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Estado do Amazonas Procuradoria Geral do Estado CNPJ nº 04.312.369/0011-62 - Rua Emílio Moreira, n.º 1308, Praça 14, Manaus – AM, fone: (92) 3622.3904 – www.pge.am.gov.br 1 EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL ESTADO DO AMAZONAS, pessoa jurídica de direito público interno, representado pela Procuradoria Geral do Estado, inscrita no CNPJ sob nº 04.312.369/0011-62, por seu Procurador do Estado que a esta subscreve, na conformidade do art. 132 da Constituição da República, e art. 75, inciso II, do Código de Processo Civil, com endereço para comunicação processual na Rua Emílio Moreira, n.º 1.308, Praça 14 de Janeiro, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 37 da Constituição Federal, art. 2º da Lei Estadual 2.794/2003 e art. 2º da Lei 4.717/65, propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DESAPROPRIAÇÃO ADMINISTRATIVA em face dos herdeiros de HASSAM AHMED HAUCHE, HAYAT HAUSSAMI HAUACHE, brasileira, viúva, comerciante, portadora do RG nº 466263 SSP/AM, inscrita sob CPF nº 063.518.448-60, residente e domiciliada nesta cidade, na Rua Ajuricaba, nº 666, Cachoeirinha, CEP 69065-110; YASSER HUSSAMI HAUACHE, brasileiro, empresário, portador do RG nº 1155582-3 SSP-AM, CPF nº 474.919.302-04, residente e domiciliado na Avenida José Romão, 415, Condomínio Parque Verde, Bloco 07, apto. 404, Bairro Novo Aleixo, Manaus, Amazonas; SHÁDIA HAUACHE FRAXE, brasileira, médica, portadora do RG nº 782425-SSP/AM, inscrita no CPF 125.661.498-01, residente e domiciliada na Av. Ephigênio Salles, nº 2477, casa 112, Bairro Aleixo; WALID HUSSAMI HAUACHE, brasileiro, funcionário público, portador do RG nº 646.928-SSP/AM, inscrito no CPF 224.339.782-72, residente e domiciliado, Rua Teófilo Said, nº 19, Parque 10 de Novembro, na cidade de Manaus; Para conferir o original, acesse o site https://consultasaj.tjam.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0627631-49.2018.8.04.0001 e código 42EAA05. Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por GIORDANO BRUNO COSTA DA CRUZ e www.tjam.jus.br, protocolado em 26/06/2018 às 15:58 , sob o número 06276314920188040001. fls. 1

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Page 1: Estado do Amazonas Procuradoria Geral do EstadoEstado do Amazonas Procuradoria Geral do Estado CNPJ nº 04.312.369/0011-62 - Rua Emílio Moreira, n.º 1308, Praça 14, Manaus – AM,

Estado do Amazonas

Procuradoria Geral do Estado

CNPJ nº 04.312.369/0011-62 - Rua Emílio Moreira, n.º 1308, Praça 14, Manaus – AM, fone: (92) 3622.3904 – www.pge.am.gov.br

1

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) D E DIREITO DA

__ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL

ESTADO DO AMAZONAS , pessoa jurídica de direito público

interno, representado pela Procuradoria Geral do Estado, inscrita no CNPJ sob nº

04.312.369/0011-62, por seu Procurador do Estado que a esta subscreve, na

conformidade do art. 132 da Constituição da República, e art. 75, inciso II, do Código

de Processo Civil, com endereço para comunicação processual na Rua Emílio Moreira,

n.º 1.308, Praça 14 de Janeiro, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência,

com fulcro no art. 37 da Constituição Federal, art. 2º da Lei Estadual 2.794/2003 e art.

2º da Lei 4.717/65, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DESAPROPRIAÇÃO

ADMINISTRATIVA

em face dos herdeiros de HASSAM AHMED HAUCHE, HAYAT HAUSSAMI

HAUACHE , brasileira, viúva, comerciante, portadora do RG nº 466263 SSP/AM,

inscrita sob CPF nº 063.518.448-60, residente e domiciliada nesta cidade, na Rua

Ajuricaba, nº 666, Cachoeirinha, CEP 69065-110; YASSER HUSSAMI HAUACHE,

brasileiro, empresário, portador do RG nº 1155582-3 SSP-AM, CPF nº 474.919.302-04,

residente e domiciliado na Avenida José Romão, 415, Condomínio Parque Verde, Bloco

07, apto. 404, Bairro Novo Aleixo, Manaus, Amazonas; SHÁDIA HAUACHE

FRAXE, brasileira, médica, portadora do RG nº 782425-SSP/AM, inscrita no CPF

125.661.498-01, residente e domiciliada na Av. Ephigênio Salles, nº 2477, casa 112,

Bairro Aleixo; WALID HUSSAMI HAUACHE , brasileiro, funcionário público,

portador do RG nº 646.928-SSP/AM, inscrito no CPF 224.339.782-72, residente e

domiciliado, Rua Teófilo Said, nº 19, Parque 10 de Novembro, na cidade de Manaus;

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Page 2: Estado do Amazonas Procuradoria Geral do EstadoEstado do Amazonas Procuradoria Geral do Estado CNPJ nº 04.312.369/0011-62 - Rua Emílio Moreira, n.º 1308, Praça 14, Manaus – AM,

Estado do Amazonas

Procuradoria Geral do Estado

CNPJ nº 04.312.369/0011-62 - Rua Emílio Moreira, n.º 1308, Praça 14, Manaus – AM, fone: (92) 3622.3904 – www.pge.am.gov.br

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MUNA HUSSAMI HAUACHE, brasileira, empresária, divorciada, portadora do RG

nº 33486502-5 SSP/SP, CPF nº 215.646.472-34, residente e domiciliada nesta cidade,

na Rua General Glicério, nº 300 Cachoeirinha; SUNAIA HUSSAMI HAUACHE,

brasileira, empresária, divorciada, portadora do RG nº 782472-6 SSP-AM, CPF nº

160.995.752-00, residente e domiciliada na cidade de Manaus, av. Mario Ypiranga,

1850, Condomínio Singolare, Torre Sole, AP 101, Adrianópolis, tendo em vista o

encerramento do inventário e partilha de seus bens, conforme Escritura Pública anexa à

presente inicial.

I – DA SÍNTESE FÁTICA

A presente Ação Declaratória de Nulidade tem o objetivo de ver

reconhecida nulidade absoluta que eiva procedimento administrativo de desapropriação

que culminou com a celebração de acordo entre Hassam Ahmed Hauache,

O mencionado procedimento administrativo teve início em meados de 2003,

na Casa Civil do Estado do Amazonas, sob nº 2864/2003, com a informação de que

terreno particular estava sendo objeto de ocupação irregular, mediante assentamento de

famílias com aparente finalidade de moradia.

O processo foi encaminhado à Secretaria de Estado de Terras e Habitação,

para a devida instrução processual. Foram realizadas diligências para verificação da

exata localização do imóvel e realizado laudo de avaliação, que apontou como valor

venal do imóvel o quantum de R$ 3.714.000,00 (três milhões setecentos e quatorze mil

reais).

O processo não teve nova movimentação até 15 de agosto de 2013, quando

foi apresentado à Secretaria de Política Fundiária – SPF novo requerimento

administrativo de pagamento de indenização por desapropriação da área correspondente

ao Lote 34 da Colônia Campos Sales, bairro Tarumã.

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Estado do Amazonas

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CNPJ nº 04.312.369/0011-62 - Rua Emílio Moreira, n.º 1308, Praça 14, Manaus – AM, fone: (92) 3622.3904 – www.pge.am.gov.br

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O novo pedido, porém, foi feito em nome do interessado, mas assinado por

sua esposa, Sra. Hayat Hussami Hauache, que apresentou questionável procuração,

como se destacará em tópico próprio.

O suposto expropriado mantinha o desejo de se ver indenizado pela perda da

posse da área mencionada em favor de ocupação consolidada que há muito havia se

instalado na Colônia Campos Sales.

Como se observa, a dita “desapropriação” ocorrida não havia se dado por

apossamento administrativo, mas sim pela ocupação de área particular por diversas

famílias com aparente finalidade de moradia.

Fazia-se, portanto, uma proposta de indenização a particular pela perda de

posse (e de propriedade) em favor dos ocupantes irregulares, com finalidade de ser

promovida, pelo ente estatal, a regularização fundiária das posses ali exercidas,

implementando política governamental de promoção à moradia.

Diante do novo requerimento e em razão de decurso de mais de 10 (dez)

anos das primeiras diligências realizadas, fez-se necessária a elaboração de novos

estudos referentes à localização do imóvel e seu valor venal.

O novo laudo de avaliação determinava que a área estava estimada em R$

18.000.000,00 (dezoito milhões de reais); valor bem acima daquele apontado na

primeira avaliação.

Realizadas as mencionadas diligências, a solicitação do particular foi

encaminhada pela Secretaria de Política Fundiária a esta Procuradoria para análise e

manifestação em 19 de setembro de 2013, conforme Ofício nº 1135/2013-GS/SPF,

anexo à presente exordial.

Cabe, oportunamente, destacar que as desapropriações realizadas pelo

Estado do Amazonas, em regra, devem se dar por meio de atuação conjunta entre a

Procuradoria Geral do Estado e a Secretaria de Política Fundiária. Senão, vejamos:

Lei Ordinária nº 4.163/2015 de 09/03/2015

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CNPJ nº 04.312.369/0011-62 - Rua Emílio Moreira, n.º 1308, Praça 14, Manaus – AM, fone: (92) 3622.3904 – www.pge.am.gov.br

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Art. 24. Ficam transferidas para a Secretaria de Estado de Política Fundiária - SPF as seguintes competências: I - a prestação de auxílio técnico nos procedimentos de desapropriações de interesse do Estado, compreendendo a identificação e avaliação dos imóveis expropriandos, bem como a elaboração dos documentos necessários à instrução dos processos de desapropriação; II - a promoção das desapropriações de interesse do Estado do Amazonas, conforme o disposto no ato específico de declaração de utilidade pública e interesse social.

Lei n.º 1.639 de 30 de Dezembro de 1983

Art. 2.º - À Procuradoria Geral do Estado, instituição permanente, essencial à Justiça e à Administração Pública do Estado do Amazonas, vinculada exclusiva e diretamente ao Chefe do Poder Executivo, como órgão superior do Sistema de Apoio Jurídico da Administração Estadual, compete: I - exercer, privativamente, ativa e passivamente, a representação judicial e extrajudicial do Estado nos assuntos jurídicos de seu interesse, em qualquer juízo ou instância; (...) Art. 17 - À Procuradoria do Patrimônio Imobiliário e Fundiário, além de outras atribuições que lhe forem conferidas, compete: (...) III – promover por via amigável ou judicial as desapropriações de interesse do Estado;

Analisando todo o processo administrativo, a Procuradoria Geral do Estado

fez relevantes considerações em relação à possibilidade de se acolher o pleito do

interessado e suas condições, por meio de Parecer nº 46/2013 – PPIF/PGE.

De início, destacou-se VÍCIO DE REPRESENTAÇÃO do requerente,

uma vez que o documento apresentado por sua procuradora estava em desacordo com o

que dispõe a Lei Estadual n. 3.804/2012, aplicável analogicamente ao caso, como se

demonstrará na exposição de mérito.

Havia, portanto, antes de tudo, necessidade de se regularizar a representação

do interessado para possibilitar o regular andamento do pleito administrativo.

Em seguida, passou-se a analisar a possibilidade fática de o ente público

indenizar particular pela perda de posse em favor de ocupação consolidada. Foram

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colacionadas ementas de pareceres emitidos pela Procuradoria Geral do Estado que

apontavam esta possibilidade.

No entanto, havia um importante fator que diferenciava os casos

anteriormente analisados do pleito em questão: a existência de omissão do poder

público no cumprimento de ordem judicial que determinava reintegração de posse.

Explica-se: nos requerimentos anteriormente analisados por esta

Procuradoria, o proprietário havia ingressado com Ação Judicial, tempestivamente,

visando assegurar seus direitos possessórios e seu domínio. No curso dos processos

judiciais, havia decisão determinando aos órgãos competentes do Estado do Amazonas

que assegurassem a reintegração de posse do particular. Descumprida a ordem do juízo,

ficava configurada omissão estatal e o ente público tornava-se responsável pela

consolidação da invasão e dos conseqüentes prejuízos suportados pelo particular. Daí

nascia o dever de indenizar.

No presente caso, porém, não foi proposta qualquer ação judicial cabível

pelo interessado para assegurar sua posse e seu domínio. Da mesma forma, não houve

qualquer omissão praticada pelo Estado do Amazonas que justificasse a sua

responsabilização pela perda da posse do particular.

Ademais, a inércia do proprietário em adotar as medidas cabíveis para

assegurar seu domínio sobre o imóvel possibilitou a ocorrência de USUCAPIÃO do

imóvel em favor de seus ocupantes.

Isto porque, se em 2003 (data do primeiro requerimento de indenização por

desapropriação por interesse social, apresentado à Casa Civil) já ocorria consolidada

ocupação do terreno, presume-se que este fora invadido há mais de 15 (quinze) anos,

tempo suficiente para ocorrência de Usucapião Urbano, que varia de 5 (cinco) a 10

(dez) anos, conforme artigos 183 da Constituição Federal1; artigos 1.238, 1.240 do

Código Civil de 20022 e art. 10 da Lei 10.257/20013.

1 Art. 183 - Aquele que possuir como sua área urbana de até 250 metros quadrados, por 5 anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

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Em que se pese a possibilidade de aplicação fria do Direito ao presente caso,

a responsabilidade social do Estado do Amazonas e sua obrigação constitucional de

promoção da moradia não poderia ser ignorada.

Estava-se diante de uma ocupação consolidada, com construção de

moradias, arruamento, calçadas, paradas de ônibus e toda a estrutura estatal mínima

necessária a formação de um aglomerado populacional.

Conforme exposto no Parecer nº 46/2013 – PPIF/PGE, anexo à presente

inicial, as lições doutrinárias e a própria legislação do Estado do Amazonas pareciam

configurar o presente caso como adequada hipótese para realização de Regularização

Fundiária em favor dos ocupantes da área.

§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 2 Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 3 Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas. § 2º A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. § 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas. § 4º O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio. § 5º As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.

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CNPJ nº 04.312.369/0011-62 - Rua Emílio Moreira, n.º 1308, Praça 14, Manaus – AM, fone: (92) 3622.3904 – www.pge.am.gov.br

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Verificava-se, assim, a aparente possibilidade de se realizar desapropriação

por interesse social da área em questão, com vistas a regularizar a situação de

vulnerabilidade em que se encontram aqueles que vivem em ocupações irregulares, com

base no art. 5º, XXIV da Constituição Federal4 e art. 2º, IV da Lei 4.132/19625.

Era indispensável, porém, que se elaborasse RELATÓRIO SÓCIO

ECONÔMICO DAS FAMÍLIAS A SEREM BENEFICIADAS pelo possível projeto

de regularização fundiária, para verificar seu enquadramento nas hipóteses

autorizadoras de regularização fundiária.

Ademais, também se fazia indispensável a apresentação, pela Secretaria de

Política Fundiária, de detalhada EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS , em estrita atenção ao

princípio infastável da motivação dos atos administrativos, apta a justificar a específica

escolha da área em questão para o desenvolvimento de projeto de regularização

fundiária.

Isto porque, como é nitidamente sabido, diversas são as ocupações

irregulares no Estado do Amazonas, sendo imperioso apontar a razão de ter se escolhido

a Colônia Campos Sales, dentre tantos outros bairros em que igualmente se encontram

ocupantes em situação de vulnerabilidade.

Superadas as considerações referentes aos indispensáveis atos que ainda

precisavam ser praticados no processo administrativo, passou-se a tecer

considerações referentes aos critérios utilizados no laudo de avaliação.

Destacou-se, especialmente, a necessidade de se aplicar, no cálculo do valor

venal do imóvel, desvalorização em razão da presença de Área de Preservação 4 Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 5 Art. 2.º Considera-se de interesse social: (...). IV – a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias;

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Ambiental, em razão de se tratar de limitação administrativa, que impede a utilização

plena do imóvel a ser adquirido.

Ainda, era necessário reduzir o valor de avaliação justamente em razão da

consolidada invasão ali instalada que, claramente, impõe desvalorização ao imóvel, na

medida em que impede o desenvolvimento adequado dos poderes de domínio.

Ademais, observou-se que as amostras utilizadas na obtenção do valor venal

advinham exclusivamente de anúncios publicados dos meios de comunicação, tendo

sido desprezados os verdadeiros valores de alienação, constantes dos Cartórios de

Registros de Imóveis. Era necessário, portanto, avaliar os valores pelos quais os imóveis

eram, de fato, alienados na região, para a obtenção do preço justo.

Apontou-se, ainda, que a Certidão fornecida pela Prefeitura de Manaus

apontava o valor de R$ 2.330.532,95 (dois milhões trezentos e trinta mil quinhentos e

trinta e dois reais e noventa e cinco centavos) como aplicável ao imóvel; ao passo que a

avaliação da SPF atribuía-lhe o quantum de R$ 18.000.000,00 (dezoito milhões de

reais). Havia, portanto, NECESSIDADE DE A SPF ESCLARECER SE ESTAVA

CORRETO O LAUDO DE AVALIAÇÃO APRESENTADO, considerando todos os

apontamentos feitos por esta Procuradoria.

Por fim, havia urgente necessidade de se corrigir inconsistência existente

em relação à verdadeira área do imóvel. Isto porque a área destaca do patrimônio

estadual que deu origem à propriedade do interessado era de 212.800,30 m². No entanto,

em sua Transcrição nº 38.885, Livro 3-U, do 1º Ofício de Registro de Imóveis/AM, a

área titulada era de 237.216,86 m². Havia, portanto, necessidade de se retificar a

transcrição, que divergia em 25.584,86 m² de sua origem.

Encontrado o justo valor de avaliação, nele, ainda, deveria ser aplicado

deságio, apto a justificar interesse e vantagem econômica em se obter área particular

com fins de regularização fundiária de forma amigável, uma vez que, pela fria aplicação

do direito, o suposto expropriado poderia perder totalmente seu domínio sem qualquer

indenização.

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Conclui-se, assim, que no caso em tela, era aparentemente possível a

realização de desapropriação por interesse social para a implementação de regularização

fundiária em favor dos ocupantes da área, DESDE QUE:

(i) Regularizasse-se a representação do Sr. Hassam Ahmed Hauache;

(ii) Retificasse-se a área constante da Transcrição nº 38.885, que se

encontra em desacordo com o título que a originou;

(iii) Fosse apresentado Relatório Socioeconômico dos ocupantes da

área em questão;

(iv) Fosse, obrigatoriamente, apresentada Exposição de Motivos

(elemento indispensável aos processos de desapropriação) na qual se

fundamente a escolha da área em questão para promoção de

regularização fundiária.

Ainda, sugeriu-se a revisão do laudo de avaliação, nos termos expostos.

Feitas todas estas considerações, o Parecer nº 46/2013 – PPIF/PGE foi

aprovado pelo Procurador-Geral do Estado e encaminhado à SPF para cumprimento das

diligências solicitas. Esperava-se que, praticados os atos devidos, os autos retornassem a

esta Procuradoria, para parecer final, em atenção ao Decreto nº 21.142/2.000, que

estabelece como se dará a desapropriação no Estado do Amazonas.

No entanto, para a surpresa desta Procuradoria Geral do Estado do

Amazonas, ao analisar os mencionados autos novamente, em 03 de maio de 2018,

verificou-se que em 10.04.2017 havia sido publicado o Decreto nº 37.781/2017, que

trata da desapropriação do imóvel em comento.

Foi, em sequência, celebrado Termo de Acordo Administrativo, datado de

27.04.2017, tendo sido pago o valor de R$ 10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos

mil reais) em favor de Hassam Ahmed Hauache, conforme recibo datado de

26.05.2017, sem qualquer nova manifestação desta Procuradoria.

Em razão de não terem sido praticados os atos indispensáveis à

regularidade de procedimento administrativo de desapropriação (tais como: exposição

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de motivos, previsão de dotação orçamentária e declaração do ordenador de despesas),

tem-se que o acordo é nulo de pleno direito, por inafastável vício de forma.

Há que se destacar, ainda, o evidente desvio de finalidade que circundou a

desapropriação realizada, uma vez que, apesar de celebrada sob pretexto de se proceder

à regularização fundiária dos moradores da área, não foi adotado qualquer procedimento

apto a conceder os devidos títulos aos ocupantes da área.

Viciada a finalidade do acordo administrativo, também não é admissível sua

manutenção e é imperiosa sua anulação.

Por estas razões, coube ao Estado do Amazonas a propositura da presente

ação, com o fim de ver declarada a nulidade absoluta que envolve o ato administrativo

que culminou no pagamento de indenização a Hassam Ahmed Hauache.

II. DO DIREITO

II.i. Da Nulidade Absoluta do Acordo Administrativo por Não Observância da

Forma Prescrita em Lei. Vício de Forma:

Com vistas a demonstrar o inegável vício de forma que macula o

procedimento de desapropriação objeto da presente ação, é indispensável que se

relembrem as disposições constantes do Decreto nº 21.142/2000, que estabelece os

critérios e procedimentos administrativos aplicáveis às desapropriações imobiliárias

por utilidade pública e interesse social, promovidas no âmbito da Administração Direta

do Poder Executivo:

Art. 2° - As desapropriações imobiliárias por utilidade pública e interesse social promovidas no âmbito da Administração Direta do Poder Executivo obedecerão aos seguintes critérios e procedimentos administrativos:

I - o titular do órgão interessado postulará a expropriação com a antecedência e prioridade requeridas pelo programa em execução, mediante formalização de Processo iniciado com Exposição e instruída com a certidão do valor cadastral do bem para fins de lançamento do Imposto Predial e Territorial Urbano ou de Propriedade Territorial Rural, com o laudo memorial descritivo do imóvel e com o laudo de avaliação para fins de configuração da despesa inicial da desapropriação, adotando-se o método comparativo de mercado e observando-se, obrigatoriamente, o valor cadastral do imóvel para fins de

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lançamento do Imposto Predial e Territorial Urbano ou de Propriedade Rural, indicando:

a) a finalidade e causa da medida;

b) a identificação da propriedade do imóvel;

c) a existência de dotação orçamentária específica para fazer face à despesa inicial da desapropriação, observando-se o disposto no artigo 16 da Lei Complementar n° 101, de 04 de maio de 2000;

Por conseguinte, em atendimento ao disposto na alínea “c”, do inciso I do

art. 1.º do Decreto n.º 21.142/2000, faz-se imperioso abordar, a existência de dotação

orçamentária específica para fazer face às despesas iniciais referentes à

desapropriação, conforme mandamento expresso da Lei de Responsabilidade Fiscal, que

assim dispõe:

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

(...)

§ 4o As normas do caput constituem condição prévia para:

I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;

II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art. 182 da Constituição.

Da simples leitura das disposições acima concatenadas, vê-se que o

procedimento de desapropriação que aqui se estuda está em total desconformidade com

as normas de ordem pública a ele aplicáveis.

Inicialmente em razão de, ainda que expressamente provocada mediante

Parecer emitido pela PGE, a Secretaria de Política Fundiária não ter apresentado

Exposição de Motivos, em que deve constar a finalidade e causa da medida.

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Além de desrespeitar o art. 2º, I, a do Decreto 21.142/2000, a ausência de

Exposição de Motivos viola frontalmente o dever de motivação dos atos

administrativos, expressamente previsto na Lei Estadual 2.794/2003 que é aplicável ao

presente caso. Vejamos:

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, prevalência e indisponibilidade do interesse público, presunção de legitimidade, autotutela, finalidade, impessoalidade, publicidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, devido processo legal, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, boa-fé e eficiência.

Não bastasse a ausência de motivação do procedimento de desapropriação,

não foi comprovada a indispensável existência de dotação orçamentária. Na verdade,

em momento algum do procedimento administrativo se apresenta qualquer informação

acerca da viabilidade financeira do procedimento expropriatório analisado.

Ressalte, ademais, que o procedimento de desapropriação estava em fase tão

inicial que a Procuradoria Geral do Estado sequer teve oportunidade de se manifestar

acerca da viabilidade financeira do acordo, mesmo porque havia necessidade de se

reavaliar o valor venal obtido na primeira avaliação.

Foi, ainda, desrespeita a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar

n. 101/2000), uma vez que não se apresentou estimativa de impacto orçamentário-

financeiro no exercício em vigor e nos dois subseqüentes, bem como não há declaração

do ordenador de despesas referente à adequação orçamentária e financeira com a lei

orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes

orçamentárias.

Não foram praticados, portanto, atos tidos como indispensáveis à instrução

de um procedimento administrativo de desapropriação, tendo a expropriação se dado em

total desconformidade com a legislação.

O procedimento que sucedeu a publicação do Decreto n. 37.781/2017, que

declarou de interesse social a área em questão para fins de desapropriação, tão pouco

observou o determinado expressamente pelo Decreto nº 21.142/2000. Senão, vejamos

seu art. 3º:

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Art. 3° - Publicado o Decreto declaratório de utilidade pública ou interesse social, adotar-se-ão os seguintes procedimentos:

I - a Procuradoria Geral do Estado, desde que suficientemente apurado o domínio, inicialmente proporá por intermédio de carta dirigida ao proprietário, consignando-se-lhe o prazo de quinze dias para aceitação ou oferecimento de contraproposta - acordo para pagamento da indenização, equivalente ao valor conclusivo constante do laudo de avaliação de que trata o inciso I do artigo 2° deste Decreto;

II - se o proprietário aceitar a oferta, a Procuradoria Geral do Estado remeterá o Processo ao órgão interessado que, em conjunto com a Secretaria da Fazenda, providenciará, no prazo de dez dias, o empenho da despesa;

(...)

VI - apresentada contraproposta nos termos do inciso I deste artigo, a Procuradoria Geral do Estado opinará sobre a possibilidade jurídica da pretensão e encaminhará o Processo ao titular do órgão interessado na desapropriação, para manifestação acerca da razoabilidade, conveniência e oportunidade do valor oferecido, devendo indicar, desde logo, caso com ela concorde, a existência de recursos financeiros e orçamentários suficientes ao aumento da despesa inicialmente prevista, observando-se o disposto no artigo 16 da lei Complementar n° 101, de 04 de maio de 2000, remetendo-se a matéria à decisão do Governador;

Ao que se observa da legislação supra, é INDISPENSÁVEL QUE

PROCEDIMENTO DE DESAPROPRIAÇÃO RETORNE À PROCURADORIA

GERAL DO ESTADO após a publicação do Decreto Expropriatório, para que sejam

adotados os procedimentos necessários à negociação do preço e subsquente pagamento

de indenização.

No presente caso, no entanto, o processo de desapropriação, em momento

algum, retornou a esta PGE para análise. Tanto assim que o pagamento do preço

ocorreu sem, sequer, serem observados os apontamentos feitos no Parecer nº

46/2013 – PPIF/PGE. Senão, vejamos:

1ª) Na obtenção do valor do terreno houve a redução do montante de R$ 18.000.000,00 (dezoito milhões) para R$ 10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos mil reais), porém o critério para especificar tal valor enseja análise técnica, na medida em que o valor do m2 que inicialmente era de R$ 84.97 passou para R$ 110,52;

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14

2º) Não houve a retificação do tamanho da área junto ao Cartório de imóveis, seja antes da desapropriação ou mesmo depois (10%).

3º) Não foi apresentada EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS , nos termos do inciso I, do art. 2º do Decreto 21.142/2000, por meio da qual deveria o Exmo. Secretário da SPF demonstrar: “ com base em que elementos escolheu a presente área dentre tantas invasões consolidadas.”, requisito essencial para iniciar-se qualquer desapropriação.

4º ) Não consta a identificação das famílias que seriam objeto da política pública, fato apontado como necessário quando se solicitou estudo socioeconômico no qual constasse o perfil dos populares a serem beneficiados.

5º) Não consta parecer da Comissão Técnica Legislativa – CTL da Casa Civil, apesar de o Decreto ter sido assinado pelo então Secretário de Estado Chefe da Casa Civil, José Alves Pacífico.

6º) A escritura pública foi assinada pelo Secretário de Estado de Política Fundiária, enquanto tal incumbência caberia ao Governador ou ao Procurador-Geral do Estado ou, ainda, a procurador designado pelo último para tal ato, nos termos da CE e da Lei Orgânica da PGE.

8º) analisando a matrícula nº 15.524 do 5º CRI , verifica-se que nenhuma regularização foi feita na respectiva área, que passou a estar na posse do Estado, em 26 de maio de 2017, ou seja, passado quase 1 (um) ano da desapropriação para regularização não se verifica que tenham sido feitas regularizações, fato que, em tese, pode ser considerado desvio de finalidade.

Vê-se, portanto, que o procedimento de desapropriação não só não observou

as disposições legais a ela aplicáveis, como também desconsiderou as observações feitas

por esta Procuradoria, por meio do Parecer nº 46 – PPIF/PGE. Os vícios de competência

e de finalidade acima listados serão objeto de tópico próprio.

Há, assim, indiscutível vício de forma em todo o procedimento

administrativo de desapropriação, decorrente da inobservância das formalidades

indispensáveis à formação do ato. Senão, vejamos:

O vício de forma provém do ato que inobserva ou omite o meio de exteriorização exigido para o ato, ou que não atende ao procedimento previsto em lei como necessário à decisão que a Administração deseja tomar.

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15

Para exemplificar, veja-se a hipótese em que a lei exija a justificação do ato e o agente a omite quando de sua prática.6

A nulidade apontada, no presente caso, se faz absoluta em razão de sua

clara impossibilidade de convalidação. Isto é, se apresentado, neste momento, estudo

do impacto financeiro-orçamentário, não é possível afastar a frontal violação à Lei de

Responsabilidade Fiscal, uma vez que, obviamente, o estudo do impacto financeiro deve

ser feito antes da retirada (da imensa monta de R$ 10.500.000,00) dos cofres públicos.

Assim também não se pode, neste momento, requerer manifestação desta

Procuradoria acerca da validade do procedimento administrativo. Igualmente, não pode,

agora, a PGE realizar as tratativas relativas ao preço a ser pago pela administração

pública ao particular.

São, portanto, insanáveis os vícios aqui apontados, sendo indispensável

a declaração de nulidade de todo o procedimento administrativo que culminou no

pagamento de indenização ao suposto expropriado.

A própria legislação civil que, diferentemente do regime jurídico

administrativo, garante ampla liberdade de negociação particular, prevê como causa de

nulidade do negócio jurídico a inobservância de forma prescrita em lei. Senão, vejamos:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

(...)

IV - não revestir a forma prescrita em lei;

6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. – 30ª Ed. - Rio de Janeiro:Lumen Juris, - p. 227

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16

Pode-se, ainda, emprestar da Lei de Ação popular (nº 4717/1965) a

definição de ato nulo por vício de forma. Senão, vejamos seu art. 2º:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

(...)

b) vício de forma;

(...)

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:

b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;

No presente caso há clara lesão ao patrimônio público, uma vez que há

razoáveis dúvidas quanto à validade do laudo de avaliação apresentado, que não

retornou a esta PGE para nova análise. Ademais, não foi oportunizado a esta

Procuradoria, como DETERMINA EXPRESSAMENTE o Decreto nº 21.142/2000, a

negociação do preço com o particular especialmente no presente caso, em que o imóvel

era ocupado há mais 15 (quinze) anos por terceiros, sendo passível de declaração de

usucapião, e de desvalorização pela existência de Área de Preservação Ambiental na

área, bem como pela própria consolidação da invasão.

É, assim, imperioso que se reconheça a nulidade absoluta que eiva o

procedimento administrativo em análise, determinando o retorno da situação fática a seu

status quo ante, por meio da devolução aos cofres públicos do valor pago ao particular,

bem como retorno ao patrimônio privado do imóvel objeto da expropriação.

II.ii Da Nulidade Absoluta por Desvio de Finalidade:

Como adiantado em tópico supra, verifica-se que, apesar de ter sido

desapropriada a área em questão com suposta intenção de se proceder à regularização

fundiária em favor dos habitantes da ocupação irregular, mais de um ano após a

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17

celebração do negócio jurídico, não foi expedido um só título em favor daqueles que ali

residem.

Foram despendidos mais de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) pelos

cofres públicos, em favor de particular, sem que qualquer cidadão deste Estado tenha

sido beneficiado. Em verdade, não foi dada QUALQUER destinação à área obtida por

meio da expropriação.

Em verdade, ao que se parece, em momento algum os atores do

procedimento administrativo aqui analisado tiveram a intenção de proceder à

regularização fundiária em favor dos ocupantes.

Isto porque sequer foi apresentado Estudo Socioeconômico, nem foram

minimamente identificadas as famílias que residem na área. Se o objetivo fosse, de fato,

conceder-lhes segurança jurídica e fomentar o direito à moradia digna, tal estudo

deveria ter sido realizado desde o início.

Trata-se, portanto, de claro caso de tredestinação ilícita, assim definido por

José dos Santos Carvalho Filho7:

Tredestinação significa destinação desconforme com o plano inicialmente

previsto. A retrocessão se relaciona com a tredestinação ilícita, qual seja,

aquela pela qual o Estado, desistindo dos fins da desapropriação, transfere a

terceiro o bem desapropriado ou pratica desvio de finalidade, permitindo que

alguém se beneficie de sua utilização. Esses aspectos denotam realmente a

desistência da desapropriação.

Na verdade, é fácil perceber que, se o Poder Público não utiliza o bem

desapropriado para o fim que se comprometeu à época da declaração de

utilidade pública comete fatalmente desvio de finalidade, tornando-se

ilegítima a desapropriação.

Ressalte-se que, na presente ação, se pretende evitar que prejuízo de mais de

dez milhões de reais seja suportado pela coletividade. Um procedimento administrativo

eivado de tantos vícios (forma, finalidade, competência) não merece subsistir. 7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. –Rio de Janeiro:Lumen Juris, - p 901/902

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18

Equívocos cometidos em administrações anteriores devem ser combatidos

em nome do interesse público, que sempre se sobrepõe a interesses particulares e

escusos.

No presente caso, portanto, viciada a finalidade do procedimento

administrativo, visto que nada foi revertido em favor da coletividade, tendo apenas o Sr.

Hassam Ahmed Hauache (e, agora, seus herdeiros) se beneficiado da transação

administrativa, é imperioso que se declare a nulidade absoluta da expropriação em

comento.

De todo o exposto, requer este ente público que seja reconhecido o vício de

finalidade que macula a desapropriação realizada em favor do Sr. Hassam Ahmed

Hauache, declarando a nulidade absoluta do ato e a necessidade de retorno aos cofres

públicos do montante por ele recebido, bem como a devolução do imóvel ao particular

expropriado.

II.iii Do Vício de Competência na Assinatura da Escritura Pública:

Há, ainda, grave vício de competência na Escritura Pública de

Desapropriação amigável, celebrada, em tese, entre este ente público e o expropriado.

Relembremos o que dispõe José dos Santos Carvalho Filho, a respeito do vício de

competência:

O vício no elemento competência decorre da inadequação entre a conduta e as atribuições do agente. É o caso em que o agente pratica ato que foge ao círculo de suas atribuições (excesso de poder). Como exemplo, cite-se a prática de ato por agente subordinado, cuja matéria é da competência de superior hierárquico.8

Quando da oficialização do negócio jurídico, o Estado do Amazonas foi

presentado pelo Secretario de Estado de Política Fundiária, agente sem qualquer poder

de presentação do ente público, judicial ou extrajudicialmente.

8 Carvalho Filho, José dos Santos. Manual de direito administrativo – 30. ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2016. P. 226

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19

Senão, vejamos o que dispõe a legislação estadual:

Constituição do Estado do Amazonas.

DAS ATRIBUIÇÕES DO GOVERNADOR

Art. 54. Compete privativamente ao Governador do Estado:

(...)

VII - representar o Estado nas relações jurídicas, políticas e administrativas, que a lei não atribuir a outras autoridades;

Art. 94. A Procuradoria Geral do Estado é instituição de natureza permanente, essencial à defesa dos interesses do Estado e à orientação jurídica da Administração Pública Estadual, como órgão superior de seu Sistema de Apoio Jurídico, vinculada direta e exclusivamente ao Governador, sendo orientada pelos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público.

§ 1º À Procuradoria Geral do Estado é assegurada autonomia funcional e administrativa.

§ 2º Lei Complementar disporá sobre a organização da Procuradoria Geral do Estado, disciplinando sua competência e a dos órgãos que a compõem, e sobre o regime jurídico dos membros da carreira de Procurador do Estado.

Art.95 . São funções institucionais da Procuradoria Geral do Estado, sem prejuízo de outras com estas compatíveis, na forma da Lei:

I – representar judicial e extrajudicialmente o Estado;

LEI N.º 1639 DE 30 DE DEZEMBRO DE 1983 – LOPGE.

Art. 2.º - À Procuradoria Geral do Estado, instituição permanente, essencial à Justiça e à Administração Pública do Estado do Amazonas, vinculada exclusiva e diretamente ao Chefe do Poder Executivo, como órgão superior do Sistema de Apoio Jurídico da Administração Estadual, compete:

I - exercer, privativamente, ativa e passivamente, a representação judicial e extrajudicial do Estado nos assuntos jurídicos de seu interesse, em qualquer juízo ou instância;

Art. 10 - Ao Procurador-Geral do Estado, sem prejuízo de outras atribuições, compete:

I - dirigir e representar a Procuradoria Geral do Estado, bem como superintender o Sistema de Apoio Jurídico da Administração Estadual;

Art. 17 - À Procuradoria do Patrimônio Imobiliário e Fundiário, além de outras atribuições que lhe forem conferidas, compete:

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20

...

III - promover, por via amigável ou judicial, as desapropriações de interesse do Estado;

Não há, portanto, qualquer espaço legislativo que autorize eventual

representação extrajudicial do Estado do Amazonas por Secretário de Estado.

A própria legislação civil, ainda que garanta ampla liberdade de negociação

ao particular, prevê como requisito de validade do negócio jurídico a sua celebração por

meio de agente capaz. Senão, vejamos:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

No presente caso, a capacidade do agente pressupõe sua competência para a

celebração do ato. Como devidamente demonstrado não estava capacitado o agente

público para a celebração do negócio jurídico que, por esta razão, não possuiu validade.

Assim sendo, deve ser declarada nula de pleno direito a Escritura Pública de

Desapropriação Amigável celebrada entre o Estado do Amazonas e o Sr. Hassam

Ahmed Hauache.

II.iv. Da Nulidade por Vício de Representação:

Já no Parecer nº 46/2013 – PPIF/PGE foi apontado grave vício de

representação no requerimento que pleiteava o pagamento de indenização por

expropriação fundada em interesse social.

Isto porque o requerimento foi feito em nome de Hassam Ahmed Hauache,

mas assinado por sua esposa, Sra. Hayat Haussami Hauche. No entanto, a procuração

por ela apresentada contava com mais de 5 (cinco) anos e não foi passada com poderes

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21

específicos para firmar acordo e dar quitação perante o Estado do Amazonas, em

relação ao imóvel em questão.

Verificou-se, ainda, que a procuração não possuía prazo de validade, o que

não se conforma com o que dispõe o § 3º do art. 34 da Lei nº 3.804/2012 (aplicação

analógica), ut infra:

Art. 34. O requerimento inicial para formalização do procedimento

administrativo de regularização fundiária conterá:

(...)

§3.º O requerente poderá ser representado mediante procurador munido de

procuração firmada por instrumento público com validade de 1 (um) ano,

contendo poderes específicos para representá-lo perante a entidade

fundiária na qual tramita o requerimento de regularização da ocupação.

Era indispensável, portanto, que se fosse sanado o vício de representação,

atendendo à expressa disposição legal, que determinada a representação por meio de

procuração específica, com validade de 1 (um) ano.

Uma vez mais, portanto, é imperioso que se declare a nulidade do

procedimento em análise, posto que nulo desde a sua origem, em razão de o

requerimento indenizatório ter sido realizado por procurador com poderes insuficientes

e em desconformidade com a legislação estadual.

III. DO PEDIDO DE TUTELA CAUTELAR DE URGÊNCIA INCID ENTAL DE

BLOQUEIO DE BENS DOS RÉUS DA PRESENTE AÇÃO

Conforme disposto no art. 300 do Código de Processo Civil, a tutela de

urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do

direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

A tutela de urgência de natureza cautelar tem natureza ampla, pois

instrumentaliza o poder geral de cautela do juízo para que, ao final do processo, o

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provimento jurisdicional seja útil e efetivo, por ter resguardado o bem jurídico objeto da

lide, de modo que a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada

mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação

de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito, nos dizeres do

art. 301 do CPC/15.

Inicialmente, cumpre destacar que está fartamente demonstrada a

probabilidade do direito, em razão dos comprovados e inafastáveis vícios de forma,

competência e finalidade que maculam o procedimento administrativo que aqui se

pretende anular.

Há, ainda, grande risco ao resultado útil do processo. Isto porque é

necessário que se assegure a possibilidade de recebimento do valor atualizado de R$

10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos mil reais) retirados dos cofres públicos em

benefício de particular. Não são incomuns as situações em que particulares manejam a

dilapidação ou ocultação de seu patrimônio para evitar a restituição dos valores

indevidamente retirados do patrimônio público.

No presente caso, tal possibilidade se faz ainda mais evidente. Isto porque,

conforme escritura pública de Inventário e Partilha anexa à presente exordial, há graves

indícios de ocultação de patrimônio quando da divisão dos bens do de cujus,

beneficiário da desapropriação antes de seu falecimento. Senão, vejamos.

Segundo consta do já acabado registro de inventário e partilha, os haveres

do espólio de Hassam Hauache totalizam o quantum R$ 935.460,00 (novecentos e trinta

e cinco mil quatrocentos e sessenta reais): P

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Causa espécie, no entanto, que o total de seu patrimônio se resuma à monta

de menos de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) SE, APENAS 14 (QUATORZE)

DIAS ANTES DE SEU FALECIMENTO (26.05.2017 – recebimento do valor/

09.06.2017 – falecimento), RECEBEU DOS COFRES PÚBLICOS A GRANDIOSA

QUANTIA DE R$ 10.500.000,00 (DEZ MILHÕES E QUINHENTOS MIL REAIS).

Não parece razoável que, em sua avançada idade, o beneficiário tenha se

utilizado de todo este valor em menos de quinze dias, sem sequer adquirir um mínimo

de patrimônio a ele equivalente. Há, portanto, clara intenção de ocultação de patrimônio

e, quiçá, de fraude à tributação estadual (Imposto de Transmissão Causa Mortis).

Assim sendo, se, desde a partilha, os herdeiros parecem não se preocupar

com a veracidade das informações prestadas aos registros públicos, imagina-se ser

plenamente possível o manejo de dilapidação e ocultação patrimonial para se esquivar

de retornar ao patrimônio público o valor indevidamente recebido em nulo processo de

expropriação.

Desta feita, antes mesmo da formação final da convicção do juízo acerca da

declaração de nulidade do procedimento administrativo aqui impugnado, é imperioso

que seja liminarmente implementado o bloqueio de BENS IMÓVEIS REGISTRADOS

EM NOME DOS HERDEIROS, BEM COMO DE SUAS CONTAS CORRENTES, até

o limite de R$ 10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos mil reais) atualizado,

totalizando R$ 11.355.391,88 (onze milhões trezentos e cinqüenta e cinco mil trezentos

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e noventa e um reais e oitenta e oito centavos), para assegurar a satisfação do crédito

que eventualmente surgirá em benefício do Estado do Amazonas.

Portanto, resta efetivamente presente também o perigo de dano ou o risco

ao resultado útil do processo, uma vez que, caso não sejam bloqueados os bens

titulados pelos herdeiros, réus na presente ação, há grande probabilidade de que este

ente público não seja ressarcido no valor devido, em decorrência de dilapidação e

ocultação patrimonial, QUE JÁ OCORREU EM SEDE DE ESCRITURA DE

INVENTÁRIO E PARTILHA .

Logo, presente os requisitos legais e demonstrado o dano de difícil

reparação ao erário, o Estado do Amazonas requer como medida de extrema

necessidade, o bloqueio de bens imóveis registrados em nome dos herdeiros de

Hassam Ahmed Hauache, bem como das contas correntes ativas de sua

titularidade, até o limite do valor de R$ 10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos mil

reais) atualizado, totalizando R$ 11.355.391,88 (onze milhões trezentos e cinqüenta e

cinco mil trezentos e noventa e um reais e oitenta e oito centavos), para assegurar

resultado útil do presente processo, garantido o ressarcimento ao erário no provável

provimento da presente ação.

IV. DOS PEDIDOS

Em face de todo o exposto, o ESTADO DO AMAZONAS requer que

Vossa Excelência se digne em:

1) Determinar a citação dos réus HAYAT HAUSSAMI

HAUACHE , YASSER HUSSAMI HAUACHE , SHÁDIA

HAUACHE FRAXE , WALID HUSSAMI HAUACHE ,

MUNA HUSSAMI HAUACHE e SUNAIA HUSSAMI

HAUACHE;

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2) Conceder o pedido de Tutela Cautelar De Urgência

Incidental De Bloqueio De Bens Dos Réus Da Presente

Ação, tornando indisponíveis seus bens imóveis e contas

correntes por eles titularizadas, até o limite de R$

10.500.000,00 devidamente atualizados, totalizando R$

11.355.391,88 (onze milhões trezentos e cinqüenta e cinco

mil trezentos e noventa e um reais e oitenta e oito centavos)

3) Julgar totalmente procedente o pedido, declarando NULO

DE PLENO DIREITO o procedimento de desapropriação

administrativa celebrado entre Hassam Ahmed Hauache e o

Estado do Amazonas, reconhecendo os insanáveis vícios de

forma, de competência, de representação e o desvio de

finalidade que macularam o processo expropriatório;

4) Determinar a consequente devolução do valor de R$

10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos mil reais)

atualizado atualizados, totalizando R$ 11.355.391,88 (onze

milhões trezentos e cinqüenta e cinco mil trezentos e

noventa e um reais e oitenta e oito centavos), pelos réus,

mediante retorno do bem imóvel a seu patrimônio particular;

5) Condenar os réus ao pagamento de honorários advocatícios

sucumbenciais, nos termos do art. 85, §3º, CPC/15;

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6) Notificar o Ministério Público Estadual para manifestar

interesse como fiscal da lei, ante o cabal interesse público;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,

notadamente a documental, constante do processo administrativo que ora se apresenta.

Dá-se à causa o valor de R$ 11.355.391,88 (onze milhões trezentos e

cinqüenta e cinco mil trezentos e noventa e um reais e oitenta e oito centavos).

Manaus (AM), 26 de junho de 2018.

PAULO JOSÉ GOMES DE CARVALHO Procurador Geral do Estado do Amazonas

JULIO CESAR DE VASCONCELLOS ASSAD Procurador do Estado do Amazonas

GIORDANO BRUNO COSTA DA CRUZ Procurador do Estado do Amazonas

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