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  • ESTADO DA ARTE DO DIREITO AGRRIO NO BRASIL

    Raymundo Laranjeira

    1. O significado de Estado da Arte

    Tomar o mote Estado da Arte como diagnstico de algo, , antes de tudo,

    data venia, tratar de uma expresso canhestra e rebuscada, que beira ao esotrico. Sua

    difcil compreenso advm do fato de no ser corriqueira em nossa linguagem, nem a

    popular nem a culta do pas. Tendo sido estruturada no meio acadmico dos Estados

    Unidos (State of the art), aqui nos vem sendo impingida, e copistas que infelizmente

    somos da cultura norte-americana, passamos a adot-la a pouco e pouco.

    Aceito utilizar o termo sob protesto, eis que o encontrei determinado pelos

    organismos que comandam este evento; mas no posso resistir aos comentrios

    introdutrios para dizer que a denominao adotada no exprime um impacto imediato

    de apreenso do tema, e parte do equivocado pressuposto de que os espectadores de um

    Congresso ou os leitores de um texto com a epgrafe Estado da Arte j sabem o que

    esta significa. Pelo que j aferroei acima, ela no de pronto entendimento, e exige uma

    explicao sobre o seu significado. Nem tanto, certamente, para ilustrao da platia de

    alto nvel intelectual que est a me ouvir, mas porque a publicao deste texto alcanar

    estudiosos menos eruditos, muito se destinando a estudantes de Direito Agrrio que

    ainda se acham no estgio de uma iniciao jurdica.

    No campo do Direito Agrrio, Ivanise Soares de Paula e Tarcila de Moura

    Bastos no usaram aquela denominao empolada como ttulo do apanhado e

    descrio sucinta de teses dos seus colegas de turma do Mestrado em Direito Agrrio da

    UFG. Apesar da sua metodologia ter-se enquadrado, perfeitamente, nas regras do State

    of the Art, preferiram public-lo como Produo Cientfica da Primeira Turma

    Anlise de Contedo (Publicao da Universidade Federal de Gois, 1990 20 p.,

    g.n.). Com isso elas se articularam melhor com o nosso vernculo, com a tradio

    brasileira de dizer as coisas, autoras mais achegadas nossa prpria cultura.

  • 2

    Em polo extremamente oposto, existem os que desenvolvem seus temas atrs do

    biombo daquele modismo, sem oferecerem ao leitor a menor explicao do porqu eles

    se encontram sob o imprio do Estado da Arte. Muitos deles, inclusive, fazem jogo com

    a expresso, sem se darem conta do que ela exprime. Outros chegam s raias da

    vulgaridade, to atraente ficou o estrangeirismo, que acenam, na Internet, por exemplo,

    com O Estado da arte no preparo de uma boa feijoada ou O Estado da arte em

    carteiras escolares produzidas em Belm.

    Na realidade, ainda h considervel confuso a respeito do que significa Estado

    da Arte, conforme alerta Nicolas P. Terry, j tratando de matria jurdica1.

    Farei a tentativa de aclarar os rumos.

    Num primeiro instante, poder-se-ia pensar o Estado da Arte por via da idia de

    como transcorrem os acontecimentos, de como se exibe determinado fenmeno em

    qualquer estrutura do conhecimento; ou, no caso do Direito Agrrio, particularmente, de

    como se encontra seu estado de coisas, em geral, ou seus aspectos fundamentais, pelo

    menos.

    Mas as pistas que esquadrinhariam tal vereda teriam de apontar para uma

    investigao direta dos fenmenos agrrios, o que conduziria a uma pesquisa emprica,

    a qual tangencia a prpria realidade econmico-social e jurdica do agro. Tratar-se-ia de

    um encaminhamento para uma tendncia genrica de avaliao de assuntos palpveis,

    como sups Peter F. Schmidt, ao escrever noutra rea. Com efeito, disse num artigo

    sobre psicoterapia que do estado da arte trazer a pblico discusses sobre questes

    de interesse geral. So necessrios continuou ele discursos sobre problemas

    atuais.2 O que equivale, como eu j disse, a um trabalho de interveno direta sobre

    tais problemas.

    No mesmo diapaso se acha o projeto para implantao de um sistema de ensino

    distncia, da PUC Minas, pelo qual o segmento Estado da Arte logo formula como

    objeto da pesquisa a situao percebida como problemtica e que portanto ser

    examinada, a fim de se obter novas informaes, embora no olvide tambm de

    considerar como etapa 1 do segmento da planificao operacional da pesquisa, o

    estudo e levantamento bibliogrfico no contexto da rea.3

    1 ...there is still considerable confusion as to exactly what state of the art means. Nicolas P. Terry:State of the art evidence: From Logical Construct to Judicial Retrenchment. Artigo (1990) publicadona Internet, stio , colhido em maro de 2003.2 Peter F. Schmidt: Terapia centrada na pessoa o Estado da arte. Revista Estudos Rogerianos, n 3,maio de 1999, p. 33-41, traduo de Manuela Redondo.3 Estado da Arte, in Implantao de um Sistema para Ensino Distncia PUC Minas, publicado naInternet, stio http://www.inf.pucminas.br/projetos/ead/, acesso em 20 de maio de 2003.

  • 3

    De outro lado, existe um caminho cujos seguidores remetem a concepo do

    Estado da Arte para uma pesquisa terica, de anlise do simples acervo bibliogrfico

    que se tenha formado em torno da realidade concreta, e no para uma pesquisa de

    apreciao desta.

    Norma Sandra de Almeida Ferreira, uma educadora da Unicamp, detectou essa

    perspectiva, cada vez mais fortalecida, consoante sntese de artigo seu, nestes termos:

    Nos ltimos quinze anos, no Brasil e em outros pases, tem se produzido um conjunto

    significativo de pesquisas conhecidas pela denominao estado da arte ou estado do

    conhecimento. Definidas como de carter bibliogrfico, elas parecem trazer em comum

    o desafio de mapear e de discutir uma certa produo acadmica em diferentes campos

    do conhecimento, tentando responder que aspectos e dimenses vm sendo destacados e

    privilegiados em diferentes pocas e lugares...4

    Alguns juristas tambm se encontram na linha de que o Estado da Arte traz

    como resultado informaes acerca da produo de pesquisas j realizadas sobre o

    assunto que se tem em mira estudar, e no a pesquisa em si mesma sobre tal assunto.

    Trs deles discerniram a respeito, qui pioneiramente, na rea jurdica. Um, em tarefa

    isolada, dois outros em escrita conjunta.

    O primeiro, Prof. Tlio Lima Vianna, da Pontifcia Universidade Catlica de

    Minas Gerais, ao traar a metodologia de projetos de pesquisa em Direito, d os

    seguintes conselhos, para a fase de justificativa: O pesquisador, nesta fase, dever

    iniciar explicitando o Estado da Arte, ou seja, o atual estado das pesquisas

    cientficas sobre o tema. Logo a seguir, complementa: importante que se faa uma

    reviso da literatura existente, comentando sucintamente as principais obras que tratam

    direta ou indiretamente do tema proposto.5 (g.n.)

    Os dois outros, Luciano Oliveira e Joo Maurcio Adeodato, tambm professores

    de Direito, ligados Universidade Federal de Pernambuco, em artigo em prol da

    concretizao de diretrizes do Programa de Pesquisas sobre a Justia Federal,

    denominado O Estado da arte da pesquisa jurdica e scio jurdica no Brasil, adotaram

    o mesmo critrio para exame da questo subsumida na expresso Estado da Arte.

    4 Sntese do artigo de Norma Sandra de Almeida Ferreira, publicado na Internet, seo de sumrios daRevista 45, ali referenciada no stio ,acesso em maio de 2003, a que corresponde o trabalho intitulado As pesquisas denominadas estado daarte da Revista Educao & Sociedade, n. 79, agosto de 2002.5 Vianna, Tlio Lima. Roteiro didtico de elaborao de projetos de pesquisa em Direito. Jus Navigandi,Teresina, 7, n. 64, abr. 2003, Disponvel em: .Acesso em 12 mai. 2003.

  • 4

    Explicitaram: Este estudo...visa possibilitar o conhecimento sobre a produo

    acadmica na rea jurdica e das prioridades para a pesquisa.6 (g.n.)

    Considerando os caminhos apontados, se v que eles diferem naquilo que j

    expus: de uma banda, pela possibilidade, em tese, da rea de investigao ser mais

    abrangente, a ponto de alcanar elementos significativos em sua prpria concretude,

    quer manifestados em fatos do cotidiano scio-econmico, quer manifestados em

    fenmenos jurdicos; e, de outra, pelo conceito mais restrito, que se apega, somente, ao

    levantamento e relato da produo acadmica.

    Com a experincia que tenho, no s como professor de Direito Agrrio, mas de

    quem, doutrinariamente, j enfrentou trabalho semelhante a este, posso adotar um

    critrio pessoal em que o Estado da Arte venha a ser indicativo do mapeamento de

    questes problemticas da realidade concreta, mas no para submet-las discusso, e

    sim para demonstrao de sua importncia, ou do pouco caso que lhe fazem o que se

    consegue pela utilizao, prpria do Estado da Arte, do mtodo de conhecer aquelas

    questes atravs do que se comenta a respeito delas; isto , atravs da pesquisa sobre a

    obra doutrinria de editorao (impressa ou informtica), ou sobre a obra doutrinria de

    preleo, associada produo cientfica docente ou discente (processo ensino-

    aprendizagem).

    Assim, Estado da Arte em Direito Agrrio, antes de constituir um dado a mais,

    no complexo de anlises sobre a realidade do campo, uma investigao sobre o

    repositrio das letras jurdicas voltadas para essa realidade, sem perscrut-la, contudo.

    Isso j foi tarefa da prpria produo cientfica que se desbordou pela matria, enquanto

    o Estado da Arte cuidar, apenas, de tal dimenso acadmica.

    Pelo que se repara, o Estado da Arte entranha um enfoque estritamente terico,

    botando margem questionamentos fticos, por exemplo, estrutura agrria, conflitos

    agrrios, bem como os aspectos legislativos e jurisprudenciais, que demandem

    interpretao de leis, etc. Enfim, no cabem em seu bojo consideraes da prtica

    operativa do Direito Agrrio, sendo de seu mister propiciar ao estudioso um lastro de

    informaes bibliogrficas e de conhecimento de grau superior. Este complexo mostrar

    a existncia de boas ou ms diretrizes na aplicao desse ramo jurdico, sendo sua

    tendncia despertar sugestes dentro desse mesmo crculo de saber.

    6 Artigo de Luciano Oliveira e Joo Maurcio Adeodato: O Estado da arte da pesquisa jurdica e sciojurdica no Brasil, trabalho encomendado pelo Centro de Estudos Judicirios (CEJ) 1995. Edio dasPublicaes Eletrnicas do CEJ Informtica, stio na Internet,acesso em 30 de abril de 2003.

  • 5

    Para fechar estas notas de introduo, sublinho o fato de que tenho em mos um

    trabalho insosso, particularmente para quem o ouve em relato, ou o l como simples

    coleta de notcias agraristas, que o , em grande parte. No entanto, apesar de ser um

    retrato da produo da doutrina brasileira do Direito Agrrio, do que se fez ou se

    deixou de realizar, cujo contedo revela uma ao aparentemente incua de fotografar,

    esta tarefa uma tarefa muito importante. No porque eu a realize, mas pelo mrito (

    exceo do ttulo) dos que ma entregaram um labor dignificado pela elaborao de

    uma histria da doutrina do Direito Agrrio no Brasil, atravs do registro que tento

    resgatar das obras jus-agraristas que engrandeceram e engrandecem o meio jurdico

    nacional. Creio ainda que, malgrado o campo restrito firmado pelo conceito de Estado

    da Arte, o presente trabalho ter a sua utilidade, quando menos por estabelecer um

    roteiro para pesquisas em Direito Agrrio brasileiro, atravs da indicao

    pormenorizada de ricas fontes de estudo e do balano que elas permitem realizar.7

    2. Doutrina agrria. Balanos temticos da produo acadmica no Brasil

    2. 1. Estgio atual da doutrina agrria brasileira

    Para falar da doutrina agrria brasileira, h que se estabelecer um marco, antes

    de tudo, e este coincide com a figura de Fernando Sodero. Sua produo cientfica

    destacou-se entre o final dos anos 60 at meado dos anos 80, quando morreu, deixando

    uma srie de escritos8 e trs livros: Direito Agrrio e Reforma Agrria (Liv. Legislao

    Brasileira Ed., S.P., 1968 253 p.), O Mdulo Rural e sua Implicaes Jurdicas (LTr

    Editora, S.P., 1975 255 p.) e Esboo Histrico da Formao do Direito Agrrio no

    Brasil (Ed. Ajup/Fase, Rio, 1990 103 p.).

    Por razes que esbocei em livro de 20009, ele foi um divisor de guas no Direito

    Agrrio brasileiro. E como tal, haveria de ter, naturalmente, os seus precursores, que

    comearam, pioneiramente, a desvincular o Direito Agrrio do Direito Civil e do Direito

    Administrativo, assim como teve seus coevos e seus psteros. Mas no me remeterei s

    obras dos primeiros, nem de alguns civilistas e administrativistas que tambm num

    passado maior escreveram livros a respeito da questo agrria brasileira, em vrios de

    7 Agradeo a Tereza Lcia Bittencourt Ferraz, professora de Filosofia da Educao na Bahia, a troca deidias sobre a significao do Estado da Arte e o tempo de discusso em torno do meu pessoal conceito.8 Devido s limitaes de espao, que sofro no presente trabalho, por ao da organizao do Congresso,as obras relacionadas doutrina agrria nacional estaro afeitas, preferencialmente, citao de livros.9 Raymundo Laranjeira, no Prefcio do livro Direito Agrrio Brasileiro e em ensaio na mesma obra,intitulado O Direito Agrrio Cincia no Brasil. LTr Editora, So Paulo, 2000.

  • 6

    seus aspectos jurdicos10, porque da metodologia do Estado da Arte considerar apenas

    o estgio atual de um determinado conhecimento.

    Diante desse critrio, inicio as menes doutrinrias partindo de Sodero e de

    outros de seu tempo, os quais abriram caminho para a doutrina jus-agrarista moderna.

    Foram trs: Messias Junqueira, que publicou os livros As terras devolutas na Reforma

    Agrria (Ed. Revista dos Tribunais, S.P., 1964 140 p.) e O instituto brasileiro das

    terras devolutas (Ed. Lael, S.P., 1976 178 p.); J. Paulo Bittencourt, cujos trabalhos

    foram publicados apenas em revistas, boletins ou em forma de conferncias, e Jos

    Motta Maia, que alm de responsvel pela edio do excelente peridico intitulado

    Revista Jurdica, nos derradeiros anos da existncia desta, escreveu livros de Direito

    Tributrio e Direito Empresarial, e os seguintes, de Direito Agrrio: Comentrios ao

    Estatuto da Terra (Ed. Coelho Branco, Rio, 1965 - 213 p.) e Iniciao Reforma

    Agrria (Ed. Mabri, Rio, 1969 245 p.).

    2. 1. 1. A moderna doutrina agrria

    A doutrina agrria moderna ganha uma caracterstica interessante, no Brasil,

    montando-se nos resultados da experincia do Instituto Nacional de Colonizao e

    Reforma Agrria (INCRA), criado em 1971, e na prtica do ensino do Direito Agrrio,

    este erigido em disciplina dos Cursos de Direito, em 1972. que os procuradores

    daquela autarquia federal e os pioneiros professores de Direito Agrrio do pas,

    comearam a ensaiar uma produo cientfica que fortaleceu o lastro doutrinrio,

    trazendo maiores luzes para uma nova gerao de especialistas.

    Pode-se distinguir, no rol das obras que compem essa doutrina, aquelas que

    tentam sistematizar o Direito Agrrio brasileiro; e aquelas que so apenas de exegese ou

    interpretao das leis, no encalo dos institutos agrrios.

    Infelizmente, porm, as obras de sistematizao, entre ns, so em nmero muito

    inferior s obras que se ocupam de analisar institutos agrrios, um s que seja, ou

    alguns, como tem acontecido. No que as primeiras tenham uma importncia maior que

    as segundas; ambas as espcies se encontram, em tese, em p de igualdade dentro da

    qualificao de literatura jurdica. Mas que as lies preliminares de jus-agrarismo so

    to necessrias, principalmente para a construo do seu contedo, que deveriam ser

    10 Ver referncia a eles em Raymundo Laranjeira, obra e local citados na nota anterior, p 253/261 e 283(item 6.1.).

  • 7

    melhor exploradas pelos novos agraristas que pontificaram no Brasil. No chegam a

    dez, at hoje, as principais obras de elaborao sistemtica do Direito Agrrio no Brasil.

    A rigor, trs, somente, so tpicas desse mister: minha Propedutica do Direito

    Agrrio, Teoria de Direito Agrrio, de Alcir Gursen de Miranda, e Introduo ao

    Direito Agrrio, de Jos Braga. As outras mesclam assuntos de coordenao lgica e

    estruturao da disciplina com a interpretao de instituies jurdico-agrrias.

    Pertencem a Fernando Sodero, a Rafael Augusto de Mendona Lima, a Igor Tenrio, a

    Ismael Marinho Falco e a Benedito Ferreira Marques.

    Para que se produza uma comparao, quanto abordagem dos temas, j que so

    poucos os livros da espcie analisada, vou revelar o miolo dos mesmos na parte da

    sistematizao:

    Em Direito Agrrio e Reforma Agrria, de Fernando Sodero: Conceito de

    Direito Agrrio brasileiro; Ordenao do Direito Agrrio brasileiro; O Direito Agrrio

    como fundamento jurdico da reforma agrria; Uso temporrio da terra: arrendamento e

    parceria; A estrutura fundiria brasileira; Terras pblicas e privadas no Estatuto da

    Terra. (Ed. Legislao Universitria, S.P., 1968 253 p.).

    Em Direito Agrrio, Reforma Agrria e Colonizao, de Rafael de Mendona

    Lima: Atividade agrria; Poltica agrria; Estrutura agrria; Fundo agropecurio,

    Conceito de Direito Agrrio; Contedo do Direito Agrrio e autonomia do Direito

    Agrrio; Reforma agrria; Colonizao. (Liv. Francisco Alves Ed., Rio, 1973 147

    p.).

    O mesmo autor, depois, em nova obra, intitulada Direito Agrrio, trouxe

    outras propostas ao estudo de sistematizao, mesclando-os, ainda, com temas de

    exegese. Tais o Conceito e objeto do Direito Agrrio; Contedo do Direito Agrrio;

    Fontes do Direito Agrrio; Ato e fato jurdicos agrrios; Princpios do Direito Agrrio;

    Autonomia do Direito Agrrio; Fundamentos do Direito Agrrio; hermenutica do

    Direito Agrrio. (Ed. Renovar, rio, 1998 358 p.).

    Em Manual do Direito Agrrio, Igor Tenrio cuida, ademais, de Definies

    clssicas do Direito Agrrio; O Direito Agrrio brasileiro; Contedo do Direito Agrrio;

    Fontes; Autonomia; Direito Agrrio como ramo de direito pblico ou privado; Relaes

    com outros ramos do Direito; Direito Agrrio comparado. (Ed. Resenha Universitria,

    S.P., 1974 394 p.).

    Em Direito Agrrio Brasileiro, Benedito Ferreira Marques, alm dos institutos,

    estuda Origens do Direito Agrrio; Denominao do Direito Agrrio; Definio do

    Direito Agrrio; Objeto do Direito Agrrio atividades agrrias; Autonomia do Direito

  • 8

    Agrrio; Princpios do Direito Agrrio; Natureza jurdica do Direito Agrrio e Fontes do

    Direito Agrrio.

    Em Direito Agrrio Brasileiro, Ismael Marinho Falco fala, dentre outros

    casos, da Formao histrica do Direito Agrrio; Conceito de Direito Agrrio;

    Autonomia do Direito Agrrio; Contedo do Direito Agrrio; Objeto do Direito

    Agrrio; Correlao do Direito Agrrio com outros ramos da cincia do Direito.

    (Edipro, Bauru, 1995 503 p.).

    Em Teoria do Direito Agrrio Alcir Gursen de Miranda reporta-se a

    Fundamentos do Direito Agrrio; Direito Agrrio moderno; Denominao e autonomia;

    Conceito; Objeto e contedo; Fontes; Princpios fundamentais; Natureza jurdica;

    Mentalidade agrarista; Relao do Direito Agrrio com outros ramos do Direito;

    Relao do Direito Agrrio com outros ramos do conhecimento. (Ed. Cejup, Belm,

    1989, 218 p.)

    Em Introduo ao Direito Agrrio Jos Braga aborda: Atividade agrria,

    Estrutura agrria; Fundo agrrio; Gnese e evoluo do Direito Agrrio; O Direito

    Agrrio no Brasil; Caracterizao do Direito Agrrio brasileiro; Justia social no

    campo; Funo social da terra; Funo social do Direito Agrrio brasileiro.(Ed. Cejup,

    Belm, 1991 140 p.).

    De minha parte, fiz a seguinte tentativa, nestes captulos de Propedutica do

    Direito Agrrio: As origens do Direito Agrrio no Brasil; Evoluo contempornea do

    jus-agrarismo brasileiro; Conceito de Direito Agrrio; Contedo do Direito Agrrio;

    Caractersticas do Direito Agrrio; Fontes do Direito Agrrio; Aplicao do Direito

    Agrrio; Fundamentos do Direito Agrrio; Autonomia do Direito Agrrio; Natureza

    jurdica do Direito Agrrio; Princpios do Direito Agrrio; Relaes do Direito Agrrio

    com as cincias extra-jurdicas; Relaes do Direito Agrrio com as cincias jurdicas.

    (LTr Ed., S.P., 1 ed. 1975; 2 ed. 1981 238 p.).

    Quanto aos livros de interpretao do Direito Agrrio, cujos ttulos, de ordinrio,

    j insinuam o tema ou temas tratados, destaco como principais os dos seguintes

    doutrinadores:

    De Octavio Melo Alvarenga: Direito Agrrio (Ed. Instituto dos Advogados

    Brasileiros, Rio, 1974); Teoria e prtica do Direito Agrrio (Ed. Consagra, Rio, 1979;

    Manual de Direito Agrrio (Ed. Forense, Rio, 1985 404 p.); Contratos agrrios

    (Fundao Petrnio Portela, Braslia, 1982 - 158 p.); Direito Agrrio e meio ambiente

    (Ed. Forense, Rio, 1992 229 p.); Poltica e direito agroambiental (Ed. Forense, Rio,

    1994 346 p.); De Ismael Marinho Falco: Direito Agrrio brasileiro (Ed. Edipro,

  • 9

    Bauru, 1995 - 503 p.); Estatuto do ndio comentado (Ed. Grfica do Senado, Braslia,

    1983 - 211 p.); De Paulo Tormmin Borges: Institutos bsicos de Direito Agrrio ( Ed.

    Pr-livro, S.P., 1974 306 p.) e O imvel rural e seus problemas jurdicos (Ed. Saraiva,

    S.P., 1981 175 p.); De Osvaldo Opitz e Silvia Opitz: Contratos agrrios no Estatuto da

    Terra (1969), Princpios do Direito Agrrio (1970) e Direito da economia agrria

    (1971), os quais fundiram-se, mais tarde, no Tratado de Direito Agrrio brasileiro (Ed.

    Saraiva, S.P., 1983 - 3 vol.; De Carlos Ferdinando Mignone: Cadastro e tributao

    (Fundao Petrnio Portela, Brasilia, 1982 - 192 p.) e O mdulo rural (Fundao

    Petrnio Portela, Braslia, 1982 - 112 p.); De Pio dos Santos: Da desapropriao por

    interesse social para fins de reforma agrria (Ed. Universitria, Recife, 1971 - 85 p.);

    Instituies de Direito Agrrio (Ed. Universitria, Recife, 1974 - 254 p.);

    Desapropriao (Fundao Petronio Portela, Braslia, 1982 - 132 p.); De Juraci Perez

    Magalhes: A discriminao de terras na Amaznia (Grfica do Senado, Braslia, 1977 -

    291 p.): Recursos naturais e meio ambiente sua defesa no direito brasileiro (Ed. FGV,

    Rio, 1982 - 76 p.); Comentrios ao cdigo florestal (Grfica do Senado, Braslia, s/d -

    199 p.); A ocupao desordenada da Amaznia e seus efeitos econmicos, sociais e

    ecolgicos (1990); De Lus Lima Stefanini: A propriedade no Direito Agrrio (Ed.

    Revista dos Tribunais, S.P., 1976 - 300 p.) e A questo jus-agrarista na Amaznia (Ed.

    Cejup, Belm, 1984 - 68 p.); De Paulo Guilherme de Almeida: A propriedade

    imobiliria rural (LTr Ed., S.P., 1980 - 107 p.); Temas de Direito Agrrio (LTr Ed.,

    S.P., 1988 334 p.); Aspectos jurdicos da reforma agrria no Brasil (LTr Ed., S.P.,

    1990 - 125 p.); De Olavo Acyr de Lima Rocha: Desapropriao no Direito Agrrio (Ed.

    Atlas, S.P., 1992 289 p.) e O imvel rural e o estrangeiro (LTr Ed., S.P., 2000, 149

    p.); De Joo Bosco Medeiros de Souza: Direito Agrrio institutos bsicos (Ed.

    Saraiva, S.P., 1985 - 108 p.); De Igor Tenrio: Curso de Direito Agrrio brasileiro (Ed.

    Saraiva, S.P., 1983 - 350 p.); De Raymundo Laranjeira: Colonizao e reforma agrria

    no Brasil (Ed. Civilizao Brasileira, Rio, 1983 - 208 p.) e Direito Agrrio (LTr Editora,

    S.P., 1984 -344 p.); De Altir Souza Maia: Discriminao de terras (Fundao Petronio

    Portela, Braslia, 1982 - 204 p.); De Lcio Flvio Camargo Bastos: A tributao da terra

    e a realidade fundiria (Ed. Sergio Fabris, P., 1987 - 100 p.); De ngela Silva: Direito

    Agrrio notas de aula (Ed. Fumidam, B.H., 1987 - 142 p.); De Vicente Cysneiros:

    Aquisio de imvel rural por estrangeiro (Fundao Petronio Portela, Braslia, 1982 -

    216 p.); De Benedicto Monteiro: Direito Agrrio e processo fundirio (PLG Com. Ed.,

    Rio, 1980 - 222 p.); De Telga de Araujo: Estudos de Direito Agrrio (Ed. FASA,

    Recife, 1985 - 336 p.); De Nilson Marques: Direito Agrrio (Ed. Pr-livro, S.P., 1976 -

  • 10

    129 p.); Teoria e tipos de aes agrrias (Ed. Pr-livro, S.P., 1979 - 321 p.); O elemento

    social da posse (Ed. Deud, S.P., 1983 - 128 p.); Curso de Direito Agrrio (Ed. Forense,

    Rio, 1986 - 211 p.); De Nelson Demtrio: Doutrina e prtica do Direito Agrrio (Ed.

    Pr-livro, S.P., 1979 - 383 p.); De Rafael Augusto de Mendona Lima: Direito Agrrio

    estudos (Freitas Bastos Ed., Rio, 1977 - 240 p.); De Marcos Afonso Borges:

    Processo judicial na ao discriminatria (Ed. Cejup, Belm, 1985 - 247 p.); Temas e

    casos concretos de direito (Ed. Cejup, Belm, 1988 - 185 p.); Princpios de direito

    processual civil e agrrio ( Ed. Cejup, Belm, 1991 -116 p.); O direito processual em

    sua concretude (AB Ed. Goinia, 1995 221 p.); De Paulo Coelho Machado: Parceria

    pecuria (Ed. Saraiva, S.P., 1992 - 136 p.); De Antonio Luis R. Machado: Manual

    prtico dos contratos agrrios (Ed. Saraiva, S.P., 1991 - 231 p.).

    2. 1. 2. Nova gerao de agraristas

    A partir de meados dos anos 80, iniciam-se os trabalhos da Assemblia Nacional

    Constituinte, que desguam na Constituio Federal de 1988, poca em que as entidades

    de ensino passam a liberar maior contingente de ps-graduandos, que fizeram suas

    dissertaes a respeito de assuntos agrrios; especialmente a Faculdade de Direito da

    UFG. Adentrando os anos 90, com a presso dos movimentos sociais para a efetivao

    da reforma agrria, alguns advogados da Rede de Advogados Populares, bem como

    juizes federais e estaduais, que profissionalmente teriam de atuar por sobre as diferentes

    circunstncias de tal matria, tambm vieram a escrever sobre aspectos do Direito

    Agrrio; e mais os Procuradores do Incra, novamente, os da Repblica e da Fazenda

    Nacional, membros do Ministrio Pblico dos Estados e os da Advocacia da Unio.

    Todos eles trazem, atualmente, uma contribuio enriquecedora doutrina agrarista.

    Dessa nova gerao, menciono os seguintes autores, com seus respectivos livros de

    temtica agrria da espcie interpretativa:

    Alcir Gursen de Miranda: A figura jurdica do posseiro (Ed. Cejup, Belm, 1988

    96 p.); O instituto jurdico da posse agrria ( Ed. Cejup, Belm, 1992 174 p.);

    Benedito Ferreira Marques: Seguro agrcola (Ed. Universidade Catlica de Gois,

    Goinia, 1983 125 p); As garantias do crdito rural e suas indagaes jurdicas

    (Instituto Cartogrfico Ed., S.P., 1989 111 p.); Direito Agrrio (AB Ed., Goinia,

    1998 273 p.); Jos Juc Neto: Elementos do Direito Agrrio (Ed. Universidade do

    Cear, Fortaleza, 1985 126 p.); Luis Edson Fachin: Funo social da posse e a

    propriedade contempornea (Sergio Fabris Ed., P., 1988 102 p.); Comentrios

  • 11

    Constituio Federal coautoria: Jos Gomes da Silva (Ed. Trabalhistas, Rio, 1991 91

    p.); Carlos Frederico Mars de Souza Filho: O renascer dos povos indgenas (Ed. Juru,

    Curitiba, 1998 105 p.); Espaos ambientais protegidos e unidades de conservao (Ed.

    Champagnat, Curitiba, !993 78 p.); Antonio Jos de Matos Neto: A posse agrria e

    suas implicaes jurdicas no Brasil (Ed. Cejup, Belm, 1998 213 p.); Getlio Targino

    de Lima: A posse agrria sobre bem imvel (Ed. Saraiva, S.P., 1992 137 p.); Alfredo

    Albinagen: A famlia no Direito Agrrio (Ed. Del Rey, B.H., 1996 247 p.); Giselda

    Novaes Hironaka: Atividade agrria e proteo ambiental: simbiose possvel (Ed.

    Cultural Paulista, S.P., 1997 - 140 p.); Wellington Pacheco Barros: Curso de Direito

    Agrrio (Liv. do Advogado Ed., P., 1997 194 p.); Luciano de Souza Godoy: Direito

    constitucional agrrio o regime de propriedade (Ed. Atlas, S.P., 1999 130 p.);

    Elisabete Maniglia: O trabalho rural sob a ptica do Direito Agrrio (Ed. Unesp, S.P.,

    2002 176 p.); Lucas Abreu Barroso: Leasing Agrrio e arrendamento rural com opo

    de compra (Ed. Del Rey, B.H., 2001 95 p.); Weliton Milito dos Santos:

    Desapropriao, reforma agrria e meio ambiente aspectos substanciais,

    procedimentais e reflexos no Direito Penal (Ed. Mandamentos, B.H., 2001 639 p.);

    Girolamo Domenico Treccani: Violncia e grilagem (Ed. Iterpa, Belm, 2002 600 p.);

    Jacques Tvora Alfonsn: O acesso terra como contedo de direitos humanos

    fundamentais alimentao e moradia (Sergio Fabris Ed., P.A., 2003 296 p.);

    Petrnio Braz: O agregado na legislao brasileira (Ed. de Direito, S.P., 1996 112 p.);

    Leandro Paulsen, Vivian Caminha e Roger Raupp Rios: Desapropriao e reforma

    agrria (Liv. do Advogado Ed., P.A., 1997 203 p.); Jos Bezerra da Costa:

    Arrendamento rural direito de preferncia ( AB Ed., Goinia, 1993 - 166 p.); Vtor

    Barbosa Lenza: Juizados agrrios (AB Ed., Goinia, 1995 - 236 p.); Cortes arbitrais

    (AB Ed., Goinia, 1997 - 220 p.); Paulo Machado Guimares: Demarcao das terras

    indgenas (Ed. CIMI, Braslia, 1989). Jlio Geiger: Direitos indgenas na Constituio

    de 1988 (Ed. CIMI, Braslia, 1989 21 p.); Aldo Asevedo Soares: Kalunga o

    direito de existir (MinC/Fund. Cultural Palmares, Goinia, 1995 - 253 p.); Marcelo

    Dias Varela: Introduo ao direito reforma agrria (Ed. de Direito, Leme, 1997

    486 p.); Helio Novoa da Costa: Discriminao de terras devolutas. Ed. Universitria de

    Direito, S.P., 2000 228 p.); Luciano Dias Bicalho Camargos: O imposto territorial

    rural e a funo social da propriedade doutrina, prtica e jurisprudncia. Ed. Del Rey,

    B.H., 2001 256 p.).

    Do balano que se intente proceder em redor de todos esses livros, fica fcil avaliar

    o contedo daqueles considerados de sistematizao: ele j est revelado acima, quando

  • 12

    preferi expor logo a sua matria, to poucas so as obras a respeito. Seus itens sero

    contabilizados no balano final, tpico 2. 7.

    Agora passo apurao dos assuntos nos livros individuais de exegese. So suas

    principais incidncias:

    Estrutura agrria 1; contratos agrrios 18; enfiteuse 1; meio ambiente,

    proteo dos recursos naturais 14; extrativismo, explorao florestal 2; regime das

    guas 2; terras devolutas 9; uso das terras pblicas 1; alienao de terras pblicas

    1; discriminao de terras devolutas 12; terras indgenas 9; terras quilombolas 1;

    terrenos de marinha 4; faixa de fronteira 8; imvel rural 15; parcelamento do

    imvel rural 2; cadastro 5; zoneamento econmico-ecolgico 1; registro de

    imveis 4; imposto territorial rural 14; mdulo rural e fiscal 7; reforma agrria

    21; assentamentos 2; funo social 12; desapropriao 13; demarcao de terras

    1; alienao de terras pblicas 1; Justia Agrria 9; Ministrio Pblico 1; florestas,

    poltica florestal 1; propriedade da terra 6; aquisio de terra por estrangeiro 11;

    colonizao, ocupao do territrio 8; posse agrria 4; legitimao de posse 6;

    regularizao de posse 4; processo agrrio 1; princpios processuais 1; aes

    agrrias 6; poltica agrcola em geral 8; seguro agrcola 2; crdito rural 5;

    agricultura familiar 3; trabalho rural 6; previdncia social rural 4; conflitos

    agrrios, violncia no campo 3; questo penal agrria 2; empresa agrria 4;

    usucapio 10; irrigao 1; evoluo do Direito Agrrio 2; educao rural 2;

    ensino do Direito Agrrio 2; codificao do Direito Agrrio 1; usos e costumes

    rurais 1; registro do Vigrio 2; Estatuto da Terra 1; cooperativismo rural 3;

    sindicalismo rural 2; atividade agrria 1; movimentos sociais 1; terra e direitos

    humanos 1.

    A tanto se alinhem os itens encontrados em obras coletivas, que comearam a

    aparecer entre o final dos 90, princpio dos 2000, trazendo uma viso multifacetria do

    Direito Agrrio. O que se explica talvez pela necessidade de abrir uma oportunidade de

    mais vasto conhecimento, segundo a demanda dos leitores, qui pela necessidade de

    economia de custos editoriais, ou as duas coisas juntas. Cito os conhecidos, com os

    respectivos coordenadores:

    O Direito Agrrio em debate: coordenao de Domingos Svio da Silveira e

    Flvio SantAna Xavier (Liv do Advogado Ed., P.A., 1998 333 p.); Questo agrria

    e justia: coordenao de Juvelino Strozake (Ed. Revista dos Tribunais, S.P., 2000

    488 p.); Direito Agrrio brasileiro: coordenao de Raymundo Laranjeira (Ed. LTr.,

  • 13

    S.P., 2000 829 p.); Questes agrrias julgados comentados e pareceres:

    coordenao de Juvelino Strozake (Ed. Mtodo, S.P., 2002 365 p.).

    Diante deles, detectei as seguintes ocorrncias:

    Ocupao de terras 10; desapropriao 9; Justia Agrria 8; funo social

    6; movimentos sociais 5; proteo ao meio ambiente 4; conflitos agrrios 4;

    reforma agrria em geral 3; cooperativas 3; Imvel rural, em geral 2; confisco de

    terras 2; poltica agrcola, em geral 2; trabalho rural 2; terras indgenas 2; Direito

    penal no campo 2; terras e Ministrio Pblico 2; e, com uma (1), cada, a abordagem

    sobre cincia do Direito Agrrio, origens do Direito Agrrio; ensino do Direito Agrrio;

    uso e alienao de terras pblicas, usucapio; atividade agrria; extrativismo, terrenos

    de marinha; imposto territorial rural; contratos agrrios; terras quilombolas; faixa de

    fronteira; agricultura familiar; terra e direitos humanos, posse agrria, uso das guas.

    2. 1. 3. A colaborao de juristas brasileiros de outras reas

    H juristas que permaneceram e ainda permanecem ligados a outras reas de

    Direito, nas quais se fizeram destacados, mas que souberam dar colaborao ao nosso

    jus-agrarismo. Destaco os seguintes: Evaristo de Morais Filho, com seu excelente

    opsculo Dados sociolgicos, jurdicos e econmicos do Direito Agrrio (LTr Ed.,

    S.P., 1969); Temstocles Cavalcanti, com o artigo Direito Agrrio e direito pblico

    (Revista Alada, Rio, 1969); Osny Duarte Pereira, com o ensaio Estatuto da Terra

    (Revista Civilizao Brasileira, Rio, 1965); Silvio Meira, com o livro Temas de direito

    civil e agrrio (Ed. Cejup. Belm, 1986); Arnaldo Rizzardo, com O uso da terra no

    Direito Agrrio (Ed. Aide, Rio, 1985); Tupinamb do Nascimento, com Introduo ao

    direito fundirio (Ed. Srgio Fabris, P.A., 1985) e Usucapio (Ed. Sntese, P.A, s/d,

    270 p.), mais os civilistas que escreveram sobre este ltimo tema: Benedito Silvrio

    Ribeiro, com Tratado de usucapio (Ed. Saraiva, S.P., 1998 2 vol.); Fernando Cruz,

    com Usucapio especial (Ed. Deud, S.P., 1985 208 p.); Virglio Rocha Filho, com

    Usucapio especial e constitucional agrrio (Ed. Juru, Curitiba, 2002 263 p.);

    Antonio Macedo Campos, com Teoria e prtica do usucapio (Ed. Saraiva, S.P., 1982

    221 p.); Arlindo Oliveira, com Usucapio urbano e rural (Ed. Jalovi, Bauru, 1991,

    362 p.) e Joaquim Elias Filho, com Da ao de usucapio especial (Freitas Bastos Ed.,

    Rio, 1983 260 p.).

    O mesmo sucede com os constitucionalistas Pinto Ferreira e o seu Curso de

    Direito Agrrio (Ed. Saraiva, S.P., 1994), Fbio Alves dos Santos e o seu Direito

  • 14

    Agrrio poltica fundiria no Brasil (Liv del Rey Ed., B.H., 1995), Jos Barruffini

    Usucapio constitucional urbano e rural (Ed. Atlas, S.P., 1998 245 p.) e Dalmo de

    Abreu Dallari, com artigos e conferncia a respeito da questo agrria em geral.

    Neles se apuram os seguintes itens:

    Usucapio especial 3; enfiteuse 2; trabalho rural escravo 1; legislao

    agrria romana 1; direito de superfcie 1; histria do Direito Agrrio no Brasil 1;

    cdigo rural 1; Estatuto da Terra 1; questo agrria na antiguidade 1; questo

    agrria na idade mdia 1; questo agrria nos Estados comunistas 1; questo agrria

    nos EUA, na Amrica Latina 1; questo agrria no Brasil 1; evoluo da propriedade

    territorial no Brasil 1; formao da propriedade privada 1; formao da propriedade

    pblica 1; domnio pblico 1; domnio privado 1; reforma agrria 2;

    desapropriao 1; imvel rural 1; registro de imveis 2; Loteamento e

    desmembramento de imvel rural 1; empresa agrria 2; posse 2; contratos

    agrrios 1; discriminao de terras 1; sistema sesmarial 1; terras e estrangeiros 1;

    terras devolutas 2; terrenos de marinha 1;

    terras indgenas 1; ao possessria 1; colonizao 1; legitimao de posse 1;

    regularizao de posse 1; terras abandonadas 1; reas rurais e reas urbanas 1;

    movimentos sociais no campo 1; poltica fundiria 3; propriedade da terra e Igreja

    1

    2. 1. 4. Outras publicaes sobre matria de interesse agro-jurdico

    A projeo doutrinria pode envolver, tambm, as transmisses do saber,

    especialmente por via dos peridicos especializados (jornais, boletins, revistas, anais),

    encontros dos especialistas, promovidos por rgos tcnicos, ligados problemtica

    agrria, ou dos congressos e seminrios que atraem os estudiosos para uma renovao

    de conhecimentos.

    De incio focalizo a projeo doutrinria lanada nas publicaes que

    tangenciam, de uma forma ou outra, a questo agrria, deixando para adiante a projeo

    doutrinria espalhada nos encontros culturais de difuso do jus-agrarismo (item 2. 1.

    6.).

    2. 1. 4. 1. Revistas e jornais

  • 15

    No caso dessas publicaes, regulares ou no, as que ficaram bem marcadas na

    histria doutrinria nacional foram a seguintes: a Revista de Direito Agrrio, que

    pouco durou, editada no Rio de Janeiro, nos anos de 1942-1943, num total de 5

    nmeros; o Boletim da Diviso Jurdica do IAA, mais tarde transformado na Revista

    Jurdica; Revista do Instituto Brasileiro de Direito Agrrio, com um nico nmero,

    em 1968; Revista ALADA, da Associao Latinoamericana de Direito Agrrio,

    tambm com um nico nmero, 1969; Revista de Direito Agrrio e Minerrio,

    igualmente com um nico nmero, 1980.

    No ano de 1970 a Associao Brasileira de Reforma Agrria criou um Boletim,

    no qual fazia publicar artigos sobre a questo agrria em geral. Posteriormente, a

    publicao transformou-se em Revista da ABRA, contemplando uma seo de

    Direito Agrrio, a partir de 1981, seo que perdurou at final da dcada de 90. Dita

    revista interrompeu sua publicao com um nmero que se referia aos semestres de

    1999 e 2000, cuja matria sinaliza uma possvel continuidade editorial, privilegiando

    textos de sociologia rural e de economia agrcola.

    Hoje restam, ao que parece, trs revistas com assuntos jurdicos, em geral, mas

    com produo intermitente, s vezes publicando algo com interesse jus-agrarista: a

    Revista de Direito Civil, Imobilirio, Agrrio e Empresarial, da Editora Revista dos

    Tribunais, em So Paulo; a Revista Arquivos, do Ministrio da Justia, em Braslia; a

    Revista Informao Legislativa, do Senado Federal, tambm em Braslia, e a Revista

    de Direito Agrrio, do Curso de Mestrado da Faculdade de Direito da UFG.

    Ao lado d elas, a que mais chama a ateno a Revista de Direito Agrrio,

    criada pelo INCRA, em 1973, cujas edies regulares cessaram na dcada de 80, tendo

    sido, no entanto, retomadas, nos anos 90.

    Julgo que a que dever servir como parmetro do balano temtico, quando

    mais no fosse porque ela especfica de Direito Agrrio, e est viva, ou melhor,

    rediviva, por obra dos agraristas Hlio Novoa e Wellington dos Mendes Lopes, dentre

    outros.

    Registrei o seguinte: Uso racional da gua 1; irrigao (regime jurdico) 1;

    desapropriao 3; imposto territorial rural 7; contratos agrrios 3; aspectos

    obrigacionais do Direito Agrrio 1; crdito rural 1; dominialidade de ilhas 1; terra

    e estrangeiros 3; reforma agrria 4; assentamentos 1; concesso de direito real de

    uso 1; colonizao 1; imvel rural 4; registro de imveis 3; meio ambiente em

    geral, proteo genrica 4; atividade agrria em geral 1; turismo rural 1;

    propriedade em geral 4; funo social 3; poltica agrcola 1; terras devolutas 2;

  • 16

    posse de terras pblicas 1; histria do domnio territorial pblico 1; sesmarias 2;

    discriminao de terras 3; partilha 1; usucapio 2; Justia Agrria 4; terras

    indgenas 1; previdncia social rural 1; cincia do Direito Agrrio 1; Direito

    Agrrio e Direito tributrio 1; sociedade annima agrria 1; estelionato 1; ensino

    do Direito Agrrio 3; codificao da legislao agrria 1; empresa agrria 2;

    cadastro rural 1.11

    Em relao aos jornais que se orientam para notcias e comentrios sobre os

    fenmenos agrrios, devem ser mencionados o Jornal dos Sem-Terra, editado pelo

    MST, em So Paulo, Porantim, do CIMI, em Braslia, direcionado para a questo

    indgena.

    2. 1. 4. 2. Demais publicaes

    Na dcada de 80, a Fundao Petrnio Portela, de Braslia, cumpriu dois

    programas editoriais da maior importncia para o Direito Agrrio brasileiro: um,

    relativo a um Curso de Direito Agrrio, estampado em 9 livros, encomendado a

    agraristas nacionais, aqui j referidos, na oportunidade em que mencionei a produo da

    doutrina nacional, com as respectivas editoras; o outro, relacionou-se a opsculos, que

    foram escritos tambm por agraristas estrangeiros, formando publicaes que tinham a

    designao genrica de Leituras escolhidas em Direito Agrrio.

    Merecem ainda lembrados os excelentes livretos da AJUP, que atingem,

    igualmente, a questo agrria. Alis, no Instituto de Apoio Jurdico e Popular, eles eram

    resultado de uma militncia efetiva e competente, na defesa das classes populares,

    incluindo, evidentemente, os trabalhadores rurais, ali sobressaindo-se a coordenao

    geral de Miguel Pressburger.

    Nas colees publicadas pela entidade referida, podem ser apontados, pelo

    interesse ao agrarismo, os seguintes textos: Discriminatria de terras pblicas, A

    propriedade da terra na Constituio; Para conhecer a desapropriao; Posse versus

    propriedade; A luta de classe na questo fundiria (Nilson Marques); Esboo

    Histrico do Direito Agrrio no Brasil (Fernando Sodero); Um trabalhador fala: o

    direito, a justia e a lei (Miguel Pressburger); Justia uma abordagem dialtica,

    Uso e possibilidades da legislao agrria, Questionando a justia agrria (Miguel

    Pressbirguer et alii); Negros e ndios no cativeiro da terra (Carlos Mars, Jacques

    Alfonsn e Osvaldo Alencar Rocha); Direito insurgente: o direito dos oprimidos e

    11 No contabilizado o material inserto nos n. 10, 12 e 17.

  • 17

    Direitos humanos (Jacques Tvora Alfonsn, Kumar Rupesinghe, Noko Kekana e N.

    A. M. Fanana).

    Tambm as edies do Instituto de Apoio Tcnico aos Paises de Terceiro Mundo

    (IATTERMUND) foram direcionadas ilustrao das camadas populares dos pases

    pobres, destacando-se as seguintes obras de Clodomir Santos de Morais: Elementos de

    teoria de organizao camponesa; O reencontrado elo perdido das reformas agrrias

    e Histria das Ligas camponesas no Brasil.

    Atualmente, o Movimento dos Sem-Terra, em aliana com a Concrab, tem

    produzido publicaes exemplares, como a A questo agrria hoje (obra coletiva);

    Elementos de teoria da organizao camponesa (Clodomir Morais); O sistema de

    crdito cooperativo , alm da sua Revista dos Sem-Terra e do Jornal dos Sem-

    Terra.

    Os prprios ttulos das obras assinaladas j denotam, sem maiores delongas de

    pesquisar cada uma, os assuntos agrrios fundamentais:

    Organizao camponesa 2; cooperativismo 1; crdito rural 1; propriedade

    1; posse 1; reforma agrria - 1; desapropriao 1; direitos humanos 1; terras

    indgenas 1; terras de preto (quilombolas) 1; Justia Agrria 3; histria do Direito

    Agrrio 1; legislao agrria 1; luta de classes 1; discriminao de terras

    devolutas.

    Outrossim, o Ncleo de Estudos Distncia da UnB estruturou em 2002 um

    Curso de Introduo Crtica ao Direito Agrrio, que se ajusta aos quantos militam por

    sobre a questo agrria brasileira ou a estudam de alguma maneira, sem que estejam,

    necessariamente, no nvel universitrio. Divide-se em mdulos, com exposies

    sintticas de socilogos, economistas, antroplogos, juristas, tendo ele o propsito da

    capacitao, como logo est dito no cabealho do rosto do livro: um Programa de

    Capacitao Continuada Distncia. (Ed. UnB/Imprensa Oficial de S.Paulo, 2002 p.

    413 p.).

    Colhidas as lies com dimenso jurdica, encontramos a seguinte quantificao

    de assuntos:

    Questo agrria, em geral 1; reforma agrria 8; movimentos sociais,

    especialmente a participao do MST 5; propriedade da terra 1; posse agrria 1;

    conflitos de terra 2; justia para o campo 1; decises judiciais 1; funo social 1;

    direitos humanos 1.

  • 18

    2. 1. 5. A universidade e a produo acadmica discente em Direito Agrrio

    As universidades, no Brasil, apresentam como resultado de seus cursos de

    especializao, mestrado e doutorado, dissertaes e teses que versam muitas vezes

    sobre matria de Direito Agrrio, e por isso devem exibir estudos importantes a

    respeito. Porm existe um caso exemplar, o da Universidade Federal de Gois, que

    concentra um maior volume de estudos agraristas no seu Mestrado em Direito. Este veio

    a secundar um curso propriamente dito de Mestrado em Direito Agrrio, o qual subsistia

    ao lado do Curso de Especializao em Direito Agrrio. Os meandros burocrticos do

    Ministrio da Educao retirou a singularidade da UFG, para dar-lhe amplitude maior,

    embora a Faculdade de Direito continue a estimular o Direito Agrrio como um ncleo

    a ser explorado, dentro da maior abrangncia que a rea do mestrado passou a ter.

    De 1988, quando a primeira turma de Gois concluiu o mister, at o ms de

    abril do presente ano (2003), 98 dissertaes foram escritas sobre Direito Agrrio,

    segundo lista que a Secretaria do Curso de Mestrado encaminhou-me12. Esse volume

    oferece uma mdia de 6,5 pesquisas/ano sobre a matria jurdico agrria, no decorrer de

    15 anos; o que se faz alentador porque algumas delas terminam se transformando em

    livros. Inobstante, nesse levantamento h uma lamentvel constatao: somente um

    estudo cuidou da teoria geral do Direito Agrrio, assim mesmo num ponto isolado,

    sobre sua autonomia.

    Mas importante ressaltar o alto nvel dos trabalhos, bastando verificar que

    alguns foram aproveitados pelas editoras e hoje enriquecem a literatura jurdica

    brasileira, como A Posse Agrria, de Alcir Gursen de Miranda; O direito de

    preferncia no arrendamento rural, de Jos Bezerra da Costa; As relaes de trabalho

    na agricultura, de Saulo Emdio dos Santos; A posse agrria sobre o imvel rural, de

    Getlio Targino Lima; Cidadania Kalunga, de Aldo Asevedo Soares; A famlia no

    Direito Agrrio, de Alfredo Abinagem; Juizados agrrios, de Vtor Barbosa Lenza;

    Leasing Agrrio, de Lucas Barroso, e outros.

    Ademais, oriundo tambm da mesma universidade o Glossrio de Direito

    Agrrio, preparado por antigos alunos do Prof. Benedito Ferreira Marques, dos Cursos

    12 Agradeo ao prof. Benedito Ferreira Marques, mestrando pioneiro daquela turma, e hoje Diretor daprpria Faculdade de Direito da UFG, as providncias para chegar ao meu conhecimento a lista referidadas dissertaes.

  • 19

    de Especializao e de Mestrado em Direito Agrrio (Ed. Faculdade de Direito da UFG,

    Goinia, 1998 111 p.).

    Observe-se, agora, o resumo das referncias temticas das dissertaes, na forma

    exposta abaixo:

    Reforma agrria: consideraes gerais 4; desapropriao em reforma agrria

    4; assentamentos 2; terras pblicas na reforma agrria 2; processo agrrio 4;

    arrendamento 2; parceria 2; concesso de direito real de uso 1; leasing agrrio 1;

    contratos agrrios e meio ambiente 1; indenizao e reteno de benfeitorias 1;

    enfiteuse 1; fornecimento de produtos rurais indstria 1; imvel rural 3;

    usucapio 1; terras e estrangeiros 2; posse agrria 4; sesmarias 1; regime

    paroquial 1 proteo ao meio ambiente em geral 4; crimes ambientais 6;

    cooperativas rurais 2; imposto territorial rural 4; crdito rural 2; Mercosul 1;

    turismo rural 2; terras indgenas 5; terras quilombolas 2; trabalho rural 9; funo

    social 5; atividade agrria 3; estrutura fundiria 3; agricultura familiar 2;

    modernizao da agricultura e seus efeitos 2; grilagem 1; autonomia do Direito

    Agrrio 1; colonizao 1; movimentos sociais 1; Direito Agrrio e direito de

    superfcie 1; biotecnologia agrcola e propriedade intelectual 1; uso das guas:

    concesso de direito real resolvel 1.

    2. 1. 6. Seminrios e congressos de Direito Agrrio

    Afora os eventos pontuais, que transcorreram no Brasil desde 1965,

    basicamente, quer a nvel regional, estadual, nacional e mesmo internacional, merecem

    considerao destacada os chamados Seminrios Nacionais de Direito Agrrio, por sua

    linha continuada de ocorrncia.

    Foram 10 os que, at agora, aconteceram, estando o 11 em curso, no presente

    instante (junho de 2003). Tm acontecido num crescendo de exposies, medida em

    que passa o tempo, o que denota uma avolumao de estudos e, portanto, de

    melhoramento do jus-agrarismo no pas.

    O presente trabalho no comporta relacionar toda a programao de cada

    Seminrio, bastando que me refira aos respectivos anos e locais do acontecimento e

    citao dos seus coordenadores, tudo em ordem cronolgica, deixando por ltimo o

    apanhado resumido total das conferncias, trabalhos de comisses, painis, etc:

  • 20

    Seminrio de Cruz Alta/RS (1975) Coordenao de Darcy Zibbeti; Seminrio

    de Ilhus/BA (1979) Coordenao de Raymundo Laranjeira; Seminrio de

    Goinia/GO (1981) Coordenao de Paulo Tormmin Borges; Seminrio de

    Goinia/GO (1987) Coordenao de Paulo Tormmin Borges; Seminrio de Belm/PA

    (1988) Coordenao de Alcir Gursen de Miranda; Seminrio de Fortaleza/CE (1989)

    Coordenao de Jos Juc Neto; Seminrio de Goinia (1995) Coordenao de Aldo

    Asevedo Soares; Seminrio de Natal/RN (1997) Coordenao de Francisco de Salles

    Matos; Seminrio de So Paulo/SP (2000) Coordenao de vrios agraristas;

    Seminrio de Braslia/DF (2002) Coordenao de Maria Clia dos Reis.

    Levando-se em conta todos eles, seus temas podem ser condensados da seguinte

    maneira:

    Importncia da teoria do Direito Agrrio 2; aspectos filosficos do Direito

    Agrrio 1; fundamentos do Direito Agrrio 1; importncia dos estudos agrrios 1;

    noes bsicas de Direito Agrrio 1; Direito Agrrio comparado 1; cincia do

    Direito Agrrio 1; Direito Agrrio comunitrio 1; mtodo do Direito Agrrio 1;

    contedo do Direito Agrrio 1; autonomia didtica do Direito Agrrio 1; tendncias

    do Direito Agrrio 1; ensino do Direito Agrrio 3; capacitao em Direito Agrrio

    1; cidadania e Direito Agrrio 3; Direito Agrrio e direitos humanos 2; desafios do

    Direito Agrrio 1; atividade agrria, em geral 1; movimentos sociais 2; agricultura

    familiar 2; funo social 6; assentamentos 2; crdito rural 1; associativismo,

    cooperativismo 1; Direito Agrrio e polticas pblicas 1; uso das guas 4;

    alimentos transgnicos 1; crimes ambientais 1; extrativismo 1; atividade pesqueira

    e implicaes penais 1; faixa de fronteiras 3; estrutura agrria 3; empresa agrria

    5; trabalho rural 8; meio ambiente, recursos naturais renovveis 12; discriminao

    de terras 2; ao anulatria 1; ao demarcatria 2; contratos agrrios 5; Direito

    Agrrio e alimentao 2; terras devolutas 4; reforma agrria 13; desapropriao

    11; Estatuto da Terra 1; previdncia social rural 3; consolidao da legislao

    agrria 1; Justia Agrria 4; questo agrria em geral 2; Direito Agrrio e Estado

    de Direito 1; utilizao das terras pblicas 1; estrutura agrria 1; processo agrrio

    6; aes agrrias 1; imvel rural 2; cadastro rural - 3; terras indgenas 5; terras

    quilombolas 2; posse agrria 3; imposto territorial rural 3; regularizao fundiria

    2; propriedade florestal: 1; relaes do Direito Agrrio com outros ramos jurdicos

    3; poltica agrcola 6.

  • 21

    2. 2. Balano geral da produo cientfica, com tentativa de classificao

    I) Ordenamento fundirio: Colonizao (ocupao do territrio) 11; confisco

    de terras 2; reforma agrria em geral (conceito, caractersticas, zonas prioritrias,

    princpios constitucionais, etc) 60; desapropriao (acordo, justa indenizao, percia,

    competncia, recursos da ao, aplicao de smulas, juros moratrios e

    compensatrios, etc) 42; assentamentos 7; poltica fundiria 3.

    II) Conflitos agrrios: Dissdios em geral 6; violncia no campo 4; grilagem

    2; Direito Agrrio e Estado de Direito 1; terra e direitos humanos 6; terras

    abandonadas 1; direitos fundamentais (Cidadania) e a terra 4; luta de classe 1;

    questo penal agrria 2.

    III) Poltica agrcola: Poltica agrcola em geral (preos mnimos,

    comercializao, eletrificao rural, mecanizao etc) 17; seguro agrcola 2; crdito

    rural 10; cooperativismo rural (associativismo) 10; sindicalismo rural 2; Mercosul

    1; modernizao agrcola (efeitos) 2; polticas pblicas 1; imposto territorial rural

    23; Direito Agrrio comunitrio 1.

    IV) Questo agrria: Questo agrria, em geral, no Brasil 3; Questo agrria

    na antiguidade 1; Questo agrria na idade mdia 1; Questo agrria nos EUA e na

    Amrica Latina 1; Questo agrria nos Estados comunistas 1.

    V) Contratos agrrios: Aspectos obrigacionais do Direito Agrrio 1; contratos,

    em geral 10; indenizao & reteno de benfeitorias 1; contratos agrrios em funo

    do meio ambiente 4; contratos agrrios no complexo de produtores rurais e

    fornecimento indstria 1; contrato de arrendamento, direito de preferncia, retomada

    de imvel, etc) 9; enfiteuse 4; parceria 7; comodato 2; contratos inominados -3;

    contrato de agregao 1; concesso de direito real de uso 2.

    VI) Fontes de Direito Agrrio: Usos e costumes rurais 1; Estatuto da Terra 4;

    legislao agrria 1; consolidao das leis agrria 1; codificao do Direito Agrrio

    3; legislao agrria romana 1.

    VII) Estrutura agrria: Estrutura fundiria em geral 8; evoluo da propriedade

    territorial no Brasil 2; formao da propriedade privada 1; formao da propriedade

    pblica 2; sesmarias 5; direito de propriedade 13; posse agrria 17.

    VIII) Meio ambiente: Proteo dos recursos naturais em geral (proteo ao solo,

    degradao do solo por minerao, desmatamento, poluio, incndios,

    desenvolvimento sustentvel, etc) 39; gua: degradao e uso racional 8; regime

  • 22

    jurdico de irrigao 2; gua e concesso de direito real de uso resolvel 1; crimes

    ambientais 7.

    IX) Terras pblicas: Uso das terras pblicas 3; alienao das terras pblicas

    3; terras devolutas 17; discriminao das terras devolutas 19; legitimao de posse

    7; regularizao de posse 7; terras pblicas na reforma agrria 1; posse em terras

    pblicas 1; dominialidade das ilhas em rios federais 1.

    X) Terras com trato jurdico especial: Terras de marinha 6; terras indgenas

    (usufruto exclusivo, posse indgena, Estatuto do ndio, demarcao de reas,

    desintruso, etc) 25; faixa de fronteiras 12; terras quilombolas 7; terras de

    estrangeiros 17.

    XI) Atividade agrria: Atividade agrria em geral 7; extrativismo 3;

    explorao florestal 2; floresta em geral e poltica florestal 1; biotecnologia agrcola

    e propriedade intelectual 1; alimentos transgnicos 1; Direito Agrrio e alimentao

    2; atividade pesqueira e implicaes penais 1; turismo rural como atividade agrria

    acessria 3; trabalho rural (autnomo, dependente, pessoal) 26.

    XII) Imvel rural: Imvel rural em geral (classificao, conceito, divisibilidade,

    frao mnima de parcelamento , etc) 23; loteamento e desmembramento de imvel

    rural 7; direito de superfcie 2; mdulo rural 7; funo social 33; empresa agrria

    13; usucapio 17; distino pela localizao (urbano & rural) 1; sociedade

    annima agrria 1.

    XIII) Cadastro e registro de imveis rurais: Cadastro rural (SNCR,

    georreferenciamento, etc) 9; registro comum 6; registro Trrens 3; registro

    paroquial ou do vigrio 3.

    XIV) Organizao camponesa: Organizao camponesa em geral 2; agricultura

    familiar 8; movimentos sociais 15; ocupao de terras 10.

    XV) Processo agrrio: Aes agrrias em geral 7; ao discriminatria (V.

    discriminao de terras, legitimao de posse, regularizao de posse); ao anulatria

    1; ao demarcatria 2; ao possessria 1; princpios processuais 1; processo

    agrrio 10; ao de usucapio (V. usucapio); ao de desapropriao (V.

    desapropriao); justia para o campo, Justia Agrria 29; decises judiciais 1;

    terras e Ministrio Pblico 2.

    XVI) Relaes do Direito Agrrio com outros ramos jurdicos e estudos

    especficos deles, que faz em nome prprio: Relaes por modo geral 3; trabalho rural

    dependente 2; previdncia social rural 8; Direito Penal no campo 2; Direito Agrrio

  • 23

    e Direito Tributrio 1.; Direito Agrrio e Direito Civil 2; Estelionato em Direito

    Agrrio 1.

    XVII) Teoria do Direito Agrrio: Evoluo do Direito Agrrio (histria do

    Direito Agrrio) 3; educao rural 2; ensino do Direito Agrrio 5; cincia do

    Direito Agrrio 3; autonomia do Direito Agrrio 2; importncia dos estudos de

    Direito Agrrio 1; aspectos filosficos do Direito Agrrio 1; importncia da teoria

    do Direito Agrrio 2; fundamentos do Direito Agrrio 1; noes bsicas de Direito

    Agrrio 1; Direito Agrrio comparado 1; mtodo de Direito Agrrio 1; contedo

    do Direito Agrrio 1; tendncias do Direito Agrrio 1; capacitao em Direito

    Agrrio 1; desafios do Direito Agrrio 1.

    XVIII) Sucesso em Direito Agrrio: Partilha 1.

    XIX) Regies geoeconmicas: Amaznia terras de ocupao (perigos de

    ocupao desordenada) 6; Nordeste terras de desocupao (xodo rural) - 2

    3. Concluses. Apreciao geral do repertrio da doutrina agrria brasileira

    No fazimento do presente Estado da Arte, e para ser coerente com o meu conceito

    sobre isso, procurei manter distncia do objeto de pesquisa dos doutrinadores que

    vinha a ser a realidade agro-jurdica, isto , o conjunto de normas que recaem sobre a

    fenomenologia agrria, a partir do seu dado fundamental, a terra. O meu objeto de

    estudo, enquanto pesquisador do Estado da Arte como tal, foi, por outra forma, a

    simples avaliao de uma doutrina que tinha por objeto aquela dita realidade. Minha

    tarefa foi fruto de uma trabalhosa contabilizao de dados, frente qual posso ter-me

    equivocado em termos de quantificao dos assuntos examinados pela doutrina, ou em

    termos pessoais de classificao temtica. Restar-me-, ento, tirar as concluses do

    balano geral sobre os estudos que detectei, e fornecer sugestes em razo dessa tarefa

    doutrinria alheia, sem me afastar dos limites do Estado da Arte. bom relembrar que,

    para cumprimento disso, na minha funo dagora, no devo ir ao nvel da exegese

    sobre a normatividade agrria em si, mas compatibilizar a exigncia crtica ligada

    apreciao do material, apenas com os critrios da teoria geral do Direito Agrrio, em

    meio sntese que fao sobre os assuntos-objeto da doutrinao agrarista.

    Os temas mais abordados podem ser resultado de mera preferncia dalgum autor,

    ajustando-se a um pendor pessoal; porm normalmente refletem situaes problemticas

    do pas, de que a legislao j cuida, bem ou mal. So os seguintes: reforma agrria;

    desapropriao de imvel rural; proteo dos recursos naturais renovveis; contratos

  • 24

    agrrios; funo social; poltica agrcola em geral, com seus itens sobre ITR,

    associativismo/cooperativismo rural e crdito rural, alm do estudo das terras indgenas,

    do trabalho rural, das terras devolutas e sua discriminao, bem como da posse agrria,

    do imvel rural em geral. Eles consubstanciam elementos de preocupao no apenas

    prtica, para os sujeitos agrrios, mas terica, tambm, para o estudioso do Direito

    Agrrio brasileiro.

    Por exemplo, os dados sobre o imvel rural, especialmente ligados ao exame da

    funo social, evidenciam um tonus em prol da intocabilidade da propriedade agrria,

    mas o no cumprimento dessa funo social, articulado com anlise sobre os itens da

    desapropriao do imvel e da reforma agrria, denota a necessidade de correo das

    distores fundirias do pas. Em paralelo a isso, surgem os reclamos acerca da

    presena da Justia no campo, em vista da grande margem de conflitos agrrios

    dissdios em geral, grilagem e violncia, referidos separadamente, na contabilizao

    efetuada, ou embutidos nos estudos genricos sobre a reforma agrria.

    Ultimamente vem crescendo a ateno doutrinria sobre terras quilombolas,

    movimentos sociais no campo, particularmente o Movimento dos Sem terra (MST),

    terras devolutas e sua discriminao, terras indgenas, trabalho e desemprego, resultado

    das inquietaes do nosso campesinato. O elementos disponveis tambm evidenciam as

    reas tericas de maior ligao com o empresariado rural, como os contratos agrrios e

    a poltica agrcola, em geral.

    Na outra ponta, encontra-se outro tipo de diagnstico sobre o Direito Agrrio,

    decorrente dos assuntos menos abordados pela doutrina, dispostos a seguir. Tais

    assuntos exigem planos imediatos de iniciao ou complementao analtica, e so eles:

    a) contratos inominados, encontrados ainda na imensido do Brasil, desde os mais

    recnditos rinces, em que prevalecem os usos e costumes locais, at os lugares mais

    modernos, que labutam com uma cadeia produtiva, unindo em relaes jurdicas de

    fornecimentos recprocos produtores rurais diversos e o complexo agroindustrial; b)

    direito de sucesso de bens agrrios; c) utilizao da gua; d) regime jurdico dos

    irrigantes, e) trabalho em condies degradantes, como fator de conceituao da funo

    social da terra; f) defesa nacional nas faixas de fronteira e aquisio de terras por

    estrangeiro; g) atividade de pesquisa e desenvolvimento agrrios, suscetvel de melhor

    qualificar os produtos do campo e de interferir no direito de propriedade intelectual na

    agricultura A esto os problemas atuais com a segurana alimentar e do meio

    ambiente, motivados pelos produtos transgnicos; h) autonomia didtica plena do

    Direito Agrrio - eis que o carter optativo inadmissvel num pas cujo objeto daquele

  • 25

    Direito, j um dos mais destacados de todo o mundo; i) mais obras de sistematizao

    de Direito Agrrio, haja vista um significativo manancial de vrios autores, que se acha

    espalhado em diversas publicaes; j) um Curso de Direito Agrrio completo, que possa

    organizar toda a tbua de matrias estudadas pela disciplina; k) estudo comparativo do

    Direito Agrrio e do Direito civil, aps o Novo Cdigo Civil, encarado este como fonte

    legal do jus-agrarismo, especialmente no direito das coisas; l) editorao das leis

    agrrias de consulta fundamental, a curto prazo, ao lado do incio de um trabalho para a

    consolidao das leis agrrias; m) aprofundamento sobre as condies jurdicas das

    terras de quilombo; n) estudos mais recorrentes a respeito da atividade agrria florestal,

    porque apesar do grande volume de trabalhos sobre o meio ambiente, o Direito Agrrio

    brasileiro precisa dos detalhes sobre tcnica de manejo, envolvendo as normas

    burocrticas, formas contratuais, tarefas quanto ao corte e reposio, controle de venda,

    etc; o) mais estudos, tambm, acerca das guas, dado sua preciso para

    sustentatibilidade do produtor rural, e, hoje, de fundamental importncia estratgica

    para um pas como o Brasil, rico em mananciais aqcolas, mas alvo da cobia

    internacional, que pode at promover guerras de conquista no futuro, como aconteceu

    recentemente com a ocupao do Iraque pelo Imperialismo, a fim de surrupiar petrleo

    e vidas; p) avolumao dos trabalhos sobre cadastro e registro de imveis rurais; q)

    confeco de um repertrio de jurisprudncia dos Tribunais Superiores sobre matria

    agrria, dos Tribunais Regionais Federais, e dos Tribunais de Justia dos Estados, onde

    mais grassam dissdios agrrios; r) obras sobre aes agrrias e processo agrrio.

    Situao especial para este balano temtico, como um dado de teoria de Direito

    Agrrio (Estado da Arte), encontra-se num blocos finais do balano geral aquele que

    relaciona o Direito Agrrio com outros ramos jurdicos. Nele so distinguidos assuntos

    que se pem numa zone gris, trazendo dvida sobre a presena da agrariedade, que o

    fulcro do Direito Agrrio, ou deixando transparecer institutos que j esto inseridos e

    consagrados noutros ramos jurdicos. Por exemplo, quando me deparei com os estudos

    sobre trabalho rural, percebi que muitos introduzem a prestao de servios dependentes

    do empregador nos limites do Direito Agrrio, quando deve s-lo, data venia, no Direito

    do Trabalho. Por igual, o tema da previdncia social rural, que parte incontestvel de

    outra disciplina jurdica no Brasil, o Direito Previdencirio. No mesmo ritmo, a figura

    do estelionato, que tambm detectei no levantamento, os crimes ambientais e outras

    figuras de Direito Penal, este que cincia que s faz conexo com o agrrio em virtude

    do cenrio ou dos bens concebidos como agrrios. Ou, ainda para exemplificar, a

    meno atividade garimpeira, que faz parte do estudo do Direito Minerrio, estranha,

  • 26

    portanto, ao quadro geral das exploraes rurais, e que vem contemplada, inclusive, em

    muitas das programaes letivas dos cursos de Direito Agrrio ministrados no Brasil.

    Essas ocorrncias, que a mim sobressaem como entrechoques, so, data vnia, o

    grande ponto de reparo que tenho a fazer doutrina, pois aqueles exemplos ultrapassam

    as linhas lindeiras do campo de atuao do Direito Agrrio no Brasil.

    Tentarei mostrar porqu, sem fugir, por minha vez, do raio de ao do Estado da

    Arte; por isso adoto os critrios da teoria geral, que mostram a articulao ou a

    desarticulao dos temas apresentados com a linha mestra do Direito Agrrio brasileiro,

    sem qualquer interferncia da interpretao particularizada dos institutos.

    Que linha mestra essa, que tem o condo de estabelecer os acertos ou desacertos

    dos escritos da doutrina, no seu trao de delimitao do Direito Agrrio?

    Trata-se do elemento agrariedade, que tem como marco terico universal Rodolfo

    Ricardo Carrera, no descortino do bem agrobiolgico, e que foi magistralmente

    desenvolvido, a seguir, por Antonio Carrozza.

    Tomando-o eu, no Brasil, logo em 1975, em funo da anlise do Estatuto da Terra

    e legislao complementar, entendi conceituar a atividade agrria como o somatrio de

    tarefas conduzidas pelo homem sobre o agro, tendentes a dar uso ou a obter proveito do

    bem agrrio. Revelam, assim, operaes que demonstram os cuidados e/ou

    aproveitamento dos vegetais e animais; por isso o seu objeto o conseguimento, em si,

    do bem agrobiolgico.13

    Ao mesmo tempo, deixei a explicao de que a chamada agrariedade propiciava

    estabelecer uma ligao entre o espao fundirio e as atividades que nele possam

    desenrolar-se. Assim, composto por determinados fatores, que lhe imprimem aquela

    especial qualificao:

    1) uso do solo e de seus acessrios;

    2) pertinncia a bens vegetais e/ou animais;

    3) avaliao econmica, cientfica ou conservacionista dos produtos da terra.

    Ipso facto, algumas tarefas e alguns produtos no se aderem do elemento

    agrariedade. Especialmente os oriundos de sub-solo ou aqueles que transmitem carter

    domstico sem capacidade econmica, mesmo desenvolvendo-se no solo.

    No rural ou agrrio, p. ex., o labor da cata ou extrao de minrios ou da captao

    de energia, como o cavucar de minas em uma fazenda, ou a obteno de eletricidade a

    partir de uma queda dgua no imvel. Da mesma forma, a tarefa, sem qualquer

    13 Raymundo Laranjeira: Propedutica do Direito Agrrio. Ed. LTr, S.P., 2 ed., 1981, p. 68.

  • 27

    valorao significante, como da criao de gatos caseiros ou da formao de floricultura

    de jardim.

    No primeiro caso, h a lei agrria que impede quaisquer especulaes em torno de

    minrios e fontes energticas no decorrentes da biomassa poderem se inserir no

    contexto agrarista.(...) Na segunda hiptese, a idia de domesticidade dos seres vivos,

    segundo, apenas, uma conotao afetiva ou adornativa, para quem os produz, repele,

    tambm, a noo de agrariedade.

    A salvo a feio cientfica na atividade de pesquisa agrria para a produo dos

    frutos da terra, bem como a feio tipicamente preservacionista destes produtos,

    preciso que exista a j citada avaliao econmica, ou seja, a possibilidade de satisfazer

    as necessidades elementares do prprio produtor ou de atender s necessidades de

    terceiros, no mercado consumidor.14

    Isso, no meu modesto modo de entender, que faz a base para toda a

    compreenso do Direito Agrrio brasileiro.

    Eis, pois, o que eu tinha a dizer sobre o Estado da Arte em Direito Agrrio no

    Brasil, com seu foco direcionado para a produo cientfica de uma doutrina muito

    ciosa de suas pesquisas, que so feitas com a devida competncia.

    No poderia deixar de conferir mesma esse toque de qualidade, tendo em vista,

    primeiro, as dificuldades com a amplitude dum territrio continental como o

    Brasil, com seus mltiplos e intrincados problemas agrrios a resolver-se em normas

    jurdicas que ela, a doutrina, tem que avaliar; e considerando, em segundo lugar, a

    responsabilidade desta nos momentos em que deve at antecipar-se ao prprio

    legislador, quando p. ex. constata disposies legais injustas ou inoperantes, e, em

    conseqncia, passa a auxiliar no processo de transformao econmica, social e

    jurdica do pas, com sugestes em favor de mudanas na lei agrria; e, por

    extenso, igualmente, nas reformulaes do repertrio jurisprudencial conservador.

    A tanto se acresam duas outras observaes que no podem escapar ao Estado

    da Arte, pelo seu prisma crtico. Uma, a de que as obras doutrinrias brasileiras, no

    que se refere ao Direito Agrrio, no fazem por destoar, em sua grande maioria, o

    comprometimento que seus autores, como juristas de pas de 3 Mundo, ho que ter

    com os fundamentos da nacionalidade e com os interesses das camadas populares.

    Outra, a de que tal doutrina agrria uma doutrina que se basta a si mesma, sem ter

    de buscar, necessariamente, lies de fora. O que ela mais precisa contar, a esta

    14 Idem; ibidem, p. 67.

  • 28

    altura, com o aumento de novos proslitos e assegurar-se da certeza de que , de

    fato, constituda por juristas que sabem manusear o arcabouo jurdico-agrrio j

    existente na sua ptria e que tm um potencial de colaborao para mais um salto de

    qualidade dele, pois a maior inspirao est a, em frente a seus olhos e emoes

    a prpria realidade brasileira que vivenciam.

    ESTADO DA ARTE DO DIREITO AGRRIO NO BRASILRaymundo Laranjeira

    2. 1. Estgio atual da doutrina agrria brasilei2. 1. 1. A moderna doutrina agrria2. 1. 2. Nova gerao de agraristasDiante deles, detectei as seguintes ocorrncias:

    2. 1. 3. A colaborao de juristas brasileiros d2. 1. 4. Outras publicaes sobre matria de in2. 1. 4. 1. Revistas e jornais2. 1. 4. 2. Demais publicaes2. 1. 5. A universidade e a produo acadmica 2. 1. 6. Seminrios e congressos de Direito Agr