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A CÁPSULA

DE CIANURETO

Sadat Oliveira

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CONVERSA COM O AUTOR

Cianureto, ou cianeto, é um veneno muito poderoso. Uns poucos miligramas po-dem provocar a morte em segundos. Acredi-ta-se que Hitler suicidou-se ingerindo ciane-to.

A história a seguir se passa num futuro próximo, entre 2013 e 2021, e envolve o en-genheiro William que inventa um polêmico produto: uma cápsula de veneno que pode ser instalada no cérebro das pessoas e usada em momentos cruciais.

Sim, ele inventa uma “pílula de suicí-dio”. Seu objetivo é ajudar pessoas em cir-cunstâncias em que a morte é certa, mas do-lorosa, de modo que a cápsula serve para adiantar a morte e evitar sofrimentos.

Por exemplo, passageiros em um avião prestes a cair, vítimas de torturadores ou pacientes em estado terminal. Com um sim-ples pensamento acionam a cápsula e expe-rimentam uma morte rápida e indolor.

Trata-se, portanto, de eutanásia. Este é um assunto bem polêmico, sim. Recente-

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mente houve um caso que levantou mais uma vez a discussão sobre o assunto.

Na Inglaterra, um homem chamado Tony Nicklinson sofreu por sete anos uma doença chamada “síndrome do encarcera-mento”, que paralisou todo o seu corpo de modo que ele viveu em total dependência e conseguia se comunicar apenas por piscade-las dos olhos.

Foi por este meio que Tony deixou cla-ro o seu desejo de dar um fim à vida. Decla-rou que não suportava viver daquela forma.

O pedido de Tony, porém, foi negado nos tribunais porque, tendo o corpo imóvel, ele era incapaz de ingerir por conta própria alguma droga letal e outra pessoa não teria autorização de auxiliá-lo.

Para Tony, que viveu o drama de uma doença altamente incapacitante, optar pela morte pareceu a decisão mais correta. Isto mostra como, neste tipo de assunto, a expe-riência pessoal conta muito.

Em A Cápsula de Cianureto, o homem que inventa a cápsula, William, tem seus próprios motivos. Você verá que experiên-

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cias trágicas o levaram a buscar uma “vacina para o sofrimento extremo”.

Se ele estava certo ou não, cabe ao lei-tor decidir. No mais, você está convidado a acompanhar a trágica saga de William.

Esta história não é contada de forma li-near, seguindo apenas adiante na cronologia. Há “saltos” no tempo, para trás e para frente, que podem ser observados nas datas e horá-rios marcados em cada momento.

Como você irá perceber, a narração começa pelo fim, seguindo então com os re-cortes de épocas mais remotas e mais recen-tes na vida de William.

Tenha uma boa leitura!

Sadat Oliveira [email protected]

esfingeseminotauros.blogspot.com

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A CÁPSULA DE CIANURETO

(11 de agosto de 2021, 03:10) – Amor, nem acredito que vamos pas-

sar a lua-de-mel em Paris. Até parece um so-nho!

– Sim, vai ser maravilhoso. Vamos aproveitar cada segundo.

– E no café da manhã vou pedir uma autêntica baguete francesa, não é? Amor?

– Espera. Tem algo errado. Acho que a aeromoça vai informar alguma coisa.

A aeromoça não parece apavorada. Preocupada, sim, mas não ao nível do pâni-co.

– Senhoras e senhores passageiros, por favor, ouçam com atenção. Ocorreu uma fa-lha no motor do avião e peço que fiquem to-dos calmos para enfrentarmos a situação da melhor maneira.

– Como assim, moça? – Estamos avisando que o avião entrou

em queda livre e não é possível recuperar o voo. Vamos cair no oceano em alta velocida-

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de. Por favor, escutem. Deixem-me explicar. Vamos cair em alta velocidade e o impacto será fatal. Sinceramente lamentamos pelo incidente, mas todos já sabem como devem proceder. Sigam as instruções que recebe-ram no dia da vacinação. Obrigado a todos e que Deus nos abençoe.

A garota encosta o rosto no peito do noivo.

– Nós vamos cair, amor? – Sim. – Então acabou tudo? – Sim, querida. Acaba aqui. Que coisa,

não? Não vamos poder experimentar a ba-guete...

Ela ri sem jeito. Sabe que ele está ten-tando terminar da melhor maneira possível.

No banco de trás, um senhor fecha o li-vro que vinha lendo. Observa a capa por al-gum tempo, fecha os olhos e, após alguns se-gundos, sua cabeça pende para o lado, en-costando-se no passageiro vizinho que já es-tava inerte. Um por um, os outros passagei-ros experimentam o súbito “desmaio”.

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Quando o avião colide nas águas, peda-ços de metal voam para todos os lados, dila-cerando braços, pernas, fraturando ossos, esmagando rostos. Mas todos já estavam mortos antes do impacto.

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(21:25)

– Nesta quarta-feira, um avião com 200 passageiros caiu no Oceano Atlântico. Feliz-mente todos os passageiros e a tripulação já estavam vacinados e não houve sofrimento. O processo conhecido como “vacina contra o sofrimento extremo” está em fase final. 70% das pessoas adultas e com sã consciência já receberam a cápsula. Para tirar dúvidas so-bre o assunto, trouxemos aqui o especialista Anthony Hopkins. Boa noite, Doutor.

– Boa noite. – Doutor, como exatamente funciona a

vacina? – Muito bem, basicamente consiste

numa cápsula com dez miligramas de cianu-reto. A cápsula é feita de um coloide muito resistente e é implantada cirurgicamente no cérebro por meio das fossas nasais. Sua pre-sença não é sentida pelo corpo, não causa nenhum incômodo e a cirurgia não deixa ci-catriz alguma.

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– No dia da vacinação, o indivíduo re-cebe toda a orientação sobre o uso do recur-so. Afinal a cápsula só pode ser usada uma vez, incorrendo em morte instantânea e in-dolor.

– E como funciona isto? Como a pessoa faz para acionar a cápsula?

– Pois bem, junto a ela é instalado um minúsculo dispositivo eletrônico que intera-ge com as ondas cerebrais. Também no dia da vacinação o indivíduo é treinado a usar o dispositivo, acionando-o várias vezes antes de ser instalada a cápsula de cianureto. O dispositivo cria uma interface sonora. Em resumo, você irá ouvir uma voz em sua ca-beça. Voz esta que pode ser escolhida duran-te a instalação, diga-se de passagem. Pode ser a voz dum parente, duma pessoa queri-da, duma celebridade, enfim. Só é preciso um mínimo de concentração para operar o sis-tema. A voz irá pedir várias confirmações para garantir que é esta realmente a decisão do usuário. Após a última confirmação, a cápsula será estourada, liberando o cianure-

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to no corpo com consequente morte imedia-ta.

– Mas não há risco da pessoa operar o mecanismo de forma inconsciente ou invo-luntária, Doutor? Por exemplo, durante um sonho?

– Veja bem, não há este risco. O softwa-re é programado para atender apenas à mente consciente. E o processo de confirma-ção inclui questões básicas que testam a sa-nidade e a consciência desperta do indiví-duo, como repetição mental de um captcha, uma sequência de números e letras que é fa-lada pelo software e deve ser repetida men-talmente pelo usuário.

– Entendi. E quanto às pessoas que não têm sanidade ou maioridade para tomar es-tas decisões?

– Bem, esta questão já não posso res-ponder porque sou apenas um técnico no desenvolvimento do aparelho. Debates éti-cos têm sido feitos por religiosos e líderes de organizações dos direitos humanos. O fato é que, após décadas de discussão e principal-mente após o Caso de Madeline, tornou-se

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praticamente um consenso que a cápsula deveria existir. Agora falta resolver como garantir este direito também às crianças e pessoas com algum retardo mental, em coma ou de alguma forma incapazes de tomar de-cisões tão sérias para si próprias.

A televisão desliga, restando na casa apenas a luz da cozinha e alguém, William.

– Está vendo, filha? O mundo está bem melhor agora. Não existe mais sofrimento extremo. Todos podem escapar. Sim, esca-par. Não existe mais corrente, nem cadeado, nem jaula.

Ele parece falar sozinho, caminhando em direção à sacada. De lá observa as luzes da cidade. Uma brisa sopra em seus cabelos bagunçados. Ele coça a barba crescida.

– E veja que melhoria, filhota. Antiga-mente, as pessoas pulariam dos prédios, su-jariam as calçadas com sangue, quebrariam os vidros dos carros com seus corpos. E veja agora. Quem quiser pode fazer como eu. Sen-tar-se na varanda, olhar a paisagem, tomar um último gole de uísque e fechar os olhos.

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Estou indo te encontrar, Madeline. Já cumpri minha promessa.

O copo de uísque rola pelo chão.

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(03 de março de 2019, 23:00)

William apanha o copo de refrigerante. Põe sobre a mesa e recolhe o corpo da garo-tinha.

– Hum? – Vamos pra cama, Madeline. Já está

tarde. – Hum. Ele leva a garota até a cama, a cobre

com o lençol e despede-se dando um beijo em sua testa.

– Boa noite, filhinha. – Hum, noite. Ele ainda permanece por alguns minu-

tos sentado ao lado da cama. As lembranças do dia o fazem rir.

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(10:40)

– Papai, ei, papai, olha. Eu sou um ele-fante. Fooonnn!

Madeline segura um bastão de espuma diante do rosto e balança, simulando a tromba dum elefante.

– Cuidado, Madeline. Você vai escorre-gar.

– Ah, tem problema não. Eu já sei na-dar. Ó.

Ela pula na piscina, jorrando água so-bre ele que estava sentado numa preguiçosa, sempre vigilante, sempre preocupado com a garota. Uma senhora ao lado dele também se molha e ri.

– É uma garota muito animada. – É sim. Puxou à mãe. – Ela também está aqui? – Não, ela... ela faleceu. – Oh, eu sinto muito. Eu não sabia... – Ah, não se preocupe. Já faz tempo.

Madeline era ainda bebê. Ela nem parece sentir falta, entende?

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– Sei. Bom, é uma menina adorável. E alegre.

– Sim. Isso é o que importa.

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(04 de março de 2019, 06:05)

William entra no quarto. Madeline ain-da dorme.

– Filha, o papai vai trabalhar. Pode con-tinuar dormindo que Ana chega em dez mi-nutos. Já falei com ela ao telefone e ela disse que está a alguns quarteirões daqui. Vou ter que sair logo porque estou atrasado.

– Hum. Ele segue para o elevador, sorri para o

ascensorista. Na saída fala com o porteiro. – Bom dia, Percy. – Bom dia, senhor William. Quer um ta-

xi? – Ah, não se incomode. Já estou com um

na mira. – Oki doki. – Táxi!

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(06:28)

A babá de Madeline segue distraída, ouvindo e cantarolando uma música. Passa pela porta do edifício.

– Oi, Percy. Ela sobe pelo elevador, caminha pelo

corredor até parar diante da porta dum apartamento. Revira a bolsa em busca da chave, mas derruba a bolsa e vários objetos se espalham pelo chão. Um homem forte pressiona sua boca com a mão.

– Uuff? Uuf! – Ei, calminha. Não grite. Não grite. A

chave ainda tá na sua mão. Vamos, abra a porta. Não vai querer que eu te fure, certo?

Entram no apartamento e a porta se fe-cha.

– O que você quer? Eu não sou a dona da casa. Não tenho dinheiro. Pode levar o que quiser da casa. Depois explico pro meu patrão, mas, por favor, não me faça nada.

– Ei, calminha, eu não vou te machucar. Se você fizer tudo direitinho, é claro.

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(06:33)

No táxi, William atende ao telefone. – Alô? Sim, eu sei que estou atrasado. Já

estou a caminho. Diga pra eles me espera-rem. Tá certo, tá certo, até mais.

O motorista dá uma olhadela no retro-visor. Seus olhos se cruzam com os de Willi-am.

– O senhor me perdoe a curiosidade, mas, sabe como é, eu sou um velho taxista e a gente tem por hábito puxar uma conversa, não é?

– Sim, sim. Adoro conversas de taxi. – Oh, isso é bom. Porque às vezes a gen-

te pega uns clientes que não gostam de con-versa, sabe? Mas o senhor parece ser um ti-po simpático.

– Ah, obrigado, amigo. Mas qual era a pergunta mesmo?

– Ah, sim, é que vejo o senhor aí com pasta, de terno... O senhor é advogado?

– Não. Sou engenheiro de tecnologia. – Entendo. Mas me perdoe de novo a

intromissão, mas estas profissões aí devem

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dar algum dinheiro pro senhor ter um carro, não? Quero dizer, por que pegar o meu hu-milde táxi se poderia estar em seu carro?

– Hahaha. Nem tanto, amigo. Ganho bem, mas viver aqui em Nova Iorque custa muito caro. O aluguel custa quase o preço de minha alma.

– Hahahaha. Sei como é, senhor. – Além disso, não dirijo por opção. Pa-

rei há algumas décadas. Minha esposa fale-ceu num acidente de carro, entende?

– Oh, eu não sabia. Me desculpe, se-nhor.

– Tudo bem.

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