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ESE Sheyla Cristina Braz Pinheiro Estudo de Caso Sobre o Contributo do PDDE na Gestão de Escolas Públicas, Urbana e Rural, no Município de Tucuruí MESTRADO EM ESTUDOS PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM EDUCAÇÃO: ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES EDUCATIVAS Dezembro 201 6 POLITÉCNICO DO PORTO

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ESE

Sheyla Cristina Braz Pinheiro

Estudo de Caso Sobre o Contributo do PDDE na Gestão de Escolas Públicas, Urbana e Rural, no Município de Tucuruí

MESTRADO EM ESTUDOS PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM EDUCAÇÃO: ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES EDUCATIVAS

Dezembro 2016

POLITÉCNICO DO PORTO

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ESE

Sheyla Cristina Braz Pinheiro

Estudo de Caso Sobre o Contributo do PDDE na Gestão de Escolas Públicas, Urbana e Rural, no Município de Tucuruí

Projeto submetido como requisito parcial para obtenção do grau de MESTRE

Orientação Professor Doutor Fernando José Cardoso

MESTRADO EM ESTUDOS PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM EDUCAÇÃO: ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES EDUCATIVAS

Dezembro 2016

POLITÉCNICO DO PORTO

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Aomeuesposoecompanheiro,AndersonBarbosaquedeformacarinhosa

emedeucoragemparairadianteesuperarasmaisdiversasdificuldades,aosmeusfilhosefilha,Ícaro,BrayaneSofiaqueiluminamminhavidaeme

motivamaserumapessoamelhoracadadia.

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AGRADECIMENTOS

AgradeçoàDeuseaNossaSenhora,poissemaféquemealimenta,não

teriaforçasparaessalongajornada.Agradeço à minha familia: mãe, irmã, tia, primos, sogra, avós, pela sua

capacidadedeacreditaremmim.Ao meu professor orientador Fernando Cardoso, que com seu apoio e

dedicaçãonãomepermitiudesistir.Éumprofissionalmaravilhosoededicado.Suapaciênciaeorientaçãotornarampossívelaconclusãodestetrabalho.

Aos meus amigos de todas as horas e aos amigos mais recentes, pelasalegrias, pela força e pelas dores compartilhadas e por estarem semprememotivando.

Aos meus colegas de turma que mesmo diante das mais diversasadversidadescontinuamosaestudareajudarumaooutro.

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RESUMO

Este estudo trata da compreensão do desenvolvimento de PDDE naperspectiva da gestão democrática, realizado em duas escolas públicasmunicipaisdoMunicípiodeTucuruí,noEstadodoPará,tendocomoobjetivoperceber o funcionamento da gestão das duas escolas, como acontece aparticipaçãodosconselhosescolaresnagestãodosrecursosfinanceirosequalo contributo que este programa tem dado para o processo de gestãodemocráticadaescola.

Trata-se de uma investigaçãoquatitativa, no formatode estudode caso,onde se recorreu a instrumentos de recolha de dados, à análise de leis eresoluções e a entrevistas que foram realizadas com os diretores ecoordenadores pedagógicos das escolas selecionadas e aos membros dosConselhosEscolares.

O intuito deste estudo é o de compreender como e quais seriam oscaminhos percorridos pelas instituições de ensino para desenvolverprogramas implementados pelo governo federal com influência direta nagestãoescolar.

Estapesquisaseencarregoudeesclarecerofuncionamentodoconselhoesua contribuição para a gestão escolar, a atuação dos seus participantes,comosãotomadasasdecisõessobreaexecuçãodosrecursoseseépossívelrealizarumagestãodemocráticadiantedetantosdesafios.

Como resultados desta pesquisa constatamos que o conselho e a gestãoescolar desenvolvem os programas governamentais considerando osprincípiosdagestãodemocrática.Asescolaspesquisadasdemonstraramcomsuas ações que adotamprática educacionais democráticas no seu cotidianoescolar.

PALAVRAS-CHAVE:PDDE,ConselhoEscolar,GestãoEscolar,GestãoDemocrática

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ABSTRACT

ThisstudydealswiththeunderstandingofthedevelopmentofPDDEintheperspective of democraticmanagement, conducted in twopublic schools inthe municipality of Tucuruí, State of Pará, aiming to understand thefunctioning of the two schools management, as the participation of schoolboards management of financial resources and what contribution thisprogramhasgiventothedemocraticmanagementprocessschool.

This is a quatitativa research, case study format,where they resorted todatacollectiontools,analysisoflawsandresolutionsandtheinterviewsthatwere conductedwith thedirectorsandcoordinatorsof the selected schoolsandmembersofSchoolboards.

The purpose of this study is to understand how andwhat are the pathstaken by educational institutions to develop programs implemented by thefederalgovernmentwithadirectinfluenceonschoolmanagement.

Thisresearchwascommissionedtoclarifytheoperationoftheboardandtheir contribution to the school management, the performance of itsparticipants,asdecisionsaremadeontheimplementationofresourcesandifyoucanholdademocraticmanagementinthefaceofmanychallenges.

As a result of this research we found that the board and the schoolmanagement develop government programs considering the principles ofdemocraticmanagement.Theschoolssurveyedhaveshownby theiractionsthatadoptdemocraticeducationalpracticeintheirdailyschoollife.

KEYWORDS: PDDE, School Board, School Management, DemocraticManagement

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ÍndiceLISTADEABREVIATURASESÍMBOLOS..............................................................xi

LISTADETABELAS............................................................................................xiii

INTRODUÇÃO.....................................................................................................1

1.CAPITULOI–REVISÃODELITERATURA..........................................................7

1.1.UmabrevecontextualizaçãodoSistemadeEnsinoBrasileiro................7

1.2.Programasfederaisdeapoioàsescolas................................................11

1.2.1.ProgramaDinheiroDiretonaEscola–PDDE......................................11

1.2.2.PlanodeDesenvolvimentodaEscola–PDEEscola............................19

1.2.3.ProgramaMaisEducação...................................................................24

1.2.4.ProgramaMaisCulturanasEscolas....................................................29

1.2.5.ProgramaEscolaAcessível..................................................................34

1.3.AatuaçãodosConselhosEscolares.......................................................42

1.4.Agestãodemocráticanasescolaspúblicas...........................................48

2.CAPÍTULOII-ESTUDOEMPÍRICO.................................................................53

2.1.ProblemaeObjetivos............................................................................53

2.1.1.Problemaesuajustificação................................................................53

2.1.2.Objetivos.............................................................................................55

2.2.Metodologia..........................................................................................55

2.2.1.Pesquisaqualitativa............................................................................55

2.2.2.Estudodecaso....................................................................................57

2.3.Localdeestudoeparticipantes.............................................................58

2.3.1.Localdeestudo...................................................................................58

2.3.2.Participantes.......................................................................................62

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2.4.Técnicasderecolhadedados................................................................64

2.5.Técnicasdetratamentodedados.........................................................66

2.6.Confiabilidadeevalidade.......................................................................67

3.CAPÍTULOIII-ANÁLISEEDISCUSSÃODOSRESULTADOS.............................71

3.1.Apresentaçãodosdados........................................................................71

3.1.1.DificuldadesenfrentadaspelosconselheirosegestoresparaaexecuçãodosrecursosdestinadosàescolaviaPDDE..................................71

3.1.2.NecessidadesquenãosãocontempladaspelosrecursosdoPDDEeoquantodesserecursopodesersuficienteparaminimizarasdificuldadesdasescolas....................................................................................................73

3.1.3.AsvantagensdosprogramasfederaisqueatendemasescolaspormeiodoPDDE...............................................................................................75

3.1.4.ContribuiçõesdoPDDEnoprocessodegestãoescolar......................76

3.1.5.AsconsequênciasdafaltaderepassedosrecursosdoPDDE............78

3.1.6.Funcionamento,contribuiçãodoconselhoescolaredescriçãodaprestaçãodecontadasescolas....................................................................79

3.1.7.Atuaçãodosgestores,coordenadores,paiseprofessoresnoconselhoescolar...........................................................................................82

3.1.8.AgestãodoPDDEeasintervençõesnasatividadesescolares...........86

3.1.9.Levantamentodasdificuldadesdasaçõesrelevantesdagestãoescolareconsideraçõessobreagestãodemocrática..................................88

3.2.Discussãodosresultados.......................................................................93

4.CONCLUSÕES................................................................................................99

5.REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS..................................................................101

APÊNDICES.....................................................................................................109

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LISTADEABREVIATURASESÍMBOLOS

LDB-LeideDiretrizeseBasesdaEducaçãoMEC-MinistériodaEducaçãoUNESCO-OrganizaçãodasNaçõesUnidasparaaEducação,aCiênciaea

CulturaUNICEF-FundodasNaçõesUnidasparaaInfânciaPNUD-ProgramadasNaçõesUnidasparaoDesenvolvimentoINEP-InstitutoNacionaldeEstudosePesquisasEducacionaisPNE-PlanoNacionaldeEducaçãoPMDE - Programa de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

FundamentalPDDE-ProgramaDinheiroDiretonaEscolaUAB-UniversidadeAbertadoBrasilFNDE-FundoNacionaldeDesenvolvimentodaEducaçãoCAPES–CoordenaçãodeAperfeiçoamentodePessoaldeNívelSuperiorEEx-EntidadesExecutorasUEx-UnidadesExecutorasPDDEREx-RelaçãodeUnidadesExecutorasAtendidaspeloPDDEPDEEscola–PlanodeDesenvolvimentodaEscolaIDEB-ÍndicedeDesenvolvimentodaEducaçãoBásicaINEP - Instituto Nacional de estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

TeixeiraSAEB-SistemaNacionaldeAvaliaçãodaEducaçãoBásicaOCDE-OrganizaçãoparaCooperaçãoeDesenvolvimentoEconômicoFUNDEB–FundodeManutençãoeDesenvolvimentodaEducaçãoBásicae

deValorizaçãodosProfissionaisdaEducaçãoPAF-PlanodeAçõesFinanciáveisCIEPs-CentrosIntegradosdeEducaçãoPúblicaSEB-SecretariadeEducaçãoBásicaPNAE-ProgramaNacionaldeAlimentaçãoEscolar

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PMEd-ProgramaMaisEducaçãoPEIF-ProgramaEscolasInterculturaisdeFronteiraSNC-SistemaNacionaldeCulturaCNE–ConselhoNacionaldeEducaçãoCEB–CâmaradeEducaçãoBásicaSECADI-SecretariadeEducaçãoContinuada,Alfabetização,Diversidadee

InclusãoAEE-AtendimentoEducacionalEspecializadoIBGE–InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatísticaSEMEC-SecretariaMunicipaldeEducaçãoeCultura

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LISTADETABELAS

Tabela9-TabelacomosvaloresqueservemdecálculoparaorepassedosrecursosconformeaResoluçãonº10,de18deabrilde2013........................14

Tabela10-Tabelacomademonstraçãodosvaloresfixosevalorespercapitaemreais(R$),utilizadosnocálculodosrepassesdoPDDEbásico...................15

Tabela11-TabelacomodemonstrativodeExecuçãodoPDDEBásicoeAçõesde2009a2014.................................................................................................16

Tabela12-Tabelacomasmetasparaosanosiniciaisdoensinofundamental.Osresultadosdestacadosemnegritoreferem-seaoIDEBqueatingiuameta.Fonte:INEP.......................................................................................................20

Tabela13-Tabelacomasmetasparaosanosfinaisdoensinofundamental.Osresultadosdestacadosemnegritoreferem-seaoIDEBqueatingiuameta.Fonte:INEP.......................................................................................................21

Tabela14-Tabelacomasmetasparaoensinomédio.Osresultadosdestacadosemnegritoreferem-seaoIDEBqueatingiuameta.Fonte:INEP.21

Tabela15-Tabelacomademonstraçãodosvaloresemreais(R$),utilizadosnocálculodosrepassesdoPDDE/ProgramaMaisCultura..............................33

Tabela16-Tabelacomademonstraçãodosvaloresemreais(R$),utilizadosnocálculodosrepassesdoPDDE/ProgramaEscolaAcessivel.........................41

Tabela17-Quantidadedeescolasesuadistribuiçãodeacordocomossegmentoselocalização...................................................................................59

Tabela18-Informaçõescomplementaressobreosprofessoresdaescolaurbana..............................................................................................................60

Tabela19-Informaçõescomplementaressobreosprofessoresdaescoladocampo...............................................................................................................62

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INTRODUÇÃOAgestãodemocráticapressupõeumprocessodeconstruçãocoletiva,onde

no espaço escolar são priorizados o exercício de participação e tomadas dedecisões tendo como pilar a participação efetiva de todos os sujeitos doprocesso.Trata-sederespeitarahistóriaeapolíticaemtodasasesferasdosistemadeensino,privilegiandoaescolaenquantoespaçodeconstruçãodesaberesededissiminaçãodecultura.

Para que seja pensada a democratização precisamos compreender aculturadaescolaeosseusprocessos,isso“envolvediretamenteosdiferentessegmentos das comunidades local e escolar, seus valores, atitudes ecomportamentos.”(MinistériodaEducação,2004b,p.24)

Construir uma escola onde se implemente a gestão democrática, implicauma mudança de comportamento e uma ruptura com paradigmashistoricamenteconstituídos.

A escola enquanto espaço de contradições e diferenças deve buscarconstruir um processo de participação dos sujeitos comprometidos edispostosacolaborarparaqueacoletividadeprevaleçaequeastomadasdedecisãosejamrespeitadas.

A construção de uma escola em que a participação seja uma realidadedepende, portanto, da ação de todos: dirigentes escolares, professores,estudantes, funcionários, pais de estudantes e comunidade local. Nesseprocesso,aarticulaçãoentreosdiversossegmentosquecompõemaescolaeacriação de espaços e mecanismos de participação são fundamentais para oexercíciodoaprendizadodemocráticoquepossibiliteaformaçãodeindividuoscríticos,criativoseparticipativos(MinistériodaEducação,2004b,p.31-32).

Aofalarmossobregestãodemocráticasomosremetidosàcompreensãodaautonomianaunidadeescolar.ComonosafirmaBarroso,emseudiscurso:

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Aautonomiaafirma-se,assimcomoexpressãodaunidadesocialqueéaescolae nãopreexiste à açãodos indivíduos. Ela é um conceito construído social epoliticamente, pela interação dos diferentes atores organizacionais, numadeterminadaescola(Barroso,2013,p.27).

A autonomia na escola é o resultado concreto da participação dosindivíduosdentrodeumaorganizaçãocoletiva.Elanãoédadaoudecretada,precisaserconstruídaemmeioaoturbilhãodemanifestaçõescoletivas,ondeorespeitoportodosdeveserobservado.

Dentro da escola o Conselho escolar surge como o local onde sãofomentadas,discussões,debates,críticaseorientaçõessobreosmaisdiversostemaseresponsabilidadesapresentadasduranteasreuniõesdestecolegiado

Compreendercomoaescolaeoconselhoescolarconseguemimplementar

programas governamentais respeitando as características da gestãodemocráticaéoobjetodeestudodestapesquisa.Surgeentãoumaquestãodepartidaqueorientaoestudo:emquemedidaoProgramaDinheiroDiretona Escola (PDDE) contribui para a gestão democrática da escolamunicipal?Este objetivo geral haveria de se desdobrar em três objetivos específicos, asaber: (1) identificar as dificuldades enfrentadas pelos gestores paraexecutaremosrecursosdoProgramaDinheiroDiretonaEscola;(2)identificarosrecursosrecebidospelasescolasesuaimportânciaparaaimplementaçãodasatividadesescolares;(3)compreendercomoagestãoescolareoConselhoescolardesenvolvemoPDDEnaperspectivadagestãodemocrática.

Em busca de responder esta questão e de enriquecer o nosso percurso

academicoestruturamosesteestudodaseguintemaneira.No primeiro capítulo apresentamos uma abordagem sobre a

contextualizaçãodoSistemadeEnsinoBrasileiro,ondesãoabordadasasleisque regem nosso sistema de ensino, como a Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil, Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB de nº

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9.394/96, documento base do Plano Estadual de Educação, Decretos,Portarias, Resoluções, Medidas Provisórias, Notas Técnicas, manuais,documentos orientadores, livros e autores que contribuiramsignificativamenteparaaconstruçãodestetrabalho.

Osprogramasfederaisimplementadospelogoverno,tambémcompõemaconstrução deste capítulo, sendo que merecem destaques para a nossapesquisaosprogramascitadosaseguir.

OProgramaDinheiroDiretonaEscola-PDDEtempor finalidadeorepassede recursos financeiros, em carater suplementar, as escolas públicas comointuitodeprovernecessidadesprioritáriasdosestabelecimentoseducacionaisbeneficiados pelo programa. Estes recursos destinam-se a cobertura dedespesadecusteio,compreeendidascomomaterialdeexpedienteedidáticopara uso da escola e dos alunos, manutenção e pequenos reparos naestrutura física como pequenos problemas na rede elétrica e hidráulica eainda na aquisição dematerial permanente como televisão, computadores,impressoras,ventiladoreseoutrosnecessáriosparaobomfuncionamantodainstituição(MinistériodaEducação,2013b).

OPlanodeDesenvolvimentodaEscola-PDEEscolafoicriadocomointuitode apoiar o planejamento estratégico da escola, atividades e açõesimplementadas no ambiente escolar a fim de fortalecer a autonomia daescola comoestratégia de implementaçãodoPlanodeDesenvolvimentodaEducação-PDEvisandoamelhoriadoÍndicedeDesenvolvimentodaEducaçãoBásica-IDEB em escolas públicas de educação básica nas regiões brasileiras(MinistériodaEducação,2013d).

OProgramaMaisEducaçãotempor finalidadecontribuirparaamelhoriada aprendizagem por meio da ampliação do tempo de permanência decrianças, adolescentes e jovens matriculados em escola pública, medianteofertadeeducaçãobásicaemtempointegral(PresidênciadaRepública,2010)e valorizar a escola como espaço no qual a vivência democrática pode serexercitadapormeiodeatividadeseducativas,lúdicaserecreativasatravésda

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ampliação da jornada e espaço escolares visando à implementação daeducaçãointegralnaredepúblicadeensino(MinistériodaEducação,2014d).

OProgramaMaisCulturavisaamelhoriadoensinofundamentalemédionaperspectivadeuniversalizaçãodoacessoepermanênciadosadolescentesde15a17anosnestasetapadaeducaçãobásica,ondebusca-seasseguraraeducação e a cultura como estratégias da educação integral a fim depotencializar as ações dos Programas Mais Educação e Ensino MédioInovador,ondeatravésdaeducaçãopossamserdesenvolvidosefortalecidosos laços familiares, as relações interpessoais no ambiente escolar e asmanifestaçõesculturais(MinistériodaEducação,2014c).

OProgramaEscolaAcessivelsurgedanecessidadeemasseguraraspessoascomdeficiênciasoacessoaosistemaeducacionalinclusivo,emcondiçõesdeigualdade com as demais pessoas da sociedade, para isso o Ministério daEducação disponibiliza apoio técnico e financeiro para que seja ofertadoatendimento educacional especializado aos alunos com deficiência,transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação,matriculadosemclasses comunsdoensino regular (MinistériodaEducação,2012b).

Para que seja possível o acesso das escolas a todos estes programas, asescolasdevemmanter seusConselhos regularese funcionandoconformeasorientações do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-FNDE.Considerando que o Conselho Escolar atua como co-responsável pelodesenvolvimento de atividades no interior da escola e podendo ser vistocomo um grande aliado da gestão democrática, onde todos os atoresenvolvidos possam assumir juntos os desafios, compromissos e sucesso daeducação(Castro,2008).

Oconselhoescolarenquantoespaçoapropriadoparaoexerciciodagestãodemocrática,encontranestecolegiado,assimcomonoambienteescolar,umlocal onde seja permitido o debate, com espaço para a prática de relaçõesdialógicas, comprometidas com a ética e com a responsabilidade coletiva.

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Onde todos podem contribuir de maneira participativa e neste contexto agestãoescolardevebuscarseulugardeatuaçãonaescola(Rocha,C.,2010).

O segundo capítulo trata do estudo empírico onde foram definidos o

problemaa serpesquisado,osobjetivosa seremalcançados,ametodologiautilizada,o localdeestudoeastécnicasderecolhimentodedados.Trata-sede um estudo empírico de natureza qualitativa, no formato de estudo decaso, em que a pesquisadora realiza um trabalho em profundidade,procurandofazersalientarosdetalhesquelheparecemmaisrelevantes.

O terceiro capítulo compreende a apresentação, análise e discussão dos

dados obtidos através desta pesquisa. Numa primeira fase é feita aapresentação dos resultados da pesquisa, organizados em nove pontos: (1)dificuldades enfrentadas pelos conselheiros e gestores para a execução dosrecursos destinados à escola via PDDE; (2) necessidades que não sãocontempladas pelos recursos do PDDE e o quanto desse recurso pode sersuficiente para minimizar as dificuldades das escolas; (3) as vantagens dosprogramas federais que atendem as escolas por meio do PDDE; (4)contribuiçõesdoPDDEnoprocessodegestãoescolar;(5)asconsequênciasdafalta de repasse dos recursos do PDDE; (6) funcionamento, contribuição doconselhoescolaredescriçãodaprestaçãodecontadasescolas; (7)atuaçãodos gestores, coordenadores, pais e professores no conselho escolar; (8) agestãodoPDDEeasintervençõesnasatividadesescolares;(9)levantamentodasdificuldadesdasaçõesrelevantesdagestãoescolareconsideraçõessobreagestãodemocrática.Emseguidaprocede-seàdiscussãodosresultados.Estecapítulo termina com as conclusões, onde se procura chamar a atenção doleitor para os aspectos de maior relevo e onde se responde aos objetivosespecíficos,queforamenunciadosapartirdoobjetivogeral.

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1.CAPITULOI–REVISÃODELITERATURA

1.1.UMABREVECONTEXTUALIZAÇÃODOSISTEMADEENSINOBRASILEIRO

A Constituição de 1988 foi um marco para a organização do EstadoBrasileiro, pois havia pouco tempo que deixávamos para trás as trágicasmarcasdoregimemilitarquehaviaimpostolimitaçõesàeducaçãoBrasileira.Foi ummarco para uma nova redemocratização do país, porque esta novaconstituição passa a valorizar os direitos sociais e entre estes o direito àeducação,comoaparecenoartigo6º“Sãodireitossociaisaeducação,[...]naforma desta constituição”. Com esta nova Constituição, todos os brasileirospassaramaterseudireitoaoacessoàeducação,oquesetraduziunumsaltoqualitativocomrelaçãoalegislaçãoanterior(PresidênciadaRepública,1988).

OutroartigoaserdestacadonaConstituiçãode1988éoartigo205ºqueconsidera “a educação, direito de todos e dever do estadoe da família”. É,portanto, salientadoo dever do Estado emgarantir a educaçãopara todos,semexcluiropapelda famílianoprocessoeducacionaldos filhos.Noartigoseguinte, o artigo 206º, determina os princípios que serão a base para aeducaçãoBrasileira:aigualdadedecondiçõesparaoacessoepermanêncianaescola, a gestão democrática no ensino público e a garantia do padrão dequalidade, são alguns desses princípios. Mais adiante, no artigo 211º,referente à organização federativa, é assumido que a União, os Estados, oDistritoFederaleosMunicípiosdevemorganizar,emregimedecolaboração,seussistemasdeensino.Deacordocomaconstituição,aUniãoéresponsávelpelaorganizaçãodosistemadeensinofederal,financiamentodasinstituiçõesde ensino públicas federais e pela prestação de assistência técnica efinanceira aos Estados, aoDistrito Federal e aosMunicípios.Os Estadoseo

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Distrito Federal deverão atuar, prioritariamente, no Ensino Fundamental eMédio e os municípios, no Ensino Fundamental e na Educação Infantil(PresidênciadaRepública,1988).

EmboranaConstituiçãoFederalde1988estejam inscritososprincípiosedeveresdoEstadoeaformadeorganizaçãodaeducação,enquantodireitodetodososBrasileiros,aLeideDiretrizeseBasesdaEducaçãoNacional - LDB,instituída pela lei nº 9.394 de 1996, faz uma descrição detalhada dosprincípiose finsdaeducaçãonacional,da suaorganização,dosprofissionaisda educação, dos recursos financeiros entre outros. Conforme esta Lei, osprocessosformativoseeducacionaisdesenvolvem-se,entreoutroslugares,nafamíliaenasinstituiçõesdeensinoepesquisa.EsendoaeducaçãoumdeverdafamíliaedoEstado,cabeacadaumdenósatarefadeacompanharcomoas instituições responsáveis pela educação emnosso país atuam e se usamcomobaseosprincípioscitadosnalei,entreelescabedestaquepara“[...]II-liberdadedeaprender,ensinar,pesquisaredivulgaracultura,opensamento,aarteeosaber;VIII-gestãodemocráticadoensinopúblico,naformadestaLei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão dequalidade;”(PresidênciadaRepública,1996).

AestruturadosistemaeducacionalnoBrasilconsistenaeducaçãobásicaenaeducaçãosuperior.Aeducaçãobásicasubdivide-seem:educaçãoinfantil,que atende a crianças de 0 a 3 anos nas creches e de 4 a 5 anos nas pré-escolas;ensinofundamentalqueatendecriançasapartirdos6anosdeidade,devendoternomínimonoveanosdeduração,serobrigatórioegratuitonasescolaspúblicaseoensinomédiocomduraçãomínimadetrêsanos.

A educação superior oferece cursos de graduação de três maneiras:bacharelado, licenciatura e tecnológico. E oferta também cursos de pós-graduaçãoque sãodivididosem lato sensu comoasespecializaçõeseosdestrictusensoquesãoosmestradosedoutorados.

Temos ainda as seguintesmodalidades de ensino: Educação de Jovens eAdultos, Educação Profissional ou Técnica, Educação Especial e Educação àDistância.AEducaçãodeJovenseAdultoséconsideradaumamodalidadeda

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Educação Básica sendo ofertada tanto no Ensino Fundamental como noEnsinoMédio.AEducaçãoProfissionaleaEducaçãoEspecialperpassamtantopelaEducaçãoBásicaquantopeloEnsinoSuperior.

Até1960,osistemaeducacionalBrasileiroeracentralizadoeerautilizadoomesmomodeloemtodososestadosemunicípios.Em1961,comaaprovaçãoda primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), foram dados osprimeiros passos para a definição das novas diretrizes para educaçãoBrasileira. Posteriormente, em 1971, foi aprovada uma nova versão, quevigorou até 1996, ano em que é aprovada a última versão desta Lei, a Leivigente,queatribuimaisautonomiaaosórgãosestaduaisemunicipais,oqueconsequentemente levou à diminuição da centralização do Ministério daEducação (MEC). Atualmente, no Brasil, as universidades federais, asinstituições de ensino superior isoladas, os Centros Federais de EducaçãoTecnológica e o Programa Nacional de Pós-graduação estão na tutela doGovernoFederal,oEnsinoFundamentaleoEnsinoMédioestãonatuteladoDistritoFederal,eaosMunicípioscabeafunçãodeatuarnaEducaçãoInfantilenoEnsinoFundamental.

Em1990oBrasil participoudaConferênciade Educaçãopara Todos, emJomtien,naTailândia,convocadapelaOrganizaçãodasNaçõesUnidasparaaEducação,aCiênciaeaCultura(UNESCO),oFundodasNaçõesUnidasparaaInfância (UNICEF), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD)eoBancoMundial.DestaconferênciaresultouaDeclaraçãoMundialde Educação para Todos, que levou a que o Brasil se comprometesse aelaborarumplanodecenalqueexpresseaaceitaçãoformaldaspropostasqueforamdiscutidasnaconferênciaequeproporcionesignificativasmelhoriasnaqualidadedaeducaçãobásica.

ComaLDBficaestabelecidoqueaUniãodeveincumbir-sedeelaborarumnovo plano de educação. Esta atribuição coube ao Instituto Nacional deEstudos e Pesquisas Educacionais (INEP), que realizou uma mobilizaçãonacional, envolvendo vários setores da sociedade, e promovendo aparticipação dosmunicípios e estados brasileiros. Desta estratégia surgiu o

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novoPlanoNacionaldeEducação(PNE),quefoiaprovadocomapublicaçãodaLeinº10.172/2001,de9dejaneiro.

OPNE2001-2010possibilitouum levantamentoda realidadeeducacionalBrasileira e propôs metas a serem realizadas em diferentes níveis emodalidades dentro de um prazo máximo de dez anos, com o devidoacompanhamento e avaliação do processo. Devendo sempre considerar osobjetivosestabelecidosnoplano:

Em síntese, o Plano tem como objetivos: a elevação global do nível deescolaridade da população; amelhoria da qualidade do ensino em todos osníveis;areduçãodasdesigualdadessociaiseregionaisnotocanteaoacessoeà permanência, com sucesso, na educação pública e a democratização dagestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aosprincípios da participação dos profissionais da educação na elaboração doprojetopedagógicodaescolaeaparticipaçãodascomunidadesescolarelocalemconselhosescolaresouequivalentes(PresidênciadaRepública,2001).

DiantedestaedeoutrasmudançaspelasquaisoBrasilestavapassando,ogoverno, naquele período, sobre a presidência de Fernando HenriqueCardoso, percebeu a necessidade de ampliar o atendimento às escolaspúblicas,eem1995,duranteoseugoverno,oMinistériodaEducação(MEC),através da Resolução nº 12, de 10 de maio de 1995, cria o Programa deManutençãoeDesenvolvimentodoEnsinoFundamental(PMDE).Maistarde,esteprogramaviriaachamar-seProgramaDinheiroDiretonaEscola(PDDE),comapublicaçãodaMedidaProvisórianº1.784,de14dedezembrode1998.

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1.2.PROGRAMASFEDERAISDEAPOIOÀSESCOLAS

1.2.1.ProgramaDinheiroDiretonaEscola–PDDE

ApósapromulgaçãodaMedidaProvisórianº1.784,de14dedezembrode1998,oProgramaDinheiroDiretonaEscola(PDDE)foioficialmenteinstituído.Este Programa visa, objetivamente, prestar assistência financeira às escolaspúblicasdoensino fundamentaleaescolasdeeducaçãoespecial, conformepodeserobservadonoartigo8º

Ficainstituído,noâmbitodoFNDE,oProgramaDinheiroDiretonaEscola,como objetivo de prestar assistência financeira às escolas públicas do ensinofundamentaldasredesestaduais,municipaisedoDistritoFederaleàsescolasde educação especial qualificadas como entidades filantrópicas ou por elasmantidas, observado o disposto no art. 10 desta Medida Provisória(PresidênciadaRepública,1998).

Este programa é responsável por várias ações. Tem como objetivo amelhoria da infraestrutura física e pedagógica das escolas e o reforço daautogestão escolar nos planos financeiro, administrativo e didático, econtribui para elevar os índices de desempenho da educação básica eincentivar o exercício da cidadania com a participação da comunidade nocontrolesocial.

Até2008,oprograma contemplavaapenas as escolaspúblicasdeensinofundamental.Em2009,comaediçãodaMedidaProvisórianº455,de28dejaneiro de 2009 (transformada posteriormente na Lei nº 11.947, de 16 dejunho de 2009), foi ampliado para toda a educação básica, passando aabrangerasescolasdeensinomédioedaeducação infantil, assimcomoospolos da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Em 2012, através da Lei nº11.502, de 11 de julho de 2007, especifica que o apoio à UAB, através da

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CAPES,sedestinaaospolospresenciaisqueofertemprogramasdeformaçãoinicial ou continuada a profissionais da educação básica (Presidência daRepública, 2012). Em 2013, com a publicação da Resolução nº 10 de 18 deabril de 2013, o PDDE é reafirmado, no artigo 2º, como um Programa queproporciona recursos financeiros, não apenas a escolas públicas e a escolasprivadas de educação especial, mas também a polos presenciais daUniversidadeAbertadoBrasil queproporcionem formaçãoaosprofissionaisda educação básica. Percebe-se, aqui, também uma preocupação com amelhoria das infra-estruturas físicas e pedagógicas e com a promoção dagestãodemocráticaeoexercíciodacidadania.

O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) consiste na destinação anual,pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de recursosfinanceiros, em caráter suplementar, a escolas públicas, e privadas deeducaçãoespecial,quepossuamalunosmatriculadosnaeducaçãobásica,eapolospresenciaisdosistemaUniversidadeAbertadoBrasil(UAB)queofertemprogramas de formação inicial ou continuada a profissionais da educaçãobásica, com o propósito de contribuir para o provimento das necessidadesprioritárias dos estabelecimentos educacionais beneficiários que concorramparaagarantiadeseufuncionamentoeparaapromoçãodemelhoriasemsuainfra-estruturafísicaepedagógica,bemcomoincentivaraautogestãoescolare o exercício da cidadania com a participação da comunidade no controlesocial(MinistériodaEducação,2013b).

Conformerefereoartigo8ºde18abrilde2013,paraatransferênciadosrecursos não é necessário a celebração de convênio ou instrumentocongênere, a transferência ocorre de acordo com o número de alunosextraídodoCensoEscolardoanoanterioraodorepasse.Osrecursosdevemser destinados a melhoria da infraestrutura física e pedagógica dosestabelecimentos de ensino, sendo empregados na aquisição de materialpermanente, na realização de pequenos reparos, adequações e serviçosnecessários à manutenção, conservação e melhoria da estrutura física, naaquisição de material de consumo, na avaliação de aprendizagem, na

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implantação de projeto pedagógico e no desenvolvimento de atividadeseducacionais.

EsteprogramatemcomoparceirosasEntidadesExecutoras(EEx),quesãoasprefeiturasmunicipaisesecretariasdistritais,querecebemorecursopelasescolas que não possuem UEx ou dos polos presenciais da UAB a elavinculados;asUnidadesExecutoras(UEx),tambémdenominadasdeconselhoescolar ou associação de pais emestres, que devem ser entidades privadassem fins lucrativos, e que representam as escolas públicas e os polospresenciaisdaUAB,sendointegradaspormembrosdacomunidadeescolaretambém as Entidades Mantenedoras qualificadas como beneficente deassistência social ou representantes das escolas privadas de educaçãoespecial. Todas são responsáveis pelo recebimento dos recursos destinadospelo programa assim como pela execução e prestação de contas dessesrecursos(MinistériodaEducação,2013b).

Amaioriadasescolasquecompõemaeducaçãobásicanomunicípioequepossuemmaisdecinquentaalunosmatriculados,requesitonecessárioparaainstituiçãodaUnidadeExecutora,podemconstituir a suaUExe ficar aptaareceber os recursos. Às escolas que possuem até cinquenta alunos, suainstituiçãoéfacultada,porémrecomendadapelaresolução.

Em caso de dúvidas sobre como realizar a composição da UnidadeExecutora o FNDE disponibiliza em seu sítio eletrônico um Manual deOrientaçãoparaConstituiçãodeUnidadeExecutoraPrópria(UEx)quepodemserusadascomoreferênciaparaessaação(MinistériodaEducação,2009a).

O cálculo do valor do montante a ser repassado anualmente para asescolas ou polos, será calculado pela soma do valor fixo, definido porestabelecimento de ensino conforme o tipo e a localização da escola a serbeneficiada, como valor variável per capita, conformeo número de alunosmatriculadosnoestabelecimentoeobedecendoaosparâmetrosos "ValoresReferenciaisdeCálculoparaRepassesdoPDDE"conformetabelaabaixo.Natabela seguinte são demonstrados, a título de exemplo, os valores fixos e

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valorespercapitaemreais (R$),utilizadosnocálculodos repassesdoPDDEbásico.

Tabela 1 - Tabela com os valores que servem de cálculo para o repasse dos recursos conforme a Resolução nº 10, de 18 de abril de 2013

VALORESREFERENCIAISDECÁLCULOPARAREPASSESDOPDDE

ValorFixo/ano(VF/a)=R$1.000,00 ValorPerCapita/ano(VPC/a)=R$20,00

EscolapúblicaurbanacomUEx:1xVF/a

AlunosdeescolasurbanasoururaiscomUEx:1xVPC/a

EscolapúblicaruralcomUEx:2xVF/a AlunosdeescolasurbanassemUEx:2xVPC/a

Escolaprivadadeeducaçãoespecial:1xVF/a

AlunosdeescolasruraissemUEx:3xVPC/a

PolopresencialdaUAB:3xVF/a Alunospúblicoalvodaeducaçãoespecialemescolapública:4xVPC/a

Alunosdeescolaprivadadeeducaçãoespecial:3xVPC/a

AlunosdepolospresenciaisdaUAB:1xVPC/a

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Tabela 2 - Tabela com a demonstração dos valores fixos e valores per capita em reais (R$), utilizados no cálculo dos repasses do PDDE básico

Especificação ValorFixo(R$) Valorpercapita(R$)

EscolapúblicaurbanacomUEx 1.000,00 20,00

EscolapúblicaruralcomUEx 2.000,00 20,00

Escolaprivadadeeducaçãoespecial

1.000,00 60,00

EscolapúblicaurbanasemUEx - 40,00

EscolapúblicaruralsemUEx - 60,00

Públicoalvodaeducaçãoespecialemescolapública - 80,00

ParafacilitarorecebimentodorecursopelasUnidadesExecutoras,apartir

doanode2013asSecretariasEstaduaisdeEducaçãoePrefeiturasMunicipaisque já tinham aderido ao PDDE em anos anteriores, por meio do sistemaPDDEweb,foramdispensadasderealizaresseprocedimentoanualmenteparaquefossepossívelagilizaratransferênciadosrecursosfinanceiros.

Podemos demonstrar, segundo dados do FNDE os valores repassados noperíodo de 2009 a 2014 o que comprova o montante investido eencaminhado diretamente para os estabelecimentos de ensino do país,beneficiando diretamente milhões de estudantes, proporcionando umamelhorasignificativanaqualidadedoensinolocal.

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Tabela 3 - Tabela com o demonstrativo de Execução do PDDE Básico e Ações de 2009 a 2014

Exercício Valorrepassado Nºdeescolas

2009 1.143.253.575,00 114.017

2010 1.426.711.942,36 117.786

2011 1.501.121.385,04 116.593

2012 2.037.644.837,56 116.593

2013 2.652.573.903,00 133.479

2014 2.499.401.135,46 134.354

Quando os estabelecimentos de ensino seguem as orientações devidas,

constituem suas Unidades Executoras, mantém suas informações no Censoescolar atualizadas, fazem seu cadastronoPDDEweb, condiçõesnecessáriasparapermitirorecebimentodorecursoeasUnidadesExecutorasporsuavezrealizamsuasprestaçõesdecontasanualmenteorganizandoadocumentaçãonecessária que comprove as despesas como: ata de planejamento, trêspesquisas de preço, planilha de consolidação de preço, cópia doscomprovantesdepagamentosedosdocumentoscomprobatórioscomonotasfiscaiserecibos,entreoutros,ficamaptasareceberosrecursosreferentesaoprograma(MinistériodaEducação,2011).

TodaessadocumentaçãoéanalisadapelosetordeProgramaseProjetos,da Secretaria Municipal de Educação, responsável entre outras ações peloacompanhamento e análise das prestações de contas das UnidadesExecutoras do Município. Após essa primeira análise, as prestações sãoencaminhadas para o setor de Convenio na PrefeituraMunicipal da cidade,caso seja constatado alguma irregularidade, este setor informa ao FNDE, arelaçãodasescolasqueestãoadimplentesearelaçãodasescolasqueestão

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inadimplentes comadevida justificativa.Aescola considerada inadimplenteficaimpossibilitadadereceberqualquerrecursodoPDDE.

A escola que estiver apta para receber o recurso pode verificar sualiberação pelo governo federal através do sitio do FNDE no link PDDE -ConsultaeteracessoaRelaçãodeUnidadesExecutorasAtendidaspeloPDDE–PDDEREx,ondeosvaloresliberadosaparecemdeacordocomaclassificaçãode despesas em custeio e capital, facilitando assim o planejamento dasdespesas.

A importância de realizar esse acompanhamento referente aos recursosliberados, facilitaaexecuçãodosmesmos,poisoPDDEcomodecorrerdosanos tornou-se o principal programa do Governo Federal por onde sãoviabilizadososoutrosprogramasquecomplementamasaçõesdogovernoemdiferentes áreas como: Escola Acessível, Mais Educação, PDE Escola, MaisCulturaeoutros.

Easescolasprecisamseorganizarpoisgerenciampelomenosdeumadoisrecursos de programas distintos, chegando algumas escolas a gerenciar atéquatro programas de uma vez, o que implica em uma conta corrente paracada programa, cheques específicos para o pagamento das despesas eprestaçõesdecontadistintasquedevemserentreguesaofinaldecadaanopelaescola.

Atualmente o Governo Federal aprimorou uma plataforma de trabalho,chamadaPDDE Interativo.Em2011esta ferramentarecebiaonomedePDEInterativo e era disponibilizada apenas para as escolas que haviam sidopriorizadas para participarem do programa PDE Escola. A partir de 2014recebe o nome de PDDE Interativo por agregar diferentes programasconformeesclareceomanualdisponívelparaessefim.

Em2014,oPDEInterativopassaráasechamarPDDEInterativo.Essamudançadenomeépartedoesforçodeconvergênciadeprogramasquetrabalhamsoba égide do ProgramaDinheiroDireto na Escola (PDDE) para umaplataformaúnica: o PDDE Interativo. Este ano, farão parte do sistema os seguintesprogramas do MEC: PDE Escola, Atleta na Escola, Ensino Médio Inovador

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(PROEMI),MaisEducação,EscolasdoCampo,EscolasSustentáveiseÁguanaEscola(MinistériodaEducação,2014a).

O PDDE interativo é uma ferramenta de apoio à gestão escolar e estádisponível para todas as escolas públicas, desde 2012, independente dorepasse ou não de recursos federais. Foi desenvolvido pelo Ministério daEducação em parceria com as secretarias estaduais e municipais, cujoprincipalobjetivoé“auxiliaracomunidadeescolaraproduzirumdiagnósticodesuarealidadeeadefiniraçõesparaaprimorarsuagestãoeseuprocessodeensinoeaprendizagem.”(MinistériodaEducação,2014a,p.4).Eainda,

FacilitaraadesãodediretoresescolaresaosprogramasdoMEC,centralizandoinformações relativas às diferentes ações (como prazos, listas de escolaspriorizadaseinformaçõesdelogin);efomentaraparticipaçãodacomunidadeescolarnasdecisões sobreadestinaçãodos recursosPDDE, condicionandoorecebimento desses recursos à elaboração dametodologia de planejamentoparticipativodoPDDEInterativo(MinistériodaEducação,2014a).

Todosessesprogramasjuntostêmoobjetivodemelhoraraqualidadedoensino nas escolas públicas: cada um atende a uma área especifica, algunsprogramasestabelecemparâmetrosparaqueasescolaspossamseratendidasprioritariamente como o PDE Escola e Escola Acessível por meio de umarelaçãodisponibilizadapeloMinistérioda Educação, enquantoqueoutros aprópria escola escolhe aderir ou não ao programa pormeio da plataformacitada acima, como ocorre com o Mais Educação e Educação do Campo.Apesar da plataforma agregar uma variedade de programas, alguns aindaficaramdefora,oquemesmoassimnãoimpedeoacessodasescolas.

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1.2.2.PlanodeDesenvolvimentodaEscola–PDEEscola

O PDE Escola foi criado com o objetivo demelhorar a gestão escolar, aqualidadedoensinoeapermanênciadascriançasnaescola.Éumprogramaque tem por característica principal o aperfeiçoamento da gestão escolardemocrática.Lançadonopaísem2007juntamentecomoDecretonº6.094,que dispõe sobre o “Plano de Metas Compromisso todos pela Educação”,busca auxiliar a escola a realizar um planejamento estratégico, a partir dodiagnósticodaescolaedaidentificaçãodosdesafiosaseremsuperadosparaque possa com base em dados, implementar ações que deverão compor oPlanodeAçãodaEscola.Esteplanodeveráserelaboradocomaparticipaçãoda comunidade escolar, e encaminhado para análise da Secretaria, que porsua vez, encaminhará para o MEC para validação e somente depois deanalisado e aprovado é feita a solicitação do pagamento dos recursos aoFNDE.

Deacordocomaúltimaresoluçãoquenorteiaautilizaçãodesterecurso,estabelecealgunscritériosparaorecebimentodomesmocomo:

I.IDEBalcançadoem2011 tenha sido igualou inferior a3,6nosAnos Iniciaisou3,2nosAnosFinais;ouII.IDEBreferentea2011,dosanosiniciaisoufinais,ainda que possuam índices superiores aos mencionados no inciso anterior,figureentreos5%maisbaixosresultadosdarededeensinodoentefederado;

Parágrafoúnico. Sãopassíveis de atendimento as escolas que se enquadramnosrequisitossupracitadosequenãotenhamsidobeneficiadascomrepassederecursosdaaçãonobiênio2011/2012,desdequeasEntidadesExecutoras(EEx), às quais estejam vinculadas, tenham aderido ao Plano de Metas“CompromissoTodospelaEducação”easescolas tenhamtidoaprovado seuplanejamento para implementação do Plano de Desenvolvimento da Escola,porintermédiodosistemaPDDEInterativo,disponívelnoendereçoeletrônicohttp://pdeinterativo.mec.gov.br, comvistasa favoreceramelhoriadagestãoescolar(MinistériodaEducação,2013d).

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O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, foi criado em2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnísioTeixeira– INEPparamediraqualidadedoensinobásicobrasileiro.O IDEBémedidoacadadoisanosemumaescalaquevariadezeroadez,seuíndiceácalculadoatravésdedoisconceitos,aaprovaçãoescolar,obtidaatravésdosdados do Censo Escolar e pelo desempenho dos estudantes em línguaportuguesa e matemática, definido a partir dos resultados da Prova Brasil1realizada pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica-SAEB. AsmetasdeprojeçãoparaoBrasilvariamdeacordocomosquadrosabaixo:Tabela 4 - Tabela com as metas para os anos iniciais do ensino fundamental. Os resultados destacados em negrito referem-se ao IDEB que atingiu a meta. Fonte: INEP

IDEBObservado Metas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Total 3.8 4.2 4.6 5.0 5.2 3.9 4.2 4.6 4.9 6.0

DependênciaAdministrativa

Estadual 3.9 4.3 4.9 5.1 5.4 4.0 4.3 4.7 5.0 6.1

Municipal 3.4 4.0 4.4 4.7 4.9 3.5 3.8 4.2 4.5 5.7

Privada 5.9 6.0 6.4 6.5 6.7 6.0 6.3 6.6 6.8 7.5

Pública 3.6 4.0 4.4 4.7 4.9 3.6 4.0 4.4 4.7 5.8

1ProvaBrasil:sãoavaliaçõesparadiagnóstico,emlargaescala,desenvolvidaspeloInstitutoNacionaldeEstudos

ePesquisasEducacionaisAnísioTeixeira(Inep/MEC).Têmoobjetivodeavaliaraqualidadedoensinooferecidopelosistemaeducacionalbrasileiroapartirdetestespadronizadosequestionáriossocioeconômicos.

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Tabela 5 - Tabela com as metas para os anos finais do ensino fundamental. Os resultados destacados em negrito referem-se ao IDEB que atingiu a meta. Fonte: INEP

IDEBObservado Metas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Total 3.5 3.8 4.0 4.1 4.2 3.5 3.7 3.9 4.4 5.5

DependênciaAdministrativa

Estadual 3.3 3.6 3.8 3.9 4.0 3.3 3.5 3.8 4.2 5.3

Municipal 3.1 3.4 3.6 3.8 3.8 3.1 3.3 3.5 3.9 5.1

Privada 5.8 5.8 5.9 6.0 5.9 5.8 6.0 6.2 6.5 7.3

Pública 3.2 3.5 3.7 3.9 4.0 3.3 3.4 3.7 4.1 5.2

Tabela 6 - Tabela com as metas para o ensino médio. Os resultados destacados em negrito referem-se ao IDEB que atingiu a meta. Fonte: INEP

IDEBObservado Metas

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021

Total 3.4 3.5 3.6 3.7 3.7 3.4 3.5 3.7 3.9 5.2

DependênciaAdministrativa

Estadual 3.0 3.2 3.4 3.4 3.4 3.1 3.2 3.3 3.6 4.9

Privada 5.6 5.6 5.6 5.7 5.4 5.6 5.7 5.8 6.0 7.0

Pública 3.1 3.2 3.4 3.4 3.4 3.1 3.2 3.4 3.6 4.9

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Este programa atende as escolas com baixo rendimento no IDEB. Osrecursossãorepassadospordoisanosconsecutivosedestinam-seaauxiliaraescola na realização das ações dos planos validados pelo MEC. Os valorestransferidos para as Unidades Executoras são baseados no número dematriculas do Censo Escolar do ano anterior e de acordo com as faixasdefinidasnaresolução.

Segundo Dermeval Saviani (2007), em seu artigo intitulado “O Plano dedesenvolvimentodaeducação:análisedoprojetodoMEC”sãodoisospilaresquesustentamoPDE,otécnicoeofinanceiro.

Dopontodevistatécnico,oPDEseapóiaemdadosestatísticosreferentesaofuncionamentodasredesescolaresdeeducaçãobásicaeeminstrumentosdeavaliaçãoconstruídosapartirdeindicadoresdoaproveitamentodosalunoseexpressos nas provas aplicadas regularmente sob coordenação do INEP, apartirdosquaisfoielaboradooÍndicedeDesenvolvimentodaEducaçãoBásica(IDEB)(SAVIANI,2007,p.1245).

Esteíndiceéutilizadoparadefinirmetaseorientarasaçõesquepoderãoelevar a qualidade do ensino brasileiro durante um longo período, a cadaetapaprogressivamenteprogramadaatéoanode2022, cujo intuito seriaoalcancedamédia6,0pelasescolasbrasileiras, índiceobtidopelospaísesdaOrganização para Cooperação eDesenvolvimento Econômico (OCDE), o quefariacomqueoBrasilentrasseparaoseletogrupodos20paísescommaiorodesenvolvimentoeducacionaldomundo.

Do ponto de vista financeiro, os recursos básicos com que conta o PDE sãoaquelesconstitutivosdoFUNDEB,aosquaisoMECsepropõeaadicionar,em2007,umbilhãodereaisvisandoaatenderprioritariamenteosmilmunicípioscomosmaisbaixosníveisdequalidadeaferidospelo IDEB(SAVIANI,2007,p.1246).

Entretanto como nos afirma Saviani, o FUNDEB representa umconsiderável avanço pois amplia o seu raio de ação para toda a educação

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básica, mas não representa um aumento significativo de investimentos naeducaçãopoishouveumaumentononúmerodealunosatendidoquenãofoiproporcional ao volume de capital investido. “Em suma, o FUNDEB é umfundo de natureza contábil que não chega a resolver o problema dofinanciamentodaeducação.Representaumganhodegestão;porém,nãoumganhofinanceiro.”(Saviani,2007).Masseessesrecursosforembemaplicadospodemcontribuirparaumamelhoriadaqualidadeeducacionalbrasileira.

AconstruçãodoPlanodeAçõesFinanciáveis-PAF,umadasúltimasetapasdaconstruçãodoPDE,contémdoistiposdeações:asaçõesnãofinanciáveiseasaçõesfinanciáveis.AsprimeirasnãoprecisamaguardaraaprovaçãodoPAFe podem ser executadas logo após a aprovação do PDE. Já as açõesfinanciáveis devem respeitar o limite de setenta por cento para custeio2 etrinta por cento para capital3 isso implica dizer que as ações elaboradasdevemestarvoltadasnasuamaioriaparaamelhoriadoprocessodeensino-aprendizagemdoalunoeaguardaraaprovaçãotantodoComitêEstratégicodo PDE da Secretaria de Educação, quanto pelo setor responsável noMinistériodaEducaçãopeloPDEEscola.

Apósaaprovaçãodoplano,casoaescolaentendaqueénecessáriorealizaruma mudança nas ações, a mesma deverá reunir o Conselho Escolar paradefinirasmudançaseapósdiscussãoencaminharparaoComitêEstratégicoque temaautonomiaparavalidarounãoamudançadaação.Devendoser

2 Custeio: Recursos de custeio são aqueles destinados à aquisição de bens e materiais de consumo e à

contratação de serviço para a realização de atividades demanutenção, necessários ao regular funcionamento daescola(ManualdeOrientaçõesBásicasdoPDDE2003).Exemplos:1.Papel,cartolina,materialdelimpeza,giz,tintadeparede, fitade vídeovirgem,material paramanutençãoe reparodas instalaçõeselétricas,hidráulicase sanitárias(fios,tomadas, interruptores,canos,conexõesetc).2.Contrataçãodeserviçospararealizaçãodepinturadoprédio,reparos nas instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias, e reparo de equipamentos, desde que não sejamcontratadosservidoresquetenhamvínculocomaadministraçãopúblicadequalqueresferadegoverno

3 Capital: Recursos de capital são aqueles destinados a cobrir despesas com a aquisição de equipamentos ematerialpermanenteparaasescolas,queresultememreposiçãoouelevaçãopatrimonial (ManualdeOrientaçõesBásicasdoPDDE/2003).Exemplo:aquisiçãodebebedouro,fogão,armário,ventilador,equipamentodeinformática,retroprojetor,projetordeslides,geladeira,mimeógrafoetc

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encaminhadoparaosetorresponsávelumdocumentosolicitandoumajusteno plano, cabendo a este Comitê emitir um parecer de ajuste favorável ounão.

E enquanto este recurso não estiver sendo utilizado deverão serobrigatoriamenteaplicados,sejaemcadernetadepoupançaouemfundodeaplicação financeira de curto prazo, conforme a resolução §5, Art. 18, daResolução04de17demarçode2009.Quantoaprestaçãodecontas,deveseguirasmesmasorientaçõesdoPDDE,inclusiveoprazodeentrega.

1.2.3.ProgramaMaisEducação

No Brasil, desde a primeirametade do século XX é possível perceber astentativas de implementação da educação integral por meio de diferentesmovimentos sejam eles por influência religiosa, movimentos sociais oupersonalidades intelectuais como Anísio Teixeira, um dos mentores doManifesto dos Pioneiros da Escola Nova. Ele defendia uma educação quedeveria desenvolver todas as habilidades possíveis como a leitura, amatemática, as ciências, as artes, a música, a educação física e aindaproporcionar uma alimentação saudável para as crianças (Ministério daEducação,2009c).

Em 1950, na cidade de Salvador, na Bahia, Anísio Teixeira implantou oCentro Educacional Carneiro Ribeiro, realizando nesse centro, atividadesescolares fundamentadas no seu ideal de educação, onde nas chamadasEscolas–Classes,osalunostinhamasaulasconsideradasconvencionaiscomonasdemaisescolasenaEscolaParqueotempodeaprendizadoeradestinadoas atividades diversificadas que complementavam o desenvolvimento dacriançacomoaarte,educaçãofísica,musica,trabalhosmanuaiseatividadessociais(MinistériodaEducação,2009c).

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SeguindoalinhadaeducaçãointegralemBrasílianadécadade60,outroscentros educacionais foram criados tendo como referência a experiência daBahia. Nesse período Anísio Texeira atuava como presidente do INEP ejuntamentecomDarcyRibeiroeoutroscelebresdaeducaçãofoi,apedidodoentão Presidente da República Jucelino Kubitschek, convocado paracoordenaracomissãoqueorganizouosistemaeducacionaldacapitalequedeveriaservirdemodeloparatodooBrasil(ibidem,2009c).

Jánosanos80DarcyRibeiro,baseadonaexperiênciacomAnísioTeixeiraetendo como arquiteto o Oscar Niemeyer, iniciou a implantação no Rio deJaneiro da educação integral através dos Centros Integrados de EducaçãoPública – CIEPs. Foram construídos aproximadamente quinhentos prédiosescolares cuja estrutura permitia abrigar a “Escola Integral em horáriointegral”(ibidem,2009c).

A intenção com esses exemplos é de demonstrar que houveram outrasexperiências voltadas para a iniciativa de implantar a educação em tempointegral em diferentes locais no nosso país e que devido as discussõesprovocadasporessaseoutras iniciativas,oqueenvolvetodaumadiscussãopolíticaeideológica,instigouogovernofederalaelaborarumprogramaquepudesseatenderaessademanda.

OProgramaMaisEducação foi criadoapartirdaPortaria Interministerialnº17/2007que”visafomentaraeducaçãointegraldecrianças,adolescentese jovens, por meio do apoio a atividades sócio-educativas no contraturnoescolar”(Ministério da Educação, 2007a) e teve suas ações regulamentadaspelodecretonº7.083,de27de janeirode2010quenoseuartigoprimeirodiz:”OProgramaMaisEducaçãotemporfinalidadecontribuirparaamelhoriada aprendizagem por meio da ampliação do tempo de permanência decrianças, adolescentes e jovens matriculados em escola pública, medianteoferta de educação básica em tempo integral.”(Presidência da República,2010).

SãoobjetivosdoProgramaMaisEducação,deacordocomoartigo3ºdoDecretonº7.083:

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I-formularpolíticanacionaldeeducaçãobásicaemtempointegral;

II-promoverdiálogoentreosconteúdosescolareseossabereslocais;

III-favoreceraconvivênciaentreprofessores,alunosesuascomunidades;

IV-disseminar as experiências das escolas que desenvolvem atividades deeducaçãointegral;e

V-convergir políticas e programas de saúde, cultura, esporte, direitoshumanos, educação ambiental, divulgação científica, enfrentamento daviolência contra crianças e adolescentes, integração entre escola ecomunidade, para o desenvolvimento do projeto político-pedagógico deeducaçãointegral.(PresidênciadaRepública,2010)

Éumaestratégiadogovernofederalparaaampliaçãoda jornadaescolarnasescolaspúblicaseasuaorganizaçãocurricularnaperspectivadaEducaçãoIntegral.Asatividadespedagógicasdesenvolvidasapartirdoprogramavisamapossibilidadedeuma troca realdeconhecimentoentreosdiversosatoresenvolvidos no processo, alunos, professores, comunidade, voluntários eoutros.Alémdeumaadaptaçãodoespaçoqueaescolapossuipararealizarassuas atividades, assim como o tempo disponibilizado para a realização dasmesmas.Implicaemmudançasdiretasnocotidianoescolar,narelaçãoensinoe aprendizagem e nos próprios paradigmas que envolvem os conceitosrelacionadosàeducaçãointegral.

Éumamudançaprofundae lenta,quedeveservividapelosatoresdesseprocesso e constantemente avaliada. A participação dos governos se tornamuito importante pois sem esse apoio seria difícil transpor essa ponte ealcançar de fato a implantação de uma educação que atenda em tempo eespaçodequalidadeoperíodointegral.

Seguindo as orientações, a jornada escolar deve ser elevada para setehorasdiáriasou trintaecincosemanais.Atualmente,a jornadaconsisteemquatro horas diárias ou vinte horas semanais e as atividades devem fazer

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relaçãocomoacompanhamentopedagógicoedesenvolvimentodeatividadesculturais(MinistériodaEducação,2013c).

A escolha dos macrocampos e das atividades que serão desenvolvidaspelas escolas é feita na plataforma do PDDE Interativo onde ficadisponibilizadaaabaparapreenchimentodosdadoscasoaescolaatendaaumdoscritériosestabelecidosparaaadesão.Nesteambientevirtualaescolaaceitaparticipardoprogramaquandoconfirmaonúmerodealunosqueserãoatendidos e escolhe as atividades que serão realizadas conforme osmacrocampos. Para que seja feito uma escolha adequada ao perfil de cadaescola é disponibilizado o Manual Operacional de Educação Integral, neleconstam orientações e critérios para a adesão ao programa tanto pelasescolasurbanasquantopelasescolasdocampo,osmacrocamposeatividadesdisponíveis, respeitando a especificidade de cada ambiente, e ainda asugestãodeitensparaaquisiçãoquevariamconformeaatividadeescolhida,aformação das turmas e a participação dos monitores, entre outrasinformaçõespertinentes(MinistériodaEducação,2014b).

Os macrocampos disponíveis para as escolas urbanas são:Acompanhamento Pedagógico (obrigatório); Comunicação, Uso deMídias eCulturaDigitaleTecnológica;Cultura,ArteseEducaçãoPatrimonial;EducaçãoAmbiental, Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária eCriativa/Educação Econômica; Educação em Direitos Humanos; Esporte eLazere,PromoçãodaSaúde(MinistériodaEducação,2014b).

E para as escolas do campo são: Acompanhamento Pedagógico(obrigatório); Agroecologia; Iniciação Científica; Educação em DireitosHumanos;Cultura,ArteseEducaçãoPatrimonial;EsporteeLazere,MemóriaeHistóriadasComunidadesTradicionais(ibidem,2014b).

Dentrodecadamacrocampoexistemdiversasatividades,odiretorescolardeveráescolherquatro, sendoqueobrigatoriamentedeveráconstaralgumaatividade do Acompanhamento Pedagógico. Caso tenha interesse em umaquinta atividade ela deverá ser Esporte da Escola/Atletismo e múltiplasvivenciasesportivas.Odetalhamentodecadaatividade,osrecursosdidático-

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pedagógicos e financeiros são publicados no manual específico para aeducaçãointegral(MinistériodaEducação,2013c).

ASecretariadeEducaçãoBásica–SEBéa responsávelpela coordenaçãodo programa, em parceria com as secretarias estaduais ou municipais deeducação. E paraque sejapossível suaoperacionalização, o FNDEo faz pormeio do PDDE e do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.Através do PDDE as escolas recebem o recurso financeiro em uma contaespecíficaparaeste fimpodendo serutilizadopara a aquisiçãodematerial,pagamento de transporte, contratação de serviços, ressarcimento demonitores.Ovalorrepassadoéparaseismesesevariaconformeonúmerodeestudantes matriculados no Censo Escolar do ano anterior e, por meio doPNAE,édestinadoparaomunicípioumrecursoextraparaquesejapossívelaalimentação das crianças beneficiadas pelo programa (Ministério daEducação,2013c).

DentrodoProgramaMaisEducação-PMEdsãodesenvolvidasoutrasaçõescomo Relação Escola-Comunidade para garantir a abertura da escola nosfinaisdesemana.Elapropõequeacomunidadeescolaredoentornoparticipede oficinas ou palestra utilizando o espaço escolar “com o objetivo devalorizaraculturalocal,atenderasdemandasespecíficasdacomunidadecomrealidades diversas e incentivarmovimentos locais de organização cidadã eresgatedevalorescomunitários”(MinistériodaEducação,2014b,p.33).

Outra ação é o Mais Educação para Jovens de 15 a 17 anos no EnsinoFundamental que visa atender jovens dessa faixa etária e que estão emdefasagemidade/anodeescolaridadeograndedesafioasersuperadoé:

identificareorganizarpropostaspedagógicascontemporâneaseadaptáveisàsdiferentes realidades das escolas públicas localizadas nos mais variadoscontextos brasileiros, a fim de superar os entraves que impedem aregularização do fluxo escolar deste universo de adolescentes e jovens(MinistériodaEducação,2014b,p.35).

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EoProgramaEscolasInterculturaisdeFronteira–PEIF,atendeascidadesdoBrasilquefazemfronteiracomoutrospaíses.“Oobjetivodoprogramaépromover a integração regional por meio da educação intercultural quegarantaformaçãointegralàscriançaseaosjovensnasregiõesdefronteiradoBrasilcomoutrospaíses(MinistériodaEducação,2014b,p.37).

Implementaressanovajornadadaeducaçãointegralemtodoopaíséumgrande desafio para os governantes nas mais diferentes esferas, para osgestores educacionais, professores e comunidade local, pois instiga umamudançadeaçãoepercepçãodaeducaçãobásicaofertadaedaimportânciadessa política pública que está em construção nesse momento e aindapermite a escola enquanto espaço educativo se reinventar para atender asnovasnecessidadesdessaetapanaeducaçãobrasileira.

1.2.4.ProgramaMaisCulturanasEscolas

A promulgação da Emenda Constitucional nº 71/2012, que acrescenta oartigo216-Aàconstituição,permitiuaoMinistériodaCulturainstituiroPlanoNacional de Cultura com cinquenta e três metas e elaborar o documentobásicodoSistemaNacionaldeCultura–SNCquefoiaprovadopeloConselhoNacionaldePolíticaCultura.

Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime decolaboração,deformadescentralizadaeparticipativa,instituiumprocessodegestãoepromoção conjuntadepolíticas públicas de cultura, democráticas epermanentes,pactuadasentreosentesdaFederaçãoeasociedade,tendoporobjetivopromoverodesenvolvimentohumano,socialeeconômicocomplenoexercíciodosdireitosculturais(PresidênciadaRepública,2012).

Ao instituiroSistemaNacionaldeCultura começamosa trilharum longocaminho em busca da valorização da cultura em nosso país. Até ao ano de

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2012 apenas 1.407 municípios, 22 estados e o Distrito Federal haviam seintegradoaoSNCatravésdaassinaturadoAcordodeCooperaçãoFederativa.A consolidação deste sistema é umprocesso de longo prazo comodiz JoãoRoberto Peixe, secretário de articulação institucional: “porque envolve ainstitucionalização de uma política cultural realmente densa e digna de serchamada de política “pública”, no sentido de envolver a todos, Estado eSociedade,governantesegovernados”(MinistériodaCultura,2013).

Paratantoestesistemafundamenta-senosseguintesprincípios:

§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional decultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, erege-sepelosseguintesprincípios:I-diversidadedasexpressõesculturais;II-universalização do acesso aos bens e serviços culturais; III - fomento àprodução, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais; IV -cooperaçãoentreosentesfederados,osagentespúblicoseprivadosatuantesna área cultural; V - integração e interação na execução das políticas,programas, projetos e ações desenvolvidas; VI - complementaridade nospapéisdosagentesculturais;VII-transversalidadedaspolíticasculturais;VIII-autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil; IX -transparênciaecompartilhamentodas informações; X-democratizaçãodosprocessosdecisórioscomparticipaçãoecontrolesocial;XI-descentralizaçãoarticulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações; XII - ampliaçãoprogressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura(PresidênciadaRepública,2012).

Nabuscapeloreconhecimentodaculturacomonecessidadebásica,àqualtodososbrasileirostenhamacesso,oMinistériodaCultura,emparceriacomo Ministério da Educação, inicia o Programa Mais Cultura nas Escolas, naperspectiva de promover a integração entre cultura e a educação, onde oespaço escolar se torne o ambiente mais propício para a divulgação dacultura,oacessoeorespeitoàdiversidadecultural.

Açõesqueenvolvamamelhoriadaqualidadedoensinobrasileiroéoquemove os dois ministérios, implementar uma política que fomente avalorização da cultura regional e local de cada estado ou município, que

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incentive a parceria entre universidades, espaços culturais diversos, artistaslocais, governos e população é o grande desafio a ser encarado pelosresponsáveispelaimplementaçãodoProgramaMaisCulturanasEscolas.

SegundoomanualdisponibilizadopeloMinistériodaCultura,oprogramaconsiste em uma iniciativa interministerial cuja finalidade é fomentar açõesque promovam o encontro entre o projeto pedagógico de escolas públicascontempladascomosProgramasMaisEducaçãoeEnsinoMédio Inovadoreexperiênciasculturaiseartísticasemcursonascomunidadeslocais(MinistériodaCultura,2014).

As escolas, antes de inscreverem os seus projetos deverão procurarparceriascomgrupos locais, sejadedança, teatro,músicaeoutros,oucominstituiçõesquedesenvolvamalgumtipodeatividadeculturalequetenhaminteresse emparticiparnoprojetodaescola.A intençãoédeque aconteçaum estreitamento da comunidade escolar com a comunidade artística e avalorização dos diversos tipos de cenários culturais, de tal modo que essaprática se incorpore aos processos pedagógicos desenvolvidos no ambienteescolar. Estabelecer uma relação que envolva responsabilidade ecompromissomútuocoma iniciativaculturalparceiraé fundamentalparaosucessodoprograma.

Dentreosobjetivoselencadosnomanual,reconhecerepromoveraescolacomoespaçodecirculaçãoeproduçãodadiversidadeculturalbrasileiraéopontodepartidaparaqueosalunos,professoresedemaisparceirosdaescolatenhamacessoauma inestimáveldiversidadeculturalexistentenestenossoimensopaís(MinistériodaCultura,2014).

OprojetoconstruídoemparceriairácomporoPlanodeAtividadeCulturalque pode apresentar as “mais diversas linguagens artísticas (música,audiovisual, teatro, circo, dança, artes visuais, etc.) e/ oumanifestações dacultura (tradiçãooral, rádio, culinária,mitologia, vestuário, internet,mímicaetc.)”. São modelos ou propostas preexistes de atividades para seremdesenvolvidas. A escola tem total liberdade para criar, inventar, aproveitar,

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aperfeiçoarqualquerpropostaapresentada,masdeveobservarosseguintespreceitos:

1-Dialogar com o projeto pedagógico da escola, evidenciando as trocas deexperiências entre os parceiros, bem como as respectivas contribuiçõespotenciaisdecadaumàrealizaçãodoPlanodeAtividadeCultural;2-Dialogarcom pelo menos um dos eixos temáticos propostos pelo “Mais Cultura nasEscolas”; 3- Desenvolver processos artísticos e culturais contínuos, podendoser realizadasdentroou foradoespaçoescolar, emcomumacordoentreosparceiros, iniciativa cultural e escola; 4-Contribuir para a promoção ereconhecimentodeterritórioseducativos,valorizandoodiálogoentresaberesescolares e comunitários e a integração de espaços escolares com espaçosculturais diversos (equipamentos públicos, centros culturais, bibliotecaspúblicas,pontosdecultura,praças,parques,museusecinemas)(MinistériodaCultura,2014).

Aoelaborarasatividades,aescoladeveestaratentaparaqueasmesmasestejam relacionadas com um dos eixos temáticos abaixo relacionados,conformeconstanomanual:

• Residênciadeartistasparapesquisaeexperimentaçãonasescolas;• Criação,circulaçãoedifusãodaproduçãoartística;• Promoçãoculturalepedagógicaemespaçosculturais;• Educação patrimonial - patrimôniomaterial e imaterial,memória,

identidadeevínculosocial;• Culturadigitalecomunicação;• Culturaafro-brasileira;• Culturasindígenas;• Tradiçãooral;• EducaçãoMuseal;

AsescolasqueparticiparamnoProgramaMaisEducaçãoeEnsinoMédio

Inovador, ao acessar o PDDE-Interativo, poderão inserir seus projetos noPlano de Atividade Cultural e encaminhar via sistema eletrônico, PDDE

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Interativo, para secretaria estadual ou municipal, que por sua vezencaminhará para avaliação e parecer dos Ministérios da Educação e daCultura(MinistériodaCultura,2014).

OvalordorecursodisponibilizadopormeiodoPDDE-FNDE,serádestinadoàsescolasdeacordocomonúmerodealunosmatriculadoseregistradosnoCenso Escolar no ano anterior ao do repasse, através de suas UnidadesExecutorasouConselhosEscolares(MinistériodaEducação,2014c).

Os recursosdestinadosdevemserempregados respeitandoas categoriaseconômicasdecusteioecapitaleempregadospara:aquisiçãodemateriaisdeconsumo;contrataçãodeserviçosculturaisnecessáriosàsatividadesartísticase pedagógicas; contratação de serviços diversos relacionados às atividadesculturais;locaçãodeinstrumentos,transporteeequipamentos;eaquisiçãodemateriaispermanentes,comoconstanaResoluçãodenº04,de31demarçode2014(MinistériodaEducação,2014c).

Osvaloresaseremrepassadosàsescolasdeverãoseguiratabelaabaixo:

Tabela 7 - Tabela com a demonstração dos valores em reais (R$), utilizados no cálculo dos repasses do PDDE/Programa Mais Cultura

NºdeAlunos ValordoRepasse(custeio)

ValordoRepasse(capital)

ValorTotal

Até500 18.000,00 2.000,00 20.000,00

501a1.000 18.500,00 2.500,00 21.000,00

Acimade1.000 19.000,00 3.000,00 22.000,00

Assim que o recurso estiver disponível na conta da UEx ou Conselho

Escolar, a escola deve iniciar de imediato o desenvolvimento do Plano de

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Atividades, respeitando o prazo estabelecido no cronograma que devecorresponderaseismeses,podendoconcluirasatividadesnoanoseguinte.

Para que sejamantida a qualidade na realização das atividades, a escoladeverá realizar o monitoramento e avaliação do Plano de Atividade viasistema eletrônico. As observações feitas através deste monitoramentopermitirão que a escola reflita sobre a sua atuação juntamente com aentidadeparceirae,casosejapreciso,fazerasadequaçõesnecessáriasparaobomandamentodoprograma.

1.2.5.ProgramaEscolaAcessível

UmdocumentoimportantequeinfluenciouasdecisõespolíticasbrasileirassobreeducaçãoinclusivaéaDeclaraçãodeSalamanca,principalmentequantoàs discussões referente aos conceitos e políticas sociais voltadas para osalunoscomnecessidadeseducacionaisespeciais.

ConstanaDeclaraçãodeSalamanca,entreoutros,que:“cadacriançatemcaracterísticas, interesses,capacidadesenecessidadesdeaprendizagemquelhe são próprios”; “os sistemas educativos devem ser projetados e osprogramas ampliados de modo que tenham em vista toda gama dessasdiferentes características e necessidades”; “o corpo docente, e não cadaprofessor,deverápartilhararesponsabilidadedoensinoministradoàcriançacom necessidades especiais”, mediante essas colocações compreende-se anecessidade de uma mudança quanto ao modo de pensar as açõeseducacionais voltadas ao atendimento de pessoas com necessidadeseducacionaisespeciais(MinistériodaEducação,1994).

Outro documento que também pode ser considerado como um marcohistórico neste sentido foi a Declaração dos Direitos Humanos de Viena(UNESCO,1998b),queasseguraa todosodireitoàeducaçãoeadeclaração

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que vem a complementar esta foi a firmada em Jomtien, na Tailândia, em1990,aDeclaraçãoMundialsobreEducaçãoparaTodos,quenoseuterceiroartigoassegura

“As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras dedeficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas quegarantamaigualdadedeacessoàeducaçãoaosportadoresdetodoequalquertipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo” (UNESCO,1998a,p.4).

As mudanças para atender às necessidades básicas das pessoas comnecessidadeseducacionaisespeciaisdevemacontecerdentrodosambientesescolares de todo o país, perpassando pelas diretrizes nacionais sobreeducação,resoluçõeseorientaçõesquepossamdirecionaraescolanadifíciltarefa de romper comparadigmas tradicionais e propor ações educacionaisqueestejamdeacordocomasnecessidadesespecíficasdosalunos.

A construçãodeuma sociedade inclusiva éumprocessode fundamentalimportância para o desenvolvimento e a manutenção de um Estadodemocrático, como consta no parecer CNE/CEB nº 17/2001,mas um longocaminhofoipercorridoentreaexclusãoeainclusãoescolaresocial.

Atéhápoucotempooatendimentoàsnecessidadeseducacionaisespeciaisdecriançassedavamemescolaseclassesespeciaisseparadasdasociedadecomum e consequentemente entregues aos mais diversos tipos dediscriminaçõesepreconceitos.Essaaçãofavoreciaasegregaçãodascriançasquenecessitavamdeumaatençãodiferenciada.

Com o intuito de eliminar os preconceitos e de integrar os alunosportadores de deficiências nas escolas comuns do ensino regular, surgiu omovimento de integração escolar, onde os alunos que apresentavamqualquer característica diferenciada eram encaminhados para as classesespeciais para serem preparados e posteriormente integrados as classescomuns,semcomissoqueaescolasepreparassepararecebê-los(MinistériodaEducação,2001).

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A integração total só acontecia se o aluno conseguisse acompanhar ocurrículodesenvolvido,comoamaiorianãoatingiaoobjetivoproposto,oquerealmenteaconteciaeraoaumentodosexcluídosnosistemaeducacional.

Atualmente,medianteosdiversosmovimentosfavoráveisaosdireitosdosque necessitam de atendimento educacional especial, houve uma rupturacoma ideologiadaexclusãoeo favorecimentodeumapolíticade inclusão.Tanto que a legislação brasileira atual se posiciona pelo atendimento dosalunos com necessidades educacionais especiais preferencialmente emclasses comuns das escolas, em todos os níveis, etapas e modalidades deeducaçãoeensino(MinistériodaEducação,2001).

NoquedizrespeitoàeducaçãoinclusivaoMinistériodaEducação,atravésdaSecretariadeEducaçãoEspecialeposteriormentesobaresponsabilidadeda Secretaria de Educação Básica, implementou o Programa EducaçãoInclusiva: Direito àDiversidade, que visa disseminar a política de inclusão eapoiaroprocessodeconstruçãoe implementaçãodesistemaseducacionaisinclusivosnosmunicípiosbrasileiros,promovendoaformaçãocontinuadadegestoreseeducadoresdasredesestaduaisemunicipaisdeensino(MinistériodaEducação,2005).

Tal projeto permite que as escolas se preparem para trabalhar com asdiferençasequepossamoferecerumaeducaçãoinclusivadequalidade,daíaofertadeformaçãocontinuadaparaoseducadoresdaredepública,umavezqueoobjetivodoprogramaéquealunoscomdeficiência,transtornosglobaisdodesenvolvimentoe altashabilidades superdotaçãopossam ser atendidosnasclassescomunsdoensinoregular.

AtravésdaSecretariadeEducaçãoContinuada,Alfabetização,Diversidadee Inclusão - SECADI temos a criação do Programa Implantação de Salas deRecursoMultifuncionaisquetemcomoobjetivoapoiara

organização e a oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE,prestado de forma complementar ou suplementar aos estudantes comdeficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altashabilidades/superdotaçãomatriculadosemclassescomunsdoensinoregular,

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assegurando-lhes condições de acesso, participação e aprendizagem(MinistériodaEducação,2015).

Oprogramadisponibiliza àsescolaspúblicasdeensino regularde todooBrasil, conjuntos de equipamentos de informática, mobiliários, materiaispedagógicos e de acessibilidade para a organização do espaço deatendimento educacional especializado. Cabe ao sistema de ensino, aseguintecontrapartida:disponibilizaçãodeespaçofísicoparaimplantaçãodosequipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos deacessibilidade, bem como, do professor para atuar no AEE (Ministério daEducação,2010).

Dentreaspolíticaspúblicasparaodesenvolvimentoinclusivodaescolaseinsereaorganizaçãodassalasderecursosmultifuncionaisquesãoumespaçoorganizado com materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos eprofissionais com formação adequada para prestar atendimento aos alunoscomnecessidadesespeciais(MinistériodaEducação,2010).

A escola deve articular junto à gestão da sua rede de ensino, as condiçõesnecessáriasparaaimplementaçãodassalasderecursosmultifuncionais,bemcomoadefiniçãodeprocedimentospedagógicoseaparticipaçãodospaisouresponsáveis(Alves,2006,p.14).

O profissional que atenderá este aluno além de ter formação adequadadeve considerar os diferentes campos do conhecimento, assim comocompreender os aspectos relacionados ao estágio do desenvolvimentocognitivo dos alunos, os recursos específicos para sua aprendizagem e asatividades de complementação e suplementação curricular (Ministério daEducação,2001).

A concepção da educação inclusiva compreende o processo educacionalcomo um todo, logo pressupõe a implementação de uma políticareestruturantenossistemasdeensinoquemodifiqueaorganizaçãodaescola,

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demodoasuperarosmodelosdeintegraçãoemescolaseclassesespeciaiseassumirdefinitivamenteomodelodeinclusãosocial.

Para isso a escola deve cumprir sua função social, construindo umapropostapedagógicaquevalorizeasdiferenças,comaofertadaescolarizaçãonas classes comuns do ensino regular e do atendimento as necessidadeseducacionais específicas dos seus estudantes, sendo iniciado devido aosprogramaseaçõescitados.

Relacionado diretamente as salas de recursos está o atendimentoeducacional especializado (AEE)queéum serviçodaeducaçãoespecial queidentifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidadeeliminandoasbarreirasquedificultamaparticipaçãodosalunos.

Oatendimentoeducacionalespecializadonassalasderecursosmultifuncionaissecaracterizaporserumaaçãodosistemadeensinonosentidodeacolheradiversidade ao longo do processo educativo, constituindo-se num serviçodisponibilizadopelaescolaparaoferecerosuportenecessárioàsnecessidadeseducacionais especiais dos alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento(Alves,2006,p.15).

SegundooDocumentoOrientador do Programa Implantação de Salas deRecurso Multifuncionais dentre os estudantes público-alvo do AEEencontram-se:

…alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações noprocesso de desenvolvimento que dificultam o acompanhamento dasatividadescurriculares:aquelasnãovinculadasaumacausaorgânicaespecíficaou aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;alunos com dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dosdemais alunos; alunos que evidenciem altas habilidades/superdotação e queapresentemumagrande facilidadeou interesseemrelaçãoaalgumtemaougrandecriatividadeoutalentoespecífico(Alves,2006,p.16).

O ensino oferecido no atendimento educacional especializado énecessariamentediferentedoensinoescolarenãopodecaracterizar-secomo

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um espaço de reforço escolar ou complementação das atividades escolaresonde são aplicadas atividades que reproduzamos conteúdos programáticosministrados nas salas de aulas e sim desenvolver um conjunto demetodologias e procedimentos que estimulem o processo de mediação daapropriação dos conhecimentos necessários ao desenvolvimento do aluno(MinistérioPúblicoFederal,2004).

O Atendimento Educacional Especializado deve ser oferecido no turnoinversoaodoensinoregularparaqueoalunonãotenhadificuldadedeacessoao ensino comum. É importante destacar que o AEE é garantido por lei,porémelenãoéobrigatório.Nãosendoobrigatório,oalunocomdeficiência,transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação esua família poderão optar ou não pelo atendimento (Ministério PúblicoFederal,2004).

Em 2008 o Ministério da Educação estabelece a Política Nacional deEducação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva que ampara osestudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadesousuperdotaçãoaserematendidosemsalasdeaulascomunseareceberematendimentoespecializadosenecessário.

Anterior a esta política, todo educando que apresentasse algumanecessidadeespecialeraencaminhadoparaumaescolaespecifica,ficandoomesmoafastadodoconvíviosocialcomum.Enfimessemomentofoisuperadoe no que se refere a Educação Especial a Lei nº 9.394/96 nos permite umavançosignificativonesseprocessohistóricodesegregação,umavezquenoseuartigo58nosdizqueestamodalidadeescolardeveserofertadanarederegulardesdeaeducaçãoinfantil.

A educação inclusiva acontece quando a educação especial passa a servivenciadano espaço escolar semdistinção, pois emqualquermomentodasuavidaestudantiloalunopodeapresentaralgumanecessidadeespecialquedeverá ser bem atendida pela instituição educacional. A educação é umdireitodetodos,respeitarasdiferençassignificavalorizaradiversidadequeéumadasmaravilhasemserhumano.

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Paraqueaatendimentoocorracomsucessoossistemasdeensinodevem,conformeorientaodocumentodaPolíticaNacionaldeEducaçãoEspecialnaPerspectivadaEducaçãoInclusiva:

Organizarascondiçõesdeacessoaosespaços,aos recursospedagógicoseàcomunicaçãoquefavoreçamapromoçãodaaprendizagemeavalorizaçãodasdiferenças, de forma a atender as necessidades educacionais de todos osalunos. A acessibilidade deve ser assegurada mediante a eliminação debarreiras arquitetônicas, urbanísticas, na edificação – incluindo instalações,equipamentos e mobiliários – e nos transportes escolares, bem como asbarreiras nas comunicações e informações (Ministério da Educação, 2007b,p.12).

Tendo em vista esse contexto oMinistério da Educação realiza diversasações em favor de diminuir essa segregação secular, entre eles estão aformaçãocontinuadaparaprofessores,implantaçãodoprogramadesalasderecursosmultifuncionais e o programa de adequação dos prédios escolarespara a acessibilidade. Destes, destaque para o último que corresponde aoProgramaEscolaAcessível.

Masoqueesteprograma temde tãoespecial?Elepermitequeosmaisafastados municípios tenham condições financeiras para adequar o seuespaçoescolareatender todasascrianças,umavezqueasprefeituraseosestados são incapazes de arcar com essas despesas que são consideradasextras no seu sistema de ensino. Contribuindo para que a evasão e oabandono dos alunos com necessidades especiais não sejam a únicaalternativa.

ComoasescolasemsuagrandemaioriapossuemaUnidadeExecutoraouConselhoescolar, ficouclaroqueutilizaroprogramadoPDDEparadestinarrecursosparaminimizaressasituaçãoatingiriaemgrandeescalaessealunadotãocarentederecurso,adequaçõeseatendimentoespecializado.

Dessamaneira o governo federal através do FNDE, utilizou o PDDE paradisponibilizar recursos através do Programa Escola Acessível às escolas quetenhamalunosdaeducaçãoespecialemclassescomunsregistradasnocenso

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escolar no ano anterior ao atendimento e que tenham sido contempladascomsalasderecursosmultifuncionais(MinistériodaEducação,2013e).

A finalidade deste programa é promover a acessibilidade e a inclusãoescolar de alunos da educação especial que estejam inseridos nas classescomuns,devendoorecursoserusadoexclusivamentepara:adequaçãofísicados prédios escolares, o que significa a contratação de serviços para aconstrução e adequação de rampas, alargamento de portas e passagens,instalação de corrimão, construção e adequação de sanitários paraacessibilidade e colocação de sinalização visual, tátil e sonora, aquisição decadeiras de rodas, bebedouros e mobiliários acessíveis e qualquer outroprodutodealtatecnologiaassistiva(MinistériodaEducação,2013e).

Aescolapor intermédiodesuaUnidadeExecutora,seráresponsávelpelagestãodesterecurso,queédepositadoemumacontaespecificaparaestefimedistribuídoconformeatabelaabaixoinformadanaResoluçãonº19,de21demaiode2013:

Tabela 8 - Tabela com a demonstração dos valores em reais (R$), utilizados no cálculo dos repasses do PDDE/Programa Escola Acessivel

NºdeAlunosValordoRepasse

(custeio80%)

ValordoRepasse(capital

20%)ValorTotal

Até199 6.640,00 1.660,00 8.300,00

200a499 8.000,00 2.000,00 10.000,00

500a1.000 10.000,00 2.500,00 12.500,00

Acimade1.000 12.000,00 3.000,00 15.000,00

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A escola, por meio do sistema eletrônico com a finalidade demonitoramentoporpartedoMinistériodaEducação,atravésdaSecretariadeEducaçãoContinuada,Alfabetização,DiversidadeeInclusãodoMinistériodaEducação (SECADI/MEC), é responsável pela elaboração do Plano deAtendimentonoqualconstamtodasasaçõesfinanciadasqueserãorealizadaspeloprograma.

Após a conclusão do Plano de Atendimento, a escola envia para que aSecretaria de Educação correspondente, que avalia o plano e em caso deaprovado remete para a SECADI para análise e parecer. No caso de seraprovado, a escola será contemplada com o recurso para implementar oplano.

Tanto o programa Escola Acessível, como o Atendimento EducacionalEspecializado, as Salas de Recursos Multifuncionais e Formação deprofessores e gestores dentro do universo da educação inclusiva são açõeselaboradaspelogovernofederal,afimdeconcretizaroqueorientaaPolíticaNacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.O quebuscamoscomessapolíticaéaconfirmaçãodoespaçoescolarparatodasascrianças transformando os sistemas educacionais que antes eram seletistasem sistemas educacionais inclusivos, o que envolve toda umamudança depensamento,comportamento,conceitos,ações,iniciativasereconhecimentodadificuldadeasersuperada.

1.3.AATUAÇÃODOSCONSELHOSESCOLARES

A educação é um dos pilares da sociedade, pelo que sem a educação, opleno desenvolvimento de uma nação fica sériamente comprometido. Paraque a escola apresente um desempenho significativo, para que prepare osjovensparaotrabalhoeparaavida,énecessárioqueagestãoaconteçanumambiente de democracia e de participação dos atores do processo

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educacional. Dentro do ambiente escolar a instância para o convíviodemocráticoéoConselhoEscolar.

Historicamente, o Brasil passou por várias fases do processo capitalista,incluindo o período da Ditadura Militar onde a maioria dos direitos foramarbitrariamente revogados. Em decorrência desse processo histórico asociedadebrasileiraaprendeuovalordelutarpelareconquistaepelagarantiadademocracia(MinistériodaEducação,2004a).

Na democracia todos os cidadãos lutam pelos seus direitos e aomesmotempotêmodeverdecumprircomosdeveresdecidadão,cidadãoestequetemopoderdeescolherseusrepresentantesnogovernoassimcomotemaresponsabilidadedecontribuirparaumatransformaçãodasociedade.Dentrodesta perspectiva, a escola se apresenta como um espaço para ademocratizaçãoda sociedade.Os conselhosescolares são a ferramentaquepermiteatodacomunidadeescolarparticiparefazervalerosseusdireitosedeveres como um exercício da democracia participativa (Ministério daEducação,2004a).

ParaqueoConselhoEscolartenhaasuafunçãoreconhecidaerespeitadaencontrarespaldonalegislaçãobrasileira.

AConstituiçãoFederalde1988,noartigo206,incisoVI,defineoprincípioda gestão democrática do ensino público, na forma da lei, assegurando atodosoexercíciodacidadaniacríticaeconsciente(PresidênciadaRepública,1988). O artigo 14, inciso II, da LBD, assegura que os sistemas de ensinodefinirão as normas da gestão democrática do ensino público na educaçãobásica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintesprincípios:participaçãodosprofissionaisnaelaboraçãodoprojetopedagógicoda escola; participação das comunidades da escola e local em conselhoescolaresouequivalentes(PresidênciadaRepública,1996).

OPlanoEstadualdeEducaçãodoEstadodoPará,nameta19,asseguraaefetivaçãodagestãodemocrática,noâmbitodasescolaspúblicasetemporestratégia estimular a constituição e o fortalecimento dos conselhosescolares. (Governo do Estado do Pará, 2015). A lei de nº 8.226/2008 que

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defineoSistemaMunicipaldeEducaçãodeTucuruí,noseuartigo28,referequeasescolasquecompõemestesistemadeverãoteremsuaestruturaumconselho escolar cujosmembrosdevem ser eleitos diretamente e exercer afunçãofiscalizadora,deliberativaeconsultiva.

Nos municípios, a necessidade de criação de conselhos escolares seintensificou coma implantaçãodosprogramasdos governos federais, entreelesoPDDE,quetransfererecursosfinanceirosdiretamenteparaaescola.

Devido ao grande interesse pela implantação dos conselhos escolares oMinistério da Educação decide pela criação, em 2004, do Programa deFortalecimento dos Conselhos Escolares, cujo objetivo é a implantação e ofortalecimentodestesconselhos,visandooestímuloaodesenvolvimentodepráticasdegestãodemocráticaparaqualificaraparticipaçãodacomunidadelocal e escolar na gestão administrativa, financeira e pedagógica da escola.(MinistériodaEducação,2012c).

Para isso, o governo oferece material didático específico e formaçãocontinuada, presencial e à distância, tanto para técnicos das secretarias deeducaçãoquantoparaosconselheiros.Sãoofertadospormeiodoprogramacursos de extensão, de formação de conselheiros, de oficinas e encontrosmunicipaissobreotema.

Osconselhosescolarespassemaserumespaçoondeépossívelvivenciarademocratização da escola pública no momento que permite que ocorra aparticipaçãodetodososatoresdacomunidadeescolareumareorganizaçãodesteespaçonoquetangeàstomadasdedecisão.Oconselhoescolarpassaaser visto como uma “ferramenta para a consolidação de uma escolademocrática, voltada para a construção de cidadãos efetivamente críticos,participantes tanto do universo escolar como da própria sociedade.“(Fernandes&Ramos,2010,p.2012).

Nessesentidooconselhoescolarrepresentaaescola,poisassuasdecisõesestão respaldadas pela representatividade diversificada dos seusparticipantes,ouseja,“oConselhoseráavozeovotodosdiferentesatoresda escola, internos e externos, desde os diferentes pontos de vista,

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deliberando sobre a construção e a gestão de seu projeto político-pedagógico” (Ministério da Educação, 2004d, p. 36). Ele se torna a própriaexpressãodaescolaenquantoinstrumentodetomadadedecisões.

AsescolasmunicipaisdeTucuruíaoconstituíremseusconselhosrecorremà Secretaria Municipal de Educação, que através do Setor de Programas eProjetosofereceàsescolasasorientaçõesnecessárias.

Como orientação para as escolas que estão iniciando a implantação doConselho Escolar ou da Unidade Executora é recomendado que sigam omanualdeorientaçãoparaaconstituiçãodeUnidadeExecutoraPrópria(UEx),disponibilizado pelo FNDE. Este documento trata dos procedimentosnecessários para a implantação da Unidade Executora, da finalidade, dacomposição,dofuncionamentoedaaplicaçãodosrecursos.

MasoquevemaserumaUnidadeExecutora?“Éumasociedadecivilcompersonalidade jurídica de direto privado, sem fins lucrativos, que pode serinstituídapor iniciativadaescola,dacomunidadeoudeambas.” (Ministérioda Educação, 2009a, p.03). Muitas são as nomenclaturas utilizadas paradenominar uma Unidade Executora como: Conselho Escolar, Caixa Escolar,AssociaçãodePaiseMestreseoutros.Masoquedeveserevidenciadoéaparticipaçãodetodososatoresenvolvidosequeaescolaconsigacongregarpais, alunos, professores, funcionários e membros da comunidade comrepresentaçãonacomposiçãodoconselho(Ibidem,2009).

No caso do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), a nomenclaturaadotadaéUnidadeExecutoraPrópria(UEx),denominaçãogenéricacriadapeloMinistério da Educação (MEC) para referir-se às diversas denominaçõesencontradas em todo o território nacional que designa entidade de direitoprivado,semfinslucrativos,vinculadaàescola(MinistériodaEducação,2009a,p.03).

AUnidadeExecutora temcomoatribuiçõesaadministraçãodos recursostransferidosporórgãosfederais,estaduais,distritaisemunicipais;agestãoderecursos advindos de doações da comunidade e de entidades privadas; o

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controledos recursosprovenientesdapromoçãode campanhasescolaresede outras fontes; o fomento de atividades pedagógicas, da manutenção econservação físicadeequipamentosedaaquisiçãodemateriaisnecessáriosao funcionamento da escola; e da prestação de contas dos recursos epassados,arrecadadosedoados(Ibidem,2009).Comessasorientaçõesficamdefinidasasatribuiçõesdecaráter financeiroquedevemseradotadospelosConselhos Escolares nomomento de gerenciar os recursos provenientes dogoverno federal. Ressaltando a necessidade de integração entre escola ecomunidadeedaparticipaçãodetodosnarealizaçãodasatividades.

As escolas são orientadas a realizarem uma Assembleia Geral de pais,professores, funcionários e de todos os interessados em participar dodesenvolvimentodasatividadespedagógicas,administrativasefinanceirasdaescola, sendo para isso utilizados diversos meios para a convocação dosmesmoscomo:publicaçãonojornallocaldeeditaldeconvocaçãoespecífico;afixação na escola, em local de fácil acesso e visibilidade, do edital deconvocaçãoespecífico;eenviodecorrespondência,emformadeconvocação(Ibidem,2009).

CabeaAssembleiaGeraldiscutireaprovaroestatutoouregimentointernoda Unidade Executora, eleger e dar posse à Diretoria, ao ConselhoDeliberativo e ao Conselho Fiscal e lavrar a ata da Assembleia Geral deconstituição da Unidade Executora. A Diretoria deverá ser composta por:presidente, tesoureiro, secretário e respectivos suplentes. O ConselhoDeliberativo deve ser constituído pelo menos por sete membros assimdistribuídos: presidente, secretário e conselheiros. E o Conselho Fiscal deveter como membros efetivos: um presidente e dois titulares com seusrespectivossuplentes(Ibidem,2009).

OutrosprocedimentosdevemserobservadosparaqueoConselhoEscolarou Unidade Executora possa exercer todas as suas funções com segurança,respeitoeapoiodosparticipantes.

Aelaboraçãodoregimentointernodeverespeitaraespecificidadedecadacomunidade escolar sendo feitas as adaptações necessárias ao modelo de

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estatuto apresentado nomanual disponibilizado pelo FNDE. As assembleiasdevem adotar como parte do processo eleitoral a realização de eleiçõesdiretas para seusmembros. Constituido a Unidade Executora, o presidentedeve seguir os passos necessários para sua regularização diante da ReceitaFederal,umavezquepara receberos recursosoriundosdogovernoprecisade um CNPJ e do registro do presidente do conselho, como pessoa físicaresponsávelpelagestãoeexecuçãodo recursoedaaberturadeumacontacorrente,feitapeloFNDE,paraodepósitodosrecursosemnomedoconselhoescolarrepresentantedaunidadeescolar(Ibidem,2009).

É com a compreensão da natureza essencialmente político-educativa dosconselhos escolares que estes devem deliberar, também, sobre a gestãoadministrativo-financeira das unidades escolares, visando construir,efetivamente, uma educação de qualidade social (Ministério da Educação,2004a).

Cabeaosconselhosnodesempenhodesuasatividadesexercerasfunções:deliberativas, quando discutem, debatem e opinam sobre as pautasapresentadasnasreuniões;consultivasaoanalisarquestõesencaminhadasepropor soluções; fiscais ao acompanhar a execução das ações pedagógicas,administrativas e financeiras; emobilizadora aopromover aparticipaçãodaequipeescolaredacomunidadelocal(MinistériodaEducação,2004a).

Cabe ao diretor escolar, e na ausência deste, a qualquer outrorepresentante da escola a iniciativa de organizar a criação dos Conselhosescolares por meio da convocação de assembleias para a eleição dosparticipantes do conselho. A escolha dos membros deve ser pautada napossibilidadedeefetivaparticipação,dadisponibidadeedocompromisso.Osmesmosdevemconheceroregimentointernodocolegiadoparaquetenhamclara a definição das suas atribuições e o funcionamento do conselho(MinistériodaEducação,2004a).

A implantação dos conselhos escolares gera vantagens significativas embuscadetransformaçõesnocotidianoescolar,comopodemosveraseguir:

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• Asdecisões refletema pluralidadede interesse e visões que existam

entreosdiversossegmentosenvolvidos;

• Asaçõestêmumpatamardelegitimidademaiselevado;

• Háumamaiorcapacidadedefiscalizaçãoecontroledasociedadecivilsobreaexecuçãodapolíticaeducacional;

• Háumamaiortransparênciadasdecisõestomadas;

• Tem-seagarantiadedecisõesefetivamentecoletivas;

• Garante-se espaço para que todos os segmentos da comunidadeescolar possam expressar suas ideias e necessidades, contribuindoparaasdiscussõesdosproblemaseabuscadesoluções.(ibidem,p52-53).

O conselho escolar, enquanto espaço de discussão e consolidação deidéias, é um dos campos no qual a automia da unidade escolar e ademocratizaçãodaeducaçãopodemacontecerepodemgerarmudançasnocotidiano escolar, devido à participação ativa dosmais variados segmentosnele representados, possibilitando um aprendizado coletivo e a partilha dopodersentidaapenasnosespaçosondeseconstroeumagestãodemocrática.

1.4.AGESTÃODEMOCRÁTICANASESCOLASPÚBLICAS

O conselho escolar se define ao longo deste trabalho como espaçoprivilegiadoparaarealizaçãodagestãodemocráticaporseconfigurarcomoolocal ondediversos segmentos da escola se reúnemparadebater, propor etomardecisões.Construirumespaçodemocráticodemandaoenvolvimentoea participação efetiva dos seus membros, garantir que a “participação dossujeitos seja efetiva, é requisito fundamental para ser atuante”, como nosafirmaRamos(2014,p.23).

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Pensar a gestãodemocrática nas escolas públicas implica refletir sobre ahistória, a política e a cultura do local onde estão inseridas na busca dealcançar a automia. Autonomia não significa dizer que estamos sozinhos, esim configura que suas ações estão “num contexto de interdependênciadentrodeumsistemaderelações”(Barroso,2013,p.25).Significaliberdadeparaquecoletivamentepossamospensar,debater,construir,decidirsobreoprojetodaescolaesobreaeducaçãoqueaescolaalmejaalcançar.

Oconceitodeautonomia,segundoBarroso,àideiadeempoderamento,deaspessoasseinvestiremdepoderparacomandarassuasvidas.Esteconceitodeautonomiaestá,naspalavrasdesteautor

…etimologicamente ligadoà ideiadeautogoverno, istoé,à faculdadequeosindivíduos (ou as organizações) têm de se regerem por regras próprias.Contudo,seaautonomiapressupõealiberdade(ecapacidade)dedecidir,elanão se confunde com a “independência”. A autonomia é um conceitorelacional(somossempreautônomosdealguémoudealgumacoisa),peloquea sua ação se exerce sempre num contexto de interdependência e numsistemaderelações(2013,p.25).

Desse modo, entendemos que a autonomia deve ser construídacotidianamente no ambiente escolar e não imposta por decretos, leis ouresoluções, tirando-lhe a sua essência de vir de movimentos onde aparticipaçãodetodosérequisitobásicoparaaconstruçãodademocracia.

Participação efetiva e gestão democrática são fundamentais para que aautonomia escolar seja resultado da construção coletiva e democrática deprojetos, na instituição educativa, que venham a atender aos anseios dacomunidadeescolar(MinistériodaEducação,2004b).

Para que a gestão escolar apresente características democráticas,devemosobservaros seguintesprincípios: “descentralização–comdecisõesbaseadasnodiálogoenanegociação;participação– todososenvolvidosnodia a dia escolar devem participar da gestão; e transparência – toda e

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qualquerdecisãoeaçõesaseremrealizadasdevemtercaráterpúblico”(Luiz& Gomes, 2014, p. 22). O desafio da escola pública passa a ser a grandequestão no momento. Primeiro pela sua característica em evidenciar aespecificidadeda realidadedo local naqual ela está inseridae em segundolugarpelasuaestreitarelaçãocomestamesmacomunidadequerepresentaa“enorme heterogeneidade cultural que caracteriza a sociedade brasileira”(Gutierrez&Catani,2013,p.86).

Significa dizer que quando falamos de gestão participativa na escolapúblicavamosestarabordandoproblemáticasquesão inerentesàrealidadebrasileiraondeasdesigualdadessãolatentesevivenciadascotidianamente,

...umarelaçãoentredesiguaisondevamosencontrarumaescolasabidamentedesaparelhada do ponto de vista financeiro para enfrentar os crescentesdesafios que se apresentam e, também, uma comunidade não muitopreparada para a prática da gestão participativa da escola, assim como opróprio exercício da cidadania em sua expressãomais prosaica (Gutierrez &Catani,2013,p.86-87).

Comogarantiraparticipaçãodacomunidadedentrodoambienteescolar?Ela pode ser assegurada pela atuação do Conselho Escolar que carregaconsigo a responsabilidade enquanto colegiado de dotar a escola deautonomia, a ponto de ser capaz de elaborar o seu projeto educativorespeitandoassuascaracterísticashistóricas,sociaisepolíticasdasociedadenaqualestainserida.

A gestão democrática, enquanto processo, cria condições para que osatoresenvolvidosnodebatedeidéiasnãoapenasparticipem,masqueatuemcomocompromissonecessárioparaqueelasejadefatoefetiva,promovendouma aproximação entre os membros e consequentemente a redução dasdesigualdesentreeles(Lück,2009).

A intervenção do governo federal ao disponibilizar programas queviabiliazem o recebimento de recursos e que proponham como condição acriação de conselhos escolares ou as chamadas Unidades Executoras como

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instrumento de participação da comunidade escolar e local na tomada dedecisõescoletivas,nos levaauma linhatênueentreautonomiadecretadaeautonomia construída, pois a maioria dos gestores ao se depararem comesses recursos tendem a crer qua esta seria a verdadeira autonomia, ondelhes é permitida uma certa independência financeira, enquanto que narealidade a autonomia não se detem em apenas um aspecto, o financeiro,masnoaspectopolíticopropriamentedito,noqueserefereà,capacidadedetomar decisões coletivamente organizadas, coletivas e comprometidas paraencontrara “resoluçãodosproblemasedesafioseducacionais, assumindoaresponsabilidadepelosresultadosdessasações”(Lück,2000,p.21).Assim,osconselhossetornam“fundamentais,hajavistaqueterautonomiadegestãofinanceirarequermuitaresponsabilidadedosautoresqueestãoàfrentedosprocessos educativos, seja nos sistemas de ensino, seja nas unidadesescolares”(MinistériodaEducação,2004c,p.81).

Vivemos um momento de busca pela concretização de uma gestãodemocráticanasescolaspúblicas,desafiocomplexoaseralcançadoemtodosos seus aspectos. Ao defendermos a gestão democrática, defendemos aparticipaçãoefetivaeaautonomiaconstruída,ondeaescolasetornaolocalde encontros coletivos que estimulem o pensamento, a discussão, oplanejamento, a construção e a execução de ações que culminem naelaboraçãodo seuprojetopolítico-pedagógico e queneste esteja contidooprojeto de educação e de escola que a comunidade almeja, semdesconsiderar as normas gerais do sistema de ensino ao qual estãovinculadas.

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2.CAPÍTULOII-ESTUDOEMPÍRICO

2.1.PROBLEMAEOBJETIVOS

2.1.1.Problemaesuajustificação

Aescolapúblicabrasileiratempassadopormuitasmudançasnaspolíticaspúblicasnacionais,principalmenteapartirdosanos90comoaConferênciadeEducaçãoparaTodosnaTailândia,emJomtien,quenoslevouaelaborarumdosprimeirosplanosquedefinirammetasquegarantiriamumaqualidadenaEducação.

Nestemomento, oBrasil passa a rever as suas leis e planosparaqueosmesmospossamrefletirodesejopormudançasemelhorianaqualidadedaeducação, e uma dessas ações foi a implantação do PDDE, que mesmodistante dos grandes centros urbanos, localizada em cidade do interior doestadodoPará, na grande regiãonorte dopaís, pudemos vivenciar os seusbenefíciosetambémasdificuldadesnasuaexecução.

Pensar a gestão escolar como mera gerenciadora de pessoas ou metasnadamaisédoquesubjulgá-la,rebaixaraumstatussecundárionoprocessoeducacional,enomomentoemqueaescolapassaa teraoportunidadedegerirrecursosfinanceirossema intervençãodiretadogovernomunicipalouestadual e com as devidas orientações e regras, ela percebe que chegou ahoraderefletirsobreoseupapelenquantoagentenoprocessodemocrático.

OFundoNacionaldeDesenvolvimentodaEducação,oFNDE,quantoabriuesta porta de comunicação direta com as escolas beneficiadas, o governofederal idealizou um programa capaz de desburocratizar e descentralizar oenvio de recursos e permitiu umamelhora na qualidadeda educação local,

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poisesteprogramavalorizaoconhecimentoqueacomunidadepossuisobreasua realidade, suasnecessidadeseanseios, sendoestaamais indicadaparaescolheramelhorformadeaplicarefiscalizaressesrecursos.

Durante muitos anos, acompanhando as escolas na sua árdua tarefa deconciliar as suas atividades diárias com a responsabilidade de executar osrecursos que chegavam às contas das escolas, passamos a questionar-noscomo aconteceria dentro da escola esse processo de conciliação. Haveriarealmenteumadiscussãosobrecomoutilizaressesrecursos,ouessadecisãoeranaverdadeunilateralesolitária?Comoéqueaspessoasqueocupamoscargos de gestão na escola decidem sobre a utilização dos recursosprovenientes dos programas do governo federal? Descobrir se a gestãodemocrática foiabaladaemdecorrênciademaisumacréscimodeatividadequeaescolaescolherecebertodoanoéoquestionamentoaserinvestigado.

Diante disso o intuito desta pesquisa se torna pertinente namedida emque evidencia como o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) podeinfluenciar a gestão da escola municipal, uma vez que este programa geraexpectativasdeavançosdemocráticosnagestãoescolar.

Com base no que espusemos, levantam-se as seguintes questões departida:

Agestãoescolarestápreparadaparaassumirmaisestaresponsabilidade,ada gestão dos recursos financeiros enviados pelo governo federal? Estamesmagestão,sabedoradas leiseresoluçõesquenorteiamaexecuçãodosrecursos deste programa, com que problemas se depara e como executa oprograma?Quaisasmudançasproduzidasnagestãoescolarquedecorremdaobrigatoriedadedegeriressesrecursosfederais?Quaisosbenefíciosqueesteprogramaproporcionouàcomunidadeescolar?EmquemedidaoProgramaDinheiro Direto na Escola (PDDE) contribui para a gestão democrática daescolamunicipal?

Tendo por base o problema diagnosticado, e partindo das questõeselencadas,formulamosoobjetivoparaonossoestudo,queésubdivididoemtrêsobjetivosespecíficosquesãoapresentadosdeseguida.

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2.1.2.Objetivos

ObjetivoGeralAnalisaromodocomoestáaser implementadooPDDEemduasescolas

públicasmunicipaisdoMunicípiodeTucuruí,noEstadodoPará,natentativade perceber como funciona a Gestão das duas Escolas, como acontece aparticipação dos conselhos escolares na gestão dos recursos financeiros equal o contributo que este programa tem dado para o processo de gestãodemocráticadaescola.

ObjetivosEspecíficos• identificar asdificuldadesenfrentadaspelosgestoresparaexecutarem

osrecursosdoProgramaDinheiroDiretonaEscola;• identificarosrecursosrecebidospelasescolasesuaimportânciaparaa

implementaçãodasatividadesescolares• compreendercomoagestãoescolareoConselhoescolardesenvolvem

oPDDEnaperspectivadagestãodemocrática

2.2.METODOLOGIA

2.2.1.Pesquisaqualitativa

A pesquisa qualitativa apresenta características peculiares como a fontepara a coleta de dados, que é feita diretamente no ambiente natural. “O

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pesquisador relaciona-se diretamente com o objeto de estudo e os dadoscoletados sãodescritivos,havendoumamaiorpreocupaçãocomoprocessodo que com o produto” (Prodanov, 2013, p.70). Esta preocupação implicaorganizaçãoeplanejamento,pois comonosesclareceGressler (2004,p.90)“pesquisar sem planejamento prévio é dificil até para pesquisadores maisexperientes.[...]sobpenadeseperdernumemaranhadodedados”.

A pesquisa qualitativa na sua essência tema finalidadede descrever umfenómemo em vez de o explicar, de compreender o fenómeno e não fazerprevisõese,emvezderecorreraummodogeneralizadodeatuarnasváriassituações, ela procura a “possibilidade de extrapolação para situações comcontextossimilares.”(Ollaik&Ziller2012,p.232).

Essetipodepesquisanãosepreocupacomrepresentatividadenuméricaesim com o aprofundamento da compreensão de um contexto social,tornando-se dessa maneira a mais indicada para os estudos dentro dasciênciassociais.Quandoosinvestigadoresutilizamessapesquisaelesbuscamexplicaçãopara o porquêdas coisas pois os dados nãopodem sermedidosenquanto valores, mas podem ser analisados e explicados e para isso opesquisadorsevaledediferentesabordagens(Gerhardt&Silveira,2009).

O presente estudo utiliza uma abordagem de natureza qualitativa, umavezqueoobjetodeestudoseráinvestigadonoseuambientenatural,ouseja,nocontextoescolar,eutilizaaanálisedeconteúdodedocumentosdiversos,aque nos referiremos mais à frente, assim como a análise de conteúdo deentrevistasaplicadasadezpessoasqueparticipamnoestudo.

O método utilizado nesta pesquisa foi o estudo de caso que pode serdefinido da seguintemaneira “[...] é uma estratégia de pesquisa que buscaexaminarumfenômenocontemporâneodentrodoseucontexto”(Prodanov,2013, p. 60). E por lidar com fenômenos geralmente isolados a postura dopesquisador deve apresentar um grande equilíbrio intelectual e uma boacapacidadedeobservaçãoaliadaaumaanáliserigorosadosdados.

No caso desta pesquisa, o estudo de caso permitiu analisar aimplementação o PDDE em duas escolas públicas municipais na cidade de

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Tucuruí,noEstadodoPará,natentativadepercebercomofuncionaagestãonasescolas, comoaconteceaparticipaçãodos conselhosescolaresequalocontributo que o programa do PDDE pode dar para o processo de gestãodemocrática.

2.2.2.Estudodecaso

Oestudodecasoéumametodologiamuitousadapelasciênciassociaisequetrazconsigoumasériedecríticasquantoàsuavalidadedopontodevistadas ciências naturais ou positivista. Entretando ela nos permite umamaiorcompreensão do que vem a ser o complexo mundo social, do qual nãopodemos nos abster enquanto pesquisadores. O estudo de caso, como opróprionomesugereéumainvestigaçãosobreumgrupo,umindivíduo,umaorganização,umacomunidade,umapolítica,umacontecimento,entreoutrashipóteses.Paraissoexamina-seo“caso”emdetalhe,noseucontextonatural,respeitandoasuacomplexidade(Coutinho&Chaves,2002).

É a estratégia mais adequada quando o objetivo do pesquisador édesvendar “questões do tipo ‘como’ ou ‘porquê’ sobre um conjuntocontemporâneodeacontecimentossobreoqualopesquisadortempoucoounenhumcontrole”(Yin,2001,p.28).

Opesquisadorduranteaelaboraçãodoseuestudodecasodeverespeitaralgumas características importantes para essa estratégia metodológica,delimitarasfronteirasdocasoaserinvestigadodeformaclaraeprecisa,serumcasosobreumobjetodeestudoquedeveserpassiveldeidentificaçãoafim de conferir foco à investigação, ter o cuidado em preservar ascaracteristicas do “caso” em estudo, realizar a investigação no contextonatural e recorrer a diversas técnicas de recolha de dados: observações

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diretase indiretas,entrevistas,questionários,narrativas, registrodeaúdioevídeo,documentoseoutros(Coutinho&Chaves,2002).

Como o estudo de caso é uma investigação empírica que “investiga umfenômenocontemporâneodentrodeseucontextodavidareal”(Yin,2001,p.32),quandoolimiteentreofenômenoeocontextonãoestãobemdefinidospara issodispõe-sedediferentes instrumentosparaa recolhadedadosquedeverãosertrianguladosparaqueoresultadodapesquisasejavalidado.

O estudo de caso vema ser uma formadistinta de investigar e produzirconhecimento que exige estratégias diferenciadas para a avaliação daqualidadecientífica(Coutinho&Chaves,2002).Paraissocabeaopesquisadorrealizar seu trabalho com a preocupação de preservar os detalhes maissignificativos e relevantes para dar credibilidade a sua pesquisa, e ter ocuidadodenãoseperdernumemaranhadodeconteúdossemsignificância.

2.3.LOCALDEESTUDOEPARTICIPANTES

2.3.1.Localdeestudo

Para o desenvolvimento desta pesquisa foram selecionadas duas escolaspúblicasmunicipaisdomunicípiodeTucuruí, que para efeitos do estudo, e no sentido de garantir o anonimato, são designadas como ‘Escola A’ e ‘Escola B’.Estemunicípio localiza-se na região sudeste do estado do Pará e tem umapopulaçãoquerondaos107.189habitantes,segundoocensoDemográficode2010, realizado pelo IBGE. Neste município há universidades públicas euniversidades privadas, escolas de ensino médio, escolas de ensinofundamental,escolasdeeducaçãoinfantilecreches.

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Comrelaçãoàeducaçãobásica,omunicípiointegranasuarededeensino(pública), conforme o Censo Escolar realizado pelo INEP, quinze escolas docampo,vinteetrêsescolasdeensinofundamentaleonzeescolasdeeducaçãoinfantil,sendonoveescolasdeeducaçãoinfantileduascrechesqueatendememtornode25.637alunos.EstasescolasrecebemapoiotécnicoepedagógicodaSecretariaMunicipaldeEducaçãoeCulturaedaSecretariadeEstadodeEducação do Pará, representada em Tucuruí pela 16ª Unidade Regional deEducação.

Aredemunicipal,sobaorientaçãodaSecretariaMunicipaldeEducaçãoeCultura–SEMEC,écompostaporumtotalde49escolas,conformepodeserobservadonapróximatabela.

Tabela 9 - Quantidade de escolas e sua distribuição de acordo com os segmentos e localização

ESCOLAS NºDEESCOLAS NºDEALUNOS NºDEDOCENTES

Escolasdocampo 15 2.769 177

Escolasurbanas–educaçãoinfantil 11 3.438 203

Escolasurbanas–ensinofundamental 23 19.430 752

Total 49 25.637 1.132

CaracterizaçãodaEscolaUrbana(EscolaA)

A escola A, situada na área urbana, pertence ao segmento do ensino

fundamental e atende alunos do 1º ao 5º ano, nos turnos matutino e

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vespertino, num total de 299 alunos, distribuídos por 12 turmas: 43 alunosinscritosno1ºano (2 turmas), 63alunos inscritosno2ºano (3 turmas), 66alunosinscritosno3ºano(3turmas),64alunosinscritosno4ºano(2turmas),e63alunosinscritosno5ºano(2turmas).Aescola,localizadanaáreaurbanada cidade de Tucuruí, no bairro Santa Mônica (na periferia do município),integrapessoasquenasuamaioriasãodebaixarenda.

Aescolaapresentaumaestruturafísicaadequadaàfaixaetáriadosalunos.Tem6salasdeaulas,1salamultifuncional,1saladeatividadecomplementar,4banheirosparaosalunos,1saladosprofessores,1saladadiretoria,1saladesecretaria,1pátiocobertoe1cozinha.

Aequipededocenteséconstituídapor17profissionais,sendo1professorresponsável pelo atendimento educacional especializado, em sala específica(aSaladeRecursosMultifuncionais),5professoressãoprofessores-monitoresdas turmas de atividades complementares do programa Mais Educação(destinado a implantação da educação em tempo integral) e 11 atuam nassalas de ensino regular. A tabela abaixo complementa as informaçõesreferenteaosdocentes.

Tabela 10 - Informações complementares sobre os professores da escola urbana.

DocentesEscolaridade

NívelMédio NívelSuperior

VínculoComcontrato 5 7

Efetivo 0 5

GéneroMasculino 3 2

Feminino 2 10

Faixaetária≥35anos 1 9

<35anos 4 3

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A equipe pedagógica e administrativa da escola é constituída por 1diretora, 1 supervisora, 1 secretário, 1 auxiliar de secretaria, 1 vigilante, 4zeladorese3cozinheiras.

CaracterizaçãodaEscoladoCampo(EscolaB)A escola B encontra-se sob a orientação da Secretaria Municipal de

Educação e Cultura – SEMEC, entretanto está localizada na área rural domunicípio, situada na rodovia Transcametá, no km 50. A comunidade localatuabasicamentenaagriculturadesubsistência,ondeasterrassãodivididasem lotes e distribuídos entre as famílias, cujos filhos estudam nesteestabelecimentodeensino.

A escola foi construída pela comunidade e a Secretaria entra com amanutençãodoprédio,melhorandoapartedesanitárioeaconstruçãodeumpátiocoberto,possuiainda6salasdeaula,1diretoria,1cozinha,2banheiros,1pátiocoberto.

Paraacompanhartodaadinâmicadefuncionamentodestaescolaaequipepedagógica e administrativa se apresenta da seguinte forma: 1 diretor, 23professores,1zeladorese1cozinheiras.

AEscolaBpertenceaosegmentodoensinofundamentaleatendealunosdo1ºao9ºano,nosturnosmatutinoevespertino,numtotalde180alunosdistribuídos por 09 turmas: 15 alunos inscritos no pré-escolar, 16 alunosinscritos no 1º ano (1 turma), 24 alunos inscritos no 2º ano (1 turma), 29alunosinscritosno3ºano(1turma),25alunosinscritosno4ºano(1turma),15 alunos inscritos no 5º ano (1 turma), 18 alunos inscritos no 6º ano (1turma),18alunosinscritosno7ºano(1turma),11alunosinscritosno8ºano(1 turma) e 9 alunos inscritos no 9º ano (1 turma) segundo dados doEducacenso,anode2015.

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A equipe de docentes é constituída por 23 profissionais, sendo 5professores-monitores das turmas de atividades complementares doprogramaMais Educação (destinado a implantação da educação em tempointegral) e 18 atuam nas salas de ensino regular. O quadro abaixocomplementaasinformaçõesreferenteaosdocentes:

Tabela 11 - Informações complementares sobre os professores da escola do

campo.

DocentesEscolaridade

NívelMédio NívelSuperior

VínculoComcontrato 8 12

Efetivo 0 3

GéneroMasculino 3 10

Feminino 5 5

Faixaetária≥35anos 5 8

<35anos 3 7

2.3.2.Participantes

Participaram no estudo dez indivíduos, pertencentes às duas escolas.Destes dez participantes, quatro assumem funções de gestão escolar e seisConselhosEscolaresouUEx,dasrespectivasescolas.

Paraefeitosdeanonimato,osentrevistadostomamadesignaçãode‘A’ou‘B’,conformepertençamàEscolaAouàEscolaB.

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Os sujeitos participantes que integram a gestão escolar, num total dequatro, são todos pertencentes ao quadro de servidores da prefeituramunicipal,esão:

• DiretorA–pedagoga,diretora,60anos.• CoordenadorA-pedagoga,supervisora,54anos.• DiretorB–pedagogo,diretor,49anos.• CoordenadorB-pedagoga,supervisora,67anos.

Os sujeitos participantes dos Conselhos Escolares ou UEx4 foram os

seguintes:• PresidenteA-pedagogo,professor,segundomandatonoconselho,

40anos.• MãeA-ensinomédio,mãedeumameninade10anos,residente

nobairroa10anos,35anos.• Professor A - pedagoga com especialização em

neuropsicopedagogia,professora,48anos.• PresidenteB-ensinofundamental,mãe,residentenacomunidade

a16anos,segundomandatonoconselho,39anos.• Mãe B - ensino fundamental, mãe de um menino de 7 anos,

residentenacomunidadea8anos,32anos.• ProfessorB–pedagoga,professora,44anos.

4 O Conselhos Escolares ou Uex são compostos por um presidente, um tesoureiro e um

secretário, que são eleitos em assembleia (eleição direta) e exercem um mandato de dois anos, podendo haver uma recondução por igual período

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2.4.TÉCNICASDERECOLHADEDADOS

Apesquisafoidesenvolvidaemduasfases.Naprimeirafase,afaseinicial,procedemos ao levantamento bibliográfico sobre o tema central do estudoque ocorreu em dois momentos: no primeiro houve o levantamento dediversasproduçõesteóricasacercadatemáticaondeforamutilizadasobrasdeautoresnacionaise internacionais, consultadosatravésde livros, artigos,periódicos,leis,resoluções,dissertaçõesetesesenosegundomomentoumaleitura e sistematização dos conceitos e idéias dos autores que foramestudados o que nos deu o aporte necessário para analisar as possíveismudançasnagestãodosestabelecimentosdeensinobrasileiro. Nasegundafase,familiarizamo-noscomoobjetodeestudoeescolhemosastécnicasmaisadequadasàinvestigação,atravésdarealizaçãodeumapesquisaexploratóriaquelevamosacabonasduasunidadesdeensinopúblicas.EstanossaopçãoencontrasuportenaposiçãodeSeverino(2007),querefereque“apesquisaexploratória busca (…) levantar informações sobre um determinado objeto,delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições demanifestaçõesdesseobjeto”(p.123).

FoipossívelverificaraatuaçãodaGestãoEscolaredoConselhoescolarnodesenvolvimento do programa Dinheiro Direto na Escola, de maneira acompreendercomoosparticipantesseorganizamparaatomadadedecisõessobre o assunto em questão, apontar as possíveis dificuldades enfrentadaspela escola durante a utilização dos recursos recebidos dos programasfederais, conhecer os recursos recebidos pelas escolas e a sua importânciaparaaimplementaçãodasatividadesescolares.Então,buscou-seconhecereanalisar o manual de constituição das UEx que serve de apoio para aconstituição dos Conselhos Escolares responsáveis pela execução dosrecursos,osplanoselaboradospelasescolasquesãoinseridosnaplataformadoPDDEInterativoequesãopré-requisitoparaorecebimentodosrecursos.Para tanto, foram analisadas as atas de reuniões, cópias dos processos deprestaçãodecontas,queincluiosextratosdascontasbancáriasreferenteaos

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recursosrecebidos,asplanilhasdereceitaedespesa,demonstrativodebensadquiridos, as planilhas de pesquisa de preço, notas fiscais, recibos e cópiados cheques, todos esses materiais foram reunidos e analisados, pois sãodocumentos comprobatórios do recebimento e execução dos recursosrecebidosatravésdoPDDE.

AfimdeampliarapercepçãoacercadaimplantaçãodoPDDEnasescolaspúblicas,foiutilizadocomotécnicaaanálisedocumentaldeleiseresoluçõesemitido pelo Governo Federal para orientar as Secretarias Municipais deEducação e por consequência as escolas na preparação, organização eexecuçãodos recursosenviadosparaasescolas,assimcomodosmanuaisetextos informativos sobre a constituição das Unidades Executoras ouConselhos escolares e também dos planos e atas que representam aorganizaçãoeopensamentodecadainstituiçãodeensinosobreoobjetodeestudo. Esta técnica permite “a identificação, levantamento, exploração dedocumentosfontesdoobjetopesquisadoeregistrodasinformaçõesretiradasnessas fontes e que serão utilizadas no desenvolvimento do trabalho.”(Severino,2007).

Aentrevistadotipoestruturadafoiutilizadaparaobtençãodedadosjuntoaos sujeitos participantes da pesquisa, por apresentar características comopadronizaçãodequestões,cujosparâmetrossãopré-estabelecidos.Comoelasegue uma estrutura bem definida, permite esclarecimentos dentro doslimites,sãoutilizadasasmesmasperguntasatodososentrevistados.Umadasvantagens desse tipo de entrevista é a facilidade em classificá-la e porconsequênciaumaanálisemaisprecisadosdados.(Gressler,2004).

A entrevista aplicada aos diretores e coordenadores pedagógicos dasescolas selecionadas e aos membros dos Conselhos Escolares que são: opresidenteoutesoureiro, representantedepaidealunoerepresentantedeprofessor,temafinalidadedecompreenderarelaçãoentreagestãoescolareaparticipaçãodosconselheirosescolaresnagestãodosrecursosfinanceirosequal a contribuição o PDDE para a gestão democrática. O registro dasentrevistasfoifeitoatravésdagravaçãodeáudioevídeo,oquepermiteuma

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melhor percepção dos gestos, expressões faciais alterações por parte dopesquisador. As entrevistas voltadas para os representantes do ConselhoEscolar, assim como as que foram destinadas para a Direção Escolar,possibilitaram identificar as dificuldades enfrentadas pelos gestores para aexecuçãodosrecursos,quaissãoosrecursosrecebidospelaescolaebuscarcompreender como a gestão escolar e o Conselho Escolar desenvolvem oPDDEnaperspectivadagestãodemocrática.

As entrevistas foram transcritas logo após a sua realização e os dadosrecolhidosforamtabuladosdemodoafacilitaraverificaçãodassemelhançase relações entre os dados que, depois de organizados, contribuem para aanáliseecompreensãodasinformaçõesobtidas.

2.5.TÉCNICASDETRATAMENTODEDADOS

Osdadosrecolhidosdurantea investigaçãoconstituemummaterialasertratado de maneira que seja possivel a análise do conteúdo por meio daorganizaçãoeseleçãodosdadosqueforamobtidosatravésdolevantamentobibliográfico e da pesquisa exploratória. A apropriação destas informaçõespormeiodelivros,documentos,resoluções,artigos,atasduranteoprocessodeinvestigaçãopossibilitouumaampliaçãodoassuntoestudado,assimcomoa verificação in locu das escolas que que participam neste estudo, tantoquanto a possibilidade de análise do ambiente escolar e dos atoresparticipantesdapesquisa.Paraotratamentodestasinformaçõesrecorremosà organização, sistematização, trinangulação e análise dos documentospesquisados.

Quanto aos dados provenientes das entrevistas, que foram transcritas edadasaleraosparticipantesparavalorizaremoseuconteúdo,procedeu-seáanálise do seu conteúdo e à triangulação dos dados obtidos. A análiseindividual de cada entrevista permite que seja possível destacar o

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pensamento dos participantes, os pontos convergentes e os pontosdivergentes.

Aimersãonomaterial,aqueserefere,Maroy(2005)foiumprocessoqueseprolongouporalgumtempoequenos foiajudandoacompreendercommaior profundidade o que íamos encontrando. Esta imersão no materialincluiu, naturalmente, a análise em profundidade toda a informação queconseguimos recolher através dos diferentes meios e permitiu melhorar anossagrelhadeanálise.

No sentidode se conseguir extrair informaçãopertinente, procedemos àcodificaçãoecomparaçãosistemáticadosdados,tendoporbaseumagrelhadeanáliseconstruídaàprioriequefoisendomodificadaaolongodotrabalhodecodificação.Esteprocessopermitiuselecionarosdadoscominteresseparaopresenteestudoeorganizá-losde formaapoder serencontrada respostaparaosobjetivosdefinidosparaoestudo.

2.6.CONFIABILIDADEEVALIDADE

Durante a realização da pesquisa, seja ela quantitativa ou qualitativa énecessário observar os aspectos referente à sua validade. Na pesquisaquantitativa a validade está diretamente relacionada com a objetividade ecom a possibilidade de repetição do experimento, ou seja, para que sejaconsiderada válida qualquer pesquisador que queira reproduzir a pesquisadeverá necessariamente obter o mesmo resultado. Assim a ciência é vistacomobjetividadee caráterexplicativo (Ollaik&Ziller2012).Noentanto,napesquisa qualitativa é necessário compreender a validade numa outraperspectiva,énecessário“determinarseeladefatomedeverdadeiramenteoqueopesquisador sepropôs amedir, se seusprocessosmetodológicos sãocoerenteseseseusresultadossãoconsistentes.”(ibidem,p.232).

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Porsetratardeumapesquisaqualitativaondesedámaisimportânciaaoprocesso,aométodo,avalidadeinternaseráreferencianoestudo,ouseja,“avalidadenapesquisaqualitativatemenvolvidoadeterminaçãodograupeloqualosapontamentosdopesquisadorsobreoconhecimentocorrespondemàrealidadequeestásendoestudada”(OliveiraePiccinini,2009,p.90).Tendoemcontaqueesteestudotemoobjetivodepercebercomoagestãoatuanaescola, como os conselhos escolares lidam com a gestão dos recursosfinanceirosecomooprogramadoPDDEpodecontribuirparaoprocessodegestão democrática da escola, tornou-se necessário que o processo devalidaçãodosdados sejaomais proximoda realidade, encaixando-senessemodeloavalidadetransacionalaopotencializaraaçãodoinvestigadorsobreo objeto investigado, obtendo, assim, dados mais exatos. A validadetransacional age na perspectiva micro, como nos relatam, Ollaik e Ziller,quandonoslembramqueaquestãocentralestánaposturadoinvestigador,isto é, está no modo como o investigador se posiciona e interage com osparticipantes no estudo e como olha para os dados obtidos, porque éimprescindívelcompreenderos“sentimentos,experiências,valoreseopiniõescoletados, e a narrativa feita pelo pesquisador sobre eles” (Ollaik e Ziller,2012,p.233)

Paraqueapesquisatenhavalidadeéprecisogarantirasuaconfiabilidade.

De entre os diferentes tipos de confiabilidade (quixotesca, diacrônica esincrônica), o quemais aproxima-se do estudo proposto é a confiabilidadesincrônica porqueperquisa a similaridadedediferentes observações dentrode um mesmo período (Júnior, Leão, & Mello, 2011), porque se refere àssimilaridades das observações em semelhantes períodos de tempos (…) asparticularidades de interesse do observador (Ullrich, Oliveira, Basso, &Visentini,2012,p.23)

Dentreoscritériosdevalidadeeconfiabilidadequeasseguramaqualidade

à pesquisa qualitativa, foram considerados no processo de tratamento dos

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dados:atriangulaçãodosdados,areflexividadeeofeedbeckdosinformantes(validação comunicativa), conforme aconselham Paixão e colegas (Júnior,Leão,&Mello,2011).

A triangulação foi conseguida através da análise comparativa das

diferentes fontesdedadosedacomparaçãoentreosdadosobtidosatravésdas várias entrevistas, o que nos permitiu aprofundar a compreensão dofenómeno(Júnior,Leão,&Mello,2011).

Areflexãosobreomaterialqueiasendoencontradofoiumapreocupação

semprepresente,eainvestigadoracolocou-se,porvezes,doladodeforadoestudo, por forma a encontrar incongruências ou outras ligações possíveisparaomaterialqueiaencontrando.Foitambémdiscutindoesteassuntocomoutro investigador que estava familiarizado com o estudo, mas nãodiretamente envolvido (Cardoso, 2014). “O caráter reflexivo das pesquisasqualitativas se configura como critério de confiabilidade, pois possibilitaarticular as proposições de estudos à realidade social onde o mesmo éconduzido.”(Ullrich,Oliveira,Basso,&Visentini,2012).

O feedbeck dos participantes também é conhecido como critério de

confirmabilidadepoisresultadaobtençãodiretadedadosoudeinformaçõesrepetidasqueopesquisadortenhaobtidodurantearealizaçãodapesquisa.Adevolução das transcrições aos participantes, foi também um cuidado quetivemos, uma vez que permitiu que confirmassem que tínhamoscompreendidobemosquenoshaviamdito,aomesmotempoquepermitiuque alterassem respostas ou acrescentassem os dados que considerassemconvenientes. Posteriormente, quando da análise de dados das entrevistas,que decorreu após uma leitura geral das respostas, e que implicou areorganização de algumas ideias centrais, a investigadora teve sempre ocuidado demanter uma postura ética,manter o significado atribuído pelos

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participantesduranteoprocessodapesquisa,conformeésugeridoporPaivaecolegas(Júnior,Leão,&Mello,2011).

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3.CAPÍTULOIII-ANÁLISEEDISCUSSÃODOSRESULTADOS

3.1.APRESENTAÇÃODOSDADOS

Neste capítulo serão apresentados os dados recolhidos na investigação,que foram analisados à luz de um processo indutivo que teve como focoaprender comoobjetoestudado,de formaa conseguir umapercepção tãoclaraquantopossíveldoambientenaturaledocontextonoqualoobjetoestáinserido(Alves&Silva,1992).

3.1.1.DificuldadesenfrentadaspelosconselheirosegestoresparaaexecuçãodosrecursosdestinadosàescolaviaPDDE

Atravésdarealizaçãodasentrevistasfoipossívelperceberqueasprincipaisdificuldades sentidas pelos participantes para a execução dos recursosdestinados às escolas, via PDDE, diferem de uma escola para a outra.Enquantoquenaescolaurbana(escolaA)osprincipaisproblemaspassamporconseguir conciliar horários com os conselheiros por causa das suasocupaçõesprofissionaiseoutroscompromissosdiários,naescolarural(escolaB)ficoubemclaroquesãoquestõesdeordemgeográfica.

Concretizando um pouco mais, percebemos que a dificuldade em sefazeremreuniõesnaescolaurbanaacontece,sobretudo,quandosetratamdereuniõesextraordinárias.Asreuniõesordináriassãorealizadas,emborasemaparticipaçãodetodososConselheiros.

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…realizarasreuniões.Porcausadasocupaçõesdiárias,ficadifícilarealizaçãode reuniões extraordinárias. Conseguimos realizar as ordinárias, mas falta aparticipaçãoefetivadetodos.(Diretordaescolaurbana)

A dificuldade é para reunião extraordinária ou reunião de urgência pararesolver alguma pendência. Mas é raro acontecer. (Coordenador da escolaurbana)

Naescolarural,porsuavez,osgrandesconstrangimentossãoprovocadospela distância de aproximadamente cinquenta quilómetros à cidade. Elesparecem ser muito evidentes. Por exemplo, o diretor falou-nos dasdificuldadessentidasquandosetornanecessáriofazerpesquisasdepreçosetransferências bancárias, e o Presidente doConselho Escolar alertoupara ofacto de haver dificuldade em conseguir transporte, falou da distância àcidadeedotempoqueénecessáriodispor,querpararealizarasviagens,querparaopróprioprocessodeanálisedepreços.

A dificuldade principal é a locomoção dos membros para a cidade quandoprecisam vir fazer pesquisas de preços e transação bancárias. (Diretor daescolarural)

Adificuldadeéporqueagentemoradistantedacidade,etudooqueprecisaagente temque vir pra cidade. Entãoquando se tratade vir pra cidade, tudoisso temumgasto enósnão ganhamospra isso.O conselhoéum trabalho,queagentetrabalhavoluntariamente.(...)Entãoessaéadificuldade,faltadetransporte,adistânciaeacomunicaçãoeo tempopra fazeraspesquisasdepreço.(PresidentedoConselhoEscolardaescolarural)

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3.1.2.NecessidadesquenãosãocontempladaspelosrecursosdoPDDEeoquantodesserecursopodesersuficienteparaminimizarasdificuldadesdasescolas

No decorrer das entrevistas que realizamos, todos os participantes nosdisseram que os recursos recebidos pelas escolas são provenientes dosprogramas implementados pelo governo federal, que tem como meio detransferência direta de recursos para as escolas o PDDE. As duas escolasrecebem em comum recursos do PDDE, PDE - Escola e Mais Educação,havendoentreelasavariaçãodedoisprogramas.Nocasodaescolaurbana,elatemacessoaoProgramaMaisCultura,enquantoqueaescolaruralreceberecursosdoProgramaEscolaAcessível,queéconhecidopeloselementosdaescola como “acessibilidade”. Essa diferença, encontrada entre as duasescolasestudadas,ocorreporcausadaprópriaespecificidadedasescolas.Adefiniçãodo tipodeProgramaa implementar temporbaseaanálisequeoGoverno faz apartir das informações inseridasnoCensoEscolar enoPDDEInterativo.

Esta pesquisa permitiu perceber que, apesar do Programa PDDE seressencialparaamanutençãodasatividadesquotidianasdasescolas,aindaháalgumasnecessidadesquenãosãocontempladaspelosrecursosdoPDDE.Aescolaurbanaenfatizouqueas limitações impostaspelasespecificidadesdecadaprogramaimpedemqueoutrasnecessidades,maisurgentes,possamseratendidas.Háumaefetivavinculaçãoaoqueestáestipuladoparacadaitem,nãopodendo,porisso,seremfeitasaquisiçõesquevãoparaalémdoqueestáregulado.

…Hánecessidadesquedevidoalimitaçõeslegais,nãocontemplaacompradedeterminadositens.(Diretordaescolaurbana)

...Massópodesercompradoocabeacadaprograma.Nãopodemoscompraroquenãoestádeterminadonasaçõesdosprogramas.(Coordenadordaescolaurbana)

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Noentanto,eapesardaslimitaçõesdoPDDE,osparticipantesdestacaramque com este recurso acaba por ser possível minimizar algumas dasdificuldades mais imediatas das escolas, como é o caso da aquisição dematerial de limpeza, de livros, de jogos, de material desportivo, deinstrumentosmusicaiseoutrosmateriaisdidáticos.Háaindaapossibilidadede se comprarem alguns equipamentos eletrónicos, como por exemploaparelhosdesom,dvd,copiadoras,televisões,entreoutros.

A escola rural consegue apresentar uma alternativa para diminuir osconstrangimentos causados pelas limitações que são impostas pelo PDDE.Foram-nosreferidasdespesascomamanutençãodaescolaearealizaçãodealgumas reparações na sua estrutura física. A alternativa é a procura deparcerias com o comércio local e com os pais, como nos exemplificou apresidente do conselho escolar. A escola recorre ao apoio que a própriacomunidadeconseguedispensar.

Asnecessidadessãoresolvidasdessaforma:emparceria.Agentesejunta,vêqual é a prioridade que precisa ser feita urgente na escola e a própriacomunidade ajuda (…) Dinheiro não, mas recebe ajuda da comunidade. Acomunidadeprestamuitoserviçopraescola. (Presidentedoconselhoescolardaescolarural)

Mesmo não sendo suficientes, os recursos conseguem cumprirminimamentecomoquefoipropostopeloprograma,umavezqueaescolavaiencontrandosoluçõesalternativaseque,decertomodo,complementamoqueoPDDEnãoconseguesuportar.NodecorrerdaentrevistaquefizemosaoCoordenadordaescolarural,eladá-noscontadograndevalorsocialqueestá agregadoaestas açõesque sãodesenvolvidas juntoda comunidade, equetantocontribuemparaqueaescolacumpraassuasdemandas.

...ascriançasaceitaramcommuitafacilidade,entãoasaçõesdesenvolvidas,asatividades,deumuitocertoeteveumbomaproveitamento(...)veiofazerumagrandemudançanaescola.(Coordenadordaescolarural)

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3.1.3.AsvantagensdosprogramasfederaisqueatendemasescolaspormeiodoPDDE

A importância dos programas federais é percebida por todos desde oprimeiro momento em que as escolas começam a receber os recursos. Deentreasvantagenspercebidaspelacomunidadeescolar,podemosmencionarosuportequeosprogramasdãoàgestãoescolar,amelhoriadaqualidadedoatendimento aos alunos, através da compra de material didático,computadores, data-show e outros produtos necessários para o bomfuncionamento dos estabelecimentos de ensino, como é o caso do própriomaterialutilizadoparaa limpezadosespaçoscomuns.EstesuporteveiodarumimportantecontributoparaqueasescolascumpramasdemandasqueaSociedadeBrasileiralhesimpõe.Aestepropósito,oCoordenadorpedagógicodaescolaruralassumequeaoseremcontempladascomestesprogramas,asescolaspercebemumamelhorianoprocessoensino-aprendizagem,conformeindicadoresusadospeloMinistériodaEducação.

De2008pra cáhouveumamudançamuitograndenoensinoaprendizagem,no índicededesenvolvimentodaeducaçãobásicadasescolas. (Coordenadorpedagógicodaescolarural)

No entanto, e apesar domuito queo PDDEpode fazer pelas escolas, hásempremaisemaisparafazer.Aestepropósito,oPresidentedaescolaruralassume que continuam a confrontar-se com carências que afetamdiretamenteodesenvolvimentodoseducandos.Sãocarênciasdetodootipo,sãocarênciassemexceção,comonosreferiu.

Atéporqueanossaescolaédazonarural,entãoquandosetratadezonaruraltemtodasascarências,todas,semexceção.(Presidentedaescolarural)

Apesar das carências sentidas pelas escolas, mais por uma do que poroutra, e apesar das limitações impostas pelos programas, fica evidente a

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conquista da automia das escolas. A este propósito, o Presidente da escolaurbana lembrouque antes da criação e implementaçãodoPDDEas escolasnão tinham autonomia para tomares decisões acerca dos produtos emateriais que precisavam de adquirir. Contráriamente a esse tempo, asescolaspodemagoracompraroquelhesparecermaisnecessárioparaobomfuncionamentodaescola.

Deu uma certa autonomia para a escola, antes do PDDE a escola não tinhaautonomiadeescolheroquepodiacomprareagorapodemoscompraroqueformais urgente e necessário para seu bom funcionamento. (Presidente daescolaurbana)

3.1.4.ContribuiçõesdoPDDEnoprocessodegestãoescolar

OPDDEépercebidocomoumprogramadefinanciamentodasescolasquemuito tem contribuído para a qualidade dos processos de gestão. Esta é apercepção dos Diretores escolares e dos Coordenadores pedagógicos queentrevistamos.

A autonomia da gestão financeira recebe destaque, nas palavras dasCoordenadoras das duas escolas, na medida em que ela permite tomardecisõesqueantesestavamvedadasàprópriaescola, comoporexemplo,aresoluçãodeproblemasdemanutençãodosedifícios.

Nóstemosautonomia.(Coordenadoradaescolarural)

A verba é fundamental para a gestão solucionar pequenos problemas demanutenção.(Coordenadoradaescolaurbana)

Os Diretores das escolas entendem que se tratam de recursos queviabilizarem a implementação de projetos escolares e que facilitam a sua

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realização.Éumsuportefinanceiroqueajudaaaçãodagestãoeproporcionauma melhoria da qualidade dos serviços prestados pelos professores e,consequentemente,pelasequipespedagógicas.

Atende com recursos na viabilização de aplicação dos projetos propostos naescola.(Diretordaescolarural)

Tem contribuído com o suporte financeiro o que facilita a ação da gestão,fazendo com que eleve a qualidade do serviço dos professores e da equipepedagógica.(Diretordaescolaurbana)

Por sua vez, os Coordenadores pedagógicos, apesar de terem salientadoquehaveráalgumaescassezdeverbas,disseramquemesmoassimsetratamdevaloresqueaescolarentabiliza.Éumdinheiromuitobem-vindo,comonosdisse o Coordenador pedagógico da escola rural, porque permite realizaratividades pedagógicas que, de outra forma estariam comprometidas. Sãoverbas que, apesar de serem por vezes insuficientes, são essenciais para avidadaescola.EstemesmoCoordenadorchegaadizerquesãoumpontodepartidafantástico.

Pormaisqueelenãosejaosuficiente,eleémuitobem-vindoporqueeleéoque nós temos de recurso. É o que escola tem para planejar as atividadesdentro da nossa realidade (...) não cobre toda a demanda,mas dá um bomsustento. É um ponto de partida fantástico. (Coordenador pedagógico daescolarural)

...paraasatividadespedagógicasquesãodesenvolvidascomascriançasecomoprofessor.(Coordenadoradaescolaurbana)

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3.1.5.AsconsequênciasdafaltaderepassedosrecursosdoPDDE

Ficoubemevidenteaolongodasentrevistasquerealizámosque,nocasodehaverumainterrupçãodosrepassesdosrecursosdoPDDEparaasescolas,haveria grandes constrangimentos no funcionamento das escolas, que seiriam refletir, forçosamente, numa perda de qualidade do serviço prestado.Osprocessosdeensinoedeaprendizagemseriamenormenteafetadospelafalta de recursos quemuito certamente se iriam fazer sentir, e haveria, decerta forma, alguma perda de vitalidade da escola porque a qualidade e oentusiasmo dos professores, das famílias e do Conselho escolar seriamfortementeafetados.SemestasverbasdisponibilizadaspeloPDDEasescolasperderiam autonomia e isso seria visto como um grande retrocesso nestacaminhada emdireção à gestão democrática das escolas. O papel social daescola, como nos refere o Presidente do conselho da escola urbana, ficariacomprometido.

Aescolaentrariaemdecadência.Ocorreriaobaixodesempenhopelafaltaderecursos para os professores e para as crianças. (Coordenador da escolaurbana)

asescolas iriamdeixarde ter esse suporteque sustentaaescolae contribuipara a qualidade da educação (...) de grande prejuízo. (Diretor da escolaurbana)

...tirar aquele entusiasmo da participação da família, dos professores e doconselho, tirar a autonomia de poder realmente dirigir os recursos.(Coordenadordaescolarural)

Asdificuldadescomcertezairiamaumentarporquecomesserecursodiretonaescolaproporcionaautonomiaparaamesma.(Diretordaescolarural)

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Posso afirmar que certamente ficaria comprometido não somente a práticapedagógica,mas também todoopapel social da escola, ou seja, a educaçãopública ficaria em estado de calamidade. (Presidente do conselho da escolaurbana)

UmoutroaspetoquemereceualgumdestaqueporpartedosparticipantesdaescolaruralfoiofactodeumapossívelinterrupçãodoenviodeverbasdoPDDE implicar, muito provavelmente, a dependência aos órgãos públicosmunicipais.Foi-nosditoqueestadependênciairiatrazergrandesdificuldadespara a escola, uma vez que oMunicípio não teria condições para prestar àescolaoapoioqueserianecessárioparaoseubomfuncionamento.

...porqueanossanãotemessafacilidadedereceberrecurso,digamosquedaprefeitura.(Presidentedoconselhodaescolarural)

Seriauma tristeza.Porqueaescolanão temcomo fazer tudosozinha,e tempoucaajudadopovodelá(governo).(Mãedaescolarural)

Nãofaleumacoisadessa!Elaiaficarmuitoprecária,iaficarosalunosnocaloreiaprejudicarparaaprender.(Mãedaescolaurbana)

...por issoseesteprogramaourecursodeixassedeser repassado,asescolasficariamnadependênciadaSecretariadeEducação.(Professordaescolarural)

3.1.6.Funcionamento,contribuiçãodoconselhoescolaredescriçãodaprestaçãodecontadasescolas

Nas duas escolas os procedimentos adotados pelos respetivos conselhosescolaressãosemelhantes,emboraonúmerodereuniõesqueserealizamnaescola rural e na escola urbana sejam diferentes. Enquanto que na escolaurbanaasreuniõesocorremumavezpormês,naescolaruralelasrealizam-seduasvezesemcadamêsetêmumaparticipaçãomaisefetivadacomunidade

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escolar. Nestas reuniões, realizadas na escola rural, há um maiorenvolvimento de todos; funcionários, pais, alunos, professores e gestãoescolar.

A dinâmica do Conselho Escolar se desenvolve a partir de ações coletivas eenvolvemos representantesdoConselho Escola. (Presidentedo conselhodaescolaurbana)

Oconselhosereúneumavezpormês.(Mãedoconselhodaescolaurbana)

Tem os membros que fazem parte. As reuniões acontecem conforme asnecessidades.(Professordoconselhodaescolaurbana)

Para além destas reuniões realizadas pelos conselhos escolares, há anecessidadedepassarinformaçãoreferenteàsdecisõestomadasaosmaioresinteressados,quesãoacomunidadeescolar.Paraissosãomarcadasreuniõesemqueparticipamospaisdosalunos,osmembrosdoconselho,professores,coordenadores e gestores escolares. Através deste procedimento a escolapromove a democracia e, simultaneamente, uma gestão participada, quefortaleceaescolaeatornacomoumaequipe.Naescolaruralfoi-nosditoqueestasreuniõesacontecemacadadoismeses.

Costuma-se reunir com a comunidade, nessa reunião estão presentes osmembros do Conselho Escolar, a gestora a e coordenadora da escola.NessemomentosecomunicaadecisãodoConselho,queporsuavez,costumaestaremconsonânciacomaspretensõesdaescolaedacomunidade.(Presidentedoconselhodaescolaurbana)

Através de comunicados, avisos ou bilhetes, do gestor ou representantes doconselho para pais, responsáveis e comunidade. (Professor do conselho daescolarural)

Convidamos os pais dos alunos a cada dois meses. Por exemplo: vem umaverbaproconselho,agentesenta,vêoqueprecisa,agentecompra.Tudodojeitoquefoicombinadonareunião.(Presidentedoconselhodaescolarural)

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A participação dos pais, professores e comunidade é sempre efetiva, o quefortaleceaescolaenquantoequipe.(Professordaescolarural)

Passadas as informações, o conselho escolar inicia a pesquisa de preços,quecorrespondeaoprimeiropassopararealizaçãodosprocessosdecomprados materiais que haviam sido combinados adquirir. No final de todo esteprocessoéresponsabilidadedoconselhoescolarrealizaraprestaçãodecontadas verbas utilizadas durante esse período. Este processo de prestação decontas é iniciado numa reunião em que são apresentados os materiais ouequipamentos adquiridos, assim como os respectivos documentoscomprobatórios,quedeverão serentreguesnaSecretariadeEducaçãoenaPrefeitura. Para este efeito é constituído um dossiê que reúne todos osdocumentosnecessáriosaosprocessosequeserãoposteriormenteenviadosà Secretaria da educação e à Perfeitura. Este é um procedimentoadministrativo que visa garantir a transparência de todo o processo deaquisições. Para além disso é um procedimento imposto por lei, que temcomoobjetivoaprestaçãodecontas,queénecessáriaparaquenovasverbasvenhamaserdisponibilizadas.

Apresentandoos recursosadquiridose suas respectivasnotas fiscais aquemsemostrarinteressado.Assim,sedivulgaasaquisiçõesfeitascomosrecursosdoPDDE.(Presidentedoconselhodaescolaurbana)

É feitaatravésdaapresentaçãodasnotas,pesquisaseoutrosdocumentos.Émontado um processo que é entregue na Secretaria de Educação, outra naprefeitura e outro na escola para eventuais fiscalizações. (Professor doconselhodaescolaurbana)

...temos cópia de tudo, de notas fiscais, cópia de cheques, tudo como foicomprado,emquedata,ealémdeprestarcontanaSecretariadeEducaçãoagentetambémexternaissoproconselhoenaescola.(Presidentedoconselhodaescolarural)

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Elachamatodomundodaescola,fazumareuniãocomospaisqueparticipamdo conselho, junta todomundo, sempre nomeio do ano e no final do ano.(Mãedoconselhodaescolarural)

A participação do conselho na vida da escola é abrangente e por isso épossívelperceberquehácontribuiçõesrelevantesparaaprópriaescola.Asuaatuaçãoultrapassaosprocedimentosnecessáriosàaquisiçãodemateriais.OConselho de escola é o elo que unifica as relações que se estabelecem naescolaequedávisibilidadeàstomadasdedecisões,oquepermitefortaleceroprocessodegestãodemocráticaquesevivenaescola.Estaéumaposiçãoqueencontramosnasduasescolasestudadas.

O conselho dá uma boa contribuição, porque junto o conselho delibera asaçõeseparticipafazendocomqueotrabalhosaiacomclarezaeaescolatomeasdecisõescomoconhecimentodaequipe.(Diretordaescolaurbana)

EcomrelaçãoasdecisõesaseremtomadasagestãochamaoConselhoEscolarparaparticipar.Aescolanãodecidesozinha.(Coordenadordaescolaurbana)

O que eu percebo é o esforço, o apoio que ele dá para o quadro defuncionário, eu vejo o trabalho quando eles reúnem (...). Eu vejo que é umconselhoatuanteeunidodevidoaessa importânciadelesestarempresente.(Coordenadordaescolarural)

3.1.7.Atuaçãodosgestores,coordenadores,paiseprofessoresnoconselhoescolar

A atuação dos participantes do conselho escolar é essencial para o bomandamento das atividades pedagógicas. Esta pesquisa permite conhecer acontribuiçãodecadaparticipante,acomeçarpelosdiretoresecoordenadorespedagógicos. A condução dos trabalhos depende muitas vezes da

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determinação e habilidade para identificar as dificuldades e superar osobstáculos. A participação nas reuniões é a chave para aprimorar oenvolvimento entre a comunidade e a equipe.Orientar os conselheiros nassuas funções, tendoporhorizonteasnormais legais,eajudá-losavencerasdificuldades são uma dasminhas atribuições dos Coordenadores de escola,como nos dá conta a coordenadora da escola rural. Este trabalho, sempreorientadoparaarentabilizaçãodosrecursosdisponibilizadostemopropósitode melhorar as condições de trabalho com os alunos. A este propósito oDiretor da escola rural chegou mesmo a dizer-nos que auxilia “nodirecionamentodosrecursosaseremaplicadosembenefíciosdosalunos…”.

A importânciadomeutrabalhoéparaqueelespossamcaminhardentrodasnormaseducacionais, (...)dentroda realidadedaescolaedoconvíviocomacomunidade.(Coordenadoradaescolarural)

Colaborona formaçãodoConselhoEscolar, nodesenvolvimentodo trabalhodo mesmo junto a instituição de ensino e comunidade escolar, auxilio nodirecionamentodosrecursosaseremaplicadosembenefíciosdosalunosqueéoobjetivoprincipal,deacordocomasnecessidadesdosprojetospropostospelaequipeescolar.(Diretordaescolarural)

Para que a escola tenha êxito nas suas práticas é importante oenvolvimento de dois atores essenciais para o processo de formação doseducandos:ospaiseosprofessores.

Aparticipaçãodospaisépercebidade formadiferentenasduasescolas.Enquantoquenaescolaurbana,queprocuraenvolverospaisemreuniõesdepais, onde sediscuteeondepodemconcordarounão comaspautas, nemtodos os pais se mostram disponíveis e dispostos a contribuir para o bemcomum. Este envolvimento, este entusiasmo que é sentido em alguns paisnão é compartilhado por todos, como afirma a diretora ao dizer que todosdeveriamteressavontade.

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Eles frequentam, são atuantes, são bem espontâneos, concordam oudiscordamconformeapauta.(Professordaescolaurbana)

Éumtrabalhobom.Masprecisaquetodosospaistenhamessavontade(...).mas sempre incentivamosogrupoa sabera importânciadesse trabalhoqueapesardenãoserremuneradoéumtrabalhoquevaibeneficiaracomunidade.(Diretordaescolaurbana)

Por sua vez, na escola rural o relato da participação dos pais chega acontagiareacriarumaenormeexpectativadiantedessaimportanteparceria.Eles não apenas participam das reuniões, eles contribuem ativamente paraqueocorraumaverdadeiramudançanaescola.Sãopaisquevisitamaescolacom alguma regularidade, que se peocupam com a presença dos filhos nasaulas,que sepreocupamcomoo trabalhodosprofessores,quedãovidaàsescolas, como nos disse o Coordenador da escola rural. Os pais não sãoapenas importantes,elessentem-se importanteseconfiantespara intervireacompanhardepertoaeducaçãodosseusfilhos.

Ospaisparticipamdas reuniões.Estãosemprepresentes.Eusouuma,estousemprelámetendoobico(opinando).”(Mãedoconselhodaescolarural)

Os pais ou responsáveis tem uma participação “participativa”, digamos temum interesse fundamentalnaeducaçãode seus filhos,porumaeducaçãodequalidade.(Professordaescolarural)

...paisqueparticipamdaescola (...)nãosódoconselho,maselesgostamdevisitar a escola, de ver se realmente o filho está na aula, se realmente oprofessorestánasala.Nóstemostambémaquelespaisquesãomeiofiscaisdaescola,sempreagentevaiporláetemumporlá.Látem,acontecemuitoisso.(Presidentedoconselhodaescolarural)

...eles dão muitas opiniões pra ver a mudança na escola e eu noto aparticipação dos pais, eles sentem muito importantes, é uma escola muitoalegreporquenospais, a gentevêaalegriaporeles fazerempartede tudo.(...).Eagentevêquerealmenteéporissoquetudoaquidátudocerto,nãoéumacoisaassimcemporcento,acomunidadelá,maséumadascomunidades

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mais participativa, eu admiro muito essa escola. (Coordenadora da escolarural)

Os professores são uma das peças fundamentais em toda a engrangemeducacionalenãoseriadiferentenoconselhoescolar.Osquesãoescolhidoslevam consigo a incumbência de defender os ideais da classe, a ponto derealizaremmudançasdecomportamentosemprequenecessárioparamelhoratenderemos objetivos de uma educação de qualidade, nemque para issoseja necessário dedicar um pouco mais do seu tempo para a causa daeducação. Este posicionamento e esta forma de atuação é comum as duasescolasinvestigadas.Noentanto,naescolaruralaindaconseguimosperceberqueosprofessorestêmumaparticipaçãoativaemrelaçãoàapresentaçãodenovosprojetospedagógicosesãoelesquelevamaescolaparaafrente,“sãoelesqueestãonafrente,[são]elesqueestãofazendoacontecer.”,comonosdisseoPresidentedoconselhodaescolarural.

Eles estão sempre na reunião, já ficando depois do horário para ficar nareunião ou vindo em outro horário que não seja o dele. (Coordenadora daescolaurbana)

Osprofessoresemembrosdaescolatemparticipaçãoativajuntoaoconselho,nas reuniões, levando sugestões e apresentando projetos voltados paraeducação.(Diretordaescolarural)

...têm a incumbência de apresentar ao Conselho Escolar os anseios, ideia eideais dos professores bem como dos demais membros da equipe escolar.(Presidentedoconselhodaescolaurbana)

Eles conseguem mostrar um trabalho muito bom, conseguem participardireitinhodetodososeventosdaescola,sãoelesqueestãonafrente,elesqueestãofazendoacontecer.(Presidentedoconselhodaescolarural)

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3.1.8.AgestãodoPDDEeasintervençõesnasatividadesescolares

DecidirsobrecomoserãoaplicadososrecursosdoPDDEéumatarefaqueexigeaparticipaçãodetodosparaquesejaaceite.Oprocedimentopadrãoéa convocação de uma reunião por parte do conselho, onde todos sãoconvidadosaopinaredecidirasprioridadesenecessidadesmaisurgentesdaescola. Todas as ideias sãodiscutidas e as decisões são registradas emataspara que fique configurado a escolha dos participantes em benefício dosalunosedoprocessoensino-aprendizagem.

AtravésdereuniõescomoConselho.ReúneoConselhosemprequehouveranecessidade, aproximadamente duas vezes no mês. Os membros sugeremcomo gastar o dinheiro, as sugestões são anotadas em ata para eventuaisconsultaseparaprestaçãodeconta.(Diretordaescolaurbana)

...tempracolocaremprimeirolugaroaluno,oensino-aprendizagemeobemestar do nosso aluno, sempre as decisões são tomadas dessa forma.(Coordenadordaescolarural)

SemprequeoConselhosereúneparatomaressasdecisõesháocuidadoem ouvir atentamente a opinião de todos os interessados. Nestas reuniõesficamuitoclaraoenvolvimentodetodoseomodocomoseempenhamparacontribuirem para a melhor distribuição possível dos recursos que estãodisponíveis. Curiosamente esta é a perceção de duas encarregadas deeducação, que tendo para o efeito do estudo o mesmo peso que teria aopiniãodequalqueroutromembrodoConselho,nãodeixadesercuriosoquesetratamdeduaspessoasexternasàsescolas:umaencarregadadeeducaçãodecadaescola.

Fazem as reuniões do Conselho e fazem uma votação para direcionar odinheiro para aquilo que ta precisando. Todos que querem participar sãoouvidoscomliberdadeparatodos.(Mãedaescolaurbana)

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Sãofeitasasreuniõescomospais,comopessoal todo lá. Eladizodinheiroque teme todosdizemnoquedeve ser usado.A gentedecide todomundojunto.(Mãedaescolarural)

As intervenções proporcionadas pelo programa PDDE podem serpercebidas no testemunho de muitos participantes como o ganho muitosignificativo,quandocomparadocomasituaçãoqueseviviaanteriormente.Aeste respeito, foi-nos dito, por exemplo, que a Escola ganhou poder paratomaralgumasdecisões,nomeadamente,acapacidadeparaserautonomanaescolhadosmateriaiseequipamentosqueconsiderademaiorrelevânciaparacada momento. E esta escolha, esta capacidade para responder às reaisnecessidadesdaescolaencontrameconamelhoriadaqualidadedotrabalhodos professores e, consequentemente, na qualidade das aprendizagensrealizadas pelos alunos. A escola passou a funcionar melhor e a dispor demelhores condições de trabalho. A este respeito foi-nos referida, porexemplo,aaquisiçãodeventiladoresqueajudamadissiparocalorquesefazsentir na escola. Um outro testemunho que consideramos importante,porque tem um grande impacto nas famílias, é o facto de a escola podersuportar certas despesas que teriamque ser suportadas pelos pais. Foi-nosreferidoofornecimentodemateriaisedeuniformesque,emboranãotendoum custo exagerando, são uma ‘dor de cabeça’ para as famílias maiscarenciadas.

Euacreditoquemudousim,oPDDEproporcionoumaisautonomiaàunidadeescolar, uma vez que possibilita aquisições que vão ao encontro das reaisnecessidadesdaescola.(Presidentedoconselhodaescolaurbana)

Ajuda a melhorar a prática dos professores que dispõem de recursospedagógicos para melhorar a prática docente e consequentemente odesempenhodosalunos.(Professordaescolaurbana)

Ficoumelhoraformadeconduzirostrabalhosnaescola,osrecursos,etudoquefuncionanaescola,hojeficoumelhorporqueumaequipequetrabalhaemparceria.(Presidentedoconselhodaescolarural)

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Sim.Antesnãotinhalugarprareunião,agoratem.Eramuitocalorehojetemventilador.Umaáreaparaensaiosdaquadrilhaquetambémnãotinhaeagoratem. E ajuda também dandomaterial e uniforme, porque o uniforme custaquinzereaispraumafamíliacomcincofilhosficadifícil.(Mãedoconselhodaescolarural)

3.1.9.Levantamentodasdificuldadesdasaçõesrelevantesdagestãoescolareconsideraçõessobreagestãodemocrática

Numa escola encontramos muitos desafios e não seria diferente com aequipedagestãoescolar.Asescolasenfrentamdificuldadesdistintas,quenosremeteàrealidadedecada localidadeondeestãosituadas.Porexemplo,naescolaurbana ficaclaroqueaautonomiaparaagestãodos recursoséumagrande conquista, porém junto com esse benefício a escola enfrenta aburocracia dos processos de compra como suamaior dificuldade. Enquantoque na escola rural os desafios estão relacionados a precariedade da suaestruturafísicaoqueincluinissoadificuldadedoabastecimentodeágua,algoessencialparaodesenrolardaexistênciahumana.

Em gestão financeira de poder ter a autonomia para gerir os recursos. Aquestãoéaburocraciaparaacompradosmateriais.(Diretordaescolaurbana)

Abastecimentodeagua,assistênciadocorpo técnicopedagógico. (Diretordaescolarural)

É o espaço físico. A escola é demadeira, nas salas tem ventiladores, entãoacho que aquele ambiente, o espaço e a estrutura da sala, para um bomfuncionamentoprecisamelhorarmais.(Coordenadordaescolarural)

Agestãoescolarmesmocomtodasasdificuldadesconseguerealizarações

quemerecemdestaquesnestapesquisa.O reforçoescolarevisitasàscasas

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das famílias ajudam a combater a evasão e a reprovação. Também sãorealizadasaçõesdeinclusãoescolarnasduasescolas.Estimularaparticipaçãode todos e principalmente da família ainda é o foco principal da gestãoescolar.

Osreforçosescolares.Atividadesquesãorealizadasparacombateraevasãoea reprovação. As visitam em casa com as famílias. A inclusão escolar muitobemrealizadacomoapoiodacomunidadeescolar.(Diretordaescolaurbana)

Atuação participativa com bom relacionamento com os funcionários,professoresecomunidade.(Coordenadordaescolaurbana)

Asaçõesdemaioresrelevânciasforamaacessibilidadequeproporcionouummelhoracessoaosalunosparadesenvolverasatividadespropostasnaescola.(Diretordaescolarural)

...ela é uma comunidade atuante, sem dúvida, mas uma das coisas queprecisaria melhorar seria uma maior participação da comunidade.(Coordenadordaescolarural)

Mas todas estas percepções e ações refletem a compreensão da equipe

quanto ao que considera gestão democrática. Todos demonstram umareflexãobemcoerentequantoaesseconceitoedeixamtranspareceremsuasatitudesecomportamentooqueassuasconvicçõesdescrevem.Odiretordaescolaurbana relataqueaparticipaçãoda comunidadeedaequipeescolarnasdecisõesdagestãosãorespeitadas,oqueproporcionaumfeedbackentrecomunidade, equipe e gestão. O coordenador ressalta que a educação nãopode ser feita dequalquer jeito e quedevehaver uma constante avaliaçãodas ações realizadas pela equipe em prol da melhoria do ensino. Oenvolvimento de vários seguimentos da comunidade favorece um bomrelacionamentoqueculminacomabuscapelaqualidadedoensino,segundoo diretor da escola rural, o que reforça os conceitos defendidos pelacoordenadora,equeincluiliberdadedeexpressãoerespeitoportodos.

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Eu entendoporGestãodemocrática quando as questões são colocadas paratodaacomunidade,háoenvolvimentodetodaaequipeeaescoladáaberturaparareceberacomunidade,eelatemaparticipaçãonasdecisõesdagestão.(Diretordaescolaurbana)

Todo ano, estamos reavaliando as ações que são realizadas com a equipeescolar, com discussões que visem a melhoria do ensino. (Coordenador daescolaurbana)

Participação de vários seguimentos da comunidade escolar: educandos,professores, funcionários e comunidade, (...)em busca de uma qualidade deensino.(Diretordaescolarural)

O que eu entendo de gestão democrática é da liberdade de expressão, éconvidaracomunidadepradentrodaescola,respeitarcadaalunoequeesseconselho seja um conselho, realmente atuantemas com respeito a cadaumdosseusmembros.(Coordenadordaescolarural)

Apósaanálisedosdadospodemosobservarqueosrecursosgerenciadospelasescolassãodevitalimportânciaparaobomfuncionamentodamesma,noqueconcerneàssuasatividadespedagógicas.Oacessoaosprogramasdogoverno federal são a única fonte de recursos para que as dificuldadesenfrentadasnoquotidianoescolarsejamsuperadas,entreelaspodemoscitaraconciliaçãodoshoráriosdetrabalhocomasreuniõeseadistânciadaescolado campo até a cidade para realização das compras. Cabe destaque nestapesquisaqueosprogramascomunsàsduasescolasestudadassãooPDDE,oPDEEscolaeoMaisEducaçãoeemespecíficoparaaescolaurbanaoMaisCultura e para a escola rural o programa Escola Acessível. Esses programasoportunizamaosseusbeneficiáriosamelhorianoatendimentoaosalunos,naqualidade do ensino, na estrutura física da escola e no desempenho dosprofessores. Dentre todos os benefícios o que mais chamou atenção foi aconquistadaautonomiapelaescola,opoderdedecisão,deescolhaedeaçãopara solucionar pequenos transtornos e mesmo melhorar as atividades

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escolares.Éinegávelqueaentradaderecursosfinanceirosdiretamenteparaa gestãoescolar éoponto fortedoprogramaequea sua suspensão trariaconsequências graves para o desempenho escolar e comprometeria aautonomiadaescolajáqueesseéoúnicorecursoaoqualtemacesso.

Masparaqueaescolapossa teracesso regularaesses recursos cabeao

conselhoescolarassumiraresponsabilidade,juntocomaequipegestora,daexecuçãodessesrecursos.Normaseregrasdevemserrespeitadasparaqueaescolanãopercaodireitodereceberasverbasreferentesacadaprograma,entre elas ter um Conselho Escolar regularizado junto aos órgãoscompetentes, dar transparências às suas ações desde a discussão dasprioridades até à prestação de contas, atuar em conjunto escola ecomunidade.Edesteúltimo,podemosdestacaraparceriaquedeverocorrersempreentregestores,professoresepaisdealunos.Todosestãoenvolvidosdiretamente no processo educativo do sermais importante, o aluno, e pormaiores que sejam as dificuldades enfrentadas a superação aconteceprincipalmentepelodesenvolvimentodeumagestãodemocráticaquepodeser percebida no feedback entre a gestão e a equipe escolar, o respeito atodos e a liberdade de expressão dos envolvidos na dinâmica do processoeducacional.

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3.2.DISCUSSÃODOSRESULTADOS

Aoiniciaresteestudotiveaintençãodecompreendercomoequaisseriamos caminhos percorridos pelas instituições de ensino para desenvolverprogramas implementados pelo governo federal com influência direta nagestãoescolar.Paratantoforamlevantadasalgumasquestõesquenortearameste trabalhoepossibilitaramoesclarecimentodosobjetivospropostosporessadiscussão.

O programas implementados pelo governo são diversos e atendem aobjetivos específicos, quando a escola os implementa nas suas atividadessurgem novos desafios e para que possamos compreender devemosprimeiramenteconhecerquaissãoosquesurgemnasescolasinvestigadaseasuaimportâncianaimplementaçãodasatividadesescolares.

Baseadonosdados coletadospodemosafirmarqueoProgramaDinheiroDireto na Escola – PDDE é o únicomeio pelo qual as escolas têm acesso arecursos financeiros e permite que as escolas investigadas sejam atendidaspeloPDDE,PDE-Escola,MaisEducação,MaisCulturaeEscolaAcessível.Cadaum destes, conforme o objetivo para o qual foi criado, melhora oatendimento ao educando e a qualidade do ensino de forma significativa aponto de viabilizar a realização dos projetos escolares, facilitar a ação dagestão e proporcionar uma melhoria na qualidade dos serviços prestadospelos professores e pela equipe pedagógica. Este recurso permite oplaneamento das atividades escolares, conforme a realidade local, eimplementa ações pedagógicas que valorizam a relação professor-aluno, oque proporciona um ganho significativo de autonomia vivenciado pelosparticipantes da pesquisa, ficando definida a sua importância para o bomandamentodasatividadesescolares.

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Quando falamos em autonomia, estamos defendendo que a comunidadeescolar tenha um grau de independência e liberdade para coletivamente,pensar, discutir, planejar, construir e executar seu projeto político-pedagógico...(Castro,2008,p.13).

Aoadministrardiversos recursosaomesmo tempo,asescolasacumulamdiferentes programas a implementar durante o ano, o que favorece oaparecimento de dificuldades percebidas pelo Conselho Escolar durante osprocedimentos para o gasto dos recursos. A investigação possibilitou aidentificação de dois problemas que atrapalham as ações do Conselho. Noque diz respeito à escola urbana, o seu desafio é conciliar os horários detrabalhodosprofessoresqueparticipamdoconselhocomasreuniões,tantoque muitas vezes encontram dificuldade em agendar reuniõesextraordinárias.Paraaescoladocampoograndedesafioéadistânciaaservencida entre e escola e a cidade, local onde são feitas as compras demateriais.A istopodemosacrescentaradificuldadecomotransporteecomascomunicações.

Mesmodiantedasdificuldadesedas limitações impostaspelosobjetivosdos programas, os investigados afirmarem em diversos momentos que osrecursossãopoucosmaismuitoimportantes,porquesãousadosparadirimirasnecessidadesimediatasdasescolascomoaaquisiçãodematerialdidático,material de limpeza, material desportivo, equipamentos diversos e arealização de pequenas reformas ou manutenção do espaço físico. Quepodemos confirmar quando observamos o artigo 2º da resolução nº 10 de2013quediz:

O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) consiste na destinação anual,pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de recursosfinanceiros, em caráter suplementar, a escolas públicas, (...)com o propósitode contribuir para o provimento das necessidades prioritárias dosestabelecimentoseducacionaisbeneficiáriosqueconcorramparaagarantiadeseu funcionamento e para a promoção demelhorias em sua infra-estruturafísicaepedagógica,bemcomoincentivaraautogestãoescolareoexercícioda

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cidadaniacomaparticipaçãodacomunidadenocontrolesocial.MinistériodaEducação(2013b).

A interrupção dos repasses dos recursos comprometeria a práticapedagógica, a autonomia da escola e o seu papel social. Essa situação foievidenciada na fala de todos os participantes ao expressarem preocupaçãosobre como ficaria a escola pública sem o apoio desses recursos ondeafirmamqueaescolaentrariaemdecadênciaeaeducaçãopúblicaficariaemestadodecalamidadepoisficouconstatadoduranteapesquisaqueestessãoos únicos recursos aos quais as escolas tem acesso para poder diminuir asdificuldadesenfrentadasnodiaadiaequeopoderpúblico localnãoprestanenhum tipo de assistência financeira as escolas ficando as mesmasdependentesdosprogramasdogovernofederal.Daíavalorizaçãodoacessoaosrecursoseapreocupaçãoemtersuaprestaçãodecontaaprovadaaofinaldecadaano,porquesignificaacontinuaçãodousodeverbas,mesmoquenaopinião das escolas poucas e limitadas, mas de grande importância para odesenvolvimentodeeducaçãopúblicadequalidade.

Compreender como o conselho e a gestão escolar desenvolvem osprogramas governamentais, considerando os princípios da gestãodemocrática, é o que vamos discorrer neste momento. Para tanto, estapesquisa se encarregou de esclarecer o funcionamento do conselho e suacontribuição para a gestão escolar, a atuação dos seus participantes, comosãotomadasasdecisõessobreaexecuçãodosrecursoseseépossívelrealizarumagestãodemocráticadiantedetantosdesafios.

Ao tratarmos sobre gestão devemos considerar todas as formas demanifestações que acontecem dentro do ambiente escolar, no caso esteestudo o conselho escolar e a equipe de gestão escolar. Saber sobre a suafuncionalidade nos ajuda a perceber até onde são realmente realizadas aspráticas pedagógicas demaneira democrática. No caso do conselho escolarficaclaroqueousodereuniõescomoprincipalmecanismodemanifestaçãode opiniões, debates, discussões e repasse de informações para o bom

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funcionamentodocolegiadoedainstituição.Lembrandoqueofatodelesercompostoporpessoaseleitasdiretamenteporsuascategoriasasseguraumarepresentatividade fortalecida para a tomada de decisões. A contribuiçãodestecolegiadovaialémdaaquisiçãodematériaseequipamentos,eleunificaasrelaçõeserespaldaasdecisõestomadaspelosseusparticipantesapontodefortaleceragestãodemocrática.

Os Conselhos Escolares, (...) tem como atribuição deliberar sobre questõespolítico-pedagógicas,administrativas,financeiras,noâmbitoescolar.CabeaosConselhos,tambémanalisarasaçõesaempreendereosmeiosautilizarparaocumprimentodasfinalidadesdaescola(MinistériodaEducação(2004a).

A importânciadaatuaçãodosparticipantesdo conselho ficaevidenciadona participação de todos nas reuniões e na habilidade em conduzir ostrabalhos preparando um ambiente favorável para envolvimento entre aequipeea comunidade local, por issoaparticipaçãodospais eprofessorestorna-se relevante para que a escola tenha êxito em suas práticaspedagógicas.Umaobservaçãointeressanteéaparticipaçãomaiordospaiseprofessores da escola do campo no que se refere a tomadas de decisões eacompanhamento do processo educacional,mas não foi possível verificar oporquêdesteacontecimentopornãoserofocodestapesquisa.

Decidir sobrea aplicaçãodos recursosdoPDDE requer aparticipaçãodetodos os envolvidos para que a decisão seja respeitada e aceita pelacomunidadeescolar.Quandoosconselheirosse reúnemparadebatersobreosrecursosqueestãodisponíveisparaaescola,ouviraopiniãoousugestãode ideias requer o exercício da liberdade de expressão e de respeito aopróximo, facilitando o levantamento das prioridades e tendo como fococentral o educando e o processo de ensino e aprendizagem. Essas atitudesfortalecem a relação entre a equipe escolar, o conselho escolar e acomunidade local, uma vez que a valorização das pessoas estimula oenvolvimento de todos e permite uma distribuição consciente dos recursosdisponíveis,proporcionandoumganhosignificativonaautonomiadagestão

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escolar,nacapacidadededecisãosobrequaisasnecessidadesquedevemseratendidas em primeiro lugar, considerando sempre a realidade de cadaescola.

Nesse sentido, a democratização da gestão escolar implica a superação dosprocessos centralizadosdedecisãoe a gestão colegiada, naqual asdecisõesnasçamdasdiscussõescoletivas,envolvendo todosos segmentosdaesola,eorientadas pelo sentido político e pedagógico presente nessas práticas(MinistériodaEducação(2004b).

Mesmo diante de tantos desafios as escolas pesquisadas demonstraramcom as suas ações que adotam práticas educacionais democráticas no seuquotidianoescolar,perceptíveisquando:(1)relatamsobreaimportânciaemdar transparênciaparaas suasdecisões, realizando reuniões tantasquantasforemnecessáriasatéquefiquedecididosobreoquedeveseradquiridoparaminimizar as dificuldades enfrentadas pela escola; (2) estimulam aparticipação de pais, professores, gestores e coordenadores pedagógicos edemais funcionário da escola nas reuniões; (3) fortalecem a parceria entreescolaecomunidadeafimdebuscarsoluçõesparasuperarosobstáculosqueprejudicam o bom andamento das ações escolares; (4) agem dentro dalegalidade ao respeitar as regras e normas que regem os programasgovernamentais para ficarem aptos a continuarem a receber os recursos, emesmo diante das dificuldades, respeitarem a finalidade para o qual osprogramas sãopropostos,alcançandoumamelhoriaemdiferentesáreasdaeducaçãopública.

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4.CONCLUSÕES

Opresente estudo teve como objetivo analisar omodo como está a serimplementadooPDDEemduasescolaspúblicasmunicipaisdoMunicípiodeTucuruí,noEstadodoPará,natentativadepercebercomofuncionaaGestãodas duas Escolas, como acontece a participação dos conselhos escolares nagestãodos recursos financeirosequalo contributoqueesteprograma temdadoparaoprocessodegestãodemocráticadaescola

Realizamos entrevistas às Diretoras e às Coordenadoras pedagógicas dasduas escolas estudadas e aos elementos dos respetivos conselhos escolaresPresidente, professor e encarregado de educação, com o propósito deconseguirmos responder a três objetivos específicos: [1] identificar asdificuldades enfrentadas pelos gestores para executarem os recursos doProgramaDinheiroDiretonaEscola;[2]identificarosrecursosrecebidospelasescolasesuaimportânciaparaaimplementaçãodasatividadesescolares;[3]compreender como a gestão escolar e o Conselho escolar desenvolvem oPDDEnaperspectivadagestãodemocrática

As principais conclusões a que chegamos permitem-nos responder aos

objetivosenunciadosdoseguintemodo:• Aescolaurbanaapresentacomodificuldadeaconciliaçãodehorários

para a realização de reuniões extraoedinárias quando necessário,enquantoquenaescolaruralficaevidentequealocomoçãodocampoparaacidadeeacomunicaçãosãoosgrandesobstáculos.

• Osrecursosrecebidossãooriundosdosprogramas:PDDE,PDE-Escola,

MaisEducação,MaisCulturaeEscolaAcessível.Sãoimportantespelosuporte que os programas dão à gestão escolar, a melhoria da

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qualidade do atendimento aos alunos e a melhoria no processoensino-aprendizagem.

• Quandoosconselheirossereúnemparadebatersobreosrecursosque

estão disponíveis, ouvir a opinião ou sugestão de ideias requer oexercício da liberdade de expressão e de respeito ao próximo,incentivandoademocracia-participativacujofococentralbaseia-senoeducandoenaqualidadedoprocessodeensinoeaprendizagem.

Para além destas três conclusões, que procuram responder diretamente

aos objetivos enunciados para a presente dissertação, parece-nos poderconcluir aindaque,mesmodiantedealgumasdificuldadesenfrentadaspelaescola,comoaconciliaçãodehoráriosealocomoçãodosconselheirosparaacidade, para a realização de compras, contar com os recursos oriundos dogovernofederal,éumamaisvaliaparaestasinstituições,namedidaemquesão os únicos recursos financeiros com que as escolas podem contar parasuperaremasnecessidadesquesãoencontradasnocotidianoescolar.

Emesmodiantede tantas regrase limitações,oupoucos recursos,comonos dizem os entrevistados, são essenciais para melhorar a qualidade dosprocessosdeensinoedeaprendizagem,paraoatendimentoaoseducandoseparaasreparaçõesdaestruturafísicadaescola.

Nãopodemosdeixarderessaltaroempenhoemrealizarasdiscussõesqueforemnecessáriasparadefinirumasolução,fazendousodoConselhoescolarenquantoespaçodedebatesdeideiaserespeitoaopróximo,caracterizandodessa formao exercício de uma gestão democrática e participativa, onde oenvolvimentodetodosévalorizadoeconsideradoessencialparaasdecisõestomadasemconjunto.

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APÊNDICES

ROTEIRO DE ENTREVISTA

REPRESENTANTES DO CONSELHO ESCOLAR – UNIDADE EXECUTORA (UEx):

1- PresidenteoutesoureirodoConselhoEscolar2- Umrepresentantedepaidealuno3- Umrepresentantedoprofessor

1. QuandofoiimplantadooConselhoEscolardestaescola?

2. DequemaneiraaconteceadinâmicadefuncionamentodoConselhoEscolarequaissãoasfunçõesrealizadasporestecolegiadoquesedestacamnoambienteescolar?

3. ComoéaparticipaçãodospaisnoConselhoEscolar?

4. ComoéaparticipaçãodosprofessoresedemaismembrosdaequipeescolarnoConselhoEscolar?

5. DequemaneiraoConselhoEscolarouaUnidadeExecutora(UEx)repassamasinformaçõesdasreuniõesparaacomunidade?

6. AUnidadeExecutora(UEx)enfrentadificuldadesemrelaçãoàtomadadepreçosnacidade?Relacione-asabaixo

7. ComoequandoéfeitaaprestaçãodecontasdoPDDE?Comoédivulgadaeaquemédivulgadaequandoecomoéfeito?

8. Quaissãoosprogramasfederaisqueatendemouatenderamestaescolanosúltimos3anos?

9. EmqueanoaescolafoicontempladacomoPDDEpelaprimeiravez?Quevantagensforamsentidasnaaltura?

10. Aescolarecebeoutrotipoderecursofinanceiro,quenãoestejarelacionadoaosprogramasdogovernofederal?(serespondersim)quaissãoequeimportânciatemcadaumdessesrecursosparaotrabalhoquesedesenvolvenaescola?

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11. ComofuncionaagestãodoPDDEnaescola?Comoéfeitaaescolhaparaaaplicaçãodosrecursos?

12. OsrecursosenviadosatravésdoPDDEsãosuficientesparasuprirtodasasnecessidadesdaescola?(serespondeunão)Quaisasnecessidadesquenãosãocontempladasecomoseresolvemessasdificuldades?

13. OPDDEmodificouasformasdeconduçãodagestãodasatividadesnaescola?Gostariaquemefalassedasalteraçõesqueconsegueidentificar.

14. NasuavisãooqueaconteceriaseoPDDEdeixassedeserrepassado?

15. Umaúltimaquestão:quaisasdificuldadesencontradaspelaUnidadeExecutora(UEx)paraoseufuncionamento?

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ROTEIRO DE ENTREVISTA

DIREÇÃO ESCOLAR: 1- DiretorEscolar2- Umrepresentantedacoordenaçãopedagógica

1. Desdequandotrabalhanestaescola?Eháquantotempoexerceafunçãodediretoroucoordenadorpedagógico?

2. Fale-mesobreotrabalhoquedesenvolvenoConselhoescolaresobreaimportânciaqueatribuiaessetrabalho?

3. QuecontribuiçãodáoConselhoEscolarparaotrabalhoqueédesenvolvidonaescola?Comopercebeaimportânciadotrabalhodesenvolvidoporesteórgãodegestão?

4. GostariadesabercomodecorreaparticipaçãodospaisnoConselhoEscolar?

5. EapropósitodaparticipaçãodosprofessoresedemaismembrosnoConselhoEscolar,oquemepodedizer?

6. QuedificuldadessãonormalmenteencontradaspelaUnidadeExecutora(UEx)noseufuncionamento?

7. Quaissãoasprincipaisdificuldadesencontradasnocotidianodaescola?

8. Comenteasaçõesdemaiorrelevânciadasuaatuaçãonagestãoescolar.

9. Gostariaquemefalassesobretodosostiposderecursosfinanceirosqueaescolarecebeduranteoanoletivo.

10. Gostariadeconheceratéquepontoessesrecursosconseguemsuprirasnecessidadesdaescola.

11. Queriacolocar-lhealgumasquestõesacercadoPDDE:

a. OsrecursosenviadosatravésdoPDDEsãosuficientesparasuprirasnecessidadesdaescolaousehánecessidadesquenãoconseguemsercontempladas?Oquepodemedizeraesterespeito?

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b. QuecontributooPDDEtemvindoadarparaasmudançasqueocorremnoprocessodegestãodasatividadesnaescola?

c. ComosãotomadasasdecisõesdaaplicaçãodosrecursosdoPDDE?

d. Fale-medosprogramasqueestãonaplataformadoPDDEInterativoemqueaescolatenhaparticipadonosúltimos3anosedasvantagensdessaparticipação.

e. NasuavisãooqueaconteceriaseoPDDEdeixassedeserrepassado?

12. Umaúltimaquestão:oqueentendesobreGestãoDemocrática?Comopercebeasuaatuação?Elaenquadra-senestemodelodeintervenção?Dequeforma?