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Especialização em Direito Tributário

CONCEITO DE TRIBUTO

Prof. Rafael Antonietti Matthes Doutorando e Mestre em Direito Ambiental - Especialista

em Direito Tributário - MBA em Gestão do Agronegócio - Tecnólogo em Gestão Ambiental -

Professor universitário, consultor e palestrante nas áreas do Dir. Ambiental e Tributário -

Consultor da ONU/PNUD em Sustentabilidade na RIO+20

Espécies de tributos

Tributos: quantos são no Brasil?

Artigo 145, CF:

• A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir osseguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder depolícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos edivisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III -contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Espécies de tributos

Artigo 5º, CTN:

• Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Correntes doutrinárias:

• a) Geraldo Ataliba: Teoria Dicotômica ou Clássica: tributos vinculados a uma atuação estatal(taxas e contribuição de melhoria, que, para ele, também era chamada de taxa) e tributosnão vinculados (impostos). Dicotomia: impostos x taxas.

Espécies de tributos

• b) Rubens Gomes de Sousa: Teoria tripartite: com base na redação do CTN. A divisão, paraesse doutrinador, era: impostos, taxas e contribuições, estando compreendidas, nesteúltimo grupo, todas as receitas tributárias que não fossem impostos nem taxas. SachaCalmon Navarro seguia linha semelhante.

• Para Américo Masset Lacombe: “tributos são impostos, ou taxas ou contribuição demelhoria. Tanto as demais contribuições sociais ou especiais, ou lá que nome venham a ter,como os empréstimos compulsórios, nada mais são do que ou impostos ou taxas. Eles serevestem ou da categoria de imposto, ou da categoria de taxas”.

Espécies de tributos

• c) Ricardo Lobo Torres: Teoria quadripartite: “o tributo compreende o imposto, taxa, acontribuição e o empréstimo compulsório”. Para ele, as demais contribuições aglutinam-se,no eixo conceitual, às contribuições de melhoria.

• Luciano Amaro: os tributos são: impostos, taxas (de serviço, de utilização e, ainda, acontribuição de melhoria), contribuições e empréstimos compulsórios.

Espécies de tributos

• d) Supremo Tribunal Federal: “(...) de fato, a par das três modalidades de tributos(impostos, taxas e contribuições de melhoria), a que se refere o artigo 145, para declararque são competentes para institui-los a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,os artigos 148 e 149 aludem as duas outras modalidades tributárias, para cuja instituição sóa União é competente: o empréstimo compulsório e as contribuições” (RE 146.733-9).

Espécies de tributos

• Classificação dos tributos (STF):

a) Impostos (artigos 145, 153, 154, 155 e 156 CF).

b) Taxas (artigo 145, II, CF).

c) Contribuições de melhoria (artigo 145, III, CF).

d) Empréstimos compulsórios (artigo 148, CF).

e) Contribuições (artigos 149 e 195, I, II e III, §4º).

Espécies de tributos

• Concursos:

Auditor Municipal de Gravatá/PE: “o Supremo Tribunal Federal (STF)firmou entendimento de que existem três espécies de tributos”(errada).

Fiscal Tributarista de Jaraguá do Sul/SC: “com relação às normas edefinições do direito tributário, os tributos são: imposto, taxas econtribuições de melhoria” (errada).

Espécies de tributos

• Análise do artigo 4º, CTN:

• Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fatogerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

• I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

• II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Espécies de tributos

• Análise do artigo 4º, CTN:

• Com o advento da teoria pentapartite, o STF prestigiou os tributosfinalísticos – empréstimos compulsórios e contribuições.

• São dois tributos cuja denominação e a destinação são destacadas pelolegislador, não tendo relevância para a identificação do fato gerador.

Espécies de tributos

• e) Teoria hexapartida: com o advento da Emenda Constitucional 39/2002que instituiu a Contribuição para o Serviço de Custeio de IluminaçãoPública (COSIP), nos termos do art. 149-A, CF.

Conceito de Tributo

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniáriacompulsória, em moeda ou cujo valor nela se possaexprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,instituída em lei e cobrada mediante atividadeadministrativa plenamente vinculada.

Conceito de Tributo

Prestação pecuniária:

- Obrigação de prestar em dinheiro ao Estado- “Moeda?”

Art. 162. O pagamento é efetuado: I - em moedacorrente, cheque ou vale postal; II - nos casos previstosem lei, em estampilha, em papel selado, ou porprocesso mecânico.

Conceito de Tributo

§1º A legislação tributária pode determinar asgarantias exigidas para o pagamento por cheque ouvale postal, desde que não o torne impossível ou maisoneroso que o pagamento em moeda corrente.

§ 2º O crédito pago por cheque somente se consideraextinto com o resgate deste pelo sacado.

Conceito de Tributo

Prestação compulsória:

- Não é contratual ou facultativa.

Prestação diversa de multa:

- A multa deriva do poder penal do Estado e tem porobjetivo resguardar a validade da ordem jurídica.

Conceito de Tributo

Instituída por lei:

- Princípio da Legalidade.

Cobrada mediante lançamento:

- Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativaconstituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido oprocedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência dofato gerador da obrigação correspondente, determinar a matériatributável, calcular o montante do tributo devido, identificar osujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidadecabível.

- Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeitopassivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislaçãotributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matériade fato, indispensáveis à sua efetivação.

- Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridadeadministrativa nos seguintes casos:

- Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aostributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar opagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-sepelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento daatividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

Impostos

• Conceito: é tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situaçãoindependente de qualquer atividade estatal específica, relativa à vida docontribuinte, à sua atividade ou a seu patrimônio.

• Artigo 16, CTN: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato geradoruma situação independente de qualquer atividade estatal específica,relativa ao contribuinte”.

Impostos

• Art. 167. São vedados:

• IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartiçãodo produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinaçãode recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção edesenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária,como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação degarantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º,bem como o disposto no § 4º deste artigo; .

Impostos

• Concurso:

• Advogado da Câmara Municipal de São José dos Pinhais/PR: “O prefeitomunicipal de uma cidade brasileira, ao elaborar o projeto de LeiOrçamentária Anual, decide vincular a captação de receitas do IPTU auma determinada despesa de capital – construção de uma praça pública -, com o objetivo de evitar que os recursos sejam gastos em outrasdespesas. A decisão do prefeito municipal é inconstitucional, pois viola oprincípio da não vinculação de receitas a despesas”. (Correta)

Impostos

• Exceções à não afetação:

1) Repartição de receitas tributárias

2) Destinação de recurso para ações e serviços públicos de saúde,manutenção e desenvolvimento do ensino e para a realização deatividades de administração tributária

3) Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação dereceita; para a União; e para pagamento de débitos com esta.

Impostos

• Destinação de recurso para ações e serviços públicos de saúde,manutenção e desenvolvimento do ensino e para a realização deatividades de administração tributária:

• “(...) Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rederegionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizadode acordo com as seguintes diretrizes: (...)§ 2º A União, os Estados, oDistrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações eserviços públicos de saúde recursos mínimos (...)”.

Impostos

• “(...) Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, eos Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, nomínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a provenientede transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino (...)”.

Impostos

• Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita; para a União; epara pagamento de débitos com esta:

• “(...) Art. 165. (...)§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsãoda receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para aberturade créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que porantecipação de receita, nos termos da lei”.

• “(...) Art. 167. (...) § 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostosa que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I,a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento dedébitos para com esta”.

Impostos

• “(...) Art. 204. Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular aprograma de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receitatributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: ”.

• “(...) Art. 216.§6.º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual defomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para ofinanciamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos nopagamento de: (...)”.

Impostos

• Competência privativa (lista taxativa):

Impostos Federais:

1. Imposto sobre Importação

2. Imposto sobre Exportação

3. Imposto sobre a Renda

4. Impostos sobre Produtos Industrializados

5. Impostos sobre Operações Financeiras

6. Imposto Territorial Rural

7. Imposto sobre Grandes Fortunas – Lei Complementar

Impostos• Impostos residuais: Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei

complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde quesejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculopróprios dos discriminados nesta Constituição;

• Impostos extraordinários de guerra: Art. 154. A União poderá instituir: II- na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serãosuprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Impostos• Competência privativa (lista taxativa):

Impostos Estaduais:

1. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

2. Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor

3. Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação

Impostos• Competência privativa (lista taxativa):

Impostos Municipais:

1. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

2. Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana

3. Imposto sobre a Transmissão de Bens Inter-Vivos

Impostos• Classificação dos impostos:

Impostos Diretos e Indiretos:

1. Diretos: II, IE, IR, IPTU, ITR, IPVA, ITBI e ITCMD.

2. Indiretos: ICMS, IOF e IPI.

• ISS: Assim, como visto, o ISS pode ser ou não classificado como imposto indireto, embora, na hipótesedos autos, esteja classificado como TRIBUTO INDIRETO, porque recolhido sobre as receitas oriundas decada encomenda (...) Não há como fugir da evidência. O ISS, na espécie, é tributo indireto que grava ovalor do serviço e é naturalmente repassado ao tomador do serviço, o contribuinte de fato (RECURSOESPECIAL Nº 426.179 – SP).

Impostos

• Classificação dos impostos:

Impostos pessoais e reais:

1. Reais: II, IE, IPTU, ITR, IPVA, ITBI, ICMS, IOF, ISS, IPI e ITCMD.

2. Pessoais: IR

Impostos

• Classificação dos impostos:

Impostos fiscais e extrafiscais:

1. Fiscais: IPTU, ITR, IPVA, ITBI, ICMS, ISS, IR eITCMD.

2. Pessoais: II, IE, IPI, IOF

Impostos

• Classificação dos impostos:

Impostos progressivos, proporcionais e seletivos:

1. Progressivos: IPTU, ITR, IR e ITCMD

2. Proporcionais: ITBI, ITCMD, IPI, ICMS, II, IE, IPVA, IOF e ISS.

3. Seletivos: ICMS e IPI.

Impostos• Classificação dos impostos:

Segundo classificação do CTN:

1. Impostos sobre o comércio exterior – II e IE

2. Imposto sobre o patrimônio e a renda – IR, ITR, IPVA, IPTU, ITBI, ITCMD eIGF.

3. Impostos sobre a produção e a circulação – ICMS, IPI, IOF e ISS.

4. Impostos especiais - IEG

Taxas

Conceito:

A taxa é um tributo vinculado à ação estatal,

atrelando-se à atividade pública e não à ação do

particular (art. 145, II, CF e 77, CTN).

Taxas

Conceito:

a) Exercício regular do poder de polícia (art. 78,

CTN);

b) Utilização, efetiva ou potencial, de serviço

público específico e divisível (art. 79, CTN).

Taxas

Conceito:

• É cobrada em razão da atividade do Estado

• Exemplos: Taxa de alvará, taxa de fiscalização

de anúncios, taxa de controle e fiscalização

ambiental etc.

Taxas

Taxa de polícia ou taxa de fiscalização:

• Exercício regular – para o STF, o simples fato

de existir um órgão estruturado e em efetivo

funcionamento viabiliza a exigência da taxa,

não precisa haver a fiscalização porta a porta.

Taxas

Taxa de serviço ou de utilização:

• É cobrada em razão da prestação estatal de

um serviço público específico e divisível

(requisitos cumulativos);

Taxas

Taxa de serviço ou de utilização:

• Específico – é o serviço que pode ser

destacável em unidades autônomas de

utilização, permitindo identificar o sujeito

passivo ou discriminar o usuário. Direciona-se,

assim, a um número determinado de pessoas.

Taxas

Taxa de serviço ou de utilização:

• Divisível – é aquele passível de

individualização ou suscetível de utilização

individual pelo contribuinte, ou seja, o serviço

quantificável, que traz um benefício

individualizado para o destinatário da ação

estatal.

Taxas

Taxa de serviço ou de utilização:

• Inconstitucionais – taxa de segurança pública,

taxa de limpeza pública (diversa da taxa de

coleta domiciliar de lixo), taxa de iluminação

pública (Súmula 670 STF) e taxa de

pavimentação asfáltica.

Contribuições de Melhoria

• Previsão: art. 145, III, CF e arts. 81 e 82, CTN.

• Trata-se da devolução do enriquecimento auferido

de maneira dolosa pelo proprietário do imóvel,

decorrente de valorização oriunda de obra pública no

local em que se situa o prédio.

Contribuições de Melhoria

• Toda vez que o poder público realizar uma obra

pública que trouxer benefícios, traduzíveis em

valorização, para os proprietários de bens imóveis,

poderá ser instituída a contribuição de melhoria,

desde que vinculada à existência de lei.

Contribuições de Melhoria

• Fato gerador: é a valorização imobiliária decorrente

de uma obra pública. Elementos do fato gerador:

• A) Necessidade de valorização;

• B) Necessidade de que esta valorização ocorra sobre

bens imóveis.

Contribuições de Melhoria

• Sujeito passivo: é o proprietário do imóvel, por estar

diretamente ligado ao fato gerador da exação;

• Sujeito ativo: Competência comum – União, Estados,

Distrito Federal ou Municípios.

Contribuições de Melhoria

• Base de cálculo: é o quantum de valorização

experimentada pelo imóvel.

• BC = valor do imóvel (após a obra) – valor do imóvel

(antes da obra).

Contribuições de Melhoria

• Base de cálculo – limites de cobrança:

• A) limite total – é o teto da cobrança – é o valor total

da obra;

• B) limite individual – não se pode cobrar mais do que

cada um recebeu com a valorização. Cada imóvel é

valorizado em um montante.

Contribuições de Melhoria

• Base de cálculo – limites de cobrança:

• A) limite total – é o teto da cobrança – é o valor total

da obra;

• B) limite individual – não se pode cobrar mais do que

cada um recebeu com a valorização. Cada imóvel é

valorizado em um montante.

Empréstimos Compulsórios

Evolução histórica:

CF/46: “somente a União, em casos excepcionais definidos em lei complementar, poderá instituirempréstimos compulsórios”.

CTN/66: Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios:I - guerra externa, ou sua iminência; II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender comos recursos orçamentários disponíveis; III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando,no que for aplicável, o disposto nesta Lei.

Empréstimos Compulsórios

EC/69: Empréstimos excepcionais e os especiais. O primeiro não era tributo. Tratava-se de umcontrato coativo (esta hipótese foi julgada inconstitucional pelo STF em 1988). O Tribunaldeterminou que apenas o tributário era constitucional:

EMENTA: (...) O empréstimo compulsório sujeita-se às imposições da legalidade e igualdade, mas,por sua natureza, não à anterioridade, nos termos do artigo 153, §29, in fine, da CF” (RE111.954/PR).

CF/88: Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - paraatender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II -no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto noart. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório serávinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Empréstimos Compulsórios

Teorias sobre a natureza jurídica:

Historicamente, tem-se duas teorias explicativas:

a) Empréstimo Público – Súmula 418, STF: “O empréstimo compulsório não é tributo, e suaarrecadação não está sujeita à exigência constitucional da prévia autorização orçamentária” –entendia-se, que o EC era um contrato coativo.

b) Tributo – CF: Com o advento da EC 1/69, a Súmula restou superada. STF – 111.954/PR.

Empréstimos Compulsórios

Conceito:

Amílcar de Araújo Falcão: “Empréstimo Compulsório é a prestação em dinheiro que o Estado ououtra entidade pública de direito coativamente exige, nos termos da lei, para custeio de suaspróprias atividades, daqueles que possuam determinada capacidade contributiva denotada porfatos geradores legalmente previstos, condicionando-se o seu pagamento à promessa de ulteriorrestituição em prazo certo ou indeterminado”.

Empréstimos Compulsórios

Legalidade:

Empréstimos compulsórios dependem de Lei Complementar.

Impossível sua criação via Medida Provisória – art. 62,§1º, III, CF.

Empréstimos Compulsórios

Pressupostos Fáticos:

Despesas extraordinárias

Trata-se de uma situação anormal, não previsível. Somente poderá ser cobrado se realmente nãohouver fontes orçamentárias suficientes.

Para Sacha Calmon, podem ser catástrofes da natureza. Para Paulo de Barros, pode abrangeroutros eventos de caráter socioeconômicos, que ponham em perigo o equilíbrio social.

De todo modo, doutrina tem se posicionado pela necessidade de decretação do estado decalamidade para a exigência do gravame.

Empréstimos Compulsórios

Pressupostos Fáticos:

Despesas extraordinárias

Quanto à guerra, apenas para os casos de declaração de guerra e não para os casos de guerrasiniciadas pelo Brasil – “guerras de conquistas”.

Investimento público

Antecipação de receita – investimento deve ser para o Brasil inteiro.

Empréstimos Compulsórios

Anterioridade tributária:

Art. 148, I, CF: não respeita à anterioridade (caráter emergencial).

Art. 148, II, CF: respeita à anterioridade (caráter urgente).

Empréstimos Compulsórios

Conjuntura econômica:

O inciso III do artigo 15 do CTN (“III - conjuntura que exija a absorção temporária de poderaquisitivo”), foi elaborado para municiar o Estado de um meio eficaz para combater a inflação.

Exemplo: EC sobre a Aquisição de Veículos e Consumo de Combustíveis (DL 2.088/86) –inconstitucional pelo STF – RE 121336/CE.

Empréstimos Compulsórios

Vinculação da receita (p. único, art. 148):

Não se admite tredestinação (desvio de finalidade).

Efeito tríplice: suspensão do pagamento, direito à restituição e responsabilidade do agentepúblico.

Muito cobrada em concurso.

Empréstimos Compulsórios

Restituibilidade:

Luciano Amaro: “o empréstimo compulsório é um ingresso de recursos temporários nos cofres doEstado, pois a arrecadação acarreta para o Estado a obrigação de restituir a importância que foiemprestada”.

Qual a sanção? STF – RE 183.906-6/SP: será inconstitucional.

Empréstimos Compulsórios

Evidente que, nos termos do artigo 109 da Constituição Federal e da Súmula 150 do STJ, se aintervenção da União fosse anterior à sentença, a competência deveria ser deslocada, já emprimeira instância, para a Justiça Federal. Mas não é sobre essa situação que a presente Súmula semanifesta.

O STJ foi convidado a se posicionar sobre qual a competência para apreciação da matéria quando,após a prolação da sentença, a União resolve intervir no caso.

De acordo com o Ministro Benedito Gonçalves, “dessa forma, ingressando a União no feito, naqualidade de assistente, após a prolação da sentença, o que ocorre não é a declaração daincompetência absoluta da justiça estadual, mas o deslocamento da competência para a justiçafederal, não sendo necessária a anulação dos atos decisórios praticados pelo juízo anteriormentecompetente” (STJ - 1.111.159 – RJ).

Contribuições:

Previsão legal – art. 149, CF.

Possui vinculação de receita – igual aoempréstimo compulsório.

São instituídas, em regra, por lei ordinária, salvopara a contribuição residual da seguridadesocial, que depende de Lei Complementar.

Contribuições:

A CIDE-Combustíveis é uma exceção à legalidadetributária, podendo ter suas alíquotas reduzidas ourestituídas por meio de decreto.

A CIDE-Combustíveis é exceção à anterioridadeanual, quanto à redução e ao restabelecimento dealíquotas.

Contribuições:

Contribuições da seguridade social – respeitamapenas a anterioridade nonagesimal.

Contribuições são tributos destinados aofinanciamento de gastos específicos, sobrevindo nocontexto de intervenção do Estado no campo sociale econômico, sempre no cumprimento dos ditamesda política de governo

Contribuições:

São parafiscais, ou seja, está do lado do fiscal, andaparalelamente com o Estado. Traduz-se na entidade quese mostra como um quase-Estado, uma extensão doEstado.Por serem parafiscais, as contribuições, em regra, sãoinstituídas por um ente político e cobradas e fiscalizadaspor outro ente político (capacidade tributária ativa).Uns chamam as contribuições de parafiscais, outros deespeciais e outros de sociais.

Contribuições:

Competência exclusiva da União.

De acordo com o artigo 149, há três tipos decontribuições: a) sociais, b) de intervenção nodomínio econômico e c) de interesse dascategorias profissionais ou econômicas.