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TEORIA SOCIOLÓGICA E SUAS ESCOLAS: CONTRIBUIÇÕES DAS PRINCIPAIS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS PARA A SOCIEDADE E PARA O DIREITO 1

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TEORIA SOCIOLÓGICA E SUAS ESCOLAS: CONTRIBUIÇÕES DAS PRINCIPAIS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS PARA A SOCIEDADE E PARA O

DIREITO

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TEORIA SOCIOLÓGICA E SUAS ESCOLAS: CONTRIBUIÇÕES DAS PRINCIPAIS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS PARA A SOCIEDADE E PARA O

DIREITO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................04

1. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS...................................................................................05

2. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO DIREITO...........................................................28

CONCLUSÃO.................................................................................................................35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................36

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INTRODUÇÃO

A Sociologia tem uma natureza cientifica, por isso usa um método baseado na

observação controlada e na indução lógica. Os procedimentos devem explicar o

desconhecido, assim, o passado deve explicar o presente. E é isso que as Escolas

Sociológicas tenta apresentar com seus pensadores e em suas teorias.

Este trabalho trata de um resumo das principais escolas sociológicas, para

referência durante o estudo dos temas abordados na disciplina. A metodologia utilizada

para o resumo foi escolher os principais pensadores de cada Escola e mostrar suas

principais obras e contribuições para a Escola Sociológica, assim para a Sociologia.

O primeiro capitulo conta com as principais Escolas Sociológicas e no segundo

as principais Escolas Sociológicas do Direito.

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1. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS

1. 1 ESCOLA MERCANTILISTA

O Mercantilismo foi a filosofia econômica adotada pelos comerciantes e estadistas

durante Os séculos 16 e 17. Os mercantilistas acreditavam que para um pais ser rico ele

deveria exportar o máximo que pudesse e impor barreiras para importações, pois nesta

época as transações entre países eram feitas com pagamento em ouro e para os

mercantilistas um pais só seria rico se tivesse mais ouro em seu poder do que os outros

países.

Assim, os líderes daquelas nações interviam intensivamente no mercado, impondo

taxas sobre as mercadorias estrangeiras para restringir as importações, e concedendo

subsídios para aumentar a capacidade de exportação de mercadorias nacionais. O

mercantilismo representou a elevação dos interesses comerciais ao nível da política

nacional.

Os principais pensadores dessa época foram: Thomas Mun, Gerard de Malynes,

Charles Davenant, Jean-Baptiste Colbert (França) e William Petty (Inglaterra).

Na França, o mercantilismo nasce a princípios do Século XVI, pouco tempo depois do

reforço da monarquia. Em 1539, um real decreto proíbe a importação de mercadorias

têxteis de lã provenientes da Espanha e de uma parte de Flandres. O ano seguinte são

impostas restrições à exportação de ouro. Jean-Baptiste Colbert, ministro de finanças

durante 22 anos, foi o principal impulsionador das ideias mercantilistas na França,

Jean-Baptiste Colbert (1619-1683)

Foi um político francês que ficou conhecido como

ministro de Estado e da economia do rei Luís XIV. Era

filho de Nicolas Colbert, um comerciante de tecidos de

Reims, e Marie Pussort. Apesar de sua família dizer

descender de nobres escoceses, não há nenhuma prova

disto, e a invenção de antepassados nobres era uma pratica

comum aos plebeus.

Entrou em 1633 na prestigiada escola de Jesuítas do

Collège de Clermont, onde completou a sua formação acadêmica em 1639.

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Em 1645, foi recomendado a Michel Le Tellier, seu cunhado, que trabalhava

como Secretario de Estado de guerra, este o contratou, primeiro como secretário privado

e logo conseguiu que o nomeassem conselheiro do rei em 1649.

Em 1661, o rei fez de Colbert ministro de Estado e, em 1664, atribui-lhe o cargo

de superintendente das construções, artes e manufacturas e ainda o de intendente das

Finanças. Colbert tornou-se controlador geral das Finanças (1665), de onde viria ainda a

desempenhar as funções de secretário de Estado na Marinha e na Casa Real (1669).

Como ministro de Luís XIV, Colbert quis tornar a França a nação mais rica da

Europa, e para isso implantou o mercantilismo industrial, incentivando a produção de

manufacturas de luxo visando a exportação.

Antes de sua morte em Paris, dia 6 de Setembro de 1683, ele se tornou odiado

pelos seus compatriotas por ter aumentado os impostos para conseguir pagar todas as

despesas de guerra despreocupadas feitas pelo Rei Luís XIV, e ainda os enormes custos

do novo e enorme Palácio de Versalhes.

Contribuições

Introdutor do mercantilismo na França, Colbert favoreceu não apenas sua classe

social, a burguesia, mas principalmente o Estado, concentrando riqueza e poder nas

mãos governamentais.

Colbert propiciou a acumulação de bens preciosos, proibindo a exportação de capital

e estimulando a exportação de bens manufaturados, impondo, ao mesmo tempo, altas

tarifas os seus similares estrangeiros.

1. 2 ESCOLA FISIOCRATICA

A escola fisiocrática surgiu no século XVIII e é considerada a primeira escola de

economia científica. Surgiu como uma reação iluminista ao mercantilismo, um

subproduto do absolutismo que dava ênfase à indústria e ao comércio voltado para a

exportação.

Os fisiocratas, um grupo de filósofos franceses do século 18, desenvolveram a idéia

da economia como fluxo circular de renda e produção. Eles acreditavam que o único

meio de gerar riqueza em um pais era através da agricultura. Como reação contra os

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regulamentos mercantilistas de comércio os Fisiocratas defendaram a política do

laissez-fare, que invocava por uma mínima interferência do governo na economia.

Os fisiocratas mais famosos foram: François Quesnay e Anne Robert Jacques Turgot.

François Quesnay (1694-1774)

Nasceu em Méré, cidade próxima de Paris, hoje

Yvelines, filho de uma família de pequenos

proprietários. Estudou medicina e cirurgia, tendo

iniciado a sua prática no ano de 1718 em Mantes.

Em 1737 torna-se secretário honorário da

Academia de Cirurgia e cirurgião da corte, tendo

alcançado o grau de doutor em medicina em 1744. Em

1752, torna-se médico de Luís XV, que o nobilitou,

passando a viver no Palácio de Versalhes.

Quesnay começa a interessar-se pelas questões de economia, tendo contribuído

com os artigos Rendeiros (1756) e Cereais (1757) na Encyclopédie de D´Alembert e

Diderot.

Princpais obras

Tableau Économique (1758)

Maximes générales du gouvernement économique d´un royaume agricole (1760)

Contribuições

Quesnay criou o conceito de equilíbrio econômico, uma concepção tomada como ponto

de partida nas análises econômicas desde então. Segundo ele, existe uma ordem natural

e essencial das sociedades humanas, que é inútil contrariar com leis, regulamentos ou

sistemas.

Quesnay afirmava que, alterando-se as quantidades, e os preços deixando de ser

constantes, quebrava-se o fluxo circular. Como toda a riqueza provém da terra, a

segurança sobre a propriedade é fundamental, podendo-se dizer que a segurança

sustenta o sistema. Deve haver segurança jurídica para os proprietários, para que não

mudem radicalmente o sistema o qual os camponeses são os geradores de toda a

riqueza.

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1. 3 ESCOLA FUNCIONALISTA

Herdeira direta do positivismo, criada por Augusto Comte, que buscava a compreensão

dos fenômenos sociais. A explicação dos fenômenos são obtidas por meio da construção

de leis gerais e relações causais entre os fenômenos.

Nos meios de comunicação, esta analisa a influencia dos meios no comportamento da

massa e a utilização desses meios. Pertenciam a ela o americano John Dewey, Robert S

Woodworth, Harvey A Carr, E James R. Angell, e o mais conhecido Augusto Comte.

Augusto Comte (1798-1857)

Isidore Auguste Marie François Xavier Comte

nasceu em Montpellier, sul da França, de uma família

monárquica e católica, mas já cedo se agarrou nas idéias

liberais e revolucionárias. Em 1814, começa a freqüentar

em Paris a Escola Politecnica, que depois é fechada por ser

“viveiro de jacobinos” para o governo francês. Volta a

cidade natal e estuda Medicina e Filosofia por alguns

meses.

Em Paris, cursa em 1829 Filosofia Positiva, onde

publica Curso de Filosofia Positiva (1830).

Em 1857, faleceu, possivelmente de câncer, em Paris. Sua última casa, na rua

Monsieur-le-Prince, 10, foi posteriormente adquirido por positivistas e transformado no

Museu Casa de Augusto Comte.

Todavia, é importante notar que uma grande confusão terminológica ocorre com

a obra de Comte e seu "Positivismo": ele não tem nenhuma ou pouca relação com o

chamado Positivismo Jurídico, ou Juspositivismo, de Hans Kelsen (explicitado melhor

no 2° capitulo).

Principais obras

Curso de filosofia positiva, em 6 volumes (1830-1842)

Discurso sobre o espírito positivo (1848)

Discurso sobre o conjunto do Positivismo (1851)

Sistema de política positiva, em 4 volumes (1851-1854)

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Contribuições

Para Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da inteligência

humana que comanda o desenrolar da história.

Assim como diz muito bem Gouhier, a filosofia comtista da história é "uma filosofia da

história do espírito através das ciências".

O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por

três estados (a chamada Lei dos Três Estados) :

Estado teológico ou "fictício" - explica os fatos por meio de vontades análogas

à nossa. Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo;

Estado metafísico - substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror

ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. O homem projeta

espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação

metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e

negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de

1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação

crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real.

Estado positivo - é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos

e a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva

de nossa experiência interior do querer para a natureza) é por ele substituída

pela noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam,

em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais

os fenômenos se encadeiam uns nos outros.

Essa lei não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela o é também para

o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o

adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das

coisas.

1. 4 ESCOLA BIOLÓGICA (Evolucionista e Organicista)

A sociedade para a Escola Biológica é como um ser vivo, igual as plantas e aos

animais e sujeito às mesmas leis biológicas de reprodução, conservação, luta pela vida,

seleção, adaptação e diferenciação de formas e funções.

Essa escola subdivide-se em evolucionista e organicista.

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Escola Biológica Evolucionista: A vida social, nessa escola, é estudada como um estudo

macro da biologia, onde a mudança do comportamento social é comparado à evolução

biológica, à adaptação ao meio, à luta pela vida e à seleção dos mais aptos. O principal

pensador dessa escola é Herbert Spencer.

Herbert Spencer (1820-1903)

Nasceu em Derby, cidade inglesa, filho único de uma

família de classe média. Não freqüentou escolas clássicas, nem

técnicas, foi educado em casa pelo pai e depois pelo tio,

recebendo instrução técnica e cientifica.

Seu interesse por evolução veio a partir dos 17 anos,

quando foi morar em Londres e trabalhar em uma engenharia

ferroviária. Quando regressa a Derby, em 1841, começa a

escrever A esfera própria do governo (1842), onde define o

papel legitimo do Estado.

Em 1848, volta a Londres, quando formula sua Teoria da Evolução Social

(1850) e começa a se dedicar a filosofia sintética e ao conservadorismo. Também nesse

ano, tornou-se subeditor da revista The Economist, onde trabalhou até 1853, quando

recebeu uma herança do tio e passou a se dedicar apenas a escrever livros – atividade

que manteve até a morte, em 1903.

Principais obras

O Indivíduo Contra o Estado (1884)

A Educação Intelectual, Moral e física (1863)

Princípios de sociologia (1876-1896)

Estudo da Sociedade (1873)

Contribuições

Spencer foi um profundo admirador da obra de Charles Darwin. É dele a

expressão "sobrevivência do mais apto", e em sua obra procurou aplicar as leis da

evolução a todos os níveis da atividade humana. Spencer é considerado o "pai" do

Darwinismo social, embora jamais tenha utilizado o termo.

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Suas conclusões o levaram a defender a primazia do indivíduo perante a

sociedade e o Estado, e a natureza como fonte da verdade, incluindo a verdade moral.

No campo pedagógico, Spencer fez campanha pelo ensino da ciência, combateu a

interferência do Estado na educação e afirmou que o principal objetivo da escola era a

construção do caráter.

 A sociedade para Spencer é um organismo e seus componentes se estratificam em

funções cooperativas e complementares. A sociedade se classifica em:

Simples: o TODO operante não é submetido a outro. A sociedade simples é

cooperativa com ou sem órgão regulador;

Composta: os chefes são submetidos a um dirigente supremo. Sempre há um

chefe;

Duplamente composta: organização complexa onde os costumes já evoluíram

para leis escritas, onde há formação de castas e princípios religiosos;

Triplamente composta: civilizações como a do Egito Antigo, México, Império

Romano, etc...

Conforme CASTRO (2000; P. 102), a sociedade evolui de um tipo militar (de cooperação

compulsória) para um tipo industrial (cooperação voluntária). O melhor governo é o liberal,

e que cada individuo pode desenvolver-se plenamente e unir-se livremente a seus

semelhantes para atingir o processo econômico, moral, religiosos, entre outros.

            Se para Darwin a seleção natural (sobrevivência dos mais aptos) era fomentadora para a

evolução no campo biológico, para Spencer a guerra assumia feição semelhante na lei de

evolução social. A guerra seria o elemento diferenciador que impulsionaria o homem a

especializar as funções dentro da sociedade. Para Spencer a guerra, forçou, de fato, os homens a

saírem do seu estado de homogeneidade primitiva e, a partir da relativa igualdade das

sociedades simples, formou as primeiras diferenciações no organismo social, especializando

órgãos e funções, e, pouco a pouco, criou toda a estrutura política da sociedade de tipo militar.

           

Escola Biológica Organicista: este conceito está relacionado ao termo organismo.

Chamamos organismo tudo que tem vida, desde os seres mais primitivos unicelulares,

através dos vegetais e animais até a complexidade do ser humano. Assim, a sociedade é

comparada a um organismo real, como os animais, que vive e se reproduz, mantendo

todas as suas características e fases comportamentais.

Uns pensadores que aceitaram a visão de sociedade como um ser orgânico são o

sociólogo e estadista alemão Albert G. F. Schãffle, o sociólogo francês René Worms e o

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sociólogo russo-francês Jacques Novicow, cada um desenvolvendo a idéia de maneira

própria. Para esse estudo, se destaca Espinas.

Alfred Victor Espinas (1844-1922)

Espinas foi um pensador francês de Nietzsche. Ele foi

estudante de Comte e Spencer.

Principais obras

Des sociétés animales (1877)

Les origines de la technologie (1897)

La philosophie sociale an XVIIIe siècle et la Revolution (1898)

Descartes et la morale: Etudes sur l'histoire de la philosophie de l'action (1925)

Agora destacamos as escolas de derivação positivista, que são: Escola

psicológica, escola marxista (ou cientifica) e escola sociológica.

1. 5 ESCOLA MARXISTA

O marxismo, conjunto de idéias filosóficas, econômicas, políticas e sociais

elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels, interpreta a vida social

conforme a dinâmica da luta de classes e prevê a transformação das sociedades de

acordo com as leis do desenvolvimento histórico de seu sistema produtivo

Marx defendeu que é a estrutura básica econômica que determina todas as outras

estruturas sociais. A religião, a arte, a ciência, a política, a moral e o direito são

estruturas sociais sobordinadas e determinadas pela estrutura econômica vigente.

Essa corrente influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo

do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos

sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos.

Segundo escreve LAKATOS e MARCONI (2008), a teoria marxista é uma

crítica radical as sociedades capitalistas. E Marx, foi o primeiro autor a empregar o

conceito de “classes sociais”, mas como não terminou o conceito em seu livro “O

Capital”, que em 1964 foi retomada, como:

"As classes são grandes grupos de pessoas que diferem umas das outras pelo lugar ocupado por elas num sistema historicamente determinado de produção social, por

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sua relação (na maioria dos casos fixada e formulada em lei) com os meios de produção, por seu papel na organização social do trabalho e, por conseqüência, pelas dimensões e método de adquirir a parcela da riqueza social de que disponham. As classes são grupos de pessoas onde uma pode se apropriar do trabalho de outra, devido a lugares diferentes que ocupam num sistema definido de economia social" (Lênin citado por LAKATOS e MARCONI, 2008; p. 259).

Karl Marx (1818-1883)

Nasce na pequena cidade alemã Trêves, filho

de uma família de classe media, cujo pai Hirschel

Marx é advogado judeu. Foi um intelectual e

revolucionário alemão, fundador da doutrina

comunista moderna, que atuou como economista,

filósofo, historiador, teórico político e jornalista.

Em 1830, Marx iniciou seus estudos no Liceu

Friedrich Wilhelm. Ingressou mais tarde na

Universidade de Bonn para estudar Direito, transferindo-se no ano seguinte para a

Universidade de Berlim. Em 1841, obteve o título de doutor em Filosofia. Impedido de

seguir uma carreira acadêmica, tornou-se, em 1842, redator-chefe da Gazeta Renana

(Rheinische Zeitung), um jornal da província de Colônia.

Em dezembro de 1881, Marx perdeu sua mulher e deprimido desenvolveu

bronquite e pleurisia, que causaram o seu falecimento em 1883. Foi enterrado na

condição de apátrida, no Cemitério de Highgate, em Londres.

Principais obras

Manuscritos econômico-filosóficos (1844)

A ideologia alemã (1845)

A miséria da Filosofia (1847)

Manifesto comunista (1848)

As lutas de classe na França entre (1848 e 1850)

O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852)

Contribuição à crítica da Economia Política (1857)

O Capital (1867)

Contribuições

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Segundo Marx, o lucro não se realiza por meio da troca de mercadorias, que se

trocam geralmente por seu valor, mas sim em sua produção. Os trabalhadores não

recebem o valor correspondente a seu trabalho, mas só o necessário para sua

sobrevivência.

Marx critica a essência do Capitalismo, que reside precisamente na exploração

da força de trabalho pelo Produtor Capitalista, e que segundo Marx, um dia haverá de

levar à revolução social.

Nascia assim o conceito da mais-valia, diferença entre o valor incorporado a um bem e a

remuneração do trabalho que foi necessário para sua produção.

A partir dessas considerações, Marx elaborou sua crítica do capitalismo numa

obra que se converteu numa reflexão geral sobre o homem, a sociedade e a história

A Teoria do Valor de Marx

Marx alterou alguns fundamentos da Economia Clássica, estabelecendo uma distinção

entre valor de uso e valor de troca:

Valor de Uso: Representa a utilidade que o bem proporciona à pessoa que o

possui;

Valor de Troca: Este exige um valor de uso, mas não depende dele. Marx

acredita que o Valor de Troca depende da quantidade de trabalho despendida,

contudo, a quantidade de trabalho que entre no valor de troca é a quantidade

socialmente necessária.

Para Marx, havia uma exploração do trabalhador, uma apropriação do fruto do

Trabalho, que contudo não pode ser considerado um roubo pelo Capitalista, porque ao

fim ao cabo, o Trabalhador é pago para fazer aquele trabalho.

1. 6 ESCOLA SOCIOLÓGICA

Essa escola sociológica defende que a sociedade é uma instituição com

identidade própria, independente de quaisquer influências externas ou internas. A

consciência é coletiva e grupal e possui a sua própria realidade física, vital e psíquica,

independente das realidades individuais de seus membros.

O principio da divisão do trabalho está baseado nas diversidades das pessoas e

dos grupos e se opõe diretamente a solidariedade por semelhança. Uma nova

organização é criada pelo principio da solidariedade, que vem dos laços sociais. O

pensador mais representativo dessa escola é Émile Durkhéim.

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David Émile Durkhéim (1858-1917)

Nasceu em Épinal, na Alsácia de uma família rabínica

hebraica. Freqüentou em Paris, em 1879, a Escola Normal

Superior, juntamente com Jean Jaurès e Henri Bergson.

Durante estes estudos teve contatos com as obras de

Augusto Comte e Herbert Spencer que o influenciaram

significativamente na tentativa de buscar a cientificidade

no estudo das humanidades

Em 1887, ocupa em Bourdéus a cadeira de Pedagogia

onde começa a reger os seus cursos de marcado pendor

sociológico, e ai permanece por 15 anos, vindo em 1893, a apresentar sua tese de

Doutorado A divisão do Trabalho social. Transfere para Paris, em 1902, e lhe é

entregue a cadeira de Ciência da Educação da Sorbonne.

Mas, em 1915 morre na guerra o seu único filho, e já idoso e entristecido, morreu em

1917 prematuramente.

Principais obras

Da divisão do trabalho social (1893);

Regras do método sociológico (1895);

O suicídio (1897);

As formas elementares de vida religiosa (1912).

Contribuições

A tarefa a que se propôs Durkheim foi: 

“em lugar de tratar a Sociologia in genere, nós nos fechamos metodicamente numa ordem de fatos nitidamente delimitados salvo as excursões necessárias nos domínios limítrofes daquele que exploramos, ocupamo-nos apenas das regras jurídicas e morais, estudadas seja no seu devir e sua gênese [cf. Division du travail] por meio da História e da Etnografia comparadas, seja no seu funcionamento por meio da Estatística [cf. Le suicide]. Nesse mesmo círculo circunscrito nos apegamos aos problemas mais e mais restritos. Em uma palavra, esforçamo-nos em abrir, no que se refere à Sociologia na França, aquilo que Comte havia chamado a era da especialidade”(DURKHEIM, 1970: p. 126).

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Page 16: escolas sociologicas

Seu principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma

"Consciência Coletiva". Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal

selvagem que só se tornou Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de

aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no

meio deste. A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de "Socialização" ou

“fatos sociais”, e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.

Esse fato social tem características:

Exterioridade – é exterior as consciências individuais;

Coercibilidade – exerce coerção sobre os indivíduos;

Generalidade – é geral no meio do grupo.

1. 7 ESCOLA PSICOLÓGICA

Essa escola considera os fenômenos sociais como fatos psíquicos, a sociedade é

vista pelo comportamento coletivo.

Os fatos característicos do comportamento do indivíduo, como a imitação,

sugestão, simpatia, interferência, conflitos e desajustamentos mentais são extrapolados

para o grupo social.

Nessa corrente, a sociedade é como um fenômeno essencialmente psíquico,

como já havia falado antes pelos pensadores: Lester F. Ward e Franklin H. Giddings.

Mas, Gabriel Tarde foi quem lançou a psicologia social.

Jean-Gabriel Tarde (1843-1904)

Sociólogo e criminologista francês, Jean-Gabriel de

Tarde nasceu em 1843 e faleceu em 1904. De origem

nobre, ele vivia na região de Sarlat-la-Canéda, uma região

francesa administrativa de Aquitânia.

Gabriel Tarde tinha sete anos quando o seu pai

morreu. A sua mãe passa a educação de Tarde aos jesuítas

de Sarlat, onde faz os estudos secundários. Em 1860, obtém o bacharelato em Letras,

seguido do bacharelato em Ciências.

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Page 17: escolas sociologicas

Tarde começa a sua carreira de investigação primeira na Criminologia

publicando vários artigos, nos quais entra em polémica com o criminologista italiano

César Lombroso. Para além da Criminologia, publica também artigos nas áreas da

Sociologia, Filosofia, Psicologia Social e Economia. A partir de 1896, foi regente de

disciplinas na École Libre de Sciences Politiques e deu lições no Collège Libre des

Sciences Sociales. Em 1900, aceita a regência da cátedra de Filosofia Moderna no

Collège de France.

Morre em 12 de Maio de 1904, aos 61 anos.

Principais obras

La Criminalité Comparée (1886)

Les Lois de l'Imitation (1890)

Logique Sociale (1893)

La Criminalité Professionnelle (1897)

Les Lois Sociales (1898)

Études de Psychologie Sociale (1898)

Contribuições

Em Les Lois de l'Imitation (1890), o autor caracteriza três processos: repetição,

oposição e adaptação.

Repetição - para o sociológo não há vida social sem imitação. Na sua definição,

sociedade é “uma coleção de seres com tendência a se imitarem entre si, ou que, sem se

imitarem, atualmente se parecem, e suas qualidades comuns são cópias antigas de um

mesmo modelo.” Tarde vai além, de forma bem clara: “nós imitamos os outros a cada

instante, a não se que nós inovemos, o que é raro.” Muito raro: “pois nossas inovações

são em sua maior parte combinações de exemplos anteriores” e “permanecem estranhas

à vida social se não forem imitadas.”

Um exemplo disso são as crianças que imitam o que os pais fazem, se os pais

passam as crianças gestos inapropriados, as crianças os imitaram.

Essa Lei da Imitação, para Tarde, pode ser dividida em três partes:

O exterior imita o interior;

O inferior imita o superior;

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Page 18: escolas sociologicas

O presente imita o passado.

Oposição – para CASTRO (2000; p. 106) manifesta-se em duas formas: como conflito e

ritmo. Como conflito, é o encontro de ondas de imitação, que se manifestam-se na

concorrência e na polêmica. Como ritmo, é a tendência dos fenômenos sociais flutuarem

sempre.

Adaptação – segundo LAKATOS e MARCONI (2008; p. 52), esse é o fenômeno que na

realidade é uma invenção, de modo que o processo se repete continuamente. Tarde

assevera que os inovadores (oposicionistas) são os que realmente “inventam e

reinventam o social”.

1. 8 ESCOLA BEHAVIORISTA

Essa corrente Behaviorista foi lançada em 1910, por John B. Watson. Os três

postulados centrais do Behaviorismo são:

Psicologia é a ciência do comportamento, e não a ciência da mente;

O comportamento pode ser descrito e explicado sem recorrer aos esquemas

mentais ou aos esquemas psicológicos internos;

A fonte dos comportamentos é o ambiente (que pode ser inclusive os órgãos

internos) e não a "mente" interna individual.

A teoria behaviorista não estava propondo uma nova ciência, mas sim defendendo a

idéia de que a Psicologia deveria ser redefinida como uma ciência que estuda o

comportamento.

"Sendo o behaviorismo um conjunto de idéias sobre essa ciência chamada de

análise do comportamento, e não a ciência ela própria, o behaviorismo não é

propriamente uma ciência, mas uma filosofia da ciência. Como filosofia do

comportamento, entretanto, aborda tópicos que muito prezamos e que devemos e

não devemos fazer. Oferece uma visão alternativa que muitas vezes vai contra o

pensamento tradicional sobre o agir, já que as visões tradicionais não têm pautado

pela ciência." (BAUM, 1999. p.21).

Alguns dos principais autores do Behaviorismo foram: Burrhus Frederic Skinner

(EUA), Lloyd Morgan (Reino Unido), Edward C. Tolman (EUA), e o escolhido para

destacarmos aqui foi John Broadus Watson (EUA).

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Page 19: escolas sociologicas

John Broadus Watson (1878-1958)

Nasceu em 1878, em Greenville (Carolina do Sul), filho de um pai, violento e

desordeiro, abandonou a família quando Watson contava 13 anos. Ambicioso e

persistente, apesar de pobre conseguiu entrar para a Universidade Furman aos 16 anos.

Recebeu o diploma de mestre após cinco anos de estudos, ingressando após na

Universidade de Chicago para doutorar-se em psicologia em 1903. Cinco anos depois

foi nomeado professor de psicologia experimental e comparada na Universidade Johns

Hopkins, em Baltimore.

Suas pesquisas com crianças e animais foram interrompidas pela Primeira

Guerra Mundial. Ele serviu o exército americano como psicólogo. Posteriormente

retornou à Universidade Johns Hopkins até 1920, quando perdeu sua condição de

professor e pesquisador devido ter um caso com uma colega. Sua esposa divorciou-se e

o escândalo levou a direção da Universidade a solicitar que se demitisse. Sempre

criativo e com grande habilidade em promover-se, levou seu conhecimento de

psicologia para o campo da propaganda, chegando a presidente da J. Walter Thompson,

uma das maiores empresas de publicidade dos Estados Unidos.

Watson passou a se dedicar, então, a uma carreira empresarial em publicidade,

vindo a falecer em 1958, na cidade de Nova Iorque.

Principais obras

Behavior: An Introduction to Comparative Psychology (1914)

Psychology from the Standpoint of a Behaviorist (1919)

Behaviorism (1925)

Contribuições

Foi considerado o pai do behaviorismo, ao publicar, em 1913, o artigo

"Psicologia vista por um Behaviorista", que declarava a psicologia como um ramo

puramente objetivo e experimental das ciências naturais, e que tinha como finalidade

prever e controlar o comportamento de todo e qualquer indivíduo. Watson era um

defensor da importância do meio na construção e desenvolvimento do indivíduo.

1. 9 ESCOLA NEOCLÁSSICA (Liberalismo Econômico)

19

Page 20: escolas sociologicas

A Economia Neoclássica (ou Microeconomia) surgiu em fins do século XIX com o

austríaco Carl Menger (1840-1921), o inglês William Stanley Jevons (1835-1882) e o

suiço Léon Walras (1834-1910).

A escola também chamada de mecanicista vê o universo como se fosse uma

máquina. Peças discretas são partículas elementares que interagem no espaço e no

tempo e quando alguma força atua sobre elas o resultado é uma seqüência de ações e

reações em cadeia.

Para os mecanicistas, até o fenômeno do processo mental, pode ser reduzido e

explicado como resultante de interações entre partículas elementares em movimento.

Como essas forças são a única causa eficiente ou imediata dos eventos, é possível a sua

completa previsão e todos os fenômenos podem ser quantificados. O modelo

mecanicista exclui a possibilidade de evolução em direção a uma meta universal pré-

definida; é um modelo basicamente decorrente do materialismo científico.

Pode ser dividida entre diferentes grupos, como a escola Walrasiana, a escola de

Chicago, a escola austríaca. O modelo de Macroeconomia proposto pelos clássicos, que

acreditavam na “mão invisível” do mercado, consagraram três idéias como fundamentos

da macroeconomia:

As forças do mercado tendem a equilibrar a economia a pleno emprego, ou seja,

quando a procura por emprego se igualar a oferta do mesmo;

As variáveis reais da economia e os preços relativos seguem trajetórias

diferentes e independentes da política monetária;

A quantidade de moeda afeta apenas o nível geral dos preços.

Para eles, o Estado não deveria se intrometer nos assuntos do mercado, deixando

que ele fluísse livremente, ou seja, o Liberalismo econômico.

Para os teóricos dessa escola, o homem é visto exclusivamente como sendo um

elemento que reage quando se lhe aplicam forças, ou seja, o homem era visto como uma

máquina, livre de qualquer sentimento.

Durante muito tempo, o homem sempre esteve submisso às rotinas de uma vida imposta

por um pensamento mecanicista, voltado a um “status social”. Os instintos, as

tendências, as necessidades vitais (fome, etc.)e as emoções (amor, ódio, etc.) são

manifestações da energia universal, da gravitação e das forças de coesão, atração e

repulsão existentes no universo.

20

Page 21: escolas sociologicas

O homem é induzido a uma necessidade de sacrificar-se, na obtenção de respeito

dentro da sociedade, transformando assim o ser humano em um robô a serviço de um

sistema industrial e capitalista, em que a posição social sobrepõe a integridade da vida.

Os pensadores dessa escola procuram explicar os fenômenos sociais por

analogia com os fenômenos físicos. São eles: Gustave de Bon, Vito Volterra e Vilfredo

Pareto.

Pareto, o que mais se destacou nessa Escola, segundo estudos na área, insiste

em que os conceitos fundamentais da ciência devem ser definidos precisamente e as

teorias elaboradas e formuladas com exatidão.

Vilfredo Pareto (1848-1923)

Nasceu em Paris, filho de um nobre italiano e uma

francesa. Mas reentrou em Itália com a família, em 1850,

para ai fazer os estudos secundários clássicos, assim

começou licenciatura em Engenharia na Universidade

Politécnica de Turim (1869). Revelou-se defensor acérrimo

do liberalismo econômico, contra o intervencionismo estatal

e contra o militarismo do governo italiano.

Em 1907, começa sua dedicação a Sociologia, e já

em 1916 aparece um de seus principais legados a

Sociologia, o livro Tratado da Sociologia Geral. Em 1922, aceita representar o governo

de Mussolini na Sociedade das Nações como senador na Itália. Assim, colabora com o

fascismo, mas tentando não travar um ponto de vista liberal e conservador.

Infelizmente, morreu em Genebra (Suiça), antes do fascismo se tornar poder absoluta no

país.

Principais obras

Cours d'économie politique (1896-1897)

Manuale d'economia politica (1906)

Trattato di sociologia generale (1916)

Contribuições

A maior contribuição de Pareto para a Sociologia foi a concepção da sociedade

como um sistema em equilíbrio, entendendo por sistema um todo consistente, formados

21

Page 22: escolas sociologicas

de partes interdependentes – assim, a mudança em qualquer parte afeta as outras e o

todo. Há forças que mantém a configuração social (estrutura) e outras que asseguram as

transformações (dinâmica).

Pareto ainda dividia a atividade humana em dois tipos: o lógico (fins atingíveis e

adequação dos meios para atingi-lo) e o não lógico (fins inatingíveis ou nenhum fim, e

utilização de meios adequados).

Quanto às elites, segundo LAKATOS e MARCONI (2008; p. 293), Pareto foi o

primeiro a difundir essa idéia, que havia indivíduos que por suas qualidades e dons

naturais se diferenciavam dentre os demais, por sua riqueza, sucesso ou prestigio.

Pertencer a elite depende de sua hereditariedade. Assim, as antigas elites são

substituídas por novas. Para ele, há dois tipos de elite:

Elite governante: formada por indivíduos que, de maneira direta ou indireta,

atuam de forma considerável no governo;

Elite não-governante: engloba todos os demais indivíduos das camadas mais

ricas ou influentes, como uma classe social.

1. 10 ESCOLA ESTRUTURALISTA

Essa corrente determina os dados imediatos da consciência, ou seja, as características

principais e específicas dos processos de consciência e seus elementos fundamentais.

Essa corrente analisa sistemas em grande escala examinando as relações e as funções

dos elementos que constituem tais sistemas, que são inúmeros, variando das línguas

humanas e das práticas culturais aos contos folclóricos e aos textos literários

O termo estruturalismo tem origem no Cours de linguistique générale de

Ferdinand de Saussure (1916), que se propunha a abordar qualquer língua como um

sistema no qual cada um dos elementos é definido pelas relações de equivalência ou de

oposição que mantém com os demais elementos. Esse conjunto de relações forma a

estrutura.

O estruturalismo é uma abordagem da língua, cultura, a filosofia da matemática

e a sociedade. A escola procura explorar as inter-relações (as "estruturas") através das

quais o significado é produzido dentro de uma cultura.

Um estruturalista estuda além de muitas atividades das pessoas, outras formas de

entretenimento para descobrir as profundas estruturas pelas quais o significado é

22

Page 23: escolas sociologicas

produzido e reproduzido em uma cultura. Por exemplo, um antigo e proeminente

praticante do estruturalismo, o antropólogo e etnógrafo Claude Lévi-Strauss, analisou

fenômenos culturais incluindo mitologia, relações de família e preparação de alimentos.

Assim, se tornou o mais conhecido estruturalista.

Claude Lévi-Strauss (1908-2009)

Nasceu em Bruxelas, de uma família judia de origem

alsaciana, das cercanias de Estrasburgo. Foi um

antropólogo, professor e filósofo francês. É considerado

fundador da antropologia estruturalista, em meados da

década de 1950, e um dos grandes intelectuais do século

XX.

Depois de concluir a escola primária em Versalhes, instala-se em Paris para prosseguir

seus estudos secundários. Estuda Direito na Faculdade de Direito de Paris, obtendo sua

licença antes de ser admitido na Sorbonne, onde se graduou em Filosofia em 1931. Para

a tese de doutorado estudou no Brasil, os povos indígenas, no período de 1935 a 1939, e

a publicação de sua tese As estruturas elementares do parentesco, em 1949, publicou

uma extensa obra, reconhecida internacionalmente.

Depois de passar dois anos ensinando filosofia no Liceu Victor-Duruy de Mont-de-

Marsan e no liceu de Laon, o diretor da Escola Normal Superior de Paris, Célestin

Bouglé, por telefone, convida-o a integrar a missão universitária francesa no Brasil,

como professor de sociologia da Universidade de São Paulo. Esse telefonema seria

decisivo para despertá-lo da vocação etnográfica de Lévi-Strauss.

Claude Lévi-Strauss morreu em 30 de outubro de 2009, poucas semanas antes da data

em que faria 101 anos. A morte só foi anunciada quatro dias depois.

Principais obras

La Vie familiale et sociale des Indiens Nambikwara (Paris, 1948);

Les Structures élémentaires de la parenté (Paris, 1949);

Race et Histoire (Paris, UNESCO, 1952);

Anthropologie structurale (Paris, 1958);

O cru e o cozido (1964);

Le Regard éloigné (Paris, 1983);

Antropologia e Mito: Palestras (1984);

23

Page 24: escolas sociologicas

Saudades do Brasil (Paris, 1994);

Le Père Noël supplicié (1994).

Contribuições

Lévi-Strauss explicou que os antônimos estão na base da estrutura sócio-cultural.

Em seus primeiros trabalhos demonstrou que os grupos familiares tribais eram

geralmente encontrados em pares, ou em grupos emparelhados nos quais ambos se

opunham e se necessitavam ao mesmo tempo.

Também mostrou que os mapas cognitivos, as maneiras através das quais os

povos categorizavam animais, árvores, e assim por diante, eram baseados em séries de

antônimos. Mais tarde, em seu trabalho mais popular, "O Cru e o Cozido", descreveu

contos populares amplamente dispersos da América do Sul tribal como inter-

relacionados através de uma série de transformações - como um antônimo aqui

transformava-se em outro antônimo ali. Por exemplo, como o título indica, Cru torna-se

seu oposto, Cozido. Esses antônimos em particular (Cru/Cozido) são simbólicos da

própria cultura humana que, por meio do pensamento e do trabalho, transforma

matérias-primas em roupas, alimento, armas, arte, idéias. Cultura, explicou Lévi-

Strauss, é um processo dialético: tese, antítese, síntese.

1. 11 ESCOLA KEYNESIANA

A escola de pensamento econômico keynesiana tem suas origens no livro escrito

por John M. Keynes chamado "Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda". A corrente

se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é auto-regulador como

pensavam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "espirito animal" dos

empresários.

John Maynard Keynes (1883-1946)

Nasceu na cidade de Cambridge, filho de um

professor de economia, John Neville Keynes, depois em

1891, secretário da Universidade de Cambridge, e mãe serviu

como prefeita de Cambridge até 1932. Foi o mais importante

economista da primeira metade do século XX,

24

Page 25: escolas sociologicas

Em 1906, tendo passado no exame para o serviço civil, seguiu para a Índia

Office, e depois de dois anos voltou para o King’s College, onde se especializou no

ensino dos Princípios Econômicos de Marshall.

Com a irrupção da Segunda Guerra Mundial, Keynes dedicou-se a questões

concernentes às finanças de guerra e ao restabelecimento final do comércio

internacional e de moedas estáveis. Suas idéias sobre estes assuntos foram oferecidos

em um “Plano Keynes” para o estabelecimento de uma autoridade monetária

internacional que ele propôs em 1943. Embora seu plano tenha sido rejeitado, a

proposta que foi adotada em 1944 na conferência de Bretton Woods, da qual participou

como líder na delegação britânica, refletia claramente a influência de seu pensamento.

O impacto de seu trabalho sobre o pensamento político e a formulação da

política em quase todas as nações capitalistas. Homossexual ativo, participou de

diversos grupos de defesa dos interesses da comunidade gay, e por causa disso sua

mulher se suicidou.

Em seu falecimento, pouco depois de ter preparado o acordo de empréstimo

americano, ele era o economista líder não somente da Inglaterra, mas do mundo. E em

1999, a revista Time nomeou Keynes como uma das cem pessoas mais influentes do

século XX, dizendo que "sua ideia radical de que os governos devem gastar o dinheiro

que não têm pode ter salvado o capitalismo".

Principais obras

The General Theory of Employment, Interest and Money (1936)

The Economic Consequences of the Peace (1919)

Contribuições

Keynes desbancou os antigos conceitos e apontou soluções práticas para os problemas,

sobretudo o do desemprego - ponto principal da sua teoria geral - e sua relação com o

investimento x poupança. Keynes mostrou ser um homem de ação, sua competência,

defendendo a intervenção do estado em benefício da economia, assim, sua teoria:

Teoria Keynesiana

Sua teoria considera que os consumidores alocam as proporções de seus gastos

em bens e poupança, em função da renda. Quanto maior a renda, maior a percentagem

da renda poupada. Assim se a renda agregada aumenta, em função do aumento do

25

Page 26: escolas sociologicas

emprego, a taxa de poupança aumenta simultaneamente. Então ocorre um excesso de

poupança, em relação ao investimento, o que faz com que a demanda efectiva fique

abaixo da oferta e assim o emprego se reduza para um ponto de equilíbrio onde a

poupança e o investimento fiquem iguaís. Keynes achava que o Estado deveria intervir

com sua capacidade de imprimir moeda e aumentar a demanda efectiva através de

déficits do orçamento do Estado.

Mas, para o estado aumentar a demanda efectiva, ele deve gastar mais do que

arrecada, porque a arrecadação de impostos reduz a demanda efectiva, enquanto que os

gastos aumentam a demanda efectiva.

O ciclo de negócios segundo Keynes ocorre porque os empresários tem

"impulsos animais" psicológicos que os impedem de investir a poupança dos

consumidores, o que gera desemprego e reduz a demanda, e por sua vez causa uma crise

econômica. A crise, para terminar, deve ter uma intervenção estatal que aumente a

demanda efectiva através do aumento dos gastos públicos.

1. 12 ESCOLA GEOGRÁFICA (Escola Antropogeográfica ou Ecológica)

A corrente geográfica considera o fator geográfico (a distribuição das terras, águas,

mares, rios, vales, desertos, entre outros) como o fator mais importante na determinação

do comportamento dos grupos sociais.

Essa escola ainda conta com duas teorias diferentes, uma alemã e outra francesa:

Teoria geográfica alemã (Determinismo Geográfico): formulado inicialmente

por Frederic Ratzel, um pensamento filosófico e político alemão, num momento

em que se buscava a unidade política como único império. Capel (1983) coloca

que a base da visão geográfica de Ratzel se encontra na concepção orgânica da

Terra. Por isso ele identifica a Geografia com a Ecologia, preocupando-se com

as relações dos diferentes organismos vivos entre si e com as relações destes

com o meio ambiente.

Teoria geográfica francesa (Possibilismo Geografico):

com origem na França com Paul Vidal de la Blache, essa teoria se enquadra no

pensamento político dominante, num momento em que a França tornou-se um

grande império. Ele realizou estudos regionais procurando demonstrar que a

natureza exercia influências sobre o homem, mas que o homem tinha

26

Page 27: escolas sociologicas

possibilidades de modificar e de melhorar o meio, dando origem ao

possibilismo.

Os autores mais citados nessa escola são: Jean Jacques Élisée Reclus e Frederic

Ratzel.

Por essa escola não ser tão importante para a Sociologia ou para o Direito, não

aprofundaremos os conhecimentos ou autores dessa corrente.

2. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO DIREITO

Dentro da Sociologia Jurídica, que é um ramo que busca descrever e explicar o

fenômeno jurídico como parte da vida social, A sociologia encara o direito não como

um conjunto de normas, mas como um conjunto de ações reais de seres humanos. E

para isso, as escolas sociológicas vêem a gênese do Direito de diferentes formas.

27

Page 28: escolas sociologicas

2. 1 JUSNATURALISMO (Direito Natural)

O jusnaturalismo é uma teoria que postula a existência de um direito cujo

conteúdo é estabelecido pela própria natureza da realidade e, portanto, válido em

qualquer lugar e sob qualquer circunstância. A expressão "direito natural" é por vezes

contrastada com o direito positivo, ou juspositivismo, de uma determinada sociedade, o

que lhe permite ser usado, por vezes, para criticar o conteúdo daquele direito positivo.

A teoria do direito natural abrange uma grande parte da filosofia de Tomás de Aquino,

Francisco Suárez, Richard Hooker, Thomas Hobbes, Hugo Grócio, Samuel von

Pufendorf e John Locke, e exerceu uma influência profunda no movimento do

racionalismo jurídico do século XVIII, quando surge a noção dos direitos fundamentais.

De uma maneira geral, para o jusnaturalismo, o DIREITO é um conjunto de

idéias ou princípios superiores, eternos, uniformes, permanentes, imutáveis, que seriam

outorgados ao homem pela divindade.

Para o jusnaturalismo, a outorga dos princípios ao homem varia conforme o

ramo, para:

Filósofos da Antigüidade (Heráclito, Aristóteles, Sócrates e Cícero) – a outorga

dos princípios seria, quando da criação divina, tornando-se o ponto de referência

para se saber o que é justo ou injusto, bom ou mau, base de todas as leis;

Ramo teológico – a origem do Direito não estaria ligada apenas indiretamente à

divindade, mas diretamente, isto é, a gênese do Direito não teria sido inspirado

por Deus, mas escrita e outorgada pela divindade;

Ramo racionalista ou Contratual (Thomas Hobbes, John Locke, Montesquieu,

Rousseau e outros) – existiam duas categorias de Direito, ou órbitas jurídicas:

Direito Natural e Direito Positivo.

Direito Natural – sua origem não mais seria a divindade, mas sim a natureza racional do

homem e o caráter permanente e imutável decorriam do fato de ser a natureza racional

do homem igual por toda parte, em todos os tempos.

Direito Positivo – decorria do pacto social a que o homem fora levado a celebrar para

viver em coletividade. Respeitando os princípios fundamentais do Direito Natural por

lhe serem superiores, não podendo deles se afastar sem se tornar injusto e iníquo.

Já para São Tomas de Aquino, existiam três categorias de Direito: Direito

Natural proveniente dos gregos e dos romanos, existente entre os homens por intuição;

Direito Divino, que era baseado nas Escrituras e nas decisões dos Papas e de Concílios e

28

Page 29: escolas sociologicas

Direito Humano, por cujo intermédio se aplicavam os princípios da lei natural, sendo

um produto dos homens.

2.3 ESCOLA HISTÓRICA ALEMÃ DO DIREITO

Para essa escola não existia um Direito Natural permanente e imutável. Ao invés

de se indagar, o que deveria ser o Direito, o certo era pesquisar como o Direito se

formava nas sociedades. Esse Direito era encarado como um produto histórico

decorrente, não da divindade ou da razão, mas sim da consciência coletiva dos povos,

gradativa e feita aos poucos pelas tradições e costumes.

Conforme Friedrich Karl Von Savigny, ao invés de um Direito geral e universal,

cada povo, em cada época teria o seu próprio Direito, expressão natural de sua evolução

histórica, de seus uso, costumes e tradições de todas as épocas passadas.

É conquista definitiva da Escola Histórica a noção do caráter social dos

fenômenos jurídicos, com seus dois elementos essenciais: continuidade e transformação.

A Escola mostrou que os fundamentos do Direito se encontra na vida social.

2.4 ESCOLA CLÁSSICA

A Escola Clássica teve vários autores que se dedicavam ao Direito, dentre eles:

Francesco Carrara, no “Programa do Curso de Direito Criminal” (1859); Enrico Pessina,

em “Elementos de Direito Penal” (1882) e Giuseppe Carmignani , em “Elementos de

Direito Criminal” (1823). Os adeptos desta escola conferiam caráter eminentemente

expiatório à figura da pena, como sua principal característica. Neste sentido, ensina

Aníbal Bruno:

“É a pena o mal justo com que a ordem jurídica responde à injustiça do mal

praticado pelo criminoso, (...) seja como retribuição de caráter divino ou de caráter

moral, ou de caráter jurídico, função retributiva que não pode ser anulada ou

diminuída por nenhum outro fim atribuído à pena”. (BRUNO, 1967; p.79)

2.5 ESCOLA MARXISTA

Como a escola marxista já foi citada no 1° capitulo, agora só retomaremos sua

importância para o Direito. O Direito tem origem, não em DEUS, nem razão ou na

29

Page 30: escolas sociologicas

consciência coletiva, mas no Estado, não existindo Direito sem o Estado, nem Estado

sem Direito.

Karl Marx e Friedrich Engels consideravam o Direito a expressão do interesse

da classe dominante, instrumento ideológico da burguesia sobre o proletariado. Desta

maneira Jordan Augusto pondera que:

"A teoria da História de Marx e Engels foi elaborada a partir de uma questão

bastante simples. Examinando o desenvolvimento histórico da Humanidade, pode-se

facilmente notar que a filosofia, a religião, a moral, o direito, a indústria, o

coméricio etc., bem como as instituições onde estes valores são representados, não

são sempre entendidos pelos homens da mesma maneira. Este fato é evidente: A

religião na gécia não é vista da mesma maneira que a religião em nossos dias, assim

como a moral existente durante o Império Romano não é a mesma moral existente

durante a idade média." (AUGUSTO, 2008).

Partindo deste pressuposto, observa-se que desde os tempos em que viviam estes

autores, a preocupação com a justiça é tema de discussão. A idéia de justiça esboçada

pelos pensadores parte do pressuposto de que para que uma sociedade seja considerada,

efetivamente, justa, deve contar com a dissolução do capital privado e do Estado. Ou

seja, defendem a socialização dos meios de produção e o término do capitalismo.

2.6 ESCOLA SOCIOLÓGICA DO DIREITO

Para a Escola Sociológica, o Direito não tem origem em Deus, nem na razão, o

Direito é um fato social e tem a sua origem nas inter-relações sociais. É um fenômeno

social decorrente do próprio convívio do homem em sociedade.

As normas do direito são regras de conduta para disciplinar o comportamento do

indivíduo no grupo, as relações sociais; normas ditadas pelas próprias necessidades e

conveniências sociais. Não são regras imutáveis e quase sagradas, mas sim variáveis e

em constante mudanças como são os grupos onde se originam.

Ao ingressar na sociedade o indivíduo terá que adaptar-se às normas que a

mesma impõe. Estas, podem ser de acordo com a moral social ou com a lei, divergindo

com relação ao tipo de conduta. O comportamento considerado como um desvio de

conduta terá sanções que podem ser repressivas, excludentes e se a infração estiver

prevista na lei, estas serão objeto do direito.

Percebe-se que o homem durante toda a sua vida social irá submeter-se a regras,

sejam estas impostas por um grupo social ou pelo Estado. Diante disso:

30

Page 31: escolas sociologicas

“na sociedade existem vários tipos distintos de grupos sociais e estes caracterizam-

se basicamente pelas normas que impõem, e os indivíduos escolhem o grupo do qual

queiram participar de acordo com a doutrina de cada um, pois, se o mesmo discorda

das regras do grupo este será rapidamente banido. A moral de cada grupo é

rigorosamente respeitada, chegando a ter mais força do que a própria lei, inclusive o

indivíduo que responde a um processo judicial, seja ele criminal ou não, geralmente

sofre discriminação pelo seu grupo social.”(CASTRO, 1999)

No campo da Sociologia Jurídica, a partir de 1882, começaram a se destacar:

Émile Durkheim, Léon Duguit e Nordi Greco e ainda MaxWeber.

Para Émille Durkheim, o estudo do direito é estudado de um ponto de vista

empírico-causal, distinto da visão normativa dos juristas em obras como Da divisão

social do trabalho (1893) e Lições de sociologia (1912).

A sociedade é vista como duas solidariedades (forma de integração social):

Mecânica – predomínio das semelhanças, mais homogênea;

Orgânica – predomínio das diferenças, divisão do trabalho, mas com integração

social.

Já Max Weber, que dedica um capítulo de sua obra Wirtschaft und Gesellschaft

(Economia e Sociedade, de 1925) à sociologia do direito, a sociedade é compreensiva,

ou melhor, compreende o sentido da ação social (afetiva, tradicional e relacional).

2.7 ESCOLA POSITIVISTA

Os seguidores da Escola Positiva advogavam as teorias relativas, ou da

prevenção, pois atribuíam à pena um fim prático e imediato de prevenção geral ou

especial do crime. Viam a pena como instrumento de defesa social pelo reajustamento

ou inocuização do delinqüente.

A Escola Positiva foi fortemente influenciada pelos postulados científicos

surgidos no transcorrer do século XIX por meio dos estudos de Darwin (Origem das

Espécies, 1859); Lamarck (Pesquisa sobre a Organização das Espécies); Haeckel (A

criação dos seres organizados segundo as leis naturais, 1869); e, principalmente, pela

obra do pensador francês Augusto Comte, fundador da Escola Filosófica Positiva

(Curso de Filosofia Positiva, 1830).

Entre os principais expoentes desta Escola, podemos destacar Enrico Ferri (A negação

do livre arbítrio e a teoria da imputabilidade, 1878); Enrico Altavilla (psicologia

judiciária, 1927); Filippo Grispigni (Curso de Direito Penal, 1935).

31

Page 32: escolas sociologicas

Os militantes da Escola Positiva advogavam a tese de que o criminoso deveria

ser considerado um produto do meio social, e como tal ser tratado. Afirmavam que o

delinqüente era envolvido pelo convívio social, que condicionava e delimitava seu

próprio caráter. Trata-se, portanto, a vontade humana, de uma vontade viciada, visto que

direcionada pelas condições do meio social em que vive.

Do embate ideológico entre as escolas Clássica e Positivista, apareceram

algumas teorias mistas, também chamadas de Escolas Ecléticas, que tem o caráter

retributivo, com tendência que fomenta a expansão de ideias, influência ou domínio, em

relação a pena do criminoso. Dentre as principais correntes ecléticas, podemos destacar:

Escola Sociológica Francesa; Escola Moderna Alemã; Escola do Tecnicismo Jurídico

(Itália); Escola Correcionalista, dentre outras.

Escola Sociológica Francesa

Essa escola, apesar da pouca repercusão fora da França, tinha algumas idéias

fixadas a corrente, como:

O exame psicológico do delinqüente deve ser feito no momento da execução do

crime;

A valoração da vontade delitiva, desvalor do resultado material;

Teve como principais pensantes: Alessandre Lacassagne, Gabriel Tarde (já

citado no 1° capitulo) e Louis Manouvrier.

Escola Moderna Alemã

As principais contribuições dessa escola para/com o Direito, foram:

O crime é um fato jurídico resultante de fatores humanos e sociais;

O delito não é de origem nata, nem de origem do livre-arbítrio, e sim de causas

diversas, ou de caráter individual ou externo, como as causas físicas, sociais e

econômicas;

A imputabilidade deriva da capacidade de autodeterminação normal da pessoa;

A pena se funda na culpa e se justifica pelo fim de manutenção da ordem

jurídica (sentido de pena finalística);

A medida de segurança tem por base a periculosidade do agente (no sentido de

prevenção geral).

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Page 33: escolas sociologicas

A Escola Moderna Alemã teve como principal expoente Von Liszt, que, em

1882, publicou em Berlim o clássico Programa de Marburgo, sobre o pensamento

finalista no Direito Penal. Ele também afirmou que as raízes do agir humano devem ser

buscadas dentro da própria sociedade, que modula, modifica e rotula os

comportamentos, seguindo variáveis como educação, cultura, condições de vida, entre

outras. Outros nomes de destaque foram Grafzudohna, W. Goldschmidt, Edmundo

Mezger, Von Hippel, dentre outros.

Escola do Tecno-Jurídico (Funcionalismo)

A primeira ou uma das primeiras versões do funcionalismo, foi a escola do

tecnicismo jurídico facista, a doutrina da defesa social, com Felippo Gramatica, em

1940 e depois com Marc Ancel, em 1960, sistema duplo binário com penas restritivas

de liberdade mais medidas neutralizantes (medidas de segurança como penas

indeterminadas). Ainda havia outras colaborações para o Direito:

Cisão total entre Direito Penal e qualquer investigação acerca dos elementos do

Sistema Penal;

Recusa à concepção de livre-arbítrio (determinismo);

Responsabilidade moral do delinqüente;

Crime é um fato de relação jurídica (subsunção típica);

Adoção do princípio retributivo-expiatório de sanção penal;

Faz distinção entre imputáveis e inimputáveis, estabelecendo pena para

imputáveis e medida de segurança para inimputáveis.

Entre seus principais doutrinadores, podemos citar: Arturo Rocco, Vicenzo

Manzini, Eduardo Massari, Biaggio Delitala, Giuseppe Maggiore, Giuseppe Bettiol,

Biaggio Petrocelli e Giulio Battaglini.

Escola Correcionalista

A escola correcionalista aparece na Alemanha, em 1839, com a dissertação de

Carlos Davi Augusto Roeder, professor de Heidelberg. No entanto, foi na Espanha que

encontrou os seus principais seguidores, que cultuaram o famoso correcionalismo

espanhol - lembrando de matiz eclético - , destacando-se dentro eles, Doraldo Montero e

Concepcíon Arenal.

33

Page 34: escolas sociologicas

Alguns dos doutrinadores que se dedicam ao estudo das escolas penais apontam

como uma das principais características da Escola Penal Correcionalista é fixar a

correção ou emenda do delinqüente com fim único de pena. Bitencourt (2003, p. 63),

explica em sua obra:

“Para os correcionalistas, a pena não se dirige ao homem real, vivo e concreto, que

se tornou responsável por um determinado crime, revelador de uma determinação

defeituosa de vontade. Na verdade, a sua finalidade é trabalhar sobre a causa do

delito, isto é, a vontade defeituosa, procurando convertê-la segundo os ditames do

direito. O correcionalismo, de fundo ético-panteísta, apresentou-se como uma

doutrina cristã, tendo em conta a moral e o Direito natural”.

Na Escola Penal Correcionalista, vem o conceito de ressocialização do

delinqüente através da pena, no momento em que se busca a cura desse. O certo a partir

daqui, é um pena como meio de controle social, não mais como uma mera retribuição ao

crime praticado.

A pena indeterminada tem explicação para os correcionalistas pelo simples fato

de que o delinqüente não deve ter liberdade até que seja corrigida esta doença, ou que

esteja curado.

CONCLUSÕES

Diante deste trabalho percebeu-se que desde o surgimento da vida em sociedade

sempre existiu regras e costumes que corrigiam a vida dos membros de uma sociedade.

Portanto, o Direito e a Sociedade são ciências que se completam por estudarem

praticamente o mesmo objeto, ou seja, não haveria um se o outro não existisse.

Entender acima de tudo, a importância do meio em que vivemos, pode ajudar no

desenvolvimento das sociedades não só daquela época, mas de sociedades que poderão

vir. O que dignifica o trabalho de Ratzel, que veio a ser usado não só pelo governo

alemão, é saber que se transformou numa das bases mais importantes para os estudos de

outros ramos como a Ecologia, e que aumentou cada vez mais a necessidade de se

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aprender a lidar com o meio ambiente. Já o behaviorismo nos traz a idéia clara sobre o

que e o que causa o comportamento.

Para a Escola Biológica evolucionista, assim, citando Spencer, podemos

concluir que ele defende a instabilidade do homogêneo, o que não foi confirmado

depois na Sociologia do Século XX, além de colocar a Sociologia na dependência da

Biologia, e ainda supervalorizar a "Sociedade Industrial", sem atentar para seus grandes

defeitos.

Ao que parece, outro mérito se dá a Weber que distinguiu o âmbito de atuação

de cada um desses ramos do conhecimento, a saber, a dogmática jurídica e a sociologia

do direito.

Em realidade, cada Escola Sociológica analisa o Direito sob pontos de vistas

diferentes, e para isso a sociologia do direito atua verificando se as normas estão sendo

seguidas e em que grau pelos seus destinatários. E para isso, servirá de auxílio a

elaboração de normas cada vez mais eficientes e que cumpram o fim almejado.

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