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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA Programa de Pós-Graduação em Química JULIANA NAOZUKA ESPECIAÇÃO QUÍMICA ELEMENTAR EM CASTANHA-DO-PARÁ, COCO E CUPUAÇU São Paulo Data do Depósito na SPG: 01/08/2008

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE QUÍMICA

Programa de Pós-Graduação em Química

JULIANA NAOZUKA

ESPECIAÇÃO QUÍMICA ELEMENTAR EM

CASTANHA-DO-PARÁ, COCO E CUPUAÇU

São Paulo

Data do Depósito na SPG:

01/08/2008

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JULIANA NAOZUKA

ESPECIAÇÃO QUÍMICA ELEMENTAR EM

CASTANHA-DO-PARÁ, COCO E CUPUAÇU

Tese apresentada ao Instituto de

Química da Universidade de São Paulo para

obtenção do Título de Doutor em

Química (Química Analítica)

Orientador: Prof. Dr. Pedro Vitoriano de Oliveira

São Paulo

2008

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Juliana Naozuka

Especiação química elementar em castanha-do-pará, coco e cupuaçu

Tese apresentada ao Instituto de Química

da Universidade de São Paulo para obtenção do

Título de Doutor em Química (Química Analítica)

Aprovado em: ____________________

Banca Examinadora

Prof. Dr. ____________________________________________________

Instituição: ___________________________________________________

Assinatura: ___________________________________________________

Prof. Dr. _____________________________________________________

Instituição: ___________________________________________________

Assinatura: ___________________________________________________

Prof. Dr. _____________________________________________________

Instituição: ___________________________________________________

Assinatura: ___________________________________________________

Prof. Dr. ____________________________________________________

Instituição: ___________________________________________________

Assinatura: ___________________________________________________

Prof. Dr. ____________________________________________________

Instituição: ___________________________________________________

Assinatura:___________________________________________________

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À minha família Marcelo, Júlia,

Gustavo, Elaine, Cirilo, Aninha

e à “minha vida” Thiago,

pelo apoio incondicional, amor e respeito

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Poucos são aqueles que possuem a dádiva de saber ensinar;

Poucos são aqueles que possuem conhecimentos e conseguem

dividir plenamente;

Poucos são aqueles que sabem respeitar e nos ouvir;

Poucos são aqueles que podemos nos apoiar e compartilhar

problemas e alegrias;

Poucos são aqueles que podemos considerar amigos verdadeiros e

eternos.

Muito obrigada por você ser uma dessas pessoas.

Ao meu “pai científico” Prof. Dr. Pedro

Dedico

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AGRADECIMENTOS

Ao meu "pai científico", Prof. Dr. Pedro Vitoriano de Oliveira, pela PACIÊNCIA

E AMIZADE. Além da EXCELENTE ORIENTAÇÃO EM TODOS OS MOMENTOS DA

MINHA VIDA PESSOAL E CIENTÍFICA.

À Profa. Dra. Elisabeth de Oliveira, pela orientação, amizade e ensinamentos.

Ao Prof. Dr. Sandro R. Marana (colaborador) pela orientação, paciência e

ensinamentos.

Ao Prof. Dr. Mauro Bertotti (“sogro científico”) pela amizade, ensinamentos e

inúmeras conversas sobre educação, licenciatura e ética (“Seja mais ouvido do que

boca”).

Ao Prof. Dr. Lúcio Angnes pelo apoio, conversas e incentivo científico.

Ao Prof Dr. Fábio R. P. Rocha pela amizade, conversas, ensinamentos,

postura didática (excelente) e participação na qualificação.

Aos demais docentes da Área de Química Analítica do IQ-USP, pela amizade

e pelos ensinamentos oferecidos.

A todos os docentes do IQ-USP pela sólida formação em Química, que me

permitiu ingressar no programa de Pós-Graduação.

Aos técnicos: Cristina, Luciana, Priscila, Daniel, Renato, Fernando e Roberto

pelos constantes auxílios. Em especial à Luciana por ser sempre prestativa e nunca

reclamar dos pedidos solicitados.

A Izaura Nobuko Toma e ao Prof. Dr. Paolo Di Mascio pelas análises no

MALDI-TOF MS.

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A todos os funcionários da Seção de Graduação, de Pós-Graduação e

Assistência Acadêmica, pela forma eficaz com que realizam os seus trabalhos.

Aos amigos de laboratório (ANGERSON, ALEXANDRE, DANIELLE, EDIVAN,

FÁBIO, MARIELLE, PATRÍCIA E RAFAEL) pela convivência harmoniosa, conversas e

“cafés” (4-6 por dia).

Aos amigos de outros laboratórios (MAIARA, WANESSA, GRAZIELLE,

PATRÍCIA E SIDNEI) pelas conversas, diversões e trabalhos paralelos.

Ao amigo Rodrigo Alejandro Abarza Muñoz (“Escobar”) pela convivência

durante a graduação, pelas ricas conversas e parceiro de viagem.

À Tatiana Marsola e Melissa Dazzani pela amizade e consideração. Mê

obrigada pelas oportunidades!

À amiga Denise Lowinsohn que apesar da distância estará sempre em meu

coração e entre meus melhores amigos.

Ao amigo Jorge Takeshita (“Jorgeletas”) pelas discussões, “saídas” e pela

chatice que é maior do que a minha.

Aos amigos Tiago L. Ferreira (“Pé”) e Helena Junqueira pela amizade,

carinho, conversas “na humilde” e pela honra de ter nos convidado para sermos

padrinhos do seu casamento.

À Profa. Dra. Cassiana S. Nomura (“irmã científica mais velha”) pela amizade

VERDADEIRA de 10 anos, pelos conselhos e apoio pessoal e profissional nos bons e

maus momentos. E por ser essa pessoa maravilhosa e excelente pesquisadora.

Aos alunos de mestrado da Profa. Dra. Cassiana Seimi Nomura, Rodrigo

Chelegão e Vivian Carioni, da UFABC, pela oportunidade de co-orientá-los e pela

amizade e respeito.

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Ao Prof. Dr. Paulo R. M. Correia ("irmão científico") pela amizade verdadeira,

ricos ensinamentos químicos e epistemológicos. E por me mostrar uma verdadeira

e ideal postura de um pesquisador, educador e orientador.

À Profa. Dra. Márcia A. M. S. da Veiga ("mãe científica") pela amizade,

risadas, por ter me dado a chance de aprender a postura e a dedicação de uma

pós-doutoranda e de conhecer uma pessoa tão especial e lutadora.

À Silvia, Romeu, Victor, Beatriz, Dona Ida e senhor Miguel, pela convivência,

amizade, respeito e família maravilhosa.

À minha maravilhosa família (Marcelo, Júlia, Gustavo “meu bebê”, Elaine,

Cirilo e Aninha “linda da tia”) que sempre me apóia e auxilia em todos os

momentos da minha vida, pela enorme paciência, amor e respeito.

Ao Thiago R. L. C. da Paixão (“minha vida” e "Tudo é ter você eternamente”)

pelo amor eterno, parceria, respeito, ensinamentos químicos e de vida e paciência

durante os nossos 9 anos de convivência. Quer tentar ser um pesquisador

excelente? Tente se espelhar nele!!

Ao Goonies (“meu bebê”) por sempre me fazer sorrir e pela fidelidade.

Ao CNPq por acreditar nesse projeto de pesquisa e pelo auxílio financeiro

fornecido (processo: 141250/2006-2).

À Fapesp, CNPq, CAPES e Pró-Reitoria de Pesquisa da Pós-Graduação pelo

suporte financeiro.

A todos que de alguma forma colaboraram no desenvolvimento deste

trabalho.

Muito obrigada

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RESUMO

Naozuka,  J.  Especiação química  elementar  em  castanha‐do‐pará,  coco  e  cupuaçu.  2008.  128pp.  Tese 

(Doutorado)  ‐  Programa  de  Pós‐Graduação  em  Química  (Química  Analítica).  Instituto  de  Química, 

Universidade de São Paulo, São Paulo. 

Nesse trabalho foram realizados estudos para o fracionamento e especiação

de Cu, Fe, Mn, Se e Zn em castanha-do-pará (Bertholletia excelsa H. B. K), polpa

de coco (Cocos nucifera L.) e semente de cupuaçu (Theobroma grandiflorum). A

extração seqüencial sólido-líquido combinada com GF AAS foi utilizada para o

fracionamento e determinação dos elementos associados às frações proteicas. As

concentrações de proteínas encontradas nos extratos de castanha-do-pará (6 a 76

mg g-1) foram maiores do que aquelas encontradas nos extratos de semente de

cupuaçu (2 a 27 mg g-1) e de polpa de coco (1 a 12 mg g-1). A preliminar relação de

Cu, Fe, Mn, Se e Zn associado a diferentes grupos de proteínas foi observada,

indicando a possível interação desses elementos com albuminas, globulinas,

prolaminas e glutelínas. O acoplamento on-line SEC-UV e off-line SEC-UV GFAAS foi

aplicado com sucesso para a identificação das espécies de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nos

extratos de água, NaCl e NaOH de castanha-do-pará, polpa de coco e semente de

cupuaçu. Em geral, os elementos de interesse encontram-se associados a espécies

de pesos moleculares inferiores a 13 kDa nos extratos de água e NaCl e a 28 kDa

nos extratos de NaOH. A combinação das informações obtidas desse acoplamento

com os espectros de massas do MALDI-TOF da castanha-do-pará confirmam a

associação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn com duas espécies presentes no extrato de água

de 6 kDa (Fe, Mn and Zn) e 11 kDa (Cu, Mn and Se).

Keywords: Especiação química; metais; semimetais; espectrometria; cromatografia

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ABSTRACT

Naozuka,  J. Chemical speciation  in Brazil‐nut, coconut and cupuassu. 2008. 128pp. Tese  (Doutorado)  ‐ 

Programa de Pós‐Graduação em Química (Química Analítica). Instituto de Química, Universidade de São 

Paulo, São Paulo. 

In this work, studies were done for the fractionation and speciation of Cu, Fe,

Mn, Se and Zn in Brazil-nut (Bertholletia excelsa H.B.K.), cupuassu (Theobroma

grandiflorum) seeds and coconut (Cocos nucifera L.) pulp. The sequential solid-

liquid extraction combined with GF AAS was used to fractionation and determination

of elements associated to proteins fractions. The determined protein concentrations

in extractants of Brazil-nut (6 a 76 mg g-1) are higher than those observed for

extractants of cupuassu seeds (2 a 27 mg g-1) and coconut pulp (1 a 12 mg g-1).

The preliminary relationship of Cu, Fe, Mn, Se and Zn associated to different

proteins groups was observed, indicating a possible interation of these elements

with albumins, globulins, prolamins and glutelins. The on-line SEC-UV and off-line

SEC-UV GFAAS hyphenation was applied with sucess for the identification of Cu, Fe,

Mn, Se and Zn species in the water, NaCl and NaOH extractants of Brazil-nut,

cupuassu seeds and coconut pulp. In general, the interest elements were found

associated to species of molecular weights lower than 13 kDa for water and NaCl

extractants and 28 kDa for NaOH extractants. The combination of the informations

of this hyphenation with MALDI-TOF mass spectra of the Brazil-nut gave

confirmation of the association of the Cu, Fe, Mn, Se and Zn with two water-soluble

species of 6 kDa (Fe, Mn and Zn) and 11 kDa (Cu, Mn and Se).

Keywords: chemical speciation; metals; semimetals; spectrometry, chromatography

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................1

1.1 Papel biológico dos elementos de interesse ................................................. 3

1.2 Especiação química elementar: aspectos gerais ........................................... 7

1.3 Especiação química elementar em castanha-do-pará, coco e cupuaçu ........... 13

2.OBJETIVO...............................................................................................19

3.PARTE EXPERIMENTAL...........................................................................20

3.1 Instrumentação .................................................................................... 20

3.1.1 Espectrômetro de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado e

espectrômetro de absorção atômica .............................................................. 20

3.1.2 Forno de microondas com cavidade....................................................... 22

3.1.3 Aparatus para execução da extração sequencial...................................... 22

3.1.4 Espectrofotômetro UV-vis .................................................................... 23

3.1.5 Cromatógrafo..................................................................................... 23

3.1.6 Espectrômetro de massas por tempo de vôo acoplado a ionização desortiva

de matriz por laser ..................................................................................... 24

3.2 Reagentes e soluções............................................................................. 24

3.3 Amostras ............................................................................................. 27

3.3.1 Amostras de interesse......................................................................... 27

3.3.2 Material de referência certificado .......................................................... 30

3.4 Procedimento ....................................................................................... 30

3.4.1 Preparo da amostra ............................................................................ 30

3.4.2 Digestão ácida ................................................................................... 31

 

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3.4.3 Determinação de Al, B, Ba, Ca, Cl, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P, S, Si, Sr e Zn por

ICP OES .................................................................................................... 32

3.4.4 Extração seqüencial ............................................................................ 32

3.4.5 Determinação da concentração de Cu, Fe, Mn, Se e Zn na fração gordurosa 33

3.4.6 Determinação da concentração de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nas frações água,

etanol, NaCl e NaOH e nas amostras digeridas................................................ 36

3.4.7 Determinação da concentração total de proteínas.................................... 37

3.4.8 Estudos de SEC.................................................................................. 38

3.4.9 Estudos de MALDI-TOF MS................................................................... 40

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................42

4.1 Concentrações totais dos elementos nas amostras ..................................... 42

4.2 Determinação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn por GF AAS...................................... 49

4.2.1 Otimização do programa de aquecimento............................................... 49

4.2.2 Avaliação da curva analítica de calibração em meio do tampão Tris/HCl...... 58

4.2.3 Figuras de mérito ............................................................................... 59

4.3 Distribuição de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nos extratos de castanha-do-pará, semente

de cupuaçu e polpa de coco ......................................................................... 61

4.3.1 Extrato da fração gordurosa................................................................. 61

4.3.2 Extratos das frações de água, NaCl, etanol e NaOH ................................. 63

4.3.3 Determinação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nas frações ................................... 65

4.4 Cromatografia de exclusão por tamanho................................................... 70

4.4.1 Aspectos gerais .................................................................................. 70

4.4.2 Avaliação da fase móvel e estacionária – fração solúvel em água de castanha-

do-pará..................................................................................................... 73

 

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4.4.3 Separação de compostos nos extratos de água, NaCl e NaOH ................... 75

4.4.3.1 Fração solúvel em água .................................................................... 75

4.4.3.2 Fração solúvel em NaCl .................................................................... 79

4.4.3.3 Fração solúvel em NaOH................................................................... 82

4.5 MALDI-TOF MS ..................................................................................... 85

4.6 SEC-UV e GF AAS.................................................................................. 90

4.6.1 Avaliação da fase móvel e estacionária – fração solúvel em água de castanha-

do-pará..................................................................................................... 90

4.6.2 Distribuição dos elementos nos extratos ................................................ 94

4.6.2.1 Fração solúvel em água .................................................................... 94

4.6.2.2 Fração solúvel em NaCl .................................................................... 98

4.6.2.3 Fração solúvel em NaOH..................................................................102

5. CONCLUSÃO ........................................................................................108

6. REFERÊNCIAS......................................................................................111

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INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

Em seres humanos, inúmeros elementos livres ou associados a outras

espécies desempenham várias funções fisiológicas para o bom funcionamento do

organismo. Entre os quais estão aqueles presentes em maiores concentrações (Ca,

Cl, K, Mn, Na e P) e aqueles em níveis de traços (Co, Cr, Cu, Fe, I, Mn, Mo, Se e

Zn). Existem especulações sobre a essencialidade de outros elemenos traços (Al,

As, B, Br, Cd, F, Ge, Li, Ni, Pb, Rb, Si, Sn e V) aos seres humanos [Fairweather-Tait

& Hurrel, 1996]. A essencialidade e a toxicidade de um elemento dependente da

quantidade que é ingerida e, principalmente, das espécies químicas as quais esse

elemento está associado. No geral, a identificação e a determinação das espécies

químicas elementares geram informações que permitem compreender melhor as

reações químicas e bioquímicas dos elementos nos organismos vivos [Caruso et al.,

2003; Templeton et al., 2000; Michalke, 2000].

Segundo a IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), as

espécies químicas constituem uma forma específica de um elemento variando de

acordo com sua composição isotópica, estado de oxidação, compostos inorgânicos

e/ou complexos, compostos organometálicos, compostos e/ou complexos

macromoleculares [Caruso et al., 2003; Templeton et al., 2000; Michalke, 2000].

Dentre as estruturas macromoleculares destaca-se a associação de

elementos com proteínas, formando as metaloproteínas ou os metais ligados a

proteínas. As metaloproteínas apresentam interações de alta afinidade entre os

metais e as proteínas, as quais não são rompidas durante processos de isolamento

e purificação. Por outro lado, os metais podem estar associados às proteínas a

~ 1 ~ 

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INTRODUÇÃO

partir de interações fracas, as quais são facilmente rompidas durante

procedimentos de preparo de amostra. Proteínas interagem fracamente com íons

monovalente, tais como K+ e Na+. Interação moderada é observada com íons Ca2+

e Mg2+. Íons de metais de transição, como Cu2+, Fe2+, Mn2+, Mo2+, Zn2+, Pb2+, e de

semi-metais (SeO42- e SeO3

2-) apresentam interações extremamente fortes com as

proteínas. As metaloproteínas são dependentes da conformação das proteínas,

número, tipo e geometria dos ligantes [Garcia et al., 2006; Szpunar, 2005].

Peptídeos possuem vários grupos funcionais em sua cadeia polipeptídica

capazes de coordenar com íons metálicos. Exemplos desses grupos funcionais

destacam-se aminoácidos como a cisteína (-CH2SH) e a metionina (-CH2CH2SCH3)

que se ligam a metais pela afinidade com o enxofre. A histidina é também um

aminoácido que, após a desprotonação, apresenta átomos de nitrogênio disponíveis

para a coordenação com íons metálicos. Por isso, estima-se que cerca de 40 % de

todas as proteínas e enzimas contenham íons metálicos em suas estruturas [Garcia

et al., 2006]. Essas interações são responsáveis pelas inúmeras funções fisiológicas

desempenhadas pelas proteínas, tais como catálise, transporte e armazenamento

[Garcia et al., 2006; Szpunar, 2005].

As metaloproteínas são uma fonte de incorporação de elementos ao

organismo humano, sendo fornecidas pela ingestão de alimentos. Em alimentos,

muitos íons metálicos presentes já estão associados a proteínas específicas ou

enzimas [Kennedy & Gibney, 2001; Liu & Xu, 2002]. Por essa razão, o

conhecimento da composição e das propriedades nutricionais e funcionais dos

alimentos é extremamente importante para definir a qualidade dos mesmos. Em

geral, as propriedades nutricionais são caracterizadas pela abundância e

~ 2 ~ 

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INTRODUÇÃO

biodisponibilidade dos nutrientes essenciais [Araújo et al., 2004; Templeton et al.,

2000; Sgarbieri & Pacheco, 1999].

A biodisponibilidade de um elemento é definida como a fração ingerida do

mineral que é absorvida e subsequentemente usada para as funções fisiológicas.

Desta forma, esforços vêm sendo realizados para compreender as interações de

metais com proteínas e enzimas presentes em alimentos, permitindo uma ação

diferencial e comportamental em relação à toxicidade, mobilidade ou

biodisponibilidade [Cornelis et al., 2005; Cozzolino, 2007; Fairweather-Tait, 1999;

Templeton et al., 2000; Crews, 1998; Suzuki, 1998].

1.1 Papel biológico dos elementos de interesse

Uma avaliação das espécies elementares presentes em alimentos é de

fundamental importância, uma vez que, os alimentos são as fontes de nutrientes

para os seres vivos.

Aspecto fundamental que deve ser ressaltado relaciona-se aos valores de

ingestão diários de referência de elementos essenciais da nutrição humana, tais

como Cu, Fe, Mn, Se e Zn. Segundo a Food and Drug Admistration (FDA) a

quantidade recomendada corresponde a 2 mg de Cu, 18 mg de Fe, 2 mg de Mn, 70

μg de Se e 15 mg de Zn por kg de massa corpórea [Dolan & Capar, 2002].

O Cu que é um componente de várias enzimas que participam de

importantes reações metabólicas, como a enzima superóxido dismutase, presente

no compartimento citossólico, e a citocromo oxidase. A deficiência de Cu pode

provocar neutropenia e um tipo específico de anemia. A presença de elevados

~ 3 ~ 

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INTRODUÇÃO

teores de Cu no organismo implica na redução da quantidade de vitamina A na

corrente sanguínea e em problemas renais, que em casos agudos pode levar a

doença de Wilson [Ensminger et al., 1980; Fairweather-Tait & Hurrel, 1996].

O Mn compõe a enzima superóxido dismutase presente no compartimento

mitocondrial, que integra o sistema de defesa do organismo contra os radicais

livres. A deficiência desse metal pode afetar tanto o combate aos radicais livres

como distúrbios no crescimento, ocasionar osteoporose, acromegalia e esclerose

múltipla [Ensminger et al., 1980; Fairweather-Tait & Hurrel, 1996].

O Zn é um co-fator indispensável presente em mais de 100 enzimas de

mamíferos. Está envolvido nos processos de divisão celular, crescimento,

cicatrização, regulação do metabolismo e do sistema imunológico. Elevadas doses

de Zn podem causar hiperglicemia, além de afetar o intestino e o fígado [Ensminger

et al., 1980; Tsalev, 1994; Fairweather-Tait & Hurrel, 1996].

Dentre as inúmeras funções do Fe no organismo destaca-se a sua

participação como um co-fator de inúmeras enzimas do ciclo de Krebs. A deficiência

de Fe pode causar um retardamento na síntese de hemoglobina, o que resulta no

aparecimento de anemias nutricionais, ou seja, a diminuição da concentração de

hemoglobinas é resultado da carência de um ou mais importantes nutrientes. O

excesso de Fe no fígado leva a fibrose e cirrose; na pele a excesso de pigmentação;

no pâncreas a diabetes; nas juntas a artrite; e no coração a deficiência cardíaca e

arritmias fatais [Ensminger et al., 1980; Cockell, 2007; Fairweather-Tait & Hurrel,

1996].

O Se é um micronutriente essencial para os organismos vivos, porém quando

ingerido em altas quantidades pode produzir efeitos tóxicos [Ellis & Salt, 2003;

~ 4 ~ 

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INTRODUÇÃO

Navarro-Alarcón & López-Martínez, 2000; Pyrznska, 1998]. A deficiência desse

elemento no organismo está relacionada com o aumento do colesterol no plasma

sanguíneo, cardiomiopatia, distrofia muscular, disfunção do cérebro e do fígado e

desordens no sistema reprodutor de uma grande variedade de animais, podendo

gerar um quadro clínico predominante, como é o caso da doença de Kesham, que

atinge mais de 10 milhões de chineses [Correia, 2001]. Os sintomas de toxicidade

são mais raros e dependentes da forma química desse elemento no organismo

[Olivas & Donard, 1998; Naozuka, 2004]. No entanto, quando se manifestam estão

relacionados com o aparecimento de artrite crônica, desarranjos gastrointestinais,

perdas de cabelo, diabetes, tumores e lesões hepáticas [Olszerwer et al., 1998;

Naozuka, 2004].

Dentre todos esses elementos de interesse, as espécies de Se vêm sendo

determinadas e identificadas em inúmeras matrizes, principalmente em amostras

biológicas e em alimentos. Metaloproteínas de Se desempenham inúmeras funções

nos organismos vivos. Estudos mostraram que inúmeros compostos de Se

apresentam características anticarcinogênica. Uden [Uden, 2002] estudou a mínima

concentração de alguns compostos de Se para a redução de 50 % dos tumores de

mamas em ratos, Tabela 1, revelando que a maioria dos compostos, exceto o

trimetilselênio, promove efeito favoráreis nesse tipo de câncer.

~ 5 ~ 

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INTRODUÇÃO

Tabela 1 – Concentrações de espécies de Se para inibição de 50 % de câncer de

mama em ratos

Composto de Se Concentração (mg L-1)

Se-metilselenocisteína 2

Selenobetaína 2

Éster metil selenobetaína 2-3

Se(IV) 3

Selenometionina 4-5

Selenocistina 4-5

1,4 – fenileno bis (metileno) selenocianato 10-12

Trifenil-selênio >10

Dimetil selenóxido 30

Trimetilselênio Nenhum efeito até 80

O ciclo bioquímico do Se está apresentado na Figura 1 [Abdulah et al., 2005],

mostrando a associação desse semi-metal a importantes espécies. No organismo, o

Se encontra-se associado a aminoácidos e a uma importante enzima, glutationa

peroxidase (GSH), que atua no estresse oxidativo ocasionado pela presença de

radicais livres. A eliminação de Se ocorre após reações de metilação, sendo as

espécies metiladas expelidas na urina e respiração [Abdulah et al., 2005, Uden,

2002; Dumont et al., 2006a].

~ 6 ~ 

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INTRODUÇÃO

Proteínas do corpo humano Selenoproteínas Se2+

SeO32-

GSH

GS-Se-SG CH3SeCH2CH2CH(NH2)COOH

GSH Seryl-tRNA

GS-SeH

HSeCH2CH(NH2)COOH H2Se

Figura 1 – Ciclo bioquímico do Se

1.2 Especiação química elementar: aspectos gerais

O conjunto de etapas que precedem a identificação e a determinação de

metaloproteínas ou outras espécies químicas presentes em uma amostra é

denominado especiação química [Templeton et al., 2000]. Nesses estudos algumas

condições devem ser seguidas para o sucesso da análise, principalmente nas etapas

de amostragem, armazenamento e preparação das amostras. Na estocagem por

um curto período de tempo, as amostras devem ser armazenadas a 4 ºC, caso

contrário, recomenda-se o uso de temperaturas de até - 80 ºC. Além do controle da

temperatura, o tipo de recipiente é decisivo para a preservação das espécies

[Michalke, 2000; Das et al., 1995].

Excreção

CH3SeH CH2SeCN

CH3SeCH2CH(NH2)COOH (CH3)2Se CH2SeOCH3

(CH3)3Se

~ 7 ~ 

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INTRODUÇÃO

Comumente procedimentos para a especiação química elementar consistem

em combinar e/ou acoplar sistemas, os quais se têm a separação antes da detecção

seletiva propriamente dita, conforme mostrado no esquema da Figura 2. Técnicas

de separação baseiam-se nas diferentes propriedades das espécies químicas, tais

como tamanho, afinidade, carga e hidrofobicidade. Detectores sensíveis e seletivos

para a determinação dos elementos, acoplados ou não aos sistemas de separação

fornecem informações sobre as diferentes formas de um elemento na amostra

[Caruso et al., 2003; Garcia et al., 2006; Lobinski & Szpunar, 1999; Szpunar,

2000; Templeton et al., 2000; Feldmann, 2005].

Cromatografia, eletroforese capilar, eletroforese em gel de poliacrilamida

com dodecil-sulfato de sódio (SDS-PAGE) e extração são procedimentos de

separação mais aplicados em estudos de especiação (Fig. 2). Entre essas técnicas

de separação, as cromatográficas vêm dominando os estudos de especiação

química em alimentos. Nesses procedimentos, as espécies a serem separadas estão

dissolvidas em um líquido ou gás, denominado de fase móvel. Essa mistura

percorre uma coluna ou sorbente composta de uma matriz sólida porosa, a qual

pode estar preenchida por um líquido, essa é chamada de fase estacionária. De

acordo com a espécie de interesse pode-se utilizar sorbentes polares, apolares,

iônicos ou poliméricos [Collins et al., 1997].

~ 8 ~ 

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INTRODUÇÃO

Figura 2 – Diagrama representativo das principais técnicas de separação e detecção

usadas para a especiação química

As diferentes interações das espécies com a fase estacionária constituem o

princípio de separação cromatográfica. Os vários métodos cromatográficos são

classificados de acordo com a fase móvel, por exemplo, a cromatografia gasosa ou

líquida pelo fato da fase móvel ser gasosa ou líquida, respectivamente.

Adicionalmente, é possível classificar segundo a natureza das interações da fase

estacionária e das espécies a serem separadas, como exemplo a cromatografia de

troca iônica, onde a interação é de caráter iônico [Skoog et al., 1992; Voet et al.,

1995]. Na cromatografia de troca iônica, íons ligados eletrostaticamente com a fase

Especiação química

TÉCNICAS DE

SEPARAÇÃO

TÉCNICAS DE

DETECÇÃO

SDS-PAGE

Extração

Eletroforese capilar

AAS

ICP-OES

ICP-MS

ES-MS Cromato-grafia

UV-vis

~ 9 ~ 

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INTRODUÇÃO

estacionária da coluna são trocados pelos íons presentes na amostra. Há trocadores

catiônicos e aniônicos dependendo da espécie a ser separada [Voet et al., 1995].

A cromatografia de exclusão por tamanho (SEC) tem sido uma técnica

conveniente para a separação de proteínas com base nos diferentes pesos

moleculares [Barth et al., 1998]. Na SEC, as moléculas são separadas de acordo

com seu tamanho ou forma. A fase estacionária consiste de um gel formado por um

material poroso. A amostra dissolvida num solvente inerte percola a coluna e as

moléculas maiores são eluídas mais rapidamente por não penetrarem nos poros.

Conseqüentemente, as menores moléculas possuem maior tempo de retenção.

Portanto, quanto maior for o peso molecular dos componentes de uma amostra,

menor será o tempo de retenção [Voet et al., 1995; Collins et al., 1997].

As técnicas de separação mencionadas acima requerem que a amostra esteja

no estado líquido, principalmente em se tratando de alimentos. Geralmente, para

as amostras sólidas, uma etapa anterior a separação das espécies é requerida para

os estudos de especiação. O procedimento de pré-tratamento mais utilizado

consiste em extrações com solventes apropriados [Roberge et al., 2003; Kwon et

al., 1996; Kannamkumarath et al., 2004a; Kannamkumarath et al., 2004b]. Para

proteínas, diversos solventes podem ser utilizados para a separação de diferentes

grupos proteicos, como albuminas, globulinas, prolaminas e glutelinas, as quais são

solúveis em água, solução salina (ex: NaCl), soluções alcoólicas (ex: 70 -80 % v/v

etanol) e soluções ácidas ou alcalinas (ex: NaOH) [Chunhieng et al., 2004; Kwon et

al., 1996; Sgarbieri, 1996]. A alteração da solubilidade de proteínas pode ocorrer

mudando o pH do meio, a força iônica, a constante dielétrica do solvente e a

temperatura. A solubilidade de uma proteína depende do número e do arranjo de

~ 10 ~ 

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INTRODUÇÃO

cargas na molécula, que por sua vez, dependerá da composição de aminoácidos

ácidos (aspartil, glutamil, etc) e básicos (histidil, arginil, lisil, etc). As partes não

proteicas das moléculas, tais como lipídios, carboidratos, fosfatos, etc, também

afetam a solubilidade de proteínas [Sgarbieri, 1996].

Em geral, as proteínas são mais solúveis em soluções ácidas ou básicas por

causa do excesso de cargas nas moléculas. O pH de menor solubilidade é

denominado constante isoelétrica (pI) da proteína, onde essa molécula apresenta o

mesmo número de cargas positivas e negativas. Para um grande número de

proteínas o pI está entre pHs de 3,5 e 6,5 [Sgarbieri, 1996; Voet et al., 1995].

A especiação elementar tem sido executada, com sucesso, acoplando

sequencialmente a SEC com a espectrometria de massas com plasma

indutivamente acoplado (ICP MS). Por outro lado, a identificação de espécies

também vem sendo executada por técnicas cromatográficas, principalmente a de

troca iônica, com a espectrometria de massa molecular acoplada a eletrospray (ES-

MS) ou a espectrometria de massas por tempo de vôo acoplada a ionização

desortiva de matriz por laser (MALDI-TOF MS). Duas formas são propostas para a

detecção, uma baseando-se no acoplamento on-line da coluna de separação com o

detector e outra off-line, a qual o efluente da coluna é primeiramente coletado para

a posterior determinação dos analitos [Cornelis et al., 2005].

A espectrometria de absorção atômica (AAS), espectrometria de emissão

óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP OES) e ICP MS têm sido

comumente aplicadas para a determinação de elementos que se encontram

associados à metaloproteínas [Garcia et al., 2006; Szpunar, 2000]. A ICP MS é

aplicada devido à possibilidade de hifenação on-line, bem como especificidade

~ 11 ~ 

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INTRODUÇÃO

isotópica, alta freqüência analítica, amplo intervalo linear e baixos limites de

detecção, sendo para muitos elementos inferior a 1 ng mL-1 [Gray, 1985; Houk,

1986; Montaser & Golightly, 1992; Cubadda, 2004].

Outra técnica que merece destaque em estudos de especiação química é a

espectrometria de absorção atômica com forno de grafite (GF AAS) que tem sido

aplicada com sucesso em determinações de elementos traços e ultra-traços em

diversas matrizes [Welz & Sperling, 1999; Tsalev, 1994; Jackson, 1999]. Essa

técnica apresenta excelente sensibilidade, baixo limite de detecção, necessidade de

pequenos volumes de amostras e soluções analíticas e, ainda, a possibilidade de

pré-tratamento térmico in situ durante o ciclo de aquecimento, favorecendo a

introdução direta de suspensões e amostras sem prévio tratamento no tubo de

grafite [Welz & Sperling, 1999]. Infelizmente, a natureza seqüencial da técnica com

etapas de secagem e pirólise antes da atomização, torna difícil o acoplamento de

um fluxo contínuo de um efluente cromatográfico [Cornelis et al., 2005]. Vencendo

essa desvantagem, procedimentos baseados na coleta de frações para a posterior

análise off-line das alíquotas por GF AAS, têm sido realizados na especiação de Al,

As, Cu, Cd, Cr, Fe, Se, Sn e Zn em água de coco, águas, urina, sangue, solos,

sedimentos e material particulado [Cornelis et al., 2005; Siloto, 2005; Das &

Chakraborty, 1997]. Apesar do acoplamento do SEC-ICP MS ser prático e rápido em

respostas para estudos de especiação elementar, a alta sensibilidade e a baixa

interferência da GF AAS faz com que essa técnica seja uma boa alternativa no

acoplamento off-line com a SEC, para estudos de especiação química.

~ 12 ~ 

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INTRODUÇÃO

1.3 Especiação química elementar em castanha-do-pará, coco e cupuaçu

Nos últimos anos, frutas e castanhas originárias da região Amazônica têm

despertado interesse da comunidade científica devido à alta concentração de

elementos essenciais em suas composições. Especial atenção vem sendo dada a

castanha-do-pará em função da alta concentração de Se [Vonderheide et al., 2002;

Kannamkumarath et al., 2002; Kannamkumarath et al., 2005; Chunhieng et al.,

2004; Chang et al., 1995; Dumont et al., 2006b, Bodó et al., 2003; Dernovics et

al., 2007]. A determinação da concentração total de Se foi avaliada na parte oeste

(Acre a Rondônia) e leste (Manaus a Belém) da região Amazônica, utilizando

medidas de fluorescência do composto piazselenol formado pela reação do selenito

com 2,3 diaminonaftaleno. Entre o Acre e Rondônia, a concentração variou de 0,03

a 31,7 μg g-1 e entre Manaus e Belém de 1,25 a 512 μg g-1, evidenciando que a

concentração desse elemento é muito dependente das características do solo, clima

e cultivo [Chang et al., 1995].

Considerando as elevadas concentrações de Se que podem ser encontradas

na castanha-do-pará da parte leste da região Amazônica, se a concentração de Se

for equivalente a 126 μg g-1, um indivíduo de 70 kg poderá consumir apenas

metade de uma dessas castanhas, pois assim se atingiria a quantidade

recomendada por dia (60 a 120 μg de Se) estabelecida pela U.S. National Research

Council [Chunhieng et al., 2004]. Estudos evidenciaram que a população da região

Amazônica apresenta alto teor de Se no sangue. A composição de determinados

alimentos típicos, tais como castanha-do-pará e coco, corroboraram nesses

elevados níveis de Se [Lemire et al., 2006]. No entanto, é preciso salientar que o

~ 13 ~ 

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INTRODUÇÃO

teor total de Se pode não ser capaz de fornecer informações suficientes a respeito

da essencialidade, bem como da toxicidade, sendo imperativa a realização de

estudos de especiação química.

Na maioria dos trabalhos que estudaram as espécies de Se, ICP MS é

utilizada como a técnica de detecção. Para a separação das espécies, o primeiro

procedimento consiste de uma extração, seguida por SEC ou cromatografia de troca

iônica. Os reagentes utilizados para as extrações foram hidróxido de sódio, água,

ácido clorídrico, cloreto de sódio, etanol, tampão Tris/HCl e água à 80 ºC.

Adicionalmente, hidrólises enzimáticas com proteinase K e extrações simulando

fluido gástrico e intestinal também foram aplicadas na determinação das espécies

de Se [Vonderheide et al., 2002; Kannamkumarath et al., 2005; Dumont et al.,

2006b; Kannamkumarath et al., 2002; Dernovics et al., 2007; Bodó et al., 2003;

Chunhieng et al., 2004].

Vonderheide e colaboradores [Vonderheide et al., 2002] utilizaram extrações

(água e HCl), hidrólise enzimática (Proteinase K) e cromatografia de troca iônica

para a separação de selenometionina, selenocisteína, selenoetionina e espécies

inorgânicas de Se. A detecção foi feita por ICP MS. As espécies desconhecidas de

Se foram avaliadas por ES-MS. No entanto, não foi possível associar os sinais

analíticos com espécies voláteis de Se (metil e dimetilselênio), com espécies de Se-

Se e Se-S, e com formas oxidadas da selenometionina.

Extrações (HCl, NaOH, Tris-HCl e água), SEC e eletroforese capilar (CE)

acoplados a ICP MS e detector UV também foi uma metodologia utilizada na

especiação de Se em castanhas [Kannamkumarath et al., 2005]. Os resultados

obtidos após a determinação por ICP MS revelaram a presença de espécies de Se

~ 14 ~ 

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INTRODUÇÃO

de pesos moleculares iguais a 107 e 50 kDa. E a análise dos aminoácidos por CE

mostrou a presença de selenometionina.

Dumont e colaboradores [Dumont et al., 2006b] utilizaram cromatografia de

troca iônica acoplada a ICP MS e ES-MS para avaliação da biodisponibilidade de

espécies de Se em castanhas-do-pará. Foram realizados experimentos in vitro,

simulando fluido gástrico e intestinal para extração de espécies de Se. Em todos os

extratos, os resultados revelaram a presença de selenometionina e, em menor

concentração, selenocisteína.

Kannamkumarath e colaboradores [Kannamkumarath et al., 2002] utilizaram

extração com NaOH, hidrólise enzimática, SEC e cromatografia de troca iônica para

separação das espécies de Se (inorgânicas e selenoaminoácidos). Para as

separações cromatográficas de exclusão por tamanho e troca iônica foram

utilizadas as colunas Superdex Peptide e a C8 Altima, respectivamente. Os

resultados mostraram Se associado a proteínas (~67 kDa) e a compostos de baixos

pesos moleculares (<360 Da). Além disso, a cromatografia de troca iônica acoplada

a ICP MS revelou a presença de selenometionina (21-25 % do total de Se).

Extração (água e uma mistura de DNase e RNase), SEC e a nanoHPLC com

injeção de apenas 4 μL de extratos na coluna foram procedimentos aplicados para a

separação de selenopeptídeos. A determinação e a identificação das espécies de Se

foi realizada por ICP MS e MALDI-TOF MS [Dernovics et al., 2007]. Os resultados

mostraram a presença de 15 peptídeos contendo Se.

A possibilidade de utilizar castanha-do-pará como um material de referência

para espécies de Se (LRM – laboratory reference material) foi avaliada no trabalho

realizado por Bodó e colaboradores [Bodó et al., 2003]. A preparação,

~ 15 ~ 

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INTRODUÇÃO

homogeneidade e estabilidade (recipiente, tempo e temperatura) foram avaliadas.

A separação das espécies de Se foi feita por cromatografia de troca iônica, após

hidrólise enzimática com pronase-E, e a determinação por ICP OES.

Uma avaliação da distribuição de Se em frações proteicas (albumina,

globulina, prolamina e gluteína) de castanha-do-pará foi realizada por Chunhieng

colaboradores [Chunhieng et al., 2004]. Neste caso, a extração sólido-líquido,

cromatografia, ICP MS e ES-MS compuseram a metodologia. Antes da extração

seqüencial, as proteínas foram separadas por precipitação com solução de 1 mol L-1

de HCl, em pH=5, após extração das mesmas usando uma solução de 1 mol L-1 de

NaOH. As proteínas precipitadas foram submetidas à extração seqüencial utilizando

os seguintes extratores: água desionizada, solução de 0,5 mol L-1 de NaCl, solução

de 70 % v/v de etanol e solução de 1 mol L-1 de NaOH. Nesta sequência extraíram-

se proteínas do grupo das albuminas, globulinas, prolaminas e gluteínas. Os

resultados revelaram a associação de Se nos extratos de proteínas do grupo das

albuminas (153 μg g-1), globulinas (63 μg g-1) e gluteínas (56 μg g-1).

Atualmente, estudos de especiação química em castanha-do-pará vêm sendo

alvo de pesquisas, não apenas para Se, mas também para outros elementos como

Ag, Al, Ag, As, Ba, Ca, Co, Fe, Hg, Mg, Mn, Mo, Ni, Pb, Se, Sr, e Zn

[Kannamkumarath et al., 2004a; Kannamkumarath et al., 2004b; Wuilloud et al.,

2004]. Wuilloud e colaboradores [Wuilloud et al., 2004] estudaram a distribuição de

de Cu, Mn, Ni e Zn em extratos de NaOH e HCl, sendo que esses elementos

encontram-se associados à espécies de pesos moleculares entre 17 e 0,18 kDa.

A especiação química de As na fração lipídica de castanhas, inclusive da

castanha-do-pará, também foi feita. Extração com uma mistura de clorofórmio e

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INTRODUÇÃO

metanol foi previamente realizada para a separação da fração gordurosa.

Adicionou-se água a essa fração e, após a separação de fases, determinou-se as

espécies carregadas de As (As(III), As(V), metil e o dimetil As(V)) na fase aquosa.

Cromatografia de troca iônica e ICP MS completaram a metodologia. A

concentração total de As em castanha-do-pará foi de 3 ng g-1. As concentrações de

As(III), As(V), metil As(V) e dimetil As(V) em castanha-do-pará foi de 1,8 a 2,9 ng

g-1, 2,4 a 4,3 ng g-1, 0,1 ng g-1, e de 0,2 a 0,5 ng g-1, respectivamente. Segundo os

autores, as concentrações de As em castanhas foi similar a quantidade encontrada

em plantas e organismos marinhos, indicando a bioacumulação de As

[Kannamkumarath et al., 2004a].

A especiação química elementar ou mesmo a avaliação de elementos

associados a frações proteicas ainda não foi feita para coco (polpa) e nem para

cupuaçu (polpa e semente). Com relação à polpa de coco, apenas estudos das

frações proteicas e os aminoácidos presentes foram realizados [Kwon et al., 1996;

Hagenmaier et al., 1972; Samson et al., 1971]. Em um dos trabalhos foi utilizado

extrações com água, solução de 0,5 mol L-1 de NaCl, solução de 70 % v/v etanol,

solução de 50 % v/v ácido acético e solução de 0,1 de NaOH para obtenção de

proteínas do tipo das albuminas, globulinas, prolaminas, glutelínas-1 e glutelínas-2.

Esses extratos foram submetidos à SDS-PAGE e SEC. A porcentagem de proteínas

extraídas correspondeu a 21 % de albuminas, 40 % de globulinas, 3,3 % de

prolaminas, 14,4 % de glutelínas-1 e 4,8 % de glutelínas-2 [Kwon et al., 1996].

Para o cupuaçu, somente o aroma da sua polpa vêm atraindo a atenção da

comunidade científica. Uma avaliação dos compostos que compõe esse aroma foi

realizado usando microextração em fase sólida, cromatografia a gás e ICP MS.

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INTRODUÇÃO

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Dentre os analitos identificados estão linalol, α-terpinol, 2-feniletanol, mirceno e

limoneno, diols e metoxi-2,5-dimetil-3(2H)-furanone [Augusto et al., 2000; Franco

& Shibamoto, 2000; Oliveira et al., 2004]. Em sementes de cupuaçu, a solubilidade

de proteínas foi estudada, variando o pH do meio de extração. Os resultados

mostraram que a menor solubilidade proteica (16,9 %) ocorreu em pH 3,5, sendo

este, portanto, considerado o ponto isoelétrico das proteínas. A partir desse ponto,

observou-se um aumento progressivo na solubilidade proteica até o pH estudado

(pH = 9), onde atingiu 61,9 % [Carvalho et al., 2005].

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OBJETIVO

2.OBJETIVO

O objetivo desse trabalho foi a realização de estudos para o fracionamento e

especiação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn em castanha-do-pará (Bertholletia excelsa H. B.

K), polpa de coco (Cocos nucifera L.) e semente de cupuaçu (Theobroma

grandiflorum).

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PARTE EXPERIMENTAL

3.PARTE EXPERIMENTAL

3.1 Instrumentação

3.1.1 Espectrômetro de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado e

espectrômetro de absorção atômica

Para a determinação da concentração total de alguns elementos (Al, B, Ba,

Ca, Cl, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P, S, Si, Sr e Zn) na castanha-do-pará, polpa do coco,

semente e polpa de cupuaçu utilizou-se um espectrômetro de emissão óptica com

plasma indutivamente acoplado (ICP OES) com configuração axial (Spectro Cirosccd

- Spectro Analytical Instruments). O gás de formação do plasma foi o argônio

99,998 % v/v (Oxigás), responsável por gerar um plasma estável e quimicamente

inerte. Os parâmetros instrumentais aplicados estão apresentados na Tabela 2.

Para as determinações de Cu, Fe, Se, Mn e Zn utilizou-se também um

espectrômetro de absorção atômica com atomização em forno de grafite (GF AAS)

da ANALYTIKJENA AG (AAS ZEEnit 60), com lâmpada de catodo oco, tubo de grafite

com aquecimento transversal e corretor de radiação de fundo baseado no efeito

Zeeman variável. Os parâmetros instrumentais utilizados para Cu, Fe, Mn, Se e Zn

estão apresentados na Tabela 3.

~ 20 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

Tabela 2 – Parâmetros instrumentais para determinação de Al, B, Ba, Ca, Cl, Cu,

Fe, K, Mg, Mn, P, S, Se, Si, Sr e Zn por ICP OES

Potência (W) 1400 W

Nebulizador Fluxo Cruzado (Spectro)

Câmara de nebulização Duplo passo tipo Scott

Fluxo de gás externo 12 L min-1

Fluxo de gás intermediário 1,0 L min-1

Fluxo de gás de nebulização 1,0 L min-1

Introdução de amostra 1,5 L min-1

Comprimento de onda (nm)

(I)linha atômica

(II)linha iônica

Al (II) = 396,152

B (I) = 249,773

Ba (II) = 233,527

Ca (II) = 317,933

Cl (I) = 134,724

Cu (I) = 324,754

Fe (II) = 259,940

Mg (II) = 279,079

K (I) = 766,490

Mn(II) = 257,610

P (I) = 213,618

S (I) = 180,731

Si (I) = 251,611

Sr (II) = 421,552

Zn (I) = 213,856

~ 21 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

Tabela 3 – Parâmetros instrumentais para as determinações de Cu, Fe, Se, Mn e Zn

por GF AAS

Elemento λ

(nm)

I

(mA)

Resolução

espectral (nm)

Cu 324,8 4 0,8

Fe 248,3 4 0,5

Mn 279,5 4 0,2

Se 196,0 4 0,8

Zn 213,9 4 0,2

3.1.2 Forno de microondas com cavidade

As digestões das amostras de castanha-do-pará, polpa de coco, semente e

polpa de cupuaçu foram realizadas em um forno de microondas com cavidade da

Anton Paar, modelo Multiwave 3000. Esse forno de microondas de alta pressão

possui 16 frascos de PFA, sistema para monitoramento da pressão no vaso de

referência e controle individual de temperatura dos frascos durante o programa de

aquecimento.

3.1.3 Aparatus para execução da extração sequencial

Uma mesa agitadora (modelo Q225M, Quimis) foi utilizada no procedimento

de extração com os diferentes extratores.

~ 22 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

A separação do sobrenadante rico em gorduras (fração gordurosa) foi

realizada por filtração com um sistema a vácuo usando filtro de membrana de 0,45

μm de porosidade (Milli-pore). Todo o sistema foi descontaminado com 10 % v/v

HNO3 por, pelo menos, 24 horas. Para a separação das frações de água, NaCl,

etanol e NaOH dos sólidos remanescentes foi utilizada uma centrífuga (modelo

Q222TM, Quimis).

3.1.4 Espectrofotômetro UV-vis

A determinação da concentração total de proteínas nos extratos de todas as

amostras de interesse foi realizada com um espectrofotômetro de absorção

molecular UV-vis, modelo Ultrospec 2100 pro (Labcrew).

3.1.5 Cromatógrafo

Um cromatógrafo, modelo FPLC-fast protein liquid cromatography (Pharmacia

LKB Biotechnology), foi utilizado para separação das proteínas, segundo seus pesos

moleculares. Equipado com duas bombas de alta precisão modelo Pump P-500

(Pharmacia LKB Biotechnology), programador de gradientes, coletor de alíquotas

modelo Programmer GP-250 (Pharmacia LKB Biotechnology), um registrador

modelo REC 114 (Pharmacia LKB Biotechnology) e detector UV (λ = 285 nm)

modelo Control Unit UV (Pharmacia LKB Biotechnology). As colunas utilizadas

foram a Superose 12 10/300 GL e a Superdex 75 10/300 GL (Amersham

Biosciences).

~ 23 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

3.1.6 Espectrômetro de massas por tempo de vôo acoplado a ionização desortiva

de matriz por laser

Um espectrômetro modelo Ettan MALDI-TOF Pro MS (Amersham Biosciences,

Uppsala, Sweden) foi utilizado para identificação por peso molecular dos compostos

presentes nas frações aquosas de castanha-do-pará, polpa de coco e semente de

cupuaçu. Para castanha-do-pará, essa identificação foi também realizada nos

efluentes da fração aquosa coletados na saída da coluna Superdex 75.

3.2 Reagentes e soluções

Todas as soluções foram preparadas empregando-se água destilada e

desionizada em sistemas de ultrapurificação Milli Q® (Millipore, Bedford, MA, EUA),

permitindo obter água com elevado grau de pureza (18,2 MΩ cm). O ácido nítrico

(Merck, Darmstadt, Alemanha) utilizado na preparação das soluções analíticas de

referência, na digestão ácida e para preparar a fase móvel foi purificado em

subdestiladores de quartzo (Marconi, Piracicaba, SP).

Soluções estoques contendo 1000 mg L–1 de alumínio (AlCl3), boro (B2O3),

bário (BaCl2), cálcio (CaCl2), cloro (NaCl), cobre (CuCl2), enxofre (NaSO4), estrôncio

(SrCl2), ferro (FeCl3), fósforo (KH2PO4), magnésio (MgCl2), manganês (MnCl2),

potássio (KCl), selênio (SeO2), silício (SiO2) e zinco (ZnCl2) Tritisol (Merck,

Darmstadt, Alemanha) foram utilizadas para a preparação das soluções analíticas

de referências com adequadas diluições em meio de 0,1% v/v de HNO3:

Soluções contendo Cu, Fe, Mn, Se e Zn para GF AAS:

~ 24 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

• 20, 40, 60 e 80 µg L-1 de Cu, Fe e Se;

• 10, 15, 20, 25 μg L-1 de Mn;

• 1, 2, 3 e 4 µg L-1 de Zn.

Soluções contendo Al, B, Ba, Ca, Cu, Fe, K, Mg, Mn, Si, Sr e Zn para

ICP OES:

• 5; 12,5; 25; 50 mg L-1 de Al, Ba e Si;

• 2,5; 5,0; 7,5; 10 mg L-1 de B, Cu, Fe, Mn, Sr e Zn;

• 10, 50, 100 e 200 mg L-1 de Ca, K, e Mg.

Soluções contendo Cl, P e S para ICP OES:

• 5; 12,5; 25; 50 mg L-1 de P e S;

• 10, 50, 100 e 200 mg L-1 de Cl.

Para a determinação da concentração de carbono residual nas soluções

digeridas, solução estoque foi preparada com uréia (CH4N2O, Reagen, Brazil) em

meio aquoso, como descrito previamente na literatura [Gouveia et al., 2001]. Com

essa solução, fez-se soluções analíticas de referência de carbono a partir de

diluições sucessivas da solução estoque (0,5; 1,0; 5,0; 10 mg L-1 de C.)

As determinações de Cu, Fe, Mn, Se e Zn por GF AAS nas frações gordurosas

foi feita após diluição do extrato em 1 % m/v de Triton X-100 da Merck

(Darmstadt, Alemanha). Adicionalmente, para Se foi utilizado 5 μg Pd(NO3)2 + 3 μg

Mg(NO3)2 da Merck (Darmstadt, Alemanha) como modificador químico.

Para a digestão das amostras foi também utilizado H2O2 da Merck

(Darmstadt, Alemanha).

A fase móvel foi preparada utilizando Tris(hidroximetil)-aminometano sólido

ultrapuro (USB Corporation, EUA). Para tanto, foram preparadas soluções de 0,2

~ 25 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

mol L-1 de Tris em HNO3 (Tris/HNO3) e em HCl da Merck (Tris/HCl), ambas em pH=

7,5.

Para a calibração da coluna Superose 12 utilizando Tris/HNO3 como fase

móvel, visando a determinação dos pesos moleculares das espécies separadas foi

utilizada uma mistura de citocromo C (12,4 kDa), anidrase carbônica (29 kDa),

albumina (66 kDa), álcool desidrogenase (150 kDa) e β-amilase (200 kDa) da GE

Healthcare (Amersham Biosciences, Corp., EUA).

Para a calibração das duas colunas cromatográficas utilizando Tris/HCl como

fase móvel, foi utilizada uma mistura de aprotina (6,5 kDa), aldolase (158 kDa),

conalbumina (75 kDa), anidrase carbônica (29 kDa), ferritina (440 kDa),

ovoalbumina (43 kDa) e ribonuclease (13,7 kDa) da GE Healthcare (Amersham

Biosciences, Corp., EUA).

Solução de 1,0 mg mL-1 de Blue dextran 2000 foi usada para obtenção do

volume morto das colunas (Vo).

Para a determinação da concentração total de proteínas foi utilizado o

reagente de Bradford, contendo um corante, Coomassie Blue Brilhant Blue G-250

(CBG) da BioAgency, em meio de metanol e ácido fosfórico (85 % v/v), ambos da

Merck. A calibração do instrumento foi realizada utilizando uma proteína específica,

ovoalbumina (Sigma-Aldrich, USA).

Na identificação de compostos por MALDI-TOF MS, as frações aquosas das

amostras foram adequadamente diluídas em solução saturada de ácido sinápico

(trans – 3,5 – dimethoxy – 4 – hydroxycinnamic acid; LaserBio Labs, France), 50 %

v/v acetonitrila (Merck, USA) e 0,5 % v/v ácido trifluoroacético (TFA; Fluka,

Switzerland).

~ 26 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

3.3 Amostras

3.3.1 Amostras de interesse

A castanha-do-pará (Bertholletia excelsa H. B. K), o coco (Cocos nucifera L.)

e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum) são alimentos tipicamente tropicais e

regionais que estão em ascensão no mercado consumidor interno e externo.

A castanheira-do-pará é originária e cultivada na Amazônia, constituindo uma

das maiores riquezas da região. A produção brasileira representa de 80 a 90 % da

produção mundial, sendo que quase toda a produção é exportada para os Estados

Unidos e para o Reino Unido, correspondendo de 25 a 30 milhões de dólares anuais

de exportação. O alto valor econômico da castanha-do-pará deve-se às diversas

utilizações das amêndoas na alimentação humana e animal, in natura ou

transformada em vários produtos, como óleo, farinha e leite. A amêndoa é

altamente nutritiva e calórica (656 Kcal/100 g de amêndoas), podendo ser

incorporada ao cotidiano alimentar da população brasileira mais carente, sendo

uma alternativa viável no combate à desnutrição [Cardarelli & Oliveira, 2000].

Estima-se que 100 g de amêndoas contêm aproximadamente 66 g de lipídios, 14 g

de proteínas, 12 g de carboidratos, além de Ca (160 mg), Fe (2,4 mg), P (725 mg),

Mg (376 mg), K (659 mg), Zn (4,1 mg), Mn (1,2 mg), Cu (1,7 mg) e Se (1917 µg)

[Franco, 1992].

O coqueiro é uma palmeira em que tudo se aproveita, seja para fins

artesanais (raiz, caule e fruto) ou alimentícios (água de coco, leite de coco, coco

ralado e óleo de coco) [Naozuka, 2004]. No Brasil, as maiores plantações estão

~ 27 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

localizadas na Bahia, Ceará, Espírito Santo e Amazônia, poucas se concentram no

estado de São Paulo [Aragão et al., <www.cpatsa.embrapa.br>]. O fruto,

popularmente chamado de coco, constitui a parte comestível produzida pelo

coqueiro. A polpa ou endosperma sólido é utilizado pela agroindústria para a

produção de leite de coco, coco ralado e óleo de coco [Aragão et al.,

<http://www23.sede.embrapa.br:8080/aplic/rumos.nsf/f7c8b9aeabc42c858325680

0005cfec7/85bc576bec325c7c832569040048cb84?OpenDocument>; Ferrari &

Tonci, <www.agrocasa.com.br>]. Estima-se que 100 g da polpa contenha 354 Kcal,

15,2 g de carboidratos, 3,3 g de proteínas, 33,5 g de lipídios e elementos químicos

como Ca (14 mg), Fe (2,4 mg), Mg (32 mg), P (113 mg), K (356 mg), Na (20 mg),

Zn (1,1 mg), Cu (0,4 mg) e Se (10,1 µg) [Franco, 1992]. A água de coco é

considerada um isotônico natural e uma bebida pouco calórica (19 Kcal/100g) que

vem sendo explorada comercialmente tanto para o mercado interno como externo

[Abreu & Rosa, <www.embrapa.br>]. Segundo a Associação Brasileira de Coco

(ASBRACOCO), a água de coco concorre no mercado de refrigerantes e bebidas

isotônicas artificiais, representando 1,4 % desse consumo, estimado em cerca de

10 bilhões de litros por ano [Ministério do meio ambiente e da Amazônia Legal,

<http://www.integracao.gov.br/pdf/frutiseries/frutiseries_sp_03.pdf>]. Além do

uso alimentício, ela pode ser utilizada em diversas áreas, como na medicina e na

biotecnologia [Pummer et al., 2001; Campbell-Fack et al., 2000; Cardoso et al.,

2002].

O cupuaçueiro é nativo das regiões sul e leste do Pará [Costa et al., 2003].

Atualmente está disseminado por toda Bacia Amazônica e no norte do Maranhão.

Plantações de cupuaçueiro estão também localizadas na Bahia, no Espírito Santo e

~ 28 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

em São Paulo [Ledo et al., 2002; Ferreira et al., 2004]. O fruto do cupuaçu é

composto pela polpa e sementes. A polpa (corresponde a 40 % do peso total do

fruto) é branca, cremosa, ácida (pH = 3,4) e de aroma bastante forte, muito

utilizada na produção de doces, sucos, sorvetes, licores, aguardentes temperadas e

cosméticos [Augusto et al., 2000]. Em cada fruto há cerca de 20 a 50 sementes

que correspondem a 15 % do peso total do fruto. As semelhanças das

características químicas dessas sementes com o cacau, principalmente com relação

à presença de ácidos oléico e esteárico, fazem com que sejam utilizadas para

produção de chocolate, conhecido como cupulate [Oliveira et al., 2004]. O Japão

vem produzindo e comercializando esse chocolate. No primeiro quadrimestre de

2002, a Amazônia exportou cerca de 50 toneladas de sementes de cupuaçu para o

Japão e nos próximos anos espera-se que essa exportação possa atingir cerca de

200 toneladas. [Limites éticos acerca dos registros de marcas e patentes de

recursos biológicos e conhecimentos tradicionais da Amazônia,

<http://www.amazonlink.org/biopirataria/cupuacu.htm>]

A polpa do cupuaçu apresenta valor relativamente alto no mercado mundial,

cerca de 2 a 4 dólares por quilogramas de polpa. Essa pode ser comercializada

internamente e externamente na forma congelada [Limites éticos acerca dos

registros de marcas e patentes de recursos biológicos e conhecimentos tradicionais

da Amazônia, <http://www.amazonlink.org/biopirataria/cupuacu.htm]. Os plantios

de cupuaçu têm crescido em muitas áreas da Amazônia, devido ao aumento da

demanda da polpa, que vem sendo exportada, principalmente para os estados do

Sudeste do Brasil, países europeus e Estados Unidos [Bastos et al., 2002].

Informações a respeito da composição química da polpa e da semente do cupuaçu

~ 29 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

são bastante escassas, sabe-se que em 100 g da polpa há 60 Kcal, vitamina C

(28,3 mg), Ca (3,1 mg), Mg (9,3 mg) e Fe (1,52 mg) [Franco, 1992; Rogez et al.,

2004]. As sementes apresentam 9,4 % de proteínas, 64,9 % de lipídios, 3,3 %

fibras e 19,5 % de carboidratos, ácidos e alcalóides [Carvalho et al., 2005].

Castanhas-do-pará (n=40) e sementes de cupuaçu (n=20) da região

Amazônica e a polpa de coco (n=5) do nordeste do Brazil (Bahia) foram usadas

nesse trabalho.

3.3.2 Material de referência certificado

Para avaliar a exatidão do método de determinação dos elementos por ICP

OES foi utilizado um material de referência certificado (CRM) de folhas, Peach

Leaves, CRM 1547 da National Institute of Standards & Technology, USA.

3.4 Procedimento

3.4.1 Preparo da amostra

Massas de aproximadamente 200 g das amostras foram inicialmente

trituradas em processador de alimentos (Wallita®) por aproximadamente 5 minutos.

Após essa etapa, uma parte da amostra foi armazenada em frascos de

polipropileno, em temperatura inferior a 10 ºC. Outra parte foi submetida às

extrações seqüenciais, bem com às digestões totais.

~ 30 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

3.4.2 Digestão ácida

Para a determinação da concentração total dos elementos por GF AAS e ICP

OES foi feita a digestão das amostras com uma mistura oxidante diluída (2,0 mL de

HNO3 + 1,0 mL de H2O2 + 3,0 mL H2O) em forno de microondas com cavidade. A

massa de amostra foi de aproximadamente 250 mg e o volume final da solução foi

de 10 mL. Todas as amostras foram digeridas em triplicatas. O branco analítico

consistiu da mistura oxidante sem a presença de amostra. Na Tabela 4 está

apresentado o programa de aquecimento utilizado para a digestão total das

amostras em forno de microondas com cavidade.

Tabela 4 – Programa de aquecimento para digestão total das amostras em forno de

microondas com cavidade

Etapa T (ºC) Rampa (min) Patamar (min)

1 140 5 1

2 180 4 5

3 200 4 10

4* - 0 2

*etapa de resfriamento dos frascos

O material de referência certificado também foi submetido ao mesmo pré-

tratamento para a digestão.

~ 31 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

3.4.3 Determinação de Al, B, Ba, Ca, Cl, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P, S, Si, Sr e Zn por

ICP OES

A escolha do melhor comprimento de onda para a determinação de Al, B, Ba,

Ca, Cl, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P, S, Si, Sr e Zn no ICP OES foi realizada fazendo-se

varreduras das amostras digeridas. Comparou-se as varreduras nos diversos

comprimentos de onda das amostras com as varreduras obtidas com as soluções

analíticas de referência (10 mg L-1 Al, B, Ba, Cu, Fe, Mg, Mn, P, S, Si, Sr e Zn e 100

mg L-1 de Ca, K e Cl em 0,1 % v/v HNO3). Os melhores comprimentos de onda

foram escolhidos considerando a maior razão sinal/ruído.

Após o procedimento analítico da escolha dos adequados comprimentos de

onda, fez-se as determinações dos elementos de interesse em amostras digeridas

de castanha-do-pará, polpa de coco, semente e polpa de cupuaçu e material de

referência certificado. O teor de carbono residual nas soluções digeridas também

foram também obtidas (C(I) = 193,091 nm).

3.4.4 Extração seqüencial

Para a extração seqüencial utilizou-se, aproximadamente, 5,0 g das

amostras previamente trituradas. A extração inicial consistiu da adição de 10 mL de

uma mistura de 1:2 v/v de metanol (CH3OH) e clorofórmio (CHCl3). A mistura do

extrato com a amostra foi feita usando uma mesa agitadora com rotação de 350

rpm. Apenas para a amostra de castanha-do-pará, o tempo de agitação (30

minutos, 1 e 2 horas) e a quantidade de vezes necessária para a extração da fração

~ 32 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

gordurosa foram avaliados. A separação dos sobrenadantes foi realizada com

auxílio de um sistema de filtração à vácuo com filtro de membrana de éster de

celulose de 0,45 μm de porosidade (Millipore). A porcentagem de gordura nas

diferentes amostras foi obtida por diferença de massa (antes e após etapa de

extração lipídica), sendo que o sólido sem a gordura foi seco em estufa à 50 oC por

10 min antes de sua pesagem.

Após essa primeira extração, o sólido sem gordura foi submetido a uma

outra extração com água desionizada, seguida por extrações com solução de 0,5

mol L-1 de NaCl, solução de 70 % v/v de etanol e solução de 1,0 mol L-1 de NaOH.

Para tanto, utilizou-se 10 mL dos diferentes extratores. Mesa agitadora com rotação

de 350 rpm e tempo de 30 min foram utilizados em cada caso. A separação das

fases foi feita por centrifugação a 4000 rpm por 20 minutos.

O sólido final, obtido após a última extração com solução de NaOH foi

submetido a digestão com mistura oxidante diluída em forno de microondas com

cavidade, seguindo o mesmo procedimento e programa de aquecimento (Tabela 4)

aplicado na digestão total das amostras.

Após essas etapas de extração, fez-se a determinação de Cu, Fe, Mn, Se e

Zn por GF AAS em todos os extratos. Todos os procedimentos de extração foram

repetidos em triplicata.

3.4.5 Determinação da concentração de Cu, Fe, Mn, Se e Zn na fração gordurosa

Todas as otimizações para a determinação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn na fração

gordurosa foram realizadas apenas para a amostra de castanha-do-pará.

~ 33 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

Primeiramente, a fração gordurosa foi diluída para 1 % m/v de Triton X-100. A

diluição da amostra foi realizada no próprio copinho do autoamostrador (Vtotal =

1000 μL), adicionando-se 900 μL da fração + 100 μL de uma solução 10 % m/v

Triton X-100, enquanto que para Zn, 50 μL da fração + 950 μL de uma solução de 1

% m/v Triton X-100. A homogeneização da amostra no interior do copinho do auto-

amostrador foi realizada utilizando uma micropipeta Eppendorf (Brinkmann

Instruments, Wetsbury, USA).

Além da adição de Triton X-100 na fração gordurosa, submeteu-se as

amostras a um tratamento térmico no interior do tubo de grafite, co-injetando às

frações diluídas uma mistura oxidante contendo 15 % v/v H2O2 e 1 % v/v HNO3.

Para isso, uma alíquota de 10 μL da amostra foi co-injetada com 10 μL da mistura

oxidante no interior do tubo de grafite para as determinações elementares. Para Zn

utilizou-se uma alíquota de 5 μL da amostra + 10 μL da mistura oxidante. Somente

para Se foi introduzido no interior do tubo de grafite 10 μL da amostra diluída, 10

μL da mistura oxidante e 10 μL do modificador químico 5 μg de Pd + 3 μg de Mg.

Para o estudo do comportamento térmico de Cu, Fe, Mn e Zn, foram obtidas

curvas de temperatura de pirólise e atomização, na ausência de modificadores

químicos, para solução analítica de referência de Cu (20 μg L-1), Fe (40 μg L-1), Mn

(5 μg L-1) e Zn (1 μg L-1) + 1 % m/v Triton X-100 e para a fração gordurosa, diluída

em 1 % m/v de Triton X-100. Para Se foram obtidas apenas curvas de temperatura

de pirólise e atomização para uma solução analítica de referência de 80 μg L-1 + 1

% m/v Triton X-100 com modificador químico (Pd+Mg).

As curvas de temperatura de pirólise, para todos os elementos de interesse,

foram obtidas mantendo-se constante a temperatura de atomização; enquanto que

~ 34 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

as curvas de temperatura de atomização foram obtidas após a escolha da melhor

temperatura de pirólise. As faixas de variações das temperaturas, seus incrementos

e as temperaturas de atomização, mantidas constantes, estão apresentadas na

Tabela 5.

Tabela 5 – Parâmetros para obtenção das curvas de temperatura de pirólise e

atomização

Ta constante

(oC)

ΔTp (oC) Incremento

da Tp (oC)

ΔTa (oC) Incremento

da Ta (oC)

Cu 2300 200-1700 100 1600-2400 100

Fe 2300 800-1600 100 2000-2400 100

Mn 2300 800-1600 100 2000-2400 100

Se 2300 800-1600 100 2000-2400 100

Zn 1800 300-1000 100 1800-2300 100

Ta = temperatura de atomização; Tp = temperatura de pirólise

Após as otimizações dos programas de aquecimento para os elementos de

interesse foram feitas as determinações na fração gordurosa da castanha-do-pará,

semente de cupuaçu e polpa de coco.

A calibração do instrumento foi realizada diluindo soluções analíticas de

referência para 1 % m/v de Triton X-100. As concentrações para obtenção das

curvas analíticas de calibração para Cu, Fe e Se variaram de 20 a 80 μg L-1, 10 a 25

μg L-1 para Mn e 1 a 4 μg L-1 para Zn.

~ 35 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

3.4.6 Determinação da concentração de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nas frações água,

etanol, NaCl e NaOH e nas amostras digeridas

Todas as otimizações para a determinação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nas

frações, bem como nas amostras digeridas em forno de microondas com cavidade,

foram realizadas apenas para a amostra de castanha-do-pará. Os extratos e as

amostras digeridas foram diluídos com água desionizada. Como a concentração dos

elementos de interesse era elevada foi possível diluir as amostras de 2 a 50 vezes

dependendo do extrato e do analito.

O estudo do comportamento térmico dos elementos de interesse foi realizado

apenas com solução analítica de referência diluída para 0,1 % v/v HNO3. Para as

determinações de Cu, Fe, Mn e Zn não foram utilizados modificador químico e as

concentrações das soluções analíticas utilizadas nesse estudo foram 20 μg L-1, 40

μg L-1, 5 μg L-1 e 1 μg L-1 todas na presença de 0,1 % v/v HNO3, respectivamente.

Alíquotas de 10 μL (Cu, Fe, Mn e Se) e 5 μL (Zn) foram introduzidas no tubo de

grafite. Apenas para Se (100 μg L-1) foi co-injetado 10 μL do modificador químico (5

µg Pd+ 3 µg Mg). Para a obtenção das curvas de temperatura de pirólise e

atomização, o procedimento adotado foi o mesmo descrito no item anterior (3.4.5).

A calibração do instrumento também pode ser realizada utilizando soluções

analíticas de referência em 0,1 % v/v HNO3. Para Cu, Fe e Se as concentrações

para obtenção dessas curvas variaram de 20 a 80 μg L-1, enquanto que para Mn foi

de 10 a 25 μg L-1 e para Zn de 1 a 4 μg L-1.

Para avaliar possíveis interferências fez-se o teste de adição e recuperação,

adicionando-se soluções analíticas de referência em todas as frações e nas

~ 36 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

amostras digeridas (sólidos finais), exceto na fração gordurosa. A concentração

adicionada para Cu, Fe e Se foi de 40 μg L-1, de 15 μg L-1 para Mn e de 1 μg L-1 para

Zn. Nas amostras digeridas a adição dos analitos foi executada antes do

procedimento de digestão.

Após as otimizações dos programas de aquecimento foram feitas as

determinações dos elementos de interesse nas diferentes frações e amostras

digeridas (sólido final e total) da castanha-do-pará, semente de cupuaçu e polpa de

coco.

3.4.7 Determinação da concentração total de proteínas

Para determinação da concentração total de proteínas nos diferentes extratos

da castanha-do-pará, semente de cupuaçu e polpa de coco foi utilizado o método

de Bradford [Bradford, 1976; Mikkelsen & Cortón, 1960; Silva & Arruda, 2006]. O

reagente de Bradford foi preparando utilizando 10 mg de CBG. Adicionou-se a essa

massa 5,0 mL de metanol e sob agitação com agitador magnético, foi adicionado

gota-a-gota 10 mL de ácido fosfórico. O volume final foi de 100 mL, completado

com água desionizada. Por fim, o reagente foi submetido à filtração com papel de

filtro Whatman 41.

A calibração do espectrofotômetro foi realizada utilizando uma solução

estoque de ovoalbumina, previamente preparada usando uma massa de 200 mg e

2,0 mL de água desionizada. Agitação por efeito Vortex foi aplicada para

homogeneização. Posteriormente, fez-se uma diluição de 10 vezes dessa solução.

Assim sendo, construiu-se a curva de calibração com soluções contendo 2, 4, 6, 8,

~ 37 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

10, 12, 16, 20 μg de ovoalbumina após diluições subseqüentes da solução estoque

diluída.

As medidas espectrofotométricas foram realizadas após reação de 1,0 mL do

reagente de Bradford com volumes definidos (10 a 100 μL) da solução estoque de

ovoalbumina. Para completar a reação esperou-se 5 min e os valores de

absorbância foram obtidos em comprimento de onda de 595 nm. Esse

procedimento foi realizado para 5 replicatas da mesma amostra.

As frações de água, NaCl e NaOH da castanha-do-pará foram diluídas 100

vezes e 10 vezes o extrato de etanol. Para a amostra de semente de cupuaçu, as

frações de água e NaCl foram diluídas 2 vezes e a de NaOH 20 vezes. Os extratos

de água, NaCl e NaOH da polpa de coco foram diluídos 20 vezes. Apenas as frações

de etanol da polpa de coco e semente de cupuaçu não sofreram diluições. Após

esses procedimentos, volumes de 50 µL dos extratos diluídos de castanha-do-pará

e de 100 µL dos extratos diluídos de semente de cupuaçu e polpa de coco foram

misturados com 1,0 mL do reagente de Bradford.

3.4.8 Estudos de SEC

A cromatografia de filtração em gel foi aplicada para a separação das

espécies segundo seus pesos moleculares. As colunas usadas foram a Superose 12

e a Superdex 75, com faixas de separação entre 1-300 kDa e 3-70 kDa,

respectivamente, ambas com volume de 25 mL. A separação em coluna Superose

12 foi realizada em dois tampões, Tris/HNO3 (0,2 mol L-1, pH = 7,5) e Tris/HCl (0,2

mol L-1, pH=7,5), utilizados como fase móvel. As separações em coluna Superdex

~ 38 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

75 foram feitas usando Tris/HCl. O fluxo da fase móvel, o tempo de corrida e o

comprimento de onda do detector UV foram 0,5 mL min-1, 72 min e 280 nm,

respectivamente.

Antes da corrida cromatográfica foi necessário filtrar a fase móvel, usando

um sistema de filtração à vácuo com filtro de membrana de celulose de 0,45 μm

para a remoção de partículas sólidas. Além disso, essa solução foi desgaseificada

utilizando banho ultrassônico (Quimis) e sistema de vácuo por 20 min. Ambos os

procedimentos evitam problemas de entupimento e de presença de bolhas nas

colunas quando a fase móvel percola as mesmas.

O procedimento de equilíbrio da coluna é uma etapa anterior à introdução da

amostra, como a coluna é estocada em meio de 20 % v/v etanol há a necessidade

de percolar a coluna com 50 mL da fase móvel, usando uma vazão de 0,5 mL min-1.

Após essa etapa, a coluna está preparada para a execução da separação.

A calibração da coluna Superose 12 foi realizada para as duas diferentes

fases móveis, enquanto que a da coluna Superdex 75 foi apenas usando Tris/HCl.

Para esse procedimento, injetou-se 100 µL das soluções de 12,4 a 200 kDa e 6,5 a

440 kDa para a coluna Superose 12 e fases móveis de Tris/HNO3 e Tris/HCl,

respectivamente, e de 6,5 a 43 kDa para a coluna Superdex 75 e fase móvel de

Tris/HCl. A obtenção dos pesos moleculares das espécies foi realizada mediante a

construção de uma curva analítica de calibração que relaciona o logaritmo dos

pesos moleculares (PM) com o coeficiente de partição (Kav), considerando esse

último parâmetro igual a (Ve-Vo)/Vt-Vo, sendo Ve, Vo e Vt os volumes de eluição,

morto e total da coluna, respectivamente [Collins et al., 1997].

~ 39 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

Para as amostras, introduziram-se nas colunas 200 μL dos extratos de água,

NaCl e NaOH. Para a separação cromatográfica das espécies nos extratos de NaOH

foi necessário uma etapa prévia de precipitação das proteínas com solução de 0,1

mol L-1 de HCl. Adicionou-se ácido até pH = 5,0. O precipitado foi separado do

sobrenadante por centrifugação (4000 rpm por 20 min) e ressuspendido na fase

móvel (Vt=2,0 mL), após correção do pH até 7,5 com solução de 0,2 mol L-1 de

NaOH. Adicionalmente, para o extrato da castanha-do-pará foi necessário uma

diluição de 10 x antes da injeção na coluna.

As distribuições de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nas frações eluídas, contendo

espécies de diferentes pesos moleculares, foram feitas por GF AAS. Para tanto,

essas determinações foram realizadas nas alíquotas de 0,5 mL que eram coletadas

na saída da coluna a cada 1 min. Antes da análise das alíquotas, fez-se uma

avaliação da calibração do instrumento, utilizando-se solução analítica de referência

de Cu, Fe, Mn, Se e Zn em meio de 0,1 % v/v HNO3 e de Tris/Cl (0,2 mol L-1, pH =

7,5) para verificação de interferência causada, principalmente, pela fase móvel

usada.

Os perfis de distribuição (concentração vs Ve) dos elementos de interesse

foram construídos utilizando-se um programa computacional, MicrocalTM OringinTM

(versão 5.0, Microcal Sofware, Inc., USA).

3.4.9 Estudos de MALDI-TOF MS

Antes das análises da fração aquosa das amostras por MALDI-TOF MS houve

a necessidade de submetê-las ao processo de diálise. Na diálise um volume de 5

~ 40 ~ 

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PARTE EXPERIMENTAL

~ 41 ~ 

mL do extrato foi introduzido em um tubo de celulose de 32 mm (D0530, Sigma-

Aldrich), as extremidades desses tubos foram amarradas e, porteriormente, esse

sistema foi imerso em um recipiente contendo 1 L de água desionizada. Esse

sistema foi colocado sob agitação a 100 rpm por 24 horas. Após esse procedimento,

a fração aquosa dialisada foi misturada 1:1 v/v (polpa de coco) e 1:10 v/v

(castanha-do-pará e semente de cupuaçu) com solução saturada de ácido sinápico

(trans – 3,5 – dimethoxy – 4 – hydroxycinnamic acid; LaserBio Labs, France) em

50 % v/v acetonitrila (Merck, USA) e 0,5 % v/v ácido trifluoroacético (TFA; Fluka,

Switzerland). A mistura foi submetida a agitação, subsequentemente centrifugada a

5000 rpm por 10 min. Uma alíquota de 0,5 µL foi colocada no prato MALDI, seca e

analisada por MALDI-TOF MS. As análises foram executadas no modo linear usando

um potencial de aceleração de 20 kV e uma pressão do vácuo inferior a 1.5 x 10-6

bar. Pulsos de laser foram gerados por um laser de nitrogênio (8 pulsos por

segundo). Cada amostra foi analisada em duplicata, acumulando 200 espectros por

varredura.

A determinação de espécies por peso molecular usando MALDI-TOF MS

também foi aplicada nos eluídos da castanha-do-pará, coletados na saída da coluna

Superdex 75, para os volumes de eluição de 11,5 a 24 mL. Essas alíquotas foram

misturadas totalizando 12,5 mL, posteriormente 5 mL foi submetido ao processo de

diálise antes da análise por MALDI-TOF MS.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Concentrações totais dos elementos nas amostras

O conhecimento da composição química de alimentos é importante para fins

nutricionais, toxicológicos e para avaliar adulteração, origem geográfica e

contaminação [Dolan & Capar, 2002; Ibanez & Cifuentes, 2001]. Portanto,

procedimentos analíticos rápidos, com boa precisão e exatidão e multielementares

têm sido recomendados para determinar a composição elementar de uma grande

variedade de alimentos.

A técnica de ICP OES, além de ser multielementar, apresenta baixo nível de

interferências químicas e de ionização. Porém, devido ao grande número de linhas

espectrais e à radiação de fundo, interferências espectrais podem ser bastante

comuns. As principais interferências espectrais são a sobreposição total de linhas de

emissão, a sobreposição parcial de linhas de emissão, a radiação de fundo e a

radiação difusa [Montaser & Golightly, 1992].

Para selecionar o melhor comprimento de onda para as determinações dos

elementos de interesse foram feitas varreduras de uma solução analítica de

referência e da amostra digerida de castanha-do-pará. Na Figura 3 estão

apresentados os perfis dos sinais de emissão para Ca (II) (λ = 317,933) e Cl (I)

(λ = 134,724).

~ 42 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ca Cl Solução analítica Solução

analítica

Amostra

Amostra Branco

Branco

Figura 3 – Varreduras de comprimento de onda do Ca e Cl para amostra digerida de

castanha-do-pará, solução analítica de referência e o branco analítico

Avaliando todos os perfis de emissão obtidos para a amostra de castanha-do-

pará, polpa de coco e semente e polpa de cupuaçu, observou-se ausência de

interferências espectrais nos comprimentos de ondas selecionados (Tabela 2) para

a maioria dos elementos de interesse. No entanto, na análise de castanha-do-pará

foi observado um aumento na radiação de fundo para B, Cl, Cu, Fe e Si. Efeito

semelhante foi observado na determinação de Sr em polpa de coco e na

determinação de Cl na semente e polpa de cupuaçu. Devido a essas pequenas

distorções, uma correção do sinal de fundo para esses elementos foi feita utilizando

os recursos disponíveis no espectrômetro de correção linear [Montaser & Golightly,

1992].

Os limites de detecção e quantificação para os elementos de interesse

determinados por ICP OES estão apresentados na Tabela 6. Ambos os valores

foram calculados usando a concentração equivalente do sinal de radiação de fundo

(BEC) que representa a concentração do analito que produz um sinal analítico igual

a intensidade da radiação de fundo. O BEC (BEC = Chc/SD) foi obtido considerando

a maior concentração da curva analítica de calibração (Chc) e a razão sinal/ruído

~ 43 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

(SBR = (Ihc-Ibranco)/Ibranco). Considerando o BEC, calculou-se o limite de detecção

como sendo 3 vezes o produto entre desvio padrão relativo do branco analítico

(RSD) e o BEC, dividido por 100. E o limite de quantificação como sendo 3,3 vezes

limite de detecção [Silva et al., 2007]. Os resultados finais foram dados em ng g-1,

considerando a massa de amostra de 0,250 g e volume final de 10 mL.

Tabela 6 – Limite de detecção (ng g-1) e quantificação (ng g-1) para Al, B, Ba, Ca,

Cl, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P, S, Si, Sr e Zn por ICP OES

LD LQ LD LQ LD LQ

Al 13 41 Cu 0,77 2,5 P 2,4 8,1

B 4,1 14 Fe 4,2 14 S 175 577

Ba 2,4 7,9 K 8,5 28 Si 2,9 9,9

Ca 2,4 7,9 Mg 51 169 Sr 14 47

Cl 827 2731 Mn 0,48 1,6 Zn 1,7 5,7

A presença de carbono residual nas soluções das amostras digeridas é crítica

para várias técnicas analíticas. Em ICP OES, elevadas concentrações de carbono

podem causar efeitos de auto-absorção em comprimentos de onda mais sensíveis

[Gouveia et al., 2001]. Desta forma, a determinação da concentração de carbono

residual é importante para prevenir esses efeitos e avaliar a eficiência da

decomposição da amostra. Essa determinação pode ser feita usando solução

analítica de uréia para calibração do ICP [Gouveia et al., 2001], mostrando o sinal

de emissão atômica de C em 193,091 nm. A quantidade de matéria orgânica de

cada uma das amostras foi obtida descontando os valores totais de cinzas,

~ 44 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

encontrados na literatura, para a castanha-do-pará (3,3 % m/m [Venkatachalam &

Sathe, 2006]), polpa de coco (5,2 % m/m [Samson et al., 1971]), polpa de

cupuaçu (5,3 % m/m [Rogez et al., 2004]) e semente de cupuaçu (2,9 % m/m

[Carvalho et al., 2005]). A porcentagem de carbono residual foi estimada

considerando massa de amostra de 250 mg e 10 mL de solução digerida. Logo, os

resultados obtidos foram 6,5 % m/m para castanha-do-pará, 5,6 % m/m para

polpa de coco, 11,8 % m/m para polpa de cupuaçu e 4,9 % m/m para a semente

de cupuaçu. O uso de soluções de ácido nítrico mais concentradas poderiam

acarretar melhor oxidação da matéria orgânica, como mostrado por Araújo et al.

[Araújo et al., 2002]. No entanto, nesse mesmo trabalho, valores de carbono

residual de materiais de plantas variaram de 10,3 a 11,3 % quando a concentração

do ácido também era alterada (2 a 7 mol L-1) revelando uma eficiente oxidação

mesmo em soluções oxidantes diluídas, uma vez que, esse teor não afetou as suas

análises por ICP OES com vista axial [Araújo et al., 2002].

A possibilidade de se diminuir a quantidade de reagentes é atrativa por

diversos fatores, tais como redução dos resíduos gerados, custos, contaminação e

da intensidade do branco analítico. Além disso, a geração de soluções com menor

teor de ácidos é interessante devido a não necessidade de diluir as amostras antes

de sua análise, principalmente em equipamentos cuja introdução das amostras

ocorre por processos de nebulização, a qual pode estar sujeita a interferências de

transporte. Soluções ácidas diluídas também diminuem a ocorrência de danos as

partes intrumentais do ICP.

A eficiência da digestão usando ácidos diluídos é explicada pela ação do HNO3

na decomposição dos compostos orgânicos, formando NO gasoso, o qual é

~ 45 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

removido do meio reacional aquecido e reage com o O2 presente na fase gasosa do

frasco de reação. Posteriormente, o NO2 é gerado e reabsorvido na solução,

resultando na formação de NO3- e NO, sendo que o ciclo de reações se repete, até

que não haja a presença de O2 na fase gasosa do sistema [Araújo et al., 2002;

Krug, 2008].

Na Tabela 7 estão apresentadas as concentrações dos elementos de interesse

obtidas experimentalmente e os valores certificados para o material de referência.

Os resultados mostram a concordância entre os valores obtidos e certificados,

considerando o teste T-student, no nível de confiança de 95 %.

Na Tabela 8 estão apresentadas as concentração dos elementos de interesse

nas amostras digeridas. Dentre os alimentos analisados, a castanha-do-pará

apresentou a maior concentração para a maioria dos elementos de interesse. A alta

concentração de Ba em castanha-do-pará pode ser devido a presença de um

mineral, Hollandite (Ba2Mn8O16) no solo da Bacia Amazônica [Chang et al., 1995],

local de cultivo desse alimento. A polpa de coco apresenta maior concentração de

Cl. Por outro lado, as sementes de cupuaçu apresenta alta concentração da maioria

dos elementos quando comparado com a polpa de cupuaçu, exceto para K e S. A

origem geográfica, o uso de fertilizantes, as condições climáticas e do solo e as

características das plantas podem alterar a concentração dos elementos em

alimentos [Dolan & Capar, 2002; Ibañez & Cifuentes, 2001].

~ 46 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 7 – Comparação entre valores certificados e experimentais para amostra

digerida do material de referência certificado (SRM 1547, peach leaves) obtidos por

ICP OES

Concentração (μg g-1) ± desvio padrão (n=3)

Certificado Experimental

Al 249 ± 8 236 ± 10

B 29 ± 2 29 ± 1

Ba 124 ± 4 140 ± 10

Ca* 1,56 ± 0,02* 1,36 ± 0,10

Cl 360 ± 19 407 ± 20

Cu 3,7 ± 0,4 3,4 ± 0,2

Fe 218 ± 14 273 ± 23

K* 2,43 ± 0,30 2.03 ± 0.17

Mg* 0,432 ± 0,008 0,519 ± 0,035

Mn 98 ± 3 85 ± 6

P* 0,137 ± 0,007 0,138 ± 0,002

S (2)** 1,7 ± 0,2

Si ND*** 383 ± 20

Sr 53 ± 4 50 ± 2

Zn 17,9 ± 0,4 21 ± 4

* Porcentagem em massa (% m/m); ** Não certificado; *** Não determinado

~ 47 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 8 – Concentrações de Al, B, Ba, Ca, Cl, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P, S, Si, Sr e Zn

em castanha-do-pará, polpa de coco, semente e polpa de cupuaçu

Concentração (μg g-1) ± desvio padrão (n=3)

Castanha-do-

pará

Polpa de

coco

Polpa de

cupuaçu

Semente de

cupuaçu

Al 1,6±0,1 0,6±0,2 0,8±0,3 2,1±0,3

B 5,9±0,1 2,7±0,4 0,3±0,1 2,9±0,1

Ba 470±5 0,20±003 <LD <LD

Ca 1825±34 109±3 96±9 369±9

Cl 108±34 3074±107 87±21 340±31

Cu 21,8±0,5 1,1±0,1 0,4±0,1 2,7±0,1

Fe 30±1 5,8±0,2 2,7±0,3 7,5±0,3

K 5070±30 2611±55 3439±46 2621±24

Mg 3096±31 381±6 93±2 802±9

Mn 8,8±0,2 7,8±0,1 0,6±0,1 2,7±0,1

P 4632±102 241±1 118±2 730±4

S 2478±22 108±7 334±7 177±4

Si <LD* 20±1 3±1 4±1

Sr 131±3 0,5±0,1 0,7±0,1 1,6±0,1

Zn 39±1 2,4±0,1 2,2±0,1 7,3±0,1

~ 48 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1.2 Determinação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn por GF AAS

4.1.2.1 Otimização do programa de aquecimento

As otimizações dos programas de aquecimento foram feitas avaliando-se as

curvas de temperatura de pirólise e atomização. A temperatura de pirólise é um

parâmetro essencial a ser estudado, uma vez que, é nessa etapa que se busca a

minimização e/ou eliminação de concomitantes, bem como a formação dos

precurssores atômicos. Na etapa de atomização tem-se a formação da nuvem

atômica e a aquisição do sinal analítico. Nesse trabalho, a temperatura de

atomização foi escolhida considerando o perfil transiente do sinal de absorbância e

o desvio padrão entre as medidas consecutivas.

Para avaliar o comportamento térmico dos elementos na fração gordurosa,

foram obtidas curvas usando a fração gordurosa da castanha-do-pará + 1 % Triton

X-100 e em solução analítica + 1 % Triton X-100, Figura 4. Curvas de temperatura

de pirólise e atomização usando solução analítica + 0,1 % v/v HNO3 foram

construídas para encontrar as melhores condições para a determinação dos

elementos de interesse nos outros extratos (água, NaCl, etanol e NaOH) e nos

digeridos (sólido final e total), Figura 5. Considerando o comportamento térmico

desses elementos e as diluições (2 a 50 vezes), não foi necessário o uso de

modificador químico para Cu, Fe, Mn e Zn com água desionizada.

Os gráficos de temperatura de pirólise e atomização foram construídos

normalizando os sinais de absorbância, ou seja, dividindo-os pelo sinal analítico

mais elevado, devido as diferenças entre os sinais analíticos da solução de

~ 49 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

referência e as amostras.

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 24000.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Abso

rbân

cia

norm

aliz

ada

Temperatura (oC)

800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 24000.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

Temperatura (ºC)

Abs

orbâ

ncia

nor

mal

izad

a

800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 24000.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Temperatura (ºC)

Abs

orbâ

ncia

nor

mal

izad

a

800 1200 1600 2000 2400

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

temperatura (ºC)

Abs

orbâ

ncia

nor

mal

izad

a

0 400 800 1200 1600 2000 24000.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Abs

orbâ

ncia

nor

mal

izad

a

Temperatura (oC)

Fe Cu

Mn Se

Zn

Figura 4 – Curvas de temperaturas de pirólise (⎯) e atomização (--): ( ) solução

analítica + 1 % m/v Triton X-100 e ( ) fração gordurosa + 1 % m/v Triton X-100

~ 50 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

400 800 1200 1600 2000 24000.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Temperatura (ºC)

Abs

orbâ

ncia

nor

mal

izad

a

800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 24000.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

Temperatura (ºC)

Abs

orbâ

ncia

nor

mal

izad

a

800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 24000.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Temperatura (ºC)

Abs

orbâ

ncia

nor

mal

izad

a

0 500 1000 1500 2000 25000.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Temperatura (ºC)

Abs

orbâ

ncia

nor

mal

izad

a

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 24000.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

Temperatura (ºC)

Abs

orbâ

ncia

nor

mal

izad

a

Fe Cu

Se Mn

Zn

Figura 5 – Curvas de temperaturas de pirólise (⎯) e atomização (--): ( ) solução

analítica em 0,1 % v/v de HNO3

Para a determinação de Cu, Fe, Mn e Se na fração gordurosa foi necessário

uma mínima diluição em meio do surfactante, 1 % m/v Triton X-100 (900 µL fração

~ 51 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

+ 100 µL de uma solução 10 % m/v Triton X-100). O Triton X-100 promoveu a

minimização de erros de amostragem, pois é um surfactante não iônico que

facilitou a homogeneização da amostra [Subramanian, 1996; Collins & Salton,

1979; Correia et al., 2002; Naozuka & Oliveira, 2006] e a introdução da solução no

tubo de grafite. Na ausência de Triton X-100, após sucessivas injeções da fração

gordurosa (aproximadamente 20 ciclos de aquecimento) havia a adesão da solução

no capilar de polipropileno do auto-amostrador, prejudicando a repetibilidade das

medidas analíticas. Esse surfactante também foi adicionado ao frasco de lavagem

para melhorar a eficiência de limpeza, minimizando ainda mais os erros de

amostragem.

Contornado o problema de amostragem, a co-injeção de 10 µL de uma

mistura oxidante contendo 15 % v/v H2O2 e 1 % v/v HNO3 com as alíquotas das

frações gordurosas foi adotada para evitar a formação de resíduos carbonáceos na

superfície da plataforma que prejudicariam a repetibilidade, devido à oclusão dos

analitos e bloqueio da radiação incidente. Esse mesmo comportamento foi

previamente observado quando soluções com altas concentrações de orgânicos

foram introduzidas no tubo de grafite para a determinação de elementos em leite

[Viñas et al., 1997], água de coco [Naozuka & Oliveira, 2006] e materiais biológicos

[Correia et al., 2002; Campillo et al., 1990; Campillo et al., 2000a; Campillo et al.,

2000b]. Essa mistura oxidante atuou na decomposição da matéria orgânica durante

as etapas de secagem (130 oC) e pirólise I (400 oC). Com essa estratégia foi

possível minimizar a formação dos resíduos carbonáceos e aumentar a vida útil do

tubo de grafite que passou de 20 ciclos de aquecimento para mais de 500 ciclos.

O estudo do comportamento térmico dos elementos de interesse na fração

~ 52 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

gordurosa (Fig.4) mostrou que para Cu a temperatura de pirólise aumentou em 100

oC em meio da fração gordurosa (Tp = 1300 oC), quando comparado com a solução

analítica em 1 % m/v Triton-X 100 (Tp = 1200 oC). Esse aumento pode estar

relacionado com interações do Cu com os concomitantes orgânicos que alteram o

seu comportamento térmico. Outro ponto importante a ser ressaltado é que, para

temperaturas de pirólise abaixo de 800 oC não foi possível realizar medidas de

sinais de absorbância devido ao alto sinal de radiação de fundo gerado. Para Fe e

Mn, as temperaturas de pirólise e atomização mais adequadas foram iguais quando

comparadas as curvas obtidas em meio da fração gordurosa e em solução analítica.

O estudo do comportamento térmico de Se na presença do modificador químico foi

realizado apenas em solução analítica de referência + 1 % m/v de Triton X-100,

porque a concentração desse elemento na fração gordurosa da castanha-do-pará

estava abaixo do limite de detecção. No caso do Zn, observa-se perdas por

volatilivação a 400 oC. Em temperaturas de pirólise menores ou iguais a essa houve

a formação de sinais analíticos duplos. A aquisição de um sinal analítico transiente

foi possível em temperaturas acima de 500 oC. Alternativas para perda de

sensibilidade, além da diluição da fração gordurosa (10 x), como o uso de alta

temperatura de pirólise (>700 oC) e introdução de um mini-fluxo de Ar (100 mL

min-1) na etapa de atomização foram aplicadas na determinação desse elemento.

O estudo do comportamento térmico usando solução analítica + 0,1 % HNO3

foi realizado para a determinação dos elementos de interesse na outras frações e

sólidos remanescentes digeridos (Fig.5). As curvas para Cu e Fe foram muito

similares aquelas obtidas usando solução analítica + 1 % Triton X-100. Caso

contrário foi observado para Mn, onde perdas por volatilização ocorreram em 1000

~ 53 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

oC, enquanto que em meio do surfactante a temperatura foi 100 oC superior. A

volatilização de espécies de Zn, em geral na forma de ZnO, ocorreram em 500 ºC

[Welz & Sperling, 1999]. Em uma determinação convencional, a temperatura de

pirólise mais adequada seria 400 ou 500 ºC, porém devido à alta sensibilidade da

GF AAS optou-se em utilizar temperatura de 700 ºC como uma alternativa de perda

de sensibilidade, como foi empregado na análise do extrato gorduroso. A introdução

de um mini-fluxo de Ar (100 mL min-1) durante a etapa de atomização, com intuito

de provocar uma pequena dispersão da nuvem atômica e, consequentemente, de

perder sensibilidade, foi também utilizada. Em todos os extratos, antes de usar

esses recursos de perda de sensibilidade foi também estudado a possibilidade de se

utilizar um comprimento de onda alternativo menos sensível (307,6 nm), porém

nesse caso, não se obteve sensibilidade suficiente para a determinação de Zn nas

amostras.

Para o Se, fez-se o estudo do comportamento térmico sem e com

modificador químico, Pd + Mg. Na ausência de modificador químico, perdas desse

elemento, por volatilização, ocorreram em 300 ºC. Essas perdas durante a etapa de

pirólise estão relacionadas à volatilização de Se2, SeC2, Se(OH)2, SeO e SeO2 [Welz

& Sperling, 1999; Volynsky, 2000]. No entanto na presença de Pd + Mg, todas as

espécies de Se foram termicamente estáveis até 1400 ºC. A presença de Pd

promove a estabilização térmica, devido à formação de soluções sólidas ([Pd,Se,O])

e compostos estequiométricos intermetálicos, (Se-Pd)(ad) [Volynsky, 2000],

segundo as reações abaixo:

Pd0(s) + SeO2(s,l,g) → [Pd,Se,O](s) + SeO(g) (1)

PdO(s) + SeO2(s,l) → [Pd,Se,O](s) (2)

~ 54 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

PdO(s) + Se(s,l) → [Pd,Se,O](s) (3)

[Pd,Se,O] → Se(g) + Pd(g) → (Se-Pd)(ad) (4)

(Se-Pd)(ad) → Se(g) + Pd(ad) (5)

A reação 4 ocorre em temperatura de 1030 ºC e a formação de (Se-Pd)(ad)

promove a adsorção de Se e Pd nos sítios do tubo de grafite. Subseqüentemente,

em temperaturas entre 1280 e 1405 ºC, Se sofre dessorção (reação 5), formando

os átomos no estado fundamental [Volynsky, 2000]. Portanto, na presença de Pd

como modificador químico, consegue-se maiores temperaturas de pirólise, tão

necessárias, principalmente quando a amostra não é submetida a procedimentos de

digestão. A adição de Mg(NO3)2 ao Pd possui fundamental importância para auxiliar

na estabilização térmica do Se. O Mg forma MgO sobre o qual ocorre a

quimiosorção dos óxidos de selênio, em temperatura acima de 500 ºC, e também,

facilita a interação do Se ao Pd, pois o Mg(NO3)2 promove uma distribuição mais

uniforme do Pd na superfície do tubo de grafite, durante as etapas de secagem e

pirólise, favorecendo a formação de microgotículas que facilitam a difusão e

volatilização do Se durante a atomização [Welz & Sperling, 1999].

Nas Tabelas 9 e 10 estão apresentados os programas de aquecimento

otimizados para a determinação dos elementos de interesse na fração gordurosa e

nas outras frações e digeridos (sólido final e total), respectivamente.

~ 55 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 9 – Programa de aquecimento para determinação de Cu, Fe, Mn, Se por GF

AAS na fração gordurosa

Programa de aquecimento para determinação de Cu1, Fe2, Mn3 e Se4 

Etapa T

(ºC)

Rampa

(ºC s-1)

Patamar

(s)

Fluxo de Ar

(L min-1)

Secagem 130 10 20 1

Pirólise I 400 10 20 1

Pirólise II 12001,3,4, 10002 100 20 1

AZ* 12001,3,4, 10002 0 6 0

Atomização 23001,3,4,22002 23001,3,4,22002 5 0

Limpeza 2500 1200 2 1

Programa de aquecimento para determinação de Zn

Etapa T

(ºC)

Rampa

(ºC s-1)

Patamar

(s)

Fluxo de Ar

(L min-1)

Secagem 130 10 20 1

Pirólise I 400 10 20 1

Pirólise II 800 100 20 1

AZ* 800 0 6 0

Atomização 2100 2100 5 0,1

Limpeza 2500 1200 2 1

*Auto zero

~ 56 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 10 – Programa de aquecimento para determinação de Cu, Fe, Mn, Se por GF

AAS na fração de água, NaCl, etanol, NaOH e amostras digeridas

Programa de aquecimento para determinação de Cu1, Fe2, Mn3 e Se4

Etapa T

(ºC)

Rampa

(ºC s-1)

Patamar

(s)

Fluxo de Ar

(L min-1)

Secagem 100 10 15 1000

Secagem 130 10 20 1000

Pirólise 10001,3, 13002,4 100 20 1000

AZ* 10001,3, 13002,4 0 6 0

Atomização 23001-4 23001-4 5 0

Limpeza 2500 1200 2 1000

Programa de aquecimento para determinação de Zn

Etapa T

(ºC)

Rampa

(ºC s-1)

Patamar

(s)

Fluxo de Ar

(L min-1)

Secagem 100 10 15 1000

Secagem 130 10 20 1000

Pirólise 700 100 20 1000

AZ* 700 0 6 0

Atomização 2300 2300 5 100

Limpeza 2500 1200 2 1000

*Auto zero

~ 57 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1.2.2 Avaliação da curva analítica de calibração em meio do tampão Tris/HCl

Após as separações cromatográficas, eluentes da coluna foram coletados (0,5

mL por minuto) e os elementos de interesse foram determinados nessas alíquotas

por GF AAS. Como esse efluente está em meio do tampão Tris/HCl usado como fase

móvel, antes da determinação dos elementos nas frações coletadas, verificou se

haviam efeitos provocados pelo tampão na calibração do instrumento. Para tanto,

comparou-se curvas analíticas de calibração, utilizando-se soluções analíticas em

0,1 % v/v HNO3 e em meio de tampão Tris/HCl. Os resultados estão apresentados

na Tabela 11.

Os resultados da relação entre os coeficientes angulares da curva analítica de

calibração em meio de 0,1 % v/v HNO3 e em meio de tampão Tris/HCl (α1/α2)

evidenciram que, para Cu e Se, o efeito da adição do Tris e HCl não resultou em

interferências na determinação desses elementos. Portanto, para esses elementos a

calibração pode ser realizada apenas com solução de referência em 0,1 % v/v

HNO3. Por outro lado, para Fe, Mn e, principalmente, Zn a calibração do

instrumento deve ser realizada em meio do tampão, uma vez que, os valores das

relações entre os coeficientes angulares apresentaram-se acima de 1,0.

~ 58 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 11 – Coeficiente angular e de correlação das curvas analíticas de calibração

Coeficiente angular

(coeficiente de correlação)

α1* α2

**

Relação entre

α1/α2

Cu 0,00436 ± 0,00010

(0,9982)

0,00434 ± 0,00004

(0,9997)

1,01

Fe 0,00582 ± 0,00001

(0,9996)

0,00466 ± 0,00015

(0,99641)

1,25

Mn 0,01435 ± 0,00019

(0,9988)

0,00883 ± 0,00009

(0,9993)

1,63

Se 0,00090 ± 0,00001

(0,9996)

0,00097 ± 0,00001

(0,9997)

0,93

Zn 0,00726± 0,00033

(0,9882)

0,00209± 0,00014

(0,9862)

3,47

*α1 = 0,1 % v/v HNO3 ; **α2 = Tris/HCl

4.1.2.3 Figuras de mérito

Na Tabela 12 estão apresentados resultados da adição e recuperação dos

elementos de interesse em todas as frações e nos sólidos remanescentes digeridos,

exceto na fração gordurosa. A concentração adicionada para Cu, Fe, Se e Zn foi de

40 μg L-1, de 15 μg L-1 para Mn e de 1 μg L-1 para Zn, sendo que nas amostras

digeridas a adição dos analitos foi executada antes do procedimento de digestão.

Os resultados de recuperação variaram de 70 a 128 % para as amostras de

interesse, usando calibração com solução aquosa.

Os limites de detecção e as massas características para Cu, Fe, Mn, Se e Zn

estão mostrados na Tabela 13. Os limites de detecção foram obtidos como sendo 3

~ 59 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

vezes o desvio padrão do branco. Para o cálculo em ng g-1 considerou-se massa de

amostra de 5,0 g e volume de 10 mL. As massas características foram estimadas

pela equação da curva analítica de calibração, como sendo o sinal analítico de 1 %

de absorbância (0,0044).

Tabela 12 – Resultados de recuperação para as frações de água, NaCl etanol,

NaOH, amostras digeridas e sólido final digeridos

Recuperação (%)

Cu Fe Mn Se Zn

Total 98 95 111 96 72

Extrato de água 91 104 100 97 70

Extrato de NaCl 100 100 107 109 71

Extrato de etanol 104 114 97 104 92

Extrato de NaOH 99 97 107 96 80

CASTANHA-DO-

PARÁ

Sólido final 103 104 98 96 75

Total 92 103 77 117 71

Extrato de água 87 100 109 116 75

Extrato de NaCl 86 105 115 111 84

Extrato de etanol 85 98 87 111 101

Extrato de NaOH 92 82 108 109 85

SEMENTE DE

CUPUAÇU

Sólido final 92 80 80 106 79

Total 92 90 122 102 77

Extrato de água 108 88 95 96 83

Extrato de NaCl 128 107 89 106 92

Extrato de etanol 106 95 94 88 94

Extrato de NaOH 94 90 95 96 90

POLPA DE

COCO

Sólido final 95 92 83 103 88

~ 60 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 13 – Limite de detecção e massa característica para Cu, Fe, Mn, Se e Zn

LD (ng g-1)

Cu Fe Mn Se Zn

GORDURA 2,5 5,4 1,5 9,3 3,8

ÁGUA 7,2 9,1 0,85 4,8 0,57

NaCl 0,16 12 0,98 10 0,14

ETANOL 0,34 12 1,2 3,3 0,23

NaOH 0,59 0,64 0,72 10 0,52

SÓLIDO FINAL 0,72 14 0,66 1,5 1,0

mo (pg)

Cu Fe Mn Se Zn

GORDURA 13 12 4 34 10

OUTRAS 15 15 6 37 5

4.2 Distribuição de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nos extratos de castanha-do-pará, semente

de cupuaçu e polpa de coco

4.2.1 Extrato da fração gordurosa

O estudo do tempo e da quantidade de etapas para a extração da fração

gordurosa foi avaliado apenas para a castanha-do-pará (Tabela 14). A eficiência de

extração foi, indiretamente, mostrada via a determinação dos elementos de

interesse nessa fração. Dentre as amostras analisadas essa é a que apresenta

maior conteúdo de gorduras (50-70 % m/m) [Kannamkumarath et al., 2004b;

~ 61 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Franco, 1992]. A remoção da fração gordurosa é importante, principalmente,

durante a separação cromatográfica, na qual a alteração das propriedades físicas da

amostra, como a viscosidade, pode causar erros na separação e, até mesmo, danos

aos equipamentos, como entupimento e aumento da pressão.

Os resultados revelam a não necessidade de realizar duas etapas

consecutivas de extração com clorofórmio e metanol, uma vez que, a maior parte

dos elementos de interesse associada à fração gordurosa já foi extraída na primeira

etapa. Além disso, comparando os diferentes tempos (30 min, 1 e 2 horas)

observa-se que as concentrações dos elementos foram muito próximas, sendo 30

min o tempo adequado. A concentração de Se nessa fração ficou abaixo do limite

de detecção.

Tabela 14 – Concentração de Cu, Fe, Mn e Zn na fração gordurosa em diferentes

tempos de extração

Concentração (ng L-1) ± SD (n=3) Tempo

(quantidade) Cu Fe Mn Zn

2 horas (1ª) 51 ± 3 15 ± 2 24 ± 3 20 ± 4

2 horas (2ª) 10 ± 3 <LD <LD <LD

1 hora (1ª) 59 ± 2 16 ± 1 21 ± 2 19 ± 1

1 hora (2ª) <LD <LD <LD <LD

30 min (1ª) 59 ± 2 18 ± 2 21 ± 2 16 ± 2

30 min (2ª) <LD <LD <LD <LD

LD (ng g-1) = 2,5 para Cu, 5,4 para Fe, 1,5 para Mn, 9,3 para Se e 3,8 para Zn

~ 62 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a etapa de extração com a mistura clorofórmio e metanol, a fração

gordurosa pode ser estimada considerando as massas antes e após esse

procedimento. Para as amostras estudadas a porcentagem de gordura foi de

aproximadamente 50, 27 e 49 % m/m para a castanha-do-pará, polpa de coco e

semente de cupuaçu, respectivamente.

4.2.2 Extratos das frações de água, NaCl, etanol e NaOH

A determinação da concentração total de proteínas foi realizada pelo método

de Bradford. O método de Bradford vendo sendo utilizado devido a estabilidade dos

reagentes e menor tempo (5 min) de reação química. Esse procedimento baseia-se

na ligação não covalente entre a forma aniônica do corante CBG com as proteínas.

Esse corante reage com a parte carregada positivamente da cadeia proteica,

normalmente resíduos de arginina. Fracas interações são observadas com resíduos

básicos (histidina e lisina) e aromáticos (tirosina, triptofano e fenilalanina). A

formação de uma solução de coloração azul corresponde à espécie que absorverá

no comprimento de onda de 595 nm [Bradford, 1976; Mikkelsen & Cortón, 1960;

Silva & Arruda, 2006].

A calibração do instrumento foi realizada utilizando uma solução estoque de

ovoalbumina. O coeficiente angular e o de correlação da equação da reta foram

iguais a 0,026 e 0,9917, respectivamente. As concentrações das proteínas nos

extratos, considerando massas de amostras sem a gordura, estão apresentados na

Tabela 15.

~ 63 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 15 – Massas de amostras sem gordura e concentração total de proteínas em

extratos de castanha-do-pará, polpa de coco e semente de cupuaçu

Concentração (mg g-1) ± desvio padrão (n=3) Frações

Castanha-do-pará Polpa de coco Semente de cupuaçu

Massas sem gordura(g) 2,50 3,65 2,55

Água 61 ± 11 7,4 ± 0,6 3,2 ± 0,4

NaCl 67 ± 12 6,2 ± 0,1 2,6 ± 0,1

Etanol 5,9 ± 0,1 0,62 ± 0,06 1,9 ± 0,1

NaOH 76 ± 14 12 ± 1 27 ± 2

Segundo Sgarbieri [Sgarbieri, 1996] a extração com água, NaCl, etanol e

NaOH promove a separação de proteínas do grupo das albuminas, globulinas,

prolaminas e glutelínas, respectivamente. A solubilidade de uma proteína depende

da composição de aminoácidos ácidos e básicos e de suas partes não protéicas. Em

geral, o pH de menor solubilidade é denominado constante isoelétrica (pI) da

proteína, para um grande número de proteínas o pI está entre pHs de 3,5 e 6,5

[Sgarbieri, 1996; Voet et al., 1995]. É importante salientar que o uso desses

extratores não evita a extração de outros compostos, além de proteínas. Etapas de

purificação dessas proteínas é de suma importância para a identificação e

caracterização das mesmas. Para castanha-do-pará a separação e determinação de

proteínas usando os mesmos extratores já foram realizadas e a distribuição dos

grupos de proteínas foram muito similares aos obtidos nesse trabalho,

prevalecendo as albuminas (177 mg g-1), globulinas (60 mg g-1) e glutelínas (30 mg

g-1) [Chunhieng et al., 2004]. Concentração de proteínas em polpa de coco

~ 64 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

encontradas por Kwon e colaboradores mostrou predominância de proteínas do

grupo albuminas, globulinas e glutelínas, como verificado nos resultados obtidos

[Kwon et al., 1996].

As maiores concentrações de proteínas foram encontradas nos extratos de

NaOH. Isso decorre do fato de que a solução de NaOH não é um extrator seletivo

de proteínas [Chunhieng et al., 2004; Kwon et al., 1996]. Assim sendo, pode-se

supor que outras proteínas, bem como albuminas, globulinas e prolaminas não

extraídas com água, NaCl e etanol, podem estar presentes nessa fração, não sendo

constituída apenas por proteínas do grupo das glutelínas.

4.2.3 Determinação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nas frações

As concentrações em μg g-1 de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nas diferentes frações de

castanha-do-pará, polpa de coco e semente de cupuaçu estão apresentadas na

Tabela 16. Massas de amostra sem gordura foram consideradas para as frações de

água, NaCl, etanol e NaOH, exceto para a fração gordura, onde a massa de 5,0 g

foi considerada para o cálculo. Nessa tabela também está mostrada a concentração

dos elementos de interesse no sólido remanescente do processo de extração

seqüencial, após ter sofrido digestão com mistura oxidante diluída em forno de

microondas com cavidade. Essas concentrações foram calculadas considerando as

massas que foram submetidas à decomposição (0,250 g).

~ 65 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 16 – Concentração de Cu, Fe, Mn, Se e Zn nas frações de castanha-do-pará,

polpa de coco e semente de cupuaçu (n=3)

Castanha-

do-pará

Cu

(μg g-1)

Fe

(μg g-1)

Mn

(μg g-1)

Se

(μg g-1)

Zn

(μg g-1)

Água 1,50 ± 0,03 0,16 ± 0,02 0,33 ± 0,01 2,30 ± 0,09 0,50 ± 0,13

NaCl 1,32 ± 0,21 0,06 ± 0,01 0,12 ± 0,01 1,16± 0,21 0,17 ± 0,07

Etanol 0,10 ± 0,02 0,010 ± 0,002 0,020± 0,002 0,060 ± 0,002 0,07 ± 0,01

NaOH 1,46 ± 0,07 0,050 ± 0,004 0,10 ± 0,01 1,16 ± 0,15 0,98 ± 0,03

Gordura 0,06 ± 0,02 0,03 ± 0,01 0,004 ± 0,001 <LD 3,92 ± 0,20

Sólido final 1,00 ± 0,04 8,8 ± 0,1 1,78 ± 0,12 2,24 ± 0,54 34 ± 2

Polpa de

coco

Cu

(μg g-1)

Fe

(μg g-1)

Mn

(μg g-1)

Se

(μg g-1)

Zn

(μg g-1)

Água 0,30 ± 0,01 0,05 ± 0,01 0,14 ± 0,02 < LD 0,08 ± 0,01

NaCl 0,05 ± 0,01 1,49 ± 0,02 0,44 ± 0,11 < LD 0,130 ± 0,005

Etanol 0,020 ± 0,001 0,04 ± 0,01 0,020 ± 0,003 < LD 0,03 ± 0,01

NaOH 0,06 ± 0,01 0,05 ± 0,01 0,020 ± 0,005 < LD 0,140 ± 0,005

Gordura 0,060 ± 0,001 0,07 ± 0,01 <LD < LD 2,08 ± 0,54

Sólido final 0,44 ± 0,05 3,84 ± 0,20 0,38 ± 0,03 < LD 1,56 ± 0,05

Semente de

cupuaçu

Cu

(μg g-1)

Fe

(μg g-1)

Mn

(μg g-1)

Se

(μg g-1)

Zn

(μg g-1)

Água 0,61 ± 0,08 0,19 ± 0,02 0,86 ± 0,11 < LD 3,02 ± 0,22

NaCl 0,25 ±0,02 0,18 ± 0,03 0,46 ± 0,02 < LD 2,08 ± 0,08

Etanol 0,07 ± 0,01 0,15 ± 0,02 0,22 ± 0,05 < LD 1,45 ± 0,04

NaOH 0,17 ± 0,08 0,20 ± 0,02 0,06 ± 0,01 < LD 0,63 ± 0,09

Gordura 0,04 ± 0,02 0,62 ± 0,02 <LD < LD 0,020 ± 0,005

Sólido final 0,220 ± 0,005 1,22 ± 0,41 0,22 ± 0,02 < LD 10,7 ± 1,1

Na fração gordurosa da castanha-do-pará foram encontradas concentrações

significativas de Zn em castanha-do-pará e semente de cupuaçu e de Fe em polpa

~ 66 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

de coco. A interação de íons metálicos com os lipídios pode ser explicada pela

presença de sulfolipídios e fosfolipídios, Figura 6. Os sulfulipídios apresentam dois

ácidos graxos, um resíduo de galactose e um grupo sulfonato. Por outro lado, os

fosfolipídios possuem uma molécula de glicerol, duas cadeias de ácidos graxos e um

grupo fosfato [Nelson & Cox, 2000; Szpunar, 2005]. O sulfonato e o fosfato são

grupos altamente polares e exibem uma carga negativa capazes de interagir com

espécies catiônicas, tais como os elementos de interesse.

 

A

B

Figura 6 – Estrutura do (A) fosfolipídio e do (B) sulfolípidio [Nelson & Cox, 2000]

Para a maioria dos elementos e amostras de interesse foram encontradas

altas concentrações dos analitos no sólido remanescente. É possível que os

elementos estejam associados a outros compostos orgânicos como também às

proteínas que não foram extraídas. Etapas consecutivas de extração com o mesmo

~ 67 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

solvente e o tempo de extração não foram otimizados, portanto proteínas do grupo

das albuminas, globulinas, prolaminas e glutelínas podem estar presentes no sólido

remanescente. Comparando-se a distribuição de Se, obtidos nos extratos de água,

NaCl, etanol e NaOH de castanha-do-pará (Figura 7a), com os resultados

publicados por Chunhieng e colaboradores [Chunhieng et al., 2004] (Figura 7b)

observa-se grande semelhança entre os perfis. Essa comparação permite inferir que

na distribuição obtida pelo método proposto, o Se pode estar associado,

principalmente, a albuminas, globulinas e glutelínas. Adicionalmente, pode-se

levantar hipóteses de que Cu, Fe, Mn e Zn também estão associados a esses

grupos de proteínas, devido a presença nesses extratos e por serem elementos de

transição que interagem fortemente com aminoácidos formando metaloproteínas

[Garcia et al., 2006].

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

con

cen

traçã

o (μ

g g-1

)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

ppm

a b

Figura 7 – Perfil de distribuição de Se nas frações de água (cinza), NaCl (/), etanol

(-) e NaOH (branco) de castanha-do-pará: (a) resultados obtidos e (b) resultados

publicados por Chunhienng e colaboradores [Chunhieng et al., 2004]

~ 68 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

A interação dos elementos de interesse com albuminas, globulinas,

prolaminas e glutelínas em polpa de coco e semente de cupuaçu também pode

ocorrer, sendo que em polpa de coco esses grupos proteicos já foram determinados

[Kwon et al., 1996; Samson et al., 1971].

A possível interação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn com proteínas dos grupos das

albuminas, globulinas e glutelínas está relacionada à presença de aminoácidos

carregados e ricos em S, tais como metionina, cisteína, ácido glutâmico, arginina,

ácido aspártico e lisina [Moreno et al., 2004; Sun et al., 1987; Garcia et al., 2005].

Os íons metálicos apresentam alta afinidade por esses tipos de aminoácidos.

Segundo Kwon e colaboradores [Kwon et al., 1996] em polpa de coco, as frações

contendo albuminas, globulinas e glutelínas são ricas em aminoácidos carregados,

tais como ácido glutâmico (17 – 24,9 g /g proteínas) e arginina (14,2 – 17,9 g /g

proteínas) e ricos em S, como a metionina (1,2 – 2,9 g / g proteínas).

Na Tabela 17 estão apresentadas as concentrações totais (total 2) e a

somatória dos diferentes extratos e sólido remanescente digerido (total 1). As

concentrações totais de Cu, Fe, Mn, Se e Zn foram determinadas nas amostras

previamente digeridas. Nesse caso, a massa de amostra utilizada nos cálculos foi

de 0,250 g. Comparando os resultados, observa-se concordância entre a

concentração total e a somatória das frações para a maioria dos elementos de

interesse, quando aplicado o teste T-student e 95 % de limite de confiança. Apenas

para Cu e Mn em semente de cupuaçu, os resultados não foram próximos, podendo

ter ocorrido contaminações durante o procedimento de extração.

~ 69 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Tabela 17 – Concentração total de Cu, Fe, Mn, Se e Zn e a somatório das frações

(água, NaCl, etanol, NaOH, gordura e sólido final) de castanha-do-pará, polpa de

coco e semente de cupuaçu

Castanha-

do-pará

Cu

(µg g-1)

Fe

(µg g-1)

Mn

(µg g-1)

Se

(µg g-1)

Zn

(µg g-1)

Total 1 5,44 ± 0,23 9,11 ± 0,16 2,36 ± 0,12 6,90 ±0,60 43,9 ± 1,7

Total 2 5,50 ± 0,44 9,14 ± 0,76 2,51 ± 0,13 6,80 ± 0,48 46,4 ± 1,6

Polpa

de coco

Cu

(µg g-1)

Fe

(µg g-1)

Mn

(µg g-1)

Se

(µg g-1)

Zn

(µg g-1)

Total 1 0,93 ± 0,05 5,55 ± 0,21 0,99 ± 0,11 - 4,02 ± 0,74

Total 2 0,85 ± 0,05 5,57 ± 0,56 0,80 ±0,02 - 4,78 ± 0,30

Semente de

cupuaçu

Cu

(µg g-1)

Fe

(µg g-1)

Mn

(µg g-1)

Se

(µg g-1)

Zn

(µg g-1)

Total 1 1,36 ± 0,12 2,55 ± 0,42 1,82 ± 0,13 - 17,9 ± 1,2

Total 2 0,65 ± 0,03 2,72 ± 0,60 0,86 ± 0,05 - 18,0 ± 1,8

4.2.4 Cromatografia de exclusão por tamanho

4.2.4.1 Aspectos gerais

Técnicas cromatográficas baseiam-se na separação de componentes de uma

determinada amostra presente num solvente (fase móvel) devido às diferentes

interações com a coluna, fase estacionária. A cromatografia de exclusão por

tamanho fornece a separação em função do peso molecular dos compostos, sendo

~ 70 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

que não ocorre interação entre esses e a coluna. O mecanismo de separação é

mecânico. Existem dois diferentes procedimentos de separações de exclusão por

tamanho, a permeação e a filtração em gel. Na filtração em gel os componentes e a

fase móvel são polares, enquanto que na permeação deseja-se separar espécies

apolares. O tamanho do poro da coluna é responsável pela separação dos

compostos de uma amostra. As espécies de baixos pesos moleculares penetrarão

nesses poros, tornando a sua eluição mais demorada, tendo assim um maior tempo

de eluição. O contrário ocorre com espécies de maior peso molecular [Collins,

1997; Harris, 2003; Kågedal et al., 1991].

O uso de diferentes colunas, Superose 12 e Superdex 75, foi feito com intuito

de comparar e obter a melhor separação das proteínas. A coluna Superose 12 é

composta de poliacrilamida, dextrano (polissacarídeo bacteriano) ou agarose

(derivado de alga marinha), na forma de grãos esféricos, possuindo poros de

tamanhos definidos. A coluna Superdex 75 é composta de agarose com ligação

cruzada com dextran [Collins, 1997].

Para obtenção dos valores de pesos moleculares das espécies presentes nos

extratos de água, NaCl e NaOH, fez-se a calibração do instrumento utilizando

soluções com compostos de pesos moleculares específicos. Para a coluna Superose

12 e fase móvel Tris/HNO3, a equação da curva de calibração foi Kav = 1,30 – 0,49

x logPM (R2=0,9959). Nessas condições, o volume morto obtido usando o composto

Blue Dextran (2000 kDa) foi de 8,7 mL. As equações das curvas de calibração das

duas colunas, usando como fase móvel Tris/HCl, foram Kav = 0,834 – 0,282 x logPM

(R2=0,9766) para a Superose 12 e Kav = 0,750 – 0,379 x logPM (R2=0,9546) para a

~ 71 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Superdex 75. Os volumes mortos obtidos foram 9,0 e 8,8 mL para a coluna

Superose 12 e a Superdex 75, respectivamente.

A resposta linear é perdida para todas as espécies eluídas em volumes

menores do que os volumes mortos e acima do volume total de coluna (25 mL).

Adicionalmente, o tempo de corrida foi aumentado para 72 min (36 mL) ao alterar

a fase móvel para Tris/HCl com intuito de assegurar a eluição de todos os

compostos.

Considerando o volume de 200 µL injetado na coluna cromatográfica e a

concentração de proteínas nos extratos de água, NaCl e NaOH pode-se calcular as

massas de proteínas que foram submetidas a separação. Esse cálculo é importante

devido à sensibilidade do sistema UV e avaliação do volume da alíquota que é

introduzida na coluna. Na Tabela 18 estão apresentadas as massas de proteínas

que foram injetadas na coluna cromatográfica para as diferentes amostras.

Observa-se que sinais analíticos de maior intensidade no detector UV serão obtidos

para os extratos de castanha-do-pará. Fundos de escalas (0,01 - 0,5) apropriados

são necessários para a obtenção dos cromatogramas da polpa de coco e semente

de cupuaçu.

Tabela 18 – Massa de proteínas introduzidas nas colunas cromatográficas

Proteínas (mg)

Água NaCl NaOH

Castanha-do-pará 3,0 4,2 3,5

Polpa de coco 0,55 0,50 0,90

Semente de cupuaçu 0,16 0,15 1,4

~ 72 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.2.4.2 Avaliação da fase móvel e estacionária – fração solúvel em água de

castanha-do-pará

Colunas (Superose 12 e Superdex 75) e fases móveis (Tris/HNO3 e Tris/HCl)

foram comparadas utilizando a fração aquosa de castanha-do-pará. Para uma

mesma coluna, Superose 12, variou-se a fase móvel, Figura 8 A e B. Após a

escolha da fase móvel mais apropriada, as colunas Superose 12 e Superdex 75

foram avaliadas, Figura 8 B e C. O uso de Tris/HNO3 (Fig. 8 A) como fase móvel

ocasionou uma queda da linha de base entre os volumes de eluição de 21 a 23 mL.

Essa interferência também foi observada ao introduzir na coluna cromatográfica

uma alíquota do branco analítico (água desionizada). Portanto, esse efeito está

relacionado à presença de nitrato na fase móvel, o qual apresenta um espectro de

absorção com uma intensa banda entre 275 e 325 nm e, consequentemente,

promove a redução da radiação incidente, pois esse ânion atua como um “inner

filter” [Mack & Bolton, 1999]. Essa mesma interferência foi observada para

amostras de água de coco natural e pasteurizada [Siloto, 2005]. Diante dessas

observações e com base em alguns trabalhos [Dumont et al., 2006b;

Kannamkumarath, et al., 2005; Bodó et al., 2003] alterou-se a fase móvel para

Tris/HCl. Essa mudança resultou na eliminação da interferência negativa, Fig. 8 B.

~ 73 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

A

B

C

Figura 8 – Perfis cromatográficos da fração solúvel em água de castanha-do-pará:

(A) Superose 12 e Tris/HNO3 (B) Superose 12 e Tris/HCl (C) Superdex 75 e Tris/HCl

~ 74 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com relação às fases estacionárias (Fig. 8 B e C) nota-se perfis

cromatográficos semelhantes usando as colunas Superose 12 ou Superdex 75. No

entanto, utilizando a coluna Superdex 75 ocorreu a separação de uma maior

quantidade de compostos (16 sinais analíticos), quando comparado com a Superose

12 (12 sinais analíticos). É importante destacar que os pesos moleculares dos

compostos presentes no extrato aquoso são diferentes nas duas colunas, devido às

distintas equações das curvas de calibração, porém as faixas de pesos moleculares

são próximas, sendo de (0,92 a 37 kDa) na coluna Superose 12 e de (1,7 a 23

kDa) na coluna Superdex 75. Os próximos estudos foram feitos usando a coluna

Superdex 75 e Tris/HCl como fase móvel.

4.2.4.3 Separação de compostos nos extratos de água, NaCl e NaOH

4.2.4.3.1 Fração solúvel em água

Os perfis de SEC para a fração solúvel em água de castanha-do-pará, polpa

de coco e semente de cupuaçu estão apresentados nas Figuras 9-11.

~ 75 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Figura 9 – Perfil cromatográfico da fração solúvel em água de castanha-do-pará

Figura 10 – Perfil cromatográfico da fração solúvel em água de polpa de coco

~ 76 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Figura 11 – Perfil cromatográfico da fração solúvel em água de semente de cupuaçu

Os sinais analíticos mostram a presença de espécies de altos pesos

moleculares variando de 79 a 1,7 kDa para a castanha-do-pará, de 50 a 1,7 kDa

para a polpa de coco e de 34 a 1,7 kDa para a semente de cupuaçu. Nessa faixa de

peso molecular é possível que essas espécies sejam proteínas, uma vez que, nesse

extrato há concentração significativa de proteínas.

Espécies acima de 70 kDa foram observadas para todas as amostras de

interesse. Nesse caso, essas espécies identificadas podem ser grandes proteínas

e/ou complexos de proteínas. Também para todas as amostras foi verificada a

presença de espécies de baixos pesos moleculares, podendo ser oligopeptídeos ou

outros compostos que absorvam no mesmo comprimento de onda (280 nm)

~ 77 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

[Nelson & Cox, 2000; Zaia et al., 1998]. Os oligopeptídeos são poucas unidades de

aminoácidos (2-10 resíduos de aminoácidos) [Nelson & Cox, 2000].

A extração com água é muito utilizada em procedimentos de separação de

proteínas do grupo das albuminas [Sgarbieri, 1996]. Em castanha-do-pará, estudos

realizados por Sun e colaboradores [Sun et al., 1987] e por Moreno e colaboradores

[Moreno et al., 2004] revelaram a presença de 11S, 7S e 2S-albuminas. Essas

estruturas se diferenciam pelas suas velocidades de sedimentação, as quais são

equivalentes a 2, 7 e 11 Svedberg (S, unidade de coeficiente de sedimentação)

[Nelson & Cox, 2000; Voet et al., 1995]. A estrutura 11S-albumina é formada por

polipeptídeos de pesos moleculares iguais a 32, 24 e 17 kDa, enquanto que a 7S-

albumina contem proteínas de 45, 35 e 14 kDa. A 2S-albumina possui uma maior

quantidade de aminoácidos ricos em S (18 % metionina e 8 % cisteína). Essa

estrutura está sujeita a processo proteolítico que promove a alteração estrutural do

composto de 18 kDa para um composto de 15 kDa e/ou de 12 kDa.

Subsequentemente, a albumina de 12 kDa pode sofrer clivagem das pontes de

dissulfeto formando duas subunidades de pesos moleculares iguais a 9 e 3 kDa. No

cromatograma obtido (Fig. 9) para a castanha-do-pará, há a presença de espécies

que podem representar essas duas subunidades (9,3 e 2,9 kDa).

Para a polpa de coco, estudos realizados mostraram a presença de albuminas

de pesos moleculares iguais a 52, 28 e 18 kDa [Kwon et al., 1996]. Na Figura 11

esses compostos podem estar presentes na faixa de 50 a 15 kDa. Kwon e

colaboradores mostraram que as albuminas na polpa de coco não apresentam

ligações de dissulfeto, uma vez que, estudos usando SDS-PAGE com e sem a adição

de ß-mercaptoetanol não revelou alteração das bandas. O mercaptoetanol atua na

~ 78 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

redução de proteínas por meio da ruptura das pontes de dissulfeto [Nelson & Cox,

2000].

4.2.4.3.2 Fração solúvel em NaCl

Os perfis de SEC para a fração solúvel em NaCl de castanha-do-pará, polpa

de coco e semente de cupuaçu estão apresentados nas Figuras 12-14.

Figura 12 – Perfil cromatográfico da fração solúvel em NaCl de castanha-do-pará

~ 79 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Figura 13 – Perfil cromatográfico da fração solúvel em NaCl de polpa de coco

Figura 14 – Perfil cromatográfico da fração solúvel em NaCl de semente de cupuaçu

~ 80 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os sinais analíticos mostram a presença de compostos de altos pesos

moleculares variando de 72 a 1,9 kDa para a castanha-do-pará, de 60 a 1,7 kDa

para a polpa de coco e de 34 a 1,6 kDa para a semente de cupuaçu. É interessante

observar semelhanças entre os perfis da castanha-do-pará e da polpa de coco em

volumes de eluição acima de 8 mL. Para essas duas amostras, nota-se a presença

predominante de espécies de alto peso molecular, 72 kDa para a castanha-do-pará

e 60 kDa para a polpa de coco, quando comparado com as outras espécies. Nessa

faixa de peso molecular é possível que essas espécies sejam proteínas, uma vez

que, nesse extrato há concentração significativa desses compostos.

Como observado na fração solúvel em água, nesse extrato observou-se a

presença de compostos de pesos moleculares acima de 70 kDa, bem como espécies

abaixo de 1 kDa. No caso da semente de cupuaçu, a espécie de baixo peso

molecular (~0,56 kDa) foi predominante.

A solução de NaCl como extrator permite a separação de proteínas do grupo

das globulinas. Sun e colaboradores [Sun et al., 1987] mostrou que, em castanha-

do-pará, globulinas também podem ser extraídas apenas com água, devido a alta

concentração de vários elementos (Ba, Br, Co, Cs, Ca, Sr e Se), o que resultaria em

um efeito salting out [Nelson & Cox, 2000]. No entanto, comparando os

cromatogramas da fração de água (Fig. 9) e da fração de NaCl (Fig.12) observa-se

que o intervalo de peso molecular dos dois grupos de proteínas é bastante próximo,

porém os perfis cromatográficos são distintos.

Em polpa de coco, a separação cromatográfica (Fig. 13) revelou a presença

majoritária de uma espécie de peso molecular de 60 kDa. Segundo Kwon e

colaboradores [Kwon et al., 1996], dois polipeptídeos de pesos moleculares de 61 e

~ 81 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

44 kDa foram observados na fração contendo globulinas. Nesse mesmo trabalho o

uso do redutor ß-mercaptoetanol mostrou que as globulinas apresentam ligações de

dissulfeto, principalmente na proteína de 60 kDa, que foi dissociada de 5 a 7

bandas. A SEC usando a coluna Sephadex G-200 separou 5 polipeptídeos de pesos

moleculares iguais a 186, 120, 47, 21 e 15 kDa [Kwon et al., 1996]. Os compostos

de 126, 21 e 13 kDa podem ser observados na Figura 13.

4.2.4.3.3 Fração solúvel em NaOH

Os perfis de SEC para a fração solúvel em NaOH de castanha-do-pará, polpa

de coco e semente de cupuaçu estão apresentados nas Figuras 15-17.

Figura 15 – Perfil cromatográfico da fração solúvel em NaOH de castanha-do-pará

~ 82 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Figura 16 – Perfil cromatográfico da fração solúvel em NaOH de polpa de coco

Figura 17 – Perfil cromatográfico da fração solúvel em NaOH de semente de

cupuaçu

~ 83 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para a análise desse extrato foi necessário o isolamento das proteínas,

precipitando-as com solução de 0,1 mol L-1 de HCl até pH = 5,0, como proposto na

literatura [Chunhieng et al., 2004]. Essa etapa foi imperativa, uma vez que, a

limpeza da coluna Superdex 75 é executada com solução de 0,2 mol L-1 de NaOH, a

mesma utilizada na extração seqüencial. A purificação de proteínas em alimentos é,

em muitos casos, realizada por precipitação isoelétrica, ou seja, atinge-se o pI da

proteína, onde o número de cargas negativas e positivas nas moléculas são iguais

[Sgarbieri, 1996]. Usualmente, ácidos minerais, tais como ácido sulfúrico e

clorídrico são usados nesses processos [Khorshid et al., 2007]. Atualmente, o uso

de sulfato de amônio e álcool tem sido aplicado na precipitação das proteínas

[Elliott & Elliott, 2005].

Os cromatogramas das proteínas na polpa de coco (Fig. 16) e na semente de

cupuaçu (Fig. 17) não apresentaram boas resoluções, sendo os sinais analíticos de

baixas intensidades para a polpa de coco. Esse resultado já era esperado, devido a

menor concentração de proteínas em polpa de coco (12 mg g-1) quando comparado

com a semente de cupuaçu (27 mg g-1), o que acaba acarretando em uma menor

massa proteica que é introduzida na coluna cromatográfica (Tabela 18).

Os sinais analíticos mostram a presença de proteínas de altos pesos

moleculares variando de 23 a 2,3 kDa para a castanha-do-pará, de 79 a 13 kDa

para a polpa de coco e de 34 a 1,6 kDa para a semente de cupuaçu. A faixa de

peso molecular encontrada nesse extrato da semente de cupuaçu é a mesma que a

obtida para a fração solúvel em NaCl, porém o perfil de distribuição das espécies é

bastante diferente, sendo que na fração solúvel em NaOH, a espécie de 21 kDa é a

predominante. Nessa fração também foi observado a presença de compostos de

~ 84 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

altos pesos moleculares (> 87 kDa), bem como espécies de baixo peso moleculares

(< 1,6 kDa).

Kwon e colaboradores [Kwon et al., 1996] avaliaram a fração de NaOH de

polpa de coco por SDS-PAGE. Os estudos revelaram a presença majoritária de uma

glutelína de peso molecular igual a 55 kDa, na ausência do redutor ß-

mercaptoetanol. De acordo com a Figura 16, a proteína de 55 kDa pode estar

presente na faixa de 79 a 23 kDa. No entando, a adição desse reagente ao extrato

alcalino promoveu a ruptura de pontes de dissulfeto das proteínas, o que alterou a

distribuição das bandas, originando 7 bandas variando os pesos moleculares entre

14,4 e 100 kDa [Kwon et al., 1996]. A presença dessa espécie de glutelína reduzida

pode estar presente naturalmente, correspondendo ao composto de peso molecular

igual a 114 kDa (Fig.16).

4.2.5 MALDI-TOF MS

A espectrometria de massas tem se tornado uma valiosa ferramenta em

estudos de proteínas. Esse fato decorre da introdução de novas técnicas de

ionização capazes de determinar mais eficientemente pesos dos compostos. Todos

os espectrômetros de massas possuem três componentes básicos: fonte de íons,

analisador de massas e um detector. Em particular dois métodos de ionização “soft”

têm sido usados em estudos de proteínas, uma vez que, essas ferramentas não

promovem a fragmentação das moléculas ao sofrerem ionização. No método

MALDI-TOF há a introdução de uma matriz (ácido sinápico) que promove a

desorção e a formação de íons de proteínas na fase gasosa, após a incidência de

~ 85 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

um feixe de laser. Essas moléculas ionizadas são aceleradas por um campo

eletrostático até uma região livre da ação desse campo, onde são separadas

fisicamente de acordo com suas razões massa/carga (m/z). Desta forma, as

menores moléculas ionizadas são primeiramente detectadas, seguidas das

proteínas maiores [Whitford, 2005].

É importante salientar a necessidade de realizar uma etapa prévia de diálise,

pois se consegue minimizar interferências na formação de íons de proteínas, uma

vez que, íons presentes nas amostras ou na fase móvel são eliminados. Os

espectros de massas da fração solúvel em água da castanha-do-pará, polpa de coco

e semente de cupuaçu estão apresentadas nas Figuras 18, 19 e 20,

respectivamente. Em todos os espectros há uma região inicial (< 1 kDa) a qual

representa íons da matriz (ácido sinápico e suas impurezas) [Whitford, 2005].

Os espectros da fração solúvel em água da castanha-do-pará estão

apresentados na Figura 18. A Fig. 18A representa o perfil de uma mistura de

alíquotas (Volume total = 12,5 mL) coletadas na saída da coluna cromatográfica

(Superdex 75) entre os volumes de eluição de 11,5 e 24 mL. A escolha desse

intervalo de volume está relacionada a alta intensidade dos sinais analíticos obtidos

pelo detector espectrofotométrico UV-vis (Fig. 9). O gráfico em destaque (Fig. 18

A) mostra sinais em dois grupos de pesos moleculares próximos a 12 e 6 kDa. Os

grupos de 12 e 6 kDa apresentam dois (5,7 e 5,9 kDa) e três (11,3, 11,9 e12,3

kDa) sinais analíticos, respectivamente. Na região de 6 kDa é possível a presença

de íons de carga dupla. Esses íons de carga dupla podem ser formados não pela

fragmentação das proteínas durante a etapa de ionização, mas sim pela adição de

um (M+H)+ ou dois prótons (M+2H)2+ o que comumente ocorre [Whitford, 2005].

~ 86 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

 

A

B

Figura 18 – Espectro de massa de efluentes da coluna cromatográfica (A) e fração

aquosa total (B) da castanha-do-pará

~ 87 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Figure 19 - Espectro de massa da fração aquosa total de polpa de coco

Figure 20 - Espectro de massa da fração aquosa total de semente de cupuaçu

~ 88 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com relação ao grupo de peso molecular igual a 12 kDa, é possível que

corresponda às isoformas de 2S-albuminas ricas em S e solúveis em água. Essas

isoformas também foram observadas por Dernovics e colaboradores [Dernovics et

al., 2007]. A Fig. 18B mostra o perfil de MALDI-TOF MS para a fração de água total

antes da corrida cromatográfica. Os gráficos em destaque revelam espécies de

baixos (<7,8 kDa) e altos (11 a 36 kDa) pesos moleculares. Perfis semelhantes

foram observados no trabalho proposto por Dernovics e colaboradores, sendo que

as espécies de altos pesos moleculares iguais a 24 e 36 kDa foram consideradas

dímeros e trímeros covalentes das espécies de 12 kDa, respectivamente. Esses

compostos são formadas por processos de oligomerização das espécies de 12 kDa,

uma vez que os resíduos de cisteína e metalocisteínas livres sofrem oxidação

[Dernovics et al., 2007].

Para a polpa de coco, o gráfico em destaque (Fig. 19) mostra uma região

com 22 sinais analíticos de pesos moleculares bem definida, variando de 4,4 a 6,7

kDa. Nesta faixa de peso molecular é possível que sejam oligopeptídeos. A

presença predominante desses compostos já haviam sido observadas após a SEC

na faixa de peso molecular variando de 7,6 a 0,74 kDa (Fig. 10).

No caso de sementes de cupuaçu, os dois gráficos em destaque (Fig. 20)

revelam espécies de baixos (3,3 e 3,5 kDa) e altos (9,9; 10,2; 13,9; 19,9; 20,6 e

27,9 kDa) pesos moleculares. Na SEC, compostos com esses pesos moleculares

podem estar presentes entre 34 e 2,5 kDa (Fig. 11).

~ 89 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

~ 90 ~ 

4.2.6 SEC-UV e GF AAS

4.2.6.1 Avaliação da fase móvel e estacionária – fração solúvel em água de

castanha-do-pará

Comparação entre as colunas (Superose 12 e Superdex 75) e as fases

móveis (Tris/HNO3 e Tris/HCl) pode também ser realizada mediante os perfis

elementares obtidos por GF AAS, Figuras 21 a 23.

A alteração da fase móvel (Fig. 21 e 22) mostrou que com solução de

Tris/HCl ocorreu a melhor separação das espécies associadas a Cu, Mn e Zn. É

importante salientar que a interferência negativa causada pelo ânion nitrato na

análise dos extratos usando um espectrofotômetro UV não é observada nos perfis

elementares obtidos por GF AAS.

Duas diferentes fases estacionárias foram avaliadas, levando em

consideração o perfil de distribuição dos elementos de interesse na fração solúvel

em água de castanha-do-pará (Figs. 22 e 23). Para tanto, as colunas usadas foram

a Superose 12 e a Superdex 75, que apresentam faixa de separação variando de 1-

300 kDa e 3-70 kDa, respectivamente. A separação cromatográfica utilizando a

coluna Superdex 75 resultou em uma melhor separação das espécies associadas

aos elementos de interesse, principalmente as de Mn.

Como mencionado anteriormente, a separação dos compostos presentes nos

outros extratos (água, NaCl e NaOH) de castanha-do-pará, polpa de coco e

semente de cupuaçu foi realizada com a coluna Superdex 75 e solução de Tri/HCl

como fase móvel.

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~ 91 ~ 

0 4 8 12 16 20 240

200

400

600

800

1000

0 4 8 12 16 20 240

10

20

30

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0 4 8 12 16 20 240

1

2

3

4

0 4 8 12 16 20 240

50

100

150

200

250

300

350

400

0 4 8 12 16 20 240

20

40

60

80

100

120

140

3115

20

36

Se Zn

MnFeCu

11

23

23

36

con

cen

traçã

o (μ

g L

-1)

Ve(mL)

23

~ 9

1 ~

RES

ULTA

DO

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DIS

CU

SS

ÕES

Figura 21 – Perfil elementar após separação cromatográfica. Coluna: Superose 12 e fase móvel: Tris/HNO3

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0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

10

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30

40

50

60

70

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0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

40

80

120

160

200

240

280

320

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

20

40

60

80

100

120

140

160

3.3

9.2

5.5Cu

9.2

20

Fe

0.72

205.5

Mn

3.3

12Se

20

5.

9.2

Ve(mL)

con

cen

traçã

o (

μg L

-1)

Zn

~ 9

2 ~

5 RES

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ÕES

Figura 22 – Perfil elementar após separação cromatográfica. Coluna: Superose 12 e fase móvel: Tris/HCl

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CU

SS

ÕES

Figura 23 – Perfil elementar após separação cromatográfica. Coluna: Superdex 75 e fase móvel: Tris/HCl

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360123456789

101112131415

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

50

100

150

200

250

300

350

400

450

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

20

40

60

80

100

120

140

160

 

~ 93 ~ 

1.2

3.6

7.611

Cu

3.6

6.3

9.2

Fe

6.3

11

Mn

6.32.5

11Se

16

3.

6.3

Ve(mL)

con

cen

traçã

o(μ

g L

-1)

Zn

6

~ 9

3 ~

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.2.6.2 Distribuição dos elementos nos extratos

4.2.6.2.1 Fração solúvel em água

Os perfis de distribuição de Cu, Fe, Mn, Se e Zn na fração solúvel em água

da castanha-do-pará, polpa de coco e semente de cupuaçu estão apresentados nas

Figuras 23, 24 e 25, respectivamente.

O perfil elementar da castanha-do-pará (Fig. 23) mostrou que os elementos

de interesse encontram-se principalmente associados às espécies de pesos

moleculares variando de 1,2 a 11 kDa para Cu, de 3,6 a 9,2 kDa para Fe, de 6,3 a

11 kDa para Mn e de 3,6 a 16 kDa para Zn. Em função da concentração

significativa de proteínas nesse extrato é possível que essas espécies sejam

metaloproteínas. Manganês e Zn também estão associados à fração contendo

compostos de baixos (< 1 kDa), possivelmente oligopeptídeos ou livres em sua

forma iônica, e a altos (> 70 kDa) pesos moleculares, adotado para a coluna

Superdex 75. No entanto, ambos encontram-se fora da faixa de calibração.

Considerando essas observações e o espectro de massa do MALDI-TOF MS (Fig.

18), há uma forte evidência de que Cu e Mn estejam associados a proteínas de

pesos moleculares iguais a 11 kDa, enquanto que, Fe, Mn e Zn a 6 kDa.

~ 94 ~ 

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~ 95 ~ 

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

5

10

15

20

25

30

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

10

20

30

40

50

60

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80

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

100

200

300

400

500

60

4.4

13

Cu

1.72.5

6.3Fe

Mn

2.5

Ve(mL)

conce

ntr

açã

o (μ

g L

-1)

Zn

5.2

 

Figura 24 – Distribuição de Cu, Fe, Mn, Se e Zn no extrato de água de polpa de coco

~ 9

5 ~

RES

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0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

30

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120

150

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0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

100

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400

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600

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

20

40

60

80

100

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

50

100

150

200

250

300

1.2

2.5Cu

3.6

7.6Fe

0.67

5.3

2.5

Mn

3.6

6.3

Ve (mL)

conce

ntr

açã

o (μ

g L

-1)

Zn

RES

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ÕES

Figura 25 – Distribuição de Cu, Fe, Mn, Se e Zn no extrato de água de semente de cupuaçu

~ 9

6 ~

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Selênio, na fração solúvel em água de castanha-do-pará, encontra-se

associado majoritariamente a um composto de peso molecular igual a 11 kDa. Os

resultados da separação e identificação das espécies de Se foram usados nesse

trabalho para avaliar a exatidão dos métodos propostos. Resultados similares foram

previamente reportados na literatura usando SEC-UV-ICP MS [Kannamkumarath et

al., 2005; Kannamkumarath et al., 2002; Dernovics et al., 2007]. Dernovics e

colaboradores [Dernovics et al., 2007] descobriram que a proteína 2S-albumina é

composta de duas subunidades conectadas com duas pontes de dissulfeto e os

aminoácidos metionina e cisteína podem se ligar ao Se.

Os perfis de fracionamento da polpa de coco (Fig. 24) revelaram a presença

de Cu, Fe e Zn associados a frações contendo espécies de pesos moleculares

variando de 4,4 a 13 kDa, 1,7 a 6,3 kDa e 2,5 a 5,2 kDa, respectivamente.

Somente em polpa de coco, há um composto de alto peso molecular associado ao

Cu (60 kDa). Manganês está associado somente a espécies de baixos pesos

moleculares.

O perfil de distribuição de todos os elementos de interesse em semente de

cupuaçu (Fig. 25) foi diferente, quando comparado com as outras amostras. Os

elementos foram detectados em frações com compostos de baixos pesos

moleculares variando de 1,2 a 2,5 kDa para Cu, de 3,6 a 7,6 kDa para Fe, de 2,5 a

5,3 kDa para Mn, e de 3,6 a 6,3 kDa para Zn. Manganês e Zn estão também

associados aos compostos de baixos pesos moleculares (< 2,5 kDa).

É importante salientar que considerando as massas de Cu, Fe, Mn, Se e Zn

no extrato de água das amostras de castanha-do-pará, polpa de coco e semente de

cupuaçu injetadas no interior da coluna Superdex 75, as recuperações dos

~ 97 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

~ 98 ~ 

elementos de interesse obtidas, somando-se as massas de todos os efluentes

coletados, variaram de 63 (Cu) a 77 (Se) % para a castanha-do-pará, 63 (Mn) a 93

(Zn) % para a polpa de coco e de 55 (Mn) a 70 (Zn) % para a semente de

cupuaçu.

4.2.6.2.2 Fração solúvel em NaCl

Os perfis cromatográficos da fração solúvel em NaCl da castanha-do-pará,

polpa de coco e semente de cupuaçu estão apresentados nas Figuras 26, 27 e 28,

respectivamente.

Para castanha-do-pará (Fig. 26), observa-se que os elementos de interesse

estão associados a compostos de altos pesos moleculares, variando de 72 a 3,0

kDa. Cobre também está associado a compostos de altos pesos moleculares (> 70

kDa), encontrando-se fora da faixa de calibração e Mn apenas em espécies de

baixos pesos moleculares. Selênio apresenta-se associado à espécie de mesmo

peso molecular (11 kDa) que a encontrada na fração solúvel em água, embora

nesse extrato há a presença de Se associado ao composto de 72 kDa.

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~ 99 ~ 

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

10

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0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

2

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6

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0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

1

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3

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6

7

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10

11

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

20

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160

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

100

200

300

400

500

600

60

3.0

13

87Cu

6.3Fe

Mn

11

72

Se

6.3Zn

Ve(mL)

con

cen

traçã

o (

μg L

-1)

 

Figura 26 – Distribuição de Cu, Fe, Mn, Se e Zn no extrato de NaCl de castanha-do-pará

~ 9

9 ~

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~ 100 ~ 

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

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0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

2

4

6

8

10

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

5

10

15

20

25

34 3.6 2.5

9.2

50183

72

Cu

5.3Fe

5.32.5

con

cen

traçã

o (

μg L

-1)

Ve(mL)

Zn

 

Figura 27 – Distribuição de Cu, Fe e Zn no extrato de NaCl de polpa de coco

~ 1

00 ~

RES

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ÕES

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10

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0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

50

100

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200

250

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

5

10

15

20

25

30

0 4 8 12

 

~ 101 ~ 

16 20 24 28 32 360

50

100

150

200

250

300

0.98

2.5Cu

4.4Fe

1.4

0.67

3.6

Mn

Ve(mL)

con

cen

traçã

o (

μg L

-1)

3.0

5.3Zn

Figura 28 – Distribuição de Cu, Fe, Mn e Zn no extrato de NaCl de semente de cupuaçu

~ 1

01 ~

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na fração solúvel em NaCl de polpa de coco (Fig. 27), Cu, Fe e Zn estão

associados a compostos de altos pesos moleculares, variando de 72 a 2,5 kDa.

Manganês não foi encontrado associado a nenhum composto. Apenas Cu encontra-

se associado a um composto acima de 70 kDa. Na semente de cupuaçu (Fig. 28),

como na fração solúvel em água, os elementos estão associados a espécies de

baixos pesos moleculares (5,3 a 1,4 kDa) quando comparado à outras amostras.

Manganês interage preferencialmente com espécies abaixo de 1,0 kDa.

Adicionalmente, Se não foi encontrado em nenhuma alíquota em ambas as

amostras.

É importante salientar que considerando as massas de Cu, Fe, Mn, Se e Zn

no extrato de NaCl das amostras de castanha-do-pará, polpa de coco e semente de

cupuaçu injetadas no interior da coluna Superdex 75, as recuperações dos

elementos de interesse obtidas somando as massas de todos os efluentes coletados

variaram de 88 (Cu) a 97 (Se) % para a castanha-do-pará, 51 (Cu) a 92 (Zn) %

para a polpa de coco e de 50 (Cu) a 73 (Zn) % para a semente de cupuaçu.

4.2.6.2.3 Fração solúvel em NaOH

Os perfis cromatográficos dos elementos na fração solúvel em NaOH da

castanha-do-pará, polpa de coco e semente de cupuaçu estão apresentados nas

Figuras 29, 30 e 31, respectivamente.

O uso de solução de NaOH como extrator não permite a separação seletiva

de glutelínas, uma vez que, outras proteínas, bem como proteínas do grupo das

albuminas, globulinas e prolaminas também podem ser extraídas. Normalmente,

~ 102 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

esse extrator é empregado em uma etapa inicial de extração seqüencial para

isolamento das proteínas [Chunhieng et al., 2004]. Os procedimentos de separação

cromatográficas para esse extrato foram executados após etapa de precipitação das

proteínas com solução de 0,1 mol L-1 de HCl até pH = 5.

Em castanha-do-pará (Fig. 29), Cu, Fe, Mn, Se e Zn encontram-se

associados a proteínas de altos pesos moleculares, variando de 28 a 4,4 kDa.

Estudos de distribuição de Cu, Fe, Mn e Zn, após extração de espécies em solução

de 0,05 mol L-1 de NaOH, sem as etapas iniciais de extração em água, NaCl e

etanol, já foram realizadas [Wuilloud et al., 2004; Kannnamkumarath et al., 2004b]

Segundo os trabalhos da literatura, as espécies dos elementos de interesse

encontram entre 14 e 0,36 kDa. Metaloproteínas de Se possuem peso molecular

entre 19 e 9,2 kDa. De acordo com Kannnamkumarath e colaboradores

[Kannnamkumarath et al., 2005], usando solução de 0,1 mol L-1 de NaOH para

solubilização de proteínas, separação cromatográfica em coluna Superdex Peptide

HR 10/300 e detecção por ICP MS, Se está associado a um único compostos de alto

peso molecular, próximo de 10 kDa. Esse sinal analítico mais intenso também é

observado nos resultados obtidos, cuja predominância de Se está na proteína de

peso molecular igual a 9,2 kDa.

Em polpa de coco (Fig. 30), apenas Fe encontra-se associado a proteínas de

altos pesos moleculares (41 a 2,1 kDa). Cobre, Mn e Zn estão associados a

compostos de baixo peso molecular, podendo ser oligopeptídeos, peptídeos ou

estarem na sua forma livre, sendo que Mn e Se nem foram detectados nas

alíquotas coletadas durante a corrida cromatográfica.

~ 103 ~ 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

~ 104 ~ 

A separação das proteínas associadas aos elementos de interesse na

semente de cupuaçu (Fig. 31) também apresentou baixa resolução, assim como o

cromatograma obtido pelo detector espectrofotométrico UV (Fig. 17). Os elementos

de interesse encontram-se associados aos compostos de altos pesos moleculares

(72 a 2,5 kDa). Apenas Mn pode estar associado a grandes proteínas e complexos

de proteínas (> 70 kDa). Em compostos de baixos pesos moleculares, como

oligopeptídeos, peptídeos ou íons, apenas Cu e Mn estão associados. Selênio não foi

detectado nas alíquotas coletadas dessa fração.

É importante salientar que considerando as massas de Cu, Fe, Mn, Se e Zn

no extrato de NaOH das amostras de castanha-do-pará, polpa de coco e semente

de cupuaçu injetadas no interior da coluna Superdex 75, as recuperações dos

elementos de interesse obtidas somando as massas de todos os efluentes coletados

variaram de 42 (Cu) a 72 (Se) % para a castanha-do-pará, 59 (Cu) a 92 (Zn) %

para a polpa de coco e de 63 (Mn) a 85 (Zn) % para a semente de cupuaçu.

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~ 105 ~ 

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

20

40

60

80

100

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

10

20

30

40

50

60

70

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

10

20

30

40

50

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

20

40

60

80

100

120

140

160

180

11

28Cu

4.4

6.3Fe

7.6

Mn

19

9.2Se

4.46.3

Ve (mL)

con

cen

traçã

o (

μg L

-1)

Zn

 

Figura 29 – Distribuição de Cu, Fe, Mn, Se e Zn no extrato de NaOH de castanha-do-pará

RES

ULTA

DO

S E

DIS

CU

SS

ÕES

~ 1

05 ~

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~ 106 ~ 

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

20

40

60

80

100

120

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

50

100

150

200

250

300

0.56Cu

87

41 2.113

7.6

Fe

Ve(mL)

con

cen

traçã

o (

μg L

-1)

Zn

 

Figura 30 – Distribuição de Cu, Fe e Zn no extrato de NaOH de polpa de coco

~ 1

06 ~

RES

ULTA

DO

S E

DIS

CU

SS

ÕES

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RES

ULTA

DO

S E

DIS

CU

SS

ÕES

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

5

10

15

20

25

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360

2

4

6

8

10

12

14

16

0 4 8 12 16 20 24 28 32 360.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

0 4 8 12

 

~ 107 ~ 

16 20 24 28 32 360

50

100

150

200

2.111

Cu

7219

50Fe

7.6

Mn

11 2.5

5.3

16

60

Zn

Ve(mL)

con

cen

traçã

o (

μg L

-1)

Figura 31 – Distribuição de Cu, Fe, Mn e Zn no extrato de NaOH de semente de cupuaçu

~ 1

07 ~

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CONCLUSÃO

5. CONCLUSÃO

A extração seqüencial sólido-líquido combinada com GF AAS pode ser

considerada como uma alternativa para o fracionamento e identificação de

elementos associados a proteínas e outras espécies. Uma relação preliminar da

associação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn a diferentes grupos de proteínas foi observada,

indicando a possível presença desses elementos em proteínas do grupo das

albuminas, globulinas, prolaminas e glutelínas. As identificaçõese determinações

dos elementos de interesse em diferentes frações proteicas são um passo inicial

para a caracterização de metaloproteínas em castanha-do-pará, polpa de coco e

semente de cupuaçu. 

A separação cromatográfica baseada em pesos moleculares dos compostos

presentes nos diferentes extratos das amostras foi realizada após avaliação da fase

móvel (Tris/HNO3 e Tris/HCl) e da fase estacionária (Superose 12 e Superdex 75)

Com relação à fase móvel, o tampão Tris/HCl apresentou melhor desempenho, pois

não apresentou interferência negativa na determinação dos compostos com o

detector UV, além disso, os perfis elementares revelaram melhores resoluções dos

sinais analíticos quando essa fase móvel foi aplicada. Considerando as duas

colunas, observou-se grande semelhança nos perfis cromatográficos, porém com

separação de maior quantidade de compostos usando a coluna Superdex 75.

Portanto, a coluna Superdex 75 e o tampão Tris/HCl foram aplicados para as

separações dos compostos nos extratos de água, NaCl e NaOH das amostras de

castanha-do-pará, polpa de coco e semente de cupuaçu.

~ 108 ~ 

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CONCLUSÃO

O acoplamento on-line SEC-UV e o off-line SEC-UV GFAAS foi aplicada com

sucesso para a identificação das espécies de Cu, Fe, Mn, Se e Zn em extratos de

água, NaCl e NaOH de castanha-do-pará, polpa de coco e semente de cupuaçu. Em

geral, os elementos de interesse encontram-se associados a espécies de pesos

moleculares inferiores a 13 kDa nos extratos de água e NaCl e a 28 kDa nos

extratos de NaOH. No extrato de água, apenas Cu em polpa de coco apresenta-se

associado a proteínas de alto peso molecular (52 kDa). Esse mesmo elemento foi

também encontrado nos extratos de NaCl de castanha-do-pará e polpa de coco em

compostos de altos pesos moleculares (74, 52 e 36 kDa). No caso dos extratos de

NaOH, nas três amostras foram encontrados elementos de interesse associados a

proteínas de altos pesos moleculares (74 a 18 kDa). Para todas as amostras e

extratos, Mn apresentou-se em compostos de baixos pesos moleculares, podendo

ser considerado oligopeptídeos e/ou na sua forma livre.

É importante destacar que, em uma mesma amostra, é possível haver

competição entre os elementos de interesse e os compostos de pesos moleculares

específicos. Na fração solúvel em água da castanha-do-pará foram observados três

grupos de elementos (Cu, Se e Mn; Fe, Mn e Zn; e Cu, Fe e Zn) que podem

competir entre si por sítios ativos dos compostos, da polpa de coco apenas Fe e Zn

e na semente de cupuaçu dois diferentes grupos (Cu e Mn; e Fe e Zn). Na fração

solúvel em NaCl da castanha-do-pará e polpa de coco Fe e Zn podem competir pelo

composto de 6,3 kDa e 5,3 kDa, respectivamente. Na fração solúvel em NaOH, Fe e

Zn podem competir por compostos de pesos moleculares de 6,3 kDa (castanha-do-

pará) e de 60 kDa (semente de cupuaçu).

~ 109 ~ 

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CONCLUSÃO

~ 110 ~ 

Embora o método proposto seja mais demorado, quando comparado com o

acoplamento SEC-UV ICP MS, os resultados obtidos revelaram que SEC-UV GF AAS

é uma alternativa para os estudos de especiação química elementar. A combinação

das informações obtidas desse acoplamento com os espectros de massas do

MALDI-TOF MS confirmam a associação de Cu, Fe, Mn, Se e Zn com espécies (6 e

11 kDa) presentes no extrato de água da castanha-do-pará.

A distribuição de Cu, Fe, Mn, Se e Zn em compostos de diferentes pesos

moleculares, possivelmente proteínas, de castanha-do-pará, polpa de coco e

semente de cupuaçu obtidas nesse trabalho constituem um primeiro conhecimento

para compreender as reações químicas e bioquímicas envolvendo essas espécies,

permitindo uma ação diferencial e comportamental em relação à toxicidade,

mobilidade e biodisponibilidade.

 

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1. Dados pessoais

Nome: Juliana Naozuka

Filiação: Marcelo Haruo Naozuka e Maria Mitsuko Harakawa Naozuka

Data de nascimento: 04/08/1978

Nacionalidade: Brasileira/ São Paulo, SP

2. Formação acadêmica

Fundamental: E.E.P.G Domingos Mignoni, Taboão da Serra, SP, 1993.

Médio: Colégio Guilherme Dumont Villares, São Paulo, SP, 1996.

Superior: Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Bacharelado em Química, 2001

Licenciatura em Química, 2006

Mestrado: Instituto de Química – Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2004.

Área de concentração: Química Analítica.

Doutorado: Instituto de Química – Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. Área

de concentração: Química Analítica.

3. Ocupação

Bolsista CNPq desde agosto de 2004 (141250/2006-2).

 

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4. Publicações

1. Polidorio, D. I., Naozuka, J., Vieira, E. C. & P. V. Oliveira. Application of solid

sampling device for direct determination of chromium and nickel in

lubricating oils by graphite furnace atomic absorption spectrometry.

Analytical Letters, v.41, n.9, p.1547-1554, 2008.

2. Naozuka, J. & P. V. Oliveira. Fe, Mn and Zn distribution in protein fractions of

Brazil-nut, cupuassu seed and coconut pulp by solid-liquid extraction and

electrothermal atomic absorption spectrometry. Journal of the Brazilian

Chemical Society, v.18, n.8, p. 1547-1553, 2007.

3. Naozuka, J. & P. V. Oliveira. Minimization of sample pretreatment for Al, Cu

and Fe determination in coconut water by electrothermal atomic absorption

spectrometry. Journal of the Brazilian Chemical Society,v.17, n.3, p.521-526,

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4. Naozuka, J., Olivieira P. V. & J. J. Pedrotti. Electrodeposition of iridium in

graphite tube as permanent chemical modifier in atomic absorption

spectrometry. Química Nova, v.26, n.6, p.934-937, 2003.

5. Naozuka, J., da Veiga, M. A. M. S., Oliveira, P. V. & E. Oliveira.

Determination of chlorine, bromine and iodine in milk samples by ICP-OES.

Journal of Analytical Atomic Spectrometry, v.18, n.8, p.917-921, 2003.

 

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5. Artigos Submetidos

1. Naozuka, J., Marana, S. R. & P. V. Oliveira. Water-soluble Cu, Fe, Mn and Zn

species distribution in Brazil nut, coconut and cupuassu by SEC-UV GF AAS

and MALDI-TOF MS. Journal of Food Composition and Analysis.

2. Naozuka, J., Vieira, E. C., Correia, P. R. M., Oliveira, E. & P. V. Oliveira.

Elements determination in Brazilian nuts and fruits by axially-viewed

inductively coupled plasma optical emission spectrometry. Food Chemistry.

3. Naozuka, J., Nascimento, A. N., Oliveira, E. & P. V. Oliveira. Closed-vessel

microwave-assisted digestion using diluted oxidant mixture for elemental

determinations in oils and petroleum by axially-viewed ICP OES. Fuel.

6. Artigos em fase de redação

1. Naozuka, J., Marana, S. R. & P. V. Oliveira. Studies of Cu, Fe, Mn and Zn

associated with different mollecular weight fractions of nuts and seeds. Food

Chemistry.

2. Naozuka, J. & P. V. Oliveira. Estudo do comportamento de Cu, Fe, Zn e

proteínas em feijão cru e cozido. Brazilian Journal of Food Technology.

 

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7. Congressos nacionais e internacionais (número de trabalhos)

1. III Encontro de Iniciação científica e VI Mostra de pós-graduação – Mackenzie

(1)

3. 10º Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP (1)

4. 7th (1) e 8th Rio Symposium on Atomic Spectrometry (3)

5. 26ª (2), 27ª (2), 28ª (5), 29ª (1), 30ª (1) e 31ª Reunião Anual da Sociedade

Brasileira de Química (1)

6. 12º (2), 13º (3) e 14º Encontro Nacional de Química Analítica (5)

7. XIX Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos (2)

8. 58ª (2) e 59ª Pittcon Conference & Expo (3)

9. XXXV Colloquim Spectroscopicum Internationale (1)

8. Congressos nacionais e internacionais (número de trabalhos)

submetidos

1. 10th Rio Symposium (1) em setembro de 2008

2. XI Encontro Nacional sobre Contaminantes Inorgânicos (2) em outubro de

2008

3. 1º Encontro Brasileiro sobre Especiação Química (1)

4. 60ª Pittcon Conference & Expo (1) em março de 2009