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  • 7/25/2019 Esconomia de escala, concorrencia imperfeita.pdf

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    Roland Saldanha Pgina 1 05/05/2005

    EEccoonnoommiiaassddeeEEssccaallaa,,CCoonnccoorrrrnncciiaaIImmppeerrffeeiittaaeeCCoommrrcciiooIInntteerrnnaacciioonnaall

    KRUGMAN & OBSTFELD, CAP. 6; WTP, CAP. 8

    OBS.:ESTAS NOTAS DE AULA NO FORAM SUBMETIDAS A REVISO,TENDO COMO NICA FINALIDADE A ORIENTAO DA APRESENTAO EMCLASSE.COMENTRIOS SO BEM VINDOS E PODEM SER ENVIADOS [email protected]. REPRODUO SOBQUAISQUER MEIOS OU DISTRIBUIO PROIBIDA SEM AUTORIZAOPRVIA DO AUTOR.

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    Roland Saldanha Pgina 2 05/05/2005

    INTRODUO

    o A compreenso da lgica subjacente ao comrcio internacionalmoderno exige que se avaliem, alm das motivaes tecnolgicas ede dotaes/qualidade dos recursos em um ambiente concorrencial,as estruturas no concorrenciais de mercado.

    o Efetivamente, existem e so importantes internacionalmente asestruturas de mercado em que os agentes no so meros tomadores

    de preos. Nestes casos, utilizam-se os elementos tericos bsicos daOrganizao Industrial e da Microeconomia para ajudar acompreender a realidade.

    o As economias de escala, internas e externas, tm papelfundamental para justificar as diferentes estruturas de mercadodomsticas e internacionais. O estudo inicia pela discusso desseconceito, associando-o ao comportamento no competitivo.

    o A seguir, uma breve anlise da concorrncia monopolstica em seu

    impacto no comrcio internacional e, por fim, a discusso do conceitoe lgica de dumping, a prtica de venda de bens e servios noexterior a preos inferiores aos observados na economia domstica.

    Economias de Escala

    o O conceito de economias de escala se refere a uma classificaopara o tipo de comportamento dos custos com o qual se defrontauma empresa medida em que sua escala de produo varia.

    o As economias de escala podem ser medidas pela elasticidadeCusto da Escala (quantidade) de Produo, definida como na frmulaabaixo:

    1)(

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    aumenta. Lembre-se que os custos mdios estaro caindo sempreque forem maioresque os custos marginais.

    o

    Aproveitando o ensejo, haveriam deseconomias de escala se Ec >1, ou seja, se os custos mdios aumentassem medida em que aescala de produo tambm aumentasse.

    o Presume-se que o aumento nas quantidades utilizadas de insumosseja timo, quer dizer, que as empresas estejam sempre escolhendo

    seus insumos de forma a minimizar os custos para as diferentesescalas de produo (sempre na tangncia da isocusto mais baixacom a isoquanta que define uma escala de produo ou quantidadeproduzida).

    o As economias de escala podem ser de dois tipos:

    Internas: a reduo de custos medida em que a escala deproduo aumenta depende apenas de aspectos internos firma(tecnologia);

    Quando existem economias de escala internas, uma empresaconsegue reduzir seus custos (e ter produtos maisbaratos/competitivos), com o aumento de sua escala produtiva.Assim, as economias de escala estimulam a especializao econcentrao na produo: em vez de produzir muitos produtosem escala menor, a produo de um nico produto, sob aseconomias de escala, implica uma alternativa mais interessante.

    Externas: a reduo de custos da firma decorre do aumento notamanho da indstria (conjunto de firmas), normalmenteassociada reduo nos preos dos insumos quando h maisfornecedores.

    O crescimento da indstria pode implicar redues de custospara a firma por diversos motivos:

    Especializao dos fornecedores de insumos;

    Agrupamento da mo de obra;

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    Transbordamentos tecnolgicos.

    o As economias de escala internas costumam determinar estruturasde mercado com um ou poucos fabricantes, operando em escalasbastante grandes, j as economias externas costumam implicarindstrias grandes, no necessariamente compostas por empresasgrandes. possvel, entretanto, que haja simultaneamenteeconomias de escala internas e externas.

    o Outra fonte possvel de reduo de custos, que no se confundecom as economias de escala, so os retornos com o aprendizado

    (learning by doing). Tratam-se de ganhos de produtividadedinmicos, que dependem da experincia na produo, nmero deunidade produzidas historicamente, e no da escala de produo,nmero de unidade de produo possveis.

    o Os ganhos dinmicos so transitrios, mas podem explicar aproteo que alguns pases do a determinadas indstrias sob a

    justificativa de se tratar de uma indstria nascente. De fato, estetipo de proteo presta-se a permitir que a indstria acumuleexperincia na produo, de forma que possa participar do comrcio

    internacional, quando a proteo for eliminada, de forma maiscompetitiva.

    Concorrncia Imperfeita: Aspectos Bsicos

    o Uma estrutura de mercado dita de concorrncia imperfeitaquando os agentes envolvidos no so tomadores de preos, ou seja,conseguem afetar os preos de mercado propositalmente com suasaes. Os casos extremos de concorrncia imperfeita costumam serassociados ao monoplio, em que existe um nico ofertante nomercado, e ao monopsnio, em que h um nico demandante. Valenotar que a quantidade de agentes envolvidos importante, mas no condio suficiente para que possam interferir nos preos demercado. De fato, um monopolista diante de uma demandaperfeitamente preo-elstica no tem poder de mercado algum.

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    o Pelo lado da oferta, entre a concorrncia perfeita e o monoplioencontram-se duas outras estruturas de mercados tpicas: aconcorrncia monopolstica e os oligoplios. A tabela abaixoapresenta as principais caractersticas destas diferentes estruturas demercado, lembrando que se tratam de estruturas ideais, tericas,deve-se esperar na realidade estruturas de mercado intermedirias:

    Estrutura Nmero deOfertantes

    Caractersticas Bsicas

    Concorrncia

    Perfeita

    Muitos,

    atomizados

    Agentes tomadores de

    preos, produtoshomogneos, ausncia debarreiras entrada/sada.

    ConcorrnciaMonopolstica

    Alguns,especializados

    Produtos diferenciados, nocurto-prazo agem comomonopolistas, no longo-prazo, agem como firmasconcorrenciais. Barreiras entrada/sada baixas.

    Oligoplio poucos Produtos homogneos oudiferenciados, altasbarreiras entrada/sada,problemas estratgicosentre os participantes.

    Monoplio um Produto nico, altasbarreiras entrada.

    Monoplio - Reviso

    o O problema tpico do monopolista o de encontrar a quantidadetima a ser produzida (aquela que maximiza seus lucros), dados:

    As caractersticas da demanda em seu mercado (a curva dedemanda); e,

    Os custos de produo.

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    o Graficamente, o problema posto na figura abaixo. O monopolistaenxerga uma curva de demanda de mercado e seus custos, sedeseja maximizar os lucros precisa encontrar a quantidade produzida(ou ofertada) que faz com que suas receitas marginais se igualemaos custos marginais.

    o

    Para encontrar a produo compatvel com o lucro mximo, o

    monopolista precisa levar em considerao o seu poder sobre o preode mercado. O preo recebido por unidade vendida (receita mdia) definido pela quantidade que o monopolista oferta no mercado: opreo definido na curva de demanda para aquela quantidade ofertadapelo monopolista. De forma mais geral, a receita total do monopolista dada por RT = PQ, mas o preo funo da prpria quantidadeofertada, ou seja, RT = P(Q) Q. Assim, a Receita Marginal domonopolista dada por:

    PdQ

    dQQ

    dQ

    dP

    dQ

    dRTRMg

    PQRT

    +==

    =

    ou, multiplicando e dividindo o primeiro termo do lado direito por P:

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    Roland Saldanha Pgina 7 05/05/2005

    PP

    Q

    dQ

    dPP

    dQ

    dRTRMg 1+==

    recordando a definio da elasticidade preo da demanda:

    +=+=

    =

    DD

    D

    PQPQ

    PQ

    PPPRMg

    P

    Q

    dQ

    dP

    11

    1

    logo,,1

    assim, para maximizar os lucros, o monopolista deve ofertar a

    quantidade que faz valer a igualdade RMg = CMg:

    CMgPRMgDPQ

    =

    +=

    11

    o Note que o poder de mercado do monopolista decorre da faculdadede cobrar preos superiores aos custos marginais. A elasticidade-

    preo da demanda, DPQ

    , situa-se entre 0 (bens cuja demanda completamente inelstica aos preos), e - (bens de demandacompletamente preo-elstica). Assim, se a elasticidade preo dademanda tender a - , mesmo que o produtor seja o nico ofertantedo mercado (monoplio), no ter poder de mercado, vale dizer,cobrar um preo igual a seus custos marginais, ou, no mximo,

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    Roland Saldanha Pgina 8 05/05/2005

    igual aos seus custos totais mdios (caso de economias de escala). Jse a demanda for pouco preo-elstica, digamos, com umaelasticidade igual a 4, o preo que maximiza os lucros ser igual a1,33 vezes os custos marginais. (cheque os clculos!).

    o Note, ainda, que a Receita Marginal estar sempre abaixo da curvade demanda, que representa a Receita Mdia. Isto pode ser

    entendido diretamente pela frmula acima, onde DPQ

    a elasticidade

    preo da demanda (negativa), ou graficamente, pois quando aReceita Mdia est caindo, a Receita Marginal precisa ser menor doque a mdia.

    o Krugman & Obstfeld trabalham com uma funo demanda demercado linear, da forma

    bPaQD =

    mas, o Preo funo da quantidade ofertada, pelo que aequao da demanda poderia ser reescrita como:

    Qbb

    aP

    1=

    como a Receita Total produto entre preo e quantidade,multiplicando a expresso para P por Q:

    21Qb

    Qb

    aPQRT ==

    de forma que, a receita marginal, para esta curva de demandaespecfica dada por:

    Qb

    PQbb

    a

    Q

    RT 112 ==

    o A firma maximiza os lucros quando RMg = CMg. De fato, omonopolista escolher a quantidade produzida de acordo com estaregra, o preo a ser cobrado por unidade, entretanto, normalmenteser maior do que os custos marginais (lembre-se que o Preo na

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    Roland Saldanha Pgina 9 05/05/2005

    derivao acima saiu da curva de demanda), podendo ser encontradopela substituio da quantidade escolhida na curva de demanda oureceita mdia.

    o O raciocnio da comparao dos custos marginais com as receitasmarginais precisa ser complementado quando existem economias deescala (custos marginais menores do que os custos mdios). De fato,sempre que houver custos fixos, os custos mdios tero umcomponente que no entra no raciocnio marginalista, vale dizer, aregra RMg = CMg no leva em considerao os custos fixos. Assim,no h garantia de que a Receita Mdia seja igual ou maior do que oscustos totais mdios quando se est na presena de economias deescala. Este teste precisa ser feito e:

    Se os custos mdios forem menores do que as receitas mdias,o monopolista aufere lucros positivos;

    Se os custos mdios forem iguais s receitas mdias, omonopolista tem lucro econmico igual a zero, o mesmo deempresas competitivas;

    Se os custos mdios forem maiores que o preo, o monopolistateria prejuzo produzindo aquela quantidade. Neste caso, opreo mnimo que o monopolista estaria disposto a receber paraparticipar do mercado seria aquele que cobrisse os custos totaismdios. Normalmente, este problema raro na prtica dosmonoplios, mas importante lev-lo em considerao,especialmente em estruturas de concorrncia monopolstica(discutidas abaixo).

    o

    Os lucros do monopolista so dados pela diferena RT-CT, ou,

    (RMe-CTMe)Q. Graficamente, o retngulo com altura igual a PM(P =RMe) e base igual a QMtm uma rea igual s Receitas Totais. Oretngulo de altura AC (CTMe) e base QM, tm rea igual aos CustosTotais. Assim, os lucros do monopolista podem ser encontrados peladiferena entre as reas dos dois retngulos.

    o

    Os lucros econmicos positivos do monopolista so anormais, ouseja, excedem a rentabilidade normal derivada do uso concorrencialdos recursos. Assim, h um estmulo entrada de empresas nestemercado, procurando compartilhar estes lucros acima do normal. No

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    monoplio, enquanto as barreiras entrada/sada forem altas, oslucros anormais do monopolista podero ser preservados. Se,entretanto, as barreiras diminurem, a entrada de novas firmas serinevitvel.

    o Com a eventual entrada de novas firmas, como acontecenormalmente em mercados de concorrncia monopolstica, melhoranalisados abaixo, o efeito bsico percebido pelo monopolista o deum deslocamento para a esquerda (ou para baixo) de sua curva dedemanda. Tente fazer um grfico do problema do monopolistacomparando a situao sem concorrncia e a decorrente da entradade novas empresas no mercado. Os lucros de monoplio tendem adiminuir e o interesse de entrantes neste mercado s para de existirquando os lucros econmicos deixarem de ser positivos. A situaoconcorrencial a de lucro econmico zero!

    Concorrncia Monopolstica

    o Na concorrncia monopolstica, os participantes do mercado detmum monoplio transitrio, de curto-prazo, que perdura enquanto osconsumidores perceberem os produtos como diferenciados. Como asbarreiras entrada so baixas, a imitao dos produtos que tenhamdiferenciais lucrativos faz com que seus preos diminuam, levando,em ltima instncia, sada de alguns participantes do mercado e

    eliminando os lucros de monoplio.o Tm-se, assim, uma estrutura de mercado parecida com osmonoplios no curto-prazo, tendendo a uma soluo concorrencial nolongo-prazo. Em linhas gerais, esta estrutura de mercado induz oaparecimento permanente de novidades, invenes, produtosdiferenciados, na proporo em que so estes diferenciais que

    justificam os lucros positivos de curto-prazo. Normalmente,entretanto, o excesso de diferenciao pode impedir oaproveitamento de economias de escala, causando uma diferenciao

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    excessiva. O comrcio internacional, ampliando as dimenses dosmercados consumidores, pode diminuir o problema de excesso dediversificao e melhorar os benefcios de economias de escala.

    o Um modelo estilizado, apresentado por Krugman e Obstfeld, supeque uma firma em concorrncia monopolstica se depara com umacurva de demanda negativamente inclinada (tem poder de mercado),mas que depende

    Do nmero de empresas participantes do mercado, n. Aparticipao de mercado da empresa considerada, supondo que

    todas as empresas tenham o mesmo tamanho e que as vendastotais neste mercado tenham o valor S, ser igual a (1/n)S;

    Da substitutibilidade entre o produto da empresa considerada eos dos demais fabricantes. Supe-se, de forma genrica, queuma reduo no preo dos bens concorrentes,P, diminua ademanda pelo bem fabricado pela empresa de acordo com oparmetro b.

    o A funo demanda linear, dadas estas suposies, tem a seguinte

    especificao:

    ( )

    = PPb

    nSQD

    1

    o No que concerne aos custos de produo, supe-se que todas asempresas trabalhem com estruturas de custos idnticas, com:

    Custos Totais: cQFCT += , onde F so os custos fixos e c oscustos variveis por unidade;

    Custos Totais Mdios:c

    Q

    FCMe

    Q

    Qc

    Q

    F

    Q

    CT+==+=

    , ou, lembrandoque a quantidade produzida pela firma corresponde sua fatiade mercado, Q = S/n:

    ( ) cS

    Fnc

    Fc

    Q

    FCMe

    nS

    +=+=+=

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    o Dado o tamanho do mercado, S, os custos mdios de umaempresa participante aumentam medida em que o nmero departicipantes aumenta (a escala de produo de cada empresadiminui, pois sua fatia de mercado se reduz).

    o Dados os preos cobrados pelas demais empresas, o problema demaximizao dos lucros pela empresa considerada consiste daescolha da quantidade produzida que iguala RMg e CMg, cobrando,ento, o preo mximo por aquela quantidade. Os passos so:

    Encontrar a RT, a partir da funo demanda:

    Isola-se P, expressando-o em funo de Q:

    ( )

    Sb

    QP

    bnQPSb

    n

    S

    SbP

    PSbSbPn

    SPPb

    nSQD

    +=

    +=

    +=

    =

    11

    1

    Multiplica-se P por Q, para obter a expresso para a RT:

    SbQQPQ

    bnPQ

    2

    1 +=

    Encontra-se a Rmg:

    Sb

    QP

    Sb

    QQPSb

    n

    S

    SbSb

    QP

    bnQ

    RT=

    +=+=

    12

    1

    Encontra-se o CMg:

    cdQ

    dCT=

    Iguala-se Cmg a Rmg:

    CMgcSb

    QPRMg ===

    ou,

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    Roland Saldanha Pgina 13 05/05/2005

    Sb

    QcP +=

    o Lembrando que S = Qn, pode-se reescrever a condio demaximizao de lucro de forma a perceber que um aumento nonmero de empresas (n) implica uma reduo dos preos cobradospelas formas individualmente:

    Qnb

    QcP +=

    o A equao dos custos totais mdios e da maximizao de lucrosem funo do nmero de empresas podem ser representadasgraficamente:

    o No ponto em que o nmero de firmas iguala os custos mdios aospreos, os lucros econmicos so nulos, ou seja, o mercado tende a

    ter, no longo-prazo, n2firmas. Quando h apenas n1firmas, ospreos so maiores do que os custos e, com lucros de monoplio,novas firmas so atradas ara o mercado. Com n3firmas, asparticipantes do mercado tm prejuzos econmicos, tendendo a sairdo mercado at que se atinja o nmero n1de firmas.

    Concorrncia Monopolstica e Comrcio

    o Como j se aventou, uma economia fechada limita aspossibilidades de especializao. No modelo de concorrncia

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    Roland Saldanha Pgina 14 05/05/2005

    monopolstica, esta restrio aparece na varivel S, o montante devendas. Uma elevao em S desloca a curva CC para a direita,ampliando o nmero de firmas que podem participar do mercado emequilbrio, pois os custos mdios diminuem.

    o Note que a mera expanso dos mercados envolvidos, pelaseconomias de escala associadas, viabilizam um maior comrciointernacional. Este fenmeno no depende da existncia devantagens comparativas, uma nova explicao para o comrciointernacional.

    o Veja este efeito na figura abaixo e examine o exemplo numricoapresentado por Krugman e Obstfeld.

    Comrcio Inter-industrial e Intra-industrial

    o A existncia das economias de escala, internas e externas, d

    razo a um tipo de comrcio que no precisa ser amparado nasvantagens comparativas. De fato, pelas vantagens comparativas umpas tende a exportar os bens para os quais tenha custos relativos deproduo menores, importando os outros tipos de bens. Este tipo decomrcio envolve transaes com bens diferentes, produzidos emindstrias diferentes. Chama-se comrcio INTER-industrial.

    o O comrcio baseado em economias de escala, a seu turno,depende fundamentalmente da existncia de demanda suficientepara justificar a produo especializada, de produtos diferenciados e

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    em larga escala. Uma economia fechada no teria condies deproduzir os todos os diferentes bens de uma indstria aproveitandoas economias de escala, a variedade seria limitada pela demandadomstica e os custos de produo seriam mais altos, pois as escalasseriam menores. Com a ampliao de mercados trazida pela aberturacomercial, portanto, torna-se factvel a especializao mais profunda,cada pas produzindo uma pequena variedade de bens similares, masdiferenciados, em grande escala e a custos mdios baixos. Avariedade dos bens disponveis aos consumidores, entretanto,aumentaria atravs das importaes. Trata-se de um comrcio de

    bens similares, de uma mesma indstria, manufaturas, por exemplo,denominado comrcio INTRA-industrial.

    o O comrcio intra-industrial, ao prescindir de fatores quejustifiquem as vantagens comparativas (diferenas de tecnologias,dotaes, especificidade de fatores...) pode ser realizado entre pasesestruturalmente bastante parecidos. De fato, a maior parte docomercio entre pases desenvolvidos da modalidade intra-industrial,um exemplo tpico sendo o observado na Unio Europia. Este tipo decomrcio no tem implicaes importantes em termos de

    redistribuio de renda interna aos pases que os realizam, os setorescrescero em todos os pases participantes, ainda que de formaespecializada em determinados produtos.

    o A especializao na produo decorrente do comrcio intra-industrial, vale dizer, no segue qualquer padro pr-definido. Defato, a probabilidade de que um pas se especialize na produo deuma determinada variedade de um bem depende muito da sorte econtingncia histrica. O pas que iniciar antes sua especializao emum bem que tenha ampla demanda internacional perceber, pelas

    economias de escala, vantagens concorrenciais sobre os demais.o Finalmente, uma frmula usada para calcular a importncia docomercio intra-industrial em relao ao comrcio inter-industrialrelativo a um determinado setor, i, seria:

    ii

    ii

    i

    X

    MXI

    +

    = 1

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    Se a indstria i realiza apenas comrcio inter-industrial, seruma exportadora ou uma importadora de bens, no ambos.Assim. X ou M sero nulos na frmula acima e I ser igual a 0para a indstria i.

    Se a indstria i realiza apenas comrcio intra-industrial,exportando exatamente o mesmo valor importado, o valor donumerado ser igual a 0, e o ndice I ser igual a 1.

    Quanto mais prximo de 1 (mais distante de 0) estiver I, maiora importncia do comrcio intra-industrial para a indstria em

    questo. Vide a Tabela 6-3 para exemplos.

    Dumping

    o A prtica de dumping consiste da discriminao internacional depreos, mediante a qual o preo do produto no mercado importador fixado a menor do que o observado no mercado do pas de origem.As notas abaixo extrapolam um pouco o texto de Krugman &

    Obstfeld, aprofundando a anlise.o Trata-se de conduta de mbito comercial, mais especificamente,de expediente condenado pela boa prtica do comrcio internacional.Existindo alguma indstria ou empresa domstica no pas importadorque se perceba prejudicada pelo dumping, o tema costuma ganhardestaque e o interesse das autoridades domsticas competentes.

    o Para entender os possveis motivos pelos quais uma empresatentaria colocar seus produtos em mercados estrangeiros a preosmenores do que os praticados no pas de origem recorre-se, aindahoje, s lies de Jacob Viner . Segundo o autor, trs razespoderiam subjazer prtica de dumping:

    i) a convenincia de escoar eventuais e inesperados excedentesprodutivos domsticos, sem reduzir os preos praticados no mercadode origem (dumping espordico);

    ii) a estratgia de entrar em determinado mercado,conquistando participao significativa ou expulsando os concorrentesl existentes. Para justificar esta linha de ao, a entrada e

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    monopolizao do mercado estrangeiro precisariam permitir, numsegundo momento, a elevao dos preos no mercado estrangeiro anveis at maiores do que os observados antes do dumping (dumpingde curto-prazo, ou dumping predatrio); e,

    iii) a inteno de alcanar, ou manter, larga escala de produono pas de origem, aproveitando as redues nos custos de produoassociadas (dumping de longo-prazo).

    o A viabilidade da prtica de dumping, qualquer seja sua motivao,deve ser bem apreendida. Trata-se de conduta cuja viabilidade

    condicionada, inexoravelmente, pela possibilidade de discriminaoentre mercados, de separao de regies comerciais estanques emque sero cobrados preos diferentes para produtos iguais.Efetivamente, no possvel, sob qualquer hiptese, realizardumping entre mercados que se mostrem interligados. De fato, seexiste em certo pas produto idntico (ou muito similar) disponvel apreos menores do que em outro, os consumidores no estarodispostos a adquiri-los aos preos mais altos. H que se ter claro,portanto, que condies especialssimas mormente quando seconsidera a alta integrao dos mercados internacionais namodernidade so necessrias para que a prtica de dumping sejalogicamente possvel e economicamente interessante. Para que hajaa chance da prtica de dumping necessrio que barreiras artificiais(tarifas, cotas, restries administrativas) ou naturais (custos detransporte, seguros, problemas informacionais) logrem isolar osmercados domstico e estrangeiro.

    o No caso do dumping espordico, o exportador procura venderprodutos a preos maiores em seu prprio pas, desviando para outro

    as eventuais sobras de produo. A oferta dos excedentes no pas deorigem faria seus preos diminurem, razo do direcionamento domesmo a outros mercados. Isso traz prejuzos tanto aosconsumidores do pas de origem quanto aos produtores (de benssubstitutos) do pas de destino. Os consumidores do pas de destino,contudo, apreciam a reduo dos preos das mercadoriasestrangeiras e suas substitutas domsticas, ainda que eventual. Odumping aqui tratado de carter espordico, interessante apenasquando a produo no pas de origem maior, por erro de previso,do que demanda domstica. A constatao da prtica desta

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    modalidade de dumping depende da deteco de variabilidadeeventual e transitria de preos e quantidades exportadas do produtoem questo, no exibindo carter prolongado.

    o O dumping de curto-prazo, por sua vez, implica estratgia anloga prtica de preos predatrios, ou underselling. Pode-se antecipar,contudo, que neste caso a venda de produtos a preos inferiores aospraticados no mercado de origem constitui uma forma de

    investimento estratgico. Com efeito, o produtor no pas de origemestaria disposto a sofrer prejuzos (ou reduo de lucros) transitrioscom a reduo de seus preos, enquanto fragiliza e elimina aconcorrncia no pas de destino. Aps ter logrado a monopolizao domercado de destino, precisa recuperar os custos da dominao domercado, elevando os preos a patamares maiores que os praticadosantes da estratgia de dumping.

    o Na situao de dumping predatrio, o interesse econmico narealizao do investimento estratgico representado pelos prejuzoscontabilizados durante o perodo de predao exige que - aps aulterior elevao dos preos - inexista a possibilidade de retorno dosparticipantes expulsos do mercado (re-entrada) ou de entrada denovos participantes. Efetivamente, caso a expulso ou fragilizaodos concorrentes fosse apenas transitria, a recuperao dos gastoscom a predao seria invivel, tornando a estratgia ilgica einconveniente sob o ponto de vista econmico. Somente na hipteseda existncia de barreiras entrada e re-entrada em determinadomercado suficientemente altas, portanto, a estratgia de dumping decurto-prazo poderia interessar ao produtor do pas de origem. Sendofactvel, o dumping predatrio pernicioso tanto aos produtoresquanto aos consumidores do pas importador.

    o Finalmente, o dumping de longo-prazo encontra amparo lgico nointuito de um fabricante no pas de origem aproveitar ao mximo suacapacidade produtiva instalada quando esta sujeita a economias deescala. Nessa situao, os produtores no pas de origem perceberiamdiminuies de custos com a elevao de sua escala de produo. Aoferta de mais produtos no prprio pas de origem poderia ser poucointeressante, na medida em que implicasse a reduo dos preosdaquele mercado. Assim, sendo possvel estabelecer preosdiferentes no pas de origem e em outras naes, a prtica de

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    dumping teria algum respaldo lgico: os preos no pas de origempermaneceriam altos e os custos de produo diminuiriam, com aseconomias de escala, pela ampliao das quantidades vendidas emmercados estrangeiros.

    o Novamente, essa ltima modalidade de dumping depende dapossibilidade de isolar os mercados de origem e destino, praticandopreos diferentes em cada qual. Ainda, mostra-se benfica aosconsumidores do pas de destino e aos produtores no pas de origem,prejudicando os produtores do pas de destino e os consumidores dopas de origem. Baseada na utilizao eficiente dos recursos exigeanlise mais detalhada para que se possam avaliar os resultadoslquidos, em termos de bem-estar, nas sociedades produtoras eimportadoras das mercadorias envolvidas.

    o O grande dilema que se coloca s autoridades responsveis pelapoltica comercial dos pases submetidos eventual prtica dedumping e s entidades internacionais de composio dos litgiosenvolvidos encontra-se na dificuldade em discernir entre as situaesem que o dumping efetivamente ocorre e aquelas em que se observaa simples e salutar operao da concorrncia de mercado. De fato,produtores domsticos ineficientes, utilizando escalas de produopouco competitivas ou tecnologias ultrapassadas sentem-sepressionados pela concorrncia de produtores estrangeiros maiseficientes, sendo comum a tentativa de eliminar a incmodacompetio aliengena mediante o apelo tutela estatal, argindo,ainda que com tbia fundamentao, a prtica de dumping pelosconcorrentes estrangeiros.

    o Na proporo em que empresas menos eficientes so mais

    expostas concorrncia internacional, as acusaes de prticas dedumping, especialmente as infundadas, tendem a aumentar.Paradoxalmente, a maior exposio ao comrcio internacional, com areduo das barreiras que separam os mercados, reduz apossibilidade da efetiva prtica de dumping.

    o A tendncia mundial no sentido da diminuio da proteo aosmercados nacionais ressurge com a constituio do Acordo Geral deTarifas e Comrcio - GATT, em 1947. Aps a elaborao do referidoAcordo, diversas rodadas de negociao multilateral entre os pases

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    signatrios foram realizadas , tendo a ltima ficado conhecida como a"Rodada do Uruguai", iniciada em 1986 e concluda em 1993. Osentido claro dessas mesas de negociao o de procurar reduzir osesquemas de proteo tarifria e no tarifria entre os pases,incrementando o comrcio internacional e favorecer todas ascomunidades envolvidas. Nessa linha, o processo internacional deliberalizao comercial, ao reduzir e expor os mercados dosdiferentes pases concorrncia internacional, facilita a ocorrncia deocorrncias de acusaes infundadas de prtica de dumping, aindaque diminua a possibilidade de discriminao entre mercados.

    o Finger (1999) atesta que, atualmente, cerca de 40 pases contamcom regulamentao domstica para combater o dumping. nestecontexto que se deve compreender a regulamentao imposta sob oArtigo VI da GATT - 1994 , que cuida dos procedimentos deinvestigao e proteo das indstrias domsticas ao dumping.

    o Na referida legislao encontram-se parmetros para orientar adeteco e dimensionar a magnitude do dumping eventualmentepraticado. Em termos procedimentais, com base em denncia deempresa domstica interessada, ou ex officio, as autoridadescompetentes - no Brasil a SECEX -, iniciam procedimento deinvestigao antidumping. Nessa investigao importa averiguar:

    i) a efetiva ocorrncia de dumping;

    ii) a eventual ocorrncia de dano indstria domstica; e,

    iii) a existncia de nexo causal entre o possvel dumping e eventualdano indstria domstica.

    o

    Finalmente, conveniente notar que a constatao da prtica dedumping normalmente enseja combate pela imposio de direitosantidumping definitivos. Estes representam montantes pecunirios,usualmente definidos sob a forma de taxas ad valorem sobre ospreos de importao, que so recolhidos, como se fossem impostos,aos cofres pblicos. A magnitude dos direitos antidumping determinada a partir da diferena entre os preos "normais" -aqueles que, segundo os clculos, no configurariam dumping, - e ospreos de "exportao". Potencialmente, a imposio de direitosantidumping tem dois efeitos: (i) aumentar os preos dos produtos

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    por eles atingidos para os consumidores domsticos; e (ii) estimularas empresas estrangeiras afetadas pelos direitos antidumping a, nofuturo, diminurem as exportaes para o pas que as penaliza, numamodalidade de restrio comercial denominada "Restrio Voluntrias Exportaes" (RVE). As RVE fazem com que, pela menor oferta deprodutos no mercado de destino, l sejam praticados preos maiores,compatveis com os interesses dos produtores domsticos. Deixandode incomodar aos produtores tutelados no pas de destino, nodecorrer do tempo as empresas estrangeiras passam a ldisponibilizar produtos a preos mais altos, imunes aos direitos

    antidumping. Por esta via, as RVEs redundam na cobrana, pelaprpria empresa estrangeira, dos valores correspondente aos direitosantidumping anteriormente impostos. notvel e inconteste ainconvenincia social trazida pela tutela, quando este for o caso, dosinteresses de uma indstria domstica ineficiente: conforta-se umestreito e incompetente ramo industrial s custas de milhares deconsumidores e do prprio bem-estar da sociedade, valor ltimo amerecer efetivo amparo estatal.

    o O grfico abaixo mostra a lgica geral da precificao no dumping.

    Note que h discriminao entre o mercado domstico e estrangeiro,identificam-se duas curvas de demanda distintas, umanegativamente inclinada (a domestica) e, neste caso, outra horizontal( a estrangeira). No mercado internacional o produtor no tem poderde mercado, mas domesticamente se depara com uma curva dedemanda negativamente inclinada. Assim sendo, se conseguirpraticar preos diferentes no mercado domstico e no mercadointernacional, ofertar QDOMunidades na economia domstica,praticando um preo superior ao internacional, e ofertar aquantidade (QMonopoly Q Dom) no mercado internacional, aos preos

    internacionais..

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    o Uma curiosidade interessante o caso do dumping recproco, emque e,presas produtores do mesmo bem em pases diferentesdiscriminam entre seus mercados domsticos e os estrangeiros. Seisto ocorrer, cada produtor domestico estar contestando o mercadodo produtor do outro pas, e vice-versa. Evidentemente, o dumpingrecproco limita a possibilidade de exercer preos domsticos muito

    superiores aos internacionais que, no limite, s poderiam diferir peloscustos de transporte e eventuais tarifas. Esta possibilidade interessante na medida em que serve para explicar o fato (raro) deum pas exportar e importar exatamente o mesmo bem.

    Perguntas

    o Problemas do Captulo 6 Krugman & Obstfeld: Todas

    Bibliografia

    Caves, Richard E., Frankel, Jeffrey A., Jones, Richard W. World, Trade andPayments: An Introduction. USA: Addison Wesley, 1999.Finger, J. Michael. "GATT EXPERIENCE WITH SAFEGUARDS:Making Economic andPolitical Sense of the Possibilities That the GATT allows to Restrict Imports."World Bank. 1999Krishna, Raj. "Antidumping in Law and Practice." World Bank EconomicPapers. 1823. 37 p: World Bank, 09/1997

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    Krugman, Paul R., Obstfeld, Maurice. Economia Makron Books, 1999.