esquizofrenia: dificuldades de relacionamento … · chamados sintomas positivos e sintomas...

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Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018. Anais ISSN online:2326-9435 XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação ESQUIZOFRENIA: DIFICULDADES DE RELACIONAMENTO NO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DO ADOLESCENTE MIRANDA, TATIANE MELLO DE (Pedagoga) [email protected] BARTZ, ADRIANE DE LIMA VILAS BOAS (Orientadora) [email protected] FACULDADE DOM BOSCO DE UBIRATÃ [email protected] Eixo temático: Educação e diversidade INTRODUÇÃO O presente artigo enfatiza o tema Esquizofrenia: dificuldades de relacionamento no desenvolvimento e aprendizagem do adolescente. Objetivou-se, de forma geral, pesquisar as dificuldades de desenvolvimento, de aprendizagem e de relacionamento dos esquizofrênicos, buscando meios para integrá-los à sociedade, sem que sejam discriminados. Assim, especificamente, investigou-se o esquizofrênico na sociedade, abordando suas reais dificuldades, a fim de buscar melhorias no processo de ensino do adolescente com essa doença. A sociedade contemporânea está em crise de identidade, e o que se observa é que um número acentuado de pessoas está em processo de sofrimento mental. Nesse sentido, dentre os problemas que podem afetar a sociedade é a esquizofrenia, que se trata de um tipo de psicose que geralmente dá seus primeiros sinais na juventude. É caracterizada pela certeza de que seus delírios e alucinações são reais, levando-a a não saber diferenciar o que é real do que é fantasia. Por isso, pretende-se que este artigo de alguma forma contribua para que os educadores consigam identificar e saber como tratar jovens esquizofrênicos, para que os ajudem na sua educação.

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Page 1: ESQUIZOFRENIA: DIFICULDADES DE RELACIONAMENTO … · chamados sintomas positivos e sintomas negativos. ... Almeida (2013) salienta que existem alguns fatores associados à predisposição

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

Anais ISSN online:2326-9435

XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação

II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação

ESQUIZOFRENIA: DIFICULDADES DE RELACIONAMENTO NO

DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DO ADOLESCENTE

MIRANDA, TATIANE MELLO DE

(Pedagoga) [email protected]

BARTZ, ADRIANE DE LIMA VILAS BOAS

(Orientadora) [email protected]

FACULDADE DOM BOSCO DE UBIRATÃ

[email protected]

Eixo temático: Educação e diversidade

INTRODUÇÃO

O presente artigo enfatiza o tema Esquizofrenia: dificuldades de relacionamento no

desenvolvimento e aprendizagem do adolescente. Objetivou-se, de forma geral, pesquisar as

dificuldades de desenvolvimento, de aprendizagem e de relacionamento dos

esquizofrênicos, buscando meios para integrá-los à sociedade, sem que sejam discriminados.

Assim, especificamente, investigou-se o esquizofrênico na sociedade, abordando suas

reais dificuldades, a fim de buscar melhorias no processo de ensino do adolescente com essa

doença.

A sociedade contemporânea está em crise de identidade, e o que se observa é que um

número acentuado de pessoas está em processo de sofrimento mental. Nesse sentido, dentre os

problemas que podem afetar a sociedade é a esquizofrenia, que se trata de um tipo de psicose

que geralmente dá seus primeiros sinais na juventude.

É caracterizada pela certeza de que seus delírios e alucinações são reais, levando-a a

não saber diferenciar o que é real do que é fantasia. Por isso, pretende-se que este artigo de

alguma forma contribua para que os educadores consigam identificar e saber como tratar

jovens esquizofrênicos, para que os ajudem na sua educação.

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CONCEITO DE ESQUIZOFRENIA

No período da Idade Média, o chamado louco era considerado uma pessoa ignorante,

pois ele não sabia se comportar e não conseguia seguir as leis e regras de uma sociedade.

Nesse período, eram raras as internações de doentes mentais, e, quando ela acontecia,

eles tinham o mesmo tratamento que os demais doentes que também estavam internados.

Porém, hoje, o local adequado para a internação são as clínicas psiquiátricas ou clínicas de

recuperação. Bock (2008) relata que:

O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) deu uma valiosa

contribuição para compreendermos a constituição histórica do conceito da

doença mental. Sua pesquisa baseou-se em documentos (discursos)

encontrados em arquivos de prisões, hospitais e hospícios. Na periodização

histórica que utiliza, o autor inicia seu trabalho pelo Renascimento (século

XVI), período no qual o louco vivia “solto, errante, expulso das cidades,

entregue aos peregrinos e navegantes” [...] (BOCK, 2008, p.345-346).

De acordo com o autor citado acima, um grande contribuidor para o conceito histórico

da doença mental foi o francês Michel Foucault. Suas pesquisas foram feitas com arquivos de

hospitais, cadeias e hospícios, que hoje são chamados de clínicas psiquiátricas. Foucault

iniciou suas pesquisas pelo Renascimento, no século XVI, apontando que nesse tempo o

chamado “louco” vivia livre, fazendo coisas erradas, banido das cidades. A esquizofrenia é

uma doença metal grave, que nos dias atuais faz parte da vida de aproximadamente 1% da

população mundial.

Dessa forma, Almeida (2013) reafirma Wong e Van Tol (2003) ao dizer que:

[...] A esquizofrenia é considerada a mais severa das doenças psiquiátricas,

apresentando uma incidência de 0,5 a 1% na população mundial. Os

prejuízos cognitivos afetam funções como a atenção, a memória e o

funcionamento intelectual geral (WONG & VAN TOL, 2003 apud

ALMEIDA, 2013, p.23).

Dessa forma, a esquizofrenia pode acontecer em 0,5 a 1% da população do mundo,

sendo vista como a doença psiquiátrica mais grave de todas, afetando todo o desempenho

intelectual, a memória e a atenção do sujeito. Por consequência, ele apresenta muita

dificuldade em continuar seus estudos e manter um emprego devido a sua dificuldade.

Dessa forma Dr. Robert e Rothenberg (1979) ressaltam que a esquizofrenia é:

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Forma de psicose que afeta pessoas jovens e, por isso, era chamada de

demência precoce. Caracteriza-se em geral por distúrbios mentais, muito

estranhos, desvinculação da realidade e uma total falta de correspondência

entre o conteúdo dos pensamentos e as emoções. Assim, o paciente pode não

apresentar emoção em relação às ideias que expressa, ou as emoções não

corresponderem a essas ideias. Os pacientes são geralmente frios em relação

às outras pessoas e fogem ao máximo da realidade. Na fase inicial,

apresentam um mau relacionamento com os outros e são frequentemente

incapazes de se manter num emprego por muito tempo. Ignora-se a causa da

esquizofrenia (Dr. ROBERT & ROTHENBERG, 1979, p.308).

Dr. Robert e Rothenberg (1979) completam afirmando que a esquizofrenia é um tipo

de psicose chamada “demência precoce”. O jovem esquizofrênico, em sua fase inicial, tem

grandes dificuldades de se relacionar com as outras pessoas, pois ele se transforma em uma

pessoa fria, não demonstra emoções e, como não tem um bom relacionamento com as

pessoas, tem dificuldades de se manter muito tempo no mesmo emprego. Suas características

são transtornos mentais, ele sai de sua realidade, não corresponde a pensamentos, emoções e

nem a suas próprias ideias. A esquizofrenia está dividida em dois grandes grupos, os

chamados sintomas positivos e sintomas negativos.

Almeida (2013) compara os sintomas positivos e negativos:

Se, por um lado, em termos de intervenção, os sintomas positivos respondem

melhor ao tratamento farmacológico, tal já não se verifica nos sintomas

negativos da perturbação, os quais impõem grandes desafios à práxis

terapêutica e consequências ao nível das relações interpessoais,

nomeadamente com os familiares (CAMPOS, 2008 apud ALMEIDA,

2013, p.22).

Almeida (2013), em conformidade com Campos (2008), relata que os pacientes que

possuem os chamados sintomas positivos têm mais facilidade com o tratamento

farmacológico, ao contrário dos que apresentam os sintomas negativos. Dessa forma, até nos

dias atuais, os esquizofrênicos são um dos grandes desafios à prática clínica, devido, também,

à dificuldade de se relacionar com os demais e até mesmo com seus familiares.

CAUSAS E SINTOMAS

A sociedade impõe um comportamento que leva a distúrbios que alteram as relações

sociais. Então, quando o indivíduo apresenta características de esquizofrenia, deve-se

investigar as suas causas.

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O autor Maltese aponta que:

Algumas vezes existe uma causa próxima: hereditária, tóxica ou infecciosa;

em outras, não é possível precisá-la. [...] os indivíduos reagem de dois

modos diferentes ao meio ambiente: uns vão da alegria à tristeza (cicloides),

outros da sensibilidade à indiferença (esquizoides). Os cicloides são pessoas

vibráteis, entusiastas, idealistas, sensíveis a quaisquer tipos de emoções; os

esquizóides são introvertidos, preferem a vida interior afastando-se de seus

semelhantes, reagem ao meio ambiente sem intensidade, perdem contato

com fatos reais (MALTESE, s/d, p.130).

De acordo com a citação acima, nem sempre a razão da esquizofrenia é hereditária,

por intoxicação ou infecciosa; muitas vezes, sua causa não é precisa. Maltese esclarece que as

pessoas com o transtorno de esquizofrenia reagem de duas maneiras diferentes ao seu meio:

uns são chamadas de cicloides, cuja principal característica consiste em estarem muito felizes

e de repente ficarem tristes; são pessoas vibráveis, mantêm seus ideais e são muito sensíveis a

todos os tipos de emoções. Por outro lado, há os chamados esquizóides, que vão da

sensibilidade à apatia, preferem ficar sozinhos, sempre estão isolados e afastam-se de seus

amigos e família; também não demonstram prazer na vida, perdendo a ligação com os

acontecimentos reais.

Já o DSM-IV-TR (2002) observa que algumas doenças que indicaram a suspeita do

desencadeamento da esquizofrenia, desde uma simples gripe a uma infecção do sistema

nervoso central, poderão alterar a base do desenvolvimento. Por sua vez, Giacon (2006) apud

Almeida (2013) salienta que existem alguns fatores associados à predisposição de um

indivíduo para o desenvolvimento da esquizofrenia: fatores biológicos, associados à genética

ou a alguma anormalidade cerebral, bem como uma deficiência nos neurotransmissores, e os

fatores psicossociais, que envolvem o relacionamento e a interação do indivíduo com o meio

social onde está inserido.

Os indivíduos que apresentam sintomas de esquizofrenia devem ser encaminhados às

instituições e aos profissionais habilitados, para que possam intervir no tratamento a fim de

eliminar ou amenizar os sintomas.

Lewis (1993) afirma que:

A primeira linha de sintomas, segundo Schneider (Schneider, 1959; 1971),

pode apresentar: (1) ouvir os próprios pensamentos ditos em voz alta, (2)

alucinações auditivas comentando o comportamento do paciente, (3)

alucinações somáticas, (4) a experiência de ter os próprios pensamentos

controlados, (5) a propagação de seus próprios pensamentos para outros, (6)

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delírios, e (7) a experiência de ter as próprias ações controladas ou

influenciadas pelo exterior (LEWIS, 1993, p.367-368).

Para Lewis (1993), os primeiros sintomas apresentados em um quadro de

esquizofrenia são: ouvir seus pensamentos em voz alta, ouvir vozes falando dele e de seu

comportamento, seus próprios pensamentos o controlam, apresenta alucinações, vários

delírios, relata incessantemente seus pensamentos e tudo que propõe fazer, existindo, assim,

um controle sobre ele.

Maltese ainda evidencia que:

Com o progredir da doença, aparecem outras manifestações, muito variáveis

de doente para doente, acontecem devaneio à fantasia ou à vida interior;

desconfiança acentuada acompanhada de excessiva suscetibilidade; ideais

políticas com tendência extremistas; reflexões extravagantes; reações

intempestivas; acesso de cólera; cepticismo; arrogância; egocentrismo;

ironia; descrença. Os sinais comuns das diversas formas de esquizofrenia,

nessa fase são: perda de contato vital, atos discordantes, indiferença pelos

seus interesses, sua pessoa e sua família (MALTESE, s/d, p.130).

Portanto, como observa Maltese, com o avançar da doença, aparecerão outros

sintomas que variam de um indivíduo para outro, como: perder o seu juízo, ter alucinações

intensas, apresentar uma grande desconfiança de tudo e de todos, sentir-se ofendido com

muita facilidade; ter fantasias políticas com tendências extremistas, como pensar trabalhar

para o governo, ter reações inapropriadas; acessos de ira e surtos, ausência de qualquer tipo e

crença, tornar-se arrogante; egoísta e sarcástico.

Os indivíduos que têm o transtorno da esquizofrenia apresentam várias características,

como isolar-se, ter delírios, não saber diferenciar o que é falso do real e, por isso, algumas

vezes acabam cometendo crimes, como assassinato, pois possuem alucinações que “falam

para que eles machuquem uma outra pessoa” ou até para machucar a eles mesmos.

Relvas (2009) confirma que:

É caracterizada por uma perda de contato com a realidade e por perturbações

de pensamento, percepção, humor e movimento. O transtorno torna-se

aparente durante a adolescência ou no início da vida e persiste por toda a

vida. Significa ‘’mente dividida’’, em virtude da sua observação de que

muitos pacientes pareciam oscilar entre o estado normal e anormal

(RELVAS, 2009, p.100).

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De acordo com Relvas (2009), esquizofrenia significa “mente dividida’’, ou seja, o

indivíduo não consegue diferenciar o mundo real e suas fantasias, muitos dos doentes se

deslocam do estado normal para o estado anormal, caracterizando-se pela ausência de contato

com o mundo real. Acrescenta que o doente tem seus pensamentos perturbados, falta de

percepção, temperamento e deslocação. Esse transtorno torna-se visível na juventude ou no

começo da vida, acompanhando-o por toda sua vida.

TRATAMENTO

Quando se aborda a questão do tratamento da esquizofrenia, percebe-se que se trata de

uma patologia séria e de difícil tratamento, uma vez que envolve todo o entorno do afetado.

Lewis (1993, p.369) afirma que: [...] o tratamento consiste de uma combinação de

psicoterapia e medicação antipsicótica, junto com educação especial. Os pais frequentemente

necessitam de apoio, psicoterapia e aconselhamento genético.

Em conformidade com Lewis (1993), entende-se que o tratamento consiste em

ministrar-lhe medicamentos antipsicóticos, somados à psicoterapia, juntamente com um

trabalho de educação especial, pois, geralmente, os pais dessa criança também precisam de

ajuda psicológica e de aconselhamento genético.

Almeida (2013) observa:

Segundo a Federação Mundial de Terapia Ocupacional (World Federation of

Occupational Therapists WFOT, 2012), Terapia Ocupacional é uma

disciplina da saúde direcionada a pessoas com deficiência ou incapacidade

física ou mental, temporária ou permanente. O terapeuta envolve o paciente

em atividades destinadas a promover o restabelecimento e o melhor uso das

suas funções, ajudando assim a enfrentar ambientes de trabalho, social,

pessoal ou doméstico (ALMEIDA, 2013, p.39).

A terapia ocupacional investiga os fatores que interferem na ocupação humana,

buscando sempre ampliar as competências, reestruturando as funções perdidas e visando

sempre a prevenir disfunções. Ela figura entre o processo de reabilitação e o tratamento da

esquizofrenia, como uma das mais importantes, porque o terapeuta passa a atuar como um

mediador, buscando a construção de vínculos entre o espaço dos indivíduos e o espaço

coletivo a que pertence cada um. O indivíduo psicótico, em virtude de seu quadro, encontra-

se, muitas vezes, afastado de suas tarefas diárias; porém, com a ajuda da terapia ocupacional,

pode participar e realizar atividades diárias importantes.

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Num estudo realizado por Buchain, Vizzotto, Neto e Elkis (2003) apud Almeida

(2013), foi investigado o resultado apresentado pela utilização da terapia ocupacional como

opção para auxiliar no tratamento psicofarmacológico da esquizofrenia. Esse estudo verificou

que a terapia ocupacional, juntamente com os medicamentos apropriados, apresentava-se

associada à melhora do desempenho ocupacional e dos relacionamentos interpessoais dos

doentes.

ESQUIZOFRENIA E A INTERVENÇÃO POR MEIO DA EDUCAÇÃO

A esquizofrenia é um transtorno mental grave. Dessa forma, o Núcleo de

Acessibilidade da UEL (2011) sugere orientação específica aos docentes, sendo esta a medida

mais importante, visando à acessibilidade atitudinal, acreditando-se que quanto mais

informação, menos preconceito. Nesse sentido, orienta:

- Um esquizofrênico é uma pessoa comum como todas as outras, sempre buscando ter

uma boa vida. A diferença é que ele possui uma alteração química dentro de si e isso não

deveria ser uma causa de discriminação;

- A aceitação desse sujeito pelas outras pessoas da sociedade é muito importante;

- Nos dias atuais, o preconceito contra o esquizofrênico ainda é muito alto. Por isso,

para melhorar tal situação devem ser criados projetos para que o assunto seja inserido nos

conteúdos acadêmicos;

- É essencial que o estudante esquizofrênico seja incentivado para que ele continue

estudando e também que para ele sejam elaboradas atividades que o ajudem a se reintegrar à

sociedade e a desenvolver uma vida comum;

De acordo com Candiani (2017), a Política de Inclusão Escolar sugere, sobre o papel

da escola:

[...] Os psicofármacos podem alterar o desempenho, a atenção, a

concentração, a sensibilidade à luz, por exemplo, além de aumentar a sede e

o volume urinário (Carbonato de lítio, por exemplo) ou agitação

psicomotora. Estes possíveis efeitos colaterais exigem maior flexibilidade

quanto às regras e horários de uso do banheiro e bebedouro. -Devem-se

incentivar as atividades esportivas dentro e fora do horário escolar, uma vez

que alguns medicamentos podem facilitar o ganho de peso. -Cada

criança/adolescente deve ser tratado individualmente, de acordo com seu

problema e quadro psiquiátrico. -Devem-se evitar os fatores estressores,

como a mudança de escola, professores, tentar reduzir críticas ou

comentários maldosos de colegas e situações de competição entre os alunos

(extremamente difícil, concordo – uma vez que os próprios pacientes criam e

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se envolvem em situação de competição direta e briga com outros colegas). -

O ideal seriam pequenas salas de aula, com uma pessoa de referência para

episódios de maior dificuldade escolar. Em momentos de maior instabilidade

emocional, podem-se aumentar os prazos finais para entrega de exercícios ou

trabalhos escolares (em casos extremos) avaliados pelos médicos [...]

(CANDIANI, 2017, p.1).

As medicações psiquiátricas frequentemente causam mudanças no desempenho

escolar; por isso, os professores devem ter conhecimento de quais medicações o aluno toma.

Dessa forma, os pais devem sempre informar aos educadores o medicamento utilizado por seu

filho, pois os psicofármacos podem alterar o desempenho, a concentração e a atenção,

provocando agitação psicomotora, aumento da sede e a da frequência em urinar.

É também Candiani (2017) quem destaca que alguns desses medicamentos podem

facilitar o ganho de peso desses alunos; então, eles devem ser incentivados a praticar esportes

na escola e também fora dela. Cada aluno com necessidades especiais deve ser tratado

particularmente, conforme suas reais necessidades e seu quadro psiquiátrico, destaca Candiani

(2017), e os fatores estressores devem ser evitados. Candiani (2017) cita alguns exemplos

disso: troca de professores e de escola, críticas e competitividade entre os outros alunos e

comentários maliciosos. Contudo, segundo o autor, isso não é uma tarefa fácil, pois os

próprios pacientes se envolvem em competições e brigas com os demais.

O correto, de acordo com Candiani (2017), é que as salas de aulas sejam pequenas,

com uma pessoa responsável para auxiliar os alunos com dificuldades muito altas, e quando o

aluno estiver passando por momentos de desequilíbrio emocional, se apresentar laudo médico,

os professores podem alongar as datas de entregas dos trabalhos.

METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisas, em vários meios de informação

disponíveis, sobre o tema Esquizofrenia: dificuldades de relacionamento no desenvolvimento

e aprendizagem do adolescente, com o intuito de saber as verdadeiras dificuldades vividas por

alunos esquizofrênicos e seus educadores. Foi realizado a partir de pesquisas bibliográficas e

pesquisas de campo, utilizando questionários que foram entregues três pacientes do Caps de

Ubiratã.

A pesquisa bibliográfica, Bervian (2002, p.48) “Procura explicar um problema a partir

de referências teóricas publicadas em documentos. Busca conhecer e analisar as contribuições

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culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou

problema”.

No que se refere a esse tipo de pesquisa, Vergara (1991) afirma que: Pesquisa de

campo é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou

que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicações de questionários,

testes e observação participante ou não (VERGARA, 1991, p.47-48).

Questionário: é bastante utilizado nas pesquisas quantitativas, tendo por finalidade

mensurar um fenômeno, por isso deve-se ter cuidado ao utilizá-lo, pois nem sempre os dados

são quantificáveis. Sua elaboração exige um trabalho intelectual anterior à sua aplicação e um

pré-teste, para verificar a relevância das questões elaboradas, bem como para corrigir

distorções apontadas, que podem comprometer a análise final (ALVARENGA & BIANCHI,

2003, p.31).

Foram questionado aos pacientes que frequentam o CAPS Centro de Atenção

Psicossocial. Com o quadro clínico que possui, como reage aos medicamentos?

Os pacientes Ubirajara e Valdir responderam que algumas vezes, mesmo medicados e

realizando o tratamento corretamente, sentem vontade de se suicidar por enforcamento,

sentem que podem estar sendo perseguidos por organizações secretas, porém não são

agressivos com as pessoas. Já Vanderléia disse: “sinto uma coisa ruim dentro de mim, mas

não consigo explicar o que é”. Por isso, ela, muitas vezes, não consegue dormir.

Tengan e Maia (2005) alegam que:

Os delírios muitas vezes possuem grande complexidade na organização das

ideias e, se vistos por um determinado ângulo, são passíveis de

compreensão, embora não se exclua a possibilidade de um quadro delirante.

Poderíamos citar alguns exemplos desses quadros delirantes: ’Durante a

madrugada, seres extraterrenos implantaram um chip em meu corpo; estou

sendo controlado durante as 24 horas do dia; cada passo meu é observado

por esses seres, e tenho a missão de ajudá-los’, ou então ‘Estou sendo

perseguida pelos traficantes do meu bairro, doutor; eles sabem que eu os vi

passando a droga; agora eles me ameaçam a todo instante; não posso assistir

TV, pois eles colocaram uma câmera dentro da TV que observa todo o

movimento da casa; mesmo quando venho às consultas, eles estão a par de

tudo, pois eles colocaram câmeras aqui também e estão ouvindo tudo, eu não

tenho mais paz!’. Com a evolução da esquizofrenia, a convivência com a

família e grupos sociais torna-se impossível, fazendo com que o paciente

fique excluído e sendo forçado pela família a procurar tratamento (TENGAN

& MAIA, 2005, p.3).

De acordo com Tengan e Maia (2005), pessoas com esquizofrenia sofrem por não

conseguirem organizar adequadamente seus pensamentos; logo, apresentam um quadro

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delirante. A citação acima mostra exemplos de delírios que podem acontecer com os pacientes

esquizofrênicos: acreditam estar sendo perseguidas por traficantes, pessoas e até

extraterrenos, os quais implantam um chip em seu corpo e os observam com câmeras para

saber tudo o que acontece em sua vida. Com o desenvolver da doença, a convivência com a

família e com outras pessoas vai se tornando impraticável, de modo que os pacientes acabam

sendo excluídos. É nesse momento que a família costuma procurar um tratamento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A esquizofrenia é, sim, uma doença mental muito grave, mas quando os

esquizofrênicos estão sendo tratados e medicados, eles podem, evidentemente, viver em

sociedade, tento os mesmos direitos que todas as outras pessoas. Entretanto, é muito

importante que o doente tenha o apoio de sua família, a qual deve cuidar para que ele não

deixe de tomar seus remédios. É de extrema importância, também, que ela esteja presente no

tratamento, a fim de ajudá-lo a melhorar e a recuperar sua autoestima.

Portanto, é notável o quanto o apoio da família é importante no tratamento do

esquizofrênico, pois ela acompanha os horários corretos de o doente tomar os medicamentos

em casa, e também auxilia em sua higiene, uma vez que, em alguns casos, os pacientes

deixam a desejar nesse aspecto. A família também auxilia a equipe médica relatando possíveis

mudanças no relacionamento e comportamento do paciente com os demais, observando se

pode estar se desencadeando um novo surto.

A esquizofrenia não tem causas precisas; porém, há fatores que podem desencadeá-la,

como, por exemplo, a hereditariedade, visto que, segundo estudos, pessoas que já tenham

casos dessa doença na família têm mais chances de desenvolvê-la. Outra causa que pode fazer

com que o indivíduo desencadeie a doença é uma intoxicação ou infecção, desde uma simples

gripe até uma infecção no sistema nervoso central.

Contudo, mesmo com todas as pesquisas feitas para descobrir a origem da

esquizofrenia, ela ainda intriga os especialistas. O esquizofrênico sofre muito com o

preconceito e a discriminação, e, infelizmente, quando isso ocorre, a sociedade acaba fazendo

com que ele se exclua ainda mais, privando-o de atividades às quais ele deveria ter acesso,

como, por exemplo, o direito de frequentar uma escola.

Dessa forma, para que os indivíduos com esquizofrenia desenvolvam sua

aprendizagem, é necessário, primeiramente, investigar seus conhecimentos já adquiridos e

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suas dificuldades, para, assim, montar-se uma metodologia adequada para cada um, já que os

conteúdos devem ser voltados para a vivência e a realidade do aluno, realizando esse trabalho

de forma interdisciplinar.

Ainda, para que o esquizofrênico possa frequentar a escola e viver plenamente em

sociedade, ele deve ser acompanhado, constantemente, pelos médicos. É imprescindível,

também, que tome seus medicamentos como foram prescritos, porque, embora a esquizofrenia

não tenha cura, ela tem tratamento, e, quando este é realizado corretamente, a doença fica

controlada e o indivíduo consegue viver bem com sua família, amigos e fazer parte da

sociedade. Portanto, os esquizofrênicos possuem todo o direito de viver em sociedade, direto

de se casar, ter um bom emprego e o direito de serem respeitados como qualquer outra pessoa.

REFERÊNCIAS

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participantes com e sem Terapia Ocupacional. Dissertação de Mestrado apresentada à

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2013.

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BERVIAN, P. A, CERVO, A.L, Metodologia Científica. 5.ed. Prentice Hall, São Paulo,

2002.

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supervisionado, Pioneira, São Paulo, 2003.

BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia/ Ana Mercês Bahia

Bock, Odair Furtado, Maria de Lourdes Trassi Teixeira. 13.ed. Reform. e ampl. Saraiva, São

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Furtado, Maria de Lourdes Trassi Teixeira. 14.ed. Saraiva, São Paulo, 2008.

CAMPOS, L. Os caminhos das experiências positivas e negativas na prestação de

cuidados informais na esquizofrenia (Dissertação de Doutoramento em Psicologia

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CANDIANI, M. A escola e a criança/adolescente com transtorno mental: Política de

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