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ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBERTO SAMPAIO - BRAGA FILOSOFIA - 10º ANO Teste sumativo, Novembro, 2004 CORRECÇÃO DO TESTE 1.1 2 Física “De que são constituídos os átomos, ou, o que explica a gravidade?” “Como podemos conhecer qualquer coisa para além das nossas mentes?” Epistemologia 2 3 Factual ou jurídico “Está errado entrar num cinema sem pagar?” “O que torna uma acção certa ou errada?” Ética 3 4a ou Matemática “Quais são as relações entre os números...?” “O que é um número?” Metafísica 4a 4b Psicologia “Como é que as crianças aprendem uma linguagem?” “Que faz uma palavra significar qualquer coisa?” Filosofia da linguagem 4b 1.2 As perguntas feitas por ciências como a Física, a Química ou a Biologia, são empíricas. Referem-se à experiência, aos fenómenos e seres da Natureza e resolvem-se pelo pensamento criativo, mas utilizando também a observação e a experimentação. As perguntas filosóficas não são empíricas. Podem partir da experiência que temos de nós mesmos, do mundo natural ou social, mas não delimitam um campo específico de observação nem certas propriedades mensuráveis. As interrogações filosóficas questionam os conceitos mais básicos que se usam nas ciências e no dia-a-dia, tais como observação, experiência, espaço, tempo, eu, valor, etc. Os problemas filosóficos são conceptuais e para lhes responder utiliza-se a discussão racional de ideias e argumenta-se. 1.3 Face a uma pergunta filosófica, é necessário pensar filosoficamente, ou seja, formular uma tese ou teoria e argumentar a seu favor. Isto significa, antes de mais, que os modos de pensar e resolver questões que as ciências experimentais, as formais e o pensamento espontâneo utilizam não são adequados ou possíveis em filosofia. Em filosofia, procura-se resolver o problema que a pergunta nos põe apenas com a ajuda do pensamento. Mas em filosofia, não há um processo formal de prova, como em Matemática. Por meio da actividade racional, formula-se uma teoria ou uma simples tese. Depois, sempre com o auxílio do poder do pensamento, procuram-se argumentos que sustentem essa teoria ou tese. 2. A frase I exprime uma proposição, pois é uma frase declarativa com valor de verdade. A frase II não exprime uma proposição, porque é uma interrogação. A frase III é composta: “Ouçam-me a mim” não é uma proposição, porque é um apelo; “Só eu é que não engano” exprime uma proposição, porque é uma frase declarativa com valor de verdade. A frase IV é declarativa, mas não exprime qualquer proposição, pois é absurda. 3.1 A frase I expressa uma infinidade de proposições por duas razões. Porque contém o indexical “eu” e porque não especifica de que “Junta” alguém afirma que é o “Presidente”. Assim, esta frase exemplifica a ambiguidade.

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Page 1: ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBERTO SAMPAIO - BRAGA · 3.2 Toda a linguagem está cheia de metáforas, de vagueza e de ambiguidade. Mas em filosofia devemos evitar uma linguagem com essas

ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBERTO SAMPAIO - BRAGA

FILOSOFIA - 10º ANO Teste sumativo, Novembro, 2004

CORRECÇÃO DO TESTE

1.1 2 Física “De que são constituídos os

átomos, ou, o que explica a gravidade?”

“Como podemos conhecer qualquer coisa para além das nossas mentes?”

Epistemologia 2

3 Factual ou jurídico

“Está errado entrar num cinema sem pagar?”

“O que torna uma acção certa ou errada?”

Ética 3

4a ou

Matemática “Quais são as relações entre os números...?”

“O que é um número?” Metafísica 4a

4b Psicologia “Como é que as crianças aprendem uma linguagem?”

“Que faz uma palavra significar qualquer coisa?”

Filosofia da linguagem

4b

1.2 As perguntas feitas por ciências como a Física, a Química ou a Biologia, são

empíricas. Referem-se à experiência, aos fenómenos e seres da Natureza e resolvem-se pelo pensamento criativo, mas utilizando também a observação e a experimentação. As perguntas filosóficas não são empíricas. Podem partir da experiência que temos de nós mesmos, do mundo natural ou social, mas não delimitam um campo específico de observação nem certas propriedades mensuráveis. As interrogações filosóficas questionam os conceitos mais básicos que se usam nas ciências e no dia-a-dia, tais como observação, experiência, espaço, tempo, eu, valor, etc. Os problemas filosóficos são conceptuais e para lhes responder utiliza-se a discussão racional de ideias e argumenta-se.

1.3 Face a uma pergunta filosófica, é necessário pensar filosoficamente, ou seja, formular uma tese ou teoria e argumentar a seu favor. Isto significa, antes de mais, que os modos de pensar e resolver questões que as ciências experimentais, as formais e o pensamento espontâneo utilizam não são adequados ou possíveis em filosofia. Em filosofia, procura-se resolver o problema que a pergunta nos põe apenas com a ajuda do pensamento. Mas em filosofia, não há um processo formal de prova, como em Matemática. Por meio da actividade racional, formula-se uma teoria ou uma simples tese. Depois, sempre com o auxílio do poder do pensamento, procuram-se argumentos que sustentem essa teoria ou tese.

2. A frase I exprime uma proposição, pois é uma frase declarativa com valor de

verdade. A frase II não exprime uma proposição, porque é uma interrogação. A frase III é composta: “Ouçam-me a mim” não é uma proposição, porque é um

apelo; “Só eu é que não engano” exprime uma proposição, porque é uma frase declarativa com valor de verdade.

A frase IV é declarativa, mas não exprime qualquer proposição, pois é absurda. 3.1 A frase I expressa uma infinidade de proposições por duas razões. Porque contém

o indexical “eu” e porque não especifica de que “Junta” alguém afirma que é o “Presidente”. Assim, esta frase exemplifica a ambiguidade.

Page 2: ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBERTO SAMPAIO - BRAGA · 3.2 Toda a linguagem está cheia de metáforas, de vagueza e de ambiguidade. Mas em filosofia devemos evitar uma linguagem com essas

A frase II também exprime mais do que uma proposição. Como contém uma metáfora, “primavera”, então tem, desde logo, dois sentidos: o sentido literal (A Joana está numa das estações do ano, na primavera) e o sentido metafórico (A Joana é nova, está no começo da vida). Por outro lado, o próprio sentido metafórico dá origem a casos de fronteira. Com efeito, estar na “primavera da vida” é estar na adolescência ou na juventude? É ter 20, 21 ou ...25 anos? E com 30 ou mais anos, ainda estará na “primavera da vida”?

3.2 Toda a linguagem está cheia de metáforas, de vagueza e de ambiguidade. Mas em filosofia devemos evitar uma linguagem com essas propriedades e ser tão claros e rigorosos quanto possível, para mais facilmente se distinguir a verdade da falsidade das proposições e para que possam ser discutidas e argumentadas.

4. A negação das frases propostas é a seguinte: 4.1 Alguns almoços são de graça. 4.2 O João está em Paris, mas não está no Texas. 4.3 Alguns reis não são ocos e ignorantes. 5. Para refutar a afirmação proposta, pode-se negá-la, declarando que alguns

discursos políticos não são enfadonhos, ou então, outra alternativa é apresentar um contra-exemplo, um determinado discurso político, mas que seja brilhante e particularmente empolgante.

6.1 A contraditória da frase I é: Alguns meios de comunicação social não ditam a

forma como as pessoas pensam. 6.2 O conjunto de frases propostas é inconsistente, pois não podem ser

simultaneamente verdadeiras. Com efeito, segundo o testemunho de todos os mass media, as frases II e III são verdadeiras, porque descrevem a situação e o resultado das recentes eleições. Mas a frase I é falsa e não pode ser verdadeira, porque se fosse verdadeira e não tendo a maioria dos mass media dos EUA apoiado a reeleição de Bush, então ele não teria sido eleito. Mas como foi eleito, irrefutavelmente, então pode-se concluir que os meios de comunicação social podem influenciar de alguma maneira as escolhas das pessoas, mas não ditam pura e simplesmente o que as pessoas pensam e fazem.

Fim