especial estadão "brasil conectado" - parte 3

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2015 Economia B13 Se a população sofre os efeitos dos problemas do setor público, por que ela própria não pode partici- par das soluções? O governo de São Paulo lançou uma iniciativa que visa justamente detectar, jun- to a micro e pequenas empresas, soluções tecnológicas para desa- os enfrentados pela administra- ção pública. “O mundo dos negócios está fa- zendo isso com sucesso, então esta ferramenta também pode ser útil para o governo”, argumenta a sub- secretária de Parcerias e Inovação do governo estadual, Karla Ber- tocco Trindade. Secretarias e outros órgãos da administração paulista seleciona- ram 35 dificuldades, que serão apresentadas na primeira edição do Pitch Gov SP. Startups poderão oferecer produtos ou serviços que possam superar tais dificuldades. Os desafios incluem melhoria do transporte escolar e diminuição do número de faltas em consultas ou procedimentos agendados. “O objetivo é que as propostas gerem economia para o governo ou ganhos para o cidadão – como redução no tempo de espera para exames”, afirma a subsecretária. “Com a ajuda da sociedade civil, esperamos encontrar essas solu- ções com muito mais agilidade.” As empresas que estiverem in- teressadas em participar podem se inscrever até 18 de outubro no site www.pitchgov.sp.gov.br. Em 17 de novembro, 15 propostas finalistas serão apresentadas a representantes do governo esta- dual. Os melhores protótipos po- dem se tornar políticas públicas em São Paulo. Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão CIDADANIA.COM INICIATIVAS PÚBLICAS VISAM DEMOCRATIZAR ACESSO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS EM TODO O PAÍS E FACILITAR A INCLUSÃO EM PLENA ERA DIGITAL D isseminar as moder- nas tecnologias da informação, em uma sociedade em que o conhecimento é pro- tagonista, também é uma forma de garantir cidadania. E o poder público tem papel fundamental nisso. Em um país de dimensões con- tinentais como o Brasil, governo fede- ral, estados e municípios se mobilizam para tentar garantir a inclusão digital de uma parte da população que ainda desconhece os benefícios oferecidos por essa janela aberta para o mundo. No âmbito federal, o governo se articula para implantar, em 2016, a Política Nacional de Inclusão Digital. A iniciativa terá quatro eixos: prover infraestrutura de internet e tecno- logias de informação e comunicação (TICs), geração de conhecimento, articulação de redes colaborativas e governança do sistema. O diálogo entre poder público e sociedade civil também começa a ser desenhado. As metas são revitalizar pontos de inclu- são digital e ampliar a infraestrutura de acesso à rede. As ações serão implementadas por meio do programa Banda Larga para Todos e do trabalho dos Centros de Recondicionamento de Computado- res. O primeiro tem como enfoque a expansão de redes de fibra óptica, que hoje chegam a menos da metade dos municípios brasileiros. Já o segundo é parte do projeto Computadores para Inclusão, voltado para a capacitação de jovens de baixa renda. O programa tem laços estreitos com a educação, já que os computadores reformados são ce- didos para escolas, bibliotecas e outros projetos de inclusão digital. Estabelecer uma conexão entre empreendedorismo e inclusão digital também figura entre os objetivos fede- rais. Uma das iniciativas para viabilizar essa ligação é o Concurso de Aplicati- vos e Jogos Eletrônicos (INOVApps), que está em sua segunda edição. Dos 933 projetos de aplicativos e jogos inscritos neste ano, 529 foram Tecnologia a serviço de SP 600 municípios paulistas são abrangidos pelo Acessa SP 54% dos usuários do programa utilizam os postos para buscar emprego 2 salários mínimos é o teto de renda familiar da maioria dos cadastrados no projeto PRODUZIDO POR BRASIL CONECTADO O papel das empresas A responsabilidade no combate à ex- clusão digital não deve ficar restrita ao poder público. A atuação do se- tor privado é decisiva para ampliar o acesso dos mais pobres às tecnologias da informação e da comunicação. Uma das ações de destaque nessa área é a do Comitê para a Democra- tização da Informática (CDI), orga- nização não governamental cuja pro- posta central é usar a tecnologia como instrumento de transformação social. Desde 1995, a entidade impactou mais de 1,64 milhão de pessoas. A rede dispõe de 842 espaços de in- clusão digital e opera em 15 países. Os focos são comunidades de baixa renda, escolas públicas, peniten- ciárias e aldeias indígenas, entre outros. Para isso, o apoio de multi- nacionais como Microsoft e Arce- lorMittal foi fundamental. “O papel do setor privado é essen- cial para levar banda larga e outros serviços a todos as pessoas do mun- do”, afirmou o secretário-geral da União Internacional de Telecomuni- cações, Hamadoun Touré, em confe- rência da entidade, no ano passado. A atuação do setor privado pode se dar por investimento em seu próprio negócio – no caso das companhias que atuam no ramo –, doação de compu- tadores a escolas, capacitação de pro- fessores da rede pública e incentivo ao voluntariado dos funcionários. “As empresas podem ainda apoiar a iniciativa de digitalização de conteú- dos. Inclusão pressupõe conteúdos em língua portuguesa, e ainda há muita coisa fora da internet”, avalia o consul- tor em tecnologia Carlos Seabra. Incluir digitalmente não significa apenas garantir acesso às tecnolo- gias. Deve-se investir em conheci- aprovados e continuam na dispu- ta pela premiação. Cem projetos de aplicativos para smartphones e TVs conectadas receberão R$ 50 mil cada um. A ideia é estimular a criação de no- vas empresas e consolidar a produção científica e tecnológica da área. SÃO PAULO CONECTADO As ini- ciativas de combate à exclusão digital também ganham outras esferas. No estado mais rico do País, por exem- plo, o governo implantou, em 2000, o Acessa São Paulo. A finalidade é ajudar no desenvolvimento social, cultural, intelectual e econômico dos paulistas, facilitando o acesso às novas tecnologias da informação e comunicação, conforme a descrição do programa, coordenado pela Sub- secretaria de Tecnologia e Serviços ao Cidadão. “O posto do Acessa SP é um lugar importante para encontrar uma opor- tunidade no mercado de trabalho, mas não só pela chance de fazer e publicar um currículo na web, como também por ter acesso a uma rede de pessoas”, enfatiza a assistente administrativa da Subsecretaria de Tecnologia e Serviços ao Cidadão do Estado de São Paulo, Ci- bele Franzese. Para colocar em prática a proposta, o projeto mantém espaços públicos com computadores e acesso gratuito à internet. Ao todo, são 851 postos em funcionamento, distribuídos por 600 municípios paulistas. Dos cerca de três milhões de usuários registrados, 40% têm entre 15 e 29 anos. Mais da meta- de (54%) utiliza os postos para buscar emprego, e 76% têm renda familiar de até dois salários mínimos. “Buscamos uma trilha de conteúdos e links que contribua para o desenvol- vimento dos que buscam um lugar no mercado de trabalho”, completa a as- sistente administrativa, que compara ainda a oportunidade oferecida pelo programa a uma “janela para o mundo.” PROJETO PREMIADO No âmbi- to municipal também há exemplos de iniciativas públicas de acesso às novas tecnologias. Em Cascavel (PR), por exemplo, o Projeto Ensino de Progra- mação para alunos do 4º e 5º ano do ensino fundamental ganhou destaque nacional ao conquistar, no ano passa- do, o prêmio ARede de Inclusão Digi- tal, na categoria Capacitação e Forma- ção, modalidade Setor Público. A iniciativa teve início em 2012, com o treinamento de instrutores de in- formática. No ano seguinte, o projeto começou a ser aplicado nas escolas do município. Segundo a prefeitura de Cascavel, a cidade também investe no projeto Escola.com, disponibilizando netbooks para trabalhos em aula. Um dos objetivos é promover o ensino da programação de forma lúdica. Pressmaster/Shutterstock mento. Esse é o princípio adotado pelas Casas Bahia ao lançar o projeto “Amigos do Planeta – Inclusão Digi- tal" em 2009. Inicialmente, um caminhão foi transformado em escola itinerante de informática. O projeto cresceu e pas- sou a oferecer também cursos de qua- lificação profissional. Foi rebatizado como “Aprender e Transformar”. Mais de 45 mil famílias em 47 cida- des já foram beneficiadas, segundo a Via Varejo, que administra as Casas Bahia. “Nós crescemos e nos desen- volvemos junto com os brasileiros”, diz a diretora-executiva de marke- ting da Via Varejo, Flávia Altheman. Outro programa focado em qualifi- cação é o Escolas Rurais Conectadas, voltado para a formação de educa- dores por meio de uma plataforma on-line. O projeto, que conta com laboratórios de experimentação em Viamão (RS) e Vitória de Santo An- tão (PE), é desenvolvido pela Fun- dação Telefônica Vivo. A iniciativa já conectou mais de 9,5 mil colégios e formou cerca de 2 mil professores, impactando mais de 45 mil alunos até julho deste ano.

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2015 Economia B13

Se a população sofre os efeitos dos problemas do setor público, por que ela própria não pode partici-par das soluções? O governo de São Paulo lançou uma iniciativa que visa justamente detectar, jun-to a micro e pequenas empresas, soluções tecnológicas para desa-fi os enfrentados pela administra-ção pública.

“O mundo dos negócios está fa-zendo isso com sucesso, então esta ferramenta também pode ser útil para o governo”, argumenta a sub-secretária de Parcerias e Inovação do governo estadual, Karla Ber-tocco Trindade.

Secretarias e outros órgãos da administração paulista seleciona-ram 35 difi culdades, que serão apresentadas na primeira edição do Pitch Gov SP. Startups poderão oferecer produtos ou serviços que possam superar tais difi culdades.

Os desafi os incluem melhoria do transporte escolar e diminuição do número de faltas em consultas ou procedimentos agendados.

“O objetivo é que as propostas gerem economia para o governo ou ganhos para o cidadão – como redução no tempo de espera para exames”, afi rma a subsecretária. “Com a ajuda da sociedade civil, esperamos encontrar essas solu-ções com muito mais agilidade.”

As empresas que estiverem in-teressadas em participar podem se inscrever até 18 de outubro no site www.pitchgov.sp.gov.br. Em 17 de novembro, 15 propostas fi nalistas serão apresentadas a representantes do governo esta-dual. Os melhores protótipos po-dem se tornar políticas públicas em São Paulo.

Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão

CIDADANIA.COMINICIATIVAS PÚBLICAS VISAM DEMOCRATIZAR ACESSO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS

EM TODO O PAÍS E FACILITAR A INCLUSÃO EM PLENA ERA DIGITAL

D isseminar as moder-nas tecnologias da informação, em uma sociedade em que o conhecimento é pro-tagonista, também é

uma forma de garantir cidadania. E o poder público tem papel fundamental nisso. Em um país de dimensões con-tinentais como o Brasil, governo fede-ral, estados e municípios se mobilizam para tentar garantir a inclusão digital de uma parte da população que ainda desconhece os benefícios oferecidos por essa janela aberta para o mundo.

No âmbito federal, o governo se articula para implantar, em 2016, a Política Nacional de Inclusão Digital. A iniciativa terá quatro eixos: prover infraestrutura de internet e tecno-logias de informação e comunicação (TICs), geração de conhecimento, articulação de redes colaborativas e governança do sistema. O diálogo entre poder público e sociedade civil também começa a ser desenhado. As metas são revitalizar pontos de inclu-são digital e ampliar a infraestrutura de acesso à rede.

As ações serão implementadas por meio do programa Banda Larga para Todos e do trabalho dos Centros de Recondicionamento de Computado-res. O primeiro tem como enfoque a expansão de redes de fi bra óptica, que hoje chegam a menos da metade dos municípios brasileiros. Já o segundo é parte do projeto Computadores para Inclusão, voltado para a capacitação de jovens de baixa renda. O programa tem laços estreitos com a educação, já que os computadores reformados são ce-didos para escolas, bibliotecas e outros projetos de inclusão digital.

Estabelecer uma conexão entre empreendedorismo e inclusão digital também fi gura entre os objetivos fede-rais. Uma das iniciativas para viabilizar essa ligação é o Concurso de Aplicati-vos e Jogos Eletrônicos (INOVApps), que está em sua segunda edição.

Dos 933 projetos de aplicativos e jogos inscritos neste ano, 529 foram

Tecnologia a serviço de SP

600municípios paulistas

são abrangidos pelo Acessa SP

54%dos usuários

do programa utilizam os postos para

buscar emprego

2salários mínimos

é o teto de renda familiar da maioria

dos cadastrados no projeto

P R O D U Z I D O P O R

BRASIL CONECTADO

O papel das empresasA responsabilidade no combate à ex-clusão digital não deve fi car restrita ao poder público. A atuação do se-tor privado é decisiva para ampliar o acesso dos mais pobres às tecnologias da informação e da comunicação.

Uma das ações de destaque nessa área é a do Comitê para a Democra-tização da Informática (CDI), orga-nização não governamental cuja pro-posta central é usar a tecnologia como instrumento de transformação social.

Desde 1995, a entidade impactou mais de 1,64 milhão de pessoas. A rede dispõe de 842 espaços de in-

clusão digital e opera em 15 países. Os focos são comunidades de baixa renda, escolas públicas, peniten-ciárias e aldeias indígenas, entre outros. Para isso, o apoio de multi-nacionais como Microsoft e Arce-lorMittal foi fundamental.

“O papel do setor privado é essen-cial para levar banda larga e outros serviços a todos as pessoas do mun-do”, afi rmou o secretário-geral da União Internacional de Telecomuni-cações, Hamadoun Touré, em confe-rência da entidade, no ano passado.

A atuação do setor privado pode se

dar por investimento em seu próprio negócio – no caso das companhias que atuam no ramo –, doação de compu-tadores a escolas, capacitação de pro-fessores da rede pública e incentivo ao voluntariado dos funcionários.

“As empresas podem ainda apoiar a iniciativa de digitalização de conteú-dos. Inclusão pressupõe conteúdos em língua portuguesa, e ainda há muita coisa fora da internet”, avalia o consul-tor em tecnologia Carlos Seabra.

Incluir digitalmente não signifi ca apenas garantir acesso às tecnolo-gias. Deve-se investir em conheci-

aprovados e continuam na dispu-ta pela premiação. Cem projetos de aplicativos para smartphones e TVs conectadas receberão R$ 50 mil cada um. A ideia é estimular a criação de no-vas empresas e consolidar a produção científi ca e tecnológica da área.

SÃO PAULO CONECTADO As ini-ciativas de combate à exclusão digital também ganham outras esferas. No estado mais rico do País, por exem-plo, o governo implantou, em 2000, o Acessa São Paulo. A fi nalidade é ajudar no desenvolvimento social, cultural, intelectual e econômico dos paulistas, facilitando o acesso às novas tecnologias da informação e comunicação, conforme a descrição do programa, coordenado pela Sub-secretaria de Tecnologia e Serviços ao Cidadão.

“O posto do Acessa SP é um lugar importante para encontrar uma opor-

tunidade no mercado de trabalho, mas não só pela chance de fazer e publicar um currículo na web, como também por ter acesso a uma rede de pessoas”, enfatiza a assistente administrativa da Subsecretaria de Tecnologia e Serviços ao Cidadão do Estado de São Paulo, Ci-bele Franzese.

Para colocar em prática a proposta, o projeto mantém espaços públicos com computadores e acesso gratuito à internet. Ao todo, são 851 postos em funcionamento, distribuídos por 600 municípios paulistas. Dos cerca de três milhões de usuários registrados, 40% têm entre 15 e 29 anos. Mais da meta-de (54%) utiliza os postos para buscar emprego, e 76% têm renda familiar de até dois salários mínimos.

“Buscamos uma trilha de conteúdos e links que contribua para o desenvol-vimento dos que buscam um lugar no mercado de trabalho”, completa a as-sistente administrativa, que compara

ainda a oportunidade oferecida pelo programa a uma “janela para o mundo.”

PROJETO PREMIADO No âmbi-to municipal também há exemplos de iniciativas públicas de acesso às novas tecnologias. Em Cascavel (PR), por exemplo, o Projeto Ensino de Progra-mação para alunos do 4º e 5º ano do ensino fundamental ganhou destaque nacional ao conquistar, no ano passa-do, o prêmio ARede de Inclusão Digi-tal, na categoria Capacitação e Forma-ção, modalidade Setor Público.

A iniciativa teve início em 2012, com o treinamento de instrutores de in-formática. No ano seguinte, o projeto começou a ser aplicado nas escolas do município. Segundo a prefeitura de Cascavel, a cidade também investe no projeto Escola.com, disponibilizando netbooks para trabalhos em aula. Um dos objetivos é promover o ensino da programação de forma lúdica.

Pressmaster/Shutterstock

mento. Esse é o princípio adotado pelas Casas Bahia ao lançar o projeto “Amigos do Planeta – Inclusão Digi-tal" em 2009.

Inicialmente, um caminhão foi transformado em escola itinerante de informática. O projeto cresceu e pas-sou a oferecer também cursos de qua-lifi cação profi ssional. Foi rebatizado como “Aprender e Transformar”.

Mais de 45 mil famílias em 47 cida-des já foram benefi ciadas, segundo a Via Varejo, que administra as Casas Bahia. “Nós crescemos e nos desen-volvemos junto com os brasileiros”,

diz a diretora-executiva de marke-ting da Via Varejo, Flávia Altheman.

Outro programa focado em qualifi -cação é o Escolas Rurais Conectadas, voltado para a formação de educa-dores por meio de uma plataforma on-line. O projeto, que conta com laboratórios de experimentação emViamão (RS) e Vitória de Santo An-tão (PE), é desenvolvido pela Fun-dação Telefônica Vivo. A iniciativa já conectou mais de 9,5 mil colégios e formou cerca de 2 mil professores, impactando mais de 45 mil alunos até julho deste ano.