espécies invasoras do nordeste do brasil

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Tarciso C. C. Leo Walkiria Rejane de Almeida Michele de Leo Tarciso S Dechoum Slvia Renate Ziller Walkiria Rejane de Almeida Michele de S Dechoum Slvia Ziller

Espcies Exticas Invasoras Espcies ExticasBrasil no Nordeste do Invasorasno Nordeste do Brasil

Contextualizao, Manejo e Polticas Pblicas

Contextualizao, Manejo e Polticas Pblicas

Espcies Exticas Invasoras no Nordeste do Brasil:Contextualizao, Manejo e Polticas Pblicas

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CEPAN Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste Severino Ribeiro Pinto Diretor-presidente e Diretor de Projetos Cristiane Lucena Diretora-administrativa Renata Torres Gestora-financeira

Instituto Hrus de Desenvolvimento e Conservao Ambiental Gisele Bolzani Presidente Geraldo Morceli Bolzani Jnior Vice-Presidente Slvia Renate Ziller Diretora-executiva

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Tarciso C. C. Leo Walkiria Rejane de Almeida Michele de S Dechoum Slvia Renate Ziller

Espcies Exticas Invasoras no Nordeste do Brasil:Contextualizao, Manejo e Polticas Pblicas

CEPAN Instituto Hrus

Recife, 2011

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REALIZAO Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) Instituto Hrus de Desenvolvimento e Conservao Ambiental REVISO TCNICA Diele Lbo Snia Aline Roda REVISO ORTOGRFICA Consultexto ILUSTRAO Programa Global de Espcies Invasoras (Gisp) FOTOGRAFIAS Crditos nas fotos APOIO Conservao Internacional do Brasil Monsanto Associao para a Proteo da Mata Atlntica do Nordeste (Amane)

Dados internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Leo, T. C. C.; Almeida, W. R.; Dechoum, M.; Ziller, S. R. Espcies Exticas Invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualizao, Manejo e Polticas Pblicas / Tarciso C. C. Leo, Walkria Regina Almeida, Michele Dechoum, Slvia Renate Ziller Recife: Cepan, 2011. 99 pginas: il., fig.,tab. ISBN: 978-85-64352-00-1 1. Espcies Exticas Invasoras. 2. Mata Atlntica Nordeste Brasil. 3Conservao da biodiversidade. 4. Poltica Ambiental. I. Leo, Tarciso. II Ttulo CDD - 570

Para citao bibliogrfica, usar a seguinte referncia: LEO, T. C. C,; ALMEIDA, W. R.; DECHOUM, M.; ZILLER, S. R. 2011. Espcies Exticas Invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualizao, Manejo e Polticas Pblicas. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste e Instituto Hrus de Desenvolvimento e Conservao Ambiental. Recife, PE. 99 p.

Esta publicao est licenciada sob uma Licena Creative Commons. Atribuio-Uso No Comercial-Vedada a Criao de Obras Derivadas 3.0 Brasil.

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SUMRIO

PARTE UM 1. 2. 3.

Contextualizao O PROBLEMA DAS ESPCIES EXTICAS INVASORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . UNIDADES DE CONSERVO E ESPCIES EXTICA INVASORAS . . . . . . . . HBITATS MAIS AMEAADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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PARTE DOIS Espcies Exticas Invasoras no Nordeste do Brasil 4. SISTEMA DE INFORMAO SOBRE ESPCIES EXTICAS INVASORAS NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5. LISTA DE ESPCIES EXTICAS INVASORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6. ANIMAIS EXTICOS INVASORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7. PLANTAS EXTICAS INVASORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PARTE TRS Manejo e Polticas Pblicas 8. DIRETRIZES PARA O MANEJO DE ESPCIES EXTICAS INVASORAS EM REAS NATURAIS TERRESTRES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9. A CONSTRUO DE UMA ESTRAGGIA ESTADUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Referncias Bibliogrficas Anexo

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PARTE UM

CONTEXTUALIZAO

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O problema das Espcies Exticas InvasorasO planeta Terra vive hoje uma das maiores crises de perda de biodiversidade j documentadas. As previses dessa perda para a prxima dcada so alarmantes, especialmente nos pases com alta diversidade (Wilson, 1997). Dentre as mais de 47 mil espcies avaliadas quanto ao risco de extino em escala global, pouco mais de um tero (36%) corre riscos reais de desaparecer caso as ameaas biodiversidade no sejam controladas (CDB, 2010). Entre 1970 e 2006, as populaes de animais vertebrados diminuram em mdia 31% em escala global, e, nos trpicos, essa reduo foi de 59% (WWF, 2008). De forma resumida, as principais causas diretas da perda de biodiversidade so: a converso de hbitats naturais em atividades humanas, como o avano da fronteira agrcola; as mudanas climticas; as espcies exticas invasoras; a superexplorao; e a poluio (Millennium Ecosystem Assessment, 2005). Neste livro, abordaremos o problema das espcies exticas invasoras. De acordo com as definies adotadas pela Conveno Internacional sobre Diversidade Biolgica (CDB, 1992) na 6 Conferncia das Partes (CDB COP-6, Deciso VI/23, 2002), uma espcie considerada extica (ou introduzida) quando situada em um local diferente do de sua distribuio natural por causa de introduo mediada voluntria por ou aes humanas, Se de a forma espcie involuntria. sobreviver no novo hbitat, ela considerada estabelecida. Caso a espcie

1.

estabelecida

expanda sua distribuio no novo hbitat, ameaando a biodiversidade nativa, ela passa a ser considerada uma espcie extica invasora. Essas definies fornecidas pela CDB so utilizadas como referncia para a construo de bases legais e de polticas pblicas pelos pases signatrios da Conveno, como o Brasil, e so adotadas como base pelo Programa Global de Espcies Invasoras (Gisp). Por meio do Decreto n 2, de 03 de fevereiro de 1994, o Brasil estabeleceu um compromisso legal com a CDB comprometendo-se a adotar e aplicar, no seu territrio, as aes e os princpios da Conveno. No mbito das espcies exticas invasoras, isso quer dizer que o Pas deve impedir que sejam introduzidas e deve controlar ou erradicar espcies exticas que ameacem ecossistemas, hbitats ou espcies (art. 8h da CDB, 1992). A mensagem desse artigo foi transposta para a Lei de Crimes Ambientais (art. 61 da Lei Federal n 9.605/98), que considera crime ambiental a disseminao de doenas ou pragas ou espcies que possam causar dano agricultura, pecuria, fauna, flora ou aos ecossistemas. As introdues de espcies podem ser voluntrias, quando h alguma inteno de uso da espcie para fins especficos; ou involuntria, quando a introduo ocorre acidentalmente, como no caso de pragas agrcolas e vetores de doenas vrus e bactrias (CDB COP-6, Deciso VI/23, 2002). Frequentemente, a introduo voluntria de uma espcie extica

introduzida consegue se reproduzir e gerar descendentes frteis, com alta probabilidade de

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pode levar introduo acidental de outras espcies a ela associadas, como o caso de parasitas associados aos peixes introduzidos em atividades de piscicultura. a e sanidade novas Tais parasitas, podem da em introduzidos comprometer piscicultura acidentalmente, causar

escargot sem que houvesse qualquer estudo de mercado, verificao de experincias anlogas em outros pases ou autorizao do rgo competente. O resultado que a comercializao foi um fracasso, levando ao abandono de criadouros e soltura de caracis no ambiente. Atualmente, o caracol-gigante-africano j ocorre em pelo menos 23 dos 26 estados brasileiros (Thiengo et al., 2007). No Brasil, j foram registradas 386 espcies exticas invasoras e 11.263 ocorrncias de invaso, de acordo com o banco de dados nacional de espcies exticas invasoras (veja http://i3n.institutohorus.org.br). Considerando apenas as espcies terrestres registradas nesse banco de dados, cerca de 70% foram introduzidas intencionalmente, quase sempre por motivao econmica. As principais causas dessas introdues so o uso ornamental e a

ambiental doenas

ecossistemas naturais. Introdues intencionais de espcies so motivadas por diversas razes que tangem fins sociais, econmicos e at ambientais. Espcies foram e so introduzidas para embelezar praas e jardins, para uso na agropecuria, como alternativa de renda e subsistncia para populaes de baixa renda, para controle biolgico de pragas e por outras razes. O caracol-gigante-africano (Achatina fulica), por exemplo, foi introduzido no Brasil na dcada de 1980 como um substituto da criao de

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Yuri Yashin, achatina.ru, Bugwood.org

criao de animais de estimao, que juntos representam cerca de 40% das introdues intencionais. Alguns dos casos mais graves de invaso biolgica no Nordeste do Brasil so consequncias de introdues voluntrias. Um caso emblemtico o do tucunar (Cichla ocellaris) e da tilpia (Oreochromis niloticus) em rios, lagos e audes, o que certamente resultou em diversas extines locais de espcies, com perda de biodiversidade em escala regional (Rosa e Groth, 2004). Essas introdues foram intensificadas por programas de governo que, por meio do Departamento de Obras Contra a Seca (Dnocs), do Ministrio da Integrao Nacional, levaram introduo de 42 espcies de peixes e crustceos em aproximadamente 100 reservatrios de gua doce no Nordeste (Gurgel e Fernando, 1994; Reaser et al., 2005). No ambiente marinho-costeiro, diferentemente da tendncia geral, a maior parte das introdues ocorre de modo acidental. Os maiores vetores de introduo involuntria no ambiente marinho-costeiro so as guas de lastro e a incrustao em cascos de embarcaes que atracam nos portos (Gisp, 2005; Farrapeira et al., 2007), sobretudo navios com rotas internacionais. Em Pernambuco, por exemplo, pelo menos 12 espcies exticas de animais marinhos foram encontradas nos cascos de navios que atracaram no porto do Recife, e algumas foram reconhecidas como invasoras (Farrapeira et al., 2007). Por meio dessa mesma via, foi introduzida, na zona estuarina do Recife, a espcie extica Mytilopsis leucophaeta (sururubranco), que tem a capacidade de formar colnias com alta densidade de indivduos, inclusive sobre colnias do sururu nativo (Souza et al., 2005; JRB de Souza, comunicao pessoal).

Em um dos casos mais conhecidos de invaso biolgica no Brasil, a do mexilho-dourado (Limnoperna fortunei), a introduo involuntria ocorreu via gua de lastro de navios (Gisp, 2005). O mexilho-dourado nativo do sudeste asitico e foi detectado pela primeira vez na Amrica do Sul em 1991, no Rio da Prata, na Argentina. A partir da, estima-se que em 10 anos a espcie tenha se deslocado cerca de 2.400 km aderida a cascos de embarcaes e a outras estruturas e equipamentos de navegao, pesca e mergulho, bem como atravs da extrao e do transporte de areia das margens dos rios. No trecho brasileiro do Rio Paran, o mexilho-dourado foi detectado pela primeira vez na Usina Hidreltrica de Itaipu, em abril de 2001, e hoje j se encontra no Pantanal matogrossense. A espcie atinge densidades populacionais de at 150 mil indivduos por metro quadrado, que resultam em incrustaes massivas e obstruo de tubulaes e filtros de gua de estaes de tratamento, indstrias e usinas hidreltricas, causando graves perdas econmicas (Gisp, 2005). A Usina Hidreltrica de Itaipu sofreu grandes prejuzos com o mexilhodourado, assim como o Departamento Municipal de guas e Esgotos de Porto Alegre/RS. Impactos similares tambm ocorreram em ecossistemas terrestres com a introduo de espcies de plantas. Na Caatinga da Paraba, por exemplo, h estudos que mostram que a invaso da algaroba (Prosopis juliflora) provoca perda de biodiversidade (Andrade et al., 2008) e pode reduzir a disponibilidade de gua. Segundo Andrade et al. (2008), a invaso por essa espcie diminui drasticamente a riqueza de rvores e arbustos nativos e compromete a regenerao natural da vegetao nativa. A espcie classificada, na frica do Sul, como a segunda

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espcie extica invasora que mais consome gua e, portanto, prioritria para controle no pas. A disseminao vem das espcies grandes exticas danos invasoras causando

programa de controle da dengue, dos quais 85% foram empregados na vigilncia e no controle do mosquito (Braga e Valle, 2007). Custos originados por espcies exticas invasoras podem ser claramente observados quando produtos especficos so afetados. A produo do algodo (Gossypium sp.), por exemplo, cultivado em vrios estados do Brasil, vem decrescendo nos ltimos 15 anos em vrias partes, principalmente devido invaso do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) (Reaser et al., 2005). Esse besouro foi detectado pela primeira vez em 1983 nos estados de So Paulo e da Paraba, a partir de onde a sua disperso para a maioria das reas produtoras foi incrivelmente rpida. Em menos de 10 anos, todos os estados brasileiros produtores de algodo j estavam invadidos (Lukefahr et al., 1994). Espcies exticas invasoras tambm causam impactos aos ecossistemas, uma vez que modificam os ciclos ecolgicos naturais, afetando os servios por eles prestados. A algaroba (Prosopis juliflora), introduzida na Caatinga,

econmicos (Gisp, 2005). Uma estimativa feita em 2005 mostrou que as espcies exticas invasoras custam aos Estados Unidos mais de 120 bilhes de dlares por ano (Pimentel et al., 2005). Em todo o mundo, as perdas na agricultura so estimadas em at 248 bilhes de dlares por ano (Bright, 1999). No Brasil, apesar pouca de ainda haver relativamente informao disponvel

sobre o assunto, as perdas agrcolas anuais relacionadas a algas, caros e plantas exticas invasoras em lavouras esto em torno de 42,6 bilhes de dlares (Pimentel et al., 2001). Esse nmero tende a subestimar a gravidade do problema, pois no esto computados impactos ambientais, extino de espcies, perda de servios ambientais, custos de preveno e controle e custos derivados de problemas de sade humana. Para se ter uma ideia, em 2002 o Ministrio da Sade gastou 1 bilho de reais no

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atinge o lenol fretico profundo e pode exaurir reservas vitais de gua em ambientes onde esse recurso escasso (Andrade et al., 2008), o que tende a prejudicar o funcionamento do ecossistema e reduzir a disponibilidade de gua para populaes humanas e atividades agrcolas. A disseminao de espcies exticas invasoras tambm pode representar problemas e custos sade humana em funo da entrada de patgenos e parasitas exticos. O platelminto Schistosoma mansoni, agente causador da esquistossomose e provavelmente originrio da frica, foi disseminado pelo mundo e j infectou mais de 80 milhes de pessoas (Morgan et al., 2001), sendo 3 milhes s no Brasil (Who, 1998). Trs caracis de gua doce (Biomphalaria glabrata, B. tenagophila e B. straminea) so os responsveis por sua transmisso no Brasil. Na tentativa de controle biolgico das populaes desses caracis, foi introduzido o caracol-damalsia (Melanoides tuberculata), que compete por alimento com os caracis hospedeiros e devora seus ovos. Entretanto, o caracol-damalsia um hospedeiro intermedirio de outros parasitas, especialmente um trematdeo causador da paragonimase (Paragonimus sp.), que tambm afeta o homem (Reaser et al., 2005). O esforo mundial para tentar conter a gripe suna (AH1N1), que hoje j considerada uma pandemia, outro exemplo de disperso de doenas exticas s em maio de 2009, o governo brasileiro disponibilizou 147 milhes de reais para aes preventivas. A introduo de espcies exticas pode ser facilmente observada nos centros urbanos do Brasil, onde, por exemplo, rvores e arbustos exticos tm sido amplamente utilizados no paisagismo (Santos et al., 2008). A frequente presena de espcies exticas em centros urbanos funciona como um importante centro

irradiador de invases biolgicas (DehnenSchmutz et al., 2007) e pode ser considerada uma das principais causas de homogeneizao biolgica em escala global (McKinney, 2006). A tradio de usar de espcies praas exticas e na arborizao ruas, parques

desvaloriza a riqueza da biodiversidade dos municpios e descaracteriza a composio natural, favorecendo o desenvolvimento de uma cultura cada vez mais distanciada do ambiente natural circundante. De modo geral, diferentes cidades brasileiras utilizam um conjunto similar de espcies exticas nas arborizaes pblicas. Quando so utilizadas rvores exticas reconhecidamente invasoras, cujas sementes so dispersas por aves e morcegos, os riscos de invaso e da consequente perda de biodiversidade so maiores. Em funo da grande escala e do aumento dos problemas associados s espcies exticas invasoras, a ateno da sociedade global voltada para esse tema vem sendo cada vez maior (veja CDB, 2010). A experincia internacional mostra que a estratgia mais eficiente para enfrentar o problema evitar novas introdues (Ziller et al., 2007), uma vez que, trabalhando-se com estratgias de preveno, os custos so menores e as chances de resolver os problemas so maiores quando comparadas s estratgias de controle ps-invaso. Os custos de controle de uma espcie extica invasora so crescentes com o passar do tempo, e, por vezes, em estgios avanados de invaso, torna-se praticamente impossvel a sua erradicao. Por isso, importante que governos estaduais e municipais reconheam o quanto antes as ameaas das invases biolgicas nos seus territrios para adotar medidas de preveno e controle das espcies exticas invasoras, em concordncia com a Estratgia Nacional sobre Espcies

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Exticas Invasoras (Resoluo Conabio n 5/09) e o compromisso do Brasil com a Conveno

Internacional sobre Diversidade Biolgica (CDB, 1992).

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2.Unidades de conservao e Espcies Exticas InvasorasSegundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (Lei Federal n 9.985/00), proibida a introduo de espcies exticas em Unidades de Conservao (UCs). As Unidades de Conservao so institudas legalmente pelo Poder Pblico para garantir que se faa de maneira adequada a conservao da natureza dentro de limites territoriais definidos (art. 2, Lei do SNUC n 9.985/00). Portanto, dentro das Unidades de Conservao, devem de as ser uma ameaas biodiversidade Aps a prevenidas, Unidade de a introduo de espcies exticas em Unidades de Conservao de proteo integral (art. 37), e estabelecido que sejam tomadas medidas que desestimulem a introduo dessas espcies nas unidades de uso sustentvel (art. 38). Nas regies Sul e Sudeste, respectivamente, os estados do Paran e do Esprito Santo ser determinaram legalmente que devem

elaborados planos de controle e erradicao das espcies exticas invasoras nas Unidades de Conservao estaduais (Portaria IAP n 192/05 e Instruo Normativa n 3/07). As Unidades de Conservao de proteo integral devem ser consideradas com especial ateno, pois so refgios naturais que devem ser salvaguardados em regime de perpetuidade. A presena de espcies exticas invasoras nessas reas incompatvel com a conservao da biodiversidade e dos recursos naturais e devem ser objeto de erradicao ou de controle permanente. Invases biolgicas, ao contrrio de outras formas de degradao, tendem a crescer indefinidamente ao longo do tempo, e, devido crescente presso de propgulos existente nessas reas, assim como fragmentao e antropizao das reas no entorno, os cuidados devem ser redobrados para impedir a chegada de espcies exticas invasoras e/ou promover a erradicao destas. Em Unidades de Conservao de uso sustentvel, as espcies exticas utilizadas com fins produtivos devem ser manejadas em regime de conteno e controle para evitar a proliferao para fora das reas destinadas ao

controladas e eliminadas. criao Conservao, o desafio seguinte fazer com que esta contribua efetivamente para a conservao da biodiversidade e do ecossistema como um todo. A invaso por espcies exticas considerada a primeira causa de perda de biodiversidade em Unidades de Conservao (Gisp, 2005; Ziller e Zalba, 2007); portanto, no aceitvel o no enfrentamento do problema nessas reas. De acordo com o art. 31 da lei que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (Lei Federal n 9.985/00), proibida a introduo de espcies exticas em Unidades de Conservao de proteo integral. A Estratgia Nacional sobre Espcies Exticas Invasoras (Resoluo Conabio n 5/09) reconhece e enfatiza a necessidade de aes de erradicao, controle e monitoramento de espcies exticas invasoras nas UCs. Em Pernambuco, por meio do Sistema Estadual de Unidades de Conservao (Seuc-PE, Lei Estadual n 13.787/09), proibida

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cultivo. importante regulamentar o uso e a produo de espcies exticas nas UCs de uso sustentvel e nas zonas de amortecimento de UCs de proteo integral para evitar que elas sejam focos permanentes de disseminao de espcies exticas invasoras. Polticas pblicas de apoio com viso de desenvolvimento sustentvel e valorizao da biodiversidade nativa so fundamentais para que essa regulamentao seja possvel. Sabe-se que, atualmente, grande parte das Unidades de Conservao no Brasil contm espcies exticas invasoras. Vale ressaltar que no h registro especfico de Unidades de Conservao que no possuam espcies exticas

invasoras em seu interior, ainda que isso seja possvel, especialmente no bioma Amaznia. Embora a informao no esteja disponvel em maior detalhe, a expressiva ocorrncia dessas espcies em reas protegidas indica a necessidade de melhorar o nvel de informao existente e de tomar atitudes imediatas para estabelecer estratgias de preveno e controle dessas espcies. Tambm claro que os problemas decorrentes de invases biolgicas s podem ser tratados de forma eficiente atravs de iniciativas governamentais que permitam atingir escala e fazer frente s ameaas, que podem ser globais.

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3.Hbitats mais ameaadosA tendncia, em todos os hbitats, de que os impactos causados pelas espcies exticas invasoras aumentem com o tempo. Entretanto, esses impactos so especialmente maiores nas ilhas e nos sistemas de gua doce, como rios e lagos 2005). Geralmente, as espcies nativas das ilhas tm populaes pequenas, distribuio limitada e falta de adaptao a predadores, o que as torna mais vulnerveis extino por espcies exticas invasoras do que por espcies de reas continentais (Vitousek, 1997; Fernandez, 2004). Populaes menores, limitadas pela pequena rea e disponibilidade de recursos das ilhas, so naturalmente mais vulnerveis extino. Associado ao fato de muitas espcies em ilhas serem endmicas, as taxas de extino global em (Millennium Ecosystem Assessment, ilhas so enormes, e acredita-se que a principal causa dessas extines seja as espcies exticas invasoras (Millennium Ecosystem Assessment, 2005). Nas ilhas, as espcies evoluram, muitas vezes, sem predadores e desenvolveram hbitos extremamente vulnerveis a predadores invasores comuns, como gatos, serpentes e ratos. Por exemplo, em Fernando de Noronha havia um grande rato endmico (Noronhomys vespuccii) que foi extinto provavelmente por causa da introduo acidental do rato domstico (Rattus rattus) (Fernandez, 2004). Outro caso emblemtico em Noronha o da introduo voluntria de 2casais de tei (Tupinambis merianae) na dcada de 1950. A inteno era de que os lagartos caassem os ratos, mas eles passaram a se alimentar de ovos de aves que nidificam na ilha e ampliaram sua populao

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Michel Metran

enormemente (Gisp, 2005). Em 2004, foi estimada uma populao de teis entre 2 mil e 8 mil indivduos na ilha principal. O problema da introduo de predadores em ilhas que possuem espcies com hbitos especialmente vulnerveis predao, como o hbito de pr ovos no cho, fez com que milhares de espcies de aves fossem extintas das ilhas com a colonizao humana (Fernandez, 2004). Sistemas de gua doce formam hbitats isolados e com muitos endemismos, s invases apresentando vulnerabilidades

Lago Vitria, na frica, para desenvolver a indstria pesqueira, teve consequncias desastrosas para a fauna endmica do lago e para as populaes do entorno. Cerca de dois teros das espcies de peixes nativos do lago foram extintos ou ficaram ameaados de extino, e a principal fonte de protena das comunidades Ohwayo, locais foi eliminada 1992). (OgutuPara a 1990; Kaufman,

biodiversidade, fato semelhante ocorreu em vrias lagoas no Estado de Minas Gerais, onde foi documentada uma reduo de 50% na riqueza de peixes nativos aps 10 anos da introduo do tucunar (Cichla ocellaris), do apaiari (Astronotus ocellatus) e da piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri) (Reaser et al., 2005).

biolgicas similares s das ilhas. Em rios e lagos, as espcies exticas invasoras so apontadas como a segunda maior causa da perda de biodiversidade (Millennium Ecosystem Assessment, 2005). As invases em lagos esto entre as mais catastrficas. A introduo voluntria da perca-do-nilo (Lates niloticus) no

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PARTE DOIS

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ESPCIES EXTICAS INVASORAS NO NORDESTE DO BRASIL

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4.Sistema de informao sobre espcies exticas invasoras no BrasilO incio da coleta e sistematizao de informaes sobre espcies exticas invasoras no Brasil ocorreu em 2003, por iniciativa do Instituto Hrus de Desenvolvimento e da The e Conservao Ministrio prospeco Ambiental do de Meio dados Nature a informaes sobre espcies exticas invasoras no Brasil e disponibiliza os dados para consulta por meio do site www.i3n.institutohorus.org.br ou por consultas via e-mail. A validao ocorre por consultas e aporte de especialistas que tm acesso base de dados via site do instituto. Essa base de dados constituiu a principal referncia dos registros de espcies contidos neste livro. Aps quase uma dcada de construo contnua desse banco de dados brasileiro de espcies exticas invasoras, comea a ser desenhado um quadro da situao das invases biolgicas em escala nacional, embora ainda no seja possvel ter uma dimenso fiel destas para muitas espcies o e regies. e Neste acmulo livro, de aproveitamos avano

Conservancy. Em 2005, com o apoio do Ambiente/Probio, ganhou abrangncia

nacional com a realizao do Informe Nacional sobre Espcies Exticas Invasoras, e um banco de dados foi estruturado com apoio da rede temtica de espcies exticas invasoras (I3N) da Rede Interamericana de Informao sobre Biodiversidade (Iabin). A mesma estrutura de base de dados est em uso em outros 17 pases nas Amricas, com vistas a facilitar a troca de informaes em nvel continental. Durante a execuo do projeto do Informe Nacional sobre Espcies Exticas Invasoras, a prospeco de informaes sobre espcies exticas invasoras no Brasil e seus locais de ocorrncia foi realizada por consultores em cada bioma brasileiro e por redes de pesquisadores em instituies de ensino e pesquisa. A primeira validao de resultados foi feita em uma reunio com especialistas promovida pelo Ministrio do Meio Ambiente em outubro de 2005. O Instituto Hrus de Desenvolvimento e Conservao Ambiental continua coletando

conhecimento no tema para darmos incio divulgao para toda a sociedade do problema das invases biolgicas na Regio Nordeste do Brasil. As informaes contidas nos captulos seguintes so especialmente importantes para gestores ambientais seja de Unidades de Conservao, de rgos ambientais estaduais ou municipais, de empresas, entre outros , que vm se deparando cada vez mais com a problemtica das invases biolgicas e que precisam de um bom entendimento sobre o assunto para tomar boas decises nas suas reas de atuao.

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5.Lista de espcies exticas invasorasNos prximos captulos, sero apresentadas listas e informaes acerca de espcies de animais (Captulo 6) e de plantas (Captulo 7) exticas invasoras, ou potencialmente invasoras, situadas em 7 estados da Regio Nordeste (Alagoas, Cear, Paraba, Pernambuco, Piau, Rio Grande do Norte e Sergipe). A incluso de uma espcie nessas listas foi feita quando havia registro de estabelecimento (e, em poucos casos, quando havia apenas registro da presena) da espcie extica em ambiente natural, de acordo com informaes obtidas na base de dados nacional de espcies exticas invasoras e em diversas publicaes cientficas regionais. No entanto, cada espcie apresenta um risco diferenciado de ser invasora e causar impactos ecolgicos, sociais e econmicos. Por isso, cada espcie foi classificada de acordo com o seu risco potencial. Temos ainda poucas informaes para fazer uma anlise de risco precisa, mas j possvel fazer algumas distines relativas para melhor orientar os esforos de pesquisa, o monitoramento e o manejo. Classificamos as espcies em 3 categorias de risco: (1) Alto risco: espcies exticas que apresentam reconhecido potencial invasor na Regio ou em outras regies, esto estabelecidas em ambientes naturais no Nordeste, ocorrem em, pelo menos, 3 dos 7 estados estudados e apresentam, no mnimo, 10 registros. (2) Mdio risco: espcies exticas que oferecem potencial risco por serem reconhecidas como invasoras na Regio ou em outras regies, por ocorrerem em pelo menos 3 estados ou por terem, pelo menos, 10 registros. (3) Baixo risco: espcies exticas que ainda no foram reconhecidas como invasoras na Regio ou em outras regies, ocorrem em menos de 3 estados e tm menos de 10 registros. As espcies de alto risco so aquelas que j esto nos estabelecidas baseamos em e j expressam sua muito capacidade de invaso na Regio Nordeste. Como informaes simplificadas para fazer essa classificao, possvel que as espcies de mdio e baixo riscos possam, de fato, apresentar maiores impactos. A inteno de criao da lista com a classificao mais a de iniciar um processo de elucidao do problema das invases no Nordeste do que classificar em definitivo as ameaas. Aes relacionadas ao manejo dessas espcies devem ser realizadas com cuidado, baseadas em avaliaes prvias mais aprofundadas, nas quais participem especialistas capazes de orient-las e referend-las com base no melhor conhecimento disponvel no momento. O nmero de ocorrncias registradas ainda pequeno e certamente no reflete a realidade das espcies exticas invasoras no Nordeste. O baixo nmero de registros um indicativo de que pouco se conhece sobre a potencial invaso dessas espcies e de que h necessidade de um maior esforo de pesquisa e descrio das invases por tcnicos e pesquisadores. Embora o nmero de registros possa subestimar o grau de ameaa de espcies pouco registradas como consequncia de poucos estudos ou

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superestimar estar

a

ameaa com

de a

espcies frequncia

com de

Caracterizao das Espcies, sees 6.2 e 7.2). Dentre as espcies de alto risco, 14 (7 animais e 7 plantas) so abordadas com mais detalhes sobre origem, distribuio global, histrico da introduo, descrio da invaso, caractersticas diferenciais e impactos decorrentes da invaso (veja Maiores Ameaas, sees 6.3 e 7.3).

relativamente mais registros, esse nmero deve relacionado ocorrncia real e a percepo da invaso pelos pesquisadores. Para cada espcie listada, so fornecidas informaes bsicas de rpido entendimento e os potenciais impactos da referida espcie (veja

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6.Animais exticos invasoresAbaixo esto listadas 69 espcies de animais exticos invasores ou potencialmente invasores encontrados em 7 estados da Regio Nordeste (Alagoas, Cear, Paraba, Pernambuco, Piau, Rio Grande do Norte e Sergipe), ordenados de acordo com seus respectivos hbitats (gua doce, marinhocosteiro e terrestre), suas formas biolgicas e seus nomes populares. A lista contm tambm o risco de invaso (RI) veja Seo 5 para explicao , o nome cientfico, os estados onde foram encontrados registros (Reg.) e o nmero total de registros considerando todos os 7 estados.

6.1. Lista das espcies de animaisHbitat / Forma biolgica / Nome popular GUA DOCE Crustceos Camaro-gigante-damalsia, pitu Camaro-pintado Moluscos Berbigo Berbigo Melanide Physa europia Peixes Apaiari Bagre-do-canal Beta Carpa-capim Carpa-comum Guar Matrinch, piraputanga Pescada-branca, corvina, pescada-do-piau Piranha Piranha-vermelha Tambaqui Tamoat, tamboat Tilpia Tilpia Tilpia, tilpia-do-nilo +++ Astronotus ocellatus ++ ++ ++ ++ + Ictalurus punctatus Betta splendens Ctenopharyngodon idella CE CE AL PE RN RN CE AL CE CE PB PB AL CE PB PE PI RN SE PB PB PE PI RN SE Poecilia reticulata CE CE PB PB PE PE PI RN PE PB PE RN + + ++ Corbicula largillierti Corbicula fluminea AL CE Physella acuta CE PB PB PB PE PI RN RI* Nome cientfico AL CE PB PE PI RN SE Reg# 1288 3 ++ + Macrobrachium rosenbergii Metapenaeus monoceros CE PB SE 2 1 48 1 1 26 20 1235 180 2 4 10 222 1 1 12 1 11 238 1 40 5 244

+++ Melanoides tuberculatus

+++ Cyprinus carpio Brycon hilarii Plagioscion +++ squamosissimus + Serrasalmus spilopleura ++ ++ ++ ++ Pygocentrus nattereri Hoplosternum littorale Oreochromis macrochir Oreochromis sp. +++ Colossoma macropomum

+++ Oreochromis niloticus

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Hbitat / Forma biolgica / Nome popular Tilpia-de-moambique Tricogaster Tucunar Tucunar Rpteis Tartaruga-de-orelhavermelha MARINHO-COSTEIRO Anmonas Anmona Anmona-do-mar Ascdias Ascdia solitria Crustceos Camaro-branco-dopacfico, camaro-cinza Camaro-tigre-gigante Coppode Coppodo Craca Craca Craca Craca Craca Craca Siri, siri-bidu Medusas Medusa Moluscos Mexilho, mexilho marrom Sururu-branco Poliquetas Poliqueta TERRESTRE Anfbios R-touro Aves Bico-de-lacre Pardal Periquito-de-encontroamarelo Pombo-domstico Tiriba-prola Crustceos

RI* ++ + ++

Nome cientfico Oreochromis mossambicus Trichogaster trichopterus Cichla monoculus

AL

CE

PB PB PB

PE

PI

RN

SE

Reg# 34 1

CE CE PB PE

PI PI

RN RN

4 224 2

+++ Cichla ocellaris

++

Trachemys scripta

PB

PI

2 116 2

+ + +

Haliplanella lineata Aiptasia pallida Styela plicata

PE PE PE

1 1 1 1 101

+++ Litopenaeus vannamei ++ ++ ++ + + + + ++ ++ ++ ++ Penaeus monodon Temora turbinata Pseudodiaptomus trihamatus Amphibalanus reticulatus Amphibalanus subalbidus Conchoderma auritum Conchoderma virgatum Megabalanus coccopoma Striatobalanus amaryllis Charybdis hellerii Blackfordia virginica

CE

PB

PE PE PE

PI

RN

62 3 SE 6 11 3 1 1 1 1

CE PE PE PE PE PE PE CE PB PE PE PI

RN

5 7 7 7 3

++ ++ ++

Perna perna Mytilopsis leucophaeta Polydora nuchalis PE PE

RN

1 2 1 1 1435 6

++

Lithobates catesbeianus

AL

PE PE CE PB PE PE PE PE

PI PI

RN SE RN SE

6 433 21 396 1

+++ Estrilda astrild +++ Passer domesticus + Brotogeris chiriri

+++ Columba livia + Pyrrhura lepida

PI

14 1 2

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Hbitat / Forma biolgica / Nome popular Tatuzinho-de-jardim Tatuzinho-de-jardim Insetos Abelha-africanizada Formiga-cabeuda-urbana Mosca, mosca-do-figo Mosquito-da-dengue Mosquito-da-dengue Rola-bosta-africano Mamferos Cachorro Camundongo Gato Mico-de-cheiro Mico-estrela, sagui-detufo-preto Moc Rato, ratazana Rato-preto, gabiru Moluscos Caracol-gigante-africano Rpteis Briba-de-casa, lagartixa

RI* + +

Nome cientfico Agabiformius lentus Niambia squamata

AL

CE

PB

PE PE PE

PI

RN

SE

Reg# 1 1 614

+++ Apis mellifera ++ ++ Pheidole megacephala Zaprionus indianus

CE

PB

PE PE PE

PI

RN

144 1 4

+++ Aedes aegypti +++ Aedes albopictus ++ ++ ++ + ++ ++ Digitonthophagus gazella Canis familiaris CE Felis catus Saimiri sciureus Callithrix penicillata Kerodon rupestris

PB PE

PI RN PI PE PE PE PE PE PE RN RN

446 18 1 364 5 172 1 1 1 1 RN 173 10 14 RN SE 14 2 1

+++ Mus musculus

+++ Rattus norvegicus +++ Rattus rattus +++ Achatina fulica + Hemidactylus mabouia AL CE CE

PB PB PB

PE PE PE PE

Teju, tei ++ Tupinambis merianae PE 1 * RI = risco de invaso: + (baixo risco), ++ (mdio risco), +++ (alto risco). O detalhamento destas categorias encontra-se na Lista de Espcies Invasoras, Seo 5. #Reg = nmero de registros da espcie nos 7 estados

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6.2. Caracterizao das espcies de animaisGUA DOCE

CrustceosMacrobrachium rosenbergii Camaro-gigante-da-malsia ADistribuio natural: Oceano Indo-Pacfico, na ndia e Malsia. Impactos: Como esse camaro afetado pelo vrus da mancha branca, o escape de indivduos contaminados para o ambiente natural representa sria ameaa s espcies nativas. Pode causar desequilbrio nas populaes de camares nativos e reduzir a biodiversidade, visto ser um carnvoro voraz. Observaes: Introduzido em vrias partes do mundo para cultivo. No Brasil, sua criao proliferou a partir da dcada de 1980. Referncias: Instituto Hrus (2009), Tavares e Mendona Jr. (2004).

A

Metapenaeus monoceros Camaro-pintadoDistribuio natural: Oceano Indo-Pacfico. Impactos: H risco de tornar-se competidor de espcies nativas de penedeos no Brasil. Observaes: Onvoro. Provavelmente introduzido via gua de lastro de navios. J foi introduzido em vrios pases do Mediterrneo. Referncias: Instituto Hrus (2009), Tavares e Mendona Jr. (2004).

B

MoluscosCorbicula largillierti Berbigo BC

Distribuio natural: China, Rios Yangts e Kiang. Impactos: Espcies exticas do gnero Corbicula tm aumentado rapidamente suas densidades populacionais onde tm sido introduzidas, podendo causar impactos negativos aos moluscos nativos por competio. Observaes: Adensa-se mais nas margens dos audes. Com a chegada de Corbicula fluminea, geralmente a espcie desaparece, pois competitivamente inferior. facilmente confundida com Corbicula fluminea. Referncias: Instituto Hrus (2009), Mansur et al. (2004).

Corbicula fluminea Berbigo

C

Distribuio natural: Sudeste Asitico. Impactos: Causou diminuio drstica no nmero de moluscos nativos aps sua introduo nos rios Paran e Paranapanema, no Sul-Sudeste do Brasil. Quando introduzido, rapidamente ultrapassa a densidade populacional dos Corbiculidae nativos e demais espcies de bivalves nativos. J causou grandes perdas econmicas devido sua incrustao e consequente entupimento de tubulaes de gua em usinas hidreltricas. Observaes: Introduzido no Brasil provavelmente via gua de lastro de navios. Primeiramente registrado no Rio Grande do Sul, na dcada de 1970. Espcie estabelecida na Europa, Austrlia, frica e nas Amricas do Norte e do Sul. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005), Mansur et al. (2004).

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Shawn Liston, AF, Bugwood.org

Martins et al. (2006)

Syrist

Melanoides tuberculatus Melanide, caramujo-da-malsia

D

Distribuio natural: Nordeste africano e sudeste asitico. Impactos: Altera as comunidades bentnicas nos ambientes que coloniza. hospedeiro intermedirio de trematdeos parasitas de aves e mamferos, o que pode causar-lhe a morte. Observaes: Introduzido em vrios lugares do Brasil para controle biolgico de caramujos hospedeiros intermedirios do Schistosoma mansoni, agente causador da esquistossomose. Espcie reconhecida como invasora em diversos estados do Brasil, invasora no Golfo do Mxico e no Caribe. Referncias: Instituto Hrus (2009), Fernandez et al. (2003), Reaser et al. (2005), Rocha-Miranda e MartinsSilva (2006).

Physella acuta Physa europiaDistribuio natural: Europa, Mediterrneo e frica Observaes Provavelmente introduzida via aquaricultura, misturada ao substrato de plantas de aqurio. Invasora nos Estados Unidos (Hava) e em Porto Rico. Referncias: Instituto Hrus (2009).

PeixesAstronotus ocellatus Apaiari ED Distribuio natural: Bacia do Rio Amazonas no Peru, na Colmbia e no Brasil. Impactos: Predao de espcies nativas, incluindo invertebrados aquticos e peixes, provocando reduo da biodiversidade nativa. Observaes: Introduzido voluntariamente em diversos lagos e audes do Nordeste na aquicultura. Espcie invasora na Austrlia, em Porto Rico e nos Estados Unidos (Hava). Referncias: Instituto Hrus (2009), DNOCS (2002).Dennis L

E

Ictalurus punctatus Bagre-do-canal

F

F

Betta splendens Beta

G

G

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Wikimedia

Distribuio natural: sia, na bacia do rio Mekong. Impactos: Espcie agressiva. Pode competir fortemente com outras espcies nativas de peixes e causar excluso por competio. Observaes: Introduo voluntria para utilizao na aquicultura. Vendido como peixe ornamental para criao em aqurios. Espcie invasora na Venezuela e na Colmbia. Referncias: Instituto Hrus (2009), Ojasti (2001).

Animal Diversity Web

Distribuio natural: Estados Unidos. Impactos: Comumente, torna-se numericamente dominante onde introduzido. Afeta negativamente a comunidade nativa de peixes. Observaes: Sua produo tem aumentado no Brasil. Sua introduo para utilizao na aquicultura na Nova Zelndia no foi permitida em funo de ser uma espcie com alto risco de invaso. Referncias: Instituto Hrus (2009), Townsend e Winterbourn (1992), Vitule et al. (2009).

Andr Karwath

Ctenopharyngodon idellus Carpa-capim

HEric Engbretson, US -FWS, Bugwood.org Srgio Veludo Marrabbio2 James Dowling-Healey, ADW

Distribuio natural: sia (China e Sibria oriental). Impactos: Competio com espcies nativas, destruio da vegetao aqutica dos rios e lagos. Porta para disseminao de patgenos e parasitas. Observaes: Segunda espcie de peixe mundialmente mais produzida na aquicultura de gua doce. Nos pases onde foi introduzida, estabeleceu-se em 42% e causou efeitos ecolgicos adversos em 3,3%. Invasora na frica do Sul. Referncias: Instituto Hrus (2009), Casal (2006).

Cyprinus carpio Carpa-comum

H

I

Distribuio natural: sia Central at o Mar Negro e o rio Danbio na Europa Impactos: Tem o hbito de revolver os sedimentos no fundo de rios e lagos durante a sua alimentao, causando turbidez excessiva da gua, o que prejudicial ao bom funcionamento do ecossistema aqutico. Preda larvas e ovos de outros peixes. A presena de carpas pode resultar na diminuio da diversidade da fauna nativa por competio e predao. Observaes: Introduo voluntria para utilizao na aquicultura. J foi introduzida em pelo menos 121 pases. Juntamente com a introduo das carpas, foi introduzido acidentalmente o parasita Lernaea cyprinacea (Copepoda), causador da lerniose, motivo de grandes prejuzos piscicultura. o peixe invasor de gua doce que apresenta maior frequncia de impactos ecolgicos adversos em escala global. Invasora na Guatemala e no Mxico. Referncias: Instituto Hrus (2009), Casal (2006).

I

Poecilia reticulata Guar

J

Distribuio natural: Venezuela, Barbados, Trindade, norte do Brasil e Guianas. Impactos: Considerada espcie agressiva em relao ictiofauna nativa nos locais invadidos dos Estados Unidos. Tem causado declnio de espcies nativas nos estados de Nevada, Wyoming e Hava devido sua alimentao, que tem como base os ovos de espcies de peixes nativos. Observaes: Utilizada como uma espcie ornamental devido sua cauda colorida. Possui alta resistncia a variaes ambientais. Acredita-se que essa espcie ocorra em diversos rios nos Brejos de Altitude de Pernambuco e da Paraba. Invasora na frica. Referncias: Instituto Hrus (2009), Rosa e Groth (2004).

J

Brycon hilarii Matrinch, piraputanga

KK

Distribuio natural: Rio Paraguai, baixo Rio Paran (abaixo do Reservatrio de Itaipu) e no alto rio Amazonas. Impactos: No h informao. Pode afetar espcies nativas por competir por espao e alimento. Observaes: Peixe migrador, apreciado pela qualidade da carne e pela pesca esportiva, alm de ser um dos grandes atrativos tursticos de Bonito, no Mato Grosso do Sul, de onde nativo. Referncias: Instituto Hrus (2009), Sanches e Galetti (2007).

Plagioscion squamosissimus Pescada-branca CorvinaDistribuio natural: Venezuela ao Peru e Brasil

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Impactos: Alimenta-se principalmente de camares e peixes. Observaes: Introduo voluntria para utilizao na aquicultura. Espcie encontrada em diversos lagos, audes e rios do Nordeste. Foi introduzida na Bacia do Rio Paran, havendo trechos nos quais uma das espcies de peixe com maior abundncia. Referncias: Instituto Hrus (2009), Bennemann et al. (2006).

Serrasalmus spilopleura PiranhaDistribuio natural: Amrica do Sul: bacia do rio Guapor at a Argentina. Observaes: Na Lagoa de Extremoz, no Estado do Rio Grande do Norte, alimenta-se principalmente de insetos.Referncias: Instituto Hrus (2009), Raposo e Gurgel (2003), Agostinho (2003).

Pygocentrus nattereri Piranha-vermelha

L

Distribuio natural: Bacias do Amazonas, do Paraguai e do Paran; e rios da costa no nordeste do Brasil Impactos: Comprovada reduo de espcies de peixes em lagos de Minas Gerais aps sua introduo, chegando essa reduo a at 50%. Observaes: Na Bacia do Rio Doce, onde foi introduzida e causa perda de biodiversidade, evitada pelos pescadores. Invasora nos Estados Unidos e no Mxico. Referncias: Instituto Hrus (2009), Reaser et al. (2005), Alves et al. (2007).

Colossoma macropomum Tambaqui

M

Distribuio natural: Amrica do Sul, nas bacias do Amazonas e Orinoco. Impactos: Predao e competio com espcies nativas de diversos grupos, provocando reduo da biodiversidade. Observaes: Introduzido voluntariamente em diversos lagos e audes do Nordeste para utilizao na aquicultura. Espcie invasora na Frana e nos Estados Unidos. Referncias: Instituto Hrus (2009), DNOCS (2002), Rosa e Groth (2004).Tanya Dewey, Animal Diversity Web

Hoplosternum littorale Tamboat, tamoat

N

Distribuio natural: Amrica do sul Andina Impactos: Pode reduzir a biodiversidade nativa atravs da competio por recursos. Na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, o estabelecimento do tamboat tem sido relacionado reduo do nmero de espcies de peixes. Observaes: comumente utilizado como isca para a pesca. Referncias: Instituto Hrus (2009), Latini et al. (2004).

L

Oreochromis macrochir TilpiaDistribuio natural: Sul da frica Impactos: Predao de peixes e zooplnctons. Competio com espcies nativas. Observaes: Introduzida voluntariamente para a aquicultura. Referncias: Instituto Hrus (2009).

Distribuio natural: frica Impactos: Similares aos das espcies Oreochromis niloticus e O. mossambicus. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005)

M

Oreochromis niloticus Tilpia, tilpia-do-NiloDistribuio natural: Rios litorneos de Israel; rio Nilo; bacia do lago Chad e rios Niger, Benue, Volta, Gambia e Senegal. Impactos: Espcie onvora que se reproduz precocemente. Essas caractersticas resultam na predao de diversas espcies aquticas nativas e no seu rpido aumento populacional, com consequente competio por alimento e espao.

N

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FFWCCA, Bugwood.org

Tino Strauss

Oreochromis sp. Tilpia

Observaes: Introduzida voluntariamente em diversos lagos e audes do Nordeste. Invasora na Blgica, em Burundi, em Camares, na China, na Costa do Marfim, na Indonsia, em Madagascar, na Austrlia, nos Estados Unidos e na Nicargua. Referncias: Instituto Hrus (2009), DNOCS (2002), GISP (2005).www.infoagro.go.cr

Oreochromis mossambicus Tilpia-de-Moambique

O

Distribuio natural: Centro-Leste da frica Impactos: Similares aos da espcie Oreochromis niloticus. Observaes: Invasora em Java, na Indonsia, em Singapura, no Japo, nos Estados Unidos e na Malsia. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005).

O

Trichogaster trichopterus TricogasterDistribuio natural: Malsia, Vietn e Tailndia Observaes: Introduzido atravs do comrcio de peixes para aqurio. um peixe vigoroso, com vida longa e alta taxa reprodutiva.Referncias: Instituto Hrus (2009).

Cichla monoculus Tucunar

P

Distribuio natural: Bacia Amaznica Impactos: Peixe carnvoro. Ocupa o espao de outros peixes e preda espcies nativas, incluindo invertebrados aquticos e peixes. Tem sido responsabilizado pela extino de peixes em Lagoa Santa, Minas Gerais. Observaes: Introduzido voluntariamente em diversos audes e lagos do Brasil. Referncias: Instituto Hrus (2009), Pompeu e Alves (2003).

Cichla ocellaris TucunarDistribuio natural: Bacia Amaznica e Araguaia - Tocantins Impactos: Peixe carnvoro. Ocupa o espao de outros peixes e preda espcies nativas, incluindo invertebrados aquticos e peixes. No Panam, provocou uma reduo de 99% nas populaes de peixes no Lago Gatn, Canal do Panam, alm de inmeras extines. Observaes: Introduzido voluntariamente em diversos lagos e audes do Nordeste. Reproduz-se tanto em guas paradas quanto em guas correntes. Espcie invasora no Panam. Referncias: Instituto Hrus (2009), DNOCS (2002), Rosa e Groth (2004), Zaret e Paine (1973).

RptilTrachemys scripta Tartaruga-de-orelha-vermelha P

Distribuio natural: Vale do rio Mississipi, nos Estados Unidos Impactos: Ocupao de nichos de outras espcies de tartarugas, competio por alimento e espao de assoalhamento, predao de espcies nativas. Observaes: Introduzida em vrias partes do mundo atravs do comrcio de animais para aqurio e para estimao. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005)

MARINHO-COSTEIRO

AnmonasHaliplanella lineata AnmonaDistribuio natural: Oceano Pacfico Observaes: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005.

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GM Stolz, US FWS, Bugwood.org

Referncias: Farrapeira et al. (2007).

Aiptasia pallida Anmona-do-marDistribuio natural: Oceano Atlntico (sul dos EUA e Caribe). Observaes: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005. Referncias: Farrapeira et al (2007).

AscdiaStyela plicata Ascdia solitriaDistribuio natural: Costa leste Estados Unidos. Impactos: Impactos ainda no estudados, mas pode competir com outros organismos por espao e alimento. Observaes: Foi encontrada em cascos de navios atracados no Porto do Recife no ano de 2005. Referncias: Instituto Hrus (2009), Farrapeira et al. (2007).

CrustceosLitopenaeus vannamei Camaro-branco-do-pacfico, camaro-cinza QDistribuio natural: Costa oriental do Oceano Pacfico, desde a costa da Califrnia, nos Estados Unidos, at a costa de Tumbes, no Peru. Impacto: Possvel transmissor da Sndrome da Necrose Idioptica Muscular (NIM), que representa srio risco para crustceos nativos, e potencial portador do vrus da mancha branca. Observaes: O sistema de seu cultivo em viveiros tem deteriorado regies estuarinas e manguezais. Caranguejos do manguezal que recebem as guas dos tanques podem ser contaminados com metais pesados, contaminando tambm os pescadores e o pblico que se alimenta deles. Atualmente, o camaro-branco-dopacfico constitui o essencial da produo brasileira de camares marinhos cultivados. Tambm comercializado como isca viva. Referncias: Instituto Hrus (2009), Santos e Coelho (2002), Tavares e Mendona Jr. (2004).

Penaeus monodon Camaro-tigre-giganteDistribuio natural: Oceano Indo-Pacfico Observaes: Foi utilizado em cultivos na dcada de 1970, porm substitudo pela espcie Litopenaeus vannamei no incio dos anos 1980. Est reproduzindo-se e completando todo o seu ciclo biolgico em ambiente natural em Pernambuco. Espcie invasora no Mediterrneo, no Atlntico ocidental, no Vietn, na Austrlia, na Tailndia, no Sri Lanka, nas Filipinas, em Moambique, em Bangladesh, em Taiwan, na Malsia e no Brasil. Referncias: Instituto Hrus (2009), Coelho et al. (2001), Santos e Coelho (2002).

Temora turbinata CoppodeDistribuio natural: Indeterminado Impactos: Causa diminuio da populao da espcie nativa Temora stylifera. Observaes: O primeiro registro no Brasil foi no esturio do Rio Vaza-Barris, em Sergipe, na dcada de 1990. Pode ter chegado ao Brasil via gua de lastro. Atualmente, domina vrias reas costeiras e estuarinas do Brasil. Referncias: Instituto Hrus (2009), Cavalcanti et al Q (2008), Silva et al (2004)

Pseudodiaptomus trihamatus CoppodoDistribuio natural: Indo-Pacfico Impactos: Desloca espcies nativas. Transmissor de ectoparasitas (protozorios e ispodes) a espcies nativas. Observaes: Acredita-se que a espcie foi introduzida acidentalmente junto com um lote do camaro Penaeus monodon trazido das Filipinas, no final da dcada de 1970. Constatada pela primeira vez no Brasil em um viveiro de camaro no Rio Grande do Norte. Por ocasio da despesca, o coppode foi liberado para as guas costeiras.

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USDA ARS PU, Bugwood.org

Referncias: Instituto Hrus (2009).

Amphibalanus reticulatus CracaDistribuio natural: : Desconhecida. Impactos: Forma incrustaes em substratos artificiais, como cascos de navios, plataformas de petrleo e outros, podendo aumentar os custos de manuteno das estruturas. Observaes: No Brasil, foi primeiramente encontrada em Pernambuco no ano 1990, seguido da Bahia em 1993. Em 2005, foi encontrada em cascos de navios atracados no Porto do Recife. Encontrada tambm ao redor do mundo nas latitudes tropicais. Referncias: Farrapeira et al. (2007), Neves e Rocha (2008).

Amphibalanus subalbidus CracaDistribuio natural: Estados unidos. Observaes: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005. Referncias: Celis et al. (2007), Farrapeira et al. (2007).

Conchoderma auritum CracaDistribuio natural: Desconhecida Observaes: Foi encontrada em cascos de navios atracados no porto do Recife no ano de 2005. Referncias: Instituto Hrus (2009), Farrapeira et al. (2007).

Conchoderma virgatum CracaDistribuio natural: Cosmopolita. Observaes: O primeiro registro da espcie no Brasil ocorreu em 2005, no litoral de Pernambuco, quando foi encontrada em cascos de navios atracados no Porto do Recife. uma das espcies dominantes nos cascos dos navios. Referncias: Farrapeira et al. (2007), Foster e Willan (1979).

Megabalanus coccopoma Craca Distribuio natural: Costa Pacfica das Amricas (da Califrnia at o Peru).

Impactos: Ocupa a mesma faixa que a ocupada pela espcie M. tintinnabulum nos costes rochosos, mas no foi observada excluso competitiva. Provavelmente, h competio com outros organismos por espao. Incrustamse em cascos de navios, plataformas de petrleo, tubulaes de usina, entre outros substratos consolidados disponveis no ambiente marinho. Esses substratos podem ficar totalmente cobertos por cracas, causando a corroso acelerada dos metais, o aumento no custo de manuteno de embarcaes e equipamentos, o aumento do arrasto de embarcaes e, consequentemente, mais gastos com combustveis. Observaes: O primeiro registro no litoral brasileiro foi na Baa de Guanabara, Rio de Janeiro, na dcada de 1970, embora seja sugerido que a colonizao da M. coccopoma no litoral do Brasil tenha se dado na dcada de 1940. A rota de disperso pode ter sido a gua de lastro contendo larvas da espcie. Referncias: Instituto Hrus (2009).

Striatobalanus amaryllis CracaDistribuio natural: Oceano Indo-Pacfico Ocidental Impactos: Compete com outros organismos por espao. Incrusta-se em cascos de navios, plataformas de petrleo, entre outros substratos consolidados disponveis no ambiente marinho, podendo deix-los totalmente cobertos, causando a corroso dos metais e o aumento no custo de manuteno. Observaes: Estabelecida em Pernambuco. Espcie introduzida no Brasil provavelmente via incrustao e/ou gua de lastro. Est no litoral pernambucano desde a dcada de 1990. Referncias: Instituto Hrus (2009), Farrapeira et al. (2007), Farrapeira (2008), Neves et al. (2005).

Charybdis hellerii Siri, siri-biduDistribuio natural: Oceano Indo-Pacfico Impactos: Estima-se que, na Baa de Todos os Santos, Estado da Bahia, a espcie C. hellerii j seja mais abundante do que a nativa Callinectes larvatus. Compete com espcies nativas por hbitat e alimento. Observaes: Introduzida, provavelmente, atravs da gua de lastro de navios. Invasora nos Estados Unidos, em Cuba, na Colmbia, na Venezuela, no Mxico e no Brasil.

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Referncias: Instituto Hrus (2009), Coelho e Santos (2003).

MedusaBlackfordia virginica MedusaDistribuio natural: Europa, no mar Negro e no mar Cspio Observaes: Medusa muito comum em esturios de vrias partes do mundo. Est estabelecida no Brasil h, pelo menos, 40 anos. Encontrada em diversas localidades de Pernambuco, como no esturio da Ilha de Itamarac, nas bacias dos rios Capibaribe e Pina. Referncias: Freire et al. (2008), Freire e Prez (2007), Genzano et al. (2006), Paranagu (1963).

MoluscosCorbicula fluminea BerbigoDistribuio natural: Sudeste Asitico Impactos: A espcie causou diminuio drstica no nmero de moluscos nativos aps sua introduo nos rios Paran e Paranapanema. Quando introduzida, rapidamente ultrapassa a densidade populacional dos Corbiculidae nativos e demais espcies de bivalves nativos. J causou grandes perdas econmicas devido incrustao e o consequente entupimento de tubulaes de gua em usinas hidreltricas. Observaes: Introduzida no Brasil provavelmente via gua de lastro. Primeiramente registrada no Rio Grande do Sul, na dcada de 1970. Estabelecida na Europa, na Austrlia, na frica e nas Amricas do Norte e do Sul. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005), Mansur et al. (2004).

Perna perna Mexilho, mexilho marromDistribuio natural: Atlntico Oriental, costa oeste da frica Impactos: Pode ter causado alteraes na estrutura de comunidades nativas brasileiras de costes rochosos no passado. Incrusta em substratos consolidados naturais (costes rochosos) e artificiais. Cascos de navios e plataformas de petrleo podem ficar completamente cobertos por indivduos dessa espcie, o que causa a corroso dos metais e o aumento no custo de manuteno. Observaes: Possivelmente, foi introduzida de forma acidental na costa brasileira, entre os sculos XVIII e XIX, pelos navios negreiros, que poderiam apresentar cascos incrustados com indivduos da espcie. um dos maiores mexilhes, podendo atingir 170 milmetros de comprimento. Muito utilizado na alimentao humana. Introduzido tambm no Caribe, no Golfo do Mxico, na Venezuela e no Mar Mediterrneo. Referncias: Instituto Hrus (2009), Souza et al. (2004).

Mytilopsis leucophaeta Sururu-brancoDistribuio natural: Amrica do Norte Impactos: Pode causar alteraes na estrutura das comunidades nativas de costes rochosos do litoral brasileiro. Observaes: Foi introduzido no Brasil provavelmente via gua de lastro, sendo encontrado pela primeira vez em julho de 2004, na regio estuarina adjacente ao Porto do Recife, em Pernambuco, incluindo desde a rea porturia at os rios Tejipi e Capibaribe. Espcie estabelecida em Pernambuco. Referncias: Instituto Hrus (2009), Farrapeira et al. (2007), Souza et al. (2005).

PoliquetaPolydora nuchalis PoliquetaDistribuio natural: Atlntico Ocidental e Caribe. Observaes: Introduo acidental, para utilizao na aquicultura, em Salvador, na Bahia, no ano de 1995. Sua introduo esteve, provavelmente, associada ao cultivo de ostras. No h estudos que descrevam a situao da espcie no Brasil. Invasora nos Estados Unidos. Referncias: Instituto Hrus (2009).

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TERRESTRE

AnfbioLithobates catesbeianus R-touroDistribuio natural: Pores central e leste dos Estados Unidos e sul do Canad. Impactos: Compete com anfbios nativos. As larvas podem ter impacto significativo em algas bentnicas, perturbando a estrutura da comunidade aqutica. Adultos so responsveis por nveis significativos de predao de anfbios nativos e de espcies de cobras e tartarugas. Transmissora de quitridiomicose, doena provocada por um fungo tambm invasor que j levou perda de mais de 70 espcies de anfbios na Amrica do Sul e Amrica Central em situaes de epidemias provocadas pelo aquecimento global. Observaes: Introduzida no Brasil no ano de 1935. Seu cultivo despertou grande interesse econmico graas facilidade de criao, precocidade de crescimento, resistncia a enfermidades e ao interesse pela sua carne. Devido a escapes dos criadouros, so facilmente encontradas em cursos de gua que drenam a rea dos criadouros, que, em grande parte, so ilegais. Invasora nos Estados Unidos, no Canad, no Mxico, no Caribe, na Guatemala, na Europa, nas Filipinas, na sia e em diversos pases da Amrica do Sul. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005), La Marca e Lips (2005), Pounds et al (2006).

AvesEstrilda astrild Bico-de-lacreDistribuio natural: Sul da frica Impactos: No Parque Nacional de Braslia, observou-se que o bico-de-lacre ingere as sementes e facilita a disperso de capim-gordura (Melinis minutiflora), espcie extica invasora nos Cerrados. Observaes: Geralmente vista em bandos que podem conter mil indivduos. considerada uma das espcies de aves mais numerosas no planeta. Invasora em Portugal, na Espanha e nos Estados Unidos (Hava). Referncias: Instituto Hrus (2009).

Passer domesticus Pardal

RJJ.Mosesso, NBII, Bugwood.org Lee Karney, US FWS, Bugwood.org

Distribuio natural: Eursia e norte da frica Impactos: Desloca espcies nativas em funo de competio por recursos do ambiente. Tem comportamento agressivo e desloca outras aves que tentam nidificar em seu territrio. Observaes: Introduzido intencionalmente nas Amricas. Encontrado em maior abundncia em reas urbanas, suburbanas e agrcolas. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005), GISD (2009).

Q R

Brotogeris chiriri Periquito-de-encontro-amareloReferncias: Farias et al. (2008).

Columba livia Pombo-domstico

S Distribuio natural: Europa, norte da frica e sudoeste da sia Impactos: Compete com espcies nativas por alimento. Pode gerar hbridos com espcies nativas do gnero Columba, R inclusive com a espcie Columba picazuro. Pode ser vetor de zoonoses, sendo tambm um problema de sade pblica. Transmissor de ornitose; encefalite; doena de Newcastle, virose corrente em galinheiros; criptococose; toxoplasmose; intoxicao por salmonela; e diversas outras doenas. Observaes: Introduo voluntria. Espcie com preferncia por reas prximas a habitaes humanas. Invasora em mais de 90 pases. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005), GISD (2009).

S

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Pyrrhura lepida Tiriba-prola

T

Distribuio natural: Par e Maranho Observaes: H uma populao com 12 indivduos estabelecida no Parque Estadual de Dois Irmos, no Recife, Pernambuco. uma espcie oficialmente ameaada de extino. Referncias: Pereira et al. (2008), Farias et al. (2008).Ciro Albano, Pereira et al. (2008)

CrustceosAgabiformius lentus Tatuzinho-de-jardimDistribuio natural: Mediterrneo Observaes: Ocorrncia em Fernando de Noronha. Referncias: Instituto Hrus (2009), Leistikow e Wgele (1999), Lemos de Castro (1971), Souza-Kury (1998).

T

Niambia squamata Tatuzinho-de-jardimDavid Cappaert, Michigan State University, Bugwood.org

Distribuio natural: frica do Sul Observaes: Ocorre em Fernando de Noronha. Referncias: Arajo e Taiti (2007), Instituto Hrus (2009), Souza-Kury (1998).

InsetosApis mellifera Abelha-africanizada UDistribuio natural: frica, Europa e sia Impactos: Compete com abelhas nativas por plen e nctar, levando vantagem sobre estas em funo do maior tamanho do corpo e maior raio de voo. Tambm causa impacto a espcies de aves, pois invade ninhos localizados em ocos de rvores. Pode comprometer a reproduo de espcies nativas e de espcies com importncia comercial, como o maracuj, devido competio com espcies nativas de abelhas que polinizam essas plantas. Observaes: Presente em praticamente todo o continente americano. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005), GISD (2009), Reaser et al. (2005).

U

Pheidole megacephala Formiga-cabeuda-urbana

VV

Distribuio natural: frica Impactos: Desloca invertebrados nativos da comunidade invadida por agresso direta. Em locais onde essa formiga abundante, ocorre a reduo da populao de vertebrados. Afeta as plantas diretamente, atravs da coleta de semente, ou indiretamente, criando um hbitat favorvel a insetos fitfagos, que reduzem a produtividade da planta. Observaes: Estabelecida em Pernambuco. considerada uma praga domstica, causando danos a cabos eltricos, telefnicos e de irrigao. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005).

Zaprionus indianus Mosca, mosca-do-figoDistribuio natural: frica e ndia

W

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April Nobile, AntWeb

Impactos: Espcie generalista, o que a torna capaz de colonizar com sucesso substratos utilizados por espcies nativas. considerada a praga do figo (Ficus carica), causando danos e reduzindo a produo em at 40% e a exportao em 80%. Observaes: Estabelecida em Pernambuco. Desde sua primeira descrio no Brasil, em Santa Isabel, So Paulo, em maro de 1999, essa espcie tem se espalhado rapidamente pelo Pas. Referncias: Instituto Hrus (2009), Lima Filho et al. (2008).

Aedes aegypti Mosquito-da-dengueDistribuio natural: frica Impactos: Principal vetor de transmisso do vrus causador da dengue e da febre amarela nos humanos. Observaes: Largamente disseminado em ambientes urbanos, tendo sua reproduo facilitada em locais com gua parada. Ampla disperso pelo mundo. Referncias: Instituto Hrus (2009).

Aedes albopictusMosquito-da-dengue X Distribuio natural: Sudeste da sia, ilhas dos oceanos ndico e Pacfico, China, Japo e oeste de Madagascar Impactos: Mosquito transmissor de doenas. Ataca, alm dos humanos, anfbios, rpteis e aves. Tem um papel importante na transmisso de algumas arboviroses (como a febre amarela). um potencial vetor da dengue Observaes: Acredita-se que tenha sido introduzido de forma acidental por meio do comrcio martimo de minrio de ferro entre o Brasil e o Japo na dcada de 1980. A espcie considerada uma das 100 piores invasoras do mundo. Invasora nos Estados Unidos, no Caribe e em diversos pases da Amrica do Sul e da Europa. Referncias: Albuquerque et al. (2000), Ayres et al. (2002), GISD (2009), Lowe et al.(2000).

W

Digitonthophagus gazella Rola-bosta-africanoDistribuio natural: Regies tropicais da frica, pennsula da Arbia, ndia e Sri Lanka Impactos: Pode causar danos s populaes de besouros nativos e biodiversidade. Observaes: Introduzido no Brasil para fins de controle biolgico de moscas. Foi introduzido tambm no Hava, em 1958, na Austrlia, em 1968, no Chile e nos Estados Unidos. Referncias: Instituto Hrus (2009), Matavelli e Louzada (2008). X

MamferosCanis familiaris CachorroDistribuio natural: Considerada cosmopolita, mas seu ancestral direto, Canis lupus, originrio do Hemisfrio Norte. Impactos: Causa grande impacto na fauna nativa, sendo predador de mamferos terrestres, tais como gambs, lobos-guar e tamandus-mirins. Podem tambm transmitir doenas fauna nativa. Predam desovas frescas de Chelonia mydas, a tartaruga-verde, no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISD (2009)

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Susan Ellis, Bugwood.org

Gary J. Steck

Mus musculus Camundongo

Z

Y

Felis catus Gato

Aa

Impactos: Grande predador da fauna nativa e vetor de doenas como toxoplasmose e sarcosporidiose, que podem ser transmitidas ao homem. Gatos ferais so considerados responsveis pela extino de pelo menos 8 espcies de aves em ilhas. Observaes: Considerada uma das 100 piores espcies invasoras do mundo. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISP (2005), GISD (2009), Lowe et al.(2000).

Z

Saimiri sciureus Mico-de-cheiro

Ab

Distribuio natural: Floresta Amaznica Observaes: Introduzido voluntariamente na Reserva Biolgica de Saltinho (Tamandar) h cerca de 25 anos por servidores do antigo Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal (IBDF). Referncias: Barboza et al. (2004), Instituto Hrus (2008), Falco (2006)

Aa

Callithrix penicillata Mico-estrela, sagui-de-tufo-pretoDistribuio natural: Espcie nativa do Cerrado em So Paulo, em Minas Gerais, no Tocantins, no Piau, na Bahia, em Mato Grosso do Sul, em Gois e no Distrito Federal. Impactos: Compete com a fauna nativa, causando desequilbrio na comunidade local. Pode hibridizar com outras espcies do gnero. Observaes: Espcie introduzida acidentalmente no municpio de Floresta, em Pernambuco, tendo produzido hbridos com a espcie Callithrix jacchus. Referncias: Instituto Hrus (2009), Monteiro da Cruz et al (2002).

Ab

Kerodon rupestris Moc

Ac

Distribuio natural: Nordeste brasileiro, na regio do semirido Impactos: Alimenta-se de frutos, podendo dispersar sementes e modificar a vegetao. Alimenta-se tambm de razes de rvores, podendo lev-las queda, expondo o solo e provocando processos erosivos. Observaes: Foi introduzido em Fernando de Noronha, em meados de 1960, pelos militares, para servir de caa aos soldados. nativo na regio do semirido do Nordeste.

Ac

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Diele Lbo

David Blank

Forest Starr and Kim Starr

Phil Myers, Museum of Zoology, University of Michigan

Distribuio natural: Regio do Mediterrneo at a China Impactos: Transmissora de doenas a populaes humanas. Considerada espcie-problema na agricultura, causando danos a culturas agrcolas e em estoques de alimentos. Tem causado a extino de espcies nativas em ecossistemas invadidos, principalmente pela predao de ninhos de aves em ilhas ocenicas. Observaes: Considerada uma das 100 piores espcies invasoras do mundo. A distribuio do Mus musculus mais extensa que a de qualquer outro mamfero. Considerada uma espcie sinantrpica nociva pela legislao brasileira (Instruo Normativa n 141, de 19 de dezembro de 2006) e, observados os detalhes da legislao vigente, passvel de controle sem autorizao do Ibama. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISD (2009), IBAMA (2006), Lowe et al.(2000).

Referncias: Instituto Horus (2009), Moura-Britto e Patrocnio (2005), Sazima e Haemig (2006).

Rattus norvegicus Rato, ratazana

Ad

Distribuio natural: Nordeste da China Impactos: Transmisso de doenas a humanos e ataques a ninhos de aves. agressivo com outras espcies e desloca ratos nativos. Causa srios danos a plantaes e propriedades rurais. Principal responsvel pela transmisso da leptospirose. Observaes: Segundo a Instruo Normativa n 141, de 19 de dezembro de 2006, considerada uma espcie sinantrpica nociva e, observados os detalhes da legislao vigente, passvel de controle sem a autorizao do Ibama. Encontrada em praticamente todos os locais onde h ocupao humana. Referncias: Instituto Hrus (2009), GISD (2009), IBAMA (2006), Pimentel et al. (2000).

Ad

Rattus rattus Rato-de-casa, rato-preto, gabiruDistribuio natural: ndia Impactos: Onvoro, capaz de alimentar-se de uma grande variedade de plantas e animais nativos. Preda ovos e aves jovens. Frequentemente desloca espcies de ratos nativos, ocupando o seu nicho. Provavelmente foi causador da extino de um grande rato (Noronhomys vespuccii) endmico do Arquiplago de Fernando de Noronha. Observaes: Considerada uma das 100 piores espcies invasoras do mundo. Adapta-se a praticamente qualquer tipo de ambiente. Tem causado, direta ou indiretamente, a extino de vrias espcies ao redor do planeta. Considerada uma espcie sinantrpica nociva pela legislao brasileira (Instruo Normativa n 141, de 19 de dezembro de 2006). Referncias: Amori e Clout (2003), Brando-Filho (2003), GISD (2009), IBAMA (2006), Moura-Britto e Patrocnio (2005), Pimentel et al. (2000).

Ae

MoluscoAchatina fulica Caracol-gigante-africano

Af Ae Distribuio natural: frica, da frica do Sul a Moambique no sul e do Qunia Somlia ao norte. Impactos: Predador de plantas e competidor por espao com outras espcies, em funo do aumento populacional acelerado. A espcie ataca praticamente qualquer lavoura, causando prejuzos econmicos. Tambm compete com espcies nativas em ambientes florestais. vetor de 2vermes que transmitem doenas: Angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilase abdominal; e Angiostrongylus cantonensis, causador da angiostrongilase meningoenceflica humana. Observaes: Introduzido no Pas na dcada de 1980 para criao alternativa ao escargot. O fracasso das tentativas de comercializao levou os criadores a soltar os caracis no ambiente. Reproduz-se rapidamente e em grande quantidade. Dispersou-se amplamente, podendo ser encontrado em praticamente todo o Brasil. Invasora nos Estados Unidos, na China, na Martinica, na Frana, nas Ilhas Maldivas, nas Filipinas e na Austrlia. Considerada uma das 100 piores espcies invasoras do mundo. Referncias: Instituto Hrus (2009), Fischer et al. (2006), GISD (2009), Lowe et al.(2000).

RpteisHemidactylus mabouia Briba-de-casa, lagartixa AfDistribuio natural: frica Observaes: Foi introduzida acidentalmente no Novo Mundo, tornando-se uma colonizadora de sucesso, amplamente representada no sul da Amrica do Norte, na Amrica Central e na Amrica do Sul. Espcie comum em toda a Regio Nordeste do Brasil, porm sempre encontrada em construes ou estruturas de origem humana. noturna e alimenta-se de insetos.

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Postdlf, Wikimedia

David G. Robinson, USDA APHIS PPQ, Bugwood.org

Wikimedia

Referncias: Anjos e Rocha (2008), Instituto Hrus (2009), Freitas e Silva (2005), Rocha e Anjos (2007), Sazima e Haemig (2006).

Tupinambis merianae Teju, tei

Ag

Distribuio natural: Brasil, Argentina e Uruguai. Ocorre em quase todas as regies do Brasil continental, menos na Floresta Amaznica. Impactos: Em Fernando de Noronha, o tei afeta negativamente populaes de aves no arquiplago, pois se alimenta de ovos e filhotes de aves. O Projeto Tamar registra a predao de ovos de tartarugas nas pocas de desova. Essa espcie dispersa sementes de frutos cultivados, como o caj e o caju. Alimenta-se de material vegetal, larvas de insetos, roedores, grilos, gastrpodes, aves marinhas e da lagartixa-mabuia (Mabuya maculata), endmica de Fernando de Noronha. Observaes: Introduo voluntria de 2casais para controle biolgico de roedores em Fernando de Noronha, na dcada de 1950. O tei estabeleceu-se na ilha, aumentando sua populao e tornando-se invasor. Estimativas populacionais chegaram a apontar uma populao entre 2 mil e 8 mil indivduos na ilha principal, numa rea de 17 km. Estima-se ainda que o potencial de nascimentos por ano seja de 18 mil filhotes, cujo estabelecimento reduzido pelo hbito de canibalismo da espcie, que se alimenta de seus prprios ovos e neonatos. espcie extica invasora apenas em Fernando de Noronha e nativa no continente. Encontra-se amplamente dispersa em toda a ilha principal do arquiplago, com alta densidade. Referncias: Instituto Hrus (2009), Freitas e Silva (2005), GISP (2005).

Ag

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GISP 2005

6.3. Maiores ameaas de espcies de animaisTilpia-do-nilo Oreochromis niloticus introduzidas 42 espcies de peixes e crustceos na Regio (Gurgel e Fernando, 1994). Destas, 14 espcies de peixes e 1 de camaro estabeleceram-se com sucesso. A espcie considerada mais produtiva e introduzida em centenas de reservatrios do semirido a tilpia-do-nilo (Dnocs, 2002). Para se ter uma ideia, em 2002 o Dnocs distribuiu 20 milhes de alevinos de diversas espcies, que tiveram como destino 518 audes pblicos, 950 audes particulares, 56 lagoas, 444 viveiros e 48 baterias de tanques-rede (Dnocs, 2002). Entre as Com ocorrncia natural apenas em partes da frica e do Oriente Mdio (Gisp, 2005), a tilpiado-nilo j foi introduzida em pelo menos 85 pases (Casal, 2006) e est presente do norte ao sul das Amricas, em partes da Europa e no sudeste da sia (Gisp, 2005; Vitule et al., 2009). uma das 10 principais espcies da aquicultura em gua doce no mundo e uma das 4 que mais causa efeitos ecolgicos adversos (Casal, 2006). As mesmas caractersticas que a tornam uma das espcies preferidas para a aquicultura, sobretudo no Nordeste, faz com que seja uma espcie com alto poder de invadir e causar danos comunidade biolgica em que inserida (Attayde et al., 2007). A produo de peixes de gua doce no Brasil est muito associada ao uso de espcies exticas (Vitule et al., 2009). Para aumentar a produo e oferta de alimento populao humana no semirido do Nordeste, o Dnocs iniciou, na dcada de 1930, um programa de peixamento de reservatrios de gua doce isto , audes, lagoas, etc. , por meio do qual foram principais espcies distribudas estavam a tilpia-do-nilo, o tambaqui (Colossoma macropomum) e o tucunar comum (Cichla ocellaris), todas exticas e com alto poder de invaso e de desestruturao de ecossistemas aquticos. Entre as caractersticas da tilpia-do-nilo que a tornam uma espcie com alto poder de invaso, esto a alta tolerncia a variaes ambientais, a alta variedade de alimentos que pode consumir (de zooplnctons a peixes) e a alta taxa de crescimento populacional (Attayde et al., 2007). A tilpia-do-nilo pode aumentar rapidamente o tamanho da populao e se tornar dominante, alterando a estrutura da comunidade aqutica, reduzindo a abundncia de microcrustceos planctnicos, aumentando a abundncia de microalgas e reduzindo a transparncia da gua (Attayde et al., 2007; Vitule et al., 2009). Em um reservatrio na Caatinga do Rio Grande do Norte, por exemplo, foi observado que, aps a introduo da tilpia-do-nilo, houve reduo populacional das espcies nativas

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Prochilodus brevis, Leporinus sp. e Hoplias malabaricus, bem como da espcie introduzida Plagioscion squamosissimus (pescada-branca) espcie mais frequente no reservatrio antes da introduo da tilpia-do-nilo (Menescal, 2002).

Agravante para esse cenrio o poder do tucunar de mudar drasticamente a estrutura da comunidade biolgica na qual se estabelece, podendo provocar a extino de at 50% das espcies de peixes nativos (Zaret e Paine, 1973; Alves et al., 2007). Dentre os peixes mais introduzidos em bacias hidrogrficas brasileiras,

Tucunar Cichla ocellaris e Cichla spp. Existem 15 espcies do gnero Cichla, todas popularmente conhecidas por tucunar e ocorrendo originalmente nas bacias dos rios Amazonas, Tocantins e Orinoco (Kullander e Ferreira, 2006). Nas outras partes da Amrica do Sul onde tambm ocorre, o tucunar no nativo, tendo sido introduzido pelo homem. Esse o caso nas regies Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Embora j esteja amplamente disperso no Brasil, a taxa de introduo do tucunar em bacias onde no nativo crescente, sobretudo por causa dos programas de estocagem de peixes (peixamento), escapes acidentais da aquicultura, do controle biolgico de espcies indesejadas e incremento da pesca esportiva (Latini et al., 2004; Agostinho et al., 2005; Alves et al. 2007).

o tucunar certamente um dos que mais ameaam a biodiversidade (Latini et al., 2004; Agostinho et al., 2005; Alves et al. 2007). Uma das primeiras introdues de tucunar registradas ocorreu no municpio de Maranguape, Cear, no ano de 1939. No Nordeste, a introduo do tucunar vem sendo feita em grande escala, de forma que a quarta espcie de peixe mais produzida e distribuda pelo Dnocs no ano de 2002, e a segunda espcie de peixe (depois da tilpia-do-nilo) mais capturada nos audes pblicos do Nordeste 11% das capturas (Paiva et al., 1994 apud Soares et al., 2007). O tucunar um predador piscvoro que tende a ocupar o topo da cadeia alimentar nos lagos onde introduzido (Latini et al., 2004). Isso faz com que a espcie seja introduzida para

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Thiago TH

controlar a superpopulao de outras espcies, como a tilpia (Moura-Britto e Patrocnio, 2005). Peixes predadores de topo tendem a ser colonizadores de elevado sucesso, pois apresentam vantagens sobre as espcies nativas que no tm adaptaes para evitar a predao (Alves et al., 2007). O tucunar tambm tem elevado cuidado parental, o que contribui para aumentar sua taxa de sobrevivncia no ambiente (Latini et al., 2004). Outra caracterstica importante a tendncia ao canibalismo medida que as presas se tornam escassas, podendo ser este o seu principal comportamento alimentar em lagos onde foi introduzido (Gomiero e Braga, 2004). Essas caractersticas tornam-no uma espcie invasora de grande sucesso e que provoca grandes impactos ambientais. Entre os principais impactos decorrentes da introduo e do estabelecimento do tucunar, esto alteraes na composio e na estrutura da comunidade biolgica e a massiva extino local de espcies nativas. No Lago Gatn, no Panam, a introduo do tucunar causou mudana radical na composio de peixes e a eliminao de 6 das 8 espcies nativas mais comuns (Zaret e Paine, 1973). Na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, 50% das espcies de peixes de um lago foram extintas aps a introduo do tucunar e da piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri) (Alves et al., 2007). Em outro lago, no municpio de Lagoa Santa, em Minas Gerais, aproximadamente 70% das espcies de peixes foram extintas no decorrer de 150 anos; entre as principais causas suspeitas est a introduo do tucunar e de outras 4 espcies de peixes exticos (Pompeu e Alves, 2003).

Nos ecossistemas aquticos invadidos por tucunar, observam-se tambm outras alteraes nas comunidades de peixes, tais como reduo no tamanho das populaes de peixes pequenos, por causa do aumento na predao, e mudanas na dieta de outros peixes piscvoros, por causa da competio com o tucunar (Pompeu e Godinho, 2001). O controle de peixes como o tucunar onde a espcie j est estabelecida tende a ser ineficaz devido ao seu elevado sucesso de colonizao, como tambm acontece com a piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri), o tambaqui (Colossoma macropomum) e a tilpia-do-nilo (Oreochromis niloticus) (Alves et al., 2007). Dessa forma, o mais recomendado para a atenuao de problemas decorrentes de processos de invaso por espcies de peixes parecem ser medidas preventivas que visem reduzir novas introdues (Latini et al., 2004; Alves et al., 2007), amparadas por normas legais federais e estaduais j existentes e a serem construdas. Paralelamente, deve-se trabalhar com informao pblica, capacitao tcnica para os gestores pblicos e tomadores de deciso sobre os efeitos adversos da introduo de peixes exticos e com pesquisa para o desenvolvimento da aquicultura com espcies nativas.

Camaro-branco, camaro-branco-dopacfico Litopenaeus vannamei O camaro-branco nativo do Oceano Pacfico leste, ocorrendo desde o Mxico at o norte do Peru (Holthuis, 1980). Sua introduo no Brasil ocorreu provavelmente em 1981, no Rio Grande do Norte, para utilizao na aquicultura (Tavares e Mendona Jr., 2004). Atualmente, o camaro-branco praticamente a

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nica espcie de camaro marinho cultivado no Brasil, sendo cultivada em 14 estados, sobretudo na Regio Nordeste (Tavares e Mendona Jr., 2004; Ferreira et al., 2008). Em comparao com camares nativos, o cultivo do camaro-branco mais produtivo (Ferreira et al., 2008). Algumas caractersticas biolgicas do camaro-branco determinam seu bom desempenho e sua alta produtividade em sistema de cultivo, tais como rusticidade, rpido crescimento e alta tolerncia a diferentes condies ambientais (Santos, 2009). Essas caractersticas, entretanto, tambm conferem alta capacidade de invaso espcie. No seu hbitat natural, o camaro-branco ocorre desde guas rasas at 72 m de profundidade, sendo os adultos encontrados em ambiente marinho e os jovens, em ambiente estuarino (Holthuis, 1980). As evidncias de que o camaro-branco est se estabelecendo em guas estuarinas e costeiras do Brasil so crescentes (Ferreira et al., 2008). Santos e Coelho (2002) concluram que o camaro-branco est completando todo o seu ciclo biolgico em ambiente natural no litoral do Rio Grande do Norte. Nesse estudo, a espcie no s foi coletada em diferentes fases de vida, como chegou a representar 70% do total de camares penedeos capturados. Tambm foi possvel estabelecer uma relao entre a abundncia do camaro-branco no ambiente natural e os escapes de espcimes dos viveiros no perodo de chuva (Santos e Coelho, 2002). Para se ter uma ideia, no complexo lagunar Papari-Guararas, no Rio Grande do Norte, onde havia entre 400 e 500 viveiros de camaro, a produo mdia por canoa de pescador era de 20 kg de camaro por semana, mas, no perodo chuvoso de junho de

2002, quando os escapes foram mais frequentes, a produo subiu para 60 kg por semana, dos quais 70% era de camaro-branco (Santos e Coelho, 2002). Ainda so poucas as evidncias de problemas ambientais associados introduo de camares exticos (Moss et al., 2001). Um possvel impacto da introduo do camaro-branco a disseminao de doenas para populaes de crustceos nativos (Ferreira et al., 2008), uma vez que a espcie pode ser vetora de vrus que causam srias doenas em crustceos. Doenas como essas eliminaram, em 1995, 95% dos estoques de camaro-branco no sul do Texas (Tavares e Mendona Jr., 2004). Caso o camarobranco se estabelea e prolifere no ambiente natural, sero esperados tambm impactos como a alterao da estrutura da comunidade nativa e a reduo da biodiversidade nativa (Moss et al., 2001). Os viveiros de cultivo parecem ser as principais fontes disseminadoras do camarobranco para o ambiente natural (Santos e Coelho, 2002), uma vez que esses viveiros apresentam estrutura fsica frgil que permite escapes em perodos de cheia. Por isso, Santos e Coelho (2002) recomendam que a estrutura fsica dos viveiros uma seja forma constantemente de prevenir monitorada pelo Ibama ou por rgo ambiental estadual, como introdues acidentais. Outra recomendao o investimento na produo de camares nativos no Nordeste, como o camaro-rosa (Farfantepenaeus subtilis e F. brasiliensis), que apresenta grande potencial para cultivo, maior valor de mercado que o camaro-branco e serve como uma opo que dar maior segurana ao setor produtivo (Souza

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et al., 2009). Estudos sobre produo de camaro-rosa j esto em andamento no Nordeste e devem ser incentivados para criar alternativas reais ao camaro-branco (Souza et al., 2009). Novos estudos so necessrios para gerar a base tcnica para a produo dos camares alternativos em grande escala. Vale destacar que, de maneira geral, o cultivo de camaro tem despertado grande preocupao em escala mundial quanto a outros impactos ambientais negativos, como a destruio de manguezais e a poluio de guas estuarinas com efluentes dos viveiros (Moss et al., 2001; Naylor et al., 2000; Pez-Osuna, 2001). Esses impactos tm estimulado a adoo pelos carcinicultores de medidas mitigadoras (Boyd, 2003; Hopkins et al., 1995), o que deve ser fomentado e cobrado pelos rgos de fiscalizao no Brasil. Guias de melhores prticas para a carcinicultura j existem e esto sendo utilizados por organizaes certificadoras e agncias de fiscalizao ambiental em diversos pases Boas (Boyd, Prticas de 2003; Manejo (BPMs) veja em www.aquaculturecertification.org; veja tambm www.embrapa.br).

(Raut e Barker, 2002). Alm disso, considerado uma das 100 piores espcies invasoras do mundo (Lowe et al., 2000). No Brasil, o caracol-gigante-africano foi introduzido no ano de 1988, no Estado do Paran, quando alguns espcimes foram comprados em uma feira de agricultura (Teles e Fontes, 2002 apud Thiengo et al., 2007). Embora sem a devida licena para importao e cultivo, algumas pessoas rapidamente se organizaram em cooperativas e passaram a produzir o caracol-gigante-africano em instalaes nos quintais de casa, com o interesse de vend-lo como alimento anlogo ao escargot verdadeiro (Helix pomatia e H. aspersa) (Thiengo et al., 2007). No entanto, o empreendimento parece ter sido mal planejado do ponto de vista econmico e dos hbitos de consumo dos brasileiros, resultando em fracasso nas vendas. Sem mercado, milhes de caracis foram soltos em diversos ambientes e estados, o que causou rpida invaso em todo o Pas. Atualmente, o caracol-gigante-africano j ocorre em pelo menos 23 dos 26 estados brasileiros (Thiengo et al., 2007). No Estado de Alagoas, por exemplo, a invaso do caracol-gigante-africano preocupa a Secretaria de Estado da Sade, que publicou a Nota Tcnica n 01/2007 (disponvel em

Caracol-gigante-africano Achatina fulica O caracol-gigante-africano (Achatina fulica) , como seu nome indica, nativo da frica. Sua distribuio vem se expandindo desde o sculo XIX, graas a interesses humanos. Atualmente, ocorre em pelo menos 43 pases distribudos em praticamente todos os continentes (Gisd, 2009) por causa de introdues voluntrias. Achatina fulica tem sido considerado o caracol terrestre mais introduzido, com maior amplitude de invaso e a principal praga entre os caracis

http://portal.saude.al.gov.br/suvisa/node/256, acessado em 14 de maio de 2009) informando sobre a proliferao do caracol, as possveis doenas transmitidas e formas de controle. Alm disso, a nota informa que tcnicos dessa secretaria esto visitando alguns municpios com o objetivo de identificar a ocorrncia da espcie e orientar a populao sobre sua captura e sua eliminao. Longe de seus inimigos naturais, o caracolgigante-africano tem aumentado sua populao

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Jovens tendem a se alimentar de plantas vivas, enquanto indivduos velhos ou muito pequenos tendem a se alimentar de folhas mortas (Gisd, 2009; Fischer et al., 2006). No Brasil, h alguns estudos que relatam impactos decorrentes ou potenciais da invaso do caracolgigante-africano. Na agricultura, registraram-se perdas de at 30% na produo em pequenas propriedades rapidamente em muitos lugares do Brasil. Em reas urbanas, onde parece ser mais comum, pode ocupar rodovias e caminhos, chegando a ponto de causar transtorno movimentao pblica (Gisp, 2005). O caracol-gigante-africano frequente em jardins e, principalmente, em terrenos baldios, onde tem abrigo, alimento e pode 5 procriar meses de livremente. esforos Na de cidade de Parnamirim, Estado do Rio Grande do Norte, em captura, aproximadamente 4 mil kg de caracol foram coletados e destrudos (Thiengo et al., 2007). Na zona rural, o caracol-gigante-africano prolifera em culturas agrcolas de pequena escala e reas abandonadas. A Floresta Atlntica tambm tem sido invadida pelo caracol (Fischer et al., 2006), sendo uma espcie muito abundante no litoral do Paran. Entre as caractersticas que podem explicar o alto poder de invaso do caracol-giganteafricano esto a alta taxa reprodutiva, a alta capacidade de sobrevivncia em condies