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Ano 02 nº 11 Abril 2016 www.portalnovosrumos.com.br ATÉ O PESCOÇO PRESTES A SER INVESTIGADO, AÉCIO GANHA FURNALECO COMO AÉCIO, SEUS ALIADOS E A VEJA ABAFARAM A INVESTIGAÇÃO DE FURNAS ROGÉRIO CORREIA: “SE JANOT INVESTIGAR, AÉCIO VAI PRESO” Correia cita como casos de corrupção, os dois aeroportos feitos por Aécio com dinheiro público nas fazenda da família do pai e da mãe, a rádio Arco-Íris, o Mineirão, o mensalão tucano e a Lista de Furnas ESPECIAL

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Ano 02 nº 11 Abril 2016www.portalnovosrumos.com.br

ATÉ O PESCOÇO

PRESTES A SER INVESTIGADO, AÉCIO GANHA FURNALECO

COMO AÉCIO, SEUS ALIADOS

E A VEJA ABAFARAM A INVESTIGAÇÃO DE FURNAS

ROGÉRIO CORREIA: “SE JANOT INVESTIGAR, AÉCIO VAI PRESO”Correia cita como casos de corrupção, os dois aeroportos

feitos por Aécio com dinheiro público nas fazenda da família do pai e da mãe, a rádio Arco-Íris, o Mineirão,

o mensalão tucano e a Lista de Furnas

ESPECIAL

ÍNDICE

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Vilson TeixeiraJornalista/Editor - Reg. 11795

Presidente da Editora Novos Rumos Ltda

Editoração/Artes: WDNRRedação:

[email protected]

A revista é publicada mensalmente pela Editora Novos Rumos Ltda, e não se

responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados.

editora

Ano 02 nº 11 Abril 2016www.portalnovosrumos.com.br

ATÉ O PESCOÇO

PRESTES A SER INVESTIGADO, AÉCIO GANHA FURNALECO

COMO AÉCIO, SEUS ALIADOS

E A VEJA ABAFARAM A INVESTIGAÇÃO DE FURNAS

ROGÉRIO CORREIA: “SE JANOT INVESTIGAR, AÉCIO VAI PRESO”Correia cita como casos de corrupção, os dois aeroportos

feitos por Aécio com dinheiro público nas fazenda da família do pai e da mãe, a rádio Arco-Íris, o Mineirão,

o mensalão tucano e a Lista de Furnas

ESPECIAL

14 DELCÍDIO EM DELAÇÃO: AÉCIO RECEBEU PROPINA DE FURNAS

15 PSDB RECEBEU MAIOR FATIA DE DOAÇÕES DA ANDRADE EM 2014

16 O QUE AÉCIO TEM A DIZER AGORA QUE APARECEU NA ALEGADA DELAÇÃO DE DELCÍDIO?

17 JEFFERSON CONFIRMA PROPINA EM FURNAS

18 ROGÉRIO CORREIA: JÁ SABÍAMOS A QUEM O DIMAS SERVIA

22 O PAPEL DA MINERADORA SAMARCO NA LISTA DE FURNAS E EM OUTROS ESCÂNDALOS EM MG

24 COMO AÉCIO, SEUS ALIADOS E A VEJA ABAFARAM A INVESTIGAÇÃO DE FURNAS

13 DOLEIRO ABRIU CONTA DE AÉCIO EM LIECHTENSTEIN

12 PRESTES A SER INVESTIGADO, AÉCIO GANHA FURNALECO

07ROGÉRIO CORREIA: “SE COM A DELAÇÃO DOS R$ 300 MIL DA UTC O DOUTOR JANOT NÃO ABRIR INQUÉRITO CONTRA O AÉCIO, O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PODE FECHAR A PORTA”

03 ROGÉRIO CORREIA: “SE JANOT INVESTIGAR, AÉCIO VAI PRESO”

28 PGR PODE CHAMAR AÉCIO E JUCÁ PARA DEPOR

29 AÉCIO RECEBEU DOAÇÃO DE EMPRESÁRIO PRESO

30ROGÉRIO CORREIA: NEGOCIATAS ENTRE CEMIG E ANDRADE GUTIERREZ NA GESTÃO TUCANA IRRIGARAM COFRES DA EMPREITEIRA COM MAIS DE R$ 600 MILHÕES

32ROGÉRIO CORREIA: DR. JANOT, POR OBRA DE AÉCIO, A CEMIG FOI VENDIDA DE BANDEJA À ANDRADE GUTIERREZ, QUE BANCA SUAS CAMPANHAS. INVESTIGUE!

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ROGÉRIO CORREIA: “SE JANOT INVESTIGAR, AÉCIO VAI PRESO”

Antes do último domingo 5, Aécio Neves (PSDB) alardeava que, em Minas

Gerais, teria 4 milhões de votos a mais que Dilma Rousseff (PT) na disputa presidência da República.

Os mineiros lhe deram uma baita cortada nas asas, assim como de outros tucanos.

Em Minas, segundo colégio eleitoral brasileiro, Dilma teve mais

votos: 4.829.513 — 43,48%. Aécio, 4.4414.452 – 39,75%.

Na disputa ao governo do Estado a surra foi maior. Fernando Pimen-tel (PT) ganhou no primeiro turno

Por Conceição Lemes

Correia cita como casos de corrupção, os dois aeroportos feitos por Aécio com di-nheiro público nas fazenda da família do pai e da mãe, a rádio Arco-Íris, o Mineirão, o mensalão tucano e a Lista de Furnas

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5.362.870 (52,98%). Pimenta da Veiga, candidato de Aécio, teve 4.240.706 votos (41,89%).

“Minas tem uma tarefa impor-tante agora”, avalia o deputado estadual Rogério Correia (PT), em entrevista ao Viomundo. “Demons-trar ao Brasil o quanto é falso o discurso aecista e os malefícios produzidos aqui pelo choque de gestão.”

“A corrupção em Minas é enor-me”, diz Correia. “Só que as pessoas não sabem.”

“Enquanto a Dilma manda in-vestigar toda denúncia, pois não tem nada a temer, Aécio não deixa investigar nada aqui”, frisa.

“O senador Aécio não deixa investigar nada, porque tem de-núncias que o envolvem pessoal-mente, além das denúncias contra o seu governo”, afirma Rogério Correia. “Se tudo for investigado, ele acaba preso.”

Rogério Correia foi reeleito para um quarto mandato na Assembleia Legislativa de Minas com 72.413 votos. É o vice-líder do Minas Sem Censura, bloco parlamentar de oposição que ajudou a criar.

Segue a íntegra da nossa en-trevista

Viomundo — Como avalia a derrota de Aécio em Minas Gerais?

Rogério Correia – Aqui, tudo era escondido. Mas, com a cam-panha nacional, Minas passou a conhecer melhor o Aécio e isso le-vou à derrota dele. O que ele dizia na televisão, no horário eleitoral,

chocava o povo mineiro.

Viomundo – De que forma?

Rogério Correia — Ele insistiu muito que nós tínhamos uma edu-cação maravilhosa. Só que aquela educação maravilhosa não existe aqui. Quando os alunos, os profes-sores e os mineiros em geral viram aquela propaganda mentirosa, eles compararam e ficaram chocados. Era um discurso falso. Ou seja, o marketing que o Aécio fez para o restante do Brasil entrava em contradição com a realidade. Essa falsidade levou à derrota dele aqui.

Houve ainda mais dois fatores que levaram Aécio à derrota em Minas. Um foi a arrogância. Achava que mandava em Minas. Ele dizia que ia ter aqui 4 milhões a mais de votos que a Dilma.

O outro fator é que quem cuidou do povo de Minas foi a presidenta Dilma, não foram os tucanos. Tanto que a votação dela nas regiões mais carentes foi estupenda. No Norte de Minas, Dilma chegou a ter mais de 70% dos votos.

A cerca neoliberal tomou um curto circuito, ela foi desligada e o choque de gestão desmascarado.

Com a cerca neoliberal desliga-da, nós pudemos saber melhor o que estava se passando em Minas. E a opção foi pela Dilma.

Minas Gerais tem, agora, uma tarefa importante: demonstrar o quanto é falso, mentiroso, o discurso aecista e revelar ao Brasil os malefícios produzidos aqui pelo chamado choque de gestão.

Viomundo – O senhor falou da cerca neoliberal. Ela seria o quê?

Rogério Correia – Seria uma espécie de cerca eletrificada, cir-cundando o Estado de Minas por todo lado, e que dá choque. No caso, choque de gestão. Aqui, em Minas, a cerca neoliberal aqui tem quatro pontos. O primeiro deles, um Estado quebrado.

Viomundo – Como um Estado quebrado?

Rogério Correia – Aécio fica falando do crescimento do Brasil, só que Minas não se desenvolveu. Minas ficou exportando minério. O minério caiu de preço, a economia mineira foi para o buraco.

Eles [Eduardo Azeredo, Aécio Neves e Antonio Anastasia] nunca propuseram um desenvolvimento de forma sustentável para o Estado de Minas.

Viomundo – Por quê?

Rogério Correia — Eles nun-ca acreditaram que o Brasil fosse se desenvolver. Para eles tudo é dependente do capital financeiro internacional. É o vínculo ao capital estrangeiro e, no caso aqui, à expor-tação de minério.

Então eles ficaram esperando o fracasso do Brasil em vez de fazer de Minas um Estado que planejasse o seu desenvolvimento.

Tanto que aqui não tem projeto para metrô, estradas, anel rodoviá-rio. Aqui, não tem projeto regional de desenvolvimento.

Nós vamos ter que fazer esse

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05projeto. Desenvolver Minas do jeito que o Brasil se desenvolveu. Colocar Minas na mesma rota que o Brasil se desenvolveu.

Viomundo – E o segundo pon-to da cerca neoliberal?

Rogério Correia — O neolibe-ralismo em si. Essa cerca conta com privado. Aqui, tudo feito com par-ceria público-privada (PPP). Tanto que eles nunca quiseram trazer para cá as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal.

Viomundo – Por quê?

Rogério Correia — Porque aqui só serve se for PPP e privatiza-ção. Metrô, anel rodoviário, estra-das. Aqui, ou é PPP ou não se faz. E, em Minas, as PPP fracassaram.

O pedágio cobrado na MG 50 [rodovia estadual] é o mais caro que existe em Minas e essa estrada sequer foi duplicada. Ela mostra que o modelo de privatização de estradas foi um fiasco.

Aqui, privatizaram até presídio. Os presídios privados custam mais caro ao Estado do que os presídios públicos.

Eles privatizaram o Mineirão. Melhor dizendo, doaram o Minei-rão.

E, agora, no final do atual gover-no eles queriam vender a Cemig [Companhia Energética de Minas Gerais] e a Gasmig [Companhia de Gás de Minas Gerais]. É a PEC 68 que pretendia a privatização des-sas empresas e que nós, do Minas Sem Censura, não deixamos que

fosse adiante.

Tem ainda a desorganização do Estado. É o que eles fizeram com as professoras. Eles baixaram a lei 100, que mentia, dizendo que iria efetivar todo mundo sem concurso público. Depois, caiu por terra.

O pessoal do Aécio desorganiza para poder privatizar depois. Esse é segundo ponto da cerca neoliberal em Minas.

Viomundo – E o terceiro?

Rogério Correia – As questões sociais. Em Minas, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) cresceu menos que no Brasil. Somos o último estado do Sudeste e agora Goiás ultrapassou Minas.

Esse é resultado de 12 anos ininterruptos de Aécio e Anastasia e mais os quatro anos de Azeredo. Todos tucanos.

Viomundo – E o quarto ponto da cerca neoliberal?

Rogério Correia — O estado de exceção. O Aécio e seu grupo político têm controle absoluto na Assembleia Legislativa, no Tribunal de Contas, no Tribunal de Justiça, no Ministério Público. Falta demo-cracia nesses órgãos. Isso sem falar no controle absoluto que eles têm sobre a mídia mineira. Censura, mesmo, com mãos de ferro.

Isso foi rompido com o Bloco Minas Sem Censura, os movimen-tos sociais e a própria campanha eleitoral deste ano.

Ao romper o cerco midiático e o aparato do Estado, que é completo,

nós desmontamos para a sociedade o que é o governo neoliberal em Minas.

Essa cerca neoliberal em Minas esconde tudo. Ela não deixa inves-tigar nada. Por exemplo, os dois aeroportos que o Aécio construiu em Minas com dinheiro público para a família dele. A rádio Arco-Íris, do Aécio e da irmã dele, a Andrea.

Viomundo – Aécio e os tucanos em geral vivem acusando o go-verno Dilma de corrupção, como se fossem vestais, não tivessem telhado de vidro.

Rogério Correia – Isso é piada. Aécio e a tucanada mineira sabem disso.

A corrupção em Minas é enorme. Os governos de Aécio e Anastasia foram tremendamente corruptos, só que não deixaram investigar. Aqui, nós temos ex-secretários que estão em processo judicial, inclusi-ve com pedido de prisão.

Viomundo – Os mineiros sabem desses casos de corrupção?

Rogério Correia – Quase nin-guém sabe, porque a Andrea Neves, irmã do Aécio, controla a mídia mineira com mãos de ferro. Quem tenta furar esse bloqueio, acaba preso, como o jornalista Marco Au-rélio Carone, do Novo Jornal. Eles acabaram com o jornal do Carone e, ainda, o mantêm preso desde janeiro deste ano.

Viomundo – Que casos de cor-rupção o senhor apontaria?

Rogério Correia – Para come-çar, os dois aeroportos feitos por

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Fonte: Viomundo

Aécio à custa de dinheiro público para beneficiar a família. Ele é tão generoso com os parentes que fez um aeroporto para a família do pai e outro para a família da mãe.

O de Cláudio, da família da mãe, é o mais conhecido. É aquele que fica fechado o tempo inteiro e o tio do Aécio guarda a chave para que outros não o utilizem.

Mas tem também o de Monte-zuma na área da fazenda do pai.

Tem a rádio Arco-Íris, localizada na Grande Belo Horizonte, que é do senador e da irmã Andrea. Ela injetou milhões lá. Nós não sabe-mos quantos exatamente, porque nunca deixaram investigar. Nós pretendemos criar uma CPI na As-sembleia Legislativa para descobrir essa corrupção.

Viomundo – Qual corrupção será alvo de investigação?

Rogério Correia — Além des-sas que acabei de citar, tem a refor-ma do Mineirão, a dívida de mais de R$ 8 bilhões com a Educação e outros R$ 8 bilhões com a Saúde, descumprindo o mínimo constitu-cional… E por aí vai.

A corrupção tem de ser sempre enfrentada. É o governo Dilma faz. A Dilma enfrenta, não põe pra baixo do tapete. Já o Aécio não enfrenta a corrupção.

Viomundo – O Aécio teria medo de enfrentar essas denúncias?

Rogério Correia — Teria, não. O Aécio tem medo de enfrentar essas denúncias.

Viomundo — Por quê?

Rogério Correia — Porque as denúncias de corrupção o envol-vem pessoalmente. A perda do controle sobre a Assembleia Le-gislativa de Minas Gerais e a perda do governo levaram os tucanos ao desespero.

O senador Aécio não deixa in-vestigar nada, porque tem denún-cias que o envolvem pessoalmente, além das denúncias contra seu governo. Se tudo for investigado, ele acaba preso.

Além dos dois aeroportos, da rádio Arco-Íris e do Mineirão, o senador não consegue responder à população sobre o mensalão tucano e o caso Lista de Furnas, do qual ele e o partido fizeram parte. Aécio recebeu R$ 110 mil de Marcos Valério e R$ 5,5 milhões da Lista de Furnas.

Enfim, o governo tucano em Minas endividou o Estado, não planejou o nosso desenvolvimen-to, não aplicou o mínimo para Educação e Saúde, impedindo um melhor IDH. Escondeu tudo através da censura e substituiu os três poderes de Montesquieu pelo lema dos 3 mosqueteiros: “Um por todos e todos por um”.

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Na quarta-feira de 2015, 30 de dezembro, o re-pórter Rubens Valente

revelou na Folha de S. Paulo duas bombas:

*Em delação premiada homo-logada pelo Supremo Tribunal Federal, Carlos Alexandre de Souza Rocha afirmou que, no segundo semestre de 2013 (entre setem-bro e outubro) levou R$ 300 mil a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro, que lhe disse que a soma iria para o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O “Ceará”, como é conhecido, era entregador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef.

* “Ceará” prestou depoimento em 1º de julho de 2015. Portanto, seis meses atrás.

“A cada dia surge uma nova evidencia do comprometimento do Aécio em esquemas de corrup-ção”, diz, de saída, em entrevista exclusiva ao Viomundo o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG). “Aécio sempre foi patrocinado por grandes empresas, misturando frequentemente a sua vida privada com esses financiamentos.”

“Agora, o senador Aécio quer aparecer como arauto da ética e da moral no Brasil”, prossegue Correia. “Só que ele não tem a menor con-dição de sê-lo”.

Rogério Correia tem se dedicado a desmascarar os malfeitos de Aé-cio Neves. Após ler a reportagem de Rubens Valente, ele postou no seu twitter alguns dos escândalos

denunciados.

Os valores são da época em que ocorreram os fatos.

A título de curiosidade, nós res-gatamos as denúncias menciona-das no twitter do deputado petista.

Depois, atualizamos os valores, utilizando o índice oficial de infla-ção, o IPCA- IBGE, de novembro de 2015, já que o de dezembro ainda

ROGÉRIO CORREIA: “SE COM A DELAÇÃO DOS R$ 300 MIL DA UTC O DOUTOR JANOT NÃO ABRIR INQUÉRITO CONTRA O AÉCIO, O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PODE FECHAR A PORTA”

Por Conceição Lemes

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não foi divulgado.

Mensalão tucano – Diz respeito à eleição de 1998. A mídia geral-mente omite que o então candida-to a deputado federal Aécio estava na lista, como tendo recebido R$ 110 mil reais, e que o esquema extrapolou Minas, irrigando até a campanha de reeleição de Fernan-do Henrique à presidência.

Eduardo Azeredo era candidato à reeleição pelo governo de Minas Gerais pelo PSDB. Perdeu para Itamar Franco, na época no PMDB. Há pouco, Azeredo foi condenado a 20 anos de prisão, mas vai recorrer. Tudo indica vai se safar.

Lista de Furnas – Foi o esquema de Furnas que sustentou a campa-nha eleitoral dos tucanos de 2002. “Aécio amealhou R$ 5,5 milhões apenas para ele. Nas provas, tam-bém tem o dinheiro que foi para José Serra e para Alckmin”, relem-bra o deputado petista.

Em 25 de janeiro de 2012, a procuradora criminal Andréa Bayão Pereira, que atuava no Ministério Público do Rio de Janeiro, concluiu o seu trabalho sobre a Lista de

Furnas, comprovando a existência do esquema de caixa 2. Confira no final deste post a íntegra dos dois documentos muito importantes: o DOC Nº4, da Polícia Federal, au-tenticando a Lista de Furnas; o DOC Nº 5, com a conclusão da doutora Andréa Bayão.

Lava Jato – É a denúncia repor-tada por Rubens Valente. Segundo

delação premiada, “Ceará”, a man-do do doleiro Alberto Youssef, en-tregou R$ 300 mil entre setembro e outubro de 2013 a um diretor da UTC, no Rio Janeiro. O diretor disse-lhe que o dinheiro era para o senador Aécio Neves. Para efeitos do cálculo da correção monetária, usamos setembro de 2013.

Rádio Arco-Íris – Em 17 de abril de 2011, Aécio foi parado pela polícia numa blitz de trânsito no Leblon, cidade do Rio de Janeiro. Convidado a fazer o teste do bafô-metro, ele se recusou. A carteira de habilitação, vencida, foi apreendi-da. Levou duas multas.

O carro que dirigia pertencia à rádio Arco-Íris, localizada na Gran-de Belo Horizonte (MG), que é do

senador e da irmã Andrea Neves.

Durante todo o período em que Aécio governou Minas ( janeiro de 2003 a abril de 2010), Andrea comandou o Núcleo Gestor de Comunicação Social da Secretaria de Governo. Uma de suas funções era decidir sobre a alocação de re-cursos de toda a publicidade do Es-tado de Minas Gerais. No decorrer das gestões do irmão-governador, o seu núcleo aplicou, a título de publicidade, dinheiro de estatais mineiras e da administração direta estadual na rádio Arco-Íris e em outras empresas de comunicação dos Neves.

“A Andrea injetou milhões lá. Nós não sabemos quantos exata-mente, porque nunca deixaram investigar”, diz Correia. “O máximo que conseguimos apurar foi uma estimativa, em 2010, de R$ 1,4 milhão.”

Cláudio – Aécio fez dois ae-roportos em Minas à custa de dinheiro público para beneficiar a família.O de Cláudio, da família da mãe, é o mais conhecido. É aquele que ficava fechado o tempo inteiro e o tio do Aécio guardava a chave para que outros não o utilizem. Mas tem também o de Montezuma na área da fazenda do pai (detalhes aqui e aqui) .

No twitter de 30 de dezembro, Rogério Correia listou apenas o de Cláudio.

Em post publicado em 21 de julho de 2014, Fernando Brito, no Tijolaço, escarafunchou a história e descobriu que o “aecioporto” de Cláudio custou tanto quanto um aeroporto comercial no Ceará:

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09O “aecioporto” construído no

município de Cláudio, junto à fazenda de Aécio Neves, custou, como está publicado, R$ 13,4 milhões, isso na data da licitação, em dezembro de 2008.

Fora o “milhãozinho” que o titio de Aécio achou pouco pelo terreno, sem contar a valorização da área não desapropriada.

O valor, corrigido de janeiro de 2009 para maio de 2012, pelo IGP-M, equivale a R$ 17,9 milhões.

No Ceará, um aeroporto co-mercial – o de Aracati – voltado para o turismo, com uma capaci-dade para atender Boeings 737 em até 1200 vôos por ano (o de Cláudio, segundo a Folha, recebe um avião pequeno por semana) custou R$ 19 milhões em obras civis, em valor de 2013.

(…)

O custo total da obra, operada por parceria com a TAM, ficou em R$ 19 milhões, em valores de 2012.

DENÚNCIAS LISTADAS NO TWITTER DE DEPUTADO SOMAM R$ 34, 8 MILHÕES

No período em que ocorreram as denúncias listadas por Rogério Correia no twitter, elas somavam R$ 21.110.000,00.

Nós atualizamos para novem-bro de 2015, usando o IPCA--IBGE. No aeroporto de Cláudio, optamos pelo preço da licitação em vez dos R$ 14 milhões regis-trados pelo deputado.

Resultados:

• Mensalão tucano — R$ 336.430,28

• Lista de Furnas — R$ 12.252.258,70

• Lava Jato — R$ 358.335,81

• R ádio Arco - Í r i s — R$ 1.961.864,80

• Aeroporto de Cláudio –R$ 19.967.583,88

• Total: R$ 34.876.473,47

Nós mostramos os valores atu-alizados a Rogério Correia.

“Isso é por baixo, e só a parte do senador”, atenta.

Não estão incluídas nessas con-tas, por exemplo, a parte da irmã Andrea Neves, as viagens do Aécio e amigos para cima e para baixo, in-clusive para o Rio de Janeiro, sendo senador por Minas, o aeroporto de Montezuma, o nepotismo à custas do povo mineiro, empregando pa-rentes e mais parentes no governo do Estado.

“Quando destampar o super-faturamento na Cidade Adminis-trativa, no Mineirão e o que ele fez para a Andrade Gutierrez na Cemig, esses R$ 34,8 milhões serão um grãozinho de areia perto do mensalão”, previne.

“Agora, de qualquer forma, os R$ 300 mil, recebidos da UTC, no bojo na Lava Jato, é fatal”, avalia o deputado. “Joga por terra o discur-so de baluarte da moral e da ética do senador.”

ATÉ AGORA TODOS OS PE-DIDOS DE INVESTIGAÇÃO DE AÉCIO AO MPF DERAM EM NADA

O Viomundo é testemunha dos vários pedidos de investigação do senador Aécio Neves feitos pelo deputado Rogério Correia e cole-gas ao Ministério Público Federal.

Em 31 de maio de 2011, ele e os também deputados estaduais Luiz Sávio de Souza Cruz e Antô-nio Júlio, ambos do PMDB, e en-tregaram pessoalmente ao então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, representação denunciando Aécio e Andrea, por ocultação de patrimônio e sonegação fiscal (detalhes aqui ).

Gurgel fez questão de ir com os parlamentares até o setor de protocolo da Procuradoria Geral da República (PGR). Aí, a representação recebeu o número 1.00.000.006651/2011-19.

Gurgel manteve-a na gaveta por 2 anos e três meses. Na sua saída, em agosto de 2013, abriu inquérito contra deus e o mundo, menos contra os tucanos, em es-pecial o Aécio Neves.

“Foi um ato político dele, parti-dário, mesmo”, denunciou, na oca-sião, Rogério Correia. “Arquivou sem ao menos abrir inquérito para investigar. Agora só falta Gurgel

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assinar a ficha de filiação ao PSDB.”

No início de 2014, Rogério Correia e outros deputados do PT estiveram pela primeira vez no gabinete do atual procurador--geral da República, Rodrigo Ja-not, entregando os documentos referentes ao envolvimento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na Lista de Furnas.

Assim como Gurgel, Janot não tomou providência.

No final de 2014, em delação premiada da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef tratou do assunto no termo 20 do seu depoimento, cujo tema principal era “Furnas e o recebimento de propina pelo Partido Progressista e pelo PSDB”.

O doleiro Youssef afirmou que o PSDB, por meio de Aécio Neves, dividiria uma diretoria em Furnas com o PP, por meio de José Ja-nene. Afirmou ainda que ouviu que Aécio também teria recebido valores mensais, por intermédio de sua irmã, de uma das empresas contratadas por Furnas, a empresa Bauruense, do empresário Airton Daré, no período entre 1996 e 2000/2001.

Janot divulgou o teor da dela-ção em 4 de março de 2015. Foi ao comentar para o Estadão o pedido de arquivamento ao STF das inves-tigações envolvendo Aécio Neves, presidente nacional do PSDBna Operação Lava Jato.

Janot alegou serem insuficien-tes as informações fornecidas pelo doleiro Alberto Youssef. A justi-ficativa principal: os dois citados

por Youssef – o ex-deputado José Janene e empresário Airton Daré tinham morrido– e não poderiam confirmá-las.

Só que, como bem alertou o jornalista Luiz Carlos Azenha, ao livrar Aécio Neves, Janot desco-nheceu a denúncia feita em 25 de janeiro de 2012 pela promotora da Lista de Furnas.

A promotora é a procuradora Andréa Bayão Pereira, atualmente está no Ministério Público Federal, em Brasília. Ou seja, trabalha com Janot.

Diante da decisão de Janot por “provas insuficientes”, em 31 de março de 2015, Rogério Correia e os deputados federais do PT Padre João (MG), Adelmo Leão (MG), Pedro Uczai (SC) e Fernando Marroni (RS) foram novamente à Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Dessa vez, foram rece-bidos pelo próprio PGR.

Rogério Correia registrou:

Entregamos ao Dr. Janot as provas para abertura do inquérito contra Aécio Neves sobre o caso Lista de Furnas. O Procurador-

-Geral se comprometeu a fazer o estudo das provas apresentadas e estranhou o fato de que o pro-cesso da Lista de Furnas só tenha chegado à PGR agora, a partir de nossa intervenção.

Em um PS do Viomundo, Aze-nha observou:

Estranho. Afinal, no início de 2014, os deputados estiveram pela primeira vez no gabinete de Janot, entregando os documen-tos referentes ao envolvimento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na Lista de Furnas. Partindo do princípio de que o procurador--geral falou a verdade, o que aconteceu com eles? Foram para o lixo? Alguém os “guardou”? Es-tranho. Muito estranho.

Da segunda ida dos depu-tados do PT ao Rodrigo Janot à denúncia de Rubens Valente se passaram nove meses. E Janot, ao menos pelo que se sabe, não tomou nenhuma medida.

“Se agora, com a delação dos R$ 300 mil da UTC, o doutor Janot não abrir urgentemente inquérito contra o Aécio, o Ministério Públi-co Federal pode fechar a porta”,

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11afirma Correia. “Ficará comprova-do o que se denuncia há tempos. O MP tem lado, age ideologicamen-te, o que inconcebível a quem atua nesse setor.”

O deputado defende, ainda, que o Senado abra procedimento investigativo contra Aécio Neves, assim como o senador se posi-cionou favoravelmente a fazer contra o colega Delcídio do Amaral (PT-MS). Para ele, Aécio tem de responder às acusações também no Senado.

Correia não é muito adepto da teoria da conspiração. Porém, o fato de a delação premiada de “Ce-ará” só ter vindo a público agora – o depoimento foi em 1º de julho de 2015 –, graças à reportagem de Rubens Valente, o obriga a consi-derar a hipótese de conspiração.

“Por que outras delações foram vazadas e esta, envolvendo o sena-dor Aécio Neves, não?”, questiona.

“A preservação do senador Aécio Neves tem a ver com a inten-ção golpista das elites brasileiras com uma parte da Polícia Federal, da própria Justiça, do Ministério Público. Se tivesse vazado antes, jogava abaixo qualquer perspec-tiva golpista que o Aécio nego-ciava com as elites brasileiras”, considera.

“Imagina se em julho ou agosto, essa delação tivesse vazado como as outras, toda essa articulação golpista da direita teria ido para o espaço e nós poderíamos ter tido, durante o segundo semestre, um Brasil mais calmo, tanto do ponto de vista político quanto econô-

mico.”

– O senhor acha que houve um conluio para essa delação não ter sido vazada?”

— Por que outras delações vazaram e esta, não? Insisto. Em-bora eu não seja muito adepto da teoria da conspiração, esse caso mostra um conluio entre parte da PF, do MPF e do Supremo, pois até agora não sabemos quem vazou as outras delações”.

– E a imprensa?

— Desse conluio golpista faz parte a imprensa, evidentemente. Da mesma forma que vazaram outras delações para o Estadão, Globo, Veja bandida, Época, TV Globo, quem sabe se essa denún-cia do “Ceará” sobre o Aécio não foi vazada e eles esconderam? Isso gente também pode especular.

— Tem vazamento de tudo quanto é forma. No caso do Aécio, nem quando a gente denuncia, aparece na mídia. No Brasil, temos um cartel de comunicação que tem intenção golpista também. Eles blindam o Aécio exatamente para manter a perspectiva gol-pista.

– E agora?

— Foi um tiro de misericórdia nesse golpismo. Com tudo o que já foi denunciado contra o Aécio, o Janot tem condições de abrir não só um, mas vários inquéritos contra o Aécio. E assim que o Mi-nistério Público decidir investigar, o STF vai autorizar a abertura do inquérito, como já aconteceu nos

outros casos.

— E quando instalar uma in-vestigação contra o Aécio, outras irão junto. Em outubro de 2014, eu te disse: Quando o Aécio for investigado, ele será preso. Agora, te digo: Essa hora está chegando.

Fonte: Viomundo

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O senador Aécio Neves (PSDB-MG) deve pas-sar a ser investigado

formalmente na Operação Lava Jato depois de ter sido acusado de receber propina na delação premiada do senador Delcídio do Amaral. O caso ainda será analisado pelos procuradores do grupo de trabalho da Operação Lava Jato na Procuradoria-Geral da República, mas investigadores avaliam preli-minarmente que deve ser pedida abertura de inquérito contra o tucano.

Delcídio afirmou, na delação, que o presidente do PSDB recebeu propina de Furnas. Ainda sobre o tucano, Delcídio relatou um caso na CPI dos Correios, que investi-gou o mensalão, no qual Aécio teria atrasado o envio de dados do Banco Rural para fazer uma “maquiagem” nas informações. “A maquiagem consistiria em apagar dados bancários comprometedores que envolviam Aécio Neves, Clésio

PRESTES A SER INVESTIGADO, AÉCIO GANHA FURNALECO

Depois de ser citado em mais uma delação, a do senador Delcídio Amaral, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) deverá ser finalmente investigado; o caso ainda será analisado pelos procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da Repú-blica, mas investigadores avaliam preliminarmente que deve ser pedida abertura de inquérito contra o tucano; Delcídio afirmou, na delação, que o tucano recebeu propina de Furnas e atrasou envio de dados para a CPI dos Correios, para fazer uma “maquiagem” nas informações do Banco Rural; segundo Delcídio, o deputado Carlos Sampaio sabia da fraude feita em dados do banco a pedido de Aécio; nas redes sociais, começa a se disseminar a imagem do ‘Furnaleco’, com Aécio vestido de presidiário

Andrade, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcos Valério e companhia”, afirmou.

Segundo Delcídio, Carlos Sam-paio sabia da fraude feita em dados do Banco Rural a pedido de Aécio Neves. Para os investigadores, o caso envolvendo a CPI é o mais grave envolvendo Aécio e deve ser o principal alvo do grupo de traba-lho da Lava Jato na PGR.

Nas redes sociais, a delação sobre Aécio gerou grande reper-cussão e ele, inclusive, já se tornou alvo de um “Furnaleco”, vestido de presidiário.

Aécio nega

Aécio publicou nota em que chama de “falsas” e “mentirosas” as citações que Delcídio fez a ele em sua delação premiada. Ele diz que o ex-petista lança mão de histórias que “não se sustentam na realidade e se referem apenas a ‘ouvir falar ‘

de terceiros”.

“Delcídio repete o que vem sen-do amplamente disseminado há anos pelo PT que tenta criar falsas acusações envolvendo nomes da oposição. É curioso observar a con-tradição na fala do delator já que ao mesmo tempo em que ele diz que a lista de Furnas é falsa, ele afirma que houve recursos destinados a políticos”, afirmou.

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DOLEIRO ABRIU CONTA DE AÉCIO EM LIECHTENSTEIN

Documentos apreendidos em operação da PF de 2007, divulgados pela revista Época, revelam que Norbert Muller abriu contas bancárias no LGT Bank, sediado no principado de Liechtenstein, para o tucano Aécio Neves, presidente do PSDB; em uma das pastas encontradas na casa do doleiro constava uma etiquetada por “Bogart e Taylor”; era o nome escolhido por Inês Maria Neves Faria, mãe e sócia do senador mineiro, então presidente da Câmara dos Deputados, para batizar a fundação que, a partir de maio de 2001, administraria o dinheiro da conta secreta 0027.277 no LGT; a conta foi citada pelo Delcídio do Amaral, na delação homologada no STF, e está sendo investigada pela PGR na Lava Jato; Globo parece ter rifado de vez o senador Aécio

Documentos apreendidos em operação da PF em 2007, divulgados pela

revista Época, revelam que Norbert Muller abriu contas bancárias no LGT Bank, sediado no principado de Liechtenstein, para o tucano Aécio Neves.

Em uma das pastas encontradas na casa do doleiro constava uma etiquetada por “Bogart e Taylor”;

era o nome escolhido por Inês Maria Neves Faria, mãe e sócia do senador mineiro, então presidente da Câmara dos Deputados, para batizar a fundação que, a partir de maio de 2001, administraria o dinheiro da conta secreta 0027.277 no LGT.

A conta foi citada pelo Delcídio do Amaral, na delação homologada no STF, e está sendo investigada

pela PGR na Lava Jato. Na época da operação da PF, o Ministério Publico arquivou o caso sem apurá-lo.

A Globo parece ter rifado de vez o senador Aécio, que comanda o golpe da oposição contra a presi-dente Dilma Rousseff.

Fonte: Brasil 247

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O senador Delcídio Ama-ral (PT-MS) acusou o tucano Aécio Neves (PS-

DB-MG), presidente do PSDB e líder principal do golpe contra o gover-no da presidente Dilma Rousseff, de ter recebido propina no esquema de corrupção em Furnas. A declara-ção foi feita em delação premiada homologada nesta terça-feira 15 pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.

“Questionado ao depoente quem teria recebido valores de Furnas, o depoente disse que não sabe precisar, mas sabe que Dimas [Toledo, ex-presidente de Furnas] operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves”, diz trecho da delação. O acordo também prevê que Delcídio pague uma multa de R$ 1,5 milhão em dez parcelas.

Delcídio declarou ainda que

DELCÍDIO EM DELAÇÃO: AÉCIO RECEBEU PROPINA DE FURNAS

Dimas Toledo tem “vínculo muito forte” com Aécio e que sua indi-cação para o cargo teria partido do tucano, junto ao PP, durante o governo do ex-presidente Fernan-do Henrique Cardoso. A revelação confirma o que já foi delatado pelo doleiro Alberto Youssef - de que Aécio indicou Dimas e que recebia propina de Furnas. No entanto, nenhum inquérito foi aberto para apurar o caso.

O senador petista relatou que foi questionado pelo ex-presidente Lula sobre quem era Dimas Toledo, durante diálogo em uma viagem ocorrida em 6 de maio de 2005. Segundo ele, Lula teria explicado o motivo da pergunta: “Eu assumi e o Janene veio pedir pelo Dimas. Depois veio o Aécio e pediu por ele. Agora o PT, que era contra, está a favor. Pelo jeito ele está roubando muito”.

Outra denúncia de Delcídio

contra Aécio diz respeito a uma fundação no exterior. Ele conta ter ouvido de Janene que Aécio era “beneficiário de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato”. A instituição estaria no nome da mãe do tucano ou do próprio Aécio Neves e a operação financeira teria sido estruturada por um doleiro do Rio de Janeiro.

Em outro trecho da delação, Delcídio acusou Aécio de atrasar envio de dados do Banco Rural para a CPI dos Correios, que in-vestigava o ‘mensalão’, a fim de realizar uma “maquiagem” nas informações. “A maquiagem con-sistiria em apagar dados bancários comprometedores que envolviam Aécio Neves, Clésio Andrade, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcos Valério e compa-nhia”, disse.

Fonte: Brasil 247

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Fonte: Brasil 247

PSDB RECEBEU MAIOR FATIA DE DOAÇÕES DA ANDRADE EM 2014

Do total de R$ 62,6 mi-lhões que a construtora Andrade Gutierrez doou

para as agremiações em 2014, os tucanos ficaram com R$ 24,1 mi-lhões --sendo 23,9 milhões para o diretório nacional e R$ 200 mil para o partido no Maranhão.

Foram feitos 113 repasses à campanha do candidato Aécio Neves, num total aproximado de

R$ 12 milhões, segundo dados da prestação de contas entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), divulgados na reportagem de Car-los Madeiro.

O PT ficou em 2° lugar entre os beneficiários, com R$ 14,68 milhões recebidos. A presidente Dilma Rousseff recebeu quatro doações oficiais, num valor total de R$ 20 milhões. O PMDB foi beneficiado

com R$ 11,4 milhões em doações oficiais.

Em uma ação no TSE, o partido de Aécio tenta usar um suposto re-passe ilegal da Andrade para cassar a chapa de Dilma Rousseff.

Do total de R$ 62,6 milhões que a construtora Andrade Gutierrez doou para as agre-miações em 2014, os tucanos ficaram com R$ 24,1 milhões --sendo 23,9 milhões para o diretório nacional e R$ 200 mil para o partido no Maranhão; foram feitos 113 repasses à campanha do candidato Aécio Neves, num total aproximado de R$ 12 milhões; os dados constam na prestação de contas entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral); o PT ficou em 2° lugar entre os beneficiários; em uma ação no TSE, o partido de Aécio tenta usar um suposto repasse ilegal da Andrade para cassar a chapa de Dilma Rousseff

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O QUE AÉCIO TEM A DIZER AGORA QUE APARECEU NA ALEGADA DELAÇÃO DE DELCÍDIO?

Poucos dias atrás, diante das notícias sobre a ale-gada delação de Delcídio,

Aécio se apressou em vestir suas melhores roupas de demagogo e postar uma lição de moral no Twitter.

Expressou “repúdio e indigna-ção”, e afirmou que chegamos ao “fundo do poço”.

E eis que agora se sabe que Aécio também está citado no do-cumento que supostamente traz a delação de Delcídio.

O Moralista Mineiro, nosso MM, irrompe num trecho que diz res-peito a sua atuação numa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Não se sabe ainda exatamente qual é esta CPI. Mas é bom lembrar que numa delação um falecido presi-dente do PSDB, Sérgio Guerra, foi acusado de receber 10 milhões de reais para fazer melar uma CPI sobre a Petrobras.

Desde já é divertido ver como será a reação deste que é um dos campeões em citações de delato-res, um dos quais disse que ele é o mais chato cobrador de propinas. Tudo isso não o impede de falar em corrupção como se fosse Mujica ou o Papa Francisco.

MM não hesita em atirar pedras Fonte: Diário do Centro do Mundo

quando a imprensa amiga, por meio de vazamentos da Lava Jato amiga, menciona Lula, Dilma e o PT.

Saca a pistola como se fosse Billy the Kid.

Mas e quando, como agora, é seu nome que circula na lama?

Aí então deve-se ter “extremo cuidado” com acusações que se-quer foram averiguadas. Aí então MM, compungido, aparece como um defensor intransigente da pre-sunção de inocência – esta pedra fundamental do Estado de Direito que Moro simplesmente pulverizou.

O acusador furioso se defende como um, bem, a palavra é dura, mas não há outra melhor: um rato.

É uma das aberrações nacionais que Aécio encontre espaço em jor-nais e revistas de magnatas amigos para falar em corrupção depois de fazer uma pista de aeroporto

particular com dinheiro público, se recusar a enfrentar um teste de bafômetro numa noite bêbada, in-vestir recursos do contribuinte em suas rádios e transformar Furnas num cofre para sua conta bancária.

(Veja aqui o documentário do DCM sobre a Lista de Furnas, já um best-seller com mais de 100 mil vi-sualizações em menos de um mês.)

Mas é o que acontece, infeliz-mente.

Um dos mais consagrados cor-ruptos da República perora sobre corrupção diariamente nas primei-ras páginas dos jornais.

Os sábios da antiguidade diziam que entre rir e chorar da miséria hu-mana é preferível a primeira opção.

Vou tentar, assim, rir ao pensar em Aécio e sua descomunal dose de miséria humana.

Por Paulo Nogueira

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JEFFERSON CONFIRMA PROPINA EM FURNAS

Presidente de honra do PTB, ex-deputado Roberto Jefferson, que teve o mandato cassado em setembro de 2005, afirmou ter negociado com o então ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu o pagamento mensal de R$ 1 milhão para o PTB nacional; dinheiro seria originário do esquema de corrupção e desvios por meio da diretoria de Engenharia de Furnas Centrais Elétricas, chefiada por Dimas Toledo, indicado pelo PSDB; segundo o delator da Lava Jato Fernando Moura, Aécio Neves comandava o esquema de Furnas

O presidente de honra do PTB, ex-deputado Roberto Jefferson, que

teve o mandato cassado em setem-bro de 2005, afirmou ter negociado com o então ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu o pagamento mensal de R$ 1 milhão para o PTB nacional. Os recursos, segundo ele, seriam provenientes do esquema de corrupção e desvios de empre-sas que teriam sido contratadas à época por Furnas Centrais Elétricas.

Segundo matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, em troca do dinheiro o PTB de-sistiria de indicar alguém para a diretoria de Engenharia de Furnas, em substituição a Dimas Toledo, indicado para o cargo no governo do ex-presidente Fernando Henri-

que Cardoso. Na época, segundo Jefferson, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamava da aproximação de Dimas com o en-tão governador de Minas gerais, Aécio Neves (PSDB).

Jefferson afirma que Dirceu o informou que R$ 3 milhões men-sais originários de Furnas eram repassados a partidos, políticos e funcionários da estatal. Na ocasião, um acordo foi firmado para que o PTB recebesse R$ 1 milhão do esquema que antes era destinado ao PT. “Eu disse ‘para mim está bom, sem briga, está fechado’. Dimas foi lá em casa, fechou esse acordo comigo”, disse o petebista.

Em 2005, porém, ao saber que o PTB não mais indicaria Francisco

Spirandel – funcionário de carreira do setor elétrico – para o cargo, Lula teria afirmado que iria exo-nerar Dimas do cargo. “Eu falei: ‘Então o senhor bota o Spirandel lá”, contou Jefferson à reportagem.

Ainda segundo o ex-parlamen-tar, Dirceu teria reclamado com ele pelo fato de não ter atuado na defesa de Dimas e que essa situa-ção acabou por desaguar na Ação Penal 470 o chamado escândalo do mensalão.

Dirceu teria tido sua vingança ao envolvê-lo no esquema de cor-rupção nos Correios, que estourou em maio de 2005, e Jefferson reta-liou acusando o petista de coman-dar o mensalão.

Fonte: Brasil 247

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ROGÉRIO CORREIA: JÁ SABÍAMOS A QUEM O DIMAS SERVIA

Final de 2014. Em delação premiada da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto

Youssef afirma que o PSDB, através de Aécio Neves, dividiria uma di-retoria de Furnas (estatal do setor elétrico) com o PP, liderado pelo ex-deputado federal José Janene, morto em 2010.

Youssef afirma que ouviu tam-bém que Aécio, por intermédio de sua irmã, teria recebido valores mensais de uma das empresas con-tratadas por Furnas, a Bauruense, do empresário Airton Daré, no período entre 1996 e 2000/2001.

O procurador-geral da Repúbli-ca, Rodrigo Janot, tornou público o teor da delação premiada em 4 de março de 2015. Foi ao comentar para o Estadão o pedido de arquiva-mento ao Supremo Tribunal Federal

(STF) das investigações contra o hoje senador Aécio Neves (PSDB--MG), presidente nacional do PSDB.

Janot alegou serem insuficien-tes as informações fornecidas por Youssef. A justificativa principal: os dois citados – o ex-deputado José Janene e empresário Airton Daré tinham morrido– e não poderiam confirmá-las.

1º de julho de 2015. Em delação premiada, Carlos Alexandre de Sou-za Rocha, o “Ceará”, afirma que, no segundo semestre de 2013 (entre setembro e outubro) levou R$ 300 mil a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro, que lhe disse que a soma iria para o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

“Ceará” era entregador de di-nheiro do doleiro Alberto Youssef. O

seu depoimento foi revelado em 30 de dezembro de 2015, pelo repórter Rubens Valente na Folha de S. Paulo.

3 de fevereiro de 2015. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o delator e lobista Fer-nando Moura afirma que Furnas era controlada por Aécio Neves. Lula havia vencido a eleição presiden-cial em 2002 e Aécio, a do governo mineiro. Aécio pediu para indicar Dimas Toledo para dirigir Furnas. Foi o terceiro depoimento de Moura na Lava Jato:

“A princípio levei pro Zé (Dirceu) o nome do Dimas Toledo, que con-tinuasse na diretoria de Furnas. Ele (Dirceu) usou até uma expressão comigo. ‘O Dimas não, porque se o Dimas entrar em Furnas até como porteiro vai mandar em Furnas, está lá há 4 anos, é uma indicação que

Por Conceição Lemes

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19sempre foi do Aécio’.

Passado um mês e meio ele (Dir-ceu) me chamou e falou ‘qual a sua relação com Dimas Toledo?’ Eu falei, estive com ele três vezes, achei ele competente, cara profissional. O Zé me disse. “Porque esse foi o único cargo que o Aécio pediu pro Lula, então, você vai lá conversar com Dimas e diga que a gente vai apoiar a indicação dele.”

Fernando Moura disse que ‘foi conversar com o Dimas’.

“Na oportunidade, ele (Dimas) me colocou, da mesma forma que eu coloquei o caso da Petrobras, em Furnas era igual. Ele falou ‘vocês nem precisam aparecer aqui, vocês vão ficar é um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio.’”

Toda vez que Aécio é denun-ciado, a assessoria de imprensa do senador e a do PSDB rebatem com a surrada “motivação meramente política”.

Assim, tal qual fez nas delações divulgadas de Youssef e “Ceará”, Aécio nega as denúncias do lobista Fernando Moura. Em vídeo postado em sua página na internet, ele re-corre a uma metáfora futebolística para repeli-las:

(…) ele [Fernando Moura] disse que o senador Aécio Neves havia indicado no governo do PT o di-rigente de uma empresa estatal e que havia se beneficiado de recur-sos dessa empresa.

Isso seria algo como se, por exemplo, o técnico do São Paulo escalasse o time do Corínthians às vésperas da decisão. Ou que o

do Atlético fizesse o mesmo que o do Cruzeiro. Ou o técnico do Vasco escalasse o goleiro do Flamengo para decisão do carioca.

Eu estou interpelando esse cidadão na Justiça assim como o diretor citado.”

BASTA JANOT PESQUISAR JOR-NAIS DE 2002/2003 E PEGARÁ AÉCIO NA MENTIRA

“Como sempre faz, Aécio trata uma denúncia contra ele como ridícula e a pessoa sem credibilida-de, procurando desqualificá-los”, atenta o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), em entrevista ex-clusiva ao Viomundo. “Em compen-sação, quando os delatores acusam adversários dele, são bem-vindos, viram heróis.”

“Aécio tergiversa, dizendo que, como político adversário do PT, não poderia ter feito a indicação”, observa Correia. “Se esse é o único argumento do senador para se defender em relação à propina do esquema de Furnas, ele não se sustenta. Uma falácia. Aécio está ‘esquecendo’ da memória histórica. O quadro político de 2002, quando Dimas Toledo foi indicado, era total-mente diferente do atual, do qual o senador está falando.”

Em Minas, é o próprio segredo de polichinelo.

Em 2002, Itamar Franco era go-vernador. Aécio Neves (PDSB-MG), então deputado federal, pleiteava o Palácio da Liberdade e Luís Inácio Lula da Silva (PT-SP), o Palácio do Planalto.

Devido a arranjos políticos lo-

cais, em Minas houve muita cam-panha pelo voto “Lulécio”.

O próprio Itamar apoiava Aécio e Lula.

Nilmário Miranda, candidato do PT ao governo mineiro numa chapa puro-sangue, foi sacrificado. Aécio, por sua vez, não levou a Minas José Serra, então candidato do seu partido à presidência da República. Na ocasião, o PSDB de São Paulo reclamou muito do comportamento de Aécio.

Foi nesse quadro, após vencer a eleição para o governo de Minas, que Aécio buscou aproximação com o governo Lula. Uma de suas demandas era manter Dimas Tole-do como diretor de Operações de Furnas, o que conseguiu. O PT de Minas quase rachou.

O deputado estadual Rogério Coreia era o líder da bancada petista na Assembleia Legislativa de Minas.

“Nós já sabíamos a quem o Dimas servia”, conta. “Aécio fez movimentos tanto na direção da indicação de Dimas para Furnas, quanto na de isolar a nossa bancada que fazia oposição a ele.”

“Fomos chamados a Brasília para conversar com o Zé Dirceu [então ministro Casa Civil]”, expõe. “Ele ‘tentou’ convencer a bancada a diminuir o grau de oposição.”

“Aécio até fez um almoço no Palácio da Liberdade e o Lula este-ve presente”, relembra. “Agora, ele tenta retratar 2002 como se fosse 2015/2016, para ‘esconder’ a indi-cação de Dimas para Furnas. Mas essa história não dá para mudar!

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Ou será que ele acha que pode sair falando o que quiser, pois ninguém tem memória?”

Basta o doutor Rodrigo Janot pesquisar publicações daquela época e pegará Aécio na mentira. Descobrirá reportagens e artigos de opinião, tratando da aproxima-ção dos governos Aécio e Lula, em nome da governabilidade.

“Agora, no assunto Lista de Furnas, Aécio não entra no vídeo--resposta, não responde nada”, Correia põe o dedo na ferida. “As provas são cabais.”

“POR QUE AÉCIO NUNCA PRO-CESSOU DIMAS TOLEDO, O AUTOR DA LISTA DE FURNAS?”

A Lista de Furnas foi feita toda com base no esquema político de Aécio, que se espalhou pelo Brasil inteiro. Foi o que sustentou a campanha eleitoral dos tucanos de 2002.

Além de pagar propina ao PSDB e PP, esse esquema distribuiu quase R$ 40 milhões [valores da época; corrigidos, R$ 91 milhões] aos prin-cipais políticos tucanos e de parti-dos coligados nas eleições de 2002.

Aparecem na lista de benefi-ciários da propina os candidatos tucanos aos governos de Minas, então deputado federal Aécio Neves (amealhou R$ 5,5 milhões apenas para ele; R$ 15,8 milhões em valores atualizados), São Paulo, Geraldo Alckmin, e à presidência da República, José Serra.

Desde 1998, Dimas Toledo era diretor de Operações e Furnas. E foi quem, em 2002, fez uma operação

monstro para levantar recursos para as campanhas de tucanos e aliados, e, depois, elaborou a famosa lista.

Dimas arrola nomes e quantias recebidas por candidatos que se se beneficiaram do esquema. Seu objetivo era pressionar Aécio Neves, eleito governador, e outros tuca-nos, para forçarem Lula a mantê-lo à frente de Furnas, como, de fato, aconteceu até 2005.

“Aécio está dizendo que vai processar o Fernando Moura. Por que ele nunca processou o Dimas, que foi quem fez a Lista de Furnas?”, cutuca Correia. “Por que também os demais políticos citados na Lista de Furnas, como Serra e Alckmin, tam-bém nunca processaram o Dimas Toledo? ”

O próprio deputado petista ex-põe os motivos.

Primeiro: Aécio e todos os de-mais citados têm culpa no cartório. Ao não processarem o Dimas, eles assumem a culpa.

Segundo: Dimas Toledo é ho-mem do Aécio.

Terceiro: a lista é verdadeira, por mais que os tucanos tentem desqualificá-la. A própria Polícia Federal comprovou autenticidade da assinatura de Dimas Toledo no documento, que, diga-se de passa-gem, não é montagem.

Quarto: de público, há três con-fissões que atestam a veracidade do conteúdo da Lista de Furnas.

A primeira foi a do ex-deputado federal Roberto Jefferson, que disse que recebeu exatamente o valor

que consta lá: R$ 75 mil.

Em depoimento à procuradora criminal Andrea Bayão Pereira, que atuava no Ministério Público do Rio de Janeiro, Jefferson disse: “não pos-so dizer dos outros, mas eu posso dizer que eu recebi o que está aí”.

Em matéria postada no seu blog, o jornalista Ricardo Noblat contou que havia conversado com um de-putado que disse que o valor que constava da lista era realmente o que ele havia recebido. Noblat não quis dar o nome do deputado.

Em 2011, quando os tucanos tentaram cassar o mandato de Ro-gério Correia, o deputado estadual Antonio Júlio, do PMDB, foi para cima deles. “Cassar o quê, se o que ele diz é verdade?!”, reagiu então.

Desde 2005, ao tomar conheci-mento da Lista de Furnas, o deputa-do Rogério Correia levou-a à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal e Estadual para que fosse investigada.

Em 2011, a revista Veja publicou matéria, dizendo que Rogério Cor-reia havia participado do processo de falsificação dos nomes da lista de lista de Furnas. “A reportagem era reportagem fajuta, e a verdade aca-bou aparecendo”, relembra Rogério.

Foi nesse contexto que Antônio Júlio revelou que havia pedido a Dimas Toledo uma verba não para ele, mas para um hospital da sua base eleitoral. Dimas mandou para lá exatamente o valor que está na Lista de Furnas. O hospital recebeu e o Antonio Júlio exibiu o recibo dis-so. Foi a pá de cal nos tucanos, que murcharam, e na matéria criminosa

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Fonte: Viomundo

de Veja.

Quinto: em 25 de janeiro de 2012, a procuradora criminal An-dréa Bayão Pereira concluiu seu trabalho sobre a Lista de Furnas, comprovando a existência do es-quema de caixa 2. Ela indiciou por corrupção ativa Dimas Toledo, que é quem operava para Aécio Neves, e Roberto Jefferson por corrupção passiva.

Aliás, em março de 2015, ao pedir ao STF o arquivamento das in-vestigações contra Aécio citado por Youssef em delação da Lava Jato, Rodrigo Janot , como bem alertou Luiz Carlos Azenha, desconheceu a denúncia feita em 25 de janeiro de 2012 pela promotora da Lista de Furnas, a procuradora Andréa Bayão Pereira, atualmente no Ministério Público Federal, em Brasília. Ou seja, trabalha com Janot.

“Aécio usou toda sorte de méto-dos para impedir que nada sobre ele fosse investigado nem divulgado”, acusa Rogério Correia. “Comprou o silêncio da imprensa mineira e do Ministério Público Estadual, através da indicação dos procuradores--gerais. Em nível nacional, o ex-PGR, Roberto Gurgel, fez questão de não perguntar à doutora Andrea Bayão sobre o inquérito da Lista de Furnas, e levá-lo ao STF.”

“Isso sem falar nos momentos violentos, autoritários, fascistas, inclusive, de Aécio para calar os ou-saram denunciar os seus métodos”, afirma Rogério. “Por exemplo, as prisões do jornalista Marco Aurélio Carone e do delator do mensalão tucano e lobista Nilton Monteiro. Isso sem falar na tentativa de cassar o meu mandato.”

– Mas o senhor e outros parla-mentares já estiveram várias vezes na Procuradoria-Geral da República, levando provas sobre as denúncias envolvendo o senador Aécio Neves e elas não deram em nada!

— Realmente, não tenho como negar que foi o que aconteceu até o momento. Mas, agora, o doutor Janot tem que abrir inquérito con-tra o Aécio, mesmo porque quem fez a mais recente denúncia Aécio é o mesmo delator do senador Fernando Collor. Como o Janot vai levar adiante o caso do Collor e não fazer o mesmo contra o Aécio? O denunciante é o mesmo! Além dis-so, insisto: tem várias outras provas cabais.

– Acha que o Dimas Toledo con-firmaria tudo isso em juízo?

— Eu já ouvi dizer que se força-do, ele vai abrir a boca. Por que o doutor Janot não chama o Dimas para depor e oferece delação pre-miada? O Dimas já foi denunciado pela doutora Andrea Bayão por corrupção e poderia ser preso.

– Considerando que procura-dora Andrea Bayão é a autora da denúncia da Lista de Furnas e traba-lha com o doutor Janot em Brasília, os senhores já pediram a ele que a ouvisse ?

— Não só sugerimos como solicitamos ao próprio PGR que a doutora Andrea fosse ouvida e a denúncia enviada ao STF, já que envolve senadores, deputados. Rodrigo Janot ficou de analisar. Isso aconteceu em 31 de março de 2015,quando estivemos com ele na PGR, em Brasília. Até hoje não tivemos nenhuma resposta.

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O PAPEL DA MINERADORA SAMARCO NA LISTA DE FURNAS E EM OUTROS ESCÂNDALOS EM MG

A lista de Furnas tem cinco páginas e seu conteúdo pode ser separado em

duas faces. Nas páginas 1, 2, 3 e 4, estão relacionados os nomes dos 156 políticos que receberam dinheiro para a campanha eleitoral de 2002. Eram todos da base aliada do então presidente Fernando Hen-rique Cardoso. É o que se poderia chamar de a lista dos corruptos.

No final da página 4 e na página 5, estão relacionados os nomes de 101 empresas, as que deram dinhei-ro para financiar os candidatos. É o

que se poderia chamar de a lista dos corruptores.

Nesta lista , estão fornecedores diretos da estatal Furnas e empre-sas com as quais o então diretor de Planejamento, Engenharia e Construção, Dimas Toledo, manti-nha contatos, como operador que administrava os interesses de seus políticos protetores, rol em que Aécio Neves era o destaque.

Na relação dos corruptores, estão nomes conhecidos como a Alstom e a Siemens, no grupo das

fornecedoras de equipamentos, a Camargo Correa, a Odebrecht e a Mendes Júnior, no grupo das em-preiteiras, a Baurense, no grupo das prestadoras de serviço, e a Samarco Mineradora, no grupo das grandes consumidoras de energia (veja na página 4 da lista abaixo).

Com o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, interior de Minas, na última quinta-feira, a lama que destruiu casas, matou pelo menos uma pessoa e provocou o desaparecimento de outras 13, traz à tona uma relação estreita entre

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23a Samarco e as administrações do PSDB em Minas Gerais e também no Espírito Santo, não só no caso da Lista de Furnas.

No ano 2000, uma operação de compra de créditos do ICMS, no valor à época de R$ 67 milhões, resultou num escândalo que levou à prisão o presidente da Assembleia Legislativa do Estado e colocou no banco dos réus o então governador, José Ignácio, do PSDB, a mulher dele, Maria Helena Ferreira, e o ex--ministro Aníbal Teixeira.

Os créditos do ICMS eram da Sa-marco, que os vendeu para a estatal de energia do Espírito Santo, Escel-sa, sem que houvesse aprovação da Procuradoria do Estado. Um dos intermediários era o lobista Nílton Monteiro, que mais tarde denuncia-ria a Lista de Furnas.

Passado para trás na negociação dos créditos de ICMS da Samarco, ficou sem receber a comissão e de-nunciou o esquema. Uma investiga-ção da Polícia Federal descobriu que parte do dinheiro recebido pela Sa-marco foi parar na conta de laranjas de deputados estaduais e ajudaram a comprar a eleição do deputado José Carlos Gratz a presidente da Assembleia. Gratz acabou preso e José Ignácio, nove anos depois, foi condenado a oito anos de cadeia. Ele recorreu da sentença e até hoje não foi preso.

O escândalo, que resultou na CPI da Propina, jogou luzes sobre a movimentação de Nílton Monteiro, o da Lista de Furnas, pelo submundo da política. Depois da propina no Es-pírito Santo, denunciou o Mensalão de Minas e a Lista de Furnas.

Nos três casos, o da Propina, o do Mensalão e da Lista, os documentos que apresentou tiveram autentici-dade comprovada.

Em Minas, onde morava, Nílton respondeu a um inquérito movido pelos diretores da Samarco, por causa da denúncia no Espírito San-to. No curso da investigação, de denunciante a Samarco passou à denunciada, por apresentar provas falsas contra Nílton Monteiro.

Em 2010, um advogado que trabalhou tanto para o lobista Nílton Monteiro quanto para a Samarco prestou um depoimento considerado bombástico, em que confirmou possuir gravações que comprometiam a empresa Samarco e integrantes do primeiro escalão do governo de Minas, entre os quais o próprio governador Aécio Neves.

Depois disso, o inquérito de-sapareceu num trânsito entre a Delegacia e o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Peças foram reapresentadas, na remontagem dos autos, como manda a lei, mas a versão final não inclui o depoimen-to bombástico desse advogado, além de outros documentos consi-derados importantes.

Nesta semana, dois dias antes da barragem da Samarco rachar, o delegado João Otacílio, que tomou o depoimento daquele advoga-do – chamado Joaquim Engler Filho – confirmou em juízo o teor do depoimento e reiterou que foi afastado por causa da investigação que se aproximava do governador Aécio Neves.

Um advogado que acompanha este caso de perto é Dino Miraglia,

o primeiro a denunciar o desapare-cimento do inquérito e a fraude na remontagem do processo. Depois disso, teve a casa e o escritório invadidos pela Polícia Civil, numa operação com mandado judicial, obtido por policiais que o acusavam de pertencer a uma quadrilha de estelionatários.

A operação contou com cães e movimentou um helicóptero, com voos rasantes sobre o condomínio onde o advogado morava. Dino Mi-raglia viu um investigador arrombar a porta do banheiro quando a espo-sa, chorando, se refugiou ali. Perdeu o casamento e muitos clientes.

Dino Miraglia, que já foi cha-mado de Cidadão Mais Você, no programa de Ana Maria Braga, por tirar da cadeia um homem con-denado injustamente, hoje evita dar entrevista, e fala com poucos amigos. A um deles, disse que, se o governo de Minas remover a lama da Samarco, vai encontrar, além de vítimas, esqueletos no armário do governo de Aécio Neves/Antônio Anastasia, com casos de truculência policial, manipulação da justiça e corrupção.

Fonte: Diário do Centro do Mundo

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COMO AÉCIO, SEUS ALIADOS E A VEJA ABAFARAM A INVESTIGAÇÃO DE FURNAS

Na semana em que o DCM co-meçou a contar a história sobre a Lista de Furnas, uma cena chamou a atenção de quem passava pela rua Goytacazes, em Belo Horizonte, altura do número 50, no final da manhã de quinta-feira, 15 de outu-bro. Um senhor de mais de 70 anos, vestindo camisa amarela e calça social, se aproximou de um homem de quase 60, mais baixo do que ele, tocou no seu ombro e este, ao virar, ouviu “filho da puta” e levou o soco no rosto. O mais baixo revidou com a pasta e começou a gritar: “mensa-leiro”, “pega ladrão”, e o mais velho deixou o local.

O mais velho é Cláudio Roberto Mourão Silveira, quadro com ex-tensa folha de serviços prestados às gestões do PSDB no Estado, e o mais baixo, Nílton Antônio Monteiro, o delator da Lista de Furnas. Nílton entrou em contato com o advogado Willian Santos, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB no Estado, e foi orientado a fazer um boletim de ocorrência, e a buscar testemunhas e registros em vídeo da agressão. “Até hoje, tudo o que o Nílton falou acabou se com-provando”, disse Willian.

Eu liguei para Cláudio Mourão e deixei recado na caixa postal, sem obter retorno até agora. Também enviei um e-mail para o advogado de Mourão, também sem resposta até o momento. Mourão e Nílton se tornaram desafetos quando este divulgou documentos que mos-travam a utilização de caixa 2 na

Esta reportagem faz parte da série sobre o escândalo da Lista de Furnas. As demais estão aqui. Ela está sendo republicada à luz do depoimento do lobista Fernando Moura, segundo o qual a estatal era controlada pelo hoje senador tucano Aécio Neves no governo Lula: “É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”.

campanha do PSDB em 1998, num episódio conhecido como mensa-lão mineiro.

Cláudio Mourão foi chefe de gabinete na Secretaria de Admi-nistração no governo de Tancredo Neves, onde Eduardo Azeredo era presidente da Empresa de Proces-

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25samento de Dados. Mais tarde, quando Azeredo assumiu a prefei-tura de Belo Horizonte, Mourão foi nomeado secretário da Administra-ção. Em 1994, Azeredo se elegeu governador e levou Mourão para a Secretaria de Administração do Estado. Em 1998, quando Azeredo tentou a reeleição, Mourão se tor-nou o tesoureiro da campanha.

Azeredo não se elegeu e dei-xou dívida de campanha, que foi assumida pelo aliado Mourão. Este, alegando prejuízo, se movimentou para entrar com uma ação de inde-nização na justiça contra Azeredo e o candidato a vice, Clésio Andrade. Tudo de maneira bem discreta. Ao mesmo tempo, assinou uma pro-curação para que Nílton Monteiro buscasse fazer um acordo extraju-dicial com Azeredo e Clésio.

Como Nílton não é advogado e até então sua atividade conhecida era a de laranja e homem da mala do empresário e ex-deputado Ségio Naya, é claro que não se tratava de serviços jurídicos o que Mourão buscava.

E Nílton preparou uma lista, exatamente como no caso de Fur-nas, com o nome dos políticos que receberam doações na campanha de 1998. Lá está o nome de Aécio Neves, na época candidato a depu-tado federal, com o respetivo valor da doação: 110 mil reais.

Mais tarde, Mourão desistiu da ação na Justiça contra seus antigos aliados – Azeredo e Clésio – e Nílton entregou a lista e documentos para políticos do PT, quando em Brasília o PSDB atacava o governo Lula por causa da denúncia do mensalão.

Não é difícil concluir que o proble-ma de Mourão estava resolvido. Mas e Nílton, que não esconde que busca dinheiro nos subterrâneos da política?

Com a divulgação da lista do Mourão, acompanhada de recibo de depósitos bancários, se tornou pú-blico que Marcos Valério trabalhava para o PSDB de Minas Gerais muito antes de começar a servir ao PT.

A Procuradoria Geral da Repú-blica determinou a abertura de inquérito e a Polícia Federal desco-briu que, no mensalão mineiro, o dinheiro saía das estatais de Minas Gerais, via contratos de mentirinha, e ia para o caixa dos políticos, com a mediação de Marcos Valério.

Nesse tempo, Aécio já era gover-nador de Minas e, logo depois de explodir o escândalo do mensalão mineiro, teve seu nome relacionado também na outra lista famosa, a de Furnas. Os dois casos – a Lista do Mourão e a Lista de Furnas — foram divulgados quase simultaneamente, e demonstraram que o PSDB, ao atacar o PT, era o que, nas palavras ditas mais tarde, o mesmo que o sujo falar do mal lavado.

As listas de Nílton tiveram uma repercussão estranha. Se, nos basti-dores, foi fundamental para esvaziar as CPIs do Correio e do Mensalão, publicamente o alvo se tornou Níl-ton Monteiro. “Achacador”, diziam uns. “Falsário”, afirmavam outros. “Estelionatário”, denunciava a Polícia Civil de Minas Gerais.

A reação dos envolvidos atende a um padrão. No caso do mensalão mineiro, Mourão negou que tives-

se assinado procuração em favor de Nílton, e até juntou parecer de perito contratado para dizer que a assinatura era falsa. Já os peritos ofi-ciais, da Polícia Federal, não tiveram dúvida: a assinatura era autêntica.

No caso de Furnas, a mesma coisa. Peritos contratados, agindo fora do horário de trabalho ou já aposentados do serviço público, atestaram a falsidade, sob contrato remunerado. Os peritos da Polícia Federal chegaram à conclusão oposta.

Entre uns e outros, entraram em ação a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Ministério Público de Minas Gerais, para investigar não Furnas ou Cláudio Mourão, mas o único jornal mineiro que dava notícia sobre as listas.

Batizada de Anonymous, uma operação que uniu promotores, delegados e PMs, com o amparo do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, resultou na busca e apreensão de documentos e computadores da sede do Novo Jornal e na retirada do site do ar.

Quando o advogado do Novo Jornal tentou reverter a decisão, a Polícia Civil se manifestou contrária e juntou um artigo do Observatório da Imprensa, publicado no dia 26 de agosto de 2008, sob título “Jor-nalismo ou achaque?”, em que o autor, José Luiz Ferreira Fernandes, fazia insinuações de que o dono do Novo Jornal publicava as denúncias para extorquir dinheiro de políticos e empresários.

Sete anos depois, eu procurei o autor do artigo, e descobri que não

existe nenhum José Luiz Ferreira Fernandes. O editor do Observa-tório da Imprensa à época, Luiz Egypto, ainda guarda o celular de quem enviou o artigo. Eu liguei para o número e quem atendeu não se chama José Luiz. Também enviei um e-mail, que retornou, por se tratar de uma conta hoje inexistente.

“Na época, houve dias em que subíamos até 100 artigos e não era possível checar a autoria de todos. Este artigo foi publicado no contexto de uma polêmica sobre o fechamento do site de Minas”, diz Egypto.

O dono do Novo Jornal atribui a autoria do texto ao grupo de Aécio Neves. “É coisa da Andrea (irmã de Aécio), que comprou toda a impren-sa de Minas e destruiu quem ela não conseguiu comprar”, afirma Marco Aurélio Carone.

Alguns anos mais tarde, quando Aécio Neves colocou a campanha a presidente na rua, o dono do Novo Jornal seria preso e teria o site mais uma vez retirado do ar – decisão não revertida até hoje.

O inquérito que justifica a prisão e o fechamento do jornal junta o artigo apócrifo do Observatório da Imprensa e outra publicação de imprensa, uma reportagem da revista Veja.

A Veja publica trechos de uma escuta telefônica realizada com au-torização judicial para concluir que o PT de Minas Gerais tinha se unido a uma quadrilha de falsificadores para destruir Aécio Neves e seus aliados, no caso da Lista de Furnas.

Hoje já se sabe que esses trechos

foram tirados de contexto, pois a mesma escuta telefônica ajudou a Procuradoria da República a con-cluir que a Lista de Furnas era autên-tica. “Nada foi captado que indicasse a falsidade”, conforme destacou a procuradora Andrea Bayão na de-núncia criminal que fez contra onze pessoas, pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A denúncia é extensa – 51 pági-nas. No resumo que fez ao analisar a acusação, o juiz Roberto Dantes Schuman de Paula diz que se trata “de um esquema criminoso de desvio de dinheiro no âmbito da empresa Furnas Centrais Elétricas S/A (…) que se destinaria ao finan-ciamento de campanhas políticas e ao enriquecimento de agentes públicos, políticos, empresários e lobistas”.

O juiz considera “graves” os fatos narrados na denúncia, mas conclui que, por serem casos de corrupção passiva e corrupção ativa, devem ser julgados pela justiça estadual. Andrea Bayão já nem estava mais no Rio de Janeiro para recorrer dessa decisão do juiz.

É que, logo depois que enviou a denúncia para a Justiça, a pro-curadora recebeu uma promoção. Alçada ao cargo de procuradora regional, ela foi transferida para Brasília. Quando o juiz analisou a de-núncia, Bayão já estava trabalhando ao lado do então procurador geral da república, Roberto Gurgel.

Esta semana, estive na Procura-doria da República no Rio de Janei-ro, onde, recentemente, de volta de Brasília, a procuradora Bayão voltou a trabalhar, desta vez na instância

superior. Mais uma vez, tentei falar com ela. Bayão não quis me dar en-trevista, mas respondeu a algumas perguntas através da assessoria de imprensa.

Confirmou que o inquérito en-volve políticos com prerrogativa de foro, que ela não tinha competência para processar. Não citou nomes, mas a lista de Furnas relaciona 156 políticos, como Aécio Neves, José Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Por meio da assessoria de im-prensa, Andrea Bayão disse que, após entregar a denúncia, só teve notícia do caso através da impren-sa e afirmou que não comunicou ao Procurador Geral da República o nome dos políticos envolvidos, porque já era do conhecimento dele, uma vez que sua atuação no caso começou a partir de uma de-terminação de Brasília.

No Rio de Janeiro, a investigação sobre Furnas voltou à estaca zero em 2012, quando foi remetido para o Ministério Público Estadual. Hoje, as pastas da investigação da Polícia Federal se encontram na Delegacia Fazendária, juntadas ao inquérito número 921-00381.

O Código de Processo Penal estabelece 30 dias para a polícia concluir a investigação, prazo que pode ser prorrogado algumas ve-zes, em tese apenas sob justificativa convincente. O inquérito já está lá há três anos e até agora não foi relatado para o Ministério Público.

Na época em que saiu da Justiça Federal e foi para o Rio de Janeiro, o governador do Estado era Sérgio Cabral, que aparece na lista como

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destinatário de R$ 500 mil do dinhei-ro de Furnas (hoje R$ 1,2 milhão, corrigidos pelo IGP-M), juntamente com 23 candidatos a deputado, entre eles o atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (R$ 100 mil, o equivalente hoje a R$ 239 mil).

E quem era o político que dava as cartas em Furnas, a ponto de segurar no cargo o Diretor de Planejamento, Engenharia e Construção, Dimas Toledo, apontado como mentor e executor dos desvios?

Em 2003, o deputado Roberto Jefferson queria o cargo de Dimas Toledo para um afiliado do PTB, julgando que este era o acordo para apoiar o governo federal. Não teve sucesso.

“Uma pressão grande de vários deputados sobre mim, sobre o mi-

nistro Walfrido (Walfrido dos Mares Guia, também do PTB): ‘não tira o Dimas, não tira o Dimas’. E eu percebi que o próprio ministro José Dirceu não queria tirar. Toda hora, ele dizia: ‘tem muita pressão. Tem pressão do Aécio’”, disse Jefferson em junho de 2005, ao ser questionado por um deputado na CPI dos Correios.

Na época, a lista ainda não era pública, e não se sabia do poder do grupo de Aécio Neves sobre Furnas. A fala de Jefferson implicando Aécio Neves não teve repercussão, ao con-trário do que ocorreu quando ele apontou o dedo para o PT.

Dimas Toledo, afilhado político de Aécio Neves, era o dono da cha-ve que abria o cofre de Furnas para abastecer os políticos. Sua lista, ela-borada para permanecer em sigilo, apenas circulando entre pessoas com poder de pressionar o governo

federal a manter Dimas Toledo na empresa, é uma confissão de crime assinada. Apesar disso, adormece na Delegacia Fazendária do Rio.

Não fosse pelo fato de figurar na lista, como manda chuva na política fluminense, Sérgio Cabral teria outro motivo para não ter interesse no aprofundamento da investigação. Sua primeira mulher, Suzana, com quem tem três filhos, é prima de Aécio Neves. Sérgio Cabral nunca foi, portanto, um estranho no ninho de Aécio, onde Furnas teve (ou tem) lugar cativo.

As empresas doadoras são as mesmas de outros escândalos en-volvendo Aécio e seus aliados, como a CEMIG em Minas ou o Metrô de São Paulo. Os contratos fajutos de consultoria, usados para disfarçar os repasses, são parecidos.

Fonte: Diário do Centro do Mundo

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PGR PODE CHAMAR AÉCIO E JUCÁ PARA DEPOR

Depois de ter tomado o depoimento do ex--presidente Lula, na úl-

tima quinta-feira 7, a Procuradoria Geral da República, comandada por Rodrigo Janot, deve convocar outros parlamentares citados na de-lação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), informa a jornalista Mônica Bergamo.

Lula foi acusado por Delcídio,

em sua delação, de ter acionado o parlamentar para tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que está preso pela Operação Lava Jato. Na quinta, Lula negou as acusações aos procura-dores.

Delcídio chegou a ser preso por 87 dias, acusado de tentar obstruir a Justiça ao oferecer um plano de fuga para Cerveró e dinheiro para

Depoimento do ex-presidente Lula à Procuradoria Geral da República, na última quinta--feira, teve como base a delação do senador Delcídio Amaral, que acusou o petista de chamá-lo para tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró; Lula negou as acusações; agora, a PGR, comandada por Rodrigo Janot, deve convocar outros citados pelo parlamentar em seus depoimentos; entre os mencionados por Delcídio estão os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Romero Jucá (PMDB-RR)

sua família. Ele foi flagrado em uma gravação feita por Bernardo Cerve-ró, filho do condenado.

Outros nomes citados por Del-cídio na Delação e que podem ser agora chamados para depor pela Procuradoria Geral da República são os dos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Romero Jucá (PMDB--RR).

Fonte: Brasil 247

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AÉCIO RECEBEU DOAÇÃO DE EMPRESÁRIO PRESO

Inscrito na lista da Odebrecht, que sugere doações a mais de 200 políticos, muitos deles

próceres do golpe contra a presi-dente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que os repasses foram legais e de-clarados e ainda sugeriu que, desta lista, era preciso “separar o joio do trigo”. Os repasses foram de fato declarados à Justiça Eleitoral. Só que isso, analisa o jornalista Renato Rovai, no Blog do Rovai, quer dizer pouco em relação ao imbróglio.

De acordo com o próprio tuca-no, sua campanha para o Senado e seu partido, em 2010, receberam um total de R$1.696.000, 00 da Leyroz de Caxias Indústria Comér-cio e Logística Ltda.

Acontece que essa mesma em-presa, a Leyroz, em 2007, foi alvo de um processo no Conselho de Contribuintes de Minas Gerais por manter com a empresa Praiamar Indústria Comércio e Distribuição Ltda. um esquema de venda de produtos com notas frias.

Em uma rápida pesquisa de CNPJ, constata-se que tanto a Leyroz quanto a Praiamar tem, como sede, o mesmo endereço, na rua Silva Fernandes, 184, Duque de Caxias, Rio de Janeiro.

É no mínimo curioso que uma empresa de distribuição de bebidas e que tem uma modesta sede no Rio de Janeiro faça uma doação milionária a uma campanha de

Minas Gerais.

Mas sigamos a trilha. Pelo CNPJ citado por Aécio Neves em seu texto de esclarecimento, a Leyroz, atualmente, não é mais Leyroz. No registro da Receita Federal, o atual nome da empresa é E-Ouro Gestão e Participação Eireli.

E não foi essa a primeira vez que a Leyroz mudou de nome. No site JusBrasil onde há o registro do processo, já consta uma nova denominação para a Leyroz: Rof Comercial Impex Eireli.

Mas quando a empresa ainda se chamava Leyroz e doou recursos para campanhas do PSDB mineiro e de Aécio Neves, de acordo com re-gistros da Receita Federal, ela tinha como sócio proprietário o senhor Roberto Luis Ramos Fontes Lopes.

Fontes Lopes, por sua vez, foi preso em 2010 – ano da doação – na operação Vulcano, da Polícia Federal, por crime contra a ordem tributária. A acusação que pesa contra ele é de importação ilegal e de ter causado um rombo de R$ 110 milhões aos cofres públicos.

Pelo que consta no processo, o

doador da campanha de Aécio con-tinua preso e recorre através de um habeas corpus que está sob análise.

Ainda não se pode fazer afir-mações a partir desta análise. Mas o senador precisa responder ao menos algumas questões.

Por que como candidato ele teria conseguido uma doação de 1,6 milhão de reais em 2010 de uma empresa cujo dono estava preso por crime contra a ordem tributária?

Por que uma empresa que é acusada de emitir notas frias e que mudou de nome mais de uma vez em uma manobra típica de em-presas de fachada, teria lhe doado tanto dinheiro para uma campanha ao Senado?

Por que esses valores dos repas-ses de Leyroz para Aécio constavam na suposta lista paralela de conta-bilidade da Odebrecht, investigada pela Lava Jato?

Se o senador não responder, res-ta a PF e ao MPF investigar. Não são frágeis os indícios de que houve aí uma operação criminosa.

Fonte: Brasil 247

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ROGÉRIO CORREIA: NEGOCIATAS ENTRE CEMIG E ANDRADE GUTIERREZ NA GESTÃO TUCANA IRRIGARAM COFRES DA EMPREITEIRA COM MAIS DE R$ 600 MILHÕES

O promotor de Defesa do Patrimônio Público de Minas Gerais, Eduardo

Nepomuceno, recebeu na tarde desta terça-feira (13/10) docu-mentos que serão agregados ao inquérito aberto para apurar as estranhas transações entre a Ce-mig e a empreiteira Andrade Gu-tierrez, a partir do acordo de acio-nistas ocorrido há quatro anos. As

denúncias foram entregues pelos deputados Rogério Correia e Professor Neivaldo, ambos do PT. Rogério Correia é líder do bloco parlamentar que dá sustentação ao governo Fernando Pimentel na Assembleia Legislativa (ALMG).

Eduardo Nepomuceno afirmou que o inquérito aberto pelo Mi-nistério Público tinha como alvo

Lava-jato em MinasMP amplia investigações sobre negociatas entre Cemig e Andrade Gutierrez, durante gestão tucana em MinasPor Ilson Lima e Rogério Correia, especial para o Viomundo

o negócio entre companhia ener-gética e Andrade Gutierrez na compra da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. Na transação, fechada em junho do ano passado, a Cemig comprou a parte da empreiteira no em-preendimento, envolveu o fundo de pensão dos empregados, e absorveu prejuízos milionários no episódio.

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O promotor disse que as novas denúncias vão facilitar o andamen-to do inquérito, que a partir de ago-ra terá objetivo mais abrangente e vão acelerar as investigações.

Empréstimos do governo irriga-ram cofres da empreiteira

Autorizado pela ALMG no final do mês de novembro de 2011, o governo de Minas Gerais fez empréstimos com o Banco Inter-nacional para Reconstruções e De-senvolvimento (BIRD), com o Banco Crédit Suisse e Agência Francesa de Desenvolvimento (AF), desti-nados à reestruturação da dívida de responsabilidade com a Cemig. As operações de crédito foram nos valores de, respectivamente, US$

450 milhões; US$ 1,270 bilhão; e de € 300 milhões.

A manobra fez com que o em-préstimo internacional fosse trans-formado em lucro nos balanços de 2012 e 2013, posteriormente distribuído aos acionistas como dividendos. Somente nesta artima-nha, mais de R$ 600 milhões foram repassados à Andrade Gutierrez. O cálculo se baseia no percentual de 14% a que tem direito a empreiteira dos lucros obtidos pela companhia, como uma de suas sócias privadas.

Em outras palavras: a Cemig pegou empréstimos no exterior sob alegação de que os juros eram menores. Só que foi uma manobra para gerar mais lucros e distribuir

dividendos para acionistas, em especial para a Andrade Gutierrez.

Também consta das denúncias ao Ministério Público de Minas a distribuição dos lucros aos acionis-tas. Em 2011, o Conselho Delibera-tivo da Cemig alterou o Acordo de Acionistas, permitindo o repasse de dividendos aos acionistas de no mínimo de 50%, quando era de no máximo 25% na época do governo Itamar Franco (1994/1998).

Para o diretor do Sindieletro, Marcelo Correia, desde 2009 esse “assalto” contra o povo brasileiro vem sendo amplificado, e é o retra-to do sucateamento a que foi sub-metida a companhia. “Os números são esclarecedores: entre 1994 a 2013, mais de 9, 5 mil eletricitários perderam seus postos de trabalho (entre demitidos sem justa causa ou pelo Programa de Demissão Voluntária), o que gerou queda na qualidade de serviço, em contraste com os lucros distribuídos à Andra-de Gutierrez e aos outros acionistas privados, que chegaram em mais de 100%, às vezes, entre 2009 e 2013”, acusa.

“Agora, ficam mais claras as mensagens trocadas por execu-tivos da Andrade Gutierrez, des-cobertas na Operação Lava Jato e publicadas pelo Estadão“, observa o deputado Rogério Correia.”Tanto amor não era só afinidade ideoló-gica. Os ganhos da empreiteira nas negociatas com a Cemig explicam por que a Andrade Gutierrez deu tanto dinheiro para as campanhas dos tucanos Aécio Neves à Presi-dência da República e de Antonio Anastasia ao Senado.”

Fonte: Viomundo

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ROGÉRIO CORREIA: DR. JANOT, POR OBRA DE AÉCIO, A CEMIG FOI VENDIDA DE BANDEJA À ANDRADE GUTIERREZ, QUE BANCA SUAS CAMPANHAS. INVESTIGUE!

Por Rogério Correia e Ilson Lima, especial para o Viomundo

O deputado Rogério Cor-reia (PT ) se reúne na terça-feira (13/10) com

o promotor Eduardo Nepomuceno, titular da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, a quem entregará documentação referente às nebu-losas transações entre a Cemig e a empreiteira Andrade Gutierrez. O parlamentar irá, objetivamente, con-tribuir no processo em andamento naquela promotoria, que estava em banho-maria, mas que com a Opera-ção Lava-Jato voltou com carga total nos últimos dias.

Não é à toa que mensagens tro-cadas entre executivos da Andrade Gutierrez pelo WhatsApp* — inter-

ceptadas na Operação Lava-Jato — os mostram em franca torcida pela vitória do tucano Aécio Neves na eleição presidencial. Sob a mira da 14ª fase da Lava-Jato desde junho passado, a Andrade Gutierrez foi a maior doadora de recursos da cam-panha do senador Aécio Neves em 2014. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que a em-preiteira fez 322 doações ao então candidato tucano à Presidência que somaram mais de R$ 20 milhões.

Há entre um e outro antigas e estreitas relações que remon-tam ao governo Eduardo Azeredo (1995/1998). Em 1997, um acordo de acionistas possibilitou que a American Electrical Systems (AES) se apropriasse de um terço das ações

ordinárias da Cemig, além de ter outros privilégios contratuais que lhe davam controle da empresa. Tudo fazia parte do plano de priva-tização da estatal, preparado pelo governo Eduardo Azeredo, seguin-do as políticas do então presidente FHC, conforme ficou bem-exposto no livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior.

A privatização da Cemig foi interrompida durante o governo Itamar Franco (1999-2002), que conseguiu na Justiça derrubar o acordo de acionistas, ainda que a AES tenha mantido sua participa-ção na estatal como sócia minori-tária. O projeto de privatização foi retomado no período Aécio Neves e Antonio Anastasia (2002/2014),

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quando entrou em cena a Andrade Gutierrez. As partes nebulosas da transação surgem nos detalhes do esquema montado pelos tucanos.

Para viabilizar o negócio, a Cemig comprou, em 2009, a par-ticipação da Andrade Gutierrez na Light do Rio de Janeiro por R$ 785 milhões, pagos à vista. A Andrade Gutierrez, por sua vez, deu R$ 500 milhões de entrada na compra de 33% das ações ordinárias da estatal mineira, ficando o restante do valor da compra, no total de R$ 1,6 bilhão, para pagamento em 10 anos com a emissão de debêntures a serem adquiridos pelo BNDES, a juros e taxas facilitadas.

Na prática, a Andrade Gutierrez fez um negócio da China. De 2010 a 2013, recebeu mais de R$ 1,7 bilhão em dividendos da Cemig. O poder da empreiteira na estatal não se restringe à participação nesse item. No acordo de acionistas a Andrade Gutierrez garantiu, por meio de ar-tifícios embutidos no documento, o direito de indicar seu representante na Diretoria de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial das Controladas e Coligadas, que simplesmente é quem conduz os investimentos da Cemig, em espe-cial as grandes construções.

Um outro negócio questionável realizado pela Cemig nos últimos anos é o que redundou na aqui-sição da Usina Hidrelétrica (UHE) de Santo Antônio, localizada em Rondônia. A Cemig já detinha uma participação de 10% na Usina, pela qual investira R$ 610 milhões. Posteriormente, a estatal comprou a parte da Andrade Gutierrez na usina, o equivalente a 83%, pelo

qual pagou R$ 835 milhões.

Como a usina vinha registran-do prejuízos recorrentes, além de ter recebido por sua participação como acionista, a Andrade Gu-tierrez recebeu os pagamentos referentes ao seu trabalho na cons-trução da UHE.

Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energé-tica de Minas Gerais (Sindieletro/MG) Marcelo Correia a Andrade Gutierrez tem hoje todo o controle da Cemig, inclusive o de ter infor-mações privilegiadas sobre os ne-gócios envolvendo investimentos da estatal. “Há um enorme conflito de interesses nesse caso, o que, para nós, do sindicato, é irregular e ilegal”, observa.

Ele disse que os trabalhadores do setor e a população brasileira aguardam o encaminhamento das investigações e que os negócios nebulosos da estatal com a emprei-teira venham a público.

Em resumo, a Andrade Gutierrez tem o retorno de 100% do lucro em dividendos e o direito de dirigir

os investimentos da estatal por até 30 anos. A pergunta que não cala é por que o Estado de Minas Gerais assinou um acordo em que não há nenhuma cláusula que lhe dê direitos ou vantagens, mas so-mente obrigações e garantias para a empreiteira.

O acordo feito com a Andrade Gutierrez foi um prato cheio para os governadores tucanos Aécio e Anastasia, que obtiveram vultosas doações em suas campanhas, para a presidência e para o senado, res-pectivamente.

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Com essas informações sobre a participação daAndrade Gutierrez nos negócios da Cemig, compreen-de-se exemplarmente como ocorre em nosso País a apropriação do público pelo privado, como uma estatal lucrativa como a Cemig foi entregue de bandeja primeiramen-te para a AES e, posteriormente, para a Andrade Gutierrez, que nunca ao menos foram fiscalizadas pelos po-deres públicos nos últimos 20 anos, desde o governo Eduardo Azeredo.

Entende-se, também, porque os executivos da Andrade Gutierrez torceram tanto pela vitória de Aé-cio na última eleição presidencial. E torceram até o último minuto, porque davam como ganha a elei-ção que perderam nos minutos finais da prorrogação. É singular o apoio revelado no WhatsApp pe-los executivos da empreiteira, por meio das mensagens, nas quais a presidente é chamada de “poste” e de “presidanta”.

Pelo grupo os executivos Fávio Barra e Elton Negrão de Azevedo Júnior, ambos presos na Operação Lava-jato, trocam mensagens com seus colegas durante a apuração eleitoral passada, nas quais lê-se coisas do tipo: “fora, sapa com cara do Satanás”, se referindo à candidata Dilma Rousseff, ou, “…Agora o ho-mem (Aécio) moeu a gorda (Dilma) de perna aberta”, afirma um dos executivos.

Na opinião do deputado esta-dual Rogério Correia, líder do Bloco Minas Melhor na Assembleia Legis-lativa de Minas Gerais, não há como ficar impune uma transação desse porte, em que uma estatal como a Cemig é utilizada para jorrar lucros

vultosos para a iniciativa privada, em proveito da candidatura tucana de Aécio Neves e tudo ficar por isso mesmo.

“O procurador-geral da Repúbli-ca, Rodrigo Janot, tem que adotar o mesmo procedimento dado às outras investigações. Afinal, já en-treguei a ele em mãos esta e outras denúncias. Não apurar isso é escon-der muita sujeira debaixo de pouco tapete”, concluiu o parlamentar.

*Rogério Correia é deputado estadual (PT-MG) e líder do Bloco Minas Melhor na Assembleia Legis-lativa. Ilson Lima é jornalista

Fonte: Viomundo

*Mensagens trocadas por executivos da Andrade Gutierrez, publicadas pelo Estadão:

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