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Espécies Tributárias – Alexandre Lugon Introdução Natureza do Direito Tributário: É obrigacional; é a relação jurídica entre um sujeito ativo (fisco) e um sujeito passivo (contribuinte ou responsável), envolvendo uma prestação (tributo). DEFINIÇÃO DE TRIBUTO art. 3.º do CTN

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Page 1: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

Espécies Tributárias – Alexandre Lugon

Introdução

Natureza do Direito Tributário: É obrigacional; é a relação jurídica entre um sujeito ativo (fisco) e um sujeito passivo (contribuinte ou responsável), envolvendo uma prestação (tributo).

DEFINIÇÃO DE TRIBUTO

art. 3.º do CTN

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Lei complementar n.º 104 de 2001, que alterou dispositivos do CTN, incluiu no art 156, XI CTN, “dação em pagamento em bens imóveis, na forma estabelecida em lei” como modalidade nova de extinção do crédito tributário.

PERGUNTAS:Caberia Pagamento de Tributo:

1) IN LABORE?Não se aceita extinção do crédito tributário mediante tributos in labore (ex: advogado quitando ISS com um dia de serviço comunitário). Tributo NÃO é Prestação de FAZER. Tributo é Prestação de DAR Pecúnia.2) IN NATURA?Não se aceita extinção do crédito tributário mediante tributos in natura (pagar na mesma espécie de mercadoria que está sendo transacionada) (ex: Contribuinte que Importa bebida, na hora de quitar o II entregando para União 10 garrafas de vinho). Tributo é Prestação de DAR Pecúnia

Classificação dos Tributos Quanto à Função por eles Exercida:

a) fiscais (função meramente arrecadatória para o cumprimento das prerrogativas e incumbências de Estado). Ex: IR , ICMS, IPTU...

b) extrafiscais (além da função fiscal, nestes predomina a função de controle ou intervenção na economia). Ex: II, IE, IPI, IOF, ITR;ITR tem alíquota progressiva de forma a desestimular a propriedade rural improdutiva

c) parafiscais (arrecadados para que o Estado cumpra funções paralelas às funções típicas de Estado). Ex. contribuições da seguridade social art. 195 C.F.Para → ao lado deRequisitos da parafiscalidade: - o Titular da competência transfere as funções de arrecadar e fiscalizar, bem como também, transfere os recursos arrecadados e a outra pessoa jurídica dotada de autonomia administrativa e financeira.

Espécies Tributárias

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Art. 5.º CTN : São tributos os impostos, taxas e contribuições de melhoria (possuem função tributária básica).

EC 01/69 → Empréstimo Compulsório incluído no Sistema Tributário Nacional, na CF no capítulo da Tributação. A mesma coisa aconteceu com as Contribuições Especiais (ou Parafiscais) que também NÃO estavam no art. 5º do CTN.

Os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais, após sua inclusão no Sistema Tributário Nacional passam a ter natureza tributária segundo o STF, pois, apesar de não serem tributos básicos novos, no entanto, são dotados de características especiais as quais lhe atribuem função tributária autônoma além de comporem o STN.

Jurisprudência do STF:As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidência ou pelo fato gerador da respectiva obrigação são:

a) os impostos (CF, art. 145, I; arts. 153, 154, 155 e 156);

b) as taxas (CF, art. 145, II);

c) as contribuições, que são

c.1) de melhoria (CF, art. 145, III);

c.2) as parafiscais (CF, art. 149) que por sua vez podem ser: →ou Especiais (lato sensu)c.2.1) sociais:

c.2.1.1) de seguridade social (CF, art. 195)c.2.1.2) outras da seguridade social (CF, art. 195, §4º )c.2.1.3) sociais gerais: FGTS, salário-educação (CF, art. 212, §5º ) e as contribuições para o SESI, SESC e SENAI (CF, art. 240);

c.3) especiais: c.3.1) de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149);c.3.2) corporativas = de interesse de categorias profissionais ou econômicas (CF, art. 149).

d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148)(ADI nº 447, voto do Min. Carlos Velloso, DJ 05/03/1993.)

ATENÇÃO: Se a questão de prova perguntar “Quais são os Tributos segundo o CTN?”→ impostos, taxas e contribuições de melhoria.

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Se NÃO faz restrição ao CTN → a resposta vai ser completa incluindo os Empréstimos Compulsórios e as Contribuições Especiais (ou Parafiscais).

OBS: A CONSTITUIÇÃO atribui a COMPETÊNCIA PARA INSTITUIR TRIBUTOS, mas ela NÃO

traz o FATO GERADOR de nenhuma espécie tributária. A CF traz os MOTIVOS pelos quais poderão ser instituídos os Tributos.

Quem traz o FATO GERADOR das Espécies Tributárias é o CTN .

1. IMPOSTOS

CF, Art. 145: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:I – IMPOSTOS;

O art. 145 APENAS traz a COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA das Entidades.Esclarecimento: Quando formos estudar os itens Impostos Federais, Impostos Estaduais e Impostos Municipais especificamente iremos abordar os artigos da CF que elencam os Impostos da União, do Estado e do Município. Mas o enfoque agora é estudar a estrutura das espécies tributárias.

1.1. Fato Gerador

Fato Gerador → situação prevista em lei, que quando alguém se enquadra faz surgir uma relação jurídica com a Fazenda Pública. Fato que faz surgir uma relação jurídica.

Fato Gerador dos IMPOSTOS: manifestação exterior de riqueza; manifestação da capacidade econômica do contribuinte.Ex: Auferir renda, propriedade de bem imóvel, saída de mercadoria (circulação de mercadoria), prestar serviços, etc.

Então um fato que gera pagamento de imposto é um fato do Contribuinte, está relacionado ao Contribuinte.Para que a U,E, DF ou M cobre um imposto basta que o cidadão (contribuinte) manifeste uma capacidade econômica prevista em LEI.

Ou seja, o pagamento de um imposto não depende de atuação do Estado → independe do Estado oferecer qualquer tipo de Serviço para o contribuinte → a cobrança do imposto é mantida mesmo que não ocorra a coleta de lixo domiciliar, nem segurança pública (mesmo que não haja nenhum tipo de serviço por parte do ente estatal) → a cobrança do imposto é mantida porque o FATO que GERA o pagamento do Imposto não é uma Atividade do Estado (lato sensu) e sim uma manifestação economia do contribuinte.

CTN, art. 16: Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

Esse artigo não definiu imposto, apenas trouxe uma característica do imposto.

Obrigação → referencia a relação jurídica entre a Fazenda e o Contribuinte.

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Fato Gerador do Imposto → independente de qualquer atividade estatal

1.2. Características

1.2.1. Tributo NÃO VINCULADO

OBS: A expressão “Tributo Vinculado” e “Tributo Não Vinculado” → é uma expressão que ser refere à análise do FATO GERADOR.

TRIBUTO NÃO VINCULADO: São tributos cujo fato gerador é uma situação que não tem como contrapartida nenhuma atividade imediata do Estado em relação ao contribuinte.

Ex: quando o Estado cobra IR, não oferece nenhum serviço de imediato em troca. Portanto, afirmamos que o imposto é um tributo NÃO VINCULADO.

IMPOSTO é TRIBUTO NÃO VINCULADO = Fato Gerador NÃO VINCULADO à Atividade EstatalFato Gerador do Imposto → é fato do INDIVÍDUO (não é fato do Estado).

TAXA é TRIBUTO VINCULADO = Fato Gerador VINCULADO à Atividade EstatalFato Gerador da Taxa → é fato do ESTADO.

IMPORTANTE:

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Atividade Administrativa Vinculada = Ato Vinculado ≠ Ato Discricionário

Ato Vinculado → o agente público NÃO tem liberdade para agir, pois a lei não lhe confere escolhas. Não há análise de conveniência e de oportunidade quando da prática do ato. A lei já determina previamente como deve agir o agente público, não cabendo a este realizar escolhas. → DEVE fazer

Quando o tributo é vinculado, o ente tributante competente para instituí-lo é justamente aquele que realiza a respectiva atividade estatal. Assim, quem realiza a obra da qual decorre valorização imobiliária cobra a contribuição de melhoria; quem presta o serviço público específico e divisível ou exerce o poder de polícia cobra a taxa.

Os impostos são, por definição, tributos não vinculados que incidem sobre manifestações de riqueza do sujeito passivo (devedor). Justamente por isso, o imposto se sustenta sobre a ideia da solidariedade social. As pessoas que manifestam riqueza ficam obrigadas a contribuir com o Estado, fornecendo-lhe os recursos de que este precisa para buscar a consecução do bem comum. Assim, aqueles que obtêm rendimentos, vendem mercadorias, são proprietários de imóveis em área urbana, devem contribuir respectivamente com a União (IR), com os Estados (ICMS) e com os Municípios (IPTU). Estes entes devem usar tais recursos em benefício de toda a coletividade, de forma que os manifestantes de riqueza compulsoriamente se solidarizem com a sociedade.

Em resumo, as taxas e contribuições de melhoria têm caráter retributivo (contraprestacional) e os impostos, caráter contributivo.

1.2.2. Tributo de RECEITA (ou ARRECADAÇÃO) NÃO VINCULADA:

É importante perceber que os impostos não incorporam, no seu conceito, a destinação de sua arrecadação a esta ou àquela atividade estatal.Aliás, como regra, a vinculação de sua receita a órgão, fundo ou despesa é proibida diretamente pela Constituição Federal (art. 167, IV).

Portanto, além de serem Tributos não vinculados, os impostos são Tributos de ARRECADAÇÃO Não Vinculada → Sua RECEITA presta-se ao financiamento das atividades gerais do Estado, remunerando os SERVIÇOS UNIVERSAIS (uti universi) que, por não gozarem de referibilidade (especificidade e divisibilidade), não podem ser custeados por intermédio de taxas.

Em regra, a receita arrecadada não pode estar vinculada, por lei, a nenhuma despesa específica, fundo ou órgão predeterminados, isto é , tem que ser redestinada ao “ bolo do orçamento”, de onde será repartida segundo os critérios da lei orçamentária. Portanto, é um tributo de RECEITA NÃO VINCULADA, ou seja, de ARRECADAÇÃO NÃO VINCULADA.Via de Regra o IMPOSTO é TRIBUTO DE RECEITA NÃO VINCULADA = RECEITA NÃO VINCULADA a DESPESAS, FUNDOS ou ÓRGÃOS.

CF, Art. 167. São vedados:IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, (...)

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O constituinte procurou eleger um dos Tributos para sustentar a massa orçamentária, ou seja, se ele permitisse que a lei instituidora do imposto permitisse a vinculação dele, ia restar pouco recurso a serem administrados no Orçamento (Tesouro) → assim os serviços gerais ficariam sem custeio.

No entanto há suas EXCEÇÕES:

CF, Art. 167. São vedados:IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

A própria CF determina que alguns impostos deverão ter a Receita repartidas com outro entes da Federação (isso nada mais é do que a CF permitindo a vinculação da Receita de Impostos)

Via de Regra o Imposto é TRIBUTO DE RECEITA NÃO VINCULADA = RECEITA NÃO VINCULADA A Despesa, Fundos ou Órgãos

1.2.3. FUNÇÃO do Imposto: REDISTRIBUTIVA

Como o Imposto visa atingir o contribuinte na sua riqueza, a função do imposto é uma simples Função Redistributiva de Riqueza.

Obs.: Quando o Município cobra Taxa de Coleta de Lixo, ele oferece um serviço público e cobra Taxa para ressarcir o seu custo, na medida do possível →Função Ressarcitiva.

No imposto não há custo a ser ressarcido, a função dele nada mais é do que redistribuir aquela riqueza, aquela capacidade econômica do contribuinte, para a sociedade.

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1.3. Base de Cálculo

Quantum ($) = % x Base de Cálculo

Base de Calculo = Dimensão do Fato Gerador

Quando formos calcular o quantum a ser pago de um Tributo, vamos aplicar uma Alíquota (%) sobre certo valor, esse valor é a base sobre a qual se aplica a alíquota, ele é chamado de Base de Cálculo.Na verdade a Base de Calculo é apurada através da Dimensão do Fato Gerador. Ou seja, quando eu quero identificar a Base de Cálculo de um Tributo basta que eu tente quantificar o Fato Gerador.

Se o Fato Gerador é auferir renda → a Base de Cálculo é o valor da Renda

BASE DE CÁLCULO DE UM IMPOSTO: A base de calculo é o valor sobre o qual incide a alíquota do imposto para dar o valor do tributo.Base de Cálculo do IPVA: o valor do veículo automotorBase de Cálculo do ICMS: o valor da mercadoria adquiridaBase de Cálculo do ISS: o valor do serviço prestadoBase de Cálculo do IPTU: o valor venal de uma propriedade urbanaBase de Cálculo do IR: o valor da renda ou proventosBase de Cálculo do IPI: o valor do produto industrializadoBase de Cálculo do IOF: o valor do empréstimo ou do câmbio

→ Cada imposto tem uma base de cálculo diferenciada

BASE DE CÁLCULO é o elemento quantificador do FATO GERADOR

Se no Imposto o FG = MANIFESTAÇÃO ECONÔMICA do contribuinteBASE DE CÁLCULO do IMPOSTO = DIMENSÃO DA MANIFESTAÇÃO ECONÔMICA do contribuinte.IR (FG = Auferir Renda) → BC = Valor da Renda

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IPTU (FG = Propriedade) → BC = Valor do ImóvelTODO IMPOSTO é regido pelo PRINCÍPIO DA CAPACIDADE ECONÔMICA.

(Isso quer dizer que a Base de Cálculo dimensiona a capacidade econômica do contribuinte).

ATENÇÃO: Não estamos falando de Capacidade Contributiva, estamos falando de Capacidade Econômica Propriamente Dita.

1.4. Classificação dos Impostos

Sujeito Ativo → Entidade de Direito Público que vai exigir a Prestação (CREDOR)

Sujeito Passivo → Aquele que vai ter que cumprir a Prestação (DEVEDOR). Pratica o FG ou está relacionado ao FG direta ou indiretamente.

Sujeito Passivo de DIREITO → Quem cumpre a prestação, ou seja, quem RECOLHE o Tributo → CONTRIBUINTE. Recolher = Pagar ao Cofre Público.

Sujeito Passivo de FATO→ Quem SUPORTA o ÔNUS tributário, quem efetivamente suporta o impacto financeiro do Tributo.

1.4.1. Quanto à forma de percepção

IMPOSTOS DIRETOS : quando o sujeito passivo de direito (aquele que tem a obrigação legal de recolher o tributo aos cofres públicos) é idêntico ao sujeito passivo de fato (aquele que efetivamente desembolsa). NÃO há transferência do encargo tributário. Ex: IPTU, onde o proprietário tem obrigação legal de recolher aos cofres públicos e ele próprio arca com o ônus tributário → Neste caso NÃO há transferência de ônus financeiro a terceiros. Dá-se o fenômeno da PERCUSSÃO TRIBUTÁRIA.

Sujeito Passivo de Direito (recolhe o tributo) = Sujeito Passivo de Fato (suporta o ônus tributário)Ex: IR (sobre o lucro da empresa) → IMPOSTO DIRETO

IMPOSTOS INDIRETOS : quando o sujeito contribuinte de direito é diverso do sujeito passivo de fato. Ex: ICMS, IPI, ISS → Nesta hipótese há transferência de ônus tributário a terceiros.Há o fenômeno da REPERCUSSÃO TRIBUTÁRIA ou TRANSLAÇÃO, uma vez que o sujeito passivo de direito transfere o encargo tributário ao sujeito passivo de fato.

Por exemplo, quando o comerciante já engloba o montante do tributo a arrecadar no preço final da mercadoria, transferindo o desembolso efetivo do tributo, portanto, para o consumidor final. Vale ressaltar que o consumidor, no exemplo, NÃO se diz contribuinte (nome reservado aos contribuintes de direito e não aos contribuintes de fato).

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IR Retido na Fonte → a Empresa paga o salário do Funcionário, essa empresa não está praticando o FG, quem pratica é o Funcionário, ele Aufere Renda. Mas imagine que a Lei do IR determine que aquela Empresa Empregadora faça a retenção (recolhimento) do IR no contracheque do Funcionário e repasse aos Cofres Públicos → a Empresa é o Responsável Tributário (está recolhendo, é o Sujeito Passivo de Direito) e quem suporta o ônus é o Funcionário (Sujeito Passivo de Fato).

ICMS na venda final ao Consumidor → quando a Empresa Comerciante vende a mercadoria para o Consumidor, a Empresa dá a saída da Mercadoria (FG) e ela é obrigada a recolher o ICMS. Quem recolhe o ICMS é a Empresa Comerciante Vendedora, só que a lei permite que esse ICMS seja embutido no preço da mercadoria, de forma que seja transferido seu encargo para o Consumidor Final. Então quando o Consumidor Final compra a mercadoria e paga o preço da mercadoria ele paga o ICMS embutido. A empresa recolhe o ICMS (paga aos Cofres Públicos) → sujeito passivo de Direito.Consumidor arca com o ônus tributário → sujeito passivo de Fato.

Sujeito Passivo de Direito (recolhe o tributo) ≠ Sujeito Passivo de Fato (suporta o ônus tributário)Ex: IR Retido na Fonte; ICMS (venda ao consumidor final) → IMPOSTO INDIRETO.

→ Ser Imposto Direto ou Indireto está atrelado a haver ou não haver o Fenômeno da Repercussão Tributária.O mesmo imposto em uma circunstância pode ser Direto e em outra circunstância Indireto.

1.4.2. Quanto ao objeto de incidência

IMPOSTOS REAIS : quando restringem sua incidência à coisa, à ¨res¨ ( = coisa), objeto do imposto, desconsiderando, em regra, a figura do contribuinte. Ex: IPTU

Impostos Reais – atingem a COISA (NÃO levam em consideração as características do Sujeito Passivo).Ex: IPTU, IPVA, ITBI, ITCMD, ITR, ICMS e outros.

IMPOSTOS PESSOAIS: quando atingem a pessoa, isto é, levam em consideração características subjetivas do sujeito passivo. Incidem sobre a pessoa do contribuinte. Ex: I.R.

Impostos Pessoais – levam em consideração as características do Sujeito Passivo.Ex: IR, IOF, ISS e outros.

IR leva em consideração as características do contribuinte (de quem aufere a renda), quem tem mais dependente pode fazer deduções a mais, pagar menos IR.

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1.4.3. Quanto à alíquota

IMPOSTOS FIXOS: quando o valor do tributo a ser recolhido for estabelecido, fixado em valor pré-determinado, segundo o estabelecido em lei. Ex. ISS dos autônomos, o ICMS por estimativa das Microempresas. A metodologia de cálculo é feita SEM aplicação de alíquotas sobre base de cálculo. A lei define o valor.

Se a Lei do Município disser que o autônomo irá recolher 140 reais de ISS por trimestre → NÃO importa quanto de serviço for prestado, NÃO haverá CÁLCULO, o valor é FIXO.

IMPOSTOS PROPORCIONAIS: quando a alíquota for um percentual a ser aplicado sobre um valor, isto é, sobre uma Base de Cálculo. $ = % x BC → Quantum é determinado pela aplicação de uma alíquota sobre uma Base de Cálculo.Podendo ser Proporcionais com alíquotas Fixas ou Proporcionais com alíquotas Progressivas (caso a alíquota aumente em função do aumento da respectiva Base de Cálculo).

Alíquotas Fixas: mesmo que a BC altere a alíquota permanece FIXA.Ex: ISS empresas → supondo que uma empresa pague ISS no percentual de 5%, o percentual se mantem 5% qualquer que seja o valor do serviço prestado, ou seja, qualquer que seja a BC (mesmo que ela altere).

Alíquotas Progressivas: a alíquota varia a medida que varia a Base de Cálculo.Ex: IR

ATENÇÃO: NÃO confundir o Imposto PROPORCIONAL de Alíquota FIXA (Haverá o Cálculo, mas a alíquota é fixa) com o IMPOSTO FIXO (valor é predefinido em lei → a lei dispensa o Cálculo).

Imposto PROPORCIONAL de Alíquota FIXA ≠ IMPOSTO FIXO

Imposto de Alíquota FIXA → Imposto Proporcional NEM todo Imposto Proporcional é de Alíquota Fixa (tem também os de Alíquota Progressiva).

Imposto Progressivo → Imposto Proporcional NEM todo Imposto Proporcional é Progressivo

Questão: A Característica do Imposto Fixo:a) Tem alíquota Fixa →FALSOb) Dispensa o Cálculo →VERDADEIRO

1.4.4. Quanto à base econômica

O CTN para facilitar os Estudos dividiu os Impostos em Capítulos. Essa é uma Classificação meramente didática.

Impostos sobre o COMÉRCIO EXTERIOR: II e IE.

Impostos sobre o PATRIMÔNIO E A RENDA: IR, ITR, IPVA, IGF, ITD, ITBI, IPTU.

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Impostos sobre a PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO: IPI, ISS, ICMS e IOF.

Impostos Especiais: Imposto Extraordinário de Guerra.

OBS: O IOF sobre uma aplicação financeira atinge a renda → na essência ele atinge a renda (diz o STF), mas a classificação didática no CTN NÃO é de Imposto sobre a Renda e SIM de Imposto sobre a Produção e Circulação.

Como essa é uma classificação meramente didática, ela não é rígida ao extremo ao ponto de determinar que certo imposto não atinja o FG. Ex: O IOF sobre aplicação Financeira atinge a Renda, então ele é um imposto que incide sobre a renda, no entanto ele NÃO se classifica como Imposto sobre o Patrimônio e Renda.

O CTN na sua classificação didática por capítulos ele NÃO restringiu a Incidência dos Tributos, apenas fez uma Classificação meramente didática.

2. TAXAS

CF, Art. 145: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:II – TAXAS, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos E divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

A CF tem a tarefa de repartir competências entre as entidades.

Normalmente a definição do FATO GERADOR é feita pelo CTN (pela Lei).

EXCEÇÃO: no caso das TAXAS a Constituição Federal também define o FATO GERADOR .

2.1. Fato Gerador

CF, Art. 145: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:II – TAXAS, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos E divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

A CF fez a atribuição de competência da TAXA a todas Entidades da Federação, como também definiu o Fato Gerador da Taxa.A Constituição, no art. 145,II, elenca a existência de taxa sobre DOIS fatos geradores distintos,denominadas respectivamente taxa de serviço e taxa de polícia.

Podemos especificar um pouco mais o estudo do Fato Gerador da Taxa pela leitura do CTN, mas antes de adentrar o estudo das taxas vamos fazer uma leitura do Art. 80 do CTN:

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Art. 80, CTN. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público.

Apesar da CF ter atribuído a Competência para criar Taxas a todos os Entes de Federação (COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA COMUM) → a CF NÃO relacionou Rol definido de Taxa para cada uma das Entidades → a determinação para Competência Tributária para Taxa discriminada para cada uma das Entidades é feita em função da Competência Administrativa relacionada para cada uma destas Entidades.Imagine que estamos diante de um Serviço Público de interesse local, por exemplo, a Coleta de Lixo Domiciliar Urbana, quem pode prestar esse serviço é o Município (está no âmbito das atribuições de competência do Município). Logo, se o Município oferecer esse serviço a competência tributária para cobrança e instituição da Taxa é EXCLUSIVA (PRIVATIVA) do Município.

Ou seja, a Competência Tributária para a INSTITUIÇÃO de Taxas é dita Competência Tributária Comum (lato sensu) uma vez que no art. 145 da CF NÃO há Rol definido de Taxas para cada uma das Entidades. Por isso, denominamos de COMPETÊNCIA COMUM (Compete a todas entidades instituir Taxas).No entanto, o CTN deixa bem claro que a Competência Tributária para CRIAR Taxas NÃO é exercida por qualquer entidade em relação a qualquer tipo de Taxa. Ou seja, NÃO é correto afirmar que qualquer Entidade da Federação pode instituir qualquer tipo de Taxa. Uma Entidade Política só pode instituir uma Taxa se aquele determinado Serviço Público estiver no âmbito da sua Competência Administrativa.

Todas as Entidades podem Instituir Taxas.No entanto, uma Entidade só pode Instituir uma determinada Taxa se o respectivo Serviço Público estiver incluído no âmbito da sua Competência Administrativa.

Então dizer que uma determinada Entidade prestou Serviço Público, NÃO é o suficiente para dizer que ela tem competência para Instituir a Taxa → NÃO é a Entidade que Presta o Serviço quem pode, necessariamente, Instituir a Taxa.

A Entidade que Presta o Serviço Público pode INSTITUIR E COBRAR a TAXA se aquele SERVIÇO PÚBLICO estiver ELENCADO NA SUA COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA.

A Competência Administrativa para a Prestação de um Serviço Público LEGITIMA a Competência Tributária para Instituição de uma Taxa.

Agora iremos adentrar ao estudo do FATO GERADOR no CTN:

Art. 77, CTN. As TAXAS cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício REGULAR do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico E divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

O final do art. 77 é redundante. Se o serviço é de Utilização Efetiva ele foi Prestado ao Contribuinte e se o serviço é de Utilização Potencial ele foi Posto à Disposição do Contribuinte.

Page 14: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

A Única diferença em relação ao Art. 145 da CF é a expressão: Exercício REGULAR

2.1.1. FG da TAXA DE SERVIÇO

CTN, art. 77 e art. 79:

Na Taxa de Serviço o núcleo do Fato Gerador é o SERVIÇO PÚBLICO.Não é qualquer Serviço Público que dá ensejo a Cobrança da Taxa de Serviço → só se for um Serviço Público Específico E Divisível.

Page 15: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

E o FATO GERADOR da Taxa de Serviço é a Utilização Efetiva OU Potencial desse Serviço Público Específico E Divisível que venha a ser prestado ao contribuinte OU posto à sua disposição.

Serviço Público Essencial X Serviço Público NÃO Essencial

Serviço Público Essencial → NÃO admite Delegação de Serviço → O Poder Público presta o Serviço Essencial DIRETAMENTE → Só quem cobra TAXA é o Poder Público.

As Taxas de Serviços remuneram serviços públicos essenciais de Estado ou ainda serviços típicos de Estado → são aqueles cuja utilização pelo particular passa a ser essencial para a coletividade.

Serviço Público Não Essencial → admite Delegação de Serviço → Prestação INDIRETA → Preço Público ou Tarifa.

Classificação dos Serviços Públicos (STF)

1 – Serviços públicos propriamente estatais: em cuja prestação o Estado atue no exercício de sua soberania, visualizada sob o ponto de vista interno e externo: esses serviços são indelegáveis, porque somente o Estado pode prestá-los. São remunerados, por isso mesmo, mediante TAXA , mas o particular pode, de regra, optar por sua utilização ou não.Exemplos: a emissão de passaportes e o serviço jurisdicional.

2 – Serviços públicos essenciais ao interesse público: são os serviços prestados no interesse da comunidade. São remunerados mediante TAXA. E porque as atividades remuneradas são essenciais ao interesse público, à comunidade ou à coletividade, a taxa incidirá sobre a utilização efetiva ou potencial do serviço. Basta que o serviço esteja à disposição (utilizando ou não o serviço) → caberá à cobrança de uma taxa.Exemplos: os serviços de coleta de lixo e de sepultamento.

3 – Serviços públicos não essenciais e que, quando não utilizados, disso não resulta dano ou prejuízo para a comunidade ou para o interesse público. Esses serviços são, em regra, DELEGÁVEIS, vale dizer, podem ser concedidos e podem ser remunerados mediante PREÇO PÚBLICO ou TARIFA. Exemplos: o serviço postal, os serviços telefônicos, telegráficos, de distribuição de energia,de gás etc.

Page 16: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

Taxa X Preço Público (ou Tarifa)

COMPULSÓRIA X FACULTATIVAEm consonância com a diferenciação apontada, o STF editou a seguinte Súmula:

STF – Súmula vinculante nº 545 – “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”.

É importante relembrar que, em virtude de o princípio da anualidade não mais ser aplicável em matéria tributária, tem-se por prejudicada a parte final do texto da Súmula, devendo ser desconsiderada a exigência de prévia autorização orçamentária para a cobrança de taxas.

DELEGÁVEL X INDELEGÁVEL

Jurisprudência do STJ:A natureza jurídica da remuneração dos serviços de água e esgoto, prestados por concessionárias de serviço público, é de tarifa ou de preço público, consubstanciando, assim, contraprestação de caráter não tributário. A Execução Fiscal ostenta esse nomen juris posto processo satisfativo, que apresenta peculiaridades em razão das prerrogativas do exequente, assim como é especial a execução contra a Fazenda, não sendo servil apenas para créditos de tributos, porquanto outras obrigações podem vir a compor a “dívida ativa”. (STJ – Resp 740.967/RS).

No Preço Público ou Tarifa → temos serviços que admitem DELEGAÇÃO

Questão: Pode uma Empresa Privada cobrar Taxa? NÃO → Só quem cobra TAXA é o Poder Público.TAXA remunera Serviços públicos essenciais ou Serviços públicos propriamente estatais → são serviços INDELGÁVEIS → só podem ser prestado e só caberá cobrança pelo Poder Público.O máximo que o Poder Público pode fazer é pagar pela Execução Material a uma Empresa Privada, mas ele NÃO está transferindo a estrutura do serviço, está apenas delegando a Execução Material (mera Terceirização).

Na TAXA o que acontece as vezes é a TERCEIRIZAÇÃO → Não delegou o Serviço → Delegou apenas a EXECUÇÃO MATERIAL do serviço → o Município paga aquela empresa e depois ela vai embora, quem presta o Serviço é o Município → quem COBRA a TAXA é o Município.

Page 17: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

Atenção: A Prestação do Serviço Público Essencial NÃO ocorre por TERCEIRIZAÇÃO, NEM por DELEGAÇÃO. Pode ocorrer apenas a Terceirização de Atividade Meio.

OBS: TERCEIRIZAÇÃO ≠ DELEGAÇÃO de Serviço

TERCEIRIZAÇÃO → é a transferência a uma Empresa Privada Especializada da Prestação de Serviço inerente a ATIVIDADE MEIO e não da Atividade Fim. Na típica terceirização ocorre a transferência de atividade-meio, ou seja, a Administração Pública transfere tão-somente uma parcela da atividade, mantendo, todavia, sob seu nome, o desempenho do serviço quando visto em sua totalidade. Vale dizer, na terceirização quem está atuando é o Poder Público (atividade-fim), que apenas conta com o auxílio de um particular que lhe presta o serviço (atividade-meio).

Assim, pode-se concluir que a terceirização de serviços pela administração, é viável e lícita quando diz respeito às atividades-meio dos entes públicos, não sendo cabível quando destinar-se ao exercício de atribuições próprias dos servidores de cargos efetivos próprios dos quadros do respectivo ente contratante, ou para o exercício de funções relativas ao poder de polícia administrativa ou prática de atos administrativos.

DELEGAÇÃO → Já nas hipóteses de delegação de serviço público, a transferência do serviço é quase que total e não apenas de mera atividade-meio, daí porque o particular contratado (concessionário ou permissionário) atua em nome próprio e por sua conta e risco. Em outras palavras, há a transferência de toda a gestão do serviço público e NÃO apenas da execução material de certas tarefas a ele relacionadas.

Delegação de serviços públicos NÃO pode ser confundida com a mera Terceirização de atividades pela Administração Pública, que constitui apenas uma forma de gestão, ainda centralizada, da atividade pública, ou seja, é ainda uma gestão pelo próprio Estado, através de meios materiais e humanos de terceiros.

Atividades Exclusivas de Estado → regulamentação, fiscalização e fomento (ex: Arrecadação Tributária, Segurança Pública, Controle Ambiental, etc.).

Na concessão (modalidade de DELEGAÇÃO) há duas relações jurídico-contratuais, uma entre o poder concedente e a concessionária e outra entre esta e o usuário, que paga à concessionária, em contrapartida pelo serviço público a ele prestado, uma TARIFA (PREÇO PÚBLICO).

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Na TERCEIRIZAÇÃO há uma relação jurídico-contratual (de prestação de serviços) entre o Poder Público e a contratada, que recebe do contratante (e não do usuário), em contrapartida pelos serviços prestados, um preço privado.

Conclusão:Nos simples contratos de prestação de serviço (TERCEIRIZAÇÃO) o prestador do serviço é simples EXECUTOR MATERIAL para o Poder Público contratante. Daí que não lhe são transferidos poderes públicos. Persiste sempre o Poder Público como o sujeito diretamente relacionado com os usuários e, de conseguinte, como responsável direto pelos serviços. O usuário não entretém relação jurídica alguma com o contratado-executor material, mas sim com a entidade pública à qual o serviço está afeto. Por isto, quem COBRA pelo serviço prestado – e o faz para si próprio – é o Poder Público. O contratado não é remunerado por tarifas, mas pelo valor avençado com o contratante governamental.

Em suma: o serviço continua a ser prestado diretamente pela entidade pública a que está afeto, a qual apenas se serve de um agente material.

Já, na concessão (DELEGAÇÃO), tal como se passa igualmente na permissão – e em contraste com o que ocorre nos meros contratos administrativos de prestação de serviços, ainda que públicos –, o concedente se retira do encargo de prestar diretamente o serviço e TRANFERE para o concessionário a qualidade, o título jurídico, de prestador do serviço ao usuário, isto é, o de pessoa interposta entre o Poder Público e a coletividade.

Natureza Jurídica da Exploração de Recursos Naturais

STFRemuneração pela exploração de recursos naturais (...) não se tem, no caso, taxa, no seu exato sentido jurídico, mas preço público decorrente da exploração por particular, de um bem da União (CF, art. 20, IX, art. 175 e §§). (ADI 2586, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 16-5-2002, Plenário, DJ de 1º-8-2003).

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Preço Público → Receita Originária → São obtidas através da exploração do patrimônio da administração, por meio da venda de bens e serviços.

Natureza Jurídica do Pedágio

CF, Art. 150: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;

E o pedágio será taxa ou preço público? A doutrina diverge. Para Sacha Calmon é preço público Para Baleeiro e Luis Emydio é taxa Para Bernardo Ribeiro de Morais será um tributo novo, cujo fato gerador, segundo o

art. 150, V da Constituição Federal , seria o uso de via conservada pelo Poder Público .

Quanto ao STF, há decisões como preço público (ADIM 800/RS-1992) e como taxa (RE-181475/RS- 1999), dependendo das características apresentadas por cada caso em particular.

Varia, portanto, em função da natureza de sua instituição: Se o Pedágio for Instituído por LEI será TAXA Se o Pedágio for de Natureza Contratual será PREÇO PÚBLICO

Em prova, é usual considerar-se como sendo PREÇO PÚBLICO, uma vez predominar, nos dias de hoje, a natureza contratual.

Questão: Pedágio é:a) Taxab) Preço Público

→ Via de Regra, normalmente o Gabarito é PREÇO PÚBLICO. Nos dias de hoje na maioria dos casos a natureza do pedágio é contratual.

Algumas decisões:

Page 20: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

Se é criado por Decreto, não há previsão em Lei → vai haver um contrato de adesão e o interessado irá aderir.

Se o Pedágio for tributo ele NÃO poderá ser previsto em Decreto, tem que ser instituído em Lei.

Se o Pedágio for de natureza contratual NÃO será Tributo, o Decreto poderá regulá-lo.

a) Serviços ESPECÍFICOS E DIVISÍVEIS

Art. 79, CTN. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:I - utilizados pelo contribuinte:a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua

disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de

intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada

um dos seus usuários.

As definições são muito abstratas e temos que recorrer a Doutrina.

Serviços Públicos ESPECÍFICOS

Quando o Serviço é passível se ser direcionado para um grupo seleto de contribuinte (grupo social específico). Quando o CONTRIBUINTE SABE POR QUAL SERVIÇO ESTÁ PAGANDO.

A tese tem sido bastante cobrada pelo CESPE. A título de exemplo a banca considerou CORRETA a seguinte assertiva: “Os serviços públicos justificadores da cobrança de taxas são considerados específicos quando o contribuinte, ao pagar a taxa relativa a seu imóvel, sabepor qual serviço está recolhendo o tributo”.

Page 21: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

Se a Coleta de Lixo Domiciliar Urbana dor um Serviço oferecido pelo Município para TODA a População → ela continua sendo um SP Específico (é um Serviço passível de ser direcionado à um grupo específico) → o Município teve a intenção de oferecer esse serviço para TODA a População, mas se ele quisesse oferecer somente a um grupo especifico ele conseguiria.

O Serviço Geral não é aquele que é oferecido a toda a coletividade, é aquele que NECESSARIAMENTE é oferecido a TODA coletividade (não dá para direciona-lo a grupos sociais específicos).

→ Classificar um Serviço como Geral ou Específico é um Critério Subjetivo (um SP que para um autor é Geral, para outro pode ser Específico, não há critério rígido definido).

Por Exemplo, a maior parte da Doutrina considera a Proteção e o Combate a Incêndio um Serviço Geral, mas não é esse o pensamento do STF. Por isso, nos interesse mencionar as decisões do STF.

Hoje a TLP (Taxa de Limpeza Pública) é INCONSTITUCIONAL. Assim como, a Taxa de Conservação de Estradas de Rodagem e a TIP (Taxa de Iluminação Pública).

Serviços Públicos DIVISÍVEIS

-Quando o Serviço é passível de terem seu custo divido pelos usuários. Quando é POSSÍVEL AO ESTADO IDENTIFICAR OS USUÁRIOS DO SERVIÇO A SER FINANCIADO COM A TAXA.

Quando o Poder Público consegue pegar o Custo do Serviço e fazer um rateio entre os Usuários.

Serviço é Divisível quando o Custo é Divisível (pode ser usado um critério de rateio razoável).

Apesar de NÃO ser possível, na maioria dos casos práticos, apurar com exatidão o custo do serviço público prestado a cada contribuinte, de forma a cobrar o mesmo valor a título de taxa, é extremamente necessário que exista uma correlação razoável entre esses valores. Para efeitos práticos, não é necessária uma precisão matemática. Por exemplo, ao cobrar uma taxa de coleta domiciliar de lixo urbano (TCLU) o ente tributante na hora de dividir os custos da prestação desse serviço pode fazer um rateio proporcional à área construída de cada imóvel beneficiado → é um critério de rateio razoável.

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→ Classificar um Serviço como Divisível ou Indivisível é um Critério Subjetivo (não há critério rígido definido). Por isso, nos interesse mencionar as decisões do STF.

O STF define que os Serviços que são Específicos por coincidência também são Divisíveis. Não quer dizer que são sinônimos, foi uma mera coincidência.

b) Serviços utilizados EFETIVA ou POTENCIALMENTE

O FATO GERADOR da Taxa de Serviço é a UTILIZAÇÃO EFETIVA ou POTENCIAL de SERVIÇO PÚBLICO.

E esse Serviço Público tem que ser ESPECÍFICO E DIVISÍVEL.

E esse Serviço Público tem que ser PRESTADO AO CONTRIBUINTE ou POSTO À SUA DISPOSIÇÃO. CTN, Art. 79: Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:I - utilizados pelo contribuinte:a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;

UTILIZAÇÃO EFETIVA: o fato gerador diz-se utilização efetiva quando exaurido o serviço, utilizado pelo contribuinte. O Fato Gerador é o serviço ser realmente utilizado pelo contribuinte.

UTILIZAÇÃO POTENCIAL: o Fato Gerador é o serviço estar à disposição do contribuinte, mesmo que não utilizado efetivamente por este. Quando esse serviço é definido em lei como de utilização compulsória e é posto à disposição do contribuinte mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento, a taxa pode ser cobrada mesmo SEM a utilização efetiva do serviço pelo sujeito passivo (contribuinte).

→ “utilização compulsória”: Serviços públicos essenciais ao interesse público

Definido em lei como de UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIA → Cabe ao legislador, ao instituir a taxa, verificar se o serviço transpõe a fronteira dos interesses meramente individuais, de forma que se fosse dado ao particular decidir por não utilizá-lo, o prejuízo pudesse reverter contra a

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própria coletividade. Em tais casos, o serviço deve ser definido em lei como de utilização compulsória e o contribuinte deve recolher a taxa mesmo que não use efetivamente o serviço → Serviços públicos essenciais ao interesse público.

Nos demais casos (UTILIZAÇÃO FACULTATIVA) → o particular somente se coloca na condição de contribuinte se usar o serviço de maneira EFETIVA → Serviços públicos propriamente estatais.

A título de exemplo, o serviço de coleta domiciliar de lixo é definido em lei como de utilização compulsória, pois se fosse possível ao particular decidir por não utilizar o serviço, deixando seu lixo “às moscas”, a falta de higiene e de preocupação com a saúde pública, características de algumas pessoas, poderia prejudicar toda a coletividade. Já o serviço de emissão de passaportes NÃO é definido em lei serviço de utilização compulsória, pois os particulares que não desejam viajar para o exterior e, por conseguinte, não utilizam o serviço, não trazem qualquer prejuízo para a coletividade.

Percebe-se, portanto, que a famosa frase segundo a qual “as taxas de serviço podem ser cobradas mesmo que o contribuinte não utilize efetivamente do serviço disponibilizado” somente pode ser aplicada aos SERVIÇOS DEFINIDOS EM LEI COMO DE UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIA, permitindo a cobrança pela chamada “UTILIZAÇÃO POTENCIAL” → Serviços públicos essenciais ao interesse público.

Quanto aos DEMAIS SERVIÇOS, a cobrança somente é possível diante da UTILIZAÇÃO EFETIVA.

ATENÇÃO: Há de se realçar que pode ser apenas POTENCIAL a UTILIZAÇÃO do serviço, jamais sua Disponibilização (a atividade administrativa tem que estar em efetivo funcionamento).Por óbvio, não é possível a cobrança de taxa pela coleta domiciliar de lixo em locais onde tal serviço não é prestado.Entretanto, imagine-se uma pessoa que possua um apartamento que utiliza apenas para dormir, não produzindo lixo algum. Nessa situação, apesar de não utilizar o serviço de coleta domiciliar de lixo, essa pessoa está sujeita à respectiva taxa se o serviço lhe foi DISPONIBILIZADO.

c) Exemplos de Taxa de Serviço

Taxa de Coleta de Lixo Domiciliar e Urbana (TCLU)

Taxa de Incêndio (ou Taxa de Segurança)

Taxa pela Concessão de Porte de Arma

Taxa Judiciária (Taxa para Expedição de Certidões)

d) Decisões do STF

Taxa de Coleta de Lixo Domiciliar X Taxa de Limpeza Urbana

Page 24: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

STF – Súmula Vinculante 19 – “A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal”.

Ora, se o lixo é proveniente de imóveis, podem-se identificar como usuários do serviço os proprietários de tais bens. Por este motivo, a Corte tomou o cuidado de inserir a palavra exclusivamente no enunciado sumular, pois existe manifesta inconstitucionalidade quando a taxa também é destinada à limpeza dos logradouros públicos (COLETA URBANA) ou a qualquer outro serviço de natureza INDIVISÍVEL.

STF: “A Corte entende como específicos e divisíveis os serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de forma indivisível, tais como os de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos (praças, calçadas, vias, ruas, bueiros)”. (continua) O STF está deixando bem claro que considera a Taxa de Limpeza Urbana INCONSTITUCIONAL.

(Continuação): “Decorre daí que as taxas cobradas em razão exclusivamente dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis são CONSTITUCIONAIS , ao passo que é inconstitucional a cobrança de valores tidos como taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos”. RE 576.321 RG-QO, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgamento em 4.12.2008, DJe de 13.2.2009.

STF: “A Taxa de Limpeza Urbana, é exigida com ofensa ao art. 145, inc. II e § 2º, da CF, por ser exigida a título de remuneração de serviço prestado uti universi e tendo por base de cálculo fatores que concorrem para formação da base de cálculo do IPTU. (continua) A Limpeza Urbana é Serviço Geral e Indivisível, logo a cobrança de TAXA para este serviço é INCONSTITUCIONAL.

Taxa de Incêndio (ou Taxa de Segurança)

(Continuação): “Declaração da inconstitucionalidade dos dispositivos enumerados, alusivos à taxa de limpeza urbana. Pechas que não viciam a taxa de segurança, corretamente exigida para cobrir despesas com manutenção dos serviços de prevenção e extinção de incêndios." (RE 206.777, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 25-2-1999, Plenário, DJ de 30-4-1999.). A Taxa de Segurança (ou Taxa de Incêndio) é CONSTITUCIONAL.

STF – Súmula Vinculante 549 – “A taxa de bombeiros do Estado de Pernambuco é constitucional, revogada a Súmula 274/STF”.

STF: “Taxa de incêndio. Constitucionalidade. (...) É legítima a cobrança da Taxa cobrada em razão da prevenção de incêndios, porquanto instituída como contraprestação a serviço essencial, específico e divisível.” AI 677.891-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-3-2009, Primeira Turma, DJE de 17-4-2009. Vide: RE 206.777, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 25-2-1999, Plenário, DJ de 30-4-1999.

Taxa de Segurança Pública

STF: “Em face do art. 144, caput, V e parágrafo 5º, da Constituição, sendo a segurança pública, dever do Estado e direito de todos, exercida para a preservação da ordem pública e da

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incolumidade das pessoas e do patrimônio, através, entre outras, da polícia militar, essa atividade do Estado só pode ser sustentada pelos IMPOSTOS, e NÃO por TAXA, se for solicitada por particular para a sua segurança ou para a de terceiros, a título preventivo, ainda quando essa necessidade decorra de evento aberto ao público.“Ademais, o fato gerador da taxa em questão não caracteriza sequer taxa em razão do exercício do poder de polícia, mas taxa pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, o que, em exame compatível com pedido de liminar, não é admissível em se tratando de segurança pública.” (ADI 1.942-MC, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 5-5-1999, Plenário, DJ de 22-10-1999). A Segurança Pública é um Serviço Geral, por isso deve ser financiada por IMPOSTO.

Atenção: Não confundir com a Taxa de Segurança que é a Taxa de Incêndio. Os nomes são idênticos, mas agora estamos falando de outro assunto (estamos falando da Segurança Pública e não do combate a Incêndio).

Ao se falar em Segurança Pública o que se questionaria não seria a Taxa de Polícia, porque Taxa de Polícia é de Polícia Administrativa, é a Taxa cobrada pela Fiscalização do Particular. O que poderia ser questionável seria a Taxa pela manutenção da ordem pública, só que isso NÃO admite TAXA, porque seria um Serviço GERAL.

Taxa de Iluminação Pública

STF – Súmula Vinculante 670 – “O Serviço de Iluminação Pública NÃO pode ser remunerado mediante TAXA”.

No tocante ao Serviço de Iluminação Pública, é importante salientar que após a Emenda Constitucional 39/2002, passou a ser possível aos Municípios e ao Distrito Federal instituir CONTRIBUIÇÃO de iluminação pública (CF, art. 149-A), o que não muda o posicionamento aqui esposado. A instituição de TAXA de iluminação pública continua sendo ILEGÍTIMA.

CIP ou COSIP (Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública).CF, Art. 149-A: Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir CONTRIBUIÇÃO, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA, observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002).

Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. (Incluído pela EC nº 39, de 2002).

Fatura de consumo de energia elétrica domiciliar → é TARIFA, mas a maioria dos municípios cobra a Contribuição de Iluminação Pública através da Concessionária (ela é apenas ARRECADADORA).

CONTRIBUIÇÃO de iluminação pública → é uma Contribuição Parafiscal ou Especial.

Taxa de Conservação de Estradas de Rodagem

STF – Súmula Vinculante 595 – “É inconstitucional a TAXA municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto territorial rural”.

É importante notar que, apesar de não ter ficado claro no Enunciado transcrito, a cobrança da taxa de conservação de estradas não seria possível também por um outro motivo, cujos fundamentos já foram citados: a falta de especificidade e divisibilidade. Sobre esse aspecto, esclarecedor é o seguinte excerto, da lavra do Ministro Ilmar Galvão:

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STF: “... Dessa espécie, sem sombra de dúvida, é a taxa de conservação de estradas. A manutenção de tais bens públicos não representa um serviço específico prestado uti singuli, nem tampouco serviço divisível, já que insuscetível de ser mensurado em relação a cada integrante do universo indefinido de usuários do referido bem, para efeito de remuneração proporcional” (STF, 1.ª T., RE 185.050-7/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, rel. p/ acórdão Min. Octavio Gallotti, j. 28.06.1996, DJ 07.03.1997, p. 5.409).

Taxas Judiciárias

Jurisprudência do STF:“As CUSTAS JUDICIAIS e os EMOLUMENTOS CONCERNENTES AOS SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS possuem natureza tributária, qualificando-se como TAXAS REMUNERATÓRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS , sujeitando-se aos princípios fundamentais que proclamam, dentre outras, as garantias essenciais da reserva de competência impositiva, da legalidade, da isonomia e da anterioridade.” (ADI nº 447, voto do Min. Carlos Velloso, DJ 05/03/1993.)

As custas judiciais e os emolumentos concernentes aos serviços notariais e registrais → são considerados pelo STF como TAXAS (Espécie Tributária) →estão submetidos a todas as limitações do poder de tributar (Princípio da Anterioridade, da Legalidade, da Isonomia, etc.) → só podem ser alterados por Lei.

A tutela jurisdicional → é a função do Estado de dirimir, pacificar e, por conseguinte, resolver conflitos que surgem no seu âmbito de atuação político-jurídico seguindo um procedimento de aplicação de leis aos casos concretos de modo a aproximar-se o máximo possível de um decisum justo → é uma Atividade Própria de Estado → por isso as custas judiciais são remuneradas por TAXA.

O que poderia gerar um questionamento são os emolumentos concernentes aos serviços notariais e registrais → uma vez que esse Serviço Público é DELEGADO ao Particular.

CF, Art. 236: Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. São verdadeiros Múnus Público (procede de autoridade pública ou da lei, e obriga o indivíduo a certos encargos em benefício da coletividade ou da ordem social), em que a própria CF, por EXCEÇÃO, admite Delegação.

Aqui temos uma EXCEÇÃO: Foi dito anteriormente que TAXA remunera S.P. essenciais ao interesse público e S.P. propriamente estatais e NÃO admite Delegação. Nos SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO temos um Múnus Público cuja Prestação é Delegada a um Particular, que, no entanto, o STF entende ter Natureza Jurídica de TAXA.

Jurisprudência do STF:“Taxa Judiciária: sua legitimidade constitucional, admitindo-se que tome por base de cálculo o valor da causa ou da condenação, o que não basta para subtrair-lhe a natureza de taxa e

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convertê-la em imposto”. (ADI 1.926-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 19-4-1999, Plenário, DJ de 10-9-1999.).

Jurisprudência do STF:“A jurisprudência do STF firmou orientação no sentido de que as custas judiciais e os emolumentos concernentes aos serviços notariais e registrais possuem natureza tributária, qualificando-se como taxas remuneratórias de serviços públicos, sujeitando-se, em consequência, quer no que concerne à sua instituição e majoração, quer no que se refere à sua exigibilidade, ao regime jurídico-constitucional pertinente a essa especial modalidade de tributo vinculado, notadamente aos princípios fundamentais que proclamam, dentre outras, as garantias essenciais (a) da reserva de competência impositiva, (b) da legalidade, (c) da isonomia e (d) da anterioridade.” (ADI 1.378-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-11-1995, Plenário, DJ de 30-5-1997.)

RESUMO:

2.1.2. FG da TAXA DE POLÍCIA

FATO GERADOR: a Taxa de Polícia está relacionada ao exercício REGULAR do Poder de Polícia .

As taxas de polícia têm por Fato Gerador o exercício regular do poder de polícia (atividade administrativa), cuja fundamentação é o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, que permeia todo o direito público. Assim, o bem comum, o interesse público, o bem-estar geral podem justificar a restrição ou o condicionamento do exercício de direitos individuais.

a) Poder de Polícia

A definição de Poder de Polícia prevista para Taxa de Polícia é uma referência ao Poder de Polícia Administrativo , ou seja, o Poder de FISCALIZAÇÃO e CONTROLE que o Poder Público exerce sobre o Particular (para verificar se a atividade do Particular está de acordo com o interesse da Coletividade).

NÃO se trata do Poder de Polícia Judiciária, NEM da Manutenção da Ordem Pública →é o Poder de Polícia Administrativo (isto é, vigilância, fiscalização, controle administrativo no que concerne aos assuntos de interesse coletivo).

Page 28: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

Art. 78, CTN. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Os assuntos aqui elencados forma um ROL meramente EXEMPLIFICATIVO.

b) Exercício REGULAR

CTN, Art. 78, Parágrafo único. Considera-se REGULAR o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Regular = Legalidade ≠ Constância

“Quando desempenhado pelo órgão competente”

A Jurisprudência (STF) NÃO exige, para que seja caracterizado como Exercício Regular, a Fiscalização porta a porta. Ou seja, NÃO exige que haja uma Fiscalização Concreta em cada Estabelecimento.

O STF entende que para que o exercício do poder de polícia seja considerado como REGULAR é necessário que exista um Órgão Competente de Fiscalização devidamente estruturado, pois se o Órgão de Fiscalização estiver estruturado há uma presunção de que haja uma fiscalização no Estabelecimento.

Se existe esse Órgão Competente devidamente estruturado → podemos dizer que o Exercício do Poder de Polícia é EFETIVO (REGULAR).

→Então podemos afirmar que Exercício REGULAR do Poder de Polícia significa Exercício EFETIVO → é a Existência Efetiva de um Órgão Competente devidamente estruturado.

O Exercício do Poder de Polícia tem que ser EFETIVO , REGULARMENTE EXERCIDO .

Page 29: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

Jurisprudência do STF:O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício do poder de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e divisíveis, facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. A regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a cobrança da taxa de localização e fiscalização. À luz da jurisprudência deste STF, a existência do órgão administrativo não é condição para o reconhecimento da constitucionalidade da cobrança da taxa de localização e fiscalização, mas constitui um dos elementos admitidos para se inferir o efetivo exercício do poder de polícia, exigido constitucionalmente. (continua)

A EXISTÊNCIA do Órgão Competente devidamente estruturado CONSTITUI UM DOS ELEMENTOS NECESSÁRIOS para JUSTIFICAR a COBRANÇA da TAXA DE POLÍCIA. NÃO é preciso que ocorra a Fiscalização porta a porta.

Exercício REGULAR do Poder de Polícia = Exercício EFETIVO = Existência Efetiva de um Órgão Competente devidamente estruturado ≠ Constância (Fiscalização Porta a Porta).

(Continua) É constitucional taxa de renovação de funcionamento e localização municipal, desde que EFETIVO o exercício do poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e estrutura competentes para o respectivo exercício, bem como a prestação efetiva do serviço. (RE 588.322).

Jurisprudência do STF:Não há invocar o argumento no sentido de que a taxa decorrente do poder de polícia fica ‘restrita aos contribuintes cujos estabelecimentos tivessem sido efetivamente visitados pela fiscalização’, por isso que, registra Sacha Calmon parecer, fl. 377 essa questão já foi resolvida, pela negativa, pelo STF, que deixou assentada em diversos julgados a suficiência da manutenção, pelo sujeito ativo, de órgão de controle, em funcionamento (cf., inter plures, RE 116.518 e RE 230.973).Andou bem a Suprema Corte brasileira em não aferrar-se ao método antiquado da vistoria porta a porta, abrindo as portas do Direito às inovações tecnológicas que caracterizam a nossa era’. (RE 416.601).

“Nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal”

Para que seja possível a cobrança de TAXAS, o exercício do poder de polícia precisa ser REGULAR, ou seja, desempenhado em consonância com a lei, com obediência ao princípio do devido processo legal e sem abuso ou desvio de poder.

“Tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”

Atividade de FISCALIZAÇÃO do exercício do poder de polícia → muitas vezes é discricionário (o que é volume que caracteriza intuito comercial, o que é atentado ao pudor, etc.).A COBRANÇA do Tributo → Ato plenamente vinculado.

Page 30: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

c) Exemplos de Taxa de Polícia

Taxa de Alvará (ou Taxa de Licenciamento)

(de inspeção ou fiscalização para funcionamento de estabelecimentos comerciais e industriais)

Taxa de Obras em Logradouros Públicos (TOLP)

Taxa de Publicidade

Taxa de Inspeção Sanitária (TIS)

Taxa Florestal

Taxa pela Aferição de Pesos e Medidas

Taxa de Classificação de Produtos Vegetais

Taxa de Incêndio

A Taxa de Incêndio tem dupla face, ela pode ser tratada como Taxa de Serviço ou como Taxa de Polícia, depende do FATO GERADOR.

d) Decisões do STF e do STJ

Taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários

STF – Súmula vinculante nº 665 – É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários instituída pela Lei 7.940/1989.

Taxa Florestal

Jurisprudência do STF: “Taxa florestal. (…) Exação fiscal que serve de contrapartida ao exercício do poder de polícia, cujos elementos básicos se encontram definidos em lei, possuindo base de cálculo distinta da de outros impostos, qual seja, o custo estimado do serviço de fiscalização.” (RE 239.397, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 21-3-2000, Primeira Turma, DJ de 28-4-2000.).

Taxa de Classificação de Produtos Vegetais

“A jurisprudência do STF assentou a constitucionalidade da Taxa de Classificação de Produtos Vegetais, instituída pelo Decreto-lei 1.899/1981.” (RE 511.584-AgR, voto da Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-2-2011, Primeira Turma, DJE de 2-3-2011).

Taxa de fiscalização da atividade notarial e de registro

Lei mato-grossense Nº 8.033/2003 - INSTITUIU O SELO DE CONTROLE DOS ATOS DOS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO, PARA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE DAS ATIVIDADES DOS NOTÁRIOS E DOS REGISTRADORES, BEM COMO PARA OBTENÇÃO DE MAIOR SEGURANÇA JURÍDICA QUANTO À AUTENTICIDADE DOS RESPECTIVOS ATOS.

Jurisprudência do STF:Taxa em razão do poder de polícia: a Lei mato-grossense 8.033/2003 instituiu taxa em razão do exercício do poder de polícia. Poder que assiste aos órgãos diretivos do Judiciário,

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notadamente no plano da vigilância, orientação e correição da atividade em causa, a teor do § 1º do art. 236 da Carta-cidadã (...). (ADI 3.151, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 8-6-2005, Plenário, DJ de 28-4-2006.).

É uma Taxa de Polícia onde o Poder Judiciário está fiscalizando uma atividade dos Serviços Notariais e de Registo (verificando as autenticidades dos selos, que fazem parte dessa atividade).

NÃO CONFUNDIR: Os Serviços Notariais e de Registo são objetos de TAXA → Taxa Judiciária → Taxa de Serviço. Taxa de FISCALIZAÇÃO da atividade notarial e de registro → Taxa de Polícia.

2.1.3. Taxa de Polícia X Taxa de Serviço

Observe-se que a redação do art. 145, II, da Constituição deixa claro que a possibilidade de cobrança de taxa por atividade estatal potencial ou efetiva refere-se apenas às taxas de serviço, de forma que só se pode cobrar taxa de polícia pelo efetivo exercício desse poder.

Dessa forma, a título de exemplo, a taxa municipal de licença de localização e funcionamento pode ser cobrada quando da inscrição inicial, se o Município dispõe de órgão administrativo que fiscaliza a existência de condições de segurança, higiene etc. Entretanto, é ilegítima a cobrança de tal taxa anualmente, a título de mera renovação, sem que haja novo procedimento de fiscalização.

Obs: a cobrança pela UTILIZAÇÃO POTENCIAL só pode ser aplicada aos serviços definidos em lei como de UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIA → Serviços Públicos Essenciais ao Interesse Público.

2.2. Base de Cálculo

Vamos agora estudar a Base de Cálculo da TAXA, seja ela Taxa de Serviço ou Taxa de Polícia.

Quantum ($) = % x Base de Cálculo

Base de Cálculo = Dimensão do Fato Gerador

A BC é sempre um valor determinado pela quantificação do FG.

Se a BC dimensiona o FG, então a BC da TAXA dimensiona a Atividade Estatal.

a) BC de Taxa é diferente de BC do Imposto

BASE DE CÁLCULO da TAXA = DIMENSÃO da ATIVIDADE ESTATAL = CUSTO da Atividade Estatal (a sofrer rateio)Portanto a BC da Taxa tem que ser ≠ da BC dos Impostos

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BC da TAXA → Dimensiona o Custo da Atividade Estatal (Custo do Serviço ou do Poder de Polícia).

BC dos Impostos → Dimensiona a Capacidade Econômica do Contribuinte.

Toda TAXA é regida pelo PRINCÍPIO do CUSTO E BENEFÍCIO.

Os Impostos são regidos pelo Princípio da Capacidade Econômica.

Art. 145, CF, § 2º - As taxas NÃO poderão ter base de cálculo PRÓPRIA de impostos. VEDA o BIS IN IDEM

Art. 77, CTN, Parágrafo único: A TAXA NÃO pode ter base de cálculo ou fato gerador IDÊNTICOS aos que correspondam a imposto NEM ser calculada em função do capital das empresas.

O art. 77 do CTN ao dizer que Taxa não pode ter BC idêntica de imposto faz uma vedação. Mas é desnecessário mencionar que o FG da Taxa não pode ser idêntico ao FG de imposto → porque se uma lei cria um tributo com FG de imposto ele será imposto e não taxa→ a espécie do tributo é determinada pela análise do FG.

A CF mencionou expressamente Taxa NÃO poderá ter base de cálculo PRÓPRIA de Imposto . Não é apenas IDÊNTICA, a CF amplia esse conceito → NÃO pode ter como BC Dimensão de Capacidade Econômica.

Vê-se que, relativamente a bases de cálculo, a Constituição Federal estabelece uma vedação mais ampla e tecnicamente superior à estatuída pelo CTN, uma vez que leva em consideração a existência de bases de cálculo próprias de taxas e bases de cálculos próprias de impostos.

O art. 77 do CTN ao dizer “nem ser calculada em função do capital das empresas” → quis dizer que capital da empresa é uma Base de Cálculo própria de imposto, é uma Dimensão de Capacidade Econômica → NÃO poderia ser utilizada como BC da TAXA.

Vedação do Bis In Idem

Art. 145, CF, § 2º → Veda que a mesma entidade crie Taxa e Imposto com a mesma BC → veda que a mesma entidade tribute a mesma BC → VEDA expressamente o Bis In Idem.

Hipótese do bis in idem ≠ Bitributação

Hipótese do bis in idem → ocorre quando uma mesma entidade tributa em duplicidade o mesmo Fato Gerador ou a mesma Base de Cálculo. DUAS VEZES SOBRE a MESMA COISA

A CF muitas vezes autoriza o Bis in Idem de forma expressa. O Bis In Idem é um fenômeno que as vezes é permitido, mas as vezes é proibido.

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Permissão do Bis In Idem: o fato de uma empresa auferir lucro dá margem à exigência de Imposto sobre a Renda, como também da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ambos os tributos de competência da União Federal. A CF dá autorização para a União cobrar esses dois impostos.

Vedação do Bis In Idem: Art. 145, CF, § 2º Veda que a mesma entidade crie Taxa e Imposto com a mesma BC.

O Bis In Idem é permitido pelo sistema constitucional desde que expressamente autorizado pela Carta Constitucional.

Bitributação → ocorre quando a dupla tributação tem origem em pessoas políticas distintas, de modo que "são duas normas, cada qual emanada de um legislativo, incidindo sobre o mesmo fato jurídico e onerando o mesmo contribuinte". IPI (União) X ICMS (Estado)

Ao menos em termos literais, não há dispositivo constitucional vedando a bitributação. Todavia, pelo fato de a Constituição Federal de 88 ter estipulado uma rígida repartição de competências tributárias, a Doutrina costuma sustentar que a bitributação está proibida, ao menos implicitamente, já que sobre cada fato tributável, apenas um ente tributante pode instituir o gravame (tributo). Ou seja, na bitributação é muito provável que uma pessoa jurídica esteja invadindo a competência tributária da outra (ex: dois municípios que pretendem cobrar IPTU sobre um mesmo imóvel). No entanto, se a bitributação estiver prevista na CF, não haverá inconstitucionalidade.

Exemplos de Bitributação:- É o caso do ICMS e do IPI, o ICMS (imposto estadual) e o IPI (imposto federal) incidem, por autorização constitucional, praticamente sobre o mesmo fato gerador: SAIR O PRODUTO DA INDÚSTRIA é FATO GERADOR de 2 impostos → ICMS e IPI (o FG do IPI é a saída do produto, não é a industrialização). - Quando um produto industrializado é importado → incidem Imposto de Importação, IPI e ICMS (há também bis in idem entre II e IPI).- Venda de matéria prima pelo comerciante para o industrial → incidem IPI e ICMS

Há duas situações em que é permitida a bitributação: - Primeiro, na iminência ou no caso de guerra externa, poderá ser exigido imposto extraordinário, compreendido ou não em sua competência, conforme previsto no art.154, II da Constituição Federal de 1988.- Outro caso de possibilidade da tributação está mais ligada ao âmbito internacional. Ocorre nos casos em que um tributo é recolhido em um Estado, mas poderá também ser cobrado noutro. Por exemplo, o contribuinte recebe rendimento de um trabalho realizado em País, poderá ser cobrada sua renda em ambos Países, claro que dependendo das regulações internas e externas, respeitando a soberania em cada nação.

A bitributação e bis in idem tributário só serão admitidos quando expressamente autorizados pela Constituição Federal, de modo que o silêncio constitucional deve ser interpretado restritivamente, ou seja, como impossibilidade de haver dupla tributação sobre o mesmo fato gerador.

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b) Decisões do STF

Taxa de Conservação de Estradas de Rodagem (BC = ITR)

STF – Súmula vinculante nº 595 - É inconstitucional a TAXA municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto territorial rural.

É inconstitucional porque usou BC de imposto.

STF: Acórdão que declarou a inconstitucionalidade de lei que instituiu a cobrança de Taxa de Conservação e Manutenção das Vias Públicas, por afronta ao disposto no art. 145, II, da CF. Entendimento firmado pelo STF no sentido de que a base de cálculo é ‘própria de imposto e não de taxa por serviços específicos e divisíveis postos à disposição do seu contribuinte’ e ‘não tendo o Município – uma vez que, em matéria de impostos, a competência é da União – competência para criar tributos outros que não os que a Constituição lhe atribui, o imposto dissimulado pela taxa é inconstitucional (RE 121.617). (RE 293.536, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 7-3-2002, Plenário, DJ de 17-5-2002.).

Taxa Judiciária (com BC o valor do monte-mor)

STF: "A escolha do valor do monte-mor como base de cálculo da taxa judiciária encontra óbice (obstáculo) no art. 145, § 2º, da CF, visto que o monte-mor que contenha bens imóveis é também base de cálculo do imposto de transmissão causa mortis e inter vivos (CTN, art. 33)." (ADI 2.040-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 15-12-1999, Plenário, DJ de 25-2-2000.).

Taxa Judiciária que tiver como BC o valor do monte-mor é inconstitucional.

ISSQN sobre serviços de registros públicos, cartorários e notariais

STF: Incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN sobre serviços de registros públicos, cartorários e notariais. CONSTITUCIONALIDADE. Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada contra os itens 21 e 21.1 da Lista Anexa à Lei Complementar 116/2003, que permitem a tributação dos serviços de registros públicos, cartorários e notariais pelo Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN. (Continua)

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Em primeiro lugar alegaram que os serviços notariais e de registros eram serviços públicos imunes, ou seja, estariam abrangidos pela Imunidade Reciproca do art. 150, VI da CF (as Entidade não podem tributar umas as outras com relação a impostos sobre serviços).

O segundo argumento as custas e os emolumentos judiciais (que são os rendimentos dos titulares de cartórios) seriam na verdade Base de Cálculo de Taxa, porque as custas e os emolumentos judiciais já tem natureza jurídica de taxa, e não caberia uma taxa ser BC de imposto, logo o ISSQN não deveria ser cobrado.

O STF manteve a cobrança do ISSQN.Com relação ao 1º argumento de que haveria imunidade reciproca para este tipo de serviço → o STF derrubou, o STF argumentou a exclusão da imunidade com fundamento no art. 150 §3º da CF (ele retira a imunidade da Adm. Direta, das Autarquias e FP toda vez que se cobra preço ou tarifa ou quando se explora atividade econômica) → nesse caso foi decidido que a atividade de serviços notariais e de registros é uma atividade pública delegada e exercida por um particular → e se alegou que se não há imunidade aos Serviços Públicos Concedidos, também não deve haver imunidade para Serviços Públicos Delegados → DERRUBARAM essa IMUNIDADE e foi decidido pela MANUNTENÇÃO da incidência do ISS → por ser delegado a um particular não há que se falar em imunidade reciproca → cabe a cobrança do ISS.

Com relação ao 2º argumento, ele não foi muito discutido → o STF saiu pela tangente alegando que aqueles emolumentos serviam apenas como padrão para verificação dos serviços prestados → STF não acatou que haveria propriamente taxa com BC de imposto.

(Continua) As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação, porquanto a circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a exceção prevista no art. 150, § 3º da Constituição. (...) Não há diferenciação que justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a não-tributação das atividades delegadas. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente”. (ADI 3.089)

STF: Emolumentos. Serviços notariais e de registro. Art. 145 , § 2º , da Constituição Federal . Não há inconstitucionalidade quando a regra impugnada utiliza, pura e simplesmente, parâmetros que não provocam a identidade vedada pelo art. 145 , § 2º , da Constituição Federal . No caso, os valores são utilizados apenas como padrão para determinar o valor dos emolumentos. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 3.887)

Está dizendo que NÃO houve taxa com BC de Imposto→ STF julgou Constitucional a cobrança de ISS nos Serviços Notariais e de Registros.

Taxa de Localização e Funcionamento de Estabelecimento Comercial e Industrial (BC é o número de empregados)

STF: TAXA - LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL E COMERCIAL - BASE DE CÁLCULO - NÚMERO DE EMPREGADOS. Não se coaduna com a natureza do tributo o cálculo a partir do número de empregados (RE 202.393)

A BC da Taxa é o Custo da Atividade Estatal, e não o número de empregados.

Taxa Judiciária (calculada sem limite sobre o valor da causa)

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STF – Súmula Vinculante 667 – “Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a TAXA judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa”.

O STF entende que as CUSTAS JUDICIAIS, por serem tributos da espécie TAXA, cobrados para remunerar a prestação do serviço público específico e divisível da jurisdição, podem ser cobradas tendo por base de cálculo o valor da causa ou da condenação (custas ad valorem). Entretanto, se a alíquota for excessiva ou se inexistir previsão de um teto (valor máximo absoluto), elas se tornam ilegítimas, por não guardarem qualquer correlação com o valor gasto pelo Estado para prestar o serviço, e por configurarem uma maneira indireta de a lei excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, ferindo, portanto o princípio do livre acesso à jurisdição.

Taxa que a BC ultrapassa o Valor as Causa (Custo da Atividade Estatal) → Viola o Princípio do Não Confisco (art. 150, IV, da CF → é vedada a tributação que NÃO seja Razoável).

c) Tributo VINCULADO

Se o Tributo é vinculado (TAXA), sua base de cálculo está LIGADA ao valor da atividade anteriormente exercida pelo Estado, sendo idealmente a mensuração econômica dessa atividade;

Se o Tributo é Não vinculado (IMPOSTO), a base de cálculo é uma grandeza econômica DESVINCULADA de qualquer atividade estatal.

d) Rateio

Estipulam-se Critérios de Rateios ao menos Razoáveis, para se dividir o Custo.

→ Apesar de NÃO ser possível, na maioria dos casos práticos, apurar com exatidão o custo do serviço público prestado a cada contribuinte, de forma a cobrar o mesmo valor a título de taxa, é extremamente necessário que exista uma correlação razoável entre esses valores. Para efeitos práticos, não é necessária uma precisão matemática. O que NÃO pode ocorrer é uma total desvinculação entre o custo do serviço prestado e o valor cobrado pelo Estado, pois nunca é demais ressaltar que a TAXA é um tributo vinculado a uma atividade estatal anterior e serve de contraprestação a esta, de forma que, se o Estado cobrar um valor acima do que gasta para a consecução da atividade, haverá o enriquecimento sem causa do Estado, o que, por princípio, é algo que deve ser evitado.

Jurisprudência do STF:Taxa: correspondência entre o valor exigido e o custo da atividade estatal. A taxa, enquanto contraprestação a uma atividade do Poder Público, não pode superar a relação de razoável equivalência que deve existir entre o custo real da atuação estatal referida ao contribuinte e o valor que o Estado pode exigir de cada contribuinte, considerados, para esse efeito, os elementos pertinentes às alíquotas e à base de cálculo fixadas em lei. Se o valor da taxa, no entanto, ultrapassar o custo do serviço prestado ou posto à disposição do contribuinte, dando causa, assim, a uma situação de onerosidade excessiva, que descaracterize essa relação de equivalência entre os fatores referidos (o custo real do serviço, de um lado, e o valor exigido do contribuinte, de outro), configurar-se-á, então, quanto a essa modalidade de tributo, hipótese de ofensa à cláusula vedatória inscrita no art. 150, IV, da CF.

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Jurisprudência. Doutrina." (ADI 2.551-MC-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 2-4-2003, Plenário, DJ de 20-4-2006.)

Taxa que a BC ultrapassa o Custo da Atividade Estatal → Viola o Princípio do Não Confisco (art. 150, IV, da CF → é vedada a tributação que NÃO seja Razoável).

A TAXA NÃO PREVÊ LUCRO → ela visa meramente ressarcir custos.Tarifas e Preços Públicos → admite-se o Lucro.

e) FATORES de BC da Taxa

A BC da Taxa é o Custo da Atividade Estatal. Sabemos que essa BC tem que sofrer RATEIO para podermos cobrar a taxa de forma individualizada de cada um se seus beneficiários.

Então a BC possui FATORES DE RATEIO.

Fator Principal = Base de Cálculo = Custo da Atividade Estatal Fatores Coadjuvantes = Fatores de Rateio

Ex: Taxa de Coleta de Lixo Domiciliar Urbana, calculada em função da metragem → a BC é o Custo desse serviço, a metragem é apenas o elemento que vai servir como fator de rateio daquele custo. Apesar de a metragem compor a BC da TCLU ela NÃO é a BC (a metragem é mero elemento da BC)

BC = Custo x Rateio (m2)

Questão: é correto afirmar que o único fator da base de cálculo é o custo. → ERRADO

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STF – Súmula vinculante nº 29 – “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de TAXA, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que NÃO haja integral identidade entre uma base e outra”.

O que foi questionado no STF é que a metragem é elemento que influencia o valor do imóvel → o valor do imóvel é a BC do valor do IPTU

E a metragem também é elemento que influencia o valor da taxa (fator de rateio).

A metragem influencia o valor da TAXA e do IMPOSTO.

O STF se pronunciou, que não haveria problema, porque a metragem NÃO é BC da TAXA, ela é mero fator que compõe a BC (fator de rateio).

O fato de a metragem ser um elemento que faz parte (integra) tanto a BC da Taxa quanto a BC do Imposto NÃO gera Identidade entre essas Bases de Cálculo.

STF: “O fato de um dos elementos utilizados na fixação da base de cálculo do IPTU – a metragem da área construída do imóvel – que é o valor do imóvel (CTN, art. 33), ser tomado em linha de conta na determinação da alíquota da taxa de coleta de lixo, NÃO quer dizer que teria essa taxa base de cálculo igual à do IPTU: o custo do serviço constitui a base imponível da taxa. Todavia, para o fim de aferir, em cada caso concreto, a alíquota, utiliza-se a metragem da área construída do imóvel, certo que a alíquota NÃO se confunde com a base imponível do tributo. Tem-se, com isto, também, forma de realização da isonomia tributária e do princípio da capacidade contributiva: CF, arts. 150, II, 145, § 1º.” (RE 232.393)

Base imponível da Taxa = Base de Cálculo da Taxa → é o CUSTO DO SERVIÇO .

STF: Além disso, no que diz respeito ao argumento da utilização de base de cálculo própria de impostos, o Tribunal reconhece a constitucionalidade de taxas quem na apuração do montante devido, adote um ou mais dos elementos que compõem a base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não se verifique identidade integral entre uma base e a outra." RE 576.321 RG-QO, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgamento em 4.12.2008, DJe de 13.2.2009.

e.1) Decisões do STF

Taxa de Coleta de Lixo Domiciliar Urbana calculada em função da metragem.

BC = Custo x Fator de Rateio (m2)

É CONSTITUCIONAL a cobrança de Taxa de Coleta de Lixo Domiciliar Urbana calculada em função da metragem.

Taxa de Fiscalização da CVM calculada em função do Capital da Empresa

BC = Custo x Fator de Rateio (% x capital da empresa)

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Foi contestada a constitucionalidade da Taxa de Fiscalização da CVM, alegando que o Custo da Atividade Estatal, que seria a BC, estaria sofrendo rateio e nesse Fator de Rateio um dos elementos seria o Capital da Empresa. A alíquota iria variar em função do capital da empresa (o que aconteceu foi uma variação da alíquota a ser aplicada na BC em função do capital da empresa).

O STF se pronunciou, que não haveria problema, porque o Capital da Empresa apesar de ser BC de Imposto (ser dimensão de capacidade econômica), o Capital da Empresa NÃO é a BC da TAXA. O Capital da Empresa está sendo utilizado apenas como Fator de Rateio.

O STF entendeu que é CONSTITUCIONAL a cobrança da Taxa de Fiscalização da CVM calculada em função do Capital da Empresa.

STF: A taxa de fiscalização da CVM tem por fato gerador o exercício do poder de polícia atribuída à Comissão de Valores Mobiliários - CVM. Lei 7.940/89, de 20.12.89, art. 2º. A sua variação, em função do patrimônio líquido da empresa, não significa seja o patrimônio a sua base de cálculo, mesmo porque tem-se, no caso, um tributo fixo. O STF, pondo fim à questão, edita Súmula 665, reconhecendo a CONSTITUCIONALIDADE da cobrança da Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários, instituída pela Lei 7.940 /89. (STF - RE 255982)

STF – Súmula vinculante nº 665: É constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários, instituída pela Lei 7.940/89.

CUIDADO: Ao final do parágrafo único do art. 77 do CTN diz que a Taxa não pode ser calculada em função do capital das empresas. O que o CTN quis dizer e não foi muito feliz no texto é que: a Taxa NÃO pode ter como BC o Capital da Empresa, mas o Capital da Empresa pode ser Fator de Rateio (então a taxa pode ser calculada em função do capital das empresas) → o texto do CTN está mal escrito.

Em questões de Concurso, quando cai essa frase do art. 77 do CTN no parágrafo único temos que responder de acordo com a letra do CTN. Sabendo que a interpretação não é bem essa.

Questão: Taxa NÃO pode ser calculada em função do Capital das Empresas → VERDADEIRO

Não está pedindo a posição do STF, é apenas uma questão objetiva em que o CTN se manifestou de maneira um pouco equivocada.

e.2) OBS: Taxa com Valores Fixos

Outro ponto de grande relevância é a aceitação, por parte do STF, da criação de taxas com valores fixos constantes em tabelas que tomem como referência grandezas que, a rigor, poderiam ser consideradas como bases de cálculo próprias para impostos.

A título de exemplo, a Lei 7.940/1989 instituiu a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários, que, em alguns casos, variava em função do patrimônio líquido dos contribuintes, o que, para alguns, além de configurar bases de cálculo próprias para impostos, significaria cálculo da taxa em função do capital social da empresa, prática vedada pelo parágrafo único do art. 77 do CTN.

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Para as companhias abertas com patrimônio líquido de até 10 milhões de Bônus do Tesouro Nacional – BTN, a taxa equivaleria a 1.500 BTN; para as companhias abertas cujo patrimônio líquido estivesse acima de 10 milhões e abaixo de 50 milhões de BTN, a taxa equivaleria a 3.000 BTN; já para as companhias abertas cujo patrimônio líquido fosse superior a 50 milhões de BTN, a taxa seria de 4.000 BTN.

O STF acabou por entender que o patrimônio líquido não era a base de cálculo da taxa, mas tão somente um fator de referência para definir o valor a ser pago pelas empresas, estipulado na forma de tributo fixo → o PL é apenas um elemento da BC (um Fator de Rateio).

A lei instituidora da taxa previu um valor fixo a ser pago para cada faixa de patrimônio líquido dos sujeitos passivos. Assim, a taxa não era calculada mediante a multiplicação de uma alíquota pelo patrimônio líquido da empresa, de forma que o patrimônio líquido NÃO era a “ base de cálculo” do tributo, mas apenas uma grandeza usada como referência para definir o valor fixo a ser cobrado.

Na mesma linha, em julgado de outubro de 2008, o Tribunal considerou constitucional lei do Estado de São Paulo que utilizou como fator de referência (Fator de Rateio) para a cobrança da TAXA PAGA AOS CARTÓRIOS PARA A TRANSFERÊNCIA DE IMÓVEIS o valor do imóvel transferido , considerando-se como tal o mesmo que foi apurado na cobrança do Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana (IPTU).Apesar de dois Ministros entenderem que se estava utilizando para uma taxa base de cálculo de dois impostos (IPTU e ITBI), o Tribunal, por maioria, adotou o mesmo raciocínio esposado quando do julgamento acerca da taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários.Segundo o Ministro-Relator Menezes Direito, a variação do valor da taxa em função dos padrões considerados pela lei estadual “NÃO significa que o valor do imóvel seja a sua base de cálculo”, pois tal montante “é apenas usado como parâmetro para determinação do valor dessa espécie de tributo” (ADI/3.887-SP), ou seja, o valor do imóvel é apenas Fator de Rateio da BC da TAXA.

2.3. Características Gerais da Taxa

2.3.1. Tributo VINCULADO

OBS: A expressão “Tributo Vinculado” e “Tributo Não Vinculado” → é uma expressão que ser refere à análise do FATO GERADOR.

TAXA é TRIBUTO VINCULADO = Fato Gerador é VINCULADO à Atividade EstatalFato Gerador da Taxa → é fato do ESTADO (não é fato do Indivíduo).

O Estado cobra a Taxa e tem que oferecer uma Atividade Estatal em troca, o que justifica a cobrança da Taxa é a existência de uma Atividade do Estado em relação ao Contribuinte.

FG é a própria Atividade Estatal.

Page 41: Espécies Tributárias (Alexandre Lugon)

O FG da Taxa está vinculado a Atividade Estatal

- Só posso cobrar a Taxa de Serviço se colocar o serviço a sua disposição (tem que haver uma Atividade Estatal).

- Só posso cobrar Taxa de Polícia se houver Órgão Competente Devidamente Estruturado (tem que haver atividade rotineira de Fiscalização, ou seja, Atividade Estatal).

2.3.2. Tributo de RECEITA (ou ARRECADAÇÃO) NÃO VINCULADA:

Imposto é o tributo que sustenta a massa orçamentária, que financia os serviços gerais → por isso, via de regra, não deve haver vinculação da sua receita.

Essa regra não foi estendida para as Taxas. A lei instituidora pode vincular a sua receita. Quando uma lei cria uma Taxa ela PODE ou NÃO vincular Receita a uma Despesa ( a uma Atividade Estatal que está justificando a cobrança dessa Taxa).

A CF e o CTN NÃO criam obstáculos à VINCULAÇÃO da RECEITA DA TAXA.

TAXA é Tributo de Receita NÃO VINCULADA, ou seja, de ARRECADAÇÃO NÃO VINCULADA, pois nem a Constituição, nem o CTN preveem exigência para que a lei instituidora destine obrigatoriamente a receita arrecadada com a respectiva taxa para o custeio de algum tipo de serviço.Esta é a prática legislativa. Apesar disso, alguns autores, como o prof. Luís Emydio, entendem o contrário, mas é posição minoritária.

Obs: Vale ressaltar que a Constituição, no entanto, NÃO veda, ao contrário dos impostos, que a LEI INSTITUIDORA VINCULE A RECEITA DAS TAXAS.

STF: Preceito de lei estadual que destina 5% [cinco por cento] dos emolumentos cobrados pelas serventias extrajudiciais e não oficializadas ao Fundo Estadual de Reaparelhamento e Modernização do Poder Judiciário – FUNDESP não ofende o disposto no art. 167, IV, da CF. A norma constitucional veda a vinculação da receita dos impostos, NÃO existindo, na Constituição, preceito análogo pertinente às taxas.” (RE 570.513-AgR)

STF: É constitucional a destinação do produto da arrecadação da taxa de fiscalização da atividade notarial e de registro a órgão público e ao próprio Poder Judiciário. (ADI 3.151/MT, Rel. Min. Carlos Britto, TRIBUNAL PLENO, STF, DJ 28/04/2006, p. 04).

A Posição adotada pelo STF e pela Doutrina :

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NÃO há proibição para a VINCULAÇÃO da Receita da TAXA. A lei que cria uma Taxa ela PODE ou NÃO vincular sua Receita a uma Despesa.

Se não houver vinculação da Receita da Taxa, o recurso retornaria para o Orçamento, que é de onde teria sido retirado o recurso para a prestação da Atividade Estatal → a Função Ressarcitiva foi cumprida.

STF: I - As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem espécie tributária, são taxas, segundo a jurisprudência iterativa do Supremo Tribunal Federal. Precedentes do STF. (...)III - Impossibilidade da destinação do produto da arrecadação, ou de parte deste, a instituições privadas, entidades de classe e Caixa de Assistência dos Advogados. Permiti-lo, importaria ofensa ao princípio da igualdade. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. (ADI 1145).

STF avaliou a possibilidade da vinculação da Receita da Taxa → a CF veda a vinculação da Receita de Impostos e NÃO da Taxa. Taxa pode ter Receita Vinculada.No entanto nesse caso concreto a Taxa estaria tendo sua Receita Vinculada a Entidades Privadas → ai o STF NÃO aceita, isso fere o Princípio da Igualdade.Se a vinculação fosse ao próprio Poder Judiciário não teria problema.

2.3.3. FUNÇÃO da Taxa: RESSARCITIVA

FUNÇÃO: é um tributo retributivo (custo/ benefício), isto é, tem função RESSARCITIVA , pois visa RESSARCIR os cofres públicos, do CUSTO que o Estado teve com o serviço prestado ou com o exercício regular do Poder de Polícia.

A taxa não visa ressarcir integralmente os custos, é na medida do possível.

A única coisa que NÃO podemos dizer é que a TAXA visa ressarcir LUCRO.

Quando a taxa extrapola a arrecadação do custo ela passa a ser confiscatória → viola o Princípio da Razoabilidade.

Taxas X Impostos

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