esquerda e direita políticas

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Esquerda e Direita políticas De acordo com as definições abaixo, percebe-se que pessoas ricas como banqueiros, grandes empresários e comerciantes, grandes proprietários e burgueses em geral, votem em partidos de direita, capitalistas e neoliberais - CDS/PP e PPD/PSD; estão a defender os seus interesses. Também se compreende que pessoas da classe média como professores, engenheiros, pequenos ou médios empresários e comerciantes, pequenos proprietários, pessoas com rendimentos médios, votem no centro esquerda, em social-democracias ou socialismo democrático PS; estão a defender os seus interesses. Também se compreende que pessoas com poucos rendimentos, que ganham apenas o salário mínimo e eventualmente são apenas muito pequenos proprietários, votem em partidos da esquerda unitária PCP e BE; estão a defender os seus interesses. Para compreender que pessoas muito ricas votem no centro-esquerda ou na esquerda unitária, temos que considerar que tais pessoas têm uma moral muito elevada. O que não se compreende é que pessoas da classe média ou a maioria dos operários que ganham apenas o salário mínimo votem em partidos de direita. Para perceber este fenómeno temos que considerar que tais pessoas têm pouca instrução política, estão alienadas e muito enganadas, ou hipnotizadas pela direita, ou são acéfalas (para desgraça deles). As opções políticas não devem ser regidas pela paixão, mas sim serem regidas pelo racionalismo. Uma pessoa que é adepta de um clube de futebol rege-se por uma paixão, é a inteligência emocional que está a reger essa opção. Mas na política não se deve aplicar a paixão mas sim usar a inteligência racional, a lógica científica. Assim repito, não percebo como é que pessoas pobres votam à direita; isto fere o raciocínio lógico. Os termos "Esquerda" e "Direita" apareceram durante a Revolução Francesa de 1789 quando os membros da Assembleia Nacional se dividiam em partidários do rei absolutista à direita do presidente da assembleia e simpatizantes da revolução à sua esquerda. No sec. 21, há quem prefira definir a conceção política de cada um em liberal ou antiliberal, democracia ou ditadura, individualismo ou coletivismo, etc. Porém, os cientistas políticos têm observado que as ideologias dos partidos políticos podem ser classificadas ao longo de um eixo esquerda-direita. Os partidos europeus estão classificados em nove famílias, que descrevem a maioria dos partidos da esquerda à direita em: esquerda unitária (PCP e BE), verdes, socialismo (democrático) e social-democracia (PS), direita-liberais (PT e PDR), democracia-cristã (CDS/PP e PPD/PSD), conservadores e extrema-direita. Existem ainda outros e não inscritos. Há um consenso geral de que a esquerda inclui comunistas e anarquistas, progressistas, ambientalistas, social-democratas e socialistas-democráticos (atualmente chamados apenas de socialistas), enquanto a direita inclui capitalistas, neoliberais, conservadores, reacionários, monárquicos, nacionalistas, fascistas e nazis. No mundo ocidental, desde o final do século 18, a burguesia descreve uma classe social, caracterizada por sua propriedade de capitais e sua visão materialista do mundo, que detém os meios de produção de riqueza, e cujas preocupações são o valor da propriedade e da preservação do capital, a fim de garantir a sua supremacia económica na sociedade. Denota a classe dominante das sociedades capitalistas. Nota: A seguir estão, em resumo, as definições teóricas de várias ideologias políticas. Se no meio disto existem corruptos, isso é um problema dos homens e não da ideologia que dizem professar. - Capitalismo é um sistema económico em que os meios de produção, distribuição, decisões sobre oferta, demanda, preço e investimentos são de propriedade privada e com fins lucrativos sem olhar a meios, a qualquer custo, e concentração de capital numa minoria dominante. O governo tem pouca influência no controlo da economia. Os lucros são distribuídos pelos proprietários que investem em empresas. Predomina o trabalho assalariado que aprofunda diferenças significativas de rendimento e riqueza. Historiadores e estudiosos argumentam que o

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Pretende-se com este artigo dar uma formação mínima às pessoas em geral sobre diversos sistemas políticos e económicos de forma a habilitá-las a um voto mais consciente.

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Esquerda e Direita políticas

De acordo com as definições abaixo, percebe-se que pessoas ricas como banqueiros, grandes empresários e comerciantes, grandes proprietários e burgueses em geral, votem em partidos de direita, capitalistas e neoliberais - CDS/PP e PPD/PSD; estão a defender os seus interesses. Também se compreende que pessoas da classe média como professores, engenheiros, pequenos ou médios empresários e comerciantes, pequenos proprietários, pessoas com rendimentos médios, votem no centro esquerda, em social-democracias ou socialismo democrático – PS; estão a defender os seus interesses. Também se compreende que pessoas com poucos rendimentos, que ganham apenas o salário mínimo e eventualmente são apenas muito pequenos proprietários, votem em partidos da esquerda unitária – PCP e BE; estão a defender os seus interesses. Para compreender que pessoas muito ricas votem no centro-esquerda ou na esquerda unitária, temos que considerar que tais pessoas têm uma moral muito elevada. O que não se compreende é que pessoas da classe média ou a maioria dos operários que ganham apenas o salário mínimo votem em partidos de direita. Para perceber este fenómeno temos que considerar que tais pessoas têm pouca instrução política, estão alienadas e muito enganadas, ou hipnotizadas pela direita, ou são acéfalas (para desgraça deles). As opções políticas não devem ser regidas pela paixão, mas sim serem regidas pelo racionalismo. Uma pessoa que é adepta de um clube de futebol rege-se por uma paixão, é a inteligência emocional que está a reger essa opção. Mas na política não se deve aplicar a paixão mas sim usar a inteligência racional, a lógica científica. Assim repito, não percebo como é que pessoas pobres votam à direita; isto fere o raciocínio lógico. Os termos "Esquerda" e "Direita" apareceram durante a Revolução Francesa de 1789 quando os membros da Assembleia Nacional se dividiam em partidários do rei absolutista à direita do presidente da assembleia e simpatizantes da revolução à sua esquerda. No sec. 21, há quem prefira definir a conceção política de cada um em liberal ou antiliberal, democracia ou ditadura, individualismo ou coletivismo, etc. Porém, os cientistas políticos têm observado que as ideologias dos partidos políticos podem ser classificadas ao longo de um eixo esquerda-direita. Os partidos europeus estão classificados em nove famílias, que descrevem a maioria dos partidos da esquerda à direita em: esquerda unitária (PCP e BE), verdes, socialismo (democrático) e social-democracia (PS), direita-liberais (PT e PDR), democracia-cristã (CDS/PP e PPD/PSD), conservadores e extrema-direita. Existem ainda outros e não inscritos. Há um consenso geral de que a esquerda inclui comunistas e anarquistas, progressistas, ambientalistas, social-democratas e socialistas-democráticos (atualmente chamados apenas de socialistas), enquanto a direita inclui capitalistas, neoliberais, conservadores, reacionários, monárquicos, nacionalistas, fascistas e nazis. No mundo ocidental, desde o final do século 18, a burguesia descreve uma classe social, caracterizada por sua propriedade de capitais e sua visão materialista do mundo, que detém os meios de produção de riqueza, e cujas preocupações são o valor da propriedade e da preservação do capital, a fim de garantir a sua supremacia económica na sociedade. Denota a classe dominante das sociedades capitalistas. Nota: A seguir estão, em resumo, as definições teóricas de várias ideologias políticas. Se no meio disto existem corruptos, isso é um problema dos homens e não da ideologia que dizem professar. - Capitalismo é um sistema económico em que os meios de produção, distribuição, decisões sobre oferta, demanda, preço e investimentos são de propriedade privada e com fins lucrativos sem olhar a meios, a qualquer custo, e concentração de capital numa minoria dominante. O governo tem pouca influência no controlo da economia. Os lucros são distribuídos pelos proprietários que investem em empresas. Predomina o trabalho assalariado que aprofunda diferenças significativas de rendimento e riqueza. Historiadores e estudiosos argumentam que o

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trabalho não-livre por escravos, servos, prisioneiros e outras pessoas coagidas, e horários de trabalho de 16h têm sido usados amplamente por capitalistas ao longo dos séculos. Os críticos argumentam que o capitalismo está associado à desigual distribuição de rendimento e poder, monopólio, imperialismo, guerra e várias formas de exploração económica e cultural, à repressão dos trabalhadores e sindicalistas e fenómenos como a alienação social, desigualdade económica, desemprego e instabilidade económica. Os ambientalistas argumentam que o capitalismo exige crescimento económico contínuo, e, inevitavelmente esgota os recursos naturais finitos da Terra. Tem causado períodos de depressão económica com altas taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países, quedas drásticas na produção industrial e preços de ações levando muitos à ruína com concentração do capital em menos de 1% da população e inflação elevada. É dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo. Está associado a democracias liberais e neoliberais, mas também a regimes fascistas, monarquias absolutistas e estados de partido único. - Neoliberalismo defende políticas de liberalização económica, como as privatizações, mercado aberto e desregulamentação. Diminui ao mínimo a intervenção do Estado na economia e é visto com conotação pejorativa. A transição de um modelo de consenso social para as políticas neoliberais, na década de 1970, é vista por alguns académicos como a origem da financeirização que levou à crise financeira que se iniciou em 2008. É uma variação menor do capitalismo que lhe está intrinsecamente associado. Está também associado às reformas económicas neoliberais de Augusto Pinochet no Chile entre muitas outras de má memória e muitas mortes dos críticos. - Social-Democracia é uma ideologia política que defende intervenções económicas e sociais do Estado para promover justiça social dentro de um sistema capitalista e uma política envolvendo Estado de bem-estar social, sindicatos, regulação económica para o interesse geral da população, intervenções para promover uma distribuição de rendimentos mais igualitária e uma democracia representativa. É uma ideologia política de centro-esquerda que acredita que a transição para uma sociedade socialista deveria ocorrer sem uma revolução. Em vários países, os social-democratas atuam em conjunto com os socialistas-democráticos (formam o mesmo grupo no Parlamento da UE). No final do século 20, alguns partidos social-democratas, como o Partido Trabalhista britânico, o Partido Social-Democrata da Alemanha e o Partido Social-Democrata português (que no Parlamento da UE está no grupo dos neoliberais) começaram a desviarem-se para a direita com políticas económicas neoliberais, tendo abandonado as políticas igualitárias de compensação, de igualdade de oportunidades e o Estado social, estando ao lado dos capitalistas. - Socialismo-Democrático (ou atualmente apenas Socialistas) é um ideal político que segue uma via eleitoral, reformista ou evolucionista e propõe a criação de uma economia democrática descentralizada e uma sociedade caracterizada pela igualdade de oportunidades e de meios para todos os indivíduos, com um método igualitário de compensação, criando um Estado de bem-estar social, com um controlo estatal dos principais meios estratégicos da economia, mas permitindo a iniciativa privada como um polo importante de criação de riqueza e desenvolvimento da economia. A maioria dos socialistas possuem a opinião de que o capitalismo concentra injustamente a riqueza e o poder nas mãos de um pequeno segmento da sociedade - denominado de Burguesia - que controla o capital e obtém a sua riqueza através da exploração da população, criando uma sociedade desigual, que não oferece oportunidades iguais para todos. É vulgar o uso do termo socialismo como sinónimo de social-democracia, embora, como já foi mencionado, algumas social-democracias contemporâneas tenham feito um desvio à direita por apoiarem apenas o modo de produção capitalista. - Keynesianismo é a teoria económica do economista inglês John Maynard Keynes que defende uma organização político-económica, oposta às conceções liberais, e que considera o Estado como agente indispensável de controlo da economia, com objetivo de conduzir a um sistema de pleno emprego. A escola keynesiana fundamenta-se no princípio de que o ciclo económico não é autorregulado como pensam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo espírito animal dos empresários. Por esse motivo, e pela incapacidade do sistema capitalista conseguir empregar todos os que querem trabalhar, Keynes defende a intervenção do Estado na

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economia. A teoria atribuiu ao Estado o direito e o dever de conceder benefícios sociais que garantam à população um padrão mínimo de vida como a criação do salário mínimo, do seguro-desemprego, da redução da jornada de trabalho (que então superava 12 horas diárias) e a assistência médica gratuita. O Keynesianismo ficou conhecido também como "Estado de bem-estar social", ou "Estado Escandinavo". - Comunismo (do latim /comunis/, que significa comum) é uma filosofia já antiga, segundo a qual se pode e deve restabelecer o que se chama estado natural, em que todos teriam o mesmo direito a tudo, mediante a abolição da propriedade privada, com o objetivo de chegar a uma sociedade igualitária onde a riqueza esteja distribuída de acordo com as necessidades de cada um e haja igualdade de deveres e direitos para todos sem qualquer espécie de privilégios para minorias. Assim, o comunismo luta contra o capitalismo. O comunismo, no princípio do século 19, está relacionado com a Revolução Industrial. Os abusos (exploração do homem pelo homem) do capitalismo e do liberalismo económico, cometidos ao longo da tremenda transformação da economia e da indústria, relançaram as ideias comunistas. Marx e Engels consideram a história, desde a Antiguidade, como a sucessão de lutas entre as classes trabalhadoras e sem posses, e as classes exploradoras, que não trabalham ou trabalham pouco, mas que dispõem da riqueza e dos meios materiais de produção. Segundo esta doutrina, o último ponto culminante da luta de classes é a luta da classe proletária contra a burguesia. Esta luta levará ao fim da sociedade burguesa, ao desaparecimento das classes e à sua substituição por uma sociedade comunista. O problema é que tal estado só é possível numa sociedade de homens com moral de espírito elevado onde os sentimentos de posse, vaidade, ostentação e egoísmo não existam. Como o homem ainda é moralmente imperfeito, alguns países tentaram impor o comunismo através de métodos revolucionários levando na prática à criação de ditaduras, deportações, perda de liberdade de expressão e muitas mortes por motivos políticos. Contudo, espera-se que com a evolução moral da humanidade para um patamar superior, numa época posterior, seja possível estabelecer o comunismo de forma pacífica e todos vivam em harmonia e com uma economia sustentável. Carlos Rodrigues Tregosa, 5 de dezembro de 2015