espiritismo jacob mello o passe

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  • 8/14/2019 Espiritismo Jacob Mello O Passe

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    O PASSE

    SEU ESTUDO

    Jacob Mello

    Obs. Esta obra no contm os captulos VIII e IX: As tcnicas.O Sumrio se encontra no final da obra.

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    A SUBLIME DOAO"E disse Pedro: No tenho prata nem ouro; mas o que tenho isto te

    dou. Em nome de Jesus-Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.(Atos, 3:6)

    porta do templo, chamada Formosa, o apstolo Pedro e o deficiente fsico.Entre ambos um momento de expectativa.Da alma cansada e sofrida - que espera.Da alma plena de f e estuante de amor - que doa.No h indagaes nem hesitaes.Apenas a sublime doao.Eis a o significado profundamente belo e sublimado do passe: a doao de alma para alma.

    * * *Nosso amigo, Jacob Luiz de Melo, apresenta, nestas pginas que se vai ler, todo o processo de

    doao (em cuja passagem acima citada alcana a culminncia) que denominamos, em nosso meio esp- passes.

    As tcnicas, a cura, os fluidos, o doador, o paciente, as diversas escolas, os efeitos, tudo, enfim, necessrio para aprimoramento desse trabalho de verdadeira caridade, em nossas Casas Espritas.

    Para tanto, Jacob Melo se empenhou em pesquisar, estudar e meditar o passe. E mais ainda: apreta a sua prpria vivncia, numa interao entre o conhecimento e a prtica, especialmente porque temdesde cedo, uma constante familiaridade com o ambiente esprita.

    H muito as nossas letras se ressentiam de uma obra deste porte, que abordasse o tema em suasgulaes e peculiaridades; que atendesse necessidade de cunho cientfico e quelas da praticidade;avaliasse, numa anlise sensata e clara o que est sendo feito nesse campo de atendimento aos que ches instituies em busca de alvio e consolo. Para isso faz o autor uma leitura bastante atualizada e ldo nosso Movimento Esprita no tocante a essa rea de atividade, tirando ilaes e apresentando sugeque possibilitem uma reciclagem e mudanas para que os objetivos superiores que norteiam essa taref jam alcanados plenamente.

    Vale ressaltar, de forma preponderante, que Jacob de Melo consegue transmitir tudo isto com diso e arte, encontrando sempre a palavra adequada, o conceito bem colocado, a crtica sbria e elevque nos permitem entrever a sua prpria nobreza ntima e o acendrado amor com que revestiu todotrabalho, desde a sua ideao at o ponto final.

    * * *"O que tenho isto te dou" - diz Pedro.

    Jacob Luiz de Melo, guardadas as devidas propores, tambm faz a sua doao

    Suely Caldas SchubertJuiz de Fora (MG), outubro de 1991

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    GUISA DE EXPLICAOAquele, porm, que a pratique (uma religio) por interesse e por ambio se torna des

    prezvel aos olhos de Deus e dos homens. A Deus no podem agradar os que fingem humilha se diante dele to somente para granjear o aplauso dos homens. Esprito daVerdade1

    A despeito de quanto se tenha dito ou falado da validade ou no do passe na Casa Esprita, fato ifismvel que sua importncia ali tem sido, e ser sempre, muito grande. difcil imaginarmos uma Ituio Esprita sem possuir trabalhos de assistncia espiritual atravs desse dispositivo teraputico. Seu to comum e suas tcnicas, em geral, so to simples que nos perguntamos por que tanta confusoque tanto impasse quando se quer entender o passe ou abordar-lhe os princpios?!

    Nos ensina a lgica que, quando um assunto afeta a tantos e comporta exames, anlises, compes, comprovaes e experincias, imediatamente surgem os pesquisadores e divulgadores srios - apdos "mistificadores" de todos os tempos , fazendo brotar boas obras e importantes referncias, emmero proporcional ao uso e ao interesse. Entretanto, estranha e contrariamente a isso, o passe, mecom seu milenar conhecimento e sua eficcia ecumenicamente propalada, tem sido muito pouco pesqdo, notadamente por quem mais lhe difunde o valor em nossas "bandas ocidentais": os espritas.

    Se recorrermos bibliografia Esprita, que em inmeras reas de uma fartura impresionante, espantaremos com o reduzido nmero de obras que tratam do assunto, mormente se de forma especiada. E se formos exigentes quanto qualidade, como, inclusive, deveremos ser, tal nmero no cabercontagem dos dedos de uma nica mo. , deveras, de espantar to estranho comportamento pois, besabemos, no apenas este assunto interessa muito (e a muitos), como ainda no temos sobre ele uma adagem mais consentnea com a universalidade dos ensinos pertinentes - tal como se faz requerida e cbem sugeriu Allan Kardec, atravs de seu exemplo, pelo comportamento pessoal dado ao trato da Cocao.

    Mesmo sem precipitar julgamentos, o que se nos afigura como justificativa para esse comportam uma certa e generalizada acomodao. Ao que vimos sentindo, todos queremos aprender, fazer centender, mas, situaes como: "fulano disse que assim que se aplica passe" ou "no preciso estudarnicas e teorias porque Jesus apenas impunha as mos e curava", tm servido de desculpas para um geco "cruzar os braos", em vez de "pormos mos obra".

    De outra maneira, como comum se querer aprender a aplicar passe "rapidinho", quase semprbusca, apenas, "breves estudos", simplrios "manuais"... Nessa "pressa", costumamos assimilar certasentaes equivocadas e, muitas vezes, nelas nos cristalizamos, adotando tcnicas e posturas nem semcoerentes. Em conseqncia, com o passar do tempo, tentamos justificar nosso procedimento com ftipo: "j aplico passes h "tantos" anos e tenho obtido excelentes resultados", ou usamos da cmoda trferncia de deveres: "deixo aos Espritos a responsabilidade pois a tcnica deles mesmos e eles pousar meus fluidos como quiserem que no atrapalho".

    Antes de prosseguirmos, analisemos as situaes apresentadas j que, por serem muito comuns, tificam aproveitemos o ensejo.

    1. "Foi fulano que me ensinou assim";esta a tpica desculpa da pessoa que se sente (ou se diz)sempre "indisposta" e que, portanto, "no tem tempo para estudar". Perguntamos: ser que s falta temesmo para o estudo? E nosso propsito de servir ao prximo no merece de ns mesmos um pouco de esforo e dedicao? Ser que ns gostaramos de sermos atendidos, por exemplo, por um mdiconunca tem tempo para estudar? E ser que a pessoa (ou a obra, Instituio, curso, etc.) que nos ensiensinou "tudo" mesmo e, se ensinou, o fez correto? Como saber reconhecer sem estudar? Bem se vs o estudo pode fornecer a segurana devida e nos coloca racionalmente ante nossos compromissos com os irmos que buscam nossa ajuda.

    2. Jesus s impunha as mos e curava, portanto (...)";aqui j no se trata de simples falta de estudo, mas, de desconhecimento at d'O Novo Testamento. Ao longo do livro, teremos oportunidad

    1 KARDEC, Allan. Da lei de adorao. In O Livro dos Espritos, Parte 3, cap.2, item Adorao exterior, questo 655.3

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    apresentar vrias situaes envolvendo a ao fludico-magntica do Cristo e veremos que no era simposio de mos que Ele agia. Fica, desde j, a recomendao de que faamos uma leitura daquele lpara conhecermos mais proximamente a figura de Jesus e seus exemplos morais e prticos de como nas curas.

    3. "J faz tanto tempo que aplico assim e d bons resultados";de fato, nada nos impede de procedermos sempre de uma nica maneira em nossas atividades e, ainda assim, nos sairmos bem; contudto jamais querer dizer devamos limitar nosso aprendizado - no que quer que seja - a apenas um mtouma s ao, pois, nada h no mundo que seja ou deva ser to restritamente especializado, Alm do ese da pesquisa, nos compete, igualmente, um pouco de empenho e criatividade (no bom sentido) a fimfavorecermos nosso progresso. Afinal, o que "hoje" considerado como resultado positivo no descagrande possibilidade de, em se melhorando o mtodo ou as tcnicas, obt-lo mais excelente ainda "anh".

    4. "Como a tcnica dos Espritos, deixo que me utilizem e no atrapalho";com toda franqueza,os que assim agem tomam uma postura, no mnimo, ridcula. Se ns evolumos tanto nos Planos Espiais quanto na Terra, por que no comearmos nosso aprendizado aqui, para aprimor-lo quando l vermos? Por que no pensarmos, a despeito dos Espritos serem os grandes detentores das tcnicas,nossos conhecimentos e estudos contribuiro eficazmente nos processos de atendimentos fluidoterppois, permitiro que o trabalho se realize de forma mais participativa? E afinal, queremos ser mdiuns

    sistas de fato ou simples marionetes nas mos dos Espritos? E os Espritos Superiores, por sua vez, ro solicitando nossa participao como meros brinquedos liberadores de fluidos ou como companhefetivos nas atividades fraternas em favor das criaturas necessitadas? Meditemos; meditemos bem, poisim como no nos cabe "atrapalhar" os trabalhos dos Espritos amigos, compete-nos o dever de darmfazermos o melhor de ns mesmos, sempre!

    Retomando nossa idia inicial, quando nos propusemos escrever esta obra, com surpresa descomos que a bibliografia no Esprita sobre o assunto muitas vezes mais volumosa e variada que a nosque, de certo modo, nos deixou levemente desapontados. Aps "correr" as obras Espritas sobre o paas "clssicas do Magnetismo" que conseguimos consultar, partimos para aquelas outras, nas quais entramos: fartas pesquisas, srios aprofundamentos, hipteses intrigantes e instigantes, e muitas novida

    Infelizmente, porm, tudo de bom que l se encontra quase sempre est misturado com muitas bobamontes de coisas sem qualquer fundamento, algumas (poucas, graas a Deus) afrontas moral, a Mede aos princpios ticos do bom senso, e tantos absurdos destitudos de qualquer lgica ou respaldo.

    Como resultado disso tudo, tivemos que nos "vestir" de "garimpeiros do passe" para conseguirextrair dali as "prolas dos bons ensinamentos", procurando no confundi-las com as "argilas endurecicristalizadas dos equvocos e despropsitos" to virulentamente a elas agregadas.

    Nessa "garimpagem", conclumos pelo que excedia em evidncia: grandes descobertas, graves edos, profundas pesquisas e excelentes prticas podem e devem ser encetados nesta rea pelos esprpois, sem dvida alguma, somos "garimpeiros" privilegiados. Dispomos de uma "mina a cu abertoDoutrina Espirita), o que nos livra de qualquer escurido; contamos com cinco "mapas" (o Pentate

    Kardequiano) magnanimamente codificados; acompanham-nos "guias" (a Espiritualidade Superior) profundos conhecimentos do terreno e das tarefas; dispomos de "detalhes tcnicos" (as obras subsidide Espritos como Andr Luiz, Emmanuel e Manoel Philomeno de Miranda) de riqussima preciso; t mo informaes "geolgicas do solo" com perfis (as obras clssicas e modernas do Magnetismo) jvidamente testados; no nos faltam "elementos" ("nossos" pacientes) para trabalharmos em nossa mio; possumos "ferramentas" de primeira qualidade (nossa boa vontade e a disposio de servir); e, cse no bastasse, o nosso senhor o maior e o melhor de todos os amos (Nosso Senhor Jesus-Cristonome de Deus).

    Foi refletindo assim que decidimos aprofundar um pouco mais o estudo sobre o passe, mesmo que, aquilo que apresentamos como crtica generalizada logo no incio desta "explicao", antes que

    qualquer pessoa ou Instituio, ela foi aplicada sobre ns mesmos, com toda veemncia e honestidadesvel. E por pensarmos que no seria justo fazermos todo um trabalho de pesquisa, anlise e estudoqual encontramos verdadeiras "jias raras", e no dividirmos as benesses da advindas (tal como exemcou Allan Kardec quando acabou de compor aquele que seria a primeira edio de "O Livro dos Es

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    tos"), aqui trazemos nossa modesta "garimpagem", no intuito de assim contribuirmos para um enriqumento, um conhecimento e um estudo mais acurado sobre o passe, da parte de todos ns.

    preciso confessar, entretanto, que no garimpamos sozinhos; contamos com muitas ajudas, dedos os nveis e de todos os "planos". Todas, sem exceo, foram valiosssimas; mesmo aquelas quemomento, no conseguimos entender, fossem por estarem alm de nossa capacidade de tirocnio ouextrapolarem os largos limites de nossa imperfeio.

    Por isso mesmo, todos os mritos deste trabalho so dos Espritos (encarnados e desencarnados)

    - na pessoa dos vrios autores consultados, dos amigos que sempre vibraram por ns outros, dos famie companheiros que aturaram nossa "teimosia por escrever um livro", dos crticos que escolhemos (equeremos fazer uma ressalva especial para citar a estimada confreira Sarah Jane, pois, devemos a elagratido enorme, pelo seu empenho e destemor, inteligncia e seriedade, estudo e ateno, sem o queobra estaria incompleta e com limitaes) e dos que se escolheram, dos irmos que apreciaram os ranhos e os originais, orientando-nos, todos, com suas judiciosas ponderaes, daqueles que tenham tennos deter ou atrapalhar nossa manifesta inteno de concluir tal trabalho, e dos que nos ajudaram dirindiretamente, de forma reconhecida ou anonimamente - s contriburam para a ocorrncia de tudo deque aqui se encontre.

    Entretanto, queremos registrar, explicitamente, que do autor, e s dele, de maneira indivisvel esoluta, todo e qualquer nus que pese por quaisquer equvocos, indelicadezas, desvios ou colocaesnos felizes que, porventura, sejam ou venham a ser localizadas nesta obra, pois, temos certeza plena dese tal se der ter sido por exclusiva pequenez deste menor dos menores irmos de Jesus, deste que sconhece como um dos mais modestos dos discpulos de Kardec.

    Jacob Luiz de Melo Natal (RN), outubro de 1991 .

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    CAPTULO I - O PASSE - DEFINIESA mediunidade coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se h um gnero de m

    diunidade que requeira essa condio de modo ainda mais absoluto a mediunidade curadora - (Allan Kardec)2

    fora de dvida que nenhuma Cincia pode ser bem entendida quando no se busca, antes, o cocimento de sua base, de seus fundamentos. Sendo o Espiritismo, de fato e por definio, uma Cincomo tal estabelecida por seu insigne Codificador, compete-nos buscar-lhe os princpios para no vamos em raciocnios perifricos quando nosso propsito o do conhecimento coerente.

    Os conhecidos fatos espritas, hoje denominados fenmenos medinicos, ao lado da aplicaanalisada e estudada do Magnetismo, foram os propiciadores da parte cientifica da Doutrina Esprita. AKardec, entretanto, no se limitou a observ-los e estud-los com profundidade; a partir da, ele comtodo o arcabouo terico e prtico do Espiritismo. Desde ento tornou-se inconcebvel estudar-se a munidade sem sedimentar alicerces nos registros kardequianos. Tal tentativa equivaleria a se querer ediuma construo de grande porte sem antes certificar-se das condies do solo nem cuidar da robustesuas fundaes. Afinal, sem base slida e robusta no h construo segura.

    Decorrentemente, o presente estudo sobre o passe, o qual uma das mais usuais derivaes prtda mediunidade e do magnetismo na Casa Esprita, para ser coerente e consentneo com a DoutrinaEspritos, estar revestido de grande cuidado quanto a sua fundamentao doutrinria. No queremos da figura evanglica que lembra ser prudente o homem que constri sua casa sobre a rocha para assimportar a chuva que cair, os rios que transbordarem e os ventos que sobre ela seabaterem3. Da iniciarmospor Allan Kardec e seu Pentateuco, smbolos maiores da slida rocha doutrinria do Espiritismo, e comseguirmos at o fim da obra.

    Na sntese em epgrafe, inequvoca a seriedade com que Kardec se postou ante a mediunidaderadora. Tanto assim que a ela se refere como uma coisa santa, claramente ressaltando a nobreza drter da qual deve se revestir todo aquele que se disponha a esse verdadeiro labor divino, a fim de agirtodos os momentos, santamente, religiosamente. Mas, carter nobre formatura adquirida nos modhbitos dirios e no apenas em certos momentos, quase sempre vivenciados na esporadicidade de fuimediatista, interesseiro ou comodista.

    Conscientes dessa posio, podemos analisar inicialmente alguns aspectos que dizem respeito asfinies e menes que adiante iremos apreciar. Isso porque no foi normalmente sob o nome passe, via de regra, como dom de curar, mediunidade curadora, imposio de mos, que o Codificadreferiu ao assunto em estudo. Alm disso, em diversas ocasies tratou deste tema nominando-o, genemente, magnetismo, ainda que nessas oportunidades no deixasse dvidas sobre que tipo de magnmo4 se referia.

    Na definio de mediunidade curadora dada por Kardec ( gnero de mediunidade que consprincipalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmoum gesto, sem o concurso de qualquermedicao5), j se percebe a abrangncia com que ele tratou a matria.

    Uma outra verificao bastante comum que, se formos analisar enciclopdias e dicionrios, nremos que nem todas as referncias existentes so em relao ao passe(no singular), que a maneira usualmente empregada tanto no meio Esprita como na literatura espiritualista em geral, mas, preferencialte, aos passes(no plural).

    Importa ainda considerar que o termo passe tem significados distintos. Inicialmente era o passpenas o nome dado ao gesto (ou ao conjunto destes) com fins de se movimentar eflvios. Depois, endido como atividade de cura, generalizou-se como a prpria poltica da cura. No entendimento Esp

    2 KARDEC, Allan. Da gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.item 10.3 Mateus, VII, vv. 24 e 25.4 Trataremos do assunto com mais detalhes no captulo VIII - As Tcnicas.5 KARDEC, Allan. Mdiuns curadores. In O Livro dos Mdiuns, cap. 14, item 175.

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    ora evocado como um, ora como outro sentido. Apesar disso, na maneira como venha a se empregtermo, passe tanto pode ser entendido como uma terapia esprita, como uma parte do magnetismo, cuma tcnica de cura ou ainda como o sentido genrico da fluidoterapia.

    Isto posto, vamos s definies, menes e equvocos que envolvem nosso assunto, advertindo acipadamente que limitaremos tais abordagens pois ao longo da obra surgiro muitas outras oportunidpara novas citaes, das mais variadas fontes.

    1. DEFINIES E MENES ESPRITAS

    1.1 - De Allan Kardec muito comum a faculdade de curar pela influncia fludica e pode desenvolver-se por meio d

    xerccio; mas, a de curar instantaneamente, pela imposio das mos, essa mais rara e o seu grau mse deve considerarexcepcional6.

    A mediunidade curadora (...) , por si s, toda uma cincia, porque se liga ao magnetismo, e nabarca as doenas propriamente ditas, mas todas as variedades (...) deobsesses7. E ainda acrescenta:(...) A nada queremos introduzir de pessoal e de hipottico, procedemos por via de experincia e deservao.

    Pela prece sincera, que uma magnetizao espiritual, provoca-se a desagregao mais rpidafluidoperispiritual8.

    Diz ainda Kardec: O mdium curador transmite o fluido salutar dos bons Espritos (...)9.Quando, estudando os possveis problemas que poderiam surgir entre a mediunidade curadora

    lei, Kardec abriu indagaes que, por si ss, ratificam o que dissemos acerca de ele usar os termomagnetismo para se referir ao passe: As pessoas no diplomadas que tratam os doentes pelo magnetipela gua magnetizada, que no seno uma dissoluo do fluido magntico; pela imposio das mque uma magnetizao instantnea e poderosa; pela prece, que uma magnetizao mental; com o curso dos Espritos, o que ainda uma variedade de magnetizao, so passveis da lei contra o exerc

    ilegal da medicina?10

    .Mesmo fazendo uso dos termos mais comuns a poca, fica evidente que o passe foi considerad

    estudado por Kardec com as mesmas seriedade e gravidade que se tornaram suamarca registradana conduo do rduo trabalho da Codificao Esprita.

    Quando fazemos a ligao entre as terminologias empregadas hoje com as do ontem recente, tendemos convir, sempre e mais uma vez, com Kardec quando, nos primrdios do Espiritismo, j nosentava sobre o proveito advindo com a Doutrina Esprita, a qual nos lana, de sbito, numa ordem desas to nova quo grande, que s pode ser obtido Com utilidade por homens srios, perseverantes, lde prevenes e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado11. Da a necessidade desermos srios e graves ante os assuntos do Espiritismo, em especial quando tratamos de temas pontilhde personalismos, controvrsias e pouco estudo, como o caso do passe.

    1.2 - Clssicas (Contemporneos de Allan Kardec)(...) O magnetismo vem a ser a medicina dos humildes e dos crentes, (...) de quantos sabem ve

    deiramente amar12. Lon Denis.

    6 KARDEC, Allan. Curas, In A Gnese, cap.14, item 34.7 Da Mediunidade curadora. Revista Esprita, set. 1865.8 KARDEC, Allan. O passamento. In O Cu e o Inferno, 2 Parte, cap. 1, item 15.9 KARDEC, Allan. Da gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 2tem 10.10 A Lei e os mdiuns. Revista Esprita, jul. 1867, p. 203.11 KARDEC, Allan. Introduo. In O Livro dos Espritos, item 8.12 DENIS, Lon. A fora psquica. Os fluidos. O magnetismo. In No Invisvel, 2 Parte, cap. XV, p. 182.

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    Angel Aguarod assim se pronunciou: Deixemos as drogas e os txicos para os hipnotizadores eservemos para os magnetizadores a medicina do esprito, pois na alma se concentra toda a sua fora e o seu poder13.

    Albet De Rochas j fazia meno ao termo passes, assim como imposio de mos. Obsese, por exemplo, como o erudito escritor e engenheiro portugus, Dr. Antonio Lobo Vilela, fala sobreno seu livro O Destino Humano: O processo experimental de De Rochas (utilizado para induo gresso de memria) consiste no emprego de passes magnticoslongitudinais, combinados, por vezes,com a imposio da mo direita sobre a cabea do passivo. (Grifos originais)14. Mas falar de De Rochasseria praticamente dispensvel j que todos os estudiosos do magnetismo, sonambulismo e exteriorizda personalidade (desdobramento) no regateiam elogios e citaes ao mesmo. Apesar disso, lembrmos que aps estudar a transplantao das doenas - que se dava fazendo-se passar as doenas depessoa para outra ou ento para um animal - sugerida por um certo abade Vallemonte, no livro, PhysOcculte, escrito em 1693, e que ressurgiu em fins do sculo passado, rebatizada por traspasses emna Paris e implantada em alguns hospitais dali, concluiu ele pela ineficcia de ambos os mtodos e, enpreferiu se utilizar dos passes nas suas sesses de estudo sobre os eflvios e a exteriorizao da senlidade15.

    Para concluir este item, faamos um resumo histrico com Gabriel Delanne: A cincia magncompreende certo nmero de divises, conforme as diferentes categorias de fenmenos.

    (...) Os anais dos povos da antiguidade formigam em narrativas circunstanciadas, que mostraprofundo conhecimento que do magnetismo tinham os antigos sacerdotes.

    Os magos da Caldia, os brmanes da ndia curavam pelo olhar (...). Ainda hoje, na sia, (...faquires cultivam com xito as prticas magnticas (...).

    Os egpcios (...) empregavam, no alvio dos sofrimentos. os passes e a aposio de mos, comexecutamos ainda em nossos dias.

    (...) Ambio, Celso e Jmblico ensinam em seus escritos que existia entre os egpcios, em todapocas, pessoas dotadas da faculdade de curar por meio da aposio das mos e de insuflaes (...)

    (...) Os romanos tambm tiveram templos onde se reconstitua a sade por operaes magntiConta Celso que Asclepades de Pruse adormecia, magneticamente, as pessoas atacadas de frenesi.

    (...) Quem obteve, porm, maior fama nessa matria, foi Simo, o mgico, que, soprando noslpticos, destrua o mal de que estavam atacados.

    (...) Na Glia, os druidas e as druidesas possuam em alto grau a faculdade de curar, como o atam muitos historiadores; sua medicina magntica tornou-se to clebre que os vinham consultar de tas partes do mundo. (...) Na Idade Mdia, o magnetismo foi praticado, principalmente, pelos sbios.

    (...) Avincena, doutor famoso, que viveu de 980 a 1036, escreveu que a alma age no s sobrcorpo, seno ainda sobre corpos estranhos que pode influenciar, a distncia.

    Arnaud de Villeneuve foi buscar nos autores rabes o conhecimento dos efeitos magnticos (...)(...) Van Helmont dizia: (...) O magnetismo s tem de novo o nome (...)(...) Em 1682, assinalaremos Greatrakes, na Inglaterra, que fez milagres, simplesmente com as m

    (...)16, etc.

    1.3 - Dos EspritosO passe, como gnero de auxlio, invariavelmente aplicvel sem qualquer contra-indicao, s

    pre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe (...)17. Andr Luiz.13 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 7, p. 56.14 FREIRE, Antonio J. Experincias do coronel A. Rochas DAiglum. In Da Alma Humana, cap.5, p. 104.15 ROCHAS, Albert de. Cura magntica das feridas e traspasse das doenas. In Exteriorizao da sensibilidade, cap. itens 1 e 2, pp. 115 a 121.16 IMBASSAHY, Carlos. Histrico. In O Espiritismo perante a Cincia, 2 Parte, cap. 1, pp. 75 a 78.

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    (...) O passe uma transfuso de energias psquicas (...)18. Emmanuel.(...) Ensinos espritas que recomendam a terapia fludica, atravs da transmisso das energias de

    todos somos dotados, seja pela utilizao do recurso do passe, seja pela magnetizao da gua, usando contributo mental por processo de fixao teleptica e transmisso de recursos otimistas, de energialutares que refazem o metabolismo, contribuindo eficazmente para o restabelecimento da sade mentpor extenso, da psicofsica (...)19. Aristides Spinola.

    Penetrando nos fatores causais - o Esprito, seu pretrito, seu futuro - a fuidoterapia e o esclar

    mento Esprita conscientizam, elucidam, emulam e seguram o homem da queda abissal (...)20

    Carneiro deCampos.O passe uma transfuso de energias, alterando o campo celular21. And Luiz.E, para encerrar, uma citao do Esprito Bezerra de Menezes que, de passagem, nos atualiza

    termo: Visitando enfermos, socorrendo necessitados, aplicando passes, ou bioenergia, como se modzou o labor, enfim, a caridade um esporte da alma, pouco utilizado pelos candidatos musculaomorale inteireza espiritual22. (Grifo original)

    1.4 - Dos Espritas

    Para contribuir como elo de ligao entre as citaes de Kardec com as atuais, vejamos, de incique nos diz Antnio Luiz Sayo quando comenta sobre as curas feitas por Jesus:Para imaginarmos o poder dos fluidos magnticos de que dispunha Jesus, o mais puro de todo

    Espritos, e bem assim o poder que a sua vontade exercia sobre esses fluidos, regeneradores e fortificacuja natureza, bem como combinaes, efeitos e propriedades Ele conhecia de modo absoluto, basta temos nos efeitos que produz o magnetismo humano e nos que conseguem os mdiuns curadores (...)23.

    Do eminente Carlos Imbassahy tomaremos alguns pargrafos, cuja obra, a seguir referenciada, mce ser lida por quem queira se aprofundar nos detalhes que envolvem a mediunidade e a lei:

    No seria para desprezar as curas do imperador Vespasiano, o qual dava passes e punha bons

    nervosos; as de Adriano, que curava os doentes com os dedos; as do rei Olavo, as de Eduardo, o consor, as de Felipe I, as do imperador Justiniano (...)O dom coube em partilha a todos, assim aos grandes como aos pequenos; vinha do palcio de im

    radores e reis at a choupana dos pobres. Levret, um jardineiro, celebrizou-se com esses predicados.(...) Um dos maiores curadores espiritualistas da Frana, Charles Parlange, cujas espetaculares

    ras, oficialmente registradas, eram conseguidas to-somente pela prece, estivesse o doente junto ou ldele (...)24.

    O passe , antes de tudo, uma transfuso de amor25. Divaldo Pereira Franco.O passe um ato de amor na sua expresso mais sublimada26. Suely Caldas Schubert.

    Por fim, Herculano Pires nos sintetiza o seguinte: O passe tornou-se popular por sua eficcia. Mto simples um passe que no se pode fazer mais do que d-lo27.

    17 XAVIER, Francisco Cndido e VIEIRA, Waldo. Passe e Orao. In Mecanismos da Mediunidade, cap. 12, p. 148.18 XAVIER, Francisco Cndido. In O Consolador, cap. 5, p. 67.19 FRANCO, Divaldo Pereira. Foras mentais. In Teraputica de Emergncia, cap. 10, pp. 45 e 46.20 FRANCO, Divaldo Pereira. Doenas e teraputica. In Sementes de Vida Eterna, cap. 8, p. 43.21 XAVIER, Francisco Cndido. Servio de passes. In Nos Domnios da Mediunidade, cap. 17, p. 169.22 FRANCO, Divaldo Pereira. Expiao e reparao. In Loucura e Obsesso, cap. 23, p. 297.23 SAYO, Antnio Luiz. In Elucidaes Evanglicas, p. 129.24 IMBASSAHY, Carlos. Curas medinicas. In A Mediunidade e a Lei, pp. 46 e 61.25 FRANCO. Divaldo Pereira. O passe - propriedades e efeitos. In Dilogo com dirigentes e trabalhadores espritas, 61.26 SCHUBERT, Suely Caldas. A importncia da fluidoterapia In Obsesso/Desobsesso, 2 Parte, cap. 10, p. 116.27 PIRES, J. Herculano. Mediunidade prtica In Mediunidade - Vida e Comunicao, cap. 14, p. 127.

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    2 - DEFINIES E MENES NO ESPRITAS

    2.1 - Dos Dicionrios e EnciclopdiasPASSES. Movimentos com as mos, feitos pelos mdiuns passistas, nos indivduos com deseq

    brios psicossomticos ou apenas desejosos de uma ao fludica benfica. (...) Os passes espritas so imitao dos passes hipnomagnticos, com a nica diferena de contarem com a assistncia, invocada bida, dos protetores espirituais28.

    PASSES (Pl. de passe) S. m. pl. Ato de passar as mos repetidamente ante os olhos de uma pespara magnetiz-la, ou sobre uma parte doente de uma pessoa para cur-la. Aurlio Buarque Holandareira29.

    PASSE, (...) ato de passar as mos repetidas vezes por diante dos olhos de quem se quer magnzar ou sobre a parte doente da pessoa que se pretende curar pela fora medinica. (Grifamos) Franciscoda S. Bueno30. (Esta definio, por sinal, a mesma encontrada no dicionrio da Academia BrasileiraLetras.)

    PASSE: ato de passar as mos repetidas vezes por diante ou por cima de pessoa que se pretecurar pela fora medinica31. (Grifos nossos)

    2.2 - Dos Magnetizadores ClssicosLouis Alphonse Cahagnet, considerado por muitos como um dos precursores da Doutrina Esp

    haja vista sua notvel obra, os Arcanos, alm de inmeras outras - 30 ao todo - sobre o magnetism32,nos concede uma clara definio desta Cincia: uma propriedade da alma; o corpo a mquina potermdio do qual ele se filtra33.

    Deleuze faz ressaltar o ngulo mais religioso do magnetismo, quando nos assevera que (...) Senfaculdade de magnetizar, ou de fazer o bem aos seus semelhantes por influncia de sua vontade, a maila e a mais preciosa que Deus deu ao homem, deve-se encarar o exerccio do magnetismo como um at

    ligioso, que exige o maior recolhimento e a inteno mais pura (...)34

    .Chardel, um dos pioneiros do magnetismo, em 1818 apresentou uma curiosa obra a considera

    Academia de Berlim, na qual afirmava: O magnetismo uma transfuso de vida espiritualizada do onismo do operador para o do paciente35. (Grifamos)

    Outras definies e menes, de Mesmer, de Du Potet, de Lafontaine, de Puysgur e de tantos tros magnetizadores no menos famosos, sero vistas ao longo da obra, pelo que nos permitimos paraaqui.

    2.3 - Dos Magnetizadores Contemporneos

    Aquele (magnetizador) que se prope a exercer o tratamento deve ter equilbrio, tranqilidade eritual e total conscincia da importncia das manipulaes levadas a efeito36. V. L. Saiunav - A personalidade que assina esta expresso um russo que desenvolveu suas experincias de cura de uma forma didata, mas, apesar do pouco acesso as literaturas estrangeiras, podem verificar,a posteriori, que suasconcluses so muito similares e, por vezes, melhores que as experincias do mundo ocidental. Ele, in28 PAULA. Joo Teixeira de. In Dicionrio Enciclopdico Espiritismo Metapsiquica Parapsicologia, Ilustrado, p. 19Editora Bels S.A.29 Novo Dicionrio da Lgua Portuguesa. Ed. Nova Fronteira.30 Dicionrio Escolar da Lngua Portuguesa. MEC - Fename.31 Enciclopdia Mirador Internacional. vol. II. Dicionrio Brasileiro da Lngua Portuguesa, p. 1289.32 WANTUIL, Zeus e THIESEN, Francisco. In Allan Kardec, cap. 9, pp. 92 a 100, v. 2.33 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 3, p. 23.34 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 7, p. 54.35 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 1, p. 10.36 SAIUNAV, V. L. In O fio de Ariadne. cap. 2, p. 71.

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    sive, em seu livro, nos faz registros de autores cujas obras veio a conhecer depois, e que merecem dquemos: Quem duvidar, hoje, da atuao do magnetismo, deve ser chamado de ignorante e no de co. (Schoppenhauer) - O magnetismo animal , portanto, a mais poderosa de todas as foras fsicqumicas. (...) A cura magntica processa-se por meio de passes magnticos, pela aposio de mos (Du Prell)37.

    Ainda na Rssia temos um dos seus mais famosos curadores: o Coronel Krivorotov, o qual foi smetido a uma larga bateria de testes. Seu mtodo de cura o uso de passes a curta distncia dos pacieE ele afirma crer que A energia vem de alguma fonte externa38. Isso sem falar na famosa Djuna que, entre outros, diz ter curado com suas mos o ex-homem-forte da Unio Sovitica, Leonid Brejniev solvido at casos de aids, apesar de sua reconhecida excentricidade; alm de Barbara Ivanova39 que temcurado pessoas distncia, pelos mais variados meios, e que reconhecida como uma das maiores audades soviticas sobre reencarnao.

    Para encerrar a lista, vejamos o que nos reserva o renomado e respeitado George W. Meek: Orador no cura as doenas. Agindo de modo extraordinrio, ele proporciona um ambiente no qual a pode realizar-se40.

    2.4 - De Outras Escolas Religiosas

    De um pastor presbtero (Dudley Blades):A cura espiritual a cura do Esprito pelo Esprito. (...) Normalmente comeo a cura repousa

    minhas mos suavemente sobre a cabea das pessoas (.)41.De um padre catlico (Frei Hugolino Back):Analisando, detidamente, os textos, d-nos a impresso de que essasordensproferidas por Jesus

    vm acompanhadas de gestos. E gestos de movimentos rpidos e enrgicos. Seriam formas de passes?- Que so passes?- So gestos rpidos e enrgicos que so feitos pela pessoa-que-cura ao lado e ao longo do co

    de pessoa-que-est-sendo-curada42

    . (Grifo original)Uma prece catlica de cura, apresentada pelo reverendo Robert DeGrandis, S. S. J.: Jesus, quaoramos pelos outros em Teu nome, ns te pedimos que uses nossas mos para vires at ns e tocarequeles pelos quais oramos, como se nossas mos fossem tuas. Deixa que Teu Esprito opere, hoje, atrde ns, especialmente quando oramos pelos membros de nossa famlia ou de nossa comunidade. ObrigJesus, pelo Teu amor curador que est fluindo neste momento atravs de mim43.

    Do budismo tibetano:Quando se compreendem os processos tntricos, torna-se claro que eles no so nenhum pass

    mgica religioso com o qual nos iludimos, a ns e aos outros. So a manipulao destra de energiascofsicas por seres que, mediante a prtica do Dharma, em particular a meditao, aprimoram suas cadades mentais (...)44.

    3 - CITAES BBLICAS

    37 SAIUNAV. V. L. In O Fio de Ariadne, pp. 50 e 51.38 OSTRANDER, Sheila e SCHROEDER, Lynn. In Experincias Psquicas AIm da Cortina de Ferro, cap. 18, p. 242.39 Durante o ano de 1990 ela passou vrios meses aqui no Brasil proferindo palestras, seminrios e cursos e, na oportundade, publicou a verso do seu livro O Clice Dourado, onde ersina suas tcnicas de cura.40 MEEK, George W. (Org.). In As curas paranormais, 1 Parte, cap. 2, p. 19.41 BLADES, Dudley. O que a cura? In A Energia Espiritual e seu Poder de Cura, cap. 6, p. 52.42 BACK, Hugolino e GRISA, Pedro A. As tcnicas de Jesus. In A Cura pela Imposio das Mos, p. 74.43 DeGRANDIS, Robert. Os dez mandamentos da cura. In Ministrio de Cura para Leigos, cap. 2, p. 36.44 CLIFFORD, Terry. A medicina tntrica. In A Arte de Curer no Budismo Tibetano, cap. 5, p. 97.

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    3.1 - No Antigo TestamentoEnto Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, lava-te sete vezes no Jordo, e a tua ca

    ser restaurada, e ficars limpo.Naam, porm, muito se indignou, e se foi, dizendo: Pensava eu que ele sairia a ter comigo, por

    ia de p, invocaria o nome do SENHOR seu Deus, moveria a mo sobre o lugar da lepra, e restauraleproso45. (Grifamos)

    E, estendendo-se trs vezes sobre o menino, clamou ao SENHOR, e disse: SENHOR meu Drogo-te que faas a alma deste menino tornar a entrar nele.O SENHOR atendeu voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu46.Josu, filho de Num, estava cheio do esprito de sabedoria, porquanto Moiss havia posto sobre

    as suas mos: assim os filhos de Israel lhe delam ouvidos, e fizeram como o SENHOR ordenara a Moi(...) E no tocante a todas as obras de sua poderosa mo, e aos grandes e terrveis feitos que op

    Moiss vista de todo o Israel47.Nestes trs exemplos, que colocamos em ordem reversa cronolgica dos fatos, vimos com

    magnetismo era utilizado desde a mais antiga histria, sob os mtodos mais diversos, inclusive pela imsio das mos.

    3.2 - No Novo TestamentoE Jesus, estendendo a mo, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou lim

    de sua lepra48.Ento Ananias foi e, entrando na casa, imps sobre ele as mos dizendo: Saulo, irmo, o SENH

    me enviou, a saber, o prprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes ata e fiques cheio do Esprito Santo49.

    A manifestao do Esprito concedida a cada um, visando um fim proveitoso.Porque a um dada, mediante o Esprito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo E

    rito, a palavra do conhecimento.A outro, no mesmo Esprito, f; e a outro, no mesmo Esprito, dons de curar (...)50.Encontramos igualmente, nestes exemplos, o passe j como prtica habitual de cura ao tempo de

    sus e de seus seguidores da primeira hora, quando as mos aparecem como um dos mais comuns vecde tcnica de cura fludica, alm da origem do termo dom de curar pelo apstolo Paulo.

    4. DEFINIES EQUIVOCADAS

    Antes de iniciarmos nossa anlise sobre alguns dos mais comuns equvocos que se cometem quase pretende comparar passes a outros mtodos, gostaramos de apresentar uma observao de KarMagnetizador o que pratica o magnetismo; magnetista aquele que lhe adota os princpios. Podpois, ser magnetista sem ser magnetizador; mas no se pode ser magnetizador sem ser magnetista51. Porextenso, infere-se que o passista tanto pode ser um magnetizador quanto um simples magnetista; sermagnetizador quando usar seus fluidos na magnetizao e magnetista quando adotar os princpios, as

    45 II Reis, V, vv. 10 e 11.46 I Reis, XVII, vv. 21 e 22.47 Deuteronmio, XXXIV, vv. 9 e 12.48 Mateus, VIII, v. 3.49 Atos, IX, v. 17.50 I Corntios, XII, vv. 7 a 9.51 Magnetismo e Espiritismo. Revista Esprita, mar. 1858, p. 94, nota de rodap nr. (1).

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    nicas e os mtodos do magnetismo. Mas s ser passista esprita quando suas tcnicas forem consentcom a Doutrina Esprita e seu proceder moral se coadunar com os princpios desta.

    No mesmo artigo52, Kardec nos afirma ainda que O Magnetismo preparou o caminho do Espiritmo (...). E prossegue mais adiante: Se tivermos que ficar fora da cincia do magnetismo, nosso qu(espiritismo) ficar incompleto (...). A ele nos referimos, pois, seno acessoriamente, mas suficientempara mostrar as relaes intimas das duas cincias que, na verdade, no passam de uma.

    O leitor h de convir conosco que esta citao por demais importante. Entre outras, dela pode

    tirar uma concluso bvia: pela maneira como foi considerado o magnetismo, a Cincia Esprita no ficar sem o contributo daquela outra, sob o risco de termos o Espiritismo de forma incompleta. Entretressalta das palavras de Kardec que se trata de uma mesma cincia pelo fato de uma estar inserida na e no que sejam simetricamente iguais.

    Analisemos agora os equvocos. Para ficar mais didtico, trat-los-emos em subitens, na formperguntas e respostas, destacando os equvocos que pretendemos demonstrar.

    1. Magnetismo e Espiritismo so a mesma coisa?R - J possumos matria suficiente para sustentarmos estar em equvoco aquele que afirmar seja

    magnetismo e o Espiritismo a mesma coisa, pois, da ltima colocao kardequiana se depreende qprimeiro, como cincia, participa da Cincia Esprita e no que esta esteja contida nos estreitos limitesquela outra. No so a mesma coisa, afirmamos; nem por definio, nem por meios, nem por objetivopenas o magnetismo, com suas tcnicas e experincias, viabilizou, no meio cientfico da poca, o recocimento da existncia de outras foras, energias, fluidos, que desaguaram, via sonambulismo, nas prda existncia do Esprito.

    Mas, para que no haja dvidas, eis a primeira definio de Allan Kardec sobre o Espiritismodoutrinaespritaou o Espiritismo tem por princpio as relaes do mundo material com os Espritos ou res do mundo invisvel. Os adeptos do Espiritismo sero osespritas, ou, se quiserem, osespiritistas53(grifos originais). Vemos que dessa definio no h como igualar tal Cincia - que tambm FilosoReligio - ao magnetismo, cujos seguidores so chamados de magnetizadores54.

    H, entretanto, estreitas ligaes entre as duas cincias. E quem faz uma notvel ligao entre opiritismo e o Magnetismo o Esprito E. Quinemant que, quando encarnado, segundo suas prprias vras, ocupou-se com a prtica do magnetismo material. Assim se expressa ele: O Espiritismo no , seno o magnetismo espiritual, e o magnetismo no outra coisa seno o Espiritismo humano. (..magnetismo , pois, um grau inferior do Espiritismo (...)55.

    2. E em relao ao passe propriamente dito, seriam ele e o magnetismo a mesma coisa?R - A resposta continua negativa, pois, se para o magnetismo o passe uma tcnica de movime

    o de mos, para o passe (esprita) o magnetismo uma fonte de tcnicas de transferncias fludicatentemos, todavia, para o que nos diz Allan Kardec: O conhecimento dos processos magnticos ticasos complicados, mas no indispensvel56; isto nos sinaliza, inclusive, que nem sempre o passe se recor

    re do magnetismo como tcnica.Em sntese, todo passista (esprita) , no fundo, um magnetizador mas nem todo magnetizador passista (esprita).

    3. E a magnetizao e o hipnotismo so iguais, so uma mesma cincia?R - Trata-se de outro equvoco pensar-se assim. Embora no estejamos estudando o hipnotism

    da prpria histria dessa cincia que ela surgiu em decorrncia das prticas magnticas, como uma exmentao, poderamos dizer, especializada, de partes daquela. O hipnotismo, usando uma linguagem

    52 Magnetismo e Espiritismo. Revista Esprita, mar. 1858, p. 94, nota de rodap nr. (1).53 KARDEC, Allan. Introduo. In O Livro dos Espritos, item 1.54 Recomendamos sejam relidos os pontos principais do Espiritismo na Introduo de O Livro dos Espritos, todos retrados no seu item 6, onde se patenteiam as diferenas entre as duas cincias.55 O Magnetismo e o Espiritismo comparados. Revista Esprita, jun. 1867, mdium Sr. Desliens, pp. 190 a 192.56 Da Mediunidade curadora Revista Esprita. set. 1865. p. 254.

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    coloquial, filho direto do magnetismo como o o sonambulismo provocado O prprio Brad (mado o pai do hipnotismo) reconheceu em sua Neurhypnologieque os procedimentos hipnticos no determinavam absolutamente todos os fenmenos produzidos pelos magnetizadores57, evidenciando, assim,o carter de menor eficincia destes, em termos gerais, que daquele outro. Por ser derivao, confund o mesmo que se cambiar a obra pelo obreiro, o efeito pela causa.

    4. J que o magnetismo usado no passe, isso implicar que devamos usar tambm o hipnotismnos nossos passes?

    R - De forma alguma. O Esprito Emmanuel, introduzindo Andr Luiz no livro Mecanismos da diunidade, enfatiza que mesmo tendo aquele estudado o hipnotismo Para fazer mais amplamente cpreendidos os mltiplos fenmenos da conjugao de ondas mentais, alm de com isso demonstrar qfora magntica simples agente, sem ser a causa das ocorrncias medianmicas, nascidas, invariavelte, de esprito para Esprito, no recomenda. De modo algum, a prtica do hipnotismo em nossos plos Espritas58.

    Completemos nossa resposta com Michaelus: Deixemos as drogas e os txicos para os hipnotizres e reservemos para os magnetizadores a medicina do Esprito, pois na alma se concentra toda a suaa e todo o seu poder59.

    5. Mas, algumas pessoas advogam que durante ou aps o passe, certos pacientes se sentem dif

    rentes, como no hipnotismo.R - Sem entrar nos aspectos espirticos da questo, vejamos o que nos diz o renomado Dr. Jo

    Andra: No pretendemos negar que a hipnose determina, realmente, inibio de centros nervosos, ze mesmo regies mas, esclarece ele, isso uma conseqncia natural do desenvolvimento de mecanhipntico60. No correto, portanto, que apressadamente se infira dos fatos do hipnotismo, sua equilncia, por suas reaes (diversas, por sinal), com os passes. Mero desconhecimento de causa que notifica o equvoco. Hermnio Correia de Miranda, quando liga o magnetismo ao hipnotismo, nos esclacom sua sntese peculiar: Magnetismo, a nosso ver, a tcnica do desdobramento provocado por mepasses e/ou toques, enquanto a hipnose ficaria adstrita aos mtodos de sugesto (...)61.

    6. o passe uma inveno do Espiritismo?R - Garantimos que, em princpio, o Espiritismo nunca inventou nada nem tampouco criou

    sas usualmente a ele atribudas. Pelas definies e menes apresentadas neste capitulo, fica evidente qpasse, suas tcnicas e seu conhecimento remontam mais longnqua antiguidade. A Doutrina Esprita nas estudou o magnetismo e suas aplicaes, estuda e continuar estudando suas causas e efeitos, techegado a grandes concluses, notadamente no que diz respeito ao seu uso para o bem dos Espritos, tencarnados quanto desencarnados, dando-lhes emprego srio e til, e incentivando sua prtica dentroprincpios cristos e nos limites da pureza doutrinaria esprita, lembrando aos seus praticantes, como o Cristo: (...) De graa recebestes, de graa dai62.

    7. o passe magia? Por qu?

    R - No. Porque o passe no se utiliza de fetichismos, no dogmtico, no compactua com Estos inferiores para obteno de favores, quer materiais, quer espirituais, nem se compromete com ritumos. No incita adorao a santos ou mitos nem requer pagamentos ou oferendas. Se nos permitimos definio prpria, o passe um dos veculos de que se utilizam os Bons Espritos para atender aos nectados, de acordo com a vontade de Deus, e no para atender aos homens, segundo nossos, quase sempueris caprichos e mesquinhas imposies.

    57 JAGOT, Paul-Clement. Atualmente. In Iniciao a Arte de Curar pelo Magnetismo Humano, cap. 5, item 7, p. 53.58 XAVIER, Francisco Cndido, VIEIRA. Waldo. Mediunidade. In Mecanismos da Mediunidade, pp. 15 e 16.59 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 7, p. 56.60 58. ANDRA, Jorge. Fenmenos parapsicolgicos. In Nos Alicerces do Inconsciente. cap. 4. item 2 - Hipnose, p. 161 MIRANDA. Hermnio C. In A Memria e o Tempo. cap. 4, p. 78, v. 1.62 Mateus, X, v. 8.

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    8. Como o passe, muitas vezes, usa das tcnicas do magnetismo e das colocaes kardequianas, etendemos que tanto h fluidificao espiritual como animal (do homem) e mista, isso quer dizer que passe tanto h mediunismo quanto animismo?

    R - Estabeleamos primeiro que animismo no , necessariamente, sinnimo de mistificao; animo a projeo ou a manifestao do Esprito do prprio mdium por seu prprio corpo ou, ainda, odas energias fludicas de si por si mesmo. Por outro lado, mediunidade existe quando h relao entremem encarnado e Esprito desencarnado. Por isso podemos dizer, teoricamente, que o passe s anmquando o mesmo aplicado por um magnetizador, com uso exclusivo de suas energias vitais, sem a iferncia dos Espritos (como se isso fosse possvel). Mas, pelo que nos asseveram os Espritos, qurespondendo a Kardec, nos asseguram que eles influem em nossos atos e pensamentos Muito mais doimaginais (...) a tal ponto que, de ordinrio, so eles que vos dirigem63, foroso concluirmos que no hmagnetismo puro (quer dizer, sem interveno espiritual), assim como tambm no h o animismo puprpria definio de passe vista anteriormente no item 2.1 - Dos Dicionrios e Enciclopdias, sob a rncia nmero 27, j nos sugere isso. E, se no bastasse, sigamos Allan Kardec mais uma vez, quandpergunta aos Espritos:

    H, entretanto bons magnetizadores que no crem nos Espritos?Pensas ento que os Espritos s atuam nos que crem neles? Os que magnetizam para o bem

    auxiliados por bons Espritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por issomesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas ms intenes. chama os maus64.

    9. Passistas e mdiuns curadores so a mesma coisa?R - Se bem possam, em determinadas situaes, se confundirem, no so necessariamente a me

    coisa pois o passista nem sempre um mdium curador no sentido maior do termo, enquanto que todrador, posto que sempre usa alguma tcnica de passe, passista, ressalvando-se, contudo que aqui impdistinguir passista de passista Esprita.

    Quando Allan Kardec definiu mdiuns curadores, disse que esses so Os que tm o poder de cou de aliviar o doente, pela s imposio das mos, ou pela prece.

    Essa faculdade no essencialmente medinica: possuem-na todos os verdadeiros crentes, semdiuns ou no. As mais das vezes, apenas uma exaltao do poder magntico, fortalecido, se necerio, pelo concurso de bons Espritos65.

    Percebemos assim que, no primeiro pargrafo, ele parece se referir ao passista esprita, enquque no segundo se referencia ao magnetizador, ao mdium curador. De uma forma ou de outra, nogrande diferena essa conceituao pois o que mais importa a ao do passe, e Esprita, de prefernc

    10. Magnetismo e magnetoterapia so a mesma cincia?R - No, no o so. Enquanto que o magnetismo lida com os fluidos animais (humanos), a magn

    terapia se utiliza dos ms ou materiais inorgnicos portadores de magnetismo. Enquanto a primeira seseia no homem como fonte, a segunda tem sua base nos metais; a primeira requer, mesmo no magnetipuro, um bom posicionamento de moral e equilbrio do aplicador, enquanto a segunda, nem sempre.

    11. o magnetismo humano (animal), o mesmo dos ms ou do resultante das correntes eltricasR - No. No magnetismo humano se percebe e se constata a existncia de um componente anm

    que no participa das outras modalidades de magnetismo. Outrossim, no magnetismo dos ms e dosundos dos campos energizados por eletricidade, obtm-se padres e quantidades invarivel e fisicammensurveis, abstrao feita as variaes previstas e determinadas; no magnetismo humano os valoreextremamente flexveis e variveis no apenas por condies fsico-qumicas e orgnicas mas igualmpor influncias psquicas e espirituais.

    12. Existe diferena entre passes e imposio de mos?

    63 KARDEC, Allan. In O Livro dos Espritos, cap. 9, questo 459.64 KARDEC, Allan. Dos mdiuns. In O Livro dos Mdiuns, cap. 14, item 176, 3 questo.65 KARDEC, Allan. Dos mdiuns especiais. In O Livro dos Mdiuns, cap. 16, item 189.

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    R - Em termos espritas, passes tanto pode ser entendido como o conjunto de recursos de transfecias fludicas levadas a efeito com fins fluidoterpicos, como uma das maneiras pela qual se faz tais trarncias. No primeiro caso, a imposio de mos seria um dos recursos; no segundo, uma das maneiras

    Assim sendo, de forma literal, passe e imposio de mos no so a mesma coisa; em termos de contudo, tem-se a imposio de mos como uma tcnica de passe66. Tanto que comum se falar de umquerendo-se dar a entender o outro.

    De outra forma, observemos a ponderao de nossa contempornea Dalva Silva Souza, em excel

    artigo publicado em Reformador: A palavra (passe) um deverbal de passar, verbo que, sem dvtransmite a idia de MOVIMENTO67. Por outro lado, imposio de mos j deixa bem induzido que strata de atitude esttica, sem movimento, posto que, derivado do verbo impor, imposio, nesse senquer dizer: ato de fixar, estabelecer.

    * * *Outras dvidas e equvocos, por certo, existiro. Mas, se no temos a pretenso de esgotar o as

    to, nos resta a certeza de que ao longo desta obra, muitas questes sero resolvidas e vrios problemanharo soluo. Por outro lado, se novas dvidas surgirem, como resultado da reflexo, do estudo, da lise e do raciocnio, sinal de que teremos alcanado um bom primeiro porto, do qual, aps o reabcimento em novas pesquisas, partiremos buscando, juntos, novos e promissores horizontes tudo em n

    do Evangelho.

    66 Teceremos consideraes no captulo VI adiante.67 SOUZA, Dalva Silva de. Consideraes em torno do passe. In Reformador, jan, 1986, p. 16.

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    CAPTULO II - OS OBJETIVOS DO PASSEE insistentemente lhe suplica: Minha filhinha est morte; vem,

    impe as mos sobre ela, para que seja salva, e viver. Jesus foi com ele68.

    Mesmo sendo o passe uma das circunstncias medinicas mais comuns nas Instituies Esprprecisamos reconhecer, tanto pelo estudo quanto pela vivncia, quais seus verdadeiros objetivos papretexto de desconhecimento de causa, no virmos amanh a desvirtuar-lhe os finsutilizando-nos demeiosantidoutrinrios ou ento, ainda que atravs dosmeiosmais corretos, desvalorizemos os fins, por impertinentes. Afinal, se fazer uma obrigao, saber fazer um dever; e faz-lo correto, no tempo, momelugar certo, buscar a perfeio. No sendo outro o motivo de nosso estgio aqui na Terra seno buscarmos, pelos meios ao nosso alcance, o final feliz, que a perfeio, reconhecemo-nos numa posioque, pelo nvel, ainda nos solicitar muito esforo, trabalho, vidas, renncias, estudos e sacrifcios, atingirmos o grande desiderato.

    Sendo o magnetismo um dos meios que utilizaremos seguidamente, tom-lo-emos tendo em vimanuteno do estudo do passe dentro dos limites atinentes s causas e aos efeitos fludicos de cura alvio orgnico e psquico, alm de auxiliar nos tratamentos espirituais e desobsessivos. Evitaremos o a

    fundamento que nos levaria ao estudo daexteriorizao da sensibilidadee da motricidade69

    , bem comoaos efeitos hipnticos, aos mtodos deregresso de memria70 e s caractersticas atinentes ao sonambulismo. Afinal, o que vamos estudar mesmo o passee no necessariamente omagnetismo, apesar de comisso no querermos dizer que desprezaremos suas bases e tcnicas, experincias e concluses; muito contrrio, no s as utilizaremos como serviro de fundamental importncia na sedimentao do entemento, na efetivao de sua prtica e para a explanao lgica de vrios pontos comuns.

    Comecemos, ento, buscando a lucidez e a objetividade do Esprito Andr Luiz71, o qual nos faz meditar com grande proveito: O passe no unicamente transfuso de energias anmicas72. o equilibranteideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos (...). Se usamos o antibitico por substncia destia frustrar o desenvolvimento de microorganismos no campo fsico, por que no adotar o passe por ag

    capaz de impedir as alucinaes depressivas, no campo da alma? (...) Se atendemos assepsia, no qurefere ao corpo, por que descurar dessa mesma assepsia no que tange ao esprito?.A encontramos Andr Luiz estendendo definies, com isso favorecendo-nos uma abertura

    nosso estudo: o passe o equilibrante ideal da mente, funcionando como coadjuvante em todos ostamentos, no s fsicos, mas igualmente da alma. Por isso mesmo, os objetivos do passe ficam bem gorizados como elementos a serem alcanados em dois campos: materiais e espirituais, a se refletirem paciente73, no passista e na Casa Esprita.

    Corroborando com isso, encontramos Martins Peralva quando, estudando a mediunidade neste cpo especifico, nos lembra: O socorro, atravs de passes, aos que sofrem do corpo e da alma, institude alcance fraternal que remonta aos mais recuados tempos74.

    Tendo este raciocnio como ponto de partida, componhamos uma anlise um tanto quanto didtdistinguindo os objetivos do passe em trs grupos:

    1 - Em relao ao paciente;2 - Em relao ao mdium; e

    68 Marcos, V, vv. 23 e 24.69 Assuntos bem estudados por Albert De Rochas em seus livros (clssicos) Extriorisation de la SensibilitLExtriorisation de la Motricit. Apenas o primeiro tem verso brasileira.70 Assunto igualmente estudado por De Rochas (Les Vis Successives, tambm no versionado).71 XAVIER. Francisco Cndido, VIEIRA, Waldo. O passe. In Opinio esprita, cap. 55, pp. 180 e 181.72 Compare-se com nosso comentrio acerca do equivoco existente entre animismo e mediunismo no passe, destacado ntem 4 das Definies equivocadas, questo 8, do captulo anterior.73 Convencionamos chamar de paciente a pessoa ou o Esprito que se submete(r) ao tratamento fludico.74 PERALVA, Martins. Passes. In Estudando a Mediunidade, cap. 26, p. 142.

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    3 - Em relao Casa Esprita.

    1. EM RELAO AO PACIENTEO passe Esprita objetiva o reequilbrio orgnico (fsico), psquico75, perispiritual e espiritual do paci

    ente. Chega-se fcil a esta concluso pela observao de que:- quando um paciente procura o passe, ele busca, com certeza, melhora para seu comportamento

    gnico, psquico e/ou espiritual, o que j representa uma afirmativa desse objetivo;- quando os mdiuns sentem-se doando energias e, por vezes, se fatigam aps as sesses de

    ses, deixam claros indcios de que houve transferncias fludicas em benefcio do paciente;- na comprovao das melhoras ou curas dos pacientes, novamente se confirma a tese;- no estudo dos mais variados tratados e obras sobre o assunto, no h quem discorde desse ob

    vo;- e tantas outras evidncias existem que no sobra margem para tergiversaes.No se deve, porm, confundir oobjetivodo passe com o seualcance. Erroneamente comum se

    deduzir do fato de algum no ter sido curado num determinado tratamento fluidoterpico, este deix

    ter sua objetividade definida. Tal raciocnio equivaleria a se condenar a Medicina tomando como bascasos que no tiveram soluo possvel, ou se acusar um mdico pelo fato de um paciente no responcertos medicamentos. O passe, como os medicamentos, tem seus objetivos bem definidos, ainda quecircunstncias a serem vistas mais adiante, nem sempre sejam alcanados satisfatoriamente. Isso, entrto, no os descaracterizam.

    Angel Aguarod76 nos lembra que O magnetismo, em certos estados de origem psquica ou espirital, basta e, para certos indivduos, o melhor agente curativo. Tanto o magnetismohumanocomo oespiritual (grifamos). bem verdade que esta citao no contemplou os problemas orgnicos em suas pvras mas isso no toma menos digna a nota. Entrementes, quando o autor se refere ao magnetismo hno e espiritual deixa liminarmente claro que seu entendimento reconhece a ao do magnetizador co

    e daquele que atua com o auxlio dos Espritos, sem igualmente deixar de lado a ao fludica apenasparte dos Espritos.No se trata de opinio isolada; o Esprito Emmanuel assim se pronuncia: Se necessitas de se

    lhante interveno (do passe), recolhe-te boa vontade, centraliza a tua expectativa nas fontes celestesuprimento divino, humilha-te, conservando a receptividade edificante, inflama o teu corao na confipositiva e, recordando que algum vai arcar com o peso de tuas aflies, retifica o teu caminho, consrando igualmente o sacrifcio incessante de Jesus por ns todos, porque, de conformidade com as lsagradas,Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenas77 (grifos originais). Aquiencontramos toda uma definio de objetividade; um verdadeiro manual de orientao a quem vai se bficiar das benesses de um passe. a parte moral e espiritual do passe em destaque, convidando o paca humildade com boa vontade, a f com a responsabilidade de saber que algum est agindo em seu fpelo que o respeito e a contrio so necessrios.

    Para reforar que os objetivos alcanam a rea das influncias Espirituais, eis a palavra de Kars vezes, o que falta ao obsidiado fora fludica suficiente; nesse caso, a ao magntica de um magnetizador lhe pode ser de grande proveito78.

    Fica definido, desta forma, que o primeiro objetivo do passe , para a pessoa ou para o Espritocarece e procura esse notvel agente de cura, o socorro que lhe proporciona o reequilbrio orgnpsquico, perispiritual e espiritual.

    75 Preferimos destacar a condio psquica para deixar claro estarmos tratando de condies mentais diferentemente condies espirituais.76 AGUAROD, Angel. O problema da sade. In Grandes e Pequenos Problemas, cap. 9, item III, pp. 208 e 209.77 XAVIER, Francisco Cndido. O passe. In Segue-me, p. 100.78 KARDEC, Allan. Da obsesso. In O Livro dos Mdiuns, cap. 23, item 251.

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    2. EM RELAO AO MDIUMNuma importante mensagem do Abade Prncipe de Hohenlohe (Esprito), intitulada Conselhos

    bre a Mediunidade Curadora, encontramos farto material para a definio dos objetivos ora epigrafaEm geral os que buscam a faculdade curadora tm como nico desejo o restabelecimento dasade material, de obter a sua liberdade de ao de tal rgo, impedido nas suas funes por umacausa materialqualquer. Mas, sabei-o bem, o menor dos servios que esta faculdade est chamada a prestar, e s anheceis em suas primcias e de maneira inteiramente rudimentar, se lhe conferis este nico papel (...) a faculdade curadora tem misso mais nobre e mais extensa! (...) Se pode dar aos corpos o vigor da satambm deve dar as almas toda a pureza de que so susceptveis, e somente neste caso que poderchamadacurativa, no sentido absoluto da palavra.

    (...) O aparente efeito material, o sofrimento, tem quase constantemente uma causa mrbida imrial, residindo no estado moral do Esprito. Se, pois, o mdium curador se ataca ao corpo, s se atacefeito, e a causa primeira do mal continuando, o efeito pode reproduzir-se, quer sob a forma primorquer sob qualquer outra aparncia.

    (...) necessrio que o remdio espiritual ataque o mal em sua base, como o fluido material o tri em seus efeitos; numa palavra, preciso tratar, ao mesmo tempo, o corpo e a alma79. (Grifos originais.)

    Mediante tal ponderao que mais nos parece um verdadeiro corolrio, percebemos que os objetdo passe em relao ao mdium tm estreita afinidade com os definidos aos pacientes. Porm, podemdevemos) entender o servio do passe como uma tarefa muito mais ampla que a limitada a uma simplera material. Se os pacientes, inadvertidamente, buscam to-s as curas de suas mazelas orgnicas ou luo de seus mal-estares, compreendamos e auxilie-mo-los. Afinal, muitos deles, e por que no dizmaioria, quase sempre chegam ao tratamento fluidoterpico buscando essas coisas j em ltima incia, visto que, alegam, fulano foi quem me recomendou (e dizem isso fazendo feies de desdm). Etanto ns, os mdiuns Espritas, jamais deveremos entender nossa ao como sendo uma mera aventucampo da matria e dos fluidos, buscando solues fantsticas e miraculosas pois, parafraseando AKardec, preciso aplicar e usar o passe como quem lida com uma coisa santa, tratando-o e recebende maneira religiosa, sagrada, a fim de seus reais objetivos, de cura material e, sobretudo, psespiritual, serem atingidos em sua plenitude, holisticamente.

    Por outro lado, aqueles que no tm a viso Esprita e restringem os objetivos dos passes as cumateriais podem, ainda assim, favorecerem um caminho vlido para comprovaes presentes e futuraseus benefcios, notadamente quando homens ditos de cincia se pronunciam a respeito pois, a particonhecimento e da verificao dos alcances das terapias chamadas alternativas, inevitavelmente umse chegar concluso da origem e da profundidade de muitas delas, resultando, por extenso, num edimento e numa aceitao mais universal do passe esprita.

    Para reforo, num documentrio sobre os curadores gregorianos, uma mdica de Moscou, GaShatalova, que pratica a imposio das mos em muitos de seus pacientes, disse que suas tentativatransferir energia biolgica freqentemente pareciam ajudar mais o paciente que o tratamento ortoenvolvendo medicina e drogas. E completou: A Organizao Mundial da Sade (OMS) tem-se emnhado num objetivo ambicioso - universalizar o tratamento de sade at perto do final do sculo. Patingir esse objetivo, a OMS tinha decidido utilizar os servios de curadores no ortodoxos. Ento, Hdren Mahler (1977), como diretor geral da OMS, declarou que o treinamento de auxiliares de sade,teiras tradicionais e curadores pode parecer desagradvel a alguns fazedores de poltica, mas se a solucorreta no sentido de ajudar pessoas, ns deveramos ter a coragem de insistir que esta e a melhor pca80.

    deveras alvissareira essa abertura pois, mesmo pelo caminho estreito da matria, com certeza ataremos nas potencialidades do Esprito e, na conjugao das foras magnticas orgnicas com as esp

    79 KARDEC. Allan. In Revista Esprita, out. 1867, I Parte.80 KRIPPNER. Stanley. In Possibilidades Humanas, cap. 9, p. 239.

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    ais, o homem sair do crculo estreito em que se encontra e o objetivo do tratamento fludico (em ncaso particular, do passe) alcanar uma dimenso mais consentnea consigo mesmo.

    Continuando, lembramos Kardec quando nos informa que A faculdade de curar pela imposiomos deriva evidentemente de uma fora excepcional de expanso, mas diversas causas concorrem aument-la entre as quais so de colocar-se, na primeira linha: a pureza dos sentimentos, o desinteresbenevolncia, o desejo ardente de proporcionar alvio, a prece fervorosa e a confiana em Deus; numlavra: todas as qualidades morais81. Ou seja: alm de proporcionar a cura ou a melhora do paciente, devo mdium se esforar por melhorar-se moralmente, no fito de cumprir sua tarefa dignamente e de mefavorecer aos objetivos do passe.

    Como mdiuns, devemos ser conscientes de que temos no passe uma oportunidade sagrada de pcar a caridade sem mesclas, desde que imbudos do verdadeiro Esprito cristo, sem falar na bno dedermos estar em companhia de bons Espritos que, com carinho, diligncia, amor, compreenso e humde se utilizam de nossas ainda limitadas potencialidades energticas em benefcio do prximo e demesmos. Ademais, no olvidemos que somos, em maioria, iniciantes na jornada da evoluo, pelo quea advertncia de Emmanuel nos recordando que Seria audcia por parte dos discpulos novos a expeva de resultados to sublimes quanto os obtidos por Jesus junto aos paralticos, perturbados e agonizaO Mestre sabe, enquanto ns outros estamos aprendendo a conhecer. necessrio, contudo, no deszar-lhe a lio, continuando, por nossa vez, a obra de amor, atravs das mos fraternas82.

    Pelo fato de ser simples, no se deve doar o passe a esmo, nem, tampouco, a fim de dar aparngraves aos mesmos, alimentar idias errneas que induzam ao misticismo ou que venham a criar mista seu respeito. Por isso mesmo nos convida Andr Luiz: Espritas e mdiuns Espritas, cultivemos o se, no veculo da orao, com o respeito que se deve a um dos mais legtimos complementos da terapca usual83, induzindo-nos, assim, a responsabilidade que devemos ter como mdiuns passistas Espritas

    3. EM RELAO CASA ESPRITAO Movimento Esprita brasileiro , seguramente, o mais bem estruturado e o mais atuante de to

    os movimentos espritas graas, no obstante parcas e isoladas opinies em contrrio, ao trabalho da F

    rao Esprita Brasileira (FEB) e, em especial, do Conselho Federativo Nacional (CFN), rgo que grega todas as unidades federativas espritas do pas alm daquela. E dessas duas clulas tm surgidmais elaborados e profcuos trabalhos de orientao em todos os campos onde atuam ou podem atuInstituies Espritas, de uma forma permanente e atualizada, sem, todavia, jamais descurar dos princbsicos da Doutrina Esprita nem de sua pureza doutrinria.

    Permita-nos o leitor fazer um breve parntese: infelizmente existem Espritas que se rotulam de dernos e, da mesma maneira como encontraram este adjetivo para eles prprios, buscaram os de covadores e retrgrados como sinnimos para aqueles que cuidam da doutrina com zelo e pureza doutria. Pelo fato de Kardec ter vivido no sculo passado, esses modernos chamam seu Pentateuco de sico, ensejando se tratar de artigo de prateleira de museu. Embora tenhamos aprendido a respeit

    opinies alheias, no podemos concordar nem aceit-las todas. E essa uma das que discordamos; endemos como pureza doutrinria a fidelidade que devemos ter ao Pentateuco Kardequiano e o respesua linha isenta de rituais, cismas e dogmas, buscando a atualidade das coisas mas no nos entusiasmaexcessivamente pelas levas sucessivas de modismos que de tempos a tempos assola nosso meio, qsempre destitudas de qualquer fundamentao lgica ou doutrinria. Afinal, atualizar-se no quer ddesprezar ou menosprezar as bases; ao contrrio, significa justapor-lhe, essncia, os avanos comprdamente coerentes e cabveis. Nisso tudo estamos integralmente com Ary Lex, quando diz: No movito Esprita costuma haver uma certa condescendncia para com as pequenas deturpaes, condescendessa rotulada como tolerncia crist. Esto errados. Tolerncia deve haver para as falhas das pessoas,devem ser esclarecidas e apoiadas, ajudando-as a sarem do ciclo erro-sofrimento. Tolerncia com as soas, sim, mas conivncia com as deturpaes, jamais. E conclui acertadamente mais adiante: urg

    81 KARDEC, Allan. Mdiuns curadores. In Obras Pstumas, 1 Parte, cap. 6, item 52.82 XAVIER, Francisco Cndido. Passes. In Caminho, Verdade e Vida, cap. 153, p. 322.83 XAVIER, Francisco Cndido, VIEIRA, Waldo. O passe. In Opinio Esprita, cap. 55, p. 131.

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    e fundamental que todos aqueles que tiveram a ventura de entender o Espiritismo lutem, dia a dia, manuteno da pureza doutrinria. Que no se omitam. (...) O que no se pode permitir que, em ndo Espiritismo, se pratiquem atos totalmente condenados pela Doutrina84. (Grifos originais.) Fecha parnteses.

    Hoje possumos um documento de rara oportunidade, resultante de uma srie de reunies, plenencontros, estudos e anlises sobre o Movimento Esprita brasileiro, promovidos pela FEB e com aticipao de todas as unidades federativas espritas do Brasil85, cuja concluso culminou em meados do anode 1980 - o que evidencia a atualidade do documento. ele impresso e distribudo pela prpria FEB eo nome de Orientao ao Centro Esprita - 1980, ao qual, em mais recentes edies, foram incorporoutros mais recentes trabalhos da lavra do mesmo CFN. Nele buscaremos algumas palavras a fim de nar os objetivos aqui previstos.

    Na apresentao do documento, item 5, observamos: Fraternidade, respeito ao semelhante, desiresse utilitarista, trabalho idealista na vivncia do 'amai-vos uns aos outros', tolerncia e simplicidadcorao, humildade de Esprito, numa palavra, a prtica das virtudes evanglicas, eis o que distingue obalho Esprita e caracteriza a instituio fundada e sustentada sob a inspirao do Espiritismo86. Pois bem,ser dentro desses padres que consideraremos a Casa Esprita para efeito deste livro, mesmo porquela assim no se caracterizar, por si s perder sua qualificao primordial, ainda que ostente o nome prita em sua fachada.

    No mesmo documento87 temos: A liberdade, caracterstica da Doutrina, reflete-se na atuao dadepto. Mas preciso no confundir livre iniciativa individual lastreada no conhecimento adquirido, licena para fazer o que bem se entenda. O conhecimento da verdade revelada e o entendimento do Egelho, em esprito, asseguram essa liberdade e lhe traam os limites. Mesmo considerando esta asseem seu carter genrico, no podemos deixar de ver suas conseqncias em referncia aos trabalhopasse. Esse, inclusive, mais um dos motivos por que estamos substanciando este livro no conhecim j universalizado pelos Espritos, to bem balizado por Allan Kardec e condignamente ratificado pelopritos Andr Luiz, Emmanuel, Bezerra de Menezes, Manoel Philomeno de Miranda e Alexandre, entrtros.

    No capitulo V88, o Centro Esprita tem necessidade de promover reunio(es) de assistncia espitual onde, entre outras providncias, haja a (...) aplicao de passe e fluidificao de gua, objetivanmobilizao de recursos teraputicos do plano espiritual as pessoas carentes deste auxlio. Ou seja, tCasa Esprita, no cumprimento de suas finalidades, a necessidade de manter um servio de atendimfluidoterpico, at mesmo para dar oportunidade aos mdiuns a ela vinculados de servirem ao Senhor vs do prximo, ao tempo em que propicia alento, orientao, reequilbrio e esperana aos que lhe buos benefcios.

    No queremos, todavia, inferir que o servio do passe seja a atividade mais importante da Casa Erita. No, no o . Mas sua simplicidade aliada ao seu reconfortante alcance, principalmente quando zado de forma concomitante a doutrinao e a elucidao evanglico-doutrinria, de tamanha envergra que no se deveria deixar jamais de pratic-lo nas Instituies Espritas. Afinal, no Mundo Espiritu

    Mentores que orientam essas mesmas instituies formam equipes especializadas para atendimento aocamados. Seno ouamos Andr Luiz: Em todas as reunies do grupo (...) vrios so os servios qudesdobram sob a responsabilidade dos companheiros desencarnados. (...) Um desses servios era o deses magnticos, ministrados aos freqentadores da casa. (...) Todas as pessoas, vindas ao recinto, recam-lhes o toque salutar e, depois de atenderem aos encarnados, ministravam socorro eficiente as entidinfelizes do nosso plano (...)89.

    84 LEX, Ary. Dos fatos a filosofia. In Pureza Doutrinria, cap. 7, pp. 96 e 98.85 Particularmente tivemos a honra de participar, como assessor da FERN, das duas ltimas plenrias que elaboraram o r ferido documento, na sede do CFN da FEB em Braslia-DF.86 Conselho Federativo Nacional. In Orientao ao Centro Esprita, 1980, p. 11.87 Idem, p. 12.88 Ibidem, p.23.89 XAVIER, Francisco Cndido. Passes. In Missionrios da Luz, cap. 19, p. 320.

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    No mesmo tom, anotemos o registro que Manoel Philomeno fez das palavras do Dr. Lustoza (Esto): - Como existem Prontos-Socorros para os males fsicos e assistncia imediata para os alienados tais em crise, j tempo que a caridade crist, nas Instituies Espritas, crie servios de urgncia fluidrpica e de consolao para quantos se debatem nos sofrimentos do mundo, e no tm foras para esdatas distantes ou dias exclusivos para o atendimento. Espritas esclarecidos, imbudos do sentimentcaridade, poderiam unir-se neste mister, reservando algum tempo disponvel e revezando-se num serde atendimento caridosamente programado, a fim de mais amplamente auxiliar-se o prximo, diminuinmargem de aflies no mundo.90. Meditemos sobre isso!

    Chamamos a ateno para o fato de que a Espiritualidade, antes mesmo do inicio das atividades teriais da Casa, j est presente e atuante, pelo que nosso respeito e reto comportamento devem ser constante, notadamente nos recintos da Instituio.

    Cabe ao Centro Esprita no apenas utilizar-se de seus mdiuns para os servios do passe mas igmente renovar os conhecimentos dos mesmos atravs de estudos, simpsios e treinamentos, buscaformar equipes conscientes e responsveis e se eximindo da limitao to perniciosa de se ter apenamdium dito especial, ou, o que no menos grave, contar com pessoas portadoras apenas de boa tade ao servio mas sem nenhum interesse em estudar, aprender ou reciclar conhecimentos, limitadas, se sempre, s prticas do j faz tanto tempo que ajo assim ou meu guia quem me guia e ele no fnunca. Afinal, j sabemos que tempo de prtica, considerado isoladamente, no confere respeitabili

    ao passe, assim como a tarefa, no campo da individualidade, do mdium e no de guias que o isentparticipao e responsabilidade. Conscientizemos nossos passistas de suas imensas e intransferveis ressabilidades pois se em todas atividades de nossas vidas somos ns, direta e insubstituivelmente, respoveis por nossos atos, que se h de pensar daquela vinculada a to nobilitante tarefa!

    90 FRANCO, Divaldo Pereira. Socorros espirituais relevantes. In Painis da Obsesso, cap. 26, p. 215.22

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    CAPTULO III - O PORQU DO PASSEEnquanto estas cousas lhes dizia, eis que um chefe, aproximando-se, o adorou, e

    disse: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impe a tua mo sobre ela, e viver91.

    Os acmulos de bnos que os Cus incessantemente nos concedem se fazem bem patentes qua

    somos atendidos pela fluidoterapia; quer no alvio de uma simples dor de cabea, quer fazendo minorafrimentos mais atrozes; tanto nos clareando a mente em vias de estressar-se quanto nos eximindo das es espirituais mais violentas e tenazes. Outrossim, Espritos endividados tal qual somos, no consegamos por muito em prtica a caridade sem o exerccio da ajuda aos mais necessitados; e neste campprtica do passe de um valor inestimvel.

    O passe nos essencial pelo muito que nos pode oferecer tanto em bnos quanto em oportundes de servio, a que tambm uma beno. Mas comum, na prtica, deturpar-se um pouco esta conso; enquanto alguns julgam serem imunes necessidade dele para si mesmos, outros caem no vciotom-lo tantas vezes sejam possveis e no apenas quantas necessrias. Por isso, mesmo j tendo vistobjetivos do passe, importa considerar algumas questes que surgem com relativa freqncia.

    1. O ESPRITA PRECISA?Ningum realmente esprita altura desse nome, to-s porque haja conseguido a cura de uma

    cabiose renitente, com o amparo de entidades amigas, e se decida, por isso, a aceitar a interveno dlm-Tmulo na sua existncia; e ningum mdium, na elevada conceituao do termo, somente porqfaa rgo de comunicao entre criaturas visveis e invisveis. Andr Luiz92.

    Vemos, aos milhares, pessoas que foram beneficiadas pelos diversos atendimentos fluidoterpicos por isso, se dizem espritas. Mas o dizem sem conhecerem o que , na verdade, ser esprita; de fatocriaturas que, na maioria, precisam de Evangelho e de Luz; todavia, muito pouco se esforam para coc-lo e perceb-la. A verdade, entretanto, que muitas vezes se dizem espritas para, quando precisaos Espritos virem socorr-las, como se eles estivessem a cata de adeptos para repletarem estatsticapara atenderem ao modismo atual de se estar em alpha. Evidente tratar-se de irmos carentes queisso e por outras, precisam no s de passe mas de toda uma mudana interior; de uma verdadeira evalhoterapia. Afinal, na definio de Kardec, Reconhece-se o verdadeiro esprita pela sua transformaomoral e pelos esforos que emprega para domar suas inclinaes ms93.

    Feitas estas colocaes sobre o esprita, fica evidente que sero nestes termos que o considerareem nossas anlises. Ou seja: so espritas aqueles que professam a Doutrina Esprita e por sua orientprocuram pautar sua vida e seus atos.

    Assim sendo, volta a questo: o esprita precisa do passe? Sem dvida que sim, pois sendo o espum ser humano normal, sujeito a todas necessidades e vicissitudes da vida, est, por isso mesmo, expaos mesmos problemas e males que toda humanidade. Entrementes, conhecedor da prece, do Mundo ritual e praticante do Evangelho, pode ele, em muitos casos, resolver suas necessidades consigo meAfinal, o Espiritismo uma das maiores bnos que um homem pode receber numa encarnao e avivncia um verdadeiro evoluir.

    Noutro aspecto da questo, recordamos que Jesus, ouvindo, disse: Os sos no precisam de mco, e, sim, os doentes94. Como espritas, sob o angulo do conhecimento e da consolao, no somos doentes mas, pelas vias orgnicas e crmicas, muitas vezes somos dos mais necessitados. Da nossa nesidade da profilaxia do passe. Mesmo porque se, como espritas, no fizermos uso da fluidoterapia, c

    91 Mateus. IX, v. 18.92 XAVIER, Francisco Cndido. Pensamento e mediunidade. In Nos Domnios da Mediunidade, cap. 13, p. 121.93 KARDEC, Allan. Os bons espritas. In O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 17, tpico 4.94 Mateus, IX, v. 12.

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    poderemos apresent-la aos no espritas como uma bno divina disposio de todos os homensno lhes aceitamos as evidncias, como ensin-las e distribu-las ao prximo?

    No se deve, contudo, da inferir a generalizao do passe pelo passe, sem medir-lhe a real nesidade. Fazemos nossas as palavras do Esprito Emmanuel quando, dando-nos orientao sobre o usote recurso divino disposio dos homens, recomendou No abusar daqueles que te auxiliam. No too lugar do verdadeiro necessitado, to-s porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam ferido95.

    Em termos prticos, o esprita precisa do passe toda vez que se sinta esgotado e que o repouso n

    ral no lhe confira sua volta a normalidade; quando, por motivos diversos, sinta-se com dificuldade emzer uma prece, de concentrar-se numa boa leitura, de voltar sua ateno para coisas srias e nobres; seorganismo, apesar dos cuidados devidos a ele prestados, no estiver tendo o comportamento normalmesperado; quando idias obsessivas se assenhorearem de seus pensamentos com freqncia e obstinaquando, apesar de ingentes esforos para melhorar-se, pensar que tudo lhe sai sempre errado; quando as negativas e depressivas tornarem-se costumeiras no seu mundo interior; quando, por fim, sentir-seenvolvimento espiritual de nvel inferior e no se encontrar com foras para, por si s, sair da situaosas so vicissitudes comuns verificadas no nosso dia-a-dia, indicando-nos a necessidade de tomarmopasse ou de fazermos um tratamento fluidoterpico, dependendo do caso, sem, contudo, esquecermoso passe, em grande nmero desses casos, nada mais que um simples complemento e no o tratamenttal e exclusivo, a soluo nica e definitiva. O esprita sabe onde est a soluo: s busc-la e igualm

    ensin-la ao irmo carente. Ademais, j afirmou Jesus: Pedi, e dar-se-vos-; buscai, e achareis; batei,brir-se-vos-96.No pode, portanto, o esprita prescindir do passe, assim como no deve explorar-lhe os benefc

    Afinal, o esprita conserva em si mesmo grande potencial de auto-socorro.

    2. O MDIUM PRECISA? No que diz respeito aos mdiuns, a citao atrs97 , acrescida de (...) no basta ver, ouvir ou incorporar

    Espritos desencarnados para que algum seja conduzido respeitabilidade98 , se amolda perfeitamente. Andr Luiz posicionou com equilbrio sua definio sobre eles, no contradizendo o conceito de Allan Kardec a resp

    to99

    , mas registrando que uma profundidade maior se faz requerida para a especificidade do termo, para a categorizao mais efetiva do fato. Tanto que, continuando dita citao, o autor espiritual lembra: No bastar portanto, meditar a grandeza de nosso idealismo superior. preciso substancializar-lhe a excelsitude em nossmanifestaes de cada dia, acrescentando mais adiante (p. 122): Para atingir esse aprimoramento ideal im prescindvel que o detentor de faculdades psquicas no se detenha no simples intercmbio. Ser-lhe- indispenvel a consagrao de suas foras s mais altas formas de vida, buscando na educao de si mesmo e no servidesinteressado a favor do prximo o material de pavimentao de sua prpria senda. (Grifamos.)

    Mdiuns, nas colocaes desse nosso trabalho, so aqueles que usam de seus dons medinicosbenefcio do prximo, segundo as leis crists do dai de graa o que de graa recebestes, recordanque nos diz o apstolo Paulo: No te faas negligente para com o dom que h em ti, o qual te foi co

    dido mediante profecia, com a imposio das mos do presbtero100

    .Apoiados na argumentao do item anterior, poderamos afirmar que os mdiuns precisam do pamas no nos limitaremos a isso. Na srie Nosso Lar do Esprito Andr Luiz encontramos vrias opnidades em que os Espritos esto a aplicar passes sobre pessoas e, especialmente, sobre os mdiuns.

    95 XAVIER, Francisco Cndido. O passe. In Segue-me, p. 134.96 Mateus, VII, v. 7.97 XAVIER, Francisco Cndido. Pensamento e mediunidade, In Nos Domnios da Mediunidade, cap. 13, p. 121.98

    XAVIER, Francisco Cndido. Pensamento e mediunidade, In Nos Domnios da Mediunidade, cap. 13, p. 123.99 Em O Livro dos Mdiuns, cap. 14, item 159, diz Kardec: Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influncia Espritos ,. por esse fato, mdium. (...) Por isso mesmo, raras so as pessoas que dela no possuam alguns rudimentos. Pde, pois, dizer-se que todos so, mais ou menos, mdiuns.100 I Timteo, IV, v. 14.

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    por si s, j confirma a necessidade do mdium em tom-los; tanto que muitas vezes o tomam, na modade esprito-espiritual ou esprito-misto101, sem ao menos se darem conta.

    Para exemplificar, observemos duas narrativas:(...) Necessitamos de colaboradores para o auxlio magntico aoorganismo medinico. (...) O apa

    relho medinico foi submetido a operaes magnticas destinadas a socorrer-lhe o organismo nos prosos de nutrio, circulao, metabolismo e aes protoplsmicas (...)102 (Grifamos.)

    Agora esta outra: Enquanto Gabriel se postava ao lado da mdium,aplicando-lhe passesde longocircuito, como a prepar-la com segurana para as atividades da noite, o condutor da reunio pronunsentida prece103 (grifamos).

    Verificamos, portanto, a Espiritualidade se incumbindo do atendimento aos mdiuns atravs do pse, atividade espiritual nunca desprezada em reunies medinicas, no intuito de favorecer condies nesrias para o encaminhamento dos trabalhos e tambm ajudar e socorrer os prprios tarefeiros. Isto, tudo, no isenta o mdium de suas responsabilidades, posto que, O mdium, por excelente que sejaassistncia espiritual, no deve descurar-se da prpria vigilncia, lembrando sempre de que uma crihumana, sujeita, por isso, a oscilaes vibratrias, a pensamentos e desejos inadequados104. (Martins Peralva.)

    Atentemos para o fato de que Os mdiuns, em sua generalidade, no so missionrios na acepcomum do termo; so almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o cdas leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, osado obscuro e delituoso (...) e que regressam ao orbe terrqueo para se sacrificarem em favor do grnmero de almas que desviaram das sendas luminosas da f, da caridade e da virtude105. (Emmanuel.)

    Compreendemos assim que o mdium deve realizar permanente esforo de auto-aprimoramentonhecendo-se a si mesmo e domando suas ms inclinaes. Dessa forma, estar como o servidor fiel quencontra pronto sempre que o servio aparece.

    Mas, se por algum motivo, aps analisar-se e sentir que no se encontra bem, alm da prece euma boa leitura, o passe o coadjuvante por excelncia, no s para o mdium como para o espritageral; diramos mesmo que ele o indispensvel elemento reequilibrante. O mdium no pode achapor s-lo, que est isento de influenciaes ou perturbaes diversas. Para ele, at mesmo por sua facide de sintonia com o plano espiritual e por sua sensibilidade, o passe pode surtir efeitos mais rpidos eradouros.

    No entendamos, contudo, devam os passistas buscarem receber passes aps o terem aplicadosentido de se reabastecerem. Tal prtica apenas indica o pouco entendimento que tm as pessoas relao ao que fazem. Quando aplicamos passes, antes de atirarmos as energias sobre o paciente (...camos envolvidos por essas energias, por essas vibraes, que nos chegam dos Amigos Espirituais envidos nessa atividade, o que indica que, antes de atendermos aos outros, somos ns, a princpio, benefdos e auxiliados para que possamos auxiliar, por nossa vez. (Raul Teixeira)106.

    3. SUBSTITUI O ESFORO PRPRIO?Do ponto de vista terreno, a mxima: Buscai e achareis anloga a esta outra: Ajuda-te a ti mes

    mo, que o Cu te ajudar. o principio dalei do trabalhoe, por conseguinte, dalei do progresso(...)(...) No, os Espritos no vm isentar o homem da lei do trabalho: vm unicamente mostrar-lhe

    meta que lhe cumpre atingir e o caminho que a ela conduz, dizendo-lhe: Anda e chegars. Topars com

    101 A justificativa desses termos ser dada no captulo VI adiante.102 XAVIER, Francisco Cndido. Materializao. In Missionrios da Luz, cap. 10, pp. 113 e 115.103 XAVIER, Francisco Cndido. Mandato Medinico. In Nos Domnios da Mediunidade, cap. 16, p. 152.104 PERALVA, Martins. Mdiuns. In Estudando a Mediunidade, cap. 7, p. 45.105 XAVIER, Francisco Cndido. Quem so os mdiuns na sua generalidade. In Emmanuel, cap. 11, pp. 66 e 67.106 FRANCO, Divaldo Pereira e TEIXEIRA, J. Raul. Passes. In Diretrizes de Segurana, cap. 7, questo 80, p. 70.

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    pedras; olha e afasta-as tu mesmo. Ns te daremos a fora necessria, se a quiseres empregar107 AllanKardec (grifos originais).

    Estas palavras so muito transparentes. A necessidade do esforo prprio inerente a prpria Nreza, e humana com especial nfase. Isto, inclusive, apesar da simplicidade e objetividade com que sunto colocado, pe em xeque muitas hipteses ditas revolucionrias ou arrebatadoras que vivesurgir, repletas de promessas as mais mirabolantes e inverossmeis possveis, ou mesmo com aparentegicas e comprovaes (mas s aparentes). que essas propostas de tratamentos e curas, quase semsem fundamentos, argumentam o paciente s precisa fazer esse ou aquele exerccio (fsico ou psqudessa ou daquela maneira, tantas ou quantas vezes, para ficar definitivamente curado.

    A prpria Cincia Mdica nos d conta de que, apesar dos inmeros casos laboratoriais - com edo, anlise e desen