estado de natureza e natureza do estado- hobbes
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Curso de Filosofia
Filosofia Política I
ESTADO DE NATUREZA
X
NATUREZA DO ESTADO
THOMAS HOBBES (1588-1679)
Geraldo Natanael de Lima
Orientador:
Profº Israel Alexandria Costa
“Do mesmo modo que tantas outras coisas, a natureza (a
arte mediante a qual Deus fez e governa o mundo) é
imitada pela arte dos homens também nisto: que lhe é
possível fazer um animal artificial”.
Thomas Hobbes (1979:5)
Salvador-Ba
Novembro de 2005
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SUMÁRIO
1- Introdução................................................................................................................... 02
2- Apresentação.............................................................................................................. 02
3- Livro de Jó 41- Quem pode enfrentar o monstro Leviatã.......................................... 04
4- A concepção do homem............................................................................................. 07
5- O estado de natureza................................................................................................... 07
6- A natureza do Estado.................................................................................................. 08
7- Da distinção entre estado de natureza e natureza do Estado...................................... 10
8- Bibliografia................................................................................................................. 11
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1- Introdução.
Este trabalho foi elaborado com base no livro de Thomas Hobbes da coleção
“Os Pensadores”, que foi utilizado como pilar fundamental do nosso trabalho.
Abordaremos também algumas idéias, comentários e associações do Professor Israel
de Alexandria, fragmentos de outros livros e de uma pesquisa realizada na Internet que
constam da nossa bibliografia.
Teremos como objetivo a elaboração de um trabalho que representará uma
síntese das diversas fontes utilizadas, sendo que não seremos rigorosos no critério da
metodologia da pesquisa científica. Teremos como fim, a busca de uma resposta para a
questão da “distinção entre estado da natureza e a natureza do Estado” em Hobbes.
2- Apresentação.
Thomas Hobbes nasceu em Westport, Inglaterra, a 5 de Abril de 1588, e morreu
Hardwick Hall em 4 de Dezembro de 1679. Nascido no ano da Invencível Armada
nasceu prematuramente devido à ansiedade da mãe, segundo ele próprio defendeu. O
pai de Hobbes, um clérigo da igreja anglicana, desapareceu depois de se ter envolvido
numa zaragata à porta da sua igreja, abandonando os seus três filhos aos cuidados de
um seu irmão, um bem sucedido luveiro de Malmesbury.
Aos 4 anos Hobbes foi enviado para a escola, em Westport, a seguir para uma
escola privada, e finalmente para Oxford onde se interessou, sobretudo por livros de
viagens e mapas. Quando acabou os estudos tornou-se professor privado do futuro 1º
conde de Devonshire, William Cavendish, iniciando a sua longa relação com a família
Cavendish. Tornou-se muito chegado ao seu aluno, que era pouco mais novo do que
ele, tornando-se seu secretário e companheiro. Assim, em 1610 Thomas Hobbes
visitou a França e a Itália com o seu pupilo. Aí descobriu que a filosofia Aristotélica
que tinha aprendido estava a perder influência, devido às descobertas dos astrônomos
como Galileu e Kepler, que formularam as leis do movimento planetário. Por isso, ao
regressar a Inglaterra decidiu tornar-se um estudioso dos clássicos, tendo realizado
uma tradução da História da Guerra do Peloponeso de Tucídedes, publicada em 1629,
influenciada pelos problemas contemporâneos da Inglaterra.
Em 1630 Hobbes foi para a Inglaterra para ensinar ao jovem 2º conde de
Devonshire, William Cavendish, filho do seu patrono e pupilo. Foi durante uma nova
viagem, a terceira, ao continente que se deu o ponto de viragem intelectual de Hobbes,
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quando descobriu os Elementos de Euclides, e a Geometria, devido à influência de
Galileu, que o ajudou a clarificar as suas idéias sobre a filosofia, como qualquer coisa
que podia ser demonstrada em termos positivos - as regras e a infalibilidade da razão -
tendo escrito os Elementos do Direito, Natural e Político, que circulou manuscrito em
1640, mas que só foi publicado no século XIX, após ter chegado à Inglaterra, em 1637.
Em 1640 foi um dos primeiros emigrantes Realistas, o primeiro segundo ele
próprio orgulhosamente afirmava, tendo vivido em Paris, nos onze anos seguintes.
Contactou de novo o círculo de Mersenne, escreveu sobre Descartes e publicou o De
Cive, que desenvolvia os argumentos apresentados na 2.ª parte dos Elementos,
concluindo abordando as relações entre o estado e a religião. Em 1646 o príncipe de
Gales, o futuro Carlos II, chegou a Paris tendo Hobbes sido convidado a ensinar-lhe
matemática. Os problemas políticos ingleses e o crescente número de refugiados
políticos o levaram de novo para a filosofia política. Assim, em 1647 publicou uma
segunda edição, aumentada, do De Cive, e a sua tradução inglesa em 1651. Em 1650
publicou Os Elementos da Lei em duas partes, a Natureza Humana e o De Corpore
Politico (Do Corpo Político).
Em 1651 publicou a sua obra-prima, o Leviatã. Carlos I tinha sido executado e a
causa realista parecia completamente perdida, por isso no fim da obra tentou definir as
situações em que seria possível legitimamente a submissão a um novo soberano. Tal
capítulo valeu-lhe o desagrado da corte do novo rei de Inglaterra, no exílio, já que se
pensava que Hobbes estava a tentar cortejar o regime republicano na Inglaterra.
Excluído da corte inglesa e considerado como suspeito para as autoridades francesas,
devido aos seus ataques contra o Papado, Hobbes regressou de fato a Inglaterra nesse
ano de 1651.
O regresso à Inglaterra não se fez sem perigos, já que Hobbes tinha atacado o
sistema universitário, devido ao seu antigo apoio ao Papa, continuando a criticá-lo
devido à manutenção de um ensino baseado em conhecimentos ultrapassados. De fato,
a Universidade de Oxford criticou-o duramente em 1655, quando da saída do De
Corpore. Hobbes impressionado com os progressos de Galileu na mecânica tentou
explicar todos os fenômenos e os próprios sentidos com base do movimento dos
corpos. A posição foi muito criticada dando origem a uma polemica que durou até
1662, ano em que se defendeu, com sucesso, de ter abandonado Carlos II, no exílio.
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Com a Restauração da monarquia inglesa, em 1660, na pessoa de Carlos II,
Hobbes voltou a ser admitido na corte, contra o parecer dos bispos, passando mesmo a
receber uma pensão do rei. Em 1666-67 Hobbes sentiu-se realmente ameaçado, devido
à tentativa de aprovação no Parlamento de uma lei contra os ateus, e os profanadores
de túmulos, já que a comissão encarregue de discutir a lei tinha por dever analisar “O
Leviatã”. Hobbes defendeu-se afirmando que não havia na Inglaterra nenhum tribunal
com jurisdição sobre as heresias, desde a extinção da “High Court of Comission”, em
1641. O parlamento acabou por não aprovar a lei contra o ateísmo, mas mesmo assim
Hobbes nunca mais pôde publicar sobre a conduta dos homens, possivelmente o preço
que o rei acordou para Hobbes ser deixado em paz.
O fim da vida foi passado com os clássicos da sua juventude, tendo publicado
uma tradução da Odisséia em 1675, e a da Ilíada no ano seguinte.
3- Livro de Jó 41- Quem pode enfrentar o monstro Leviatã.
Para melhor compreender o que Hobbes afirma sobre o que é estado
denominado-o de Leviatã, vamos realizar uma pesquisa no livro de Jô, número 41,
utilizando a tradução da Bíblia realizada pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB)
denominada “Nova Tradução na Linguagem de Hoje” que foi realizada por uma
Comissão de Tradução desta instituição, a que transcreveremos a seguir.
1- E, quanto ao monstro Leviatã, será que você pode pescá-lo com um anzol ou
amarrar a sua língua com uma corda?
2- Você é capaz de passar uma corda pelo nariz dele ou furar o seu queixo com
um gancho?
3- Será que ele vai pedir que você o solte ou implorar que tenha dó dele?
4- Será que vai fazer um trato com você, prometendo trabalhar para você o
resto da vida?
5- Será que você vai brincar com ele, como se fosse um passarinho? Você vai
amarrá-lo, a fim de se servir como um brinquedo para as suas empregadas?
6- Será ele vendido por um grupo de pescadores? Será que para isso o cortarão
em pedaços?
7- Será que você pode enterrar lanças no seu couro ou fincar arpões de pesca na
sua cabeça?
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8- Tente encostar a mão nele, e será uma vez só, pois você nunca mais
esquecerá a luta.
9- Só de olhar para o monstro Leviatã as pessoas perdem toda a coragem e
desmaiam de medo.
10- Se alguém o provoca, ele fica furioso. Quem se arriscaria a desafiá-lo?
11- Quem pode enfrentá-lo sem sair ferido? Ninguém, no mundo inteiro.
12- Agora vou falar das pernas do Leviatã, do seu tamanho e da sua força sem
igual.
13- Quem pode arrancar o couro que o cobre ou furar a sua dupla couraça?
14- Quem é capaz de fazê-lo abrir a sua queixada rodeada de dentes terríveis?
15- As suas costas são cobertas de fileiras de escamas ligadas umas com as
outras e duras como pedras.
16- Estão coladas tão bem umas nas outras, que nem o ar passa entre elas.
17- Estão ligadas entre si e bem coladas, de modo que ninguém pode separa-las.
18- Quando o Leviatã espirra, saem faíscas; os seus olhos brilham como o sol ao
amanhecer.
19- A sua boca lança chamas, e dela saltam faíscas de fogo.
20- O seu nariz solta fumaça, como a de galhos que queimam debaixo de uma
panela.
21- O seu sopro acende o fogo, e da sua boca saem chamas.
22- A sua força está no pescoço, e a cara dele mete medo em todo mundo.
23- No seu couro não existe ponto fraco; ele é firme e duro como ferro.
24- O seu coração cruel não tem medo; é duro como uma pedra de moinho.
25- Quando ele se levanta, até os mais fortes ficam apavorados; o medo os
impede da agir.
26- Não há espada que consiga feri-lo, nem lança, nem flecha, nem arpão.
27- Para ele, o ferro é como palha, e o bronze, como pau podre.
28- As flechas não o fazem fugir. Jogar pedras nele é como jogar capim.
29- Bater nele com um porrete é o mesmo que bater com uma torcida de palha;
ele zomba dos homens que lhe atiram lanças.
30- A sua barriga é coberta de cacos pontudos, que reviram a lama como se fosse
uma grade de ferro.
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31- Ele agita o mar e o faz ficar como água que ferve na panela, como óleo
fervendo no caldeirão.
32- Ele vai deixando na água um rastro luminoso, como se o mar tivesse uma
cabeleira branca.
33- Não há nada neste mundo que se compare com ele, pois foi feito para não ter
medo.
34- O Leviatã olha para tudo com desprezo e entre todas as feras orgulhosas ele é
rei.
Em sua obra "Leviatã", Thomas Hobbes reflete sobre a impossibilidade do
retorno dos homens ao estado de natureza, quando, entre outras coisas, afirma que os
homens foram feitos iguais. Argumenta que sua natureza leva à discórdia (competição,
desconfiança e desejo de glória). Sem um poder comum, os homens estarão sempre
nesse estado de natureza, ou seja, em constante estado de guerra uns contra os outros,
havendo, assim, a necessidade de um poder comum que os ordene, pois não existe um
equilíbrio entre atritos e a estabilidade sempre que não houver a paz, necessariamente
se travará a guerra.
Nessa guerra de todos contra todos, nada pode ser injusto. Não existe distinção
entre bem e mal, justiça e injustiça. Onde não há bem comum, não há lei, e onde esta
não existe, certamente não haverá justiça. No estado de guerra, força e fraude são
consideradas virtudes. É de fundamental importância, também, destacar-se que nesse
estado não há definição de propriedade. Conseqüentemente, será de cada um o que
seus próprios esforços conceder adquirir e só clamará direitos sobre isso enquanto
puder mantê-lo.
O medo constante leva os homens a entrar em guerra. Por isso, é também em
virtude do desejo de confronto e esperança de uma boa vida através do trabalho, o
homem tende à paz. Assim, surgiram as leis a natureza, as normas estabelecidas para
chegar-se a esse fim. Os homens renunciam aos seus direitos em troca de estabilidade e
boas condições de vida e, uma vez feita essa troca, em forma de pacto, encontram-se
diante da impossibilidade e voltar ao estado em que primeiramente se encontravam.
Em uma sociedade, não se disporá a renunciar a todas as suas regalias e voltar a um
estado primitivo de vida repleto de inseguranças.
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4- A concepção do homem.
Sob a visão de Thomas Hobbes, o homem é uma máquina natural submetida a
estritos encadeamentos de causas e efeitos, o qual envolve apetites e aversões. Seus
desejos têm objetos distintos, variam de intensidade, e são sujeitos a mudanças (podem
perder sua importância). Nesse contexto, subjetivizam-se os conceitos de bem e mal,
afirmando-se ser o bem o que satisfaz os apetites de glória, dinheiro e poder, e o mal, o
que conteria os apetites e geraria aversões.
Faz parte da natureza humana agir deliberadamente, visar sempre a satisfação de
seus desejos, e a ganância. Devido à possibilidade de variação na intensidade dos seus
desejos, uns almejam porções maiores que os outros, o que não interfere no propósito
comum a todos: a busca do poder. Resumindo a concepção do homem:
O Sujeito é racional quando é capaz de adequar os meios aos fins.
O desejo não se limita à necessidade. Envolve apetites, variedade de intensidade,
é sujeito a mudanças; é uma paixão.
A razão é um instrumento para satisfazer a paixão.
A igualdade é fundamental entre os homens, em que todos possuem poder de
satisfazer, desejos e capacidade de serem violentos.
Existe uma perspectiva de escassez e de acumulação em que só poderá ser detido
por uma força que se mostre superior à sua.
5- O estado de natureza.
Estado de natureza é a condição em que se encontram os homens fora de uma
comunidade política (ou sociedade), em que os homens disputam todas as coisas por
direito natural e absoluto. Nesse estado, os homens possuem o chamado direito de
natureza, o qual consiste na liberdade dos homens de unirem-se a fim de preservar suas
vidas e, conseqüentemente, fazer tudo aquilo que seu julgamento e razão mostram
adequar-se a isso. Em outras palavras, é o direito à sobrevivência. Assim, o homem
deve esforçar-se para que exista a paz e que esta seja mantida. No entanto, não deve
renunciar aos seus direitos em favor dos outros, deve garantir a sua própria existência
acima de qualquer princípio.
Se o estado de harmonia em que se encontrar for violado, é digno de recorrer ao
livre uso da força se não para aumentar seu poder, para impedir que ele seja
controlado. Entretanto como conseqüência disso, existe uma dificuldade do homem em
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gerar riquezas, pois se ocupa primordialmente em atacar os outros ou proteger-se
contra ataques alheios. Na concepção de Thomas Hobbes, estado de natureza é
sinônimo de estado de guerra. Resumindo, o estado de natureza:
É o Estado onde o homem disputa todas as coisas por direito natural e absoluto.
O Direito de Natureza é o direito e a liberdade de cada um para usar todo o seu
poder, inclusive a força, para preservar a sua natureza e satisfazer os seus
desejos. A Lei Natural é a regra geral, que ditada pela razão, obriga a cada um a
preservar a sua própria vida e proíbe de destruí-la.
Na Primeira Lei da Natureza todo homem deve esforçar-se para que a paz exista
e seja mantida desde que haja expectativas reais de consegui-la.
A violação da Primeira Lei da Natureza faz com que passe a vigorar apenas o
Direito de Natureza em que todos recorrem ao livre uso da força para aumentar
seu poder ou para impedir que o seu poder seja controlado por terceiros é o
Estado de Guerra. Então, o Estado de Natureza é o Estado de Guerra, mesmo
que não exista estado de batalha.
Na plena liberdade e em total terror, a violência é iminente e pode ocorrer da
forma mais imprevisível, sem qualquer causa aparente.
Os homens não podem gerar riqueza, ocupam-se durante todo o tempo em atacar
outros ou em protegerem-se da possibilidade de serem atacados.
O homem no estado de natureza irá construir o estado artificial.
6- A natureza do Estado.
No Estado de Natureza todos têm direitos a tudo, não há como definir
pretensões justas ou injustas. A sociedade política, ou seja, o Estado é a única
alternativa que a razão mostra existir ao estado de guerra. Na segunda Lei da Natureza,
para que haja paz e segurança, os homens devem concordar conjuntamente em
renunciar ao direito de natureza (uso individual e privado da força). Todos renunciam
absoluta e simultaneamente. Ao renunciar, os homens transferem esse direito para
outra pessoa, externa ao pacto. Como todos os homens pactuam, este indivíduo não é
um ser humano. Trata-se de um ser artificial, que se origina do pacto e que recebe os
direitos e poderes naturais de todos os indivíduos. É o soberano, ou seja, é o Estado.
O pacto cria o soberano e todos os membros se tornam seus súditos, logo, todos
devem obedecer ao soberano. Na soberania o poder do soberano é ilimitado. Por não
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participar do pacto, o soberano não tem nenhuma obrigação ou compromisso para com
ele. O soberano concentra em si toda a força à qual renunciaram todos os homens. Mas
o soberano, como pessoa artificial, não deverá manifestar as mesmas falhas dos
homens naturais. Por isso o soberano deverá acatar as leis da natureza: este é o seu
limite. A função do soberano é fazer valerem as leis da natureza, tais como garantir a
paz e a segurança dos súditos. Os súditos devem obedecer ao soberano como uma
obrigação. Não há distinção entre Estado (soberano) e governo, típico do pensamento
absolutista.
Não há qualquer critério na natureza para estabelecer a propriedade, pois não há
lei sem autoridade que estabelece o que é que pertence a cada um; então não pode
existir justiça. A justiça significa dar a cada um o que lhe pertence, ou seja, é baseada
na idéia de propriedade. Justiça e propriedade só podem existir na sociedade política.
Se a propriedade não existe no estado de natureza, tampouco se pode esperar que
exista justiça. É o soberano que atribui a cada homem uma parcela conforme o que ele
próprio considera compatível com a equidade e o bem comum. Propriedade é um
conjunto de direitos artificiais sobre algo, impedindo o seu desfrute não autorizado por
parte de outros, mas sem impedir que o soberano o faça.
A ordem política resulta do cálculo racional dos homens. É lei exigida pela razão
e garantida pelo soberano e inclui a noção de consentimento (razão) e a noção de
coerção (poder do soberano). Não existe direito à rebelião. Fora do Estado a vida
não é possível. Obrigação política (obediência) resulta da Terceira Lei da
Natureza em que os homens devem cumprir os pactos que fazem.
O Leviatã é um monstro mortal. Ele morre se não realizar a sua missão que é
garantir a segurança dos súditos e as liberdades privadas que justificam a sua
criação e que serão expressas na lei civil.
O soberano tem plenos poderes, absolutos e perpétuos, sobre cada indivíduo,
exceto um: o poder de tirar a vida. Havendo tal violação torna-se legítima a
instauração da guerra civil que é a declaração de guerra contra o soberano.
A liberdade dos súditos é resguardada em tudo o que não se refere ao pacto e em
tudo aquilo que a lei não se pronuncia.
O pacto institui o soberano, é isto que garante condição de paz e segurança para
o exercício da liberdade na esfera privada.
A natureza faz homens iguais nas faculdades do corpo e da mente. A igualdade
política é a igualdade de forma perante a lei.
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7- Da distinção entre estado de natureza e natureza do Estado.
Segundo o professor Israel, a concepção de homem apresentada por Hobbes é
uma concepção realista e pragmática. Realista porque não pretende descrever o homem
como ele deveria ser, segundo os nossos valores, mas como ele realmente é, enquanto
ser da natureza, no seu estado de natureza. Pragmático porque a capacidade racional do
homem se guia completamente pelo critério da utilidade.
O homem em seu estado de natureza, cada homem é lobo do homem, não sendo
um ser naturalmente comunitário. Nesse estado de natureza vigora um direito anterior
ao pacto de constituição da sociedade. O homem originalmente não é um ser
naturalmente cordial e sociável, não está naturalmente aparelhado para sentir-se
incomodado com a dor alheia quando sua sobrevivência está em jogo.
Como a vida do homem, no estado de natureza, está sempre ameaçada por
guerras de todos contra todos, os homens, obedecendo à razão utilitária, resolvem
renunciar a todos os seus direitos naturais e submetem-se a um terceiro, um homem ou
assembléia designada como soberana, que passa a ter todos os direitos e nenhum dever
em relação a ninguém, e passa a exercer um poder ilimitado com o fim de garantir a
paz entre todos e a vida de cada um dos seus súditos. Nisto consiste o pacto que,
segundo Hobbes, dissolve o estado de natureza e cria o estado de cultura, ou como se
diz, o estado civil. A natureza do estado deve ser possuidora de um poder absoluto e
perpétuo, cuja vontade é tida e considerada como vontade de cada homem em
particular.
O que era uma multidão, um número de homens distinto pelo lugar das suas
residências, torna-se um corpo político, quer dizer, “um homem artificial”, formado
com os corpos de todos os indivíduos. Para Hobbes, o estado é um animal no estado
artificial.
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8- Bibliografia.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2000.
BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de filosofia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar
Editor, 1997.
BRASIL, Sociedade Bíblica. Bíblica Sagrada - Nova Tradução na Linguagem de
Hoje. Barueri, SBB, 2000.
CEDRAZ, João Belmiro. Planejamento do ano letivo. Salvador, Escola Mário Augusto
Teixeira de Freitas, 2005.
COSTA, Israel de Alexandria Anotações de sala de aula da disciplina Filosofia
Política I, SSA, UCSAL, 2005.
FERRATER Mora, José. Dicionário de Filosofia. São Paulo, Edições Loyola, 2000.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O Dicionário Aurélio Eletrônico-Século
XXI. São Paulo, Lexikon Informática e Editora Nova Fronteira, 1999.
HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, Forma e poder de um Estado eclesiástico e
civil - Coleção Os Pensadores. São Paulo, Editora Abril Cultural. 1984.
NÉRICI, Imídeo Giuseppe. Introdução à Didática Geral – Dinâmica da Escola. 7. ed.
São Paulo, Editora Fundo de Cultura, 1968.
JAPIASSÚ, Hilton & MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de
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OBSERVAÇÕES:
Foram realizadas pesquisas nos seguintes Sites na Internet no dia 20/10/05:
a) ALEXANDRIA, Israel de Alexandria. http://ialexandria.sites.uol.com.br.
Acesso em: 20 out 2005.
b) Thomas Hobbes. http://www.consciencia.org/moderna/hobbesjune.shtml.
Acesso em: 20 out 2005.
c) Biografia Hobbes: http://www.arqnet.pt/portal/biografias/hobbes.html. Acesso
em: 20 out 2005.