estados unidos

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Estados Unidos O governo dos Estados Unidos defende o direito de luta do povo sírio por sua autodeterminação e lamenta a repressão do governo da Síria à sua população civil nacional com o objetivo de dificultar a transição do país para a democracia, ressaltando que o mesmo não pretende se envolver novamente em uma intervenção militar direta para mais uma mudança de regime no Oriente Médio, a fim de evitar cometer erros parecidos com os do passado na derruba do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos condenam as violações aos direitos humanos causadas pelo regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, através da violência utilizada contra a população civil síria, resultando em milhares de mortes. Neste sentido, uma das principais preocupações do país é sobre a utilização de armas químicas nos ataques do governo sírio, como aconteceu, segundo acusação do serviço de inteligência americano, no ataque de 21 de agosto de 2013, responsável por mais de mil óbitos. O presidente Barack Obama justificou que a atenção à questão também se deve ao fato de que o uso deste tipo de armamento desrespeita a mais básica das leis internacionais e representa ameaça à estabilidade do sistema internacional em futuros embates no século XXI. Para a resolução do conflito com as armas químicas, o governo estadunidense sustenta a cooperação internacional através de vias diplomáticas, buscando especialmente o apoio da Rússia, enquanto principal meio que deve ser explorado. Ambos os países exigem que Bashar al-Assad cumpra com rigor o acordo da Convenção sobre as Armas Químicas, assinado pela Síria em 14 de setembro de 2013, para que seus países-membros entreguem todo o seu arsenal de armas químicas. Caso isto não ocorra, os Estados Unidos denotam a necessidade de aplicação de sanções severas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em prejuízo ao presidente sírio. Deste modo, os Estados Unidos ainda são uns dos principais interessados em buscar esforços diplomáticos para que a comunidade internacional pressione Bashar al-Assad pelo cessar-fogo definitivo à população civil síria e pela abertura para o estabelecimento de corredores humanitários para ajudar as vítimas da guerra. Neste ponto, se destacam os debates entre o secretário de Estado do país, John Kerry, e os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da França, respectivamente Sergei Lavrov e Laurent Fabius. No entanto, os Estados Unidos optaram por não cooperar com Bashar al-Assad na formação própria de uma ampla campanha internacional para o combate aos jihadistas do Estado Islâmico, que tem como finalidade de evitar a formação do Estado Islâmico a qualquer custo, ainda que o envio de tropas terrestres estadunidenses à região não tenha sido aprovado pelo Congresso Nacional. Para isto, formou-se a coalização anti-EI, liderada pelos Estados Unidos, que utiliza como estratégias principais, sem autorização do governo sírio e aval da ONU, o treinamento e financiamento de grupos rebeldes moderados a Bashar al-Assad, para que estes assumam a linha de frente do combate ao Estado Islâmico, e o uso de sua força militar e de seus aliados através de bombardeios aéreos em pontos estratégicos de ocupação dos jihadistas do Estado Islâmico. Como justificativa, a porta-voz da Casa Branca, Marie Harf, disse que: “O presidente tem autoridade como comandante em chefe, sob a Constituição dos EUA, para agir na proteção do nosso povo. Em qualquer ação, evidentemente, teremos base legal internacional.” Ainda, o coronel Patrick Ryder, porta-voz do comando central dos Estados Unidos, salienta em seus enunciados que todas as ações de seu governo na Síria possuem total preocupação com a preservação da vida da população civil local. França A França é um dos países que tem feito uma das retóricas mais duras contra o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad. O país foi o primeiro do Ocidente a manifestar publicamente apoio à oposição democrática síria como única representante legítima da população civil local e a admitir que forneceu armas e apoio logístico aos rebeldes. Deste modo, o governo francês foi um dos principais responsáveis por

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Posição dos Estados Unidos sobre o atual conflito na Síria

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Page 1: Estados Unidos

Estados Unidos

O governo dos Estados Unidos defende o direito de luta do povo sírio por sua autodeterminação e lamenta a repressão do governo da Síria à sua população civil nacional com o objetivo de dificultar a transição do país para a democracia, ressaltando que o mesmo não pretende se envolver novamente em uma intervenção militar direta para mais uma mudança de regime no Oriente Médio, a fim de evitar cometer erros parecidos com os do passado na derruba do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos condenam as violações aos direitos humanos causadas pelo regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, através da violência utilizada contra a população civil síria, resultando em milhares de mortes. Neste sentido, uma das principais preocupações do país é sobre a utilização de armas químicas nos ataques do governo sírio, como aconteceu, segundo acusação do serviço de inteligência americano, no ataque de 21 de agosto de 2013, responsável por mais de mil óbitos. O presidente Barack Obama justificou que a atenção à questão também se deve ao fato de que o uso deste tipo de armamento desrespeita a mais básica das leis internacionais e representa ameaça à estabilidade do sistema internacional em futuros embates no século XXI.

Para a resolução do conflito com as armas químicas, o governo estadunidense sustenta a cooperação internacional através de vias diplomáticas, buscando especialmente o apoio da Rússia, enquanto principal meio que deve ser explorado. Ambos os países exigem que Bashar al-Assad cumpra com rigor o acordo da Convenção sobre as Armas Químicas, assinado pela Síria em 14 de setembro de 2013, para que seus países-membros entreguem todo o seu arsenal de armas químicas. Caso isto não ocorra, os Estados Unidos denotam a necessidade de aplicação de sanções severas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em prejuízo ao presidente sírio.

Deste modo, os Estados Unidos ainda são uns dos principais interessados em buscar esforços diplomáticos para que a comunidade internacional pressione Bashar al-Assad pelo cessar-fogo definitivo à população civil síria e pela abertura para o estabelecimento de corredores humanitários para ajudar as vítimas da guerra. Neste ponto, se destacam os debates entre o secretário de Estado do país, John Kerry, e os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da França, respectivamente Sergei Lavrov e Laurent Fabius.

No entanto, os Estados Unidos optaram por não cooperar com Bashar al-Assad na formação própria de uma ampla campanha internacional para o combate aos jihadistas do Estado Islâmico, que tem como finalidade de evitar a formação do Estado Islâmico a qualquer custo, ainda que o envio de tropas terrestres estadunidenses à região não tenha sido aprovado pelo Congresso Nacional. Para isto, formou-se a coalização anti-EI, liderada pelos Estados Unidos, que utiliza como estratégias principais, sem autorização do governo sírio e aval da ONU, o treinamento e financiamento de grupos rebeldes moderados a Bashar al-Assad, para que estes assumam a linha de frente do combate ao Estado Islâmico, e o uso de sua força militar e de seus aliados através de bombardeios aéreos em pontos estratégicos de ocupação dos jihadistas do Estado Islâmico. Como justificativa, a porta-voz da Casa Branca, Marie Harf, disse que: “O presidente tem autoridade como comandante em chefe, sob a Constituição dos EUA, para agir na proteção do nosso povo. Em qualquer ação, evidentemente, teremos base legal internacional.” Ainda, o coronel Patrick Ryder, porta-voz do comando central dos Estados Unidos, salienta em seus enunciados que todas as ações de seu governo na Síria possuem total preocupação com a preservação da vida da população civil local.

FrançaA França é um dos países que tem feito uma das retóricas mais duras contra o regime do presidente sírio, Bashar

al-Assad. O país foi o primeiro do Ocidente a manifestar publicamente apoio à oposição democrática síria como única representante legítima da população civil local e a admitir que forneceu armas e apoio logístico aos rebeldes.  Deste modo, o governo francês foi um dos principais responsáveis por pressionar a União Europeia para que o bloco não prorrogasse o embargo de armas à Síria, a fim de que o mesmo possa continuar fornecendo armamentos aos rebeldes de maneira lícita.        Após os Estados Unidos terem acusado o governo sírio da utilização de armas químicas no ataque de 21 de agosto de 2013, responsável pela morte de mais civis, o presidente francês, François Hollande, pretendia organizar uma coalização de países para uma ofensiva militar contra os depósitos de armas químicas de Bashar al-Assad, para penalizar seu regime pelo uso deste tipo de armamento. De acordo com o Chefe de Estado francês, a acometida não teria o objetivo de derrubar o presidente sírio.        No entanto, a campanha de François Hollande não obteve êxito após a negociação do acordo de eliminação das armas químicas da Síria. Por fim, o chanceler francês, Laurent Fabius, acabou por reconhecer que o acordo representa um avanço importante e as vias diplomáticas são importantes instrumentos para a resolução do conflito. Caso este não seja cumprido pelo governo sírio, a França também defende a implementação de sanções severas ao mesmo.        Posteriormente, no dia 12 de novembro de 2014, o presidente francês viajou até o Iraque para manifestar ao governo local que está disposto a atender ao seu pedido de ajuda na luta contra o Estado Islâmico em território iraquiano. Assim, iniciou-se uma série de bombardeios com as forças francesas, em pontos estratégicos de ocupação do Estado Islâmico no Iraque, que se propagam até os dias atuais, com o objetivo de proteger as populações civis e restabelecer o Estado de direito do Iraque em todo seu território. Ainda, é válido colocar que os ataques da França na região se intensificaram após a proposta dos Estados Unidos, aceita por François Hollande, para que o governo francês ampliasse o combate ao Estado Islâmico, e assim, assumisse importância essencial na coalizão anti-EI.

SíriaO governo do presidente da Síria, Bashar al-Assad, diante da ameaça de uma revolução social para a tomada do

poder por grupos rebeldes, e posteriormente uma possível mudança de regime do país para a democracia, além da ameaça de seu desmembramento para o Estado Islâmico, possui como política prioritária a manutenção do seu atual Chefe de Estado e aliados no poder.

Inicialmente, o combate aos grupos de oposição empreendido pelo governo sírio assumiram maior relevância para o mesmo do que a luta contra a ameaça do Estado Islâmico. Alguns analistas internacionais interpretam que, apesar de não existirem evidências sobre uma aliança formal entre o governo sírio e o Estado Islâmico, Bashar al-Assad deixou que os últimos prosperassem em determinadas áreas pois obteria alguns benefícios com isto. Entre as principais vantagens que a

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situação trouxe para o presidente da Síria, pode-se citar as batalhas entre os grupos rebeldes e o Estado Islâmico, responsáveis por afugentar os primeiros e demais ativistas políticos de regiões estratégicas para a tomada do poder.

Porém, o Estado Islâmico avançou de maneira desmedida em território sírio e passou a representar uma ameaça maior ao governo de Bashar al-Assad, exigindo que o mesmo se empenhe em um confronto mais direto. Assim, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moualem, admitiu que está disposto a cooperar em nível internacional para o combate do Estado Islâmico em território sírio, desde que todas as ações sejam coordenadas com o governo sírio. Ademais, o presidente sírio manifestou que a possibilidade de uma ação unilateral dos Estados Unidos na região está descartada e quaisquer ações contra o Estado Islâmico em território sírio sem a sua devida autorização representam agressões ao seu governo e à soberania da Síria.