espÉcie caprina e procedimentos para...

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PUBLICAÇÃO DO Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.6, n.1, p 1- 16, 2015 do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 2178-7573 http://www.crmvrn.org.br Correspondências devem ser enviadas para: [email protected] O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores 1 ESPÉCIE CAPRINA E PROCEDIMENTOS PARA REGISTRO GENEALÓGICO Ana Luiza Guerreiro 1 ; Karoline Batista de Paiva Lopes 2 ; Emerson Moreira de Aguiar 3 RESUMO - Objetivou-se neste trabalho informar de maneira sucinta e prática aos criadores e selecionadores de genética, os procedimentos para registrar o rebanho, esclarecendo possíveis dúvidas e facilitando a escrituração de forma correta das ocorrências nos formulários próprios dos Serviços de Registro genealógico das Raças Caprinas (SRGC). Com o ideal de melhorar o desempenho do rebanho são utilizadas tecnologias como a seleção de reprodutores e matrizes que expresse seu máximo potencial produtivo. Um dos métodos de seleção de matrizes e reprodutores é através da genealogia dos animais. A genealogia é o registro individual do animal, e é uma ferramenta que agrega valor comercial. Os SRGC são realizados por associações de criadores subdelegadas à Associação Brasileira de Criadores de Caprinos (ABCC), desde que estejam registradas no Ministério da Agricultura da Pesca e do Abastecimento (MAPA). São vários os procedimentos até a emissão do Registro Genealógico Definitivo do animal, todas as ocorrências são comunicadas à associação estadual, como Comunicação de Nascimento (CDN), Comunicação de Cobertura (CDC), Comunicações Diversas (CD) e Proposta de Afixo que antecede as demais comunicações. Unitermos: Escrituração. Genealogia. Pequeno ruminante. Seleção de animais. GOATS AND PROCEDURES GENEALOGICAL RECORD ABSTRACT - The aim of this work succinctly inform practice and breeders and selectors genetics, procedures for recording the flock, clarifying possible questions and facilitating the bookkeeping correctly occurrences in the Registry Services goat herd of Races - SRGC own forms. With the ideal of improving herd performance technologies such as breeding and selection of matrices that express its maximum productive potential are used. One of the methods of selection and breeding of matrices is through the pedigree of animals. Genealogy is the record of the individual animal. It is a tool that adds business value. The SRGC are conducted by breeders associations sub- delegated to the Brazilian Association of Breeders of Goats - ABCC, provided they are registered with the Ministry of Agriculture Fisheries and Food Supply - MAPA. There are several procedures to issue the Definitive Genealogical Register of the animal, all occurrences are reported to the state association, as communication Birth - CDN Communication Coverage - CDC, Various Communications - Proposal for CD and affix that precedes all other communications. Keywords: Bookkeeping. Genealogy. Selection of animals. Small ruminant. 1 Zootecnista.[email protected] 2 Mestre em Engenharia Agrícola.[email protected] 3 Doutor em Zootecnia.[email protected]

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Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.6, n.1, p 1- 16, 2015

do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 2178-7573

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Correspondências devem ser enviadas para: [email protected]

O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores

1

ESPÉCIE CAPRINA E PROCEDIMENTOS PARA

REGISTRO GENEALÓGICO

Ana Luiza Guerreiro 1

; Karoline Batista de Paiva Lopes 2; Emerson Moreira de

Aguiar 3

RESUMO - Objetivou-se neste trabalho informar de maneira sucinta e prática aos

criadores e selecionadores de genética, os procedimentos para registrar o rebanho,

esclarecendo possíveis dúvidas e facilitando a escrituração de forma correta das

ocorrências nos formulários próprios dos Serviços de Registro genealógico das Raças

Caprinas (SRGC). Com o ideal de melhorar o desempenho do rebanho são utilizadas

tecnologias como a seleção de reprodutores e matrizes que expresse seu máximo

potencial produtivo. Um dos métodos de seleção de matrizes e reprodutores é através da

genealogia dos animais. A genealogia é o registro individual do animal, e é uma

ferramenta que agrega valor comercial. Os SRGC são realizados por associações de

criadores subdelegadas à Associação Brasileira de Criadores de Caprinos (ABCC),

desde que estejam registradas no Ministério da Agricultura da Pesca e do

Abastecimento (MAPA). São vários os procedimentos até a emissão do Registro

Genealógico Definitivo do animal, todas as ocorrências são comunicadas à associação

estadual, como Comunicação de Nascimento (CDN), Comunicação de Cobertura

(CDC), Comunicações Diversas (CD) e Proposta de Afixo que antecede as demais

comunicações.

Unitermos: Escrituração. Genealogia. Pequeno ruminante. Seleção de animais.

GOATS AND PROCEDURES GENEALOGICAL RECORD

ABSTRACT - The aim of this work succinctly inform practice and breeders and

selectors genetics, procedures for recording the flock, clarifying possible questions and

facilitating the bookkeeping correctly occurrences in the Registry Services goat herd of

Races - SRGC own forms. With the ideal of improving herd performance technologies

such as breeding and selection of matrices that express its maximum productive

potential are used. One of the methods of selection and breeding of matrices is through

the pedigree of animals. Genealogy is the record of the individual animal. It is a tool

that adds business value. The SRGC are conducted by breeders associations sub-

delegated to the Brazilian Association of Breeders of Goats - ABCC, provided they are

registered with the Ministry of Agriculture Fisheries and Food Supply - MAPA. There

are several procedures to issue the Definitive Genealogical Register of the animal, all

occurrences are reported to the state association, as communication Birth - CDN

Communication Coverage - CDC, Various Communications - Proposal for CD and affix

that precedes all other communications.

Keywords: Bookkeeping. Genealogy. Selection of animals. Small ruminant.

1 [email protected]

2 Mestre em Engenharia Agrí[email protected]

3 Doutor em [email protected]

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INTRODUÇÃO

A caprinocultura no Brasil é historicamente um meio de subsistência em

virtude de sua adaptabilidade às regiões semiáridas do país, e é praticada em áreas

economicamente enfraquecidas, com sua expansão perceptível em todo Território

Nacional (LOPES, 2011).

O rebanho mundial de caprinos é de 996.120.850 cabeças (FAO, 2012). O

Brasil detém cerca de 8.646.463 caprinos, com isto é o país com maior potencial de

crescimento na atividade devido à crescente demanda da carne caprina no mercado,

juntamente com a caprinocultura leiteira, se estabelecendo como uma atividade rentável

(GUIMARÃES, 2013). Os fatores que colocam o país em destaque são o baixo preço da

terra, avanços tecnológicos necessários para o desenvolvimento lucrativo, e tradição no

sistema produtivo. Segundo o IBGE (2012), o Rio Grande do Norte possui 383.971

cabeças de caprinos e, como os demais Estados do Nordeste – região do Brasil que

concentra o maior rebanho caprino do País, representando mais de 90% do mesmo –

está atento aos avanços tecnológicos, havendo uma preocupação intensiva com o uso de

novas tecnologias objetivando aumentar o desempenho do rebanho, selecionando

reprodutores e matrizes que expressem seu máximo potencial produtivo com o intuito

de agregar genética de alta qualidade para o rebanho garantindo a eficiência produtiva

da exploração. Esta seleção de matrizes e reprodutores é realizada através de

conformação baseada no exterior do animal, o desempenho produtivo e reprodutivo do

animal, pelos seus descendentes, e pela genealogia, ou seja, pelos ascendentes.

O agronegócio, vinculado ao registro genealógico animal, tem-se mostrado

lucrativo, apesar de representar apenas uma pequena fatia do mercado, superando a

renda obtida com os produtos primários da exploração dos animais como fontes de leite,

de carne e peles ou lã (ARAÚJO & SIMPLICIO, 2000). O presente trabalho objetivou

descrever os procedimentos realizados para Registro Genealógico de animais da espécie

caprina, procedimentos estes normatizados pela Associação Brasileira de Criadores de

Caprinos (ABCC) com orientação do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA), que visa o incentivo e a promoção do melhoramento genético

animal e sua importância no âmbito Nacional.

REGISTRO GENEALÓGICO ANIMAL

O Registro Genealógico de animais domésticos é realizado, em todo o

Território Nacional, de acordo com a orientação estabelecida pelo Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A organização normativa dos Serviços de

Registro Genealógico de animais domésticos no Brasil foi estabelecida pela Lei Federal

de nº. 4.716, de 29 de junho de 1965, com os fundamentos de: orientação do Ministério

da Agricultura, respeito às convenções internacionais e, transferência de execução a

entidades privadas (ABCC, 2010).

A identificação dos animais é de extrema importância, não só por uma questão

de conhecimento dos animais pertencentes a determinado produtor, como também por

uma questão de organização.

Por meio do Registro Genealógico é possível comprovar tanto a ascendência

quanto a descendência dos animais, além de sua idade, criatório de origem e

indiretamente seu desempenho reprodutivo. Estes dados são inseridos por meio de

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programa informático e registrados em fichas individuais, o que facilita o acesso à

informação de cada animal.

1- REGISTRO GENEALÓGICO DAS RAÇAS CAPRINAS

A Lei Federal de nº. 4.716, de 29 de junho de 1965, foi complementada pelo

Decreto nº. 58.984, de 3 de agosto de 1966, que regulamenta a execução dos Serviços

de Registro Genealógico no País. O Serviço de Registro Genealógico das Raças

Caprinas (SRGC) possui contrato de delegação com o MAPA, desde 1975; é mantido

pela Associação Brasileira de Criadores de Caprinos (ABCC), com sede e domicílio na

Cidade do Recife - PE, é organizado e funciona em conformidade com as disposições

contidas no Regulamento dos Serviços de Registro Genealógico das Raças Caprinas, em

todo o Território Nacional (CAPRILEITE/ACCOMIG, 2011).

Segundo o Regulamento do SRGC da ABCC (2010), a inspeção dos animais a

serem registrados é efetuada por um inspetor de registro credenciado pela ABCC para

efetuar a inspeção com fins de Registro Genealógico em todo Território Nacional, com

formação profissional em Zootecnia, Medicina Veterinária ou Agronomia. Mas para

efetuar inspeções no Estado em que se loca, deve ser indicado pelo presidente e aceito

pelo superintendente da subdelegada regional, uma vez que este é o responsável pelo

Setor de Registro Genealógico.

2- RAÇAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES PARA FINS DE REGISTROS

São consideradas, para fins de Registro Genealógico, as raças Alpina, Alpina

Americana, Alpina Britânica, Anglonubiana, Angorá, Bhuj, Boer, Canindé, Jamnapari,

Kalahari, Mambrina, Moxotó, Murciana, Saanen, Savana e Toggenburg. Outros grupos

étnicos poderão ser enquadrados para fins de Registro, quando oficialmente forem

reconhecidos como raça pelo MAPA, e cujos padrões raciais venham a ser descritos

pelo Conselho Deliberativo Técnico da ABCC.

De acordo com a ABCC (2010), para efeito de Registro Genealógico, os

padrões da espécie caprina elaborados pelo Conselho Deliberativo Técnico e aprovados

pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento servem de orientação básica

para fins de inspeção, julgamento e inscrição nos livros de Registro Genealógico, desde

que estes animais não apresentem defeitos desclassificatórias gerais como:

Defeitos e pelagens inadmissíveis no padrão da raça;

Agnatismo, prognatismo e inhatismo (Figura 1);

Olhos com íris despigmentada;

Cegueira parcial ou total;

Albinismo;

Lordose e/ou cifose (Figura 2);

Membros fracos, mal aprumados e defeitos físicos (Figura 3);

Monoquirdismo ou criptorquidismo;

Testículos atrofiados;

Hiperplasia testicular unilateral ou bilateral;

Hipoplasia testicular unilateral ou bilateral;

Hermafroditismo;

Qualquer anormalidade dos órgãos sexuais;

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Úbere com assimetria acentuada ou excessivamente penduloso (Figura 4);

Tetos extras nos machos (exceto nas raças Boer, Kalahari e Savana);

Tetos extras funcionais nas fêmeas (exceto para a raça Boer);

Esterilidade comprovada ou defeitos que impeçam a reprodução;

Pele despigmentada;

Relaxamento excessivo dos músculos abdominais;

Ancas e peitos excessivamente estreitos, interferindo nos aprumos;

Masculinidade nas fêmeas e feminilidade nos machos;

Hérnia umbilical.

Figura 1. Defeitos mandibulares. A: Animal com agnatismo; B: Animal prognata; C: Animal com inhatismo. Fotos:

LIMA, 2009.

Figura 2. Defeitos na coluna vertebral. A: Animal com Lordose; B: Animal com Cifose. Fotos: LIMA, 2009.

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Figura 3. Defeitos físicos. A: Defeito nos membros anteriores; B: Animal cambaio; C: Peito excessivamente estreito.

Fotos: A: Arquivo pessoal; B:Revista Globo Rural4; C: Agro Evento5.

Figura 4. Problemas de úbere. A: Úbere excessivamente penduloso; B: Assimetria de úbere. Fotos: MENDEZ, 2014.

3- REGISTRO GERAL

Caberá a ABCC executar qualquer serviço do SRGC em todo Território

Nacional e a nível Estadual de subdelegação a associações de criadores, entidades

congêneres filiadas, que reúnam condições técnicas para execução destes serviços,

observadas as normas legais e regulamentares vigentes, mediante contrato firmado com

a ABCC, aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (ABCC,

2010).

3.1 CATEGORIA DE REGISTROS

Os registros genealógicos das raças caprinas serão efetuados na categoria de

registro Puros de Origem (PO), Livro Aberto (LA), onde em denominações passadas era

chamada de Puro por Cruza (PC) e na categoria Fêmea Mestiça (FM). (ABCC, 2010).

4Disponível em http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Criacao/Ovinos/noticia/2013/12/cana-de-acucar-e-

alternativa-de-alimentacao-para-cabras-leiteiras.html. Acesso em junho de 2014.

5Disponível em: http://agroevento.com/agenda/3-forum-sobre-caprinocultura-leite/?dlical=1. Acesso em junho de

2014.

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3.1.1 ANIMAIS PUROS DE ORIGEM (PO)

Animais Puros de Origem são aqueles em que os pais são conhecidos bem como

sua genealogia até a terceira geração. Enquadram-se nessa categoria produtos de

acasalamentos entre animais da categoria PO; produtos importados como PO, de acordo

com as informações oficiais do serviço de registro genealógico do País de origem e

normas complementares do MAPA; produtos de acasalamentos entre animais machos,

Puros de Origem, com fêmeas inscritas no LA de primeira geração (LA1), denominado

anteriormente como Puro por Cruza de Origem Conhecida (PCOC). Na figura 5, um

registro de nascimento de animal PO, com ascendentes conhecidos.

3.1.2 ANIMAIS DE LIVRO ABERTO (LA)

São animais em que os pais e a data de nascimento não são conhecidos (Figura

5). Animais não portadores de RGN, que tenham caracterização racial perfeitamente

definida e, somente os machos de raças nativas nas mesmas condições poderão ser

enquadrados na categoria LA. Produtos de acasalamentos entre reprodutores PO com

matrizes da categoria LA – anteriormente denominada como Puro por Cruza de Origem

Desconhecida (PCOD) – resultando em animais Livro Aberto de primeira geração

(LA1), estes os pais são conhecidos, porém a genealogia não é completa devido a mãe

não possuir ascendentes conhecidos. Produtos de quaisquer das raças, oriundos da

categoria Fêmeas Mestiças de composição racial 15/16, para os quais serão reservadas

as genealogias oficialmente existentes e que constarão dos certificados de registro

genealógico, poderão ser enquadrados na categoria LA.

3.1.3 FÊMEAS MESTIÇAS (FM)

Serão inscritas nesta categoria fêmeas sem raça definida (SRD); fêmeas com

composição racial 1/2 que são produtos resultantes do cruzamento de macho PO e

fêmeas SRD; fêmeas com composição racial 3/4 resultantes do cruzamento de macho

PO, de determinada raça, com fêmea controlada com composição racial 1/2, da mesma

raça; fêmeas com composição racial 7/8 resultantes do cruzamento de macho PO, de

determinada raça, com fêmea controlada com composição racial 3/4, da mesma raça;

fêmeas com composição racial 15/16 resultantes do cruzamento de macho PO, de

determinada raça, com fêmea controlada com composição racial 7/8 da mesma raça, que

após inspeção não atenderem as exigências dos Padrões Raciais estabelecidos pela

ABCC e aprovados pelo MAPA.

Para serem inscritos no FM os animais não poderão apresentar defeitos gerais

desclassificatórios para a espécie, já citados no item 2.

4- DOCUMENTOS E PROCEDIMENTOS

Todas as ocorrências deverão ser comunicadas à associação regional em

formulário próprio padronizado, como Comunicação de Nascimento (CDN),

Comunicação de Cobertura (CDC), Comunicações Diversas (CD) que pode ser

comunicação de Morte, Empréstimo ou Transferência; e a Proposta de Afixo que

antecede as demais comunicações, fornecidos pelo SRGC.

São três vias de cores distintas: branca, rosa e amarela (Figura 6). Ao se

comunicar algum evento, as três vias deverão ser entregues preenchidas ao Setor de

Registro Genealógico. Após protocolo de recebimento a guia branca será encaminhada à

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ABCC; a guia rosa ficará na subdelegada para arquivamento, para guias de CDN, estas

serão conferidas e enviadas ao inspetor de registro; e a guia amarela ficará com o

criador.

4.1 NOMES, PREFIXO E SUFIXO

Todo animal registrado deverá ter um nome de livre escolha do proprietário,

reservando-se, todavia, ao SRGC, o direito de censura para os que julgarem impróprios

(ABCC, 2010).

O criador que possuir animais registrados terá obrigatoriamente que registrar um

afixo, sendo o prefixo quando vier antes do nome do animal ou sufixo quando vier

depois, através de proposta em formulário próprio, que deverá ser submetido à

apresentação do SRGC, podendo utilizá-lo somente com a aprovação da ABCC (Figura

7).

A proposta de afixo deverá ser preenchida com os dados pessoais do criador. O

número de criatório, que são os 5 primeiros dígitos contidos no Registro Genealógico e

tatuados na orelha direita do animal, será designado pela ABCC, de acordo com os

números disponíveis no banco de dados do Estado em que se encontra a propriedade do

novo sócio. Deverá ser escolhida a opção, se prefixo ou sufixo, e o nome do rebanho em

ordem de prioridade, que será aprovado pela ABCC conforme disponibilidade dentre os

demais afixos de todo país. Não havendo disponibilidade do afixo, será solicitado ao

criador mais três opções de nomes para o rebanho.

4.2 NÚMERO DE REGISTRO DO ANIMAL

De acordo com a ABCC (2010), os animais controlados ou registrados serão

identificados por tatuagens efetuadas nas orelhas e na cauda, apenas por inspetores de

registro. Serão considerados 10 (dez) dígitos para identificação dos animais, que

resultam no número do RG do animal, tatuados na orelha direita (TOD) e na orelha

esquerda (TOE); e na cauda é tatuado o sinete da ABCC em animais que serão

admitidos para receber o Registro Definitivo.

Na orelha direita, os dois primeiros dígitos correspondem ao número de

identificação da Unidade da Federação, estabelecido pela ABCC de acordo com a

Tabela I. Os outros três dígitos identificam o criatório, dentro de cada Unidade da

Federação, utilizando-se a sequência de 001 a 999, e a seguir, combinações de números

e letras, quando esgotada a sequência, sendo indicada pela ABCC, de acordo com as

numerações disponíveis. Na orelha esquerda, os dígitos são correspondentes a última

dezena do ano em que nasceu o animal seguido do número de ordem de nascimento do

animal no criatório, constituído por três dígitos, iniciando-se em 001 e até 999,

utilizando-se, quando esgotada a sequência a combinação de números e letras, sendo

sequência única para cada raça existente na propriedade (Figura 55).

Tabela I – Codificações das Unidades da Federação Brasileira.

01 Acre 10 Goiás 19 Piauí

02 Alagoas 11 Maranhão 20 Rio de Janeiro

03 Amapá 12 Mato Grosso 21 Rio Grande do Norte

04 Amazonas 13 Mato Grosso do Sul 22 Rio Grande do Sul

05 Bahia 14 Minas Gerais 23 Rondônia

06 Ceará 15 Pará 24 Roraima

07 Distrito Federal 16 Paraíba 25 Santa Catarina

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08 Espírito Santo 17 Paraná 26 São Paulo

09 Tocantins 18 Pernambuco 27 Sergipe Fonte: Regulamento do Serviço de Registro Genealógico das Raças Caprinas, ABCC – 2010.

Figura 5. Orelhas tatuadas. A: Tatuagem Orelha Direita; B: Tatuagem Orelha Esquerda. Fotos: A: Capritec6; B:

Arquivo pessoal.

Para Registro Genealógico de Nascimento em animais LA e FM, o Sinete com o

logotipo da ABCC, deve ser tatuado na orelha direita; e na orelha esquerda, para

animais PO. Quando a inspeção for para o Registro Genealógico Definitivo, o logotipo

da ABCC, denominado sinete, deverá ser tatuado na prega da cauda do animal, pelo

inspetor de registro.

5- COMUNICAÇÃO DE COBERTURAS (CDC)

Para que os produtos sejam inscritos no controle ou Registro de Nascimento, o

criador deverá comunicar as coberturas em formulários próprios, fornecidos pelo

SRGC.

O criador poderá comunicar a cobertura envolvendo animais aguardando

Registro Definitivo, desde que os mesmos sejam resenhados e identificados,

obrigatoriamente, pelo seu número de registro de nascimento (tatuagem) e anotados no

campo correspondente na CDC.

No caso do proprietário de um reprodutor emprestá-lo a outro criador, deverá o

mesmo fazer a comunicação em impresso próprio ao SRGC, mencionando o

empréstimo e o respectivo prazo.

Segundo o ABCC (2010), as Comunicações de Cobertura deverão ser efetuadas

e assinadas pelos proprietários das matrizes ou seus representantes legais. A CDC

deverá ser preenchida com o nome das fêmeas e número de registro com 10 dígitos no

campo “Nº RGD”, caso este seja o correspondente, ou no campo “Nº RGN” caso as

fêmeas estejam com registro provisório. Se a monta for controlada, o campo “Data de

Cobertura” deverá ser preenchido. Para monta natural, deverá ser anotado nos campos

correspondentes ao período de entrada do reprodutor no lote de fêmeas e a raça dos

6 Disponível em:http://www.capritec.com.br/csa/Manejo/Praticas/Tatuagem/Man-Pra-Tat.htm. Acesso em 30 de maio

de 2014.

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mesmos. O nome do reprodutor bem como o número de registro deverá ser descrito, se

o animal com registro definitivo ou provisório. A data deverá ser a do último dia do mês

seguinte a entrada do reprodutor no lote de fêmeas.

Todos os reprodutores utilizados em monta natural ou em colheita de sêmen em

nível de propriedade deverão ter laudo de tipagem genética por DNA arquivados junto

ao SRGC, para que seus produtos possam ser inscritos no RGN.

Para tipagem do animal, deverá ser coletado amostras de pelos coma presença do

bulbo intacto ou de sangue para envio em envelope próprio a um laboratório

credenciado pelo MAPA, preenchido com os dados do animal, assinado pelo Médico

Veterinário responsável.

São permitidas as seguintes modalidades de monta natural (MN):

Monta natural em regime de campo, onde deve ser feita a indicação do dia a

partir do qual determinado lote de matrizes foi solta com determinado

reprodutor. O período de monta natural em regime de campo é de três meses;

essa comunicação deverá ser feita até o último dia do mês seguinte à entrada

do macho no lote, e renovada no prazo máximo de seis meses, contados da

data em que o reprodutor entrou no lote, caso não ocorra a fertilização.

A monta natural controlada, desde que seja feita a indicação do dia da

cobertura, onde as coberturas deverão ser comunicadas mensalmente, dando

entrada no protocolo das filiadas ou colocadas no correio até o último dia do

mês seguinte ao dia da cobertura. Na figura 7 é dada ênfase nas datas em que

a CDC devem ser protocoladas no SRGC, tanto para monta natural em

regime de campo como para monta natural controlada.

Será considerada válida a comunicação de cobertura cuja data, acrescida do

período de gestação, coincidir com a data do nascimento. O período de gestação será

considerado como mínimo de 140 (cento e quarenta) dias e máximo de 160 (cento e

sessenta) dias, nos casos de partos prematuros ou além dos períodos acima estipulados,

o aceite fica a critério do Superintendente do SRGC. O intervalo mínimo entre dois

partos consecutivos de uma matriz será de 180 (cento e oitenta) dias.

A retirada ou substituição do reprodutor ou matriz do lote em regime de campo

deve ser comunicada em impresso próprio, observando-se o seguinte: que a fêmea

retirada do lote, para troca de reprodutor, somente poderá ser submetida à nova

cobertura em regime de campo após um intervalo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias, no

caso da retirada do macho, somente poderá ser introduzido outro reprodutor, depois de

decorrido o mesmo intervalo de tempo.

5.1 INSEMINAÇÕES ARTIFICIAIS

A inseminação artificial é uma poderosa ferramenta aplicada à reprodução

animal com a finalidade de obter melhoramento genético nos rebanhos, propiciando

aumento na produção e no número de descendentes de indivíduos geneticamente

superiores (FERRARI, 2007).

O criador que desejar fazer uso da inseminação artificial em animais do seu

rebanho, somente terá produtos inscritos no Registro Genealógico de Nascimento se

comprovar, por exame de DNA, a qualificação da paternidade dos produtos, não se

aplicando para animais da categoria Fêmeas Mestiças.

Segundo a ABCC (2010), só será permitido o fracionamento de sêmen se o

criador atender às condições de fazer a comunicação assinado pelo Médico Veterinário

responsável, contendo a autorização do fracionamento, a identificação das matrizes, do

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reprodutor utilizado e a data da inseminação. Poderá ser utilizada uma única dose de

sêmen para fecundar até quatro matrizes, de um mesmo proprietário ou de proprietários

diferentes. Será exigido exame de DNA qualificando a maternidade e paternidade do

produto.

O criador deverá comunicar ao SRGC, mensalmente, todas as colheitas

efetuadas, identificando cada reprodutor, com nome, número de RGD, raça e categoria

do registro. Essa comunicação deverá ser assinada pelo Médico Veterinário responsável

pela colheita e industrialização do sêmen. No caso especifico do criador fazer colheita

do sêmen em reprodutor de sua propriedade, para uso exclusivo em fêmeas do seu

rebanho, não é permitida a sua utilização em matrizes de terceiros, para fins de Registro

Genealógico de Nascimento dos produtos.

Para que os produtos possam receber RGN, é necessário que os reprodutores

sejam inscritos no órgão competente do MAPA, como doadores de sêmen. No caso do

afastamento do reprodutor, do regime de colheita, a ABCC deve ser comunicada até

trinta dias após o evento. Caso o afastamento seja por morte, é necessário que o

comunicado venha acompanhado do “Atestado de óbito”, firmado pelo Médico

Veterinário responsável (Figura 6).

Figura 6. Esquema para inscrição de produtos de IA em RGN.

5.2 TRANSFERÊNCIAS DE EMBRIÕES E FECUNDAÇÕES “IN VITRO”

A técnica de transferência de embriões consiste na possibilidade de uma fêmea

produzir um número de descendentes superior ao que seria possível obter

fisiologicamente, através do aumento da produção embrionária, por meio de aplicações

de hormônios, transferindo essas estruturas para o trato reprodutivo de outras fêmeas

para completarem a gestação (ABADIA, 2006). Seu uso permite a expansão de animais

com capacidade melhorada, maximiza o controle de doenças e reduz os custos de

importação ou exportação de germoplasmas geneticamente superiores (GUSMÃO &

ANDRADE MOURA, 2005).

O criador que desejar inscrever em RGN, produtos oriundos das técnicas de

Transferência de Embrião (TE) ou Fecundação “in vitro” (FIV), deverá comprovar a

aquisição do embrião ao SRGC através da remessa de via da Nota Fiscal emitida pelo

estabelecimento produtor ou comercializador, devidamente registrado no órgão

Doadores de sêmen inscritos no órgão competente do MAPA.

Afastamento – comunicação até 30 dias após o evento.

Morte - comunicação e “Atestado de óbito”

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competente do MAPA, contendo o seu nome completo, a data de aquisição e o número

de embriões vendidos, além da identificação da matriz doadora e do reprodutor

utilizado, com o nome, número de RGD, raça e categoria a que pertencem, bem como, a

identificação da matriz receptora, caso o embrião tenha sido implantado.

Para que o produto oriundo da TE ou FIV, possa ser inscrito no RGN, a matriz

doadora e o reprodutor utilizado para fecundá-la devem ser portadores de RGD e

identificados por exame de DNA; deve ser feita a CDC da colheita dos embriões e

implante dos mesmos, através de formulários próprios, assinados pelo Médico

Veterinário Responsável; a CDN deve ser feita em impresso próprio fornecido pelo

SRGC; deve ser feito teste de DNA, a partir da idade mínima estipulada pelo laboratório

de imunogenética, somente após a qualificação apresentada em laudo, é que poderá ser

concedido o RGN do produto (Figura 8). O produto obtido através da TE será

identificado de acordo com a regulamentação para o RGN, podendo constar em seu

nome o sufixo TE.

Figura 8. Sequência de procedimento para pedido de RGN de produtos oriundos de TE e FIV.

É permitida a transação de embriões transferidos, como venda, doação e cessão,

desde que seja apresentado ao SRGC a Autorização de Transferência (ADT)

comprovando a transação; e, para os casos de embriões ou ovócitos congelados, além da

exigência anterior, que a origem seja comprovadamente de estabelecimento produtor de

embriões devidamente registrado no MAPA, ou importado nos termos da legislação

vigente.

6- COMUNICAÇÃO DE NASCIMENTO (CDN)

Para que o produto seja inscrito no Registro Genealógico de Nascimento (RGN),

o seu nascimento deverá ser comunicado em formulário próprio, padronizado pelo

SRGC.

A comunicação de nascimento feita pelo criador é considerada como pedido de

inscrição do produto no RGN. Deverá ser feita até o último dia do mês seguinte ao

nascimento do primeiro produto, onde descreverá o nome dos produtos, o número de

registro que este receberá, a data de nascimento, o sexo do animal, a pelagem, se

chifrudo ou mocho, o nome e número de registro dos pais e o número correspondente a

comunicação de cobertura.

O criador deverá comunicar nascimento de produto, filho de pais aguardando

RGD, desde que os mesmos sejam resenhados e identificados, obrigatoriamente, pelo

nome e seu número de RGN. Porém o produto só receberá o RGN, quando seus pais

receberem o RGD e o reprodutor, qualificação por DNA. O produto perderá

automaticamente o RGN, quando qualquer de seus pais vier a morrer antes de receber o

RGD. Caso o reprodutor morra antes da qualificação por DNA, deverá ser feito o DNA

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de parentesco, onde é coleta de material de dois filhos do reprodutor com matrizes

diferentes.

Quando ocorrer o nascimento de produto filho de matriz adquirida prenhe, o

proprietário deverá mencionar o nome do criador, da fazenda, município e Estado de

procedência, no preenchimento da comunicação de nascimento e ainda a cópia da

comunicação de cobertura desta matriz.

Ao receber uma CDN, a guia rosa deverá ser conferida, pelo funcionário do

Setor de Registro Genealógico, juntamente com o banco de dados no tocante aos pais

dos produtos inscritos na comunicação. Deverá ser verificado se os pais dos produtos

possuem Registro Genealógico Definitivo; e se o reprodutor possui qualificação por

DNA; se estão em propriedade do criador, ou se estão em uso de comodato; como

também conferir se a data de nascimento dos produtos coincide com o período ou a data

descrita na Comunicação de Cobertura dos pais desses produtos; as observações quanto

aos pais deverão ser feita na coluna para uso exclusivo do Departamento de Genealogia

(DDG), utilizando as legendas da primeira lacuna da guia rosa. Somente depois da

conferência pelo SRGC, a guia rosa da CDN será entregue ao inspetor para que os

produtos possam ser tatuados, ficando ao seu critério tatuar ou não; as observações do

inspetor deverão ser escritas na coluna para “Uso exclusivo do DDG” usando as

legendas da segunda lacuna da guia rosa (Figura 7).

Figura 7. Legenda para uso exclusivo do DDG.

7- CERTIFICADO DE REGISTRO GENEALÓGICO

O certificado de registro genealógico é padronizado pelo SRGC, de acordo com

o modelo definido pelo Conselho Deliberativo Técnico e aprovados pelo MAPA tanto

para Registro Genealógico de Nascimento, como Registro Genealógico Definitivo.

No certificado de Registro Genealógico, padronizado pela ABCC para todas as

raças, deverá constar o número de registro genealógico, nome do animal, data de

nascimento, raça, sexo, categoria de registro, grau de sangue, especificação das

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tatuagens ou símbolos existentes nas orelhas e na cauda, pelagem, filiação, com nomes e

números de registro dos pais, avós e bisavós com suas respectivas informações de

desempenho, quando existirem (ABCC, 2010).

7.1 CERTIFICADO DE REGISTRO GENEALÓGICO DE NASCIMENTO

Segundo a ABCC (2010), a inspeção para o Registro Genealógico de

Nascimento (RGN) deverá ser realizada até seis meses de idade, após este prazo o

criador estará sujeito à multa crescente e exame de DNA para verificação de parentesco,

a ser realizado em 10% dos produtos envolvidos na inspeção, entre seis e dez meses; a

partir dos dez meses, além da multa crescente, será obrigado o exame de DNA para

verificação de parentesco de todos os produtos envolvidos, acrescido de avaliação para

RGD (Figura 9).

Figura 9. Sequência de inspeção para Registro Genealógico de Nascimento.

7.2 CERTIFICADO DE REGISTRO GENEALÓGICO DEFINITIVO

Na solicitação de inspeção para Registro Genealógico Definitivo (RGD),

podendo ser feita a partir de 10 meses de idade, o criador deverá identificar-se como

proprietário do animal através do certificado de Registro Genealógico de Nascimento,

autorização de Transferência ou documento hábil de propriedade, ao apresentar os

animais ao inspetor ou comissão de registro.

Solicitada a inspeção competirá ao inspetor conferir no animal as tatuagens já

existentes e os dados constantes em seu RGN; inspecionar o animal, avaliando sua

conformação morfológica e padrão racial, admitindo-o ou não ao Registro Definitivo.

De forma seletiva, que objetiva a classificação de reprodutores e matrizes de boa

conformação para produção, os animais são classificados por pontuação mediante a

tabela de pontos dos padrões raciais (Tabela II), elaborada pela ABCC e aprovada pelo

MAPA.

Tabela II – Escala de pontos por especialização de produção e sexo.

Características Leiteira Corte Dupla Aptidão

Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea

Característica racial 10 05 10 10 10 05

Cabeça 05 05 05 05 05 05

Paletas e linha superior 10 08 10 10 10 08

Membros e pés 15 12 15 15 15 12

Caracteres leiteiros 25 20 - - 15 15

Caracteres de corte - - 25 20 15 15

Capacidade corporal 25 20 25 25 20 20

Úbere - 10 - 07 - 08

Ligações dianteiras - 06 - 02 - 02

Até 6 m

+ 6 m + 10 m

6 a 10m

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Ligações traseiras - 05 - 02 - 03

Textura - 05 - 02 - 03

Tetas - 04 - 02 - 04

Aparelho genital 10 - 10 - 10 -

Total Geral 100 100 100 100 100 100 Fonte: ABCC (2010).

Só terão direito ao RGD, os animais que, após a inspeção, não tenham defeitos

desclassificatórios, reúnam os requisitos exigidos para obtenção do registro na categoria

a que se propõem, estejam dentro dos padrões raciais aprovados para a raça e já estejam

tatuados nas duas orelhas. A estes animais será atribuída uma nota zootécnica de

classificação:

Excelente – animais classificados com 90 pontos ou mais;

Muito bom – classificados com 76 pontos até 89;

Bom – classificados com 65 pontos até 75;

Regular – classificados com 50 pontos até 64.

A autenticação dos certificados emitidos pelo SRGC bem como a validação

através de selo com a logomarca da ABCC é garantida pela assinatura do

Superintendente do SRGC devidamente credenciado.

8- DA PROPRIEDADE E DE SUA TRANSFERÊNCIA

Toda mudança de propriedade de animal, portador de RGN ou de RGD, deverá

ser comunicado ao SRGC, em formulário próprio, chamado de Comunicações Diversas

(CD), devendo o certificado de registro genealógico acompanhar a comunicação

(ABCC, 2010).

Após o recebimento da Comunicação de Transferência, serão feitas as devidas

anotações no verso dos respectivos certificados e fichas, sendo reconhecidas pelo

SRGC, após assinatura do Superintendente de Registro.

Nos casos de herança, a transferência será feita mediante a apresentação formal

de partilha, desde que, no inventário, os animais estejam identificados individualmente

e esteja caracterizada na partilha a propriedade dos mesmos com relação aos herdeiros

(ABCC, 2010).

Para efeito de Registro Genealógico e de exposições, o criador é o dono do animal

no momento de seu nascimento e proprietário até a primeira venda do animal. O

proprietário é quem tem a posse oficial, porém o criador será sempre o mesmo, do

nascimento até a morte.

Será aceito Termo de Comodato ou Empréstimo de animais, entre criadores para

fins de Registro Genealógico, que deverá ser comunicado ao SRGC, em formulário

próprio, que vem a ser o mesmo formulário da comunicação de transferência e morte,

mudando apenas a opção desejada.

9- MORTE

Segundo a ABCC (2010), é obrigatória a comunicação da morte ou descarte de

animal registrado, em impresso fornecido pelo SRGC, acompanhado do certificado

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correspondente, até o último dia do mês subsequente ao evento. A falta de comunicação

ao SRGC dos descartes e mortes no rebanho incorrerá em multa equivalente ao valor do

emolumento de um RGN PO, para cada ocorrência.

10- PENALIDADES

Não serão aceitas comunicações, a não ser nos impressos próprios. O Serviço de

Registro Genealógico das Raças Caprinas, através da ABCC ou da sua filiada, poderá

representar criminalmente contra o criador que propor animal para inscrição no Registro

Genealógico de caprinos utilizando-se de documentos falso, além de cancelar o registro

do respectivo animal; alterar, rasurar ou viciar qualquer documento expedido pelo

Serviço de Registro Genealógico; tiver apresentado para identificação, animal que não

seja o próprio; utilizar indevidamente as marcas de uso privativo do Serviço de Registro

Genealógico das Raças Caprinas (ABCC, 2010).O cancelamento do registro será

determinado pelo Superintendente do Serviço de Registro Genealógico após

comprovada a fraude em processo regular e assegurado ao criador envolvido, amplo

direito de defesa.

CONCLUSÃO

Os procedimentos de registro genealógico descritos, baseados no regulamento da

ABCC 2010, são de grande importância e utilidade para nortear criadores e

selecionadores de genética, inspetores técnicos e profissionais interessados. É um

trabalho de orientação ao criador desde a escolha da raça, considerando o padrão de

cada uma e defeitos desclassificatórios, como proceder com as ocorrências do dia-a-dia

na propriedade, até os procedimentos finais que resultarão no registro genealógico

animal, de forma prática, ilustrativa e passo a passo, facilitando a escrituração do

rebanho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Pós Graduação - Curso de Produção e Reprodução em Bovinos, Universidade Castelo

Branco, Goiânia, 2006.

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2010. 55 páginas.

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em: 30 maio 2014.

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Resumido do Registro Genealógico Caprino. Belo Horizonte. 2011. 10 páginas.

Foodand Agriculture Organization of the United Nations - FAO. 2012. Disponível

em: <http://www.fao.org/home/en/>. Acesso em: 22 maio 2014.

FERRARI, S. Objetivos e vantagens da inseminação artificial e da transferência de

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GUIMARÃES, V. P. Consumo de produtos caprinos e ovinos cresce no Brasil. 2013.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ePOMWWnaMNg>. Acesso em:

22 maio 2014.

GUSMÃO, A. L.; ANDRADE MOURA, J. C. Transferência de embriões em caprinos e

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 2012. Disponível em:

www.ibge.gov.br. 28 de maio de 2014.

LIMA, C. A. C. Curso de admissão e julgamento de caprinos e ovinos. 2009.

(Palestra) ANCOC. Parnamirim, 2009.

LOPES, K. B. P. Diagnóstico da tipologia dos parques de exposição dos Estados do

Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Ceará. 2011. 91 f. Dissertação

(Mestrado) - Curso de Construções Rurais e Ambiência, Universidade Federal de

Campina Grande, Campina Grande, 2011.

MENDEZ, L A. B. Defeitos desclassificatórios da espécie caprina. 2014.