esquistossomose aguda

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ALTERAÇÕES NAS CONCENTRAÇÕES DAS SRAT, CONTEÚDO DE GSH E ATIVIDADE DA CAT EM PACIENTES COM ESQUISTOSSOMOSE AGUDA GINA MICHELLE MACÊDO DA CUNHA Orientador(a): Profª Drª Ana Claudia Galvão Freire Gouveia NATAL/ RN 2008

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Page 1: Esquistossomose aguda

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ALTERAÇÕES NAS CONCENTRAÇÕES DAS SRAT, CONTEÚDO

DE GSH E ATIVIDADE DA CAT EM PACIENTES COM

ESQUISTOSSOMOSE AGUDA

GINA MICHELLE MACÊDO DA CUNHA

Orientador(a): Profª Drª Ana Claudia Galvão Freire Gouveia

NATAL/ RN

2008

Page 2: Esquistossomose aguda

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ALTERAÇÕES NAS CONCENTRAÇÕES DAS SRAT, CONTEÚDO

DE GSH E ATIVIDADE DA CAT EM PACIENTES COM

ESQUISTOSSOMOSE AGUDA

GINA MICHELLE MACÊDO DA CUNHA

Orientador(a): Profª Drª Ana Claudia Galvão Freire Gouveia

NATAL/ RN

2008

Dissertação submetida ao programa de Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas da UFRN, como requisito para obtenção do grau de Mestre em

Ciências Farmacêuticas, área de concentração Bioanálises e Medicamentos.

Page 3: Esquistossomose aguda

Catalogação da Publicação na Fonte

C972a Cunha, Gina Michelle Macêdo da. Alterações nas concentrações das SRAT, conteúdo de GSH e atividade da CAT em pacientes com esquistossomose aguda. – Natal, RN, 2008. 65 f.; Il

Orientador: Ana Claudia Galvão Freire

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.

RN/UF CDU 616.995.122 (043.3)

Page 4: Esquistossomose aguda

Gina Michelle Macêdo da Cunha

ALTERAÇÕES NAS CONCENTRAÇÕES DAS SRAT, CONTEÚDO

DE GSH E ATIVIDADE DA CAT EM PACIENTES COM

ESQUISTOSSOMOSE AGUDA

Banca Examinadora:

_____________________________________________

Profª Drª Ana Claudia Galvão Freire

Orientadora

_____________________________________________

Profª Drª Francisca Inês de Sousa Freitas

Examinadora externa - UFPB

_____________________________________________

Profª Drª Maria das Graças Almeida

Examinadora interna - UFRN

Natal, 30 de janeiro de 2008

NATAL/ RN

2008

Page 5: Esquistossomose aguda

DEDICATÓRIA

A DEUS, que me guia em todos os caminhos da minha vida, aos meus pais, Ana e Hilton, pelo apoio, carinho e dedicação, aos meus irmãos Carolinne e Hilton Neto, pela compreensão, a meu namorado Miguel Adelino, pelo apoio, carinho, amor, compreensão, amizade e dedicação, a minha avó Dulce “in memoriam”, que sempre acreditou em mim e na minha capacidade e a minha Profª orientadora Ana Claudia pela confiança e amizade.

Page 6: Esquistossomose aguda

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Ana Maria de Macêdo Cunha e Hilton Luiz da Cunha, que sempre me

apoiaram e acreditaram no meu crescimento profissional.

Ao meu namorado Miguel Adelino da Silva Filho, pelo amor, companheirismo, amizade,

confiança, compreensão, e incentivo na busca dos meus objetivos.

Aos meus irmãos, Carolinne Natalle Macêdo da Cunha e Hilton Fernandes da Cunha

Neto, pelo incentivo e apoio.

A minha avó Dulce Carlos da Cunha “in memoriam”, pelo incentivo, apoio e dedicação, e

por sempre ter acreditado em mim e em minha capacidade, e em sempre querer minha

felicidade.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, pelo suporte dado durante

todo esse período.

A Aureliana e Edileide, funcionárias da Pós-graduação, pelo suporte dado aos alunos.

À Banca de Qualificação, composta pelos professores Drª Telma Maria Araújo Moura

Lemos e Dr. Geraldo Barroso Cavalcanti Júnior, pelas valiosas sugestões, tão

importantes para a melhoria da qualidade final desta dissertação de Mestrado.

A minha orientadora, Profª Drª Ana Claudia Galvão Freire, por acreditar que posso, pela

amizade, dedicação, pelo exemplo de sabedoria, garra e profissionalismo, amiga de todas as

horas em momentos de alegria e tristeza, incentivando sempre a realização de sonhos e a

superação dos obstáculos da vida.

Às alunas de iniciação cientifica, Vanessa Marques de Araújo Silva, Mariana Angélica

Oliveira Bitencourt e Karla Dillany Gomes Bessa, pela ajuda e dedicação na realização

Page 7: Esquistossomose aguda

dos experimentos, pela colaboração, amizade e apoio, sem elas não sei o que seria de mim e

deste trabalho. Além da colaboração de Julianne Bezerra Sathler, que com dedicação

participou do início da realização dos experimentos deste trabalho.

A todos os amigos do Laboratório Multidisciplinar (Labmult), em especial a Rand Randall

Martins, Ulisvaldo Brunno de Oliveira Macedo e Francisco Paulo Freire Neto, alunos

do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, pela ajuda e dedicação na

realização deste trabalho, pois eles foram de uma ajuda sem igual, sem eles, não sei o que

seria dos meus resultados.

A Profª Drª Maria das Graças Almeida, do Departamento de Análises Clínicas e

Toxicológicas, pela colaboração, ao disponibilizar o Laboratório Multidisciplinar (Labmult)

para a realização dos meus experimentos, além do suporte técnico e científico dados

durante toda a minha parte experimental, sendo um exemplo de determinação na busca do

conhecimento.

A Profª Drª Telma Maria Araújo Moura Lemos, Chefe do Departamento de Análises

Clínicas e Toxicológicas da UFRN, pela contribuição indispensável, durante as análises

bioquímicas do perfil lipídico e da função hepática e renal, disponibilizando o Laboratório

Integrado de Análises Clínicas (LIAC) para o que fosse necessário.

A Profª Drª Tereza Maria Dantas de Medeiros, do Departamento de Análises Clínicas e

Toxicológicas, pela colaboração, ao disponibilizar o Laboratório de Hematologia para a

dosagem da hemoglobina.

Às Farmacêuticas-bioquímicas e Funcionários do Laboratório Integrado de Análises

Clínicas (LIAC), pela importante contribuição nas análises bioquímicas e hematológicas

dos pacientes, bem como aos funcionários do DACT pelo apoio dado.

A Aureliana e Edileide, funcionárias da Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da

UFRN, pela disponibilidade em ajudar sempre que necessário.

Page 8: Esquistossomose aguda

Aos Laboratórios da Faculdade de Farmácia da UFRN: LABMULT, LIAC, Laboratório de

Parasitologia, Laboratório de Toxicologia, Laboratório de Bioquímica e Laboratório de

Hematologia.

Aos amigos da Vigilância Sanitária de Touros/ RN, em especial a Fausto, Sandra, Ionaldo

e Josafá, pelo apoio, amizade, colaboração e dedicação para a realização deste trabalho.

A Dr Lélio, da SUVISA/ SUVIGE-RN pela colaboração, apoio, sugestões, incentivo, e por

acreditar na importância deste trabalho.

Aos Pacientes do município de Touros/ RN (grupo teste) e aos Alunos do Curso de

Farmácia UFRN (grupo controle) em aceitarem colaborar com esta pesquisa, tornando

possível a realização deste trabalho, além da contribuição para a busca do conhecimento

científico.

A Maria da Luz da Silva Filha, técnica do Laboratório de Parasitologia Clínica da

Faculdade de Farmácia – UFRN, pela sua ajuda e dedicação em estar sempre presente, e

por apoiar na busca de material no laboratório.

A Profª Edna Marques de Araújo Silva, pela amizade, apoio, incentivo e dicas para a

realização deste trabalho.

A Doutoranda Cristiane Fernandes de Assis, pela sua colaboração na idealização do

projeto, participação na fase inicial dos experimentos, sugestões e incentivo para a

realização deste trabalho.

A João Bosco de Medeiros, Bibliotecário da Biblioteca Setorial do Centro de Ciências da

Saúde da UFRN, pela essencial colaboração na correção bibliográfica deste trabalho.

Page 9: Esquistossomose aguda

Ao Prof° Dr. Marcos Eugênio Cury de Medeiros, Estatístico, do Departamento de

Estatística da UFRN, pela definição do tamanho da amostra de estudo.

A FAPERN, em especial, pelo apoio financeiro fornecido, viabilizando assim, o trabalho de

campo, desde a coleta das amostras biológicas até a realização de atividades educativas, tão

necessárias ao município de Touros/RN.

Ao CNPq/PPPg, pela concessão da bolsa de estudo, tão importante no incentivo da

realização deste trabalho.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste trabalho, da mais

simples a mais complexa colaboração, agradeço com o coração repleto de alegria.

Page 10: Esquistossomose aguda

RESUMO

A esquistossomose é uma doença milenar causada pelo helminto Schistosoma mansoni e

constitui um problema de saúde pública no Brasil. A lesão granulomatosa, típica da doença,

está associada com o aumento do dano oxidativo através da geração de radicais livres. O

objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência de alterações nos parâmetros oxidante/

antioxidante que fazem parte do sistema de defesa do organismo, e observar se os mesmos

provocariam estresse oxidativo em indivíduos com esquistossomose. Além disso,

correlacionando com alguns parâmetros bioquímicos e hematológicos. Foram selecionados

dois grupos de estudo, constituídos de indivíduos de ambos os sexos, com faixa etária

compreendida entre 16 e 30 anos. Um grupo controle, formado por indivíduos sem

esquistossomose (n=30) e um grupo teste, formado por indivíduos com esquistossomose

(n=30). A avaliação da peroxidação lipídica no plasma foi realizada por meio da

determinação do malondialdeído e a defesa antioxidante pela dosagem da glutationa

reduzida e determinação da atividade da catalase. Em relação aos parâmetros que avaliam o

estresse oxidativo, os resultados demonstraram uma diminuição do conteúdo de glutationa

reduzida e nenhuma alteração na atividade da catalase, com um aumento nos valores de

malondialdeído. Portanto, os dados encontrados sugerem a ocorrência do estresse oxidativo

nos indivíduos com esquistossomose. Dos parâmetros que avaliam a função hepática,

apenas os níveis de aspartato amino transferase mostraram-se elevados, enquanto ocorreu

uma diminuição da bilirrubina. Não houve uma alteração significativa no perfil lipídico

(p<0.5), entretanto com relação à função renal dos pacientes, houve uma diminuição da

creatinina. A avaliação hematológica, realizada através do hemograma completo e a

dosagem da hemoglobina, mostra eosinofilia nos indivíduos do grupo teste, que pode estar

relacionada com a presença do parasita. As alterações apresentadas sugerem a participação

do estresse oxidativo na fisiopatologia da referida doença.

Palavras-chave: esquistossomose, estresse oxidativo, SRAT/ malondialdeído, glutationa,

exames laboratoriais.

Page 11: Esquistossomose aguda

ABSTRACT

Schistosomiasis is an ancient disease caused by helminth Schistosoma mansoni and is a

public health problem in Brazil. The granulomatous lesion, typical of the disease, associates

itself with increase in the oxidative damage through the generation of free radicals. The aim

of this work was to evaluate the occurrence of changes in parameters oxidant / antioxidant

that are part of the human defense system, and observe whether they would cause oxidative

stress in subjects with schistosomiasis. Moreover, correlating with some biochemical and

hematological parameters. Two groups were selected for study, consisting of individuals of

both sexes, aged between 16 and 30 years. A control group, formed by individuals without

schistosomiasis (n = 30) and a test group, formed by individuals with schistosomiasis (n =

30). The evaluation of lipid peroxidation in plasma was performed by determination of

malondialdehyde and antioxidant defense by the quantification of reduced glutathione and

catalase activity. For the parameters that assess oxidative stress, the results showed a

decrease in the content of reduced glutathione and no change in the activity of catalase,

with an increase in the value of malondialdehyde. Therefore, the data found suggest the

occurrence of oxidative stress in subjects with schistosomiasis. Of the parameters that

assess hepatic function, only levels of aspartate aminotransferase have been high, while

there was a decrease of bilirubine. There was a significant change in the lipid profile (p

<0.5), however with regard to the renal function of patients, there was a decrease in

creatinine. The assessment hematological, made through hemogram and the quantification

of hemoglobin, shows increase of eosinophils individuals in the group test, which can be

related to the presence of the parasite. The amendments suggest the involvement of

oxidative stress in the pathophysiology of this disease.

Keywords: schistosomiasis, oxidative stress, SRAT/ malondialdehyde, glutathione,

laboratory analysis.

Page 12: Esquistossomose aguda

LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADRO

FIGURA 1 - Distribuição geográfica da esquistossomose no mundo.................................17

FIGURA 2 - Gráfico da distribuição da esquistossomose mansônica no estado do Rio Grande do norte.....................................................................................................................19

FIGURA 3 - Ciclo de transmissão da esquistossomose.......................................................21

FIGURA 4 - Diagrama esquemático mostrando os mecanismos de produção de EROs e os sistemas de defesa antioxidante (adaptado do artigo GANDRA, ALVES, MACEDO, 2004).....................................................................................................................................27

FIGURA 5 - Estrutura química do Malondialdeído.............................................................28

FIGURA 6 - Estrutura química da Glutationa Reduzida.....................................................30

FIGURA 7 - Fluxograma esquemático de distribuição das amostras de sangue.................36

FIGURA 8 - Diagrama esquemático da técnica de Kato-Katz............................................44

FIGURA 9 - Concentração do conteúdo de GSH dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN e Natal/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.......................................................................................................................................46

FIGURA 10 – Atividade da catalase dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN e Natal/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.......................................................................................................................................47

FIGURA 11 – Concentração da molécula oxidante MDA (SRAT) dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN e Natal/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.......................................................................................................................................48

FIGURA 12 – Perfil hepático do grupo com esquistossomose do município de Touros/ RN e do grupo controle de Natal/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.......................................................................................................................................51

FIGURA 13 – Concentração das moléculas antioxidante/ oxidante correlacionado com o perfil hepático dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN e Natal/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.....................................................................................52

FIGURA 14 – Perfil lipídico do grupo com esquistossomose do município de Touros/ RN e do grupo controle de Natal/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.......................................................................................................................................53

Page 13: Esquistossomose aguda

FIGURA 15 – Correlação entre SRAT e o número de ovos por grama de fezes dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.......................................................................................................................................56

FIGURA 16 – Correlação entre o GSH e o número de ovos por grama de fezes dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.......................................................................................................................................57

TABELA 1 - Parâmetros bioquímicos dos pacientes avaliados do município de Touros/ RN e do grupo controle de Natal/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.......................................................................................................................................49

TABELA 2 - Parâmetros hematológicos dos pacientes avaliados do município de Touros/ RN e do grupo controle de Natal/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007.......................................................................................................................................55

QUADRO 1 - Classificação do Perfil Lipídico....................................................................40

Page 14: Esquistossomose aguda

LISTA DE ABREVIATURAS

ALT/ TGP - Alanina Amino Transferase

AST/ TGO – Aspartato Amino Transferase

CT – Colesterol Total

CAT – Catalase

CHCM – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média

Creat - Creatinina

BD – Bilirrubina Direta

BI – Bilirrubina Indireta

BT – Bilirrubina Total

DTNB – Ácido 5,5 ditio-bis (2-nitrobenzóico)

EROs – Espécies Reativas de Oxigênio

Fe - Ferro

GGT – Gama-Glutamil-Transferase

GSH - Glutationa Reduzida

GR - Glutationa Redutase

GPx – Glutationa Peroxidase

GSSG – Glutationa Oxidada

Hb – Hemoglobina

HCM – Hemoglobina Corpuscular Média

HDL – Lipoproteína de Alta Densidade

H2O2 – Peróxido de Oxigênio

IL – Interleucina

LCAT - Lecitina Colesterol Aciltransferase

LDL – Lipoproteína de Baixa Densidade

LIAC – Laboratório Integrado de Análises Clínicas

LPO - Peróxidos de Lipídeo

MDA – Malondialdeído

NADPH - Nicotinamida Adenina Dinucleotídio Fosfato

Page 15: Esquistossomose aguda

O2 - Oxigênio

PCE – Programa de Controle da Esquistossomose

RLO – Radicais Livres de Oxigênio

SOD - Superóxido-dismutase

SRAT – Substâncias Reativas do Ácido Tiobarbitúrico

TBA – Ácido Tiobarbitúrico

TCA – Ácido Tricloroacético

TG – Triglicerídeo

Th 1 – Linfócito T Helper 1

Th 2 – Linfócito T Helper 2

TNF-α – Fator de Necrose Tumoral α

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Ur – Uréia

VCM – Volume Corpuscular Médio

Page 16: Esquistossomose aguda

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 16

1.1. Esquistossomose ................................................................................. 16

1.1.1. Ciclo biológico e transmissão da esquistossomose ...................... 20

1.1.2. Fisiopatologia ............................................................................... 21

1.1.3. Complicações clínicas ou hepáticas ............................................. 24

1.2. Estresse Oxidativo .............................................................................. 25

1.2.1. Mecanismos antioxidantes ........................................................... 26

1.2.2. Alguns parâmetros usados como marcadores do estresse

oxidativo..................................................................................................28

1.2.2.1 Malondialdeído (MDA) ........................................................... 28

1.2.2.2. Catalase (CAT) ....................................................................... 29

1.2.2.3. Glutationa reduzida (GSH)......................................................29

1.3. Estresse oxidativo x esquistossomose.................................................30

1.4. Avaliação laboratorial..........................................................................31

2. OBJETIVOS ........................................................................................... 33

3. METODOLOGIA ................................................................................... 34

3.1. Comitê de Ética em Pesquisa............................................................. 34

3.2 População de Estudo ........................................................................... 34

3.2.1. Grupo Controle.............................................................................34

3.2.2. Indivíduos com a doença..............................................................35

3.3. Procedimentos ...................................................................................35

3.3.1. Coleta do Material Biológico........................................................35

3.3.2. Análises Laboratoriais..................................................................36

3.3.2.1. Avaliação da peroxidação lipídica..........................................36

3.3.2.1.1. Determinação das SRAT..................................................36

3.3.2.2. Avaliação dos parâmetros antioxidantes................................37

3.3.2.2.1. Determinação da Glutationa Reduzida.............................37

Page 17: Esquistossomose aguda

3.3.2.2.2. Determinação da atividade da Catalase...............................38

3.3.2.3. Avaliação dos Parâmetros Bioquímicos................................,39

3.3.2.3.1. Determinação da Glicose Sanguínea................................39

3.3.2.3.2. Determinação do Perfil Lipídico......................................39

3.3.2.3.3. Determinação da Função Hepática...................................40

3.3.2.3.4. Determinação da Função Renal........................................41

3.3.2.3.5. Entrega de resultados dos parâmetros bioquímicos..........41

3.3.2.4. Avaliação dos Parâmetros Hematológicos...............................41

3.3.2.4.1. Determinação do Hemograma Completo...........................41

3.3.2.4.2. Determinação da Hemoglobina no Eritrócito.....................41

3.3.2.4.3. Entrega de resultados dos parâmetros hematológic.s.........42

3.3.2.5. Avaliação da Carga Parasitária.................................................43

3.3.3. Análises Estatísticas.......................................................................44

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................... 45

5. CONCLUSÕES ....................................................................................... 58

6. PERSPECTIVAS .................................................................................... 59

REFERÊNCIAS ........................................................................................ 60

ANEXOS ..................................................................................................... 66

APÊNDICES................................................................................................70

Page 18: Esquistossomose aguda

INTRODUÇÃO

Page 19: Esquistossomose aguda

1. INTRODUÇÃO

1.1. ESQUISTOSSOMOSE

A esquistossomose é uma doença milenar, pois ovos de Schistosoma foram

encontrados em múmias datando de 3.500 a.C. sendo que somente em 1851 foi descoberta

por Theodore Bilhartz ao encontrar o trematódeo nas veias mesentéricas de um camponês

egípcio durante autópsia, espécie hoje denominada como Schistosoma haematobium

(COURA; AMARAL, 2004).

Em 1908, Pirajá da Silva, médico baiano, descreveu a presença do verme e dos ovos

no Brasil a partir de inúmeras autópsias e exames parasitológicos de fezes. A denominação

da espécie encontrada foi classificada em 1907 por Sambon como Schistosoma mansoni

(ANDRADE, 2002).

Em 1915, Lepier identificou os gêneros de caramujos Bulinus e Biomphalaria, na

África, como hospedeiro intermediário do S. haematobium e S. mansoni, respectivamente

(COURA; AMARAL, 2004).

Acredita-se que a introdução da esquistossomose no Brasil ocorreu através do tráfico de

escravos, originário da Costa Ocidental da África, que ingressaram no país pelos portos

de Recife e Salvador como mão-de-obra na cana de açúcar. Daí por diante, houve uma

rápida expansão da doença para outros estados, formando a extensa área de transição

que vai do Rio Grande do Norte a Minas Gerais (BARRETO, 1984, AMARAL;

PORTO, 1994, AMARAL; COURA, 2004).

A esquistossomose, denominada também de esquistossomíase ou bilharziose, é uma

doença causada por um verme (helminto) do gênero Schistosoma, que tem como

hospedeiros intermediários “caramujos de água doce” e que pode evoluir desde formas

assintomáticas até formas clínicas extremamente graves. É conhecida popularmente

como xistossomose, xistose, doença dos caramujos ou ainda, “barriga d’água”

(AMARAL; PORTO, 1994).

Essa doença constitui um problema de saúde pública no Brasil, em particular na Região

Nordeste em virtude dos movimentos migratórios e pela própria condição de vida da

população, acrescida de fatores ambientais específicos, como os relacionados com as

condições gerais do ambiente e do meio aquático onde vivem os moluscos

Page 20: Esquistossomose aguda

transmissores, sendo estes, o calor e a temperatura, que influenciam desde a ecdise do

miracídio até a eliminação da cercária, tais fatores favorecem o desenvolvimento da

endemia (LIMA; TIMBÓ, 1999).

É classificada como uma das grandes doenças endêmicas do Brasil e admite-se existirem

mais de seis milhões de indivíduos infectados, sendo considerada a terceira causa de

óbito no âmbito rural (AMARAL; PORTO, 1994, LIMA; TIMBÓ, 1999). Essa

parasitose tem sua origem nas Bacias dos Rios Nilo, na África e na Ásia (PASSOS,

1998).

No mundo, afeta mais que 200 milhões de indivíduos distribuídos em 76 países na

África, Ásia e América. Dentre estes, 20 milhões já apresentam a forma hepatoesplênica da

doença (forma mais grave) e cerca de 100 milhões de pessoas apresentam algumas

manifestações clínicas. Conforme estimativa datada de 1984, um total de 600 milhões de

indivíduos está sob condições de risco em 74 países e territórios distribuídos nos vários

continentes, com exceção da Oceania (Figura 1). Acredita-se que existam no Brasil no

mínimo 2,5 a 10 milhões de portadores de esquistossomose mansônica e cerca de 25

milhões de indivíduos expostos aos riscos de contraí-la (LESCANO et al., 2004, RIBEIRO

et al., 2004). No nordeste do Brasil encontra-se uma alta endemicidade com cerca de 6 a 8

milhões de indivíduos com essa parasitose sobretudo no estados de Pernambuco e Alagoas,

onde a esquistossomose destaca-se como a terceira causa de morte entre as doenças

classificadas como grandes endemias rurais brasileiras (SILVA et al., 2002).

Page 21: Esquistossomose aguda

Figura 1: Distribuição geográfica da esquistossomose no mundo.

Fonte: http://www.cdfound.to.it/img/sm2.gif

Sabe-se, atualmente, que a esquistossomose é provocada por seis espécies de

Schistosoma, mas somente o S. mansoni encontrou condições para adaptação nas

Américas, sendo a única espécie encontrada no Brasil (BARRETO, 1984, AMARAL;

PORTO, 1994, AMARAL; COURA, 2004).

Para que os elos da cadeia epidemiológica da esquistossomose se unam e ocorra

transmissão é necessário que o meio ambiente seja propício e que o homem contribua

decisivamente. No Brasil, essas condições são atendidas e por isso a doença é tão

disseminada (AMARAL; PORTO, 1994).

A precariedade da qualidade de vida dos trabalhadores das regiões interioranas se

expressa, entre outras características, pela ausência de moradias adequadas, saneamento

básico deficiente, baixa escolaridade e escasso lazer. Nesse sentido, os rios constituem uma

das poucas opções de lazer e representam um subsídio para o desenvolvimento de muitas

outras atividades como pescar, lavar roupas, utensílios domésticos e, até mesmo, dar banho

em animais (CARVALHO et al., 1998).

Portanto, a manutenção da esquistossomose numa comunidade dependerá de

influências ecológicas diversas, atuando em diferentes ambientes onde se processam as

Page 22: Esquistossomose aguda

fases larvárias e adultas do parasita. Acrescenta-se a isso as influências de origem humana

não apenas no terreno biológico, mas também no sócio-econômico (LIMA; TIMBÓ, 1999).

A extensão da esquistossomose no Rio Grande do Norte abrange áreas focalizadas,

distribuídas em 35 dos 166 municípios situados no litoral Leste, correspondendo a uma área

de 9.625 km2 (Figura 2). As espécies de caramujos encontradas no Estado são a

Biomphalaria glabrata e a Biomphalaria straminea, sendo a B. glabrata a mais importante

na transmissão de esquistossomose (Brasil, 1998).

Figura 2: Gráfico da distribuição da esquistossomose mansônica no estado do Rio Grande do norte

Fonte: SES/SUVAM

Os primeiros relatos da esquistossomose no Rio Grande do Norte aconteceram em

1918 e só em 1949 é que foi realizado o primeiro inquérito coproscópico. Em 1975, já de

forma sistematizada, o inquérito teve início na cidade de Touros e em 1976, começaram as

atividades de coproscopia, tratamento e malacologia em 1525 localidades (Brasil, 1998).

O Programa de Controle da Esquistossomose (PCE) atua de forma sistematizada

desde 1996, implementando medidas de controle preconizadas pelo Ministério da Saúde.

ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA

Page 23: Esquistossomose aguda

Desde então, as medidas de intervenção ativa desenvolvidas pela Fundação Nacional de

Saúde, estão restritas a 15 dos 36 municípios (Brasil, 1998).

No estado do Rio Grande do Norte, Touros é um dos 15 municípios que participam

do Programa de Controle da Esquistossomose (PCE). A população deste município é de

27.879 habitantes, sendo 7.594 habitantes residentes na região urbana e 20.285 na região

rural. Algumas atividades de controle da doença foram realizadas no ano de 2006, através

da realização de exames coproscópicos em 5.480 pessoas, residentes em 5 localidades do

município. Foram detectados 524 casos positivos da doença, um índice equivalente a

10,79% de pessoas infectadas nesta região. Em seguida, foi realizado o tratamento dos

indivíduos doentes, entretanto as atividades de malacologia não foram realizadas no

município de Touros, em 2006 (RIO GRANDE DO NORTE, 2006).

1.1.1. CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO DA ESQUISTOSSOMOSE

A relação parasito/ hospedeiro, no decorrer do processo evolutivo, passou a

favorecer o S. mansoni, de forma que o homem, hospedeiro definitivo deste helminto,

forneça abrigo e nutrientes aos vermes adultos e ainda atue como fonte disseminadora dos

seus ovos para o meio ambiente através das fezes. Na ocasião em que o homem contamina

o meio com seus dejetos, ao contato com coleções de água doce, o miracídio eclodirá do

ovo e na presença do hospedeiro intermediário, o caramujo do gênero Biomphalaria,

penetrará nas partes moles do planorbídeo, se desenvolvendo a esporocistos que darão

origem as cercárias. Estas penetram ativamente na pele e mucosas do homem, emergem dos

caramujos para infectar águas e, por conseguinte, o homem que se utiliza desta. Uma vez na

corrente sanguínea, as cercárias se transformam em esquistossômulos, que atingem o fígado

e o sistema porta e passam a se alimentar de sangue. Ao alcançarem a forma adulta, ocorre

o acasalamento e posterior migração do casal para as vênulas da veia mesentérica inferior e

para o plexo hemorroidário inferior, iniciando a postura dos ovos que passarão para a luz

intestinal e serão expulsos junto com as fezes (AMARAL; PORTO, 1994).

Quanto à transmissão, sabe-se que o homem doente elimina ovos do Schistosoma

mansoni através das fezes que, em contato com a água doce liberam os miracídios (larvas).

Esses penetram nos caramujos, onde passam por transformações, originando as cercárias

Page 24: Esquistossomose aguda

que são introduzidas no organismo humano através da pele de pessoas que estejam

exercendo atividades como lazer, pesca e lavagem de roupa, em rios ou lagoas, dentre

outras atividades. Em seguida, atingem a corrente sanguínea, coração e fígado, onde ocorre

o acasalamento e depois migram para as veias do intestino, onde a fêmea inicia a postura

dos ovos (PASSOS, 1998).

A instalação da infecção parasitária está na dependência de fatores intrínsecos do

hospedeiro, representados em parte pela resistência natural, assim como de fatores inerentes

ao próprio parasito, constituídos entre outros, por mecanismos protetores específicos às

reações do hospedeiro desenvolvidos por este parasito (ATTA et al., 1981).

Figura 3: Ciclo de transmissão da esquistossomose

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Schistosoma

Page 25: Esquistossomose aguda

1.1.2. FISIOPATOLOGIA

A reação inflamatória, na esquistossomose, pode ser causada por cercárias,

esquistossômulos, vermes mortos e fibrose em torno dos ovos de Schistosoma mansoni

depositados nos tecidos do hospedeiro, porém, a lesão fundamental é a reação

granulomatosa induzida pelos ovos e encontrada principalmente no intestino e no fígado,

que são órgãos vitais, podendo alterar processos metabólicos e afetar as condições físicas

do hospedeiro. A esquistossomose na forma hepatoesplênica pode vir associada a varizes

hemorrágicas no esôfago e hiperesplenismo, podendo a evolução clínica desses pacientes

apresentar-se comprometida por carga parasitária residual ou reinfecção (SILVA et al.,

2002a, RAMOS et al., 2004).

A doença está relacionada à intensidade da infecção: indivíduos expostos a altas

cargas de vermes estão mais propensos a desenvolver a doença e são responsáveis pela

maior contaminação do ambiente com ovos e, assim, com a manutenção da endemicidade.

Os ovos produzidos por vermes adultos presentes no plexo mesentérico e a migração das

larvas são as principais causas da doença em humanos. O embrião vivo, dentro do ovo,

secreta material antigênico continuamente por duas a quatro semanas, induzindo a

sensibilização do hospedeiro e recruta células inflamatórias, formando o granuloma

esquistossomótico. A secreção antigênica cessa apenas quando o embrião, dentro do ovo,

morre (MOTTA; SILVA, 2002).

A patogenia da esquistossomose mansônica depende de uma série de fatores: a

linhagem do parasito, a idade, o estado nutricional e a imunidade do hospedeiro e,

principalmente, a carga parasitária, ou seja, a quantidade de parasitos que infectou o

paciente.

Na fase inicial da doença, o paciente pode apresentar dermatite cercariana,

provocada pela penetração das cercárias. Na forma aguda, os sintomas podem ser

caracterizados por urticária e edema localizados, diarréia mucosa ou muco-sanguinolenta,

febre elevada, anorexia, náusea, vômito, hepatoesplenomegalia dolorosa, manifestações

pulmonares e astenia, perda de peso, tosse, além de complicações como pleurite e

pericardite (MOTTA; SILVA, 2002, KATZ; ALMEIDA, 2003). Essas manifestações

clínicas são decorrentes da presença de TNF-α, IL-1 e IL-6, e também da deposição de

Page 26: Esquistossomose aguda

complexos imunes. A melhora da sintomatologia coincide com a produção de IL-10

induzida pelos antígenos de ovos na fase crônica (MACHADO et al., 2004).

A fase aguda tem duração de, aproximadamente, dois meses e desaparece através do

tratamento especifico ou evolui (se não tratada) para a fase crônica, que tem dois estágios

principais: forma intestinal ou hepatointestinal e, a mais grave, forma hepatoesplênica,

representada pelo crescimento e endurecimento do fígado e do baço. Nesta fase, muitos

pacientes permanecem assintomáticos, embora os sintomas possam aparecer em qualquer

época. Um dos mais comuns é a diarréia periódica, às vezes com muco, sangue e tenesmo,

alternando com constipação intestinal (MOTTA; SILVA, 2002, KATZ; ALMEIDA, 2003).

É importante observar que na forma hepatoesplênica da esquistossomose, sem

outras patologias hepáticas associadas, existe apenas um mínimo comprometimento

funcional hepático. Entretanto, devido à hipertensão portal, a hemorragia digestiva alta

decorrente de ruptura das varizes esofagogástricas constitui-se na mais séria complicação e

representa a causa usual de óbitos nesta fase (MACHADO et al., 2002). Nessa fase também

ocorre secreção de IL-4, IL-5 e IL-13, que entre outras funções, induzem a produção de IgE

pelas células B e ativação de eosinófilos, mastócitos e basófilos respectivamente. Tais

citocinas também participam da formação do granuloma e da fibrose hepática, e, portanto,

da patogênese da esquistossomose. A IL-4 estimula a produção de IgE e, juntamente com a

IL-13, a de mastócitos, resultando em aumento da secreção de mediadores da inflamação,

secreção de muco e aumento de contratilidade da musculatura intestinal, facilitando a

expulsão de vermes adultos. Na fase aguda, as manifestações clínicas, são decorrentes da

presença de TNF-α, IL-1 e IL-6 e também da deposição de complexos imunes. A melhora

da sintomatologia coincide com a produção de IL-10 (MACHADO et al., 2004).

Estudos recentes mostram a importância de citocinas na resposta imune humana à

infecção esquistossomótica, e têm especulado sobre evidências de uma dicotomia Th1/Th2,

tanto em modelos experimentais, como no homem. Dentre as citocinas envolvidas na

regulação de respostas Th1 e Th2 na esquistossomose humana, estudos têm demonstrado

que a IL-4 e a IL-10, citocinas reguladoras com atividade inibidora, podem inibir a secreção

de várias outras citocinas, desempenhando um papel importante não somente na regulação

da resposta de células T, mas também como moduladoras da resposta inflamatória aguda

Page 27: Esquistossomose aguda

induzida por infecção, inibindo a secreção de IL-1, IL-6 e TNF-α e promovendo a

diminuição da atividade de macrófagos (VALENÇA, 2000).

Acredita-se que as reinfecções pelo Schistosoma mansoni representam um fator

adicional de importância no desenvolvimento da forma hepatoesplênica da doença. A base

desta hipótese deriva da observação de que os indivíduos infectados que migram para fora

da área endêmica não mais desenvolvem a forma hepatoesplênica. Já os que apresentam

esta forma da doença têm melhor prognóstico quando fora da área endêmica e quando

tratados, ou quando a transmissão é interrompida, tendo mais chances de regressão do que

os que permanecem em áreas de transmissão ativa (SANTOS; SOUZA; ANDRADE,

2000).

A quantidade de ovos é útil para avaliar a intensidade da infecção e deve ser

verificada também a viabilidade dos ovos – vivos imaturos (postura com menos de seis

dias), vivos maduros (postura em seis a dezoito dias) e mortos (MOTTA; SILVA, 2002).

1.1.3. COMPLICAÇÕES CLÍNICAS OU HEPÁTICAS

O fígado é o maior órgão visceral do corpo, pesando aproximadamente 1,3 kg no

adulto. Localiza-se abaixo do diafragma e ocupa a maior parte do hipocôndrio direito

(PORTH, 2004).

O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome de

lobos, compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos, rodeadas por canais

diminutos (canalículos), pelos quais passa a bile, secretada pelos hepatócitos. Estes

canais se unem para formar o ducto hepático que, junto com o ducto procedente da

vesícula biliar, forma o ducto comum da bile, que descarrega seu conteúdo no duodeno

(VILELA, 2002, PORTH, 2004).

Em indivíduos infectados pelo Schistosoma mansoni, as alterações hepáticas típicas

surgem a partir do início da oviposição e formação de granulomas. A princípio, o fígado

apresenta-se aumentado de volume e bastante doloroso à palpação. Com o efeito

cumulativo das lesões granulomatosas em torno dos ovos, as alterações hepáticas se

tornarão mais severas (MELO, A. L.; COELHO, P. M. Z., 2002).

Page 28: Esquistossomose aguda

Já está bem estabelecido que as lesões hepáticas observadas na esquistossomose

mansônica humana, após o octogésimo dia de infecção, variam enormemente de acordo

com a relação hospedeiro-parasita, além dos efeitos que os próprios vermes e/ou ovos vivos

ou mortos, são capazes de induzir, química, mecânica e imunologicamente, no hospedeiro.

Na forma mais comum da esquistossomose hepatoesplênica, conhecida como forma de

Symmers, as lesões fundamentais do fígado são quase exclusivas dos ramos da veia porta,

da rede periductal e do conjuntivo que a circunda (RODRIGUES et al., 1983).

Estudos das dimensões hepáticas na forma hepatoesplênica da esquistossomose

mostram que o fígado tem peso maior que 1,5 Kg em mais de 50%. Patologicamente,

observa-se também, a assimetria dos lobos hepáticos, com aumento do lobo esquerdo e

redução do lobo direito, demonstrados em 81% dos casos (MACHADO et al., 2002). Os

hepatócitos, as células de Kupffer e os sinusóides, em geral, não são atingidos pelo

processo. No entanto, sofrem suas conseqüências de modo secundário (RODRIGUES et al.,

1983). Do ponto de vista histológico, encontramos os granulomas epitelóides envolvendo

os ovos que são depositados nos ramos da veia porta (MACHADO et al., 2002). Ovos

vivos ou mortos podem penetrar nos pequenos ramos da rede periductal, ocluindo muitos

deles e desencadeando a formação de granulomas intravasculares, com a conseqüente

interrupção do fluxo portal a esse nível e alteração da circulação intralobular. Todo esse

processo é sempre acompanhado de uma inflamação crônica granulomatosa. Os vermes

carregados pela corrente embolizam e ocluem ramos de maior calibre e, quando mortos,

produzem lesões, algumas vezes extensas, inicialmente necróticas, depois inflamatórias e

por fim cicatriciais. Devido à trombose portal e ao distúrbio da circulação, os hepatócitos

dos lóbulos circundantes podem entrar em atrofia (RODRIGUES et al., 1983).

Ao se estudar alterações do sistema bilífero intra-hepático nas doenças do fígado,

observou-se que fígados esquistossomóticos apresentavam árvore biliar desarmônica, com

ductos distorcidos e irregularidades em seus contornos, exibindo freqüentemente estenoses

focais curtas e impressões micronodulares. Observou-se ainda nítido paralelismo entre

alterações dos sistemas portal e bilífero (AMARAL et al., 2002). Com o evoluir da doença,

a fibrose periportal progride, acentua-se o obstáculo pré-sinusoidal ao fluxo venoso portal,

contribuindo para o desenvolvimento da hipertenção portal (MACHADO et al., 2002).

Page 29: Esquistossomose aguda

1.2. ESTRESSE OXIDATIVO

Define-se como estresse oxidativo uma situação de desequilíbrio entre agentes

oxidantes e antioxidantes em favor dos primeiros. Os dados indicam que o estresse

oxidativo parece ser causado tanto por um aumento da produção de radicais livres como por

uma diminuição nos sistemas de defesa antioxidantes. Este aumento modifica os meios

intra e extracelulares, causando danos às biomoléculas de DNA, lipídios, carboidratos e

proteínas, além de outros componentes celulares, e, portanto também, alteração e prejuízo

das funções vitais, em diversos tecidos e órgãos, tais como músculo, fígado, tecido

vascular, tecido adiposo, e tecido cerebral. Porém, esse efeito do estresse oxidativo varia

em cada indivíduo, dependendo da idade, do estado nutricional e do estado fisiológico

(GATÉ et al., 1999, ALLEN; TRESINI, 2000).

Os radicais livres lesam a célula de modo direto ou danificam as proteínas e os

ácidos nucléicos, tornando-os mais susceptíveis à degradação. Além do seu efeito

citotóxico, atuam como mensageiros das vias de sinalização intracelular das células

inflamatórias. As defesas antioxidantes protegem os tecidos e líquidos corpóreos da lesão

causada pelos oxidantes produzidos pelo metabolismo normal ou pela resposta à

inflamação e as doenças. É oportuno ressaltar que as defesas antioxidantes não conferem

proteção completa contra os radicais livres produzidos pelo organismo durante processos

inflamatórios mais importantes. O equilíbrio entre os radicais livres e as defesas

antioxidantes tende ligeiramente em favor das espécies reativas, de modo que os

antioxidantes possam cumprir suas funções biológicas (KOURY; DONANGELO, 2003).

Em sistemas aeróbicos, é essencial o equilíbrio entre agentes óxido-redutores (como

as Espécies Reativas de Oxigênio - EROs) e o sistema de defesa antioxidante. Esses

agentes são gerados endogenamente como conseqüência direta do metabolismo do O2 e

também em situações não fisiológicas, como a exposição da célula a xenobióticos que

provocam a redução incompleta de O2 ( FERREIRA et al., 1997).

Page 30: Esquistossomose aguda

1.2.1. MECANISMOS ANTIOXIDANTES

Por definição, uma substância antioxidante é aquela capaz de inibir a oxidação ou,

então, qualquer substância que, mesmo presente em baixa concentração, comparada ao seu

substrato oxidável, diminui ou inibe a oxidação daquele substrato. Do ponto de vista

biológico, podemos definir antioxidantes como sendo aqueles compostos que protegem os

sistemas biológicos contra os efeitos deletérios dos processos ou das reações que levam a

oxidação de macromoléculas ou estruturas celulares (JORDÃO et al., 1998).

A rede resultante do ataque inespecífico dos radicais livres e agentes oxidantes

ocasiona a perda da integridade celular, função de enzimas e estabilidade do genoma.

Portanto, vários mecanismos antioxidantes estão envolvidos na neutralização destes agentes

deletérios (HENSLEY et al., 2000, MIRANDA et al., 2004). Alguns estudos têm

focalizado sistemas antioxidantes que servem como uma tática de defesa contra radicais

livres gerados pelo hospedeiro. Em condições fisiológicas existem vários mecanismos de

defesa contra a ação dos oxidantes, tais como as enzimas superóxido dismutase (SOD),

catalase (CAT), glutationa peroxidase (GPx) e glutationa redutase (GR), moléculas

contendo tióis, como glutationa reduzida (GSH) e tioredoxina, além de vitaminas (GATÉ et

al., 1999, ANDRADE JÚNIOR et al., 2005). Enzimas antioxidantes são fundamentais no

processo de resposta celular contra espécies reativas de oxigênio (CAMPOS et al., 1995).

Para proteger-se, a célula possui um sistema de defesa que pode atuar em duas

linhas. Uma delas atua como detoxificadora do agente antes que ele cause lesão. Esta linha

é constituída por GSH, SOD, CAT, GPx e vitamina E. A outra linha de defesa tem a função

de reparar a lesão ocorrida, sendo constituída pelo ácido ascórbico, pela GR e pela GPx),

entre outros. Com exceção da vitamina E (α-tocoferol), que é um antioxidante estrutural da

membrana, a maior parte dos agentes antioxidantes está no meio intracelular. Existem

várias evidências da atividade protetora dos componentes do sistema antioxidante. As

lesões de reperfusão pós-isquemia de coração, rim, fígado e intestino são prevenidas por

SOD, CAT ou allopurinol, sendo este último um bloqueador da produção de O2-., pela via

da xantina-oxidase ( FERREIRA et al., 1997).

Em algumas doenças parasitárias, como a malária, níveis circulantes de alfa-

tocoferol, retinol e de vários carotenóides mostraram estar mais baixos nos pacientes do que

em indivíduos saudáveis. Entretanto, a relação entre infecção parasitária e níveis de

Page 31: Esquistossomose aguda

carotenóides depende de múltiplos fatores, em particular o parasita envolvido e o estado

imune dos pacientes. Desta forma, o papel de antioxidantes no desenvolvimento de doenças

e o interesse clínico potencial tem sido avaliar com cautela cada doença individual

(EBOUMBOU, et al., 2005).

Na figura 4, tem-se uma ilustração dos mecanismos de produção de EROs e dos

sistemas de defesa antioxidante.

Figura 4 – Diagrama esquemático mostrando os mecanismos de produção de EROs e os sistemas de defesa antioxidante (adaptado de GANDRA; ALVES; MACEDO, 2004).

1.2.2. ALGUNS PARÂMETROS USADOS COMO MARCADORES DO ESTRESSE

OXIDATIVO

1.2.2.1. MALONDIALDEÍDO (MDA)

O MDA é um dialdeído formado como um produto secundário durante a oxidação

de ácidos graxos poliinsaturados, principalmente o Ácido Araquidônico, sendo, portanto a

molécula que mais reage com o Ácido Tiobarbitúrico (TBA), sendo assim encontrada em

O2 O2- H2O2 H2O

SOD

H2O + O2

e- GSH GSSG

NADPH NADP+

- OHONOO -

Ataque oxidativo

Estruturas celulares

ABPM estrategicamente posicionados

Dano oxidativo ou nitrosativo

Produtos excretáveis não tóxicos

Fe2+

Fe3+NO

Arg

GPx

GPr

Reação de FentonReação não enzimática

Oxido Nitricosintetase

Redução monoeletrônica

CAT

Page 32: Esquistossomose aguda

maiores concentrações (RIO; STEWART; PELLEGRINI, 2005). O MDA é facilmente

detectado no plasma sanguíneo e é utilizado como medida da peroxidação lipídica e do

estresse oxidativo (NAVAB et al., 1996). O MDA produzido pela LPO é particularmente

útil para o monitoramento clinico de pacientes sofrendo de hepatite crônica viral, uma vez

que a sua concentração no plasma esta correlacionada com a severidade de doenças. Em

relação à infecção por S. mansoni, EROs são produzidas próximas aos ovos depositados no

fígado e permitem a destruição dos ovos. Entretanto, EROs têm efeitos colaterais

indesejáveis, uma vez que a homeostase redox do fígado é alterada com uma diminuição

nas defesas antioxidantes dos órgãos. No homem, a infecção por o S. mansoni está

associada a níveis aumentados de SRAT e de EROs circulantes (EBOUMBOU, et al.,

2005).

Sobre a estrutura química do MDA, este é um dialdeído de três carbonos, com

grupos carbonil no C-1 e na posição C-3. Existem teorias diferentes sobre os mecanismos

possíveis da formação de MDA, através dos hidroperoxidos sob a forma de ácidos graxos

polinsaturados, com três duplas ligações (triene) ou mais, associado com os fosfolipídeos

(FERNÁNDEZ-LÓPEZ, FERNÁNDEZ; PÉREZ-ÁLVAREZ, 1997).

Figura 5: Estrutura química do Malondialdeido.

1.2.2.2. CATALASE (CAT)

A catalase (CAT) é uma hemoproteína citoplasmática que catalisa a decomposição

do peróxido de hidrogênio (H2O2) a H2O e O2. Esta reação é importante, pois o H2O2 é

nocivo à célula devido a sua capacidade de atacar as cadeias de ácidos graxos insaturados

O

H

HO

Page 33: Esquistossomose aguda

presentes nas membranas, além de outras macromoléculas, como as proteínas (BENTHER,

1975).

Essa enzima está presente em animais, plantas, bactérias e fungos. Nos animais e

plantas pode ser encontrada nos peroxissomas e nos procariotos a sua localização é

citoplasmática. Em animais, pode ser encontrada no sangue, medula óssea, mucosas, rins e

fígado e sua atividade é dependente de NADPH. A suplementação de catalase exógena

previne a oxidação da GSH mediada pelo H2O2 em eritrócitos humanos normais, e também

inibe as lesões oxidativas do DNA do timo submetido à sobrecarga de Fe+++ (FERREIRA

et. al., 1997).

1.2.2.3. GLUTATIONA REDUZIDA (GSH)

A glutationa, um tripeptídeo (D-L-glutamil-L-cisteinil-glicina), existe no organismo

em suas formas reduzida (GSH) e oxidada (GSSG), atuando direta ou indiretamente em

muitos processos biológicos importantes, incluindo a síntese de proteínas, manutenção da

atividade celular, detoxificação de xenobióticos, metabolismo e proteção celular atuando

contra radicais livres (MEISTER, 1991). Esta molécula está presente na maioria das

células, sendo o tiol (-SH) mais abundante no meio intracelular. Sua capacidade redutora é

determinada pelo grupamento -SH, presente na cisteína (FERREIRA et al.,1997).

A glutationa é o mais abundante antioxidante intracelular, presente em todas as

células metabolicamente ativas. Este antioxidante apresenta importante papel na síntese de

proteínas, transporte de aminoácidos, síntese de DNA e RNA, balanço do estado redox,

controle da permeabilidade de íons na membrana plasmática e detoxificação de

xenobióticos pela reação de conjugação catalisada pela glutationa-S-transferase (CHOIN et

al., 1997). Além disso, o GSH pode detoxificar aldeídos reativos (como o malondialdeído)

que são gerados durante a peroxidação lipídica. Se, de fato, grande parte da reação do GSH

é obtida pela indução de suas enzimas, é necessária a manutenção do nível de GSH para

suportar a ação funcional das mesmas (JORDÃO et al., 1998).

Em particular, problemas na sua síntese e metabolismo estão associados a algumas

doenças, nas quais os níveis de glutationa e das enzimas que atuam no seu metabolismo

Page 34: Esquistossomose aguda

podem ser bastante significativos no diagnóstico de alguns tipos de câncer, bem como em

outras doenças relacionadas ao estresse oxidativo (HENSLEY et al., 2000).

Figura 6: Estrutura química da Glutationa Reduzida.

A glutationa redutase é uma enzima que não age diretamente na remoção de

espécies radicalares. Porém, é responsável pela regeneração da glutationa a sua forma

reduzida (GSH), na presença de Nicotinamida Adenina Dinucleotídio Fosfato (NADPH),

tendo como objetivo impedir a paralisação do ciclo metabólico da glutationa. Devido a isto

a glutationa em sua forma reduzida tem importância fisiológica na manutenção do

metabolismo antioxidante (ROVER, 2001). Em situações de estresse oxidativo muito

intenso, o GSH pode ser perdido de modo irreversível, permanecendo na forma oxidada e

não sendo novamente reduzido (JORDÃO et al., 1998).

1.3. ESTRESSE OXIDATIVO X ESQUISTOSSOMOSE

O estudo atual está focalizado nos parâmetros sanguíneos associados com o estresse

oxidativo crônico, como espécies reativas de oxigênio tendo papel central na

fisiopatologia da esquistossomose. Enzimas antioxidantes são fundamentais no processo

de resposta celular contra espécies reativas de oxigênio (CAMPOS et al., 1995). Nos

indivíduos infectados por Schistosoma mansoni, os radicais livres de oxigênio (RLO) são

produzidos de imediato com a proximidade dos ovos depositados e lideram a destruição

destes ovos (EBOUMBOU et al., 2005). Como a produção destas substâncias ocorre a

O

NN

HO OH

O

O

OSH

NH2

H

H

Page 35: Esquistossomose aguda

nível hepático, pacientes com esquistossomose podem apresentar alterações nos níveis

destas enzimas antioxidantes e moléculas, uma vez que esta patologia afeta

principalmente o fígado.

O metabolismo aeróbico do fígado implica em uma redução basal de EROs que,

em condições normais, são consumidas em proporção similar por mecanismos

antioxidantes. O fenômeno do estresse oxidativo constitui um desequilíbrio entre estes

processos em favor dos pró-oxidantes, condição que pode desencadear uma série de

eventos fisiopatológicos no fígado. As EROs podem danificar de forma direta, alterando

biomoléculas essenciais, com a conseqüente perda de sua função biológica e viabilidade

celular, e bem indiretamente, por ativação das células de Kupffer e outras células

parenquimatosas, de fatores de transcrição redox-sensíveis, que garantem a síntese de

mediadores proinflamatórios, citotóxicos e fibrinogênicos (LOZA et al., 2003).

1.4. AVALIAÇÃO LABORATORIAL

Estudos recentes, tanto em humanos, quanto experimentalmente em roedores,

revelam a existência de alterações no metabolismo lipídico associadas à forma

hepatoesplênica da esquistossomose mansônica, causando diminuição nos níveis de

colesterol total, fosfolipídios, da lipoproteína de alta densidade (HDL) e do triglicerídeo

plasmático, além da redução nos níveis da fração esterificada do colesterol. Pode-se dizer

que o decréscimo na fração esterificada do colesterol está relacionado à diminuição na

atividade de enzimas de origem hepática como a lecitina colesterol aciltransferase (LCAT)

plasmática. Esta enzima é sintetizada pelos hepatócitos e secretada na circulação,

catalisando a esterificação do colesterol na superfície da lipoproteína de alta densidade

(HDL) plasmática, promovendo o efluxo de colesterol dos tecidos periféricos (SILVA et

al., 2002a, SILVA et al., 2002b, RAMOS et al., 2004).

As alterações hepáticas constituem uma das mais importantes manifestações da

esquistossomose e alguns autores encontraram elevação da Gama Glutamil Transferase

(GGT) em pacientes com a forma hepatoesplênica da doença. Essa é uma glicoproteína

ligada à membrana celular responsável por catalisar a reação de grupos glutamil, entre eles

a glutationa, com qualquer dos inúmeros aminoácidos, possibilitando sua captação e

Page 36: Esquistossomose aguda

transporte. Também é responsável pela degradação da glutationa, podendo torná-la

disponível como fonte de cisteína para síntese protéica, sobretudo de albumina

(OLIVEIRA, 2000).

A biliverdina e a bilirrubina possuem propriedades pró e antioxidantes, além de

propriedades tóxicas in vitro e in vivo. O aumento da biliverdina é detectado em indivíduos

com necrose hepática e pode ampliar a atividade de certos oncogenes do fígado,

ocasionando câncer. No entanto, em condições normais, a atividade antioxidante da

bilirrubina suplanta sua atividade pró-oxidante. A atividade antioxidante da bilirrubina

ocorre principalmente quando se encontra ligada à albumina sérica, sendo esse complexo

considerado um dos antioxidantes naturais dos fluidos extracelulares (BARREIROS, 2006).

Quanto aos parâmetros hematológicos, o quadro leucocitário periférico tem sido

amplamente estudado na esquistossomose mansônica humana, sendo freqüente a eosinofilia

em pacientes esquistossomóticos (ATTA et al., 1981). Os eosinófilos têm a capacidade de

destruir os esquistossômulos através do mecanismo de citotoxicidade celular depende do

anticorpo (MACHADO et al., 2004).

Page 37: Esquistossomose aguda

OBJETIVOS

Page 38: Esquistossomose aguda

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL:

Avaliar as alterações nas concentrações das SRAT, conteúdo de GSH e atividade da

CAT no sangue de pacientes com esquistossomose aguda.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Avaliar o nível de peroxidação lipídica através da determinação do malondialdeído

plasmático e o consumo da glutationa reduzida em pessoas livres da esquistossomose

(grupo controle) e comparar com os valores obtidos em indivíduos portadores da doença;

- Avaliar a atividade da catalase nos indivíduos doentes comparando com

indivíduos não portadores de esquistossomose;

- Fazer a determinação dos parâmetros hematológicos (hemograma completo) e

bioquímicos (funções hepática e renal e perfil lipídico), correlacionando-os aos marcadores

de estresse oxidativo avaliados;

- Determinar da carga parasitária em amostras de fezes e fazer uma correlação com

os marcadores de estresse oxidativo avaliados;

Page 39: Esquistossomose aguda

METODOLOGIA

Page 40: Esquistossomose aguda

3. METODOLOGIA

3.1. COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

O presente projeto foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

UFRN, protocolo de número 070/06-CEP-UFRN, sendo este aprovado pelo referido

Comitê (ANEXO 1).

3.2. POPULAÇÃO DE ESTUDADA

O estudo caracterizado como caso-controle foi realizado com indivíduos adultos, de

ambos os sexos, faixa etária compreendida entre 16 e 30 anos, portadores de

esquistossomose (fase aguda) e indivíduos livres da doença (indivíduos sadios).

A primeira parte desse trabalho foi selecionar o grupo controle. Para isso, foram

estabelecidos alguns critérios de inclusão, como indivíduos aparentemente saudáveis, não

fumantes, com nenhuma doença de base (hipertensão e diabetes mellitus), gravidez, que

não fazem uso de medicamentos e sem histórico da esquistossomose. Para selecionar os

indivíduos portadores de esquistossomose que participaram da pesquisa, foi aplicado um

questionário para avaliar alguns parâmetros, tais como uso de fumo, bebidas alcoólicas,

presença de outra doença de base (hipertensão e diabetes mellitus), uso de medicamento e

gravidez os quais foram adotados como critérios de exclusão, bem como condições sociais

e econômicas da população do município de Touros-RN e o grau de esclarecimento dos

indivíduos sobre a doença (APÊNDICE 1).

3.2.1. GRUPO CONTROLE

Neste projeto, foram avaliados alguns parâmetros de estresse oxidativo em 30

(trinta) indivíduos adultos não portadores da doença, de ambos os sexos, alunos da

Faculdade de Farmácia da UFRN. A amostra utilizada foi o sangue obtido por punção

Page 41: Esquistossomose aguda

venosa. Além disso, foram feitas também análises de alguns parâmetros bioquímicos e o

hemograma completo.

3.2.2. INDIVÍDUOS COM A DOENÇA

Foi feita uma amostragem por conveniência pelas dificuldades de encontrar

pacientes não tratados e com isso não foi possível determinar o universo de pacientes com a

doença. Dessa maneira, foram selecionados 30 (trinta) indivíduos adultos, de ambos os

sexos, portadores de Esquistossomose, residentes no Município de Touros-RN. Estes

indivíduos foram submetidos à coleta de sangue por punção venosa e foram avaliados os

marcadores de estresse oxidativo propostos, além de alguns parâmetros bioquímicos e

hematológicos.

3.3. PROCEDIMENTOS

3.3.1. COLETA DO MATERIAL BIOLÓGICO

Foram colhidos 20 mL de amostras de sangue de ambos os grupos, no período de

abril de 2006 a fevereiro de 2007. A coleta foi realizada com material descartável, pela

manhã, após um período de 12 horas de jejum, conforme recomendações para a avaliação

da atividade da catalase, quantificação dos níveis séricos de MDA, GSH, exames

bioquímicos e hematológicos. Em seguida, as amostras foram distribuídas em tubos com

anticoagulante (EDTA 5% para MDA, CAT e hemograma e Heparina Sódica para GSH e

hemoglobina) ou sem (dosagens bioquímicas), e submetidas a procedimentos específicos

para cada análise, como mostrado na Figura 7. Todas as informações sobre a natureza deste

estudo, seus riscos e benefícios foram previamente transmitidas aos pacientes, para a

aquisição do termo de consentimento (APÊNDICE 2).

Page 42: Esquistossomose aguda

Figura 7: Fluxograma esquemático de distribuição das amostras de sangue.

3.3.2. ANÁLISES LABORATORIAIS

As análises do GSH, CAT e MDA, foram realizadas no Laboratório Multidisciplinar

LabMult, da Faculdade de Farmácia da UFRN. As análises Bioquímicas foram

desenvolvidas no Laboratório Integrado de Análises Clínicas (LIAC), o Hemograma no

Laboratório de Bioquímica Clínica e a Hemoglobina no Laboratório de Hematologia, todos

da Faculdade de Farmácia e pertencentes ao Departamento de Análises Clínicas e

Toxicológicas / UFRN, de acordo com o POP e normas especificados pelo fabricante.

3.3.2.1. AVALIAÇÃO DA PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA

3.3.2.1.1. Determinação das SRAT

A técnica utilizada para determinar a concentração do MDA determinada

colorimetricamente o produto de reação entre o TBA e o malondialdeído produzido durante

a quebra da reação entre lipídios peroxidados (DAHLE; HILL; HOLMAN, 1962, YAGI,

1982).

Page 43: Esquistossomose aguda

Para a realização desta técnica foram colhidos 5 mL de sangue total (com

anticoagulante EDTA 5%), centrifugado por 5 min. a 3000 rpm (1348 g), a 4°C. Após a

centrifugação, 300 μL do plasma foi colocado em um tubo de eppendorff e acrescentado

600 μL de TCA 30%. O mesmo foi agitado por 1 min. e, então, acrescentado 600 μL TBA

0,73%, sendo novamente agitado por mais 1 minuto. A amostra foi aquecida em banho-

maria a 100°C durante 1 hora, em seguida centrifugado por 10 min. a 825 g, a 4°C. Logo

após, o sobrenadante foi separado em tubo de ensaio para a leitura em absorbância de 535

nm (Shimadzu – UV mod. 1650 PC, Shimadzu Inc., Tokio/ Japão)

Para a realização do branco, foi feito o mesmo procedimento utilizado para a

amostra, mas sem a utilização de 300 μL plasma, e sim de 300 μL de água destilada.

O cálculo para a determinação da atividade do malondialdeído foi:

[SRAT] μmol/L = Absorbância em 535 nm x Diluição

ε

Onde:

- Diluição = 5

- ε = coeficiente de extinção molar (ou coeficiente de absorção molar) = 0,156 em 535 nm.

3.3.2.2. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS ANTIOXIDANTES

3.3.2.2.1. Determinação da Glutationa Reduzida

A glutationa tem como princípio reagir com o DTNB, formando um tiolato (TNB)

de cor amarelada, mensurável a absorbância de 412 nm (BEUTLER, 1963).

Para realizar a determinação da glutationa reduzida coletou-se 5 mL de sangue total

(colhidos com o anticoagulante heparina sódica), deste pipetou-se 200 μL em 800 μL de

TCA 12%, e o mesmo foi centrifugado por 5 min., a 1348 g, a 4ºC. Foi colocado, então,

100 μL do sobrenadante em 1,9 mL de solução Tampão Fosfato / NaCl (PM = 58,5,

140mM, pH = 7,4), sendo o mesmo agregado a 200 μL de DTNB, para posterior leitura a

412 nm. Em seguida, o branco foi preparado sem o sangue, centrifugado e submetido às

Page 44: Esquistossomose aguda

mesmas condições da amostra para posterior leitura a 412 nm (Shimadzu – UV mod. 1650

PC, Shimadzu Inc, Tokio/ Japão).

O cálculo para a determinação da atividade da Glutationa reduzida foi:

Mmol GSH-1 (mM) = A412 x Diluições

14,1

Onde:

- A412 = Absorbância a 412 nm.

- Diluições = 20 (1,9mL/ 0,1 mL cubeta)

- 14,1 = é o coeficiente de extinção molar (pH 8,0; pH 7,9 = 13,6) do ânion tiolato.

3.3.2.2.2. Determinação da atividade da Catalase - CAT (E.C. 1.11.1.6)

A técnica quantifica a velocidade de decomposição do peróxido de hidrogênio

(H2O2) a oxigênio (O2) e água (H2O) pela enzima catalase através do decréscimo de

absorbância a 230 nm (ε = 0,071 mM-1. cm-1) a 37ºC (BEUTLER, 1984).

Para realizar a determinação da catalase houve a necessidade de se preparar um

hemolisado do sangue. Assim, coletou-se aproximadamente 5 mL de sangue total (colhidos

com o anticoagulante EDTA 5%), sendo o mesmo centrifugado a 936 g por 10 min para

separar o plasma das hemácias. O plasma foi usado para medir as SRAT. Após a separação

do plasma os eritrócitos foram lavados com solução Tampão Fosfato/ NaCl (PM = 58,5,

140mM, pH = 7,4) e centrifugado a 1348 g por 10 min., a 4°C. Depois, transferiu-se 200μL

do precipitado para um tubo contendo 1,8 mL de solução de β-mercaptoetanol. O tubo foi

levado ao freezer por aproximadamente 20 min., sendo esse procedimento realizado 3

vezes. Em seguida, o tubo foi centrifugado por 40 min. a 11050 g, a 4 °C e o sobrenadante

obtido foi utilizado para a determinação da atividade da catalase.

Page 45: Esquistossomose aguda

Para isso, colocou-se 0,10 μL do sobrenadante em 1,99mL de Solução de β-

mercaptoetanol, e 20 μL desta solução foram transferidos para a cubeta de leitura, em um

meio de reação contendo Tris 1M / EDTA (5 mM, pH 8,0), e Peróxido de hidrogênio a 50%

(H2O2 10 mM).

Para a preparação do branco, preparou-se um pool do sobrenadante das amostras e

destes 20 μL foram colocados na cubeta de leitura, em um meio de reação contendo Tris

1M / EDTA (5 mM, pH 8,0).

As amostras foram lidas no SHIMADZU (Shimadzu – UV mod. 1650 PC,

Shimadzu –Inc., Tokio/ Japão) em absorbância 230nm.

O cálculo para a determinação da atividade da catalase foi:

CAT (U/mg de Hb) = �A230 x Diluições 39,5 x TE x Hb

- �A412 = Variação da absorbância a 230 nm por minuto.

- Diluição = 2,4 x 106

- 39,5 = é o coeficiente de extinção molar

- TE = tomado de ensaio

- Hb = hemoglobina em g/dL

3.3.2.3. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

3.3.2.3.1. Determinação da Glicose Sanguínea

A determinação da concentração da glicose sanguínea foi determinada por método

enzimático colorimétrico, utilizando-se kits de reagentes da Labtest® Glicose PAP. As

leituras foram realizadas em Analisador Bioquímico RA – 50 Bayer®, Dublin-Irlanda,

sendo considerado como valor de referência da glicemia normal o intervalo entre 70 a 99

mg/dL, de acordo com o kit utilizado.

Page 46: Esquistossomose aguda

3.3.2.3.2. Determinação do Perfil Lipídico

A determinação das concentrações plasmáticas do Colesterol Total (CT), da

Lipoproteína de alta densidade (HDL) e do Triglicerídeo (TG), foram realizadas por

método enzimático colorimétrico, utilizando-se reagentes da Labtest®. Para a determinação

da Lipoproteína de baixa densidade (LDL), se utiliza a fórmula: LDL = CT – HDL +

(TG/5), quando o triglicerídeo for < 400mg/dl. As leituras foram realizadas em Analisador

Bioquímico RA – 50 Bayer®, Dublin-Irlanda, cujos valores de referência estão citados no

Quadro 1.

Quadro 1: Classificação do Perfil Lipídico.

PARÂMETROS VALOR DE REFERÊNCIA (mg/dl)

CATEGORIA

Colesterol Total < 200 200-239 ≥ 240

Ótimo Limítrofe

Alto HDL < 40

> 60 Baixo Alto

Triglicerídeos < 150 150 – 199 200 – 499 ≥ 500

Ótimo Limítrofe

Alto Muito Alto

LDL < 100 100 – 129 130 – 159 160 – 189 ≥ 190

Ótimo Desejável Limítrofe

Alto Muito Alto

Fonte: NCEP III, 2001.

3.3.2.3.3. Determinação da Função Hepática

A determinação das concentrações séricas da Aspartato Amino Transferase (AST),

da Alanina Amino Transferase (ALT), e da Gama-Glutamil-Transferase (GGT), foram

Page 47: Esquistossomose aguda

realizadas utilizando kits Labtest®. As leituras foram realizadas em Analisador Bioquímico

RA – 50 Bayer®, Dublin-Irlanda. As concentrações sanguíneas de ALT e AST foram

avaliadas por método cinético UV-IFCC, tendo como valores de referência considerados

normais de 10 a 37 U/L em mulheres, e de 11 a 39 U/L em homens para a ALT e de 13 a 49

U/L em mulheres e de 14 a 50 U/L em homens para a AST. Já a concentração de GGT foi

determinada pelo método Szasz modificado com valores de referência considerados

normais que são de 5 a 27 U/L para mulheres e de 7 a 45 U/L para homens, de acordo com

o kit utilizado.

3.3.2.3.4. Determinação da Função Renal

A função renal foi avaliada pela concentração de uréia e de creatinina, ambas

utilizando kits de reagentes Labtest®, sendo a uréia avaliada por método colorimétrico e a

creatinina por método cinético. As leituras foram realizadas no aparelho Analisador

Bioquímico RA – 50 Bayer®, Dublin-Irlanda. Os valores de referência considerados

normais são de 15 a 40 mg/dl para a uréia e de 0,4 a 1,3 mg/dl para a creatinina.

3.3.2.3.5. Entrega de resultados dos parâmetros bioquímicos

Todos os resultados dos parâmetros bioquímicos foram entregues aos indivíduos em

forma de formulários padronizados no setor que se realizou os exames (ANEXO 2).

3.3.2.4. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS

3.3.2.4.1. Determinação do Hemograma Completo

Para a realização do hemograma completo, foram colhidos 4 mL de sangue com

EDTA 5% (anticoagulante) e o mesmo foi lido por equipamento automatizado ABX 60

DIAGNOSTICS (ABX, LTDA., Montpellier, França). Assim, foram obtidos os resultados

da série eritrocitária, da série leucocitária, e das plaquetas. A contagem diferencial das

Page 48: Esquistossomose aguda

células sanguíneas foi feita em microscópio ótico, onde se obteve a contagem global das

células sanguíneas.

3.3.2.4.2. Determinação da Hemoglobina no Eritrócito

A hemoglobina no eritrócito foi determinada com a finalidade de utilizar a mesma

nos cálculos da Catalase (CAT), podendo também correlacioná-la com os resultados

obtidos. Foram utilizados nesta análise a solução de Drabkin (reagente de cor) e o padrão

de hemoglobina Labtest®. As leituras foram realizadas no Espectrofotômetro COLEMAN-

395-UV - Brasil. Nesse método, os compostos de hemoglobina, com exceção da

sulfahemoglobina, são rapidamente convertidos a cianometahemoglobina, sob a ação do

cianeto e ferrocianeto de potássio (VAN KAMPEN; ZIJLSTRA, 1961).

Para a determinação da concentração de hemoglobina, foram colhidos 4 mL de

sangue com heparina sódica (anticoagulante) e retirados 20μL para a reação com 5mL da

solução de Drabkin. Após 10 minutos, à temperatura ambiente, a leitura foi realizada em

um comprimento de onda de 540nm, contra um branco reativo. O cálculo final da

concentração de hemoglobina foi realizado utilizando-se um fator de calibração, obtido

através da curva padrão de hemoglobina comercial (Labtest®). A concentração de

hemoglobina foi expressa em mg/mL.

O cálculo para a determinação do valor da hemoglobina é:

Hb = Fc x Abs(AM)

Onde:

- Hb = a concentração da hemoglobina no eritrócito

- Fc = Fator de calibração

- Abs(AM) = Absorbância da amostra medida no espectrofotômetro pelo comprimento de

onda de 540nm.

Page 49: Esquistossomose aguda

O cálculo para o fator de calibração é:

Fc = [ ] padrão Abs padrão

3.3.2.4.3. Entrega de resultados dos parâmetros hematológicos

Todos os resultados dos parâmetros hematológicos foram entregues aos indivíduos em

forma de formulários padronizados no setor que se realizou os exames (ANEXO 3).

3.3.2.5. AVALIAÇÃO DA CARGA PARASITÁRIA

A avaliação da carga parasitária foi feita pelo método de Kato-katz. Esse é um

método direto, qualitativo e quantitativo, que tem como finalidade permitir a visualização e

contagem de ovos por grama de fezes presente no individuo parasitado com o Schistosoma

mansoni fornecendo um indicador seguro para se avaliar a intensidade da infecção e a

eficácia do tratamento. Para isso, utiliza-se uma solução diafanizadora (DIAFIX), fixadora e

clarificante. Essa técnica consiste em uma simplificação do método de Kato, introduzida

por Katz e col. Sobre uma pequena amostra de fezes colocada sobre papel absorvente

deposita-se uma tela de nylon que comprimida com auxílio da espátula fará com que parte

das fezes passe através de suas malhas. Estas são recolhidas com a espátula e comprimidas

no orifício de uma placa perfurada, que já deverá estar sobre uma lâmina, até que este se

encontre cheio. Retirar o excesso de fezes com a lateral da espátula. Levantar a placa

perfurada, inclinando, inicialmente, uma das extremidades e retirá-la de modo a permanecer

sobre a lâmina de vidro um cilindro de amostra fecal. Sobre este cilindro é colocada uma

lâmina de celofane, previamente embebida em solução de DIAFIX. A lâmina é em seguida

invertida sobre uma superfície lisa e pressionada de modo a espalhar uniformemente o

material entre lâmina e lamínula evitando o extravasamento das fezes. Aguarda-se 30

minutos para a clarificação do esfregaço fecal e examina-se ao microscópio. A referida

técnica está ilustrada na Figura 8. A lâmina assim preparada conserva-se por cerca de um

Page 50: Esquistossomose aguda

ano, sendo utilizada para identificação de ovos de helmintos como o Schistosoma mansoni

(CHAVES et al., 1979).

Figura 8: Diagrama esquemático da técnica de Kato-Katz.

3.3.3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Na avaliação estatística dos resultados foi empregado teste t não pareado, para

amostras paramétricas e independentes (parâmetros bioquímicos e avaliação do estresse

oxidativo). O grau de significância adotado foi de p < 0,05. Os dados foram tabulados

através do programa Microsoft Excel (Microsoft Corporations Inc., 2002); para análise

Amostra

Tela de nylon

Suporte

Clarificação

Leitura

Page 51: Esquistossomose aguda

estatística, Graphpad Instat 3.01 (Graphpad Software Inc., 2004) e geração dos gráficos

através do programa Prism 4 for Windows (Graphpad Software Inc., 2004).

Page 52: Esquistossomose aguda

RESULTADOS E

DISCUSSÃO

Page 53: Esquistossomose aguda

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A GSH pode ser considerada um dos agentes mais importantes do sistema de defesa

antioxidante da célula, protegendo-a contra a lesão resultante da exposição a agentes

oxidantes. Concentrações baixas de GSH têm sido reportadas em algumas doenças e estão

associadas à maior risco de estresse oxidativo e da ocorrência de infecções oportunistas.

Esse decréscimo do GSH pode refletir o aumento na produção de antioxidantes num grau

que excederia a capacidade de detoxificação do GSH (JORDÃO JÚNIOR et al., 1998).

A Figura 9 mostra o conteúdo da molécula antioxidante (GSH) entre os grupos

estudados. Observamos nesta figura que houve diferença estatística significante entre os

grupos, que mostra uma diminuição da GSH nos indivíduos com esquistossomose (grupo

teste) (110,00 ± 26,46 vs. 55,91 ± 36,47 μmol/L), de aproximadamente 50%. Uma das

funções da GSH é prevenir efeitos deletérios da oxidação, inibindo o início da

lipoperoxidação, seqüestrando radicais livres, destruindo os mesmos (FERREIRA;

MATSUBARA, 1997, RODRIGUES et al., 2003).

Um excesso de agentes oxidantes e deficiência de GSH sugerem uma condição de

estresse oxidativo. Sendo, portanto, a depleção da GSH um forte indicativo de

estabelecimento de estresse oxidativo, já que esta é consumida no combate a níveis

elevados de radicais peróxidos pelo sistema glutationa peroxidase (FERREIRA;

MATSUBARA, 1997, GANDRA; ALVES; MACEDO, 2004).

Page 54: Esquistossomose aguda

* Teste t de Student, p < 0,05.

LEGENDA: Controle: indivíduos sem esquistossomose; Teste: indivíduos com esquistossomose.

Figura 9 - Concentração do conteúdo de GSH dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN e Natal/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Os resultados são expressos em média ± DP (p < 0,05).

CONTROLE TESTE0

30

60

90

120

150

*

GS

H (

μmol

/L)

Page 55: Esquistossomose aguda

Quanto a Figura 10, que mostra a atividade da enzima catalase, observa-se que não

houve diferença estatística significante entre os grupos estudados (2389,674 ± 915,9039 vs.

2398,259 ± 915,7844 U/mg de Hb). Isso pode ter ocorrido, provavelmente, devido à catalase

só ser ativada ou liberada quando há um excesso na concentração de H2O2, pois em

quantidades menores, a glutationa peroxidase supre o papel de transformar o peróxido de

hidrogênio em água. Isto significa dizer que, na maioria das vezes, a presença da catalase é

importante para proteger o organismo, em casos acentuados de estresse oxidativo

(URBINA et al., 2004, ANDRADE JÚNIOR et al., 2005).

Gharib (1999) e Abdallahi (1999) mostraram que portadores de esquistossomose na

fase crônica, tiveram uma diminuição da atividade da catalase, não tendo ocorrido o mesmo

no presente estudo, provavelmente por estes indivíduos estarem na fase aguda da doença.

* Teste t de Student, p < 0,05.

LEGENDA: Controle: indivíduos sem esquistossomose; Teste: indivíduos com esquistossomose.

Figura 10 - Atividade da catalase dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN e Natal/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Os resultados são expressos em média ± DP (p < 0,05).

CONTROLE TESTE0

100

200

300

CA

T U

/mg

de

Hb

Page 56: Esquistossomose aguda

A Figura 11 mostra a concentração da molécula oxidante MDA (SRAT) entre os

grupos estudados. Os resultados revelaram um aumento de SRAT no grupo de indivíduos

doentes, em relação ao grupo controle (4,72 ± 0,59 vs. 5,73 ± 0,91 nmol/mL). O aumento

observado no presente trabalho está de acordo com os resultados descritos por FACUNDO

et al., 2004, DEL RIO; STEWART; PELLEGRINI, 2005, EBOUMBOU et al., 2005, onde

mostram uma associação entre o Schistosoma mansoni e níveis elevados de substâncias

reativas ao ácido tiobarbitúrico (SRAT) e espécies reativas de oxigênio (EROs).

* Teste t de Student, p < 0,05.

LEGENDA: Controle: indivíduos sem esquistossomose; Teste: indivíduos com esquistossomose.

Figura 11 – Concentração da molécula oxidante MDA (SRAT) dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN e Natal/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Os resultados são expressos em média ± DP (p < 0,05).

CONTROLE TESTE0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

*

SR

AT

(n

mo

l/m

L)

Page 57: Esquistossomose aguda

O perfil bioquímico entre os grupos estudados está apresentado na Tabela 1, onde se

pode observar que os valores de AST encontram-se estatisticamente elevados no grupo

teste, em comparação ao grupo controle (22,11 ± 6,70 vs. 30,76 ± 9,55 U/L). O mesmo não

ocorrendo com a bilirrubina total (1,06 ± 0,36 vs. 0,82 ± 0,29 mg/dL) e indireta (0,64 ±

0,23 vs. 0,48 ± 0,23 mg/dL) e a creatinina (0,91 ± 0,34 vs. 0,69 ± 0,17 mg/dL), uma vez

que esses parâmetros encontram-se diminuídos quando comparados ao grupo controle.

A doença cursa com um processo inflamatório crônico, que pode levar a lesões em

locais distantes. A diminuição da creatinina pode ter ocorrido devido a antígenos

parasitários e complexos antígeno-anticorpo, que tendem a se depositar em certos órgãos.

Esses imunocomplexos são capazes de desencadear reações inflamatórias, e nos rins se

depositam no glomérulo, levando ao aparecimento de lesões (REY, 2001).

O fato de não terem ocorrido alterações nos outros parâmetros bioquímicos desses

indivíduos pode ser justificado por estarem os mesmos na fase aguda da doença. Além

disso, não existe uma relação entre uma elevada carga parasitária e alterações bioquímicas

(AMARAL et al., 2002).

Page 58: Esquistossomose aguda

Tabela 1 – Parâmetros bioquímicos dos pacientes avaliados do município de Touros/ RN e do grupo controle de Natal/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Os resultados são expressos em média ± DP (p < 0,05).

Analitos CONTROLE TESTE

Média ± Média ± AST (U/L) 22,11 6,70 30,76 * 9,55 ALT (U/L) 20,18 14,99 26,06 16,10 Glicose (mg/dL) 75,90 7,38 72,42 10,99 Colesterol (mg/dL) 173,97 32,19 176,79 58,86 HDL (mg/dL) 41,45 8,10 37,38 10,53 LDL (mg/dL) 112,72 28,71 113,25 47,46 Triglicérides (mg/dL) 99,24 82,21 88,58 62,99 Uréia (mg/dL) 24,41 7,33 25,14 6,34 Creatinina (mg/dL) 0,91 0,34 0,69 * 0,17 GGT (U/L) 22,58 16,26 25,68 14,44 Bilirrubina total (mg/dL) 1,06 0,36 0,82 * 0,29 Bilirrubina direta (mg/dL) 0,41 0,20 0,35 0,25 Bilirrubina indireta (mg/dL) 0,64 0,23 0,48 * 0,23

* Teste t de Student, p < 0,05

LEGENDA: AST (Aspartato Amino Transferase), ALT (Alanina Amino Transferase), HDL (Lipoproteína de alta densidade), LDL (Lippoproteína de baixa densidade), GGT (Gama-Glutamil Transferase). Valores de referência: AST e ALT de 10-37 U/L para mulher e de 11-39 U/L para homem, Colesterol total, inferior a 200 mg/dL, HDL ≥ 60 mg/dL, LDL < 100 mg/dL, Triglicerídeos < 150 mg/dL, Uréia 15 a 40 mg/dL, Creatinina 0,4 a 1,3 mg/dL, GGT de 7-45 U/L, BilirrubinaTotal até 1,2 mg/dL, Bilirrubina Direta até 0,4 mg/dL.

Page 59: Esquistossomose aguda

Em relação ao perfil hepático, mostrado na Figura 12, pode-se observar que o grupo

de pacientes com esquistossomose apresentou valores aumentados de AST (30,76 ± 9,55

U/L) em relação ao grupo controle (22,11 ± 6,70 U/L). Tal fato não foi observado ao

analisar a ALT (26,06 ± 16,10 vs. 20,18 ± 14,99 U/L) e a GGT (22,58 ± 16,26 vs. 25,68 ±

14,44 U/L).

Sugere-se que o aumento da AST está relacionado com a presença de um possível

dano hepático provocado pelo parasita nos indivíduos com a doença, mostrando que o

fígado desses indivíduos pode está comprometido (ALVES JÚNIOR et al., 2003).

AMARAL et al., em 2002, relataram que a GGT pode estar aumentada em

indivíduos que estejam na forma hepatoesplênica da doença. Entretanto, são necessários

novos estudos para entender o mecanismo responsável pelo aumento de GGT nessa forma

clínica da doença. No presente trabalho, esse aumento não foi observado, uma vez que

todos os indivíduos estão na fase aguda da doença segundo diagnóstico clínico obtido na

localidade. Isso mostra que os resultados encontrados estão de acordo com a literatura.

Além disso, no trabalho acima citado, sugere-se que a ALT pode estar aumentada devido à

quantidade de ovos depositados pelo parasita, não tendo correlação com o aumento da

GGT.

Nos indivíduos portadores da doença, observa-se uma depleção nos níveis de

bilirrubina total e indireta quando comparado ao grupo controle. Isto poderia ter relação

com o papel antioxidante desta molécula, pois a possível condição de estresse oxidativo

causada pela esquistossomose levaria a um maior consumo da bilirrubina ao tentar

combater os radicais livres. O mesmo não foi observado para a bilirrubina direta, que se

mostrou sem alterações relevantes. Outro fator importante seria uma menor oferta de

grupamentos heme refletida em valores menores de hemoglobina neste grupo, o que foi

mostrado na Tabela 2, corroborando os resultados encontrados em outros trabalhos

(GANDRA; ALVES; MACEDO, 2004).

Page 60: Esquistossomose aguda

* Teste t de Student, p < 0,05

LEGENDA: ALT (Alanina Amino Transferase), AST (Aspartato Amino Trasferase), GGT (Gama-Glutamil Transferase), BT (Bilirrubina Total), BD (Bilirrubina Direta), BI (Bilirrubina Indireta). Valores de referência: AST e ALT de 10 - 37 U/L para mulher e de 11-39 U/L para homem, GGT de 7-45 U/L, BT até 1,2 mg/dL, BD até 0,4 mg/dL.

Figura 12 – Perfil hepático do grupo com esquistossomose do município de Touros/ RN e do grupo controle de Natal/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Os resultados são expressos em média ± DP (p < 0,05).

0

10

20

30

40

50

CONTROLETESTE

ALT(U/L)

AST(U/L)

GGT(U/L)

BTx10(mg/dL)

BD x 10(mg/dL)

BI x 10(mg/dL)

*

*

*

Page 61: Esquistossomose aguda

A Figura 13 mostra uma relação entre o perfil hepático com o MDA (molécula

utilizada como indicador de peroxidação lipídica) e com o GSH (molécula utilizada como

parâmetro antioxidante). Observa-se nesta figura, no grupo de indivíduos com a doença, um

aumento nas concentrações de AST, em relação ao grupo controle. Apesar de não ter sido

observado um aumento da ALT no presente trabalho, estudos anteriores sugerem que a

elevada carga parasitária seja um dos mecanismos de elevação da ALT na esquistossomose

mansônica (AMARAL et al., 2002).

Uma elevada carga parasitária irá produzir MDA e conseqüentemente irá provocar

uma condição de estresse oxidativo, isso poderá estar levando ao dano hepático

evidenciado pelo aumento de AST. Ao mesmo tempo, a GSH estará sendo requisitada para

o local com o objetivo de proteger o organismo dos radicais livres formados ao redor dos

ovos. Assim, a glutationa será consumida, justificando os níveis diminuídos encontrados

(EL-SHENAWY, SOLIMAN, ABDEL, 2006).

Page 62: Esquistossomose aguda

* Teste t de Student, p < 0,05.

LEGENDA: ALT (Alanina Amino Transferase), AST (Aspartato Amino Trasferase), MDA (Malondialdeído), GSH (Glutationa Reduzida). Valores de referência: AST e ALT de 10 - 37 U/L para mulher e de 11-39 U/L para homem.

Figura 13 – Concentração das moléculas antioxidante/ oxidante correlacionado com o perfil hepático dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN e Natal/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Os resultados são expressos em média ± DP (p < 0,05).

0

25

50

75

100

125

150CONTROLE

TESTE

ALT(U/L)

AST(U/L)

MDA(nmol x10/mL)

GSH(μmol/L)

*

*

*

Page 63: Esquistossomose aguda

A Figura 14 expressa o perfil lipídico dos pacientes portadores de esquistossomose

em relação ao grupo controle. Entre os grupos teste e controle não foram observadas

diferenças para os parâmetros utilizados.

Em virtude desses indivíduos estarem na fase aguda da doença, provavelmente, não

apresentaram alterações no perfil lipídico, uma vez que estudos anteriores relatam alteração

apenas na forma hepatoesplênica da esquistossomose (SILVA et al., 2002b, FLAMME et

al., 2007 ).

Teste t de Student, p < 0,05.

LEGENDA: CT (Colesterol Total), HDL (Lipoproteína de Alta Densidade), LDL (Lipoproteína de Baixa Densidade), TRIG (Triglicerídeo). Valores de referência: CT inferior a 200 mg/dL, HDL ≥ 60 mg/dL, LDL < 100 mg/dL, TRIG < 150 mg/dL.

Figura 14 – Perfil lipídico do grupo com esquistossomose do município de Touros/ RN e do grupo controle de Natal/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Os resultados são expressos em média ± DP (p < 0,05).

0

50

100

150

200

250 CONTROLETESTE

CTmg/dL

HDLmg/dL

LDLmg/dL

TRIGmg/dL

mg

/dL

Page 64: Esquistossomose aguda

A Tabela 2 mostra os valores médios obtidos para os diferentes parâmetros do

eritrograma, leucograma e plaquetas, a partir da coleta do sangue periférico dos indivíduos

dos grupos estudados.

Em relação ao eritrograma, o grupo de indivíduos com esquistossomose apresentou o índice

hematimétrico CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média) abaixo dos

valores de referência quando comparados ao grupo controle (32,36 ± 1,22 vs. 31,06 ± 0,80

g/dL). Apesar dos resultados não caracterizarem um quadro anêmico nos pacientes com

esquistossomose, observa-se uma tendência de diminuição no aporte de grupamento heme,

o que também se reflete em menores concentrações séricas de bilirrubina total e indireta,

como mostrado anteriormente na Tabela 1. Isso poderia evidenciar um quadro adaptativo

ao curso da doença.

Em relação aos outros parâmetros do eritrograma, encontrados para os indivíduos

doentes, todos estão dentro dos padrões de normalidade.

Com relação ao leucograma, os resultados do presente estudo mostraram valores

médios elevados para leucócitos (5558,62 ± 1138,46 vs. 7985,71 ± 1809,79 mm3) e

eosinófilos (2,66 ± 2,21 vs. 9,94 ± 7,11 %) nos indivíduos com esquistossomose, em

relação ao grupo controle. Sobre os leucócitos, Atta et al. (1981), fazendo uma revisão

sobre a esquistossomose constatou em seus experimentos, que estas células tendem a

aumentar com a evolução da infecção. Além disso, pode-se sugerir uma relação desse

aumento com o estresse oxidativo, uma vez que as EROs são liberadas pelos neutrófilos e

eosinófilos na tentativa de destruir os ovos, in vitro (FELDMAN, DANNENBERG

JÚNIOR, SEED, 1990).

Vale ressaltar, que os valores elevados de eosinófilos encontrados nos hemogramas

realizados sugerem a presença de enteroparasitas nos indivíduos, visto que os mesmos

consomem ferro do organismo, componente interno da hemoglobina (KATSURAGAWA et

al., 2004). Além disso, os eosinófilos têm a capacidade de destruir os esquistossômulos

através do mecanismo de citotoxicidade celular dependente do anticorpo, se mostrando em

valores médios elevados (MACHADO et al., 2004). Um outro fator importante sobre estas

células é que as mesmas estão presentes em situação de estresse oxidativo, pois produzem

grandes quantidades de EROs quando ativados, participando também da destruição de

Page 65: Esquistossomose aguda

ovos, sendo este último fato relatado no trabalho de Atta e col. (ATTA et al., 1981,

PEREIRA, 1996).

Observou-se também, um aumento no número das plaquetas (230034,48 ± 50664,50

vs. 267588,24 ± 40857,56 mil/ mm3) dos indivíduos doentes, em relação ao grupo controle.

Isso pode ter ocorrido devido a uma inflamação por formação de granuloma, pois os

mesmos atraem para a região necrosada, plaquetas, juntamente com leucócitos e

macrófagos, sendo esse fato demonstrado em qualquer fase da doença em que o indivíduo

se encontre, independente do grau de lesão hepática (SOARES et al., 2007).

Tabela 2 – Parâmetros hematológicos dos pacientes avaliados do município de Touros/ RN e do grupo controle de Natal/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Os resultados são expressos em média ± DP (p < 0,05).

Analitos CONTROLE TESTE

Média ± Média ± Hematócrito (%) 39,18 4,58 41,26 3,82 Hemoglobina (g/dL) 14,39 2,52 13,48 2,74 Hemácias (milhões/mm3) 4,40 0,49 4,61 0,44 VCM (fL) 89,00 4,05 89,71 3,87 HCM (pg) 28,86 1,72 27,84 1,51 CHCM (g/dL) 32,36 1,22 31,06 * 0,80 Leucócitos (mm3) 5558,62 1138,46 7985,71 * 1809,79 Blastos (%) 0,00 0,00 0,00 0,00 Mielócitos (%) 0,00 0,00 0,00 0,00 Metamielócitos (%) 0,00 0,00 0,00 0,00 Bastões (%) 1,00 0,00 1,00 0,00 Segmentados (%) 58,22 6,71 47,94 11,69 Eosinófilos (%) 2,66 2,21 9,94 * 7,11 Basófilos (%) 0,00 0,00 0,00 0,00 Linfócitos (%) 32,48 1,41 36,82 8,95 Linfócitos atípicos (%) 0,00 0,00 0,00 0,00 Monócitos (%) 4,86 2,13 4,27 1,79

Plaquetas (mil/mm3) 230034,48 50664,50267588,24

* 40857,56

* Teste t de Student, p < 0,05

LEGENDA: VCM (Volume Corpuscular Médio), HCM (Hemoglobina Corpuscular Média), CHCM (Concentração de Hemoglobina) Valores de referência: Hematócrito de 36 a 47 % , Hemoglobina de 11 a 16 g/dL, Hemácias de 4 a 5,6 106/mm3, VCM de 82 a 96 fL, HCM de 27 a 32 pg, CHCM de 32 a 36 g/dL, Leucócitos 4.000 a 11.000 /mm3, Plaquetas 150 a 450 103/mm3, Eosinófilos 1 a 5 %.

Page 66: Esquistossomose aguda

A Figura 15 mostra a relação do MDA com o número de ovos depositados pelo

parasita, por grama de fezes. Observa-se um aumento do MDA, de acordo com o aumento

da quantidade de ovos eliminados nas fezes dos indivíduos infectados.

Trabalhos anteriores corroboram os resultados encontrados, pois relatam que as

espécies reativas de oxigênio (EROs) são produzidas nas proximidades dos ovos

depositados no fígado, num processo de inflamação granulomatosa, permitindo assim, a

destruição dos mesmos (ABDALLAHI et al., 1999, EBOUMBOU et al., 2005).

Sabe-se, ainda, que as EROS atraem para o local, algumas células de defesa, como

macrofágos e eosinófilos, além de moléculas e enzimas antioxidantes, com esta mesma

função. Entretanto, as EROs apresentam também, efeitos deletérios, uma vez que o estado

redox do fígado é alterado com uma diminuição das defesas antioxidantes no organismo

(FELDMAN; DANNENBERG JÚNIOR; SEED, 1990, EBOUMBOU et al., 2005).

LEGENDA: SRAT (Substâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico)

Figura 15 – Correlação entre SRAT e o número de ovos por grama de fezes dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Significativos para *p < 0,05 de acordo com o teste de correlação Spearmann.

0 50 100 1503

4

5

6

7

8

*

Ovos/g de fezes

SR

AT

(n

mo

l/m

L)

Page 67: Esquistossomose aguda

Os resultados mostrados na Figura 16 mostram a correlação negativa do GSH com o

número de ovos depositados pelo parasita por grama de fezes. É possível verificar uma

tendência da diminuição do GSH, apesar deste dado não se mostrar estatisticamente

significativo. Alguns trabalhos relatam que a expressão das enzimas antioxidantes pode ser

afetada por vários fatores, como processos inflamatórios, algumas doenças e estados de

imunodeficiência, isso por haver um desbalanço entre os radicais livres, presentes em altas

quantidades e poucos antioxidantes suficientemente formados para destruí-los (ZELCK;

VON JANOWSKY, 2003, HANNA et al. 2005).

Abdallahi et al., 1999, mostraram que células inflamatórias liberam EROS ao redor

dos ovos, tão logo alguns granulócitos estejam presentes. Ao mesmo tempo, a atividade de

enzimas seqüestradoras de H2O2, como catalase e glutationa peroxidase diminuem

drasticamente, como também os estoques de glutationa reduzida, no fígado.

Portanto, sugere-se que quanto maior a carga parasitária, a reação inflamatória é

intensificada, conseqüentemente, ocorre uma tendência de diminuição dos níveis de GSH,

como mostrado na Figura 16.

LEGENDA: GSH (Glutationa Reduzida)

Figura 16 – Correlação entre o GSH e o número de ovos por grama de fezes dos pacientes avaliados no município de Touros/ RN, no período de abril de 2006 a fevereiro de 2007. Significativos para *p < 0,05 de acordo com o teste de correlação Spearmann.

0 50 100 1500

50

100

150

Ovos / g de fezes

GS

H (

μm

ol/

L)

Page 68: Esquistossomose aguda

CONCLUSÕES

Page 69: Esquistossomose aguda

5. CONCLUSÕES

Diante do exposto, observou-se que os indivíduos com a doença possuem alterações

nos níveis de alguns parâmetros do estresse oxidativo (MDA e GSH), entretanto o mesmo

não foi observado em relação à CAT.

A peroxidação lipídica demonstrada pelo aumento de MDA, assim como a

diminuição de GSH sugerem um possível quadro de estresse oxidativo no grupo de

indivíduos com esquistossomose (grupo teste).

Além disso, apresentam alterações significativas em parâmetros bioquímicos nos

níveis de bilirrubina total e indireta, AST e creatinina; e em parâmetros hematológicos

como o CHCM, leucócitos, eosinófilos e plaquetas.

Os resultados sugerem uma forte associação entre a carga parasitária e a intensidade

de lipoperoxidação lipídica nesses indivíduos.

Ao compararmos os resultados obtidos nesse estudo com os encontrados na

literatura, verificou-se que os mesmos foram compatíveis, concluindo-se assim que a

metodologia utilizada na padronização da extração e dosagem de moléculas e enzimas dos

indivíduos do grupo controle e do grupo teste foi adequada.

Os achados encontrados nesse trabalho reforçam a possibilidade do estresse

oxidativo contribuir para a patologia associada ao Schistosoma mansoni.

Page 70: Esquistossomose aguda

PERSPECTIVAS

Page 71: Esquistossomose aguda

6. PERSPECTIVAS

Pretende-se elaborar novas atividades educativas para aplicação no Município de

Touros/RN, tanto para a comunidade, como também para os profissionais da área de saúde,

através de filmagem, peça teatral com fantoches, entre outras.

A continuação deste estudo, também é uma perspectiva para nosso grupo de

pesquisa, já que foram quantificadas algumas substâncias que avaliam o estresse oxidativo

dos pacientes ainda no curso da doença. Portanto, pretende-se realizar as mesmas técnicas,

avaliações e comparações nos pacientes após o tratamento, e assim, estudar todo o

andamento do estresse oxidativo em pacientes com esquistossomose, tratados e não

tratados. Além disso, é de grande relevância verificar os parâmetros bioquímicos e

hematológicos de indivíduos na fase crônica da doença.

Como o sistema imune tem uma participação na fisiopatologia da esquistossomose,

seria interessante avaliar o perfil imunológico nas duas fases da doença.

Uma outra perspectiva desse trabalho é estudar outros índices que avaliam o

estresse oxidativo, como a determinação da atividade da superóxido dismutase e glutationa

peroxidase, que podem reforçar os resultados obtidos.

Pode-se também, avaliar se uma suplementação com antioxidantes de defesa

secundária como as vitaminas E e C, diminuiria a situação de estresse dos indivíduos com

esquistossomose.

Page 72: Esquistossomose aguda

REFERÊNCIAS

Page 73: Esquistossomose aguda

7. REFERÊNCIAS

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Page 79: Esquistossomose aguda

ANEXOS

Page 80: Esquistossomose aguda

ANEXO 1

Page 81: Esquistossomose aguda

ANEXO 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

LABORATÓRIO INTEGRADO DE ANÁLISES CLÍNICAS – LIAC

PACIENTE: _______________________________ IDADE: _____ REGISTRO: _____

INDICAÇÃO CLÍNICA: _______________________ LEITO: _____ ENF: _____

EXAMES BIOQUÍMICOS NO SANGUE

Resultado Referências normais GLICEMIA DE JEJUM 70-100 mg/dL

COLESTEROL Inferior a 200 mg/dL COLESTEROL HDL ≥ 60 mg/dL COLESTEROL LDL < 100 mg/dL

TRIGLICERIDES < 150 mg/dL ALT M: 10-37 U/L

H: 11-39 U/L AST M: 10-37 U/L

H: 11-39 U/L UREIA 15-40 mg/dL

CREATININA 0,4-1,3 mg/dL OUTROS

Gama GT 7-45 U/L BILIRRUBINA TOTAL até 1,2 mg/dL BILIRRUBINA DIRETA até 0,4 mg/dL

BILIRRUBINA INDIRETA

-

________________________________________ Farmacêutico-Bioquímico/ CRF

Page 82: Esquistossomose aguda

ANEXO 3

LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS (LIAC) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PACIENTE: ............................................................................................... SEXO: ........... DATA DE NASC. ___/___/___ IDADE ........... MÉDICO: ...........................................................................................................................

HEMOGRAMA MATERIAL: SANGUE

ERITROGRAMA: Hematocrito .......................................................% (36,00 a 47,00) Hemoglobina .....................................................g/dL (11,50 a 16,00) Hemácias ...........................................................milhões mm3 (4,00 a 5,60) Volume Corpuscular Médio (VCM).................fl (82,00 a 96,00) Hemoglobina Corp. Media (HCM) ..................pg (27,00 a 32,00) Concentração Hemoglobina (CHCM)..............g/dl (32,00 a 36,00)

Leucócitos.........................................................../mm3 (4,000 a 11,000)

Blastos...................................................%.........0/mm3 0 a 0 0 a 0 Mielócitos..............................................%.........0/mm3 0 a 0 0 a 0 Metamielócitos.......................................%.........0/mm3 0 a 1 0 a 110 Bastões...................................................%.........../mm3 1 a 5 40 a 550 Segmentados..........................................%.........../mm3 54 a 62 2,1600 a 6,820 Eosinofilos.............................................%.........../mm3 1 a 5 40 a 550 Basófilos................................................%.........../mm3 0 a 1 0 a 110 Linfócitos...............................................%.........../mm3 20 a 40 800 a 4,400 Linfócitos atípico...................................%............/mm3 0 a 1 0 a 110 Monócitos.............................................%............./mm3 3 a 10 120 a 1,100

HEMATOSCOPIA SV=................................................................................................................................... SB=................................................................................................................................... SP=...................................................................................................................................

Contagem de plaquetas...........................................mil/mm3 (150,00 a 450,00) ______________________________________________________________________

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

QUESTIONÁRIO APLICADO NO MUNICIPIO DE TOUROS

Registro n°: __________ Data: _____/_____/_____ Datas das coletas: Amostras de fezes ____________________________________________________ Amostras de sangue ____________________________________________________

I) Identificação 1.1. Nome: _______________________________________________________________ 1.2. Idade: ________ 1.3. Sexo: F ( ) M ( ) 1.4. Naturalidade: ___________________ 1.5. Endereço:______________________________________________________________ 1.6. Bairro: ___________________ 1.7. Telefones para contato: __________________ 1.8. Grau de escolaridade: analfabeto( ) 1° grau ( ) 2 ° grau ( ) 3 ° grau ( ) 1.9. Condição socioeconômica da família: Profissão ocupação funcional: _________________ Está trabalhando? Sim( ) Não( )

Local de trabalho:________________________ *Perto de rio ou lagoa Sim( ) Não( ) Renda mensal: ( ) até 1 salário mínimo ( ) de 1 a 2 salários mínimos ( ) mais de 2 salários mínimos

II) Do meio familiar 2.1. Quantas pessoas moram na mesma casa: 1 a 3( ) 4 a 6( ) mais de 6( ) 2.2. Possui animal ? Sim( ) Não( ) Qual? Gato( ) Cão( ) Pássaro( ) Outros( ) 2.3. Tipo de habitação: Alvenaria( ) Taipa( ) Telhado( ) Sem telhado( ) Piso( ) Sem piso( ) Outros( ) 2.4. Água: encanada( ) poço( ) 2.5. Luz: Sim( ) Não( ) 2.6. Tipo de água ingerida: Ruim( ) CAERN( ) fervida/filtrada( ) mineral( ) 2.7. Como é desprezado o lixo de casa? Enterra( ) Queima( ) Recolhido( ) 2.8. Tem banheiro em casa? Sim( ) Não( ) *Tem sanitário? Sim( ) Não( )

III) Do exame físico: 3.1. Já teve alguma parasitose? Sim( ) Qual? ____________________ Não( ) 3.2. Já fez exame de fezes alguma vez? Sim ( ) Não ( ) 3.3. Já fez ou faz uso de medicamento para “verme” ? Sim( ) Qual? __________ Não( ) 3.4. Toma algum medicamento? Sim ( ) Qual? __________ Não ( ) 3.5. Está grávida? Sim ( ) Não ( ) * É fumante? Sim ( ) Não ( ) 3.6. Consome bebida alcoólica? Sim ( ) Freqüência? __________ Não ( ) 3.7. Tem Diabetes? Sim ( ) Não ( ) 3.8. Tem Hipertensão? Sim ( ) Não ( ) 3.9. Tem alguma outra doença? Sim ( ) Qual? __________ Não ( )

Page 85: Esquistossomose aguda

IV) Hábitos: 4.1. N° banhos/dia: ( )1 ( )2 ( )mais de 2 4.2. Usa toalhas de outras pessoas ? Sim( ) Não( ) 4.3. Corta as unhas? Sim( ) Não( ) * Rói as unhas? Sim( ) Não( ) 4.4. Anda sempre calçado? Sim ( ) Não ( ) 4.5. Protege os alimentos das moscas e baratas? Sim( ) Não( ) 4.6. Lava as mãos antes das refeições? Sim( ) Não( ) 4.7. Lava as mãos após ir ao banheiro? Sim( ) Não( )

V) Sinais e sintomas:5.1. Já eliminou ou elimina vermes? Sim( ) Não( ) 5.2.Sente: mal-estar? Sim( ) Não( ) cólicas abdominais ou dores na barriga? Sim( ) Não( ) dores nos músculos? Sim( ) Não( ) prurido (coceira) ? Sim( ) Onde? __________ Não( ) 5.3. Apresenta: fraqueza? Sim( ) Não( ) tonturas? Sim( ) Não( ) náuseas e vômitos? Sim( ) Não( ) prisão se ventre? Sim( ) Não( ) diarréia? Sim( ) Não( ) febre e calafrios? Sim( ) Não( ) tosse? Sim( ) Não( ) manchas na pele (pano branco)? Sim( ) Não( ) palidez? Sim( ) Não( ) vermelhidão na pele? Sim( ) Onde? __________ Não( ) falta de apetite? Sim( ) Não( ) perda de peso? Sim( ) Não( ) barriga grande? Sim( ) Não( )

VI) Questões relacionadas à esquistossomose:6.1. Já ouviu falar da Esquistossomose ou Barriga d’água? Sim ( ) Não ( ) 6.2. Já teve Esquistossomose ou Barriga D’água? Sim ( ) Quantas vezes? _____ Não ( ) 6.3. Conhece alguém que tem a doença? Sim ( ) Quantas pessoas? ______ Não ( ) 6.4. Costuma freqüentar rios ou lagoas como atividade de lazer? Sim ( ) Não ( ) 6.5. Sabe como se contamina? Sim ( ) Não ( ) 6.6. Já viu um caramujo? Sim ( ) Não ( ) 6.7. Sabe como se prevenir? Sim ( ) Não ( ) 6.8. Sabe como se trata? Sim ( ) Não ( )

OBSERVAÇÕES:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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APÊNDICE 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS TOXICOLÓGICAS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do projeto: Alterações nos mecanismos de defesa antioxidante (enzimas e moléculas) de pacientes com esquistossomose. Responsável pela pesquisa: Ana Claudia Galvão Freire

OBJETIVOS: 1. OBJETIVO GERAL:

Avaliar os níveis de malondialdeído (MDA), catalase (CAT) e glutationa reduzida (GSH) no sangue de pacientes com esquistossomose, comparando com os valores em indivíduos saudáveis. 2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: - Saber quais as alterações que ocorrem nas moléculas pró-oxidantes e antioxidantes em pacientes com esquistossomose.

- Fazer uma comparação da ação de algumas enzimas e moléculas (catalase, glutationa reduzida, e malondialdeído) produzidas pelo fígado entre pessoas sadias (grupo controle) e indivíduos com esquistossomose.

- Verificar o que foi modificado na ação das enzimas presentes no fígado, no indivíduo com esquistossomose.

PROCEDIMENTO: 1. Escolha dos indivíduos saudáveis (grupo controle) que estão dentro dos parâmetros desejados,

através de seleção na Faculdade de Farmácia da UFRN. 2. Escolha dos indivíduos que possuem esquistossomose na fase aguda e estão dentro dos parâmetros

desejados, através de dados da Secretaria Municipal de Saúde do município de Touros/RN, contidos nos prontuários médicos e aplicação de questionário.

3. Assinatura do termo de consentimento pelos os indivíduos escolhidos para a realização da pesquisa, autorizando que este nada tem contra em colaborar com a mesma.

4. Coleta das amostras de sangue em indivíduos sadios (grupo controle) e em indivíduos com esquistossomose, para medição de parâmetros bioquímicos necessários na pesquisa. Bem como, coleta de fezes para a realização do método de Kato-katz após o tratamento, para verificação de erradicação do parasita no indivíduo tratado.

5. Realização de exames que beneficiem estes indivíduos, como avaliação da função hepática em exames como TGO, TGP, e Gama-GT e realização de exame parasitológico de fezes após o tratamento.

6. Orientação aos indivíduos do município sobre a prevenção e tratamento da esquistossomose. 7. Palestras sobre a esquistossomose e outras doenças parasitárias de uma maneira geral, mostrando as

medidas de prevenção, como ocorre a contaminação e como deve ser o diagnóstico e tratamento.

RISCOS: As atividades propostas neste projeto oferecem o mínimo de risco à saúde dos indivíduos envolvidos na pesquisa. Dessa forma, podendo ser considerados os riscos referentes ao procedimento de coleta, tais como: hematomas, sangramentos e desmaios referentes à coleta do material biológico. Caso seja comprovado algum dano ou prejuízo decorrente da pesquisa, o sujeito será devidamente indenizado ou ressarcido. BENEFÍCIOS: Os benefícios deste trabalho, serão a identificação e confirmação do Schistosoma mansoni, bem como de outros parasitas através da realização de novos exames parasitológicos de fezes realizados após o tratamento dos pacientes. Além disso, serão feitos outros exames relacionados à doença, que avaliam o funcionamento hepático, será realizada também uma palestra educativa de orientação sobre prevenção e tratamento da esquistossomose e de outras parasitoses, pela mestranda Gina Michelle Macêdo da Cunha. CONFIDENCIAL DO ESTUDO: Os participantes do trabalho de pesquisa em questão terão a garantia do sigilo das informações geradas com as análises, até o limite permitido por lei. Além dos pesquisadores

Page 87: Esquistossomose aguda

envolvidos, apenas os componentes do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte poderão, em algum momento, ter acesso aos resultados da pesquisa, se necessário. Cada indivíduo será registrado e terá um número de identificação, o que garante o sigilo dos dados obtidos. Dessa forma, aidentidade do paciente não será revelada em qualquer relatório ou publicação científica resultante deste estudo. DANO E/ OU RESSARCIMENTO ADVINDO DA PESQUISA: Em caso de dano devidamente comprovado, resultante desta pesquisa, o sujeito será devidamente indenizado pela instituição responsável, sendo a pesquisa suspensa caso necessário. Em caso de gastos devidamente comprovados, resultantes da pesquisa, o sujeito será devidamente ressarcido. PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: O participante do projeto de pesquisa poderá desistir da colaboração em qualquer etapa e por qualquer motivo, sem que haja nenhuma penalidade ou prejuízo ao mesmo. CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO: Declaro que os responsáveis pela pesquisa informaram os riscos e benefícios do projeto de pesquisa a ser realizado e que após ter lido e compreendido as informações deste documento, estou disposto a participar de livre e espontânea vontade do estudo, sabendo que posso, a qualquer momento desistir de participar da pesquisa. Assim autorizo a utilização das informações obtidas com finalidade de desenvolver a pesquisa citada, como também a publicação do trabalho de forma escrita, podendo utilizar inclusive minhas informações. Concedo também o uso das informações para utilização em ensino e divulgação nos jornais e/ ou revistas científicas, desde que mantenham o sigilo sobre meu nome e identificação.

Nome do paciente: __________________________________________________________ Testemunha: ______________________________________________________________ Assinatura do paciente: ______________________________________________________

Natal, _____/______/______

COMPROMISSO DO INVESTIGADOR: Como coordenadora e responsável pelo projeto de pesquisa “ALTERAÇÕES NOS MECANISMOS DE DEFESA ANTIOXIDANTE (ENZIMAS E MOLÉCULAS) DE PACIENTES COM ESQUISTOSSOMOSE”, declaro que expliquei aos pacientes todos os procedimentos necessários para a realização do referido trabalho. Comprometo-me a cumprir o que foi acordado com os mesmos sobre os riscos e benefícios da pesquisa, de acordo com as normas estabelecidas na Resolução 196/96-CNS, procurando manter a integridade e bem estar dos indivíduos participantes neste projeto.

______________________________________ Assinatura do pesquisador responsável

Av. Gal. Cordeiro de Farias, s/n, Petrópolis, Natal/RN Telefone: 3215-4229

e-mail: [email protected]

Comitê de Ética em Pesquisa Universidade Federal do Rio Grande do Norte Telefone: 3215-3135