbio

Quando este mercado de câmbio está legalmente constituído, ele se divide

em:

• Mercado de câmbio de taxas flutuantes

O mercado de câmbio de taxas flutuantes é destinado para legitimar um

segmento de mercado que até então era considerado ilegal, enquadrando

neste segmento as operações de compra e venda de câmbio a clientes, gastos

com cartão de crédito no exterior, transferências unilaterais, a movimentação

na CC-5 e outras operações entre instituições financeiras. (FORTUNA,2005, p.

378)

De acordo com Vieira (2004, p. 28), no mercado de taxas flutuantes, que

também é conhecido como “câmbio turismo”, são realizadas as operações

relativas à compra e venda de moeda estrangeira para o turismo internacional,

as contribuições a entidades associativas, as doações, heranças e legados, as

aposentadorias e pensões, a manutenção de residentes e os tratamentos de

saúde.

“Trata-se de um segmento de mercado de câmbio criado em 1989, pelo BC no Brasil, quando ainda vivíamos sob a égide do modelo cambial de taxas reais fixas e do monopólio de câmbio. Esse segmento foi criado para propiciar alguma distensão, dentro do modelo em vigor, capaz de amenizar as restrições impostas aos residentes no Brasil, porém sem aumentar os compromissos do BC à moeda estrangeira. A intenção também era tirar do mercado paralelo de câmbio operações consideradas legítimas pela sociedade (viagens internacionais, manutenção de parentes, entre outras).” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 315).

• Mercado de câmbio de taxas livres

Este tipo de mercado, segundo a definição de Fortuna (2005, p. 378), é

destinado às operações de câmbio em geral, enquadrando-se neste segmento

as operações comerciais de exportação/importação e as operações financeiras

de empréstimos e investimentos externos bem como o retorno ao exterior da

remuneração destas operações.

Page 26: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

25

“Uma das principais alterações introduzidas na ocasião foi a criação do “mercado oficial”, baseado em taxas fixas, lembrando que o mercado de taxas flutuantes (“turismo”), que surgiu em 1989, também era “oficial”. Mas o “livre” herdou as operações do mercado antes chamado “oficial”, aquele baseado em taxas nominais fixas.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 316).

De acordo com Vieira (2004, p. 28), este mercado também é conhecido

como “câmbio comercial”, é o mercado no qual são realizadas quase todas as

operações de câmbio necessárias para a viabilização do comércio exterior no

Brasil. Neste mercado também são realizadas as operações do governo,

também as operações decorrentes das transferências financeiras, relativas a

investimentos de estrangeiros no país.

“Nesse mercado, passaram a ser conduzidas: a grande maioria das exportações executando apenas as de pedras preciosas e jóias, conduzidas no “flutuante”; as importações (exceto as de pequena monta pagas por cartão de crédito), e as principais movimentações das contas de capital e financeiras, a título de investimento, financiamentos e empréstimos.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 317).

2.3.7 Instrumentos auxiliares na prevenção de oscilações cambiais

2.3.7.1 Mercados de câmbio derivativos

“Refere-se ao conjunto de operações em moedas estrangeiras ou referidas

a elas, sem troca de posições entre residentes e não-residentes. Em outras

palavras, são operações que não alteram a quantidade de moeda estrangeira

em contas de residentes no Brasil.” (GAROFALO FILHO, 2004)

A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F, 2005), diz que contratos

derivativos têm esse nome porque seu valor está referido a – ou deriva de –

algum produto, ativo financeiro ou outro objeto qualquer negociado nos

mercados “spot”. Operando contratos futuros, um exportador pode,

antecipadamente, garantir a relação R$/US$, assegurando sua receita em

reais, independentemente das oscilações do mercado até o vencimento da

operação.

Contratos futuros de dólar (assim como também os contratos futuros de

juros) são instrumentos poderosos para uma eficiente gestão de riscos de uma

empresa exportadora. No contexto de um regime de flutuação das taxas de

câmbio, o exportador está sempre sujeito ao risco de ocorrência de uma

eventual apreciação cambial (valorização do real frente ao dólar) por ocasião

Page 27: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

26

do ingresso dos dólares em pagamento das suas vendas externas. Numa

situação como esta, ele poderá realizar uma operação de hedge, para proteger

o valor real de seu fluxo de caixa. Para tanto, ele poderá recorrer a uma

corretora de mercadorias para vender dólares a futuro, com uma data de

vencimento próxima àquela em que receberá os dólares efetivos de sua

exportação. Com esta operação ele fixa antecipadamente uma taxa de câmbio

apropriada. Na data do recebimento dos dólares, ocorrendo a temida

apreciação do valor do real frente ao dólar, o exportador liquidará sua posição

vendida a futuro, que havia sido estabelecida originalmente a uma taxa de

câmbio menos valorizada. Assim, a perda incorrida com o impacto da variação

do câmbio sobre a sua receita, terá sido virtualmente compensada com os

ganhos que ele obterá no mercado futuro de dólar.

Os mercados de derivativos oferecem inúmeras outras possibilidades

vantajosas de proteção contra riscos (hedge) para o exportador. Tais

operações devem ser realizadas sempre por meio de uma corretora de

mercadorias, que tem maior conhecimento das opções que o mercado oferece.

O mercado possui diferentes formas de chamar estes produtos, mesmo

eles tendo o mesmo sistema quando da realização destas operações.

Basicamente, as operações estão situadas dentro de dois diferentes grupos. A

seguir estão descritos alguns conceitos sobre as possibilidades de produtos

para a proteção contra risco cambial que o mercado oferece.

a) Opções de Hedge

De acordo com GAROFALO FILHO, 2004, “Opções de hedge, são feitas

em bolsas ou em balcão.”

“Representa uma operação de proteção a uma posição assumida e

que esteja em aberto, isto é, estratégia de proteção financeira usada

para compensar investimentos de risco, potenciais perdas ou ganhos

excessivamente arriscados. Um hedge perfeito é aquele que elimina

a possibilidade de ganhos ou perdas futuras. Em câmbio pode ser

conhecido como: operação de câmbio a prazo, realizada com a

finalidade de proteção contra alterações causadas pelas variações

na cotação de uma moeda. Mecanismo utilizado por operadores do

Page 28: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

27

mercado de commodities para se resguardar de uma flutuação de

preços.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 129).

De acordo com Pioneer Corretora (2005), hedge pode ser definido como

um conjunto de medidas protetoras, implementadas de forma a minimizar (ou

controlar dentro de níveis aceitáveis) as perdas potenciais devido a flutuações

não antecipadas do mercado.

A seguir estão descritos alguns dos produtos que o mercado de hedge

oferece aos exportadores ou importadores ou até mesmo especuladores do

mercado cambial:

� Forward

Segundo a Universidade Federal da Bahia (2005), entende-se por contrato

a termo ou forward, um vendedor e um comprador fixam hoje o preço de certo

ativo que deverá ser liquidado em um prazo determinado ou data de exercício.

Por liquidar deve ser entendido que o comprador pagará o combinado e o

vendedor, por sua vez, entregará o ativo negociado. Outra maneira é feita por

acerto em moeda. Pelo jargão do mercado, a parte que é compradora tem uma

posição longa e a vendedora, uma posição curta.

� NDF: Non deliverable forward

“Operação a termo, de balcão, realizado no País ou no exterior, com regras

similares às operações de futuro de dólar em bolsa, com depósito inicial de

margem, porém sem ajustes diários” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 320).

Também, segundo informações recebidas do Banco Real (2005), esta

operação consiste na realização de um acordo entre o cliente e o banco de

compra ou venda de uma quantidade determinada de moeda estrangeira em

uma data futura, por uma taxa pré-definida. Não há desembolso de caixa no

início da operação e no vencimento a liquidação é realizada pela diferença da

taxa contratada na operação e a taxa da liquidação efetiva da moeda.

� Swaps cambiais

Page 29: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

28

Swaps cambiais são operações que envolvem a troca de indexadores, no

caso de câmbio a mais comum é a troca do indexador dólar (variação cambial)

por DI (taxa de juros Selic), negociadas entre partes, sendo o mais usual que

uma delas seja um banco. Normalmente, não exigem depósitos de margem ou

ajuste, baseando-se em créditos recíprocos entre as partes contratantes.

(GAROFALO FILHO, 2004)

“Um swap contratado, isto é, troca de indexadores, por exemplo,

sofre uma variação cambial por variação de juros domésticos (dólar x

DI), pode ser registrado na Bolsa (BM&F). Nessa hipótese, as partes

depositam margem de garantia e a Bolsa encarrega-se da liquidação

das operações” (GAROFALO FILHO, 2004,p.).

Segundo a Universidade Federal da Bahia (2005), o termo swap é utilizado

sem tradução e, no mercado financeiro, significa troca de posições entre dois

investidores. Por exemplo, um investidor deseja trocar a variação do dólar

americano pela variação do euro, outro deseja trocar uma aplicação em renda

fixa por outra de renda variável etc. O que leva os investidores a alterarem

suas posições são as expectativas quanto às variações dos papéis no futuro.

Assim, no caso da permuta dólar/euro, o possuidor da moeda americana

poderia estar imaginando que o euro subiria mais e, por sua vez, o detentor da

moeda européia acreditaria no inverso, a maior subida do dólar. O swap é

combinado por certo prazo e, atingido o limite, há um acerto de contas entre os

contratantes.

De acordo com o que diz a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F, 20005),

os swaps são transações puramente financeiras, Nesses contratos, as partes

envolvidas trocam, por exemplo, a natureza do fluxo financeiro de uma

operação de uma tarifa flutuante para uma fixa, sem troca de ativos.

b) Mercado de Opções

O mercado de opções compreende as operações em pregão, relativas à

negociação dos direitos outorgados aos titulares de opção de compra de ações

e opção de venda de ações. Este tipo de negociação tem, obrigatoriamente,

estar vinculado à Bolsa de Valores ou BM&F.

Opções são contratos onde um lado adquire direitos, podendo exerce-los

ou não, e o outro assume compromissos relacionados com os direitos, devendo

Page 30: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

29

cumpri-los caso sejam solicitados. Para equilibrar a situação, a parte que aceita

os compromissos cobra um prêmio como recompensa.

A seguir estão descritos algumas opções de produtos que o mercado

oferece dentro do mercado de opções:

� Forfaiting

Segundo o que diz Fortuna (2005, p. 424), trata-se de uma cessão de

crédito, através da qual, com a intermediação de um banco, um exportador

pode vender suas mercadorias a prazo e receber à vista. O mercado de

forfaiting funciona como uma espécie de desconto de notas promissórias. É

uma forma de ter um funding (captação) contra venda de uma cambial (saque).

� Factoring

São operações de desconto de saques cambiais semelhantes às de forfaiting, mas envolvendo operações de menor valor (varejo). Também são conduzidas sem direito de regresso no caso de inadimplência do importador. O risco da operação é transferido, pelo banco, às empresas especializadas em factoring no exterior, os factor, que assim, assumem o risco sobre o importador e, na realidade, não atuam como instituições financeiras, mas, apenas, como prestadores de garantia. (FORTUNA, 2005 ,P. 425)

� Securitização das Exportações

De acordo com Fortuna (2005, p. 429), a definição básica pode ser:

”Emissão de um título no mercado internacional com lastro em vendas futuras

ao exterior”. Esse mecanismo foi criado na forma de captação de recursos no

exterior com estabelecimento de vínculo a exportações, através do qual o

exportador poderá comprometer o seu fluxo futuro de exportações, com o

objetivo de obter financiamento no exterior a custos muito mais baixos.

� Desconto de Warrant

Outra opção no mercado de derivativos, é um empréstimo obtido através do

desconto do mercado interno dos certificados de garantia de depósitos da

mercadoria, os Warrant, em armazém para exportação. (FORTUNA, 2005)

� Export Notes

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30

De acordo com o que diz Fortuna (2005, p. 425), é como são

conhecidos os contratos de cessão de crédito de exportação, em que o

exportador cede ao tomador, através de um título, os direitos creditícios de

uma operação a ser realizada no futuro.

� Debêntures Cambiais

“São títulos emitidos no mercado interno por empresas exportadoras, com

cláusula de variação cambial, prazo mínimo de três anos e valor nominal de

face igual ou múltiplo do equivalente em reais a US$ 1 milhão.”(FORTUNA,

2005,P.428)

� PUT

Segundo informações recebidas do Banco Real (2005), este produto

consiste em uma opção de vender dólares em uma data futura a um preço

determinado. O comprador de PUT paga um prêmio para ter esse direito. O

comprador deste título tem a obrigação de comprar dólares pelo preço

determinado caso o comprador exerça seu direito e recebe um prêmio pela

obrigação.

� CALL

Na modalidade de Call, ou compra de uma Opção de compra, uma vez

determinado o “Strike”, o cliente se protege de qualquer oscilação superior ao

“Strike”, exercendo efetivamente a Opção de compra, isto é, recebe do Banco

toda a diferença que existir entre o Ptax (indexador utilizado) e o “Strike”

estabelecido. Se a oscilação for inferior ao “Strike”, simplesmente não é

exercido o direito desta compra. (Banco Real, 2005)

� Zero Cost Collar – Exportador

Este produto, segundo informações recebidas do Banco Real (2005),

consiste em estabelecer um intervalo entre duas taxas de câmbio no qual o

exportador admite uma variação de preço do dólar.

Page 32: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

31

2.3.8 Incentivos à Exportação - Mecanismos de Financiamento à

Exportação

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC,

2005), com todas as dificuldades encontradas por toda a cadeia produtiva em

geral, nada melhor do que poder se utilizar dos incentivos oferecidos pelo

governo para aumentar as exportações. O principal propósito dos

financiamentos às exportações é tornar o produto brasileiro mais competitivo

no mercado internacional.

Para ter sucesso no concorrido mercado internacional, os exportadores se

valem de sistemas de financiamento às exportações que tornam as condições

financeiras para a compra de seus produtos e serviços mais atrativas.

Em uma operação de financiamento à exportação o crédito pode ser

concedido na fase de produção da mercadoria, denominando-se crédito pré-

embarque (ou financiamento à produção exportável). Se, por outro lado, o

crédito se der na fase de comercialização da mercadoria, estaremos falando de

crédito pós-embarque.

Em consonância com a praxe internacional, no Brasil são consideradas

exportações financiadas aquelas cujos prazos de pagamento são superiores a

180 (cento e oitenta) dias.

Existem vários tipos de financiamento, tanto pré-embarque quanto pós-

embarque. Abaixo estão os mais utilizados:

2.3.8.1 Financiamentos na fase Pré - Embarque

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

(MDIC, 2005), é o tipo de financiamento que se destina a custear a produção

dos produtos destinados aos mercados internacionais. Sua função é possibilitar

a aquisição de insumos, matérias-primas e outros recursos para a produção.

� ADIANTAMENTO SOBRE CONTRATO DE CÂMBIO – ACC

Segundo o que diz Vieira (2005, p. 107), o Adiantamento sobre contrato de

câmbio consiste na antecipação parcial ou total dos valores em moeda nacional

equivalente à quantia em moeda estrangeira comprada pelo banco. É a

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32

antecipação do preço da moeda estrangeira que o banco negociador das

divisas concede ao exportador.

A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F, 2005), diz que o ACC é um

adiantamento feito por instituição financeira ao exportador, tendo em vista a

perspectiva de exportação. O exportador se compromete a entregar ao banco

financiador, após o embarque da mercadoria, as respectivas divisas. Pode ser

conceituado ainda como a antecipação, à empresa exportadora, do contra -

valor em moeda nacional de uma exportação, cujo embarque e seu respectivo

pagamento pelo importador ocorrerão em futuro próximo. Numa analogia com o

mercado interno, o ACC pode ser comparado a um desconto de pedido de

venda em carteira.

De acordo com o Banco Central do Brasil ( RMCCI), 2005), o adiantamento

sobre contrato de câmbio constitui antecipação parcial ou total por conta do

preço em moeda nacional da moeda estrangeira comprada para entrega futura,

podendo ser concedido a qualquer tempo, a critério das partes.

No caso de exportação, o valor do adiantamento deve ser consignado no

próprio contrato de câmbio, mediante averbação do seguinte teor: "Para os fins

e efeitos do artigo 75 (e seus parágrafos) da Lei 4.728, de 14.07.1965, averba-

se por conta deste contrato de câmbio o adiantamento de R$ _______".

No contrato de câmbio não são suscetíveis de alteração o comprador, o

vendedor, o valor em moeda estrangeira, o valor em moeda nacional, o código

da moeda estrangeira e a taxa de câmbio.

� BNDES - EXIM

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES

concede financiamento à produção exportável por meio do Programa BNDES-

Exim, disponibilizando instrumentos de financiamento competitivos com os

similares oferecidos no mercado internacional.

• BNDES - EXIM PRÉ-EMBARQUE

De acordo com Vieira (2004, p. 113), trata-se de um financiamento com

fundos do BNDES, cujos recursos são captados nom mercado internacional,

Page 34: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

33

com o objetivo de viabilizar as exportações na fase pré-embarque de produtos

manufaturados nacionais, especialmente produtos com longo ciclo de

fabricação, para poder suprir os custos de produção.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC,

2005), trata-se de financiamento à produção de bens para exportação,

mediante abertura de crédito fixo, em operações realizadas por meio de

instituições financeiras credenciadas. O BNDES pode financiar a produção de

até 100% do valor da exportação e o prazo de pagamento é de até 30 meses,

incluída a carência, de acordo com o ciclo de produção.

• BNDES - EXIM PRÉ-EMBARQUE ESPECIAL

Trata-se de financiamento ao exportador para parte dos recursos

necessários à produção de bens a serem exportados, sem vinculação a

embarques específicos. É concedido por meio de instituições financeiras

credenciadas, mediante a abertura de crédito fixo.

De acordo com Vieira (2004, p. 110), é um financiamento destinado às

empresas exportadoras na fase pré-embarque da mercadoria destinada ao

exterior, constituídas sob as leis brasileiras que tenham sede e administração

no país.

2.3.8.2 Financiamentos na fase Pós-Embarque

São os financiamentos que se destinam a custear a comercialização

externa dos bens e serviços exportáveis.

� ADIANTAMENTO SOBRE CAMBIAIS ENTREGUES - ACE

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC, 2005), diz

que ACE é um adiantamento feito por uma instituição financeira ao exportador,

tendo em vista o efetivo embarque de mercadorias exportadas. Reduz os

custos financeiros para o exportador brasileiro, possibilitando competitividade

Page 35: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

34

negocial junto ao importador estrangeiro, na medida em que concede melhores

prazos e reduz custos, em condições compatíveis com as praticadas pelo

mercado internacional.

De acordo com Vieira (2004, p. 109),neste tipo de operação a contratação

do câmbio é efetuada após o embarque da mercadoria, e o contravalor em

moeda nacional é destinado para financiar a comercialização do produto que

está sendo exportado.

� BNDES - EXIM PÓS–EMBARQUE – Supplier’s Credit

Segundo Vieira (2004, p. 118), é um mecanismo de financiamento

gerenciado pelo BNDES e destinado a viabilizar a comercialização de bens e

serviços no exterior através de refinanciamento, mediante o desconto de títulos

de crédito ou através da cessão sobre o direito de receber as cartas de crédito.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

(MDIC, 2005), é um refinanciamento à exportação de bens e serviços, na fase

pós-embarque. O BNDES concede financiamento de até 100% do valor

exportado, e o prazo de pagamento é de até 12 anos.

� PROGRAMA DE FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES - PROEX

Segundo relato do Banco Central do Brasil (2005), o PROEX foi criado pelo

Governo Federal em 1991, com o objetivo de proporcionar às exportações

brasileiras condições de financiamento equivalentes às do mercado

internacional. Ao longo dos anos o PROEX se firmou como uma das principais

fontes de financiamento do comércio exterior brasileiro. Seu principal

instrumento legal é a Lei nº 10.184, de 12 de fevereiro de 2001.

2.3.8.3 Operações de desconto cambiais

� SUPPLIER’S CREDIT

Nesta modalidade, o financiamento é concedido por um banco

ao exportador, mediante desconto das cambiais representativas de

vendas a prazo, O exportador vende a prazo e as divisas também

Page 36: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

35

vão ingressar, futuramente, nos respectivos vencimentos. O

exportador permanece responsável, junto ao banqueiro financiador,

pelo pagamento da cambial de exportação, quer na condição de

sacador quer na qualidade de endossante. (FORTUNA, 2005, p.

423)

� BUYER’S CREDIT

Segundo Fortuna (2005, p. 423) nesta modalidade, o financiamento é

concedido diretamente ao importador estrangeiro. Existe um banco no exterior

financiando a operação ao importador.

2.4 CONTRATO DE CÂMBIO

Toda a explanação que segue sobre contrato de câmbio teve origem em

pesquisa realizada no site do Banco Central do Brasil e dentro deste, foi

utilizada a RMCCI (Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais

Internacionais), sendo que este é o regulamento que rege todo o mercado de

câmbio no Brasil.

A RMCCI relata que: Contrato de câmbio é o instrumento específico

firmado entre o vendedor e o comprador de moeda estrangeira, no qual são

estabelecidas as características e as condições sob as quais se realiza a

operação de câmbio.

As operações de câmbio são registradas no Sisbacen,

A liquidação, o cancelamento e a baixa de contrato de câmbio não elidem

responsabilidades que possam ser imputadas às partes e ao corretor

interveniente, nos termos da legislação e regulamentação vigentes, em função

de apurações que venham a ser efetuadas pelo Banco Central do Brasil.

O Contrato de Câmbio deve conter os seguintes dados:

• nome do banco autorizado a contratar o câmbio;

• nome do exportador;

• valor da operação;

• taxa de câmbio negociada;

Page 37: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

36

• prazo para liquidação;

• nome do corretor de câmbio, se houver;

• comissão do corretor de câmbio;

• nome do importador;

• dados bancários do exportador;

• condições de financiamento, etc.

2.4.1 Tipos de Contrato de Câmbio

São os seguintes os tipos de contratos de câmbio e suas aplicações:

a) tipo 1: destinado à contratação de câmbio de exportação de

mercadorias ou de serviços;

c) tipos 3 e 4: transferências financeiras, sendo as compras tipo 3 e as

vendas tipo 4, destinados à contratação de câmbio referente a operações de

natureza financeira, importações financiadas sujeitas a registro no Banco

Central do Brasil e as de câmbio manual;

d) tipos 7 e 8: alteração de contrato de câmbio, sendo as compras tipo 7 e

as vendas tipo 8;

e) tipos 9 e 10: cancelamento de contrato de câmbio, sendo as compras

tipo 9 e as vendas tipo 10, usados, também, por adaptação, para a realização

das baixas da posição cambial.

2.4.2 Alteração do Contrato de Câmbio

Entre as alterações admitidas nos contratos de câmbio, devem ser

necessariamente registradas no Sisbacen e formalizadas aquelas relativas aos

seguintes elementos:

a) prazo para entrega dos documentos da exportação;

b) prazo para liquidação do contrato de câmbio;

c) cláusulas e declarações contratuais;

d) forma de entrega da moeda estrangeira;

e) natureza da operação;

f) pagador/recebedor no exterior, nos contratos não vinculados a operações

comerciais;

Page 38: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

37

g) prêmio/bonificação;

h) prazo das cambiais.

2.4.3 Liquidação do Contrato de Câmbio

A liquidação de contrato de câmbio ocorre quando da entrega de ambas as

moedas, nacional e estrangeira, objeto da contratação ou de títulos que as

representem.

A liquidação pronta é obrigatória nos seguintes casos:

a) operações de câmbio de compra de natureza financeira que não estejam

sujeitas à registro no Banco Central do Brasil/ Departamento de Combate a

Ilícitos Financeiros e Supervisão de Câmbio e Capitais Internacionais;

b) operações de câmbio simplificado de exportação ou de importação;

c) compras ou vendas de moeda estrangeira em espécie ou em cheques

de viagem;

d) compra ou venda de ouro - instrumento cambial.

As operações de câmbio contratadas para liquidação pronta devem ser

liquidadas:

a) no mesmo dia, quando se tratar:

I-de compras e de vendas de moeda estrangeira em espécie ou em

cheques de viagem; ou

II-de operações ao amparo da sistemática de câmbio simplificado de

exportação.

b) em até dois dias úteis da data da contratação, nos demais casos,

excluídos os dias não úteis nas praças das moedas envolvidas (dias não úteis

na praça de uma moeda e/ou na praça da outra moeda).

O cancelamento de contrato de câmbio ocorre mediante consenso das

partes e é formalizado por meio de novo contrato, no qual as partes declaram o

desfazimento da relação jurídica anterior, com a observância aos princípios de

ordem legal e regulamentar aplicáveis.

Nos casos em que não houver consenso para o cancelamento, podem os

bancos autorizados a operar em câmbio proceder à baixa do contrato de

câmbio de sua posição cambial, observadas as exigências e os procedimentos

regulamentares aplicáveis a cada tipo de operação.

Page 39: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

38

2.4.4 Contratos de Câmbio na Exportação

Segundo Cavalcanti (1995), “Contrato de câmbio de exportação é um

instrumento legal e oficial, padronizado pelo Banco Central, no qual se

identificam as características completas da operação, tendo o vendedor

(exportador) o compromisso de entregar a moeda estrangeira ao comprador

(banco) no prazo pactuado, e este a obrigação de efetuar o pagamento ao

vendedor em moeda nacional, ajustado através da precificação da taxa de

câmbio livremente pactuada entre as partes”.

As exportações brasileiras de mercadorias e de serviços sujeitam-se ao

ingresso no País da moeda estrangeira correspondente, mediante celebração e

liquidação de contrato de câmbio em banco autorizado a operar no mercado de

câmbio, no País, ressalvados os casos específicos previstos na legislação e

regulamentação em vigor.

As operações de câmbio a que se refere o item anterior são liquidadas

mediante a entrega da moeda estrangeira ou do documento que a represente

ao banco com o qual tenha sido celebrado o contrato de câmbio.

O recebimento do valor em moeda estrangeira decorrente da exportação

deve ocorrer mediante crédito do correspondente valor em conta, no exterior,

de banco autorizado a operar no mercado de câmbio, no País,

Os contratos de câmbio podem ser celebrados para liquidação pronta ou

futura, prévia ou posteriormente ao embarque da mercadoria ou da prestação

dos serviços, limitado ao prazo máximo de 570 dias entre a contratação e a sua

liquidação.

As operações de câmbio podem ser contratadas prévia ou posteriormente

à data do embarque das mercadorias ou da prestação dos serviços, observado

que:

a) se contratação prévia: a antecipação máxima admitida é de 360 dias;

b) se contratação posterior: o prazo máximo admitido para contratação e

liquidação é de 210 dias, sendo que, caso esse prazo máximo vença em dia

não-útil, será considerado o dia útil seguinte.

As operações de exportação, sob o aspecto cambial, podem ser efetuadas:

• sem cobertura cambial: não há remessa de divisas do exterior para

pagamento da mercadoria. Exemplos:

Page 40: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

39

- remessas de mercadorias para participação em feiras e exposições no

exterior, até o limite de U$ 5.000. É necessário a comprovação da participação

no certame;

- remessas de mercadorias para complementação ou correção de

embarque, tais como: quebra, avaria, indenização por defeito de fábricas, etc;

- animais reprodutores;

- material destinados a testes, exames ou pesquisas, com finalidade

industrial ou científica, etc

• com cobertura cambial: ocorre o pagamento proveniente do exterior devido

à remessa da mercadoria.

As exportações com cobertura cambial deverão estar vinculadas, no

SISCOMEX, a um contrato de câmbio.

2.4.5 Recebimento Antecipado na exportação

Caracteriza-se como recebimento antecipado de exportação a aplicação

de recursos em moeda estrangeira na liquidação de contratos de câmbio de

exportação, anteriormente ao embarque das mercadorias ou da prestação dos

serviços.

Relativamente aos valores ingressados no País a título de recebimento

antecipado de exportação, deve ocorrer no prazo máximo de 360 dias,

contados da data da contratação do câmbio, independentemente de se tratar

de recebimento antecipado com contratação de câmbio para liquidação pronta

ou de câmbio contratado para liquidação futura, liquidado anteriormente ao

embarque da mercadoria ou da prestação do serviço:

a) o embarque da mercadoria ou a prestação do serviço;

b) a conversão pelo exportador, mediante anuência prévia do pagador no

exterior, em investimento direto de capital ou em empréstimo em moeda e

registrados, no Banco Central do Brasil, nos termos da Lei 4.131, de

03.09.1962, modificada pela Lei 4.390, de 29.08.1964, e regulamentação

pertinente.

Page 41: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

40

2.4.6 Cancelamento de Contrato de Câmbio na exportação

São livremente cancelados, por acordo entre as partes, os contratos de

câmbio de exportação sem mercadoria embarcada ou sem que tenha ocorrido

a prestação do serviço, observada a incidência do encargo financeiro de que

trata a Lei 7.738, de 09.03.1989.

Na regularização de contratos de câmbio por cancelamento relativos a

mercadorias não embarcadas ou a serviço que não tenha sido prestado devem

ser observados, nos casos de falência do exportador ou de intervenção ou de

liquidação extrajudicial do banco comprador da moeda estrangeira,

Na hipótese de já ter ocorrido o embarque da mercadoria ou de o serviço

já ter sido prestado, a regularização do contrato de câmbio de exportação

mediante seu cancelamento deve atender a uma das seguintes condições:

a) caso o devedor estrangeiro tenha obrigações para com o exportador

nacional em montante igual ou superior a US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares

dos Estados Unidos ou seu equivalente em outras moedas): comprovação,

pelo exportador, do início de ação judicial de cobrança contra o devedor no

exterior, independentemente do valor do cancelamento;

b) caso o devedor estrangeiro não tenha obrigações para com o exportador

nacional em montante igual ou superior a US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares

dos Estados Unidos ou seu equivalente em outras moedas): declaração ao

banco, pelo exportador, atestando tal condição;

c) nos casos em que ocorra o retorno ao País da mercadoria exportada,

esteja o correspondente desembaraço vinculado ao registro da exportação no

Siscomex;

d) nos casos de redução do preço da mercadoria embarcada, haja

anuência do Departamento de Operações de Comércio Exterior - Decex, do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior -MDIC.

4. No caso de já ter ocorrido o embarque da mercadoria ou a prestação do

serviço, o cancelamento do respectivo contrato de câmbio de exportação deve

ser efetuado em até 210 dias da data do embarque da mercadoria ou da

prestação do serviço.

Page 42: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

41

2.4.7 Câmbio Simplificado na exportação

Ao amparo desta seção, os bancos autorizados a operar no mercado de

câmbio, no País, podem dar curso a operações de câmbio simplificado

decorrentes de vendas de mercadorias e de serviços ao exterior, por pessoa

física ou jurídica, até o limite, por operação, de US$ 20.000,00 (vinte mil

dólares dos Estados Unidos) ou o seu equivalente em outras moedas.

As operações de câmbio simplificado estão dispensadas de:

a) apresentação pelo exportador, ao banco autorizado a operar no mercado

de câmbio, dos documentos comprobatórios da operação comercial; e

b) vinculação, pelo banco comprador da moeda estrangeira, do contrato de

câmbio a RE, a RES ou a DSE.

O registro das operações no Sisbacen é efetuado no mesmo dia da

liquidação do contrato de câmbio.

2.4.8 Modalidades de Pagamento na Exportação

Nas transações internacionais, tanto o exportador como o importador

procuram evitar os riscos de natureza comercial a que estão sujeitos. Para

isso, ao remeter a mercadoria ao exterior, o exportador deve tomar algumas

precauções para receber o pagamento. Por sua vez, o importador também

necessita de segurança quanto ao devido recebimento da mercadoria, nas

condições acertadas com o exportador.

Portanto, definir com clareza a forma de pagamento que deverá ser

observada em uma operação de exportação é de fundamental relevância para

ambas as partes. Assim, a escolha da modalidade de pagamento normalmente

é feita de comum acordo entre o exportador e o importador e depende,

basicamente, do grau de confiança comercial existente entre as partes,

devendo atender simultaneamente aos interesses do exportador e do

importador.

Segundo Vieira (2004, p. 67), quando o exportador decidir ingressar no

mercado internacional, deve saber que este fato requer que seja concedido

prazo e condições de pagamento compatíveis com a mercadoria que se deseja

exportar. Portanto, a escolha da modalidade de pagamento é condição vital

para assegurar o sucesso desejado da transação comercial, pois qualquer uma

Page 43: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

42

das modalidades escolhidas determina o risco da operação, e a forma pela

qual será efetuado o pagamento pelo importador.

As principais modalidades de pagamento utilizadas no comércio

internacional são:

2.4.8.1 Pagamento Antecipado

Segundo dados do Banco Central do Brasil (BCB, 2005), neste tipo de

modalidade de pagamento, o importador remete previamente o valor da

transação, após o que, o exportador providencia a exportação da mercadoria e

o envio da respectiva documentação. Do ponto de vista cambial, o exportador

deve providenciar, obrigatoriamente, o contrato de câmbio, antes do embarque,

junto a um banco, pelo qual receberá reais em troca da moeda estrangeira,

cuja conversão é definida pela taxa de câmbio vigente no dia. Esta modalidade

de pagamento não é muito freqüente, pois coloca o importador na dependência

do exportador.

De acordo com Vieira (2004), podemos entender como pagamento

antecipado na exportação a aplicação de recursos em moeda estrangeira na

liquidação do de contrato de câmbio cuja contratação tenha ocorrido antes do

embarque da mercadoria. Esta antecipação pode ser feita pelo importador ou

por qualquer pessoa jurídica no exterior, inclusive por instituições financeiras.

2.4.8.2 Remessa sem Saque

Para Vieira (2004), esta modalidade de pagamento somente deve ser

utilizada pelo exportador quando este tiver total confiança no importador e

no país deste, pois os documentos originais são remetidos diretamente ao

importador, possibilitando o desembaraço da mercadoria na alfândega que

providencia o envio das divisas através de seu banco de acordo com o

prazo pactuado. Sendo assim, o risco para o importador é nulo e muito

grande para o exportador, pois a mercadoria será entregue ao importador

sem nenhuma garantia de pagamento.

De acordo com o Banco central do Brasil (2005),”O importador recebe diretamente do exportador os documentos de embarque, sem

Page 44: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

43

o saque; promove o desembaraço da mercadoria na alfândega e, posteriormente, providencia a remessa da quantia respectiva diretamente para o exportador. Esta modalidade de pagamento é de alto risco para o exportador, uma vez que, em caso de inadimplência, não há nenhum título de crédito que lhe garanta a possibilidade de protesto e início de ação judicial. No entanto, quando existir confiança entre o comprador e o vendedor, possui algumas vantagens, entre as quais: • agilidade na tramitação de documentos; • isenção ou redução de despesas bancárias.”

2.4.8.3 Cobrança Documentária

De acordo com Vieira (2004, p. 72) “Essa é a modalidade de pagamento

em que o exportador, após o embarque da mercadoria, emite uma letra de

câmbio também denominada “saque” ou “cambial”, que será entregue ao banco

Banco Remetente (Remitting Bank) brasileiro juntamente com os demais

documentos de embarque, os quais serão remetidos imediatamente ao Banco

Cobrador (Collecting Bank) no exterior, sendo que o pagamento será efetuado

pelo importador a prazo ou à vista, conforme tiver sido convencionado entre as

partes.”

Ao contrário das duas modalidades anteriores, a cobrança documentária é

caracterizada pelo manuseio de documentos pelos bancos.

Os bancos intervenientes nesse tipo de operação são meros cobradores

internacionais de uma operação de exportação, cuja transação foi fechada

diretamente entre o exportador e o importador, não lhes cabendo a

responsabilidade quanto ao resultado da cobrança documentária.

O exportador embarca a mercadoria e remete os documentos de embarque

a um banco, que os remete para outro banco, na praça do importador, para que

sejam apresentados para pagamento (cobrança à vista) ou para aceite e

posterior pagamento (cobrança a prazo).

Para que o importador possa desembaraçar a mercadoria na alfândega, ele

necessita ter em mãos os documentos apresentados para cobrança. Portanto,

após retirar os documentos do banco, pagando à vista ou aceitando (assina,

manifestando concordância) a cambial para posterior pagamento, o importador

estará apto a liberar a mercadoria.

De acordo com Vieira (2004, p. 72) “Essa é a modalidade de pagamento em que o exportador, após o embarque da mercadoria, emite uma letra de câmbio também denominada “saque” ou “cambial”, que será entregue ao Banco Remetente (Remitting Bank)

Page 45: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

44

brasileiro juntamente com os demais documentos de embarque, os quais serão remetidos imediatamente ao Banco Cobrador (Collecting Bank) no exterior, sendo que o pagamento será efetuado pelo importador a prazo ou à vista, conforme tiver sido convencionado entre as partes.”

2.4.8.4 Carta de Crédito

De acordo com Vieira (2004, p. 74), é uma modalidade de pagamento com

bastante uso, porque oferece maiores garantias tanto para o exportador quanto

para o importador. Pode ser definida como uma ordem de pagamento

condicional, emitida por um banco, emitida por um banco, a pedido do

importador, que fará jus ao recebimento do valor do crédito, cumprindo todas

as exigências estipuladas por ela, onde o exportador tem a garantia do

pagamento de dois ou mais bancos e o importador tem a certeza de que a só

haverá pagamento se suas exigências forem atendidas.

A carta de crédito, também conhecida por crédito documentário, é a

modalidade de pagamento mais difundida no comércio internacional, pois

oferece maiores garantias, tanto para o exportador como para o importador.

É um instrumento emitido por um banco (o banco emitente), a pedido de

um cliente (o tomador do crédito). De conformidade com instruções deste, o

banco compromete-se a efetuar um pagamento a um terceiro (o beneficiário),

contra entrega de documentos estipulados, desde que os termos e condições

do crédito sejam cumpridos.

Por termos e condições do crédito, entende-se a concretização da

operação de acordo com o combinado, especialmente no que diz respeito aos

seguintes itens: valor do crédito, beneficiário e endereço, prazo de validade

para embarque da mercadoria, prazo de validade para negociação do crédito,

porto de embarque e de destino, discriminação da mercadoria, quantidades,

embalagens, permissão ou não para embarques parciais e para transbordo,

conhecimento de embarque, faturas, certificados, etc.

Segundo o Banco Central do Brasil (2005), a Carta de Crédito é uma ordem

de pagamento condicionada, ou seja, o exportador só terá direito ao

recebimento se atender a todas as exigências por ela convencionadas.

Page 46: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

45

2.5 TAXA DE CÂMBIO

Segundo a Corretora de Câmbio Renova (2005), taxa de câmbio é o preço

da moeda estrangeira medido em unidades ou frações da moeda nacional. A

taxa de câmbio reflete o custo de uma moeda em relação à outra, dividindo-se

em taxa de compra e venda.

A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de

moeda estrangeira. Por exemplo: se 1 dólar = 2,30 reais, isso significa que

estamos quantificando em real o valor da moeda americana. Por outro lado, do

ponto de vista do estrangeiro, significa que 1 real vale 0,4347 dólar.

O Banco Central do Brasil (2005), diz que, no contrato, o exportador

compromete-se a entregar determinada quantia de moeda estrangeira,

decorrente de sua operação de exportação, devendo a instituição, em

contrapartida, entregar o equivalente em moeda nacional, dentro de

determinadas condições.

De acordo com Fortuna (2005, p. 388), a formação das taxas de

câmbio no mercado de câmbio, a moeda estrangeira é uma

mercadoria, e como tal, está sujeita às forças de oferta e procura., a

taxa cambial é a relação de valor entre duas moedas, ou seja,

corresponde ao preço da moeda de um determinado país em relação a

outra de outro país.

2.5.1 Taxa PTAX do BC

Segundo Fortuna (2005, p. 391), taxa PTAX é a taxa média de venda

(compra) do dólar comercial ponderada em valor, apurada pelo BC ao final de

cada dia e que serve como referência para os negócios com dólar.

2.5.2 Spread

Segundo a Corretora de Câmbio Renova (2005), Spread significa a

diferença entre a taxa de compra (a menor) e a de venda (a maior), onde está

representa o ganho do banco com a negociação da moeda.

Page 47: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

46

Este capítulo abordou alguns conceitos e análises teóricas, para fins de

maior conhecimento das literaturas bibliográficas de diversos autores e ainda

atualização da polêmica teórica dos mesmos, onde o mesmo servirá de

embasamento teórico para a realização do estágio II.

Page 48: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

47

3 METODOLOGIA

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O tipo de pesquisa realizada foi do tipo exploratória e descritiva, onde o

grupo pesquisou em livros, revistas, sites e também através de entrevistas com

especialistas na área de câmbio( bancos e corretoras de câmbio) e também foi

descritiva pois foram relatados os resultados obtidos nas pesquisas realizadas.

O grupo analisou o histórico de uma operação de câmbio realizadas pela

empresa Comil. Após, realizou-se um estudo dos mecanismos que o mercado

oferece às empresas para estas se prevenirem de possíveis oscilações

cambiais.

3.2 INSTRUMENTO DE COLETA

• Pesquisa em livros específicos da área de câmbio, tais como

Consolidação das Normas Cambiais, Regulamento de Câmbio, e outras

literaturas afins;

• Pesquisas em artigos de revistas especializadas em câmbio;

• Entrevistas com profissionais que atuam em bancos e corretoras de

câmbio indicadas pela empresa e pelo professor orientador;

• Pesquisas em sites governamentais e privados, sobre as normas que

regem o mercado de câmbio e os serviços oferecidos por empresas

públicas ou privadas;

• Entrevistas com profissionais da área de Comércio Exterior da empresa

onde foi realizado o estágio.

3.3 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram analisados de forma a comparar os mecanismos que a

empresa Comil já utiliza no fechamento de seus câmbios e os mecanismos que

o mercado oferece, de modo que com está comparação pode-se identificar

quais são os mais indicados para serem sugeridos à empresa.

Page 49: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

48

4 ANÁLISE DE CASO DE EXPORTACÃO REALIZADA PELA COMIL

Para que se possa desenvolver um trabalho com informações importantes

e que possam ser realmente utilizadas pela empresa em futuras negociações,

e necessário que se entenda como a empresa vem negociando atualmente.

Para que isso ocorra, nada melhor do que se fazer um levantamento de

informações sobre algumas negociações realizadas anteriormente, tais como

recebimento dos pedidos, embarque das mercadorias, fechamento do cambio,

e outras informações relevantes sobre estas negociações.

Para que isso fosse possível, o grupo buscou junto ao setor de exportação

da empresa, documentos e datas sobre negociações realizadas. A partir destas

informações, procurou-se analisar de forma concisa os dados que estas

continham, principalmente analisando a forma de pagamento e as datas de

realização de todas as etapas da negociação, buscando com isso analisar qual

teria sido o melhor momento para ter realizado o fechamento do cambio.

A principal estratégia adotada pela empresa até o momento quanto à forma

de receber suas negociações em moeda estrangeira, é a pratica de ACC em

praticamente todas as vendas para o exterior. A empresa costuma contratar

ACC para poder financiar a sua produção, recebendo antecipadamente a

moeda que os seus importadores normalmente pagam esta mercadoria após

ter sido produzida e embarcada. Os contratos de ACC são firmados com os

bancos e a empresa recebe em reais o dinheiro que ela necessita para

produzir.

Quando o valor dos contratos de venda para o exterior for baixo, a

empresa costuma juntar as exportações feitas durante um mês e fechar um

único ACC no final do mês. Já se o valor do contrato de venda for alto, a

empresa tem por costume realizar o ACC alguns dias antes do embarque da

mercadoria.

Abaixo segue uma comparação de uma negociação realizada pela

empresa no último ano. Está operação foi escolhida por representar um valor

de destaque com relação às exportações realizadas pela Comil.

Page 50: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

49

Tabela 1: Relatório de venda de 514 ônibus da Comil para o Qatar

Data Embarque

Tipo Ônibus

Quant. Emb. Valor Unit. (US$)

Valor Total (US$)

Data Pagamento

4/jul Urbano 165 $32.000,00 $5.280.000,00 2/set 18/jul Urbano 129 $32.000,00 $4.128.000,00 16/set 25/jul Urbano 105 $32.000,00 $3.360.000,00 23/set 1/out Urbano 15 $32.000,00 $480.000,00 30/nov 1/out Rodoviário 100 $55.000,00 $5.500.000,00 30/nov

Total 514 $18,274,800.00 Fonte: Autores com informações fornecidas pela empresa(2005)

A tabela acima demonstra as datas, valores e prazos da negociação de

venda feita para o cliente Mowasalaf, situado no Qatar. Esta negociação foi a

maior exportação realizada pela Comil até o momento, onde o cliente adquiriu

514 ônibus dos modelos urbano e rodoviário, totalizando um montante de US$

18,274,800.00.

A tabela a seguir demonstra mais detalhadamente como foi realizada toda

a operação.

Tabela 2: Especificação de datas e valores negociados de acordo com Tabela 1

Tipo Ônibus Quant. Emb.

Valor Unit. (US$)

Valor Total (US$) Data Neg.

Taxa Cambial Prev. Neg.

Urbano 165 $32.000,00 $5.280.000,00 15/dez R$ 2,80 Urbano 129 $32.000,00 $4.128.000,00 15/dez R$ 2,80 Urbano 105 $32.000,00 $3.360.000,00 15/dez R$ 2,80 Urbano 15 $32.000,00 $480.000,00 15/dez R$ 2,80

Rodoviário 100 $55.000,00 $5.500.000,00 15/dez R$ 2,80

Total 514 $18.748.000,00

Continuação da tabela 2

Total Data Neg. Data ACC Taxa Cambial ACC Total Data ACC Dif. Taxa Cambial R$ 14.784.000,00 29/jun R$ 2,3541 R$ 12.429.648,00 -15,93% R$ 11.558.400,00 13/jul R$ 2,3474 R$ 9.690.067,20 -16,16% R$ 9.408.000,00 20/jul R$ 2,3514 R$ 7.900.704,00 -16,02% R$ 1.344.000,00 26/set R$ 2,2575 R$ 1.083.600,00 -19,38%

R$ 15.400.000,00 26/set R$ 2,2575 R$ 12.416.250,00 -19,38%

R$ 52.494.400,00 Total Geral R$ R$ 43.520,269,20 Fonte: Autores com base nas informações fornecidas pela empresa (2005)

Como pode ser observado na tabela acima, a operação toda se inicia no

final do ano de 2004, quando o cliente formalizou a compra de 514 ônibus da

empresa Comil. Neste momento, o cálculo do preço de venda destes ônibus

com a margem de lucro esperado pela mesma foi baseado em taxa de câmbio

com o dólar em R$ 2,80. Desde o fechamento da negociação até a data do

Page 51: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

50

primeiro embarque se passaram mais de seis meses, e as mudanças na taxa

de câmbio foram de números expressivos. ( ANEXO A )

Todos os embarques desta negociação foram realizados contratos de ACC,

em média 05 dias antes do embarque, devido a necessidade de caixa que a

empresa tinha para poder produzir a venda que havia sido efetuada, pois ela só

iria receber do importador 60 dias após o embarque.

No momento da negociação, a taxa de câmbio estava em R$ 2,80 e no

momento em que a empresa efetuou o primeiro carregamento de 165 ônibus

do modelo Urbano, na data de 04/07/2005, quando a empresa contratou o ACC

essa taxa estava em R$ 2,3541, com uma redução de 15,93% do valor

negociado. Já por aí, pode-se perceber que a empresa perdeu valores altos

com esta negociação. ( ANEXO B )

No segundo embarque, realizado no dia 18/07/2005, foram embarcados

129 ônibus do modelo Urbano, e foi contratado ACC na data de 13/07/2005, à

uma taxa de câmbio de R$2,3474, com uma redução de 16,16% do valor

negociado.

No dia 25/07/2005 foi realizado o terceiro embarque de 105 ônibus

urbanos, e o ACC foi contratado no dia 20/07/2005, à uma taxa de R$ 2,3514,

tendo com isso uma redução de 16,02%.

No quarto e último embarque, realizado no dia 01/10/2005, foram

embarcados 15 ônibus modelo Urbano e 100 ônibus modelo Rodoviário, à uma

taxa cambial de R$ 2, 2575, e uma redução de 19,38% com relação ao valor

negociado com o cliente.

Analisando a venda como um todo e a forma de negociação utilizada nesta,

percebe-se que o único tipo de mecanismo utilizado para tentar minimizar os

riscos com a variação cambial foram contratos de ACC. Com isso, a empresa

teve uma perda final média de 17,37% sobre o esperado que era de R$

52.494.400,00. Assim sendo, a empresa recebeu um valor total de R$

43.520.269,20, tendo um prejuízo de R$ 8.974.130,80.

O principal motivo para tantas perdas nesta negociação foram as

oscilações cambiais que aconteceram diariamente durante o decorrer do

processo. A seguir está um gráfico que demonstra o quanto o dólar oscilou

neste tempo.

Page 52: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

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Variação Taxa Ptax Dólar de 15/12/2004 à 15/11/2005

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

15/1

2/04

15/1

/05

15/2

/05

15/3

/05

15/4

/05

15/5

/05

15/6

/05

15/7

/05

15/8

/05

15/9

/05

15/1

0/05

Datas

Tax

a C

amb

ial

Figura 2: Gráfico de variação da taxa de câmbio de dezembro/2004 até novembro/2005 Fonte: Autores com base nos dados do Banco Central do Brasil

Conforme pode ser observado, durante o período em que ocorreu todo o

processo de negociação, desde a confirmação do pedido até a data atual, pois

o último negociado ainda não foi pago ao banco, a taxa cambial praticamente

só oscilou pra um dos lados, ou seja, para baixo, desvalorizando o Dólar e

valorizando o Real.

Essa desvalorização do dólar frente ao Real vem prejudicando inúmeras

empresas exportadoras, especialmente no último ano. Essa escalada do dólar

se deve principalmente à estratégia da política econômica adotada pelo

Governo Brasileiro, que procura atrair capital estrangeiro através de uma taxa

de juro que é a mais alta do mundo e está em 19% a.a., o que faz com que

hoje tenhamos sobra de dólares no mercado e um superávit de mais de R$ 39

bilhões de reais na balança comercial. Outro fator é a baixa do dólar no

mercado mundial, dada com a valorização do euro.

Por outro lado, com esta política restritiva de juros altos e valorização do

câmbio, acaba provocando estagnação na economia, pois apesar da inflação

permanecer baixa, o custo do dinheiro para quem quer investir é muito alto.

O gráfico à seguir também mostra mais especificamente a variação do Real

frente ao Dólar principalmente nas datas que tiveram alguma interferência na

negociação aqui analisada.

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Variação Taxa PTAX nas datas de negociação

2,1992,2583

2,4656

2,35222,34822,3549

2,7508

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

15/1

2/20

04

29/6

/200

5

13/7

/200

5

20/7

/200

5

26/7

/200

5

26/9

/200

5

14/1

1/20

05

Datas

Ta

xa

ca

mb

ial

em

R$

Figura 3: Gráfico da variação da Taxa PTAX nas datas de negociação

Fonte: Autores com base nos dados do Banco Central do Brasil

Conforme pode ser observado no gráfico acima, pode-se considerar que,

ao final de toda a negociação, a empresa deixou de perder mais ainda. Como a

última negociação de ACC foi negociada no dia 26/09/2005, 05 dias antes da

mercadoria ser embarcada. Visto que o cliente irá pagar esta mercadoria 60

dias após o embarque, a taxa de câmbio atual está em R$2,199, e no

,momento da negociação do ACC estava em R$ 2,2575, pode-se considerar

que as perdas poderiam ter sido ainda maiores se a empresa não tivesse

negociado ACC.

Com tudo, pode-se constatar que o prejuízo que a empresa teve somente

com esta negociação, pode afetar de maneira negativa as suas possibilidades

de investimento e até mesmo de cumprir com suas obrigações. Levando em

conta que a empresa teve no ano que passou um montante de mais de 800

ônibus negociados para o exterior, e sabendo também que a taxa de câmbio

praticamente só caiu, pode-se concluir que estes prejuízos tenham sido

maiores.

Page 54: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

53

Assim sendo, se analisarmos somente a negociação aqui destacada,

podemos considerar que a empresa poderia ter tido perdas ainda maiores se

não tivesse contratado ACC em todas elas. Como pode ser observado nos

gráficos e tabelas apresentadas, mesmo tendo prejuízos muito grandes, a

empresa poderia ter aumentado ainda mais seu prejuízo, visto que, se

considerarmos as datas de negociação dos ACCs comparadas com as datas

em que se iria receber do importador, em todas elas o valor recebido na data

do fechamento do ACC é maior que a data de recebimento do importador.

Page 55: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

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5 ANÁLISE DOS MECANISMOS DE PROTEÇÃO E FINANCIAMENTO

DISPONÍVEIS NO MERCADO

Neste capítulo será relatado como funciona todo o mercado de câmbio, sua

estrutura, seus interventores, corretores de cambiais e também as opções de

mecanismos de prevenção contra riscos cambiais e também possibilidades de

financiamento.

5.1 COMO FUNCIONA O MERCADO DE CÂMBIO

As operações de comércio exterior são operações comerciais efetuadas

entre países diferentes, implicando pagamentos ou recebimentos feitos em

moeda estrangeira, com isso nas transações com o exterior, o exportador

depara-se com a possibilidade de riscos cambiais, ou seja, uma mudança na

taxa de câmbio que pode afetar a quantia a ser recebida em reais. Desse

modo, a empresa Comil deve ficar atenta para os aspectos cambiais de uma

exportação.

5.1.1 Histórico do mercado cambial

Antes de se falar dos produtos propriamente ditos, tentaremos entender em

embasamentos teóricos e históricos o por quê das variações das taxas de

cambio entre as diferentes moedas usadas no comercio mundial. Em 1944, foi

realizada uma conferencia monetária pelas Nações Unidas, na cidade de

Bretton Woods, nos EUA, de onde resultou o Acordo de Bretton Woods, acordo

este que estabeleceu o FMI e definiu taxas de cambio fixas entre as moedas.

Porém, em 1976, o FMI revisou esta política e baseou as taxas de câmbio de

acordo com a oferta e demanda desta nos mercados internacionais. Estas

mudanças começaram a ter efeito em 1978, onde os países membros foram

encarregados de encorajar o crescimento econômico e a estabilidade da

moeda, o que resultou em um mercado de moedas voláteis e em constante

variação. Desde então, a volatilidade da taxa de cambio tornou-se um

importante elemento nas decisões de negociações para as empresas que

atuam no comercio internacional.

Page 56: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

55

5.1.2 Operações de câmbio

Usualmente, as vendas ao exterior são cotadas em dólares, porém outras

moedas conversíveis, como o euro, o iene, a libra esterlina, também podem ser

utilizadas. Mas, como a empresa Comil está registrada e possui suas

atividades no Brasil, ela receberá o pagamento em reais.

Toda vez que é realizada uma transação comercial ou financeira com

residentes no exterior é necessária uma operação cambial, que consiste na

troca entre a moeda nacional e a estrangeira. As vendas ao exterior são

efetuadas por meio de Contrato de Câmbio entre o exportador – vendedor da

moeda estrangeira – e um banco autorizado a operar com câmbio – comprador

da moeda estrangeira.

Estas operações cambiais acontecem diariamente no mercado de câmbio,

e também as taxas de moedas conversíveis variam praticamente todos os dias

em relação ao Real. Este capítulo irá tratar diretamente das opções de

produtos ou serviços que o mercado oferece quanto a derivativos ou outros que

as empresas possam utilizar para prevenirem-se destas possíveis variações

cambiais. Para realizar o levantamento destes produtos, o grupo buscou junto à

instituições financeiras e corretoras de câmbio, quais estão sendo os

mecanismos mais utilizados e que vem dando melhores resultados e, alem

destes, quais são as outras opções oferecidas.

As empresas têm diferentes formas de lidar com esta incerteza imposta

pelas oscilações nas taxas de câmbio. A mais típica é usar os mercados

financeiros para proteger-se contra os riscos causados por estas variações.

Outra alternativa para as empresas é a escolha de ajustar seus preços para

cada mercado, seguindo as variações que o câmbio sofre.

Um outro modelo de proteção e que vem sendo muito utilizado nos últimos

tempos, é a empresa se utilizar de estratégias operacionais como hedge de

longo prazo contra as taxas de câmbio voláteis, que sem dúvida alguma é o

caso das taxas de câmbio praticadas no Brasil, que sofrem seguidas e

imprevisíveis variações no valor de sua moeda com relação as moedas

estrangeiras.

Operações de hedge são operações de proteção de preço realizadas nos

mercados de derivativos, por intermédio dos quais o exportador pode minimizar

os riscos de variação cambial adversa ou de uma flutuação não prevista das

Page 57: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

56

taxas de juros, a que ele está normalmente exposto no seu cotidiano de

negócios.

Neste mercado, surge uma série de produtos chamados derivativos, cuja

aplicação é de fundamental importância para a construção de sistemas que

minimizem os riscos presentes quando há variação de preços.

5.1.3 Corretoras de Câmbio

Para que as operações anteriormente possam ser utilizadas pelas

empresas, elas tem que se valer dos serviços dos bancos ou de corretoras de

câmbio que possuam um título patrimonial da Bolsa.

Sabendo da possibilidade e necessidade de utilização de corretoras de

câmbio para poder negociar estas opções no mercado, o grupo buscou

informações junto à uma Corretora de Câmbio e à um Banco com uma forte

atuação junto ao Mercado de Câmbio.

O corretor de câmbio deve estar habilitado pelo Banco Central e

credenciado ao SISBACEN, pois é justamente ele que tem ao acesso ao

mesmo.

Existem dois tipos de Corretoras de Câmbio. A Corretora de Câmbio e a

Corretora de Valores e Câmbio. A primeira, basicamente só atua no mercado

de compra e venda de moeda estrangeira. Já as Corretoras de Valores e

Câmbio, são corretoras associadas à BM&F, detentora de um título patrimonial

da Bolsa e está credenciada para intermediar negócios de compra e venda de

contratos de derivativos (futuros, termo, opções ou swaps), que são

diariamente transacionados na BM&F. O exportador que busca proteger o valor

real da receita esperada com a comercialização externa de seus produtos,

poderá contratar uma corretora de câmbio com títulos da BM&F, que se

encarregará de operacionalizar a apropriada operação de hedge na Bolsa.

Operações de proteção do caixa da empresa - via swaps ou derivativos de

taxas de juros - também poderão ser realizadas na BM&F, com a

intermediação de uma corretora de mercadorias.

Page 58: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

57

5.3 OPÇÕES DE HEDGE E DERIVATIVOS

A seguir serão apresentados e descritos as principais opções de hedge

existentes no mercado cambial. Como hedge, que significa cerca em inglês,

entendemos todos os mecanismos derivativos de contratos futuros e de opções

disponíveis para reduzir o risco de uma oscilação cambial.

Como esse mercado oferece inúmeras opções de produtos que poderiam

ser contratados pela empresa para se proteger de oscilações cambiais, o grupo

optou por descrever quatro deles, por entender que diante do cenário que a

empresa está inserida, são os que a mesma poderia se utilizar.

Dentro dos contratos futuros, analisou-se os mecanismos de Trava de

Câmbio, Swap e NDF ( Non Deliverable Forward) e nos contratos de opções

foram analisados os mecanismos de Call e Put.

5.3.1 Contratos Futuros

Como descritos na revisão de literatura, contratos futuros são instrumentos

negociados em Bolsa de Valores, segundo uma padronização de quantidade,

qualidade, data de vencimento e local de entrega. A forma padronizada facilita

a negociação, reduzindo as variáveis a serem consideradas no momento da

sua comercialização.

São utilizados, principalmente, para reduzir os riscos nas transações de

longo prazo. Para ilustrar a utilização de contratos futuros, suponha que um

determinado exportador esteja firmando um contrato a termo pelo período de

um ano. A redução significativa no risco da transação ocorre quando o

exportador compra um novo contrato futuro para cada mês do ano do contrato

a termo. Assim, ele tem uma base sólida para a formação do preço final de

venda, com a garantia de ter o que entregar, a um valor previamente conhecido

e sem necessidade de exigir o pagamento de um prêmio alto, reduzindo o

preço final pago pelo consumidor. É importante ressaltar que o propósito

principal desses contratos é exercer o papel de hedge financeiro nas

transações, ou seja, proteger a empresa das oscilações no preço do ativo, e

não de oferecer uma fonte de energia.

Estes contratos consistem na contratação de operações de câmbio para

recebimento de exportações com liquidação futura da moeda estrangeira e/ou

da moeda nacional. A taxa de câmbio é determinada por ocasião do

Page 59: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

58

fechamento do contrato de câmbio, mas a entrega da moeda estrangeira e/ou

dos Reais ocorrerá em data futura.

A data para entrega dos reais pode ocorrer a qualquer momento, desde o

fechamento do contrato de câmbio até a data de liquidação da moeda

estrangeira, a critério do cliente, devendo ser definida quando do fechamento

do contrato de câmbio Contratação de operações de câmbio, com liquidação

futura da moeda estrangeira e/ou da moeda nacional. Ou seja, a taxa de

câmbio é determinada no fechamento do contrato de câmbio, mas a entrega da

moeda ocorrerá em uma data futura.

As operações de câmbio futuro são alternativas eficientes de hedge

cambial. Além disso, proporcionam um melhor gerenciamento do fluxo de caixa

das empresas, uma vez que elimina o risco de descasamento entre a PTAX

utilizada na liquidação do swap e a efetiva taxa de câmbio contratada para a

remessa dos recursos.

A seguir estão descritos as principais e mais utilizadas opções de contratos

futuros disponíveis no mercado.

5.3.1.1 Swaps cambiais

O Swap é um instrumento que proporciona a troca de rentabilidade entre

dois parâmetros distintos, atualizados pelas suas respectivas taxas ou índices.

A diferença (ajuste) entre os ativos e passivos atualizados é liquidada na data

de vencimento da operação, ou seja, não há troca de principal. Tem o objetivo

de proteger seu capital (prover hedge) contra variações na taxa cambial, de

juros e/ou índice de preços.

Na estrutura de hedge, um swap é contratado entre o Banco e o cliente.

Esse swap é registrado na CETIP e consiste em uma troca da variação de dois

indexadores sobre um valor inicial em reais. Os indexadores mais comuns são

taxa prefixada em reais, variação do dólar, mais um cupom e variação do CDI.

Podem utilizar este tipo de instrumento as empresas que tenham ativos ou

passivos atrelados a taxas de juros pré ou pós fixadas, taxas de câmbio ou

índices de preço, estando assim expostas a um resultado futuro incerto ou

Page 60: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

59

indesejado e, que por conta disso, desejem efetuar a troca desses

indexadores.

Não há fluxo de caixa inicial. No vencimento, a diferença entre as curvas do

indexador ativo e do passivo resultam em um ajuste em reais a ser pago ou

recebido pelo cliente. Com isso, não há desembolso de caixa no inicio da

operação, apenas ajuste na liquidação.

A liquidação antecipada parcial ou total é possível, utilizando taxas de

mercado na data.

As principais vantagens para os que pretendem utilizar o swap, é que ele é

uma alternativa de hedge sem necessidade de caixa disponível e também tem

a possibilidade de compensar eventuais perdas na operação no balanço.

As tributações que incorrem sobre esta operação são:

• Em caso de ajuste positivo para o cliente, há incidência de 20% de IR na

fonte.. O referido IR na fonte é considerado mera antecipação do devido

na declaração de ajuste anual para pessoas jurídicas tributadas com

base no lucro real, presumido ou arbitrado e definitivo para as pessoas

físicas e optantes pelo Simples.

• Incidência de 4,65% de PIS/COFINS sobre os ajustes positivos para as

pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real. Para as demais pessoas

jurídicas as alíquotas correspondem atualmente a 3,65%.

• Incidência de 0,38% de CPMF sobre valor investido.

Para que se possa compreender um pouco mais como funciona este

mecanismo, segue um exemplo:

- O exportador tem um ativo a receber decorrente de uma exportação no valor

de um milhão de dólares, vencendo em 60 dias e seu caixa está aplicado em

CDI. Utilizando um swap CDI x USD, o cliente pode eliminar o risco decorrente

da variação cambial no período.

5.3.1.2 NDF ( Non-deliverable forward)

Esta operação consiste na realização de um acordo entre o exportador e o

banco de compra ou venda de uma quantidade determinada de moeda

estrangeira em uma data futura, por uma taxa pré-definida. Não há desembolso

de caixa no início da operação e no vencimento a liquidação é realizada pela

Page 61: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

60

diferença da taxa contratada na operação e a taxa da liquidação efetiva da

moeda.

O principal objetivo do NDF (Non-deliverable forward) é prover hedge para

variações da taxa R$/US$. O cliente compra ou vende uma quantidade

determinada de moeda estrangeira em uma data futura, por uma taxa pré-

fixada.

Não há desembolso no inicio da operação, e no vencimento, a liquidação é

realizada pela diferença da taxa negociada e a taxa da liquidação da moeda

(definida no início da operação).

O contrato de NDF é registrado na CETIP e não há a entrega física da

moeda.

Como principais vantagens pode-se citar:

• É ideal para a eliminação ou redução do impacto da variação da taxa

cambial sobre os resultados da empresa;

• Tem boa liquidez para antecipações totais ou parciais;

• Pode ocorrer a liquidação parcial ou total da operação antes do

vencimento, podendo ser feita a mercado;

• Possibilita ao exportador provisionar o seu fluxo de caixa referente à

essa operação.

A tributação que incide sobre este tipo de operação é a seguinte:

� IR de 20% sobre os ganhos líquidos, recolhido no mês seguinte ao do

vencimento (cliente pessoa jurídica com prejuízo no balanço fica

desobrigado do recolhimento de IR).

� Além da tributação acima (e dos respectivos reflexos na apuração do

resultado das pessoas jurídicas), haverá a incidência de 4,65% de

PIS/COFINS (3% de COFINS e 1,65% de PIS) sobre os ajustes

positivos, para as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real. Para as

demais pessoas jurídicas as alíquotas correspondem atualmente a 3%

(COFINS) e 0,65% (PIS).

� Há também a incidência de CPMF (0,38%) sobre o valor investido e as

liquidações deverão obrigatoriamente transitar pela conta corrente do

investidor.

Page 62: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

61

5.3.2 Contratos de opções

A principal diferença entre os contratos futuros e os contratos de opções é

que estes conferem ao comprador um direito futuro, mas não uma obrigação.

Analogamente, o vendedor do contrato de opção tem uma obrigação futura,

caso a efetuação da opção seja solicitada pelo comprador.

Contratos de opções são ferramentas poderosas e devem ser utilizados

para uma variedade de proteções contra os riscos de mercado. Deve-se levar

em conta também que se tratam de ferramentas mais complexas e mais caras,

exatamente porque não há necessidade de se exercer o que foi negociado.

As Opções são instrumentos que garantem ao comprador, mediante o

pagamento de um prêmio, um direito futuro sobre um certo ativo, mas não uma

obrigação, e ao seu vendedor, uma obrigação futura, caso esta seja exercida

pelo comprador da Opção.

As Opções podem ser de Compra (também conhecidas como Call) ou de

Venda (conhecidas como Put). As Opções podem ser contratadas como

Opções Flexíveis, registradas na BM&F, ou como Swaps com opção de

arrependimento, registrados na CETIP. Ambas as formas produzem o mesmo

resultado financeiro.

5.3.2.1 Opção de Call (compra) e Put (venda)

O exportador ou investidor compra uma opção de compra (call) e vende

uma opção de venda (put), travando um preço para compra de dólares no

vencimento, como em um NDF (Non-Deliverable Forward). A liquidação é feita

em reais com base na PTAX.

Como o prêmio da call que o cliente compra é igual ao prêmio da put que

vende, o custo inicial se restringe ao CPMF, que incide sobre o prêmio pago

pelo cliente na compra da call.

No vencimento, como o strike da call e da put é o mesmo, ou o cliente

exerce a call ou é exercido na put, com resultado financeiro idêntico ao de um

Swap.

A grande vantagem é que o IR não é retido na fonte. É pago no balanço.

Page 63: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

62

As principais características é que a call da estrutura é registrada na BM&F

e a put no Cetip (como um swap com cláusula de arrependimento).

O prazo mínimo é de 30 dias e a antecipação é possível, porém muito

onerosa pela incidência de IOF.

Para poder ter acesso a esse tipo de operação, o exportador está sujeito ao

limite de crédito exigido pelo banco que participa da negociação, sendo que

esse limite varia de acordo com prazo, volume e indexadores utilizados.

As principais vantagens para o exportador são:

• Eliminação do risco cambial para o exportador;

• O exportador não necessita de limite de crédito para efetuar a operação;

• O exportador pode escolher o strike conforme a estratégia da empresa;

• O exportador fixa o custo deste hedge no momento inicial, protegendo-

se contra uma variação cambial.

As operações com opções podem ser registradas na Cetip ou na BM&F,

sendo que a tributação ocorre de forma diferenciada entre as duas câmaras de

compensação. A tributação que incide sobre as operações de Call e de Put são

as seguintes:

� Operações feitas na BM&F: IR de 20% sobre os ganhos líquidos,

recolhido no mês seguinte ao do vencimento (pessoa jurídica com

prejuízo no balanço fica desobrigado do recolhimento de IR). IOF de

15% sobre o rendimento (resgate-prêmio) somente para compra de

opção. Exceção para calls com strike maior que o primeiro futuro de

dólar na BM&F, com limitador maior que o strike capitalizado a 0,05% ao

dia (ou sem limitador) e com prazo superior a 30 dias, liquidadas no

vencimento.

� Operações feitas na Cetip: Em caso de ajuste positivo para o

exportador, há a incidência de 20% de IR na fonte, como sendo

operação de swap. Existem exceções à incidência do IR. O referido IR

na fonte é considerado mera antecipação do devido na declaração de

ajuste anual para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real,

presumido ou arbitrado e definitivo para as pessoas físicas e optantes

pelo Simples.

� Poderá ocorrer a incidência de 4,65% de PIS/COFINS sobre os ajustes

positivos para as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real. Para as

Page 64: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

63

demais pessoas jurídicas as alíquotas correspondem atualmente a

3,65%.

� Há também incidência de 0,38% de CPMF sobre o valor investido e as

liquidações deverão obrigatoriamente transitar pela conta corrente do

exportador.

5.4 FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES

Como o objetivo do grupo é buscar no mercado opções para melhorar os

resultados financeiros da empresa, o grupo também buscou saber quais são as

opções de financiamentos oferecidos pelo governo para promover as

exportações.

Com todas as dificuldades encontradas por toda a cadeia produtiva em

geral e também pela empresa Comil, nada melhor do que poder se utilizar dos

incentivos oferecidos pelo governo para aumentar as exportações e financiar o

processo produtivo. O principal propósito dos financiamentos às exportações é

tornar o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional. Se a

empresa tem um produto de boa qualidade, semelhante aos melhores do

mundo, e não consegue ser competitivo, uma das razões pode estar no

financiamento. Muitas vezes, a decisão de compra de um bem ou serviço, pode

ser determinada pelas condições de pagamento.

O financiamento à exportação pode ser concedido na fase de produção da

mercadoria, é o chamado crédito pré-embarque ou após o embarque da

mercadoria, chamado pós-embarque. Quanto ao beneficiário do crédito

(tomador), a exportação, financiada com recursos de agentes financeiros, pode

ser classificada em: Suppliers Credit (Crédito ao Fornecedor) ou Buyers Credit

(Crédito ao Comprador). O financiamento Suppliers Credit, na prática, é um

refinanciamento, pois o vendedor, utilizando o crédito que recebe, financia o

comprador. O Buyers Credit é um financiamento, onde o crédito é fornecido

diretamente ao importador. Ao vender sua mercadoria, o exportador fica

aguardando o pagamento, ao longo do prazo pactuado ou, então, pode receber

à vista do agente financiador e este se torna credor do importador. São

consideradas exportações financiadas aquelas com prazos de pagamento

Page 65: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

64

superiores a 180 dias. O prazo de pagamento da exportação de bens

compreende, na maioria das vezes, o espaço de tempo entre a data de

embarque da mercadoria e a data de vencimento da última parcela do

pagamento.

Nas exportações financiadas, os exportadores e os agentes financeiros

devem obter, da parte dos importadores, garantias que assegurem a entrada

no país do valor em moeda estrangeira da exportação e dos encargos

incidentes no financiamento.

Toda exportação financiada acarreta cobrança de juros. Usualmente os

juros são cobrados com base na taxa Libor (taxa interbancária de Londres). A

amortização da exportação financiada se dá pelo pagamento do principal e dos

juros em parcelas iguais e consecutivas, sempre com a mesma periodicidade.

A carência (vencimento da primeira parcela), geralmente, é limitada a 180

dias a partir da data de embarque do produto.

Para ter sucesso no concorrido mercado internacional, os exportadores se

valem de sistemas de financiamento às exportações que tornam as condições

financeiras para a compra de seus produtos e serviços mais atrativas. Muitas

vezes, a decisão de compra pode ser determinada pelas condições creditícias

da operação, tendo em vista a similaridade das ofertas apresentadas quanto

aos demais aspectos.

Os governos, atentos a esta realidade, e cientes da importância do

comércio exterior, desenvolvem seus próprios sistemas de apoio creditício às

exportações. Os sistemas governamentais (ou semi-governamentais) de

financiamento e seguro são denominados genericamente de Export Credit

Agencies (ECAs), ou Agências de Crédito às Exportações. Alguns exemplos

são o Eximbank estadunidense, o ECGD inglês, a COFACE francesa e a

Hermes alemã.

Atualmente observa-se, principalmente nos países desenvolvidos, maior

participação do setor privado nas operações de financiamento às exportações.

Isto tem permitido a alguns países a substituição de parte da oferta de

financiamento das ECAs pela oferta de seguros por aquelas agências.

Em uma operação de financiamento à exportação o crédito pode ser

concedido na fase de produção da mercadoria, denominando-se crédito pré-

embarque (ou financiamento à produção exportável). Se, por outro lado, o

Page 66: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

65

crédito se der na fase de comercialização da mercadoria, estaremos falando de

crédito pós-embarque.

A distinção entre crédito pré e pós-embarque se faz necessária devido a

uma série de fatores. Entre eles cabe destacar que, após o embarque da

mercadoria, a confiança do financiador ou segurador é muito maior do que na

fase de produção. Isto tem reflexos na decisão sobre a concessão ou não do

crédito, na taxa de juros a ser aplicada, no prazo a ser concedido para

pagamento, etc.

Outra distinção que precisa ser feita diz respeito a quem é o beneficiário do

crédito. Quando o crédito é destinado ao fornecedor da mercadoria, usa-se o

termo supplier’s credit, o qual, embora não usado normalmente em português,

poderia ser traduzido simplesmente como crédito ao fornecedor. O

financiamento supplier’s credit, na verdade, é um refinanciamento, pois o

vendedor, utilizando o financiamento que recebe, financia o comprador. Diz-se

então que o vendedor está sendo refinanciado. Já se o crédito é fornecido

diretamente ao importador, utiliza-se a denominação buyer’s credit, que

significa crédito ao comprador.

À primeira vista pode não parecer importante saber se o crédito foi dado ao

vendedor ou ao comprador de determinada mercadoria ou serviço. No entanto,

imagine que se trata de uma exportação de Botswana para a Alemanha. Muito

provavelmente, no caso do crédito ser concedido ao vendedor em Botswana

(supplier’s credit), a taxa de juros será elevada e o prazo encurtado, sempre

visando à diminuição de custos e riscos por parte do financiador ou segurador.

Já se crédito for dado ao importador alemão (buyer’s credit), é bastante

provável que os juros e o prazo oferecidos possam ser mais atraentes.

O financiamento à exportação funciona de modo semelhante a qualquer

financiamento no mercado interno, observadas suas características próprias. O

exportador embarca a mercadoria e fica aguardando o ingresso paulatino da

divisa, ao longo do prazo pactuado ou, então, recebe à vista do agente

financiador e este se torna credor do importador.

Em consonância com a praxe internacional, no Brasil são consideradas

exportações financiadas aquelas cujos prazos de pagamento são superiores a

180 (cento e oitenta) dias.

Page 67: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

66

A conceituação adequada do prazo de pagamento da exportação é

importante para diversos mecanismos de financiamento de exportação. O

prazo de pagamento da exportação de bens compreende, na maioria das

vezes, o espaço de tempo entre a data de embarque da mercadoria e a data de

vencimento da última parcela do principal.

Nas exportações financiadas, os exportadores e os agentes financeiros

devem obter, da parte dos importadores, garantias que assegurem o

tempestivo ingresso no País do valor em moeda estrangeira da exportação e

dos encargos incidentes no financiamento.

Como existem vários tipos de financiamento, tanto pré-embarque quanto pós-

embarque, a seguir será feita um explanação dos tipos mais utilizados no

mercado.

5.4.1 Adiantamento sobre contrato de câmbio – ACC

As operações de ACC e ACE são as modalidades de financiamento ao

exportador brasileiro mais conhecidas entre os profissionais que atuam nas

áreas de câmbio e comércio exterior, e representam os maiores volumes de

negócios do mercado brasileiro, e também, até o momento, é o único tipo de

operação de financiamento realizado pela empresa.

As duas operações tendem a reduzir os custos financeiros para o

exportador brasileiro. O adiantamento possibilita competitividade negocial junto

ao importador estrangeiro, na medida em que concede melhores prazos e

reduz custos, em condições compatíveis com as praticadas pelo mercado

internacional.

O baixo custo de captação representa um diferencial dos adiantamentos e

um dos principais fatores de estímulo à busca desses mecanismos pelo

exportador. Outra vantagem é que a alíquota de IOF é reduzida a zero.

Para solicitar o adiantamento, o exportador se dirige a uma instituição

autorizada a operar em câmbio. Na maior parte das vezes essas operações

são feitas de forma casada, com o exportador solicitando de uma só vez o ACC

e o futuro ACE. Isto não impede, entretanto, que as operações sejam

solicitadas cada uma a seu tempo.

Page 68: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

67

A diferença do ACC em relação às demais opções de financiamento é que,

além do pagamento, o exportador tem que comprovar que exportou o valor

demandado. Tal comprovação se dá por meio da vinculação de Registros de

Exportação – RE ao Contrato de Câmbio celebrado previamente. Caso isso

não ocorra, o exportador arcará com cobrança de Imposto sobre Operações

Financeiras – IOF, da diferença entre a taxa de juros pactuados e a taxa SELIC

(Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, do Banco Central do Brasil –

BACEN), de juros de mora e outros custos previstos no contrato.

O assunto é regulamentado pelo BACEN, sendo que qualquer empresa

exportadora direta ou indireta pode se beneficiar do ACC, estando

contemplados, portanto, as trading companies, as cooperativas e até mesmo

os consórcios. Todo produto exportável pode ser amparado pelo ACC, desde

que não haja regulamentação específica do BACEN proibindo ou gerando

qualquer tipo de limitação.

Pode também ser objeto de amparo a exportação indireta, prevista pela Lei

nº 9.529, de 10 de dezembro de 1997. Exportação indireta é a venda, pelo

próprio fabricante, de insumos que integrem o processo industrial

(transformação, montagem, beneficiamento, renovação e acondicionamento)

de bens destinados à exportação. A empresa exportadora final, adquirente dos

referidos insumos, deve apor aceite no título representativo da venda e declarar

no verso deste, juntamente com o fabricante, que os insumos serão utilizados

em quaisquer dos processos referidos.

O prazo de pagamento do ACC pode alcançar 360 dias. Porém, tendo em

conta a liberdade de atuação dentro das normas estabelecidas, os prazos

negociados com os bancos podem ser menores, dependendo de vários fatores,

tais como o ciclo produtivo do bem em questão e o risco da operação.

O risco da operação é calculado levando-se em conta o exportador, o

importador e seu respectivo país e o prazo de embarque, bem como a

modalidade e o prazo de pagamento.

Os custos do ACC, cobrados sob a forma de juros, normalmente no

momento da liquidação do contrato de câmbio, são arbitrados a partir da taxa

LIBOR (London Interbank Offered Rate).

Page 69: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

68

5.2.2 BNDES Exim Pré-Embarque

Trata-se de financiamento à produção de bens para exportação, mediante

abertura de crédito fixo, em operações realizadas por meio de instituições

financeiras credenciadas.

O BNDES pode financiar a produção de até 100% do valor da exportação e

o prazo de pagamento é de até 30 meses, incluída a carência, de acordo com o

ciclo de produção.

São diversos os tipos de instituições que podem requerer este

financiamento. Tais como: pessoas jurídicas constituídas pelas leis brasileiras,

que tenham sede e administração no Brasil, incluindo trading companies e

empresas comerciais exportadoras, que se enquadrem em um dos itens

abaixo:

• micro, pequenas e médias empresas (empresas com faturamento anual

até R$ 60 milhões);

• grandes empresas com faturamento anual até 100 milhões;

• grandes empresas do setor de bens de capital exclusivamente em

operações vinculadas a financiamento no Programa Pós-Embarque;

Como qualquer outra operação de financiamento, esta operação também

tem seus custos. Todos os custos relacionados à uma operação de BNDES –

Exim constam a seguir.

A taxa de juros cobrada equivale ao custo financeiro adicionado ao spread

básico e ao spread do agente:

a)Custo Financeiro

• micro, pequenas e médias empresas: variação do dólar norte–americano

acrescida da LIBOR ou TJLP, a critério do cliente;

• grandes empresas: TJLP + mínimo de 20% da colaboração financeira em

Cesta de Moedas; ou Libor + mínimo de 20% da colaboração financeira em

Cesta de Moedas.

b) Spread Básico:

• 1% para operações com MPME’s;

Page 70: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

69

• 2% para operações com grandes empresas do segmento de bens de capital,

cujos principais produtos, objeto do financiamento, sejam classificados sob a

NCM 73 e 82 a 90; � 2,5% para as demais empresas apoiáveis.

c) Spread do Agente: negociado entre a instituição financeira garantidora da

operação e o cliente. No caso de operação garantida pelo FGPC (conhecido

como Fundo de Aval), de até 4% a.a.;

d) Outros Encargos: o BNDES poderá estabelecer outros encargos

financeiros, a seu exclusivo critério.

Se houver interesse por parte do contratante do financiamento, este poderá

estabelecer garantias para a negociação. Estas garantias são negociadas entre

a instituição financeira credenciada pelo BNDES e o contratante. Micro,

pequenas e médias empresas poderão solicitar garantia pelo Fundo de

Garantia para a Promoção da Competitividade - FGPC.

Os interessados em obter o financiamento deverão dirigir-se à instituição

credenciada de sua preferência para negociar a operação. São credenciadas

pelo BNDES mais de 170 instituições financeiras, entre bancos comerciais,

bancos múltiplos, bancos de desenvolvimento, bancos de investimento e

financeiras.

5.2.3 BNDES Exim Pré – Embarque Especial

É um tipo de financiamento ao exportador para financiar parte dos recursos

necessários à produção de bens a serem exportados, sem vinculação a

embarques específicos. É concedido por meio de instituições financeiras

credenciadas, mediante a abertura de crédito fixo.

A parcela financiada pelo BNDES levará em conta o acréscimo estimado

das exportações em relação aos 12 meses anteriores.

O prazo é de até 12 meses, podendo ser estendido para 30 meses, em

determinados casos.

Page 71: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

70

Podem contratar esse tipo de financiamento as empresas de qualquer porte

(pessoas jurídicas constituídas pelas leis brasileiras, que tenham sede e

administração no Brasil), exportadoras de bens, excluídas trading companies e

empresas comerciais exportadoras.

A taxa de juros cobrada equivale ao custo financeiro adicionado ao spread

básico e ao spread do agente:

a) Custo Financeiro:

• micro, pequenas ou médias empresas e grandes empresas com receita

operacional bruta anual ou anualizada de até R$ 100 milhões: variação do

dólar norte–americano acrescida da LIBOR ou TJLP, a critério do cliente;

• empresas de grande porte com receita operacional bruta anual ou anualizada

acima de R$ 100 milhões: TJLP e Cesta de Moedas do BNDES ou LIBOR e

Cesta de Moedas do BNDES. A utilização da Cesta de Moedas do BNDES

será definida em função do valor da operação.

b) Spread Básico: 20% ao ano, podendo ser reduzido de acordo com o

porte do cliente e o percentual de realização do incremento de

exportação, conforme abaixo:

• sobre a parcela do saldo devedor de principal correspondente ao

incremento de exportação realizado:

• 1,0% a.a., para as operações de micro, pequenas ou médias

empresas;

• mínimo de 2,5% a.a., para as operações de grandes empresas do

setor de bens de capital, cujos principais produtos objeto do

financiamento sejam classificados sob a NCM 73 e 82 a 90; e

• mínimo de 3,0% a.a., para as operações de grandes empresas

atuantes nos demais segmentos.

• sobre a parcela do saldo devedor de principal correspondente ao incremento

de exportação não realizado.

c) Spread do Agente: negociado entre a instituição financeira garantidora da

operação e o cliente. No caso de operação garantida pelo FGPC (conhecido

como Fundo de Aval do BNDES), de até 4% a.a.;

Page 72: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

71

d) Outros Encargos: o BNDES poderá estabelecer outros encargos

financeiros, a seu exclusivo critério.

O interessado deve dirigir-se à instituição credenciada de sua preferência

para negociar a operação.

5.2.4 BNDES Exim Pós-Embarque

É o financiamento que se destina a custear a comercialização externa dos

bens e serviços exportáveis.

A dilatação do prazo de pagamento propicia facilidade aos importadores

dos produtos e aumenta a competitividade. Muitas vezes, principalmente nos

casos de concorrência, a oferta de financiamento para a comercialização

externa representa o diferencial necessário para a realização do negócio.

É comum os importadores de produtos manufaturados brasileiros serem

extremamente dependentes de condições mais favoráveis de pagamento, em

especial os localizados em países em desenvolvimento.

O financiamento propicia condições ao adquirente de utilizar o próprio bem

ou serviço comprado para gerar receita que será utilizada em seu pagamento.

É um refinanciamento à exportação de bens e serviços, na fase pós-

embarque. O BNDES concede financiamento de até 100% do valor exportado,

e o prazo de pagamento é de até 12 anos.

Empresas de qualquer porte (pessoas jurídicas constituídas pelas leis

brasileiras, que tenham sede e administração no Brasil), exportadoras de bens

e/ou serviços, incluindo trading companies e empresas comerciais

exportadoras.

A taxa de desconto cobrada equivale ao custo financeiro adicionado do

spread básico e do spread do agente (em operações indiretas), ou do spread

de risco (operações diretas)

a) Custo Financeiro: LIBOR vigente na data de embarque, correspondente ao

prazo do financiamento;

b) Spread Básico: definido em função das características da operação;

c) Spread do Agente: negociado entre a instituição financeira garantidora da

operação e o cliente.

Page 73: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

72

d) Outros Encargos: (estabelecidos em função das características da

operação):

• comissão de administração (do banco mandatário) de até 1% flat sobre

o valor descontado;

• comissão de compromisso de até 0,5% ao ano, incidindo sobre os

valores que serão comprometidos pelo Banco, pela emissão do

Certificado de Compromisso, ou na hipótese de o cronograma de

liberação da operação ser superior a 12(doze) meses;

5.2.5 Adiantamento sobre cambiais entregues - ACE

Como já dissemos, as operações de ACE, juntamente às de ACC,

representam os maiores volumes de negócios do mercado brasileiro de crédito

às exportações.

O ACE é um adiantamento feito por uma instituição financeira ao

exportador, tendo em vista o efetivo embarque de mercadorias exportadas.

Reduz os custos financeiros para o exportador brasileiro, possibilitando

competitividade negocial junto ao importador estrangeiro, na medida em que

concede melhores prazos e reduz custos, em condições compatíveis com as

praticadas pelo mercado internacional.

Para solicitar o adiantamento, o exportador se dirige a uma instituição

autorizada a operar em câmbio. Nesta fase, além do contrato de câmbio como

lastro da operação, já existem os documentos representativos da venda, entre

os quais a Letra de Câmbio ou Saque. O ACE, numa comparação com o

mercado interno, assemelha-se a um desconto de duplicata mercantil.

O baixo custo de captação representa um diferencial dos adiantamentos e

um dos principais fatores de estímulo à busca desse mecanismo pelo

exportador.

Valem para o ACE as mesmas vantagens elencadas para o ACC. A origem

dos recursos é a mesma, e repetem-se as regras para exportadores e produtos

amparados. Da mesma forma, as penalidades aplicáveis para as operações

inadimplentes de ACE são as mesmas do ACC.

Page 74: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

73

A análise de risco e a definição dos juros cobrados são semelhantes às do

ACC, com tendência de redução dos custos, uma vez que já ocorreu o

embarque da mercadoria e a conseqüente entrega dos documentos

representativos. Os tipos de garantias e respectivos níveis exigíveis para o

ACE também são similares aos do ACC, sem perder de vista que o saque de

exportação emitido contra o importador atenua a exigência de garantias

complementares.

Durante muitos anos, os prazos máximos tanto para ACC quanto para ACE

foram de 180 dias. A partir de 18/08/99, o ACC passou a poder ser fechado até

360 dias antes do embarque. Já o ACE manteve seu prazo máximo em 180

dias, limitado ao prazo de pagamento dos saques de exportação.

Na maior parte das vezes essas operações são feitas de forma casada,

com o exportador solicitando de uma só vez o ACC e o futuro ACE. Isto não

impede, entretanto, que as operações sejam solicitadas cada uma a seu

tempo. Portanto, pode haver contratação de ACE independentemente de ter

sido negociado anteriormente um ACC.

5.2.6 Proex – Programa de Financiamento às Exportações

O PROEX foi criado pelo Governo Federal em 1991, com o objetivo de

proporcionar às exportações brasileiras condições de financiamento

equivalentes às do mercado internacional. Ao longo dos anos o PROEX se

firmou como uma das principais fontes de financiamento do comércio exterior

brasileiro.

O Programa apóia a exportação de bens, assim como a de serviços, como,

por exemplo, serviços de engenharia.

Os recursos do PROEX provêm do Tesouro Nacional, e são previstos

anualmente no Orçamento Geral da União. O Programa opera por meio das

modalidades de Financiamento e de Equalização de Taxas de Juros. Em

qualquer das modalidades o exportador recebe, à vista, o valor da exportação.

Diferentemente do BNDES-Exim, o PROEX só está disponível na fase Pós-

Embarque.

Page 75: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

74

O PROEX é operacionalizado pelo Banco do Brasil S.A., na qualidade de

Agente Financeiro da União.

O enquadramento de uma operação no PROEX é solicitado por meio do

preenchimento do Registro de Operação de Crédito – RC no Sistema Integrado

de Comércio Exterior - Siscomex. Previamente, pode ser demandada carta de

credenciamento junto ao Banco do Brasil S.A., válida para que o exportador

confirme ao importador que dispõe de financiamento, principalmente nos casos

de participação em concorrência internacional.

Os prazos de pagamento de financiamento ou de equalização de taxas de

juros variam de 2 meses a 10 anos, conforme indicado para cada produto

relacionado no Anexo à Portaria MDIC nº 374, citada anteriormente.

As exportações podem ser realizadas individualmente ou em “pacote”.

Entende-se por “pacote” de exportação a venda, numa única transação, de

produtos de natureza conexa, porém com prazos de pagamento distintos.

O prazo de pagamento do “pacote” de exportação é ditado pela mercadoria

ou conjunto de mercadorias de maior prazo, quando o valor a um deles

atribuído representa parcela igual ou superior a 60% do valor da exportação.

Para os demais casos, prevalece a média ponderada dos prazos, em função do

valor de cada mercadoria.

O PROEX não financia nem paga equalização de taxas de juros sobre valor

de comissão de agente.

Page 76: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

75

6 ANÁLISE E PROPOSTA PARA OPERAÇÕES FUTURAS

Este capítulo irá tratar diretamente da proposta que dentro da análise feita

melhor se enquadra nas necessidades da empresa. Nesta análise, destacou-se

a opção da empresa em realizar as negociações utilizando-se do mecanismo

de Trava de Câmbio, que é objeto de estudo deste capítulo.

Neste mecanismo, o exportador tem a opção de contratar por antecipação,

isto é, antes de embarcar a mercadoria, fixando a taxa cambial que vai

prevalecer para a operação.

Se o exportador obtiver do banco com o qual contratou o câmbio um ACC,

poderá utilizá-lo no seu capital de giro normal ou mesmo em aplicações

financeiras, cuja receita compense a perda cambial que pode ocorrer durante a

operação.

Porém, há outro tipo de operação que poderá ser mais vantajosa. Trata-se

do câmbio travado, que funciona da seguinte forma: o exportador fecha o

câmbio com o banco antes de embarcar a mercadoria, mas não recebe em

troca o valor equivalente em reais. Em vez disso, venderá ao banco para

liquidação futura os dólares oriundos da exportação.

Em outras palavras, como normalmente o exportador pede o adiantamento

para financiar seu giro, caso ele dispense os recursos financeiros do ACC, o

banco poderá pagar-lhe um prêmio pela não utilização.

No momento em que se faz a trava, fixa-se a taxa de conversão da moeda

estrangeira, que significa que o exportador perderá a correção cambial do

período. Porém se as taxas pagas pelo banco são superiores à desvalorização

cambial ou às taxas de aplicação financeira durante o mesmo período, será

mais vantajoso para o exportador fechar o câmbio e travar o recebimento dos

reais para um a data futura, recebendo do banco um prêmio pela operação,

prêmio este que é, inclusive, isento do Imposto de Renda.

Eventualmente a trava poderia fixar-se em algum indexador para correção

do prêmio. A empresa teria então uma trava pós-fixada, tendo como indexador,

por exemplo, a própria correção cambial.

Os bancos, ao comprarem o câmbio para liquidação futura, utilizam-se de

duas linhas externas de pré-financiamento de exportação, vendendo as divisas

para o mercado pronto, ou seja, para a entrega em 48 horas úteis, a um outro

banco.

Page 77: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

76

6.1 SIMULAÇÕES DA NEGOCIAÇÃO REALIZADA

Como um dos objetivos do trabalho é analisar as opções do mercado sobre

mecanismos auxiliares na prevenção de oscilações cambiais, a seguir será

apresentado algumas simulações da negociação que foi relatada no capítulo 4.

As simulações que seguem relatam o caso prático da Comil com

comparações e análises feitas se a empresa tivesse optado por realizar a

negociação com Trava de Câmbio.

Num primeiro momento, será apresentada a negociação da forma que a

empresa previu se não tivesse ocorrido nenhuma variação cambial.

Tabela 3: Negociação com valores previstos pela empresa

Negociação Prevista

Tipo Ônibus Valor Total

(USD) Data Neg. Taxa Cambial Prev.

Neg. Total Data Neg. Urbano $5.280.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 14.784.000,00 Urbano $4.128.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 11.558.400,00 Urbano $3.360.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 9.408.000,00 Urbano $480.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 1.344.000,00

Rodoviário $5.500.000,00 15/dez R$ 2,80 R$ 15.400.000,00

Total Geral: $18.748.000,00 Total Geral R$ R$ 52.494.400,00 Fonte: Autores com base nos dados fornecidos pela empresa Comil (2005)

A tabela anterior demonstra claramente a percepção da empresa no momento

em que foi fechada a negociação com o cliente. Quando a empresa estipulou

seu preço de venda para o exterior, a taxa de câmbio que ela usou como base

para este preço foi de R$ 2,80, ou seja, ela esperava receber no momento em

que fechasse o câmbio o valor acima mencionado por dólar. Com isto, ela teria

um faturamento total de R$ 52.494.400,00, e teria também a sua margem de

lucro estipulada.

A próxima tabela demonstra essa negociação com uma simulação feita se

a empresa tivesse contratado uma negociação utilizando-se do mecanismo de

Trava de Câmbio.

Page 78: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

77

Tabela 4: Simulação da operação realizada com Trava de Câmbio

Fonte: Autores com base nas informações fornecidas pela empresa Comil (2005)

Na tabela anterior, o grupo fez uma simulação de como teria sido está

negociação se caso a empresa tivesse optado por realizar um Trava de

Câmbio, que na data em que foi fechada a venda, o dólar estava em R$ 2,75.

Como pode-se observar, e também com base na tabela 3, quando a

empresa fechou o negócio, ela previa receber o dólar a R$ 2,80, sendo que a

taxa do dia estava em R$ 2,75. Assim sendo, se ela tivesse travado o câmbio

com a taxa do dia, ainda assim teria uma oscilação do previsto de -1,79%, e

deixado de receber R$ 937.400,00.

Mesmo o grupo não tendo dados do percentual de lucro calculado sobre o

preço de venda, acredita-se que a mesma não teria tido prejuízo com a

negociação se utilizasse a Trava de Câmbio nesta.

Na próxima tabela está demonstrado a simulação da negociação com

fechamento do câmbio na data do ACC.

Negociação simulada com Câmbio Travado

Tipo

Ônibus Valor Total

(USD) Data Trava

Taxa TRAVADA Total Data Trava

Prev x Trava

Dif. Prev. X Trava

Urbano $5.280.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 14.520.000,00 -1,79% -R$ 264.000,00

Urbano $4.128.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 11.352.000,00 -1,79% -R$ 206.400,00

Urbano $3.360.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 9.240.000,00 -1,79% -R$ 168.000,00

Urbano $480.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 1.320.000,00 -1,79% -R$ 24.000,00

Rodov. $5.500.000,00 15/dez R$ 2,75 R$ 15.125.000,00 -1,79% -R$ 275.000,00

Total $18.748.000,00 Total R$ 51.557.000,00 -R$ 937.400,00

Page 79: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

78

Tabela 5: Simulação da negociação com Dólar Ptax Data do ACC

Fonte: Autores com base nas informações fornecidas pela empresa Comil (2005)

A simulação anterior mostra o resultado que a empresa teve fechando o

câmbio das datas mencionadas do ACC, assim como a diferença em

percentual com relação se a mesma tivesse travado o câmbio conforme

previsto na tabela 4.

Na tabela a seguir será demonstrado a simulação da negociação com

fechamento do câmbio na data do pagamento.

Tabela 6: Simulação da negociação com Dólar Ptax Data do pagamento

Negociação com Ptax Data Pagamento

Tipo Ônibus

Valor Total (USD)

Data Pag.

Taxa Cambial

Pag. Total Venc. Pag x Trava Dif. Pag.. X Trava

Urbano $5.280.000,00 2/set R$ 2,34 $12.370.512,00 -14,80% -R$ 2.149.488,00 Urbano $4.128.000,00 16/set R$ 2,29 $9.468.393,60 -16,59% -R$ 1.883.606,40 Urbano $3.360.000,00 23/set R$ 2,27 $7.621.152,00 -17,52% -R$ 1.618.848,00 Urbano $480.000,00 30/nov R$ 2,22 $1.064.976,00 -19,32% -R$ 255.024,00 Rodov $5.500.000,00 30/nov R$ 2,22 $12.202.850,00 -19,32% -R$ 2.922.150,00

Total $18.748.000,00 Total R$ 42.727.883,6 -R$ 8.829.116,40

Fonte: Autores com base nas informações fornecidas pela empresa Comil (2005)

A simulação acima mostra o resultado que a empresa teria fechando o

câmbio das datas mencionadas do pagamento, assim como a diferença em

percentual com relação se a mesma tivesse travado o câmbio conforme

previsto na tabela 4.

A taxa cambial na data de pagamento de 30 de novembro, é fictícia,

estipulada de acordo com a previsão do mercado financeiro.

Negociação com Dólar Ptax Data ACC (REAL COMIL)

Tipo Ônibus

Valor Total (USD)

Data ACC

Taxa Cambial

ACC Total Data ACC ACC x Trava Dif. ACC. X Trava

Urbano $5.280.000,00 29/jun R$ 2,35 R$ 12.429.648,00 -14,40% -R$ 2.090.352,00 Urbano $4.128.000,00 13/jul R$ 2,35 R$ 9.690.067,20 -14,64% -R$ 1.661.932,80 Urbano $3.360.000,00 20/jul R$ 2,35 R$ 7.900.704,00 -14,49% -R$ 1.339.296,00 Urbano $480.000,00 26/set R$ 2,26 R$ 1.083.600,00 -17,91% -R$ 236.400,00 Rodov. $5.500.000,00 26/set R$ 2,26 R$ 12.416.250,00 -17,91% -R$ 2.708.750,00

Total $18.748.000,00 Total R$ 43.520.269,20 -R$ 8.036.730,80

Page 80: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

79

Com as análises apresentadas anteriormente, podemos concluir que a

opção de travar o câmbio na data da negociação com a taxa do dia que estava

em R$ 2,75, torna-se atraente para a empresa, visto que a mesma ficou

exposta as variações cambiais que ocorreram no período. Com isto a empresa

teria deixado de receber R$ 937.400,00. comparado com o preço previsto na

negociação, onde a taxa era R$ 2,80.

Assim sendo, utilizando-se deste mecanismo, pode-se deixar de ganhar

ainda mais, mas em casos como o apresentado, a Trava de Câmbio teria sido

uma ótima opção, pois a empresa não teria ficado exposta as possíveis

oscilações cambiais.

Page 81: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

80

CONCLUSÃO

Estar atento às mudanças econômicas no mundo determina o grau de

sucesso de uma empresa, onde os vencedores de ontem não garantem mais

seu sucesso no amanhã.

Neste mercado cada vez mais competitivo, heterogêneo e fragmentado, a

análise contínua do ambiente em que a empresa atua em relação ao ambiente

global é de fundamental importância para a identificação da real necessidade

financeira da mesma.

As opções que o mercado cambial disponibiliza às empresas que negociam

seus produtos no exterior e recebem seus pagamentos em outra moeda, surge

como uma das ferramentas mais utilizadas por estas quando o assunto é

mecanismos que possam auxiliá-las na prevenção das possíveis oscilações

que venham a ocorrer na taxa de câmbio.

A análise da operação de venda realizada pela empresa para o cliente do

Qatar, possibilitou que se atingisse o primeiro dos objetivos que era

exatamente analisar uma operação e a forma como foi procedido quando do

fechamento do câmbio.

Outro objetivo proposto foi o de identificar e descrever os principais

mecanismos oferecidos pelo mercado para as empresas se prevenirem do

risco de possíveis variações cambiais, objetivo este que foi atingido com a

análise feita no capítulo 5.

Com a análise feita no capítulo 5 e posteriormente no capítulo 6, atingiu-se

o terceiro objetivo proposto que era de se analisar as opções oferecidas e

adapta-las à necessidade da empresa.

Com esta análise, conseguiu-se enfim atingir o principal objetivo que era o

de sugerir à empresa, entre os mecanismos disponibilizados, o que melhor se

adequaria à ela, que é utilizar a Trava de Câmbio nas suas operações futuras.

Para nós acadêmicos, o estudo mais aprofundado deste assunto foi de

fundamental importância para a nossa formação, pois possibilitou a aquisição

de importantes conhecimentos para aplicarmos na nossa profissão de

administradores, frente ao concorrido mercado de trabalho.

É pertinente salientar ainda que, todos os obstáculos encontrados durante

esta trajetória transformaram-se em desafios a serem vencidos. O maior de

Page 82: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

81

todos eles, sem dúvida, foi o pouco conhecimento que o grupo possuía sobre o

assunto quando iniciou a realização do estágio. Outra dificuldade encontrada

foi a falta de empresas especializadas na área de câmbio em nossa cidade, o

que fez com que o grupo tivesse que se deslocar à um grande centro para

conseguir ter acesso a estas informações.

Finalizando, a equipe considera-se satisfeita, pois durante a realização do

estágio conseguiu atingir os objetivos que foram propostos, estudando como a

empresa realiza atualmente suas negociações com câmbio e buscando

alternativas para que a mesma reduza os riscos de perdas com a variação

cambial, conseguindo com isso entender realmente como funciona o mercado

cambial e as interfaces que o envolvem.

Page 83: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DORNIER , Philippe Pierre. [et al.] Logística e Operações Globais, Texto e

Casos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: Produtos e Serviços. 16 ed. Rio

de Janeiro: Qualitymark, 2005.

GAROFALO FILHO, Emilio. Dicionário de Comércio Exterior e Câmbio. 6.

ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

LABATUT, Ênio Neves. Política de Comércio Exterior. São Paulo: Aduaneiras, 1994.

NICOLETTI, Antonio Maximiano. Conhecimentos Elementares de Comércio

Exterior e Câmbio. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 1995.

RATTI,Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 10. ed. São Paulo:

Aduaneiras, 2001.

ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estágio e de Pesquisa em Administração. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999. SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. 9 ed. São Paulo: Best Seller, 2002.

VIEIRA, Aquiles. Teoria e Prática Cambial: exportação e importação. São

Paulo: Aduaneiras, 2004.

Sites Consultados

Bahia, Universidade Federal da.II Bienal da Sociedade Brasileira de

Matemática. Disponível em: http:// www.bienasbm.ufba.br, acesso em

14/11/2005.

Banco do Nordeste. Disponível em: http:// www.bnb.gov.br, acesso em

14/11/2005.

Page 84: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

83

Brasil, Banco Central do. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/, acessado

em 08/10/2005.

Brasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Disponível

em: http:// www.aprendendoaexportar.gov.br, acesso em 08/10/2005.

Bolsa de Mercadorias & Futuros. Disponível em: http://www.bmf.com.br,

acesso em 14/10/2005.

Renova, Corretora de Câmbio. Disponível em: http://

www.renovacambio.com.br, acessado em 13/11/2005.

Pioneer, Corretora de Câmbio. Disponível em: http://

www.pioneercorretora.com.br, acesso em 22/10/2005.

Page 85: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

84

APÊNDICES

Apêndice A – Solicitação de estágio

Apêndice B – Plano de estágio

Page 86: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

85

APÊNDICE A – SOLICITAÇÃO DE ESTÁGIO

Page 87: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

86

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS

MISSÕES

URI – CAMPUS DE ERECHIM

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO: HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR

TURMA: 2001

SOLICITAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II

Identificação do Estagiário

Nome do Acadêmico: Fernando Carlos Bez

Carteira de Identidade: 1076540176

CPF: 81048602087

Endereço: Rua Jacó Luiz Busata No.: 62

Complemento: Bairro: Três Vendas

Cidade: Erechim U. F.: RS

CEP: 99700-000

Telefone Residencial: (54) 321 - 9937 Celular: (54) 9991 -

6585

Telefone Comercial: (54) 519 - 0320 Fax:

mesmo

E-mail: [email protected]

Identificação do Estagiário

Nome do Acadêmico: Jansem Balbinot

Carteira de Identidade: 8070917664

CPF: 94999830078

Endereço: Av. Caldas Júnior No.: 837

Complemento: Bairro: Três Vendas

Cidade: Erechim U. F.: RS

Page 88: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

87

CEP: 99700-000

Telefone Residencial: 54) 522 - 7272 Celular: (54) 9133-0985

Telefone Comercial: (54) 519 - 0320 Fax:

mesmo

E-mail: [email protected]

Identificação da Empresa

Nome Fantasia: Comil Carrocerias e Ônibus Ltda

Razão Social: Comil Carrocerias e Ônibus Ltda

CNPJ: 00.940.956/0001-73 Insc. Est.:

039/0081884

Endereço: Rua Alberto Parenti No.: 1382

Complemento: Bairro: Distrito Industrial

Cidade: Erechim U.F.: RS

CEP: 99700-000

Telefone: (54) 520 - 8700 FAX: : (54) 321 - 3314

E-mail: [email protected]

Nome da Pessoa que Assina pela Empresa: Grassiela Assmann

Cargo da Pessoa que Assina pela Empresa: Supervisora de RH -

Administração de pessoal

Nome do Orientador na Empresa: Josi Ines Bruch

Cargo do Orientador na Empresa: Psicóloga RH - Desenvolvimento

Sugestão de três Professores Orientadores:

1 – Msc. Adroaldo Lazzaroto

2 – Adriana Storti

3 – Leandro Langoski

Observações:

- Se possível anexar um breve currículo do orientador na empresa;

- Preencher, se possível, todos os dados solicitados;

- Entregar digitado e em 4 (quatro) vias (entregar na Trade).

Page 89: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

88

APÊNDICE B – PLANO DE ESTÁGIO

Page 90: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

89

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS

MISSÕES URI - CAMPUS DE ERECHIM

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - COMÉRCIO EXTERIOR

FERNANDO CARLOS BEZ

JANSEM BALBINOT

PLANO DE ESTÁGIO II

COMIL – CARROCERIAS E ÔNIBUS LTDA.

ERECHIM

2005

Page 91: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

90

FERNANDO CARLOS BEZ

JANSEM BALBINOT

CÂMBIO – MECANISMOS AUXILIARES NA PREVENÇÃO DE OSCILAÇÕES

CAMBIAIS

COMIL – CARROCERIAS E ÔNIBUS LTDA.

Projeto de estágio II, encaminhado pelos alunos Fernando Carlos Bez e Jansem Balbinot, realizado na empresa Comil – Carrocerias e Ônibus Ltda, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Administração-Comércio Exterior, sob a orientação do Prof. Msc. Adroaldo Lazzarotto.

ERECHIM

2005

Page 92: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

91

SUMÁRIO

1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA OU OPORTUNIDADE .....................................3

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIETNTE E CARACTERÍSTICAS

DA ORGANIZAÇÃO............................................................................................3

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA.......................................................................4

1.3 OBJETIVOS..................................................................................................4

1.3.1 Objetivo Geral...........................................................................................4

1.3.2 Objetivos Específicos..............................................................................4

1.4 JUSTIFICATIVA............................................................................................5

2 REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................................6

3 METODOLOGIA ............................................................................................14

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA...............................................................14

3.2 INSTRUMENTO DE COLETA.....................................................................14

3.3 ANÁLISE DOS DADOS...............................................................................14

4 CRONOGRAMA............................................................................................15

5 ORÇAMENTO................................................................................................15

REFERÊNCIAS.................................................................................................16

Page 93: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

92

1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA OU OPORTUNIDADE

Neste capítulo será abordado o tema principal do referido projeto de

estágio. Em primeiro lugar, será feito um breve relato do atual cenário

econômico e político, e como a empresa Comil está inserida neste ambiente.

Após, será definida a questão principal de estudo deste estágio, levando em

consideração a situação problemática encontrada na empresa. Com isso, serão

definidos os objetivos que o presente busca atingir com o estudo que será

realizado. Por fim, serão apresentadas as justificativas para a realização deste.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO AMBIENTE E CARACTERIZAÇÃO DA

ORGANIZAÇÃO

O desenvolvimento econômico da ultima década, a alta tecnologia aplicada

nos meios de produção e a globalização, fazem com que cada vez mais as

empresas expandam seus mercados para além das fronteiras do próprio país.

No Brasil, as políticas governamentais de incentivo às exportações, atraem

os produtores à venderem para o mercado externo, em busca de melhores

resultados financeiros, conquista de novos mercados e também buscar novas

tecnologias para utilizar no seu processo de fabricação.

Com esse aumento das exportações, as formas de pagamento e o

fechamento do câmbio são de vital importância para o bom desempenho das

empresas. A globalização trouxe ao governo brasileiro a perda da autonomia

sobre a sua moeda, onde que, com o modelo de câmbio flutuante, faz com o

governo não controle as oscilações sobre o seu câmbio.

Dentro desse mercado competitivo e globalizado está a Comil, empresa do

setor metalúrgico criada em 2 de janeiro de 1986, situada na cidade de

Erechim, norte do Rio Grande do Sul, e que conta atualmente com mais de

1800 funcionários. A empresa hoje tem uma participação no mercado brasileiro

em torno de 10% e exportou no último ano 800 unidades, entre as suas linhas

de ônibus. Essas exportações lhe trouxeram um montante de mais de R$

139.000.000,00, o que faz com que o fechamento do câmbio seja um dos

aspectos mais importantes em suas negociações, visto o total de vendas para

o exterior do último ano.

Com o atual cenário econômico e político e as constantes variações

cambiais, cada vez mais é de vital importância para as empresas que atuam no

Page 94: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

93

comércio exterior estar atualizadas e serem profundas conhecedoras de todos

os mecanismos e suportes que possam lhe auxiliar nas tomadas de decisões

quando no momento de realizar qualquer negociação e decidir sobre o

fechamento do câmbio.

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

Diante desse cenário e conhecendo algumas negociações anteriores

realizadas pela empresa Comil Carrocerias e Ônibus Ltda., tem-se a seguinte

situação de pesquisa: Quais são os mecanismos que podem auxiliar a empresa

a tomar decisões, prevenindo-se de possíveis variações cambiais?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Identificar os mecanismos para a prevenção de possíveis oscilações

cambiais e analisá-los de forma que possam ser utilizados pela empresa Comil

em negociações futuras.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Analisar uma negociação realizada pela empresa;

• Identificar e descrever os principais mecanismos que o mercado

oferece para as empresas se prevenirem de oscilações cambiais;

• Analisar os mecanismos encontrados de acordo com a necessidade

da empresa;

• Apresentar à empresa opções de mecanismos que lhe dêem maior

segurança e retorno financeiro nas contratações de câmbio.

1.4 JUSTIFICATIVA

Dentro de um contexto geral, o referido estágio tem várias justificativas para

a sua realização. Para os alunos e estagiários que irão realizá-lo, o referido

Page 95: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

94

estágio se justifica em primeiro lugar por ser requisito para a obtenção do

diploma de bacharel em Administração - Comércio Exterior. Em segundo lugar,

e não menos importante, ele se justifica por exigir dos estagiários empenho e

muita pesquisa para realizar o estudo desejado e também por servir de

experiência mais prática de como funciona o mercado de câmbio, preparando-

os para o mercado que irá se apresentar após estarem formados.

O referido estágio justifica-se também por possibilitar à empresa onde o

mesmo está sendo realizado, um maior conhecimento sobre as diversas

opções que o mercado oferece no momento de realizar o fechamento do

câmbio, opções essas que ajudam a empresa a se prevenir de possíveis

oscilações que possam vir à ocorrer no mercado cambial, visto que a empresa

exporta cerca de 35% da sua produção e recebe estas vendas em moeda

estrangeira que precisa ser trocada ao ingressar no país.

Para todos os leitores que vierem a ler este estágio, o mesmo servirá de

aporte técnico sobre o mercado de câmbio, visto que o mesmo irá desenvolver

uma pesquisa e apresentar as diversas opções de mecanismos que o mercado

oferece para as empresas se prevenirem de possíveis oscilações cambiais.

À Universidade, o referido estágio servirá de método de avaliação do

aprendizado que os estagiários obtiveram durante a realização do curso, e

também como material de pesquisa para outros trabalhos que venham à ser

realizados nesta área.

Page 96: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

95

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Mercados de Câmbio

De acordo com GAROFALO FILHO, 2004, mercados de câmbio são

mercados em que se realizam compras e vendas de moedas estrangeiras.

“O fato de não se aceitar moedas estrangeiras em pagamento das

exportações, nem a moeda nacional em pagamento das impostações, constitui

a base de um mercado onde são compradas e vendidas as moedas dos

diversos países”. (RATTI, 2001)

2.1.1 Quanto à origem e destino das moedas

2.1.1.1 Mercado Primário de Câmbio

“Compreende as operações que implicam transferências de valores em

moedas estrangeiras entre residentes e não-residentes no país. São, portanto,

as operações que alteram – para maior ou para menor – as disponibilidades de

moedas estrangeiras no país” (GAROFALO FILHO, 2004).

“É o mercado onde são realizadas operações cambiais entre bancos e seus

clientes não-bancários” (RATTI, 2001).

2.1.1.2 Mercado Secundário de Câmbio

“São operações que decorrem das operações primárias, isto é, são

derivadas. No Brasil, o mercado optou por utilizar a expressão “derivativas”,

mais parecida com o original inglês derivative” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.1.2.1 Segmentos Mercado Secundário de Câmbio

2.1.1.2.1.1 Mercado Interbancário

Page 97: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

96

“Trata-se do mercado onde são realizadas apenas operações entre bancos”

(RATTI, 2001).

“Operações de compra e venda de câmbio entre bancos e entre os bancos

e o banco central” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.1.2.1.2 Mercados De Bolsas

“Mercados organizados de derivativos onde são compradas e vendidas

moedas a futuro, ou na forma de opções e swaps” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.1.2.1.3 Opções de Hedge

De acordo com GAROFALO FILHO, 2004, “Opções de hedge, são feitas

em bolsas ou em balcão.”

“Representa uma operação de proteção a uma posição assumida e que

esteja em aberto, isto é, estratégia de proteção financeira usada para

compensar investimentos de risco, potenciais perdas ou ganhos

excessivamente arriscados. Um hedge perfeito é aquele que elimina a

possibilidade de ganhos ou perdas futuras. Em câmbio pode ser

conhecido como: operação de câmbio a prazo, realizada com a

finalidade de proteção contra alterações causadas pelas variações na

cotação de uma moeda. Mecanismo utilizado por operadores do

mercado de commodities para se resguardar de uma flutuação de

preços.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 129).

2.1.1.2.1.4 Operações em Moeda Nacional

“Referenciadas em moeda estrangeira, principalmente fundos cambiais,

export notes, títulos governamentais” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.2 Quanto ao tipo de taxa de câmbio

2.1.2.1 Mercado de câmbio de taxas administradas

Page 98: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

97

“Nesse tipo de mercado as taxas de câmbio sofrem incisiva interferência

das autoridades monetárias do país. Para que isso seja possível, o governo –

ou seu banco central – deve ser comprador de todo excedente de moeda

existente no mercado e vendedores de toda a moeda demandada”

(GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.2.2 Mercado de câmbio de taxas flutuantes ou livres

“Não existem paridades monetárias e as taxas cambiais flutuam livremente,

embora possam estar sujeitas a sofrer intervenções da parte de autoridades

monetárias, em caso de flutuações exageradas” (RATTI, 2001).

“Nesse tipo de mercado, as características principais são: o governo não define as taxas de câmbio, nem se responsabiliza pelos excessos de oferta ou demanda. Com isso, caso haja um excesso de oferta de moeda estrangeira, as taxas podem cair – como no Brasil entre 1994 e 1998 – ou subir, na hipótese de haver um grande crescimento de demanda, como sentimos no Brasil a partir de 1999 e pelo menos até 2003” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 309).

2.1.2.3 Mercado de câmbio com bandas de flutuação

“A política de bandas constitui um modelo que pode ser interpretado como

uma variação do modelo de taxas administradas, ou como uma variação do

modelo de taxas flutuantes” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.3 Quanto ao prazo de liquidações das operações

“As operações de câmbio podem ser negociadas para imediata liquidação

(ou “pronta”) ou para liquidação em um tempo futuro. As expressões ”mercado

a termo” e “mercado futuro” têm, de forma genérica, o mesmo sentido:

configuram operações contratadas para liquidação a prazo, ou seja, não são

operações que se liquidem à vista, ou de “pronto””(GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.3.1 Qualificação das operações

Page 99: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

98

2.1.3.1.1 Mercado de câmbio futuro

“Refere-se às operações realizadas em mercados organizados de bolsa,

em que há datas fixas de vencimento dos contratos, lotes padrão e marking to

market” (GAROFALO FILHO, 2004).

“Compreende as operações futuras de câmbio, essas operações vêm a ser

a compra ou a venda de divisas estrangeiras – a uma taxa cambial

determinada por ocasião da contratação – e que serão entregues em data

futura. São realizadas por exportadores, importadores, investidores em moeda

estrangeira etc” (RATTI, 2001).

2.1.3.1.2 Mercado de câmbio a termo

De acordo com GAROFALO FILHO, 2004, “Refere-se ao mercado no qual

são cursadas operações de balcão (portanto, excluem-se aquelas de mercados

futuros organizados de bolsas) com a característica taylor made, o que significa

que prazos, preços , taxas e garantias são livremente firmados entre as partes

contratantes.”

2.1.3.1.3 Mercado de câmbio à vista, ou spot, ou pronto, ou disponível

“Neste mercado são efetuadas as operações “prontas” de câmbio, que são

operações de compra ou de venda de divisas para entrega imediata. Essa

“entrega imediata” refere-se a prazo de até dois dias úteis (business days),

contados da data da operação” (RATTI, 2001).

“As operações à vista são contratadas para imediata liquidação, porém, na

praxe do mercado e nas operações com o próprio Banco Central, essa

liquidação ocorre no segundo dia útil após a contratação, também chamado

D+2” (GAROFALO FILHO, 2004).

Page 100: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

99

2.1.4 Quanto a entrega da moeda estrangeira

2.1.4.1 Mercado de câmbio manual

“Trata-se do mercado em que são conduzidas as operações em espécie, em que uma das moedas é a nacional e a(s), estrangeira(s). Na maioria das vezes, trata-se do câmbio de viajantes e envolve cédulas, moedas metálicas e traveller’s checks. Tais operações podem ser realizadas em bancos, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e hotéis.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 312).

2.1.4.2 Mercado de câmbio sacado

“O mercado de câmbio sacado compreende o grosso das operações cambiais pelos estabelecimentos bancários, ou seja, a compra e venda de divisas estrangeiras, representadas por depósitos, letras de câmbio, cheques, ordens de pagamento, valores mobiliários,etc. A concretização dessas operações ocorre mediante movimentação (débito ou crédito) nas contas de depósito que os bancos mantêm junto a seus concorrentes no exterior.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 313).

2.1.5 Quanto à legalidade das operações de câmbio

2.1.5.1 Mercado legal/ oficial de câmbio

“Designação genérica do mercado de câmbio em que as operações são

regulamentadas pela autoridade e executada exclusivamente por agentes

autorizados por ela” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.5.2 Mercado paralelo de câmbio

“O mercado paralelo de câmbio, ou mercado negro, ou simplesmente

black, surgiu em decorrência do monopólio de câmbio do BC e sua tendência é

deixar desatendida a demanda da sociedade em relação à moeda estrangeira”

(GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.6 Quanto aos mercados legais de câmbio

2.1.6.1 Mercado de câmbio de taxas flutuantes

Page 101: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

100

“Trata-se de um segmento de mercado de câmbio criado em 1989, pelo BC no Brasil, quando ainda vivíamos sob a égide do modelo cambial de taxas reais fixas e do monopólio de câmbio Esse segmento foi criado para propiciar alguma distensão, dentro do modelo em vigor, capaz de amenizar as restrições impostas aos residentes no Brasil, porém sem aumentar os compromissos do BC à moeda estrangeira. A intenção também era tirar do mercado paralelo de câmbio operações consideradas legítimas pela sociedade (viagens internacionais, manutenção de parentes, entre outras).” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 315).

2.1.6.2 Mercado de câmbio de taxas livres

“Uma das principais alterações introduzidas na ocasião foi a criação do “mercado oficial”, baseado em taxas fixas, lembrando que o mercado de taxas flutuantes (“turismo”), que surgiu em 1989, também era “oficial”. Mas o “livre” herdou as operações do mercado antes chamado “oficial”, aquele baseado em taxas nominais fixas.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 316).

“Nesse mercado, passaram a ser conduzidas: a grande maioria das exportações executando apenas as de pedras preciosas e jóias, conduzidas no “flutuante”; as importações (exceto as de pequena monta pagas por cartão de crédito), e as principais movimentações das contas de capital e financeiras, a título de investimento, financiamentos e empréstimos.” (GAROFALO FILHO, 2004, p. 317).

2.1.7 Mercados de câmbio derivativos

“Refere-se ao conjunto de operações em moedas estrangeiras ou referidas

a elas, sem troca de posições entre residentes e não-residentes. Em outras

palavras, são operações que não alteram a quantidade de moeda estrangeira

em contas de residentes no Brasil” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.7.1 Operações que envolvem troca de moeda entre residentes

“Mercado interbancário de câmbio: mercado no qual as instituições

financeiras autorizadas a operar em câmbio trocam de posições entre si. São,

fundamentalmente, operações entre bancos, a partir da moeda estrangeira

movimentada no mercado primário” (GAROFALO FILHO, 2004).

Page 102: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

101

2.1.7.2 Operações referidas em moeda estrangeira, sem envolver

movimentação de moeda no exterior – Em Bolsas

2.1.7.2.1 Futuro de taxa de câmbio (dólar dos EUA e Euro)

“Mercado operado em lotes de 50 mil (dólares ou euros), em múltiplos de

cinco lotes, com vencimentos no último dia útil de cada mês. A liquidação se

dará no primeiro dia útil do mês consecutivo, com base na PTAX de venda

(taxa média das operações de um dia apurada pelo Banco Central) relativa ao

último dia útil do mês anterior, o vencimento” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.7.2.2 Opções sobre dólar

“Mercado que se inicia quando há um “lançador” de uma opção de compra

ou venda da taxa de câmbio do dólar. Os demais componentes do mercado

poderão, a seguir, ficar em posições compradas ou vendidas na opção

lançada. No mercado futuro, a própria Bolsa define as datas de liquidação e a

abertura dos negócios” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.7.2.3 Swaps cambiais

“Um swap contratado, isto é, troca de indexadores, por exemplo, variação

cambial por variação de juros domésticos (dólar x DI), pode ser registrado na

Bolsa (BM&F). Nessa hipótese, as partes depositam margem de garantia e a

Bolsa encarrega-se da liquidação das operações” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.7.3 Operações referidas em moeda estrangeira, sem envolver

movimentação de moeda no exterior – Em balcão

Page 103: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

102

2.1.7.3.1 NDF: Non delivery forward

“Operação a termo, de balcão, realizado no País ou no exterior, com regras

similares às operações de futuro de dólar em bolsa, com depósito inicial de

margem, porém sem ajustes diários” (GAROFALO FILHO, 2004).

2.1.7.3.2 Swaps cambiais

“Operações que envolvem a troca de indexadores, no caso de câmbio a

mais comum é a troca do indexador dólar (variação cambial) por DI (taxa de

juros Selic), negociadas entre partes, sendo o mais usual que uma delas seja

um banco. Normalmente, não exigem depósitos de margem ou ajuste,

baseando-se em créditos recíprocos entre as partes contratantes” (GAROFALO

FILHO, 2004).

Page 104: Estagio - Mecanismos Auxiliares na Prevencao de Oscilacoes Cambiais

103

3 METODOLOGIA

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O tipo de pesquisa a ser realizada será do tipo exploratória e descritiva,

onde o grupo vai pesquisar em livros, revistas, sites e também através de

entrevistas com especialistas na área de câmbio(bancos e corretoras de

câmbio) e também será descritiva pois serão relatados os resultados das

pesquisas obtidos nas pesquisas realizadas.

O grupo irá analisar o histórico das operações de câmbio realizadas pela

empresa Comil. Após, será realizado um estudo dos mecanismos que o

mercado oferece às empresas para estas se previnirem de possíveis

oscilações cambiais.

3.2 INSTRUMENTO DE COLETA

• Pesquisa em livros específicos da área de câmbio, tais como

Consolidação das Normas Cambiais, Regulamento de Câmbio, e outras

literaturas afins;

• Pesquisas em artigos de revistas especializadas em câmbio;

• Entrevistas com profissionais que atuam em bancos e corretoras de

câmbio indicadas pela empresa;

• Pesquisas em sites governamentais e privados sobre as normas que

regem o mercado de câmbio e os serviços oferecidos por empresas

públicas ou privadas;

• Elaboração de questionários à serem utilizados no momento das

entrevistas que serão feitas;

• Entrevistas com os profissionais da área de Comércio Exterior da

empresa onde está sendo realizado o estágio.

3.3 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados serão analisados de formar a comparar os mecanismos que a

empresa Comil já utiliza no fechamento de seus câmbios e os mecanismos que

o mercado oferece, de modo que com está comparação possamos identificar

quais são os mais indicados para serem sugeridos à empresa.

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4 CRONOGRAMA

ATIVIDADES/HORAS Jul-05 Ago-05 Set-05 Out-05 Nov-05 Dez-05 Total SEMANAS 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Horas

Reunião com professores 2 2 Definição da Empresa 2 1 3 Solicitação de Estágio 1 1 Elaboração projeto de estágio II 2 6 3 11 Visitas e conversas na empresa 2 2 2 2 2 2 2 2 16 Revisão bibliográfica e coleta de dados 6 5 5 8 8 8 42 Visitas à Bancos e Corretoras 4 4 8 Análise dos dados e elaboração do estágio 4 8 8 8 88 8 8 8 8 8 8 8 100 Entrega Relatório Parcial 1 1 Entrega Relatório final 2 2 4 Bancas 1 1

Correção / Entrega Relatório Final 8 6 14

TOTAL/HORAS 203 Tabela:4.1

Fonte: Autores

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5 ORÇAMENTO

Atividade Custo Despesa com Viagens R$ 350,00 Fotocópias/ Impressões R$ 250,00 Ligações telefônicas R$ 200,00 Alimentação R$ 100,00 Total R$ 900,00

Quadro 5.1- Orçamento

Fonte: Autores

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REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS

GAROFALO FILHO, Emilio. Dicionário de Comércio Exterior e Câmbio. 6. ed. São

Paulo: Saraiva, 2004.

NICOLETTI, Antonio Maximiano. Conhecimentos Elementares de Comércio

Exterior e Câmbio. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 1995.

RATTI,Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 10. ed. São Paulo: Aduaneiras,

2001.

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ANEXOS

ANEXO A – E-mails recebidos

ANEXO B – Relatório de Embarque de ônibus para o Qatar

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ANEXO A – E-MAILS RECEBIDOS

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De: Marlonn Mangia Chança <[email protected]> Para: [email protected] Data: 03/10/2005 16:46 Assunto: Máquinas - Hedge - RS

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Solicitação - Internet:

Olá, estou desenvolvendo meu trabalho de conclusão de curso de Comércio Exterior na empresa Comil Carrocerias e Onibus Ltda, www.comilonibus.com.br, na área de Câmbio, tendo como foco Mecanismos que auxiliem a empresa a se precaver contra possíveis oscilações cambiais. Caso possuem material ou possam me ajudar onde buscar informações sobre estes mecanismos, fico Grato. Obrigado.

Resposta:

Prezado Sr. Fernando Carlos Bez,

Agradecemos a sua consulta à Sala do Exportador do Rio Grande do Sul.

Estamos enviando em anexo, conforme sua solicitação, nosso passo a passo de exportação com as informações necessárias para o Sr. cursar uma operação de exportação.

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Operações de hedge são operações de proteção de preço realizadas nos mercados de derivativos da Bolsa, por intermédio das quais o exportador pode minimizar os riscos de variação cambial adversa ou de uma flutuação não prevista das taxas de juros, a que ele está normalmente exposto no seu cotidiano de negócios.

O que vem a ser um mercado de derivativos?

Contratos derivativos têm esse nome porque seu valor está referido a - ou deriva de - algum produto, ativo financeiro ou outro objeto qualquer negociado nos mercados "spot". Por exemplo, na BM&F são negociados contratos futuros, contratos a termo e contrato de opções sobre diversos produtos financeiros e agropecuários (como dólar, taxa de juros, ouro, soja, açúcar e álcool, entre outros), constituindo o chamado mercado de derivativos da Bolsa. Operando contratos futuros, um exportador pode, antecipadamente, garantir a relação R$/US$, assegurando sua receita em reais, independentemente das oscilações do mercado até o vencimento da operação.

Contratos futuros de dólar (assim como também como os contratos futuros de juros) são instrumentos poderosos para uma eficiente gestão de riscos de uma empresa exportadora. No contexto de um regime de flutuação das taxas de câmbio, o exportador está sempre sujeito ao risco de ocorrência de uma eventual apreciação cambial (valorização do real frente ao dólar) por ocasião do ingresso dos dólares em pagamento das suas vendas externas. Numa situação como esta, ele poderá realizar uma operação de hedge na Bolsa, para proteger o valor real de seu fluxo de caixa. Para tanto, ele poderá recorrer a uma corretora de mercadorias da BM&F para vender dólares a futuro na Bolsa, com uma data de vencimento próxima àquela em que receberá os dólares efetivos de sua exportação. Com esta operação ele fixa antecipadamente uma taxa de câmbio apropriada. Na data do recebimento dos dólares, ocorrendo a temida apreciação do valor do real frente ao dólar, o exportador liquidará sua posição vendida a futuro na BM&F, que havia sido estabelecida originalmente a uma taxa de câmbio menos valorizada.

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Assim, a perda incorrida com o impacto da variação do câmbio sobre a sua receita, terá sido virtualmente compensada com os ganhos que ele obterá no mercado futuro de dólar.

Os mercados de derivativos oferecem inúmeras outras possibilidades vantajosas de proteção contra riscos (hedge) para o exportador. Tais operações devem ser realizadas sempre por meio de uma corretora de mercadorias, Instituição credenciada e fiscalizada pela BM&F, para operar num mercado regulamentado e supervisionado pelo CVM.

O papel das corretoras de mercadorias

Uma corretora de mercadorias associada à BM&F é uma empresa detentora de um título patrimonial da Bolsa e por estar credenciada para intermediar negócios de compra e venda de contratos de derivativos (futuros, termo, opções ou swaps), que são diariamente transacionados na BM&F. O exportador que busca proteger o valor real da receita esperada com a comercialização externa de seus produtos, poderá contatar uma corretora de mercadorias da BM&F, que se encarregará de operacionalizar a apropriada operação de hedge na Bolsa. Operações de proteção do caixa da empresa - via swaps ou derivativos de taxas de juros - também poderão ser realizadas na BM&F, com a intermediação de uma corretora de mercadorias.

As corretoras de mercadorias também estão qualificadas para prestar assessoramento a seus clientes em tudo o que se relacionar com os mercados de derivativos, indicando aos exportadores as operações mais adequadas às suas necessidades específicas. Assim, muito mais do que apenas intermediar uma operação na Bolsa, a corretora poderá ajudar na determinação da alternativa operacional mais eficiente para a empresa exportadora. A corretora também acompanha dia a dia a posição de seu cliente no mercado, indicando os melhores momentos para uma eventual reversão da posição ou para sua ampliação. Todos os demais aspectos relacionados às operações com derivativos - como as garantias exigidas pela Bolsa, os custos operacionais, a marcação a mercado das posições, etc, - são detalhadamente informados pelas corretoras aos seus clientes.

Além do suporte que podem oferecer aos exportadores nos mercados de derivativos, as corretoras de mercadorias normalmente são especializadas na prestação de serviços específicos a determinados tipos de clientes, cabendo a estes identificar a corretora que melhor poderá atender sua demanda específica. Por exemplo, algumas corretoras de mercadorias têm longa tradição nos negócios de intermediação de câmbio, podendo oferecer ao exportador um serviço especializado nessa área. Isto inclui uma estrutura profissional qualificada, capaz de orientar e executar qualquer atividade relacionada a operações de câmbio e comércio e exterior, proporcionando ainda assessoria técnica na orientação quanto às tendências do mercado e oportunidades em operações de comercialização externa. Consultoria especializada em procedimentos de importação e exportação, confecção de contratos de câmbio de acordo coma legislação em vigor, preenchimento de registros, licenças, etc são outros serviços que também podem ser oferecidos pelas corretoras de mercadorias que mantêm carteira de câmbio, ou seja, aquelas que detêm expertise em operações de câmbio e de comércio exterior.

Contratando uma corretora de mercadorias

O exportador interessado em conhecer mais detalhes sobre o funcionamento dos mercados de derivativos pode ir diretamente ao site da BM&F www.bmf.com.br, onde encontrará ampla descrição de todos os contratos derivativos, além de informações sobre os demais serviços oferecidos pela Bolsa aos participantes do mercado. O portal da BM&F também informa sobre as corretoras associadas da Bolsa, os membros de compensação e sobre outros participantes credenciados, tais como armazéns gerais, fundidores de ouro, bancos custodiantes etc. No portal, o exportador encontrará ainda dados estatísticos sobre os diversos mercados operados na Bolsa, com informações sobre preço, contratos negociados, posições em aberto etc.

O link: http://www.bmf.com.br/caers/pages/corretoras.asp - disponibiliza a relação de corretoras de mercadorias associadas à BM&F.

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Fontes de pesquisa: www.bmf.com.br ; www.exporta.rs.gov.br

Estamos à sua disposição para novas consultas. Atenciosamente,

Sala do Exportador do Rio Grande do Sul Web-site: www.exporta.rs.gov.br Call Center: 0800-77-00 970 Exoneração de Responsabilidade: http://www.bmf.com.br/caers/pages/exoneracao.asp <<PassoaPassoExportação - RS.doc>>

PassoaPassoExportação - RS.doc115K Download

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: Marlonn Mangia Chança <[email protected]> Para: [email protected] Data: 17/10/2005 17:42 Assunto: Máquinas - Hedge - RS - (Informações Adicionais)

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Prezado Sr. Fernando Carlos Bez,

O Sr. poderá obter maiores informações acessando os links abaixo relacionados:

Derivativos Financeiros: http://www.bmf.com.br/2004/pages/faq1/FAQ1.asp?area=financeiro - disponibiliza informações sobre: Contrato futuro; Preço futuro; Negociação do preço futuro na BM&F; Membros de compensação; Custódia fungível; Ajuste diário; Arbitragem; PU; Contrato-padrão; Hedge de venda e de compra; Margem de garantia; Opção de compra e de venda; Spread; Volatilidade; Liquidação física e financeira; dentre outras.

Mercados: http://www.bmf.com.br/2004/pages/institucional1/mercados1.asp - disponibiliza informações sobre: Mercado futuro; Mercado a termo; Opções sobre disponível; Opções sobre futuro; Opções flexíveis; Swaps; Disponível (a vista ou spot); Operações estruturadas; Outros derivativos de balcão.

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Fonte de pesquisa: www.bmf.com.br

Estamos à sua disposição para novas consultas. Atenciosamente,

Sala do Exportador do Rio Grande do Sul

Web-site: www.exporta.rs.gov.br

Call Center: 0800-77-00 970

Exoneração de Responsabilidade: http://www.bmf.com.br/caers/pages/exoneracao.asp

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Pierina <[email protected]> para mim

Ocultar opções 08:37 (23 minutos atrás)

De: Pierina <[email protected]> Responder a: [email protected] Para: Fernando Bez <[email protected]> Data: 07/11/2005 08:37 Assunto: Re: Câmbio

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Taxa prevista para cambio NA COTAÇÃO DAS UNIDADES EM 2005 US$2.80

NCM 87021001 -- Pierina Ferrari COMIL CARROCERIAS E ONIBUS LTDA Rua Alberto Parenti, 1382 - Distrito Industrial 99700-000 - Erechim/RS - Brasil Fone: 0xx54 5208792

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De: Roberta <[email protected]> Responder a: Roberta <[email protected]> Para: Fernando Bez <[email protected]> Data: 17/10/2005 10:57 Assunto: Re: Câmbio

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Olá Fernando, Para sua pesquisa, acredito que acessando nosso site (www.pioneercorretora.com.br) você encontrará as informações de que precisa, principalmente os mecanismos de proteção (Derivativos). Atenciosamente, Roberta Bozzo Relationship Officer Pioneer Corretora de Câmbio Tel: (11) 3113-1011 / 3117-0811 (Ramal 4154) e-mail: [email protected]

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ANEXO B – RELATÓRIO DE EMBARQUE DE ÔNIBUS PARA O QATAR