escutatória de rubem alves

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(*) Nesta crônica fazemos uma viagem ao sul de Minas Gerais para aprender com Rubem Alves sobre a arte de escutar..., e ainda aproveitamos para rever o que sentimos por Minas...

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Page 1: Escutatória de Rubem Alves
Page 2: Escutatória de Rubem Alves
Page 3: Escutatória de Rubem Alves

Faço esta viagemao sul de Minas Gerais

para aprender diretamentecom Rubem Alves

sobre a arte de“escutar”

.

Page 4: Escutatória de Rubem Alves

Vou pensando nesta terra enquanto escuto os acordes de uma

música cuja letra, salvo algum engano,fala de um coração... “carinhoso”,

“que bate feliz,quando te vê

...”

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Page 11: Escutatória de Rubem Alves

Aproxime-se.Não estou dormindo.

Você me escuta?Sabe ouvir?

Page 12: Escutatória de Rubem Alves

“Sempre vejo anunciados cursos de oratória.Nunca vi anunciado curso de escutatória.

Todo mundo quer aprender a falar.Ninguém quer aprender a ouvir.

Pensei em oferecer um curso deescutatória,

mas acho que ninguém vai se matricular.Escutar é complicado e sutil

...”

Rubem Alves

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Page 14: Escutatória de Rubem Alves
Page 15: Escutatória de Rubem Alves

“Parafraseio o Alberto Caeiro:Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.

É preciso também que haja silêncio dentro da alma.Daí a dificuldade...”

Page 16: Escutatória de Rubem Alves

“A gente não aguenta ouvir o que o outro dizsem logo dar um palpite melhor..., sem misturar o que ele diz com aquiloque a gente tem a dizer..., como se aquilo que ele diz não fosse digno de

descansada consideração e precisasse ser complementado por aquiloque a gente tem a dizer..., que é muito melhor...”

Page 17: Escutatória de Rubem Alves

“Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constantede nossa arrogância e vaidade..., quando, no fundo,

pensamos que somos os mais bonitos! ...”

Page 18: Escutatória de Rubem Alves

“Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidosestimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os

índios norte-americanos: Reunidos os participantes, ninguém fala...;há um longo, longo silêncio...”

Page 19: Escutatória de Rubem Alves

“... Todos em silêncio à espera do pensamento essencial.Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem.

Terminada a fala, novo silêncio... Falar logo em seguida seriadesrespeitoso, pois o outro falou os seus pensamentos:

pensamentos que ele julgava essenciais.”

Page 20: Escutatória de Rubem Alves

“É preciso tempo para entender o que o outro falou.”

Page 21: Escutatória de Rubem Alves

“O longo silêncio quer dizer:estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.

E não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro, ausência depensamentos... E aí, quando se faz o silêncio dentro,

a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.”

Page 22: Escutatória de Rubem Alves

“Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano,ficam assentados em silêncio..., abrindo vazios de silêncio...,

expulsando todas as idéias estranhas...”

Page 23: Escutatória de Rubem Alves

“A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar ― quem faz mergulho sabe ― a boca fica fechada.

Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório edos saberes da filosofia, ouvimos a melodia (ingênua sim,

mas) tão linda que nos faz chorar...”

Page 24: Escutatória de Rubem Alves

“Quando eu comecei a ouvir, descobri queFernando Pessoa conhecia a experiência..., e se referia a algo que

se ouve nos interstícios das palavras..., no lugar onde não há palavras.”

Page 25: Escutatória de Rubem Alves

“Para mim, Deus é isto:A beleza que se ouve no silêncio.

Daí a importância de saber ouvir os outros,porque a beleza mora neles também.

Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gentese juntam num contraponto.”

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Page 27: Escutatória de Rubem Alves
Page 28: Escutatória de Rubem Alves

Infelizmente― “não sei porque” ―

meu coração não é eterno...,

“mas ele bate mesmo felizquando te vê

...”

Page 29: Escutatória de Rubem Alves
Page 30: Escutatória de Rubem Alves

Desculpem o modo ingênuo com que entro aqui.

Fiquei preocupado com algumas imagens da minha penúltima crônica,Casos de Amor, e decidi consertá-las ou contorná-las,

porque na realidade como um todo nosso Estadoé ainda assim, uma “maravilha”.

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Page 38: Escutatória de Rubem Alves

Às vezes eu penso que o nosso caminhoÀs vezes eu penso que o nosso caminhoao redor das montanhas é apenas um jeito de dançarao redor das montanhas é apenas um jeito de dançar

ao redor de nós mesmos..., sem desejo de ir a outro lugar...ao redor de nós mesmos..., sem desejo de ir a outro lugar...

Daí eles dizem que “Minas é o mundo!...”,Daí eles dizem que “Minas é o mundo!...”,e nós confirmamos, humildemente:e nós confirmamos, humildemente:

““é o mundo da gente”.é o mundo da gente”.

Page 39: Escutatória de Rubem Alves

Não nos achamos os mais bonitos,Não nos achamos os mais bonitos,nem os mais inteligentes devemos ser,nem os mais inteligentes devemos ser,mas a gente, quando gosta, é pra valer!mas a gente, quando gosta, é pra valer!

E mais ainda, de acordo comE mais ainda, de acordo como hino de Minas Gerais, quandoo hino de Minas Gerais, quando

a gente gosta não esquece jamais!”a gente gosta não esquece jamais!”

Page 40: Escutatória de Rubem Alves

Isso é o que eu estranhamenteIsso é o que eu estranhamentetinha ainda para lhe dizer:tinha ainda para lhe dizer:

não goste por gostar,não goste por gostar,goste pra valer.goste pra valer.

Foi o que aprendiFoi o que aprendi““escutando” as montanhas.escutando” as montanhas.

Lanier WcrSó assim elas sustentarão nossos caminhosSó assim elas sustentarão nossos caminhos

ao longo de suas encostas.ao longo de suas encostas.