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ESPORTE DA ESCOLA: uma proposta de iniciação do futsal e handebol para os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental.
Autor: Ademir José Pereira1
Orientador: Prof. Ms. Arestides Pereira da Silva Junior2
Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar o relato de experiência de uma proposta de ensino dos conteúdos esportivos (futsal e handebol), pautado na abordagem do “Esporte da Escola”. Participaram da implementação 30 alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Lindoeste. O objetivo principal do projeto foi promover o desenvolvimento integral dos alunos por meio de práticas esportivas desenvolvidas nas três dimensões do conteúdo: conceitual (o que se deve saber?); procedimental (o que se deve saber fazer?) e atitudinal (como se deve ser?). Com a realização deste projeto foi possível constatar que: na dimensão conceitual – os alunos compreenderam elementos básicos do handebol e futsal (as principais regras, os fundamentos e sistemas); na dimensão procedimental – os alunos foram capazes de compreender o jogo, principalmente com situações de resoluções de problemas; na dimensão atitudinal – foi possível constatar maior respeito aos colegas e as decisões do grupo, ocorrendo maior cooperação e interação entre os alunos. Conclui-se que o desenvolvimento deste projeto foi uma constatação de que é possível trabalhar o esporte na escola de forma com que os objetivos dos conteúdos esportivos extrapolem a prática tradicional e possibilitem aos alunos aprendizados significativos e relevantes para a sua vida. Palavras-chave: Esporte da Escola. Futsal. Handebol. Ensino Fundamental.
1 Introdução
Na Educação Física escolar, o conteúdo esporte é predominante nas aulas.
No entanto, existem muitas críticas de como este conteúdo vem sendo trabalhado
pelos professores, que por muitas vezes, valorizam acentuadamente uma prática
competitiva e de rendimento, favorecendo a exclusão dos alunos, principalmente dos
menos habilidosos.
Diante dessa realidade, o esporte na escola deve ter como objetivo
possibilitar uma prática democrática e universal aos alunos, inserindo-os no universo
da cultura corporal. Tal inserção deve visar fazer com que ele não apenas participe
dessa cultura corporal, mas que autonomamente o faça, praticando o esporte nas
aulas, independente de suas habilidades e condições físicas e que sirva de estímulo
a praticar em suas horas de lazer, bem como torná-lo um consumidor crítico do
esporte (BETTI, 2002).
1 Professor de Educação Física da rede pública do Estado do Paraná, integrante do PDE – Programa
de Desenvolvimento Educacional. E-mail: [email protected] 2 Docente do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE);
Professor orientador PDE. E-mail: [email protected]
A elaboração deste artigo consiste em apresentar o relato de experiência de
uma proposta de ensino dos conteúdos esportivos (futsal e handebol), pautado na
abordagem do “Esporte da Escola”. Tal projeto teve como finalidade promover o
desenvolvimento integral dos alunos por meio de práticas esportivas desenvolvidas
nas três dimensões do conteúdo: conceitual (o que se deve saber?); procedimental
(o que se deve saber fazer?) e atitudinal (como se deve ser?).
Para a implementação na escola buscou-se a sua essencialidade nos
fundamentos iniciais do futsal e handebol para os alunos do 6º ano. Este trabalho
originou-se da constatação ao longo de anos de prática docente, que os conteúdos
esportivos nos ambientes escolares ainda são trabalhados com predominância de
objetivos focados no rendimento técnico e tático e na melhora da aptidão física.
Para tentar mitigar essa situação foram propostos e desenvolvidos conteúdos
esportivos tendo como base a problematização sobre o ensino do futsal e handebol,
percebendo que esta prática está presente no cotidiano e que auxilia na formação
do cidadão.
2 Fundamentação Teórica
2.1 O Esporte da Escola e Esporte na Escola
O esporte escolar contribui com vários aspectos do desenvolvimento,
inclusive com a questão do trabalho em grupo, quando não há exclusão, podendo
também trabalhar a cooperação e o companheirismo (PEREIRA, 2004). Além disso,
um dos objetivos da Educação Física escolar é auxiliar na prática de uma vida ativa
além das aulas, fazendo com que o aluno adote esta prática ao seu dia-a-dia.
Por outro lado, a escola também tem a capacidade de produzir cultura escolar
devido aos seus códigos e critérios, e o esporte pode ser um dos meios para se
alcançar esse propósito. Desse modo, há duas vertentes para que o esporte seja
desenvolvido em sala de aula, o “Esporte na Escola” e o “Esporte da Escola”.
Santos et. al., (2006), apresenta o esporte na escola caracterizado pela
reprodução de regras já existentes e rígidas; busca pela melhoria do gesto técnico;
valorização dos ganhadores e dos mais habilidosos; dificuldade de aplicação pela
necessidade de materiais específicos; não há criatividade na construção das
atividades; realização podendo ou não ser prazeroso (sem ludicidade); separação
por sexo; aumento da complexidade de habilidades motoras. Quanto ao esporte da
escola, caracteriza-o como: regras flexíveis e modificáveis de acordo com os
interesses e necessidades dos alunos; busca pela participação coletiva, sem se
importar com o gesto técnico; o importante é a participação coletiva; há inclusão já
que não prioriza o melhor nem o mais capaz; os jogos são criados e idealizados
pelos alunos; o profissional é um mediador das atividades, podendo intervir quando
necessário; não há necessidade de materiais, já que podem ser utilizadas sucatas;
existe criatividade na construção dos jogos; o lúdico é valorizado; não há separação
por sexo; diminui a complexidade das habilidades motoras.
De acordo com as Diretrizes Curriculares de Educação Básica - Educação
Física,
o ensino do esporte deve propiciar ao aluno uma leitura de sua complexidade social, histórica e política. Busca-se um entendimento crítico das manifestações esportivas, as quais devem ser tratadas de forma ampla, isto é, desde sua condição técnica, tática, seus elementos básicos, até o sentido da competição esportiva, a expressão social e histórica e seu significado cultural como fenômeno de massa (PARANÁ, 2008, p. 64).
Portanto, o direito de acesso e de reflexão sobre as vivências esportivas,
além de adaptá-las à realidade escolar devem ser ações cotidianas. Por isto, a
prática do professor não pode estar exclusivamente nas habilidades físicas,
destrezas motoras, táticas de jogo e regras. Mas sim, como um fenômeno social
que possibilita o aprendizado para o lazer, para o aprimoramento da saúde e a
integração dos sujeitos em suas relações sociais, favorecendo a tomada de
decisões para a superação de seus problemas.
Esta perspectiva abre uma gama de oportunidades para que os alunos
interfiram e interajam com as aulas, buscando sempre conhecer e construir o novo.
Nesta relação do esporte da escola possibilita ao professor e ao aluno a autonomia
para transformar as regras e algumas formas técnicas dos jogos tradicionais,
valorizando a criatividade.
O ensino do esporte deve propiciar ao aluno uma leitura do contexto social,
histórico e político para que haja entendimento crítico das manifestações esportivas,
as quais devem ser tratadas de forma ampla, isto é, desde sua condição técnica,
tática, seus elementos básicos, até o sentido da competição esportiva para que
possa identificar os problemas que apresenta um jogo, além de propiciar o prazer de
participar de atividades esportivas (PARANÁ, 2008).
Assim, sugere-se uma abordagem que privilegie o esporte da escola, e não
somente o esporte na escola. Isso pressupõe que as aulas de Educação Física
sejam espaços de produção de outra cultura esportiva, de ressignificação daquilo
que Bracht (2005), denominou como “esporte moderno”, isto é, a expressão
hegemônica atual do esporte competitivo de alto rendimento, espetacularizado e
profissionalizado.
De acordo com as DCEs (2008), necessita-se que ocorram mudanças de
atitudes e metodologias, para que a disciplina de Educação Física ocupe lugar de
destaque no processo educacional e seja reconhecida como área de conhecimento,
tão importante quanto às demais disciplinas na formação do cidadão crítico e
transformador.
Portanto, o desenvolvimento de esporte junto aos alunos do Ensino
Fundamental deve ser direcionado para as atividades significativas, que façam
sentido para o aluno. Para isso, é necessário que introduza atividades que
proporcionem prazer na sua prática, valorizando os conteúdos conceituais,
procedimental e atitudinal.
2.2 Esporte na Dimensão Conceitual, Procedimental e Atitudinal
O professor de Educação Física no momento de elaborar seu Plano de
Trabalho deve responder às seguintes questões "o que se deve saber?" (dimensão
conceitual), "o que se deve saber fazer?" (dimensão procedimental) e "como se deve
ser?" (dimensão atitudinal). Zabala (1998, p.8), define as dimensões como,
Os conteúdos conceituais referem-se à construção ativa de capacidades intelectuais para operar símbolos, imagens, ideias e representações que permitam organizar as realidades. Os conteúdos procedimentais referem-se ao fazer com que os alunos construam instrumentos para analisar, por si mesmos, os resultados que obtém e os processos que colocam em ação para atingir as metas que se propõem. Os conteúdos atitudinais referem-se à formação de atitudes e valores em relação à informação recebida, visando a intervenção do aluno em sua realidade.
A dimensão conceitual tem como base o aprender a conhecer. Sendo
composta de fatos, princípios e conceitos que devem ser compreendidos,
caracterizando um “saber sobre” ensinado na escola. Na Educação Física, esse
conteúdo conceitual é composto de conhecimentos sobre o movimento (FREIRE,
1999). Os conceitos que devem ser aprendidos na escola, nas aulas de Educação
Física fundamentando a realização dos movimentos necessários ao ser humano, na
escola ou fora dela.
Para os procedimentais, que tem como base aprender a fazer. Entendendo
que o conteúdo procedimental é composto pelo conjunto de técnicas, habilidades ou
procedimentos executada e que desenvolvem as habilidades motoras. O “saber
fazer”, ou seja, ser capaz de realizar com eficiência atividades e habilidades
motoras, constitui a dimensão procedimental do conhecimento a ser ensinado nas
aulas de Educação Física (FREIRE, 1999).
Além dos conceitos, não se pode esquecer, de formar atitudes e também que
devem estar explícitas, para que possam ser verificadas e avaliadas pelo professor e
pelo aluno. É preciso apresentar formas de selecionar e ensinar conhecimentos
atitudinais específicos da área. Valores, atitudes e normas sobre o movimento
humano constituem a dimensão atitudinal a ser ensinada nas aulas de Educação
Física (FREIRE, 1999).
Desta forma, o ensino da Educação Física na escola, e neste caso dos
conteúdos esportivos, deve contemplar as três dimensões, para que os alunos
saibam utilizar, de forma autônoma, seu potencial para mover-se, sabendo como,
quando e porque realizar/praticar as atividades físicas e/ou esportivas.
3 Resultados
3.1 Apresentação dos Resultados da Implementação na Escola
A proposta de implementação na escola realizou-se com os alunos do 6º Ano
A do Ensino Fundamental, período vespertino, do Colégio Estadual Lindoeste. A
turma é formada por cerca de 30 alunos, na faixa etária de 10 a 11 anos. O período
de realização do projeto ocorreu entre 07 de fevereiro a 03 de maio de 2013 e
desenvolvido nas aulas de Educação Física.
Para que os professores da escola tivessem conhecimento dos objetivos do
trabalho pedagógico, a direção oportunizou, na Semana Pedagógica, que ocorreu no
início de fevereiro de 2013, para que fosse explicado aos profissionais da educação
todo o processo ensino e aprendizagem que seria aplicado na escola. A metodologia
para a apresentação aos professores realizou-se por meio de slides, dando ênfase
que seriam desenvolvidas atividades na proposta de ensino dos conteúdos
esportivos (futsal e handebol), pautado na abordagem do “Esporte da Escola” e nas
dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais.
Em relação aos alunos da turma participante, socializou-se o projeto por meio
de slides, sendo que esta apresentação tornou-se importante para que eles
conhecessem os objetivos e ações a serem realizadas em sala de aula e na quadra
esportiva. Também foi explicitado que seriam avaliados a partir das três dimensões:
as conceituais, que são as informações que promovem o conhecimento; as
procedimentais, que seriam observados os seus desempenhos na aplicação dos
conceitos aprendidos nas atividades propostas e em relação à dimensão atitudinal
como se relacionariam em grupo e individualmente.
Durante todo o processo educativo desafiou-se os alunos a buscarem
respostas às situações-problemas quanto às estratégias de jogos, bem como
estimulados a gostarem do esporte, principalmente do futsal e handebol,
percebendo o quanto estas práticas estão inseridas no seu cotidiano.
Diante disso, durante o desenvolvimento das atividades houve a participação
dos alunos e demonstravam curiosidade e interesse nas tarefas que foram
realizadas, pois os conteúdos trabalhados tiveram a ênfase na reflexão sobre a
importância da prática esportiva em todos os seus aspectos. Assim estariam
compreendendo os conceitos aprendidos de forma criativa e produtiva, e
desenvolvendo os aspectos físicos e motores, sociais e afetivos, cognitivos e
intelectuais.
Para a operacionalização da prática pedagógica, tanto em sala de aula,
quanto na quadra esportiva abordou-se a perspectiva de vivências de atividades dos
referidos conteúdos, oportunizando o esporte como meio de desenvolvimento
integral dos alunos nas aulas de Educação Física, sempre tendo como pressupostos
pedagógicos às dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais durante o
processo ensino e aprendizagem.
As sugestões metodológicas de cada aula foram estruturadas em função do
tema proposto. Como início de todo trabalho foi organizado uma roda de conversa3
3 Roda de Conversa é um método de discussão que possibilita aprofundar o diálogo com a
participação democrática, a partir da riqueza que cada pessoa possui sobre o assunto. Na Roda cada integrante deve ter oportunidade de falar ou expressar o que pensa. O método é semelhante às reuniões de grupo, com um moderador para facilitar a participação das pessoas. O diferencial do método é a disposição do grupo em forma de circulo, e o foco em um tema. No final da Roda de Conversa pode se definir ações, a partir das ideias de consenso (PARANÁ, 2013, p. 01).
como discussão inicial, sendo ofertadas as estratégias como: a expositiva aberta,
trabalho em grupo, trabalho individual, pesquisa, uso dos recursos tecnológicos,
cartazes. Neste processo, como facilitador, procurei estimular a participação de
todos, valorizando a contribuição de cada um, buscando, quando necessário,
possibilitar ao grupo decidir sobre a ação a ser realizada.
No desenvolvimento das atividades solicitou-se que os alunos fizessem a
leitura de textos informativos e pesquisassem na Internet para aprender sobre o
futsal e handebol, os conceitos básicos do contexto histórico e suas curiosidades, as
regras, sistemas táticos, os fundamentos, as suas diferenças. O site da
Confederação Brasileira de Futsal e Handebol foram utilizados como aporte de
consulta básica.
Quanto aos conceitos aprendidos sobre as regras das modalidades de futsal
e handebol, como forma de verificar se houve a compreensão por parte dos alunos,
participaram de práticas de jogos, como handebol rápido, pega-pega com drible,
brincando de futsal, João - bobo. Quanto aos fundamentos, os alunos praticaram
jogos futsal de mão, futsal em duplas, gol ambulante, conta 10.
Para que houvesse maior compreensão foram apresentados os sistemas
táticos, sendo: No Futsal o 2x2; 3x1; e táticas defensivas; E no Handebol: defensivos
- individual, 6x0; 5x1; 4x2; 3x3; 3x2x1; ofensivos - 5x1 e 4x2. Para a vivência das
dos sistemas táticos de ambas as modalidades oportunizou-se jogos recreativos
com os sistemas.
Para garantir um ensino de qualidade, além de diversificar os conteúdos na
escola foi preciso aprofundar os conhecimentos nas três dimensões abordando os
diferentes aspectos que as compõem: na dimensão conceitual, os conteúdos
tratados e as metodologias utilizadas proporcionaram aos alunos o entendimento da
necessidade de regras quando se está jogando futsal e handebol, que não basta só
trabalhar as habilidades físicas e táticas, mas também a sua formação social. Como
também, conhecer as mudanças que as regras passaram, por exemplo, no futsal,
em 2012, houve duas alterações a serem empregadas de imediato, que foram: 1ª.
nas penalidades máximas. ANTES: nas penalidades máximas onde dizia que na
ocasião que estivesse para executar este Tiro Livre deveria estar identificado o
executor e que este fosse informado ao goleiro adversário. ALTERAÇÃO: na nova
versão é suficiente que o executor seja identificado aos árbitros.
Salientando que na dimensão procedimental o objetivo foi compreender as
regras básicas, os fundamentos exigidos e os sistemas táticos por meio da prática
de brincadeiras e jogos adaptados. Assim, os alunos foram estimulados a participar
ativamente nas aulas, principalmente dos jogos esportivos. Tiveram, assim, a
compreensão de que as atividades propostas vão auxiliá-los no aprimoramento de
suas capacidades e habilidades. Ao vivenciarem a execução de regras, os alunos
foram capazes de alcançar maior controle, para que durante a prática do jogo
ocorresse de acordo com as regras dos esportes futsal e handebol.
Quanto à dimensão atitudinal compreenderam por meio das atividades
propostas, que nas práticas esportivas as suas atitudes devem ser adequadas.
Assim, organizaram-se em grupo, souberam respeitar as diferenças existentes entre
eles, houve cooperação na elaboração do trabalho e quando os grupos
apresentavam as suas conclusões valorizavam o comprometimento na realização
das tarefas, sentiram-se parte integrante no momento do jogo e responsável pelo
cumprimento das regras. Pois, assim, estavam respeitando seus adversários e seus
companheiros, não os vendo como inimigos, mas como integrantes participativos e
essenciais para que se pudesse realizar a competição. Sob esta perspectiva, levou-
se à valorização da utilização dos conhecimentos aprendidos nas aulas de
Educação Física, para uma melhor compreensão de que, se usar as regras quando
está se jogando tem-se uma prática consciente.
Portanto, pode-se afirmar a necessidade e o interesse para trabalhar as
dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais, pois juntas foram fortes aliadas
no entendimento do conteúdo proposto.
Um resultado interessante é que na prática docente, não tem como dividir
esses conteúdos na dimensão conceitual, atitudinal e procedimental, embora possa
haver ênfases em determinadas dimensões. Pois, se estas dimensões forem
trabalhadas na superficialidade, os alunos não conseguiram perceber que os
conhecimentos da Educação Física são importantes nas atividades do seu dia-a-dia.
Quando se oportuniza aos alunos aulas dinamizadas e, momentos de
reflexões como forma de desenvolver nos alunos, a apreciação do evento esportivo,
a adoção de atitudes adequadas, o cumprimento de normas básicas quanto a
segurança no momento de praticar o esporte, os resultados são significativos.
Desta forma, houve mudanças na forma de ensinar nas aulas de Educação
Física, que antes a ênfase era na competição, e que os alunos tinham que fazer com
perfeição, sem observar a individualidade de cada aluno. Agora, praticar esportes é
também se divertir! Constatou-se que isso pode ser possível no espaço escolar,
como também, que a ludicidade deve fazer parte da prática do professor em sala de
aula, pois auxilia na aprendizagem significativa.
Em todo processo educativo, o ato de avaliar se fez presente, sendo que o
mesmo foi contínuo privilegiando a qualidade e a aprendizagem. A observação do
desempenho do aluno durante todo o processo foi necessário, para que, como
professor pudesse fazer as alterações necessárias. Desta forma, o trabalho
realizado na intervenção deste projeto teve prevalência nos aspectos qualitativos
sobre os quantitativos.
Os resultados alcançados da ação pedagógica valorizou o sentido recreativo
e cooperativo e assim foi possível identificar aspectos positivos, como: maior
respeito entre os colegas; participação ativa e o caráter cooperativo; maior senso de
responsabilidade; alegria e diversão no desenvolvimento das atividades; valorização
da proposta pelos alunos. Os mesmos relataram que com o desenvolvimento do
projeto as aulas de Educação Física melhoraram em sua qualidade.
Ressaltando, os alunos compreenderam que o desenvolvimento das aulas de
Educação Física irá auxiliá-los a tomar as decisões que julgarem necessárias. Mas
para que isto aconteça, é preciso que eles tenham atitudes, norteadas por valores
de ética, de respeito (conhecimento atitudinal). Não esquecendo, que devem saber
das vantagens, desvantagens e as várias implicações do movimento humano na
prática de esporte futsal e handebol (conhecimento conceitual), e que estes
conhecimentos sejam utilizados em sua vida cotidiana (conhecimentos
procedimentais).
Neste sentido, a prática educativa estando relacionada aos princípios,
procedimentos, atitudes, normas e valores acompanhará os alunos a sua vida.
Diante disso, considera-se que nas aulas de Educação Física a aprendizagem é
significativa, não havendo separação entre as dimensões, o que deve ocorrer é uma
relação com o todo.
3.2 Apresentação dos Resultados do Grupo de Trabalho Em Rede (GTR)
O Grupo de Trabalho em Rede (GTR) faz parte das atividades propostas pela
Secretaria Estadual de Educação (SEED) por meio do Programa de
Desenvolvimento Educacional - PDE4. Sua formatação se dá pela interação virtual
entre o professor PDE, que é o tutor, e os professores da Rede Estadual de Ensino
do Paraná, os quais se inscrevem previamente.
A realização do GTR é o curso a distância, sendo ofertado pela plataforma
MOODLE com o objetivo de proporcionar a formação continuada aos professores da
rede pública onde tanto os participantes quanto o tutor, promovam discussões e
reflexões sobre o assunto tratado no GTR.
Como tutor do GTR, as minhas funções foram encaminhar o projeto, a
unidade didática; acompanhar as atividades dos cursistas, registrando-as de acordo
com as orientações da Coordenação Estadual do PDE; e após a finalização do GTR,
enviar ao NRE a relação final dos professores que concluíram a formação
continuada.
A temática trabalhada no GTR teve como meta a “Proposta de uso do esporte
na escola aos alunos do 6º Ano como instrumento educacional para o
desenvolvimento das competências técnicas, sociais e comunicativas, essenciais
para o seu processo de desenvolvimento individual e social”. Todas as atividades
que foram desenvolvidas pelos professores, através dos materiais disponibilizados,
como: a análise do projeto e da unidade didática, as suas contribuições tiveram
como objetivo promover a reflexão sobre as práticas pedagógicas. Desta forma, os
professores de Educação Física tiveram informações sobre a importância das três
dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais para que por meio de sua
prática pedagógica em sala de aula, a aprendizagem fosse significativa.
As atividades do GTR foram divididas em três módulos:
Primeiro módulo - destinou-se a apresentação dos professores como forma
de socialização do grupo, colocando suas expectativas em relação ao
desenvolvimento do curso.
4 O Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – PDE/PR tem por objetivo principal
proporcionar aos professores da rede pública estadual subsídio teórico-prático para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, que possam ser avaliadas em seu processo e em seu produto e que resultem em redimensionamento da prática educativa. Mas também, proporcionar a valorização profissional dos avanços no plano de carreira do magistério (PARANÁ, 2007).
Segundo módulo - apresentação do projeto de trabalho.
Terceiro módulo - apresentação da implementação na escola no formato de
unidade didática, a qual foi analisada pelos cursistas.
Os relatos de alguns professores:
Gostei muito do seu Material Didático. Me fez refletir sobre a minha prática nas aulas de Educação Física, ao mesmo tempo em que surgiram novas idéias para trabalhar o esporte da escola. Fazer os alunos pesquisar, ampliar seus conhecimentos tanto do handebol, quanto do futsal é de suma importância para que compreendam a nossa disciplina como área do conhecimento. As modalidades que você escolheu são conteúdos presentes em nossas aulas. A dinâmica destes esportes desperta o interesse em nossos alunos, por isso é preciso colocá-los de forma que todos possam participar efetivamente, mostrando a importância da prática destes esportes e aproveitando para ensinar, resgatar e construir valores importantes para formação do cidadão (Professor 1). Seu projeto é realmente muito interessante por vários aspectos, dentre eles o que mais me chamou atenção é o incentivo a um esporte que os alunos estão mais habituados (onde a maioria deles gostam muito) e outro que o caso do handebol que muitos não conhecem, principalmente os alunos que estão nesta fase de início do ensino fundamental II, onde dependendo da cultura escolar que vivenciaram, muitos deles não conhecem o esporte (que é o caso do colégio onde trabalho). A pesquisa pelos conhecimentos além de práticos, mas também teóricos fundamentam e fortalecem ainda mais o projeto! Parabéns!! (Professor 2). Sua Produção Didática Pedagógica nos oferece uma diferenciação na forma de incentivar o conteúdo esporte. Através de estudos como este, pode-se mudar a forma com o esporte vem sendo oportunizado no âmbito escolar. Seus objetivos visando promover o desenvolvimento integral do aluno e estimular a formação de valores são muito importantes para o nosso
trabalho na escola (Professor 3).
Os professores da rede pública do estado do Paraná tem a oportunidade de
se atualizar por inúmeras formas, e uma delas é o GTR, que possibilita o contato
com várias sugestões de práticas educativas para que os resultados em sala de aula
sejam cada vez melhores.
4 Considerações Finais
A Educação Física faz parte do processo educacional e o compromisso do
professor é contribuir para a formação de um cidadão crítico frente à Cultura
Corporal, sendo que para isso é necessária uma mudança de prática pedagógica do
professor. Assim, o diferencial da implementação na escola foi trabalhar as
modalidades esportivas nas aulas de Educação Física evidenciando as dimensões
conceituais, procedimentais e atitudinais dos conteúdos, sob a abordagem “Esporte
da Escola”. Com a realização deste projeto foi possível constatar que:
Na dimensão conceitual – os alunos compreenderam elementos básicos do
futsal e handebol (a história e as curiosidades, as principais regras, os
fundamentos e sistemas, reconhecer e compreender os diferentes
posicionamentos táticos de cada jogador durante a realização do jogo);
Na dimensão procedimental – a compreensão dos fundamentos de futsal e
handebol por meio de brincadeiras e jogos adaptados; maior controle no
momento do movimento quando estavam jogando; tomaram decisões diante
dos desafios propostos em aula e na quadra esportiva, fizeram a relação com
o seu cotidiano; melhoraram a sua prática nos jogos, como: passar, receber,
chutar uma bola, de acordo com as potencialidades e limitações individuais;
desenvolveram as potencialidades através da imaginação, do jogo;
participaram de exercícios em grupos e individuais e brincadeiras adaptadas.
Na dimensão atitudinal – constatou-se maior respeito aos colegas e as
decisões do grupo, ocorrendo maior cooperação e interação entre os alunos;
atitudes de respeito em relação ao seu potencial motor; valorização dos
conhecimentos aprendidos nas aulas de Educação Física, para uma melhor
compreensão do corpo e das suas possibilidades, buscando uma prática
consciente; realizaram as atividades, agindo de maneira cooperativa,
utilizando formas de expressão que favoreciam a integração grupal;
cooperando e interagindo com os colegas.
Além do exposto, a implementação proporcionou aos alunos que tivessem
uma melhora na convivência de amizade, companheirismo e espírito de grupo.
Como também, estabeleceram relações de socialização, reconhecendo e
respeitando os limites dos colegas, normas e às regras, a compreensão dos
conteúdos trabalhados em sala de aula, auxiliando assim, no seu desenvolvimento
integral. Houve por parte dos alunos a identificação das regras, dos sistemas e dos
fundamentos de futsal e handebol, bem como da cooperação.
Como professor da rede pública do estado do Paraná, espero que após a
implementação do projeto de intervenção e que foi compartilhada com os
professores da rede estadual, que novas pesquisas sejam realizadas como
investigação.
É necessário aos professores ter compreensão de que a prática pedagógica
nas aulas de Educação Física precisa ser reformulada e atender as três dimensões,
como também ter como objetivo o “Esporte da Escola”, pois assim haverá
participação por parte dos alunos com mais interesse. Essa mudança pode ocorrer a
partir do momento em que os educadores aceitarem que a opinião e a participação
dos alunos no processo de planejamento é importante para o desenvolvimento das
aulas.
5 Referências
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