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ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Projeto de Pesquisa A inserção profissional do egresso do Curso de Bacharelado em Administração do Campus Universitário de Sinop-MT, formado no quinquênio 2008-2012, em atividades gerenciais. Coordenador Prof. Dr. Marcos Luís Procópio Bolsistas de Iniciação Científica Daniely Neves Lauro Paulo Junior Benso Raquel Andréa Rieger Pesquisadora Voluntária Bel. Camila Puhl Relatório Final do Projeto de Pesquisa institucionalizado pela Portaria 1213/2013 e retificado pela Portaria 0855/2014, realizado no período de 02/05/2013 a 20/07/2014. Sinop MT Agosto de 2014

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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Projeto de Pesquisa

A inserção profissional do egresso do Curso de Bacharelado em Administração do

Campus Universitário de Sinop-MT, formado no quinquênio 2008-2012, em

atividades gerenciais.

Coordenador

Prof. Dr. Marcos Luís Procópio

Bolsistas de Iniciação Científica

Daniely Neves Lauro

Paulo Junior Benso

Raquel Andréa Rieger

Pesquisadora Voluntária

Bel. Camila Puhl

Relatório Final do Projeto de

Pesquisa institucionalizado

pela Portaria 1213/2013 e

retificado pela Portaria

0855/2014, realizado no

período de 02/05/2013 a

20/07/2014.

Sinop – MT

Agosto de 2014

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Distribuição de egressos por ano de conclusão da graduação ...................... 48

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Percentual de respondentes que não contribuíram com os dados ............... 41

Gráfico 02: Percentual de respondentes com ocupação profissional ............................. 42

Gráfico 03: Percentual de respondentes ocupados com carteira assinada ou de outras

formas ............................................................................................................................. 43

Gráfico 04: Percentual de respondentes com carteira assinada por tipo de organização 44

Gráfico 05: Ocupação profissional dos respondentes que não possuíam carteira assinada

........................................................................................................................................ 45

Gráfico 06: Tamanho das organizações dos 122 respondentes com carteira assinada ... 46

Gráfico 07: Tamanho das organizações dos 17 respondentes que possuíam negócio

próprio ............................................................................................................................ 46

Gráfico 08: Percentual de respondentes que atuavam em atividades gerenciais ............ 47

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SUMÁRIO

1. Introdução e Problematização ...................................................................................... 5

2. Referencial teórico ........................................................................................................ 7

3. Objetivo Geral ............................................................................................................ 34

4. Objetivos Específicos ................................................................................................. 34

5. Justificativa ................................................................................................................. 35

6. Metodologia ................................................................................................................ 36

7. Coleta e análise dos dados .......................................................................................... 40

8. Resultados alcançados ................................................................................................ 49

9. Considerações finais ................................................................................................... 49

10. Referências ............................................................................................................... 52

11. Anexos ...................................................................................................................... 54

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1. Introdução e Problematização

A despeito do grande volume de material bibliográfico existente, a questão sobre

o que caracteriza o trabalho dos administradores e sobre o que os diferencia de outros

profissionais que atuam nas organizações permanece em aberto. Por certo, a enorme

diversidade de organizações e de práticas gerenciais existentes em nossa sociedade

afasta qualquer obviedade quando se trata de saber o que faz um administrador

profissional.

Embora seja possível afirmar que a formação profissional do bacharel em

administração tenha como objetivo prepará-lo e qualificá-lo para a direção do trabalho

organizado, é também notável que o curso de bacharelado em administração seja

“generalista” no sentido de equipar esse profissional, ao menos tecnicamente, para

atuação em diversas atividades ou funções dentro das mais diversas organizações, como

vendas, contabilidade, recursos humanos, logística e até mesmo operações.

No Brasil, a Resolução 04 de 13 de julho de 2005 da Câmara de Educação

Superior do Conselho Nacional de Educação, que “institui as Diretrizes Curriculares

Nacionais do Curso de Graduação em Administração, bacharelado, e dá outras

providências”, explicita, nos seus artigos 3º e 4º, que o Administrador deve ser capaz de

lidar tanto com problemas de cunho técnico e operativo dentro das organizações quanto

com questões de planejamento e controle do trabalho organizado, estando a tomada de

decisão presente em ambos os âmbitos de atuação deste profissional, em diferentes

graus de complexidade.

Com efeito, muitos bacharéis em administração encontram campo para atuação

profissional desenvolvendo tarefas não administrativas nas organizações. Dada a sua

formação “generalista”, que os permite conhecer um pouco sobre cada uma das funções

essenciais dos negócios, muitos ocupam posições que, a despeito do acesso aos recursos

organizacionais e a despeito da incumbência da tomada de decisões, não são

propriamente administrativas, pois não prevêem a existência de equipe, unidade, ou

agentes subordinados, assim como o uso da autoridade.

Especificamente tratando sobre o curso de Bacharelado em Administração do

Campus Universitário de Sinop-MT, este se caracteriza pela alta inserção dos seus

estudantes no mercado de trabalho, mesmo antes da sua formatura. Segundo dados do

INEP/ENAD 2009, 85,4% dos concluintes e 77,3% dos ingressantes do curso

declararam trabalhar em tempo integral (40h/semana). Ainda segundo dados do

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INEP/ENAD 2009, embora os alunos do curso de Bacharelado em Administração do

Campus Universitário de Sinop-MT estejam inseridos no mercado de trabalho em

período integral (40h/semana) em uma proporção aproximadamente 25% maior do que

a média nacional, não há estudos que revelem se esse aproveitamento profissional

ocorre efetivamente em atividades gerenciais.

Nesse sentido, o presente estudo pretendeu responder: os egressos do curso de

Bacharelado em Administração, formados no quinquênio 2008-2012 pela UNEMAT

Sinop-MT, ocupam ou não posições administrativas nas organizações nas quais atuam?

Para tanto, inicialmente foi realizada uma revisão de literatura cujo propósito

consistiu em identificar, extrair, apresentar e discutir as principais características do

trabalho gerencial, tais como presentes em obras de autores consagrados no campo da

Administração, desde clássicos como Henri Fayol até contemporâneos como Omar

Aktouf. Diante da imensidão da literatura, optou-se aqui por uma seleção de obras

baseada na popularidade dos autores e no nível de difusão que suas ideias apresentam

no campo da Administração. Alguns autores das Ciências Sociais também foram

revisados a fim de fornecer mais subsídios à discussão. Depois, a metodologia utilizada

na pesquisa de campo empírico foi o levantamento, na forma de censo, com todos os

egressos do curso de Administração da UNEMAT Sinop-MT formados entre os anos

2008 e 2012.

Essa não é a primeira vez que os egressos do Curso de Administração da

UNEMAT Sinop-MT são objeto de pesquisa acadêmica. Em 2007 Valdirene Machado,

então Acadêmica do oitavo semestre deste Curso, elaborou um Trabalho de Conclusão

de Curso cujo objetivo geral foi “pesquisar a situação profissional do Bacharel em

Administração formado pelas instituições sinopenses em relação à

formalidade/informalidade do trabalho por estes desenvolvido” (MACHADO, 2007, p.

15). A acadêmica entrevistou, por telefone, 124 egressos dos Cursos de Administração

da UNEMAT Sinop-MT e também de duas Instituições Particulares de Ensino Superior

da mesma cidade que haviam se formado em 2005 e 2006 para concluir, dentre outras

coisas, que a maioria deles estava inserida no mercado de trabalho formal (MACHADO,

2007, p. 53).

Embora o presente estudo não seja propriamente uma replicação, as técnicas,

instrumentos e procedimentos de coleta de dados utilizados por Machado (2007)

serviram como inspiração para sua elaboração.

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2. Referencial teórico

A despeito do grande número de livros, artigos e conferências sobre gestão,

Mintzberg (2010) afirma que pouco conhecimento sistemático existe sobre essa

importante atividade social e sobre o que de fato caracteriza e diferencia o trabalho

administrativo realizado nas organizações. Como adverte esse autor, “[...] nosso

entendimento da gestão não avançou” desde que, em 1916, “[...] o industrialista francês

Henri Fayol publicou Administração Industrial e Geral, no qual descreve a

administração como ‘planejamento, organização, comando, coordenação e controle’”

(MINTZBERG, 2010, p. 17).

Em meio a tal imprecisão, existe a opinião de que tudo o que fazemos, tanto em

nossas vidas profissionais quanto em nossas vidas privadas, implica alguma forma de

ação ou decisão administrativa. Segundo Maximiano (2000, p. 29), “toda atividade tem

certo conteúdo administrativo, com importância proporcional a sua complexidade [...]

Todos administram, nas mais variadas escalas de utilização de recursos para atingir

objetivos”. Assim, complementa o autor, “definir e procurar realizar objetivos pessoais,

como plenos de carreira, ou elaborar e acompanhar orçamentos domésticos, ou escolher

a época das férias e programar uma viagem, são todos exemplos de decisões

administrativas” (MAXIMIANO, 2000, p. 29).

De acordo com Mintzberg (2010), gestão ou administração estão comumente

associadas às ideias de liderança, controle, decisão, ação.1 Entretanto, “a gestão não é

apenas uma dessas coisas, mas todas elas: é o controle, a ação, os negócios, o

pensamento, a liderança, a decisão e muito mais, não somados, mas misturados”

(MINTZBERG, 2010, p. 56).

A complexidade da atividade gerencial e as múltiplas e intrincadas variações que

essa atividade revela ao se fazer presente nas mais diversas organizações que

caracterizam nossa sociedade contemporânea, não podem ser um obstáculo terminante

ao esforço de se tentar descobrir, com algum grau de precisão, qual é a essência da

atividade administrativa. Afinal, como entendeu Mintzberg (2010, p. 58) ao refletir

sobre o trabalho dos gestores, “em algum nível de abstração, é possível generalizar”.

Uma vez que o pensamento gerencial não é simplesmente o produto da mente

dos “gurus” da administração, a natureza da gestão e do trabalho do administrador

1 Assim com para Aktouf (1996), gestão e administração são aqui entendidas como sinônimos.

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contemporâneo só pode ser plenamente compreendida quando pensada no contexto

econômico, social e político que lhe deu origem, mais especificamente, no contexto do

surgimento do capitalismo industrial.

De acordo com Braverman (1987) e Huberman (1986), a sociedade pré-

industrial se diferenciou da sociedade industrial de inúmeras maneiras, sendo que aquela

que mais diretamente afetou o desenvolvimento da administração está relacionada ao

modo de divisão do trabalho.

Antes do início do processo de industrialização, naquilo que Huberman (1986)

entende como “sistema doméstico”, a atividade de produção dos bens e serviços

demandados pela sociedade seguia um ciclo no qual os trabalhadores, então

denominados artesãos, desempenhavam basicamente os mesmos processos manuais de

fabricação, desde o início até o acabamento daquilo que era produzido. Nesse momento,

a divisão do trabalho era insipiente, pois os trabalhadores, que muitas vezes eram os

próprios donos dos meios de produção, ainda trabalhavam a partir de métodos

“tradicionais”, característicos do “sistema familiar” e do “sistema de corporações”, que

representaram o cerne da atividade econômica na Europa da Idade Média

(HUBERMAN, 1986). Na realidade, o que mais claramente diferenciava o sistema de

corporações do sistema doméstico, como explica Huberman (1986), era o fato de no

sistema de corporações os artesãos serem responsáveis tanto pela comercialização do

que produziam quanto pela aquisição da matéria-prima utilizada na produção. Já no

sistema doméstico, explica o autor, ambos os elos comerciais ligados a atividade

produtiva eram de responsabilidade de um comerciante, denominado intermediário, que

subcontratava dos artesãos a produção que seria por ele comercializada, fornecendo-os

também a matéria-prima necessária para produzir. Ainda de acordo com Huberman

(1986), haviam poucas diferenças no que se referia às técnicas, métodos e instrumentos

de produção, bem como ao modo como o trabalho era dividido entre os artesãos.

Todavia, o surgimento do capitalismo industrial, impulsionado pelo crescimento

das cidades comerciais e o parelho aumento da demanda, fizeram com que o recém-

capitalista procurasse novas maneiras de administrar o trabalho dos empregados, agora

não mais propriamente artesãos, maximizando as horas trabalhadas, aprimorando os

métodos e processos produtivos e acumulando excedente de capital. Ao invés de

simplesmente “encomendar” tarefas para os trabalhadores que deveriam realizá-las por

sua própria conta, Braverman (1987) explica que o capitalista passou a exercer um

controle direto sobre a força de trabalho, usufruindo agora de todo o tempo de trabalho

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disponível do trabalhador, e não apenas daquele que outrora era gasto no processo de

produção autônomo das unidades que eram encomendadas pelo comerciante. Nesse

momento, os trabalhadores foram alienados não apenas da propriedade da matéria-

prima utilizada e dos produtos acabados que eles mesmos produziam, como já acontecia

no sistema doméstico, mas também da propriedade das ferramentas e instrumentos de

trabalho que utilizavam no processo produtivo e do próprio controle sobre o processo

produtivo. Como resultado, “hoje os trabalhadores da indústria não são donos nem da

matéria-prima nem das ferramentas. Não vendem o produto acabado, mas a força de

trabalho” (HUBERMAN, 1986, p. 55).

Isso tudo deu liberdade para que o capitalista pudesse aprimorar a eficiência do

trabalho dos empregados sem necessariamente ter que pagar mais por este excedente de

trabalho. Eis o princípio da mais valia. Como consequência, o capitalista pôde obter

mais lucros, juntando toda a mão de obra em um único lugar, que agora passa a ser a

indústria, e não mais a casa do próprio trabalhador, ou sua oficina, lugar esse no qual ele

pôde controlar sistematicamente suas ações.

O capitalista “[...] assumiu essas funções como gerente em virtude de sua

propriedade do capital” (BRAVERMAN, 1987, p. 62). Embora os papéis de capitalista

e de administrador tenham sido ocupados simultaneamente pelo mesmo homem nos

primórdios do capitalismo industrial, assim como ainda pode ocorrer em empresas

familiares nos dias de hoje, é importante reforçar que não foi o simples artesão que

ascendeu à posição de industrial, mas sim o comerciante que outrora era um simples

intermediário. Como complementa Aktouf (1996, p. 28),

o ancestral mais direto do empreendedor e do industrial

aparecia então na figura seja de um artesão-comerciante, seja na

do comerciante simplesmente, que é suficientemente rico para

ter como empregados diversas pessoas. São sobretudo os

vendedores de produtos de lã e revendedores de produtos têxteis

que vão constituir-se no primeiro gênero de patrões, dentro do

sentido moderno do termo: geralmente, nem artesãos, nem

técnicos, eles conseguiam, graças a seu dinheiro, reunir sob o

mesmo teto camponeses e ex-artesãos arruinados, os quais eles

obrigavam a trabalhar de acordo com modalidades, ritmos e

horários fixados.

Por certo, “o capitalismo industrial começa quando um número significativo de

trabalhadores é empregado por um único capitalista” (BRAVERMAN, 1987, p. 61). As

organizações características do capitalismo industrial, que reuniam sob um mesmo teto

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diversos trabalhadores, passaram a trazer, a partir de certo tamanho, muitos desafios

gerenciais. De acordo com Braverman (1987, p. 61),

[...] tão logo os produtores foram reunidos, surgiu o problema

da gerencia em forma rudimentar [...] Surgiram funções de

gerência pelo próprio exercício do trabalho cooperativo. Até

mesmo uma reunião de artesãos atuando independentemente

exige coordenação, se tivermos em mente a necessidade de ter-

se uma oficina e os processos, no interior dela, de ordenar as

operações, centralização do suprimento de materiais, um

escalonamento mesmo rústico das prioridades, atribuição de

funções.

Assim, como complementa Reed (1997, p. 15),

o imperativo econômico prevalecente que a gestão deve aceitar

cumprir é a necessidade de atingir um grau de controle

suficiente sobre o processo de produção, que permita assegurar,

de forma eficiente, a extração da mais-valia e os níveis de lucro

correspondentes que aquela ocasiona.

Deste modo, Reed (1997) explica que os capitalistas passaram a ser responsáveis por

criar métodos de trabalho a partir dos quais se tornou possível alcançar modos mais

eficientes de distribuição de tarefas e recursos produtivos.

Inerente a este novo papel gerencial, encontrava-se a crescente necessidade de

diferenciação e profissionalização do administrador. Com o crescimento e ganho de

complexidade da indústria, Reed (1997) explica que a função gerencial deixa de ser uma

responsabilidade exclusiva do capitalista e passa ela própria a ser distribuída entre

administradores profissionais, também assalariados. De acordo com Chandler (citado

por Reed, 1997, p. 70),

[...] as empresas cresceram e como o número de executivos

aumentou, os gestores tornaram-se mais especializados e

profissionais. O conhecimento especializado dos gestores

assalariados e a capacidade das empresas em que trabalham

para gerar os recursos necessários à expansão incessante,

deixou claro que os gestores desde cedo controlaram o destino

das empresas que o empregavam.

Uma vez que a obtenção da mais-valia depende da subordinação dos

trabalhadores às condições de trabalho impostas pelo capital, observa-se, logo de início,

que o manejo do trabalho e dos trabalhadores passa a ser uma das atribuições mais

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importantes desta nova classe profissional, a classe dos gestores ou administradores.

Nesse sentido, Reed (1997, p. 15) explicita que

a necessidade de manter os trabalhadores numa posição

subordinada no processo de produção, de forma a, dentro de

parâmetros institucionais aceitáveis, minimizar ou conter a sua

resistência, real ou potencial, constitui a exigência ideológica

primordial que as estruturas de gestão devem satisfazer.

Junto com a divisão das tarefas entre os trabalhadores, que agora passam a

desempenhar funções específicas e pontuais no processo produtivo, surge, também,

outra forma fundamental da divisão do trabalho que irá caracterizar a gestão

contemporânea: a divisão entre planejamento e execução das tarefas produtivas.

Por certo, a Revolução Industrial trouxe consigo a necessidade de um controle

mais minucioso e disciplinado da produtividade da mão de obra. Então, como explica

Reed (1997, p. 66), para suprir essa necessidade surgem as hierarquias de gestão que

são o resultado “[...] da eficácia técnica revelada na coordenação da atividade produtiva

em grande escala [...]”. Foi também através da hierarquia, e por meio de seu

planejamento, que tornou-se possível assegurar lucros mais altos e estáveis, permitindo

baixar custos unitários e estabilizar a capacidade de utilização dos recursos (REED,

1997). De acordo com Daems (citado por Reed, 1997, p. 67), “coordenação, controle e

alocação de recursos constituem, assim, as funções da empresa moderna”.

Todavia, nem todos “recursos” empregados para realização das tarefas dentro de

uma organização são recursos propriamente gerenciais. Ao contrário do que propõe

Maximiano (2000, p. 28), para quem “as pessoas que administram qualquer conjunto de

recursos são administradores ou gerentes”, nem todas as ações e decisões que envolvem

a manipulação de recursos dentro de uma organização são propriamente administrativas.

Se, como afirma esse autor, administrar significa tomar decisões e realizar “[...] ações

que utilizam recursos para alcançar objetivos” (MAXIMIANO, 2000, p. 25), é preciso,

antes de mais nada, identificar quais recursos são instrumentos caracteristicamente

gerenciais e quais deles são empregados em outras atividades ou funções

organizacionais que não são necessariamente administrativas.

De acordo com o Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa (2002),

administração é o “conjunto de normas e funções cujo objetivo é disciplinar os

elementos de produção e submeter a produtividade [...] para a obtenção de um resultado

eficaz”. O termo “disciplinar” revela que o gestor lida com um recurso específico,

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dentre outros, o “recurso humano”, exatamente aquele que se sujeita a “normas” que

buscam regular sua atividade e discipliná-lo. Da mesma forma,

o Oxford English Dictionary remonta a palavra manage ao

francês, mais especificamente à palavra main, que significa

“mão”, em referência ao “treinamento, manuseio e direção de

um cavalo em sua andadura”. Esse é essencialmente um papel

de controle, que é o de manuseio e direção dos “subordinados”

para garantir que façam seu trabalho (MINTZBERG, 2010, p.

69).

Daí segue que o administrador ou gestor deve dispor de um meio indispensável

para realização do seu trabalho, a autoridade. Como reconhece Maximiano (2000, p.

30), “nas organizações, os gerentes são as pessoas responsáveis pelo trabalho de outras

pessoas. Para que os gerentes possam cumprir essa responsabilidade, as organizações

emprestam-lhes um atributo especial chamado autoridade”.

Ainda de acordo com Maximiano (2000, p. 28), “a autoridade é um tipo especial

de recurso, que dá aos gerentes a capacidade ou poder de tomar decisões e acionar o

trabalho de seus funcionários e outros recursos”. A autoridade, que deve ser entendida

no seu sentido sociológico, como fez Max Weber (1994) ao falar sobre a legitimação do

poder, é, então, a via de acesso para um recurso essencial à função administrativa: o

trabalho de outros agentes organizacionais. É através dela, então, que se torna possível

para um agente organizacional exercer dominação sobre outro.

Braverman (1987, p. 67-68) relata que com a dominação econômica, espiritual e

física dos trabalhadores, “[...] os capitalistas estavam tateando em direção a uma teoria e

prática da gerência” (p. 67), com novas relações sociais, onde se fazia necessário “[...]

extrair de seus empregados aquela conduta diária que melhor serviria as seus interesses,

impor sua vontade aos trabalhadores enquanto efetuassem um trabalho em base

contratual voluntária” (p. 68). Como complementa Reed (1997), o processo de controle

que a administração exerce sobre o trabalhador se dá em três níveis distintos. O

primeiro é o controle ao nível da empresa que trata da “[...] adaptação dos trabalhadores

aos objetivos econômicos de longo prazo da empresa [...]” (REED, 1997, p. 43). O

segundo é o controle organizacional que trata dos meios pelos quais se liga o

trabalhador ao objetivo da empresa, como divisão da autoridade formal em níveis

intermediários. E o terceiro é o controle do posto de trabalho que diz respeito a “[...]

organização pormenorizada da execução de tarefas de rotina [...]” (REED, 1997, p. 43),

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a fim de manter a mais valia na empresa e resolver problemas como disponibilidade da

mão de obra, volume e continuidade da produção.

Esta diferenciação que se estabelece entre a figura do capitalista (e do então

administrador profissional que o representa) e a figura do trabalhador que simplesmente

aliena sua força de trabalho no processo produtivo, espelha o novo modo de organização

da sociedade e da economia que caracteriza o capitalismo até os dias de hoje.

De acordo com Reed (1997), os gestores surgem como um grupo de interesses

bem posicionado nesta nova sociedade, podendo ser considerado o principal agente de

modernização e redistribuição de poder político, econômico e social. De acordo com

Teulings, citado por Reed (1997, p. 71), “a ascensão dos gestores pode essencialmente

ser considerada como a ascensão de uma nova função econômica: a coordenação

administrativa e a alocação do capital e do trabalho”. Nesse contexto mais amplo, a

gestão pode ser entendida como “como prática social, ou seja, como conjunto de

atividades inter-relacionadas e de mecanismos que organizam e regulam a atividade

produtiva no trabalho” (REED, 1997, p. 03).

Todavia, é importante salientar que todas essas transformações não ocorrem de

maneira pacífica, de modo que as práticas de gestão se encontram no meio das lutas

pelo poder entre os grupos dominantes e as classes dominadas (REED, 1997). Como

complementa Braverman (1987), essas novas relações sociais que passam a estruturar o

processo produtivo estão repletas de antagonismos, especialmente entre aqueles que

trazem a força de trabalho e aqueles que detêm e administram os meios de produção,

extraindo dos primeiros o maior potencial produtivo em benefício do capital. Daí

percebe-se que a gestão não se desenvolve apenas no interior das organizações.

Desenvolve-se, também, em meio ao domínio político de elites empresariais sobre

grupos subordinados, quer sejam eles trabalhadores ou cidadãos, onde os gestores

necessitam ter conhecimento e informação para moldar e satisfazer seus interesses

econômicos, escondendo algumas realidades estruturais e mantendo o trabalhador

submisso (REED, 1997).

A partir da discussão ora desenvolvida, evidencia-se que o que caracteriza o

trabalho do administrador, desde os primeiros momentos do surgimento do capitalismo

industrial, é o fato deste dispor de pessoas como recursos para execução do trabalho

produtivo nas organizações, dependendo e ao mesmo tempo se responsabilizando por

seu trabalho.

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Uma vez consolidada a posição do administrador profissional na nova sociedade

industrial, fez-se necessário ampliar a reflexão sobre sua atuação e sobre o desempenho

de suas tarefas nas organizações. Assim, surgem os primeiros teóricos da administração.

É diante do forte crescimento e desenvolvimento da indústria, vivenciado na

entrada do século XX na Europa ocidental, que surge a administração clássica de Henri

Fayol.

Até o surgimento da teoria de Fayol, não existia uma teoria que revelasse, com o

mínimo de precisão, qual era realmente a função do administrador nas organizações e

como este profissional se diferenciava dos demais. Na verdade, Fayol sofisticou e

aprofundou o entendimento do papel do administrador no contexto da empresa

industrial ao esclarecer que a função administrativa era uma das seis funções que toda

empresa deveria desenvolver para prosperar, independentemente do seu porte ou

finalidade específicos.

De acordo com Fayol (1990), toda organização deveria desenvolver as seguintes

funções, cada uma delas exigindo uma habilidade ou competência específica por parte

daqueles que as desenvolvem: “técnica” (ligada a produção ou transformação de matéria

prima em produto acabado), “comercial”, “financeira”, “segurança” (ligada a

manutenção da segurança patrimonial e laboral), “contábil” e “administrativa”. Esta

última, sobre a qual Fayol (1990) reflete quase que exclusivamente em seu livro, ainda

se subdividia em: “previsão”, “organização”, “comando”, “coordenação” e “controle”

do trabalho realizado dentro da organização, inclusive daquele realizado dentro das

outras funções.

Prever é perscrutar o futuro e traçar o programa de ação.

Organizar é constituir o duplo organismo, material e social, da

empresa. Comandar é dirigir o pessoal. Coordenar é ligar, unir

e harmonizar todos os atos e todos os esforços. Controlar é

velar para que tudo corra de acordo com as regras estabelecidas

e as ordens dadas (FAYOL, 1990, p. 26).

De acordo com Maximino (2000, p. 60),

Fayol foi o pioneiro no reconhecimento que a administração

deveria ser vista como uma função separada das demais funções

da empresa. O maior impacto desta ideia está na identificação

do trabalho dos gerentes como distinto das operações técnicas

da empresa.

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Subjacente a esta diferenciação de papéis e habilidades profissionais, está a

própria compreensão de Fayol (1990) sobre o que constitui uma organização. Fayol

(1990) entende que toda organização é composta por dois grupos de recursos, aquilo

que o autor identifica como “corpo material” e “corpo social”. De acordo com ele, o

corpo material diz respeito a todos os recursos inanimados existentes na organização

como: instalações, maquinário, matéria prima, ferramentas e capital. Já o corpo social,

segundo ele, diz respeito a toda estrutura organizacional composta pelas diversas

tarefas, cargos, áreas e divisões, bem como pelos profissionais e suas habilidades de

trabalho que os preenchem.

Como entendia Fayol (1990, p. 43), “a função administrativa tem por órgão e

instrumento o corpo social. Enquanto as outras funções [comercial, financeira, técnica,

contábil e segurança] põem em jogo a matéria-prima e as máquinas, a função

administrativa restringe-se somente ao pessoal”. Ainda de acordo com esse autor,

nenhuma dessas outras funções

[...] têm o encargo de formular o programa geral de ação da

empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os

esforços, de harmonizar os atos. Essas operações [...]

constituem outra função, designada habitualmente sob o nome

de administração [...] (FAYOL, 1990, p. 25).

Como, no momento em que surgiu a administração clássica, as “escolas de

negócio” ainda não eram difundidas e os administradores profissionais ainda

precisavam ser formados a fim de apoiar o crescimento das organizações, Fayol (1990)

se baseou nos avanços que já haviam ocorrido dentro da função técnica para lançar seu

argumento sobre como era fundamental educar profissionais igualmente especializados

na função administrativa, a fim de garantir o sucesso dos negócios. Nesse sentido, Fayol

(1990, p. 38) entendia que “enquanto, do ponto de vista técnico, um chefe não se atreve

a proceder contrariando certas regras estabelecidas sem se expor a perder seu prestígio,

do ponto de vista administrativo ele pode permitir-se impunemente as práticas mais

prejudiciais”. Para Fayol (1990), a falta de domínio e habilidades específicas para

desempenhar a função administrativa era responsável por perdas de eficiência por parte

das organizações. Assim, uma vez que “[...] a capacidade administrativa pode e deve

adquirir-se, assim como a capacidade técnica, primeiramente na escola e depois na

oficina” (FAYOL, 1990, p. 38), esse autor alertava que “mudaria completamente a

situação se existisse uma doutrina [administrativa] consagrada, isto é, um conjunto de

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princípios, de regras, de métodos, de procedimentos postos à prova e controlados pela

experiência geral”.

Fayol (1990) lança mão então de 14 princípios gerais da administração que,

segundo ele, embora não fossem definitivos nem imutáveis, teriam aplicação universal

em organizações de naturezas e portes diferentes, a saber: 1) “divisão do trabalho”, 2)

“autoridade e responsabilidade”, 3) “disciplina”, 4) “unidade de comando”, 5) “unidade

de direção”, 6) “subordinação do interesse particular ao interesse geral”, 7)

“remuneração do pessoal”, 8) “centralização”, 9) “hierarquia”, 10) “ordem”, 11)

“equidade”, 12) “estabilidade do pessoal”, 13) “iniciativa” e 14) “união do pessoal”.

Segundo Fayol (1990), tais princípios, uma vez seguidos pelos administradores, trariam

como consequência maior produtividade para as organizações.

De acordo com Fayol (1990), é precisamente no trato do “corpo social” que a

atividade do administrador se diferencia da atividade dos outros profissionais que atuam

nas organizações, desempenhando outras funções. Essa constatação é facilmente

comprovada quando se observa que todos os 14 princípios gerenciais propostos por

Fayol (1990) tratam diretamente dos elementos humanos e sociais da organização.

Todavia, a teoria clássica de Fayol assumiu para a função administrativa a

mesma perspectiva de divisão do trabalho que havia se consolidado na função técnica,

ou seja, entendia que sua produtividade dependida da execução de tarefas rotineiras e

previsíveis. Por isso, o fayolismo enfatizava que os gerentes deveriam seguir processos

específicos e predefinidos para execução eficiente das tarefas gerenciais. Para Fayol

(1990, p. 44),

o operário que faz todos os dias a mesma peça e o chefe que

trata constantemente dos mesmos negócios adquirem mais

habilidade, mais segurança e mais precisão e,

consequentemente, aumentam de rendimento. Cada mudança de

ocupação ou de tarefas implica um esforço de adaptação que

diminui a produção.

Por certo, esta compreensão da atividade administrativa foi desenvolvida e

aplicada em um contexto econômico caracterizado por uma grande demanda por

produtos industrializados e uma baixa competitividade entre as empresas. Entretanto,

traz certo grau de mecanização ao pensamento gerencial de Fayol, mecanização esta que

se torna limitante em um contexto dinâmico e competitivo onde as organizações

precisam sempre estar alterando e adaptando seu modo de trabalho.

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Na interpretação de Maximiano (2000), as atividades de previsão, organização,

comando, coordenação e controle são propostas por Fayol de modo a sugerir uma

sequência lógica de ações. Além disso, ainda de acordo com Maximiano (2000, p. 60-

61), “uma vez organizada a empresa, seus colaboradores necessitam de ordens para

saber o que fazer, e suas ações precisam de coordenação e controle gerencial”. Isso

pressupõe passividade por parte dos recursos humanos, que não dispõem de muita

autonomia para resolver os problemas enfrentados no trabalho, sem seguir ordens

explícitas da administração.

Independentemente de suas críticas e limitações, foi a partir da teoria de Fayol

que a área da administração começou a explorar seu espaço enquanto disciplina

acadêmica e formar seus primeiros profissionais voltados especificamente à função de

comandar equipes (HICKSON e PUGH, 2004). Além disso, “a importância de Fayol

para o campo da administração se deve não tanto aos seus princípios de gerência,

mesmo que consistentes, mas sobretudo à sua definição do que é gerência” (HICKSON

e PUGH, 2004, p. 115).

A partir da diferenciação entre organismo social e organismo material, e da

ênfase que Fayol (1990) dá ao primeiro ao discorrer sobre a natureza do trabalho

gerencial, torna-se evidente que se Fayol (1990) está caracterizando o administrador

como agente responsável por prever, organizar, comandar, coordenar e controlar aquilo

que acontece na organização, ele não está se referindo meramente à previsão,

organização, comando, coordenação e controle de coisas inanimadas, mas sim, está se

referindo eminentemente à previsão, organização, comando, coordenação e controle do

próprio trabalho e das pessoas o realizam. Por isso, segundo Fayol (1990), a essência da

administração é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar especificamente o

trabalho dos outros agentes organizacionais.

A administração clássica trouxe muitos paradigmas sobre o que deveriam ser as

funções desempenhadas por um administrador e sobre como ele deveria desempenhá-

las. Tal pensamento, que se reflete na síntese “planejamento, organização, direção e

controle”, manteve-se praticamente inalterado por aproximadamente 60 anos até que

Henry Mintzberg (1986) se propôs a revisá-lo. Segundo Mintzberg (1986, p. 07-08), “a

verdade é que essas quatro palavras, que vêm dominando o vocabulário da

administração desde que o industrial francês Henri Fayol introduziu-as, pela primeira

vez, em 1916, dizem muito pouco sobre o que os executivos realmente fazem”. Assim,

ao revisitar a teoria clássica de Fayol, Mintzberg (1986) se propõe, a partir de sua

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crítica, elaborar uma descrição mais realista e adequada sobre quais são as atividades

desempenhadas pelos administradores nas organizações.

Baseando em diversos estudos sobre o trabalho dos executivos nas mais variadas

organizações, Mintzberg (1986) procura identificar e combater alguns “mitos” que,

segundo ele, dificultam a compreensão do verdadeiro trabalho do gestor, tais como: o de

que “o executivo é um planejador sistemático e reflexivo” e o de que “os principais

executivos necessitam de informações [...] que podem ser melhor obtidas através de um

sistema formal de informações gerenciais”. Contra o primeiro, Mintzberg (1986, p. 11)

dispara que, “apesar do que diz a literatura tradicional, o trabalho administrativo não

desenvolve planejadores reflexivos. O executivo está sempre respondendo a estímulos

temporais”. Contra o segundo, Mintzberg (1986, p. 14) argumenta que “os executivos

preferem a mídia verbal, principalmente telefonemas e reuniões”. Ainda de acordo com

o autor, os estudos realizados sobre o trabalho do gestor sugerem que “[...] o executivo

identifica situações de decisão e estabelece modelos não com informações abstratas

fornecidas pelo sistema de informação, mas com dados específicos” (MINTZBERG,

1986, p. 15), muito deles obtidos informalmente e de modo fragmentado.

Contra a visão clássica de Fayol, Mintzberg (1986, p. 13) propõem, então, que o

trabalho do administrador pode ser melhor compreendido a partir de 10 papéis

diferentes, distribuídos em três grandes grupos, a saber: “papéis interpessoais: imagem

do chefe, líder e contato”, “papéis informacionais: monitor, disseminador e porta-voz” e

“papéis decisoriais: empreendedor, manipulador de distúrbios, alocador de recursos e

negociador”.

Por certo, esta descrição representa uma visão contemporânea da administração,

bem distante daquela elaborada por Fayol no início do século XX. Representa mais

fielmente o trabalho que o administrador da atualidade desenvolve em um contexto

organizacional caracterizado pela competitividade e instabilidade ambiental. Inclui até

mesmo as atividades de natureza “cerimonial” que os gestores desempenham quando

participam de festas, eventos e apresentações públicas, especificamente identificadas no

papel “imagem do chefe” de Mintzberg (1986). Revela que não há muita possibilidade

para predefinição de rotinas e procedimentos administrativos rígidos e sempre

eficientes, uma vez que mudanças são sempre necessárias e que o trabalho do gestor se

caracteriza pelas interrupções, superficialidade, fragmentação e outros aspectos que

dificultam a finalização de uma tarefa, exatamente tal como inicialmente planejada. Nas

palavras de Mintzberg (1986, p. 29),

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[...] cada executivo é obrigado a empregar boa parte de seu

tempo respondendo a interferências de grande intensidade.

Nenhuma organização é tão bem dirigida, tão padronizada, que

possa prever todas as contingências típicas de um ambiente

incerto.

Do mesmo modo, a interpretação de Mintzberg (1986) sobre o trabalho do

administrador sugere uma forma mais livre e direta de se lidar com as pessoas e com as

informações, tanto dentro quanto fora das organizações. No contexto no qual tal

interpretação foi elaborada, caracterizado pela constante necessidade de mudança

estrutural, os administradores utilizavam-se de mecanismos tanto formais quanto

informais para poder obter dados diversos e criar mais rapidamente uma opinião sobre o

que precisava ser decidido e feito na organização. Pelo mesmo motivo contextual, uma

visão gerencial voltada para dentro da organização é complementada por uma visão

gerencial voltada para fora da organização.

As exigências do meio ambiente, que obrigam os administradores a olhar mais

para fora da sua organização e a buscar informações cada vez mais fluidas no meio

ambiente, se refletem especialmente nos papéis “contato” – que segundo Mintzberg

(1986, p. 22) “[...] destina-se a estabelecer o sistema de informações externas do próprio

executivo: informal, verbal, mas, não obstante, eficiente” – e “monitor” – no qual o

“[...] executivo esquadrinha permanentemente seu meio ambiente em busca de

informações, interrogando seus contatos e seus subordinados [...]” (MINTZBER, 1981,

p. 23).

É importante ressaltar que adotar uma comunicação mais aberta e direta com os

subordinados, em todos os níveis hierárquicos, buscando obter e compartilhar

informações não apenas internas, mas também externas à organização, é uma postura

que favorece o desenvolvimento de um corpo útil de conhecimento para solução dos

problemas e desafios enfrentados pela gestão. Os subordinados, por sua vez, passam a

adotar uma postura mais ativa e menos dependente do comando unilateral da

administração. Agora, estes subordinados têm como tarefa manter a organização ativa e

adaptável, inclusive propondo aos seus superiores soluções para os problemas

enfrentados no seu trabalho. Assim, o sentido clássico de “controle”, associado à

hierarquia rígida, é parcialmente substituído pela autonomia relativa e pelo

“autocontrole”.

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Finalmente, é importante observar que embora Mintzberg (1986) tenha criticado

abertamente a teoria clássica de Fayol, ele não conseguiu derrubar seus pilares

edificantes. Por exemplo, o papel decisional de “alocador de recursos” está refletido na

função clássica “organizar”, do mesmo modo que o papel interpessoal do “líder” está

refletido nas funções clássicas “comando” e “coordenação” e que o papel decisional

“empreendedor” está refletido na função clássica “previsão”.

Desse modo, Mintzberg (1986) não ofereceu uma visão radicalmente nova sobre

o trabalho do administrador, mas sim contribuiu significativamente para ampliar e

atualizar a teoria clássica. Isso porque, ao mesmo tempo em os papéis gerenciais por ele

descritos sugerem uma orientação dos gestores para aspectos externos da organização,

seu ambiente e a necessidade de adaptação às contingências, eles não descaracterizam

as funções clássicas, especialmente as de previsão, organização, comando e

coordenação.

Enquanto Fayol (1990) procurou explicar o trabalho gerencial através dos

processos de previsão, organização, comando, coordenação e controle existentes na

função administrativa e Mintzberg (1986) procurou explicá-lo através da identificação

dos 10 papéis gerenciais, Herbert Simon (1979), por sua vez, procurou explicar o

trabalho gerencial a partir do estudo da tomada de decisão dos administradores, mais

especificamente, a partir da identificação dos “princípios” ou critérios de julgamento

que eles utilizam quando fazem escolhas dentro das organizações.

Ao questionar o que é administração, Simon (1979, p. 01) afirma que “na

prática, administração é ordinariamente definida como arte de ‘conseguir realizar as

coisas’”. Logo adiante, complementa esse entendimento ao incluir as “pessoas”. Assim,

“[...] administração consiste em realizar coisas por parte de grupos de pessoas [...]”

(SIMON, 1979, p. 04).

Em um primeiro momento, a definição de Simon (1979) sobre o processo

administrativo não difere em muito daquela dada por Fayol (1990), especialmente no

que se refere à importância da hierarquia de comando e da coordenação do trabalho.

Segundo Simon (1979, p. 03), administrar uma organização “[...] reduz-se pura e

simplesmente à tarefa de estabelecer o pessoal operativo e superpor a este um pessoal

supervisor capaz de influenciar o primeiro com o fim de obter um comportamento

coordenado e efetivo”. Há também outras semelhanças no que diz respeito ao modo de

divisão de tarefas e especialização do trabalho, ambos voltados à obtenção de eficiência

organizacional a partir da predefinição de atividades específicas e rotineiras. Todavia,

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Simon (1979) avança em relação a Fayol (1990) justamente ao se propor estudar a

tomada de decisão gerencial e não o processo administrativo em si.

De acordo com Simon (1979, p. 03), “todo comportamento envolve seleção [...]

de determinadas ações [...]” de modo que “[...] ao seguir determinado curso de ação, o

indivíduo abandona outros”. Ainda de acordo com o autor, a avaliação ou julgamento

sobre qual curso de ação escolher é realizado pelo indivíduo através da utilização de um

“princípio” ou “critério” decisório. Partindo do pressuposto de que “em todas as

decisões administrativas existe sempre uma limitação – uma escassez – de recursos” (p.

187), Simon (1979) vai então buscar identificar o princípio ou critério decisório que

guia as escolhas dos gestores nas organizações, chegando, assim, ao princípio da

“eficiência”.

Sem embargo, para Simon (1979, p. 40) a “[...] maximização [dos resultados]

constitui a finalidade da atividade administrativa, e [...] a teoria administrativa deve

exprimir as condições em que essa maximização ocorre”. Para esse autor,

a teoria administrativa preocupa-se com os problemas de como

se deve planejar e administrar uma organização, de modo a

realizar sua tarefa da maneira mais eficiente. Um dos princípios

fundamentais de administração, quase que inerentes ao caráter

racional da boa administração, consiste na recomendação de

que, entre as diversas alternativas que produzem a mesma

despesa, deve ser selecionada sempre aquela que leva à melhor

consecução dos objetivos da administração; entre as várias

alternativas que levam ao mesmo fim, deve ser selecionada

sempre a que custa menos (SIMON, 1979, p. 40).

Dentro das organizações, “o critério da eficiência determina a escolha de

alternativas que conduzem à maximização de resultados na aplicação de determinados

recursos” (SIMON, 1979, p. 188). Todavia, se se pretende explicar o trabalho gerencial

através da tomada de decisão, a simples identificação do critério da eficiência não é

suficiente para diferenciar aquilo que o gestor faz frente ao que fazem outros

profissionais que também lidam com recursos (escassos ou não) nas organizações.

Em um contexto organizacional desburocratizado, onde nem todas as ações

podem ser pré-programadas, todo profissional está sujeito a ter que tomar decisões de

maior ou menor importância em seu trabalho. Ademais, no capitalismo competitivo dos

dias atuais, todo profissional, em todas as áreas de atuação, precisam ser capazes de

fazer “mais com menos”, ou seja, precisam decidir o que fazer pautados no critério da

eficiência, a fim de economizar recursos e garantir a produtividade em seu trabalho.

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Como reconhece o próprio Simon (1979, p. 40), “[...] este princípio da eficiência

constitui uma característica de qualquer atividade que trata de maximizar de maneira

racional a consecução de determinados fins, servindo-se de recursos escassos [...]”.

Assim, por ser um “[...] princípio inerente a todo comportamento racional” (SIMON,

1979, p. 14), o critério da eficiência não está presente apenas no comportamento

racional daqueles que realizam atividades gerenciais.

Com efeito, decisões são tomadas a todo o momento dentro das organizações e

nem todas são tomadas por profissionais que desempenham atividades administrativas.

Por exemplo, a decisão de investir dinheiro remanescente em caixa pode ser

inicialmente tomada sem implicar nenhum outro recurso além do próprio recurso

financeiro em questão. Do mesmo modo, a decisão de alienar um ativo ou de conceder

um desconto a um cliente também o podem. Entretanto, decisões como produzir um

novo produto, extinguir uma unidade, solucionar um conflito dentro da organização, ou

mesmo elaborar uma escala de trabalho são decisões qualitativamente diferentes, uma

vez que implicam diretamente os recursos humanos e sua utilização.

Um determinado profissional pode operar sozinho um grande montante de

recursos financeiros em mercados de capitais sem que suas decisões interfiram, ao

menos inicialmente, no trabalho de nenhum outro indivíduo na organização. Nesse caso,

esse profissional não está desenvolvendo uma atividade propriamente gerencial, por

maior que seja o montante de recursos sob sua responsabilidade e, por conseguinte, por

maiores que sejam os riscos envolvidos em suas decisões. Nesse sentido, “fazer o

dinheiro trabalhar para você” é bem diferente de “fazer alguém trabalhar para você”.

Assim, o que caracteriza e diferencia o trabalho realizado pelos administradores

do trabalho realizado por outros profissionais nas organizações não é a simples

utilização do critério da eficiência na tomada de decisão, mas sim a utilização desse

critério na tomada de decisão que envolve o trabalho dos outros profissionais. Desse

modo, decisões propriamente gerenciais somente podem ser aquelas que, ao menos no

momento em que são tomadas, envolvem diretamente os recursos humanos e seu modo

de trabalho. Afinal, para Simon (1979, p. 04), “[...] administração consiste em realizar

coisas por parte de grupos de pessoas [...]”.

Outro autor bastante difundido que se propôs a estudar e caracterizar o trabalho

do administrador foi Peter Drucker. Drucker ficou conhecido como um notório

observador atento das mudanças geopolíticas e econômicas do mundo e formulador de

ideias contemporâneas sobre gestão. As principais ideias de Drucker sobre o que o papel

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do administrador e sobre como ele atua nas organizações, refletem o contexto peculiar

dentro do qual sua obra obteve maturidade, o contexto do pós 1945.

Após a Segunda Guerra Mundial, houveram profundas mudanças nos cenários

geopolíticos de todo o globo. De acordo com Anderson (1995), foi neste período, que se

estendeu até o início do dos anos de 1970, que o capitalismo ocidental viveu seus “anos

dourados”. As transformações lá ocorridas mudaram a dinâmica de funcionamento dos

mercados mundiais. Uma nova fase do capitalismo industrial estava surgindo e um novo

modelo de gestão, mais flexível e menos mecanicista do que aquele oriundo da teoria

clássica, precisava ser implantado para que as empresas pudessem melhor aproveitar as

mais diversas oportunidades de negócios, inclusive fora de seus países de origem

(DRUCKER, 1992). Foi neste período de intensa pujança econômica que Drucker

propôs algumas de suas mais significativas ideias sobre administração.

Liderar, nesse novo contexto organizacional globalizado, significa ter que se

adaptar não apenas às mudanças econômicas, mas também às mudanças de

comportamento, cultura e convívio social. As organizações passam a necessitar ainda

mais de especialistas com grande sensibilidade para perceber e solucionar problemas

diversos através do compartilhamento de informações e ideias. Aliás, Drucker (1981) é

enfático ao reconhecer que a informação é um recurso essencial para o trabalho do

administrador.

Segundo Drucker (1981, p. 323), “cabe ao administrador a tarefa de criar um

verdadeiro todo que seja maior que a soma de suas partes, uma entidade produtiva que

realize mais do que a soma dos recursos nela aplicados”. Neste sentido, o trabalho

exercido pelo administrador nas organizações contemporâneas não ficaria mais restrito a

uma mera função “mecânica” de mando e obtenção de obediência, orientado através de

padrões pré-estabelecidos de comunicação dentro de uma estrutura caracterizada pela

minuciosa e rígida divisão de tarefas e níveis hierárquicos.

Procedimentos, rotinas e protocolos burocráticos de trabalho que deveriam ser

seguidos por todos e que compunham a base do controle gerencial, mas que estavam

fadados a enrijecer a estrutura organizacional, tornando as organizações lentas e

insensíveis às mudanças do meio ambiente cada vez mais dinâmico, foram então

substituídos por metas ou objetivos individuais de trabalho que passaram a figurar como

base do controle gerencial, aquilo que Drucker (1981) difundiu sob o rótulo de

“administração por objetivos”. Ao invés de ser reconhecido por sua obediência

disciplinar às regras e normas burocráticas, o trabalhador passou a ser reconhecido por

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sua flexibilidade, criatividade e iniciativa ao lidar com as mudanças e contingências que

surgem no decorrer da busca pela realização das suas metas de trabalho.

O administrador, por sua vez, passa a ser considerado um “generalista” em

relação ao seu foco de visão organizacional. A compreensão do todo faz com que sua

visão das pequenas partes nunca seja compartimentalizada, o que permite a ele elaborar

soluções mais integradas e efetivas para problemas e conflitos diversos. Todavia, como

entende Drucker (1981), ainda cabe a ele desempenhar na organização uma função

específica, na qualidade de “especialista”. Tal função específica, que o diferencia de

outros profissionais que também atuam nas organizações, é por esse autor caracterizada

por cinco atividades próprias do administrador contemporâneo, a saber: 1) “estabelecer

objetivos”, 2) “organizar”, 3) “motivar e comunicar”, 4) “avaliar” e 5) “desenvolver

pessoas”.

Um administrador [...] estabelece objetivos [...] decide o que

precisa ser feito para atingir esses objetivos [...] Um

administrador organiza. Ele analisa as atividades [...] subdivide

estas atividades em serviços administráveis; reúne estas

unidades e serviços em uma estrutura organizacional [...] Um

administrador deve motivar e comunicar. Ele transforma numa

equipe as pessoas responsáveis pelos diversos serviços [...] O

administrador estabelece os padrões com os quais medirá os

funcionários [...] analisa, avalia e interpreta o desempenho de

cada um; e, novamente [...] ele comunica os resultados e o

significado das avaliações para seus subordinados e para seus

superiores. Finalmente, um administrador desenvolve as

pessoas (DRUCKER, 1981, p. 325-326).

Como entende Drucker (1981), ao definir e organizar as tarefas que serão

realizadas, o administrador se empenha para que haja uma participação efetiva de seus

subordinados. Para isso, necessita de uma boa comunicação com sua equipe,

motivando-os para que realizem suas funções com produtividade. Após serem

desempenhadas as tarefas pelos subordinados, uma avaliação é feita pelo administrador

que verificará se todas as exigências foram cumpridas e se estas foram realizadas com

qualidade. Para garantir que os objetivos planejados sejam atingidos, o administrador

deve acompanhar as tarefas realizadas continuamente. Esta interação direta com os

subordinados faz com que os mesmos sejam desenvolvidos e moldados conforme o

modo pelo qual o administrador dirige seu trabalho. O trabalho precisa ser executado de

maneira a contribuir claramente no sucesso do empreendimento. Enfim, o administrador

busca tornar seus recursos humanos sempre produtivos (DRUCKER, 1992; 1981).

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De acordo com Drucker (1981), as referidas atividades gerenciais são executadas

em sua totalidade, de modo integrado, não necessariamente de modo linear. Nenhuma

delas individualmente é capaz de caracterizar e diferenciar, por si só, o trabalho do

administrador. Por exemplo, esclarece Drucker (1981, p. 327), “a capacidade de

estabelecer objetivos não transforma ninguém num administrador, da mesma forma

como a capacidade de amarrar nós num espaço restrito não torna ninguém cirurgião”.

A despeito da importância sistêmica de todas as cinco atividades, a atividade de

“desenvolver pessoas” é ressaltada por Drucker (1981), pois, de acordo com esse autor,

ela acarreta uma responsabilidade específica para o administrador, responsabilidade esta

que o diferencia de outros profissionais que trabalham na organização, a saber: ensinar e

orientar construtivamente os trabalhadores a ele subordinados.

Nas palavras de Drucker (1981, p. 331), “[...] a principal função que distingue o

administrador é a sua função educacional. A única contribuição que cabe

exclusivamente a ele prestar é proporcionar aos outros a visão e a capacidade de

realizar”. Afinal, é através da realização do trabalho dos outros que os objetivos

organizacionais almejados pela administração podem ser atingidos.

Assim, ao apresentar sua visão sobre o que faz o administrador e o que o

diferencia de outros profissionais que atuam nas organizações, Drucker (1981, p. 330)

se propõe ir além da definição que ele mesmo reconhece como “definição padrão”,

segundo a qual “[...] um homem é administrador quando é responsável por outras

pessoas e pelo seu trabalho”. Segundo Drucker (1981), esta “definição padrão” é

restrita, uma vez que não considera a atividade “educacional” de “desenvolver pessoas”.

Todavia, assim como a atividade de “estabelecer objetivos”, sozinha, não é

capaz de caracterizar o trabalho do administrador, qualquer outra das quatro atividades,

individualmente pensada, também não é. Isso certamente vale para a atividade de

“desenvolver pessoas” que, desintegrada das outras quatro atividades gerenciais, sugere

que o administrador assume um papel que se aproxima de um “professor” dentro da

organização.

De acordo com Drucker (1981, p. 330), “o administrador vive com as pessoas

que dirige, decide qual será o seu trabalho, orienta-as, treina-as para que possam

executar seus serviços, avalia-as e frequentemente decide seu futuro”. Isso, segundo o

autor, pode e deve incluir ajudar os subordinados a ampliar e melhor aproveitar suas

respectivas capacidades e conhecimentos para o ganho de desempenho na realização do

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seu próprio trabalho. Mas nem por isso, aqueles que estão sob a “tutoria” do

administrador deixam de ser subordinados.

Desse modo, não é todo e qualquer ser humano que interessa ao administrador

“educar”, como parte de sua profissão. Não são todos aqueles que ele visa

“desenvolver”. Como parte integrada do seu trabalho, o administrador o faz com

aqueles que estão a ele subordinados na organização e que, por esse exato motivo, estão

sob sua responsabilidade. Seu trabalho consiste, então, em proporcionar condições,

inclusive intelectuais, para que seus subordinados realizem bem seu trabalho, a fim de

viabilizar os objetivos da organização. Com efeito, o trabalho desempenhado pelo

administrador exige que ele “[...] descubra e torne eficaz todos os aspectos positivos de

seus recursos – sobretudo dos recursos humanos – e que neutralize suas deficiências”

(DRUCKER, 1981, p. 324). Então, embora possa caber alguma atividade “educacional”

ao administrador, é importante reconhecer que desconectada do estabelecimento de

objetivos para os membros da sua equipe e da avaliação do desempenho dos seus

subordinados, ela não caracteriza, por si só, seu trabalho.

Por isso, “desenvolver pessoas” apresenta-se como um meio para que o

administrador possa melhor aproveitar a capacidade produtiva humana e, desse modo, o

treinamento, o desenvolvimento e a “educação”, tal como responsabilidades do

administrador profissional na visão de Drucker (1981), não são preocupações “da

moda” em um contexto organizacional dinâmico e caracterizado pela fluidez das

informações. Afinal, é crucial que o administrador seja capaz de “[...] tornar produtivos

os recursos humanos, de fazer com que as pessoas trabalhem em conjunto, unindo as

habilidades e conhecimentos de cada um [...]” (DRUCKER, 1992, p. 21).

A despeito de Drucker ter elaborado sua obra em um contexto global bastante

diferente daquele no qual se deflagrou a revolução industrial, ainda existem muitas

semelhanças entre ele e Fayol no que diz respeito ao modo como ambos entendem o

papel do administrador. Assim como Fayol que propôs uma função administrativa

universal, Drucker (1981) também concebeu suas cinco atividades administrativas como

universais, ou seja, válidas para todos os gestores em todas as organizações,

independentemente do porte ou finalidade. Em suas palavras, “estas são categoriais

formais, classificadoras [...] Por serem formais, aplicam-se a qualquer administrador e a

tudo que faz como tal” (DRUCKER, 1981, p. 327). Ademais, quatro das cinco

atividades que Drucker (1981) entende como próprias do administrador são reflexos

diretos dos processos clássicos descritos por Henri Fayol em sua função administrativa.

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Dentro dos respectivos contextos, a atividade de “estabelecer objetivos” de Drucker

(1981) reflete a “previsão” de Fayol, assim como a sua atividade “organização” é uma

mera releitura do processo clássico “organização”. Não obstante, a “avaliação” equivale

ao “controle” e “motivar e comunicar” equivalem a “comandar” e “coordenar”.

Assim como Mintzberg (1986), Drucker (1981) também contribuiu para

modernização do pensamento administrativo, tornando-o mais dinâmico frente a

necessidade de se administrar em um contexto igualmente dinâmico e cada vez mais

caracterizado pela fluidez das informações. Todavia, exceto pela atividade de

“desenvolver pessoas”, ele reforça, ainda mais do que Mintzberg (1986), os pilares do

pensamento clássico fayolista sobre o que faz um administrador nas organizações.

Dentro desse pensamento, os recursos humanos nada mais são do que meios a serviço

da administração, cuja tarefa consiste em dirigi-los e torná-los sempre produtivos para

que possam atingir, com eficiência, objetivos preestabelecidos.

Mais uma vez, evidencia-se, então, que o que caracteriza o trabalho do

administrador e o diferencia dos demais profissionais que atuam nas organizações é

justamente sua responsabilidade por tais “recursos humanos”, acima de quaisquer

outros. Todavia, é importante ressaltar que o pensamento gerencial proposto por

Drucker (1992; 1981), longe de estar livre de armadilhas ideológicas capazes de

encobrir a relação assimétrica que existe entre chefes e subordinados, pressupõe, ao

menos teoricamente, um “recurso humano” menos passivo, cegamente obediente e

burocraticamente disciplinado, completamente alienado em relação ao seu próprio

trabalho e isolado dentro da organização.

De qualquer modo, o fato de serem mais participativos, de serem mais criativos,

de atuarem de modo menos alienado em relação ao próprio trabalho, além de

compartilharem informações e conhecimentos, não faz com que os “recursos humanos”

deixem de ser recursos, meios ou ferramentas de trabalho a favor dos interesses da

administração. Em um contexto caracterizado pela incerteza, competitividade e pela

fluidez das informações, as pessoas continuam sendo recursos, porém recursos mais

qualificados, que ainda precisam ser produtivamente explorados pela administração.

Como reforça Mintzberg (2010, p. 25-26), ao se referir a uma expressão popular

supostamente atribuída à Mary Parker Follett,

[...] os gerentes fazem as coisas principalmente através de

outras pessoas [...] Mas, particularmente em grandes

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organizações e naquelas envolvidas com o “trabalho do

conhecimento”, o gerente precisa ajudar a realizar o potencial

de outras pessoas para que elas possam ter conhecimento

melhor, tomar decisões melhores e agir melhor.

Ao argumentar sobre a necessidade de se renovar as bases desse pensamento

administrativo, em um contexto social, econômico e político supostamente já

caracterizado pelo esgotamento do capitalismo ocidental, Aktouf (1996, p. 26) afirma,

assim como fez Mintzberg anos antes, que “após Fayol, em 1916, não encontramos

nada melhor que o famoso ‘PODC’, que resume as coordenadas do trabalho do

dirigente [...] planejar, organizar, dirigir e controlar”.

Aktouf (1996, p. 33-34) critica abertamente a concepção “tradicional” de

administração, herdada de autores clássicos como Fayol, cujos pilares, segundo ele, são

“a disciplina, a ordem, a obediência, a hierarquia, as diferenças de status, a separação

dos papéis de concepção e realização [...]”. Condena o mecanicismo, a alienação no

trabalho, a passividade do trabalhador e a posição segundo a qual o empregado deve ser

uma ferramenta a disposição da administração. Todavia, sua crítica fica restrita a uma

concepção “tradicional” de administração que já foi superada por outras mais

“humanizadas”, ao menos teoricamente, como aquela proposta por Peter Drucker (1992;

1981). Não obstante, a despeito de todas as críticas tecidas contra o pensamento

gerencial “tradicional”, Aktouf (1996, p. 26) explicitamente concorda com as definições

segundo as quais “[...] gerir é ‘fazer fazer’, é ‘assegurar que as coisas sejam feitas’, é

‘enquadrar os outros de maneira que eles façam o que eles têm que fazer’, etc.”.

Assim, compreende-se que por mais inspiração que o pensamento administrativo

tenha buscado nos ideais “humanistas” da autonomia, do autocontrole, da criatividade e

da iniciativa no trabalho, o papel desempenhado pelos administradores nunca deixou de

ser identificado pela tarefa de empregar produtivamente os recursos organizacionais.

Dentre esses recursos destacam-se os “recursos humanos”, que estão sob exclusiva

responsabilidade daqueles que desempenham os papéis de administradores e que,

portanto, diferenciam seu trabalho do trabalho realizado por outros profissionais que

manipulam tão somente os recursos organizacionais “não humanos”. Em outras

palavras, as responsabilidades dos gestores vão muito além das instalações, máquinas,

equipamentos e matérias primas. De acordo com Mintzberg (2010, p. 25), “o gerente

[...] é alguém responsável por toda uma organização ou alguma parte identificável desta

(o que, por falta de um termo melhor, chamarei de ‘unidade’)”.

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O administrador pode ou não se envolver diretamente na realização das

atividades finais às quais serve sua unidade. De acordo com Mintzberg (2010, p. 40), “o

trabalho normal da unidade ou organização (a produção e venda de um produto, ou

mesmo a realização de um estudo ou elaboração de um relatório) geralmente não é

realizado pelo seu gerente”. De qualquer modo, o profissional que se responsabiliza

apenas por tais atividades não desempenha um papel gerencial na organização.

Produzir, contabilizar, vender, não são atividades propriamente administrativas e

exigem competências próprias e distintas. Como já havia ensinado Fayol (1990), cada

função essencial que a organização desempenha exige uma “capacidade” específica por

parte de quem a executa e, por isso, um bom vendedor não será necessariamente um

bom operário, assim como um bom contador não será necessariamente um bom

administrador, etc.

Para que um profissional desempenhe o papel de administrador, ele precisa ser

capaz de influenciar, quer seja através do planejamento, da organização, da direção ou

do controle, o trabalho de outros profissionais. Dito de outro modo, as decisões tomadas

pelo administrador, sejam elas de direção, controle, coordenação, etc., devem envolver

diretamente o trabalho dos recursos humanos da organização e exercer, sobre esse

recurso em especial, alguma influência.

Assim, a tarefa de apontar, através do preenchimento de relatório, a

produtividade dos trabalhadores de uma determinada unidade, sem, entretanto, dispor de

qualquer autoridade para interferir sobre o trabalho lá realizado, não pode ser uma tarefa

gerencial, por mais próxima que ela esteja do processo “controle”. Do mesmo modo,

planejar o trabalho de uma determinada unidade, dividir tarefas e criar níveis

hierárquicos de supervisão, não podem ser tarefas propriamente administrativas caso

seu executor não disponha de autoridade para efetivamente colocar em prática esse

planejamento, alterando, então, o modo como as pessoas lá trabalham.

Todavia, por mais gerencial que um trabalho possa ser, de acordo com Fayol

(1990) apenas os altos administradores das grandes organizações desempenham tarefas

exclusivamente administrativas. Para esse autor, as exigências próprias das atividades

administrativas vão se intensificando conforme um profissional se eleva na estrutura

hierárquica da organização. Inversamente, o envolvimento de um profissional com

atividades propriamente administrativas vai diminuindo na medida em que ele desce dos

“degraus” da hierarquia até o ponto em que, sem tem mais quem influenciar, sua

posição dentro da organização fica destituída de qualquer autoridade. Isso significa que

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a administração é uma função capilarizada, ou seja, se distribui verticalmente por toda a

organização, exceto pelo nível hierárquico mais inferior dela, onde os profissionais não

têm mais responsabilidade sobre o trabalho de outros profissionais, mas apenas sobre

seu próprio trabalho e sobre os recursos não humanos. Essa lição também foi ensinada

por Fayol (1990) e ainda não foi superada.

Do mesmo modo, Fayol (1990) ensinou que não é necessário que um mesmo

profissional exerça todos os processos inerentes à função administrativa (previsão,

organização, comando, coordenação e controle) para que ele esteja desenvolvendo uma

atividade gerencial. Para que isso aconteça, basta que esse profissional seja capaz de

influenciar o trabalho organizado da unidade sobre a qual é responsável. Afinal, como

complementou Simon (1979), assim como há divisão horizontal de tarefas entre as

diversas funções que uma organização precisa realizar, também há divisão vertical de

tarefas dentro da função administrativa. Isso é particularmente válido no universo das

grandes organizações.

Embora não necessariamente desempenhe as atividades finais realizadas pela

unidade que administra, o trabalho do gestor se reflete nela e no seu desempenho.

Quando se questiona o que faz o gestor, “a resposta precisa ter relação com o que a

unidade faz, com as ações que realiza – sejam elas produzir um produto em uma

empresa, ajudar uma mulher a dar à luz em um hospital ou comandar um estudo em

uma empresa de consultoria [...]” (MINTZBERG, 2010, p. 91). Com efeito, o gestor faz

indiretamente aquilo que sua unidade faz. Por isso, por mais especializada que seja, a

atividade administrativa nunca é neutra em relação aos fins almejados pela organização

ou unidade administrada.

Não obstante, como complementa Simon (1979), o trabalho do gestor pode ter

um impacto muito maior sobre o sucesso ou fracasso da sua unidade do que o trabalho

realizado por seus membros, por mais competentes que eles sejam em suas respectivas

atividades. Afinal, em última instância é ao gestor que cabe a tarefa de organizá-los,

dividir suas tarefas, dotá-los de recursos e meios adequados de trabalho, capacitá-los,

treiná-los e supervisioná-los.

Esse modo de ver a gestão, como uma atividade de “fazer fazer”, está apoiado

em uma concepção instrumental de organização, concepção esta que tão claramente

caracteriza a sociedade moderna como a “sociedade das organizações” (ETZIONI,

1976). Como observa Morgan (1996, p. 24),

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raramente as organizações são propostas como fins em si

mesmas. São instrumentos criados para se atingirem outros fins.

Isso é refletido pelas origens da palavra organização que deriva

do grego organon que significa uma ferramenta ou instrumento.

Não é de admirar, portanto, que as ideias sobre tarefas, metas,

propósitos e objetivos se tenham tornado conceitos

organizacionais tão fundamentais. Com efeito, ferramentas e

instrumentos são dispositivos mecânicos inventados e

aperfeiçoados para facilitar na consecução de atividades

orientadas para um fim particular.

Na qualidade de instrumentos, “as organizações são unidades sociais (ou

agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir

objetivos específicos” (ETZIONI, 1976, p. 09). “Sua razão de ser é servir a esses

objetivos” (ETZIONI, 1976, p. 13). Para tanto, as organizações dispõem de diversos

recursos. Assim, “uma organização é uma combinação de recursos que procura

deliberadamente realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos)”

(MAXIMIANO, 2000, p. 91). Combinar recursos significa utilizá-los de modo

produtivo, extraindo o máximo de suas potencialidades. Mesmo Peter Drucker (1992, p.

21), autor reconhecido por se preocupar abertamente com o desenvolvimento

profissional, a educação e participação ativa dos trabalhadores nas organizações,

entende que “a organização é uma máquina destinada a maximizar a capacidade

humana”.

Com efeito, dentro do paradigma da organização instrumental, tudo é “recurso”,

“meio” ou “ferramenta” para se chegar até outra coisa. Não é por coincidência, então,

que “as organizações são o principal cenário em que se desenrola o processo

administrativo” (MAXIMIANO, 2000, p. 91). Por isso, dentro delas nada pode ficar ao

mero acaso, ou funcionar de modo totalmente autônomo, nem mesmo pessoas que nelas

trabalham. Na essência da atividade gerencial está, então, a deliberada

instrumentalização do trabalho dos outros.

Desde os primórdios do capitalismo industrial, a administração vem sendo

entendida como uma atividade diretiva de cunho claramente instrumental, ou seja, como

uma atividade que se desenvolve através do direcionamento de recursos tendo em vista

objetivos ou metas ulteriores a ela. O administrador aloca, emprega, utiliza ou explora

recursos de diversas naturezas com o propósito de garantir o andamento do trabalho

organizado e, por conseguinte, a consecução de metas ou objetivos específicos,

previamente estabelecidos. Sob o ponto de vista do administrador, o trabalho

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organizado e as próprias organizações são, então, instrumentos que devem ser

construídos e mantidos para realização eficiente de uma dada “funcionalidade”.

Todavia, contrariando o entendimento de Maximiano (2000, p. 29), que afirma

que “somos todos administradores”, todos os demais autores e teorias ora revisados

indicam, cada qual ao seu modo, que nem todos os profissionais que manipulam

recursos organizacionais podem ser considerados gestores, e que a diferença entre eles

deve ser procurada exatamente no tipo de recursos que manipulam. Se dentre esses

recursos não se encontrarem os “recursos humanos”, as pessoas, as equipes, as

“unidades”, as “hierarquias”, as linhas de subordinação ou qualquer outra designação

humana e social, então o trabalho de um profissional não pode ser propriamente

considerado como gerencial, por mais valiosos que sejam os recursos “não humanos”

por ele manipulados. Do mesmo modo, um profissional pode ter ou não uma visão

sistêmica do todo organizacional e de suas interações intrínsecas e extrínsecas, pode ter

ou não a habilidade de combinar recursos e tomar decisões eficazes e eficientes.

Todavia, esse profissional não estará desenvolvendo o papel de administrador ou gestor

se não puder influenciar o trabalho de outros a ele subordinados. O que está em jogo

aqui não é um título de bacharelado em administração, um cargo com nome sugestivo,

um alto salário ou uma alta posição hierárquica, mas sim o fato de um dado profissional

interferir, ao realizar seu trabalho cotidiano, no trabalho de outros, não importando sua

titulação, salário, posição hierárquica ou nome do cargo ocupado dentro da organização.

Na prática, isso significa, por exemplo, que um mero “supervisor de turno” pode

ser mais administrador do que um “assessor de planejamento” de uma presidência em

uma grande empresa. A despeito do nível hierárquico superior do assessor, e do seu

salário igualmente superior, o fato é que ele não comanda ninguém, apenas aconselha.

Significa também que para exercer o papel de administrador, um profissional precisa ser

responsável e ao mesmo tempo depender do trabalho realizado por outros. Por isso, o

sucesso ou fracasso de sua equipe é, de certa forma, um reflexo do sucesso ou fracasso

do seu próprio trabalho como gestor. Finalmente, significa que a função administrativa

é uma função capilarizada dentro da estrutura organizacional, ou seja, encontra-se

dividida e distribuída verticalmente por vários níveis hierárquicos, não cabendo a um

único agente apenas, especialmente nas grandes organizações.

Esse entendimento revela que o que diferencia o trabalho dos gestores ou

administradores nas organizações é sua posição de autoridade que lhe dá a capacidade

de dominar outros agentes organizacionais. As atribuições específicas dos

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administradores e sua posição de autoridade dentro da estrutura organizacional

evidenciam que o gestor não apenas tem a responsabilidade de planejar o trabalho dos

outros profissionais, como também é responsável por fazê-lo acontecer e, não obstante,

é responsável por avaliar seus resultados, exercendo novamente influência sobre os

outros.

Isso significa que a descrição clássica de Fayol (1990), tanto revisitada e as

vezes até mesmo reforçada por autores que pretendiam inicialmente criticá-la, ainda se

apresenta como uma descrição válida do trabalho gerencial? Sim, desde que se refira à

previsão, organização, comando, coordenação e controle do trabalho de outros seres

humanos e não apenas de coisas inanimadas.

Por fim, essa característica diferenciadora das atividades gerenciais também

encerra a dúvida sobre o fato de ser o administrador um profissional generalista ou

especialista. Como revelaram diversos autores ora debatidos, sua especialidade está

justamente no fato dele ser o único na organização a lidar diretamente, em suas ações e

decisões usuais de trabalho, com o trabalho realizado pelos “recursos humanos”. Assim,

torna-se possível afirmar que o administrador é sim um especialista, um especialista no

trabalho organizado. Mas especificamente, o administrador é um especialista no

planejamento, organização, direção e controle do trabalho dos outros profissionais que

compõem uma organização instrumental.

Frente ao que foi exposto, percebe-se que a despeito de toda a “sofisticação” que

o pensamento administrativo atingiu no decorrer da sua evolução, o trabalho do gestor

ainda é caracterizado, mesmo nas propostas teóricas reputadas pelo suposto

“humanismo”, pelos mesmos princípios instrumentais que identificam a prática

administrativa desde o surgimento do capitalismo industrial. Da mesma forma, percebe-

se que se a prática administrativa apresentou, no decorrer de sua evolução, algum

avanço no sentido da ampliação da participação dos subordinados nos processos de

decisão, da concessão de autonomia aos subordinados, da valorização do trabalho

criativo ou da preocupação com fatores ambientais externos à organização, isso não

ocorreu como resultado de um processo intrínseco de desenvolvimento da gestão, mas

sim ocorreu devido às pressões extrínsecas, quer tenham elas vindo do mercado, da

concorrência ou de qualquer outra influência externa.

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3. Objetivo Geral

O propósito principal do presente estudo consistiu em verificar se os egressos do

curso de Bacharelado em Administração da UNEMAT Sinop-MT, formados no

quinquênio 2008-2012, ocupavam ou não posições administrativas nas organizações nas

quais atuam.

Todavia, como os egressos foram abordados para fornecer dados sobre sua

atividade profissional, perguntas complementares foram também realizadas no intuito

de levantar informações paralelas, porém importantes para efeito de criação de uma

base de dados mais rica, como: nível de emprego/desemprego; nível de absorção

profissional pela iniciativa privada, gestão pública ou terceiro setor,

formalidade/informalidade do trabalho realizado pelo egresso; quantos egressos são

empreendedores ou donos do próprio negócio; e, qual é o tamanho das organizações nas

quais os egressos atuam.

Ademais, como a presente pesquisa coletou dados junto a egressos que se

formaram desde o ano de 2008 até o ano de 2012, foi também possível investigar, em

perspectiva dinâmica, se a inserção dos administradores em atividades gerenciais no

“tempo presente” (2013) variou em função do ano em que se formaram (2008, 2009,

2010, 2011 ou 2012).

4. Objetivos Específicos

1. Verificar o nível de emprego/desemprego do egresso do curso de bacharelado

em administração da UNEMAT Sinop-MT formado no quinquênio 2008-2012.

2. Verificar como o egresso do curso de bacharelado em administração da

UNEMAT Sinop-MT, formado no quinquênio 2008-2012, foi absorvido nos três

setores de atuação profissional, a saber: iniciativa privada, administração pública

e terceiro setor.

3. Verificar quantos egressos do curso de administração, formados no quinquênio

2008-2012, estão ocupados em atividades econômicas formais e quantos estão

ocupados em atividades informais.

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4. Saber em que medida os egressos do curso de bacharelado em administração da

UNEMAT Sinop-MT, formados no quinquênio 2008-2012, são empreendedores

ou donos dos seus próprios negócios.

5. Saber qual é o porte das organizações nas quais atuam os egressos do curso de

bacharelado em administração da UNEMAT Sinop-MT formados no quinquênio

2008-2012.

6. Verificar quantos egressos do curso de administração da UNEMAT Sinop-MT,

formados no quinquênio 2008-2012, atuam efetivamente em posições

administrativas e quantos foram aproveitados em outras atividades ou funções

dentro das organizações nas quais trabalham.

7. Verificar se o tempo que decorreu desde a formatura do bacharel em

administração da UNEMAT Sinop-MT (2008, 2009, 2010, 2011 ou 2012) e a

realização da presente coleta de dados (2013) possui alguma relação com o fato

deste profissional atuar ou não em atividades gerenciais na organização em que

trabalha.

8. Criar uma base de dados sobre a situação profissional do Administrador formado

pela UNEMAT Sinop-MT no quinquênio 2008-2012 que poderá ser utilizada

em outras pesquisas.

9. Fornecer subsídios para que a própria UNEMAT Sinop-MT possa avaliar suas

políticas e práticas de ensino pesquisa e extensão voltadas para formação do

Administrador.

5. Justificativa

O curso de Bacharelado em Administração do Campus Universitário de Sinop-

MT entrou em funcionamento no início no segundo semestre de 2001 com a missão de

ser uma referência na formação de profissionais qualificados e preparados para

fomentar o desenvolvimento da cidade “Polo Regional” de Sinop-MT e de todo norte do

Estado de Mato Grosso.

Funcionando regularmente no período noturno, atualmente o curso de

Bacharelado em Administração do Campus Universitário de Sinop-MT oferece 100

vagas por ano letivo. De acordo com o Anuário Estatístico da UNEMAT de 2012, no

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primeiro semestre de 2011 o curso contou com 396 alunos matriculados. Nesse mesmo

ano, 61 alunos se formaram enquanto 100 novos ingressaram.

Tendo obtido Conceito 4 no ENAD de 2009, o curso de Bacharelado em

Administração do Campus Universitário de Sinop-MT se caracteriza pela alta inserção

do seus estudantes no mercado de trabalho, mesmo antes da sua formatura.

Saber como o bacharel em administração formado pela UNEMAT Sinop-MT é

aproveitado no mercado de trabalho é importante para a discussão e aprimoramento das

atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas pela Universidade. Como esse

egresso representa o “resultado final” de todos os esforços de formação superior, a

Universidade não pode perdê-lo de vista, garantindo, assim, condições para sua própria

autocrítica e retroalimentação dos referidos esforços.

Por isso, a realização da presente pesquisa também se justifica pela possibilidade

de se obter, na medida em que ela puder ser repetida, uma série histórica de dados sobre

a inserção dos egressos do Curso de Administração da UNEMAT Sinop-MT em

atividades gerenciais.

Além dessas justificativas “locais”, cujo interesse restringe-se ao próprio Curso

de Administração da UNEMAT Sinop-MT, a presente pesquisa também se justifica pela

proposição de uma base conceitual, um instrumento de coleta de dados e uma

sistemática de investigação à distância que podem ser aplicados junto a egressos de

outros cursos, de outras instituições e em outros momentos com a mesma possibilidade

de êxito, servindo-lhes, inclusive, como base comparativa no que se refere aos seus

resultados.

6. Metodologia

A presente pesquisa se trata de uma pesquisa descritiva. De acordo com

Richardson (2012, p. 71), “os estudos de natureza descritiva propõe-se investigar o ‘que

é’, ou seja, a descobrir as características de um fenômeno como tal” (RICHARDSON,

2012, p. 71). Segundo Gil, (2010, p. 27), “as pesquisas descritivas têm como objetivo a

descrição das características de determinada população. Podem ser elaboradas também

com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis”. Todavia, a correlação

de variáveis não está contemplada na presente pesquisa, exceto pelo seu sétimo objetivo

específico que é “verificar se o tempo que decorreu desde a formatura do bacharel em

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administração da UNEMAT Sinop-MT (2008, 2009, 2010, 2011 ou 2012) e a realização

da presente coleta de dados (2013) possui alguma relação com o fato deste profissional

atuar ou não em atividades gerenciais na organização em que trabalha”. Assim sendo, os

dados coletados neste estudo serão analisados somente a partir da utilização da

estatística descritiva que, segundo Martins e Theóphilo (2009, p. 110), engloba a “[...]

organização, sumarização e descrição de dados”.

Quanto ao seu tipo ou método preponderante, a presente pesquisa pode ser

classificada como um levantamento. Segundo Gil (2010, p. 35), pesquisas do tipo

levantamento

[...] caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à

solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas

acerca do problema estudado para, em seguida, mediante

análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes

aos dados coletados.

Conforme complementam Martins e Theóphilo (2009, p. 60), “embora os levantamentos

possam ser planejados para estudar relações entre variáveis, inclusive as de causa e

efeito, são estratégias mais apropriadas para a análise de fatos e descrições”.

Inicialmente, a presente pesquisa foi desenhada para ser um censo com todos os

egressos do curso de bacharelado em administração da UNEMAT Sinop-MT formados

no quinquênio 2008-2012. “Quando o levantamento recolhe informações de todos os

integrantes do universo pesquisado, tem-se um senso (GIL, 2010, p. 35)”. Todavia, a

pesquisa de Machado (2007), que teve como universo egressos de três cursos de

bacharelado em administração de Sinop-MT, expôs as dificuldades de conseguir

localizar e contatar, mesmo sendo por telefone, os entrevistados, especialmente aqueles

que já tinham se formado dois anos antes da coleta dos dados. Assim, embora aqui se

tenha proposto um censo, as condições concretas de coleta de dados forçaram a pesquisa

na direção de uma amostra não probabilística acidental.

Segundo Martins e Theóphilo (2009, p. 123), nas amostragens não

probabilísticas “não é possível generalizar os resultados da amostra para a população,

pois amostras não probabilísticas não garantem representatividade da população”. Como

reforça Richardson (2012, p. 160), “amostra acidental é um subconjunto da população

formado pelos elementos que se pôde obter, porém sem nenhuma segurança de que

constituam uma amostra exaustiva de todos os possíveis subconjuntos do universo”.

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Uma vez que na presente pesquisa não se pretendeu correlacionar variáveis,

buscar explicações para os fenômenos observados, nem mesmo submeter a amostra à

prova de hipóteses, entende-se que essas restrições estatísticas ao censo não foram um

problema para sua realização.

Para realização da coleta dos dados foi utilizado um formulário padronizado,

com questões fechadas de múltipla escolha, preenchido pelo investigador via contato

telefônico com o informante.

Segundo Gil (2010), o formulário é uma técnica de coleta de dados que agrega

características tanto do questionário (que se caracteriza por um repertório de questões

respondidas pelos próprios informantes, sem a presença do investigador) e a entrevista

(que se caracteriza por um repertório de questões respondidas pelo informante frente ao

investigador).

De acordo com Lakatos e Marconi (2005, p. 214), “[...] o que caracteriza o

formulário é o contato face a face entre pesquisador e informante e ser o roteiro de

perguntas preenchido pelo entrevistador, no momento da entrevista”. Nesse sentido, o

“formulário [...] pode ser definido como a técnica de coleta de dados em que o

pesquisador formula questões previamente elaboradas e anota as respostas” (GIL, 2010,

p. 102-103).

A opção pelo contato telefônico direto, ao invés do contato pessoal direto, se

justificou pela falta de recursos humanos e financeiros para contatar, pessoalmente, cada

um dos informantes do censo em tempo hábil. Frente a estas restrições de tempo e de

recursos, outra opção de instrumento de coleta de dados inicialmente cogitada para

realização do presente levantamento foi o questionário. Embora, em tese, o questionário

ofereça as vantagens de (a) atingir, simultaneamente, um grande número de

informantes; (b) economizar recursos financeiros e humanos necessários para a coleta

de dados em campo; (c) abranger uma grande área geográfica; (d) ser mais conveniente

para o respondente que pode programar seu tempo para respondê-lo; e, (e) dispensar

treinamento e preparação dos investigadores que não precisam interagir com os

respondentes na ocasião da sua aplicação (GIL, 2010; LAKATOS; MARCONI, 2005),

Lakatos e Marconi (2005, p. 203) alertam para o fato de que “em média, os

questionários expedidos pelo pesquisador alcançam [apenas] 25% de devolução”. Ainda

segundo Lakatos e Marconi (2005), as eventuais devoluções tardias dos questionários

podem comprometer o cronograma de coleta de dados estipulado na pesquisa. Além

disso, erros e mal entendidos na interpretação e preenchimento das questões por parte

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dos respondentes do questionário podem comprometer a qualidade dos dados coletados

(LAKATOS; MARCONI, 2005). Essas deficiências inerentes à aplicação do

questionário fizeram da opção pelo formulário via telefone o instrumento de coleta de

dados mais adequada para realização do presente levantamento.

Ao classificarem as perguntas utilizadas em um roteiro de investigação, Lakatos

e Marconi (2005) explicam que, assim como as entrevistas e os questionários, os

formulários também podem ser compostos por questões abertas (que permitem ao

informante discorrer livremente sobre certo tema ou problema, inclusive emitindo

opiniões), semiabertas (que limitam a resposta do informante a um tema ou problema

específico, mas que não são padronizadas) ou fechadas (que exigem respostas

padronizadas cujas alternativas são predefinidas pelo investigador).

Optou-se aqui por elaborar um roteiro de levantamento composto por perguntas

fechadas de “múltipla escolha” que, de acordo com Lakatos e Marconi (2005, p. 208),

“[...] apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo

fenômeno”. Tratam-se, então, de perguntas pré-elaboradas pelo pesquisador e que

dispõem de respostas padronizadas dentre as quais o respondente deve escolher. Quanto

ao seu objetivo, as perguntas que foram utilizadas se caracterizam como “perguntas de

fato”, em oposição às “perguntas de ação” e às “perguntas sobre intenção”, tais como

descritas por Lakatos e Marconi (2005). Essas perguntas, ainda segundo Lakatos e

Marconi (2005, p. 208), “dizem respeito a questões concretas, tangíveis, fáceis de

precisar; portanto, referem-se a dados objetivos [...]”, como aqueles que, dentro do

referencial teórico que orienta a presente pesquisa, visam revelar se o profissional ocupa

ou não uma posição gerencial dentro da organização na qual atua.

Depois de elaborado e antes de seguir para campo, o formulário passou por um

pré-teste que avaliou sua eficácia como instrumento de coleta de dados capaz de

satisfazer os objetivos da investigação. De acordo com Gil (2010, p. 107),

o pré-teste não visa captar qualquer dos aspectos que

constituem os objetivos do levantamento. Não pode trazer

nenhum resultado referente a esses objetivos. Ele está centrado

na avaliação dos instrumentos enquanto tais, visando garantir

que meçam exatamente o que pretendem medir.

Continuando, Gil (2010, p. 108) argumenta que o pré-tese deve se focar, dentre

outras coisas, na “clareza e precisão dos termos” utilizados nas perguntas, na

“quantidade de perguntas” que não deve cansar o respondente e na “forma das

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perguntas” que podem ser feitas, de modos diferentes, “[...] com o objetivo de sondar a

reação dos pesquisados a cada uma delas”. Além disso, Gil (2010) argumenta que o pré-

teste pode influenciar a sequência ou ordem na qual as perguntas devem ser feitas aos

respondentes e o modo como elas devem ser introduzidas ou explicadas a eles no

momento da coleta de dados. Como complementam Lakatos e Marconi (2005, p. 205), o

pré-teste possibilita também verificar se o formulário goza de “fidedignidade” (qualquer

investigador que o aplique irá gerar os mesmos dados?), “validade” (os dados coletados

atendem aos objetivos da pesquisa?) e “operatividade” (seu vocabulário é adequado,

claro e acessível?, existe ambiguidade nas questões apresentadas aos respondentes?, há

perguntas supérfluas e que podem ser eliminadas do roteiro?, há perguntas que causam

resistência por parte dos respondentes e, assim, dificultam a obtenção dos dados?).

Para realização do pré-teste foram escolhidos aleatoriamente 10 estudantes

finalistas do curso de Administração da UNEMAT Sinop-MT que já estão inseridos no

mercado de trabalho. Coube a eles responder as questões elaboradas e, assim,

possibilitar a avaliação do formulário pelos pesquisadores. Apenas depois de testado e

aperfeiçoado, o formulário foi utilizado no censo propriamente dito.

7. Coleta e análise dos dados

Os dados foram coletados entre 11 de novembro e 6 de dezembro de 2013. Ao

todo três bolsistas de Iniciação Científica participaram da coleta dos dados que foi

realizada, como previsto na metodologia, através de contato telefônico.

O universo da pesquisa, ou seja, o total de egressos do curso de Administração

do quinquênio 2008-2012, foi identificado em 287 indivíduos. Esse universo foi obtido

a partir de dados enviados pela Secretaria de Apoio Acadêmico da UNEMAT Sinop-

MT, solicitados através de ofício encaminhado pela equipe do projeto em 21 de outubro

de 2013 especificamente para esse fim. Como se tratou de um levantamento censitário,

os três entrevistadores tentaram contato com todos os membros do universo da pesquisa.

Para a coleta de dados foi utilizado um formulário padronizado, com questões

fechadas de múltipla escolha, elaborado a partir do referencial teórico. Dos

entrevistados, 206 egressos responderam o formulário, ou seja, 71,8% do universo,

sendo que destes, cinco possuíam dois empregos, totalizando 211 formulários

respondidos.

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Os entrevistados que possuíam duas atividades profissionais distintas

responderam dois formulários igualmente independentes. Cada um desses formulários

ocupou uma linha própria na planilha de tabulação dos dados. E, para efeito da análise

dos dados coletados, essas respostas foram consideradas como se pertencessem a dois

respondentes distintos.

Oitenta e um egressos, ou seja, 28,2% do universo de pesquisa, não puderam

contribuir com o preenchimento dos formulários. Destes oitenta e um, quatro (5%) não

se sentiram a vontade para responder o formulário via telefone. Dois egressos (2,5%)

solicitaram contato futuro por parte do entrevistador, sendo que este contato não pode

ser realizado, e nove (11%) mudaram de cidade, sendo que o novo contato telefônico

não pode ser obtido. Os demais sessenta e seis indivíduos (81,5% dos 81 egressos que

não contribuíram com dados), não puderam ser localizados devido a desatualização do

banco de dados, a despeito de todos os esforços realizados pelos entrevistadores para

contornar esse problema. Esses dados estão representados no gráfico 1 que segue.

Gráfico 01: Percentual de respondentes que não contribuíram com os dados

Os dados, que foram preenchidos em formulários impressos, foram então

tabulados eletronicamente, utilizando-se o software MS-Excel durante o mês de

fevereiro de 2014 por um membro voluntário da equipe.

5% 2%

11%

82%

Percentual de respondentes que não puderam contribuir com os dados (81

indivíduos)

Não se sentiram à vontade para responder ao telefone (4 indivíduos)

Solicitaram contato futuro infrutífero (2 indivíduos)

Mudança de cidade sem localização do novo contato (9 indivíduos)

Base de dados desatualizada sem possibilidade de localizar novo contato (66 indivíduos)

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Em relação à faixa etária dos 211 entrevistados, 64% dos respondentes

encontram-se na faixa etária de 21 a 30 anos, 30% entre 31 a 40 anos e os demais 16%

acima de 41 anos. No que diz respeito ao gênero dos respondentes há um equilíbrio,

sendo que 52% feminino e 48% masculino.

Em relação ao ano de conclusão no curso de Bacharelado em Administração na

UNEMAT Sinop-MT, há uma distribuição relativamente homogênea de respondentes

entre 2008 até 2012, sendo que em nenhum dos anos em especial a quantidade de

egressos que participaram da pesquisa foi inferior a 13% (ano de 2010) ou superior a

26% (ano de 2011), conforme tabela 1 que segue.

No que se refere à ocupação profissional, dos 211 egressos que responderam a

pesquisa, 91% deles, ou seja, 191 respondentes, disseram estar trabalhando e 9% deles,

ou seja, 20 respondentes, disseram não estar, conforme gráfico 02 que segue.

Gráfico 02: Percentual de respondentes com ocupação profissional

Destes 20 respondentes que declararam não estar trabalhando, 80% declararam

não estar procurando trabalho e os demais 20% declararam estar em busca de ocupação

profissional em atividades diversas.

Setenta por cento (70%) dos 20 respondentes que afirmaram estar sem ocupação

profissional declararam estar sem trabalho há mais de 6 meses enquanto os demais 30%

declaram estar sem trabalho por um período menor que 6 meses.

91%

9%

Percentual de respondentes com ocupação profissional (211 indivíduos)

Ocupados (191 indivíduos)

Desocupados (20 indivíduos)

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Como já verificado, de todos os 211 respondentes que contribuíram com dados,

191 deles, ou seja, 91%, declararam estar desenvolvendo alguma atividade profissional.

Uma vez que, de acordo com o referencial teórico adotado nesta pesquisa, a ocupação

de uma posição gerencial pressupõe que o indivíduo esteja atuando profissionalmente

em alguma organização, não importando sua natureza ou a natureza do seu vínculo,

apenas estes 191 respondentes poderiam, então, estar ou não atuando em atividades

gerenciais.

Destes 191 respondentes que poderiam ou não estar atuando como gestores, 64%

(122 entrevistados) afirmaram possuir carteira assinada, enquanto os demais 36% (69

entrevistados) afirmaram estar ocupados profissionalmente de outras formas, conforme

gráfico 03 que segue.

Gráfico 03: Percentual de respondentes ocupados com carteira assinada ou de outras formas

Dos 122 entrevistados que declararam possuir carteira assinada, 74% (90

respondentes) informaram estar atuando como empregado na iniciativa privada, 17%

(21 respondentes) informaram estar atuando como empregado no setor público, 6% (8

respondentes) informaram estar atuando como empregado em cooperativas, 2

respondentes informaram estar atuando como empregado em empresa mista e 1

respondente informou estar atuando como empregado em organização do terceiro setor.

Esses dados são representados no gráfico 04 que segue.

64%

36%

Percentual de respondentes ocupados com carteira assinada ou de outras formas (191

indivíduos)

Carteira Assinada (122 indivíduos)

Outras formas de ocupação profissional (69 indivíduos)

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Gráfico 04: Percentual de respondentes com carteira assinada por tipo de organização

Dos 69 respondentes que declararam não possuir carteira assinada, 19% (36

respondentes) declararam ser servidores públicos estatutários, sendo que deles, 47% (17

respondentes) disseram atuar na esfera estadual, 42% (15 respondentes) na esfera

municipal e 11% (4 respondentes) na esfera federal. Ainda dentre os 69 respondentes

que não possuíam carteira assinada, 9%, ou seja, 17 respondentes, declaram possuir

negócio próprio, sendo que todos eles declararam ter Cadastro Nacional de Pessoa

Jurídica, o que caracteriza um aspecto de formalidade. No que diz respeito ao tamanho

das organizações empreendidas pelos 17 respondentes que declararam possuir negócio

próprio, 89% (15 respondentes) disseram possuir até 20 funcionários, enquanto que, dos

dois respondentes restantes, um declarou representar uma organização com mais de 21

funcionários e outro se recusou a responder essa questão em específico.

Ainda dentre os 69 respondentes que declararam desenvolver alguma atividade

profissional, porém sem carteira assinada, 6% (11 respondentes) declararam atuar como

autônomo, sendo que, destes 11, apenas um respondente declarou atuar como autônomo

há menos de 6 meses e os demais 10 (91%) declararam atuar como autônomos há mais

de 6 meses. Dentre todos os 11 respondentes que se declararam autônomos, 45% deles

(5 respondentes) declararam não recolher nenhum tipo de tributo, o que indica um

aspecto de informalidade em suas atividades profissionais, e 55% deles (6 respondentes)

declararam recolher INSS ou outro tributo, indicando um aspecto de formalidade em

suas atividades profissionais.

74%

17%

6%

2% 1%

Percentual de respondentes com carteira assinada por tipo de org. (122 indivíduos)

Iniciativa Privada (90 indivíduos)

Setor Público (21 indivíduos)

Cooperativas (8 indivíduos)

Empresa Mista (2 indivíduos)

Terceiro Setor (1 indivíduo)

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Finalmente, dos 05 respondentes restantes do grupo de 69 que declararam

trabalhar sem carteira assinada, 02 declararam atuar como bolsistas, 02 como estagiários

e 01 declarou ser trabalhador informal.

Os dados referentes à forma de ocupação dos entrevistados que declararam

trabalhar sem carteira assinada seguem no gráfico 05 abaixo.

Gráfico 05: Ocupação profissional dos respondentes que não possuíam carteira assinada

No que se refere ao porte das organizações nas quais atuavam os respondentes

do estudo, os dados colhidos remetem a duas situações distintas. Dentre os 122

respondentes que afirmaram trabalhar com carteira assinada, 11 deles disseram trabalhar

em organizações de até 10 funcionários, 24 disseram trabalhar em organizações que

tinham entre 11 e 20 funcionários, 26 disseram trabalhar em organizações que tinham

entre 21 e 50 funcionários, 17 disseram trabalhar em organizações que tinham entre 51 e

200 funcionários e 44 disseram trabalham em organizações com mais de 200

funcionários, conforme gráfico 06 que segue.

52%

25%

16%

7%

Ocupação profissional dos respondentes que não possuíam carteira assinada (69

indivíduos)

Servidor Público (36 indivíduos)

Negócio Próprio (17 indivíduos)

Autônomo (11 indivíduos)

Outros (2 indivívuos)

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Gráfico 06: Tamanho das organizações dos 122 respondentes com carteira assinada

Já dentre os 17 respondentes que declararam possuir negócio próprio, 12 deles

disseram que suas organizações possuíam até 10 funcionários, 3 disserem que suas

organizações possuíam entre 11 e 20 funcionários, um disse que sua organizações

possuía entre 21 e 50 funcionários e um não respondeu quantos funcionários haviam em

sua organização, conforme gráfico 07 que segue.

Gráfico 07: Tamanho das organizações dos 17 respondentes que possuíam negócio próprio

9%

20%

21% 14%

36%

Tamanho das organizações dos 122 respondentes com carteira assinada

0 a 10 funcionários (11 respondentes)

11 a 20 funcionários (24 respondentes)

21 a 50 funcionários (26 respondentes)

51 a 200 funcionários (17 respondentes)

acima de 200 funcionários (44 respondentes)

70%

18%

6% 6%

Tamanho das organizações dos 17 respondentes que possuíam negócio próprio

0 a 10 funcionários (12 respondentes)

11 a 20 funcionários (3 respondentes)

21 a 50 funcionários (1 respondente)

não respondeu (1 respondente)

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No que se refere à questão central do estudo, ou seja, saber se o respondente

“dirige”, “coordena”, “controla”, “administra”, “gerencia” ou “lidera” pessoas

diariamente no seu trabalho, o resultado foi: 58% (111 respondentes) dos 191

respondentes que afirmaram estar atuando profissionalmente declararam que o faziam

cotidianamente em seu trabalho; 41% deles (78 respondentes) declaram que não o

faziam e dois entrevistados não responderam essa questão.

Dos 78 respondentes que não dirigiam, coordenavam, controlavam,

administravam, gerenciavam ou lideravam pessoas diariamente no seu trabalho, 23

respondentes (29%) alegaram que o faziam eventualmente e 55 respondentes (71%)

nunca o fizeram em seu trabalho.

Considerando ambos aqueles que dirigiam, coordenavam, controlavam,

administravam, gerenciavam ou lideravam pessoas diariamente no seu trabalho e os que

declararam que o faziam eventualmente, 71% daqueles que declararam estar

trabalhando e que responderam a questão principal do estudo, ou seja, 134 dos 189

entrevistados, disseram que estavam desenvolvendo ou já haviam desenvolvido, mesmo

que em caráter temporário, alguma atividade de gestão em seu trabalho.

Os dados referentes à questão central do estudo se encontram representados no

gráfico 08 que segue.

Gráfico 08: Percentual de respondentes que atuavam em atividades gerenciais

58%

12%

29%

1%

Percentual de respondetes que atuavam em atividades gerenciais (191 individuos)

Cotidianamente (111 indivíduos)

Eventualmente (23 indivíduos)

Nunca (55 indivíduos)

Não responderam a questão (2 indivíduos)

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Dentre todos os 111 respondentes que relataram dirigir, coordenar, controlar,

administrar, gerenciar ou liderar pessoas cotidianamente no seu trabalho, 67%, ou seja,

74 respondentes, tinham diretamente sob sua responsabilidade de 1 a 10 pessoas na

organização onde trabalham. Os demais 33%, ou seja, 37 pessoas, tinham diretamente

sob sua responsabilidade mais de 11 pessoas.

No que diz respeito ao tamanho da equipe coordenada como um todo por cada

um dos administradores, ou seja, considerando os subordinados diretos e indiretos sob

sua hierarquia, 57%, ou seja, 63 dos 111 respondentes que declararam ocupar posição

gerencial cotidianamente, relataram ser responsáveis por uma equipe composta entre 1 e

10 pessoas, 14% (16 respondentes) relataram ser responsáveis por uma equipe composta

entre 11 e 20 pessoas e 29% (32 respondentes) relataram ser responsáveis por uma

equipe total acima de 21 pessoas.

Finalmente, os dados levantados sobre o percentual de egressos que relataram

desempenhar funções gerenciais cotidianamente em seu trabalho e seu respectivo ano de

formação no curso de Administração permitiram que uma hipótese fosse elaborada para

pesquisas futuras.

Ano de

Conclusão

Total de

egressos

entrevistados

% de

entrevistados em

cada ano

Total de egressos

que ocupavam

cotidianamente

posição gerencial

% de egressos que

ocupavam cotidianamente

posição gerencial em

relação ao n. de

entrevistados no ano

2008 36 17% 24 67%

2009 52 25% 29 56%

2010 28 13% 13 46%

2011 54 26% 27 50%

2012 41 19% 18 44%

Totais 211 100% 111 ---

Tabela 01: Distribuição de egressos por ano de conclusão da graduação

Observando a tabela 1 acima, tabela esta que relaciona o ano de formação e o

percentual de egressos que declarou ocupar posição gerencial no seu dia a dia de

trabalho, pôde-se perceber que há uma tendência no sentido de revelar que quanto maior

for o tempo de titulação do respondente maior será também o percentual de indivíduos

atuando cotidianamente como gestores nas organizações.

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8. Resultados alcançados

No que se refere ao objetivo geral almejado na presente pesquisa, pode-se dizer

que além dela o ter atingido em sua totalidade, seus resultados passam a servir como

referências, uma vez que nenhum outro estudo havia sido até então realizado para

verificar o percentual de egressos do Curso de Administração da UNEMAT Sinop-MT

que estavam efetivamente atuando em atividades gerenciais.

Além desta indagação principal sobre a atuação dos egressos em atividades

gerenciais, todos os demais objetivos específicos almejados na presente pesquisa

também foram atingidos. Seus resultados podem ser encontrados no banco de dados, em

forma de planilha do MS-Excel, que congrega todos os dados obtidos a partir do

levantamento realizado junto aos egressos.

Finalmente, a presente pesquisa também ofereceu uma base conceitual, um

instrumento de coleta de dados e uma sistemática de investigação à distância que podem

ser aplicados junto a egressos de outros cursos, de outras instituições e em outros

momentos com a mesma possibilidade de êxito.

9. Considerações finais

O projeto de pesquisa intitulado “a inserção profissional do egresso do Curso de

Bacharelado em Administração do Campus Universitário de Sinop-MT, formado no

quinquênio 2008-2012, em atividades gerenciais”, apresentou como propósito principal

verificar se os egressos formados neste período estavam exercendo a função de

administradores, conforme a proposta apresentada pelos autores e obras consultados

para a elaboração do referencial teórico. Como objetivo específico, buscou-se saber se

esses egressos estão empregados, se o trabalho é formal ou informal entre outros, bem

como o de formar um banco de dados que passa a estar disponível para consulta e

futuras pesquisas.

Neste sentido, é importante ressaltar que foram utilizados, para elaboração do

referencial teórico aqui utilizado, pensadores consagrados no campo da administração

que, cada qual em seu contexto, expuseram claramente sua posição quanto ao trabalho

do gestor nas organizações. Assim, as principais contribuições de cada um destes

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autores, no que se refere ao seu entendimento sobre as funções administrativas, foram

compreendidas tendo em vista as peculiaridades de cada um dos momentos dentro dos

quais suas ideias surgiram.

Seja refletindo sobre a ação dos gestores através da diferenciação do “corpo

social” e do “corpo material” das organizações, como fez Fayol (1990), através da

enumeração dos papéis gerenciais caracteristicamente interpessoais, como fez

Mintzberg (1986), através do estudo da tomada de decisão gerencial, como fez Simon

(1979), através da identificação da função “educacional” do gestor, como fez Drucker

(1981), ou mesmo através da elaboração de uma crítica à “administração tradicional”,

como fez Aktouf (1996), todos esses autores entendem, cada qual a seu modo, que o

trabalho gerencial se diferencia do trabalho realizado por outros profissionais pelo fato

dos administradores lidarem com um recurso específico dentro das organizações, o

recurso humano. Foi, então, a partir deste ponto de convergência que o referencial

teórico utilizado na presente pesquisa pôde ser desenvolvido.

A metodologia utilizada na pesquisa de campo empírico foi um levantamento

censitário onde se procurou contato com todos os egressos. Para realização da coleta de

dados foi utilizado um formulário padronizado, com questões fechadas de múltipla

escolha, que os egressos responderam via contato telefônico.

A coleta de dados aconteceu no mês de novembro de 2013. O universo da

pesquisa foi de 287 egressos do Curso de Administração da UNEMAT Sinop-MT

formados entre 2008 e 2012. Dos entrevistados, 206 egressos responderam o

formulário, sendo que desses, cinco possuíam dois empregos, o que totalizou 211

respostas obtidas. Destes 211 respondentes, 191 declararam estar trabalhando no

momento em que foram entrevistados, podendo, assim, estar ou não atuando como

gestores em seu trabalho.

Após a análise dos dados, observou-se que 58% dos egressos que contribuíram

para pesquisa e declararam estar trabalhando no momento da entrevista, ou seja, 111

indivíduos, afirmaram que exerciam funções gerenciais cotidianamente, ou seja,

possuíam subordinados em seu trabalho. Ao mesmo tempo, 23 indivíduos dentre os

mesmos 191 entrevistados afirmaram que exerciam atividades propriamente gerenciais

eventualmente em seu trabalho; 55 nunca o fizeram e dois se recusaram a responder esta

questão principal do estudo.

De acordo com o referencial teórico utilizado nesta pesquisa, esta característica

de autoridade sobre os outros profissionais e sobre seu trabalho é essencial para que seja

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feita uma diferenciação entre aqueles que exercem funções tipicamente administrativas

nas organizações dos demais que não o fazem, pois somente um gestor utiliza em seu

trabalho o instrumento humano para realização de suas atividades. Afinal, como

sintetizou Reed (1997, p. 06), a gestão ou administração pode ser compreendida como

“um mecanismo e/ou processo organizacional concebido para coordenar e controlar a

atividade produtiva”.

É importante ressaltar, todavia, que nenhum dos autores consultados para a

elaboração do referencial teórico aqui utilizado relacionou, nas obras ora visitadas, o

exercício da atividade gerencial nas organizações com a titulação acadêmica dos

profissionais que atuam como administradores. Embora a apresente pesquisa tenha sido

realizada tão somente com egressos do Curso de Administração da UNEMAT Sinop-

MT, portanto, com profissionais graduados em administração, os Bacharéis em

Administração não podem ser considerados gestores apenas pelo fato de terem se

formado nessa área, tal como os dados empíricos revelaram nesta pesquisa. É, então, a

natureza da atividade desenvolvida dentro da organização e não necessariamente a

titulação acadêmica que faz de um profissional um administrador ou gestor.

Os dados também revelaram que os egressos que haviam se formado há mais

tempo estavam ocupando mais cargos gerenciais do que os egressos que haviam se

formado mais recentemente. Desta observação surgiu uma nova indagação: o tempo de

titulação do egresso tem alguma relação com o fato deste profissional ocupar ou não

cargos gerenciais?

Diversos fatores de natureza macro e micro econômica, como o crescimento da

região, o aumento na oferta de vagas de trabalho e o eventual aumento no tamanho das

organizações que lá atuam, poderiam interferir fortemente nesta relação. Da mesma

forma, o tempo de experiência dos egressos que se formaram mais cedo poderia

aumentar suas oportunidades de promoção e possibilidades de absorção em cargos

gerenciais no mercado de trabalho. Uma vez que a presente pesquisa não foi estruturada

para obter e analisar tais dados, a questão sobre a relação entre tempo de titulação e

ocupação de cargos gerenciais fica em aberto como sugestão para pesquisas futuras.

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10. Referências

AKTOUF, O. A administração entre a tradição e a renovação. São Paulo: Atlas,

1996.

ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir e GENTILI, Pablo

(orgs.) Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de

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11. Anexos

11.1. Portarias de institucionalização do Projeto de Pesquisa

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11.2. Formulário de coleta de dados

FORMULÁRIO PROJETO EGRESSOS

1) Qual sua faixa etária?

( ) até 20 anos

( ) de 21 a 30 anos

( ) de 31 a 40 anos

( ) de 41 a 50 anos

( ) mais de 50 anos

2) Sexo (não precisa perguntar)

( ) Masculino ( ) feminino

3) Em que ano você concluiu o curso de administração na Unemat Sinop?

( ) 2008

( ) 2009

( ) 2010

( ) 2011

( ) 2012

4) Você está trabalhando no momento?

( ) sim ---- pular para questão 8

( ) não

5) A quanto tempo está sem trabalhar?

( ) até 3 meses

( ) de 3 a 6 meses

( ) 6 meses a 1 ano

( ) de 1 a 2 anos

( ) acima de 2 anos

6) Esta procurando emprego?

( ) sim ----pular para questão 7.

( ) não

***FINALIZAR***

Para encerrarmos, por favor responda de forma livre:

Qual é sua opinião sobre o curso de administração da UNEMAT?

Qual é sua opinião sobre os professores do curso de administração da UNEMAT?

***

7) Qual emprego esta procurando?

___________________________________

***FINALIZAR***

Para encerrarmos, por favor responda de forma livre:

Qual é sua opinião sobre o curso de administração da UNEMAT?

Qual é sua opinião sobre os professores do curso de administração da UNEMAT?

***

8) Possui carteira assinada como celetista?

( ) sim -----pular para questão 17.

( ) não

9) É servidor público?

( ) sim ----- pular para questão 20.

( ) não

10) Trabalha como autônomo?

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( ) sim ---- pular para questão 21.

( ) não

11) Possui negócio próprio?

( ) sim ----- pular para questão 24.

( ) não

12) Trabalha como voluntário?

( ) sim ------ pular para questão 26.

( ) não

13) Trabalha com qual atividade?

___________________________________

14) Você dirige, coordena, controla, administra, gerencia ou lidera pessoas diariamente no seu trabalho?

( ) sim ------pular para a questão 28 .

( ) não

15) Você faz isso eventualmente?

( ) sim ------- pular 16.

( ) não

***FINALIZAR***

Para encerrarmos, por favor responda de forma livre:

Qual é sua opinião sobre o curso de administração da UNEMAT?

Qual é sua opinião sobre os professores do curso de administração da UNEMAT?

***

16) Com qual frequência?

( ) uma vez por semana

( ) uma vez por mês

( ) uma vez a cada dois meses

( ) duas vezes por ano

***FINALIZAR***

Para encerrarmos, por favor responda de forma livre:

Qual é sua opinião sobre o curso de administração da UNEMAT?

Qual é sua opinião sobre os professores do curso de administração da UNEMAT?

***

17) Trabalha em que tipo de empresa?

( ) empresa pública

( ) empresa privada

( ) cooperativa

( ) terceiro setor (ONGs, Associações, entidades filantrópicas)

18) Qual o tamanho da organização em que você trabalha?

( ) 0 a 10 funcionários

( ) 11 a 20 funcionários

( ) 21 a 50 funcionários

( ) 51 a 200 funcionários

( ) acima 200

19) Qual o nome do seu cargo?

________________________________________

------pular para a questão 14.

20) Qual a sua esfera de atuação?

( ) federal

( ) estadual

( ) municipal

------pular a questão 19.

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21) Há quanto tempo você trabalho como autônomo?

( ) menos de 6 meses

( ) de 6 meses a 2 anos

( ) de 2 a 5 anos

( ) mais de 5 anos

22) Você contribui com o INSS?

( ) sim ------enquadrar como autônomo formal e pular para a questão 14.

( ) não

23) Recolhe algum tipo de Tributo como autônomo?

( ) sim ------ enquadrar como autônomo formal e pular para a questão 14.

( ) não -------enquadrar como autônomo e informal e pular para a questão 14.

24) Possui CNPJ?

( ) sim ------- pular para a questão 25.

( ) não -------enquadrar como empresário informal e pular para questão 25.

25) Qual o tamanho da sua organização?

( ) 0 a 10 funcionários

( ) 11 a 20 funcionários

( ) 21 a 50 funcionários

( ) 51 a 200 funcionários

( ) acima 200

-------pular para questão 14.

26) Seu trabalho como voluntário é remunerado?

( ) sim

( ) não

27) Possui algum tipo de contrato:

( ) sim ------- pular para a questão 25.

( ) não -------enquadrar como voluntário informal e pular para a questão 25.

28) Qual é o tamanho da sua equipe imediata; quantas pessoas estão sob sua responsabilidade direta?

( ) apenas 1 pessoa

( ) de 2 a 5 pessoas

( ) de 6 a 10 pessoas

( ) de 11 a 20 pessoas

( ) mais de 20 pessoas

29) Qual é o tamanho de sua equipe como um todo; quantas pessoas estão sob sua responsabilidade

indireta e direta?

( ) de 1 a 5 pessoas

( ) de 6 a 10 pessoas

( ) de 11 a 15 pessoas

( ) de 16 a 20 pessoas

( ) de 21 a 50 pessoas

( ) de 51 a 100 pessoas

( ) de 101 a 200 pessoas

( ) acima de 200

***FINALIZAR***

Para encerrarmos, por favor responda de forma livre:

Qual é sua opinião sobre o curso de administração da UNEMAT?

Qual é sua opinião sobre os professores do curso de administração da UNEMAT?

***

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11.3. Oficio enviado a SAA

Sinop, 21 de outubro de 2013.

Para: SAA

A/c: Sr. Reginaldo Lopes de Alencar

Prezado Sr. Reginaldo,

O Projeto de Pesquisa “a inserção profissional do egresso do Curso de Bacharelado em Administração

do Campus Universitário de Sinop-MT, formado no quinquênio 2008-2012, em atividades gerenciais”,

institucionalizado pela Portaria Nº 1213/2013 Reitoria e que conta atualmente com 3 bolsistas de

iniciação científica, tem como objetivo geral “verificar se os egressos do curso de Bacharelado em

Administração da UNEMAT Sinop, formados no quinquênio 2008-2012, ocupam ou não posições

administrativas nas organizações nas quais atuam”.

Uma vez que já nos encontramos na fase da coleta de dados, precisamos então dispor dos contatos dos

egressos do curso de administração para podermos abordá-los. A estratégia de coleta de dados definida na

pesquisa consiste na aplicação de um formulário via telefone.

Para tanto, solicitamos gentilmente da SAA o cadastro atualizado contendo os dados telefônicos de

todos os egressos do curso de administração que tenham se formado em 2008, 2009, 2010, 2011 e

2012 para que possamos dar continuidade ao nosso estudo.

Uma vez que o sucesso da nossa pesquisa depende diretamente da qualidade dos dados fornecidos,

solicitamos gentilmente que seja observada a atualidade e precisão dos números telefônicos existentes no

cadastro.

Lembramos que todas as informações fornecidas serão mantidas em total sigilo pela equipe da pesquisa

e serão utilizadas exclusivamente para a finalidade acadêmica acima declarada.

Certos de sua habitual presteza, ficamos no aguardo das informações solicitadas.

Estamos à total disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.

Cordialmente,

__________________________________

Prof. Dr. Marcos Luís Procópio

Coordenador do Projeto