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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
ESPÉCIES ARBÓREAS ESCOLHIDAS PELOS MORADORES DE
QUATRO BAIRROS DE SERRA TALHADA/PE
Adao Pereira de Lima1, Luzia Ferreira da Silva
2, Ailton Alves de Carvalho
3
Introdução
A arborização urbana melhora a qualidade de vida da população nas cidades. Além da função paisagística, a
arborização ameniza o impacto ambiental das construções e projetos arquitetônicos que utilizam, de maneira geral,
cimento, asfalto e estruturas metálicas; evita inundações nas cidades e melhora a qualidade do ar (MOTA; ALMEIDA,
2011).
As espécies arbóreas contribuem na formação de um ambiente físico saudável e confortável, além de garantir
benefícios ambientais e ser tema recorrente nas discussões sobre os impactos que atuam nas cidades como: redução da
poluição sonora, melhoria na qualidade do ar, redução da amplitude térmica, sombra para pedestre e veículos, abrigo
para fauna silvestre e proporciona um ambiente mais agradável por meio da paisagem. Para um bom planejamento da
arborização urbana é relevante conhecer o patrimônio arbóreo e suas condições sanitárias como forma de gerenciamento
ambiental com intuito de melhorar o aproveitamento dos recursos naturais, a sustentabilidade e a qualidade de vida
(MELO; SEVERO, 2010).
Na arborização urbana é importante estabelecer critérios, por meio da utilização de espécies arbóreas nativas, pois o
ambiente urbano, quando bem arborizado, além da captura do carbono, também aumenta a umidade do ar, controla a
temperatura, diminui a intensidade do vento e alivia o estresse da população (MUNEROLI; MASCARÓ, 2010).
O objetivo desse trabalho foi indicar espécies arbóreas nativas da Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado, baseado nas
possibilidades de plantio, mediante escolha pelos moradores dos bairros São Cristóvão, Alto da Conceição, IPSEP e
AABB.
Material e métodos
A. Localização
O município de Serra Talhada - PE está localizado na Mesorregião do Sertão Pernambucano, na região do Vale do
Pajeú, com altitude de 429 metros, entre as coordenadas geográficas: latitude 7º 58’ S e longitude 38º 8’ O (SUDENE ,
1990). De acordo com o IBGE (2010), Serra Talhada possui 80.294 habitantes, apresenta clima tropical semiárido
quente, com chuvas de verão. O clima é do tipo Bwh, segundo a classificação de Koppen, tropical semiárido, quente e
seco com período chuvoso de verão - outono ocasionado por chuvas advectivas, com índices pluviométricos médios
anuais em torno de 647 mm e apresenta temperatura média anual superior a 25º C (MELO et al., 2008).
O domínio do bioma Caatinga abrange cerca de 900 mil Km2, que corresponde aproximadamente a 54% da região
Nordeste e 11% do território brasileiro. Ele está compreendido entre os paralelos de 2º 54’ S a 17º 21’ S e envolvem
áreas dos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, sudoeste do Piauí, parte do
interior da Bahia e do norte de Minas Gerais (ANDRADE et al., 2005).
Para localizar as possibilidades de plantio utilizou-se de alguns critérios como: presença de canalizações e esgotos
domésticos, presença e altura de redes de elétricas e telefônicas, espaçamento entre as espécies arbóreas (mínimo cinco
metros), largura e extensão de ruas e calçadas.
O trabalho foi realizado em ruas dos bairros São Cristóvão, Alto da Conceição, IPSEP e AABB (Figura 1). Com
auxílio de uma trena métrica realizou-se medidas das ruas e calçadas, que apresentaram possibilidades de plantio.
B. Espécies Arbóreas
As espécies arbóreas para votação e futuro plantio foram previamente identificadas e exibidas em fotos com nomes
científicos seguidos dos nomes populares, como exemplo na Figura 2 da Rua Severino Pereira Lins, considerado a
estrutura física de cada rua, como rede de fiações elétricas e telefônicas, canalizações, largura e extensão das ruas e
calçadas, bem como a fenologia das espécies vegetais.
Nas ruas com até 400 metros de comprimento foram sugeridas quatro espécies para votação e selecionada as duas
mais votadas; nas ruas de 400 a 800 metros foram sugeridas oito espécies para votação e selecionada as quatro mais
votadas; nas ruas maiores que 800 metros foram sugeridas doze espécies e selecionadas as seis mais votadas. Esta
1Primeiro Autor, aluno de graduação do Curso de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE, Unidade Acadêmica de Serra
Talhada - UAST. Fazenda Saco, S/N, caixa postal 063, Serra Talhada, PE, CEP: 56900-000. E-mail: [email protected] 2Professora Ajunta da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, Unidade Acadêmica de Serra Talhada – UAST, Fazenda Saco, S/N,
caixa postal 063, Serra Talhada, PE, CEP: 56900-000. E-mail: [email protected] 3Terceiro Autor,aluno de graduação do Curso de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, Unidade Acadêmica de Serra
Talhada - UAST. Fazenda Saco, S/N, caixa postal 063, Serra Talhada, PE, CEP: 56900-000. E-mail: [email protected]
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
metodologia foi realizada para os quatro bairros da cidade de Serra Talhada - PE, com intuito de diversificar a flora
urbana.
As espécies arbóreas nativas do bioma Caatinga tiveram prioridade, porém foram indicadas também espécies nativas
da Mata Atlântica e Cerrado, porque nas épocas secas do ano as plantas da Caatinga perdem suas folhas e, dessa forma,
as plantas nativas da Mata Atlântica e do Cerrado proporcionam sombra para os moradores (Tabela 1).
Resultados e Discussão
Na composição da flora urbana é de extrema importância a presença de espécies arbóreas nativas da região, no
sentido de fornecer um ambiente urbano com particularidades regionais e também é uma forma de valorizar a
composição arbórea nativa de determinada região, com vistas a evitar alguns problemas como ocorrência de pragas e
doenças nas árvores.
A preferência da população pelas espécies Tabebuia chrysotricha (ipê-amarelo) com 25% e Senna spectabilis
var.excelsa (cássia-do-nordeste) com 20% é devido à beleza da sua florada. Segundo os moradores são plantas muito
bonitas, proporcionam ambiente mais agradável e apresentam copas bem definidas e arredondadas, que propiciam
sombra.
Outra espécie bastante votada pelos moradores foi a Hibiscus pernambucensis Arruda com 19 % de preferência
pelos moradores e o restante dos votos foram distribuídos para as demais espécies. Em cada rua dos bairros estudados
foram escolhidas espécies arbóreas por votação, conforme metodologia proposta. O uso de espécies arbóreas nativas na arborização dos bairros estudados é considerado baixo e a maioria (90,57%)
das espécies empregadas é exótica, como Ficus benjamina L., Azadirachta indica A. Juss e Senna siamea (Lam.) Irwin
& Barneby.
Embora existam árvores nas ruas dos bairros analisados, a arborização local ainda é incipiente e há a necessidade de
submeter espécies arbóreas nativas para eleição dos moradores que tiveram suas residências apontadas como locais
possíveis de plantio.
A população dos bairros estudados mostrou-se comprometida em contribuir com a arborização local, portanto é
necessário que o Poder Público Municipal promova o plano de arborização, com vistas a contribuir com o bem-estar dos
moradores dos bairros. Para viabilizar esta questão é primordial a parceria entre a prefeitura municipal e a universidade,
para que esse projeto seja embasado em princípios técnicos e científicos.
Referências
ANDRADE, L. A. de.; PEREIRA, I. M.; LEITE, U. T.; BARBOSA, M. R. V. Análise da cobertura de duas
fitofisionomias de caatinga, com diferentes históricos de uso, no município de São João do Cariri, estado da
Paraíba.Cerne, v.11, n.3, p.253-262, 2005
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE. Disponível em: http://www.ibge.hpg.gov.br,
Acesso: 23 fev. 2010.
MELO R. O.; CANTALICE, J. R. B.; ARAÚJO, A. M.; CUNHA FILHO, M. Produção de sedimento suspenso de uma
típica bacia hidrográfica semiárido. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE SEDIMENTOS, 13., 2008.
Campo Grande: Anfiteatro do Crea. Anais... CDROM
MELO, E. F. R. Q.; SEVERO, B. M. A. Avenida Brasil (Passo Fundo, Rio Grande dos Sul): diversidade da vegetação
e qualidade ambiental.Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v.5, n.3, p.01-17, 2010.
MOTA, M. P.; ALMEIDA, L. F. R. Características da arborização na região central do município de Coxim, MS.
Revista Brasileira de Arborização Urbana, v.6, n.1, p.01-24, 2011.
MUNEROLI, C. C.; MASCARÓ, J. J. Arborização urbana: uso de espécies arbóreas nativas na captura do carbono
atmosférico. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v.5, n.1, p.160-182, 2010.
SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE. Dados pluviométricos mensais do Nordeste –
Estado de Pernambuco. Recife, 1990. 363p
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Figura 1: Mapa da Cidade de Serra Talhada/PE (Google Earth, 2012) Figura 2: espécies arbóreas indicadas para a Rua Severino Pereira Lins
Tabela 1: Família, bioma caatinga (CA), caatinga e cerrado (CA-CE), mata atlântica (M.AT), mata atlântica e caatinga (M.AT-CA), fenologia: folhas perenes (P), folhas decíduas (D), folhas perenes a decíduas (P-D), flores amarelas (AM), flores brancas (BR), flores branca-amareladas (BR-AM),
flores amarela-douradas (AM-DO), flores rochas (ROC), flores esverdeadas (ES), flores róseas (ROS), flores branca- avermelhadas (BR-AV), flores
branca-rósea (BR-ROS), frutos deiscentes e frutos indeiscentes das espécies arbóreas indicadas para votação
Família Espécies/nome popular Bioma Fenologia Frutificação
Leguminosae Amburana cearensis (Alemão) A.C. Sm. (Imburana-de-cheiro) CA-CE
D
AM
Frutos deiscentes
(legume)
Anacardiaceae Schinu sterebinthifolius Raddi (aroeira-mansa) CA P
BR
Frutos deiscentes
Anacardiaceae Schinopsis brasiliensis Engl. (braúna)
CA-CE D
BR
Frutos deiscentes
Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Mart. (juazeiro)
CA P
AM
Frutos indeiscentes
Leguminosae Caesalpinia férrea Mart. ExTul. var. ferrea (pau-ferro) CA D
AM
Frutos indeiscentes
(alongados)
Leguminosae Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan (angico-preto) CA D
BR-AM
Frutos deiscentes
Malvaceae Hibiscus pernambucensis Arruda (algodão-do-brejo) M.AT P
AM
Frutos deiscentes
(globosos)
Leguminosae Senna spectabilis var. excelsa (Schrad.) H.S. Irwin & Barneby (cassia-do-nordeste)
M.AT D AM
Frutos tipo legume, deiscentes ou
indeiscentes
Bignoniaceae Tabebuia chrysotricha (ipê-amarelo) M.AT-
CE
D
AM
Frutos deiscentes
Leguminosae Caesalpinia echinata (pau-brasil) CA P-D
AM-DO
Frutos deiscentes
(alongado)
Lecythidaceae Lecythis pisonis Camb.(sapucáia) M.AT P
ROC
Frutos deiscentes
Myrtaceae Plinia rivularis (cambucá-peixoto) M.AT P
ES
Frutos deiscentes
Bixaceae Cochlospermum vitifolium (Willd.) Spreng. (algodão-bravo) CA-CE D
AM
Frutos deiscentes
Burseraceae Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet (umburana-de-cambão) CA
D ES
Frutos deiscentes globosos
Leguminosae Andira fraxinifolia Benth. (angelim) M.T-CE P ROS
Frutos indeiscentes
Anacardiaceae Anacardium occidentale L. (cajueiro) M.AT P
BR-AV
Frutos indeiscentes
Leguminosae Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. (canafístula) M.AT-
CA
P-D
AM
Frutos indeiscentes
Leguminosae Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. Ex DC. (Chuva-de-ouro) M.AT-
CA
D
AM
Frutos indeiscentes
(cilíndricos)
Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Alemão (aroeira-do-sertão) CA-CE D BR
Frutos resinosos
Rubiaceae Genipa americana L. (jenipapeiro) M.AT-
CA
P
BR
Frutos indeiscentes
(globoso)
Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro) CA D
BR
Frutos deiscentes
Meliaceae Trichilia hirtaL.( cedrinho) M.AT-
CA
P-D
BR
Frutos deiscentes
Boraginaceae Cordia trichotoma (Vell.) Arrab.ex Steud.( freijó) M.AT-
CA
D
BR
Frutos carnosos e
indeiscentes
Bixaceae Bixa orellana L. (urucum) M.AT P
BR-ROS
Frutos deiscentes