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Um tanque para latinos Participando de diversas feiras na região, T-90S mira América Latina depois de grandes vendas à Índia P.4 QUARTA-FEIRA, 5 DE JUNHO DE 2013 O melhor da gazetarussa.com.br Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES www.rbth.ru NOTAS O projeto Rede de Escolas a Distância tes- tou uma iniciativa pela qual crianças de três distritos começaram a estudar com um professor que passava as lições de seu com- putador pessoal em Novosibirsk. “O prin- cipal obstáculo foi a internet muito lenta das aldeias. Mas, mesmo com dificuldades, nenhuma escola deixou de participar”, conta a idealizadora do projeto, Nélia Kim. Elena Klímova Escolas siberianas on-line O cosmonauta Pável Vinogradov tornou-se o primeiro homem a utilizar o site do Ser- viço Federal de Impostos russo a partir da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Em missão a bordo da ISS du- rante os últimos três meses, Vinogradov en- trou no site para pagar o imposto predial sobre sua propriedade nos arredores de Mos- cou. “Só demos a ele o login e a senha”, con- tou o chefe do Serviço Federal de Impostos, Mikhail Michústin. “O pagamento foi efe- tuado”, acrescentou. Aleksandra Guriánova Imposto predial declarado no espaço A propriedade de carros par- ticulares, alternativa ao trans- porte público que era ignora- da em tempos soviéticos, tem vivido um boom sem prece- dentes desde a virada do sé- culo, com um crescimento de 12% em 2012. No ano passa- do, foram vendidos 2,93 mi- lhões de carros no país. A mesma alta no preço do Transporte Enquanto mercados europeu e norte-americano vivem declínio, Rússia segue na direção oposta Entrada de montadoras estrangeiras derruba venda de carros russos, mas acordos protegem fabricantes de autopeças. ANDRÊI CHKOLIN ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA Mercado de componen- tes automo- bilísticos do país cresceu 8% desde 2011 e atin- giu R$ 84,2 bilhões de- pois de acor- dos com montadoras combustível que atingiu os consumidores norte-america- nos na década passada foi o principal fator para a alta no país. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo. “Embora os atuais docu- mentos que descrevem a po- lítica de Estado para a indús- tria automobilística não explicitem isso, pode-se ver claramente que o objetivo é reduzir as importações”, afir- ma Kirill Tachênikov, ana- lista da UBS. Um imposto de importação de 30% sobre carros novos (antes da adesão da Rússia à OMC, no ano passado) aumen- tou a montagem de carros es- trangeiros em território russo de 290 mil unidades em 2007 para 1,22 milhão em 2012. No ano passado, a importação foi de 970 mil carros, contra 750 mil em 2007. Proteção à indústria As políticas estatais e o au- mento da renda vêm afetan- do os fabricantes de automó- veis locais. As vendas de carros 0 km nacionais caíram de 920 mil em 2002 para 580 mil no ano passado. Entre os carros de passageiros, apenas os sedãs da Lada produzidos em Togliatti, os jipes off-road e os utilitários esportivos da UAZ, vindos de Uliánovsk, sobreviveram. Muitas empresas locais co- meçaram a produzir em par- ceria com gigantes mundiais em suas fábricas, levando a alianças como a Ford-Sollers e a Renault-Nissan-VAZ (a úl- tima, uma líder russa na pro- dução doméstica de automó- veis e proprietária da marca Lada. Hoje, o principal acio- nista é a sociedade Renault- -Nissan, que usa as instala- ções para as produções da Lada e de veículos importa- dos montados no país). Apesar do pessimismo em relação à produção nacional, o objetivo do governo russo de maximizar a produção local e trazer tecnologia es- trangeira para dentro do país parece estar funcionando. Acordos firmados em 2011 com a Renault-Nissan, GM, Ford e Volkswagen estipula- vam que os componentes lo- cais deviam ser de cerca de 60%, com uma produção de 300 mil carros por ano em cada montadora. Além disso, 30% dos automóveis estran- geiros produzidos na Rússia devem ser equipados com mo- tores e caixas de câmbio de fabricação russa. Como resultado o mercado de componentes automobilís- ticos do país cresceu 8% no último ano (quase o dobro da média de crescimento econô- mico mundial) e atingiu os R$ 84,2 bilhões. LEIA NO SITE GAZETARUSSA.COM.BR Sharapova quer ouro nas Olimpíadas Rio-2016 WWW.GAZETARUSSA.COM.BR/19299 Riqueza ilegal Peculato e abuso de poder são crimes mais associados por russos à política Quase dois de cada três entrevistados defendem a adoção de um teto de renda para parlamentares e altos funcionários do Estado. A maioria dos entrevista- dos (62%) é a favor de que se fixe um teto de renda para os servidores públicos. A ideia é colocá-los no mesmo patamar de renda da maioria da po- pulação. Outros 20% também defendem a necessidade de li- mitar bens e valores em poder de servidores públicos, consi- derando que uma pessoa que Russos ligam fortuna de servidores públicos a corrupção Em ato con- tra corrup- ção, mani- festante ergue faixa com os dize- res “parem com as pro- pinas” OLGA DORÔNINA ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA Os russos deixaram de ser to- lerantes com as grandes for- tunas de servidores públicos e parlamentares – e conside- ram imprópria a sua vida de luxo, associando a riqueza aos crimes de peculato e abuso de atribuições. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo ins- tituto de opinião pública Cen- tro Levada. De acordo com o levantamento, 13% dos rus- sos considera normal um ser- vidor público ou um deputa- do ser rico. Já 33% dos entrevistados consideram isso “indecente”, enquanto 44% veem o fato como “condenável”. O estudo não especifica o que é “ser rico” para os en- trevistados. Mas pesquisas an- teriores mostram que rico na Rússia é quem ganha cerca de 110 mil rublos (algo como R$ 8 mil) por mês. Indústria automobilística em alta velocidade não possua ativos de negócios é mais livre para tomar decisões. Denis Volkov, especialista do Centro Levada, considera os resultados obtidos como previsíveis. “Por muitos anos, predomina entre os russos a opinião de que o poder públi- co é corrupto”, diz Volkov. Segundo Volkov, as inicia- tivas anticorrupção, tais como as de Aleksêi Naválni, conhe- cido blogueiro e oposicionista político, caíram em solo fér- til. “Como resultado, o gover- no reagiu com uma campa- nha anticorrupção”, explica o especialista. Cassados A lista de envolvidos em re- centes revelações está cres- cendo. Alguns parlamentares tiveram seus mandatos cas- sados por suspeita de admi- nistrarem negócios próprios enquanto ocupavam o cargo, como os deputados federais Guennádi Gudkov e Aleksêi Knichev. Outros, como o de- putado federal Vladímir Pekhtin e o senador Vitáli Malkin, foram cassados por não declararem devidamente bens e valores, inclusive aque- les localizados no exterior. Ainda prossegue uma in- vestigação contra ex-altos funcionários da indústria ar- mamentista. “As pessoas co- muns estão convencidas de que os servidores públicos e deputados escolhem esse tra- balho para enriquecer”, afir- ma Volkov. gazetarussa.com.br/12345 Assad tem mais culpa Ex-embaixador do Brasil na Rússia explica posição do país, distinta à dos outros Brics sobre o conflito sírio P.4 ITAR-TASS REUTERS REUTERS AFP/EASTNEWS

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Um tanque para latinosParticipando de diversas feiras na região, T-90S mira América Latina depois de grandes vendas à Índia

P.4

QUARTA-FEIRA, 5 DE JUNHO DE 2013

O melhor da gazetarussa.com.br

Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais

PRODUZIDO PORRUSSIA BEYONDTHE HEADLINESwww.rbth.ru

NOTAS

O projeto Rede de Escolas a Distância tes-tou uma iniciativa pela qual crianças de três distritos começaram a estudar com um professor que passava as lições de seu com-putador pessoal em Novosibirsk. “O prin-cipal obstáculo foi a internet muito lenta das aldeias. Mas, mesmo com difi culdades, nenhuma escola deixou de participar”, conta a idealizadora do projeto, Nélia Kim.

Elena Klímova

Escolas siberianas on-line

O cosmonauta Pável Vinogradov tornou-se o primeiro homem a utilizar o site do Ser-viço Federal de Impostos russo a partir da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Em missão a bordo da ISS du-rante os últimos três meses, Vinogradov en-trou no site para pagar o imposto predial sobre sua propriedade nos arredores de Mos-cou. “Só demos a ele o login e a senha”, con-tou o chefe do Serviço Federal de Impostos, Mikhail Michústin. “O pagamento foi efe-tuado”, acrescentou.

Aleksandra Guriánova

Imposto predial declarado no espaço

A propriedade de carros par-ticulares, alternativa ao trans-porte público que era ignora-da em tempos soviéticos, tem vivido um boom sem prece-dentes desde a virada do sé-culo, com um crescimento de 12% em 2012. No ano passa-do, foram vendidos 2,93 mi-lhões de carros no país.

A mesma alta no preço do

Transporte Enquanto mercados europeu e norte-americano vivem declínio, Rússia segue na direção oposta

Entrada de montadoras estrangeiras derruba venda de carros russos, mas acordos protegem fabricantes de autopeças.

ANDRÊI CHKOLINESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Mercado de componen-tes automo-bilísticos do país cresceu 8% desde 2011 e atin-giu R$ 84,2 bilhões de-pois de acor-dos com montadoras

combustível que atingiu os consumidores norte-america-nos na década passada foi o principal fator para a alta no país. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo.

“Embora os atuais docu-mentos que descrevem a po-lítica de Estado para a indús-tria automobilística não explicitem isso, pode-se ver claramente que o objetivo é reduzir as importações”, afi r-ma Kirill Tachênikov, ana-lista da UBS.

Um imposto de importação de 30% sobre carros novos (antes da adesão da Rússia à

OMC, no ano passado) aumen-tou a montagem de carros es-trangeiros em território russo de 290 mil unidades em 2007 para 1,22 milhão em 2012. No ano passado, a importação foi de 970 mil carros, contra 750 mil em 2007.

Proteção à indústriaAs políticas estatais e o au-mento da renda vêm afetan-do os fabricantes de automó-veis locais. As vendas de carros 0 km nacionais caíram de 920 mil em 2002 para 580 mil no ano passado. Entre os carros de passageiros, apenas os sedãs da Lada produzidos

em Togliatti, os jipes off-road e os utilitários esportivos da UAZ, vindos de Uliánovsk, sobreviveram.

Muitas empresas locais co-meçaram a produzir em par-ceria com gigantes mundiais em suas fábricas, levando a alianças como a Ford-Sollers e a Renault-Nissan-VAZ (a úl-tima, uma líder russa na pro-dução doméstica de automó-veis e proprietária da marca Lada. Hoje, o principal acio-nista é a sociedade Renault--Nissan, que usa as instala-ções para as produções da Lada e de veículos importa-dos montados no país).

Apesar do pessimismo em relação à produção nacional, o objetivo do governo russo de maximizar a produção local e trazer tecnologia es-trangeira para dentro do país parece estar funcionando.

Acordos fi rmados em 2011 com a Renault-Nissan, GM, Ford e Volkswagen estipula-vam que os componentes lo-cais deviam ser de cerca de 60%, com uma produção de 300 mil carros por ano em cada montadora. Além disso, 30% dos automóveis estran-geiros produzidos na Rússia devem ser equipados com mo-tores e caixas de câmbio de fabricação russa.

Como resultado o mercado de componentes automobilís-ticos do país cresceu 8% no último ano (quase o dobro da média de crescimento econô-mico mundial) e atingiu os R$ 84,2 bilhões.

LEIA NO SITE GAZETARUSSA.COM.BR

Sharapova quer ouro nas Olimpíadas Rio-2016WWW.GAZETARUSSA.COM.BR/19299

Riqueza ilegal Peculato e abuso de poder são crimes mais associados por russos à política

Quase dois de cada três entrevistados defendem a adoção de um teto de renda para parlamentares e altos funcionários do Estado.

A maioria dos entrevista-dos (62%) é a favor de que se fi xe um teto de renda para os servidores públicos. A ideia é colocá-los no mesmo patamar de renda da maioria da po-pulação. Outros 20% também defendem a necessidade de li-mitar bens e valores em poder de servidores públicos, consi-derando que uma pessoa que

Russos ligam fortuna de servidores públicos a corrupção

Em ato con-tra corrup-ção, mani-festante ergue faixa com os dize-res “parem com as pro-pinas”

OLGA DORÔNINAESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Os russos deixaram de ser to-lerantes com as grandes for-tunas de servidores públicos e parlamentares – e conside-ram imprópria a sua vida de luxo, associando a riqueza aos crimes de peculato e abuso de atribuições.

Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo ins-tituto de opinião pública Cen-tro Levada. De acordo com o levantamento, 13% dos rus-sos considera normal um ser-vidor público ou um deputa-do ser rico. Já 33% dos entrevistados consideram isso “indecente”, enquanto 44% v e e m o f a t o c o m o “condenável”.

O estudo não especifi ca o que é “ser rico” para os en-trevistados. Mas pesquisas an-teriores mostram que rico na Rússia é quem ganha cerca de 110 mil rublos (algo como R$ 8 mil) por mês.

Indústria automobilística em alta velocidade

não possua ativos de negócios é mais livre para tomar decisões.

Denis Volkov, especialista do Centro Levada, considera os resultados obtidos como previsíveis. “Por muitos anos, predomina entre os russos a opinião de que o poder públi-co é corrupto”, diz Volkov.

Segundo Volkov, as inicia-

tivas anticorrupção, tais como as de Aleksêi Naválni, conhe-cido blogueiro e oposicionista político, caíram em solo fér-til. “Como resultado, o gover-no reagiu com uma campa-nha anticorrupção”, explica o especialista.

CassadosA lista de envolvidos em re-centes revelações está cres-cendo. Alguns parlamentares tiveram seus mandatos cas-sados por suspeita de admi-nistrarem negócios próprios enquanto ocupavam o cargo, como os deputados federais Guennádi Gudkov e Aleksêi Knichev. Outros, como o de-putado federal Vladímir Pekhtin e o senador Vitáli Malkin, foram cassados por não declararem devidamente bens e valores, inclusive aque-les localizados no exterior.

Ainda prossegue uma in-vestigação contra ex-altos funcionários da indústria ar-mamentista. “As pessoas co-muns estão convencidas de que os servidores públicos e deputados escolhem esse tra-balho para enriquecer”, afi r-ma Volkov.

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Assad tem mais culpaEx-embaixador do Brasil na Rússia explica posição do país, distinta à dos outros Brics sobre o conflito sírio

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ções para presidente da RSFSR foram marcadas para a mesma data.

Isso pode ser explicado pelo temor que a equipe po-lítica de Boris Iéltsin tinha de que a mudança para uma data posterior impedisse a vitória do seu candidato no primeiro turno, já que os elei-tores sairiam para as férias prolongadas de verão, que no país ocorrem em meados do ano, e viajariam para suas “datchas” (casas de campo).

Volta aos tempos do tsarA construção do novo país estava baseada em duas pre-missas ideológicas. Em pri-meiro lugar, vinha o retorno às tradições da Rússia pré--soviética. Assim, comercian-tes e “nobres” viraram uma moda que se propagou.

Começaram a surgir “guil-das de comerciantes” e “as-sembleias da nobreza”. Houve também o retorno da pala-vra “senhor” à linguagem cotidiana, assim como o da bandeira tricolor que quase imediatamente começou a ser assimilada como bandeira ofi cial da RSFSR – embora até agosto de 1991 não hou-vesse qualquer base legal para tanto.

Especial

DATA MARCA O INÍCIO DA NOVA RÚSSIA E O FIM DA URSS

GLEB TCHERKASOV ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

O feriado, também celebrado como “Dia da Independência”, nasceu como data nacional durante o governo de Bóris Iéltsin.

Apesar de a Rússia pós-so-viética completar 22 anos em 2013, é somente há 21 que o 12 de junho é celebrado como o feriado do Dia da Rússia. Tudo começou nessa data, em 1990, quando o Congres-so dos Deputados do Povo da República Socialista Fe-derativa Soviética Russa (RSFSR) votou a favor da Declaração de Soberania desse Estado.

Nessa ocasião, os parla-mentos das repúblicas da União Soviética estavam, um a um, adotando suas próprias declarações de soberania, e a RSFSR não poderia fi car de fora.

Os delegados do Congres-so votaram quase por una-nimidade a favor da inclusão da questão na agenda do dia. Mas o texto final do docu-mento foi motivo de muitos debates. Por isso, sua elabo-ração se arrastou por um mês e apenas no dia 12 de junho acabou aprovado.

Em 1991, as primeiras elei-

A festa da Federação em Sôtchi-2014

Enquanto a Federação da Rússia estiver celebrando seus 23 anos de existência, no ano que vem, um impor-tante evento internacional será celebrado em seu ter-ritório: os Jogos Olímpicos de Inverno de Sôtchi-2014. Agora, os preparativos en-tram na reta final. Faltam cerca de oito meses pa-ra a abertura oficial da vila olímpica e todas as provas pré-olímpicas concebidas

para testar o equipamen-to e instalações esportivas de Sôtchi foram concluídas com sucesso. “Temos a infraestrutura olímpica mais moderna do mundo. Praticamente to-das as instalações foram construídas do nada e são mais inovadoras e tecno-logicamente sofisticadas do que outros estádios e pistas análogas no exte-rior”, afirma o presidente do Comitê Organizador de Sôtchi-2014, Dmítri Tcherni-tchenko.

“O projeto mais difícil em termos de construção foi confiado à S/A Estradas de Ferro Russas. Trata-se de uma estrada combinada com uma ferrovia que liga a cidade de Adler a Krásnaia Poliana e consiste unica-mente de pontes e túneis. A circulação ferroviária já foi inaugurada e o conjunto será colocado em operação em outubro próximo.”

“Fiz a coisa mais importante da minha vida. A Rússia nunca vai voltar ao passado. A partir de agora, a Rússia vai seguir sempre em frente.”

Boris IéltsinPrimeiro presidente da Federação Russa

1. O Nobel da Paz Andrêi Sákharov discursa diante da nova Rússia em 1989

2. Último presidente soviéti-co, Mikhail Gorbatchov (esq.), e primeiro presidente russo, Boris Iéltsin (dir.), em 1991

3. Menina sobre tanque é fi-gura-símbolo da queda da URSS

4. Monumentos a líderes so-viéticos, como Félix Dzer-jínski, foram removidos de seus pedestais

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De alguma forma, isso se assemelhava ao que ocorria naquele momento nos países da Europa Oriental, quando os integrantes do ex-bloco soviético se despiam do so-cialismo sob o lema do “re-torno à Europa”.

Não foi por acaso também que em 12 de junho de 1991 realizou-se um referendo para devolver o nome São Pe-tersburgo à cidade de Leningrado.

Brincando de EUAOs pais da nova Rússia brin-cavam um pouco de se fi n-gir de fundadores dos Esta-do s Un ido s , c omo o s chamados “pais da pátria” que criaram o país norte--americano do zero.

Guennádi Búrbulis, o principal ideólogo da fase inicial de Boris Iéltsin, atri-buía grande importância aos símbolos. Assim, o presiden-te da Rússia deveria ser elei-

to na data da aprovação da Declaração de Soberania.

Inicialmente, o Congres-so dos Deputados do Povo da RSFSR apoiou esse jogo e até participou dele dire-tamente. Em 1992, de acor-do com a Resolução do Con-selho Supremo, o dia 12 de junho foi transformado em feriado.

Boris Iéltsin reiterou a ins-tituição do feriado em 1994 com um decreto, já que o dia do país não poderia ser ofi cializado pela resolução de um Conselho Supremo que já não existia. Porém, a euforia em torno da data já havia diminuído.

Dia da “Independência”O feriado também fi cou co-nhecido por muitos russos como “Dia da Independên-cia”, e até os dias atuais causa confusão entre os ci-dadãos do país.

Em junho de 1990, nin-guém poderia imaginar que a Rússia iria se retirar da União Soviética. A desinte-gração da URSS parecia im-pensável, e a Declaração de Soberania, apenas um ele-mento do jogo político entre a administração federal e a equipe de Iéltsin.

Em meados da década de 1990, a iminente queda da URSS já era considerada por muitas pessoas como a “maior catástrofe geopolí-tica do século 20”, como mais tarde foi denominado o acontecimento pelo atual presidente Vladímir Pútin.

Foi então que um senti-mento de nostalgia em re-lação à União Soviética se espalhou pela sociedade, e

o apoio aos democratas ra-dicais da equipe de Boris Iéltsin entrou em declínio.

Assim, o feriado de cele-bração do novo país era ne-cessário à nova geração de integrantes do círculo de Iéltsin como afi rmação do direito ao poder.

Desde meados da década de 1990, o dia 12 de junho passou a ser bem recebido por todos como um dia de folga que serve de ponte entre os feriados de maio (no dia 9 celebra-se o principal do país, o Dia da Vitória na 2ª Guerra Mundial) e as fé-rias de verão, mas é pouco compreendido por muitos.

Com o passar do tempo, ele foi se tornando cada vez mais ofi cial e solene. A rup-tura fi nal com qualquer re-lação do feriado com a “in-dependência” russa ocorreu em 1998, quando o presiden-te Boris Iéltsin alterou seu nome e a data foi batizada simplesmente de “Dia da Rússia”. O evento pode ter ligação com a guerra que se instalara no sul do país no período, quando a Rússia passou a reprimir o desejo de soberania de repúblicas do Cáucaso do Norte como a Tchetchênia.

As declarações, sobera-nias, pais fundadores e a marcha em direção à época pré-bolchevique ficaram para trás, bem longe dos novos tempos na Rússia. Adiante, estavam a inadim-plência, o término e o reco-meço da guerra na Tche-tchênia, novos r icos e oligarcas, Vladímir Pútin, e u m p a í s n o v o e desconhecido.

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Presidente russo Boris Iéltsin faz discurso sobre tanque em frente ao antigo prédio do Conselho de Ministros em 19 agosto de 1991

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parabeniza todos os

compatriotas exilados no

Brasil no feriado nacional

do Dia da Rússia!

InvestKafe, Timur Nigma-tullin, no dia 1º de abril de 2013 a dívida externa russa somava US$ 49,8 bilhões, com o PIB beirando os US$ 2 trilhões.

Dependente? O país certamente deve sua prosperidade aos consumido-res de seus recursos energé-ticos no exterior. Em 2012, as exportações de petróleo e de gás natural proporcionaram mais de 50% da receita orça-mentária. Isso faz com que as fi nanças públicas sejam ex-tremamente sensíveis às fl u-tuações dos preços mundiais das commodities.

No entanto, tendo aprendi-do com a amarga experiência dos anos 1990, a Rússia man-tém parte de suas receitas pro-venientes das exportações de recursos energéticos em fun-dos especiais. Como resulta-do, o país saiu menos preju-dicado da crise econômica de 2008/2009 do que outras na-ções, apesar de uma queda signifi cativa do PIB (7,8%) e redução de três a quatro vezes

Especial

A Primeira Guerra da Tchetchê-nia foi fruto da reação à insur-gência islâmica que buscava independência da Federação Russa. Mais de 35 mil civis mor-reram durante o conflito.

Em 16 de agosto de 1999, Vla-dímir Pútin foi eleito premiê da Rússia. O então presidente Bo-ris Iéltsin, que renunciaria no final daquele ano, o apontou como sucessor.

Em dezembro de 2011 inicia-ram-se protestos contra os re-sultados das eleições parla-mentares e o presidente Pútin. Foram as maiores manifesta-ções desde o fim da URSS.

LINHA DO TEMPO

Guerra, sucessão e protestos

1994 1999 2012

Nem só de petróleo vive a economiaEconomia Experiência diferenciada levou país a sobreviver melhor a crises financeiras

VÍKTOR KUZMINESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Mescla única entre a herança do império comunista e o ideário moderno, economia russa contrasta com a de países europeus.

Em 2009, a economia russa caiu quase 8%, deixando mui-tos russos preocupados com a possibilidade de uma repe-tição da crise da dívida pú-blica de 1998, quando o setor ficou estagnado, os bancos mais importantes do país fa-liram e o rublo perdeu quase totalmente seu valor.

Mas a Rússia aprendeu com o fi nal da década de 1990 a viver de acordo com suas possibilidades fi nanceiras. Durante 13 anos, o governo executou o orçamento do Es-tado sem déficit. Em 2012, ano de eleições presidenciais, as despesas federais supera-ram as receitas em 0,1% do PIB.

Hoje, a Rússia tem uma das menores dívidas externas do mundo. Segundo o analista da agência de anál ise

Competindo com São Paulo, Iekaterinburgo-2020

Durante a 152ª sessão da As-sembleia Geral do Bureau In-ternacional de Exposições, realizada em Paris, a Rússia apresentou um pedido para sediar a Expo-2020 em Ieka-terinburgo, nos Urais. “Trata-se de uma cidade jo-vem que desenvolveu-se rapi-damente e tem um poderoso potencial industrial, científico e educacional. A Expo-2020 ajudará a dar um novo im-pulso para o seu desenvol-vimento e também do país como um todo”, declarou o vice-primeiro-ministro, Arkádi Dvorkovitch, explicando por

que a cidade, localizada en-tre a Europa e a Ásia, deveria abrigar o evento. Entre seus concorrentes, es-tão Izmir (Turquia), Ayutthaya (Tailândia), Dubai (Emirados Árabes) e São Paulo. Iekaterinburgo, que ocupa o terceiro lugar na maioria dos indicadores socioeconômicos na Rússia, atrás apenas de Moscou e São Petersburgo, tem experiência em sediar grandes fóruns internacionais. “A cidade já foi sede de uma cúpula da Organização pa-ra Cooperação de Xangai, de uma conferência dos Brics e

de um encontro Rússia-Alema-nha, além de receber anual-mente a mostra de inovações industriais Innoprom. Neste ano, a mostra contou com a presença de representantes de 50 países”, disse Evguêni Jui-vachev, governador da unida-de federativa de Sverdlovskm, cuja capital é Iekaterinburgo. A cidade também irá abrigar alguns dos jogos da Copa do Mundo de 2018. Os pavilhões previstos para a exposição de-vem ocupar uma área de 182 hectares. Também estão pre-vistos novos hotéis, escritórios, restaurantes e lojas.

País reduziu participação das receitas provenientes de petróleo e gás natural, e o setor de TI ganhou destaque entre os demais. Sua ferramenta de busca Yandex movimentou US$ 1,43 bi na abertura da oferta inicial de ações (IPO) na Nasdaq em março deste ano

Uma herança para a eternidade

Quer saber um fato surpreendente sobre a arte contemporânea? Ela foi inventada por um artista russo. Em 1915, Kazimir Malevitch pintou Quadrado Negro, obra emblemática da vanguarda que teve gran-de impacto sobre todas as artes. O concei-to de “transformar em arte aquilo que nin-guém poderia sequer ter imaginado antes de você” teve seus refl exos não só em “A Fonte”, mictório de Marcel Duchamp exi-bido em 1917, e na “teoria da evitação” do músico Arnold Schoenberg, mas também na composição silenciosa 4.33, de John Cage, e em várias outras obras, do dada-ísmo à “arte povera” do pós-guerra.

Só o nome de Malevitch seria sufi cien-te para atestar a contribuição russa para a cultura mundial. Mas há também um outro artista contemporâneo seu, Vassíli Kandínski, que aos 40 anos abandonou o cargo de professor de economia para se tornar um dos fundadores e principais te-óricos da pintura abstrata.

De seu grupo fez parte o arquiteto Kons-tantin Mélnikov, um grande excêntrico do vanguardismo russo que começou a bri-lhar alguns anos antes – e se apagou al-guns anos depois da Revolução de 1917. Mélnikov é considerado o melhor arqui-

Entre outros feitos, a Rússia contemporânea tem um legado para se orgulhar: sua cultura.

DMÍTRI SUKHODÓLSKIESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Cada nova obra experimental causa-va sensação e lhe rendia fama interna-cional. Seu talento brilhou até 1936, quan-do o regime stalinista proibiu o arquiteto de trabalhar, acusando-o de formalismo. Mélnikov viveu enclausurado o resto de sua vida em uma incrível casa feita com dois cilindros que se comunicam e cerca

Cultura Da literatura ao cinema, país inspira o mundo

Dançarinos do Balé Nacional da Rússia apresentam o espetáculo “Lago dos Cis-nes”

teto da história da Rússia. Seu destino não é menos surpreendente do que suas obras.

Nascido em uma família numerosa cujo chefe era inspetor de linhas ferroviárias, Mélnikov trabalhou na empresa de um en-genheiro rico que notou o talento do me-nino e lhe permitiu estudar com os men-tores de seus fi lhos. Como resultado, aos 15 anos Mélnikov foi aprovado por uma prestigiada escola de arte da capital russa e se tornou, no início dos anos 20, o mais famoso arquiteto de Moscou.

de 60 janelas em forma de hexágono no centro de Moscou.

De escritores a químicosSe você perguntar a um estrangeiro culto o que ele sabe sobre a cultura russa, a pri-meira coisa que ele lembrará será prova-velmente a literatura clássica do século 19. Um europeu falará sobre a obra de Lev Tolstói, um norte-americano, sobre os li-vros de Fiódor Dostoiévski, enquanto um apaixonado por teatro comentará o espó-lio dramático de Anton Tchekhov.

Vale notar que, além desses, os russos veneram outros grandes nomes pouco co-nhecidos no Ocidente. Um deles é Alek-sandr Púchkin. Em 25 anos de trabalho, esse poeta genial “traduziu”, ou melhor, adaptou ao solo russo milhares de anos de literatura ocidental, imprimindo aos gêneros literários criados na Europa um tom original. Para o leitor russo, a obra de Púchkin continua a ser um modelo de linguagem e estilo. Para o ocidental, ela soa demasiadamente densa.

Mas não se preocupe com o fato de os melhores exemplos do discurso melódi-co russo não estarem disponíveis para quem não estudar bem nossa língua. A música é compreensível a todos: os balés e óperas de Piotr Tchaikovsky fazem parte do repertório dos melhores teatros es-trangeiros, de Sydney a Boston. Os es-pecialistas veneram também a obra do compositor Aleksandr Skriabin, funda-

dos preços mundiais dos re-cursos energéticos.

A economia russa resistiu à crise graças a um amplo pro-grama de apoio financeiro bancado pelos cofres do Es-tado. E o objetivo foi atingi-do: as agências de classifi ca-ção de risco elevaram a nota

russa à primeira escala no grau de investimento.

“É mais rentável investir na Rússia hoje do que em um belo amanhã, quando as me-didas tomadas para melhorar o clima de investimento e crescimento econômico entra-rem em ação. Nesse caso, o

princípio é o mesmo do mer-cado de valores: é mais ren-tável comprar um papel quan-do ele está em queda. Os custos são mais baixos”, afi r-mou à Gazeta Russa a dire-tora do departamento de aná-lise da Agência Nacional de Rating, Karina Artemieva.

Reduzir a dependênciaA participação das receitas provenientes das exportações de petróleo e de gás natural no PIB vem, paulatinamente, diminuindo. E o governo pre-tende reduzi-la ainda mais: dos atuais 10,5% do PIB para 8,5% até 2015.

A Rússia herdou da extin-ta União Soviética um siste-ma completamente contrário à economia de mercado. Se o país parece progredir muito lentamente no plano econô-mico, há de se lembrar que, há 22 anos, muita coisa não existia no país. Não havia, por exemplo, um setor bancário competitivo. Hoje, os bancos são o verdadeiro sistema ner-voso da economia russa.

De acordo com a Agência de Seguro de Depósito, no pri-meiro trimestre de 2013, a car-teira total de depósitos ban-cários subiu para cerca de R$ 920 milhões. Estudos do cen-tro de pesquisas Romir mos-tram que o percentual dos rus-sos detentores de poupança atingiu 75%, um nível recor-de nos últimos 20 anos. A par-

cela que mantém suas pou-panças na moeda local subiu para 80%.

Na União Soviética não havia mercado de valores mo-biliários. Atualmente, a capi-talização total do mercado de ações russo é da ordem de 20 trilhões de rublos (cerca de US$ 650 bilhões) ou 32% do PIB. O desafi o é fazer com que esse indicador seja de 100% do PIB até 2018.

Enquanto o governo russo não se cansa de falar sobre a necessidade de reduzir a de-pendência do país das expor-tações de matéria-prima, a participação das indústrias primárias no PIB continua crescendo.

Apesar do declínio da de-manda por recursos energé-ticos na Europa, o maior mer-cado para a exportação de hidrocarbonetos russos, a eco-nomia do país está registran-do crescimento, ainda que pe-queno, do PIB. A rentabilidade média das operações na Rús-sia é de 20% a 30%, ou qua-tro a cinco vezes superior à da Europa.

dor da música de cores, enquanto Ser-guêi Rachmaninoff é item obrigatório na programação de pianistas virtuosos.

A Rússia tem do que se orgulhar na cenografi a, como as temporadas parisien-ses de balé promovidas por Serguêi Dia-ghilev, e na teoria e prática teatrais, com o ator Michael Tchekhov, que emigrou para os Estados Unidos e lá implantou os princípios fundamentais da arte dra-mática em Hollywood. Como resultado, todos os atores modernos atuam de acor-do com os princípios de Stanislávski ou de Tchekhov. No cinema, qual aprecia-dor desconhece os nomes de Serguêi Ei-senstein e Andrêi Tarkóvski?

Em um contexto mais amplo, não po-demos deixar de mencionar o norte-ame-ricano de origem russa Vladímir Zvo-rikin, natural da cidade de Murom, na Rússia central, conhecido internacional-mente por ter levado à prática a teoria de TV. Até mesmo as revoluções psico-délicas dos anos 1960 e 1980 foram cau-sadas, em grande parte, por Alexander “Sasha” Shulgin, farmacologista e quí-mico americano de origem russa, conhe-cido por seus trabalhos na área de subs-tâncias químicas psicoativas e por ter sintetizado pela primeira vez a maior parte das drogas “de expansão da mente”.

Dos clássicos à psicodelia, a arte e a cultura têm muito a celebrar junto à Rússia!

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Casa do arquiteto Konstantin Mélnikov na alameda Krivoarbátski, no centro de Moscou Biblioteca Estatal Russa

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ESCREVAPARA A REDAÇÃO DA

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Um dos destaques da quar-ta edição do Salão Interna-cional de Tecnologia para Defesa e Prevenção de De-sastres Naturais (SITDEF), que aconteceu em Lima de 15 a 19 de maio, foi a tercei-ra geração do tanque de ba-talha T-90S. Produzido pela russa Uralvagonzavod, o ar-mamento tem sido exporta-do para Ásia, Europa, Áfri-ca e América Latina durante a última década.

“Trata-se de uma peça de armamento que dispara com precisão e se move rapida-mente. As equipes sobem no tanque como em uma bici-cleta. Ele desliza. Incrível!”, comentou o presidente russo

Defesa Presidente russo compara facilidade do novo tanque T-90S ao uso de uma bicicleta

Econômico e com acessórios que otimizam atividade noturna, os tanques T-90S têm sido destaque em feiras de defesa.

Vladímir Pútin durante a Ural Arms Expo.

O tanque tem vantagem sobre os concorrentes em ter-mos de capacidade de mano-bra e adaptação a situações extremas, e é vendido por um valor que varia de US$ 2,77

milhões a US$ 4,25 milhões por unidade.

O T-90S dispõe de um ca-nhão de tanque liso 2A46 de 125 milímetros e uma metra-lhadora montada de 12,7 mi-límetros controlada remota-mente, que permite ao comandante mirar e atirar em alvos localizados em uma cou-raça blindada. O tanque tem recebido elogios por seu de-

sign simples e de fácil atua-lização, bem como pelo curto espaço de tempo necessário para treinar as equipes que irão usá-lo. Além disso, foi apelidado de “tanque voador” devido a sua capacidade de saltar até 10 metros no ar a partir de um trampolim.

“Em termos de contenção, o tanque só perde para as armas nucleares”, observou Dilbag Singh, adido militar da embaixada da Índia em Moscou, depois de acompa-nhar uma demonstração do T-90S. Seu governo já enco-mendou centenas desses tan-ques, em contratos avaliados em bilhões de dólares.

Econômico e noturnoCom um único tanque de combustível, o T-90S pode percorrer até 550 km a uma velocidade de 60 quilôme-tros por hora. Ele está equi-pado com armas antitanque guiadas a laser e detector

pesquisa e desenvolvimento, e laboratórios de design que desenvolvem equipamentos civis e militares.

O tanque de guerra T-90S responde por cerca de um quinto da produção total de veículos de combate da em-presa. De acordo com o Rela-tório de Defesa de Moscou, a companhia Uralvagonzavod fabricou em 2008, sozinha, mais tanques do que as fábri-cas de todos os outros países do planeta.

Depois da Índia, T-90S quer invadir América Latina

Para especialistas, tanque pode ser o mais potente da atualidade

MIKHAIL VOLKOVESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

tares da Rússia. “O valor do tanque está em seu poder de fogo, capacidade de manobra e robustez. A Rússia já forne-ceu mais de mil T-90 para clientes estrangeiros até o momento.”

A Uralvagonzavod fi ca na cidade de Níjni Taguil, nos Montes Urais, e apresentou faturamento de quase US$ 5 bilhões em 2011. É a maior fabricante de tanques do mundo, com mais de 30 fábri-cas de produção, centros de

“O valor do tanque está em seu poder de fogo, capacidade de manobra e robustez”

" Trata-se de uma peça de armamento que dispara com precisão

e se move rapidamente. As equipes sobem no tanque como em uma bicicleta. Ele desliza. Incrível!”

FRASE

Vladímir PútinPRESIDENTE DA RÚSSIA

térmico de 3,5 quilômetros de alcance. Isso faz do tan-que o veículo ideal para combate noturno sob con-dições extremas. Também há a possibilidade de se im-plantar uma arma de pulso eletromagnético.

“Hoje, o T-90S é o tanque que apresenta maior poten-cial”, afi rma Viatcheslav Da-videnko, representante da Ro-soboronexport, a única exportadora autorizada de armas e equipamentos mili-

ENTREVISTA CARLOS DA ROCHA PARANHOS

No Brics, Brasil diverge sobre SíriaAPESAR DE TER POSIÇÃO SEMELHANTE ÀS DOS OUTROS BRICS, BRASIL JULGA QUE RESPONSABILIDADE MAIOR É DO

GOVERNO SÍRIO, QUE TEM OBRIGAÇÃO FORMAL DE PROTEGER DIREITOS HUMANOS, SEGUNDO EX-EMBAIXADOR NA RÚSSIA

MARINA DARMAROS, VASSÍLI KRILOVGAZETA RUSSA

Apesar de ter uma posição si-milar às dos outros países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Bra-sil “defende não ser possível igualar as responsabilidades do governo e da oposição pelas violações dos direitos huma-nos cometidas durante o con-fl ito”. Essa é a opinião do ex--embaixador brasileiro Carlos Paranhos, que falou em en-trevista exclusiva à Gazeta Russa sobre a Síria, perspec-tivas do Brics e relações bila-terais entre Brasil e Rússia.

Qual a posição oficial brasilei-ra quanto à questão síria? Po-de-se dizer que há consenso entre os Brics sobre a situa-ção no país?Assim como todos os outros países do Brics, o Brasil ma-nifesta profunda preocupação com a atual situação na Síria e apela pela cessação imedia-ta de toda violência e viola-ções dos direitos humanos. Defendemos que o tratamen-to da crise se dê por meios pa-cíficos que encorajem um amplo diálogo nacional, refl e-tindo as legítimas aspirações de todos os setores da socie-dade síria e o respeito à inde-pendência, à integridade ter-ritorial e à soberania daquele país. O objetivo compartilha-do pelos Brics é o de facilitar

um processo político inclusi-vo conduzido pelos sírios.

Assim, a despeito de nu-ances em suas posições, os países do Brics favorecem uma solução política do con-fl ito, mediante negociações e diálogo abrangente para a transição política na Síria, à luz do Comunicado do Grupo de Ação de Genebra, celebrado em junho de 2012. Os países Brics rejeitam o recurso à alternativa mili-

tar para buscar superar a crise.

Não obstante a posição bra-sileira ser similar às visões dos outros países Brics, o Brasil defende não ser possivel igua-lar as responsabilidades do governo e da oposição pelas violações dos direitos huma-nos cometidas durante o con-fl ito, uma vez que ao governo recai a maior responsabilida-de, por ter a obrigação formal de proteger os direitos huma-

nos, embora se reconheça que setores da oposição também cometam violações.

Quais foram, na sua opinião, os principais resultados da cúpu-la dos Brics em Durban? Um dos principais resultados da Cúpula de Durban foi a decisão de se criar, no futuro próximo, um “Banco de De-senvolvimento do Brics”, para fi nanciar projetos de infraes-trutura e de desenvolvimento

sustentável nos próprios paí-ses Brics e em outros países em desenvolvimento.

Essa ideia de um banco dos Brics tem futuro?A decisão é plenamente viá-vel política e economicamen-te, e continua sendo uma das prioridades dos cinco países participantes do grupo. Para avançar na implementação do projeto, reconhecemos que são necessários estudos técnicos

adicionais. As áreas especia-lizadas dos governos dos pa-íses do Brics estão engajadas nesse processo.

Na sua opinião, os Brics podem se tornar um centro de influên-cia geopolítica comparável aos EUA e à União Europeia? Isso poderia acontecer em um fu-turo próximo?O Brics é um mecanismo de coordenação e cooperação sem estrutura rígida e sem preten-sões de se tornar um bloco ou aliança política, em sentido estrito. Entretanto, parece ra-zoável supor que, atuando em conjunto nos temas de inte-resse mútuo, como no que se refere à reforma das estrutu-ras de governança mundial, o Brics terá de ser ouvido com mais atenção no processo ne-gociador. Em suma, o peso geopolítico crescente do Brics no plano internacional é re-sultado da própria expansão das economias emergentes.

Muitos outros países aventam a possibilidade de integrar os Brics, como Egito, Argentina, Vietnã... Qual sua opinião a respeito dessa pretensão?O interesse demonstrado por esses países é indicativo da re-levância internacional que o agrupamento Brics adquiriu desde sua criação em 2009. O Brics congrega as principais economias emergentes do mundo e países com projeção política global para tratar dos

principais desafi os interna-cionais. Por ora, os países do Brics preferem a consolida-ção do agrupamento com os atuais cinco membros, mas não excluem a possibilidade de diálogo com outros países e organismos, sempre que oportuno.

Como anda a cooperação bi-lateral nos preparativos para grandes eventos esportivos como a Copa e as Olimpíadas? Há algum intercâmbio de es-pecialistas e tecnologias?O Plano de Ação prevê o in-tercâmbio de especialistas em diversas áreas, como treina-mento esportivo, nutrição, fi -siologia e controle de dopa-gem, e a troca de informações sobre o campo teórico das tec-nologias ligadas à área espor-tiva, o que envolveria a par-ticipação de universidades.

No plano governamental, a Autoridade Pública Olímpica brasileira manifestou interes-se em instituir um Programa de Observadores Governa-mentais, por meio do qual re-presentantes de instâncias do governo envolvidas na orga-nização dos Jogos Olímpicos de 2016 realizariam missões técnicas à Rússia para conhe-cer a preparação do país para os Jogos Olímpicos de Inver-no de 2014, em Sôtchi. Um programa similar foi institu-ído com êxito durante a pre-paração para os Jogos Olím-picos de Londres, em 2012.

FORMAÇÃO: CIÊNCIAS

JURÍDICAS E SOCIAIS (UFRJ)

IDADE: 63 ANOS

Carlos Antonio da Rocha Para-nhos foi embaixador do Brasil na Rússia de março de 2008 a 4 de junho de 2013, quan-do deixou o cargo para assu-mir em Brasília a Subsecretaria Geral de Política I. Serviu nas embaixadas brasileiras de Pa-ris (1976-1979), Caracas (1979-1983), Roma (1993-1995) e Genebra (1995-1999 e 2003-2008). Recebeu, em 2008, a condecoração brasileira “Me-dalha do Pacificador”.

RAIO-X

2,77 milhõesde dólares é o preço mínimo pago pela unidade do tanque T--90S. Valor pode chegar a US$ 4,25 milhões

550 kmé a distância percorrida pelo T--90S com apenas um tanque de combustível a 60 quilômetros por hora

NÚMEROS

AS 8 RESERVAS NATURAIS MAIS BELAS AS 8 RESERVAS NATURAIS MAIS BELAS DO TERRITÓRIO RUSSODO TERRITÓRIO RUSSO

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