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ESPACIALIZAÇÃO DOS COMPARTIMENTOS GEOMORFOLÓGICOS DE PARTE DA ÁREA URBANA DE ITUIUTABA MG Leda Correia Pedro Miyazaki Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Geografia Universidade Federal de Uberlândia -UFU Faculdade de Ciências Integradas do Pontal - FACIP e-mail: [email protected] [email protected] INTRODUÇÃO Os estudos referentes as formas de relevo têm despertado interesse de vários pesquisadores, principalmente por aqueles que buscam compreender os efeitos e as respostas do ambiente diante das intervenções da sociedade. Quando o estudo do relevo é realizado sob uma perspectiva geográfica, uma das possibilidades é compreender não apenas as dinâmicas dos processos naturais, mas, sobretudo, construir um conhecimento das dinâmicas da sociedade em articulação com as dinâmicas da natureza sob uma perspectiva da morfodinâmica atual, uma vez que a sociedade é capaz de acelerar processos naturais de esculturação do relevo. A sociedade vem desenvolvendo atividades que modelam o relevo em um curto período de tempo, induzindo ou acelerando processos naturais, como os erosivos. Neste ponto de vista o ser humano é considerado um dos principais agentes esculturadores do relevo. Diante disso, é preciso pensar em uma geomorfologia que seja capaz de compreender e explicar a gênese de formas atuais do relevo na escala de detalhe (inferiores a escala de 1: 60.000), pois esta permite a aplicação de análises dos monitoramentos dos processos geomorfológicos contribuindo para o planejamento urbano - ambiental. Assim, para se compreender a temática aqui apresentada, primeiramente é preciso identificar e espacializar os compartimentos geomorfológicos da área de estudo, para isso foi utilizada a concepção teórico-metodológica pautada na perspectiva de integração dos dois primeiros níveis metodológicos de Ab’ Saber (1969), sendo a estrutura superficial da paisagem que se refere a todos os compartimentos e formas de relevos observados e a fisiologia da paisagem que contempla o estudo da dinâmica dos

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ESPACIALIZAÇÃO DOS COMPARTIMENTOS GEOMORFOLÓGICOS DE

PARTE DA ÁREA URBANA DE ITUIUTABA – MG

Leda Correia Pedro Miyazaki

Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Geografia

Universidade Federal de Uberlândia -UFU

Faculdade de Ciências Integradas do Pontal - FACIP

e-mail: [email protected]

[email protected]

INTRODUÇÃO

Os estudos referentes as formas de relevo têm despertado interesse de vários

pesquisadores, principalmente por aqueles que buscam compreender os efeitos e as

respostas do ambiente diante das intervenções da sociedade. Quando o estudo do relevo

é realizado sob uma perspectiva geográfica, uma das possibilidades é compreender não

apenas as dinâmicas dos processos naturais, mas, sobretudo, construir um conhecimento

das dinâmicas da sociedade em articulação com as dinâmicas da natureza sob uma

perspectiva da morfodinâmica atual, uma vez que a sociedade é capaz de acelerar

processos naturais de esculturação do relevo.

A sociedade vem desenvolvendo atividades que modelam o relevo em um curto

período de tempo, induzindo ou acelerando processos naturais, como os erosivos. Neste

ponto de vista o ser humano é considerado um dos principais agentes esculturadores do

relevo. Diante disso, é preciso pensar em uma geomorfologia que seja capaz de

compreender e explicar a gênese de formas atuais do relevo na escala de detalhe

(inferiores a escala de 1: 60.000), pois esta permite a aplicação de análises dos

monitoramentos dos processos geomorfológicos contribuindo para o planejamento

urbano - ambiental.

Assim, para se compreender a temática aqui apresentada, primeiramente é

preciso identificar e espacializar os compartimentos geomorfológicos da área de estudo,

para isso foi utilizada a concepção teórico-metodológica pautada na perspectiva de

integração dos dois primeiros níveis metodológicos de Ab’ Saber (1969), sendo a

estrutura superficial da paisagem que se refere a todos os compartimentos e formas de

relevos observados e a fisiologia da paisagem que contempla o estudo da dinâmica dos

processos morfodinâmicos atuantes na paisagem, para conhecer a funcionalidade na sua

totalidade.

A partir da aplicação dessa concepção teórico-metodológica foi possível mapear

as principais formas de relevo e suas respectivas feições para em seguida identificar as

principais unidades morfológicas na escala de detalhe ou semi-detalhe.

Em relação ao Triângulo Mineiro, até o momento, não existem mapeamentos

geomorfológicos que espacializam as unidades de relevo na escala de detalhe (inferiores

a escala de 1: 60.000), o que se encontra atualmente são alguns trabalhos que abordam

está temática com alguns esboços focados no município de Uberaba, Uberlândia e

algumas bacias hidrográficas da região.

Uma das formas de se interpretar o relevo e identificar as principais formas de

relevo é por meio da compartimentação geomorfológica. Assim, os três principais

compartimentos geomorfológicos e suas respectivas morfologias são os domínios dos

topos, das vertentes e dos fundos de vales, cuja concepção geomorfológica adotada

pauta-se na perspectiva de integração dos 2 primeiros níveis metodológicos de Ab’

Saber (1969), sendo a estrutura superficial da paisagem que preocupa-se em obter

informações sistemáticas sobre a estrutura superficial das paisagens referentes a todos

os compartimentos e formas de relevos observados e a fisiologia da paisagem que

estudo a dinâmica dos processos morfodinâmicos atuantes na paisagem, para conhecer a

funcionalidade na sua totalidade.

A partir da aplicação dessa concepção teórica-metodológica proposta por Ab’

Saber é possível mapear as principais formas de relevo e suas respectivas feições

geomorfológicas para identificar as principais unidades morfológicas na escala de

detalhe.

Em relação ao triângulo mineiro, até o presente momento, não existem

mapeamentos geomorfológicos que especializam as unidades de relevo na escala de

detalhe (inferiores a 1:100.000). O que é possível encontrar são alguns trabalhos que

abordam está temática com alguns esboços focados no município de Uberlândia e

algumas bacias hidrográficas.

O município de Ituiutaba não foge a essa situação, pois esses tipos de

mapeamentos, que privilegiam as escalas de detalhe das unidades geomorfológicas não

foram realizados. Isso devido à ausência de bases cartográficas disponíveis com escalas

compatíveis e o difícil acessam a documentos cartográficos compatíveis com a escala de

estudo.

Os únicos trabalhos referentes ao triangulo mineiro foram elaborados por

Ferreira, Souza, Rodrigues (2003) intitulado “Mapeamento Geomorfológico de detalhe:

o estudo de áreas amostrais no triângulo mineiro e na Bacia Hidrográfica do Alto

Paranaíba e suas implicações no planejamento Ambiental”, por Baccaro, Ferreira,

Rocha, Rodrigues (2001) “Mapa geomorfológico do triangulo mineiro” e Rodrigues e

Brito com o artigo “Mapeamento geomorfológico de detalhe – Uma proposta da

associação entre o mapeamento tradicional e as novas técnicas em geoprocessamento”.

Quando analisadas as metodologias desses estudos é possível constatar a

utilização de imagens de satélites cuja resolução espacial não permite a representação de

formas e processos que possam espacializar os dois níveis de interpretação da paisagem

trabalhados por Ab’ Saber, sendo a “estrutura superficial da paisagem e a fisiologia da

paisagem”, cujas principais características geomorfológicas presentes nas paisagens

urbanas e rurais não podem ser especializadas e representadas.

A falta deste tipo de documento, em escala adequada (inferiores a escalas

1:100.000), tem gerado uma lacuna, principalmente na elaboração de estudos

acadêmicos, onde a morfologia do relevo apresenta-se como importante aspecto a ser

considerado na compreensão dos fatores responsáveis pela história de ocupação e

expansão sobre as diversas formas de relevo do município de Ituiutaba-MG e região.

Diante da ausência de estudos detalhados sobre esses aspectos geomorfológicos

escolheu-se como uma primeira área de estudo o município de Ituiutaba-MG, que

possui 97.171 mil habitantes, cuja unidade territorial é de 2.598,04 Km².

No entanto, para que o mapeamento possa ser realizado optou-se pela escolha

de uma parte da área urbana do município de Ituiutaba, para que a metodologia de

mapeamento geomorfológico escolhida pudesse ser aplicada e testada.

A cidade está localizada no pontal do triângulo mineiro, na latitude 18º 58’08’’

S, com longitude de 49º 27’ 54’’ W Gr (Figura 01) e apresenta altitudes que atingem

cerca de 769 m (IBGE, 2010).

Esta é uma temática relativamente nova no âmbito das pesquisas na

FACIP/UFU – campus Pontal, pois se trata de um projeto de mapeamento

geomorfológico cuja metodologia escolhida foi aplicada em mapeamentos dos

municípios de Presidente Prudente/SP, Marília/SP e Santo Anastácio. A metodologia

valoriza os estudos na escala do local, com um nível de detalhamento não encontrado

em documentos cartográficos disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) e na Prefeitura Municipal de Ituiutaba-MG.

Figura 01. Localização da área urbana de Ituiutaba/MG

Essa metodologia tem obtido ótimos resultados para a ampliação e

fortalecimento das pesquisas na área de Geomorfologia, Pedologia, Engenharia

Ambiental, Cartográfica e Geografia.

OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi elaborar um mapeamento geomorfológico

destacando os principais compartimentos do relevo identificados em parte da área

urbana de Ituiutaba/MG.

METODOLOGIAS

A caracterização dos aspectos geológicos e geomorfológicos foi realizada a

partir da descrição dos primeiros níveis de abordagem propostos por Ab’ Saber (1969),

conhecidos como Compartimentação Topográfica e Estrutura Superficial da Paisagem.

O primeiro nível permitiu o entendimento da compartimentação topográfica regional,

bem como a descrição das características predominantes das formas de relevo. E o

segundo nível focou na obtenção de informações sistemáticas sobre a estrutura

superficial da paisagem referente a todo o compartimento geomorfológico, podendo

obter informações e dados referentes a cronogeomorfologia e as primeiras proposições

interpretativas sobre a seqüência dos processos paleo-climáticos e morfoclimáticos

(AB’ SABER, 1969).

Essa concepção teórico-metodológica norteou a aerofotointerpretação que

permitiu a elaboração do esboço geomorfológico, para isso foram utilizadas três pares

de fotografias aéreas na escala de 1: 60.000, cujo vôo foi realizado em 1962, da Força

Aérea dos Estados Unidos (USAF) e um estereoscópico de mesa ou de espelho, obtidas

na Companhia de Pesquisa de Recursos Mineiras (CPMR) unidade de Belo

Horizonte/Minas Gerais e Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE). Isso

permitiu a visualização tridimensional das feições do relevo mais reluzentes.

Para identificação de cada feição foi utilizada as chaves de interpretação das

aerofotografias, onde se observou a variação e delimitação das texturas, das tonalidades,

das rugosidades, dos padrões e dos diferentes tamanhos.

A visualização das feições geomorfológicas e conseqüentemente a extração

seguiu uma seqüência didática-metodológica, sendo desenhados primeiramente os

cursos d’ águas, em seguida, delimitação dos divisores de água, os topos das colinas, as

planícies aluviais, as cabeceiras de drenagem em anfiteatro e por fim, a caracterização

das morfologias das vertentes, sendo identificadas como côncavas, convexas e

retilíneas. Por fim, foram delineados os fundos de vales, no qual observou a forma em V

ou em berço (NUNES, FREIRE, PERES, 2002).

A próxima etapa consistiu em transferir para a base digital topográfica e

planoaltimétrica georeferenciada obtida no site do IBGE para corrigir as distorções

ortogonais que as fotografias aéreas possuem do centro para as extremidades, ou seja, as

bordas (FUSHIMI, 2009). Assim, cada feição vetorizada, contornada segundo o overley

obtido através da interpretação aerofotogeomorfológica, ocvupou um layer especifico,

para em seguida serem sobrepostos.

Por fim, foram realizados trabalhos de campo para averiguação e registro das

informações registradas no esboço geomorfológico.

RESULTADOS PRELIMINARES

De acordo com Baccaro (1990), o relevo do triângulo mineiro é marcado por

uma diversificação de compartimentos geomorfológicos oriundos das ações

morfogenéticas do Terciário e do Quaternário, características presentes nos topos

aplainados, nas camadas lateríticas, nos solos hidromórficos, nas lagoas e rampas

côncavas de colúvios. O relevo foi fortemente esculturado pelas variações climáticas

deste período supracitado, cujas oscilações de climas úmidos e seco favoreceu o

rebaixamento generaliza do que contribuiu para a formação das denominadas mesas e

tabuleiros encontrados nesta região.

Para Santos e Baccaro (2004, p. 5) os vestígios de uma alternância climática

podem ser observados em algumas feições morfológicas encontradas na região, “... Os

eventos evolutivos possibilitaram a configuração de padrões de padrões distintos de

cabeceiras de drenagem em anfiteatros e diferentes níveis de sedimentação”.

Santos e Baccaro (2004) ao mapear o relevo na Bacia do Rio Tijuco, utilizando

bases cartográficas e imagens de satélite com escala regional (superiores a 1:100.000),

identificaram níveis e sub-niveis de dissecação do relevo identificadas como

anfiteatros, knickpoints e planícies aluvionares, presentes e classificados em três

grandes unidades geomorfológicas: Áreas de relevo intensamente dissecados, Áreas de

relevo mediamente dissecados e Áreas com relevo levemente dissecado.

Áreas de relevo intensamente dissecados: são identificadas na borda da chapada

de Uberlândia, entre as cotas de 850-950 m, com bordas mantidas por arenito

silicificado e outras pelos basaltos da Formação Serra Geral. Possui redes de drenagem

que apresenta um maior número de canais fluviais, com vales encaixados que romperam

as litologias superiores, retrabalhando atualmente os basaltos da Formação Serra Geral e

favorecendo o aparecimento de muitas cachoeiras e corredeiras. As vertentes

apresentam declividades em torno de 25 a 40º, com rupturas de declive relacionados ao

aparecimento do basalto ou ao afloramento de couraças, também denominadas

concreções lateríticas. Também é possível identificar diferentes formas de anfiteatros

nas cabeceiras de drenagem, com intensa dissecação e processo acentuado de erosão

remontante na borda da chapada e nos interflúvios. Área de relevo mediamente

dissecada: são constituídos de topos planos, com altitudes que variam entre 750 e 850

m, com formas convexo-côncavas e vertentes com declividades entre 8 e 15º, sendo os

vales bem definidos e levemente encaixados.

Áreas com relevo levemente dissecado: unidade formada por relevos com

altitudes entre 600 a 750 m e declividades em torno de 3 a 7º de inclinação, além dessas

feições é possível identificar muitos knickpoints formados pelos derrames basálticos da

Formação Serra Geral, estas soleiras rochosas estão localizadas a 750m de altitude e têm

como principal função controlar a erosão remontante. Nas áreas a montante das soleiras

rochosas desenvolve-se extensão planícies aluvionares. Estes compartimentos

apresentam-se bem planos, com vales rasos e espaçados entre si e apresentam uma

quantidade significativa de solos hidromórficos nas suas margens que na maioria das

vezes, se constituem em veredas.

A área de estudo encontra-se localizada no triângulo mineiro que,

morfoestruturalmente, pertence à Bacia Sedimentar do Paraná, a qual é constituída por

rochas sedimentares e ígneas (idade Mesozóica) e por depósitos recentes (idade

Cenozóica). Esta unidade geotectônica, formada a partir do Devoniano Inferior (IPT,

1981 a: 46), possui uma área de aproximadamente 1.100.000 Km2 dentro do território

brasileiro.

Milani et al (2007) enquadram a Bacia Sedimentar do Paraná dentro da categoria

de Cratônica Intracontinental Composta e Complexa da classificação de Klemme

(1980). Esta complexidade é devida em grande parte à influência significativa na

tectônica da própria bacia, tanto na sua implantação como nas primeiras etapas de seu

desenvolvimento, de antigas calhas em “rift” existentes no embasamento cratônico

consolidado no Cambro-Ordoviciano. Por esta influência, a bacia, instalada na Era

Paleozóica, tende a manter uma configuração linear, condicionada aos limites da antiga

calha, apresentando distribuição e maior espessura de sedimentos na direção NW-SE.

Durante o Juro-Cretáceo, um evento de intenso vulcanismo, associado à reativação da

Plataforma, contou com as fraturas herdadas do embasamento como principal veículo de

extravasamento das lavas.

Conforme a coluna litoestratigráfica da bacia do Paraná apresentada no mapa

geológico do estado de minas Gerais (CODEMIG, GOVERNO DO ESTADO DE

MINAS CPRM, 2003) na escala de 1:1.000.000, as formações geológicas dominantes

que afloram na região do Pontal do Triângulo Mineiro, pertencem ao Éon Fanerozóico,

da Era Mesozóica do Período Cretáceo Superior, pertencentes ao Grupo Bauru –

Formação Marília (K2m) com arenito com intercalações de laminito arenoso, Formação

Vale do Rio do Peixe (K2vp) também conhecida por Formação Adamantina como

defendi Batezelli (2003), cuja composição é de arenitos eólicos e Cretáceo Inferior com

manchas da Formação Serra Gera (K 1 Bsg), composta por basaltos com intercalações

de arenito e diques de diabásio. No município de Ituiutaba o Grupo Bauru está

assentado sobre os basaltos, sendo compostos pela Formação Adamantina,

correspondendo a Formação Vale do Rio do Peixe e Formação Marília. A Formação

Adamantina arenitos finos a muito finos, podendo apresentar cimentação e nódulos

carbonáticos com lentes de siltitos arenosos e argilítos ocorrendo em bancos maciços,

estratificação plano-paralela e cruzada de pequeno a médio porte. Para Batezelli (2003),

esta unidade assenta-se de forma discordante e com um contato abrupto e erosivo sobre

os basaltos da Formação Serra geral, e lateralmente interdigitada-se a Formação

Uberaba, já o contato superior também ocorre de forma abrupta com os arenitos da

Formação Marília.

Segundo Fernandes (2004), a formação Vale do Rio do Peixe é a unidade de”

maior extensão da parte leste da bacia e constitui o substrato de boa parte do oeste do

estado de São Paulo e triangulo mineiro. Tem espessura máxima preservada da ordem

de 100m, medida em perfurações de poços de água subterrânea. Corresponde a grande

parte da outrora, denominada Formação Adamantina (SOARES et. al., 19080). A seção

tipo da Formação Rio do Peixe (FERNANDES & COIMBRA, 2000) foi descrita a

partir de vários cortes, cujo trecho do triangulo mineiro encontra-se localizado em

Campina Verde exatamente na MG 497, Km 120,7”.

A Formação Marília Arenitos de granulação fina a grossa, compreendendo

bancos maciços com tênues estratificações cruzadas de médio porte, incluindo lentes e

intercalações subordinadas de siltitos, argilitos e arenitos muito finos com estratificação

plano-paralela e freqüentes níveis rudáceos. Presença comum de nódulos carbonáticos.

A Formação Marília Arenitos de granulação fina a grossa, compreendendo

bancos maciços com tênues estratificações cruzadas de médio porte, incluindo lentes e

intercalações subordinadas de siltitos, argilitos e arenitos muito finos com estratificação

plano-paralela e frequentes níveis rudáceos. Presença comum de nódulos carbonáticos.

A formação Serra Geral é composta pelas rochas efusivas de natureza basáltica

com pequenas lentes de arenitos intercalados aos derrames, que são mais expressivos

nas proximidades dos principais cursos d’ águas da região, onde sofreram processos

erosivos intensos (NISHIYAMA, 1989). É possível identificar esse tipo de afloramento

rochoso junto ao rio Tijuco e seus afluentes.

A elaboração deste esboço geomorfológico resultou na produção de um material

inédito para a cidade de Ituiutaba/MG, uma vez que a carta geomorfológica espacializou

os principais compartimentos geomorfológicos identificados em parte da área urbana de

Ituiutaba/MG (Figura 02).

Figura 02. Espacialização dos compartimentos geomorfológicos de parte da área

urbana de Ituiutaba/MG

O primeiro compartimento identificado corresponde ao domínio dos topos das

colinas e dos relevos residuais (cor marrom no mapa), sendo representadas no mapa

geomorfológico na cor marrom, cujos topos podem ser identificados de duas formas: a

primeira apresentando topos amplos e suavemente ondulados, indicados para expansão

territorial urbana e ocupação; a segunda formas de topos identificados foram os estreitos

e alongados, associados aos relevos residuais do tipo tabuliformes.

O segundo compartimento geomorfológico se refere ao domínio das vertentes

(cor amarelo no mapa), cujas formas do plano inclinado podem ser identificadas como

côncavas (contribuem para concentração de águas pluviais); convexas (que dispersam as

águas pluviais) e retilíneas (que facilitam o escoamento superficial das águas pluviais).

Por fim, foi identificado o compartimento dos fundos de vale sendo identificadas

duas formas: a primeira identificando como fundos de vale em V, associados a vales

mais encaixados; a segunda forma de fundos de vale m berço ou manjedoura

(CASSETI, 2005), cujos vales apresentam-se mais amplos e abertos (representados pela

rede drenagem e planícies aluviais). Nos fundos de vale é possível identificar as

planícies aluviais associadas a morfologias de vale em berço, com grande deposição de

sedimentos.

CONCLUSÕES

Portanto, a elaboração deste documento foi um marco importante para os

estudos geográfico-geomorfológicos do município, pois fundamentará as análises das

transformações da paisagem, permitirá a orientação de áreas de expansão urbana,

delimitação e implantação de APPs, demarcação de áreas de riscos às enchentes, além

de contribuir na identificação e controle de erosões lineares urbanas, também auxiliará

os projetos de conservação e manejo do solo.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos as agências de fomentos CNPq por financiar o projeto de

mapeamento geomorfológico da área urbana de Ituiutaba e à FAPEMIG por custear a

apresentação deste trabalho.

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