estado socioambiental e democrático de direito: perspectivas
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XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
XI Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Estado Socioambiental e Democrático de Direito: perspectivas
econômicas, inovação tecnológica e sustentabilidade no contexto
dos direitos humanos e fundamentais.
Luísa Zuardi Niencheski, Prof. Carlos Alberto Molinaro (orientador)
Faculdade de Direito – Ciências Jurídicas e Sociais, PUCRS.
Resumo
Tomando como pressuposto que o Estado brasileiro pode ser caracterizado como uma
unidade geopolítica com endereço constitucional fundado na sociabilidade das relações
cidadãs e na garantia da proteção ambiental, portanto, um Estado Socioambiental, assume
relevância a análise, entre outros, de três processos intercorrentes nas relações sociais e na
proteção ambiental: fluxos econômicos decorrentes da atividade produtiva, inovação
tecnológica e sustentabilidade.
A progressiva deterioração do ambiente é percebida por toda a sociedade. Esta grave
crise ambiental é devida a vários fatores, tais como o forte aumento da população humana,
atualmente, mais de seis bilhões (segundo os últimos dados 6,5 bilhões) de pessoas, o que é
agravado pela pobreza sofrida por grande parte dos habitantes deste planeta, juntamente com
o crescimento excessivo da atividade econômica que tem produzido impactos negativos sobre
o meio ambiente, com densidade na degradação ambiental, afetando a qualidade de vida,
como resultado de superexploração dos recursos naturais.
Os níveis de pobreza que se acrescem aos problemas ambientais se manifestam
também pelas assimetrias na distribuição demográfica, pois é nos países mais ricos onde se
concentra 20% da população mundial, tudo isso carrega ainda o ônus da desigualdade global
da renda e do consumo, pois os 20% mais ricos apropriam 86% do consumo privado,
enquanto que os 20% mais pobres da população mundial apropriam menos de 2% do
consumo total privado. Esta densidade concentrada no consumo revela-se como matriz da
dessimetria dos níveis de contaminantes.
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O crescimento industrial é outro aspecto a ser considerado. Desde o século passado até
os dias atuais, o impacto industrial refletiu o espetacular desenvolvimento experimentado pela
ciência e tecnologia aplicada em todos os campos da atividade humana, o que explica o
aumento das atividades econômicas, como construção, transporte, mineração, pesca,
comércio, indústria, agricultura e pecuária, não só em resposta a uma ambição de progresso,
mas o imperativo de satisfazer as necessidades de uma população humana que se expande
exponencialmente.
Ademais, o nível crítico que encontramos na conservação e proteção do habitat
repercute na inegável mudança do clima que hoje todos afligem resultado do aquecimento
global, o efeito estufa, a diminuição da camada de ozônio, o erosão do solo, poluição
atmosférica, predação das espécies e inúmeros outros danos ambientais resultado de
comportamentos prejudiciais em práticas cotidianas que aparentemente não podem ser
neutralizadas, apesar da existência de diferentes mecanismos criados para compensar o
impacto da poluição ambiental.
O crescimento incontrolável do problema que o planeta enfrenta tem causado uma
profunda insatisfação com o uso de instrumentos convencionais de políticas públicas, o que
exige a necessidade de implantação de determinados instrumentos econômicos, tais como
direitos de emissão negociáveis, taxas de emissão de poluentes, os impostos ambientais, entre
outros, como parte de uma política de gestão ambiental. É por isso que é oportuno destacar a
importância do uso da política fiscal como instrumento de gestão ambiental que, em conjunto
com outras políticas já existentes para a proteção do ambiente, pode alcançar o
desenvolvimento sustentável tão desejado.
É verdade que o crescimento econômico não é a única causa da crise ambiental, mas
também não está livre de qualquer culpa. Constata-se que, em alguns casos, é necessário
aumentar a utilização de recursos ou as emissões de resíduos para o crescimento econômico,
mas infelizmente, o uso indiscriminado dos recursos naturais e a emissão excessiva de
resíduos tem sido desproporcional em relação ao desenvolvimento econômico observado.
Necessário um processo de planejamento “eco-eficiente” na proteção do meio
ambiente, observe-se que esse planejamento deve ocorrer através de mercados, e não em
oposição a eles, sem dúvida, se exige um maior grau de intervenção estatal na economia que
vivemos, com a definição de metas para cada indicador, alem de aplicar as normas
ambientais, ou outros instrumentos para limitar a atividade econômica a essas metas para
encontrar simetria entre desenvolvimento e sustentabilidade. Poderoso instrumento para a
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simetria entre crescimento econômico e sustentabilidade revela-se mediante métodos de
Inovação, estes nos mais diversos campos das ciências, sejam as denominadas “duras”, sejam
nas que nos interessam: ciências sociais aplicadas. O processo de Inovação possibilita
combinar as capacidades técnicas, financeiras, produtivas, comerciais e administrativas e
permite o lançamento no mercado de novos e melhores produtos ou processos.
Introdução
A tarefa de encontrar sinergias entre o ambiente e o crescimento econômico é
essencial para desenvolvimento de um futuro possível, isto é sustentado. Além disso, vários
países que, atualmente, se encontram em um círculo vicioso de pobreza, estagnação
econômica e destruição ambiental, podem ter parte da solução para este problema em sua
riqueza ecológica. Em contrapartida a indiferença com o problema ambiental pode acabar
com os recursos naturais que até agora tem sido a principal fonte de desenvolvimento
econômico.
As atividades produtivas geram fluxos de diversificada ordem, no projeto em questão
vão interessar os denominados fluxos econômicos, contudo, também esses são constantes e
em número exponencial, portanto, a investigação vai privilegiar uma abordagem entre os
ecossistemas natural e produzido (ou mais comumente industrial), seguindo autores
posicionados entre as ciências econômicas, a sociologia e a ciência política.
Assim, o objetivo do projeto é investigar com apuro e intentar sistematizar, os modos e
meios de proteção do ambiente e da biodiversidade (no mais amplo sentido) a partir da análise
dos fenômenos econômicos e culturais que dizem com a utilização dos recursos naturais,
renováveis e não renováveis, ademais, investigar a tensão existente entre a produção de bens e
serviços e as externalidades provocadas por esses últimos no contexto socioambiental.
Para o presente estudo, foi escolhido um modelo, como pode ser observado no quadro
abaixo, que servirá, inclusive, para a análise do direito humano e fundamental ao
desenvolvimento econômico e ao ideal de alcançar uma condição socioeconômica sustentável,
confira-se:
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Figuras 1 e 2 Adaptadas de ALLENBY, B.R y RICHARDS, D.J. The Greening of Industrial Ecosystems.
Washiongton, D.C: Ed. National Academy Press, 1994
Metodologia
O itinerário da investigação foi percorrido com uma metódica onde ficam
privilegiados:
1. A pesquisa teórica “dedicada a reconstruir teoria, conceitos, ideias, ideologias,
polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar fundamentos teóricos” (Demo,
2000, p. 20), com o fim de reconstruir teorias, quadros de referência, condições explicativas
da realidade, polêmicas e discussões pertinentes, ao direito ambiental na perspectiva do da
interrogação que faz o projeto. A pesquisa teórica não implica imediata intervenção na
realidade, mas nem por isso deixa de ser importante, pois seu papel é decisivo na criação de
condições para a intervenção, pois “[...] O conhecimento teórico adequado acarreta rigor
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conceitual, análise acurada, desempenho lógico, argumentação diversificada, capacidade
explicativa” (1994, p. 36).
2. A pesquisa metodológica foi abordada com o estudo dos paradigmas atuais das
ciências suas crises, bem como as técnicas dominantes da produção científica (Demo, 1994, p.
37) relativa ao objeto interrogado neste projeto.
3. Na pesquisa empírica, procurou-se revelar a face empírica e fatual da realidade;
produzindo e analisando dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual
(Demo, 2000, p. 21) em matéria socioambiental. A valorização desse tipo de pesquisa é pela
“possibilidade que oferece de maior concretude às argumentações, por mais tênue que possa
ser a base fatual. O significado dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas estes
dados agregam impacto pertinente, sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação
prática” (Demo, 1994, p. 37).
Resultados
A presente pesquisa iniciou-se em abril de 2010 e, no presente momento, encontra-se
na fase de coletas de dados. A partir da sistematização dos documentos mais relevantes,
partir-se-á para a análise crítica do material, concomitantemente, à verificação e reconstrução
de conceitos que embasam a fundamentação do Estado Socioambiental e Democrático de
Direito em suas perspectivas jurídicas, econômicas, bem como no âmbito da inovação e da
sustentabilidade.
Conclusão
Em conclusão, o bem jurídico maior assegurado na Carta Constitucional Brasileira
poderá ser alcançado via concretização de medidas que atendam a ciência ambiental em
conjunto com a sustentabilidade. Por derradeiro, a formatação do projeto, culminando com a
publicação de artigo, representará o exposto nesta pequena introdução da problemática em
estudo.
Referências
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