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Escola Politécnica - Departamento de Hidráulica e Saneamento Curso de Especificação em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria Monografia Final Interdependência Ecológica e ISO 14001: mecanismos de indução de micro pequenos fornecedores e prestadores de serviços pelas grandes empresas da Indústria química e petroquímica da Bahia Autora: Isabel de Cássia Santos Ribeiro Orientador: José Célio Silveira Andrade Salvador, Outubro/2001.

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  • Escola Politcnica - Departamento de Hidrulica e Saneamento

    Curso de Especificao em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais

    na Indstria

    Monografia Final

    Interdependncia Ecolgica e ISO 14001: mecanismos de induo de

    micro pequenos fornecedores e prestadores de servios pelas grandes

    empresas da Indstria qumica e petroqumica da Bahia

    Autora: Isabel de Cssia Santos Ribeiro

    Orientador: Jos Clio Silveira Andrade

    Salvador, Outubro/2001.

  • 38

    RESUMO

    Monografia que examina os mecanismos aplicados pelas grandes empresas da indstria

    qumica e petroqumica de Camaari na Bahia, certificadas na NBR ISO 14001, para induzir

    suas subcontratadas e/ou fornecedoras, de porte empresarial micro e pequeno, para adoo de

    prticas ambientais nas suas plantas.

    Palavras chaves:

    Interdependncia; Sustentabilidade; Normas NBR ISO 14001; Micro e pequenas empresas;

    Sistema de Gesto Ambiental; Tecnologias Limpas.

    ABSTRACT

    This essay analyses the mechanisms used by chemical and petrochemical industry certified by

    NBR ISSO 1401 to stimulate their suppliers micro and small enterprises - to adopt

    environmental friendly practices associated to their operation of the plant.

    Key words:

    Sustainability; NBR ISO 14001 procedures; Interdependency; Micro and small enterprises;

    Environmental Management System; Clean Technologies.

  • 38

    AGRADECIMENTOS

    A Deus e pela vida, sade e disposio para elaborar esta monografia;

    A meus pais pelo exemplo da educao e inspirao para a busca permanente da

    aprendizagem;

    A meu marido e meu filho, mas do que agradecimentos, desculpas pela presena

    ausente durante o tempo de elaborao e concluso deste trabalho;

    Ao professor Asher pelo convite e auxlio atravs do fornecimento da bolsa de

    estudo para minha participao no curso;

    Ao professor orientador Clio, pelas sugestes e contribuies para a construo

    desta monografia.

    A Adlia, Roberto Santos, Luis Antnio, Ranilson, Antnio Galvo e Tiago, pela

    pacincia e gentileza em preencher os questionrios.

    Enfim a Mariano e todo grupo do CTECLIM pelo acolhimento e convivncia.

  • 38

    APRESENTAO

    A monografia foi dividida em introduo, captulos e concluso. A introduo informa sobre o

    problema investigado, objetivos e etapas metodolgicas da pesquisa. O primeiro captulo aborda

    sobre a ecologia e seu princpio bsico de interdependncia, examinando a obra de Fritjof Capra

    A Teia da Vida uma nova compreenso cientifica dos sistemas vivos. O segundo captulo

    analisa a tendncia para o gerenciamento com conscincia ecolgica, a partir das informaes

    extradas e sistematizadas do Guia do Instituto Elmwood de Auditoria Ecolgica e Negcios

    Sustentveis: Gerenciamento Ecolgico, de autoria de Callenbach e outros. O terceiro captulo

    aborda sobre os novos desenhos e arquitetura flexvel, a partir da leitura de artigos de autoria de

    Elena Sefertz publicados na HSM Management, indicando as novas formas de relacionamento e

    interao entre o grande capital e empreendimentos de porte empresarial e micro e pequeno. O

    captulo 4 define as caractersticas e realidade das micro e pequenas empresas MPEs, avaliando-se

    informaes estatsticas publicadas pelo Sistema Sebrae (Servio Brasileiro de Apoio s Micro e

    Pequenas Empresas). No captulo 5 define-se a postura ambiental da indstria brasileira,

    compilando-se indicadores da pesquisa sobre a Gesto Ambiental na Indstria Brasileira, publicada

    em 1998 pelo Sebrae/CNI Confederao Nacional das Indstrias/BNDES Banco Nacional para

    o Desenvolvimento Econmico e Social. Avaliando-se a publicao do Governo do EstadoBahia:

    Oportunidades de Investimentos e Negcios, editorada em 1997, delinea-se no captulo 6, o perfil

    da indstria qumica e petroqumica da Bahia. A partir de acesso aos sites institucionais do sistema

    Sebrae, CEBDS Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentvel, UFBA -

    Universidade Federal da Bahia, FIEB - Federao das Indstrias do Estado da Bahia e CNTL

    Centro Nacional de Termologias Limpas, descreve-se os programas institucionais de apoio

    implantao e gerenciamento ambiental nas MPEs, no captulo 7 desta monografia. O captulo 8,

    que resulta de entrevistas qualitativas, aborda sobre os principais mecanismos de induo que as

    empresas da indstria qumica e petroqumica da Bahia, j certificadas na ISO 14001, utilizam para

    influenciar seus fornecedores para adotarem prticas ambientais nas atividades operacionais

    desenvolvidas nas suas plantas.

    Na concluso reafirma-se o problema investigado, os objetivos da pesquisa qualitativa e suas etapas

    metodolgicas, apontando-se os pontos mais relevantes extrados do referencial terico e das

    entrevistas qualitativas, recomendando-se alternativas para despertar os grandes empreendimentos

    para uma administrao ecolgica mais sistmica, englobando sua cadeia de fornecedores. Pelo

    lado da interveno institucional recomenda-se a continuidade das aes pertinentes ao Ncleo

    Regional de Produo Mais Limpa, enfocando-se especialmente, as micro e pequenas empresas

    MPEs.

  • 38

    I. INTRODUO

    Os anos 80 viram a ascenso do ativismo ambiental, levando os lderes empresariais a

    modificarem sua forma de pensar reativa, no que se referia a defesa e proteo ao meio

    ambiente. Em alguns pases mais avanados, a abordagem defensiva e reativa, que

    limitava-se ao respeito a legislao e as auditorias de cumprimento, denominada como

    Administrao Ambiental, passou, gradualmente, a ser substituda pela denominada,

    Administrao Ecolgica ou gerenciamento ecolgico, implicando na mudana da

    postura reativa, para uma postura mais ativa e criativa, que visava a minimizao do

    impacto ambiental e social das empresas, bem como tornar as atividades empresariais to

    ecologicamente quanto possvel.

    A transformao da administrao ambiental para a ecolgica foi fundamentada numa

    nova viso, denominada como viso sistmica, que enquadrava-se na teoria dos sistemas,

    na qual considerava-se que os problemas ecolgicos do mundo, como todos os outros

    grandes problemas de nosso tempo, no poderiam ser entendidos isoladamente, pois

    caracterizam-se como problemas sistmicos interligados e interdependentes, e sua

    compreenso e soluo requisitaria um novo tipo de pensamento sistmico ou ecolgico.

    A adoo do gerenciamento ecolgico como ferramenta de competitividade, resultante de

    fortes presses mercadolgicas, levou as empresas a se preocuparem com a melhoria e seu

    nvel de competitividade, aumentando continuamente sua capacidade tecnolgica e

    criando vnculos entre capacidade tecnolgica e gesto ambiental. Contudo, desenvolver

    um gerenciamento ecolgico na sua essncia, requer transformaes nas empresas e em

    toda sua cadeia produtiva, englobando fornecedores e clientes.

    A partir da observao de que desenvolver uma gesto ecolgica demanda transformaes

    nas empresas, e em toda sua cadeia produtiva, englobando fornecedores e clientes,

    procura-se identificar, nesta monografia, que mecanismos so aplicados pelos

    estabelecimentos empresariais de grande porte, que j se certificaram na ISO 14001, para

    induzir seus fornecedores e prestadores de servios, de porte empresarial micro e pequeno,

    a inclurem procedimentos e prticas ambientais nas suas operaes cotidianas.

  • 38

    A Interdepedncia ecologia e ISO 14001 foi o tema abordado nesta monografia com o

    objetivo de investigar que mecanismos so utilizados pelos gerentes de meio ambiente das

    grandes indstrias do setor qumico e petroqumico da Bahia, j certificadas na ISO 14001,

    para induzir seus fornecedores e prestadores de servios, de porte empresarial micro e

    pequeno, para se adequarem aos programas de gesto ambiental dessas grandes empresas.

    Para definio de micro e pequenas empresas, utilizou-se os critrios adotados pelo

    Sistema Sebrae para classificar por porte e pela receita bruta anual:

    1. Enquadramento por porte:

    ME (Microempresa): na indstria at 19 empregados e no comrcio/servio at 09

    empregados.

    PE (Pequena Empresa): na indstria de 20 a 99 empregados e no comrcio/servio de

    10 a 49 empregados.

    MDE (Mdia Empresa): na indstria de 100 a 499 e no comrcio/servio de 50 a 99

    empregados.

    GE (Grande Empresa): na indstria acima de 499 empregados e no comrcio/servio

    mais de 99 empregados.

    2. Enquadramento pela receita bruta anual, estabelecido pela Lei 9.317, de 5/12/96:

    ME (Microempresa): empresas industriais, comerciais e de servios com receita bruta

    anual de at R$ 120.000,00; e

    PE (Pequena empresa): empresas industriais, comerciais e de servios com receita

    bruta anual acima de R$ 120.000,00, at R$ 720.000,00.

    MGE (Mdias e Grandes): empresas industriais, comerciais e de servios com receita

    bruta anual acima de R$ 720.000,00.

    Para definir o termo fornecedor, utilizou-se o critrio da NBR ISO 14001, que por sua vez

    deriva da NBR 8402 e informa que prestador de servio corresponde a subcontrato ou

    subfornecedor.

  • 38

    objetivo geral da monografia identificar de que forma os fornecedores e prestadores de

    servios, de porte empresarial micro e pequeno, so induzidos a adotarem e manterem

    programas de preveno e minimizao de impactos ambientais, relacionados s

    atividades de prestao de servios realizadas nas instalaes das empresas de grande porte

    da indstria qumica e petroqumica da Bahia, j se certificados com a ISO 14001.

    So objetivos especficos: avaliar se tais mecanismos de induo contribuem para despertar

    as MPEs para o gerenciamento com conscincia ecolgica (ecologia profunda), ou se

    limitam observncia dos critrios requeridos pelas auditorias de cumprimento e

    legislao ambiental vigente (ambientalismo superficial); e avaliar o grau de conhecimento

    que os gerentes de meio ambiente detm sobre os programas institucionais ofertados para

    apoiar o segmento empresarial de porte micro e pequeno na implantao de gerenciamento

    e/ou prticas ambientais.

    Visando alcanar os objetivos foram obedecidas as seguintes etapas metodolgicas:

    I. Pesquisa bibliogrfica:

    Para identificao do referencial terico pesquisou-se livros de autoria de Fritjof Capra,

    e Callenbach (em parceria com outros autores), que abordavam sobre o pensamento

    sistmico: uma nova compreenso sobre os sistemas vivos e sobre o gerenciamento

    ecolgico.

    Para compreender quais os mecanismos que podem ser utilizadas pelas grandes

    empresas (contratantes) para induzirem sua cadeia de fornecedores (MPEs) a

    incorporarem prticas ambientais nas suas operaes, pesquisou-se a NBR ISO 14001

    Sistema de Gesto Ambiental - especificao e diretrizes para uso.

    Artigos tcnicos de revistas especializadas em administrao, que analisavam os novos

    formatos da organizao industrial, que substituiu as estruturas fordistas e tayloristas

    pela arquitetura flexvel, foram pesquisados para justificar as novas formas de

    relacionamento entre as grandes organizaes e o pequeno capital.

    Para abordar sobre as caractersticas e realidade das MPEs em nosso pas, analisou-se

    publicaes tcnicas e relatrios de pesquisas do Sistema Sebrae.

    Para definir o perfil da indstria qumica e petroqumica na Bahia, pesquisou-se a

    publicao oficial do Governo do Estado da Bahia/SICM, Bahia: oportunidades de

    investimentos e negcios.

  • 38

    Para informar sobre o grau de conscientizao ambiental do setor industrial no Brasil,

    analisou-se relatrio de pesquisas publicado pelo CNI/BNDES/SEBRAE: Pesquisa

    Ambiental na Indstria.

    Para identificar programas oficiais de gerenciamento ambiental para o setor produtivo,

    especialmente para as MPEs, pesquisou-se os sites oficiais das entidades nacionais e

    locais que ofertam tais programas.

    II. Elaborao do instrumento de coleta para aplicao da pesquisa;

    II. Avaliao crtica do instrumento de coleta;

    IV. Reviso e adequao do instrumento de coleta;

    V. Identificao do universo das empresas que seriam alvo da pesquisa, e das pessoas

    de contato para o envio do questionrio: para realizao desta etapa estabeleceu-se

    contato com a Coordenao do Programa de Produo Tecnologias Limpas do IEL-

    BA, identificando as empresas que j estavam certificadas na NBR ISO 14001, bem

    como as pessoas das respectivas empresas com melhor perfil para a aplicao do

    questionrio Gerentes de Meio Ambiente. O contato foi realizado em junho/01

    identificando-se as 14 empresas abaixo:

    Quadro 1. Empresas Certificadas na ISO 14001 Empresa Localidade Setor Certificador

    1) Alcan Alumnio do Brasil

    Salvador Metais ABS-QE

    2) Aracruz Celulose S/A Nova Viosa Papel e Celulose BVQI

    3) Bahia Sul Celulose Mucuri Papel e Celulose BVQI 4) Cetrel S/A Plo Petroqumico de Camaari Resduos Industriais BVQI 5) CQR Companhia Qumica do Recncavo

    Plo Petroqumico de Camaari Qumico BS-QE

    6) Deten Qumica S/A Plo Petroqumico de Camaari Qumico BVQI 7) Dow Qumica do Nordeste Ltda. Camaari Qumico DNV 8) Geral Engenharia Ltda. Salvador Construes e

    Instalaes Industriais DNV

    9) OPP Polietilenos S/A Plo Petroqumico de Camaari

    Petroqumico ABS

    10) Petrobrs E & P BA Salvador (Santiago, Entre Rios,Candeias, Taqupe).

    Petrleo e Gs Natural DNV

    11) Petrobrs Refinaria LandulphAlves

    So Francisco do Conde Petroqumico BVQI

    12) Petrobrs E& P SAG Salvador Itaigara Petrleo DNV 13) Trikem S/A Unidade de Camaari

    Plo Petroqumico de Camaari Petroqumico ABS -QE

    14) Xerox do Brasil Simes Filho Eletro-Mecnico BSI Fonte: IEL-BA Programa de Tecnologias Limpas Junho/2001.

  • 38

    V. Coleta de dados: realizou-se contatos telefnicos com representantes de 09 empresas, esclarecendo os objetivos da pesquisa. Os mesmos concordaram em

    receber o questionrio por meio eletrnico, comprometendo-se em respond-los e

    reencaminh-los. Os questionrios foram enviados para as empresas informadas no

    quadro abaixo:

    Quadro 2: Empresas contatadas/Questionrios enviados. Empresa Localidade Setor Certificador

    1. Alcan Alumnio do

    Brasil

    Salvador Metais ABS-QE

    2.Bahia Sul Celulose (1) Mucuri Papel e Celulose BVQI

    3. Cetrel S/A Plo Petroqumico de

    Camaari

    Resduos Industriais BVQI

    4. CQR Companhia

    Qumica do Recncavo (2)

    Plo Petroqumico de

    Camaari

    Qumico BS-QE

    5. Deten Qumica S/A Plo Petroqumico de

    Camaari

    Qumico BVQI

    6. Dow Qumica do

    Nordeste Ltda.

    Camaari Qumico DNV

    7. Petrobrs E & P BA (3) Salvador (Santiago, Entre

    Rios, Candeias, Taqupe).

    Petrleo e Gs Natural DNV

    8. Trikem S/A Unidade de

    Camaari/ OPP Polietilenos

    S/A(4)

    Plo Petroqumico de

    Camaari

    Petroqumico ABS-QE

    9. Xerox do Brasil Simes Filho Eletro-Mecnico BSI

    Fonte: Pesquisa Qualitativa/ 2001

    (1) Aproveitou-se as dificuldades em contatar o Gerente de Meio Ambiente da Bahia

    Sul e Aracruz Celulose para limitar o universo a ser pesquisado nos ramos de

    qumica e petroqumica da indstria baiana.

    (2) Infere-se que a CQR tenha sido incorporada pela Trikem S/A Unidade de Cloro e

    Soda, pois a Responsvel Operacional dos Programas de Controle de Qualidade e

    Meio Ambiente enviou o questionrio respondido em nome da Trikem S/A.

    (3) Questionrio da Petrobrs foi concentrado em apenas 01 Unidade

    Petrobrs/UNBA.

    (4) Infere-se que a OPP tenha sido incorporada pela Trikem S/A, contudo, o

    Responsvel por Qualidade, Sade, Segurana e Meio Ambiente enviou o

    questionrio respondido em nome da OPP Politenos S/A.

  • 38

    Recebeu-se o retorno dos questionrios respondidos das seguintes organizaes,

    informadas no quadro 3 a seguir:

    Quadro 3: Empresas Pesquisadas Empresa Localidade Setor Certificador

    1. CQR Companhia

    Qumica do Recncavo

    (Trikem S/A Unidade de

    Cloro e Soda)

    Plo Petroqumico de

    Camaari

    Qumico BS-QE

    2. Dow Qumica do Nordeste

    Ltda.

    Camaari Qumico DNV

    3. Petrobrs E & P BA

    (Petrobrs UNBA)

    Salvador (Santiago, Entre

    Rios, Candeias, Taqupe).

    Petrleo e Gs Natural DNV

    4 Trikem S/A Unidade de

    Camaari( OPP Polietilenos

    S/A)

    Plo Petroqumico de

    Camaari

    Petroqumico ABS-QE

    5. Xerox do Brasil Simes Filho Eletro-Mecnico BSI

    Fonte: Pesquisa Qualitativa/2001

  • 38

    CAPTULO 1. PENSAMENTO SISTMICO A TEIA DA VIDA

    Todos os seres vivos so membros de

    comunidades ecolgicas ligadas umas s

    outras numa rede de

    interdependncia.(Capra, 1999)

    Com a aproximao do fim do sculo as preocupaes com o meio ambiente adquiriram

    suprema importncia, expressados por uma srie de problemas globais que se encontram

    danificando a biosfera e a vida humana de uma maneira alarmante. Alguns cientistas

    perceberam que os principais problemas de nossa poca no poderiam ser entendidos

    isoladamente, pois tinham um carter sistmico: interligados e interdependentes.

    As solues para os principais problemas de nossa poca demandavam mudanas radicais

    em nossas percepes e nos nossos valores, porm essa compreenso ainda no havia

    despontado entre a maioria de nossos lderes polticos, no atingia a maioria dos lderes

    das nossas corporaes, nem os administradores e os professores das nossas grandes

    universidades. Tais lderes no apenas deixavam de reconhecer como os diferentes

    problemas eram interligados, como tambm se recusavam a reconhecer que as suas

    solues afetavam geraes futuras. Sob o ponto de vista sistmico, as nicas solues

    viveis seriam as solues sustentveis. Assim, o conceito de sustentabilidade de Lester

    Brow do Worldwatch Institute, adquiriu importncia-chave para o movimento ecolgico:

    uma sociedade sustentvel aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir as

    perspectivas das geraes futuras(Brow apud Capra,1981), sendo o grande desafio de

    nossos tempos criar comunidades sustentveis.

    Os valores dominantes que modelaram a nossa cultura por vrias centenas de anos,

    referenciavam-se na viso do universo como um sistema mecnico, composto de blocos

    de construo elementares; na viso do corpo humano como uma mquina; na viso da

    vida em sociedade como uma luta competitiva pela existncia; na crena no progresso

    material ilimitado, obtido por intermdio de crescimento tecnolgico; na crena na

    sociedade na qual a mulher era classificada em uma posio inferior do homem. (Capra,

    1999).

    O novo paradigma concebeu uma viso de mundo holstica um mundo como um todo

    integrado, tambm podendo ser entendida como uma viso ecolgica. A percepo

    ecolgica profunda reconhece a interdependncia fundamental de todos os fenmenos: ela

  • 38

    v o universo no como uma coleo de objetos isolados, mas como uma rede de fenmenos que

    esto fundamentalmente interconectados e so interdependentes. A ecologia profunda

    reconhece o valor intrnseco de todos os seres vivos e concebe os seres humanos apenas

    como um fio particular da teia da vida. (Capra, 1999)

    Reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir e educar comunidades

    sustentveis, nas quais podemos satisfazer nossas aspiraes e nossas necessidades sem

    diminuir as chances das geraes futuras. Para realizar esta tarefa precisamos compreender

    estudos de ecossistemas, compreender os princpios bsicos da ecologia, ser

    ecologicamente alfabetizado ou eco-alfabetizado( Orr apud Capra, 1999).

    Aprender com os ecossistemas significa aprender como viver de maneira sustentvel:

    durante mais de trs bilhes de anos de evoluo, os ecossistemas do planeta tm se

    organizado de maneiras sutis e complexas, a fim de maximizar a sustentabilidade, essa

    sabedoria da natureza a essncia da eco-alfabetizao.

    Os princpios bsicos da ecologia passaram a ser aplicados como diretrizes para construir

    comunidades humanas sustentveis, sendo o primeiro deles o da interdependncia: todos os

    membros de uma comunidade ecolgica esto interligados numa vasta e intricada rede de

    relaes, a teia da vida. A interdependncia a natureza das relaes ecolgicas. O sucesso

    da comunidade toda depende de cada um de seus membros, enquanto que o sucesso de

    cada membro depende do sucesso da comunidade como um todo.

    Entender a interdependncia ecolgica significa entender relaes, nutrir a comunidade

    significa nutrir essas relaes. As relaes entre os membros de uma comunidade

    ecolgica so no lineares, envolvendo mltiplos laos de realimentao. Uma perturbao

    no ecossistema no est limitada a um nico efeito, mas tem possibilidades de se espalhar

    em padres cada vez mais amplos, podendo at mesmo ser amplificado por laos de

    realimentao interdependentes. Nos ecossistemas, os resduos produzidos de uma espcie

    alimento para outras, de modo que o ecossistema todo permanece livre de resduos.

    Os sistemas industriais so lineares, enquanto as atividades comerciais extraem recursos,

    transformam-nos em produtos e em resduos, e vendem aos consumidores que descartam

    mais ainda resduos. Os lucros privados so obtidos com os custos pblicos (bens gratuitos:

    ar, gua e solo), em detrimento do meio ambiente e da qualidade geral da vida, s expensas

    das geraes futuras. A alfabetizao ecolgica ensina que esse sistema no sustentvel.

    A economia enfatiza a competio, a expanso e a dominao; a ecologia enfatiza a

  • 38

    cooperao, a conservao e a parceria. A interdependncia, reciclagem, parceria,

    flexibilidade e diversidade so princpios bsicos da ecologia, em conseqncia, princpios

    da sustentabilidade. A sobrevivncia da humanidade depender de nossa alfabetizao

    ecolgica, da nossa capacidade para entender os princpios da ecologia e viver em

    conformidade com eles.

  • 38

    CAPTULO 2. TENDNCIAS PARA O GERENCIAMENTO COM CONSCINCIA

    ECOLGICA

    A partir da dcada de 1980, difundiu-se rapidamente me muitos pases europeus, a

    conscincia de que danos cotidianos ao ambiente poderiam ser substancialmente

    reduzidos por meio de prticas de negcios ecologicamente corretas. Antes da dcada de

    1980, a proteo ambiental era vista como uma questo marginal, custosa e muito

    indesejvel, a ser evitada, em geral seus opositores argumentavam que ela diminuiria a

    vantagem competitiva da empresa. Essa era uma reao defensiva, que tinha por objetivo

    diminuir, rechaar, combater ou evitar todos os pedidos de indenizao por danos

    ambientais.

    Nos anos 80, os gastos com proteo ambiental comearam a ser vistos pelas empresas

    lderes no primordialmente como custos, mas sim como investimentos no futuro e,

    paradoxalmente, como vantagem competitiva. A atitude passou de defensiva e reativa para

    ativa e criativa. Administrar com conscincia ecolgica passou a ser o lema dos

    empresrios voltados para o futuro(Callenbach et. al. apud Lutz, 1993).

    Por volta de meados da dcada de 1980, um grande nmero de empresas europias

    comeou a adotar prticas ecolgicas simples, como programas de reciclagem, medidas de

    economia de energia, reutilizao de recipientes, e assim por diante. Algumas delas foram

    muito alm e comearam a caminhar em direo a uma administrao de orientao

    ecolgica mais abrangente.

    A partir de 1985, muitas empresas inovadoras de vrios pases juntaram-se em associaes

    de administrao ambiental, sendo que vrias dessa constituram a INEM Internacional

    Network of Environmental Management, em 1991, que tinha com o principal objetivo

    fazer que um maior nmero possvel de empresas praticassem a administrao ambiental.

    Para alcanar tal objetivo a INEM elabora recomendaes para Governo e agncias

    administrativas de vrios pases. Em 1985, associaes de empresas para administrao

    ambiental foram formadas na ustria, na Sua, na frica do Sul, na Sucia, no Reino

    Unido, na Dinamarca, no Brasil e em Israel, em estreita colaborao com a INEM.

    O objetivo do gerenciamento ecolgico minimizar o impacto ambiental e social das

    empresas, e tornar todas as operaes to ecologicamente corretas quanto possvel. O

    ponto de partida o reconhecimento de que os problemas no podem ser entendidos

  • 38

    isoladamente, so problemas sistmicos interligados e interdependentes e sua

    compreenso e soluo requerem um novo tipo de pensamento sistmico, ou ecolgico.

    Esse novo pensamento precisa ser acompanhado de uma mudana de valores, passando de

    expanso para a conservao, da quantidade para a qualidade, da dominao para a

    parceria.

    A filosofia do Elmwood Institute baseia-se na convico de que o impacto ecolgico das

    operaes de uma empresa no ter uma melhoria significativa enquanto a empresa no

    passar por uma mudana radical na sua cultura empresarial uma mudana de paradigma:

    um novo pensamento e um novo sistema de valores, uma viso do mundo holstica, viso

    sistmica ou de sistemas, uma viso ecolgica, usando esse termo numa acepo muito

    mais ampla e profunda do que a usual.

    Quando se fala em mudana de paradigma, fala-se em transio radical e requsita-se a

    compreenso das principais diferenciaes entre administrao ambiental e administrao

    ecolgica, conforme resume-se abaixo:

    Quadro 4: Comparao Administrao Ambiental X Administrao Ecolgica Administrao Ambiental Ambientalismo

    Superficial AdministraoEcolgia -

    Ecologia Profunda. - Aceita o paradigma mecanista dominante - Envolve a mudana para um viso de mundo holstica e

    sistmica - Adotam o quadro de referncia da economia

    convencional: auditorias de cumprimento;aplicam mtodos baseados apenas naquantificao; no fornece orientao parade problemas ambientais urgentes e nocontemplados nas medidas governamentais.

    - As empresas so sistemas vivos, cuja compreenso no possvel apenas pelo prisma econmico, no podendo ser rigidamente controlada por meio da interveno direta. A empresa pode ser influenciada pela transmisso de orientaes e emisses de impulsos.

    - Est associada idia de resolver os

    problemas ambientais em benefcio da

    empresa. Carece de uma dimenso tica, e

    suas principais motivaes so a

    observncia das leis e melhoria de imagem

    da empresa.

    - motivado por uma tica ecolgica e por uma

    preocupao com o bem-estar das futuras

    geraes. Seu ponto de partida uma mudana

    de valores na cultura empresarial.

    - Tende a aceitar, ou endossar, por omisso, a

    ideologia do crescimento econmico.

    - Substitui a ideologia do crescimento econmico

    pela idia da sustentabilidade ecolgica.

  • 38

    Administrao Ambiental Ambientalismo

    Superficial

    Administrao Ecolgica

    Ecologia Profunda.

    - As empresas fazem mudanas ambientais

    cosmticas para a promoo de uma

    imagem verde, como por exemplo

    programas de reciclagem ou de eficincia

    de energia, pois desconhecem as mudanas

    ecolgicas possveis

    - O pensamento ecolgico profundo gera uma srie

    de possibilidades, estudando inovaes possveis

    para desenvolver substitutos, adotar outros

    produtos e prticas, como por exemplo: deixar de

    produzir ou receber embalagens, eliminar a

    explorao do trabalho infantil, etc.

    - A auditoria ambiental no questiona a ideologia do crescimento econmico (maximizao dos lucros ou do PNB), principal responsvel pela destruio do ambiente global

    - A auditoria ecolgica reconhece que o crescimentoeconmico ilimitado num planeta finito s podelevar ao desastre.

    - Associada ao conceito de crescimento. - Associada ao conceito de sustentabilidade. Fonte: Callenbach at al., 1993.

    Proceder a mudana da administrao ambiental para a administrao ecolgica requisita

    mudanas radicais na cultura empresarial. A Auditoria ecolgica eco-auditoria o exame

    sistemtico das operaes de uma empresa, do ponto de vista ecolgico. O Gerenciamento

    ecolgico e a eco-auditoria tem como motivao os valores e conceitos da ecologia

    profunda e o seu sucesso depender da medida em que o paradigma ecolgico estiver

    refletido na cultura empresarial (Callenbach at al., 1993).

    Define-se como cultura empresarial um conjunto de idias, normas e modos de conduta,

    que foi aceito e adotado por uma empresa atravs de um consenso, e que constitui o carter

    distintivo e inconfundvel da organizao.

    Os anos 90 caracterizaram-se como uma dcada de crise: danificao da biosfera,

    destruio das florestas, desertificao, camada de oznio, radiao ultra-violeta, aumento

    da populao mundial, aumento do abismo entre ricos e pobres, etc. Nenhum destes

    problemas podem ser entendidos isoladamente, pois so problemas interligados e

    interdependentes e sua compreenso e soluo requerem um enfoque sistmico: a terra

    um todo integrado, um sistema vivo. Os sistemas vivos compreendem organismos

    individuais, sistemas sociais e ecossistemas, e constituem conjuntos integrados inseridos

    em conjuntos maiores, dos quais dependem. Pensar sistematicamente pensar em

    processos.

  • 38

    Na nossa cultura damos nfase excessiva auto-afirmao concorrncia, expanso -

    quantidade e negligenciamos a integrao cooperao, conservao, qualidade. A

    mudana de paradigma inclui a mudana de valores, da auto-afirmao para a integrao.

    No que diz respeito s organizaes de negcios, o exemplo mais importante mudana da

    expanso para a conservao, de quantidade para a qualidade, a mudana nos critrios

    fundamentais de sucesso do crescimento econmico para a sustentabilidade ecolgica. A

    administrao com conscincia ecolgica inclui a restrio ao crescimento econmico,

    introduzindo a sustentabilidade como critrio fundamental de todas as atividades de

    negcios.

    A administrao sistmica precisa ser parte integrante do gerenciamento ecolgico,

    demandando um novo estilo de liderana, embasado no pensamento e ao sistmica. Ser

    exigida das lideranas uma anlise crtica da sua filosofia empresarial e, no que se reporta

    exclusivamente a sustentabilidade econmica da empresa, essas lideranas devero

    examinar, dentre outros aspectos: se os produtos e servios que produzem so

    ecologicamente corretos ou desnecessariamente destrutivos; e que mudanas tornariam os

    seus empreendimentos menos prejudicial do ponto de vista ecolgico.

    A tarefa de um eco-auditoria minimizar o impacto ambiental de uma empresa, e esse

    impacto diz respeito a processos ecolgicos que envolvem energia, substncias materiais,

    pessoas e outros organismos vivos. As eco-auditorias tratam das conseqncias dos fluxos

    de material, de energia e de pessoas, assim, o fluxo metablico das empresas dever

    mostrar toda a complexidade sua estrutura e suas relaes com o meio social e natural, de

    modo que o planejamento da eco-auditoria no omita os pontos crticos das operaes da

    empresa.

    Tanto a tradicional auditoria de cumprimento, como a eco-auditoria, fazem uso de algumas

    listas de verificao ou protocolos sistematizados para nortear as investigaes das

    atividades de uma empresa. No caso da eco-auditoria, o uso das listas procura assegurar

    que nenhum aspecto ecolgico significativo das operaes de uma empresa seja ignorado,

    incluindo relaes com subcontratantes ou fornecedores, cuja atividades muitas vezes

    provocam a maior parte do impacto de uma empresa sobre o meio ambiente. Uma das

    contribuies para o sucesso de um programa ecolgico seria criar recompensas para

    estimular o compromisso entre os departamentos de compra e os subcontratantes.

    Lista-se abaixo os critrios para seleo e contratao de subcontratados e fornecedores

  • 38

    estabelecidos pelo Instituto Elmwood e, em seguida, os requisitos especificados pela NBR

    ISO 14001. Objetiva-se demonstrar como os critrios estabelecidos no Guia do Instituto

    Elmwood (1993) influenciaram na redao no item 4.4.6, alnea C do NBR ISO 14001

    (1996), uma vez que tratam do relacionamento com fornecedores e subcontratados:

    1. Critrios do Guia do Instituto Elmowood de Auditoria Ecolgica e Negcios

    Sustentveis (1993): planejamento que contemple fornecedores ou subcontratantes para o alcance do

    trabalho de auditoria.

    especificao de novos padres ecolgicos nos contratos com fornecedores e

    subcontratantes.

    comunicao, aos fornecedores e subcontratantes, sobre a estratgia ou misso da

    empresa.

    observao e comprovao do cumprimento dos novos padres exigidos, pelos

    fornecedores e subcontratantes.

    preferncia por fornecedores e subcontratantes que obedeam aos novos padres

    ecolgicos da empresa.

    incentivo aos fornecedores a providenciarem a coleta de lixo associada aos seus

    produtos, estimulando-os a reciclagem interna ou externa.

    verificao, in loco, da adequao das condies de despejo dos resduos gerados pelos

    fornecedores.

    estmulo a subcontratantes e fornecedores a adotarem novas tecnologias sustentveis, e

    diminurem processos de produo danosos ao ambiente.

    estruturao de um banco de dados, juntamente com outras empresas, sobre

    fornecedores e recicladores, para facilitar o fluxo de materiais reutilizveis e

    reciclveis.

  • 38

    2. NBR ISO 14001 Out/96 Sistema de Gesto Ambiental Especificao e Diretrizes para uso Out/96:

    Organizaes de todos os tipos esto cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar

    um interesse ambiental correto, controlando o impacto de suas atividades, produtos ou

    servios no meio ambiente. A adoo e implementao de forma sistemtica, de um

    conjunto de tcnicas de gesto ambiental, podem contribuir para minorar estas

    preocupaes, contudo, a adoo das NBR ISO 14000 no garantir, por si s, resultados

    ambientais timos. As Normas Internacionais de gesto ambiental tm por objetivo prover

    s organizaes os elementos de gesto ambiental eficaz, passvel de integrao com

    outros requisitos, de forma a auxili-las a alcanar seus objetivos ambientais e econmicos.

    As finalidades das normas ambientais equilibrar a proteo ambiental e a preveno de

    poluio com as necessidades socioeconmicas. (NBR ISO 14001, 1996)

    No que relaciona aos fornecedores e prestadores de servios, a NBR ISO 14001, informa,

    no seu item 4.4.6 Controle Operacional, alnea C, que a organizao deve estabelecer e

    manter procedimentos relativos aos impactos ambientais significativos, e comunicar os

    procedimentos e requisitos pertinentes que devero ser atendidos pelos fornecedores e

    prestadores de servios.

    Visando identificar na NBR ISO 14001 outros elementos que propiciem a conexo

    com fornecedores e prestadores de servios, detectou-se, a partir do exame minucioso

    das suas especificaes para diretrizes e uso, alguns elementos que balizaram a

    estruturao do instrumento de coleta de pesquisa desta monografia, para investigar

    junto aos gerentes de meio ambiente das empresas certificadas:

    - que tipo de atividades so ligadas diretamente ao processo produtivo e so

    realizadas por fornecedores e prestadores de servios de porte empresarial micro

    e pequeno, nas instalaes das empresas contratantes;

    - que critrios so aplicados para seleo e contratao dessa categoria de

    fornecedores e prestadores de servios;

    - que treinamentos ofertados aos fornecedores e prestadores de servios (MPEs)

    para avaliarem os impactos ambientais significativos, associados s suas

    atividades dentro das organizaes onde prestam servios;

    - que mecanismos utilizados para assegurar que estes fornecedores e prestadores de

    servios participam dos treinamentos requeridos para a implantao do Sistema de

    Gesto Ambiental;

  • 38

    - que treinamentos que so ofertados para estes visando o atendimento a situaes de

    emergncias;

    - que critrios so aplicados para identificar se tais fornecedores e prestadores de

    servios esto em conformidade com a poltica ambiental da empresa;

    - que critrios so aplicados para assegurar se esto em conformidade com os

    objetivos e metas ambientais planejadas;

    - que critrios so aplicados para avaliar se atendem legislao e regulamentos

    ambientais;

    Essas especificaes da NBR ISO 14001 foram examinadas com propsito de associ-las

    aos critrios estabelecidos pelo Instituto Elmwood, pois observa-se que, apesar das

    especificaes e diretrizes para uso da NBR ISO 14001 no assegurarem resultados

    ambientais timos, estas podem auxiliar s organizaes a estabelecerem interdependncia

    com a sua cadeia de fornecedores, contemplando-os nos seus trabalhos de auditoria,

    conforme recomenda-se em um dos critrios do Guia do Instituto Elmwood.

    A associao entre os critrios do Elmwood e as diretrizes e especificaes da NBR ISO

    14001 nortear os caminhos para avaliar se os empreendimentos j se incluem ou no na

    tendncia para o gerenciamento com conscincia ecolgica, ou seja, bem como na busca da

    ecologia profunda, em lugar do ambientalismo superficial.

  • 38

    CAPTULO 3. FORMAS DE RELACIONAMENTO ENTRE EMPRESAS DE

    GRANDE PORTE E AS MPES

    No ambiente industrial, os formatos de organizao fordista e taylorista j esto sendo

    substitudos pela arquitetura flexvel. Existe um nmero infinito de formatos de

    organizao flexvel com capacidade de adaptao. Para definir os diferentes tipos de

    relacionamentos entre empresas de grande porte com as MPEs, realizaremos uma

    apresentao analtica dos tipos bsicos de organizaes flexveis, a partir de observaes

    extradas do artigo escrito por Elena Sefertzi Flexibilidade Os novos desenhos e

    flexibilidade os diversos nveis, publicados na HSM Management Janeiro/fevereiro

    2.000.

    Um nmero significativo de grandes empresas de produo, que geram economias de

    escopo internas (ou seja, que produzem um volume importante de linhas diferenciadas de

    produtos afins), adotou estratgia de desintegrao vertical. As caractersticas bsicas dessa

    estratgia so a maior terceirizao da produo e a explorao da vantagem das

    economias de escopo. Estas so geradas pela fragmentao do processo de produo em

    unidades e estgios de produo separados e da operao em unidades pequenas e mais

    especializadas. A formao de redes ampliadas de empresas que trabalham em regime de

    cooperao e subcontratadas desempenha um papel importante nesse processo.

    A terceirizao da produo assume forma de descentralizao parcial, por meio de uma

    rede de just-in-time, com controle centralizado de fornecedores e sub-contrarados. A

    criao dessa rede, por meio de colaborao estreita e de contratados, desempenha papel

    importante na produo e no fornecimento de peas sobressalentes, acessrios e

    componentes, e tambm na inovao de produtos.

    A transio para as formas flexveis de produo criou novas atividades e novos espaos

    para as pequenas empresas. A produo fragmentada de produtos especializados em lotes

    pequenos, a rpida resposta demanda flutuante, e a estrutura e funcionamento da mo-de-

    obra, que eram, e continuam sendo, caractersticas prprias das pequenas empresas, sempre

    proporcionaram certa flexibilidade a suas atividades. A transio para formas flexveis de

    produo proporcionou s pequenas empresas um papel ativo nesse processo.

    Nesse processo de flexibilizao, as pequenas empresas fornecedoras aproveitam

    tendncias que lhes so favorveis, entre elas:

    - capacidade de fabricar lotes pequenos e produtos diversificados;

  • 38

    - capacidade de fornecer suprimentos especiais;

    - maior capacidade para enfrentar a incerteza;

    - desenvolvimento rpido do produto e incorporao de inovao;

    - resposta rpida demanda flutuante.

    No novo contexto de atividade e do desenvolvimento de unidades empresariais menores,

    possvel distinguir pelo menos trs tipos de pequenas empresas que esto ligadas s

    diversas formas de flexibilidade: as que atuam em nichos de mercado, as de alta tecnologia

    e as subcontratadas:

    1. PEQUENA EMPRESA DE NICHO DE MERCADO:

    Caracterizam-se por empresas especializadas e relativamente pequenas cuja fabricao de

    produtos diversificados em lotes pequenos, bem projetados e de alta qualidade, dirigida

    para mercados segmentados.

    Exemplos tpicos so empresas de especializao flexvel instalada nos distritos industriais

    da chamada Terceira Itlia, regio da Itlia que concentra empresas de alta tecnologia.

    Modelos de especializao flexvel, como os do distrito industriais da Terceira Itlia,

    permite a configurao de um sistema de produo exclusivamente local, em forma de rede

    integrada de empresas especializadas, onde as empresas centrais cria uma estrutura para

    apoiar e expandir as pequenas empresas de especializao flexvel.

    2. PEQUENA EMPRESA DE ALTA TECNOLOGIA:

    A exigncia de inovao e o advento de automao criaram a necessidade de conhecimento

    especializado em alta tecnologia e em pesquisa de desenvolvimento. Esse movimento

    proporciona o surgimento das pequenas empresas especializadas, orientadas para pesquisa

    e desenvolvimento com objetivo de aplicar a inovao aos produtos de alta tecnologia e

    aos mtodos de produo. Essas empresas podem ser fruto da ciso de uma empresa de

    grande porte ou criadas especificamente para aquela finalidade, atravs de alianas

    estratgicas.

    Exemplos tpicos desse tipo so as pequenas empresas de alta tecnologia do Vale do

    Silcio e da Route 128, nos Estados Unidos, e tambm os Plos Tecnolgicos e os

    centros de pesquisa da cientfica da Europa.

    3. PEQUENA EMPRESA SUBCONTRATADA

  • 38

    A descentralizao da produo, resultado da crescente importncia da produo em lotes

    pequenos, levou ao aumento do nmero de relaes de subcontrataes e,

    consequentemente, ao aumento da pequena empresa subcontratada, que depende

    intensivamente de outras empresas centrais. Essas pequenas empresas subcontratadas se

    caracterizam pela utilizao de uma tecnologia relativamente tradicional e pela baixa

    ocorrncia de atividades inovadoras e de trabalho especializado.

    Exemplos caracterstico dessa forma de subcontratao acontecem com maior freqncia

    nos setores de vesturio e automobilstico, uma vez que a flexibilidade possibilita s

    subcontratadas produzir por encomenda, produtos individualizados e sem rtulo, para as

    empresas de marca, o que comparativamente mais barato devido ao baixo custo da mo-

    de-obra.

    Analisando-se o princpio da interdependncia e as novas formas de arquitetura

    empresarial, percebe-se a oportunidade dos Lderes de empreendimentos de grande capital

    pensarem de forma sistmica, uma vez que o sucesso de seus empreendimentos depende

    tambm das suas articulaes com o pequeno capital, que se realiza atravs de estratgias

    de flexibilizao, desintegrao vertical e sub-contratao. Assim, observa-se com maior

    nitidez, a necessidade da insero das subcontratados (MPEs) nas estratgias ambientais

    traadas pelo grande capital, sob pena comprometer o sucesso da administrao ecolgica,

    na sua acepo mais ampla.

  • 38

    CAPTULO 4. CARACTERIZAO E REALIDADE DAS MPES MICRO E

    PEQUENAS EMPRESAS:

    importante lembrar que os danos causados

    pelas catstrofes que ocuparam as manchetes

    recentemente so pequenos quando

    comparados aos danos cumulativos, na

    maioria das vezes despercebidos, provocados

    por um enorme nmero de poluentes menores,

    a maioria deles de acordo com as

    regulamentaes legais de seus pases.

    (Wicke apud Capra, 1993)

    4.1 REALIDADE DAS MPES NO BRASIL

    No Brasil, entre 1990 a 1999 foram constitudas 4,9 milhes de empresas, dentre as quais

    2,7 milhes so microempresas. Apenas no ano de 1999 foram constitudas 475.005

    empresas no Pas, com as microempresas totalizando 267.525, representando um

    percentual de 56,32% do total de empresas constitudas no Brasil. O Sudeste foi a regio

    que registrou o maior nmero de microempresas constitudas, com um total de 124.147,

    seguido do Sul, com 55.737, Nordeste, 45.551, Centro-Oeste, 27.366, e Norte, com

    14.724.(Sebrae-Nacional, 2000).

    Com base nos levantamentos realizados pela Gerncia de Planejamento, Estudos e

    Pesquisas do Sebrae-Na em Maro/2000, demonstra-se nos quadros 4, 5 e 6 a seguir, o

    posicionamento das MPEs baianas na conjuntura regional e nacional:

    Quadro 4. Constituio de empresas por estado e regio do Brasil 1990-1999 1990 1999 Acumulado

    1990 1999 Bahia 23.525 26.429 254.847

    Nordeste 82.739 88.861 864.220

    Brasil 526.757 475.005 4.942.424 Fonte: Sebrae-GEPEP mar/2000

  • 38

    Quadro 5. Enquadramento de microempresas por estado e regio do Brasil - 1990-1999

    1990 1999 Acumulado 1990

    1999

    Bahia 8.423 18.110 154.518

    Nordeste 46.080 45.551 522.875

    Brasil 342.808 267.525 2.699.446 Fonte: Sebrae-GEPEP-mar/2000

    Quadro 6. Participao das microempresas na constituio das empresas por estado e regio do Brasil 1990-1999(%)

    1990 1999 Mdia 1990 1999

    Bahia 35,80 68,52 60,63

    Nordeste 51,26 55,69 60,50

    Brasil 65,07 56,32 54,62Fonte: Sebrae-GEPEP-mar/2000

    Numa rpida anlise dos quadros anteriores, percebe-se que o Estado da Bahia tem uma

    participao razovel e evolutiva no contexto regional e nacional, quase duplicando o

    nmero de micro empresas no perodo de 09 anos, poca em que se observa no pas, uma

    reduo do nmero desses estabelecimentos.

    O Brasil possui uma estrutura econmica instvel, o que dificulta o aumento da

    competitividade dos produtos brasileiros a nvel internacional. As empresas brasileiras, de

    diferentes regies e atuando nos mais variados setores, precisam enfrentar uma srie de

    entraves domsticos de infra-estrutura, tributao inadequada e instabilidade nas regras

    econmicas, fazendo com que parte de suas energias sejam desviadas da sua misso

    principal. As MPEs brasileiras enfrentam dificuldades significativas e precisam realizar

    um grande esforo para melhorar a qualidade e reduzir custos dos seus produtos, pois

    pouco conseguem gerar recursos para investir na rea de desenvolvimento tecnolgico na

    tentativa de acompanhar os rpidos avanos de mercado, essas empresas geralmente so

    administradas por seus proprietrios que possuem pouca experincia empresarial e

    insuficiente capacitao gerencial, tendo dificuldade de obter financiamentos no sistema

    financeiro nacional. ( SANTOS, PEREIRA, FRANA, 1994).

  • 38

    Tais dificuldades, especialmente nos 03 primeiros anos de constituio das MPEs, foram

    detectados a partir da publicao dos resultados da pesquisa Fatores Condicionantes e

    Taxa de Mortalidade de Empresas, em outubro de 1999, aplicada pela Gerncia de

    Planejamento de Estudos e Pesquisa do Sebrae Nacional e realizada nas capitais dos

    seguintes Estados: Amazonas, Acre, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do

    Norte, Paraba, Pernambuco, Paran, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe, So Paulo e

    Tocantins.

    A pesquisa foi realizada em duas fases. Na primeira fase da pesquisa taxa de mortalidade

    - foram selecionadas, dos cadastros das Juntas Comerciais dos Estados, amostras de cerca

    de 400 empresas das capitais (225 no RJ), constitudas em cada ano de 1995/96/97

    independentemente de porte. Na segunda etapa a pesquisa procurou identificar os fatores

    condicionantes dessa mortalidade, levantando informaes relevantes sobre os dos grupos

    de empresas: extintas e em atividade.

    Apurou-se que a taxa de mortalidade das empresas para at trs anos de criao das

    mesmas variou de cerca de 30% at 61%, no primeiro ano de existncia da empresa, de

    40% at 68%, no segundo ano, o de 55% at 73%, no terceiro perodo do empreendimento.

    O porte da empresa parece ser elemento importante que distingue empresas em atividade e

    negcios extintos, quanto maior o empreendimento melhores so as possibilidades de

    sucesso. Igualmente, pode-se estimar que a experincia anterior ou conhecimento do ramo de

    negcio tenha relevncia para o sucesso da empresa, j que em 8 (oito) dos 11 (onze)

    Estados pesquisados esse fator foi apontado por empresas em atividade em percentuais

    significativamente maiores do que aqueles de negcios extintos.

    Como principal motivo para a abertura ou entrada no negcio, tanto empresrios de firmas

    de sucesso como entrevistados de empresas extintas apontam a identificao de uma

    oportunidade de negcio. No caso das empresas em atividade, a existncia de experincia

    anterior o maior fator apontado em todas as Unidades da Federao, havendo

    significativas diferenas percentuais em relao ao grupo de empresas extintas.

    H uma supremacia dos empresrios que se ocupavam, exclusivamente, dos negcios da

    empresa no primeiro ano das suas atividades, os percentuais daqueles pertencentes s

    empresas de sucesso, em 8 (oito) UF, so significativamente superiores queles pertinentes s

    firmas extintas.

  • 38

    Na maioria dos Estados pesquisados, tanto empresas em atividade quanto extintas,

    recorreram principalmente ao contador para conduzir ou gerenciar as empresas, vindo a

    seguir o Sebrae e pessoas que conheciam o ramo de atividade.

    A falta de capital de giro foi apontada em 8 (oito) dos 11 (onze) Estados, tanto pelas

    empresas em atividade como pelos negcios extintos, como a maior dificuldade na

    conduo das atividades das empresas. Tambm a carga tributria e a recesso econmica

    foram fatores citados por ambos os grupos como inibidores dos negcios.

    Os dois grupos julgaram que a empresa para ter sucesso deve possuir bom conhecimento

    do mercado onde atua. Tambm ter um bom administrador e fazer uso de capital prprio

    foram fatores considerados importantes para o sucesso do empreendimento.

    Na maioria dos Estados, o custo do processo para dar baixa na Junta Comercial foi o

    fator preponderante para a empresa no ser extinta oficialmente. A esperana de reativar a

    empresa foi tambm como o motivo primordial por empresrios.

    Para enfrentar tais desafios, as MPEs precisam modernizar-se em termos gerenciais e

    tecnolgicos para que possam tornar-se competitivas. Para viabilizar a modernizao das

    MPEs, o apoio gerencial e tecnolgico de entidades como o Sebrae e outras entidades de

    apoio, como as Universidades, Institutos de Pesquisas so fundamentais. O dilema a

    quantidade de milhares de pequenas empresas que precisam ser atendidas e apoiadas, e

    todas com muitas carncias e necessidades imediatas de apoio tcnico e informaes. (

    SANTOS, PEREIRA, FRANA, 1994).

    Os nmeros de MPEs so grandiosos o suficiente para se compreender a importante

    contribuio que os pequenos negcios tm a oferecer para um meio ambiente mais seguro

    e saudvel, no s no Brasil, como no resto do mundo, onde igualmente so maioria. As

    micro e pequenas empresas atuam em todo territrio nacional, em todos os ramos de

    atividade, em todos os processos: da matria-prima produo e ao transporte, utilizando

    todo o tipo de embalagem. So empresas que do suporte aos mdios e grandes

    empreendimentos, e de seus processos produtivos resultam resduos lquidos, slidos e/ou

    gasosos, que podem poluir o ar, o solo, as guas dos mares e guas subterrneas. (Sebrae,

    1998)

    Em funo das atribuies que lhe cabem, o Sebrae decidiu incluir em suas preocupaes

  • 38

    a introduo da varivel ambiental no mbito das micro e pequenas empresas. A gesto

    ambiental nos negcios de pequeno porte vista pelo Sebrae sob dois pontos de vista: o

    esforo para a melhoria ambiental em si; e as oportunidades de negcios dela decorrentes.

    Tudo comea por um trabalho de conscientizao, a base para introduo das prticas e dos

    processos ambientalmente mais adequados. O Sebrae pode apoiar as micro e pequenas

    empresas na implementao de programas de melhorias de desempenho ambiental

    voltados, por exemplo, para conservao de energia, conservao de gua, otimizao de

    uso da matria-prima e reaproveitamento de resduos. Esse apoio possvel tambm na

    implantao de Sistemas de Gesto Ambiental (SGAs) e na preparao para certificao

    ISO 14000. (Sebrae, 1998)

  • 38

    CAPTULO 5. PESQUISA GESTO AMBIENTAL NA INDSTRIA

    BRASILEIRA.

    A Pesquisa Gesto Ambiental na Indstria Brasileira, publicada em 1998 pelo Sebrae

    Nacional, CNI Confederao Nacional das Indstrias e pelo BNDES Banco Nacional

    de Desenvolvimento Econmico e Social, identificava as estratgias que indstrias de

    todos os portes estavam adotando, com o objetivo, na poca, de incrementar a eficincia

    dos processos de gesto ambiental e buscar a reduo dos impactos ambientais associados

    produo de bens e servios, obtendo os principais resultados descritos a seguir.

    O levantamento foi realizado entre agosto e setembro de 1998, correspondendo situao

    observada pelo informante em 1997. Em alguns casos foi solicitada informao referente a

    1996. A abrangncia da pesquisa foi nacional e setorial (indstria) e o instrumento de

    coleta utilizado foi o questionrio, elaborado em dois modelos: um simplificado, para os

    estabelecimentos de micro e pequeno portes, e outro mais completo, dirigido aos mdios e

    grandes.

    Os questionrios foram aplicados junto a uma amostra de 1.451 estabelecimentos

    industriais, assim distribudas:

    Quadro 7. Pesquisa Gesto Ambiental na Indstria Brasileira Distribuio Amostra. Distribuio percentual (%)

    Distribuio por porte empresarial

    Microempresas 57,5

    Pequenas Empresas 14,7

    Mdias e Grandes Empresas 1,4

    Distribuio por Regies Brasileiras

    Regio Sudeste 58,2

    Regio Sul 30,9

    Regio Nordeste 4,8

    Regies Norte e Centro-Oeste 5,6

    Fonte: Sebrae/ CNI/BNDES - 1998

    Cerca de 85% das empresas adotavam algum tipo de procedimento associado s questes

    ambientais de suas atividades. Os tipos de procedimentos variavam com o porte da empresa.

    Nas grandes empresas destacavam-se procedimentos tpicos de controle ambiental, por

    exemplo, reduo de gases e emisses atmosfricas. Nas micro e pequenas verificava-se

    maior incidncia de procedimentos associados a custos, tais como os que reduziam a

    intensidade de matria-prima por produto.

  • 38

    Para as grandes e mdias empresas, as principais razes para a adoo dos procedimentos

    anteriormente mencionados, relacionavam-se s exigncias de licenciamento e a legislao

    ambiental.

    A pesquisa indicava que as solues ambientais eram geralmente formuladas dentro das

    prprias empresas. O apoio do rgo ambiental era mais significativo nas grandes e mdias

    empresas, enquanto a assistncia tcnica dos rgos patronais era mais presente nas

    empresas de menor porte e nas regies menos industrializadas.

    Cerca 90% das grandes empresas indicavam ter realizado investimentos ambientais, contra

    a mdia de 35% das microempresas. Tais investimentos, contudo, no ultrapassavam 3%

    dos investimentos totais das empresas. A origem dos equipamentos e maquinrios para a

    gesto ambiental era predominantemente nacional.

    O relacionamento com os rgos ambientais foi pesquisado apenas nas grandes empresas,

    percebendo-se srias dificuldades para a aplicao adequada da regulamentao ambiental,

    principalmente as referentes a vibrao, rudos e disposio, estocagem e transporte de

    resduos e refugos.

    A pouca disponibilidade de informaes e de recursos tcnicos e financeiros foram

    indicados como principais problemas que dificultam a correo de problemas ambientais.

    As pequenas e grandes empresas consideraram os custos e a demora dos processos de

    licenciamento ambiental como principais problemas para correo de problemas

    ambientais.

    Foram indicadas como etapas futuras da gesto ambiental nos estabelecimentos

    pesquisados:

    - aperfeioamento dos procedimentos de gesto e expanso de investimentos

    ambientais. Essas respostas tiveram maior incidncia nas empresas pertencentes

    aos grupos internacionais.

    - nas Regies Norte/Centro-Oeste e nos setores de couros e peles, extrativa mineral,

    bebidas e txtil, as etapas futuras planejavam o uso da imagem ambiental das

    empresas.

    - nos setores de madeira, minerais no-metlicos, vesturio, calados e artefatos de

    tecidos, a etapa futura previa a habilitao para a rotulagem ambiental.

    - nas grandes e mdias empresas o planejamento para investimentos em tecnologias para

    o controle de perdas e refugos, se destacavam, seguido do controle de resduos e

  • 38

    tecnologias de conservao de energia e controle de efluentes lquidos.

    - investimentos para treinamento de mo-de-obra foram mais enfatizados na regio

    Nordeste e Norte/Centro-Oeste.

    - 75% das empresas pretendiam financiar os investimentos com recursos prprios,

    especialmente as empresas ligadas a grupos internacionais, enquanto 20% das

    empresas nacionais iriam buscar recursos governamentais.

    Cerca de 17% das mdias e grandes empresas pesquisadas j adotavam a certificao

    ambiental, enquanto 11% estavam em processo de adoo. As empresas nacionais de

    estabelecimentos nicos indicavam maiores percentuais de certificao, seguidas das empresas

    de grupos internacionais e das empresas nacionais de grupos empresariais.

    As empresas pesquisadas demonstravam expectativas de apoio governamental e de assistncia,

    especialmente relacionada implantao de procedimentos de gesto ambiental e

    identificao de tecnologias ambientalmente adequadas. Haviam ainda expectativas

    relacionadas mecanismos fiscais e crdito de apoio aos investimentos ambientais, de forma

    uniforme entre os portes, setores e regies.

    Outra expectativa observada foi a da divulgao de cadastro de empresas limpas,

    principalmente nos setores de qumica, farmacuticos e veterinrios, produtos alimentares,

    vesturios, calados e artefatos de tecidos, mecnica e mobilirios.

    Uma pequena proporo das empresas estava informada sobre as novas iniciativas de

    legislao ambiental. As grandes e mdias empresas demonstravam um nvel maior de

    conhecimento sobre a nova lei de crimes ambientais, seguida pela nova lei de recursos

    hdricos. Menos de 10% das empresas pesquisadas estavam informadas sobre iniciativas de

    projetos e leis como o sistema nacional de licenciamento e a poltica ambiental de resduos

    slidos. As grandes e mdias empresas se consideravam pouco informadas sobre as

    iniciativas ambientais de cunho internacional, exceto a Agenda 21 e o Acordo de Montreal

    sobre gases CFC. Contudo, as empresas pertencentes a grupos internacionais se consideravam

    mais bem informadas sobre legislao ambiental de mbito internacional, do que as empresas

    nacionais.

  • 38

    CAPTULO 6. PERFIL DA INDSTRIA QUMICA E PETROQUMICA DA

    BAHIA

    O Governo do Estado da Bahia atravs da tradio de planejamento econmico, promoveu

    e orientou sobre oportunidades de investimentos em seu territrio nos anos 50/60 da nossa

    histria recente. Esse ritmo contnuo de desenvolvimento respondeu pela construo de

    uma infra-estrutura fsica e urbano-social de considervel porte que lastreou, no plano

    logstico, a formao de importantes plos urbanos-industriais, de comrcio, de servios e

    de turismo e a expanso da fronteira agropecuria para as diversas regies do interior, que

    se especializaram, segundo suas aptides edafo-climticas, na produo de gros, frutas e

    olercolas irrigadas para exportao, caf, cacau e madeira, para a produo de celulose,

    conformando um vasto leque de oportunidades na agroindstria e no agrobussiness,

    notadamente nas reas e permetros de irrigao, na transformao de produtos da pecuria

    e na expanso da produo da soja e de outras commodities de elevado poder competitivo

    no mercado internacional. (SICM, 1997)

    Nos anos 60/70, com a abertura das rodovias de penetrao BR 116(Rio-Bahia) e BR 101,

    ligando o Nordeste ao Centro-Sul, e a planejada utilizao dos incentivos fiscais da Sudene

    Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste, a Bahia alterou seu perfil de Estado

    de base primria, promovendo, nos anos 70/80, modificaes nos seus processos

    econmicos e nos vnculos com as reas mais dinmicas do pas, implantando-se na Regio

    Metropolitana de Salvador RMS um plo de crescimento urbano-industrial centrado em

    grandes unidades qumica-petroqumica, petrleo e metal-mecnico, com vultosos

    investimentos e moderna tecnologia. Nos anos 70, as taxas anuais do PIB estadual

    estiveram quase sempre em patamar acima de 7% ao ano, em funo da implantao do

    Centro Industrial de Aratu CIA, e, na dcada de 80, apesar de sofrer uma reduo, os

    efeitos propulsores do funcionamento das empresas do COPEC Complexo Petroqumico

    de Camaari mantiveram o crescimento.

    Em 1996, a indstria baiana estava concentrada em cinco grandes ramos, que respondiam

    por cerca de 78% da sua produo:

  • 38

    Quadro 8. Distribuio da Indstria Baiana por Ramos de Atividade 1996. Ramos/Setores Percentuais de participao (%)

    Qumica e petroqumica 50,5

    Metalrgica 10,3

    Alimentos 7,2

    Papel e Celulose 5,3

    Outros setores 32,4

    Total 100,00

    Fonte: SICM 1997.

    Mantendo uma participao de 10% do setor da indstria no Pas, e de mais de 50% do

    setor no Nordeste do Brasil, a indstria baiana cresceu 5% em 1994 e 3% em 1995,

    alcanando 33% de participao no PIB, com a petroqumica, a qumica e a metalurgia

    liderando a expanso setorial. Em 1996, o crescimento industrial foi da ordem de 4,9%.

    Em termos de previso de investimentos, para o perodo de 1995/2004, destacavam-se os

    seguintes montantes os setores qumico e petroqumico:

    - A PETROBRS programava para Bahia, at o ano 2.000, a realizao de

    investimentos estimados em US$ 2,7 bilhes. Esses recursos seriam aplicados nas

    reas de explorao de petrleo, refino e fertilizantes;

    - A PROPPET, previa a aplicao de U$$ 300 milhes, em associao da

    Nitrocarbono com a OPP Petroqumica, para produzir a resina PET;

    - A COPENE, US$ 189 milhes, para ampliao, pesquisa e desenvolvimento, infra-

    estrutura e meio-ambiente;

    - Dow Qumica, US$ 120 milhes, para ampliao de soda custica e xido de

    propeno e novos sistemas tecnolgicos;

    - Tibrs, US$ 107 milhes, para ampliao (dixido de titnio);

    - A Bayer, que adquiriu a CPB, e previa investir cerca de US$ 100 milhes para a

    criao de uma base de plsticos de engenharia para que atenderia a Amrica

    Latina;

    - A TRIKEN, uma associao da CPC com a Salgema, planejava a consolidao

    no Nordeste da produo de resinas de PVC com o domnio de toda a cadeia

    produtiva.

  • 38

    O Estado da Bahia consolidou-se como um dos mais importantes centros produtores de

    intermedirios petroqumicos do Brasil, com mais de 60 empresas do segmento em

    operao. A instalao da refinaria Landupho Alves no final da dcada de 40 foi

    fundamental nesse processo, atraindo unidades consumidoras de seus produtos,

    contribuindo para a formao do parque petroqumico estadual. A partir dos anos 60, e

    fundamentalmente nos anos 70 e 80, o Estado teve acelerada a expanso da sua base

    industrial, com a implantao de dois complexos industriais com forte presena do

    segmento qumico-petroqumico, que atualmente so responsveis por mais de 50% do PIB

    industrial baiano.

    No primeiro complexo, o Centro Industrial de Aratu CIA, as indstrias iniciaram sua

    implantao ainda na dcada de 60. Complexo planejado com infra-estrutura de transportes

    e telecomunicaes, situado prximo a Salvador, capital do Estado, e ao porto de Aratu, o

    CIA reunia em 1997, mais de 20 unidades industriais do segmento qumico-petroqumico.

    A segunda rea, o Plo Petroqumico de Camaari, localizado nos municpios de Camaari

    e Dias Dvila, em zona tambm prxima a Salvador, estava em operao desde da dcada

    de 70, o maior complexo petroqumico do Pas, e concentra cerca de 40 empresas do

    ramo, que produziam petroqumicos bsicos e de segunda gerao(intermedirios),

    termoplsticos e produtos da qumica fina, at fertilizantes, fibras txteis e bens finais.

    Somente o Plo Petroqumico de Camaari produzia metade da oferta nacional de

    petroqumicos, num total de 5 milhes de toneladas anuais de produtos bsicos,

    intermedirios e finais, destinados ao mercado interno e externo.

    Projetado segundo a concepo de ncleo de produo integrado, o Plo Petroqumico de

    Camaari possui uma central de matrias-primas, a COPENE, em operao desde de 1978,

    que processa nafta proveniente da RLAM, produzindo matria-prima para todo o

    complexo. Em 1992, a COPENE teve sua capacidade de produo de eteno ampliada para

    910 mil toneladas anuais, volume que j alcana 1,1 milhes de toneladas/ano aps

    otimizaes de processos que foram realizadas. A COPENE produzia ainda outras olefinas

    e aromticos, que so matria-prima para as indstrias de segunda gerao do complexo,

    predominando uma integrao na cadeia produtiva, com parte da sua produo voltada ao

    consumo interno.

  • 38

    Entre os principais produtos petroqumicos intermedirios gerados no Plo destacavam-se:

    - polietileno de alta e baixa densidade;

    - polietileno linear de baixa densidade;

    - policloreto de vinila (PVC)

    - estireno e poliestireno;

    - polister;

    - policarbonatos;

    - caprolactama;

    - nylon;

    - tolueno disocianato(TDI);

    - dimetil tereftlado(DMT);

    - acrilnolitina;

    - alquil benzeno linear(LAB);

    - metionina;

    - fibras acrlicas;

    - uria.

    O Plo Petroqumico de Camaari contava ainda com uma Central de Utilidades

    Industriais (como gua, vapor, energia eltrica, etc.), uma Central de Manuteno e uma

    empresa de proteo ambiental, tambm voltados ao fornecimento de produtos e servios

    para as empresas que formavam o complexo. Em acrscimo, a estrutura de transportes

    rodovirios existentes, interligada aos portos de Aratu e de Salvador, permitia o

    escoamento da produo do Plo para os principais centros consumidores do Brasil e do

    exterior.

    Vantagens logsticas decorrentes da caracterstica de aglomerao do Plo, com

    compartilhamento de servios e alto grau de integrao entre unidades produtoras, conferia

    s empresas reduo dos custos operacionais e competitividade nos mercados nacional e

    internacional.

    O Complexo qumico-petroqumico baiano tambm reunia ampla possibilidade de

    crescimento a jusante de sua matriz bsica, em setores transformadores de produtos de

    segunda gerao que aproveitem as vantagens da proximidade dos fornecedores de

  • 38

    matria-prima e do mercado consumidor regional. A complementao da cadeia produtiva

    qumica-petroqumica ainda no ocorreu de forma compatvel com o potencial do setor, na

    Bahia, mesmo com volume de investimentos realizados a partir dos anos 80, o parque de

    transformao de transformaes petroqumicas para a produo de bens finais de

    pequeno porte, sendo grande parte da demanda local por estes produtos suprida por

    indstrias localizadas fora do Estado, o que sinaliza amplas possibilidades de expanso do

    segmento, sendo os potenciais segmentos transformadores de base qumica instalados na

    Bahia:

    - Qumica fina;

    - Plsticos;

    - Fertilizantes;

    - Tintas e vernizes;

    - Detergentes;

    - Txtil

    nesses segmentos que se concentravam as principais oportunidades de investimentos no

    complexo qumico-petroqumico baiano, em especial nos segmentos de qumica fina,

    plsticos e fertilizantes. O porte de mercados consumidores estadual e regional, a

    localizao da Bahia em relao ao centro-sul do Pas e aos demais estados da regio

    Nordeste, a proximidade dos fornecedores de matria-prima, a pequena capacidade

    instalada dos segmentos apontados, alm da estrutura de transportes e distribuio j

    existentes, so premissas que viabilizariam novos investimentos no Estado, especialmente

    fundamentadas em vnculos ao longo da cadeia produtiva, que implicassem em relaes

    cooperativas entre empresas, com vantagens decorrentes do desenvolvimento conjunto de

    tecnologia, melhor logstica de distribuio, intercmbio de experincias de

    comercializao e de projetos nessas reas e, obviamente reduo dos custos de produo:

    - Qumica Fina: na Bahia, a produo do setor estava fortemente atrelada a

    produtos orgnicos, pela tendncia complementao da cadeia produtiva

    petroqumica. Em 1997 06 indstrias do setor estavam em operao, sendo os

    seus principais produtos e oportunidades de investimentos:

  • 38

    Quadro 9. Qumica fina: Produtos e Oportunidades de negcios.

    Produtos Oportunidades de investimentos - metilaminas - cloreto de colina - cido acetil saliclico - ndigo - alquilaminas - clorotriazina - cimetidina - albendazol - amoxilina

    Intermedirios Orgnicos - frmacos para uso humano e animal - defensivos agrcolas - corantes e pigmentos orgnicos - aditivos para indstria alimentcia - produtos para a indstria de perfumaria - inseticidas, pesticidas e herbicidas - desinfetantes - antioxidantes

    Intermedirios inorgnicos: - tintas e vernizes - papel e celulose - sabes e detergentes

    Fonte: SICM 1997.

    - Plsticos: o parque de transformao de plsticos era formado por unidades de

    pequeno e mdio porte, voltadas para a produo de bens finais de uso cotidiano

    e para atendimento do mercado regional. Consumindo insumos gerados no Plo

    Petroqumico de Camaari, o setor vinha se expandindo desde os anos 80,

    principalmente no CIA, no Plo Petroqumico de Camaari, em Salvador e em

    zonas prximas, como Centro Industrial de Suba e municpio de Lauro de

    Freitas. Cerca de 65 empresas de plstico estavam em atividade, transformando

    apenas entre 3 e 4% da produo de termoplstico estadual. Eram principais bens

    finais e oportunidades de investimentos no setor:

    Quadro 10. Plsticos Produtos e Oportunidades de negcios.

    Produtos Oportunidades de investimentos - Tubos, conexes e lminas plsticas. - Filmes e sacos plsticos para embalagens - Garrafas plsticas - Tampas plsticas - Sacos de rfia - Copos plsticos e outros utenslios

    descartveis - Espumas, estofados, travesseiros e colches - Lonas plsticas - Utilidades domsticas mangueiras - Fios e cabos cadeiras - Material mdico hospitalar descartvel - Material escolar e de escritrio - Peas diversas

    - Embalagens para acondicionamento de produtos agropecurios (aves, sunos, laticnios, frutas).

    - Sacaria para produtos agrcolas e fertilizantes - Utenslios domsticos - Garrafas para fbricas de bebidas - Brinquedos soprados - Componentes de mobilirios - Equipamentos de segurana

    Fonte: SICM 1997

  • 38

    - Fertilizantes: considerado mais um dos segmentos a jusante da indstria de bens

    qumico-petroqumica que oferecia boas perspectivas para novos investidores.

    Apesar do volume de produo local de produtos nitrogrenados (amnia e uria) e

    de reservas fosfticas, este segmento reunia um nmero pouco empresas, em

    confronto com o seu potencial de crescimento, fazendo com que cerca de 30% do

    volume de produto consumido localmente fossem importados de outras regies e

    outros pases. Na Bahia encontravam-se implantadas a FAFEN (fertilizantes

    nitrogenados), a CIBRAFRTIL (superfosfato simples), sendo que o

    desenvolvimento da agricultura baiana nos ltimos anos, a ampliao da fronteira

    agrcola, os projetos de irrigao, nas regies oeste e do Sub-mdio So Francisco,

    alm da ampliao da prpria oferta de matria-prima, se constituam em fortes

    oportunidades para a ampliao desse segmento.

    - Outras indstrias transformadoras de qumicos-petroqumicos: destacavam-se

    ainda as seguintes oportunidades de investimentos associadas complementao da

    cadeia produtiva do Plo Petroqumico de Camaari:

    Produo de borracha e suas aplicaes (pneus, correias, calados, produtos de

    borracha, etc.);

    Produtos txteis (fibras para indstrias do vesturio);

    Tintas e vernizes;

    Detergentes e produtos de limpeza.

    Os resultados da Pesquisa Gesto Ambiental na Indstria Brasileira, embora defasados

    (1998), apontavam que 40 a 50% dos estabelecimentos pesquisados previam a

    continuidade e expanso de programas de investimentos em controle ambiental, dando-nos

    insumos para detectar e comprovar, que tais expectativas foram observadas na indstria

    baiana, especialmente as dos setores qumicos e petroqumico. Essas expectativas foram

    comprovadas atravs da apresentao anterior do perfil da indstria qumica e

    petroqumica em nosso Estado, especialmente no que se reporta a tecnologias ambientais,

    ressaltando-se as inverses realizadas pela CETREL para tratamento dos resduos gerados

    no plo, e as previses de investimentos da COPENE em modernas tecnologias

    ambientais.

    No que se relaciona ao universo empresarial de porte micro e pequeno, embora tenha-se

    consultado tcnicos do COFIC, no detectou-se informaes relacionadas ao perfil dessas

    unidades empresariais instaladas na abrangncia do Polo Petroqumico de Camaari. De

  • 38

    acordo com conversaes com um dos tcnicos do COFIC, pode ocorrer, eventualmente, a

    instalao de unidades de porte empresarial micro e pequeno no site dos

    empreendimentos de mdio e grande porte, para o desenvolvimento de atividades

    acessorias, a exemplo de manuteno e conservao das instalaes prediais, bem como

    tratamento de resduos slidos e/ou e fluentes lquidos. Tcnicos do COFIC

    disponibilizaram ainda a relao das empresas associadas ao COFIC, onde identificou-se a

    participao de grandes organizaes, com supremacia, inclusive, das multinacionais.

  • 38

    CAPITULO 7. PROGRAMAS INSTITUCIONAIS PARA IMPLANTAO DE

    GERENCIAMENTO AMBIENTAL NAS MPES

    Em maro/00 foi inaugurado o Ncleo Regional de Produo Mais Limpas da Bahia (NRPL),

    importante instrumento para uma atuao na rea de preservao ambiental, atravs do

    Convnio assinado entre o Sebrae Nacional Gerncia de Desenvolvimento Tecnolgico,

    CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentvel) e CNTL/

    Senai-RS (Centro Nacional de Tecnologias Limpas do Servio Nacional de Aprendizagem

    Industrial do Rio Grande do Sul). A parceria local foi estabelecida ente a FIEB ( Federao das

    Indstrias do Estado da Bahia: Programa de Tecnologias Limpas do Instituto Euvaldo Lodi e

    Centro Industrial de Tecnologia Pedro Ribeiro), a Universidade Federal da Bahia:

    Departamento Hidrulica e Saneamento / TECLIM (Rede de Tecnologias Limpas e

    Minimizao de Resduos na Indstria) e o Sebrae Bahia Coordenao Estadual de

    Desenvolvimento Tecnolgico. A inaugurao do NRPL, que funciona no CETIND, em Lauro

    de Freitas, foi simultnea ao lanamento do Frum de Tecnologias Limpas e Minimizao de

    Resduos (Frum Teclim). (Fieb, 2001)

    Com a inaugurao do NRPL, a Bahia foi o primeiro Estado brasileiro a sediar uma unidade

    destinada a sensibilizar pequenas e mdias empresas para o uso racional dos recursos naturais e

    a adoo de tecnologias no poluidoras. A partir da inaugurao do primeiro Ncleo Regional,

    o Sebrae Nacional iniciou a instalao dos demais ncleos em Belo Horizonte (MG),

    Cuiab (MT) e Florianpolis(SC), sucessivamente, visando formar uma rede nacional

    desses ncleos, inspirada no modelo do Centro Nacional de Tecnologias Limpas,

    implantado no Rio Grande do Sul, em 1995.

    Produo mais Limpa significa a aplicao contnua de uma estratgia econmica, ambiental e

    tecnolgica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficincia no uso de

    matrias-primas, gua e energia, atravs da no-gerao, minimizao ou reciclagem de

    resduos gerados em um processo produtivo.(CNTL/RS, 2001).

    Esta abordagem induz inovao nas empresas, dando um passo em direo ao desenvolvimento

    econmico sustentado e competitivo, no apenas para elas, mas para toda a regio que

    abrangem. Tecnologias ambientais convencionais trabalham principalmente no tratamento

    de resduos e emisses gerados em um processo produtivo, so as chamadas tcnicas de

    fim-de-tubo. A Produo mais Limpa pretende integrar os objetivos ambientais aos processos

    de produo, a fim de reduzir os resduos e as emisses em termos de quantidade e

    periculosidade. (CNTL/RS, 2001).

  • 38

    7.1 Os Parceiros Nacionais e Locais dos Ncleos de Produo Mais Limpa

    7.1.1 Parceiros Nacionais

    1) Sistema Sebrae

    O Sebrae - Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas uma instituio

    tcnica de apoio ao desenvolvimento da atividade empresarial de pequeno porte, voltada

    para o fomento e difuso de programas e projetos que visam promoo e ao

    fortalecimento das micro e pequenas empresas. (Sebrae, 2001)

    O Sistema Sebrae coordena seu planejamento no seu ncleo central, localizado em Braslia

    e implementa as aes planejadas atravs dos Sebrae estaduais, nas 27 unidades da

    Federao. As unidades Sebrae nos estados e no Distrito Federal tm ampla autonomia no

    desempenho de suas funes, cabendo ao ncleo central orientar e coordenar a atuao do

    sistema, estabelecer normas e estratgias e incumbir-se das atividades de natureza poltica,

    em mbito nacional.

    A Gerncia de Inovao e Acesso a Tecnologia do Sebrae Nacional facilita o acesso das

    micro e pequenas empresas aos conhecimentos - cientficos, empricos e intuitivos -

    aplicveis produo e comercializao de bens e servios. No que se reporta ao

    gerenciamento ambiental, alm dos Ncleos Regionais de Produo Mais Limpa, o

    Gerncia de Inovao e Acesso a Tecnologia oferece aos seguintes produtos:

    Gesto Ambiental - Rumo ISO 14000: caracteriza-se pela mobilizao e a

    conscientizao das empresas sobre a importncia da gesto ambiental para a

    competitividade empresarial e o desenvolvimento sustentvel do pas, que so os

    objetivos deste programa, que envolve a realizao de palestras, seminrios, edies

    SEBRAE, estudos e pesquisas, cursos e metodologias.

    Conservao de Energia: promove o uso eficiente e racional de energia, atravs da

    conscientizao das micro e pequenas empresas sobre a sua importncia e os benefcios

    que proporciona. Alm disso, presta apoio s empresas na realizao de diagnsticos

    energticos e fornece consultoria, visando a reduo de custos.

  • 38

    2) Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentvel CEBDS

    O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentvel CEBDS, foi

    criado em 5 de maro de 1997, em solenidade realizada na Federao das Indstrias do Rio

    de Janeiro - FIRJAN. O CEBDS faz parte de uma rede de conselhos vinculada ao World

    Business Council for Sustainable Development WBCSD. Atualmente, o CEBDS conta

    com a adeso de mais de 50 grupos empresariais dos mais variados setores da economia,

    que esto empenhados em cumprir o objetivo bsico: disseminar por todo o pas o conceito

    de desenvolvimento sustentvel. (CEBDS, 2001)

    3) Centro Nacional de Tecnologias Limpas CNTL/SENAI-RS

    No Brasil, o CNTL est localizado, desde 1995, na Federao das Indstrias do Rio

    Grande do Sul - FIERGS, junto ao SENAI-RS, sendo sua principal preocupao

    comprometer os empresrios, principalmente da indstria, com o conceito de Produo

    mais Limpa, oferecendo (CNTL/RS, 2001):

    consultoria para implantao de Programa de Produo mais Limpa;

    curso de Capacitao de Consultores em Produo mais Limpa;

    curso de Eco-business;

    curso de ISO 14000;

    cursos modulares de capacitao de consultores;

    curso de energia;

    curso de Legislao Ambiental.

    O Centro atua fundamentalmente com quatro produtos:

    1. disseminao da informao;

    2. implantao de programas de Produo mais Limpa nos setores produtivos;

    3. capacitao de profissionais;

    4. atuao em polticas ambientais.

  • 38

    1. Disseminao da informao:

    Caracteriza-se pela oferta e acesso imediato a documentao tcnica, base de dados e outras

    fontes de informao; prestao de servios de assessoramento a companhias e outras

    organizaes sobre medidas adequadas para implantar prticas de Produo Mais Limpa em

    plantas industriais; e tambm divulgao de informaes atravs de seminrios, boletins

    tcnicos, folhetos e atravs da cooperao com os meios de informao nacional, associaes

    de indstrias, institutos de capacitao e universidades.

    2. Projetos de implantao de programas de Produo mais Limpa em plantas

    industriais:

    O CNTL/RS realiza avaliaes dentro das plantas, com o objetivo de utilizar a Produo Mais

    Limpa para identificar processos que originem resduos e recomendar solues rentveis. Estas

    avaliaes nas plantas mostram que as aplicaes de medidas de preveno da contaminao e

    de uso racionais dos recursos reduzem a contaminao ambiental, obtendo-se benefcios

    financeiros.

    3. Capacitao de profissionais:

    Atravs dos cursos prticos de capacitao organizados dentro das prprias empresas, o

    CNTL/RS divulga instrumentos e mtodos para melhorar, de forma contnua, o processo de

    produo. Consultores e institutos nacionais esto capacitados para proporcionar o apoio e o

    respaldo para empresas comprometidas em implantar Produo mais Limpa, alm de fomentar

    o efeito multiplicador, a medida em que o novo conceito comea a interessar novas

    companhias.

    O CNTL/RS tambm organiza programas de capacitao e cursos prticos sobre Produo

    mais Limpa, para entidades governamentais, universidades, organizaes comerciais e

    instituies financeiras.

    4. Atuao em polticas ambientais:

    A atuao poltica do CNTL/RS se d em diferentes nveis e com diferentes interlocutores, buscando sempre:

    firmar o conceito de desenvolvimento sustentvel atravs do conceito de Produo Mais Limpa; apoiar os

    setores produtivos na adoo deste conceito em seus processos; buscar o estabelecimento de linhas de crdito

    adequadas sua implantao; auxiliar na transferncia de Tecnologias Limpas; influir na adequao das

    legislaes ambientais de forma a torn-las compatveis com a realidade atual e expandir a competitividade

    da indstria brasileira, tornando-a apta a responder aos desafios da nova organizao do mercado mundial,

    com base no desenvolvimento sustentvel

  • 38

    7.1.2 Parceiros Locais:

    1) SEBRAE BAHIA - Ncleo de Inovao e Acesso a Tecnologia

    Objetivo: promoo do acesso tecnologia pelos pequenos negcios, visando a melhoria

    da sua competitividade e melhor insero no mercado. (Sebrae Bahia, 2001)

    Atribuies:

    criar mecanismos de sensibilizao do segmento de pequenos negcios para a

    importncia da modernizao tecnolgica como forma de insero competitiva no

    mercado;

    articular com Instituies especializadas a transferncia de conhecimentos tecnolgicos

    relacionados a: processos, design, conservao ambiental e gesto tecnolgica nos

    pequenos negcios,

    promover e facilitar o acesso dos pequenos negcios s informaes disponveis e aos

    bancos de dados existentes, interno e externo;

    apoiar e desenvolver programas de incubadoras de empresas;

    promover e difundir os servios de consultoria tecnolgica;

    promover o desenvolvimento tecnolgico compatvel com a realidade local.

    Produtos e Servios:

    consultoria tecnolgica (PATME, SEBRAETEC e outras);

    bancos de Informao Tecnolgica;

    apoio a incubadoras;

    gesto Ambiental;

    design;

    misses Tcnicas;

    treinamentos Tecnolgicos.

    eficincia energtica

    produtividade

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    2) FEDERAO DAS INDSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA - FIEB

    A Federao das Indstrias do Estado da Bahia - FIEB o rgo de representao

    institucional cuja misso articular a indstria em parceria com os Sindicatos Filiados e

    com outros segmentos da sociedade, participar ativamente da poltica industrial no Estado

    e assegurar aes que valorizem o homem, para o fortalecimento da indstria na Bahia.

    (FIEB, 2001)

    O sistema FIEB presta servios s empresas e aos industririos e seus dependentes nos

    campos de educao e qualificao profissional, sade e lazer, difuso tecnolgica, atravs

    de entidades que o integram: Centro das Indstrias do Estado da Bahia - CIEB, Servio

    Social da Indstria - SESI, Servio Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI e

    Instituto Euvaldo Lodi - IEL.

    2.1) SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL SENAI

    DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

    A misso do SENAI-BA proporcionar a melhoria contnua do padro de qualidade e

    produtividade da indstria, atravs da educao profissional e da prestao de servios

    especializados, contribuindo assim para o desenvolvimento econmico e social do Estado

    da Bahia. (Cetind, 2001)

    Atravs do Centro de Tecnologia Industrial Pedro Ribeiro CETIND, localizado em Lauro

    de Freitas, o SENAI-BA atua no treinamento e qualificao de mo-de-obra industrial e

    prestao de servios tecnolgicos para o segmento qumico, petroqumico, plstico e em

    reas de automao de processos, meio ambiente e segurana. O CETIND presta servios

    de consultoria e treinamento nas reas de Meio Ambiente, Higiene Ocupacional e