especial "na represa, o olhar dos meninos"

8
Da Espanha para a represa pera o maior número de turistas. Quem visita a cida- de, não deixa de conhecer a praia. A família trabalha muito, mas gosta do que faz. E está satisfeita com os resultados. “Eu gosto, gosto mesmo daqui. Se não gostar, aí vou embora. Venho aqui de manhã, trabalho, vejo muita gente,” comen- ta o espanhol Luis. A Espanha, no Continente Europeu, recebe mais de 300 mil turistas brasileiros todos os anos, segundo dados do IET (Instituto de Estudos Turísticos da Espanha). Há nove anos, a trimariense Cíntia Aparecida da Silva Morais era mais uma turista rumo ao “Velho Continente”. E foi assim que ela conheceu o marido espanhol, Luis Diaz Sanchez. Depois de se casarem e terem um filho - Lucas (3) - o casal decidiu visitar Três Marias, cidade natal de Cíntia. Quando chegaram, o pai de Cíntia havia compra- do a barraca “Cachoeira do Guará”, na Praia Mar de Minas, importante ponto turístico da cidade, às mar- gens da represa de Três Marias. Na época, os dois decidiram ficar no Brasil para ajudar na administra- ção do novo empreendimento. “Quando cheguei, meu pai tinha comprado essa barraca e não estava conseguindo levar, foi então que começamos a ajudá- lo e foi isso que nos entusiasmou a ficar,” declara Cíntia. Dona de um salão de beleza, ela diz que vive tam- bém da barraca. “Eu tenho um salão de beleza lá no centro, na minha casa mesmo. Lá eu tenho meus cli- entes e tudo, mas eu vivo é daqui e quando o nível da represa está baixo piora um pouco as coisas,” la- menta. As épocas mais lucrativas, para quem trabalha no ramo e lida muito com o turismo, são as férias, car- naval e feriados prolongados, quando a cidade es- A principal vantagem de trabalhar na barraca é fazer o próprio horário de trabalho, além de traba- lhar em família. Mas, segundo o casal, um ponto ne- gativo, que merece ser observado, é a incerteza. Nunca se sabe se vai vender muito ou pouco, por isso é muito importante ter controle. Na hora de com- prar mercadorias e administrar todo o dinheiro que entra ou sai. Outra coisa é que eles só têm hora pra começar a funcionar. Começam ás 8h, mas nunca tem horário para fechar, tudo isso depende do clien- te e do movimento. “Já aconteceu de estarmos indo embora e chegar uma turma e dizer: Abram aí pra nós. E ficaram até as três da madrugada,” afirma Luis. Nas barracas, às margens da Represa de Três Marias, o peixe é o prato mais pedido. Os principais são o Tucunaré e a Tilápia. Os preços variam bastan- te, mas são acessíveis aos consumidores e a procura é grande. Outro assunto discutido pelos barraqueiros é a criação de uma associação. A maioria defende que os produtos comercializados, poderiam ser obtidos a preços mais acessíveis. E o trabalho melhor dividi- do facilitaria para todos. Trabalho em família é uma característica de quase todos os barraqueiros da Praia Mar de Minas, mas Cíntia não quer que o filho siga este ofício. “Quero que ele estude e tenha uma pro- fissão diferente, mas eu quero trabalhar aqui en- quanto puder, “diz. A Represa de Três Marias é uma importante ativi- dade econômica para o turismo na cidade. Mas é igualmente importante observar que, pessoas como a família de Cíntia, tem amor por esta maravilha, que vai além da atividade econômica, é quase uma obra de arte, merece respeito e valor. Por Gabriela Carolina Alves Navega Luis e Cíntia conversam com Gabriela e Hayla, alunas dos projeto Negócio em família. Sr. Manoel, pai de Cíntia conta com a ajuda da filha e do genro espanhol

Upload: jornal-buriti

Post on 26-Mar-2016

223 views

Category:

Documents


7 download

DESCRIPTION

Encarte Especial do projeto "Na represa, o olhar dos meninos", beneficiados pela Funarte - Microprojetos Mais Cultura - Rio São Francisco

TRANSCRIPT

Page 1: Especial "Na represa, o olhar dos meninos"

Da Espanha para a represa

pera o maior número de turistas. Quem visita a cida-de, não deixa de conhecer a praia.

A família trabalha muito, mas gosta do que faz. Eestá satisfeita com os resultados. “Eu gosto, gostomesmo daqui. Se não gostar, aí vou embora. Venhoaqui de manhã, trabalho, vejo muita gente,” comen-ta o espanhol Luis.

A Espanha, no Continente Europeu, recebemais de 300 mil turistas brasileiros todosos anos, segundo dados do IET (Instituto

de Estudos Turísticos da Espanha). Há nove anos, atrimariense Cíntia Aparecida da Silva Morais era maisuma turista rumo ao “Velho Continente”. E foi assimque ela conheceu o marido espanhol, Luis DiazSanchez. Depois de se casarem e terem um filho -Lucas (3) - o casal decidiu visitar Três Marias, cidadenatal de Cíntia.

Quando chegaram, o pai de Cíntia havia compra-do a barraca “Cachoeira do Guará”, na Praia Mar deMinas, importante ponto turístico da cidade, às mar-gens da represa de Três Marias. Na época, os doisdecidiram ficar no Brasil para ajudar na administra-ção do novo empreendimento. “Quando cheguei,meu pai tinha comprado essa barraca e não estavaconseguindo levar, foi então que começamos a ajudá-lo e foi isso que nos entusiasmou a ficar,” declaraCíntia.

Dona de um salão de beleza, ela diz que vive tam-bém da barraca. “Eu tenho um salão de beleza lá nocentro, na minha casa mesmo. Lá eu tenho meus cli-entes e tudo, mas eu vivo é daqui e quando o nívelda represa está baixo piora um pouco as coisas,” la-menta.

As épocas mais lucrativas, para quem trabalha noramo e lida muito com o turismo, são as férias, car-naval e feriados prolongados, quando a cidade es-

A principal vantagem de trabalhar na barraca éfazer o próprio horário de trabalho, além de traba-lhar em família. Mas, segundo o casal, um ponto ne-gativo, que merece ser observado, é a incerteza.Nunca se sabe se vai vender muito ou pouco, porisso é muito importante ter controle. Na hora de com-prar mercadorias e administrar todo o dinheiro queentra ou sai. Outra coisa é que eles só têm hora pracomeçar a funcionar. Começam ás 8h, mas nuncatem horário para fechar, tudo isso depende do clien-te e do movimento. “Já aconteceu de estarmos indoembora e chegar uma turma e dizer: Abram aí pranós. E ficaram até as três da madrugada,” afirma Luis.

Nas barracas, às margens da Represa de TrêsMarias, o peixe é o prato mais pedido. Os principaissão o Tucunaré e a Tilápia. Os preços variam bastan-te, mas são acessíveis aos consumidores e a procuraé grande.

Outro assunto discutido pelos barraqueiros é acriação de uma associação. A maioria defende queos produtos comercializados, poderiam ser obtidosa preços mais acessíveis. E o trabalho melhor dividi-do facilitaria para todos. Trabalho em família é umacaracterística de quase todos os barraqueiros da PraiaMar de Minas, mas Cíntia não quer que o filho sigaeste ofício. “Quero que ele estude e tenha uma pro-fissão diferente, mas eu quero trabalhar aqui en-quanto puder, “diz.

A Represa de Três Marias é uma importante ativi-dade econômica para o turismo na cidade. Mas éigualmente importante observar que, pessoas comoa família de Cíntia, tem amor por esta maravilha, quevai além da atividade econômica, é quase uma obrade arte, merece respeito e valor.

Por Gabriela Carolina Alves Navega

Luis e Cíntia conversam com Gabriela e Hayla, alunas dos projeto

Negócio em família. Sr. Manoel, pai de Cíntia conta com a ajuda da filha e do genro espanhol

Page 2: Especial "Na represa, o olhar dos meninos"

A jovem Jheny Eleuza dos Anjos Gonçalves, 19 anos, participou do projeto social Guia

Opará, realizado pelo Instituto Opará– Meio ambiente, cultura e cidadania -em parceria com o Instituto Votorantime Votorantim Metais-Unidade ZincoTrês Marias. O objetivo do projeto, lan-çado em 2011, é oferecer capacitaçãoe oportunidade, aos jovens nas áreasde turismo, lazer e meio ambiente. Boaparte destes guias é aproveitada pelasempresas de Três Marias.

Jheny foi estagiária na Pousada Ri-beirão do Boi e hoje está contratadacomo recepcionista. A ex-aluna doprojeto participou do curso “Guia Tu-rístico” no período de maio a dezem-bro do ano passado. Época em que sur-giu a oportunidade de estágio na pou-sada. Hoje, Jheny faz parte do quadrode funcionários deste grande empre-endimento turístico da região.

O curso, realizado pelo InstitutoOpará, aborda os principais pontos eoportunidades turísticas da cidade. Osjovens do projeto têm a oportunidadede profissionalização como guias náu-ticos, com especialização em técnicasde pescaria e navegação, para apresen-tar as riquezas naturais, aos turistasque visitarem Três Marias e o municí-pio vizinho de São Gonçalo do Abaeté.“Nosso objetivo, é oferecer serviçosde qualidade com identidadeambiental e sustentabilidade sendo,os jovens um espelho para os visitan-tes. Eles serão guardiões zeladores domeio ambiente e dos diversos pontosturísticos encontrados nesta região”,explica Sílvia Freedman, presidente doInstituto Opará.

Jheny conta que aproveitou bem ocurso e a oportunidade de trabalho.“Estou gostando muito de trabalharaqui na pousada. É bastante movimen-tada,” elogia. Ela reconhece o potenci-al turístico de Três Marias. “Os turistasprocuram conhecer a cidade, visitarpontos turísticos, são pessoas de forae até do exterior, eles gostam muito esempre voltam se tornando clientes fi-éis”, conta.

Para Jheny ,a represa é muito im-portante. A jovem explica que antiga-mente o principal de tudo foi a repre-sa, “onde começaram a construir a bar-ragem para gerar energia para nossomunicípio e mais, gerando tambémempregos”, completa.

O curso “Guia Turístico” do projetoOpará contribuiu de várias maneiras.‘’Antes eu não via Três Marias comouma cidade turística, agora sei que éuma cidade pequena, mas tem suasbelezas, tem potencial turístico e se ti-ver investimentos, o turismo aqui vailonge”, afirma. Jheny também sugeriuidéias para o desenvolvimento do tu-

Projeto social proporcionainserção no mercado de trabalho

rismo no município, como passeios nasnossas cachoeiras, visitas guiadas aoMuseu de Manuelzão, localizado no

Por Fernanda Cristina e Silva

Distrito de Andrequicé e à Igreja Saté-lite, primeira igreja católica do muni-cípio. “Atuar no ramo do Turismo,por

muito tempo não sei,mas vamos vermais pra frente,pretendo fazer o cur-so de Enfermagem”, revela.

Desde 2011, o projeto Guia Oparájá atendeu 60 jovens. Foram inseridasoutras atividades complementaresque pudessem de fato, facilitar a in-serção dos mesmos no mercado detrabalho. Além das aulas teóricas comuma turismóloga nos dois anos desua execução, em 2012, os jovens ti-veram cursos de garçons e barman,camareira, recepcionista, primeiros

socorros, excelência no atendimentoao público, dentre outros.

De acordo com levantamento doInstituto Opará, cerca de 20 jovens jáforam inseridos no mercado de traba-lho em diversos segmentos.

Devido ao bom desempenho doprojeto nos dois anos, o Guia Oparáconseguiu pela terceira vez sua apro-vação junto ao Instituto Votorantim e

Votorantim Metais unidade de TrêsMarias, empresas que patrocinam oprograma social. O projeto já estásendo executado este ano, funcio-nando até o momento internamen-te com a organização pedagógica eadministrativa. Este ano o projeto iráatender 60 jovens como condutoresturísticos, garçons, camareiras, re-cepcionistas e atendentes. Indireta-mente, outras 250 pessoas serão be-neficiadas, sendo 100 pessoas liga-das a projetos e turismo, que partici-parão de cursos e seminários sobreo desenvolvimento do turismo nacidade e outras 150 pessoas ligadasas empresas de Três Marias. As ativi-dades começam em março.

Já estão abertas as inscrições paraa nova turma. Jovens entre 18 e 29anos poderão fazer sua inscrição indoao Instituto Opará que agora estáfuncionando à Rua Pernambuco 212centro em frente a Casa Paroquial.Mais informações nos telefones 383754-3742 ou 3754-7269

Projeto Guia Opará recebe apoio da VotorantimMetais e Instituto Votorantim

02

A jovem Jheny Eleuza dos Anjos Gonçalves na recepção da Pousada Ribeirão do Boi, às margens da represa

Jovens do projeto durante capacitação no curso de garçom

Page 3: Especial "Na represa, o olhar dos meninos"

Foi com muitotrabalho e garraque chegamosao nível que

está hoje ”

Sandra Leal uma “Maria guerreira”

Nossa cidadecomeçou àsmargens da

Represa do Rio SãoFrancisco. Diz a lendaque três irmãs órfãs eguerreiras, MariaFrancisca, Maria dasDores e Maria Geraldaforam nadar no “VelhoChico”, quando foramsurpreendidas por umaenchente. “As águas vi-nham revoltas, arras-tando animais, árvores,plantações, carregandoe destruindo tudo a suapassagem. As TrêsMarias, ao sentirem achegada das águas, ten-taram sair do rio, masMaria Geralda rodounas águas, MariaFrancisca tentou salvá-la e rodou também.Quando Maria das Do-res viu as suas irmãs de-batendo-se nas águas,numa luta mortal, ten-tou levá-las para as

Os visitantes da Re-presa de Três Mariasencontram boas op-ções para aproveitarbem o grande lago. En-tres os atrativos, ofere-cidos aos turistas, o Ba-nana “Boat”, um barcoinflável, rebocado poroutro barco ou lancha,tem conquistado a pre-ferência dos visitantesna Praia Mar de Minas.Uma atividade paratoda família.

Barraqueiro há 15anos, Sr. Nativo Barbo-sa de Lima (59) conhe-cido como “Nêgo”, é ca-sado com Maria das Do-res Lima e pai de cincofilhos. Além da vendade comidas e bebidasna barraca “Das Dores”,homenagem à esposa,Nêgo complementasua renda com o Bana-na Boat e passeios debarco pela Represa.Nêgo afirma que a mo-dalidade pode ser pra-

Banana Boat, atração queconquista empresários e turistas

O o

lhar

dos

turis

tas

ticada por toda a família,a partir dos três anos deidade, claro acompanha-dos pelos pais. “Podemir tanto na banana comono barco, pois tem segu-rança, o barco é registra-do pela marinha com ha-bilitação em ordem, obarco tem seguro , tudoem cima das normas desegurança”, explicaNêgo.

O passeio de BananaBoat é diversão garanti-da para os visitantes euma importante fontede renda para o barra-queiro. “Os turistas queexperimentam a sensa-ção de liberdade e aindaconhecem a beleza de

nossa Represa, a bordodo barco ou na banana,sempre voltam”, decla-ra.

Nêgo criou seus fi-lhos com a renda pro-porcionada pela Repre-sa do Rio São Francisco,pesca, compra e vendepeixe na barraca ondeele e a esposa atual-mente trabalham. Emépoca de temporada, areceita chega a aumen-tar cerca de 50%. Eleschegam a contratar dedois a cinco funcionari-as diaristas, pagam emtorno de R$25,00/dia eR$ 35,00 em tempora-das ou em épocas demaior movimento.

margens do Rio. Tudoem vão: as águas car-regaram as Três Mariaspara o fundo do Rio.Após o acidente trágico,o nome de Três Mariastornou-se mais popularainda, ficando aquelaregião assim conheci-da.”

Foi neste cenário,proporcionado pelainundação da Barragemde Três Marias, que en-contramos nossos per-sonagens. Uma delas éSandra Leal dos Santos(47). Sandra moradora deTrês Marias, com muitoorgulho afirma que a Re-presa teve muitaimportancia em sua vida.Entre as maiores foi po-der ter pago a escola detodos os seus filhos.Sandra é uma ‘Maria’,pois com a mesma bra-vura enfrenta nas mar-gens da represa, a lutapela sobrevivência.Sandra, uma das primei-ras barraqueiras, traba-lha no local desde 1988.

Começou como

vendedora ambulante.Sendo oito anos traba-lhando em barracascomo conhecemos hoje.

Esta “Maria Guerrei-ra”, com simplicidadenos conta que, quandocomeçou a trabalhar naPraia Mar de Minas há 25anos, conseguia tirar darepresa todos os peixesnecessários para suacomercialização e sus-tento da família. Hoje arealidade é outra, elatem que comprar comfornecedores, pois a de-manda cresceu muitojunto com o desenvolvi-mento da cidade. Mas oque não muda é a prefe-rência dos turistas etrimarienses, pois as

iguarias que conquistam

o paladar dos consumi-dores há anos são oTucunaré e a Tilápia, pei-xes encontrados na re-presa.

Sandra agradece aosturistas. Pois em épocade temporada seufaturamento chega a au-mentar 100%. E cobramais eventos no Termi-nal Turístico Praia Mar deMinas, “para que a popu-lação local possa partici-par mais desse espaçogostoso e familiar”,acrescenta.

Por: Izabel Cristina

Durante nossa visita à PraiaMar de Minas, encontramos umasimpática família de Belo Horizon-te, aproveitando as férias de ja-neiro com visitas em vários pon-tos da cidade pela primeira vez.Conversamos com Rosângela Na-talia Santana de Castro. Ela nosconta que veio para Três Mariaspor indicação de amigos, eles nãoconheciam Três Marias ainda e vi-eram para ver o potencial turísti-co da cidade a e, com sorte, pes-car na represa. Rosângela teceuelogios ao município. Gostou daestrutura da cidade e dos servi-ços de entrega a domicílio que al-guns comerciantes locais ofere-cem.

A família conseguiu muita in-formação com os trimarienses. Ti-veram dificuldades em encontraruma casa de temporada, queatendesse as necessidades. Antes

de chegarem, escolheram umacasa pela internet , o que não deucerto, pois com eles tinham ido-sos e um cadeirante. Mas, comajuda dos trimarienses, encon-traram um lugar adequado paraas férias, com segurança e acessi-bilidade. A família ficou feliz emsaber do Receptivo Turístico queestá em construção na entrada dacidade. Rosângela nos conta que,quando chegou à Represa, teve aimpressão de estar às margens deuma praia litorânea, com os mes-mos recursos. Ficaram encanta-dos com a área de camping pelaacessibilidade. Gostou muito doacolhimento dos barraqueiros,que os receberam com carinho efornecendo informações. A famí-lia deixa Três Marias com planosde voltar. Pois a cidade virou, paraeles, um ótimo ponto de encon-tro.

Ao lado da funcionária Lucimara

Grupos de turistas gostaram do que viram

03

Sandra Leal é famosa por ser uma ótima cozinheira na cidade

Page 4: Especial "Na represa, o olhar dos meninos"

Por André Vitor Alves Trede

As pousadas às margens do Lago de Três Mariasrecebem muitos turistas durante todo ano. Além delucrativo para os proprietários, muitos trabalhado-res retiram 100% de sua renda do nosso Lago. Visiteia pousada Ribeirão do Boi e conversei com algunsfuncionários para saber um pouco mais do dia a diadessas pessoas, que tiram seu sustento através dotrabalho às margens da Represa, usufruindo dos be-nefícios que ela nos oferece. Também conversei comum turista que se diz muito satisfeito por estar nes-te ambiente natural e belíssimo.

Durante a minha visita à Pousada, conversei mui-to com Herbert Luiz da Costa, conhecido como “Bill”.Ele e é motorista e se diz contente com o trabalho.Para “Bill” é um lugar tranqüilo. Às margens da Re-presa, o motorista, que conhece bem o local, nosmostrou filhotes de Tucunaré e outras espécies depeixes e a beleza natural daquele lugar nos indicouque vai muito além de um simples trabalho, é o gos-tar.

Outro que retira seu sustento por meio da opor-tunidade de trabalho na Pousada Ribeirão do Boi é osenhor De Jonas, que há três anos exerce a funçãode encarregado de serviços gerais. Ele também de-monstra satisfação, principalmente pela chance deconhecer pessoas diferentes. De Jonas conta que oturista é sempre simpático e que é um lugar lindo ecalmo para se trabalhar. Ele veio pra ficar apenas trêsdias e já está a três anos na Pousada. Como suas pró-prias palavras já dizem: “É o lugar pra descansar amente. Tá nervoso vem pescar”.

Não só os mais velhos ganham a vida como em-pregados das pousadas. O jovem Armando Mendesda Silva é um exemplo de oportunidade para os maisjovens. Armando tem 18 anos e trabalha a seis me-ses na pousada. “É uma experiência muito boa, numlugar empolgante ao lado de ótimas pessoas, os hós-pedes são maravilhosos. Trabalhar neste cenário nãotem preço”, elogia. Armando tenta tratar o turistacomo ele merece. “Com muito amor e carinho para

Funcionários de pousadas às margensda represa também tiram sua renda

que ele adote esse lugar e saia com a melhor im-pressão”, completa.

Outro funcionário, Paulo Alexandre de SouzaBenevides diz que, desde criança, foi criado nas mar-gens do Rio São Francisco, local onde pescou e tra-balhou em pousadas. Paulo também procura aten-der os hóspedes com muita atenção. Levá-los noslocais preparados para a pesca, com uma boa ceva,assim Paulo Alexandre se sente feliz e é isso quequer fazer o resto da vida.

O turista Renato Velesiano de Melo, de Belo Ho-rizonte, esteve pela primeira vez com a família na

Ribeirão do Boi. “Estou adorando o local, gosto depescaria, a esposa e as crianças gostam de piscina, acomida é maravilhosa e ainda fomos muito bemrecepcionados. Estamos no lugar certo, a Pousada énota 10”, avalia Renato, que garantiu voltar outrasvezes.

Todos os funcionários entrevistados demonstra-ram satisfação em trabalhar numa pousada situadaàs margens da Represa de Três Marias. Eles convi-dam todas as pessoas a visitar o Lago, nossa maiorbeleza natural. Infelizmente é mais valorizado pe-los turistas do que pelos próprios moradores.

04

Equipe de funcionários da pousada garante bom atendimento e respeito aos turistas

Page 5: Especial "Na represa, o olhar dos meninos"

Localizada a 9,5km da Rodo-via BR 040, próximo ao BairroProfessor Jhonsen em TrêsMarias-MG,a Pousada Ribeirãodo Boi tem uma extensão de 40mil metros quadrados, às mar-gens da Represa de Três Marias.Em funcionamento desde 2004,a Pousada oferece conforto, lazere descanso aos turistas e visitan-tes. Conversei com o proprietá-rio Wanderlúcio José Amaral,para saber um pouco mais sobrea história da Pousada, que se tor-nou um grande ponto turístico dacidade e um exemplo de ativida-de econômica, gerada através doturismo.

Welison Lourenço:Wanderlúcio, como tudo come-çou?

Wanderlúcio Amaral: Quemrealmente fez a pousada foi oÉlcio, depois ele fez uma negoci-ação com a AABB (AssociaçãoAtlética do Banco do Brasil ) deTrês Marias, e hoje a AABB é adona do imóvel da pousada, quearrendou o imóvel pra mim.

Bom não foi da minha época,mais pelo que eu conversei com oantigo proprietário, foi um traba-lho bem audacioso, bemcriterioso e inteligente, ele tevemuita dificuldade, porque parafazer uma beleza dessas num lo-cal desses tem que fazer pratica-mente uma operação formigui-nha, porque caminhão não vemaqui, então ele teve que fazertudo no carrinho de mão mesmo,essa parte do tijolinho. As partesrústicas são todas de madeira delei. Houve alguns problemas comórgãos ambientais, mas ele con-seguiu a licença, e esta aí essabeleza que todos podem ver.

W.L: Como foi a escolha des-se nome?

W.A: Foi por causa de um rioque se chama Ribeirão do Boi,aqui é um braço desse Rio, quenasce lá no Morro da Garça edeságua aqui, por isso foi escolhi-do esse nome.

W.L: Há quanto tempo vocêesta na pousada?

W.A: Desde maio de 2010 tra-balhei de gerente, quando foi fa-zer a nova parceria, o pessoal da

Pousada Ribeirão do Boi emsintonia com a natureza

Por Welison Lourenço

AABB me perguntou se eu tinhainteresse em tocar o empreendi-mento, porque eles não tinhaminteresse. Eu disse que se a genteentrasse num acordo eu teria in-teresse sim, porque é uma coisaque eu acredito, é uma coisa queeu sei que dá resultado e graçasa Deus está indo bem.

W.L: Quantos funcionários apousada tem hoje?

W.A: Temos 18 funcionários,entre garçons, cozinheira, recep-cionista e serviços gerais.

W.L: Como funciona o mo-vimento aqui durante o ano?

W.A: Eu tenho feito um tra-balho com o Groupon, que é umsite com sistema de vendas cole-tivas. Eles fizeram a divulgaçãopara mim e acabou vendendomuito, por meio do Groupon efora dele também. Muita genteainda não acredita no Groupon,acabam ligando e comprandofora desse grupo. Mas é um tra-balho muito bom, dá realmenteresultado, fim de semana eu nãotenho problemas, Carnaval já es-tava esgotado, Semana Santa jáestá praticamente esgotado, oúnico problema que eu tenho ain-da é o meio da semana, mas con-tinuo com um trabalho pra lotara semana toda.

W.L: Quando o turista ligapara a pousada, o que eles maisprocuram?

W.A: Procuram de tudo, nes-sa época de Piracema, por exem-plo, perguntam se podem pescar,se podem levar o peixe. A pousa-da não restringe, o que nos faze-mos é explicar que existem LeisAmbientais, para procurarem noórgão ambiental, nos sites sobrea quantidade e tamanho de pei-xe que podem ser pescados. Se

tem carteirinha de pescador, in-dicamos vários telefones de“piloteiros”, e eles mesmo en-tram em contato. Tem turista queprocura pesca e descanso, espor-te aquático e outros que vem paramergulhar.

W.L: Quais as opções delazer que a Pousada oferece?

W.A: A Pousada está muitoligada à Represa. Se chove, difi-culta muito porque as pessoasvem aqui procurando pescar enadar. O lazer depende tanto daPousada quanto da pessoa, temgente que traz lanchas, jetski, asvezes o próprio turista faz o lazerdele. Eu tenho um grande inte-resse em fazer parceria com al-guém que possa tirar o hóspededa Pousada e levá-lo em cachoei-ras para aumentar o lazer do hós-pede, mas infelizmente não es-tou conseguindo esse profissionalem Três Marias. As pessoas pro-curam muito isso, mesmo porqueno site temos várias fotos de ca-choeiras, só aqui no canal do Ri-beirão do Boi tem seis cachoei-ras, mais ainda não tenho a pes-soa adequada para isso, tem queser alguém que entenda de esca-lada, que tenha os equipamentosadequados e até seguro, para ohóspede ficar bem tranquilo como passeio.

W.L: Qual é a lotação máxi-ma da Pousada?

W.A: Temos 19 acomodações,a lotação máxima é de 85 pesso-as, mas é difícil ter a lotação má-xima, porque temos acomoda-ções para seis, cinco pessoas.

W.L: Tem um público especi-fico?

W.A: Não, vem família, vemamigos para pescar, vem pessoas

Sim, quando as pessoas veem as fotos do site onde apare-ce a agua a 30 centímetros para chegar ao piso do chalé, émaravilhoso, todo mundo quer vir aqui quando a agua estanessa posição, só que a pousada está localizada num localabençoado por Deus, quando a agua fica baixa revela umapaisagem de pedras naturais, que tem seu diferencial, noréveillon colocamos tochas no local, pra se ter uma ideia veioaqui no réveillon também um helicóptero, que pousou bemnaquele local e fez passeios com os hospédes, se a represativesse cheia não teria menor possibilidade dele pousar próxi-mo da pousada, ia ter que descer lá em cima e ia acabar fican-do ruim pras pessoas irem até lá, ficou muito bacana descen-do na frente dos chalés.

para tratar de negócios, as vezesas pessoas querem sair dos gran-des centros pra tratar de negóci-os com tranquilidade, passam ofim de semana, tem lugar que nãotem sinal de celular, para quemesta querendo sossego é um fa-tor que ajuda muito.

W.L: Seu púbico é externo?W.A: O público aqui é 100%

externo, vem pouca gente de TrêsMarias. Acham que aqui é muitocaro que não é para as pessoasdaqui, mas não tem nada disso,nossos preços são de mercado,talvez tenha até preços melho-res do que outros hotéis aqui emTrês Marias. Está aberta ao pú-blico, quem quiser passar o diaaqui sem se hospedar pode. Noentanto, estou passando a teroutro problema, final de semanae feriado, tenho que limitar a en-trada pelo tamanho do públicoque está procurando.

W.L: Nós temos, ao longo daRepresa, algumas outras pou-sadas. A Represa oferece essadiversidade, você acha queoutras pousadas deste portepodem surgir e se tornar mo-delo, por exemplo, como acon-tece no Lago de Furnas?

W.A: Eu acredito que, se hoje,tivesse mais umas cinco pousadasao lado da Ribeirão do Boi, seriaaté melhor para mim porque, porexemplo, hoje temos três piers,um para embarcação, um paralazer e outro para pesca. A pes-soa que tem uma lancha, quersair de um ponto e ir para outro,hoje ela só tem mais três opçõesde parada: Clube Náutico, PraiaMar de Minas e Hotel e Restau-rante Grande Lago. A pessoa querdar uma voltinha por onde tenha

outras pessoas, se tivesse outraspousadas teriam bem mais op-ções. Quando o turista liga e jáestamos lotados, ficam pedindoque indique outro hotel, que se-melhante. Aí falo que igual aomeu não vai ter não, mais a gen-te indica hotéis do centro, indicao Canto do Rio, indica o Grandelago e vários outros. Não temosrestrições de indicar outros commedo de perder hóspedes, por-que ele vai ficar em outro, mas seele não conhece vai querer co-nhecer aqui.

W.L: Mas você tem conheci-mento de alguma pousada sur-gindo?

W.A: No caminho aqui da Pou-sada, pela estrada de terra temuma porteira, eu já ouvi falar queé uma pousada, mas não tenhocerteza.

W.L: Você tem interesse emampliar a Pousada?

W.A: A ampliação da pousadadepende da AABB, e eu não seise eles tem esse interesse, porparte minha eu tenho muito in-teresse que eles ampliem.

W.L: O que representa a Re-presa pra você?

W.A: Para mim representatudo, eu acho que se você chegarno centro de Três Marias e fizeresta mesma pergunta, a maioriada pessoas vão responder que nãorepresenta nada, mais se as pes-soas passassem a olhar isso comoutros olhos por exemplo, se vocêperguntar se elas sabem que nocanal do Ribeirão do Boi tem seiscachoeiras, todos vão responderque não, e todas tem acesso porágua e por terra, as pessoas nãotem conhecimento da beleza queexiste na Represa de Três Marias.

05

Page 6: Especial "Na represa, o olhar dos meninos"

tão de pessoal.De acordo com Heuler Leone Rocha,

professor de Educação Ambiental doProjeto Versol, o objetivo é capacitaros alunos, principalmente os matricu-lados em escolas públicas do municí-pio de Três Marias e região.

Em 2010, ano em que o projeto co-meçou a funcionar, aconteceram duasatividades de destaque. O 29 º Cam-peonato Centro-Oeste da Classe Laser,organizado em parceria com a Cemig,Prefeitura de Três Marias, Projeto Graele Associação Brasileira de Classe Laser(ABCL). O campeonato envolveuvelejadores das categorias Standard,Radial e 4.7 e foi válido para o rankingnacional. A segunda atividade foi a 1ªCopa Versol, disputada pelas classesDingue e Optimist, barcos parainiciantes no iatismo. Os participantesforam os alunos do projeto. Foi a pri-meira vez que a Represa de Três Mariascontou com campeonatos oficiais deiatismo.

As competições e o funcionamen-to da escola de barco à vela têm con-tribuído para que o reservatório de TrêsMarias ganhe maior visibilidade e re-conhecimento na prática de esportesnáuticos. Tanto que, em janeiro de2012, a cidade sediou o 38° Campeo-nato Brasileiro da Classe Laser, com apresença de grandes velejadores bra-sileiros. Os alunos e instrutores doVersol e moradores de Três Marias,Heuler Leone Rocha, Anderson Lopese Lucas Rocha, tiveram a oportunida-de de participar da competição, ao lado

Projeto Versol: Iatismo enáutica capacitam jovens para

o mercado de trabalhoPor Júnior Ribeiro da Rocha

O Projeto Versol (Vela Remo Res-ponsabilidade Socioambiental e Lazer)teve início em 2010, fruto de uma par-ceria entre Cemig (CompanhiaEnergética de Minas Gerais), InstitutoRumo Náutico (Projeto Grael) e Prefei-tura Municipal de Três Marias. Os ob-jetivos são proporcionar a iniciaçãoesportiva, profissionalizante e educa-ção complementar.

Atualmente, o projeto Versol bene-ficia 230 jovens, entre nove e 24 anos,no município de Três Marias-MG, compráticas de esportes náuticos, comovela (classes Dingue e Optimist) remo, natação e ainda aulas de edu-cação ambiental com práticas deecoturismo. Estas atividades aconte-cem na Praia Mar de Minas de segundaa sexta-feira, de 08h as 10h30 e de 14has 16h30.

O projeto conta com uma equipe deprofissionais em cada área. FernandaMaciel (professora de natação e coor-denadora do projeto), Geilene(monitora de natação), Núbia (profes-sora de vela), Marmi (monitor de vela),Anderson (professor de mecânica ná-utica e remo), Lívio (monitor de remo),Jocean e Denilson (apoio de rampa) enosso entrevistado Heuler Leone Ro-cha (professor de EducaçãoAmbiental). Todos recebem remune-ração, o que nos leva a constatar que oLago de Três Marias garante uma fontede renda para esses profissionais.

Da equipe de professores emonitores, três foram alunos do pro-jeto, Heuler, Lívio e Denilson. Eles sedestacaram e foram contratados paratrabalhar, existe uma dificuldade emencontrar profissionais dessas áreasem Três Marias e região. Além dos alu-nos que ingressaram na equipe de co-ordenação, outros dois, Misael eGabriel, foram inseridos no mercadode trabalho por meio do ProjetoVersol.

A Cemig financia as atividades doVersol, com infra-estrutura adequadae qualificação pessoal. A Companhiatambém participa da gestão comparti-lhada do Projeto. Cabe à PrefeituraMunicipal de Três Marias disponibilizaro local e a manutenção da sede do Pro-jeto com estrutura paraarmazenamento de barcos e espaçosde lazer. A prefeitura também forneceo transporte aos alunos. O InstitutoRumo Náutico (Projeto Grael) executae planeja as atividades, define o ma-terial de suporte (incluindo equipa-mentos, material e infraestrutura ne-cessária) e realiza a contratação e ges-

dos principais nomes da vela nacional.Mais que uma oportunidade de

aprender, o Projeto Versol possibilitaa inserção no mercado de trabalho egarante o sustento dos profissionaisenvolvidos na equipe de professores,treinadores e monitores. É a Represa

de Três Marias que beneficia e gerarenda, como acontece com vários mo-radores da cidade, que executam ou-tros tipos de atividades.

O Versol também insere jovens nomercado de trabalho, formando-os emoutras áreas.

06

Page 7: Especial "Na represa, o olhar dos meninos"

Por Hayla Camila Lopes

Maria Geralda Jales de Almeida éprofessora, junto com o maridoJanísio “baiano”, administra a BarracaVelho Chico, também localizada naPraia Mar de Minas, às margens daRepresa de Três Marias. Para ela, apraia é um local para se acalmar ,depois das aulas de matemática queleciona na Escola Municipal GeraldaMárcia Pereira Gonçalves.

A professora conta que tudo come-çou há quase um ano, quando umaamiga precisava de alguém para inves-tir na barraca. Ficou combinado queMaria Geralda entraria com o capital esua amiga com o trabalho.

Em pouco tempo, uma semana de-pois, o lucro com a nova parceria eramenor do que o esperado e a amigade Maria Geralda decidiu se retirardo negócio. A professora gostou donovo trabalho. Ela conta que vinha deuma experiência com mais de vinteanos em um bar que o marido possuíana cidade. Então, o novo sócio da bar-raca foi ninguém menos do que o ma-rido Janísio. Hoje, o casal é o atual pro-prietário da barraca Velho Chico.

A preocupação de Maria Geralda éa mesma que a maioria dos proprietá-rios de barracas na praia. Ela pede queos trimarienses valorizem mais o lo-cal. “Precisamos cuidar e preservar anossa Praia Mar de Minas”, alerta a pro-fessora, que também faz um apelo àsautoridades. É preciso ter mais cuida-do com os donos de barracas na praia,muitos as tem como única renda, porisso tem que trazer mais eventos paracá, isso ajuda a aumentar o turismo”,

Da sala de aula para as barracas

declara.“Eu costumo falar que isso aqui

pra nós de Três Marias é assim: Vocêvê um quadro lindo, e você compraaquele quadro, leva e coloca na pa-rede. Aí, vai passando os anos vocênão percebe aquele quadro mais, nãoenxerga mais ele. Até que alguémchega e fala assim ‘Nossa mais que

quadro lindo’. Aí você olha pro qua-dro de novo e fala ‘Realmente, ele élindo mesmo’. Você consegue ver abeleza através dos olhos de outraspessoas . Isso aqui pra mim é isso” -Diz orgulhosa Dona Maria Geralda.

Durante a entrevista vi que a barra-ca de Maria Geralda não era apenasuma renda extra, ela também ama o

que faz. Percebi isso, porque ela via apraia de um jeito diferente, porqueela também olhava as barraquinhasda praia de um jeito diferente, eladiz que as barraquinhas tem umcharme especial.

E logo Depois da entrevista, olheipara aquele quadro lindo e voltei a vera beleza da Praia Mar de Minas.

07

“Como um quadro lindo”, asssim Maria Geralda define o cenário do Terminal Turístico Praia Mar de Minas

Professora Maria Geralda cobra mais atenção para os barraqueiros da praia Movimento nas barraquinhas da praia aumenta durante eventos, inclusive á noite

Page 8: Especial "Na represa, o olhar dos meninos"

Sr. Mahmud exibe umaenorme “Curimba”

Mahmud Lauar (79), filho de Libanês, natural de Setubinha, cidade do interiorde Minas Gerais, localizada a 580 km da

capital Belo Horizonte. Senhor Mahmud mudou paraTrês Marias em 1972. Começou a pescar com seusirmãos e nunca mais parou. Todas as manhãs, que éo melhor horário para pescaria e ao entardecer, senão estiver ventando, ele vai para a represa pescar.“Se estiver ventando não vou pescar, porque a re-presa fica perigosa”, afirma Mahmud.

Na época da Piracema (período de reproduçãodos peixes, que ocorre entre os meses de outubro amarço, é proibida a pesca) Senhor Mahmud respeitaas regras e, neste período, não pesca na represa.Segundo o descendente de libanês, a melhor épocapara a pesca, é quando a represa está cheia, no perí-odo após a Piracema. Os mais pescados na represa,de acordo com Mahmud, são o Piau, Curimba,Matrinxã e Traíra.

Sobre a influência da lua na pesca ele diz: “Na luanova geralmente começa a ventar e o vento atrapa-lha, é melhor pescar na lua cheia e lua crescente”.Para este antigo pescador, a represa hoje está muitoexplorada, não se pesca a mesma quantidade depeixe que pescava antigamente. Ele lamenta que amaioria das pessoas não dá valor a represa. “Quandovocê olha aquele mar de água, você descansa. Paramim o melhor lugar de Três Marias é a represa, olugar mais bonito que existe. Nós pescadores ama-dores respeitamos a represa, respeitamos aPiracema, quando é a época não vamos pescar”, con-ta Mahmud Lauar, um dos pescadores mais antigos etradicionais da cidade.

Na casa dele, estão várias fotos de pescarias his-tóricas que realizou no Lago de Três Marias. Exibindobelos e grandes peixes, uma das fotografias chama aatenção, pois vem ao lado de um verso inspirador:

“Quando o azul do céu refleteNo espelho das águas do lagoTeu barco eleva as ondasNum quadro raro, comovente e puro”Outro pescador tradicional na represa é o

paraibano Manuel Messias da Silva, 44, mais conhe-cido como “Manu”. Ainda criança, se mudou daParaíba para o município vizinho de Morada Nova deMinas, que também teve parte alagada pelas águasda Represa de Três Marias. Aos 12 anos chegou a TrêsMarias com sua família. Filho de um pescador, Manusempre gostou de pescar desde pequeno e trabalhacomo pescador profissional há 30 anos. Para esteparaibano de poucas palavras, a melhor época para apesca é o verão. Gosta de pescar perto das veredas e

da praia. Os mais pescados, se-gundo Manu, são o Tucunaré,a Traíra, Piau, Corvina,Curimba, Piranha Vermelhae Piranha Branca. Vive dapesca e da barraca que possuina Praia Mar de Minas a oitoanos, local onde vende seuspescados para os turistas epara a população local. Eleafirma que o peixe maispedido é o Tucunaré.

Nos feriados e princi-palmente na época doCarnaval o movimentode turistas aumenta, oque possibilita lucrosmaiores nas vendasde peixes e outrosprodutos da barraca. “Arepresa representa pramim muitas coisas boas,possuem muitos peixes,muitas riquezas, a represa é omelhor que tem aqui”, elogiaManu.

Wemerson (34), tambémé pescador na represa deTrês Marias desde os 14 anos.Seus pais são pescadores, nas-ceu e foi criado na pesca. Alémda atividade pesqueira, traba-lha a dois anos em sua barracana praia, ao lado da esposa. O casal vende produtosinfláveis como bóias e brinquedos para a diversão

Pescadores que falama língua dos peixes

Por Isa Maria Lima Campos

na água. E ainda comercializam gelo, coco, por-ções de peixes e bebidas. Wemerson con-

ta que os pescados mais pedidos pe-los clientes são o Tucunaré, Filé deTilápia, Curimatã e Dourado.

Ele pesca diariamente com rede demalha, arma a rede em um dia e nooutro faz a despesca (a colheita ou re-tirada dos peixes das malhas ao alcan-

çarem o peso de mercado ou de con-sumo). A quantidade de peixes pes-cados diariamente varia de acordocom a época, a altura e a temperatu-ra da água. A lua também é um fatorimportante para os pescadores. “Nósque pescamos com rede, preferimosa lua minguante e crescente”, afir-ma. Além de vender os peixes nabarraca, Wemerson é procurado porclientes de toda a região. “Já foi me-lhor, hoje para sobreviver da pesca

ficou muito difícil”, lamenta. A repre-sa para ele representa muita coisa.“Tudo o que temos hoje é através des-sa maravilha que é o reservatório”, dizWemerson, que pretende ensinar aosseus filhos a preservação e os cuidados

com a represa. Fala também sobreconscientizar as pessoas sobre a preser-

vação, porque as pessoas só visam os lu-cros, vender e em captar dinheiro e se es-quecem de cuidar da preservação do lago.“Para explorar, a gente tem que cuidar

também, alerta.

Wemerson e a esposa vendem peixes e produtos infláveiscomo bolas e bóias

Aos 12 anos de idade, “Manu” chegou em Três Marias.Desde então pesca na represa