esquema resumo roma antiga

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Prof. Eduardo F. Sallenave 1 Roma Antiga As origens (séc. X - VIII a.C.) Versões míticas dos próprios romanos: Lenda de Rômulo e Remo: longa tradição local. "Eneida", Virgílio (séc. I a.C.): influência dos épicos gregos. Fontes: os próprios autores romanos cautela ao interpretá-los! Evidências arqueológicas: Etruscos ao norte, gregos ao sul (ambos povos urbanizados; influência cultural de ambos os povos na península itálica); no centro da península: tribos latinas não urbanas. Surgimento de Roma: indícios de ocupação permanente em 1000 a.C.; fundação: a partir da junção de vilas independentes existentes nas colinas da região (+ou- 750 a.C.).

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Page 1: Esquema resumo roma antiga

Prof. Eduardo F. Sallenave

1

Roma Antiga

As origens (séc. X - VIII a.C.)

Versões míticas dos próprios romanos:

Lenda de Rômulo e Remo: longa tradição local. "Eneida",

Virgílio (séc. I a.C.): influência dos épicos gregos. Fontes: os

próprios autores romanos cautela ao interpretá-los!

Evidências arqueológicas:

Etruscos ao norte, gregos ao sul (ambos povos urbanizados;

influência cultural de ambos os povos na península itálica); no

centro da península: tribos latinas não urbanas.

Surgimento de Roma: indícios de ocupação permanente em

1000 a.C.; fundação: a partir da junção de vilas independentes

existentes nas colinas da região (+ou- 750 a.C.).

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Monarquia (753-509 a.C.)

Organização política:

Teria havido sete monarcas (monarquia era um sistema comum

nas cidades Etruscas e da Magna Grécia).

Funções do rex: militar, religiosa, jurídica, construção de obras

públicas. Sucessão não hereditária.

Aristocracia: conselho de anciões (senado) escolhia o rei.

Assembléia (30 curiae, 10 de cada tribo)(homens em idade

militar): ratificar a escolha do rei e lhe conferir poder de

comando (imperium).

Período de expansão de Roma sobre as cidades latinas

vizinhas.

Organização social:

Patrícios, plebeus e escravos.

Populus romano: massa dos homens adultos. Divisão entre

cidadãos e não-cidadãos. Cidadãos agrupados em tribos

obrigações militares e unidades políticas. Conforme a cidade

crescia, mais tribos eram criadas.

Famílias agrupadas em clãs (gens). Análise de nome romano:

Clientela: relação de subordinação e proteção entre indivíduos.

República (509-27 a.C.)

Fim da monarquia: governo despótico do último rei

Tarquinius Superbus? Ou gradual transição para o sistema

Republicano?

Organização institucional

Duas bases: reuniões de cidadãos e cargos preeminentes

evitar concentração de poder!

Senado: em tese, órgão apenas consultivo (disputa entre

facções).

Eleição anual de dois cônsules: "executivo" (imperium e

auspicium); poderiam escolher um ditador que governaria por 6

meses em casos extremos.

Demais cargos (mandatos anuais, eletivos, colegiado):

Pretores: funções judiciais.

Edis: manutenção da cidade.

Questores: responsáveis pelo tesouro público.

Lucius

pessoal

Cornelius

clã

Sulla

família

Patrão, beneficiu (favor)

Cliente, obligatio (obrigação)

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Censores: realizavam o censo definia o lugar de cada

cidadão na sociedade romana (quem era elegível, qual

posição ocuparia no exército).

Pontifex maximus: liderança religiosa.

Assembleia Centurial Tribal Plebeia

Composição Todos os cidadãos Todos os cidadãos Somente plebeus

Unidades de

votação

193 centúrias 35 tribos 35

Presididas Cônsul ou pretor Cônsul ou pretor Tribuno da plebe

Elegiam Cônsules, pretores

e censores

Edis patrícios e

questores

Tribunos da plebe

e edis plebeus

Poderes

legislativos

Guerra e paz Propostas do

cônsul ou pretor

Propostas do

tribuno da plebe

Poderes judiciais Ouvir apelos de

cidadão em casos

gravíssimos

Vereditos em

julgamentos

Vereditos em

julgamentos

Três princípios das assembleias: convocadas por um oficial; votos

em bloco (não individual); encerramento da votação quando

se atingia minoria simples.

Luta de ordens, 494-287 a.C.:

Conflitos político-sociais entre patrícios e plebeus.

Em larga medida, as instituições da República foram moldadas por

estes conflitos.

Agenda de reivindicações plebeias:

Evitar arbitrariedades cometidas pelos patrícios

detentores de cargos públicos.

Fim do nexum (dependência por dívidas).

Acesso aos cargos públicos e ao sistema político

(contra o movimento de monopolização política

realizado pelos patrícios no início da República).

Distribuição de terras conquistadas.

Codificação das leis.

Revolta plebeia em 494 a.C.: secessão: criação de um Estado

plebeu paralelo fora de Roma com instituições próprias:

assembleia da plebe, dois tribunos da plebe (poder de veto), dois

edis, local de culto próprio. Paulatinamente, estas instituições

foram incorporadas à República.

No séc. II a distinção política entre plebeus e patrícios perde

sentido prático. Nobiles: plebeus e patrícios de família de

destaque no senado; homines novi: indivíduos estreantes no

senado (novos membros da elite).

Lei das Doze Tábuas, 450 a.C. Codificação das leis romanas

Lex Canuleia, 445 a.C. Permissão do casamento entre

patrícios e plebeus

Lex Licinia Sextia, 367 a.C. Acesso dos plebeus ao consulado

Lex Poetelia Papiria, 326 a.C. Fim do nexum

Lex Hortensia, 287 a.C. A assembleia plebeia torna-se um

órgão legislador com validade para

todos os cidadãos romanos

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Expansão sobre a península itálica

Três fases:

1) controle sobre os latinos (753-338 a.C.); 2) Itália

central, guerras contra os Samnitas (345-290 a.C.); 3)

sul: colônias gregas (280-272 a.C.).

Revés: saque de Roma pelos gauleses, 390 a.C.: forte

impacto simbólico.

Fundação de colônias.

Consequências da expansão: incremento do poder do senado;

crescimento econômico e populacional; construção de obras

públicas; maior número de escravos; processo de helenização;

alívio das tensões sociais.

O controle sobre os subjugados

Organização de uma confederação com vários graus de

cidadania romana. Ao invés de tratamento duro, Roma oferecia

privilégios e integração. Exigência fundamental: auxílio militar.

Preferência: exercício de hegemonia ao invés de anexação.

As Guerras Púnicas

Primeira Guerra (264-241 a.C.): vitória romana; Cartago paga

pesada indenização e abre mão da Sicília; conquista da

Sardenha e Córsega em 338 pelos romanos. Roma com

poderosa frota naval.

Segunda Guerra (218-201 a.C.): campanha de Aníbal Barca;

campanha de Cipião, o Africano. Cartago perde a sua

soberania. Povoação romana da Espanha.

Terceira Guerra (149-146 a.C.): "delenda Carthago est".

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Expansão sobre os Reinos Helenísticos

Conquista da Macedônia em 168 a.C. e destruição de Corinto

em 146 a.C.; hegemonia romana na região do Mar Egeu

(aliados: Rhodes e Pérgamo).

Acentua-se o processo de helenização das elites romanas.

Conflitos sociais e crise da República

Consequências da expansão em meados do século II a.C.:

desestabilização da ordem baseada no soldado-fazendeiro.

Concentração de terras nas mãos da elite romana. Formação

de um novo segmento social, os equestres (homens

enriquecidos ligados a atividades mercantis).

Divisão na forma de atuação política: optimates x popularis.

Irmãos Graco (tribunos da plebe): quebra abrupta da tradição

republicana:

Tibério Graco (133 a.C.): defesa de reforma agrária;

desafiou o veto de outro tribuno e o senado e buscou

se reeleger. Assassinado.

Caio Graco (123-21 a.C.): leis populares (baratear o

trigo), antagonista do senado, apoio das massas.

Conflitos de rua. Assassinado.

Guerra dos Aliados (91-87 a.C.): rebelião de aliados italianos

pela concessão da cidadania romana (derrota militar, mas a

cidadania foi ampliada).

Mário x Sila (88-82 a.C.) disputa entre dois generais e

políticos romanos: mobilização de legiões contra os próprios

romanos (guerra civil no coração da República); violência para

atingir sucesso político. Reforma militar de Mário: cidadão

pobre armado à custa do Estado; promessa de terras

(politização do Exército).

Ditadura de Sila, 81 a.C.: massacres e proscrições;

distribuição de terras para apoiadores; reformas políticas com

o objetivo de restabelecer a autoridade do senado e diminuir as

prerrogativas dos tribunos da plebe.

Revolta de Espártaco (73-71 a.C.).

Pompeu, anos 60: conteve revolta na Espanha; combateu a

intensa pirataria no Mediterrâneo; derrotou o rei Mitrídates VI

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(que matara 80.000 romanos na região da Ásia Menor);

anexação de Jerusalém; rivalidade com Crasso.

Primeiro triunvirato (59-53 a.C.): aliança informal entre

Pompeu, César e Crasso enfrentar o senado. Crasso morre em

campanha no Oriente; César conquista a Gália no retorno,

cruza o Rubicão com suas tropas para enfrentar Pompeu,

"Alea iacta est". Guerra Civil 49-45 a.C..

Ditadura de César (49-44 a.C.): nunca assumiu-se como rei,

porém era ditador vitalício. Assassinado por senadores

conspiradores em 44 a.C..

Segundo Triunvirato (43-33 a.C.): Marco Antônio, Lépido

(comandantes de César) e Otávio (sobrinho-neto de César e

seu herdeiro) arranjo legalizado cujo objetivo era estabilizar

a República e perseguir os assassinos de César. Novas

proscrições e confisco de propriedades. Deificação de César.

Conflito militar aberto entre M. Antônio e Otávio a partir de

33 a.C.. Vitória final de Otávio, que anexa o Egito fim da

República!

Área verde: sob controle de Otávio. Área roxa: sob controle de Antônio

Colapso da República: resultado de um longo processo de rupturas deliberadas das tradições políticas republicanas introdução da

violência nas disputas entre os ambiciosos da elite romana.

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Alto Império - Principado (I - III d.C.)

Primeiro imperador: Octávio Augusto (31 a.C. 14 d.C.)

Não assumiu a posição de rei, preferia exercer seu poder por

meio de sua autoridade, influência e prestígio. Fonte de seu

poder: conjunto de honrarias, privilégios, cargos e títulos

concedidos pelo senado e pelas assembleias. Assumia-se como

princeps (primeiro cidadão); Augusto (divino); pater patriae.

"Respeitou" as instituições republicanas: senado, assembleias e

magistraturas.

Reforma militar: carreira militar profissional; controle sobre

todas as legiões. Defesa das fronteiras. Criação da guarda

pretoriana.

Marca o início de um período de prosperidade e estabilidade.

Pax Romana. Desenvolvimento cultural: literatura e

arquitetura.

Pão e circo.

Dinastias do período do Principado

Dinastia Júlio-Claudiana (14-68 d.C.)

Dinastia Flaviana (68-96)

Dinastia Antonina (96-193)

Dinastia Severa (193-235)

A máxima extensão do império

Baixo Império - Dominato (III-V d.C.)

Crise do século III (235-284)

Fim da dinastia dos Severos: seguidas guerras entre os generais pelo

poder (ausência de critérios de sucessão imperial).

Enfraquecimento do senado.

Ameaças externas: poderosas confederações de tribos bárbaras

e o império dos persas sassânidas.

Fim da expansão territorial: crise na economia escravista

(ausência de mão de obra).

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Império Romano dividido e enfraquecido durante a crise

A restauração da ordem

Reunificação do império: imperador Aurélio (270-75).

Diocleciano (284-305): governo mais abertamente autocrático.

Legitimação divina (Hércules e Júpiter); perseguição de

cristãos. Tetrarquia.

Constantino (306-337): fundação de Constantinopla; Édito de

Milão (liberdade religiosa para os cristãos); suporte à Igreja;

converteu-se ao cristianismo. Concílio de Niceia (325):

formulação da ortodoxia católica.

Teodósio (379-395): divisão do império em duas partes; Édito de

Tessalônica (cristianismo religião oficial do império).

Difusão do cristianismo: século III e IV.

Queda do Império do Ocidente

Processo de "barbarização" do império: integração de bárbaros no

exército romano; estabelecimento consentido de povos

bárbaros dentro do império; crescimento do poder dos

generais germânicos; declínio das cidades e ruralização;

gradual formação de uma cultura romano-germânica.

Saque de Roma em 410, em 455, e, finalmente, em 476, quando

o último imperador (Rômulo) é derrubado pelo líder bárbaro

Odoacro.

Queda ou lento processo de transformação?

O Império do Oriente perdurou até 1453, mantendo o legado

da Antiguidade.