estados primordiais da terra - rudolf steiner

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Na atualidade, período em que é constante a expressão "falta de tempo", temos perdido o contato com as realidades da vida. Refugiarmo-nos no virtual de rápido acesso e, consequentemente sofremos frustrações que, contudo são removíveis diante de colocações diretas, regiamente exemplificadas, fundamentadas na evolução constante do Ser Humano: verdades universais. Esse é o caminho antroposófico. Convidamos você, leitor, para um encontro consigo mesmo e com a humanidade que reside em seu ser, por meio desse caminho chamado Antroposofia. Convidamos você a esquecer a falta de tempo e a fluidez do mundo atual. Convidamos você para um encontro com Rudolf Steiner e os trabalhadores do Goetheanum em uma mensagem incrivelmente atual.

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ESTADOS PRIMORDIAIS DA TERRA

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RUDOLF STEINER

CONFERÊNCIAS AOS TRABALHADORES DO GOETHEANUM

Volume II

ESTADOS PRIMORDIAIS DA TERRA

Tradução:Gerard Bannwart

Cotejo:Edith Asbeck

Edições Micael

Page 7: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

Steiner, RudolfS822e Estados primodiais da terra : conferências aos

trabalhadores do Goetheanum / Rudolf Steiner; tradução: Gerard Bannwart; cotejo: Edith Asbeck – Aracaju (SE) : Edições Micael, 2012. v. 2. : il. ISBN: 978-85-99830-13-0 Do original: Die erkenntnis des menschenwesens nach leib. 1. Conferências 2. Antroposofia 3. Astronomia – Filosofia I. Título

CDU 141.133:52 CRB-5/890

Título original : Die Erkenntnis des Menschenwesens nach Leib,Seele und Geist,1995 GA 347

Tradução: . . . . . . . . . . Gerard Bannwart Cotejo: . . . . . . . . . . . . . Edith Irene Schetty Asbeck Capa: . . . . . . . . . . . . . . Maria Aparecida do Nascimento Dias Editoração Eletrônica: Valfredo Avelino SantosRevisão do Português: Tânia Maria da Conceição Meneses SilvaFotografia: . . . . . . . . . . Oliver Garcia

“Você que me lê, me ajude a nascer .” (Clarice Lispector)

Quando você compra um livro está pagando e apoiando o trabalho de vários profissionais como o autor, tradutor, ilustrador e todos que se envolvem na sua produção e comercialização, fato que possibilita o livro chegar às suas mãos . A cópia ilegal provoca desemprego, sonegação e deformação dos nossos princípios éticos .

Direitos reservados ao Instituto Social MicaelRua Manoel Andrade, 2065, Coroa do Meio, Aracaju/SE 49035-530

Tel . (0xx79 )3222-8819micael@infonet .com .br

ISBN: 978-85-99830-13-01 .ª edição

2012Impresso no Brasil / Printed in Brazil

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Da publicação das conferências de Rudolf Steiner

A base da ciência espiritual orientada pela antroposofia é formada pelas obras escritas e publicadas por Rudolf Steiner (1861-1925). Além disso, ele proferiu numerosas conferências – ministrou entre os anos de 1900 e 1924, muitos cursos – tanto públicos como aos membros da Sociedade Teosófica e, depois, da subsequente Sociedade Antroposófica. Originalmente, ele mesmo não queria que suas conferências, proferidas livremente, fossem registradas por escrito, visto que as considerava “comunicações verbais, não destinadas à impressão”. Como aumentava a distribuição de anotações de ouvintes, incompletas e incorretas, ele se viu impelido a regulamentar a reprodução escrita. Esta tarefa foi confiada a Marie Steiner-von-Sievers, ficando aos seus cuidados a designação dos estenógrafos, a administração das anotações e a revisão necessária dos textos para publicação. Como, por falta de tempo, apenas em muito poucos casos Rudolf Steiner pôde corrigir ele mesmo as anotações, suas ressalvas em relação a todas as publicações de conferências devem ser consideradas: “É preciso admitir que em edições não corrigidas por mim possam encontrar-se erros”.

Depois da morte de Marie Steiner (1867-1948) foi iniciada, de acordo com suas diretrizes, a publicação de uma edição completa (Gesamtausgabe – GA) da obra de Rudolf Steiner, à qual pertence o presente volume.

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APRESENTAÇÃO DESTA TRADUÇÃO

A maioria das mais de cem conferências proferidas por Rudolf Steiner aos jovens trabalhadores do Goethe-anum1 entre 2 de fevereiro de 1922 e 24 de setembro de 1924, foi traduzida por mim há mais de quinze anos. La-mentavelmente, porém, só agora elas começam a ser ofe-recidas ao público leitor na forma de esmeradas edições que constarão de 16 volumes. Tais conferências se des-tinam a todo jovem que realmente deseja desenvolver-se mediante um conhecimento vivo impregnado de sabedo-ria prática. Pode-se assegurar ao leitor que há quase um século de existência e divulgação dessas conferências em vários idiomas e países, seus conteúdos proporcionam espetaculares avanços a todos aqueles que os leem e es-tudam. Na verdade, oferecem ganhos indeléveis para a vida toda.

Essas conferências constituem o melhor manual de conhecimento, de ciência em geral, existente até hoje, pois, todo aquele que deseja verdadeiramente conhecer a si mesmo e ao universo que o circunda, pode e deve estu-dar o conhecimento e a ciência geral neles contidos. Dessa maneira, elas vêm finalmente a público, em vernáculo no Brasil através de primorosas edições da Edições Micael.

A leitura e o estudo das conferências também aten-derão a qualquer pessoa, como obras básicas de consulta

1 Goetheanum: Sede da Sociedade Antroposófica, em Dornach, Su-íça. No Goetheanum está atualmente a Escola Superior Livre de Ciência do Espírito. (N.T.)

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

científica, mediante o mero soerguimento a um nível mais elevado de consciência. Daí sugerir-se o nome de “Con-ferências genéricas para soerguer a um nível superior de consciência”

Por outro lado, todo estudioso que queira ascender ainda mais pela senda do conhecimento da ciência geral, encontrará muitas outras obras daquele autor relaciona-das no final de cada um dos 16 volumes.

O tradutor

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PREFÁCIO

Em 1913 começa a construção do Primeiro Goetheanum na Suíça, em Dornach, onde Rudolf Steiner quis desenvolver o Centro da Antroposofia, um templo moderno, arquitetonicamente único, com duas cúpulas se entrelaçando, construída de madeira, onde havia pinturas na parte interior das cúpulas, arquitraves esculpidas, as sete colunas dos estágios de evolução da Terra, correspondendo aos estágios de evolução da Terra, correspondendo aos estágios planetários e mais doze colunas em relação com as forças zodiacais.

Durante a Primeira Guerra inúmeros artistas das mais diversas partes do mundo vieram ali participar da construção do Goetheanum, enquanto se ouvia muitas vezes os tiros de canhão do outro lado da fronteira. Um grande entusiasmo existia ali por parte dos artistas e construtores. No pós-guerra a situação social na Europa era catastrófica e Steiner tenta introduzir a trimembração social, porém sem sucesso; funda-se a Escola Waldorf em Stuttgart.

A construção do Goetheanum continua e é quando acontecem as palestras para os trabalhadores do Goetheanum especificamente.

As palestras aos trabalhadores do Goetheanum iniciaram em 1922 e os próprios trabalhadores pediram a Rudolf Steiner pessoalmente para dar as palestras durante as horas de trabalho e não no fim do dia onde eles estariam cansados e com dificuldade de assimilar os conteúdos. Assim Rudolf Steiner inicia essas aulas depois

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

do lanche da manhã e sempre estando em diálogo com os trabalhadores que traziam as suas perguntas, as quais Steiner respondia de improviso.

A primeira questão era sempre: “Quais são as suas perguntas?”. Daí surgiam as respostas.

Com isto ao todo foram elaboradas 113 palestras tratando de assuntos gerais e políticos e com especial interesse em problemas higiênicos e de saúde.

Temos que nos lembrar que estas palestras foram dadas há cerca de 90 anos, onde muitas descobertas científicas ainda não tinham sido feitas; muitas delas vindo a confirmar as considerações que Rudolf Steiner fazia. Por outro lado não conheciam-se ainda os vírus era a época em que estavam descobrindo as primeiras vacinas ou o soro antidiftérico, por exemplo. Então algumas considerações nos parecem estranhas e desatualizadas, outras tantas nos deixam com grande admiração, pois são exatamente confirmadas, por exemplo, com a neurofisiologia.

Temos que nos lembrar que Rudolf Steiner sempre faz referência as suas visões suprassensíveis, isto é, etérica-espirituais, referindo-se as relações entre os órgãos.

Essas palestras também podem ser incentivo para pesquisas e observação mais apuradas da natureza.

Gudrun K. Burkhard

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NOTA À EDIÇÃO BRASILEIRA

Jacó e Raquel (Luís Vaz de Camões)

Sete anos de pastor Jacó serviaLabão, pai de Raquel, serrana bela;Mas não servia ao pai, servia a ela,E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,Passava, contentando-se com vê-la;Porém o pai, usando de cautela,Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganosLhe fora assim negada a sua pastora,Como se a não tivera merecida;

Começa de servir outros sete anos,Dizendo: – Mais servira, se não foraPara tão longo amor tão curta a vida!

Como acauã, ave catingueira que só canta no final da tarde, durante o período da seca.

Como Jacó lutando por sua amada Raquel.Nós também, das Edições Micael, após 22 anos de

sonho, trabalho, muito trabalho, idas e vindas, encontros e desencontros colocamos na sua mão, meu querido leitor

*

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

brasileiro, uma edição dos conteúdos preciosos que são estas conferências de Rudolf Steiner. São abordagens profundas, dotadas da imensa sabedoria que caracteriza o legado de Steiner, numa linguagem bem acessível. Porém, convém ao atento leitor contextualizar o cenário em que ocorrem estas conferências: a aridez da Europa na causticante década de 1920. Onde, houvesse lá acauã, este estaria a cantar.

Boa leitura,

Edições Micael

* Camões fez esse soneto com base na passagem biblica de Genesis Cap . 29 (AA)

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SUMÁRIO

Da publicação das conferências de Rudolf Steiner .......... 7

Apresentação desta tradução ......................................... 9

Prefácio ....................................................................... 11

Nota à Edição Brasileira ............................................... 13

ESTADOS PRIMORDIAIS DA TERRA

Primeira Conferência, Dornach, 20 de setembro de 1922 .. 19Estados primordiais da Terra: a LemúriaLama terrosa e ar ígneo. Pássaros-dragões, Ictiosáurios e Plesiosáurios. Pássaros-dragões como alimento dos Ictiosáurios e dos Plesiosáurios. Aves, animais vegetarianos e Megatérios. A terra: um gigantesco animal morto.

Segunda Conferência, Dornach, 23 de setembro de 1922 .. 39Estados primordiais da Terra IITartarugas, crocodilos. Instintos curativos dos animais. Oxigênio e carbono. Plantas e florestas. Contínua alteração da Terra. As gigantescas ostras e sua vida na “sopa terrestre”. As minhocas. A Terra no estado glacial. A Lua como estimuladora da fantasia e das forças de crescimento. Indicação de Metschnikow para o “Fausto” de Goethe. A Lua no interior da Terra. Saída da Lua e o estado subsequente. Conservação da antiga substância lunar na força de reprodução dos seres animais e humanos.

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

Terceira Conferência, Dornach, 27 de setembro de 1922 ... 58O mais primordial estado da TerraEstado da Terra, anterior à saída da Lua. Reprodução das ostras gigantes. Procedência das forças masculinas e femininas no período anterior à saída da Lua. Elefante, pulgão da folha, vorticelas. O Sol como força fecundante. Conservação das batatas em covas na terra. A Terra dá as forças reprodutoras a seus seres por conservar dentro de si as forças solares durante o inverno. Reprodução por estacas. Levar plantas ao crescimento correto. Minhocas, vermes intestinais. Força vital na semente das plantas. Ação do Sol na reprodução vegetal e animal. Ação da Lua sobre o clima. A disputa lunar de Fechner-Schleiden. A época da evolução em que Terra, Sol e Lua ainda eram um só corpo. O experimento de Plateau. A Terra como ser vivo.

Quarta Conferência, Dornach, 30 de setembro de 1922 .... 82Adão Kadmon na LemúriaOutrora a Terra foi uma cabeça humana viva. Nutrição primordial da Terra a partir do espaço universal. Julius Robert Mayer. O Sol “devora” os cometas. Meteoros: cometas decaídos. A Terra nutrida pelo Sol. A cabeça humana embrionária, uma evidente cópia da Terra. Em tempos idos a Terra foi o germe de um gigantesco ser humano. Outrora o ser humano foi a Terra toda. “O semblante da Terra” de Eduard Suess. Origem dos animais. Porque o homem é tão pequeno. Todos descendemos de um único homem. O gigante Ymir. Explanação errônea do Antigo Testamento. Extermínio do antigo saber.

Notas bibliográficas.................................................... 105

Rudolf Steiner, vida, cronologia e obra escrita ............ 107

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Estados Primordiais da Terra

Relação das 112 conferências de Rudolf Steiner dirigidas aos trabalhadores do Goetheanum em Dornach, Suíça, de 2 de agosto de 1922 a 24 de setembro de 1924 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

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ESTADOS PRIMORDIAIS DA TERRA: A LEMÚRIADornach, 20 de setembro de 1922.

1ª conferência

Pois bem, meus amigos! A fim de compreendermos o ser humano ainda melhor do que o compreendemos até aqui, queremos fazer considerações também a respeito da Terra. Quando seres humanos terrestres se reúnem, certamente não se deve considerar a vida do homem como vida físico-humana isoladamente, porém deve-se também considerar a própria Terra.

Quando se visita este ou aquele museu de ciência natural, encontra-se algumas vezes remanescentes de animais e também de plantas que viveram na Terra há muito tempo atrás. Naturalmente os senhores podem imaginar que muita coisa se passou aqui na Terra até que, de certo modo, esses antigos animais e plantas fossem destruídos. Os senhores também podem muito bem imaginar, por exemplo, que de certos animais se conservam na Terra, quando muito, os ossos, ao contrário dos músculos, das partes moles, do coração e de outros vasos que se perdem, que são destruídos e que assim, só podem ser encontrados os ossos petrificados, isto é, ossos que após a morte dos animais são preenchidos com outro material, isto é, quando a lama neles penetra, e que por isso só se encontram estes endurecimentos, estas petrificações; e que se pode desenterrá-las e que a partir desse material é possível obter, na maioria das vezes, trata-se de restos de ossos somente, é preciso criar uma representação do

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

que foi o remoto aspecto da Terra. Certamente os senhores também podem imaginar que as atuais condições da Terra não podem ter existido naquele tempo em que viveram tais animais e plantas totalmente diferentes, pois se assim fosse, os atuais não teriam surgido. Portanto, outrora a Terra deve ter tido um aspecto totalmente diferente. Os senhores poderão deduzir isso diretamente do que eu lhes contarei hoje.

Vejam. Falou-se de um pesquisador da natureza, Cuvier, que viveu na primeira metade do século 19, por volta de 1810 que, quando recebia um osso era capaz de fazer uma representação do aspecto do animal inteiro. Realmente, quando se estuda a fundo a forma dos ossos e se tem, por exemplo, apenas um osso do antebraço, pode-se fazer uma representação do aspecto do todo, pois qualquer forma de um osso altera-se tão logo se altera o corpo todo. Portanto, a partir de um único osso também se pode estabelecer qual foi o aspecto de todo o corpo. Além do fato de algumas vezes ter-se realmente encontrado esqueletos completos de animais que certa vez viveram sobre a Terra, temos aqueles ossos isolados e pode-se fazer uma representação, a partir deles, de como deve ter sido, em tempos remotos, o aspecto da Terra.

Agora vou começar por descrever-lhes um estado da Terra que em épocas muitíssimo remotas, há muitos milhares de anos, existiu aqui na Terra. Quero descrever-lhes esse estado narrativamente. Mais adiante iremos conhecer os detalhes mais pormenorizadamente, mas agora quero simplesmente narrar-lhes o remotíssimo aspecto da Terra sobre a qual caminhamos hoje em dia. Pois, todos os senhores já a conhecem em seu estado atual.

Ela era assim. Imaginem a Terra, vou desenhar aqui um pedacinho dela (desenho à página seguinte); mas aquela Terra ainda não tinha essas montanhas sólidas como são as de hoje, porém aquela Terra era realmente semelhante à superfície exterior da Terra quando chove hoje em dia durante várias semanas seguidas; e ela era ainda muito mais

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Estados Primordiais da Terra

lamacenta. Portanto, a superfície da Terra não era tão sólida como ela é hoje, porém era muito mais lamacenta. Se naquele tempo já existissem pessoas como as de hoje, então estas pessoas precisariam, ou nadar – neste caso ficariam continuamente enlameadas, ou seja, horrivelmente sujas –, ou submergir continuamente. Portanto, gente com o feitio atual não existia naquele tempo. Era uma Terra lamacenta, muito lamacenta e havia toda sorte de coisas ali dentro daquela Terra lamacenta.

Se os senhores hoje em dia caminharem por aí e pegarem uma pedra, uma pedra como aquela que o senhor N. nos trouxe uma vez, ou se os senhores cavarem ainda mais fundo em algum lugar, catando pedras ainda mais duras, então podem imaginar: antigamente todas estas pedras encontravam-se dissolvidas em terra lamacenta do mesmo modo como o sal é dissolvido na água. Pois nessa terra lamacenta havia toda sorte de ácidos que dissolvem tudo que é possível. Portanto, resumindo, esse solo consistia de uma lama muito especial. E por cima desta lama ainda não havia um ar como o de hoje, não havia um ar contendo apenas oxigênio e nitrogênio, porém no ar havia toda sorte de ácidos em estado gaseiforme. Havia até mesmo o ácido sulfúrico, vapores de ácido sulfúrico e vapores de ácido nítrico; tudo isso se encontrava naquele

lama terrestre

ar ígneo

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

ar. Assim os senhores também já poderem deduzir que o ser humano não teria podido viver ali no seu feitio atual. Naturalmente, esses vapores eram fracos, porém estavam dentro daquele ar. E, além disso, aquele ar ainda tinha a peculiaridade de ser mais ou menos como se hoje os senhores se arrastassem para dentro de um velho forno e ali se produzisse exatamente o calor necessário para assar pão, e que os senhores o sentissem ao seu redor. Dessa maneira seria muito incômodo para o homem da atualidade se ele estivesse dentro daquele ar, onde, além disso, cheirava a ácido sulfúrico e estava bastante quente.

Não obstante, ainda havia outro ar por cima disso. Esse ar era um pouco mais quente que aquele que estava por baixo, e formava nuvens. Essas nuvens que ali se formavam, por também conterem muitas coisas, ácido sulfúrico, ácido nítrico e muitos outros materiais, produziam raios incessantemente, assim como fortes trovões. De modo que tudo lá dentro estremecia sem parar por causa dos enormes raios. Naquele tempo era esse, mais ou menos, o aspecto das imediações da Terra.

Eu desejaria – para que obtenhamos nomes para as coisas –, chamar de ar ígneo o que estava lá em cima, por tratar-se de um ar terrivelmente quente. Ele não era incandescente – essa é apenas uma representação errônea da ciência atual –, ele não era incandescente, ele não era mais quente que um dos atuais fornos de pão. Lá no alto havia, pois a temperatura de um fogo; embaixo ela ia se tornando mais fria na medida em que se descesse. Portanto, eu desejaria chamar aquele ar de cima de ar ígneo, e aquilo que estava lá embaixo, de lama terrosa.

Desse modo obtemos uma representação aproximada de como a Terra foi em outros tempos. Na parte de baixo havia uma lama esverdeada-amarronzada que às vezes se tornava tão espessa como o casco de um cavalo, mas que depois se dissolvia novamente. O que hoje é o inverno fazia com que naquele tempo a lama ficasse justamente tão espessa, a saber, quase como o casco de um cavalo

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Estados Primordiais da Terra

– ela se solidificava. E no verão, quando o Sol brilhava de fora, aquilo se dissolvia novamente transformando-se numa lama fluída. E por cima ficava aquele ar quente que continha tudo aquilo que mais tarde sairia dali. Só mais tarde o ar se limpou.

Ora, a partir desse estado originou-se outro no qual viveram animais muito estranhos. Assim, vejam os senhores, como lá no alto, no ar ígneo, vivia toda sorte de animais. O aspecto deles era tal que se pode dizer: eles tinham uma cauda repleta de escamas, a qual, todavia, era achatada de tal modo que lhes servia para voarem muito bem no ar ígneo. E tinham asas como do morcego e também uma cabeça semelhante à dele. E então voavam por ali, no alto, no ar, quando esse ar ígneo já não continha mais tantos vapores nocivos. Exatamente esses animais estavam notavelmente bem adaptados a isso, mas, naturalmente, quando as tempestades se tornavam extremamente fortes, quando trovejava e relampejava horrivelmente, a situação também se tornava incômoda para eles; no entanto, assim que a situação ficou mais mansa, quando passou a haver apenas uns poucos estalos e um suave faiscar, eles apreciavam viver no meio desses coriscos, no meio desses leves faiscamentos. Eles voejavam por ali e se adaptaram até mesmo a espalhar algo como uma emissão elétrica ao redor de si, enviando-a para baixo para a Terra. De tal modo que, se a essa altura existisse um ser humano lá embaixo, ele até teria percebido, graças a essas irradiações elétricas que lá no alto havia novamente um daqueles bandos de pássaros. Eram uns pequenos pássaros-dragões aquelas aves que espalhavam irradiações elétricas ao seu redor, e que realmente tinham sua existência lá dentro do fogo ígneo.

Vejam. Aquelas aves, aqueles pássaros-dragões que ali se encontravam estavam realmente muito bem organizados, de uma maneira muito extraordinária e sutil. Eles tinham sentidos extremamente sutis. As águias, os abutres, que mais tarde se originaram deles, após haverem

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

aqueles seres sido transformados, as águias e os abutres conservaram apenas os olhos aguçados que tinham aqueles antigos seres. Mas aqueles seres percebiam tudo mediante suas asas semelhantes a asas de morcego, asas que eram tremendamente sensíveis, quase tão sensíveis quanto os nossos olhos. Eles conseguiam perceber com aquelas asas; com elas eles sentiam tudo que se passava por lá. Quando a Lua brilhava, por exemplo, eles sentiam tal bem-estar em suas asas que passavam a agitá-las; como o cão quando está alegre abana a cauda, assim aqueles sujeitos meneavam ali as suas asas. Deliciavam-se com o brilho da Lua. Então eles vagavam por ali e lhes agradava especialmente fazer pequenas nuvens de fogo ao redor de si, do mesmo modo como ainda fazem hoje apenas os vaga-lumes nos campos. Quando a Lua brilhava, eles pairavam lá no alto, como nuvens luzentes. E se naquele tempo existissem pessoas, elas avistariam lá nas alturas aqueles enxames de esferas luminosas e de nuvenzinhas luminosas.

E quando o Sol brilhava – ora, naquele tempo era assim que então acabava o seu prazer de espalhar corpos luminosos ao redor de si! Na verdade, eles então se encolhiam mais para dentro de si mesmos e passavam a elaborar aquilo que haviam absorvido do ar – pois no ar ainda encontravam todos aqueles materiais que eles absorviam, sugavam. Eles se alimentavam sugando. Depois digeriam esses materiais ao Sol. Porquanto eram uns seres muito estranhos. Com efeito, eles existiram numa outra época, no ar ígneo da Terra.

Agora, se descermos um pouco mais até onde começava a Terra com a sua lama terrosa, então ali já se encontram animais que se destacam por terem uma enorme dimensão, pois eram gigantescos... (lacuna no texto); ao examinarmos aqueles animais que naquele tempo levavam uma vida diretamente sobre a terra, vemos que a levavam meio nadando e meio vadeando pela lama. Ora, existem remanescentes desses animais que igualmente

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Estados Primordiais da Terra

podem ser vistos em museus de ciência natural. Dão-lhes o nome, a esses gigantescos seres que existiram em épocas remotas, de Ictiosáurios, peixes-sáurios. Esses Ictiosáurios eram animais dos quais pode dizer-se que até mesmo viviam sobre a terra. Esses Ictiosáurios tinham um aspecto particularmente estranho. Eles tinham uma espécie de cabeça (desenho) semelhante à de um golfinho, mas o seu focinho não era tão duro. Além disso, eles tinham um corpo semelhante ao de um enorme lagarto, porém mais estreito, com escamas extremamente grossas. E, dentro da cabeça, eles tinham dentes enormes como os de um crocodilo. Eles tinham dentes de crocodilo, como em geral todos aqueles seres estranhos, eles tinham esses dentes triangulares de crocodilo. Além disso, eles tinham algo como barbatanas de baleia – pois eles se locomoviam como que nadando –; essas barbatanas eram muito moles e com elas conseguiam também patinhar por ali, vadear na lama.

Portanto, esses animais tinham algo como barbatanas de baleia, tinham um corpo gigantesco, depois uma cabeça como a do golfinho com um focinho pontudo voltado para frente e tinham dentes de crocodilo. E o mais estranho era que tinham uns olhos enormes que luziam. Ter-se-ia visto pontos elétricos ali na neblina. Os pássaros luzentes voavam pelas noites enluaradas. E quando sobrevinha o crepúsculo, ora, se estivéssemos lá para ver, poderíamos ter um encontro extremamente desagradável para o homem atual, com uma enorme luz que viria ao nosso encontro com um corpo maior que o das atuais baleias, com barbatanas, isto é, com animais que ficavam nadando naquela água lamacenta e às vezes também se erguiam quando ela ficava mais dura. E aquela água lamacenta tornava-se às vezes tão dura como os cascos de cavalos. Nesse caso era possível soerguerem-se para cima dela. E então avançavam desse modo; em seguida convertiam aquelas barbatanas em mãos; elas eram interiormente móveis dessa forma. Eles também chapinhavam por cima daquelas camadas córneas

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que se assemelhavam a desertos e a seguir novamente nadavam nelas assim que fossem mais moles. Mais adiante andavam novamente sobre essas coisas, às apalpadelas, e depois, quando aparecia novamente uma parte mais mole, eles se locomoviam nadando. E se naquele tempo alguém navegasse de barco por ali – ele não poderia avançar, pois isto seria impossível –, então ele poderia dar de encontro com um daqueles enormes animais, em cima do qual ele poderia subir usando uma escada. Era como escalar uma montanha hoje em dia. E toda uma montanha animalesca poderia ter vindo ao nosso encontro! Dessa maneira tudo ali era diferente naquele tempo.

Da mesma maneira, é bem possível conhecer todas estas coisas; assim como Cuvier obteve conhecimentos sobre um animal inteiro, a partir de um osso, assim também é possível, ainda hoje, obter conhecimentos sobre como viviam naquela época os próprios Ictiosáurios, dos quais ainda existem remanescentes assim como o que conseguiam fazer naquela época com as suas enormes barbatanas, uns animais que tinham aquele olho enorme que já brilhava de longe qual lanterna gigante de forma tal que era possível desviar-se deles. Eles se moviam, portanto, desse modo sobre e por cima da terra lamacenta e também dentro dela.

Além disso, havia ainda outros animais que se encontravam um pouco mais no fundo, que podiam patinhar e nadar com verdadeiro prazer dentro daquela lama; e eles tinham sempre um aspecto horrivelmente sujo, de uma sujeira esverdeado-amarronzada. Esses outros animais apenas espichavam algumas vezes a sua enorme cabeça para fora, para cima da terra lamacenta mais mole, mas de resto chapinhavam ali dentro e contavam com muito pouco do endurecimento da lama; nesta, eles se deitavam a maior parte do tempo como porcos preguiçosos. Raramente vinham à superfície, esticando as suas cabeças para fora. E ali havia algo muito estranho.

Aqueles outros animais, aqueles de olho enorme, atualmente são chamados em seus remanescentes de

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Estados Primordiais da Terra

Ictiosáurios. Mas, além deles havia aqueles que eram mais presos à terra, os Plesiosáurios. Os Plesiosáurios também tinham um corpo mais ou menos barrigudo, como o da baleia, tinham cabeças como as do lagarto, portanto um corpo semelhante ao da baleia e uma cabeça semelhante à do lagarto; entretanto, eles já tinham uns olhos voltados mais para os lados, enquanto os Ictiosáurios tinham olhos que luziam enormemente voltados bem para a frente. Os Plesiosáurios tinham um corpo de baleia, porém de igual modo recoberto totalmente de escamas. E por serem mais preguiçosos, notava-se que realmente sempre apoiavam aquela parte que nadava ali pela terra lamacenta, como enormes barcos um pouco mais sólidos que se assentavam mais, a saber, eles já tinham quatro pernas, quatro patas bastante grosseiras com as quais eles até mesmo conseguiam andar muito comodamente. Eles não possuíam mais barbatanas como os Ictiosáurios sobre as quais estes se apoiavam. Os Ictiosáurios se apoiavam em barbatanas quando chegavam numa daquelas coisas duras, e no local onde se apoiavam as suas barbatanas se alargavam; portanto eles faziam uns pés para si próprios. Mas os Plesiosáurios possuíam pés em forma de mãos. E pelos seus remanescentes também se pode constatar que deviam ter costelas tremendamente fortes.

Esse era assim o estado, o aspecto da Terra naqueles tempos, esse era o modo como os Plesiosáurios levavam uma vida preguiçosa ali mais embaixo, era o modo como os Ictiosáurios voavam e nadavam por ali – pois os animais com as barbatanas também conseguiam voar baixinho – e por cima de tudo isso iam aquelas nuvens luminosas sempre rebrilhando ao crepúsculo e ao luar, nuvens que em realidade eram pássaros-dragões astrais. Tal era o aspecto geral.

Pois bem. Os Plesiosáurios eram uns tipos preguiçosos. No entanto, os senhores devem saber que isso tinha um fundamento. Naqueles tempos, a própria Terra era mais preguiçosa do que hoje em dia. Hoje a Terra gira sobre o

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seu próprio eixo em vinte e quatro horas. Naquela época ela precisava de muito mais tempo para isso; a própria Terra era mais preguiçosa. Ela se movia mais devagar sobre si mesma e disso resultavam em geral todas as demais coisas. Pois, o fato do ar estar tão limpo hoje em dia depende totalmente de nossa Terra girar sobre si em vinte e quatro horas, portanto, da Terra ter ficado mais ativa no decorrer do tempo.

Mas aquela época deve realmente ter ficado mais incômoda – a julgar pelo atual ponto de vista humano – para aqueles pássaros-dragões, pois eles passavam muito mal. Eles não consideravam que estivessem passando mal, pelo contrário, tinham enorme prazer e apetência por aquilo que, ao ser contado e ouvido atualmente, realmente se considera hoje como estarem passando muito mal aqueles pássaros-dragões. Pois, era o seguinte: imaginem o Ictiosáurio com seu imenso olho, arrastando-se, voando, nadando e tudo mais por um ar bastante quente; não obstante, este olho alumiava com grande intensidade. Esse olho luminoso atraia aqueles pássaros lá do alto como uma lâmpada atrai um mosquito. No mosquito os senhores têm o mesmo fenômeno em menor escala. Quando se acende uma lâmpada e há um mosquito no quarto, ele voa em sua direção sendo imediatamente queimado. Ora, aqueles pássaros lá do alto eram inteiramente hipnotizados pelos enormes olhos dos Ictiosáurios e lançavam-se para baixo; e assim o Ictiosáurio podia comê-los. De modo que os Ictiosáurios viviam daquilo que voejava por cima deles por ali no ar.

Se um ser humano pudesse ter andado naquela época por aquela curiosa Terra, ele diria: aqueles são uns enormes animais e eles comem fogo. Pois parecia ser isso, parecia ser exatamente isso, como se enormes animais zunissem e voassem por ali e comessem o fogo que voava em sua direção a partir do ar.

E aqueles Plesiosáurios – eu lhes disse que eles esticavam a cabeça assim para fora; mesmo neles os olhos

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também luziam e quando algum pássaro estava em vias de arremessar-se ali para baixo eles também obtinham alguma coisa.

Portanto, quando se aceita a realidade todo este assunto passa a coincidir. Assim, um cão mal alimentado também nos mostra costelas protuberantes. Na verdade, os Ictiosáurios arrebatavam aos Plesiosáurios todo o fogo para si; além disso, estes obtinham apenas os piores pássaros-dragões e por isso exibiam aquelas costelas excessivamente salientes. Hoje em dia ainda é possível constatar que os Plesiosáurios eram mal alimentados naqueles tempos primordiais.

Mas eu disse e os senhores poderão pensar: era incômoda a situação daqueles pássaros, daqueles pássaros luminosos tão belos lá do alto, pois, além do mais, eram belos os pássaros luminosos. No entanto, eles gostavam exatamente disso, eles sentiam um grande bem-estar quando podiam precipitar-se na goela de um Ictiosáurio. Eles encaravam isso como sendo sua bem-aventurança. Exatamente do mesmo modo como os turcos queriam um paraíso, desse mesmo modo aqueles pássaros consideravam sua bem-aventurança poderem precipitar-se na goela de um Ictiosáurio.

A esta altura, meus amigos, eu quisera dizer que a história quase se tornou realmente mais incômoda para o próprio comedor de fogo – ele precisava comê-los por necessitar deles como alimento –, ela se tornou mais incômoda para o próprio comedor de fogo do que para os outros que estavam entrando na sua barriga. Os pássaros de fogo arremessavam-se para dentro dali, dentro da sua bem-aventurança; mas para o Ictiosáurio a situação dentro da sua barriga tornou-se muito incômoda porque passou a desenvolver-se toda sorte de eletricidade dentro dela. E sob o influxo dessa comilança de fogo e dessa eletricidade que preenchia quase todo o Ictiosáurio – este quase nada tinha como superfície, pois ele era preenchido principalmente por um imenso estômago –, os Ictiosáurios iam ficando

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cada vez mais fracos. Na verdade, levou muito tempo – até mesmo a natureza de um peixe pode suportar muita coisa; outro dia eu disse da natureza humana que ela suporta muita coisa, mas também a natureza de um peixe, ou seja, a de um Ictiosáurio pode naturalmente suportar muito mais –, mas, apesar disso, os Ictiosáurios foram ficando cada vez mais fracos. Passavam por toda espécie de estados de fraqueza. Seus olhos passaram a não brilhar mais com tanta intensidade. Os pássaros já não eram mais atraídos com tamanha força. E a comida lhes ocasionava cada vez mais dores. Cada vez mais aumentavam as dores de barriga dos Ictiosáurios. – Ora, que significava isto? No mundo tudo tem um significado.

Vejam. Enquanto esses Ictiosáurios se desenvolviam ali na Terra e comiam aquele fogo, e aquele fogo era digerido em seu estômago, aquele estômago mudava de feitio; afinal ele já deixara de ser um verdadeiro estômago. E finalmente chegou o ponto em que os próprios Ictiosáurios, todos eles, adotaram outro feitio. Eles se transformaram.

A ciência atual limita-se a dizer: antigamente existiam animais diferentes e eles se transformaram. Ora, dizer isso não é melhor do que dizer às pessoas: antigamente existiu um Senhor Deus que desceu até a Terra tomou dela um pedaço e deste formou Adão. – Essa história pode ser tão bem entendida como a outra.

Mas aquilo que estou lhes comunicando neste momento pode ser muito bem entendido pelos senhores. Porquanto, por terem os Ictiosáurios e os Plesiosáurios comido os pássaros-dragões, por este motivo todo o seu interior transformou-se e eles se converteram em animais diferentes. Isso também resultou da Terra passar a girar cada vez mais depressa – não tão depressa como hoje, porém mais depressa do que antes, quando ela ainda era muito preguiçosa – e porque, além disso, o ar foi deixando cair cada vez mais materiais nocivos para os seres posteriores, materiais os quais, posteriormente, foram unidos à Terra. Principalmente tudo quanto era sulfuroso foi juntado à

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Terra. O ar tornou-se cada vez mais limpo, não tão limpo como o atual, porém bem mais limpo. Somente num estado muito posterior ele converteu-se numa espécie de ar aquoso, sempre perpassado de espessos vapores, de vapores nebulosos. Na realidade, antigamente o ar era muito mais limpo por ser mais quente. Mais tarde ele esfriou e tornou-se terrivelmente nebuloso. Havia sobre a Terra uma neblina que realmente nunca acabava; havia sempre uma camada de neblina recobrindo a Terra. Também a lama tornou-se aos poucos mais espessa e os primeiros cristais já começaram a cristalizar-se dentro dela. A lama se espessava, porém continuava ali. Embaixo ainda havia algumas partes espessadas e de permeio sempre algumas partes menos adensadas, algumas partes lamacentas esverdeadas e amarronzadas, e por cima disto havia um ar nebuloso.

Dentro desse ar nebuloso surgiam plantas gigantescas, muitas plantas gigantescas. Se os senhores andarem hoje em dia pela floresta e olharem para os fetos, hoje estes são minúsculos. Mas há muitos e muitos milhares de anos existiram plantas imensas, semelhantes a esses fetos, levemente enraizadas numa terra lamacenta e esponjosa, plantas que se destacavam por sua grande altura, nas partes onde a lama da Terra já se havia tornado um pouco mais espessa. De modo que mais tarde surgiu um estado da Terra que já era um pouco mais espesso. Ali já havia toda sorte de rochedos – eles se haviam solidificado, não muito, de um modo mais grosseiro, como a cera –, e entre eles havia lama em toda parte e de dentro disto cresciam então aquelas árvores de fetos, aquelas árvores enormes. Onde houvesse muitos rochedos por baixo, surgiam essas imensas florestas com suas enormes árvores. Mais adiante surgia um trecho livre – aí já era novamente diferente. O Ictiosáurio e o Plesiosáurio não poderiam mais fazer muitas coisas no meio dessas florestas imensas com suas árvores enormes que ali na natureza haviam aparecido para a Terra. Tudo já estava ficando muito duro lá embaixo para

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o Plesiosáurio e embora ainda estivesse suficientemente mole, o lugar havia ficado muito duro para o Ictiosáurio e ele se sujava mais ainda: formar-se-ia uma crosta ao redor das escamas. Eles não poderiam mais viver. Por outro lado, todos esses animais também já se haviam arruinado por comerem fogo. Se eles tivessem chegado a essa Terra posterior – embora esse posterior sempre significasse milhares e milhares de anos –, sim, o seu aspecto já seria muito diferente. A essa altura havia animais assim na lama, dos quais alguns restos ficaram conservados, de modo que podemos imaginá-los, também ficaram conservados em remanescentes, de modo que os podemos representar. Acima de tudo, tais animais também tinham uma enorme barriga e um enorme estômago, mas eles tinham uma cabeça que se parecia mais ou menos com a cabeça de uma foca atual, era, porém mais grosseira. Os olhos quase já se haviam escurecido enquanto os olhos dos animais precedentes luziam. Eles já tinham quatro patas, umas patas muito toscas. Mas, além disso, esses seres estavam totalmente recobertos de pelos muito delicados e as patas na realidade se assemelhavam a mãos grosseiras.

E esses animais levavam uma vida estranha naquela Terra. Durante certos períodos eles ficavam em terra firme, porém, lá no fundo embaixo dentro da lama, e eles se moviam dentro daquela lama. E, principalmente os seus peitos se mexiam. Eles tinham enormes peitos que eram meio pulmões e meio peitos. Era com se os pulmões ainda estivessem totalmente voltados para fora. Em determinados momentos eles se aproximavam das florestas, patinhando e nadando, e comiam aquelas árvores de fetos. Assim, de comedores de fogo os animais passaram a ser comedores de plantas. Aqui havia destes animais totalmente recobertos de cabelos como os das mulheres, que tinham enormes cabeças como se fossem cabeças grosseiras de focas. Se naquele tempo fôssemos passear por ali poderíamos ver aqueles animais e o modo

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como eles viviam em geral lá embaixo, como respiravam sob a água, sempre reapareciam, sentavam nas margens, serviam-se das florestas. Nelas eles comiam com suas enormes bocas uma grande porção daquele alimento que hoje não se poderia exatamente comer mais como refeição; eles comiam principalmente muita coisa retirada dessas imensas florestas. Esses são animais que, digamos, ainda estão totalmente preservados, e que hoje são chamados de vacas marinhas1 . . . (lacuna no texto).

– E como surgiram realmente esses animais? Sim, vejam, eles surgiram porque os antigos animais comeram os animais do ar. E o seu corpo foi transformado pelas forças elétricas. As vacas marinhas não surgiram diretamente dos Ictiosáurios que eu descrevi, porém de animais parecidos. Aquilo que anteriormente eles haviam comido transformou-se em sua aparência externa. Aquilo que eles absorveram interiormente tornou-se o seu feitio exterior. Foi comendo que estes animais se transformaram.

Quer dizer, isto é o que deve ser acrescentado agora à atual ciência natural. Vejam, na verdade, antigamente tudo também era muito mais mole do que hoje sobre a Terra; esses animais adotaram as formas que neles foram feitas pelo que comeram dos animais do ar.

E estes pássaros-dragões, por seu lado, tiveram de mudar a sua forma, porque na verdade também não existiam mais no ar aqueles materiais que antes houvera por ali. Eles caíram para mais próximo da Terra e então surgiram aos poucos as aves posteriores.

Mas, lá embaixo, mediante o comer, foi sempre surgindo um novo formato. Assim, por exemplo, de um animal semelhante ao Plesiosáurio originou-se outro com quatro pernas, como quatro enormes colunas, embora suportando uma enorme barriga, com uma cabeça que também era semelhante à cabeça de uma foca, porém tosca, e ele tinha uma cauda. Era também um animal

1 Vaca marinha: peixe-boi, manati. (N.T.)

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gigantesco. Ele era realmente muito grande. Se os senhores pisarem numa minúscula corruíra, ela naturalmente ficará embaixo do seu pé. Aquele animal poderia tranquilamente ter colocado a pata sobre uma avestruz e era tão grande que a teria pisoteado até a morte. Desse animal também existem remanescentes. Dão-lhe o nome de Megatério.

Esses animais também se movimentavam lentamente, o que se refletiu na sua constituição, também na medida em que avançam sobre quatro colunas; depois que a condição do ar se alterou eles igualmente se alimentavam daquilo que lhes voava para dentro da enorme boca, dentro da qual ainda havia dentes de crocodilo, embora um pouco mais fracos. Alguns outros animais se mantiveram, de modo que por ali ainda se agitavam animais parecidos com os sáurios, como crocodilos. Mas aqueles Megatérios, quando chegavam, pisoteavam-nos simplesmente até a morte. Sim, era assim que as coisas aconteciam!

E somente agora, após tudo aquilo haver ocorrido, aconteceu do ar livrar-se aos poucos daqueles vapores de água – pois tudo aquilo vivera dentro de vapores de água – e chegou a época em que pela primeira vez o Sol realmente pode atuar corretamente sobre a Terra, pois antigamente os raios solares sempre eram impedidos de atuar porque o ar era como um mar, conquanto rarefeito, porém era como um mar; nele os raios solares eram retidos. De modo que na realidade os raios solares somente passaram a descer até a Terra numa época posterior.

Sim, meus amigos, os senhores também precisam refletir mais um pouco sobre essa questão, e de uma maneira interior! Aqueles animais que se encontravam lá embaixo, os Ictiosáurios, os Plesiosáurios – as vacas marinhas e, posteriormente os Megatérios – ora, todos eles eram animais muito imbecis. O Ictiosáurio ainda era o mais inteligente, mas os outros eram efetivamente muito estúpidos. Mas não se pode dizer a mesma coisa dos pássaros-dagrões que se encontravam lá no alto. Eu já lhes disse anteriormente: estes possuíam uma incrível

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e delicada sensibilidade. Os senhores diriam: nós, seres humanos, somos mais inteligentes, nós não voaríamos como aqueles pássaros-dragões para dentro das goelas dos Ictiosáurios. – Todavia, eu não acredito nisso. Se os senhores tivessem vivido naquela época como pássaros-dragões, os senhores também teriam, por certo, voado para dentro das goelas. Entretanto, esses pássaros eram inteligentes. E eles tinham em primeiro lugar uma sensibilidade muito sutil para com a Lua e para com o Sol, assim como a tem o nosso olho, e dessa maneira eles sentiam com todo o seu corpo, isto é, com suas asas que hoje são imitadas, embora em pequena escala, pelas asas dos morcegos, as quais, na verdade, também são extremamente sensíveis.

Ora, esses animais eram sensíveis ao Sol e à Lua; à Lua, conforme já relatei, de tal modo que eles formavam ao redor de si uma espécie de envoltório eletromagnético que alumiava. E quando a Lua brilhava sobre o ar ígneo eles também começavam, como os vaga-lumes, a rebrilhar, a reluzir, a cintilar no ar com sua própria força luzente. Mas eles se davam conta de tudo isto. E não é necessário empregar nenhuma fantasia, porém pode-se proceder muito cientificamente para também poder saber que esses animais sentiam que o firmamento com astros era algo diferente dele sem astros. Na presença do firmamento eles se sentiam de modo a ter um grande bem-estar em suas asas quando os astros luziam sobre elas, razão pela qual as asas ficaram salpicadas.

Atualmente é possível comprovar esse fato até um determinado ponto se lhe dedicarmos muita atenção. Naturalmente, muito pouco ficou conservado desses pássaros, os quais tinham, na verdade, um complexo corpóreo muito mole, e quase não se consegue encontrá-los nas petrificações; mas é possível encontrar impressões das suas asas. Aquele que realmente souber estudar muito bem as petrificações, ou seja, as petrificações calcárias, as petrificações mais moles, este acaba encontrando tais

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impressões das asas. Mas é necessário que tenhamos a mente aberta, não podemos tê-la tão fechada como um professor catedrático. Portanto, havendo aqui um desses pássaros-dragões, que tenha deixado a sua impressão – da asa naturalmente não restou mais nada, mas sim a impressão no calcário –, nesta já é possível descobrir, se a examinarmos cuidadosamente, que ali se encontra impressa simultaneamente toda sorte de astros. São justamente os vestígios da impressão que os astros deixaram durante a noite sobre as asas dos morcegos. Estes morcegos sentiam se era dia ou se era noite.

Nesta altura não precisarei descrever-lhes muita coisa mais, pois os senhores já podem dizer a si próprios: – Ora, esta questão tem uma espantosa semelhança com aquilo que eu lhes descrevi aqui recentemente a respeito do fígado e dos rins! – O ser humano continua carregando em sua atual barriga, dentro de si, uma espécie de cópia do modo como as coisas aconteciam sobre toda a Terra. E aqueles pássaros-dragões eram como olhos da própria Terra. Ou seja – hoje posso dizer-lhes isso apenas para finalizar –, toda a Terra era um peixe, era um animal, e todos aqueles gigantescos animais viveram na Terra e andaram por ela e por ela chapinharam, da mesma forma como os corpúsculos brancos do sangue vivem dentro de nós. Dentro de nós ainda somos uma Terra como aquela. Os corpúsculos2 brancos do sangue que de resto, embora sejam pequenos, não deixam de ser semelhantes a eles em seu feitio, às vezes quase têm o aspecto, em sua pequenez, dos animais daquela época. De tal modo, portanto, que a Terra toda era um enorme peixe, um gigantesco animal e aqueles pássaros-dragões eram os olhos móveis com os quais a Terra contemplava e percebia o firmamento, o espaço solar, o espaço universal.

Que a Terra esteja morta hoje em dia, isso só surgiu muito mais tarde. Originalmente a Terra era viva, da 2 Corpúsculos: embora a ciência os denomine glóbulos, pequenas

esferas, por sua forma tentacular, ou estelar, mantemos a denomi-nação do original. (N.T.)

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mesma maneira como nós somos vivos. E aquilo que eu lhes descrevi acima como Megatérios, como vacas marinhas, Plesiosáurios, Ictiosáurios e tudo o mais, ora, aquilo tem uma espantosa semelhança, só que com enormes dimensões, com o que atualmente perambula pelo nosso corpo afora como corpúsculos brancos. E aquilo que eu descrevi ainda como pássaros-dragões, tem uma espantosa semelhança com o que se passa em nosso olho, só que neste, isso está imóvel.

E, dessa maneira, pode-se dizer: a Terra foi outrora um imenso animal que, em conformidade com a sua dimensão era bastante preguiçosa e girava apenas lentamente sobre o seu eixo dentro do Universo, mas que olhava para fora para este Universo através daqueles pássaros-dragões, que não eram senão olhos móveis que ficavam contemplando aquilo tudo. E o que eu lhes descrevi ali, aquela comilança de fogo e assim por diante, tudo aquilo também se assemelha espantosamente com o que ainda hoje se passa no estômago e nos intestinos. E os pássaros-dragões, por sua vez, mostram uma espantosa semelhança com o contraste dos corpúsculos brancos do sangue e as células cerebrais, conforme eu lhes descrevi, os quais na verdade se estendem para dentro dos olhos.

Em resumo, os senhores poderão compreender a Terra se a conceberem como um animal morto. A Terra é um animal morto. E somente depois que a Terra perdeu a sua própria vida, os outros seres, aos quais, conforme eu lhes descrevi o ser humano foi acrescido, puderam passar a viver sobre a Terra.

É exatamente como se nós morrêssemos como seres humanos e os corpúsculos brancos do sangue se convertessem em entidades independentes. Foi isso que se passou antigamente sobre a Terra com aquele gigantesco animal. E hoje nos postamos diante desse imenso cadáver. Não é de admirar que os geólogos da atualidade, os quais somente sabem estudar coisas mortas, estudem apenas o cadáver. Os geólogos da atualidade estudam apenas o

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cadáver. Em toda parte a ciência faz a mesma coisa, isto é, ela estuda apenas a coisa morta. Ela coloca o cadáver sobre a mesa de autópsia. No entanto, se quisermos efetivamente conhecer alguma coisa, será necessário que se retroceda para a coisa viva. Houve uma época em que a Terra foi viva, em que ela voou pelo espaço do Universo, movendo-se muito lentamente sem dúvida, como um imenso animal, e ela pôde olhar para fora pelos olhos que ela possuía em toda parte, que eram os pequenos pássaros-dragões móveis. Com estes ela olhava para fora, para o espaço dos mundos.

Da próxima vez teceremos considerações adicionais a esse respeito, pois se trata de um assunto muito interessante.

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ESTADOS PRIMORDIAIS DA TERRA IIDornach, 23 de setembro de 1922.

2ª conferência

Meus amigos! Será necessário fazer considerações um pouco mais detalhadas sobre o assunto já descrito. Por certo me foi possível mostrar-lhes, da última vez, que estranhos animais povoaram antigamente a Terra e também o modo como se comportaram, na realidade, aqueles animais extremamente estranhos. No final também me foi possível chamar-lhes a atenção para o fato de que a própria Terra foi em outros tempos, um ser vivo.

Vejam. Se considerarmos todos aqueles animais que em épocas passadas viveram sobre a Terra – da última vez eu lhes falei dos Ictiosáurios, dos Plesiosáurios, dos Megatérios, das vacas marinhas –, se considerarmos todos estes animais, dos quais, na verdade, ainda há remanescentes em vários museus, então descobriremos que eles têm uma peculiaridade, a saber, que na maioria das vezes eles estão externamente envoltos por uma couraça de escamas e que eles possuem poderosos e grossos antebraços, patas. De modo que era possível, não apenas passear tranquilamente sobre um desses animais – pois eram suficientemente grandes para tal –, e que também seria possível bater neles com um potente martelo, pois o animal não seria incomodado por tudo isto, justamente por estar todo ele bem revestido por aquela couraça de escamas. Contudo, em pequena escala e como minúsculos anões, daqueles antigos animais só restaram hoje em dia, por exemplo, as tartarugas ou os crocodilos. Dir-se-ia

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que tartarugas e crocodilos são, em pequena dimensão, aquilo que esses animais foram no passado em enormes dimensões. Portanto, imaginem aqueles antigos animais como sendo revestidos com uma dessas capas córneas, feita de placas córneas isoladas.

Agora faz-se necessário imaginarmos a procedência das capas córneas desses animais. Aqui devemos estudar todo o assunto a partir dos seus primórdios, não como um ser humano a partir da infância, porém o modo como o assunto evoluiu a partir do início. Imaginem uma vez que um cão tenha sido ferido em algum ponto. Os animais têm instintos curativos interessantes. Os senhores já devem ter reparado no que o cão faz quando se fere em algum lugar. Quando ele tem uma ferida em algum lugar ele começa a lambê-la, ele passa saliva sobre a mesma. E depois de passar saliva ele se contenta em deitar-se ao Sol, ele deixa o Sol luzir sobre a ferida. – E o que se dá então? Forma-se então uma espécie de crosta sobre a ferida. De modo que se pode dizer: caso isto aqui seja a ferida (desenho abaixo), ele passa saliva sobre a mesma de modo que ela fique recoberta de saliva em toda a sua superfície. Em seguida ele faz o Sol incidir sobre a mesma e, daquilo que ali fervilha, o Sol forma, juntamente com a saliva, uma crosta dura e, por baixo dela, inicia-se o processo de cura. O cão tem, portanto, um instinto muito extraordinário para a cura. Ele faz a coisa certa a partir do seu instinto.

Agora, podemos ampliar um pouco aquilo que nesse caso constatamos. Nós podemos examinar outro fenômeno extraordinário que nos leva a aprender, a compreender um assunto semelhante a este aqui da cura da ferida. Os senhores sabem que inspiramos ar. Quando inspiramos o ar recolhemos oxigênio para dentro de nós. O oxigênio se

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espalha em nosso complexo corpóreo. E quando o oxigênio se espalha em nosso complexo corpóreo, conseguimos viver. Sufocaríamos subitamente tão logo não pudéssemos mais receber oxigênio. – Mas, o que fazemos em prol disso? Nós não somos exatamente pessoas muito gratas pelo ar que nos dá o oxigênio. Em realidade, somos seres muito ingratos para com o ar, pois combinamos o carbono com o oxigênio dentro de nós próprios e isto se transforma em ácido carbônico, e a este último expiramos novamente. Com efeito, trata-se de algo muito ingrato para com os nossos arredores, pois com isso empestamos continuamente o ar. Se alguém for colocado dentro de ácido carbônico ele também sufocará. Mediante aquilo que é produzido em nosso próprio interior, a partir do bom e belo ar da respiração, empestamos os nossos arredores. Empestamos incessantemente os nossos arredores com ácido carbônico, um ar dentro do qual nenhum ser conseguiria viver – nenhum ser humano, nem qualquer ser vivo com jeito de animal. Portanto os senhores veem como de fato a vida animal consiste no fundo em sugar continuamente dos arredores para dentro de si, aquilo de que ela necessita para viver, porém devolvendo material morto aos arredores. Nisso consiste a vida animal.

Entretanto, com essa forma de vida animal, a situação sobre a Terra atual ficaria logo muito ruim, se todos os seres se comportassem de um modo tão indecente como os homens e os animais. Pois os homens e os animais empestam o ar. E se todos os seres se comportassem de uma forma tão indecente como os homens e os animais, então as coisas em geral já teriam acabado há muito tempo em nossa Terra, de tal forma que nada mais poderia viver; porquanto há muito tempo a nossa Terra já teria sido transformada num grande cemitério. Porém é bom que as plantas não se comportem de uma maneira tão indecente. Ou seja, elas fazem o contrário. Pois, enquanto nós aspiramos oxigênio dos arredores e empestamos o ar à nossa volta, as plantas aspiram ácido carbônico, retendo

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por sua vez o carbono e devolvendo novamente o oxigênio. De modo que pelo simples fato de existirem plantas na Terra, principalmente florestas, pode haver vida na Terra. Se não existissem florestas sobre a Terra ou se por outro lado existissem grandes empresas – em parte elas já fazem isso – que derrubassem as florestas, a vida se tornaria muito menos saudável sobre a Terra. Assim, pois, é justamente esse o motivo pelo qual precisamos das florestas sobre a Terra. Se atentarmos apenas para a madeira, tornaremos realmente a vida sobre a Terra cada vez mais impossível por derrubarmos as florestas. Assim podemos dizer: na Terra as coisas estão instituídas de tal maneira que os homens e os animais efetivamente se comportam de uma forma muito indecente, pois eles empestam tudo, enquanto as plantas e as florestas, estas reordenam tudo novamente.

Ora, vejam meus amigos como esta é hoje em dia a situação sobre a Terra, mas isto nem foi sempre assim. É necessário justamente obtermos total clareza a respeito do fato de a Terra ter-se modificado; dela ter sido muito diferente na época da qual eu lhes falei na conferência anterior; com certeza os senhores entenderam isto. Pois se os senhores forem passear agora lá no alto do monte Gempen, não irão encontrar um Ictiosáurio, conforme poderia ter acontecido em tempos passados. Agora, isto não acontece mais. Além disso, a Terra se altera continuamente e no futuro ela também terá um aspecto totalmente diferente do atual. – Mas, o que podemos ver agora, depois de tudo que já aprendemos até aqui? Podemos dizer: o que está dentro do homem, aquilo que ele dá de si, isto não conseguirá mantê-lo. Ele precisa receber algo mais; a fim de poder viver na Terra atual ele precisa receber aquilo que as plantas lhe dão. Nós não conseguimos viver exclusivamente do que temos em nosso interior, isto nos destrói.

De forma que os senhores podem enxergar com toda clareza o seguinte: aquilo que é usado no interior do homem nos destruiria se nos chegasse de fora. No interior, estaríamos em péssimas condições se tivéssemos

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um excesso de oxigênio. Mas o oxigênio precisa chegar continuamente de fora.

Portanto, o que é nocivo dentro, passa a ser útil quando chega de fora. O que é útil no interior é prejudicial quando chega de fora. É preciso ver, meus amigos, como é importante entender que aquilo que é proveitoso no interior, será prejudicial se vier de fora, e o que é prejudicial no interior, será proveitoso se vier de fora. Isso é tão importante que, se não o entendermos, entenderemos absolutamente nada.

Dessa maneira, podemos dizer: agora sabemos a respeito da vida presente que deve vir do exterior até nós, algo totalmente diferente do que temos em nosso próprio interior. Algo totalmente diferente precisa chegar-nos de fora.

Vamos agora retroceder mais uma vez até aqueles tempos remotos, após havermos adquirido alguns conceitos no presente. Retrocedamos mais uma vez e nos desloquemos na fantasia para a época em que os Ictiosáurios passeavam sobre a Terra, meio passeando, meio nadando, para a época em que os Plesiosáurios saltitavam sobre a Terra. Desloquemo-nos para aquela época. Sim, mas essa foi uma época que também já foi precedida de outra. Ora, qual foi a situação na Terra naquela época ainda mais remota, antes de existirem ali Ictiosáurios, Plesiosáurios?

Sim, meus amigos, segundo os remanescentes que foram conservados daqueles tempos muito remotos, os animais que existiam naquela época eram ainda mais desajeitados do que aqueles que vieram posteriormente. Os senhores sabem como era um desses Plesiosáurios –, conseguem vê-lo ao olharem para ele em qualquer um desses museus, com as suas enormes dimensões, com a sua pesada couraça de escamas, pesada como a armadura dos cavaleiros da Idade Média, com tudo que já era um pouco incômodo para mover-se, e com as suas pernas bambas – como eles já eram seres horrivelmente desajeitados. Os

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senhores sabem, portanto que eles não eram seres com facilidade para movimentos. Mas esses seres desajeitados tinham, todavia, algo como pés semelhantes a barbatanas, com os quais podiam nadar, com os quais podiam até mesmo segurar-se em alguma coisa. Portanto, se podemos dizê-lo dessa forma, isso já era uma espécie de época moderna. Mas os animais que existiram antes disto, antes desses Ictiosáurios, Plesiosáurios, Megatérios, os animais existentes anteriormente, esses eram muitíssimo mais desajeitados, pois eles não possuíam realmente muito mais que um corpo mole, dentro do qual tudo ficava reunido: na frente um pouquinho de alguma coisa parecida com uma cabeça, atrás uma cauda relativamente longa e, recobrindo tudo, uma enorme couraça de escamas.

Caso os senhores já tenham visto alguma vez, por exemplo, uma ostra, os senhores podem imaginá-la como um minúsculo anão diante deles. Em seu interior, a ostra tem apenas um corpo totalmente feito de mucosidade, com uma concha em toda sua volta. Ora, se imaginarem uma concha um pouco diferente, com escudos semelhantes aos da tartaruga e por dentro também um daqueles corpos como os das ostras, então terão aproximadamente os animais que viveram naqueles outros tempos sobre a Terra, antes de nela estarem os Ictiosáurios e Megatérios.

Naqueles tempos a Terra era muito espessa, ela era mais densa que o leite. Tudo que existe hoje lá fora como montanhas, ainda estava dissolvido. Era, pois uma matéria muito espessada, adensada. Lá dentro daquele molho – toda a Terra era um molho tremendamente espesso no espaço universal – nadavam essas ostras gigantescas. Diante delas toda esta nossa sala aqui onde nos reunimos, ainda seria como um anão. Eram ostras tão imensas que, se inscrevêssemos sobre as suas costas, por exemplo, a França atual, ela caberia facilmente em cima delas. Os mais velhos desses animais eram uns sujeitos enormes, pois a própria Terra também era ainda imensamente grande. Portanto, em tempos muito remotos existiram uns

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animais gigantescos que em realidade consistiam apenas de uma massa de muco e que na verdade também podiam mover-se apenas como as ostras, só que ostras precisam estar em águas muito mais rarefeitas. Mas esses animais mucosos que tinham uma enorme couraça de tartaruga nadavam dentro daquela terra adensada.

Dessa maneira os senhores veem como a Terra era realmente uma coisa semelhante a algo que se pode representar hoje como uma imensa sopa densa contendo como que algumas almôndegas. Mas os senhores devem representar essas almôndegas como sendo algo que se tornou muito duro num dos lados, tão duro que quebrariam os seus dentes se as mordessem por este lado, e que era muito mole no outro lado. Então os senhores poderiam erguer um dos lados dessas almôndegas e conseguiriam destacar algo assim como um chapeu. E a outra parte seria muito mole e poderiam até mesmo comê-la. Nesses animais, aquela parte era muito mais mole que aquilo em que nadavam, mais mole que a terra adensada. Por isso, naqueles animais, a situação também era semelhante à de hoje na qual apenas uns animais muito pequenos podem manter-se. Fora disso os senhores devem ter visto caramujos rastejando às vezes pelas imediações. Quando caramujos se arrastam por aí, os senhores podem seguir-lhes o rasto; este estará cheio dessa mucosidade; já devem ter visto isto que o caramujo vai deixando para trás. Hoje em dia essa mucosidade é ressecada pelo Sol. Hoje ela não tem mais muito significado. Mas imaginem como naqueles tempos remotos, quando a Terra ainda não era tão sólida, como aqueles animais também deixavam para trás a sua mucosidade, ali dentro da espessa sopa terrestre, e como esta se misturava com aquela sopa terrestre adensada. De modo que esses animais eram sempre muito úteis nessa sopa terrestre engrossada.

Atualmente somente é possível investigar tais coisas em vestígios muito diminutos, quando se anda por um caminho no qual choveu muito. Aqui perto do Goetheanum,

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particularmente, pode-se observar o seguinte: então as minhocas rastejam para fora. Com certeza os senhores devem ter visto, em períodos especiais de chuva, como as minhocas se arrastam para fora em toda parte. – Onde ficam as minhocas pelo restante do tempo? Ora, elas ficam dentro da terra, elas se arrastam dentro da terra e fazem ali aqueles furos pelos quais rastejam. Vejam, se essas minhocas não existissem os nossos campos seriam muito menos férteis. Porquanto aquilo que as minhocas vão deixando para trás na terra, torna férteis os campos. Na verdade, não podemos pensar que haja qualquer coisa inútil na natureza.

E era assim também com aquelas enormes ostras naqueles remotos tempos. Elas segregavam continuamente na sopa terrestre aquilo que davam de si como muco e com este sempre avivavam aquela sopa terrestre, elas sempre a avivavam.

Mas a história é a seguinte: na terra atual – por muito que os caramujos e as minhocas de igual modo ainda lancem aquilo que segregam dentro dela –, na terra atual tudo isso morre novamente. Pode-se aproveitar muito bem aquilo que as minhocas entregam como esterco às lavouras, num certo sentido pode-se empregar até mesmo muito bem nas lavouras o que os caramujos entregam como esterco, e não só nas lavouras, porém também nos pastos, aquilo que está sobre a terra; quando o muco de caramujo penetra na terra é um excelente adubo. Mas – Vejam! – este não fica mais vivo; não fica vivo o que hoje penetra na terra por meios animais.

Mas, na época da qual agora estou falando, quando aquelas enormes ostras depositavam os seus produtos dentro da sopa terrestre, acontecia algo realmente extraordinário – até hoje acontece algo semelhante. Na verdade, a fecundação que ocorre com determinados animais inferiores e até mesmo com alguns animais assaz superiores, não ocorre de forma semelhante à dos animais superiores e à dos homens, porém a fecundação se dá,

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diria eu, em determinados animais parecidos com os peixes, ou até nos anfíbios ou nos batráquios, de tal forma que os ovos sejam depositados; eles são depositados em algum lugar e de tal forma que neste lugar se encontre um punhado de ovos depositados pela fêmea; e então o macho simplesmente lança sobre estes ovos o seu líquido seminal, fora da fêmea; e só depois os ovos passam a ser fecundados, fora da fêmea. Isso ainda ocorre nos dias de hoje. De modo que se pode dizer: a fêmea deposita os ovos em algum lugar e se afasta. O macho encontra esses ovos, fecunda-os e também se afasta. Logo, toda a fecundação se dá externamente. Ela apenas deixará de dar-se, isto é, nada acontecerá, se o Sol não brilhar sobre esses ovos fecundados. Se o Sol não luzir sobre eles nada sairá deles, eles morrerão. Mas, se o Sol luzir sobre os ovos fecundados, deles surgirão novos animais. Isso acontece até os dias de hoje.

Na época em que aquelas gigantescas ostras nadavam pela sopa terrestre, aquela mucosidade, ao penetrar na terra, agia de tal maneira que, de dentro da própria terra, sempre se reproduziam aqueles enormes animais. Os velhos morriam, mas de dentro da própria terra desenvolviam-se novos animais. A Terra paria continuamente aqueles imensos animais, embora fossem altamente desajeitados. Tal era a Terra que ela própria era fecundada por aquilo que esses animais segregavam. De modo que os senhores podem, portanto imaginar: em épocas passadas existia uma vida terrestre; a Terra toda era um ser vivo. Mas a sua vida precisava ser mantida pela secreção da mucosidade desses animais. Se existisse apenas essa sopa terrestre adensada, esses gordos animais dali também estariam brevemente extintos. Todavia, eles segregavam e por meio disso a vida da Terra era continuamente preservada, de tal modo que tais animais germinavam continuamente da própria Terra. Em seguida, eles próprios, por sua vez, fecundavam a Terra e esta então podia fazer crescerem novamente tais animais de dentro de si.

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Mas esses animais não teriam podido segregar nela esse muco se não houvesse outra coisa. Vejam! A Terra era uma sopa extremamente densa; mas eu também lhes disse: o muco dos animais era muito mais ralo que a sopa terrestre, ele era muito mais ralo. Mas, de onde provem isso, dos animais poderem ter um muco tão ralo? Pois, na verdade isso deveria ser totalmente impossível, dos animais poderem ter um muco mais ralo que a Terra em geral. A Terra também era uma pasta, um muco, porém muito espesso; mas, sem cessar, sobrevinham aqueles grumos de muco mais ralo. – Como surgiam eles?

Vejam, meus amigos, basta os senhores terem aqui um copo e dentro dele um líquido, a água na qual dissolvam sal; então pode dar-se do sal cair ali no fundo. E o sal acumula-se ali no fundo como sedimento; mas então a água é mais rala. Somente após o sal ter sido dissolvido, a água fica mais densa. Ora a água está mais rala porque o sal ficou de fora. A saber, mais tarde os senhores obterão água mais rala em cima e água muito mais densa no fundo. E se eu pudesse fazer o seguinte: inverter o copo – agora na verdade, se eu fizesse isso então naturalmente toda a água salgada simplesmente fluiria para fora e a coisa não se formaria. Mas com aqueles antigos animais aconteceu exatamente da coisa se inverter. Com aqueles antigos bichos a coisa foi assim: aqui estava a terra adensada; então aqui se formou alguma coisa. Cá em cima a couraça de escamas e mais abaixo o muco. – O que era, pois a couraça de escamas? Ela nada era senão aquilo que se segregou de dentro da massa terrestre adensada. Exatamente da mesma forma como o sal é segregado da água para o fundo, essa massa adensada, essa massa muito mais densa segregou-se e depois formou uma couraça de escamas como nas tartarugas, a partir do espessamento da massa terrestre, porém, de modo inverso para cima; ela segregou-se de tal forma que a parte mais rala restasse no fundo. E é desse modo que o copo invertido, ou melhor, a

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cabeça pôde erguer-se para fora dessa água. Somente o sal veio para cima.

– E o que ocorreu a seguir com esse sal? Sim, meus amigos, agora retornemos novamente para aquilo que o cão faz quando tem uma ferida. Quando o cão tem uma ferida ele a lambe. Depois deixa o Sol brilhar sobre a mesma; e tudo aquilo engrossa, acabando por matar o que está lá dentro da ferida. Senão viriam as bactérias e a ferida aumentaria e todo o cão se acabaria. Vejam! Naquele lugar se forma uma crosta, uma crosta daquilo que está em seu interior. O muco que o cachorro coloca sobre a ferida é algo interior; quando o Sol reluz sobre isto, ele engrossa o muco pelo calor.

Foi exatamente a mesma coisa que aconteceu no caso daqueles animais, naquela época tão remota. Ali o Sol brilhou por sobre aquela grossa sopa terrestre e por isso, por ter o Sol brilhado sobre ela, surgiram os espessamentos em alguns locais isolados, da mesma forma como eles surgem no cão sobre a ferida. Essas eram conchas. E embaixo delas, por ter-se formado um adensamento, apareceu uma massa de muco mais rala. E assim tiveram origem aquelas gigantescas ostras. No entanto, aquelas ostras gigantescas absolutamente não poderiam ter sido formadas, se o Sol não brilhasse sobre elas. Isso teria sido impossível. Portanto, temos agora uma coisa extraordinária: temos a Terra – quero desenhá-la numa escala bem pequena -; o Sol brilha sobre a Terra durante o dia e extrai da Terra aquelas enormes ostras. Assim podemos dizer: havia antigamente uma época em que a Terra era uma sopa grossa e, por ter sido iluminada de fora pelo Sol, formaram-se aqueles animais.

Naquele tempo, todavia, de nada teria servido o fato de que a Terra, por sua vez, poderia ser fecundada assim que esses animais, ao nadarem pela sopa, deixassem para trás o seu ralo muco. Isso não teria adiantado nada. Sim, a Terra deve, pois, não obstante, ter sido mais alguma outra coisa em seu interior. Ela deve ter sido semelhante a um ovo. Só desse modo ela poderia ter sido fecundada.

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Não se consegue entender isto? Digamos assim, que a Terra outrora pode ter sido como um ovo. Somente nessa condição ela pode ter sido fecundada.

Portanto, devemos estudar, por outro lado, como isso é realmente possível, esse tal do ovo, de ele poder ser fecundado, pois chegamos à condição na Terra em que existia uma espessa sopa terrestre. Portanto, os seres que podem ter fecundado, chamemo-los de seres masculinos, nós já os encontramos ali na época antiga; mas, no caso da Terra ter sido o ser feminino geral – nós ainda não o encontramos e agora também devemos procurá-lo por sua vez. Necessitamos descobrir como a Terra pode ter sido, em outros tempos, um desses imensos ovos.

Vejam! Se os senhores quiserem descobrir alguma coisa assim, já será preciso examinar um pouco mais o mundo. E agora eu devo chamar em primeiro lugar a sua atenção, de um modo engraçado, para um campo totalmente diferente, para uma coisa que, todavia ainda existe hoje em dia, embora num estado realmente tão diluído, eu diria, que muita gente não atenta muito para ela em sua consciência. No entanto, não é realmente apenas a partir de certo agir secreto que os poetas quando querem descrever os pares enamorados na evolução do amor, fazem os amantes caminhar ao luar. O luar possui algo que age sobre a fantasia dos seres humanos de uma forma extraordinária.

Talvez os senhores imaginem que isso nada tem a ver com este assunto, porém tem tudo a ver. O luar impele a fantasia do homem para fora. Vejam! Isso é extraordinário: o luar impelir a fantasia do ser humano para fora. Quando os homens que hoje são tão eruditos, têm algumas vezes um acesso de bom senso, eles chegam a coisas muito bonitas, a coisas lindinhas. Assim, houve em Paris, há algum tempo, um erudito que disse: com todos esses medicamentos que temos hoje em dia na medicina pode-se realizar muitíssimo pouco para os homens e – é realmente extraordinário que um doutor parisiense finalmente tenha

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concluído isto! – se quiséssemos tornar as pessoas mais sadias poderíamos fazer outra coisa. E, pasmem meus amigos! O doutor de Paris recomendou às pessoas que lessem amiúde o “Fausto” de Goethe – pois assim elas ficariam mais saudáveis em vez de tomarem todas aquelas bobagens que apenas estimulam o intelecto –, pois o “Fausto” de Goethe estimula a fantasia e a fantasia é saudável. – Até mesmo um doutor materialista achou a leitura do “Fausto” de Goethe tão boa, pois ela estimula a fantasia, que ele disse: hoje em dia os seres humanos são inteligentes a ponto de apenas forçarem o intelecto; mas o intelecto deixa-nos realmente doentes. No entanto, se as pessoas lessem o “Fausto” e transferissem para dentro de si todas as imagens que estão no “Fausto”, elas se tornariam muito mais saudáveis.

Ora, o doutor queria que os seres humanos se deixassem penetrar um pouco por uma força de crescimento saudável. As pessoas devem impregnar-se um pouco com a força do crescimento! Vejam, na verdade esse foi uma vez um momento iluminado, dos quais a ciência atual tem apenas alguns, pouquíssimos. Esse foi um momento saudável que a atual ciência teve. Isso é saudável porque nos estimula a digerir melhor. Certamente é verdade: o homem digere melhor quando estuda o “Fausto” de Goethe, do que quando estuda todas as obras eruditas. Neste último caso ele estraga o seu estômago. Com o “Fausto” de Goethe o estômago torna-se cada vez melhor; mas os outros órgãos igualmente melhoram. – E de onde vem isso? Ora, é porque o “Fausto” goetheano procede da fantasia e não do intelecto.

Imaginem agora, se o ser humano se deixa excitar pela Lua, a fantasia é estimulada. Portanto, no homem são excitadas pela Lua exatamente as forças do crescimento. Mas hoje em dia isso se dá numa medida muito reduzida. Na verdade, o homem sente-se apenas um pouquinho aquecido por dentro, isto é, ao fazer um passeio ao luar ele sente as

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suas forças de crescimento interiormente estimuladas. Isso até é verdade. Mas não é muito levado em consideração.

A Lua está, todavia relacionada com tudo aquilo que significa vida no homem. Posso indicar-lhes um pequeno fato que mostra de forma extremamente forte, como a Lua está relacionada com a vida. Vejam, hoje, quando se chama a atenção para algumas coisas que as pessoas já sabiam em outras épocas – se os senhores se recordarem, por exemplo, daquilo que eu lhes disse aqui sobre a cabeça romana de Jano, com duas faces –, então podem imaginar que antigamente as pessoas sabiam mais do que hoje; embora não fossem mais “inteligentes” elas sabiam mais. Atualmente, quando em verdade está soterrado sob a inteligência dos homens tudo aquilo que eles sabiam em outros tempos, hoje dizemos: ora, uma criança é carregada durante nove meses. – Mas a medicina que ainda manteve por vezes, como na língua latina, as velhas representações – os médicos atuais na verdade não querem saber mais nada delas, mas algumas vezes elas ainda existem, essas velhas representações –, a medicina diz: o filho é carregado durante dez meses. – De onde vem isso, meus amigos? Ora, se os senhores calcularem que um mês lunar tem aproximadamente 28 dias: dez vezes 28 = 280 dias. Um mês, como o temos hoje, calculado em 30 dias, quando tomado nove vezes, também tem quase a mesma coisa: 270 dias. A saber, os nove meses que temos atualmente, equivalem a dez meses lunares. Ora, ambos os tempos são iguais. Antigamente calculava-se amiúde segundo os meses lunares, quando se falava do período de gestação da criança no corpo da mãe.

– De onde vinha isso, meus amigos? Era porque ainda se sabia que a formação da criança no complexo corpóreo da mãe está relacionada com a Lua. Houve um tempo em que se sabia, e hoje se pode constatá-lo novamente pela Antroposofia, que a Lua é que possibilita para o ser humano que a criança possa se desenvolver como um ser vivente.

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Mas essa Lua na verdade age apenas sobre os seres femininos do reino humano e do reino animal, porque estes estão preparados para isto. Hoje a Lua não age mais sobre a Terra. Aqui ela não produz mais ovos atualmente. E, todavia, se estudarmos o assunto metodicamente, descobriremos que a fantasia é excitada, e não apenas no sentido mais sutil e, com isso, as nossas forças de crescimento são excitadas; e somos penetrados por um movimento interior quando fazemos um passeio ao luar. A Lua age em nós de forma aviventadora, mas ela age de uma maneira tão intensamente aviventadora no corpo feminino, humano e animal, a ponto de dotar a criança ou o animal com forças de crescimento.

Vejam! Fora disso a Lua que brilha ali do alto do céu, não consegue fazer com que a própria Terra cresça, porque hoje a Terra já está muito morta. Portanto a Terra que podia ser fecundada no passado também deve ter sido mais viva.

E agora, lembrem-se de que eu lhes falei que aquilo que está no interior do homem é nocivo quando nele penetra de fora. Portanto, a Lua que hoje brilha lá do alto sobre a Terra não pode mais provocar vida. – Por quê? Porque seu brilho vem de fora, exatamente como quando o ar que nós próprios damos de nós, vem de fora. Então ele não pode mais aviventar-nos interiormente. Logo, hoje a Lua lá no alto nada mais pode fazer com a própria Terra. Hoje a Lua só pode fazer alguma coisa no corpo animal e humano porque estes estão protegidos.

– Mas, onde teria estado a Lua em tempos remotos, para poder fazer da própria Terra um ser vivo? Fora da Terra ela não conseguiria fazer desta um ser vivo. Ela deveria ter estado dentro da própria Terra! Exatamente da mesma maneira como o carbono quando está de fora, não consegue mais aviventar-se, porém precisa estar dentro, precisa vivamente desenvolver-se no interior, assim no passado o luar não estaria fora, porém dentro da Terra.

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Do mesmo modo, meus senhores, imaginem como antigamente, quando existiam aqueles seres, a Lua com toda certeza não estava fora da Terra, porém estava dentro dela, dissolvida na densa sopa. Ela certamente não era ainda limitada, porém ainda era uma esfera adensada ali dentro. Ali ela podia converter a Terra toda em ovo. Dessa maneira chegamos ao fato, justamente, de que a Lua, que hoje ainda age apenas sobre a fantasia e sobre o corpo feminino fecundado, que a Lua que se encontra lá em cima no céu, esteve dentro da Terra em épocas remotas.

Nesse caso, todavia, a Lua também deve ter saído da Terra algum dia. Senhores! Vejam como chegamos dessa maneira a um momento extremamente importante da evolução da Terra: a Lua que hoje em dia sempre está lá fora, antigamente esteve no interior da Terra. A Terra a segregou. Hoje a Lua a envolve por fora.

Se estudarmos todo o corpo terrestre passaremos a descobrir deste modo uma coisa extraordinária. Na verdade, quando estudamos o corpo terrestre temos realmente um corpo terrestre que consiste de água e aqui nesta água nadam continentes, nadam massas terrestres do mesmo modo como antigamente nadavam por ali aqueles imensos animais. A Europa, a Ásia e a África nadam nessa água do mesmo modo como no passado aqueles enormes animais nadavam pela sopa terrestre, pela densa sopa terrestre. E, ao estudarmos o seu aspecto – os senhores sabem que o aspecto não é mais o mesmo –, então continuaremos a ver até hoje, por uma fossa da Terra e pelo desvio dos continentes, que a Lua voou antigamente para fora da Terra dali onde está o Oceano Pacífico. A Lua esteve dentro da Terra e depois voou para fora dela. Somente depois de estar lá fora ela endureceu.

Lancemos agora um olhar retrospectivo sobre o antigo estado da Terra. Naquele tempo a Terra ainda continha a sua Lua dentro do seu complexo corpóreo. Esta, mediante a sua substância converteu a Terra em mãe, e a substância paterna foi provocada pelo Sol, porquanto o Sol produzia continuamente aqueles grumos de muco

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que a envolveram pelo lado de fora com um grosso manto córneo. Isto foi realizado pelo raio solar. E esses grumos de muco sobrenadantes fecundaram continuamente aquilo que estava embaixo na sopa terrestre e que foi mantido em vida pela Lua. De modo que a Terra era um imenso ovo continuamente fecundado por aquilo que o Sol realizava.

Sim, meus senhores, se a história houvesse continuado desse modo, resultaria uma condição muito incômoda para a Terra. A Lua teria então voado para fora. A Terra ter-se-ia tornado estéril e tudo finalmente até teria morrido. – Mas, o que foi que resultou daquilo? Então, por voar a Lua para fora da Terra, na verdade resultou que esta morreu, embora algo daquela ação fecundante fosse preservado no complexo corpóreo materno, animal e humano. Anteriormente não tinha na verdade havido absolutamente um vir-a-nascer da maneira como há hoje em dia. Exatamente do mesmo modo como quando se vai fazer uma nova fornada de pão, toma-se um pouco do velho fermento e depois se o coloca ali dentro, desta mesma maneira também permaneceu um pouco da antiga substância retirada da Lua, nos complexos corpóreos femininos, de maneira que estes pudessem ser fecundados. O que é fecundado dentro deles, aquilo que é interiormente convertido em ovo, é uma cópia do antigo ovo-terra. De maneira que não é de admirar que, quando surge a criança, a história da Lua continue a vagar ali por dentro e que até mesmo o período durante o qual a criança é embalada ali dentro se oriente segundo a Lua. Afinal, o filho de um nobre também deve acomodar-se às circunstâncias da sua herança que seu pai lhe houver deixado. O mesmo deve fazer o ovo fecundado, o qual, na realidade, descende da antiga sopa lunar. Isso ainda deve orientar-se até os dias de hoje pela antiga Lua, pois dela foi herdado.

Vejam! Em geral se sabia antigamente muito mais a respeito dessas coisas. Vou dar-lhes mais uma vez os fundamentos disso. Antigamente se sabia muito mais a respeito disso e dizia-se: o Sol é masculino. Mesmo em latim ele é masculino. Lua, feminino. Na língua alemã (do

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original) isso foi invertido: em alemão o Sol é uma palavra feminina e a Lua é uma palavra masculina.3

Mas, já o antigo latino fazia um gracejo a respeito disso e dizia – trata-se apenas de um gracejo com o qual quero encerrar as considerações de hoje: aqui eu queria dar-lhes apenas algo com que nos defrontaremos da próxima vez com muito maior clareza – pois, o antigo latino dizia: temos inicialmente uma Lua assim, depois a Lua aumenta, fica assim e depois fica cheia; depois ela diminui novamente e fica assim. – E, vejam, se tomarmos essas palavras duma língua latina, então poderemos transformar isto aqui, a Lua minguante num C (desenho), e isto aqui, a Lua crescente, o primeiro quarto, num D; então resulta do C = crescer. Mas justamente nesse período a Lua decresce, ela não está crescendo quando forma um C! Em contrapartida, decrescer = D, então ela cresce. De maneira que quando

olhamos para o alto, no céu, a Lua nos diz: “eu cresço”, quando propriamente ela decresce; e também o inverso. Daí surgiu mais tarde uma expressão: a Lua é mentirosa. Ela mente para nós.

No entanto, isso por certo também tem outra significação. Aos poucos as pessoas começaram a envergonhar-se de falar sobre assuntos relacionados com a Lua, porque as coisas lunares têm a ver com a origem do ser humano. Esses assuntos foram se tornando algo sobre o qual não se falava. E as pessoas perderam a possibilidade de falar em geral de maneira correta sobre coisas relacionadas com a Lua. Por isso a Lua também se tornou mentirosa. Quando se olhava para ela, ela não dizia mais aos homens aquelas coisas pelas quais eles se

3 Em português o Sol é masculino e a Lua feminino, como no latim. (N.T.)

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ligam. Aos poucos os médicos perderam o hábito de falar a respeito disto, de que a criança permanece durante dez meses lunares dentro do corpo da mãe e passaram a falar então dos nove meses solares que, na verdade, têm mais ou menos a mesma duração. Mas, se trata realmente de dez meses lunares e, não de nove meses solares. Isso tem relação com a Lua e procede do fato de que em tempos remotos a Terra carregou em suas entranhas, dentro de si, a Lua; e de que a própria Terra a pariu lançando-a ao espaço universal.

Agora, pensem os senhores: no fundo, não estou lhes contando nada senão aquilo que alguém lhes contaria hoje em dia sobre uma antiga neblina cósmica, sobre um vapor do qual a Terra se houvesse separado novamente e a Lua houvesse saído dela novamente. – Todavia, tudo isso é pensado de forma mecânica! Tudo isso é materialista! De um vapor, por mais vapor que fluísse dele, jamais qualquer coisa poderia tornar-se viva. Mas o que eu lhes relatei não é sobre um velho vapor. Os senhores podem produzir quantos vapores quiserem numa caldeira e querer separar algo – mas, o que eu lhes relatei leva-os de volta à realidade. Essa é a realidade e não aquele vapor do qual Júpiter ter-se-ia separado, e a Terra; e quando a Terra ainda era igual a Júpiter, então a Lua lançou-se para fora dela. Pois a verdadeira Lua está relacionada com todo o crescimento e, digamos, até mesmo com a reprodução do ser humano, e a Terra teve dentro de si, num passado remoto, a sua própria força de reprodução, ela foi Terra maternal e foi fecundada pelos animais que existiam sobre ela, com as suas conchas e ela foi fecundada pelo brilho do Sol. Dessa maneira os senhores veem como saímos paulatinamente da Terra rumo ao espaço universal lá fora.

Naturalmente estou forçando um pouco a atenção dos senhores; mas os senhores veem como também se aprende algo verdadeiro!

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O MAIS PRIMORDIAL ESTADO DA TERRADornach, 27 de setembro de 1922.

3ª conferência

Da última vez eu falei com os senhores do voo da Lua para fora da Terra e de como este fato está relacionado com a vida na Terra em geral. Até posso imaginar que os senhores tenham muitas perguntas. Poderemos tratar delas mais adiante, no próximo encontro. Até lá os senhores poderão refletir um pouco mais. Mas hoje eu ainda devo explicar algumas coisas. Dessas coisas também podem talvez surgir algumas perguntas.

Nós dissemos: enquanto a Lua estava dentro da Terra, enquanto isso, a questão da força reprodutora dos seres animais era algo totalmente diferente do que se tornou mais tarde, após a Lua ter-se retirado. Eu lhes disse que, na época, em que a Lua ainda estava na Terra, ela entregou

em favor da Terra aquelas forças que, de certa maneira, são as forças maternas, as forças femininas. De modo que podemos imaginar que houve uma época em que a Lua

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ainda estava dentro da Terra. Quero desenhar-lhes como era aquilo, mas apenas muito esquematicamente.

Quando a Lua ainda se encontrava dentro da Terra, ela não estava bem no centro dela, porém um pouco de lado (desenho). Se os senhores olharem para a Terra nos dias de hoje, por certo também se darão conta de que, de um lado, mais para o lado de onde está a Austrália, há muita água sobre a Terra, enquanto deste lado onde fica a Europa, há muito chão. De modo que, na realidade, a Terra não está repartida por igual entre chão e água, porém a Terra está repartida de tal forma que de um lado está a maior parte do chão e de outro lado a maior parte da água. Portanto, o material não está distribuído por igual sobre a Terra (desenho da direita). As coisas também não estavam distribuídas por igual quando a Lua ainda estava dentro da Terra. A Lua ficava justamente para o lado onde a Terra tem em geral a tendência de ser pesada. Naturalmente, se ali houver um material sólido, ali será mais pesado. De modo que é preciso desenhar essa situação da forma como eu o desenhei ali com o giz branco.

No entanto, os senhores devem formar a representação de que naquele tempo a fecundação se processava de tal modo que a Lua, embora estando dentro da Terra dava àqueles enormes bichos a força mediante a qual eles forneceriam até certo ponto o material reprodutor. Não se pode dizer que os animais já naquele tempo botavam verdadeiros ovos. Aquelas enormes ostras eram realmente apenas uma massa mucosa, elas próprias, e segregavam de si justamente uma pequena parte. De modo que uma dessas ostras gigantescas que originalmente podia ser tão grande quanto a França inteira, conforme eu lhes descrevi da última vez, possuía uma poderosa crosta sobre a qual teria sido possível andar e, do lado voltado para a Terra, ela possuía uma massa mucosa. As forças lunares agiam sobre esta massa mucosa e deste modo uma pequena parte da massa mucosa se separava. Esta continuava nadando pela Terra. E quando o Sol, por sua vez, passou a brilhar

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sobre ela – expliquei-lhes isto de uma forma bem visível com o exemplo do cão –, formou-se uma casca de ovo e, por isso, por formar-se a casca de ovo, a massa mucosa da ostra, por sua vez, inclinou-se a segregar uma pequena parte, tornando possível o surgimento subsequente de um novo animal. De maneira, portanto, que as forças femininas procediam da Lua que estava dentro da Terra e as forças masculinas procediam do Sol que brilhava de fora sobre a Terra. Aqui, meus senhores, lhes descrevo uma época muito bem determinada, uma época em que a Lua ainda se encontrava dentro da Terra.

Por outro lado, os senhores devem imaginar o seguinte. Nos dias de hoje, nos quais a Lua está lá fora, lá fora da Terra, ela age de um modo muito diferente. Pois os senhores também sabem que quando o ácido carbônico está dentro do homem – eu lhes disse isto no último encontro –, ele age de modo muito diferente de quando está fora do homem, onde ele é um veneno. Se os amigos se lembrarem da reprodução dos animais de hoje, deverão dizer: os animais precisam produzir ovos e em seguida estes ovos precisam ser fecundados de alguma maneira. Aquilo, portanto, que a Lua dava antigamente quando estava dentro da Terra, os animais têm agora dentro de si. Os animais têm as forças lunares dentro de si.

E, sem dúvida, a Lua também envia forças de fora. No último encontro eu lhes disse: até mesmo os poetas sabem que a Lua dá forças à Terra. Mas estas são forças pelas quais a fantasia é excitada, são forças que nos

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aviventam interiormente. São forças que não agem mais sobre a reprodução, porém, irradiam de fora para dentro, não conseguem mais realizar a reprodução.

Assim os senhores devem representá-las: aquilo que a Lua podia dar à Terra quando ainda estava dentro dela, daquelas forças reprodutoras os animais se apropriaram, receberam-nas como herança e as passam, como herança, de um para outro animal. Portanto, ao examinarem os ovos dos animais, os senhores deverão dizer: as forças lunares estão dentro deles. Mas, ali dentro permanecem aquelas forças que agiam quando a Lua ainda se encontrava na Terra. Hoje em dia a Lua não consegue mais realizar muitas outras coisas, a não ser excitar a cabeça. Portanto, hoje a Lua age dentro da cabeça. Em tempos passados, entretanto, ela agia justamente sobre a reprodução. Vejam. Essa é uma diferença a ser considerada. Isso constitui uma diferença muito grande, se uma coisa qualquer está dentro da Terra ou se está do lado de fora dela.

Mas, no caso da reprodução, certamente se trata de um assunto verdadeiramente extraordinário. Por outro lado, é preciso que se diga: todo entendimento da natureza está relacionado principalmente com o fato de se compreender a reprodução. Pois, por intermédio dela ainda hoje tem origem cada um dos animais e cada uma das plantas. Se a reprodução não existisse tudo já teria morrido há muito tempo. Se quisermos entender qualquer coisa a respeito da natureza é preciso entender a reprodução. Por outro lado, existe algo de muito peculiar, que se passa com a reprodução sobre a Terra.

Ponderem uma vez: o elefante tem a peculiaridade de poder estar, aos quinze, dezesseis anos, em condição de produzir uma única cria. Tomemos, para contrastar, uma concha: esta é um pequeno animal mucoso. Se os senhores a imaginarem como sendo imensamente grande, terão, mais ou menos, aqueles bichos que eu lhes mostrei como fazendo parte daquela época tão remota. Entretanto, até se pode aprender alguma coisa com a ostra. Mas a ostra

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não é igual ao elefante que precisa esperar tantos anos para produzir uma cria. Uma única ostra é capaz produzir um milhão de ostras por ano. Portanto, a ostra é diferente do elefante com relação à capacidade reprodutora.

Por outro lado, o pulgão é outro animal interessante. Os senhores sabem que ele se apresenta nas folhas das árvores e que ele é visto, em geral, como uma população efetivamente nociva para o mundo vegetal. Sofre-se muito com ele. Sem dúvida, um pulgão, como se sabe, é muito menor que um elefante, mas em poucas semanas ele pode – um único pulgão! –, ele consegue produzir muitos milhões de descendentes. Portanto, um elefante leva uns quinze, dezesseis anos para produzir um único descendente e o pulgão consegue proliferar justamente em poucas semanas, de tal forma que de um único deles provenham alguns milhões.

E, além disso, existem ainda uns animais minúsculos chamados vorticelas. Quando os enxergamos pelo microscópio eles em geral não são mais do que um minúsculo coágulo de muco, e têm um fio com o qual avançam serpeando. São animais muito interessantes, mas consistem apenas de coágulos muito pequenos de muco, como se estirássemos um fio de uma ostra com o qual eles nadam por aí. Essas pequenas vorticelas são capazes de produzir – uma única delas! –, cento e quarenta bilhões de descendentes em quatro dias. Fora isso, é uma coisa que nem dá para escrever na lousa, de tantos zeros que precisariam ser escritos! A única coisa que poderia concorrer com ela seria a inflação da Rússia!4

Dessa maneira, os senhores veem como há uma diferença considerável, quanto à capacidade reprodutora, entre um elefante que precisa esperar quinze, dezesseis anos para produzir um único descendente e uma dessas pequenas vorticelas que em quatro dias prolifera

4 Inflação galopante: depois, a brasileira bem que competiu com ela! (N.T.)

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tanto a ponto de nascerem cento e quarenta bilhões de descendentes.

Assim os senhores veem como aqui são apresentados segredos da natureza efetivamente muito importantes. E existe também uma narrativa francesa muito interessante, que, exteriormente, não tem muito a ver com isso, porém tem sim, interiormente. Existiu um importante poeta francês que se chamava Racine. E este Racine precisou de sete anos para escrever um poema, tal como, por exemplo, o “Athalie”. Portanto, em sete anos ele escreveu uma peça de teatro como a “Athalie”. E também viveu por ali na mesma época outro poeta que foi muito arrogante para com Racine e disse: Racine precisa de sete anos para escrever uma peça; eu escrevo sete peças num ano! – E disso resultou uma fábula, e nessa narrativa, essa fábula, um conto dizia: houve uma vez uma briga entre o porco e o leão; e o porco que era arrogante disse ao leão: eu dou sete crias por ano mas você, que é leão, você não consegue dar mais de uma única cria por ano. – Então disse o leão: sim, mas também a minha única cria é um leão e as tuas sete crias não passam de porcos. – E assim, dizem, Racine teria liquidado com o poeta. Não quis dizer-lhe diretamente que suas peças teatrais eram porcos, mas fez uma comparação, pois disse: ora, todos os anos você faz sete dessas peças, mas eu faço apenas uma em sete anos, uma só “Athalie” – a qual atualmente é mundialmente famosa.

Vejam! Isso também se pode dizer: mesmo numa dessas fábulas, numa dessas narrativas está contido algo desse gênero: é mais valioso, a modo do elefante, empregar quinze, dezesseis anos para ter uma cria, do que ser uma vorticela que em quatro dias prolifera tanto a ponto de ter cento e quarenta bilhões de crias. Também se fala muito do coelho que tem tantas crias: – Ah, mas se agora também se começasse a falar da vorticela – pois tal capacidade de multiplicação é mesmo inimaginável!

Por outro lado, é preciso descobrir de que se trata, quando tais minúsculos animais conseguem ter tantas

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crias, enquanto o elefante necessita de tanto tempo adicional.

No entanto eu já lhes disse: é o Sol que efetivamente se encontra na base da fecundação. Por isso, até os dias de hoje necessita-se do Sol para a fecundação. E eu também lhes disse: quando se encontra lá fora um corpo celeste como a Lua, ele ainda age quando muito sobre a cabeça, mas não age mais sobre os órgãos inferiores do corpo, portanto não age mais diretamente sobre as forças da reprodução. Hoje as forças da reprodução precisam ser passadas como herança de um ser para o próximo. Mas, meus amigos, num certo sentido, aquilo que se passa ali, todavia, na atual reprodução também depende da Lua. E eu quero explicar-lhes esse assunto da seguinte maneira, retrocedendo também novamente até o Sol.

Vejam! Devemos nos perguntar: – Porque o elefante necessita de quinze, dezesseis anos para levar a sua capacidade reprodutora até o ponto de ter uma cria? Ora, todos nós sabemos que o elefante é um paquiderme, isto é, que ele tem uma pele grossa e, por ser um paquiderme, ele necessita de tanto tempo. Porquanto, uma pele grossa permite a passagem de menos forças solares através dela, do que quando se é um pulgão, que é muito mole e no qual as forças solares podem penetrar por todos os lados. De modo que, com efeito, a menor capacidade reprodutora do elefante está relacionada exatamente com uma maior espessura da pele.

Os senhores também podem constatar a mesma coisa no seguinte fato: voltem a pensar mais uma vez naquelas enormes ostras nadando por ali. Com certeza jamais surgiria uma ostra adicional se dependesse apenas do Sol brilhando sobre aquela couraça de escamas, sobre aquela pele grossa! No entanto, como eu lhes disse, a ostra fornece um pouco de muco; o muco ainda não possui nenhuma crosta de ostra e então o Sol pode luzir sobre ele. E, quando esse muco começa a secar, é por causa disso pode surgir uma nova ostra. O Sol age sobre essa ostra de um modo

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fecundante. – Sim, quando os raios solares vêm de fora, meus amigos, eles podem justamente produzir apenas conchas. – Como é possível então que a forças solares possam, não obstante agir de maneira fecundante?

Vejam, aqui devemos examinar novamente outra questão a fim de que os senhores possam entender a relação existente entre as coisas, nesta história. Talvez os senhores até saibam que os camponeses, após colherem as batatas, cavam fossas muito fundas e as colocam ali dentro. E em seguida recobrem novamente essas fossas. E mais tarde, depois do inverno passar, eles retiram por sua vez as batatas dali, porquanto elas se mantiveram em bom estado ali dentro. Se os camponeses houvessem simplesmente guardado as batatas no porão, elas teriam apodrecido. Mas, lá dentro da Terra elas se conservaram muito bem.

– De onde vem isso? Esse é um assunto palpitante. Os camponeses não sabem explicá-lo muito bem. Mas, meus amigos, se os senhores mesmos fossem batatas e fossem enterrados lá naquelas covas, os senhores realmente se sentiriam muitíssimo bem se não precisassem justamente comer alguma coisa. Pois, vejam! O calor solar do verão permanece efetivamente ali dentro e aquilo que do Sol brilha no verão sobre a Terra, afasta-se cada vez mais, justamente para o fundo. E quando se cava a terra em janeiro, ora, então o calor solar e todas as outras forças solares do verão ainda se encontram lá dentro, a um metro e meio de profundidade.5

Essa é uma coisa extraordinária. No verão o Sol está lá fora, ele aquece de fora, e no inverno, então a força solar se retira para baixo e pode ser encontrada mais no fundo. Mas ela não consegue ir muito fundo; ela reflui, novamente. Se fôssemos uma batata e estivéssemos deitados lá embaixo, passaríamos muito bem ali; não seria necessário nenhum aquecimento, pois, em primeiro lugar, ainda há lá dentro o calor do verão e, em segundo lugar, muito calor sobe dali 5 Nesse caso se trata, evidentemente, do Hemisfério Norte. (N.T.)

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de baixo para cima, porque as forças solares são irradiadas novamente de volta para cima. E assim, com efeito, essas batatas passam muitíssimo bem. É lá no fundo que elas passam a gozar do Sol. Durante o verão elas não obtêm muita coisa do Sol e nesta estação a situação chega até a incomodá-las. Se elas possuíssem cabeças, elas teriam dores de cabeça quando o Sol brilhasse sobre elas; neste período isso certamente incomoda as batatas. Mas no inverno, quando elas se beneficiam do enterramento, aí elas começam a usufruir do Sol corretamente.

Por conseguinte, os senhores podem ver como o Sol por certo não age apenas quando brilha sobre alguma coisa, porém prossegue agindo mesmo quando as suas forças são interceptadas, atrapalhadas por alguma coisa.

Sim, meus amigos, mas agora acontece uma particularidade. Eu já lhes disse: quando um corpo está fora da Terra ele age mortificando, ou – como o ácido carbônico –, ele age como um veneno, ou então, no caso aqui do Sol que produz escamas quando brilha sobre alguma coisa, ele endurece o ser vivo sobre o qual brilha. Entretanto, no inverno não é verdade que o Sol atua pelo lado de fora; no inverno ele age a partir do interior da Terra. Ele deixa a sua força para trás e age a partir do interior da Terra. E, por outro lado, ele também reaviva as forças reprodutoras no interior da Terra. E de tal maneira que hoje em dia, na época atual, as forças reprodutoras também procedem do Sol, mas não da irradiação direta do Sol, porém elas procedem do que fica retido dentro da Terra, e que depois no inverno é irradiado de volta novamente.

Esse é um assunto sumamente interessante. É exatamente como se inspirássemos ácido carbônico: então ele é um veneno. No entanto, quando o ácido carbônico está dentro do nosso corpo e passa pelo sangue, então nós necessitamos dele. Pois, se não contivéssemos ácido carbônico, não teríamos absolutamente nada dentro de nós. Por isso precisamos dele no interior, ali ele é benéfico; de fora ele é venenoso. Raios solares de fora produzem

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escamas nos animais, raios solares interceptados dentro e novamente irradiados de volta produzem vida e tornam os animais capazes de reproduzir.

Além disso, comecem a imaginar que os senhores não sejam uma batata, porém um elefante. Aí os senhores teriam uma pele extremamente grossa e então deixariam penetrar dentro de si apenas um pouco daquele calor que a terra obtém do Sol. Por isso os senhores, se fossem elefantes, empregariam um tempo terrivelmente longo para produzir uma cria de elefante. Mas, imaginem que os senhores fossem pulgões, ou melhor, ostras; então os senhores seriam – pelo lado justamente voltado para a Terra – nessa ostra –apenas uma massa de muco. O elefante não é uma dessas massas de muco. O elefante está fechado por todos os lados por sua pele, portanto só deixa penetrar em si, de uma forma tremendamente lenta, aquele calor que vem de baixo.

Reparem como isso é exatamente: os animais semelhantes aos pulgões também se mantêm assim próximos da terra, além disso, eles se mantêm nas plantas sem nenhuma pele grossa; na primavera eles conseguem absorver com enorme facilidade aquilo que emana de volta da Terra, recebendo, portanto as suas forças reprodutoras sempre rapidamente revitalizadas. E mais ainda as vorticelas, pois elas vivem na água e a água conserva muito mais intensamente o calor solar, de tal modo que esse calor solar poupado resulta, nas vorticelas, naqueles cento e quarenta bilhões de crias, na época certa do ano; isto é, depois de terem absorvido o suficiente daquilo que o calor solar é na água, elas conseguem reproduzir-se com estupenda rapidez. Dessa maneira, podemos dizer: hoje na Terra é assim: ela dá capacidade reprodutora aos seus seres por conservar dentro de si as forças solares durante o inverno.

Passemos agora, a partir disso, para as plantas. Vejam, com as plantas dá-se o seguinte: os senhores já sabem que nas plantas a reprodução também se dá mediante as

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assim chamadas estacas. Quando, portanto, uma planta já cresceu para fora da terra, pode-se cortar dela uma estaca em qualquer ponto. É preciso cortá-la corretamente e em seguida pode-se plantá-la novamente. E a seguir essa estaca cresce até converter-se também numa planta. Tal reprodução pode dar-se em determinadas plantas. – De onde vem isso? Essa força que tais plantas possuem, de chegar até mesmo a conseguir reproduzir-se mediante um pedacinho delas, as plantas têm essa força porque, na verdade, no inverno, elas mantêm a semente dentro da terra. Ora, esse é um assunto muitíssimo importante nas plantas. Se, de alguma maneira quisermos levar plantas a um crescimento correto, é realmente necessário que elas estejam efetivamente dentro da terra no inverno. Elas precisam crescer de dentro da terra. Na verdade, até existem colheitas de verão, a respeito das quais poderemos falar mais adiante. Mas, em sua maioria as plantas, elas precisam desenvolver sua semente dentro da terra e só depois disso, elas conseguem crescer. Algumas vezes também é possível levar vegetais a crescerem dentro da água, como as que têm bulbos: como a raiz do lírio, por exemplo, que lembra uma cebola, mas nesse caso precisamos adotar medidas especiais, não é mesmo? Acima de tudo, acontece na natureza das plantas precisarem ser dispostas dentro da terra e a partir dali obterem a sua força para crescer.

– Então, meus amigos, o que acontece ali, quando uma semente é colocada dentro da terra? Ali a semente foi muito bem transferida para dentro do bem-estar a fim de absorver dentro de si aquelas forças entregues à Terra pelo Sol. Para ser mais preciso, é a semente da planta que absorve muito bem aquelas forças que do Sol penetram ali na terra.

No caso do animal isso ocorre com muito maior dificuldade. Aqueles animais que se encontram dentro da própria terra, como a minhoca e outros animais semelhantes, também absorvem aquela força com

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facilidade. Por isso eles também se reproduzem com muito maior intensidade, como todos os animais que vivem bem perto da terra ou dentro dela. Na verdade, os vermes também têm por isso muitos descendentes e, por exemplo, exatamente aqueles vermes que infelizmente também podem surgir nos intestinos humanos produzem uma descendência extremamente grande, e o homem precisa continuamente fazer uso das suas próprias forças a fim de que aqueles vermes não produzam uma assustadora quantidade de descendentes. De modo que, justamente quando se têm vermes dentro de si, se devem empregar quase todas as forças vitais para matar aqueles sujeitos assustadores que temos dentro de nós.

Sim, mas as plantas, essas têm condição de crescer a partir do solo (desenho); lá no fundo está a sua raiz; em seguida as plantas crescem para fora do solo e têm aqui as folhas; depois se desenvolvem as inflorescências e as novas sementes. Mas, os senhores sabem muito bem: quando a inflorescência começa a desenvolver-se, a planta para de crescer para o alto. Isso é muito interessante. A semente da planta, o germe é colocado no solo; dali nasce o caule, surgem folhas, as folhas verdes e depois vem a inflorescência. Nesse

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ponto cessa o crescimento e a planta então faz rapidamente, ela produz rapidamente a semente. Porquanto se ela não produzisse a semente rapidamente, o Sol empregaria toda a força sobre essas folhas da inflorescência que ficariam estéreis. A planta obteria uma bela e enorme flor multicolorida lá no alto, mas a semente não conseguiria desenvolver-se. Desse modo, ao chegar ao seu fim, a planta ainda reúne toda a sua força para produzir rapidamente a semente.

Vejam! O Sol que vem de fora tem a peculiaridade de embelezar a planta. Quando encontramos belas plantas pelos prados é o Sol exterior que com os seus raios faz assim surgirem essas belas cores. Mas ele também faria com que as plantas definhassem por esse mesmo motivo, exatamente do mesmo modo como na concha ele amortece a ostra, ressecando-a.

Por isso os senhores também podem ver esse fato em toda a Terra. Pode-se ver essa atuação do Sol de uma forma muito bela quando se vai para as regiões quentes, para as regiões equatoriais; ali são encontradas todas as aves revoando e misturadas entre si nas mais maravilhosas cores. Essa é a atuação do Sol exterior. As suas penas têm as cores mais maravilhosamente belas, mas elas não contêm mais nenhuma força vital. Nas penas a força vital chega ao extremo do definhamento.

E o mesmo se dá com a planta. Quando ela cresce para fora do chão ela tem uma força vital exuberante. Em seguida ela vai perdendo cada vez mais essa força e por fim ainda precisa poupar toda ela; ela ainda precisa levar aquele resquício de força vital para dentro da semente. E o Sol faz belas folhas, faz flores coloridas, mas com isto ele mortifica a planta. Nenhuma capacidade reprodutora vive nas pétalas coloridas.

– No entanto, o que faz a planta quando a sua semente é introduzida na terra? Ali ela não se deixa apenas introduzir, porém ela leva crescimento para cima, nas folhas; é isto que ela leva para cima. Ao desenhar aqui alguma coisa na cor

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verde, são as forças do Sol, portanto o calor, a luz e assim por diante que a desenvolvem. É dessa maneira que as forças solares sobem pela planta. A planta leva-as consigo para dentro da semente, enquanto as forças solares vindas de fora mortificam a planta de maneira a surgir ali uma belíssima flor. Mas, permeada nisso encontra-se ainda a semente que procede do calor solar acumulado no meio do inverno. A semente não procede do calor deste ano. Isso é apenas uma representação errônea. Do Sol deste ano procede a bela flor; mas a semente procede do calor solar do ano anterior, o qual ainda contém a força que o Sol já entregara previamente à Terra. A planta carrega essa força através de todo o seu corpo.

Com o animal isso não aconteceria com a mesma facilidade. O animal depende desse calor solar vir mais de fora, dele vir mais da Terra e de ser apenas vivificado. Pois o animal não absorve as forças solares tão diretamente quanto a planta. Mas a planta carrega através do seu próprio complexo corporal, para o alto, para dentro da inflorescência, até para dentro da semente, o calor solar do ano anterior, o qual havia se armazenado dentro da Terra.

Se observarmos essa questão de um modo correto – uma vez que ela é extremamente interessante, maravilhosamente interessante –, então diremos a nós mesmos: plantas e animais se reproduzem. Eles não conseguiriam reproduzir-se se o Sol não atuasse. Se o Sol não existisse, eles não se reproduziriam. Não obstante, o Sol que está lá fora no espaço celeste, que está fora da Terra, ele mata exatamente a capacidade reprodutora. Trata-se de um assunto semelhante ao do ácido carbônico: quando inspiramos ácido carbônico ele nos mata; quando o temos dentro de nós ele nos vivifica. Quando a Terra recebe os raios solares de fora, os animais e as plantas são mortos; quando a Terra pode dar aos animais e às plantas, a partir do seu interior, algo do que está no Sol, então justamente, aqueles são vivificados e estimulados a reproduzir. Isso é visível nas plantas; elas

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desenvolvem sementes capazes de reproduzir apenas a partir da força do Sol trazida anteriormente, trazida do verão anterior. O que faz com que a planta seja bela neste ano, provém do Sol do ano passado. Isto é sempre assim: o interior nasce do passado e o belo, ora, belo se fica mediante o presente!

Por outro lado, meus amigos, esse elefante com a sua pele grossa quase não tiraria proveito desse pouquinho de calor proveniente da Terra e do pouquinho de Sol que vem dali de dentro da Terra, por ser ele um paquiderme. Não seria fácil para essas forças atravessarem a sua pele grossa. Ele precisaria armazenar muita coisa antecipadamente, em seu próprio sêmen. Ele tem forças lunares armazenadas. Naturalmente ele precisa delas para a reprodução materna, feminina. Essas ele as tem armazenadas. A Lua saiu da Terra e os animais que se reproduzem têm, justamente agora, essas forças lunares dentro de si.

Vejam, de mais a mais, aqui sucede algo que deve ser muito bem levado em consideração. Naturalmente poderia vir alguma pessoa e dizer: ali se encontra um tolo que, ao falar das antigas e passadas forças lunares, afirma que lá dentro dos ovos, dentro das forças reprodutoras, continuam vivendo aquelas antigas forças. E esse tolo afirma que as atuais forças reprodutoras vêm daqueles tempos antigos. – Eu diria simplesmente a essa pessoa: – Será que você nunca viu algo que vive agora e que contenha alguma coisa proveniente de períodos anteriores? – Eu lhe mostraria, por exemplo, um menino tão parecido com o seu pai que se poderia dizer que é o seu retrato. Sim, se retrocedermos – o pai até já poderia ter morrido; alguém pode ter conhecido o pai quando este ainda era um menino com a idade dele, e a pessoa em questão poderia dizer: sim, este menino é o retrato do pai. – Ora, ele é exatamente tão semelhante ao pai como quando este ainda era um menino. Aquilo que porventura foi visto há trinta ou quarenta anos, aquilo ainda continua contido até agora no menino! As forças do passado ainda continuam presentes dentro do que

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vive na atualidade. E esse também é o caso das forças de reprodução. Aquilo que se encontra no presente procede do passado.

Com certeza os senhores sabem também que esse assunto, de que a Lua precisa atuar sobre o clima era visto como uma grande superstição. Ora, neste assunto também existe muita superstição. Mas, no passado havia certa vez na Alemanha, na Universidade de Leipzig, dois doutores, um dos quais – Fechner era o seu nome – dizia: talvez haja realmente nesta superstição, de que a Lua age sobre o tempo, um pouco de verdade. – Então ele passou a anotar como o tempo se comportava na Lua Cheia e como era o tempo na Lua Nova, e ele descobriu: há uma diferença; chove muito mais na Lua Cheia do que na Lua Nova. – Foi isso que ele descobriu. Entretanto, não é necessário que se acredite nisso sem mais nem menos. Na verdade, tais notícias não são muito convincentes. Para uma ciência genuína é preciso que se trabalhe com muito maior precisão. Em todo caso, ele afirmou que se deveria dar prosseguimento justamente a tais pesquisas e ver se realmente não se pode confirmar que a Lua age sobre o clima.

Pela mesma época, havia na mesma Universidade de Leipzig outro doutor, um doutor que se considerava muito mais inteligente – Schleiden era o seu nome –, o qual dizia: Agora até mesmo os meus colegas começam a dizer que a Lua age sobre o clima. Raios, esta história não pode continuar assim; é preciso combater esta coisa com todas as forças! – Então o Fechner disse: Pois bem, entre nós homens essa briga deverá mesmo continuar; mas nós também temos nossas mulheres. – Vejam! Tudo isso aconteceu, todavia, em outros tempos. Quando, então os dois professores universitários viviam em Leipzig, as suas mulheres ainda adotavam um velho costume da cidade. A saber, elas ainda colocavam as suas tinas, os seus recipientes na chuva a fim de conseguirem a água para lavar. Elas coletavam a água da chuva porque

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água não era tão fácil de obter na velha Leipzig. Naquela época ainda não havia encanamentos de água. – Então o professor Fechner disse: Ora, essa briga deve ser decidida por nossas mulheres. A mulher do professor Schleiden e a mulher do professor Fechner devem fazer o seguinte: para que ambas recebam sempre a mesma quantidade de água, a Sra. Schleiden colocará lá fora as tinas na Lua Nova e a minha mulher as colocará na Lua Cheia! – E para si mesmo ele se disse então: segundo o meu cálculo a minha mulher terá muito mais água da chuva.

Vejam, pois! As mulheres não concordaram com isso. Elas não quiseram concordar com a ciência dos seus maridos. Elas não se deixaram convencer. Assim apareceu de uma forma extraordinária a história de uma pessoa que, embora a ciência se apresentasse ao modo do marido, não se acreditava nela, como a senhora Schleiden, a qual não disse: “Eu obtenho exatamente a mesma quantidade de água na Lua Nova como na Lua Cheia”, mas ela também quis colocar as suas tinas de chuva lá fora na Lua Cheia, apesar do marido ter esbravejado terrivelmente contra o Fechner.

Na verdade, essa é uma história que não prova nada. Mas, vejam, é extraordinário que até os dias de hoje as marés ainda sejam relacionadas com o Sol e com a Lua. De maneira que se pode até mesmo dizer: marés altas acontecem num quarto lunar de uma forma totalmente diferente de qualquer outro. Essas coisas estão relacionadas entre si. Mas, meus amigos, isto não procede do fato da Lua brilhar em algum lugar sobre o mar e daí surgir justamente a maré alta, mas essa história é muito mais antiga.

Quando a Lua ainda se encontrava dentro da Terra ela desenvolveu as suas forças dentro desta, causando as marés. E a Terra ainda contém esses restos das próprias forças pelos quais surge a maré. Não admira que a Terra já o faça independentemente. É uma superstição quando se acredita que a Lua atuaria hoje sobre a Terra. Mas em

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outros tempos ela atuou sobre a Terra enquanto ainda estava dentro dela, quando tudo ainda atuava na Terra; e a Terra permanece dentro dessa relação. Por isso ela torna as marés dependentes da Lua. Mas isso é apenas aparente. Exatamente do mesmo modo como, ao olhar para o relógio, eu também não digo: ele me põe para fora do quarto às dez horas. – Do mesmo modo as fases da Lua coincidem com a maré alta e a maré baixa, porque houve uma época em que estas coisas dependiam umas das outras.

E o mesmo se passa com as forças da reprodução na medida em que elas dependem da Lua, portanto, na medida em que são femininas. E o mesmo se passa com as forças da reprodução na medida em que elas dependem do Sol, isto é, na medida em que procedem daquela força solar que está no interior da Terra.

Mas, todos os animais que se reproduzem intensamente, chegando até aos bilhões, portanto aqueles que podem empregar as forças solares armazenadas pelo Sol na Terra, são animais inferiores. Os animais superiores e os seres humanos têm essas forças reprodutoras protegidas em seu interior. A estas, na verdade, ainda é acrescentado um pouco de força solar, que as reaviva continuamente. Sem vivificação elas também não existiriam. Mas, daquilo que hoje está contido na Terra como força solar, elas não poderiam obter tão precisamente as suas forças reprodutoras.

A planta pode obtê-las, por que ela eleva o que vive dentro da terra, do inverno até para dentro do verão, em seu próprio corpo. A planta obtém a força reprodutora do ano anterior.

No entanto, o elefante não consegue obtê-la do ano anterior. Ele a obtêm de uma época situada milhões de anos atrás e a mantém no sêmen da sua reprodução, e que é herdado de pai-elefante para filho-elefante. Ele a guarda ali dentro. – Mas, desde quando ele a tem ali dentro de si? Ora, exatamente do mesmo modo como a planta tem dentro

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de si a força reprodutora do ano anterior, assim o elefante tem dentro de si a força reprodutora de milhões de anos atrás. Por isso a planta – e os animais inferiores –, podem reproduzir-se a partir dela, porque eles ainda conseguem empregar até hoje a força armazenada pela Terra. Trata-se de forças reprodutoras extremamente fortes. Aqueles animais que dependem disso, de ainda conservarem dentro de si as forças situadas muito remotamente, eles só conseguem reproduzir-se fracamente.

Retrocedamos agora à época em que existiam aquelas ostras gigantescas: mal uma dessas ostras acabava de chegar ao ponto de ser tocada pelo Sol, ela já perdia a força interior, limitando-se a poder empregar apenas a força que subia da Terra. Mas, além disso, a ostra só podia empregá-la por estar aberta no lado de baixo. Embora essa ostra fosse tão grande como a França atual, ela estava aberta por baixo, podendo absorver dentro de si as forças terrestres provenientes do Sol. Depois, quando esses animais se transformaram em Megatérios, em Ictiosáurios, quando eram tocados pelo Sol de tal modo que este chegasse de todos os lados, portanto, quando não estavam mais abertos por baixo, então eles passaram a depender da força reprodutora que tinham dentro de si, a qual, por sua vez, era quando muito vivificada pelo Sol.

– Sim, meus amigos, que tempos teriam sido então aqueles de antigamente, quando os animais adquiriam forças de reprodução que não poderiam ter adquirido se o Sol não brilhasse de fora? Naqueles tempos remotos deve ter havido uma época em que o Sol se encontrava dentro da Terra, em que, portanto, não penetrava na Terra somente aquele pouquinho de forças solares, que, por exemplo, permanecem ali no inverno para as batatas; porém em outras eras houve uma época em que todo o Sol se encontrava dentro da Terra.

Ora, dirão os senhores: os físicos afirmam que o Sol, todavia, é tão tremendamente quente que, se ele houvesse estado dentro da Terra, ele teria queimado tudo. Sim, meus

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amigos, na verdade os senhores só sabem isso através dos físicos. Mas esses físicos ficariam enormemente maravilhados se conseguissem ver o verdadeiro aspecto do Sol. Se eles pudessem, por sua vez, construir um balão e viajar até lá em cima, eles não achariam que o Sol seria tão quente assim, porém que o Sol, justamente dentro dele, está repleto de forças vitais e que o calor se desenvolve quando os raios solares atravessam o ar e todas as outras coisas possíveis. Só então se desenvolve o calor. Assim, quando em outras eras o Sol se encontrava dentro da Terra, ele estava repleto de forças vitais. Naqueles tempos ele não se limitava a dar apenas aquele pouco de forças vitais que ele consegue dar atualmente, porém outrora quando o Sol estava dentro da Terra, aqueles seres vivos, os animais e as plantas que existiam naquele tempo, podiam obter o suficiente daquilo que o Sol lhes dava, pois o Sol, na verdade, encontrava-se dentro da própria Terra. Naquele tempo, porém, as ostras também não desenvolviam conchas, por serem mero muco, além de tudo.

Então ponderem: ali ficava a Terra, a Lua dentro dela, o Sol ficava dentro da Terra, e as ostras se desenvolviam; elas não possuíam conchas por serem muco. Havia muco; este besuntava, separava-se, surgia uma nova ostra e mais uma ostra e assim por diante, continuamente. Mas essas ostras eram tão enormes que não se conseguia distingui-las umas das outras. Elas encostavam umas nas outras. – Então, qual seria o aspecto da Terra naquele tempo? A Terra era semelhante ao nosso cérebro, ou seja, ela era semelhante por estarem as células da Terra igualmente dispostas umas ao lado das outras. Também no cérebro uma célula está ao lado da outra; só que aqui elas definham, enquanto naquele tempo, quando o Sol se encontrava dentro da Terra, quando havia células de ostras, gigantescas células, umas ao lado das outras, e o Sol desenvolvia as suas forças, ele as desenvolvia continuamente por que ele se encontrava, realmente, ali dentro da Terra. Sim, meus amigos, reflitam agora a respeito

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do seguinte: aqui ficava, portanto a Terra (desenho), aqui uma enorme ostra, aqui novamente uma enorme ostra, mais uma, muitos destes enormes pedaços de muco, uns ao lado dos outros, e que iam se reproduzindo sem parar. E as ostras de hoje ainda se reproduzem tão rapidamente que em pouco tempo elas conseguem ter um milhão de descendentes; mas ali aquelas ostras de antigamente, elas se reproduziam muito mais. – Raios! Mal surgia uma ostra velha e já apareciam ali suas crias, e estas, por sua vez, tinham crias novamente, e assim por diante. E as velhas precisavam dissolver-se novamente. Se alguém tivesse visto isso do lado de fora, como se ali houvesse um gigantesco grumo de terra semelhante a um grande cérebro, mas muito mais mole naturalmente, muito mais mucoso que um cérebro atual, se alguém visse o modo como uma imensa ostra se reproduzia ali tão rapidamente – mas, cada uma dessas outras poderia também ter um milhão de descendentes –, ele teria visto: ali cada uma delas precisava defender-se das outras, pois elas se chocavam umas contra as outras. E se houvesse chegado alguém, alguém muito curioso, e ficasse olhando para aquilo a partir de uma estrela desconhecida, então ele teria visto: lá embaixo, lá no espaço universal está nadando um corpo gigantesco, mas ele é inteiramente vida, ele produz vida sem parar, ele não consiste apenas de milhões de ostras encaixadas umas nas outras, porém elas se reproduzem continuamente. – E o que veria? Exatamente a mesma coisa – porém imensamente grande –, a mesma coisa que se vê quando se examina hoje, em seus primórdios, um ovo dentro do qual tem origem um ser humano! Só que

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aqui tudo se passa numa escala muitíssimo mais reduzida. Aqui também se encontram aquelas minúsculas bolhas celulares de muco que se multiplicam rapidamente, pois em caso contrário o ser humano, nas primeiras semanas de prenhez, não alcançaria o seu tamanho. As células são justamente tão pequenas por precisarem multiplicar-se muito rapidamente. Se naquele tempo alguém houvesse olhado para a Terra, teria obtido a seguinte imagem dela: um gigantesco animal e dentro dele as forças do Sol e da Lua, no interior de toda a Terra.

Vejam, acabo de lhes mostrar como se pode retroceder àquela época evolutiva da Terra, em que Terra, Sol e Lua ainda formavam um único corpo. Mas, meus amigos, eu gostaria de acrescentar: no “Fausto”, se algum dia os senhores o lerem, ou se já o leram, ali a Margarida, a mocinha de dezesseis anos, quando o Fausto lhe descreve a sua religião, a mocinha diz o seguinte: mais ou menos da mesma forma como diz também o pároco; porém realmente de uma forma um pouco diferente. – Da mesma forma os senhores podem dizê-lo: sim, mais ou menos dessa forma também o dizem professores, todavia, em realidade de uma forma um pouco diferente. Eles dizem: outrora o Sol, a Terra e a Lua eram um só corpo. – Eles chegam a afirmar isso: mas, na verdade, eles dizem: o Sol era um corpo imenso; posteriormente ele passou a girar sobre si mesmo e a seguir a Terra destacou-se dele assim que o Sol passou a girar sobre si mesmo. Depois a Terra passou a girar ainda mais e então a Lua, por sua vez, destacou-se dela. – Portanto, no fundo, também ali se diz que em tempos passados todos os três eram um só corpo.

Então as pessoas vêm e dizem: isso pode ser comprovado; isso até já é demonstrado aos alunos. Pode-se impingi-lo de uma forma tremendamente elegante. E toma-se de uma gotícula de óleo – pois esta sobrenada na água – e depois, toma-se de um cartão e recorta-se deste um pequeno círculo, atravessando-lhe pelo centro um alfinete; a seguir se coloca tudo na água e se faz com que

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tudo gire ali pela cabeça do alfinete. As gotículas de óleo se separam e passam então a girar nas imediações. “Eis aí como se obtém isto, dizem eles, podem até vê-lo: pois foi isto que aconteceu antigamente no mundo!” Existia no mundo uma imensa bola feita exclusivamente de gás; mas esta coisa girava e era movediça. E então aquelas coisas exteriores foram portanto sendo destacadas, exatamente desta forma, a nossa Terra foi sendo destacada do Sol do mesmo modo como aqui estas gotículas de óleo se destacaram. – Isto os senhores até já podem comprovar na escola. E as crianças que certamente acreditam na autoridade dizem: isto aconteceu de uma forma muito natural; houve antigamente uma enorme bola de gás que girava e dela destacaram-se os planetas. Nós mesmos o vimos, nós vimos o modo como as gotículas de óleo se destacaram.

Por outro lado, os senhores também devem perguntar às crianças: – Ora, vocês também viram como o professor girou a cabeça do alfinete? Então vocês também precisam pensar que naquelas eras um enorme professor girou a bola de gás, pois senão os planetas certamente não poderiam se destacar! – O gigantesco professor – na Idade Média ele era assinalado da seguinte maneira: ele era o Senhor Deus com uma longa barba. Esse era o gigantesco professor e as pessoas simplesmente se esquecem dele.

Mas isso não constitui uma explicação, quando se admite aqui uma enorme bola de gás girando sobre si mesma e que só poderia girar se houvesse existido antes alguma vez um gigantesco professor. Isso não constitui uma explicação. Mas, meus amigos, isso constituirá uma explicação se nos lembrarmos de que o Sol e a Lua estavam ligados à Terra e que tudo isso movia a si mesmo. Tudo isso conseguia mover-se. Uma bola de gás não consegue mover-se. Mas aquilo que eu lhes expliquei aqui, aquilo sim, conseguia mover-se. Naquele tempo aquilo não precisava de um professor, porém era vivo em si mesmo. Justamente a Terra era um ser vivo em outros tempos e,

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na verdade, da mesma forma como hoje a semente é um ser vivo; e a Terra continha o Sol e a Lua. O Sol e a Lua saíram da Terra, deixando para trás a sua herança, de maneira que hoje a força germinante que está protegida dentro do complexo corpóreo materno e paterno do ser humano, estas forças que outrora podiam vir diretamente do Sol, ainda conseguem reproduzir-se e hoje os animais, as sementes e os ovos desenvolvem dentro de si, elas carregam a força solar primordial dentro de si, no líquido dos seus ovos e do seu sêmen, carregam-na dentro de si desde eras primordiais, como herança de épocas em que a própria Terra ainda continha o Sol e a Lua.

Vejam! Isso constitui uma explicação verdadeira, e somente quando ela é entendida dessa forma chega-se a uma verdadeira compreensão. Então sim, passa-se a compreender que houve uma vez uma época em que a Lua voou para fora da Terra e em que a Terra juntamente com a Lua voou para fora do Sol. Haveremos de nos entender ainda mais a respeito desse assunto, primeiramente no próximo sábado às nove horas. Esse assunto continuará sendo um pouco difícil de entender, mas apesar disso eu acredito que essa história adquira tal aspecto que possa finalmente ser compreendida.

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ADÃO KADMON NA LEMÚRIADornach, 30 de setembro de 1922.

4ª conferência

Pergunta: Com referência a ter o Sol estado dentro da Terra, eu fiquei muito surpreso; sobre isto eu nunca tinha ouvido nada. Segundo o modo como eu entendi as últimas conferências, a Terra não foi nada senão o homem; e os animais, na realidade, descendem de tudo isto. – Como se explica, ao contrário, que o homem seria descendente do macaco?

Dr. Steiner: Estou muito contente por o senhor ter feito esta pergunta, pois através dela, exatamente ao respondermos a esta pergunta, poderemos prosseguir por um bom trecho.

– Se tomarmos a atual cabeça humana por si só, como ela é, o que encontramos nessa cabeça humana? Em primeiro lugar os senhores encontram essa cabeça humana envolta de fora para dentro e por cima, por uma casca bastante dura e óssea. Sim, meus amigos, se os senhores tomarem essa casca óssea, que na verdade é muito delgada em relação a toda a cabeça e a compararem com aquilo que encontram, por exemplo, quando entram pelas montanhas do Jura,6 os senhores descobrem ali uma extraordinária semelhança. A saber, aquilo que é uma casca óssea da cabeça consiste essencialmente de componentes muito semelhantes aos sedimentos de calcário, à crosta

6 Jura: montanhas na Suíça, próximas ao local desta conferência. (N.T.)

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de calcário que os senhores encontrarão ali ao entrarem pelas montanhas do Jura.

De um modo geral os senhores podem encontrar tais sedimentos na superfície da Terra. Naturalmente não seria possível, exatamente, cultivar muito bem as frutas nesses sedimentos de calcário. Mas isso pode então ser feito numa camada que não consista de calcário, porém justamente de terra de cultivo e que é depositada por cima do solo de calcário.

No entanto, meus amigos, os senhores já devem ter visto isso: quando se fala da natureza deve-se fazer menção a tudo. E os senhores por certo sabem que a cabeça do homem, pelo menos pelo lado de fora, também está recoberta por uma pele que chega até mesmo a se escamar, de tal modo que sobre a capa craniana contendo calcário, sobre o esqueleto da cabeça, está colocada uma pele pelo lado de fora. Ao estudarmos então essa pele, ela exibe uma grande semelhança com o que é terra de cultivo. Na pele da cabeça crescem os cabelos. Os cabelos, por sua vez, têm uma grande semelhança com o que, como planta, medra em terras de cultivo. Se desenharmos isso esquematicamente, como uma imagem, poderemos realmente dizer: em determinados locais da Terra existe, por cima dela, um sedimento de calcário; por cima desse sedimento de calcário existe a terra de cultivo e a partir dessa terra de cultivo nascem plantas. Já no ser humano temos pelo lado de fora aquela casca calcária, por cima a pele, e de dentro da pele crescem para fora os cabelos.

Nesse momento os senhores podem se lembrar de outra coisa. É muito curioso eu poder, portanto desenhar aqui com formas semelhantes, a Terra e a cabeça humana

cabeça humana terra

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(desenho). No entanto, lembrem-se por outro lado que eu lhes afirmei mais uma coisa. Eu lhes disse que quando se penetra a terra mais profundamente e se estuda aquilo que está ali mais no fundo da terra, encontra-se nela remanescentes de antigos seres vivos e de plantas. Eu lhes disse qual foi antigamente o aspecto desses animais e dessas plantas. Os Ictiosáurios e Plesiosáurios e assim por diante, estes eram bichos bastante grandes. – Mas, se penetrarmos agora no interior da cabeça humana, o que foi que eu lhes disse? Eu lhes disse: no sangue nadam os corpúsculos sanguíneos brancos e, realmente, esses são animais pequenos. Dentro da cabeça humana esses pequenos animais definham incessantemente, de certa forma eles estão meio mortos embora sejam sempre avivados novamente durante a noite, mas eles estão a caminho da morte. E quanto mais alto se chega, na direção da cabeça, tanto mais ela definha. Sob a casca da cabeça, entre o cérebro e a casca óssea exterior, há uma pele muito bem amortecida. De modo que, mesmo quando se penetra na cabeça também se encontra algo que está amortecendo.

Portanto pode-se dizer: quando o homem morre e logo em seguida se toma a sua cabeça, – o que a ciência na verdade prefere fazer por não gostar de ocupar-se da coisa viva, porém apenas do homem morto sobre a mesa de autópsia –, sim, meus amigos, nós temos ali de fato aquelas células cerebrais amortecidas que realmente são células petrificadas de sangue, e por fora delas fica a casca dura. Nesse ponto a situação se torna muito semelhante à da Terra. De tal modo que não podemos senão dizer: ao penetrarmos ali por aquela dura pele cerebral – por isso até a chamam de “dura membrana cerebral”,7 por ela já estar totalmente amortecida – dentro do cérebro propriamente dito, então também veremos continuamente as petrificações. Na Terra encontramos essas petrificações em toda parte. Se olharmos hoje então para a Terra, ela realmente parece como “dois fios de cabelo”, poder-se-ia 7 Dura membrana cerebral, dura-máter: membrana envolvendo o cé-

rebro. (N.T.)

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dizer, com uma cabeça humana morta. Só que naturalmente esta é menor. A Terra é maior, por isso tudo tem uma aparência diferente. A Terra se assemelha a uma cabeça morta. Quem estuda a Terra hoje em dia, deve realmente dizer: a Terra é um imenso crânio humano e com toda a certeza ela é um crânio que já morreu.

Por outro lado, meus amigos, os senhores jamais poderão imaginar que alguma coisa tenha morrido, se ela não tiver vivido anteriormente. Ela na verdade não existe. Somente a ciência afirmaria uma dessas coisas. Mas eu acredito que os senhores se tomariam por tolos se encontrassem uma cabeça humana morta em algum lugar e dissessem: ora, isso foi formado pela matéria. – Os senhores jamais dirão isso, porém dirão: aquilo que tem esse aspecto deve alguma vez ter pertencido a um homem vivo, aquilo deve ter sido vivo no passado; portanto, o que morreu deve ter sido vivo alguma vez. – De tal modo que se alguém refletir racionalmente sobre isso, se estudar a Terra atual e encontrar uma cabeça humana morta, ele deverá naturalmente imaginar – senão diríamos que ele seria imbecil –, que ela viveu alguma vez, isto é, que no passado a Terra foi uma cabeça humana viva, que ela viveu no Universo da mesma maneira como o homem vive hoje na Terra.

Por outro lado, contudo, a cabeça humana não poderia viver, seria impossível que ela vivesse, se não recebesse o seu sangue do corpo humano. A cabeça humana sozinha pode, quando muito, ser mostrada alguma vez de brincadeira. Quando eu era um menino e morava numa vila, chegavam algumas vezes por ali dessas companhias perambulantes, montando suas barracas. Ao passarmos por ali, saía invariavelmente um deles e dizia: – Meus senhores, entrem, por favor, logo daremos início a uma apresentação! – Aqui se pode ver a cabeça humana viva que fala! – E então eles mostravam uma cabeça humana falante e viva. Os senhores sabem que isso é realizado através de uma aparelhagem feita de espelhos onde não

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se vê o corpo, porém apenas a cabeça. Mas, no mais, a cabeça naturalmente não existe sozinha, porém ela precisa receber do corpo humano o seu sangue e tudo aquilo que a nutre. Assim, a Terra também deve ter sido semelhante no passado, isto é, deve ter podido nutrir-se a partir do espaço universal. – Sim, seria então possível apresentar também fundamentos em favor da Terra ter realmente sido no passado semelhante a um ser humano e de ter sido nutrida a partir do Universo?

Muito se refletiu a respeito disto, de como acontece do Sol – eu o mostrei recentemente – ter sido ligado à Terra em outros tempos. Mas isso já aconteceu há muito tempo. Desde aquele tempo o Sol está fora da Terra e lhe dá luz e calor. Até mesmo o calor que se encontra dentro da própria Terra com certeza vem do Sol, ele só fica conservado no inverno. Nesse caso pode-se realmente calcular em quanto isso importaria, em quanto importa aquilo que o Sol despende anualmente na forma de calor. É muita coisa o que o Sol despende como calor. E os físicos também prepararam tais cálculos. São milhões e milhões de calorias. No entanto, meus amigos, nesse cálculo os físicos realmente ficaram com medo e assustados, pois obtiveram como resultado a quantidade que o Sol despende cada ano; mas também descobriram que, se essa quantidade estivesse correta, o Sol já teria esfriado há muito tempo e todos nós já estaríamos congelados. Portanto, embora o cálculo fosse feito corretamente, contudo, ele não confere. Isso pode acontecer. Pode-se calcular algo, alguma coisa pode ter sido muitíssimo bem calculada, mas o cálculo não confere, exatamente por ter sido tão bem feito.

Por outro lado, existiu uma vez um físico, um suábio, chamado Julius Robert Mayer, que efetivamente teve uns pensamentos muito interessantes, lá pelos meados do século 19. Esse Julius Robert Mayer, cujo domicílio era em Heilbronn, Würtenberg, Alemanha, era médico e, de um modo semelhante a Darwin fez as suas descobertas na sua viagem pelo mundo, a saber, ele fez observações

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muito interessantes numa viagem para o Sul da Ásia, para aquelas ilhas, sobre o modo como, por influência do calor, o sangue humano tem um aspecto diferente do sangue das regiões mais frias, e chegou mediante essas observações a fatos interessantes. Posteriormente ele reuniu essas observações e as anotou, primeiramente, num artigo muito curto. E ele enviou naquele tempo esse artigo à mais importante revista alemã de ciência natural. Isso foi em 1841. E aquela revista de ciência natural lhe devolveu o artigo porque as pessoas diziam: tudo isso são coisinhas sem importância, amadorísticas e imbecis. – Hoje, as mesmas pessoas, isto é, os seus sucessores naturalmente, consideram esse assunto como uma das mais importantes descobertas do século 19!

Mas, os “Anais para Física e Química” de Poggendorf, que naquela época era a mais famosa revista alemã de ciência natural, não se limitaram simplesmente a lhe devolver naquela ocasião a dissertação que continha aquela pesquisa, porém, além disso, ainda o prenderam num hospício! Por estar muito entusiasmado com a sua ciência – ela não está totalmente correta, mas ele estava muito entusiasmado com ela –, por isso ele se comportou de uma forma um pouco diferente das outras pessoas – os outros também não sabiam exatamente a mesma coisa que ele –, e então os seus colegas médicos e os outros médicos notaram isso; por isso ele foi ter no hospício! De modo que os senhores chegam a uma descoberta científica que procede de um homem, o qual, por causa dela foi trancado no hospício. E, atualmente, se os senhores forem a Heilbronn, Suábia, Alemanha, os senhores encontrarão ali, na sua praça mais importante, um monumento a Julius Robert Mayer. Mas esse monumento foi feito mais tarde! Esse é apenas um exemplo de como as pessoas tratam aqueles homens que têm assim um pouco de pensamentos na cabeça.

Vejam! Por outro lado esse Julius Robert Mayer que passou a pensar nessa influência que ele conheceu, do calor

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sobre o sangue, também passou a pensar sobre o modo como o Sol pode chegar a esse calor. Outros simplesmente calcularam quanto ele fornece. Mas, além disso, Julius Robert Mayer também se questionou: – Sim, de onde vem tudo isso? – O que faz a física? – Dir-se-ia que a física calcula exatamente do mesmo modo como se calcularia no caso do homem: este comeu um dia e agora ficou satisfeito, mas, além disso, armazena-se mais alguma coisa em sua própria gordura e em seus músculos. Se agora ele não puder comer mais nada ele o retira da sua gordura e dos seus músculos. E então ele pode viver mais uns quarenta, sessenta dias, mas depois ele morre se não obtiver nada para comer. Os físicos também calcularam a mesma coisa para o Sol: aquilo que ele fornece a cada dia depois de ter adquirido aquele calor de uma maneira miraculosa. A maneira como ele teria comido naquela época, essa não foi realmente levada em consideração, mas, em todo caso, foi calculado quanto ele fornece como calor.

Mas, com certeza o Julius Robert Mayer perguntou-se de onde o Sol teria obtido tudo aquilo. E então ele veio a saber que a cada ano uns tantos corpos celestes voam para dentro do Sol, uns corpos que são como os cometas. Vejam! Essa é a comida do Sol. Mas, se hoje olharmos para cima, para o Sol, poderemos efetivamente ver: ele tem um bom estômago, anualmente ele come uma enorme quantidade de cometas. Da mesma maneira como nós consumimos o nosso almoço e por meio disso desenvolvemos o nosso calor, assim o Sol desenvolve calor ao forrar seu bom estômago com cometas.

Ora, meus amigos, isso quer dizer: quando os cometas já estão totalmente estilhaçados e ainda estão em queda, eles são duros núcleos de ferro, porém é apenas justamente o ferro que cai para o lado de cá. Na verdade, o homem também contém ferro em seu sangue. Se o ser humano fosse dissolvido em algum lugar e apenas o ferro caísse para o lado de cá, as pessoas provavelmente diriam: há algo lá em cima que reluziu e que consiste de ferro.

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– Portanto, por consistirem de ferro as pedras meteóricas, os aerólitos nos quais os cometas se dissolvem, nós dizemos que os cometas consistem de ferro. Entretanto, isso é uma tolice, exatamente do mesmo modo como seria uma tolice acreditar que o homem consiste de ferro por haver ferro em seu sangue, e que se poderia encontrar nele um minúsculo punhado de ferro. Assim são encontradas as pedras meteóricas; essas são cometas decaídos. Mas os cometas são, na verdade, algo muito diferente; os cometas vivem! E o Sol, na verdade, também vive, ele tem um estômago, ele devora não só os cometas, porém se alimenta exatamente como nós. Em nosso estômago também há ferro. Quando alguém come espinafre, ele não se dá conta de que dentro de si há muito ferro, em geral naturalmente. Apesar disso, é bom que se recomende muito espinafre, exatamente para pessoas anêmicas, porque através dele elas recebem ferro no sangue com muito mais segurança do que se simplesmente lhes colocássemos o ferro dentro do estômago, o qual seguramente seria eliminado novamente pelos intestinos na maioria das vezes.

Se os cometas consistissem exclusivamente de ferro e caíssem assim dentro do Sol, os senhores efetivamente veriam como tudo isto sairia novamente para o lado de fora! Aí veríamos um processo totalmente diferente. Se isso fosse correto, provavelmente seria necessário construir uma gigantesca latrina no espaço celestial! Naturalmente esse assunto é totalmente diferente. Os cometas consistem de ferro apenas em sua menor porção: mas o Sol os devora.

Por outro lado, voltemos ao pensamento de que em outros tempos a própria Terra manteve o Sol dentro de si. Aqui dentro o Sol fazia a mesma coisa que ele faz sozinho atualmente; ele também comia cometas naqueles tempos anteriores. E agora os senhores obtêm o motivo pelo qual essa enorme cabeça que é a Terra conseguia viver: era porque o Sol representava o seu aparelho nutritivo.

Portanto, já havia sido providenciado para que a Terra, quando o Sol ainda estava com ela, dela poder nutrir-se.

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Só que os senhores devem imaginar o Sol muitíssimo maior que a Terra e, portanto, estando o Sol dentro da Terra, ele não estava dentro dela, porém a Terra estava dentro do Sol. De modo que devemos representar-nos esse assunto da forma seguinte (desenho): naquele tempo o Sol estava aqui, aqui dentro ficava a Terra e só depois,

dentro da Terra, por sua vez a Lua. Num certo sentido isso era o contrário do que há no homem. Mas, na verdade, no homem é também apenas aparente que ele tenha um estômago pequeno; sozinho o estômago pequeno com certeza não poderia fazer muita coisa. O pequeno estômago que o homem possui – sobre isso haveremos de falar mais adiante –, ele está relacionado em toda parte com o mundo exterior. Em realidade, o homem está dentro do mundo da mesma maneira como em outros tempos a Terra estava dentro Sol. E o verdadeiro estômago da Terra era então o ponto central do Sol. Isto aqui sendo o Sol (desenho) e isto a Terra, então o estômago ficava bem aqui no meio e o Sol, ele apenas atraía de todos os lados aqueles cometas, entregando-os depois ao estômago, de tal modo que a digestão da Terra se dava efetivamente dentro dele.

Então, agora os senhores podem dizer: isso é contestado pelo fato da própria cabeça humana não digerir. – Isso está muito correto. Mas essa questão certamente também se alterou. Pois, realmente, a cabeça humana digere, todavia um pouquinho. Vejam como eu já lhes descrevi: quando comemos um alimento ele chega primeiramente à língua e depois ao céu da boca. Ali, em primeiro lugar ele é salivado com ptialina e depois segue pelo esôfago. Mas nem todo

Universo

lua

sol

estômago terra

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alimento segue pelo esôfago, pois o homem certamente também é, no fundo, uma coluna de água – pois tudo nele é mole, as partes duras estão apenas alojadas nele –, de modo que já na boca um pouco de comida é sugada para a cabeça. Uma nutrição direta segue do céu da boca para dentro da cabeça. Isso é assim. Vejam como as coisas não são tão grosseiras quanto se acredita comumente; isso os senhores podem por certo concluir simplesmente fazendo comparações. Um óvulo humano não pode ser exposto ao ar para ser chocado exteriormente nele. Já com os ovos dos pássaros pode-se fazer isso. Estes são expostos ao ar e são exclusivamente chocados lá fora. O mesmo também se dá naturalmente – e de maneira análoga – com a cabeça humana. A atual cabeça humana não conseguiria nutrir-se do pouquinho de alimento que ela obtém a partir do céu da boca. Não obstante, a Terra estava justamente disposta de outro modo. Ela tinha um estômago dentro de si, o qual era ao mesmo tempo uma boca e se alimentava totalmente por essa boca. De modo que podemos dizer: durante o tempo em que o Sol esteve ligado à Terra, aquele imenso ser teve a possibilidade de alimentar-se a partir do Universo.

Por outro lado eu lhes disse: ao estudarmos a Terra hoje em dia, ela se assemelha a uma cabeça humana amortecida. Sim, mas uma cabeça humana morta deve ter vivido, evidentemente, em épocas passadas. Portanto, a Terra deve ter vivido anteriormente. E então ela foi nutrida pelo Sol.

Agora, meus amigos, eu quero dizer-lhes mais uma coisa. Vejam, se os senhores examinarem, num determinado período, o germe humano dentro do corpo da mãe, portanto, após a fecundação, quero dizer, duas, três, quatro semanas após a fecundação, então o aspecto desse germe humano é extremamente interessante. Ali se encontra, em primeiro lugar, dentro do complexo corpóreo materno e ao redor de tudo, dentro do corpo da mãe, uma pele chamada útero, uma membrana com

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muitos vasos sanguíneos. E os vasos sanguíneos que ali se encontram em excesso, ali no complexo corpóreo da mãe – eles naturalmente não estão ali no corpo humano se não houver justamente uma criança em gestação; esses vasos sanguíneos são ligados a outros vasos sanguíneos que a mãe possui. Ali eles penetram em toda parte nas veias sanguíneas. De modo, portanto, que a mãe tem, inserida ali em seu próprio sistema sanguíneo, aquela esfera (desenho abaixo) e enquanto, além do mais, o sangue circula pelo corpo, ele ainda é derramado nessa esfera, mas somente na parte externa dela.

Ora, meus amigos, dentro dessa esfera se encontram todos os órgãos. Ali há, por exemplo, um órgão que tem a aparência de um saco e ao lado dele outro saco que é menor. Aquelas veias sanguíneas também se estendem para dentro desses sacos, as quais senão, quando a mãe

não carrega nenhum filho, não são encontradas ali, pois a esfera toda está ausente; essas veias também se estendem para dentro dali. De modo que podemos dizer: essas veias penetram ali em toda parte e tudo que eu lhes desenhei até agora está presente quando a criança se desenvolve nas primeiras semanas; isso está presente e a criança está suspensa nisso, muito pequena, portanto minúscula, a criança está suspensa nisso aqui. Minúscula, ela está suspensa nisso!

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E, curiosamente, se agora eu lhes desenhasse a criança em tamanho grande, como ela será em seguida, então eu deveria desenhá-la assim: a saber, a criança será quase só cabeça (desenho), a outra parte que está nela será minúscula. Os senhores veem como eu acrescentei aqui o desenho de duas dessas extensões, mais tarde elas serão os braços. As pernas quase não existem. Mas, por isso mesmo estas duas bolsas estão, portanto dispostas justamente na criança, estas duas bolsas que eu desenhei aqui, e os vasos sanguíneos penetram nestas duas bolsas. E estes vasos sanguíneos levam consigo o alimento e a cabeça é nutrida desta forma. Certamente ainda não existe um estômago e nem um coração também. Nas primeiras semanas a criança ainda não tem uma circulação sanguínea própria. Pois ela é só cabeça. E essa cabeça vai crescendo paulatinamente até que no segundo, no terceiro mês ela se torna semelhante ao ser humano, por se ajuntarem a ela os outros órgãos. Mas, a criança continua sendo alimentada de fora por aquilo que está ali como bolsas. E depois o alimento é armazenado desta maneira em toda a sua volta (desenho). Mas o sangue já é introduzido. A criança ainda não consegue respirar, ela apenas obtém o ar indiretamente, pela mãe. Portanto a criança é, de fato, uma cabeça humana

embrião

cabeça

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e os outros órgãos ainda não lhe servem para quase nada. Ela não consegue fazer nada com os pulmões. Ela não pode fazer nada com o estômago. Ela ainda não consegue comer; logo ela precisa receber todos os alimentos a fim de que apenas a sua cabeça seja nutrida. Ela ainda não consegue respirar. Ela também não tem ainda um nariz. Embora os órgãos estejam se desenvolvendo, ela ainda não consegue usá-los. Assim, na verdade, a criança é uma cabeça dentro do corpo materno; só que tudo ali é mole. Lá dentro, o futuro cérebro é muito mole, ele é extremamente mole e muito vivo, tremendamente vivo. E se os senhores pudessem servir-se de um enorme microscópio e examinar detalhadamente a cabeça de uma criança que esteja, digamos, na segunda ou terceira semana após a fecundação, então ela teria um aspecto muito semelhante àquilo que eu lhes disse sobre a Terra, sobre como a Terra foi em tempos idos, quando os Ictiosáurios e os Plesiosáurios e tudo o mais chapinhavam por ali. Isto teria um aspecto espantosamente semelhante, diferindo apenas quanto ao tamanho.

De modo que é possível perguntar: – Onde pode ser encontrada até nos dias de hoje uma imagem da Terra que existiu em outros tempos? Ora, na cabeça humana, justamente enquanto a cabeça humana ainda não houver nascido e enquanto ela ainda existe apenas como germe. Esta cabeça humana é evidentemente uma clara cópia da Terra.

E tudo que precisou ficar pendurado nela, aquelas bolsas do corpo, o que está ao redor dela, tudo aquilo é posto para fora depois de se romper, a modo das assim chamadas secundinas, permanecendo o corpo humano que é levado a nascer. Pois, realmente, dentro do complexo corpóreo materno recebe-se, como criança, o alimento do que serão posteriormente as secundinas, as quais serão lançadas para fora como secundinas – elas consistem de vasos sanguíneos dilacerados. O assim chamado alantóide8 e o líquido amniótico – trata-se portanto dos

8 Alantóide: uma das membranas que revestem o embrião, formando a placenta. (N.T.)

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órgãos dilacerados –, são extremamente importantes para nós enquanto nos encontramos no corpo materno, porque substituem o estômago e os órgãos da respiração. Mas quando não os empregamos mais, após o nascimento, quando podemos, nós próprios, respirar e comer, eles são eliminados como secundinas.

Entretanto, meus amigos, se os senhores olharem para este assunto da forma como eu o desenhei aqui, basta que imaginem: aqui estaria o Universo, aqui a Terra e aqui dentro dela a cabeça humana; e ao redor disto, muito rarefeito, o Sol. E agora vem o nascimento, isto é, cessa aquilo que existiu anteriormente. O Sol e a Lua voam para fora e tem lugar o nascimento da Terra. Doravante, a Terra que se ajude!

É possível descrever de dois modos essas coisas. Primeiro me foi possível descrevê-las de modo a dizer-lhes: a Terra teve antigamente este aspecto – dentro dela havia Ictiosáurios, Plesiosáurios e assim por diante. Em segundo lugar, porém, eu poderia igualmente descrever-lhes o germe humano. Apenas, neste caso, tudo é muito menor, mas eu teria de dizer a mesma coisa. De modo que hoje os senhores podem afirmar: em outras eras a Terra foi o germe de um enorme ser humano.

E, por outro lado, é extremamente interessante saber que antigamente os homens sabiam muito mais que os homens surgidos posteriormente, e de um modo extraordinário, – a respeito disto ainda falaremos. Ou seja, em geral os seres humanos subsequentes aprenderam a partir do mal compreendido arquivo hebraico, do mal compreendido Antigo Testamento e na verdade, imaginaram o seguinte: aqui ficava a Terra e em algum lugar ficava o Paraíso e aqui em pé estaria Adão, feito um rapazinho no Paraíso. Essa imagem que as pessoas faziam a partir do mal compreendido Antigo Testamento é mais ou menos como se hoje alguém imaginasse o seguinte: o ser humano não procede daquela coisinha que se encontra ali, do alantóide e das bolsas amnióticas, daquela membrana e

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assim por diante – o homem não procederia disto, porém tudo isto seria um assunto à parte; mas uma minúscula pulga pousaria dentro do corpo materno e a partir dessa minúscula pulga surgiria o homem. É mais ou menos dessa forma que imaginamos esse assunto: a Terra estaria aqui, Adão e Eva viveriam como pulgas sentadas sobre ela, e depois surgiria o gênero humano. Isso se originou justamente de um mal entendido do Antigo Testamento, ao passo que aqueles que antigamente sabiam alguma coisa não falaram de Adão, porém de Adão Kadmon. E este Adão Kadmon é algo diferente do Adão. Ele é aquela cabeça enorme que foi a Terra em passadas eras. E essa é uma representação natural. Esse Adão Kadmon só foi transformado numa pulga terrestre quando os homens não conseguiram mais imaginar que uma cabeça humana pode ter se tornado tão grande como a Terra, quando eles não acreditaram mais nisto, e então formaram para si uma imagem anormal, como se ela existisse por brincadeira, de que todos os nove meses se passam no corpo materno e de que dessa bola materna nasceria o ser humano.

Na realidade, devemos imaginar que em outras épocas o ser humano era o mundo inteiro – ele era o mundo todo. A Terra também era muito mais viva. Porquanto, meus amigos, isso não pode mesmo ser diferente; vejam, se eu lhes desenhar a Terra atual, ela de fato será um ser morto, do mesmo modo como a cabeça estará empenhada em definhar, mas se retrocedermos neste ponto até ao corpo materno, veremos que ele é vivo, de fora a fora. Ele é semelhante ao que a Terra foi no passado. Mas hoje a Terra já morreu. Entretanto, no passado ela foi viva, de fora a fora.

Vejam, se as pessoas fossem capazes de dar coesão a tudo que a ciência produz, elas chegariam a algumas coisas. Pois a ciência efetivamente está correta, mas as pessoas que a administram nos dias de hoje não sabem fazer muita coisa com ela. Se hoje em dia alguém examinar a superfície desta Terra, deverá dizer: isto, sem dúvida, é semelhante

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a uma cabeça humana morta. Na verdade, nós realmente andamos sobre coisas mortas, sobre coisas que devem ter vivido no passado. Eu já lhes disse isso anteriormente; mas eu ainda lhes direi todas as consequências desse fato.

Ora, havia uma vez, em Viena, ainda no tempo da minha juventude, um geólogo muito famoso, um entendido em Terra. Ele escreveu um grande livro: “O semblante da Terra”. Ali consta o seguinte: hoje em dia, quando andamos pelos torrões da Boêmia e da Westfália, andamos em cima de coisas mortas. Tudo isto foi vivo em outras eras. – A ciência até que adivinha as peculiaridades, mas ela não consegue combinar as coisas. O que eu lhes afirmo não contradiz a ciência em nenhum ponto. Os senhores podem encontrar a confirmação disto em toda parte, basta irem à sua procura na ciência. Mas os próprios cientistas não descobrem a saída para a sequência das coisas.

Portanto, chegamos realmente ao ponto de poder dizer: no passado a Terra foi um gigantesco ser humano. Ela foi isso. Mas ela morreu e hoje perambulamos em Terra morta.

Dessa maneira, vejam, restam agora algumas questões importantes, restam duas questões importantes, por intermédio da questão do senhor N. Uma é esta: ao retrocedermos ao passado vemos como a Terra foi um gigantesco ser humano. – De onde vêm os animais? E a segunda é esta: a Terra foi, pois um gigantesco ser humano. – Qual é a origem de ser o homem hoje uma pulga tão pequena sobre a face da Terra? – De onde provêm o que o tornou tão pequeno? Essas duas questões são realmente questões muito importantes.

Na realidade, a primeira não é tão difícil de ser respondida; basta não querer respondê-la a partir de toda sorte de brincadeiras fantásticas, porém é preciso respondê-la a partir de fatos.

Meus amigos, em que acreditam os senhores, quando uma mulher morre durante a gravidez, enquanto aquela

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coisa ali dentro ainda tem o aspecto daquilo que eu lhes desenhei na lousa, e os senhores, pela autópsia, extraem dela aquela esfera dentro da qual ainda estão aquelas coisas que caem com as secundinas, e dentro das quais se encontra o embrião que mais tarde se tornaria um homem – admitamos que se extraia toda aquela coisa e que não a coloquemos no álcool no qual ela certamente se conservaria, porém que nós a deixássemos assim em algum lugar, especialmente em algum lugar úmido, e que depois de algum tempo voltássemos até lá –, o que acreditam os senhores que veríamos ali? Sim, meus amigos! Se voltássemos para lá depois de algum tempo e em seguida começássemos a retalhar tudo aquilo, sairia uma porção de bichos andando dali de dentro; uma porção de bichinhos sairia dali. A cabeça humana inteira, que estivera bem viva dentro do complexo corpóreo materno, essa morre. E ao morrer – basta recortá-la para poder vê-lo –, sai dali toda espécie de bichos.

Sim, meus amigos, imaginem que outrora a Terra tenha sido uma dessas cabeças humanas dentro do Universo e que ela tenha morrido. – Seria preciso maravilhar-se com o fato de ter saído dela toda espécie de bichos? Pois até o dia de hoje uma cabeça ainda faz isso. Se os senhores levarem em consideração esse assunto, obterão a origem dos animais. Mesmo hoje ainda se pode observá-la.

Essa é uma questão. Ainda falaremos mais sobre ela, sobre como as formas animais surgiram separadamente. Mas em princípio os senhores já têm aí o fato de que os animais devam existir. Hoje eu posso apenas aludir a essa questão, mais tarde eu ainda a responderei detalhadamente.

Agora resta a outra pergunta: – Porque o homem é atualmente um sujeitinho tão pequeno? Ora, aqui os senhores devem novamente reunir tudo que for possível saber. Em primeiro lugar os senhores podem perguntar: sim, mas no passado viveu um homem no Universo e que hoje é a Terra, mas o qual definhou, e que hoje é Terra. – Então ele não nasceu? – Ele não se multiplicou?

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– Certamente não é preciso atentar para mais esta questão, pois, se ele se multiplicou naquele tempo, os outros foram convocados para algum lugar do Universo, para outras coisas. Assim, pois, primeiro devemos interessar-nos em quando surgiu um determinado ponto da multiplicação.

Sim, meus amigos, se os senhores investigarem, mesmo hoje, o modo como uma pequena célula se multiplica, então

ela começa sendo assim (desenho), depois ela fica assim, depois, dela surgem duas. Em seguida haverá mais duas de cada uma delas; isto já perfaz quatro. Ora, todo o corpo humano é construído desse modo, de tal maneira que no final ele consistirá de um sem número de pequenos bichinhos separados, vivendo no sangue e definhando na cabeça, os quais, todos eles, foram produzidos por uma única célula. Dessa maneira, exatamente do mesmo modo como o ser humano hoje não nasce somente de um homem todo, porém de uma parte do homem, a Terra atual surgiu de uma parte da Terra original. É de perguntar-se apenas: – Porque o homem hoje não sai mais dela? É porque a Terra, desde quando o Sol saiu dela, não está mais tão ligada ao Universo. Agora todos esses seres permanecem internos. Eles passaram a ser iluminados por fora pelo Sol, quando este saiu, enquanto que anteriormente ele estava dentro da Terra. – Os senhores precisam reunir tudo que é possível saber.

Meus amigos, talvez os amigos saibam, não obstante, que é possível criar cães, os quais têm, em geral, certo tamanho abaixo do qual eles, na verdade, não chegam, mas que podem, todavia ser criados a ponto de algumas vezes quase não serem maiores do que grandes ratazanas. Por exemplo, quando se dá álcool aos cães para beber, eles ficam pequenos – na verdade, o seu tamanho depende do que age ali sobre a sua entidade –; no entanto, estes cães tornam-se terrivelmente nervosos.

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Com efeito – embora o mundo inteiro não estivesse repleto de álcool –, foram, todavia as atuações dos materiais que se tornaram totalmente diferentes quando o Sol se afastou da Terra. Com certeza, quando ele ainda estava na Terra, existia uma atuação totalmente diferente de quando o Sol mais tarde passou a estar lá fora. E enquanto no início o homem era tão grande quanto a própria Terra, ele se tornou pequeno mediante aquela gigantesca atuação. Mas, essa foi a sua sorte, pois enquanto ele ainda era tão grande como a Terra, todos os outros homens que nasciam, tinham de voar para fora no Universo. Mais adiante haveremos de ouvir, por sua vez, o que se deu com eles. Mas agora eles puderam ficar na Terra para poderem nela perambular, uns com outros. E assim, em vez do homem, originou-se o gênero humano, porque os homens ficaram pequenos.

Sim, meus amigos, essa é a verdade: todos nós descendemos de um só homem! – Afinal, isso certamente também é compreensível, não é mesmo? Mas esse ser humano único também não era assim uma dessas pulguinhas terrestres como os seres humanos são atualmente, porém ele era a própria Terra. Só que, por um lado, ao sair o Sol, a Terra passou a definhar, enquanto os animais se arrastavam para fora dela, do mesmo modo como os animais atualmente também se arrastam para fora de algo que está morrendo. E, por outro lado, as forças ainda foram conservadas. Só que agora elas não foram excitadas de dentro pelo Sol, porém de fora, e o ser humano se tornou pequeno, podendo vir-a-ser muitos homens.

Por isso, por atuar de fora, o Sol torna o homem pequeno. Isso por certo também pode ser muito bem compreendido pelos senhores. Pois, imaginem uma vez, se isto for a Terra – agora quero desenhar a Terra bem pequena –, e se anteriormente o Sol estava aqui, dentro, portanto de onde a Terra estava colocada, então todas as forças irradiavam desse modo para fora, e quando a Terra se locomovia, o Sol sempre ia junto com ela, pois eram

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uma e outro a mesma coisa (desenho à esquerda). Mas agora que o Sol está fora, a história é outra: aqui está o Sol e aqui está a Terra que gira ao redor do Sol. Quando a Terra está aqui ela recebe estes raios; quando ela está ali, ela recebe aqueles raios (desenho à direita). Os senhores sempre veem apenas uma pequena porção dos raios. Quando o Sol está fora, a Terra passa a receber apenas uns poucos raios. Mas quando o Sol ainda ficava na Terra, sempre lhe chegava, por dentro, a plena atuação do Sol. Não admira que ao girar o Sol assim ao redor da Terra ele possa iluminar o ser humano em qualquer dos pontos da Terra, enquanto no passado, quando ficava dentro e precisava irradiar a partir do ponto central, ele conseguia irradiar somente um ser humano. Portanto, assim que o Sol começou a atuar a partir da periferia, ele diminuiu o tamanho do ser humano.

É interessante, é realmente muito interessante, que não somente os eruditos asiáticos, muito tempo depois de ter sido o Antigo Testamento interpretado erroneamente, ainda falavam do Adão Kadmon que na verdade é um homem que é a Terra toda, mas que os ancestrais dos atuais habitantes da Europa Central, que estão em toda parte na Suíça, na Alemanha, tivessem uma lenda na qual se dizia: que a Terra foi certa vez um ser humano gigantesco, que ela foi o gigante Ymir. E que a Terra foi fecundada.

Portanto, eles falavam da Terra da mesma maneira como se deve falar atualmente de um ser humano. E mais tarde isso naturalmente não foi mais compreendido porque em lugar dessas imagens lendárias, embora elas fossem imaginativas e corretas – pois são terrivelmente verdadeiras

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–, porque em lugar dessas imagens verdadeiras colocou-se a explanação latina errada do Antigo Testamento. Portanto, os antigos germanos da Europa – isso certamente era imaginativo, era como se eles houvessem sonhado, mas o sonho estava muito mais correto do que mais tarde, quando o Antigo Testamento foi mal entendido e quando, em vez de se falar da Terra toda, do Adão Kadmon, se falou do pequeno Adão – os antigos germanos ainda tinham uma ciência, conquanto esta fosse meramente imaginativa, sonhadora.

Sim, vejam, adquirimos até mesmo um enorme respeito por aquilo que foi anteriormente extirpado da antiga ciência, embora ela fosse meramente imaginativa e sonhadora. Mas ela existiu e foi extirpada. Não é de se admirar. Numa determinada época surgiu, portanto essa extirpação geral. E se eu lhes relatasse o que existiu no passado, por exemplo, na Ásia Menor, na Média Ásia, na África do Norte, no Sul da Europa, na Grécia, na Itália – sim, meus amigos, no 1º., 2º., 3º. séculos, quando o Cristianismo já existia, então os senhores encontrariam estátuas extraordinárias em toda parte, se fossem para os campos, na Ásia e na África; elas existiram em toda parte. E nessas estátuas, as pessoas, que ainda não sabiam ler nem escrever, expressavam como a Terra foi no passado. A partir dessas estátuas seria possível estudar como foram as coisas sobre a Terra no passado. Isso estava expresso na forma, na escultura, esse fato da Terra ter sido outrora um ser vivente.

E então as pessoas passaram a ficar furiosas, a ficar com aquela raiva, e em pouco tempo simplesmente acabaram com o que havia dessas estátuas. Destruiu-se uma imensa quantidade de coisas a partir das quais se poderia ter inferido muitíssimos assuntos. Aquilo que ainda é encontrado, atualmente como antigos monumentos, é realmente o menos importante, pois naqueles primeiros séculos sabia-se muito bem o que era o mais importante. E isso foi eliminado.

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Pois, foi assim mesmo, antigamente a humanidade possuía um maravilhoso saber; mas, justamente, eles, aqueles homens o sonhavam. E, vejam! Esse é um fato extremamente interessante, o fato de que no passado os homens sonhavam em vez de refletir – coisa que precisam fazer hoje em dia –, os homens com efeito sonhavam aqui na Terra. Na realidade, eles sonhavam mais de noite que de dia. Pois tudo aquilo que se fica sabendo a respeito da antiga sabedoria humana está impregnado do que se vê: aqueles homens observavam muita coisa durante a noite. Os pastores que ficavam no campo observavam muita coisa durante a noite. E aquela antiga sabedoria existia, portanto entre os germanos quando estes falavam de um homem gigantesco. E depois dele ainda houve também mais um homem gigantesco. O homem realmente não se tornou pequeno de repente. Mas finalmente ele se tornou semelhante ao que os homens são agora.

Pois bem, meus amigos. Voltaremos a falar, a partir deste ponto, assim que eu puder estar com os senhores novamente. Os senhores veem como uma pergunta daquela ordem sempre estimula a falar sobre muito mais coisas. Agora eu devo viajar mais uma vez para a Alemanha, para Stuttgart. E depois disso poderemos com certeza conversar mais. Entrementes, preparem algumas boas perguntas.

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NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

Base do texto: As conferências foram estenografadas por Helene Finckh (1883-1960) e por ela vertidas.

Os desenhos do texto foram elaborados por Leonore Uhlig segundo os desenhos feitos na lousa por Rudolf Steiner.

Página

20 – George Cuvier, 1769-1832, zoólogo e paleontólogo francês.

42 – Gempen, Gempenfluh ou Shartenfluh, monte no Jura a oeste de Dornach, 721 m de altura.

50 – um erudito em Paris, Ilja Iljisch Metschnikow, 1845-1916, zoólogo e bacteriologista russo, ativo em Paris; vide também Rudolf Steiner em GA-348, 4ª. conf. 2-12-1922.

54 – voo da Lua a partir do Oceano Pacífico, vide também Rudolf Steiner em GA-351, 2ª. conf. 12-10-1923.

62 – pulgão, pulgões, afídios, grupo de insetos sugadores de seivas vegetais.

63 – vorticelas, gênero dos infusórios.

63 – Jean Racine, 1639-1699, dramaturgo francês, sua “Athalie” surgiu em 1691.

73 – Gustav Theodor Fechner, 1801-1887, escreveu “Schleiden e a Lua”, 1856.

73 – Matthias Jakob Schleiden, 1804-1881, botânico alemão.

86 – Julius Robert Mayer, 1814-1878.

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86 – Charles Darwin, 1809-1882.

97 – “O semblante da Terra”, de Eduard Suess, 1831-1914, que escreveu em sua obra em 1892: “. . . à implosão do globo terrestre é à qual estamos presentes. . .”

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RUDOLF STEINER: VIDA, CRONOLOGIA E OBRA ESCRITA

A obra de vida de Rudolf Steiner compreende as suas obras escritas e a publicação de suas conferências, que sempre foram pronunciadas livremente. Acrescentem-se numerosas obras artísticas, das quais as duas construções do Goetheanum obtiveram reconhecimento mundial. Suas conferências sobre agricultura, nutrição, pedagogia, arte, medicina, economia etc. levaram à fundação de numerosas instituições que, como enriquecimento cultural atual, encontram cada vez maior reconhecimento. Do mesmo modo, são ampliados e aprofundados os seus fundamentos mediante um sem número de pessoas e iniciativas.

Marie Steiner-von-Sievers revisou e publicou as transcrições de suas conferências e, após a sua morte, teve início a publicação da obra completa de Rudolf Steiner que consta de mais de 350 volumes.

1861 No dia 27 de fevereiro Rudolf Steiner nasce em Kraljevec (no antigo império austro-húngaro, hoje Sérvia) como filho de um ferroviário da estrada de ferro do sul da Áustria. Seus pais eram austríacos. Vive sua infância e juventude em diversos lugares da Áustria.

1872-1879 Frequenta uma escola perto de Viena, onde termina o ensino médio sete anos depois.

1879 Estuda matemáticas e ciências até 1882 na Escola Superior de Viena, e ao mesmo tempo literatura, filosofia e história. Estudo fundamental da obra de Goethe.

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

1882 Primeiras publicações.

1-1897 Edição das obras científicas de Goethe em cinco volumes para a Deutsche National-Literatur (Literatura Alemã) de Kürschner em cinco volumes. Uma edição autônoma das introduções é editada em 1925 com título de A Obra Científica de Goethe (GA-1).

1884-1890 Professor particular numa família em Viena.

1886 Convidado para colaborar na Grande Edição Sophia, das obras de Goethe. O método cognitivo de Goethe. Linhas Básicas de uma Teoria do Conhecimento de Goethe com especial consideração por Schiller (GA-2).

1888 Redator da Deutschen Wochenschrift (Semanário Alemão) em Viena. Parte dos artigos encontrados em GA-31. Conferência no Instituo Goethe de Viena: Goethe als Vater einer neuen Ästhetic (Goethe como Pai de uma Nova Estética), (GA-30).

1890-1897 Weimar. Colaborador do arquivo Goethe-Schiller. Editor da obra científica de Goethe.

1891 Promoção a Doutor em Filosofia pela Universidade Rostock. Vem a lume a dissertação ampliada: Wahrheit und Wissenschaft, Vorspiel einer “Philosophie der Freiheit” (Verdade e Ciência, Prelúdio a uma Filosofia da Liberdade) (GA-3).

1894 Die Philosophie der Freiheit. Grundzüge einer Modernen Weltanschauung. Seelische Beobachtungen nach Naturwissenschaftlicher Ethos (Filosofia da Liberdade. Bases de uma Concepção do Mundo. Resultados de Observações Anímicas Segundo Métodos Científicos) (GA-4).

1895 Friedrich Nietzsche, eine Kämpfer gegen seine Zeit (Friedrich Nietzsche, um Lutador contra o seu Tempo) (GA-5).

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1897 Goethes Weltanschauung (A Concepção de Mundo de Goethe) (GA-6). Mudança para Berlim. Edição do “Magazine Literário” e das “Páginas de Dramaturgia” juntamente com O. E. Hartleben (GA-29, 32). Atuação na “Sociedade Literária Livre”, na “Sociedade Livre de Dramaturgia” e na “Sociedade Giordano-Bruno”, além de outras.

1899-1904 Professor na “Escola de Formação de Trabalhadores” fundada por W. Liebknecht.

1900-1901 Weltund Lebensanschauungen, 19. Jahrhundert (Concepções de Vida e de Mundo no Século 19) , ampliada em 1914 para Die Rätsel der Philosophie (Os Enigmas da Filosofia) (GA-18). Início da atividade como conferencista antroposófico a convite a Sociedade Teosófica de Berlim. Die Mystik im Anfange des Neuzeitlichen Geisteslebens (A Mística nos Primórdios da Vida Espiritual Moderna (GA-7).

1902-1912 Construção da Antroposofia. Conferências públicas regulares em Berlim e extensos ciclos de conferências em toda Europa. Marie Von Sievers – a partir de 1914 Marie Steiner – torna-se sua constante colaboradora.

1902 Das Christentum als Mystische Tatsache und die Mysterien des Altertums (O Cristianismo como Fato Místico e os Mistérios da Antiguidade) (GA-8).

1903 Fundação e edição da revista Luzifer (Lúcifer), mais tarde Luzifer Gnosis (Gnose de Lúcifer) (GA-34).

1904 Theosophie, Einführung in Übersinliche Welterkenntnis und Menschenbestimmung (Teosofia, Introdução ao Conhecimento Supra Sensível e Destino do Ser Humano) (GA-9).

1904-1905 Wie Erlangt man Erkenntnisse der Höheren Welten (O Conhecimentos dos Mundos Superiores) (GA-11). Die Stufen der Höheren Erkenntnis (O Conhecimento Iniciático) (GA-12).

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

1910 Die Geheimwissenschaft im Umriss (Ciência Oculta) (GA-13).

1910-1913 Estreia em Munique dos Vier Mysteriendramen (Quatro Dramas de Mistérios) (GA-14).

1911 Die Geistige Führung des Menschen und der Menschheit (A Direção Espiritual do Homem e da Humanidade) (GA-16).

1912 Anthroposophischer Seelenkalender. Wochensprüche (Calendário da Alma. Versos Meditativos para a Semana.) (GA-40). Ein Weg zur Selbsterkenntnis des Menschen (Um Caminho para o Auto-Conhecimento) (GA-16).

1913 Separação da Sociedade Teosófica e fundação da Sociedade Antroposófica. Die Schwelle der Gestigen Welt (O Limiar do Mundo Espiritual) (GA-17).

1913-1923 Construção do Primeiro Goetheanum, em madeira, com duas cúpulas que se interpenetram, em Dornach, Suíça. Ao mesmo tempo surgem em Dornach várias construções com projetos de Rudolf Steiner.

1914-1923 Dornach em Berlim. Em palestras e cursos em toda a Europa, Rudolf Steiner dá sugestões para uma renovação em muitos campos da vida: arte, pedagogia, ciências, vida social, medicina, teologia. Continuação da nova arte do movimento a “Euritmia” inaugurada em 1912.

1914 Die Rätsel der Philosophie in ihrer Geschichte als Umriss dargestellt (Os Enigmas da Filosofia e sua História) (GA-18).

1916-1918 Vom Menschenrätsel (Do Enigma da Humanidade) (GA-20). Von Seelenrätseln (Dos Enigmas da Alma) (GA-21). Goethes Geistesart in ihrer Offenbarung durch seinen Faust und das Märchen Von der Schlange und der Lilie (A Espiritualidade de Goethe em sua Revelação no Fausto e pelo seu conto

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Estados Primordiais da Terra

“Conto da Serpente Verde e da Linda Lilie”) (GA-2). (esgotado)

1919 Rudolf Steiner defende a ideia de uma “tri-membração do organismo social” em artigos e conferências, especialmente no sul da Alemanha. Die Kernpunkte der Sozialen Frage in den Lebensnotwendigkeiten der Gegenwart und Zukunft (Pontos Centrais da Questão Social) (GA-23). Aufsätse über die Dreigliederung des Sozialen Organismus (Artigos sobre tri-membração do Organismo Social) (GA-24). No outono é fundada, em Stuttgart, a “Escola Waldorf Livre”, que Rudolf Steiner orientou até o seu falecimento.

1920 Começa o primeiro curso esotérico superior antroposófico no Goetheanum, ainda não totalmente acabado, onde daí por diante acontecem regularmente apresentações artísticas.

1921 Fundação da revista semanal Das Goetheanum (O Goetheanum) contendo artigos e colaborações regulares de Rudolf Steiner (GA-36).

1922 Cosmologie, Religion und Philosophie (Cosmologia, Religião e Filosofia) (GA-25). Na noite de São Silvestre de 1922/1923 o Goetheanum é destruído pelo fogo. Para uma nova construção em concreto, Rudolf Steiner só pode criar um primeiro modelo externo.

1923 Atividade ininterrupta de conferências ligadas a viagens. No Natal de 1923, nova constituição da “Sociedade Antroposófica” como “Sociedade Antroposófica Universal” sob a direção do próprio Rudolf Steiner.

1923-1925 Rudolf Steiner escreve, em capítulos semanais, a sua autobiografia incompleta Mein Lebensgang (Minha Vida) (GA-28) e trabalha juntamente com a Dra. Ita Wegman no livro Grundlegendes für eine Erweiterung der Heilkunst nach

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

Geistewissenschaftlichen Erkenntnissen (Bases para uma Ampliação da Arte Médica Segundo Conhecimentos da Ciência Espiritual) (GA-27).

1924 Intensificação da sua atividade de conferencista, além de numerosos cursos específicos, dentre os quais se destaca o Landwirtschaftlicher Kursus (Fundamentos da Agricultura Biodinâmica), único curso sobre agricultura esotérica existente. Últimas viagens na Europa como conferencista. No dia 28 de setembro, última alocução aos membros. Depois disso fica acamado.

1925 No dia 25 de março Rudolf Steiner falece em Dornach.

Obs.: Obras assinaladas em negrito podem ser encontradas em português.

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RELAÇÃO DAS 112 CONFERÊNCIAS DE RUDOLF STEINER DIRIGIDAS AOS

TRABALHADORES DO GOETHEANUM EM DORNACH, SUÍÇA, DE 2 DE AGOSTO DE 1922

A 24 DE SETEMBRO DE 1924

(As conferências revisadas, cotejadas, editadas e em processo de edição, estão em negrito, juntamente com seus resumos)

VOLUME I. (GA-347)

O CONHECIMENTO DO SER HUMANO NO QUE DIZ RESPEITO A CORPO, ALMA E ESPÍRITO

Seis conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 2 de agosto de 1922 até 16 de setembro de 1922

1ª CONFERÊNCIA2 de agosto de 1922

O SURGIMENTO DA FALA E DOS IDIOMASA descoberta de Broca. Apoplexia cerebral e perda da fala. O falar

e a formação da circunvolução temporal esquerda. O desenvolvimento da fala infantil. Vogais e consoantes. Imitação ao falar. Ser canhoto e ser destro. Tratamento pedagógico do canhoto. Diversidade das línguas segundo regiões da Terra e segundo constelações celestes.

– o –2ª CONFERÊNCIA

5 de agosto de 1922O CORPO VITAL DO SER HUMANO. O CÉREBRO E O

PENSAMENTO

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

Como o ser humano é um ser pensante? Alimentação láctea. Leite de jumenta. Leite materno. Amortecer e reavivar a nutrição. Os corpúsculos brancos do sangue e as células cerebrais. Estados de desmaio e anemia. A consciência e sua dependência da exata proporção entre glóbulos brancos e glóbulos vermelhos do sangue. Vivacidade do cérebro durante o sono. Inconsciência no sono. Atividade pensante durante o sono. Processo respiratório e atividade cerebral. Percepção dos sonhos. Atividade pensante diurna do cérebro.

– o –3ª CONFERÊNCIA

9 de agosto de 1922O SER HUMANO EM SUA RELAÇÃO COM O MUNDO. FORMAÇÃO

E DISSOLUÇÃOAmortecimento da vida. Procedência dos pensamentos. Formação

de cristal. Silício. Formação de montanhas. Os Alpes. Açúcar e sua dissolução. Diabete. Reumatismo e gota. Formação e dissolução da areia cerebral. Apoplexia cerebral. Adoecer não é senão formar algo com muitas forças. Café e chá. Nutrição rica em nitrogênio. Processo de dissolução e consciência do Eu.

– o –4ª CONFERÊNCIA

9 de setembro de 1922O CONHECIMENTO DO SER HUMANO SEGUNDO CORPO, ALMA E ESPÍRITO. O CÉREBRO E O PENSAMENTO. O FÍGADO COMO

ÓRGÃO SENSORIALA vida nas células cerebrais e nos glóbulos brancos do sangue.

Imbecilidade e amolecimento do cérebro. Amortecimento da vida no cérebro como pressuposto do pensar. Causas da esclerose do fígado. O fígado como órgão de percepção. Troca de materiais no corpo humano. Formação do ser humano no complexo corpóreo da mãe. O sono da criança de peito. In-utilização do corpo com a idade. Câncer intestinal, estomacal ou do piloro. Sobrecarga da memória e esclerose do órgão. Conhecimento real e factual. A ciência tornada prática.

– o –5ª CONFERÊNCIA

13 de setembro de 1922A PERCEPÇÃO E O PENSAR DOS ÓRGÃOS INTERIORESLeite materno e leite de vaca. Amortecimento e reavivamento da

nutrição. O fígado como órgão sensorial interno. Atividade perceptiva

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Estados Primordiais da Terra

pelos rins. Escleroses cerebrais. Diabete. Peculiaridades do fígado. O fígado: um olho interno. Secreções biliares. Os olhos do animal como órgão pensante. As cabeças de Jano dos romanos.

– o –6ª CONFERÊNCIA

16 de setembro de 1922O PROCESSO DE NUTRIÇÃO DO PONTO DE VISTA FÍSICO-

MATERIAL E ANÍMICO-ESPIRITUALPtialina, pepsina, tripsina. Sentir o fígado. Secreção biliar. Amido:

açúcar; albumina: albumina líquida, formação de álcool; gorduras: glicerina, ácidos graxos; sais permanecem sais. Sobre a morte de Paracelso. Absorção de grandes porções de álcool. A enxaqueca. O cérebro no líquido cerebral. Principal diferença entre homem e animal. Sais e fósforo como os principais materiais no cérebro humano. Sal e pensar, fósforo e vontade.

VOLUME II. (GA-347)

ESTADOS PRIMORDIAIS DA TERRAQuatro conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de

20 de setembro de 1922 a 30 de setembro de 1922

1ª CONFERÊNCIA20 de setembro de 1922

ESTADOS PRIMORDIAIS DA TERRA: A LEMÚRIALama terrosa e ar ígneo. Pássaros-dragões, Ictiosáurios e

Plesiosáurios. Pássaros-dragões como alimento dos Ictiosáurios e dos Plesiosáurios. Aves, animais vegetarianos e Megatérios. A terra: um gigantesco animal morto.

– o –2ª CONFERÊNCIA

23 de setembro de 1922ESTADOS PRIMORDIAIS DA TERRA 2

Tartarugas, crocodilos. Instintos curativos dos animais. Oxigênio e carbono. Plantas e florestas. Contínua alteração da Terra. As gigantescas ostras e sua vida na “sopa terrestre”. As minhocas. A Terra no estado glacial. A Lua como estimuladora da fantasia e das forças de crescimento. Indicação de Metschnikow para o “Fausto” de Goethe.

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

A Lua no interior da Terra. Saída da Lua e o estado subseqüente. Conservação da antiga substância lunar na força de reprodução dos seres animais e humanos.

– o –3ª CONFERÊNCIA

27 de setembro de 1922O MAIS PRIMORDIAL ESTADO DA TERRA

Estado da Terra, anterior à saída da Lua. Reprodução das ostras gigantes. Procedência das forças masculinas e femininas no período anterior à saída da Lua. Elefante, pulgão da folha, vorticelas. O Sol como força fecundante. Conservação das batatas em covas na terra. A Terra dá as forças reprodutoras a seus seres por conservar dentro de si as forças solares durante o inverno. Reprodução por estacas. Levar plantas ao crescimento correto. Minhocas, vermes intestinais. Força vital na semente das plantas. Ação do Sol na reprodução vegetal e animal. Ação da Lua sobre o clima. A disputa lunar de Fechner-Schleiden. A época da evolução em que Terra, Sol e Lua ainda eram um só corpo. O experimento de Plateau. A Terra como ser vivo.

– o –4ª CONFERÊNCIA

30 de setembro de 1922ADÃO KADMON NA LEMÚRIA

Outrora a Terra foi uma cabeça humana viva. Nutrição primordial da Terra a partir do espaço universal. Julius Robert Mayer. O Sol “devora” os cometas. Meteoros: cometas decaídos. A Terra nutrida pelo Sol. A cabeça humana embrionária, uma evidente cópia da Terra. Em tempos idos a Terra foi o germe de um gigantesco ser humano. Outrora o ser humano foi a Terra toda. “O semblante da Terra” de Eduard Suess. Origem dos animais. Porque o homem é tão pequeno. Todos descendemos de um único homem. O gigante Ymir. Explanação errônea do Antigo Testamento. Extermínio do antigo saber.

VOLUME III. (GA-348)

SAÚDE E DOENÇA 1. BASES DE UMA CIÊNCIA SENSÓRIO – ESPIRITUAL

Nove conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 19 de outubro de 1922 a 27 de dezembro de 1922

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117

Estados Primordiais da Terra

1ª CONFERÊNCIA19 de outubro de 1922

A SITUAÇÃO MUNDIAL. CAUSAS DE DOENÇASA atual situação mundial: como tudo hoje é um caos na grande

política. O último discurso de William Windom, antes de ser vitimado por uma síncope. O médico Ludwig Schleich e o homem vitimado por uma síncope dificilmente perceptível. Sobre doenças na infância.

– o –2ª CONFERÊNCIA

24 de outubro de 1922AS DOENÇAS AO LONGO DAS IDADES

O caráter especial das doenças infantis: purulências sangüíneas, fenômenos anêmicos. Diarréia, sapinhos, convulsões infantis, paralisia infantil, escarlatina, sarampo. Doenças mentais são sempre doenças corporais. Origem e significação das forças anímico-espirituais que no organismo infantil partem da cabeça. Sobre as doenças que surgem porque se trabalha o anímico-espiritual a partir da cabeça e o corpo não está em ordem. Sobre as doenças que surgem porque o corpo está muito fraco.

– o –3ª CONFERÊNCIA

29 de novembro de 1922A FORMAÇÃO DA ORELHA HUMANA. ÁGUIA, LEÃO, TOURO,

HOMEMSobre a formação da orelha: caracol, martelo, bigorna e estribo,

a trompa de Eustáquio e os três canais semicirculares. Na orelha levamos um pequeno homem dentro de nós. Águia, leão e touro como representantes dos três membros da natureza humana e o homem propriamente, que reúne esses três membros. Os símbolos dos quatro evangelistas.

– o –4ª CONFERÊNCIA

2 de dezembro de 1922 A GLÂNDULA TIREÓIDE E OS HORMÔNIOS. PESQUISAS DE

STEINACH. CURAS DE REJUVENESCIMENTO: ESPIRITUAIS E MATERIAIS

A glândula tireóide em seu significado para toda a organização humana. A ação dos hormônios da glândula tireóide. O processo vital humano consiste em continuamente o ser humano envenenar-se

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118

Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

interiormente e lhe ser retirada a ação dos venenos pelas glândulas hormonais. A teoria de Steinach sobre as glândulas hormonais. O ponto de vista de Metschnikow sobre os fenômenos do envelhecimento. Lados sombrios das curas de rejuvenescimento. Compenetração interior com uma atividade espiritual, como fonte de rejuvenescimento.

– o –5ª CONFERÊNCIA

13 de dezembro de 1922O OLHO. A COR DOS CABELOS

Descrição circunstancial da formação dos olhos. O olho é um pequeno mundo. Miopia e presbiopia. Porque temos dois olhos. A fala dos olhos. Íris e a cor dos olhos. Extinção dos loiros. Forças corpóreas e forças anímicas.

– o –6ª CONFERÊNCIA

16 de dezembro de 1922O NARIZ. OLFATO E PALADAR

O sentido do olfato nos povos selvagens e nos cães. Porque o elefante é o mais inteligente dos animais. As asas nasais, o septo nasal, a membrana mucosa e o etmóide. Etmóide e nervo olfativo. Sobre homens atravessados. Professor Benedikt e suas pesquisas sobre crânios de criminosos. Assassinos ou outros criminosos têm um lóbulo occipital muito curto. Nós cheiramos somente aquilo que evapora primeiro. Do abanar com a cauda, do cão. Inversão da força do abanar, no homem: sentido da compaixão, da compreensão do homem em geral. O cão como seguidor de rastos. A inteligência, a capacidade discriminatória no homem provém da sua superação do sentido do olfato. Comparação do sentido do olfato com o sentido do paladar. O feitio do homem depende dos nervos.

– o – 7ª CONFERÊNCIA

20 de dezembro de 1922FUNDAMENTOS CIENTÍFICO-ESPIRITUAIS DE UMA TEORIA DOS

SENTIDOSObservação das dimensões do sentido do sentir, do paladar, do

olfato e do sentido do calor. Sobre a pele e sua composição: as várias camadas da pele. Os corpúsculos de Pacini. Os nervos da pele são nervos do paladar transformados. Nada saboreamos se não for antes liquefeito. Interiorização do paladar. Migração de peixes de água doce. Sobre o vôo das aves. Todos os pensamentos são odores transformados.

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119

Estados Primordiais da Terra

O ser humano aquoso, aéreo e calórico. O saborear é o ser humano aquoso, o cheirar é o aéreo. Só por sermos parte do calor universal, mais quentes do que o calor circundante, sentimo-nos independentes no mundo. O ser humano total percebe o calor, isto é, não existem órgãos especiais de percepção para o calor.

– o –8ª CONFERÊNCIA

23 de dezembro de 1922DA VIDA DA ALMA NO PROCESSO RESPIRATORIO

O ser humano vive através do seu processo respiratório. Nisto consiste nossa vida, em inalar oxigênio e exalar ácido carbônico. Oxigênio, carbono, ácido carbônico. As bactérias devem ser protegidas diante da Terra, elas vivem, sobretudo sob a influência lunar. Pela fecundação o germe humano é protegido de ser destruído pelas forças terrenas. A vida dos germes não fecundados. Vivemos com nosso anímico no ar; assim nos protegemos das forças da Terra. A vida anímica vem de fora da Terra. A assim chamada experiência de Plateau. Sobre a gota. O ser humano só é sadio por sempre estar protegido das influências terrenas. Toda cura de doenças se apóia em conseguir, sempre, afastar o ser humano da influência da Terra.

– o – 9ª CONFERÊNCIA

27 de dezembro de 1922COMO CONTRAÍMOS UMA DOENÇA? GRIPE, FEBRE DO FENO,

DOENÇA MENTALDe como se originam doenças vindas de dentro para fora.

Contínua destruição dos nutrientes pelo corpo astral; o corpo astral distribui os nutrientes a cada um dos órgãos. Atividade insuficiente do corpo astral. Em que consiste o ouvir. Sobre o contágio de doenças. Sobre a febre do feno e o efeito do remédio. Em que se baseiam as doenças ditas físicas quando vem de dentro e, em que se baseiam as doenças ditas mentais. O espírito não adoece. Disposição para a doença física e disposição para a doença dita mental. Dementia praecox, a assim chamada loucura juvenil.

VOLUME IV. (GA-348)

SAÚDE E DOENÇA. BASES DE UMA CIÊNCIA SENSÓRIO-ESPIRITUAL. 2.

Nove conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 30 de dezembro de 1922 a 10 de fevereiro de 1923

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

1ª CONFERÊNCIA30 de dezembro de 1922

FEBRE. COLAPSO. GRAVIDEZ– o –

2ª CONFERÊNCIA5 de janeiro de 1923

CÉREBRO E PENSAR– o –

3ª CONFERÊNCIA8 de janeiro de 1923

O EFEITO DO ÁLCOOL NO SER HUMANO– o –

4ª CONFERÊNCIA10 de janeiro de 1923

O INTELECTO COMO EFEITO DO SOL. SOBRE AS CONSTRUÇÕES DOS CASTORES E DAS VESPAS

– o –5ª CONFERÊNCIA

13 de janeiro de 1923O EFEITO DA NICOTINA. ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA E CARNÍVORA. O PRAZER DO ABSINTO. O NASCIMENTO DE

GÊMEOS– o –

6ª CONFERÊNCIA20 de janeiro de 1923

DIFTERIA E GRIPE. ESTRABISMO– o –

7ª CONFERÊNCIA27 de janeiro de 1923

A CONEXÃO ENTRE RESPIRAÇÃO E CIRCULAÇÃO. ICTERÍCIA. CATAPORA. RAIVA

– o –8ª CONFERÊNCIA

3 de fevereiro de 1923O EFEITO DO ABSINTO. HEMOFILIA. ERA GLACIAL. A

DECADENTE CULTURA ORIENTAL EA ASCENDENTE CULTURA EUROPÉIA. SOBRE AS ABELHAS

– o –

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121

Estados Primordiais da Terra

9ª CONFERÊNCIA10 de fevereiro de 1923

CONEXÃO ENTRE OS PLANETAS E OS METAIS, E SEUS EFEITOS CURATIVOS

VOLUME V. (GA-349)

SOBRE A VIDA DO SER HUMANO E DA TERRADez conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 17

de fevereiro de 1923 a 18 de abril de 1923

1ª CONFERÊNCIA17 de fevereiro de 1923

PASSADO E FUTURO DA VIDA NA TERRA. FORÇAS CURATIVAS NA NATUREZA HUMANA

– o –2ª CONFERÊNCIA

21 de fevereiro de 1923AS DUAS LEIS BÁSICAS DA TEORIA DAS CORES NO RUBOR

DA MANHÃ E DA TARDE, E O AZUL DO CÉU. SAÚDE E DOENÇA RELACIONADA À TEORIA DAS CORES

– o –3ª CONFERÊNCIA3 de março de 1923

COR E RAÇAS HUMANAS – o –

4ª CONFERÊNCIA14 de março de 1923

A IMAGEM UNIVERSAL DE DANTE E A ASCENSÃO DA ÉPOCA CIENTÍFICA. COPÉRNICO. LAVOISIER

– o –5ª CONFERÊNCIA

17 de março de 1923A ARTICULAÇÃO DA ENTIDADE HUMANA. VIDA E MORTE

– o –6ª CONFERÊNCIA

21 de março de 1923A VIDA HUMANA NO SONO E NA MORTE

Page 123: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

122

Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

– o –7ª CONFERÊNCIA4 de abril de 1923

A ARTICULAÇÃO DA ENTIDADE HUMANA NO CORPO FÍSICO, ETÉREO, ASTRAL E NO EU

– o –8ª CONFERÊNCIA9 de abril de 1923

SONHO, MORTE E REGRESSO– o –

9ª CONFERÊNCIA14 de abril de 1923

PARA A OBSERVAÇÃO SINTOMÁTICA DO CORPO ASTRAL– o –

10ª CONFERÊNCIA18 de abril de 1923

PORQUE NÃO NOS LEMBRAMOS DAS VIDAS TERRENAS PREGRESSAS

VOLUME VI. (GA-349)

SOBRE A ESSÊNCIA DA CRISTANDADETrês conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 21

de abril de 1923 a 9 de maio de 1923

1ª CONFERÊNCIA21 de abril de 1923

SONO E VIGÍLIA. A VIDA APÓS A MORTE. A ENTIDADE CRÍSTICA. OS DOIS MENINOS JESUS

Sobre a ”armadilha de mosca de Vênus”. Sobre o conceito do anseio. Qual circunstância anímica está na base do despertar: o ser humano desperta porque anseia por seu corpo físico. Após a morte a alma sempre desejaria entrar novamente no corpo: ela deve primeiro desabituar-se disto. Após a morte permanecem os anseios pelo corpo físico e pela vida em geral, e ainda se tem principalmente o anseio por ver tudo aquilo que se viu durante a vida. Só quando o ser humano se desabituar da cobiça pelo mundo físico, ele cresce para dentro do mundo espiritual e pode então perceber de modo espiritual. A emersão

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123

Estados Primordiais da Terra

e a submersão da Inglaterra. A constelação dos astros no céu irradia forças que mantêm um país num determinado lugar. O que Platão informa sobre Sólon. A doutrina de Juliano sobre os três sóis. O batismo de João no Jordão. Discrepâncias na árvore genealógica do Evangelho de Lucas e Mateus. Singularidades sobre os dois meninos Jesus. Bizarrices do Professor Hauer. Pelo evento de Cristo, a História Mundial tomou um rumo diferente.

– o –2ª CONFERÊNCIA 7 de maio de 1923

SOBRE AS ENTIDADES DE CRISTO, ARIMÃ E LÚCIFER EM SUA RELAÇÃO COM O SER HUMANO

O ser humano não é um ser total e integralmente homogêneo; ele morre incessantemente e de novo vive. Sistema nervoso e sistema sanguíneo como princípios opostos. Esclerose. Envelhecer e rejuvenescer. Pleurisia ou pneumonia: o rejuvenescimento se fortalece em nós. Se existissem apenas forças arimãnicas nós endureceríamos continuamente, nos tornaríamos cadáveres continuamente, nos tornaríamos pedantes, teimosos, despertaríamos continuamente. As forças que nos abrandam, que nos rejuvenescem, que nos fazem fantasiar, que nos levam à exaltação, que incessantemente nos fazem adormecer, são as forças luciféricas. Essas duas forças opostas precisam estar presentes no ser humano, mas elas precisam ser compensadas. A educação moderna é toda arimãnica. De cerca de 8.000 anos até nossa era foi uma época luciférica, depois veio uma época arimãnica. Ser cristão significa procurar o equilíbrio entre o arimãnico e o luciférico. Pleurisia e carvão de madeira de bétula. Tratamento preventivo da apoplexia mediante sucos de flores. Enfermidades luciféricas e arimãnicas. A escultura em madeira, na construção. Sobre as discordâncias nos quatro evangelhos.

– o –3ª CONFERÊNCIA9 de maio de 1923

SOBRE A MORTE DE CRISTO, SUA RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO

As primeiras notícias sobre os cristãos. Os dois meninos Jesus. O Jesus aos doze anos no templo. Inspiração de Kerkulé. O Jesus trintenário de Nazaré e sua iluminação pelo Cristo. O mais importante conteúdo dos antigos mistérios: o saber a partir do Sol. Sobre morte,

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124

Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

sepultamento e ressurreição de Cristo. As aparições do ressurreto. O evento de Damasco, de Paulo. Ascensão ao céu de Cristo. O pensamento pentecostal: as línguas de fogo, a religião comum a todos os seres humanos. Religiões terrenas e cristandade solar.

VOLUME VII. (GA-350)

RITMOS NO COSMO E NA ENTIDADE HUMANA. Sete conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 30

de maio de 1923 a 25 de junho de 1923

A ATUAÇÃO DO ETÉREO E DO ASTRAL NO SER HUMANO E NA TERRA

1ª CONFERÊNCIA30 de maio de 1923

DO RETORNO DO SER HUMANO. GINÁSTICA, DANSA, ESPORTE– o –

2ª CONFERÊNCIA2 de junho de 1923

A ATUAÇÃO DO ETÉREO E DO ASTRAL NO SER HUMANO E NA TERRA

– o –3ª CONFERÊNCIA6 de junho de 1923

CIRCULAÇÃO DO SANGUE E MOVIMENTO DO CORAÇÃO. PERCEPÇÃO ESPIRITUAL PELA LENTE OCULAR

– o – 4ª CONFERÊNCIA9 de junho de 1923

EFEITOS DA LUZ E DAS CORES EM MATERIAIS TERRESTRES E NOS CORPOS CÓSMICOS

– o –5ª CONFERÊNCIA

13 de junho de 1923DA ATUAÇÃO DO ANJO DA GUARDA

– o –

Page 126: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

125

Estados Primordiais da Terra

6ª CONFERÊNCIA,16 de junho de 1923

AS CAUSAS MAIS PROFUNDAS DA CATASTRÓFICA GUERRA MUNDIAL

– o –7ª CONFERÊNCIA

25 de junho de 1923A INFLUÊNCIA DAS CONSTELAÇÕES SOBRE A TERRA E O SER

HUMANO

VOLUME VIII. (GA-350)

COMO CHEGAR À CONTEMPLAÇÃO DO MUNDO ESPIRITUAL?Quatro conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de

28 de junho de 1923 a 18 de julho de 1923

1ª CONFERÊNCIA28 de junho de 1923

FORMAÇÃO DE UM PENSAR INDEPENDENTE E O PENSARREVERSO

– o –2ª CONFERÊNCIA

30 de junho de 1923PRODUÇÃO DE ENFADO ARTIFICIAL. A INVERSÃO DOS

JULGAMENTOS DO MUNDO FÍSICO NO MUNDO ESPIRITUAL– o –

3ª CONFERÊNCIA7 de julho de 1923

DESENVOLVER HONESTIDADE INTERIOR– o –

4ª CONFERÊNCIA18 de julho de 1923

HABITUAR-SE AO MUNDO EXTERIOR. QUESTÕES NUTRICIONAIS: EFEITO DA BATATA, DA BETERRABA E DO

RABANETE

Page 127: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

126

Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

VOLUME IX. (GA-350)

RITMOS NO COSMO E NA ENTIDADE HUMANACinco conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de

20 de julho de 1923 a 22 de setembro de 1923

1ª CONFERÊNCIA20 de julho de 1923

RESPIRAÇÃO HUMANA E CÓSMICA. A RESPIRAÇÃO DE LUZ DA TERRA. A FECUNDAÇÃO NA PLANTA E NO SER HUMANO. A

FECUNDAÇÃO DA ÁGUA PELO RAIO– o –

2ª CONFERÊNCIA25 de julho de 1923

ORIGEM DA CONSCIÊNCIA NO CURSO DA EVOLUÇÃO HUMANA. NÃO NASCER E IMORTALIDADE. OS ENSINAMENTOS DE

ARISTÓTELES E DA IGREJA CATÓLICA– o –

3ª CONFRÊNCIA28 de julho de 1923

SABER PULMONAR E SABER RENALA ORIGEM E O SENTIDO DOS CULTOS

– o –4ª CONFERÊNCIA

10 de setembro de 1923SABEDORIA DRUÍDICA. CULTO MITRÁICO. CULTO CATÓLICO. CULTO MAÇÔNCO. CULTO DA COMUNIDADE DOS CRISTÃOS

QUESTÕES NUTRICIONAIS– o –

5ª CONFERÊNCIA22 de setembro de 1923

A QUESTÃO DA ALBUMINA, GORDURA, CARBOIDRATOS E SAIS NA NUTRIÇÃO. A INGESTÃO DA BATATA. ADVERSÁRIOS DA

ANTROPOSOFIAQuem não tem condição de ter a atuação do sal no cérebro se torna

débil mental, imbecil. Os carboidratos contribuem sobremaneira para nós, como seres humanos, termos o feitio humano. A gordura serve para contermos material de forma correta. Albumina é necessária, sobretudo para o ser humano. Ingestão da batata como nutrição.

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127

Estados Primordiais da Terra

Perigo da ingestão excessiva da batata. A albumina está ligada ao nascimento e morte do ser humano físico. O corpo etéreo tem o seu principal espaço nas gorduras, o corpo astral nos carboidratos, e o Eu tem seu espaço nos sais. Flores e frutas são elaboradas nos intestinos, raízes na cabeça. Nutrição por batata e por cereais. Cabeças d’água*. Os adversários da Antroposofia, na ciência e na teologia.

VOLUME X. (GA-351)

HOMEM E MUNDO - ATUAÇÃO DO ESPÍRITO NA NATUREZA Sete conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 8 de outubro de 1923 a 31 de outubro de 1923

1ª CONFERÊNCIA8 de outubro de 1923

A ESSÊNCIA DAS BORBOLETAS– o –

2ª CONFERÊNCIA10 de outubro de 1923

ÁCIDO CIANÍDRICO E NITROGÊNIO. ÁCIDO CARBÔNICO E OXIGÊNIO

– o –3ª CONFERÊNCIA

13 de outubro de 1923SER HUMANO E TERRA, NO NORTE E NO SUL

– o –4ª CONFERÊNCIA

20 de outubro de 1923A ESSÊNCIA DO HIDROGÊNIO

– o –5ª CONFERÊNCIA

24 de outubro de 1923A NATUREZA DOS COMETAS

– o –6ª CONFERÊNCIA

27 de outubro de 1923ATUAÇÃO DOS MATERIAIS NO UNIVERSO E NO CORO HUMANO:

FERRO E SÓDIO– o –

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128

Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

7ª CONFERÊNCIA31 de outubro de 1923

AS CAUSAS DA PARALISIA INFANTIL. DA VEGETAÇÃO

VOLUME XI. (GA-351)

SOBRE A ESSÊNCIA DAS ABELHASOito conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 26

de novembro de 1923 a 22 de dezembro de 1923

1ª CONFERÊNCIA26 de novembro de 1923

ABELHA E HOMEM– o –

2ª CONFERÊNCIA28 de novembro de 1923

DA PERCEPÇÃO DAS ABELHAS– o –

3ª CONFERÊNCIA1 de dezembro de 1923

MEL E QUARTZO– o –

4ª CONFERÊNCIA5 de dezembro de 1923

SOBRE O MEL– o –

5ª CONFERÊNCIA10 de dezembro de 1923

SOBRE A VESPA DA GALHA– o –

6ª CONFERÊNCIA12 de dezembro de 1923

SOBRE O VENENO DAS ABELHAS E DAS FORMIGAS– o –

7ª CONFERÊNCIA15 de dezembro de 1923

A SIGNIFICAÇÃO DO ÁCIDO FÓRMICO– o –

8ª CONFERÊNCIA22 de dezembro de 1923

Page 130: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

129

Estados Primordiais da Terra

ÁCIDO OXÁLICO, ÁCIDO FÓRMICO, ÁCIDO CARBÔNICO E SUAS SIGNIFICAÇÕES NA NATUREZA

VOLUME XII. (GA-352)

NATUREZA E HOMEM NA CONSIDERAÇÃO CIENTÍFICO – ESPIRITUAL

Dez conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 7 de janeiro de 1924 a 27 de fevereiro de 1924

1ª CONFERÊNCIA7 de janeiro de 1924

SOBRE PAQUIDERMES. A ESSÊNCIA DA FORMAÇÃO DE CONCHAS E ESQUELETOS

– o –2ª CONFERÊNCIA

19 de janeiro de 1924VENENOS E SEUS EFEITOS NO SER HUMANO

– o –3ª CONFERÊNCIA

23 de janeiro de 1924DA NUTRIÇÃO

– o –4ª CONFERÊNCIA

2 de fevereiro de 1924O OLHO HUMANO. ALBINISMO

– o –5ª CONFERÊNCIA

9 de fevereiro de 1924A CIRCULAÇÃO DOS FLUIDOS DA TERRA COM RELAÇÃO AO

UNIVERSO– o –

6ª CONFERÊNCIA13 de fevereiro de 1924

O VESTUÁRIO DO SER HUMANO– o –

7ª CONFERÊNCIA16 de fevereiro de 1924

O EFEITO DO ARSÊNICO E DO ÁLCOOL NO CORPO

Page 131: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

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Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

– o –8ª CONFERÊNCIA

20 de fevereiro de 1924A LIGAÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES COM O CORPO FÍSICO.

O EFEITO DO ÓPIO E DO ÁLCOOL– o –

9ª CONFERÊNCIA23 de fevereiro de 1924

CONSTRUÇÃO E DESTRUIÇÃO DO ORGANISMO HUMANO. O SIGNIFICADO DAS SECREÇÕES

– o – 10ª CONFERÊNCIA

27 de fevereiro de 1924A TEORIA DA RELATIVIDADE DE EISNTEIN. PENSAR ALHEIO À

REALIDADE

VOLUME XIII. (GA-353)

A HISTÓRIA DA HUMANIDADE E AS COSMOVISÕES DOS POVOS CIVILIZADOS 1.

Oito conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 1º. de março de 1924 a 12 de abril de 1924

1ª CONFERÊNCIA1 de março de 1924

INFLUÊNCIA DO AR DE CEMITÉRIO NO SER HUMANO. OS MODOS DE VER A VIDA DOS ANTIGOS INDIANOS, EGÍPCIOS,

BABILÔNIOS E JUDEUS– o –

2ª CONFERÊNCIA5 de março de 1924

CONEXÕES SUPRAFÍSICAS NA VIDA HUMANA. HELENISMO E CRISTANDADE

– o –

3ª CONFERÊNCIA8 de março de 1924

O INGRESSO DA CRISTANDADE NO MUNDO ANTIGO E OS MISTÉRIOS

Page 132: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

131

Estados Primordiais da Terra

– o –4ª CONFERÊNCIA

12 de março de 1924SABEDORIA ASTROLÓGICA, RELIGIÃO LUNAR E SOLAR

– o –5ª CONFERÊNCIA

15 de março de 1924O ASPECTO DA EUROPA NA ÉPOCA DA EXPANSÃO DA

CRISTANDADE – o –

6ª CONFERÊNCIA19 de março de 1924

A TRINDADE. AS TRÊS FORMAS DA CRISTANDADE E O ISLAM. AS CRUZADAS

– o –7ª CONFERÊNCIA

26 de março de 1924REPRESENTAÇÕES DE CRISTO EM OUTROS TEMPOS E

ATUALMENTE– o –

8ª CONFERÊNCIA12 de abril de 1924

A FESTA DA PÁSCOA

VOLUME XIV. (GA-353)

A HISTÓRIA DA HUMANIDADE E A COSMOVISÃO DOS POVOS CIVILIZADOS 2.

Nove conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 26 de abril de 1924 a 25 de junho de 1924

1ª CONFERÊNCIA26 de abril de 1924

OS ESTIGMAS. A MÚMIA– o –

2ª CONFERÊNCIA5 de maio de 1924

PARA FUNDAMENTAR UMA ASTRONOMIA NA CIÊNCIA ESPIRITUAL

– o –

Page 133: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

132

Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

3ª CONFERÊNCIA8 de maio de 1924

DA ESSÊNCIA DO JUDAÍSMO– o –

4ª CONFERÊNCIA10 de maio de 1924

DA ÁRVORE SEFIRÓTICA– o –

5ª CONFERÊNCIA14 de maio de 1924

SOBRE KANT, SCHOPPENHAUER E EDOUARD VON HARTMANN– o –

6ª CONFERÊNCIA17 de maio de 1924

COMETAS E O SISTEMA SOLAR, O ZODÍACO E AS DEMAIS ESTRELAS

– o –7ª CONFERÊNCIA20 de maio de 1924

MOISÉS. CULTURA ATLÂNTICA DECADENTE NO TIBETE. O DALAI LAMA – COMO PODE A EUROPA DIFUNDIR SUA

CULTURA ESPIRITUAL NA ÁSIA? INGLEZES E ALEMÃES COMO COLONIZADORES

– o –8ª CONFERÊNCIA4 de junho de 1924

A NATUREZA DO SOL. ORIGEM DA MAÇONARIA, DO SINAL, TOQUE E PALAVRA. KU-KLUX-KLAN

– o –9ª CONFERÊNCIA

25 de junho de 1924O SER HUMANO E AS HIERARQUIAS. A PERDA DO ANTIGO

SABER. DA “FILOSOFIA DA LIBERDADE”

VOLUME XV. (GA-354)

A CRIAÇÃO DO MUNDO E DO HOMEMTrês conferências proferidas aos trabalhadores no Goetheanum de 30

de junho de 1924 a 7 de julho de 1924

Page 134: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

133

Estados Primordiais da Terra

1ª CONFERÊNCIA30 de junho de 1924

CRIAÇÃO DO MUNDO E DO SER HUMANO. ESTADOS SATURNINO, SOLAR E LUNAR DA EVOLUÇÃO DA TERRA

– o –2ª CONFERÊNCIA3 de julho de 1924

CRIAÇÃO DA TERRA. ORIGEM DO SER HUMANO– o –

3ª CONFERÊNCIA7 de julho de 1924

O QUE A ANTROPOSOFIA E A CIÊNCIA DIZEM A RESPEITO DAS CAMADAS DA TERRA E SEUS FÓSSEIS

VOLUME XVI. (GA-354)

SOBRE A ORIGEM DO MUNDO E DO HOMEM E O CURSO DO DESENVOLVIMENTO CULTURAL DA HUMANIDADE. QUESTÕES

NUTRICIONAISOnze conferências proferidas aos trabalhadores do Goetheanum de 9

de julho de 1924 a 24 de setembro de 1924

1ª CONFERÊNCIA9 de julho de 1924

A ORIGEM DO MUNDO E DOS SERES HUMANOS. LEMÚRIA E ATLÂNTIDA

– o –2ª CONFERÊNCIA12 de julho de 1924

ORIGEM E CARACTERÍSTICA PRÓPRIA DAS CULTURAS CHINEZA E DA INDIANA

-– o –3ª CONFERÊNCIA31 de julho de 1924

RELAÇÃO DOS ALIMENTOS COM O SER HUMANO. ALIMENTAÇÃO CRUA E VEGETARIANISMO

– o –

Page 135: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

134

Rudolf Steiner – Conferências aos trabalhadores do Goetheanum

4ª CONFERÊNCIA2 de agosto de 1924

QUESTÕES DE NUTRIÇÃO. ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS. ENDURECIMENTO. ADUBAÇÃO

– o –5ª CONFERÊNCIA

6 de agosto de 1924O CURSO DA EVOLUÇÃO CULTURAL DA HUMANIDADE.

VIDA TERRESTRE E ATUAÇÃO DOS ASTROS

6ª CONFERÊNCIA9 de agosto de 1924

SOBRE OS CHEIROS– o –

7ª CONFERÊNCIA9 de setembro de 1924

A INFLUÊNCIA DOS PLANETAS NOS ANIMAIS, NAS PLANTAS E NAS ROCHAS

– o –8ª CONFERÊNCIA

13 de setembro de 1924SOBRE O CLIMA E SUAS CAUSAS

– o –9ª CONFERÊNCIA

18 de setembro de 1924FEITIO E ORIGEM DA TERRA E DA LUA. CAUSAS DO

VULCANISMO– o –

10ª CONFERÊNCIA20 de setembro de 1924

O QUE QUER A ANTROPOSOFIA? DO COMETA BIELA– o –

11ª CONFERÊNCIA24 de setembro de 1924

DE ONDE VÊM O HOMEM? VIDA TERRENA E SABEDORIA ASTRAL

– o –

Page 136: Estados Primordiais Da Terra - Rudolf Steiner

Títulos das Edições Micael

Abelhas – Apicultura a partir do respeito pela vida – Rudolf Steiner

Biografia Sertaneja de Rudolf Steiner – Paulo do Eirado Dias e Maria Aparecida Dias

Cartilha de agricultura biodinâmica – Associação de Agricultura Biodinamica

Fundamentos de Agricultura Biodinâmica – Rudolf Steiner (parceria com Editora Antroposófica)

O Salvamento da Alma – Bernard Lievegoed

O Ser humano como Sinfonia das Forças Universais – Rudolf Steiner

A Viagem Maravilhosa de Nils Holgernson – Selma Lagerlof

Contos de Grimm vol .I

Contos de Grimm vol .II

O Caminho Iniciático – Os Grandes Guias da Humanidade – 12 volumes Gudrun K . Burkhard

Conferências aos Trabalhadores do GoetheanumVol . I - O Conhecimento do Ser Humano

no Que Diz Respeito a Corpo, Alma e Espirito .

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