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Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Massoterapia Biomecânica e Cinesiologia

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Escola Estadual deEducação Profissional - EEEPEnsino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Massoterapia

Biomecânica e Cinesiologia

Governador

Vice Governador

Secretário Executivo

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

Cid Ferreira Gomes

Francisco José Pinheiro

Antônio Idilvan de Lima Alencar

Cristiane Carvalho Holanda

Secretária da Educação

Secretário Adjunto

Coordenadora de Desenvolvimento da Escola

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Maurício Holanda Maia

Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs

Thereza Maria de Castro Paes Barreto

Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Técnico em Massoterapia – Biomecânica e Cinesiologia 1

Escola Estadual deEducação Profissional - EEEP

Ensino Médio Integrado à Educação ProfissionalCurso Técnico em Massoterapia

BIOMECANICA E CINESIOLOGIA

Fortaleza - Ceara

2010

Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Técnico em Massoterapia – Biomecânica e Cinesiologia 2

SUMÁRIO

BIOMECÂNICA GLOBAL.............................................................................................................03

TIPOS DE MOVIMENTO.............................................................................................................06

CADEIA CINÉTICA...................................................................................................................08

A MARCHA...........................................................................................................................09

OMBRO...............................................................................................................................11

PUNHO E MÃO......................................................................................................................16

COLUNA VERTEBRA.................................................................................................................20

ARTICULAÇÃO DO QUADRIL.......................................................................................................26

A ARTICULAÇÃO DO JOELHO......................................................................................................28

TORNOZELO E O PÉ................................................................................................................30

CONCLUSÃO.........................................................................................................................33

BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................24

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BIOMECÂNICA GLOBAL

INTRODUÇÃO

A mecânica é uma área da física e da engenharia,que lida com a análise das forças que agem sobreum objeto. Seja para a manutenção deste ou deuma estrutura em um ponto fixo, como a descriçãoe a causa do movimento do mesmo.

Assim, a Cinesiologia deve ser capaz de aplicar leise princípios básicos de mecânica a fim de avaliar asatividades humanas. Essa aplicação da mecânica cainos domínios da Biomecânica que pode ser definidacomo aplicação da mecânica aos organismos vivos,tecidos biológicos, aos corpos humanos e animais.

A postura do corpo é resultante de inúmeras forçasmusculares que atuam equilibrando forças impostassobre o corpo, e todos os movimentos do corpo sãocausados por forças que agem dentro e sobre ocorpo.

Em nossas atividades diárias, no trabalho, noesporte, temos que lidar com forças e osprofissionais que trabalham com lesões músculo-esqueléticas precisam compreender como as forçasafetam as estruturas do corpo e como estas forçascontrolam o movimento.

A biomecânica é a base da função músculo-esquelética. Os músculos produzem forças que agematravés do sistema de alavancas ósseas. O sistemaósseo ou move-se ou age estaticamente contra umaresistência. O arranjo de fibras de cada músculodetermina a quantidade de força que o músculopode produzir e o comprimento no qual os músculospodem se contrair. Dentro do corpo, os músculos sãoas principais estruturas controladoras da postura edo movimento. Contudo, ligamentos, cartilagens eoutros tecidos moles também ajudam no controlearticular ou são afetados pela posição oumovimento.

CENTRO DE GRAVIDADE

A Gravidade é uma força externa que age sobre umobjeto sobre a terra, e para equilibrar essa força,uma segunda força externa precisa ser induzida - ouseja, todo o corpo recebe a ação de uma força,

reage à mesma com uma força igual e oposta.

O conceito de Centro de Gravidade é proveitoso aodescrever e analisar mecanicamente o movimentodo corpo humano e outros objetos, sabendoexatamente como a força da gravidade atua nessescorpos.

O Centro de Gravidade é o ponto dentro de umobjeto onde se pode considerar que toda a massa,ou seja, o material que constitui o objeto, estejaconcentrada. A gravidade puxa para baixo todoponto de massa que constitui este objeto ou ocorpo. No entanto, a determinação do Centro deGravidade do corpo humano é muito difícil, poiseste não apresenta densidade uniforme, não é rígidoe não é simétrico enquanto um objeto com todasestas características o Centro de Gravidade em cadaponto é igual.

Existem cálculos matemáticos que analisam parte aparte o centro de gravidade de um corpo nãouniforme, de forma a adquirir um resultado médiodo centro de gravidade do mesmo.

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LINHA GRAVITACIONAL

A localização do Centro de Gravidade do corpo comoum todo varia, dependendo da posição do corpo.Numa pessoa ereta, pode-se situá-lo de formaaproximada sobre uma linha, formada pelainterseção de um plano que corta o corpo em duasmetades, uma direita e uma esquerda, e um planoque corta o corpo em metade anterior e posterior. Aposição do ponto do Centro de Gravidade ao longodesta linha imaginária, pode-se considerar que agravidade atua sobre esse único ponto de Centro deGravidade, puxando diretamente para baixo emdireção ao centro da terra. Essa linha ou direção detração é a linha de gravidade.

BASE DE SUSTENTAÇÃO

A base de sustentação, ou a base de apoio para ocorpo é a área formada abaixo do corpo pelaconexão com a linha continua de todos os pontos emcontato com o solo. Na posição ereta, por exemplo,a base de apoio é aproximadamente um retângulo,formado por linhas retas através dos dedos, formadopor linhas retas através dos dedos e calcanhares eao longo dos dedos de cada pé. Quando um corpoestá numa posição fixa com a linha de gravidadepassando através da base de apoio, diz-se que eleestá compensado, estável ou em equilíbrio estático.Se a linha de gravidade passar fora da base deapoio, o equilíbrio e a estabilidade são perdidos e osmembros apoiadores devem mover-se para evitaruma queda. Essa situação ocorre continuamente,quando andamos, corremos e mudamos de direção.

FORCAS QUE ATUAM NO MOVIMENTO

A Ciência mecânica diz que uma força pode serdefinida simplesmente como um empurrão outração. Por definição a força é uma entidade quetende a produzir movimento. Às vezes, o movimentonão ocorre ou o objeto se acha em equilíbrio. Oramo da mecânica que lida com este fenômeno é aestática; caso haja o movimento, é chamadodinâmica.

A força é definida por quatro características básicas:

- magnitude de força;

- direção;

- sentido; e

- quantidade de tração.

As forças mais comuns envolvidas com abiomecânica são: a força muscular, gravitacional,inércia, de flutuação e força de contato. A forçaproduzida por músculos depende de vários fatores.Dois desses fatores incluem velocidade de contraçãodo músculo e comprimento do músculo. O peso deum objeto é resultado da força gravitacional.

O conceito de inércia mantém que um corpopermanece em repouso ou em movimento uniformeaté receber a ação de uma força externa.

A força de flutuação tende a resistir à força dagravidade. Na água a magnitude dessa forçaequivale ao peso de água que o objeto desloca. Aforça de contato existe toda vez que dois objetos seacharem em contato um com o outro. Esse tipo deforça pode ser uma força de reação ou uma força deimpacto. A força pode ser ainda subdividida em umaforça normal perpendicular às superfícies decontato e uma força de fricção ou atrito que éparalela à superfície de contato.

PLANOS E EIXOS

Planos de ação são linhas fixas de referencia aolongo das quais o corpo se divide. Há 3 planos ecada um está em ângulo reto ou perpendicular comdois planos.

O plano frontal passa através do corpo de lado alado, dividindo-o em frente e costa. É tambémchamado plano coronal. Os movimentos queocorrem neste plano são abdução e adução.

O plano sagital passa através do corpo da frentepara trás e o divide em direita e esquerda. Pode-sepensar nele como uma parede vertical cujaextremidade se move. Os movimentos que ocorremneste plano são flexão e extensão.

O plano transverso passa horizontalmente pelocorpo e o divide em parte superior e inferior. Étambém chamado plano horizontal. Neste plano,ocorre a rotação.

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Sempre que um plano passa pela linha média deuma parte, esteja ela no plano sagital, frontal outransverso, está se referindo ao plano cardinal,porque divide o corpo em partes iguais. O pondoonde os três planos cardinais se encontram é ocentro de gravidade. No corpo humano este pontoé, na linha média, mais ou menos ao nível dasegunda vértebra sacra, ligeiramente anterior a ela.

Os eixos são pontos que atravessam o centro de umaarticulação em tomo da qual uma parte gira. O eixosagital é um ponto que percorre a articulação defrente para trás. O eixo frontal vai de lado a lado eo eixo vertical, também chamado longitudinal, vaida parte superior à inferior.

O movimento articular ocorre em torno de um eixoque está sempre perpendicular a um plano. Outromodo de se descrever este movimento articular, éque ele ocorre sempre no mesmo plano e em tomodo mesmo eixo. Por exemplo, flexão/extensãoocorrerá sempre no plano sagital em tomo do eixofrontal e a adução em tomo do eixo sagital.Movimentos semelhantes como o desvio radial eulnar do punho também ocorrerão no plano frontalem tomo do eixo sagital.

ANOTAÇÕES

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TIPOS DE MOVIMENTO

Movimento linear, também chamado movimentotranslatório, ocorre mais ou menos em uma linhareta, de um lugar para outro. Todas as partes doobjeto percorrem a mesma distancia, na mesmadireção e ao mesmo tempo. Se este movimentoocorrer em linha reta é chamado movimentoretilíneo. Se este movimento ocorre numa linha retamas em uma forma curva, é chamado curvilíneo.

O movimento de um objeto em tomo de um pontofixo é chamado movimento angular, tambémconhecido como movimento rotatório. Todas aspartes do objeto movem-se num mesmo ângulo, namesma direção, ao mesmo tempo. Elas nãopercorrem a mesma distância.

Falando de um modo geral, a maioria dosmovimentos do corpo é angular, enquanto osmovimentos feitos fora da superfície corporaltendem a ser lineares. Exceções podem serencontradas. Por exemplo, o movimento daescápula em elevação/depressão epronação/retração é essencialmente linear. Todavia,o movimento da clavícula, que é fixada à escápula,é angular e realizado através da articulaçãoextraclavicular.

MOVIMENTOS ARTICULARES

As articulações movem-se em direções diferentes. Omovimento ocorre em tomo de um eixo e de umplano. Os termos a seguir são usados para descreveros vários movimentos que ocorrem numa articulação

sinovial. A articulação sinovial é uma articulaçãomóvel livre, onde a maioria dos movimentosarticulares ocorrem.

- Flexão: é o movimento de dobra de um osso sobreo outro causando uma diminuição do ângulo daarticulação.

- Extensão: é o movimento que ocorre inversamenteà flexão. É o endireitamento de um osso sobre ooutro, causando aumento do ângulo de articulação.O movimento, geralmente, traz uma parte do corpoà sua posição anatômica após esta ser flexionada. Ahiperextensão é a continuação da extensão, além daposição anatômica.

- Abdução: é o movimento para longe da linhamédia do corpo e adução é o movimento deaproximação da linha média do corpo. As exceções aesta definição de linha média são os dedos e osartelhos, onde o ponto de referência para os dedosé o dedo médio. O movimento para longe do dedomédio abduz, mas aduz somente como ummovimento de volta da adução. O ponto dereferência dos artelhos é o segundo artelho.Semelhante ao dedo médio, o segundo artelhoabduz da direita para a esquerda, mas não abduz anão ser como movimento de volta da adução.

- Circundução: é a combinação de todos essesmovimentos numa seqüência em que a parte daextremidade faz um grande círculo no ar, enquantoas partes próximas à extremidade proximal fazemum círculo pequeno.

- Rotação: é o movimento de um osso ou parte deleem torno de seu eixo longitudinal. Se a superfícieanterior se move em direção à linha média, échamado medial ou rotação interna. Se a superfícieanterior se movimenta para longe da linha média,este movimento é chamado rotação lateral ouexterna. Alguns termos são usados para descrevermovimentos específicos de certas articulações,como:

- Pronação: é o movimento ao longo de um planoparalelo ao solo e para longe da linha média eretração é o movimento no mesmo plano em direçãoà linha média. Ainda existem alguns termos comodesvio ulnar e radial, para se referir à adução eabdução do punho.

- Inclinação lateral: quando se refere ao tronco quese move para a direita ou para a esquerda.

TIPOS DE CONTRAÇÕES MUSCULARES

Há três tipos básicos de contrações musculares:

- Isométrica;

- Isotônica concêntrica; e

- Isotônica excêntrica.

CONTRAÇÃO ISOMETICA

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Uma contração isométrica ocorre quando o músculose contrai, produzindo força sem mudar o seucomprimento. O músculo se contrai mas nenhummovimento ocorre. O ângulo da articulação muda.

Uma contração isotônica pode ser dividida emconcêntrica e excêntrica. Uma contraçãoconcêntrica ocorre quando há movimento articular,o músculo diminui e as fixações musculares semovem em direção uma da outra.

Uma contração excêntrica ocorre quando hámovimento articular, mas o músculo parece alongar,quer dizer, as extremidades se distanciam.

CONTRAÇÕES CONCÊNTRICAS

1- Fixações musculares se movem juntas, emdireção uma da outra.

2- O movimento se faz contra a gravidade.

3- Se o movimento acontece com gravidade, omúsculo está usando uma força maior do que a forçada gravidade.

CONTRAÇÕES EXCÊNTRICAS

1- As fixações musculares se movem para longe umada outra.

2- 0 movimento ocorre com gravidade.

SISTEMA DE ALAVANCAS

Uma alavanca é uma barra rígida que gira em tornode um ponto fixo quando uma força é aplicada paravencer a resistência.

Uma quantidade maior de força ou um braço dealavanca mais longo aumentam o movimento deforça.

Há três classes de alavancas, cada uma com umafunção e uma vantagem mecânica diferente.

Diferentes tipos de alavancas também podem serencontradas no corpo humano. No corpo humano, aforça que faz com que a alavanca se mova, namaioria das vezes e muscular. A resistência que deveser vencida para que o movimento ocorra, inclui opeso da parte a ser movida, gravidade ou pesoexterno. A disposição do eixo em relação à força e aresistência vão determinar o topo de alavanca.

CLASSE DAS ALAVANCAS

Alavanca de Primeira Classe

O eixo (E) está localizado entre a força (F) e aresistência (R).

Alavanca de Segunda Classe

O eixo (E) em uma das extremidades, a resistência(R) no meio e a força (F) na outra extremidade.

Alavanca de Terceira Classe

Tem o eixo numa das extremidades, a força nomeio, a resistência na extremidade oposta.

A alavanca de 3ª classe é a mais comum dasalavancas do corpo. Sua vantagem é a extensão domovimento.

TORQUE

Se for exercida uma força sobre um corpo que possagirar em torno de um ponto central, diz-se que aforça gera um torque. Como o corpo humano semove por uma série de rotações de seus segmentos,a quantidade de torque que um músculo desenvolveé uma medida muito proveitosa de seu efeito.

Para empregar o valioso conceito de torque, devem-se compreender os fatores relacionados à suamagnitude e as técnicas para seu cálculo. Amagnitude de um torque está claramenterelacionada à magnitude da força que o estágerando, mas um fator adicional é a direção daforça em relação à posição do ponto central. Adistância perpendicular do pivô à linha de ação daforça é conhecida como braço de alavanca da força.Um método para calcular o torque é multiplicar aforça (F) que gerou pelo braço de alavanca (d).

T = F x d

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CADEIA CINÉTICA

É o estudo das forças que produzem ou afetam omovimento.

As leis desenvolvidas por Newton formam a basepara o estudo da cinemática.

PRIMEIRA LEI DE NEWTON

A força tem sido definida como uma entidade queacelera um objeto (implica em movimento). Aaceleração, seja positiva ou negativa, de um objeto,é a rapidez com que muda de velocidade, que éproduzida por uma ou mais forças.

Esta é a lei da Inércia, que afirma que um objetopermanece em seu estado existente de movimento amenos que sofra a ação de uma força externa.Assim, um objeto estacionário não começará a semover, a menos que uma força externa aja sobreele, e um objeto em movimento permanecerá emmovimento, na mesma velocidade e direção.

SEGUNDA LEI DE NEWTON

A segunda lei de Newton é a lei da aceleração.Afirma que quando uma força externa age sobre umobjeto, o objeto muda sua velocidade ou acelera-seem proporção direta à força aplicada. O objeto irátambém acelerar em proporção inversa à sua massa.Assim, a massa tende a resistir à aceleração. Afórmula bem conhecida como: F = m . a é válidapara objetos que se movem em translação oulinearmente.

TERCEIRA LEI DE NEWTON

A gravidade é uma força externa que sempre agesobre um objeto sobre a terra. Para equilibrar essaforça crescente, uma segunda força externa precisa

ser introduzida.

Um objeto apoiado sobre uma mesa recebe ação depelo menos duas forças: a da gravidade e a forçaexercida pela mesa.

Assim, na medida em que o objeto sobre a mesasofre ação da tração da gravidade, a mesa reage àforça da gravidade com uma força igual e oposta.

TRABALHO E ENERGIA

Quando a força de um objeto está relacionada coma localização do objeto, os princípios de trabalho eenergia se tornam importantes. Em mecânica, otrabalho refere-se ao produto de forças exercidassobre um objeto e o deslocamento do objetoparalelo ao componente de força de resistência doobjeto.

Trabalho (W) = Força (F) x Distância (d).

O trabalho é realizado na medida em que a forçavence uma resistência e move o objeto em umadireção paralela ao componente de força deresistência.

Energia é a capacidade de fazer trabalho. Existemmuitas formas de energia, dentre elas a energiamecânica e o calor. O calor é geralmenteconsiderado subproduto de outras formas de energiaou resulta quando uma forma de energia setransforma em outra. Um aumento de calor ocorrequando moléculas de área aquecida aumentam suaquantidade de movimento.

A energia mecânica pode ser dividida em dois tipos:energia potencial e cinética. A energia potencial é aenergia armazenada. Possui o potencial para serliberada e tornar-se energia cinética, que é aenergia de movimento.

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A MARCHA

"No primeiro ano de vida, há estreita relação entreas funções que aparecem e desaparecem e aevolução estrutural do sistema nervoso central. Éfora de discussão que as funções mais elementaresde sistemas mais primitivos vão sendopaulatinamente inibidas pelos sistemashierarquicamente superiores (Jackson, J.)".

Compreendemos que a marcha na criança está alémdo desenvolvimento motor, mas unido a esteencontramos as sensações experimentadas pelobebê no decorrer do primeiro ano de vida comosendo de imensa importância para o deambular,assim como para fazê-lo de forma correta.

A postura do bebê deve ser vista e analisada doponto de vista funcional e as compensaçõesantálgicas que surjam devem ser corrigidas o maisprecocemente possível.

O bebê começa a deambular entre os doze equatorze meses iniciais da sua vida, porém issodependerá, e muito, das experiências que elevivenciará nesta fase.

OS PRIMEIROS PASSOS:

Na verdade observamos os primeiros passos do bebêcomo sendo através do reflexo de apoio plantar(RAP) e marcha reflexa. Este teste neurológico servepara avaliar a maturidade a nível medular no bebê.Estes reflexos devem estar presentes até o segundomês de vida.

Em tomo dos nove meses de idade o bebê começa aficar de pé com apoio, na verdade é nesta fase queo bebê começa a equilibrar-se na posiçãoosteostática e assim se preparar para o início damarcha.

Depois dessa fase o bebê começa a experimentar oficar de pé sem auxílio de um apoio; esta posturaintermediária entre o começo da fase de equilíbrioe a marcha é quando o centro de gravidade começaa se ajustar para os primeiros passos.

Marcha com apoio: Uma vez atingida a posição depé, tendo as mãos apoiadas, a criança dá passoscom a base de sustentação muito alargada.

Apesar de começar a deambulação, a criança aindautiliza o engatinhar para explorar o meio à suavolta.

Marcha sem apoio: Nesta fase a criança deambula,sem apoio das mãos, com a base de sustentaçãoainda muito alargada e muita instabilidade deequilíbrio.

O apoio plantar é feito basicamente pelo bordomedial dos pés e calcâneo. Em geral durante amarcha, atitude dos membros superiores, e deabdução das escapuloumerais, flexão dos cotovelos,

a fim de auxiliar no equilíbrio do corpo ao deslocar-se.

Somente quando a criança começa a andar é queaparecem as reações de equilíbrio na posição de pé.

Chamamos de alteração nesta fase a criança que aodeambular o faça com apoio, se andar nas pontasdos pés ou se claudicar.

O colocar a criança de pé, mesmo com apoioprecocemente, pode levar a sérios danos a colunaespinhal, assim como deformidades nos joelhos queirão interferir na marcha.

A MARCHA:

A terminologia marcha é descrita como referência àsatividades de um membro. A maior unidadeempregada à marcha é chamada de ciclo damarcha. No ato normal de caminhar, um ciclo demarcha começa quando o calcanhar do membro dereferência contacta a superfície de sustentação, eeste ciclo termina quando o calcanhar do mesmomembro contacta novamente o solo.

O ciclo da marcha divide-se em duas fases: aprimeira de apoio e balanço e a segunda de duplasustentação. Na marcha normal a fase de apoioconstitui 60% do ciclo da marcha e é definida comoo intervalo em que o pé do membro de referênciaestá em apoio com o solo; a fase de balançoconstitui 40% do ciclo da marcha, e é onde omembro de referência não contacta o solo. A duplasustentação refere-se aos dois intervalos num cicloda marcha em que o peso corporal está sendotransferido de um pé para o outro, e ambos os pésestão em contato com o solo, ao mesmo tempo.

DETERMINANTES DA MARCHA:

Durante um ciclo completo, o centro de gravidade édeslocado duas vezes em seu eixo vertical. O pico sedá durante o meio da postura na fase estáticaquando a perna sustentadora de peso está vertical eseu ponto mais baixo quando as duas pernas estãosustentando peso com posição de apoiar o calcanhare a outra em ponta de dedos.

Rotação e inclinação pélvica: A rotação pélvica visadiminuir a ondulação vertical, na qual a pelve oscilasobre um eixo da coluna lombar. O grau decompensação da pelve durante o passo tambémdiminui o ângulo entre a pelve e a coxa e a perna eo solo. Por outro lado, a inclinação pélvica é umaqueda da pelve do lado do balanceio. A perna deapoio está aduzida e a perna em movimentolevemente aduzida, e fletida no quadril e joelhopara se erguer do solo.

Flexão do joelho na fase de apoio: O joelho

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durante a fase de apoio está completamenteestendido quando o calcanhar toca o solo, o queinicia a fase de apoio para a perna Quando o corpose desloca sobre o seu centro de gravidade o joelhoflete, o corpo passa sobre o pé e o joelhogradualmente reestende até a extensão total no fimda fase de apoio.

O movimento conjugado entre o joelho e otornozelo relaciona-se com a ondulação da pelve.No apoio do calcanhar, o tornozelo promove 90º dedorsiflexão e gradualmente flete em sentido plantarpara se aplanar no solo quando o corpo se aproximado centro de gravidade.

A ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA:

Os músculos acionadores, estabilizadores edesaceleradores possuem um papel de grandeimportância para a realização da marcha.

Os músculos eretores da espinha elevam a pelve eos glúteos estabilizam o quadril, durante o desviolateral da pelve. Os flexores do quadril iniciam afase de movimento ocasionando um pêndulo nosmúsculos da coxa e perna.

O quadríceps exerce uma grande atividade musculardurante a marcha, assim como os abdominais,isquios-tibiais, gastrocnêmios, solear, psoas,piramidal, quadrado lombar.

Podemos observar que todos os músculos, até decadeias musculares mais distantes, são solidáriospara a realização da marcha, e mais, que o estadopsicossocial do indivíduo altera a marcha.

Observamos que um ato tão mecânico, eaparentemente simples, é tão complexo e envolvetantas articulações, músculos, centro de gravidade,equilíbrio, sistema nervoso central e periférico, emesmo assim conseguimos realizar a marcha, namaioria das vezes, no primeiro ano de vida.

Durante muito tempo se pensou que quanto maiscedo o bebê ficasse de pé e treinasse a marcha,mais rápido e eficaz esta seria. Hoje sabemos que adeambulação necessita de todo um aprendizado,desde o nascimento até a maturação dos sentidos esentimentos, e que as experiências que o bebênecessita vão além de colocá-lo de pé, mais derespeito a sua maturação, tempo para estimulá-lovisualmente, tátil e fazê-lo querer experimentar omundo.

O caminhar é mais amplo do que o simples fato deconseguir dar alguns passos. É fazê-lo em direção aobem estar, a segurança de fazê-lo sem medo dofuturo, mais na confiança de que existe alguémcapaz de ampará-lo no caso dele vir a tropeçar.

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OMBRO

CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS

A mobilidade desfrutada pelo membro superioradvém em parte das estruturas conhecidas como ocíngulo do membro superior e articulação do ombroou, mais precisamente, articulação glenonumeral. Éatravés dessa unidade funcional que o braço,antebraço, punho e mão são conectados aoesqueleto axial e por controle dessa unidade é que oúmero pode ser posicionado. Emboraestruturalmente separados, o cíngulo do membrosuperior e a articulação glenonumeral sãofuncionalmente inseparáveis.

Os componentes esqueléticos do cíngulo do membrosuperior incluem duas clavículas, duas escápulas e oesterno. Estes ossos são responsáveis pelatransmissão de forças dos membros superiores parao corpo. Esta transmissão de força segue,necessariamente, um caminho definido pelasarticulações associadas ao cíngulo do membrosuperior. O cíngulo é considerado um sistemamecânico aberto - isto é, os lados esquerdo e direitonão são conectados diretamente e, portanto, podemmover-se de modo independente. A fixação indiretaentre os lados esquerdo e direito é através domanúbrio do esterno. As escápulas não são ligadasentre si ou à coluna vertebral, embora se considereque existe uma conexão ou articulação precáriaentre a face anterior de cada escápula (fossasubescapular) e os tecidos que estão entre ela e ascostelas. Esta é geralmente denominada articulaçãoescapulotorácica.

O ponto de fixação das escápulas às clavículas é aarticulação acromioclavicular. Esta é umaarticulação plana que, além de ser estabilizadapelos ligamentos capsulares, é auxiliada por duasestruturas ligamentosas importantes, os ligamentosacromioclavicular e coracoclavicular. A exemplo demuitas estruturas anatômicas, a denominação

sugere claramente sua localização. O ligamentoacromioclavicular serve para fortalecer, na frente, aarticulação acromioclavicular, anaxial; o ligamentocoracoclavicular, que conecta a escápula com oprocesso coracóide, fornece a principal proteção àarticulação. Esse ligamento é composto de duasestruturas, os ligamentos conóide e trapezóide, queseguem da face superior do processo coracóide paraa face inferior da clavícula.

A articulação esternoclavicular (plana) dupla,triaxial, funciona em todos os movimentos docíngulo do membro superior. Embora dupla, aarticulação esternoclavicular funciona como umaarticulação esferóide triaxial porque a clavícula searticula com o manúbrio do esterno e também coma primeira costela. A clavícula, atuando como umaescora ou braço mecânico, mantém a articulaçãoglenonumeral em sua distância correta do esterno.As faces articulares das extremidades esternais dasclavículas não são moldadas anatomicamente aoponto esternal de fixação. Um disco articularaumenta o grau de ajuste e também atua como umamortecedor de choques para as forças transmitidasda região do ombro e ajuda a prevenir luxação daarticulação. O disco é fixado à clavícula e à primeiracartilagem costal. A articulação esternoclaviculartambém é protegida de deslocamento excessivopelo ligamento costoclavicular, que segue da facesuperior medial da primeira costela à face inferiormedial da clavícula.

A articulação glenoumeral consiste numa cabeça doúmero quase hemisférica e numa cavidade glenóiderelativamente rasa na margem lateral da escápula.O lábio glenoidal é uma estrutura na margem lateralda escápula. O lábio glenoidal é uma estruturafibrosa que reveste o perímetro da cavidadeglenóide e serve, essencialmente, para aprofundar aarticulação e desse modo aumentar suaestabilidade. A extrema mobilidade da articulaçãoglenoumeral é alcançada em sacrifício direto daestabilidade, ou resistência ao deslocamento. Acápsula articular, que circunda completamente aarticulação, não é uma estrutura rígida e permiteuma separação significativa das faces articularesdurante o movimento umeral anterior e inferior. Acápsula se fixa ao colo do úmero abaixo e a margemóssea da cavidade glenóide acima. Estruturalmente,a articulação é protegida, acima, pelo arcocoracoacromial, formado pelo processo coracóide,acrômio e ligamento coracoacromial, que atravessaa distância entre estas duas protuberâncias. Outrosligamentos, embora não mantenham as facesarticulares em aposição, protegem a articulação deum deslocamento. O ligamento coracoumeral seguedo processo coracóide à face anterior do tubérculomaior e serve para fortalecer a cápsula articular. Osligamentos glenoumerais (superior, médio, inferior)também são encontrados na parte anterior daarticulação e constituem parte da cápsula articular.

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Embora difíceis de identificar como ligamentosindividuais, eles seguem da cavidade glenóide aotubérculo menor e colo anatômico do úmero.

FISIOLOGIA DO OMBRO

Amplitude

- Extensão do ombro - 45º a 50º

- Flexão do ombro - 180º (amplitude total doombro)

- Rotação interna do ombro - 95º (ultrapassaum pouco 90º)

- Rotação externa do ombro - 80º (não atinge90º)

Abdução e adução a partir da posição dareferência =3 estágios

- Abdução de amplitude 60º

- Abdução de amplitude 120º

- Abdução de amplitude 180º

Adução amplitude muito fraca

Adução atinge amplitude de 30º a 45º

Amplitude e músculos envolvidos

- Anteposição (proteção)

Peitoral maior

Peitoral menor

Serrátil anterior

- Retroposição (retração)

Rombóide

Trapézio

Grande dorsal

Obs.: A amplitude de anteposição é maior que a daretroposição.

- Abdução de 90º no plano frontal

Músculo deltóide

Músculo supra-renal

Músculo trapézio

- Antepulsão + adução anterior = 140º

Músculo "deltóide (feixe clavícula)"

Músculo "sub escapular"

Músculo "peitoral maior"

Músculo "peitoral menor”

Músculo "serrátil anterior"

- Retropulsão + adução posterior + 30º

Músculo "deltóide"

Músculo "infra espinhal"

Músculo "redondo maior"

Músculo "redondo menor"

Músculo "rombóide"

Músculo "trapézio"

Músculo "grande dorsal"

- Cintura escapular

A cintura escapular consiste de dois pares de ossos:

1 clavícula de cada lado

1 escápula de cada lado

ARTICULAÇÕES

Articulação esternoclavicular - é a que se dá entrea ponta medial da clavícula e o manúbio do esterno.E uma articulação sinovial em sela. Há um discocartilaginoso entre as duas faces, que ajuda aarticulação a mover-se melhor, reduzindo aincongruência das superfícies e absorvendo ochoque transmitido através do membro superiorpara o esqueleto axial (D.1).

Articulação acromioclavicular - é uma pequenaarticulação sinovial entre a ponta lateral daclavícula e o processo acromial da escápula (D.2).

Articulação glenoumeral - é a função entre acabeça do úmero e a cavidade glenóide. É umaarticulação sinovial, esferóide e multiaxial. É afrouxidão da cápsula que permite que a articulaçãopossua uma grande amplitude de movimento mas afaz vulnerável a luxações (D.1).

Articulação carococlavicular - é onde a superfícieinferior da clavícula passa na proximidade doprocesso coracóide da escápula. A forte união destaarticulação fibrosa garante que a escápula e a

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clavícula movam-se como uma unidade e tambémajuda a transferir o choque do membro superior aforte extremidade medial da clavícula.

LIGAMENTOS

ligamento interclavicular

ligamento costoclavicular

ligamento acromioclavicular

ligamento conóide

ligamento trapezóide

ligamento capsular

ligamento transversoumeral

ligamento glenoumeral

MÚSCULOS ENVOLVIDOS NA ROTAÇÃO INTERNA(MEDIAL) E EXTERNA (LATERAL) DO OMBRO

- Músculo subescapular - Rotação interna medial II

Movimento acessório:

Adução fraca do úmero

- Músculo peitoral maior - Adução horizontal doombro II

Movimento acessório:

Flexão do úmero

Rotação mediana interna do úmero

- Músculo grande dorsal - Extensão do ombro II

Movimento acessório:

Adução do úmero

Adução horizontal

Rotação medial

- Músculo redondo maior - Extensão do ombro II

Movimento acessório:

Adução do úmero

Rotação medial (interna)

- Músculo infra espinhal - Rotação externa lateral doúmero II

Movimento acessório:

Extensão do ombro

Abdução horizontal do úmero

- Músculo redondo menor - Rotação externa lateraldo úmero II

Movimento acessório:

Extensão fraca do ombro

Adução do ombro

MÚSCULOS ENVOLVIDOS NOS MOVIMENTOSESCAPULARES

- Músculo trapézio (fibras superiores) - Elevação daescápula II

Movimento acessório:

Extensão do pescoço

- Músculo elevador da escápula - Elevação daescápula

- Músculo trapézio (fibras inferiores) - Depressão daescápula II

Movimento acessório:

Adução da escápula

- Músculo serrátil anterior - Abdução da escápula

Movimento acessório:

Rotação para cima da escápula

- Músculo peitoral menor - Abdução da escápula

Movimento acessório:

Rotação para baixo da escápula

MÚSCULOS ENVOLVIDOS NA FLEXÃO E EXTENSÃO DOOMBRO

- Músculo deltóide anterior - Faz flexão do ombro II

Movimento acessório:

Adução horizontal

Rotação medial

Abdução do ombro

- Músculo coracobraquial - Faz flexão do ombro

- Músculo grande dorsal - Extensão do ombro II

Movimento acessório:

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Adução do úmero

Adução horizontal

Rotação medial (interna)

- Músculo redondo maior - Faz extensão do ombro II

Movimento acessório:

Adução do úmero

Rotação medial (interna)

- Músculo deltóide superior - Faz extensão do ombroII

Movimento acessório:

Abdução horizontal

Rotação lateral externa

MÚSCULOS ENVOLVIDOS NA ABDUÇÃO E ADUÇÃO DOOMBRO

- Músculo medial - faz abdução do ombro

- Músculo supra-espinhal - inicia a abdução doúmero

- Músculo trapézio (fibras mediais) - adução daescápula

- Músculo rombóide maior e menor - adução daescápula II

Movimento acessório:

rotação da escápula para baixo

MÚSCULOS ENVOLVIDOS NA ADUÇÃO E ABDUÇÃOHORIZONTAL DO OMBRO

- Músculo deltóide posterior - abdução horizontal doombro

- Músculo peitoral maior - abdução horizontal doombro II

Movimento acessório:

flexão do úmero

rotação medial interna do úmero

OS MOVIMENTOS DA ESCÁPULA

- Elevação - elevantador da escápula e trapézio(parte posterior)

- Abaixamento - peitoral menor, trapézio inferior,serrátil anterior e posterior

- Abdução da escápula (para frente) - serrátilanterior

- Adução da escápula (para trás) - rombóide etrapézio

MÚSCULOS QUE COMPÕEM O "MANGUITO ROTADOR"

O manguito rotador é uma convergência detodos, semelhante a um capuz; são músculossuperiores que possuem a função de manter firme acabeça do úmero junto à cavidade glenóide; sãoeles:

- Músculo infra-espinhal - faz a adução do braço e éfraco rotador lateral e flexor.

- Músculo supra-espinhal - gira lateralmente, fazabdução (parte posterior), adução (parte inferior).

- Músculo redondo menor - gira lateral e faz aduçãodo braço.

- Músculo subescapular - faz giro medial do braço,flexão e extensão do braço, adução e abdução.

MÚSCULOS QUE LIGAM O OMBRO AO BRAÇO E SUASFUNÇÕES

- Músculo deltóide - faz abdução do braço, é a parteclavicular e adjacente ao acrômio, flexionam obraço. As partes espinhais e adjacentes das porçõesacromiais estendem o braço medialmente, a porçãodorsal e gira lateralmente o braço.

- Músculo coracobraquial - faz flexão do braço e doantebraço, e faz supinação da mão.

- Músculo tríceps braquial - porção longa, aduz obraço.

- Músculo infra-espinhal - faz adução do braço, éfraco rotador lateral e flexor.

- Músculo supra-espinhal - gira lateralmente, fazabdução (parte posterior) e adução (parte inferior).

- Músculo redondo menor - gira lateral e faz aduçãodo braço.

- Músculo redondo maior - adução, extensão e giromedial do braço.

- Músculo subescapular - giro medial do braço eflexão, extensão do braço, adução e abdução.

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RESUMO DOS MÚSCULOS ENVOLVIDOS NOS MOVIMENTOS DO OMBRO E DA CINTURA ESCAPULAR

Movimentos Anatômicos Músculos Atuantes Primários Músculos Atuantes Assistentes

Flexão Deltóite anteriorPeitoral menor (clavícula)

Bíceps braquial (cabeça curta)CoracobraquialSubescapular

Extensão Grande dorsalRedondo maior

Tríceps braquialDeltóide posterior

Abdução Deltóide medialSupra-espinhal

Peitoral maiorDeltóide anteriorBíceps braquial

AduçãoPeitoral maiorGrande dorsalRedondo maior

Bíceps braquialTríceps braquialCoracobraquialSubescapular

Adução horizontalDeltóide anterior

Peitoral maiorCoracobraquial

Bíceps braquial

Abdução horizontal

Deltóide médioDeltóide posterior

Infra-espinhalRedondo menor

Supra-espinhalGrande dorsalRedondo maior

Rotação interna SubescapularRedondo maior

Deltóide anteriorPeitoral menorBíceps braquial

Rotação externa Infra-espinhalRedondo menor

Deltóide posterior

Elevação da escápulaTrapézio

Elevador da escápulaRombóide

xxxxxx

Depressão da escápula TrapézioPeitoral menor Grande dorsal

Abdução e rotação para cima daescápula

Serrátil anteriorTrapézio

Elevador da escápula

Abdução e rotação para cima daescápula

RombóidePeitoral menor xxxxxx

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PUNHO E MÃO

CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS

Todos os elos que compõem o membro superiorpodem, em última análise, ser relacionados aoasseguramento da função de movimentosespecializados da mão. Tarefas motoras finas, comoas executadas por um neurocirurgião, são realizadascom a mesma estrutura anatômica usada por umcarateca para partir fibras de madeira e tijolos,uma tarefa grosseira cujo principal requisito é atransmissão de força.

A mão é composta de 27 ossos e mais de 20articulações. Os ossos, divididos em três grupos, sãoos oito carpais, cinco metacarpais e três fileiras defalanges.

Os ossos do carpo, classificados como irregulares,são o escafóide, semilunar, piramidal e piriforme,trapezóide, trapézio, capitato e uncinado. Os cincoossos do metacarpo têm uma base proximal, umcorpo e uma cabeça distal. As três fileiras defalange são as fileiras proximal, média e distal. Opolegar não possui uma falange média.

O punho é constituído pelas articulaçõesradiocárpica e intercárpicas. A primeira, umaarticulação elipsóide, é formada pela extremidadedistal do rádio, um disco articular e três dos quatroossos na fileira proximal do carpo. A articulaçãoradiocárpica é separada da fileira proximal decarpais por um disco articular fibrocartilagíneo. Ostrês carpais envolvidos formam uma face convexalisa que recebe a extremidade distal côncava dorádio e admite movimentos planares (anaxiais).

As articulações intercárpicas são divididas em trêsgrupos: as articulações entre os ossos escafóide,semilunar, piramidal e isiforme; as articulaçõesentre o capitato, uncinado, trapezóide e trapézio; ea articulação mediocárpica, entre as fileirasproximal e distal.

Os ligamentos da articulação radiocárpica incluemuma extensa cápsula articular e o radiocárpicopalmar, radiocárpico dorsal, colateral ulnar do carpoe colateral radial do carpo. As articulaçõesintercárpicas são sustentadas por uma complexarede de ligamentos.

As articulações carpometacárpicas incluem as dosquatro dedos mediais e a do polegar. A articulaçãocarpometacárpica do polegar é formada pela basedo primeiro metacarpal e o trapézio. Contudo, asarticulações carpometacárpicas dos quatro dedosmediais são sinoviais planas. A articulaçãocarpometacárpica do polegar tem uma cápsulaarticular relativamente frouxa que é reforçada pelosligamentos carpometacárpicos palmar (radial) edorsal (anterior e oblíquo posterior) laterais dopolegar. Os ligamentos das articulaçõescarpometacárpicas são os carpometacárpicosdorsais, carpometacárpicos palmares ecarpometacárpicos interósseos.

As extremidades distais dos metacarpais formamarticulações elipsóides com as extremidadesproximais das falanges proximais, as articulaçõesmetacarpofalângicas (MF).

MOVIMENTOS ARTICULARES

A articulação radiocárpica produz circundução. Aarticulação permite todos os movimentos, excetorotação em tomo de seu eixo longitudinal. Omovimento no plano frontal inclui a abdução, àsvezes referida como desvio radial ou flexão radial, eadução, ás vezes referida como desvio ulnar ou

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flexão ulnar. No plano sagital, o punho se estende ese flete. A flexão faz com que a palma se aproximeda face do antebraço. O movimento das articulaçõesintercárpicas é desprezível.

As articulações carpometacárpicas são de dois tipos:a do polegar é uma articulação selar, permitindomovimentos extensos e peculiares. As demais são dotipo plano. A segunda e terceira articulaçõescarpometacárpicas não permitem praticamentenenhum movimento; a quinta e, até certo ponto, aquarta permitem uma leve flexão, movimentoobservado quando se põem as mãos em concha.

A articulação MF do polegar é uma articulação emdobradiça que admite apenas flexão e extensão. Asoutras quatro articulações MF são elipsóides, comcapacidades de flexão-extensão e abdução-adução.A abdução geralmente é referida como desvio radialou flexão radial e representa o movimento dosdedos para longe do dedo médio. O movimentoinverso, adução, geralmente é denominado desvioulnar ou flexão ulnar.

Todas as articulações IF são ginglimos que permitemapenas a flexão e a extensão. Estruturasligamentosas previnem hiperextensão destasarticulações

MÚSCULOS E MOVIMENTOS DO POLEGAR E OUTROSDEDOS

A flexão do punho é predominantemente umafunção da ação sincrônica do flexor radial do carpo,flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos.Foi relatado que o flexor profundo dos dedos nãoexerce um papel na flexão do punho, embora suaposição sugira uma possível contribuição, assimcomo as posições do palmar longo e flexor longo dopolegar. Esses músculos, juntamente com opronador redondo, compõem o que é denominadogrupo flexor superficial do antebraço.

Há três extensores principais do punho: extensorradial longo do carpo, extensor radial curto docarpo e extensor ulnar do carpo. Durante ocerramento do punho, o extensor radial longo do

carpo é muito ativo, ao passo que o extensor radialcurto do carpo é quase inativo. Em virtude de suaposição, os extensores dos dedos, do dedo mínimo,longo do polegar e do indicador são consideradosextensores auxiliares do punho. Um grupo extensorsuperficial do antebraço é composto pelosextensores radiais longo e curto do carpo, extensordos dedos, extensor do dedo mínimo, extensor ulnardo carpo e os músculos da articulação do cotovelobraquiorradial e ancôneo.

Os desvios radial e ulnar (abdução e adução)resultam da contração sinérgica de músculos quesão responsáveis primariamente pela flexão eextensão do punho. A abdução resulta da contraçãodo flexor e extensor radiais do carpo. O extensordos dedos e flexor dos dedos são ativos e podemcontrair-se com uma adução extrema do punho ouamplitude do movimento de abdução. A abduçãopode ser auxiliada pelo grupo extensor profundo(abdutor longo do polegar, extensor curto dopolegar, extensor longo do polegar, extensor doindicador e supinador) devido às suas linhas detração.

Os músculos intrínsecos da mão são subdivididos emtrês grupos os do dedo polegar, encontrados no ladoradial e responsáveis pela eminência tenar; os dodedo mínimo, encontrados no lado ulnar eresponsáveis pela eminência hipotenar; e os no meioda mão e entre os metacarpais. Os pequenosmúsculos intrínsecos da mão estão associados aosmovimentos dos dedos. Dividem-se em três grupos -os quatro lumbricais, os quatro interósseos dorsais eos três interósseos palmares. Os lumbricais selocalizam na palma, e os interósseos, entre osmetacarpais. Todos servem para fletir as falangesproximais e estender as falanges médias e distais.Três músculos atuantes apenas sobre o dedomínimo, o abdutor do dedo mínimo, flexor curto dodedo mínimo e oponente do dedo mínimo, tambémsão músculos intrínsecos da mão.

A flexão do polegar ocorre quando o primeirometacarpal é movido transversalmente à palma: aextensão é o movimento de retomo. A abdução dopolegar a partir da posição anatômica ocorrequando o primeiro metacarpal afasta-se do segundonum plano perpendicular ao da mão. A adução dopolegar é o movimento de retorno. A oposição dopolegar aos dedos é uma ação peculiar e crucial damão humana e envolve uma combinação deabdução, circundução e rotação que traz a ponta dopolegar para uma posição olhando para as pontasdos dedos, ou em oposição a elas.

Oito músculos atuam sobre o polegar, dos quaisquatro são intrínsecos da mão. Os músculosextrínsecos são o extensor longo do polegar,extensor curto do polegar. Abdutor longo do polegare flexor longo do polegar. Os quatro músculosintrínsecos, que se originam na eminência tenar, sãoo flexor curto do polegar, oponente do polegar,

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abdutor curto do polegar e adutor do polegar.

Os movimentos do polegar são função de complexasinterações neuromusculares e mecânicas entre osmúsculos intrínsecos e extrínsecos. Uma medida dacomplexidade e, portanto, da importância dopolegar à função normal da mão é refletida pelofato de que o valor do polegar foi estimado entre 40e 50% de toda a mão. A extensão das articulações dopolegar está sob controle dos extensores longo ecurto do polegar, que atuam nas falanges emetacarpais. O oponente do polegar e abdutor curtodo polegar são músculos tenares ativos durante aextensão do polegar. O flexor curto do polegardesempenha um importante papel noposicionamento do polegar sem carga próximo àspontas dos dedos, enquanto o flexor longo dopolegar geralmente é inativo. Este, entretanto,parece fornecer a maior parte da força necessáriapara neutralizar cargas aplicadas ao polegar nessaposição, não importando se a falange distal estáfletida ou estendida. O fator limitante na força dapreensão pode de fato ser uma função daincapacidade de o polegar opor-se a cargas.

Para a adução do polegar contribuem o extensorlongo do polegar, flexor longo do polegar, flexorcurto do polegar e adutor do polegar. A contribuiçãodo flexor e extensor longo do polegar é solicitadapara trabalhar contra uma carga e, ao neutralizar astendências dos outros músculos a fletir ou estendero polegar, propicia um torque de adução resultante.

Os músculos hipotenares, são o palmar curto,abdutor do dedo mínimo, flexor curto do dedomínimo e oponente do dedo mínimo.

Quando o polegar é suavemente colocado emoposição aos lados e pontas de cada um dos dedosmediais, os músculos tenares são mais ativos que oshipotenares. Dos músculos tenares, o oponente é omais ativo e o flexor curto do polegar o menosativo. O músculo hipotenar mais ativo é o oponentedo dedo mínimo. À medida que a força de oposiçãoaumenta, a atividade do flexor curto do polegaraumenta, tornando-se dominante.

Os dedos e seus movimentos exemplificam como oconhecimento do tipo de articulação e da direçãoda linha de tração dos músculos envolvidos nãofornece todas as informações necessárias paradeterminar o movimento qualitativamente. Acomplexa expansão extensora, uma estruturatendínea altamente especializada, é um importantedeterminante do movimento dos dedos.

Na posição lumbrical, os lumbricais e interósseosdorsais e palmares não podem simultaneamentefletir a articulação MF e estender as articulações IFPe IFD. Na posição em gancho, a contração dosflexores longos dos dedos é necessária à flexão dasIFP e IFD mas também é acompanhada de umindesejável torque de flexão na MF. Para anular otorque contraproducente, o extensor dos dedos se

contrai, mas assim fazendo tende a causar extensãodas IFP e IFD. Essas ineficiências aparentes podemser explicadas pela natureza dos sistemas dealavancas e pela tensão passiva gerada porantagonistas alongados.

Os lumbricais e interósseos tendem a ser o sistemamuscular dominante na articulação MF. Segundo, oextensor dos dedos domina a articulação MF quandoos lumbricais não estão ativos. Terceiro, os flexoreslongos dominam as articulações IFP e IFD mesmoquando o extensor dos dedos está ativo.

Na posição lumbrical, os lumbricais e interósseoscausam flexão da MF, que alonga o tendão domúsculo extensor dos dedos e subseqüentementecausa extensão das articulações IFP e IFD. Naposição em gancho, o músculo extensor dos dedos eos flexores longos contribuem. O primeiro domina aarticulação MF e os dois últimos dominam asarticulações IFP e IFD. Na flexão completa, osflexores longos dominam as articulações MF, IFP eIFD, mas o estiramento imposto à expansãoextensora deve ser aliviado por algum grau deextensão do punho ou, no mínimo, evitando-se aflexão do punho.

O movimento de preensão é geralmente consideradocomo a categoria de movimentos da mão nos quais amão segura um objeto. Os movimentos de preensãosão classificados como aperto de potência ou apertode precisão. No primeiro, todos os músculosextrínsecos contribuem para a força. Os músculosinterósseos e tenares são usados no aperto depotência, mas os lumbricais (excluindo o quarto)não são ativos.

O movimento grosseiro e força compressivanecessários no aperto de precisão sãoproporcionados por músculos extrínsecosespecíficos. Os músculos intrínsecos, entretanto,fornecem as características de controle fino dapreensão. Se um objeto precisa ser girado na mão,os interósseos são importantes para abduzir e/ouaduzir as articulações MF, e os lumbricais abduzeme/ou aduzem e giram a falange proximal. Osinterósseos propiciam alterações delicadas nacompressão, e o flexor curto do polegar oponentedo polegar e abdutor do polegar fornecem forças deadução transversalmente à palma.

CONSIDERAÇÕES MECÂNICAS DAS LESÕES DO PUNHOE MÃO

O traumatismo de várias regiões do membrosuperior proximais ao punho e mão freqüentementeresulta em disfunção distal. Três nervos do membrosuperior, o ulnar, o mediano e o radial, estãosujeitos a lesão e influenciam diretamente a funçãoda mão. As lesões do cotovelo podem afetar o nervoulnar quando este passa entre o epicôndilo medial eo elécrano, onde é coberto apenas por fáscia e pele.

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A abdução e adução dos dedos, exceto o polegar, e aflexão do quarto e quinto dedos são afetadas poruma lesão do nervo ulnar. O nervo mediano é onervo para o lado radial do antebraço e mão. Umdos muitos ramos desse nervo supre a maioria dosmúsculos da eminência tenar, e a lesão do nervopode afetar profundamente a função do polegar. Onervo radial supre os músculos extensores do braçoe antebraço. Espiralando-se em volta do úmero apartir do plexo braquial, o nervo radial pode serlesado em decorrência de lesões do complexo doombro como luxações e fraturas, afetando assim omovimento no punho e na mão.

O canal do carpo é uma área relativamenteconstrita localizada na face anterior do punhoatravés da qual passam os oito tendões flexores, oflexor longo do polegar e o nervo mediano. O canalé formado em três lados pelos ossos do carpo e noquarto lado pelo ligamento cárpico palmar. Asíndrome do canal do carpo resulta de umacompressão que pode ser iniciada por micro oumacrotraumatismos, tenossinovite (inflamação deuma bainha tendínea) dos tendões flexores, fratura,ou luxação de qualquer um dos carpais.Basicamente, a tumefação do conteúdo do canal ouuma constrição do canal comprime o nervomediano. Os resultados são uma gama de sintomasna distribuição do nervo mediano, desdeformigamento dos dedos indicador e médio a atrofiados músculos tenares.

ANOTAÇÕES COLUNA VERTEBRAL

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CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS

A coluna vertebral é composta de 33 vértebras, dasquais 24 se unem para formar uma coluna flexível.De cima para baixo, são classificadas como cervicais(C1 -C7), torácicas (T1-T12), lombares (L1-L5),sacrais (S1-S5) e quatro coccígeas. As vértebrassacrais e coccígeas são denominadas vértebrasfalsas porque no adulto são fundidas para formar osacro e cóccix. As demais vértebras, cervicais,torácicas e lombares, são denominadas verdadeirasporque permanecem distintas por toda a vida.

O forame vertebral, através do qual passa a medulaespinhal, é limitado na frente pelo corpo vertebral eatrás pelo arco vertebral. Este arco é formado pordois pedículos e lâminas. Os pedículos se originamdo corpo vertebral, enquanto as lâminas se originamdos pedículos. Um processo espinhoso projeta-separa trás a partir de sua origem na junção daslâminas, e dois processos transversos projetam-separa trás e lateralmente a partir de sua origem nasjunções dos pedículos e lâminas. Dois pares deprocessos articulares, superiores e inferiores, unemvértebras adjacentes. Os nervos espinhais em cadanível segmentar deixam a coluna vertebral atravésdos forames intervertebrais, que são limitados pelasincisuras vertebrais (superior e inferior) devértebras contíguas.

A coluna vertebral é sustentada e protegida deforças em parte pelas estruturas articulares. Os doistipos de articulações na coluna vertebral sãosínteses cartilagíneas e sinoviais planas. O primeirotipo é encontrado ao longo da coluna vertebral doáxis ao sacro e composto de discos fibrocartilagíneosentre os corpos de vértebras adjacentes. Estesdiscos são contíguos com camadas de cartilagemhialina nas faces inferiores e superiores dos corpos esão classificados como sínfises. Na região torácica,os discos têm uma espessura quase uniforme,enquanto nas áreas cervical e lombar são mais

espessos na frente, o que contribui para as curvasregionais.

Os discos intervertebrais são compostos de duasestruturas principais. O núcleo pulposo é uma massasemelhante a gel situada no centro do disco. Élimitado por uma camada de fibrocartilagemresistente denominada anel fibroso.

Os discos degeneram-se com a idade em associaçãoa uma redução em sua capacidade de ligar-se comágua. Esta qualidade de ligação à água reduzidaresulta em menor elasticidade, o que influencia acapacidade de armazenar energia e distribuir cargase, portanto, a capacidade de resistir à colocação decargas.

A outra articulação encontrada na coluna vertebralé a articulação sinovial entre os processos devértebras adjacentes. As cápsulas dessasarticulações são finas e bastante frouxas, fixando-seàs margens dos processos articulares. A flexibilidade(a capacidade de uma articulação percorrer umaamplitude de movimento) da coluna vertebral estádiretamente relacionada à orientação dessasarticulações com referência umas às outras.

A sustentação ligamentosa da coluna vertebralprovém de suas estruturas. O ligamento longitudinalanterior segue do áxis ao sacro ao longo das facesanteriores dos corpos das vértebras. Adere aosdiscos e margens salientes dos corpos, mas não éfirmemente fixado aos meios dos corpos. Oligamento longitudinal posterior também segue doáxis ao sacro, mas ao longo das faces posterioresdos corpos dentro do forame vertebral. Osligamentos amarelos conectam as lâminas devértebras contíguas em toda a extensão do foramevertebral. Os ligamentos amarelos consistem emtecido elástico amarelo cuja extensibilidade eelasticidade permitem a separação das lâminasdurante a flexão da coluna vertebral. O ligamentosupra-espinhal conecta as pontas dos processosespinhosos de C7 até o sacro. E um forte cordãofibroso cujas fibras, dependendo da localização,podem transpor até quatro vértebras. Acima de C7continua-se como o ligamento da nuca, membranafibroelástica que no homem representa um vestígiode um importante ligamento elástico encontrado emalguns tipos de animais pastadores.

MOVIMENTOS ARTICULARES

As duas primeiras vértebras cervicais são estruturasaltamente especializadas dedicadas à sustentaçãodo crânio. A primeira, denominada atlas, não possuicorpo, mas é um anel ósseo circundando o foramevertebral. Em sua face superior tem duas grandesfaces articulares côncavas que acomodam oscôndilos occipitais do crânio. Essas articulaçõesatlanto-occipitais permitem uma flexão e extensãoconsideráveis da cabeça. A articulação tem uma

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cápsula frouxa mas é reforçada pelos ligamentosatlanto-occipitais anterior, posterior e lateral. Asegunda vértebra, denominada áxis, tem umacavilha curta, chamada de dente, que se estendeverticalmente a partir de seu corpo para o foramevertebral do atlas, onde um ligamento muito grandeo separa da medula espinhal. Este processo ósseoserve como um pivô em torno do qual o atlas giralivremente, tornando possível girar ou balançar acabeça de um lado a outro. O movimento nessasduas articulações é livre em comparação com asoutras articulações intervertebrais.

No resto da região cervical, contudo, as articulaçõeszigoapofisárias são inclinadas até 450 do planotransversal (de frente para trás) e, em geral, sesituam orientadas com o plano frontal. Devido aesse alinhamento, as articulações zigoapofisárias daregião cervical permitem flexão e extensão no planosagital, flexão lateral no plano frontal e rotação noplano transversal. A amplitude de movimento para aflexão e extensão varia de cerca de 5 a 170, flexãolateral de 5 a 100 e rotação de 8 a 120 para cadaarticulação.

Na região torácica, as articulações zigoapofisáriasestão em ângulos de até 60º para o planotransversal e 20º para o plano frontal. Taisarticulações permitem uma flexão lateral variandode 7 a 10º por segmento e rotação de 2 a 10º. Osoito segmentos superiores (TI a T8) permitem até 9ºde rotação, mas esta quantidade é reduzida paracerca de 2º nos quatro segmentos torácicosinferiores. A flexão e extensão, ainda mais restritaspelas costelas, são limitadas a cerca de 3 a 4º nos10º segmentos superiores, mas atingem 10º nossegmentos inferiores. A amplitude de movimentodas vértebras torácicas também é influenciada pelaespessura dos discos intervertebrais.

Na região lombar, as faces articulares podem serperpendiculares ao plano transversal e apresentarum ângulo de até 45º em relação ao plano frontal.Devido a esse alinhamento, a rotação no planotransversal é intensamente restringida para 2º porsegmento em todas as articulações exceto a última(L5 para S1), que permite até 4º a flexão e extensãovariam de 12º na maioria das vértebras lombaressuperiores a 20º na mais inferior. A flexão lateralvaria de 3 a 8º por segmento.

LOMBALGIA

As causas de lombalgia foram classificadas em cincocategorias principais: distúrbios intra-abdominais,doença vascular abdominal/periférica, distúrbiospsicogênicos, fontes neurogênicas como lesões docérebro, medula espinhal e nervos periféricos, efontes espondilogênicas, que estão relacionadas àcoluna vertebral e estruturas anatômicasassociadas.

Uma questão recorrente a respeito dos distúrbiosacompanhados de lombalgia é por que a regiãolombar parece predisposta a lesões. Dois fatoresfundamentais são a fraqueza inerente da estrutura eas forças ou cargas que ela enfrenta durante tarefasquotidianas e atividades recreativas/desportivas. Asfontes das cargas às quais a coluna vertebral ésubmetida incluem o peso corporal, cargas aplicadasexternamente e a contração de músculos.

CARGAS APLICADAS À COLUNA VERTEBRAL

A dor no dorso, especialmente na região lombar, étão prevalente nos esportes, ambientes profissionaise mesmo situações domésticas que se temempreendido pesquisas biomecânicas sobre estetema em todo o mundo.

O desequilíbrio entre a força da musculatura dorsale da abdominal pode ser fonte de problemas. Umdesequilíbrio pode criar, entre outras coisas, umdesvio da postura pélvica, deste modo alterando acurva lordótica e subseqüentementesobrecarregando o disco.

As atividades causadoras de rotação são aquelasdurante as quais a coluna vertebral é submetida atorções vigorosas.

Em análises biomecânicas simplificadas, pode-setratar a coluna vertebral como um corpo rígidogirando em tomo de seu eixo, situado na articulaçãolombossacral (L5-S 1). Considere algumas das forçasque atuam sobre esse tipo de modelo durante asposturas elementares de ficar em pé e levantar-se,dado um homem de 891 N (91 kg) na posição ereta.Se 50% do peso corporal estiverem acima daarticulação lombossacral, pode-se pressupor umaforça compressiva de 445,5 N (45,5 kg). Contudo, noindivíduo normal, a face superior de S1 é inclinadapara a frente de 30º a 40º (ângulo sacral). Essainclinação introduz uma força de cisalhamento deaté 341,25 N 934,8g). as forças compressivas atuampredominantemente sobre o anel fibroso através dacompressão do núcleo pulposo. As forças de

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cisalhamento afetam principalmente o forameintervertebral, às vezes denominado arco neural, aárea entre os processos articulares inferior esuperior contíguos.

Se o homem agora fletir a coluna vertebral de modoque o ângulo seja 45º, é evidente que o braço demomento do centro de gravidade da metadesuperior do corpo, e o braço de momento dequalquer peso externo nas mãos ou em outro lugar,aumenta. Isto significa que se houver necessidadede manter a metade superior do corpo numa posiçãode equilíbrio estático, o torque exercido pelosextensores vertebrais (músculo eretor da espinha)deve ser igual a essa tendência rotacional parafrente. Observa-se que o torque necessário aumentaà medida que o ângulo do tronco aproxima-se de90º, quando o braço de momento atinge seumáximo.

Quando o ângulo do tronco aumenta além de 90º e ocentro de gravidade é trazido mais próximo do eixode rotação, o braço de momento começa a diminuir.Logo, a contribuição dos extensores do tronconecessária para se opor a esse torque também sereduz. Entretanto, após um certo ponto naamplitude de movimento da flexão vertebral e daflexão do quadril associada, pode-se observar"relaxamento dos flexores".

Quando ocorreu relaxamento dos flexores, disse-seque as estruturas ósseo-ligamentosas passivas foramresponsáveis pela estabilização da coluna vertebral.(No entanto, o eretor da espinha alongado e o grupoposterior profundo criam tensão passiva, a despeitodo silencio elétrico, segundo suas propriedades decomprimento-tensão). Como o braço de momentodos ligamentos pós-vertebrais é pequeno, anecessidade de forças dessa magnitude épotencialmente perigosa para os ligamentos. Aperda de pelo menos parte do controle muscular nasposições extremas fornece informaçõesbiomecânicas importantes acerca de diversastarefas de levantamento, simétricas e assimétricas.

MÚSCULOS DA COLUNA VERTEBRAL

Os músculos que atuam sobre a coluna vertebralpodem inicialmente ser divididos em duascategorias, anterior e posterior. Os músculos deambas as categorias existem em pares bilaterais,embora possam e de fato funcionem de modoindependente (unilateralmente). Como regra geral,os músculos da categoria anterior causam flexão dacoluna vertebral, enquanto os da categoria posteriorsão responsáveis pela extensão. Considera-se queum músculo, o quadrado lombar, atua como flexorlateral puro.

Grupo anterior - flexores cervicais

O grupo pré-vertebral de músculos consiste no longodo pescoço e longo da cabeça. Estes são músculosprofundos que causam flexão da cabeça e vértebrascervicais (exceto o longo do pescoço, que atuaapenas sobre as vértebras cervicais) quando secontraem bilateralmente. A contração unilateraldesses músculos causa flexão lateral das vértebrascervicais ou rotação da cabeça. Os oito músculoshióideos causam flexão cervical contra umaresistência maior que a do segmento, mas sãousados principalmente na deglutição.

O superficial esternocleidomastóideo, um músculode duas cabeças, também flete a cabeça evértebras cervicais. Atuando unilateralmente, causaa flexão lateral das vértebras cervicais e rotação dacabeça para o lado oposto (os termos lado oposto emesmo lado em relação à rotação serão usados paraindicar o lado com referência ao músculo que estejase contraindo unilateralmente).

Os músculos escalenos (anterior, médio e posterior)podem ser considerados com a categoria anterior,mas na verdade situam-se mais lateralmente.Embora importantes na respiração, também fletemas vértebras cervicais ou, se ativados em um lado,fletem lateralmente as vértebras cervicais.

Grupo anterior - flexores lombares

Conforme indicado antes, o grau de flexão eextensão da região torácica é extremamenterestrito. Por isso, apenas a região lombar éapresentada aqui. Devido às limitações da regiãotorácica ao movimento no plano sagital, a grandeamplitude da flexão-extensão cervicais nãoinfluencia a região lombar.

O grupo de músculos responsáveis pela flexãolombar é geralmente referido como abdominais.Eles não possuem nenhuma conexão direta com acoluna vertebral. Alguns são ainda distinguidos pornão possuírem fixações ósseas em nenhuma dasextremidades. Ademais, além das ações articularescruciais que efetuam (isto é, flexão lombar), são

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importantes na constrição da cavidade abdominal eseu conteúdo. Esta última função eleva a pressãointra-abdominal, que, além de estar associada àeliminação de resíduos (defecação e micção),também reduz as cargas sofridas pelas vértebraslombares durante determinadas atividades. Umadiscussão dessa função segue-se à apresentação damusculatura.

O músculo reto do abdome, como seu nome indica,desce verticalmente no abdome e suas partesdireita e esquerda são separadas pela linha brancatendínea. Devido à sua linha de tração orientadaverticalmente, é um primo-agonista para a flexãoda coluna vertebral e um flexor lateral quandoativado apenas de um lado.

Os músculos oblíquos interno e externo do abdomecobrem as porções anterior e lateral da paredeabdominal entre o reto do abdome na frente e omúsculo grande dorsal / fáscia toracolombar atrás.As fibras desses músculos seguem quaseperpendicularmente umas às outras, umacaracterística que se reflete numa grande diferençaem suas ações unilaterais.

Quando ambos os lados dos oblíquos externos secontraem simultaneamente, os componentes Z e Xde sua tração são neutralizados. Quando apenas umlado do músculo é ativado, contudo, ocorre flexãovertebral e, além disso, flexão lateral e rotação dotronco, neste caso para o lado oposto. Com exceçãoda direção da rotação, o mesmo é válido para osoblíquos internos. Durante uma contração unilateraldesse músculo, a rotação do tronco é para o ladooposto. O transverso do abdome, o músculo maisprofundo desse grupo, não tem uma funçãoassociada à execução motora por causa de sua linhade tração e conexões tendíneas. No entanto, todosesses músculos têm uma conexão anatômica comumou relação entre si, pois as bainhas aponeuróticasdos oblíquos externo e interno e do transverso doabdome formam a bainha do reto do abdome.

Grupo posterior - extensores vertebrais

Aproximadamente 140 músculos estão envolvidos nafunção motora da coluna vertebral. Para fins de umaanálise geral do movimento, a separação dosextensores da coluna vertebral em grupos simplificao assunto sem comprometer a compreensão. Doisgrandes grupos de músculos compõem o grupoposterior (ou extensores vertebrais): o eretor daespinha e o grupo posterior profundo.

O grupo eretor da espinha, ou músculosacroespinhal, se origina como uma grande massacarnosa na área sacral; quando ascende na colunavertebral, divide-se em três colunas principais. Adivisão, que ocorre no nível lombar superior, resultana formação dos músculos iliocostal, longíssimo eespinhal (ainda considerados globalmente como oeretor da espinha. Nas regiões torácica e lombar, omúsculo sacroespinhal é coberto pela fáscia

toracolombar. Esta estrutura é particularmenterelevante, tendo em vista a prevalência da síndromede lombalgia e a relação de uma maior força dosmúsculos abdominais com a redução das cargassobre a coluna vertebral. O transverso do abdome ea porção inferior da origem do oblíquo interno doabdome nascem dessa fáscia. Ademais, a porçãoinferior da origem do oblíquo externo justapõe-se auma parte do grande dorsal, dos quais o últimotambém é incorporado à fáscia.

O músculo iliocostal, a mais lateral das três colunas,divide-se em três partes regionais, os iliocostaislombar, torácico e do pescoço. Os nomes assinalamsua posição anatômica. A coluna intermédia(longíssimo) e a coluna medial (espinhal) se dividemem três partes regionais, a do tórax, do pescoço eda cabeça. Todos estes músculos servem paraestender a coluna vertebral em diversos níveis. Acontração unilateral do músculo iliocostal e dolongíssimo do tórax causa flexão lateral e rotaçãopara o mesmo lado. A flexão lateral e rotação dasvértebras cervicais e cabeça são produzidas peloslongíssimos do pescoço e da cabeça,respectivamente, quando um lado se contrai. Osespinhais do tórax e do pescoço, contraindo-seunilateralmente, também causam flexão lateral. Emgeral, o espinhal da cabeça está associadoestrutural e funcionalmente ao semi-espinhal dacabeça.

Os músculos esplênicos (do pescoço e da cabeça)são freqüentemente considerados parte do grupoeretor da espinha. Ambos servem como extensoresdas vértebras cervicais e podem causar rotaçãodessas vértebras e da cabeça.

O grupo espinhal posterior profundo inclui osintertransversários, interespinhais, rotadores emultífidos, todos os quais atuam para estender acoluna vertebral. Atuando unilateralmente, estesmúsculos causam flexão lateral e rotação para olado oposto. É importante ressaltar que, assim comotodos os músculos, o grau no qual essas açõesunilaterais ocorrem depende do torque gerado pelacontração. Estes músculos geralmente possuembraços de momento muito pequenos. Por exemplo,atribuiu-se um braço de momento de 24 mm aoeretor da espinha atuando na articulação L5-S 1.Com base na linha de tração observada do músculo,poder-se-ia muito bem considerar esses movimentosrotatórios e de flexão lateral resultantes comomovimentos previstos apenas biomecanicamente, aocontrário de movimentos significativos.

PAPEL DA MUSCULATURA ABDOMINAL NA REDUÇÃODAS CARGAS VERTEBRAIS

As vértebras lombares e seus discos associados sãosubmetidas a forças muito grandes durante o cursode atividades diárias. Em geral, a fratura do corpovertebral ocorre antes da ruptura de um disco sadio.

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Vários pesquisadores estimaram ou mediram asmagnitudes dessas forças. Devido à freqüência delesões do dorso com suas subseqüentes repercussõeseconômicas, a mecânica da coluna vertebral temsido estudada extensamente. Alguns autores,procurando quantificar forças normalmenteencontradas sobre a coluna vertebral, usarammodelos biomecânicos. Um modelo estimou asforças compressivas sobre L5 em 10.000 N. Outrosrelataram valores mais conservadores de 4.250 N decompressão. Em modelos dinâmicos, nos quais asforças resultantes da inércia e aceleração devem serconsideradas, foram relatadas forças compressivasmáximas de 7.000 N. Kumar e Davis sugeriram que,via de regra, os levantamentos dinâmicos podem serconsiderados pelo menos duas vezes maisestressantes que sustentações estáticas para amesma resistência. Naturalmente, as forças decisalhamento aumentam com as forçascompressivas, e se a carga for assimétrica, forçasrotacionais são introduzidas.

As cargas sobre a coluna vertebral, especialmente aregião lombar, devem ser mantidas o mais baixopossível.

A relação entre músculos abdominais fortes e umdorso sadio interessa há muito os cinesiologistas.Existe uma relação de causa-efeito intuitiva entrecontração dos músculos do abdome, compressão doconteúdo abdominal e elevação da PIA (pressãointra-abdominal. Quanto maior a PIA e mais rígido ocilindro tóraco-abdominal, maior a fração de cargavertebral compartilhada e maior a redução dascargas vertebrais.

MECANISMOS TORÁCICOS BÁSICOS

A principal finalidade do tórax, composto pelasvértebras torácicas, 12 pares correspondentes decostelas, cartilagens costais e esterno, é a proteçãodos principais componentes dos sistemasrespiratório e circulatório.

O movimento do tórax está envolvido primariamentecom a respiração. A restrita amplitude domovimento toracovertebral, no que diz respeito ácomplexidade e número de tarefas que constituem omovimento humano, torna-o menos relevante que asregiões cervical e lombar. O movimento do tórax édefinido predominantemente pela elevação eabaixamento das costelas e, sob várias condições,incluí a participação de músculos previamentedescritos e outros que merecem consideração. Emgeral consideram-se como os principais músculos darespiração o diafragma e os intercostais. Osmúsculos escalenos, esternocleidomastóideo,peitorais, serrátil anterior e abdominais sãoconsiderados agonistas e acessórios.

No homem, o diafragma é o músculo inspiratórioprincipal. Com sua ativação e subseqüente

contração, o diafragma expande a base do tórax aomover as costelas para cima e lateralmente. Estemovimento ocorre pelas forças transmitidas atravésde seu centro tendíneo (inserção) à sua origem, quese fixa quase inteiramente ao redor da face internada cavidade corporal.

Os oblíquos internos e intercostais externos sãoativos durante a expiração e inspiração,respectivamente. Esses músculos funcionam deacordo com o interespaço no qual estão localizados.

DEFEITOS ESPECÍFICOS

A flexibilidade da coluna vertebral às vezes éprejudicada pelo desenvolvimento de desviosindesejáveis.

A cifose e escápulas abduzidas são inteiramentediferentes: a primeira é uma convexidade posterioraumentada da coluna torácica e a última um desvio,para frente, do cíngulo do membro superior.Entretanto, uma causa a outra e as duas comumenteaparecem como um defeito integrado.

A cifose resistente ou estrutural, ou qualquerdefeito desse tipo acompanhado de dor aguda,indica uma provável doença ou defeito hereditáriode natureza mais grave. Jamais se devem fornecerexercícios corretivos nesses casos, exceto quandoprescritos por um médico.

A lordose é uma concavidade posterior aumentadada curva lombar ou cervical normal, acompanhadade uma inclinação da pelve para frente.

Os músculos da região lombar são encurtados e osabdominais alongados. Quando essa posição éassumida habitualmente, um peso excessivo élançado sobre as margens posteriores dos corpos dasvértebras lombares e há uma forte tendência aodesenvolvimento de escápulas abduzidas emcompensação ao desvio para trás do peso corporal.Os indivíduos que são mais flexíveis do que a médiatêm apenas de adquirir a capacidade de assumir aposição correta da coluna vertebral e, então,praticá-la até que o hábito esteja estabelecido.

Quando a pelve é inclinada excessivamente parafrente, os músculos do dorso e flexores dos quadrissão encurtados enquanto os músculos do abdome edo jarrete são alongados. Não trará nenhumbeneficio corrigir o desequilíbrio apenas dosmúsculos do tronco ou do quadril, ambos os gruposdevem ser ajustados e controlados para manter apelve em seu grau de inclinação apropriado.

Dorso plano (cifose lombar) - o dorso plano envolveuma redução abdominal na curvatura lombarnormal. O ângulo de obliqüidade da pelve éreduzido, pois os músculos dos jarretes são curtosdemais e os flexores dos quadris e ligamentosiliofemorais, longos demais. Está comumenteassociado aos ombros arredondados, tórax plano e

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abdome protuso típicos do quadro clínico de fadiga.A condição é de difícil correção, mas os esforçospara aumentar a força e tônus dos músculos doabdome e eretor da espinha podem serrecompensadores.

Curvatura lateral - a curvatura lateral da colunavertebral, que em estágios acentuados édenominada escoliose, é um desvio para um doslados. Representa uma combinação de desvio laterale rotação longitudinal. Poder-se-ia esperar que osmúsculos no lado côncavo da curvatura fossem maisfortes que os do lado convexo, e isto é o que seriaobservado se a curvatura decorresse da açãodesimpedida dos músculos longitudinais. Contudo,estudos eletromiográficos mostraram que na maioriados casos os músculos no lado côncavo são maisfracos que o normal. Isto é atribuído ao fato de queo desequilíbrio dos músculos mais profundos (semi-espinhal, multífico e rotadores) é o principal fatorna produção da deformidade. Esses músculosprofundos são rotadores importantes. Quando os deum lado são paréticos, a ação desimpedida dosmúsculos do lado oposto gira as vértebras para umaposição escoliótica.

Em alguns casos, entretanto, os músculos no ladoconvexo estão atrofiados e os do lado côncavo,contraídos. E controverso se as alterações quedepois ocorrem podem ser explicadas com baseapenas no desequilíbrio muscular.

A curvatura lateral diminui a capacidade da colunavertebral de sustentar o peso corporal, distorce ascavidades corporais, aglomera os órgãos fora delugar e, em casos avançados, causa compressão dosnervos espinhais onde eles deixam o canalvertebral. A escoliose geralmente começa com umacurva em C única. Esta pode ser para qualquer umdos lados, mas como a maioria das pessoas é destra,os músculos no lado direito do corpo são mais fortese a convexidade tende a se desenvolver para aesquerda. A condição tende a ser mais prevalecenteem meninas e entre biótipos ectomorfos, mas nãoestá confinada a nenhum dos dois. a curvatura podeestender-se por toda a coluna vertebral ou serlocalizada. Uma curva em C pode inclinar a cabeçaobliquamente, quando então há uma tendênciareflexa a endireitá-la até que os olhos estejamnovamente nivelados. Ao longo do tempo, essereflexo de endireitamento cria uma inversão dacurva em C nos níveis espinhais superiores,produzindo uma curva em S. podem surgir novastentativas de compensação, criando ondulaçõesadicionais na curva.

Nos estágios iniciais, a escoliose pode ser funcional,ou postural. Estes termos indicam que a curva podeser eliminada por esforço voluntário ou ao pendurar-se com as mãos. Nos estágios posteriores, acondição se torna resistente, ou estrutural, e acurva não pode mais ser eliminada desse modo. Umavez estabelecida uma curva estrutural, exercícios

corretivos podem produzir uma curva compensatóriaao invés de abolição da curva primária.

A escoliose pode ser causada por numerosascondições unilaterais, incluindo defeitoshereditários da estrutura; deterioração devértebras, ligamentos, ou músculos, em decorrênciade infecções ou doença; paralisia unilateral demúsculos espinhais; um membro inferior curtounilateral; pé plano ou pronação unilateral; edesequilíbrio do desenvolvimento muscular devido àprofissão ou hábito.

ANOTAÇÕES

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ARTICULAÇÃO DO QUADRIL

A articulação do quadril é uma articulaçãoesferóide. É formada pelo encaixamento da cabeçado fêmur no acetábulo do osso do quadril.

MOVIMENTOS ARTICULARES

A despeito da estabilidade inerente proporcionada àarticulação por sua arquitetura e sustentaçãoligamentosa, a articulação do quadril demonstra umalto grau de mobilidade. Os movimentos permitidospelo quadril, descritos com referência ao fêmur,incluem a flexão e extensão no plano sagital,abdução e adução no plano frontal e rotação mediale lateral no plano transversal.

O posicionamento do corpo do fêmur, por meio docolo femural, a uma certa distância da pelve óssea,ajuda a prevenir restrições à amplitude movimentode articulação do quadril que poderiam resultar decolisão. O ângulo colo-corpo permite que o corpo dofêmur se posicione mais lateralmente em relação àpelve. No plano frontal, com referencia ao eixolongitudinal do fêmur, o ângulo colo-corpo normal éde aproximadamente 125º. A deformidade na qual oângulo é maior, denominada coxa vara, e adeformidade na qual o ângulo é menor, denominadacoxa valga, causam alterações na transmissão deforças para o fêmur e a partir dele.

Um segundo ângulo, o de anteversão, é o ângulo noqual o colo se projeta do fêmur na direção ântero-posterior. Embora haja uma grande variação entreindivíduos, o valor normal é cerca de 12º a 14º. Aarticulação do quadril pode mover-seindependentemente do cíngulo do membro inferior,mas pode ser complementada por inclinações dapelve. A diferença do sistema aberto do cíngulo doombro, o sistema fechado do cíngulo pélvicoimpossibilita movimentos no lado direitoindependentes do esquerdo. Na posição ereta, asaberturas superior e inferior da pelve formamângulos com o plano horizontal, deaproximadamente 50º-60º e 15º, respectivamente.

Este ângulo denomina-se inclinação da pelve. As

inclinações da pelve são rotações medidas comreferência à inclinação pélvica e classificadas emrelação às articulações dos quadris e lombossacral.A articulação do quadril demonstra sua maioramplitude de movimento no plano sagital, no qualse observa que a flexão pode chegar a 140º e aextensão a 15º. A abdução também pode atingir 30ºe a adução um pouco menos que isto, 25º. A aduçãodeve ser acompanhada de alguma flexão. O grau deflexão do quadril afeta a magnitude da rotaçãomedial e lateral. Numa posição estendida, na qualos efeitos limitadores dos tecidos ligamentosos semanifestam, as amplitudes de rotação medial elateral se reduzem para 70º e 90º, respectivamente.

MUSCULATURA DA ARTICULAÇÃO DO QUADRIL

Vinte e dois músculos atuam sobre a articulação doquadril. Foram apresentados vários esquemas declassificação, mas um método singelo é identificaros músculos que dão contribuições importantes paracada uma das ações possíveis na articulação doquadril. Os membros do grupo flexor incluem opsoas e o ilíaco, os agonistas primários e o reto dacoxa.

O grupo extensor do quadril inclui os músculos dojarrete: semimembranáceo, semitendíneo e cabeçalonga do bíceps da coxa.

O grupo adutor do quadril é composto pelo grácil,adutor longo, adutor curto, adutor magno epectíneo. O grupo abdutor é composto de váriosmúsculos que atuam predominantemente em outrasações articulares. A rotação lateral é uma função departe do glúteo máximo, reto da coxa e um grupode seis músculos geralmente agrupados como osrotadores laterais.

MÚSCULOS BIARTICULARES (multiarticulares)

Músculos biarticulares são aqueles que atravessamvárias articulações e criam cinética significativanessas articulações. Os músculos do membro inferiorsão freqüentemente empregados como exemplosanatômicos e objetos de pesquisa a respeito dosmecanismos de seu controle pela parte central dosistema nervoso e as resultantes ações articulares.Markee et al sugerira que os músculos biarticularespodem atuar numa extremidade sem influenciar aoutra; esta hipótese foi contestada por Basnuajian eDe Luca. A regra geral acerca de um músculobiarticular é que ele traciona ambos seus tendõesnão seletivamente em direção ao ventre domúsculo, deste modo influenciando as articulações.Um músculo biarticular não pode atuar como ummúsculo monoarticular sem o auxílio de outrosmúsculos, a menos que uma das ações articularesseja estabilizada por outros músculos. O efeitocinético do músculo sobre a segunda articulação édiminuído.

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Um exemplo simples da atividade de um músculomultiarticular é o paradoxo do psoas, no qual omúsculo psoas, enquanto flete o quadril, causahiperextensão da região lombossacral através deinclinação pélvica anterior, embora o psoas sejaconsiderado flexor do tronco. O paradoxo, ainversão do papel de flexão/extensão, pode serobservado durante exercícios como os "abdominais"com os membros inferiores estendidos e elevaçõesde ambos os membros inferiores. As vértebraslombares são puxadas para frente e para baixo pelacontração do psoas. A contração simultânea dosmúsculos do abdome evita a inclinação anterior dapelve a menos que esses músculos estejam fatigadosou fracos; assim, a pelve não gira para frente nemas vértebras lombares são hiperestendidas. Durantealgumas combinações de ações articulares, osmovimentos criados por músculos biarticulares sãomais eficientes do que se fossem criados pormúsculos monoarticulares. Durante a corrida, porexemplo, logo antes do contato do calcanhar, osextensores do quadril realizam trabalho positivosobre o quadril, ao mesmo tempo em que realizamtrabalho negativo sobre a perna para desacelerar aextensão no joelho. Felizmente, os músculos dojarrete realizam ambas as funções simultaneamentea um baixo custo metabólico. Elftman estimou odispêndio de energia por músculos bi emonoarticulares para realizar essa tarefa em 2,61 e3,97 cavalos força, respectivamente. A execuçãopor um músculo biarticular representa umaeconomia de energia superior a 34%. As açõestendínea, de correia de transmissão e de polia sãocaracterísticas atribuídas a músculos biarticularesporque esses músculos não podem causar umaamplitude total de movimento simultaneamente emambas as articulações sobre as quais atuam. Quandoo quadril e o joelho se fletem simultaneamente,como no movimento preparatório de um chute decaratê, ou se estendem ao mesmo tempo, como nafase de ataque do chute, o músculo se contrai masnão perde tanto de seu comprimento quando doismúsculos monoarticulares poderiam se executassema mesma ação.

CONSIDERAÇÕES MECÂNICAS SOBRE AS LESÕES DASREGIÕES DA PELVE E QUADRIL

Pelve

A crista ilíaca é particularmente suscetível a lesõesdevido à sua localização superficial e à massa detecidos moles na área vizinha. As contusões incluemperiostite da crista ilíaca, entorse e avulsõesmusculares. Mais graves, obviamente, são asfraturas do osso ilíaco, as quais são infreqüentesporque a maioria dos esportes que envolvem forçasque podem acarretar este tipo de lesão exigeacolchoamento protetor. Corridas e saltos vigorosospodem causar fraturas da espinha ilíaca ântero-superior.

ARTICULAÇÃO DO QUADRIL

A articulação do quadril é extremamente estável etem uma grande amplitude de movimento.Enquanto para atletas o joelho parece ais suscetívela lesões muito graves, para a população não-atléticahá estatísticas assustadoras acerca de fraturas doquadril. Por exemplo, a osteoporose, uma condiçãoóssea degenerativa que afeta principalmentemulheres acima de 45 anos de idade, é a causa de1,3 milhão de fraturas por ano. Destas fraturas,200.000 são no quadril e 40.000 destas causamcomplicações que levam á morte. As fraturas doquadril, então, representam a principal causa demorte em indivíduos idosos nos EUA. As fraturas doquadril ocorrem menos freqüentemente em negrosacima de 45 anos que em brancos dessa idade, masas razões para esta diferença são obscuras. A lesãode tecidos moles na região do quadril é umaocorrência em mais comum em atletas que em não-atletas. Lesões relacionadas a estiramento sãoamiúde relatadas, particularmente envolvendomúsculo e nervo. Outros fatores que tomam essaregião suscetível a lesões são a extrema amplitudede movimento, as potentes contrações muscularesassociadas á região durante atividades como asdiversas formas de locomoção e as abruptasmudanças de direção e posição, comuns ematividades desportivas e recreativas.

ANOTAÇÕES

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A ARTICULAÇÃO DO JOELHO

A articulação do joelho, tipicamente classificadacomo uma sinovial em dobradiça, é a maior e maiscomplexa articulação do corpo. E vulnerável ematletas e supostamente também em não-atletas.Investigadores finlandeses relataram recentementeque em homens e mulheres a articulação do joelhoé o local mais comum de lesão desportiva querequer cirurgia, e que a freqüência em mulheres ésignificativamente mais alta que em homens. Omovimento do joelho é denominado por flexão eextensão, mas normalmente ocorre nos planossagital, frontal e transversal. Três articulaçõescompõem o joelho: duas tibiofemorais e apatelofemoral.

As duas primeiras são os locais onde os côndilosfemorais medial e lateral fazem contato, através decartilagem articular interposta, com a face articularsuperior da tíbia. A articulação patelofemoral écomposta pelas face articular da patela e facepatelar do fêmur. A patela é um osso sesamóide,que se caracteriza por seu desenvolvimento dentrode um tendão, neste caso o tendão do músculoquadríceps da coxa.

A maioria dos casos de luxação do joelho é naverdade uma luxação da patela.

A cápsula articular do joelho à diferença de outrasarticulações, não forma uma estrutura envolventecompleta da articulação. Os poucos ligamentoscapsulares verdadeiros que conectam os ossos sãoauxiliados por tecidos tendíneos dos músculosassociados à articulação. O ligamento da patela é acontinuação do tendão do músculo quadríceps dacoxa clistal à patela. É extremamente forte e segueda patela para a tuberosidade da tíbia. Resiste à

tendência da face tibial superior de deslocar-se parafrente com referência ao fêmur durante alguns tiposde movimento.

Outras estruturas ligamentosas importantes queservem para estabilizar a articulação do joelhoincluem OS ligamentos poplíteo oblíquo, poplíteoarqueado, colaterais medial e lateral e cruzadosanterior e posterior.

Os meniscos medial e lateral desempenham umimportante papel a função do joelho. Auxiliamdiretamente a estabilização da articulação,aprofundando as faces articulares da tíbia, servindocomo fonte de absorção de choque e transmissão deforças ao aumentar a área de superfície articular,aumentando a eficiência da lubrificação articular efixando-se aos 05505 e outros tecidos moles dasarticulações que restringem alguns tipos demovimento.

MOVIMENTOS ARTICULARES

O movimento da articulação do joelho, emboramensurável ao redor dos três eixos, é dominado porflexão e extensão no plano sagital. A amplitudemovimento da extensão completa (0º) à flexãocompleta é de aproximadamente 140º. O movimentodo joelho no plano transversal acompanhatipicamente a flexão e extensão e é referido comorotação tibial e medial e lateral.

O movimento no plano transversal é uma função daposição do joelho no plano sagital. Nenhumarotação do joelho é permitida quando o joelho estácompletamente estendido; contudo, até 45º derotação lateral e 30º de rotação medial são possíveisquando o joelho está fletido até 90º. Na extensãocompleta, a rotação é restrita pela arquiteturaóssea da articulação, enquanto além de 90º deflexão o movimento é limitado pelos tecidos molesesticados ao redor da articulação.

Costigan e Reid descreveram a rotação tibialdurante excursões de flexão e extensão do joelho.Essas ações simultâneas são importantes nomovimento normal do joelho. Mediu-se o torqueradial no joelho e verificou-se que este é umafunção da posição do pé. A menor quantidade detorque dirigido lateralmente foi encontrada quandoo pé estava girado lateralmente em 17º. Costigan eReid verificaram que há de fato uma posição do pé,maior que 17º mas menor que 50º, na qual o torqueradial no joelho é reduzido a zero; esta posiçãovaria entre indivíduos e tem implicações paraexercícios como o agachamento com pés paralelos esaltos verticais, que exigem flexões dos joelhos eextensões do membro sustentador do peso.

MÚSCULOS DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO

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Doze músculos atuam na articulação do joelho e sãoclassificados em três grupos: o jarrete, o quadrícepsda coxa e músculos não-classificados. O grupo dojarrete inclui os músculos semitendíneo,semimembranáceo e bíceps da coxa.

O quadríceps da coxa é constituído pelos músculosreto da coxa e três vastos - vasto lateral, medial eintermédio.

O grupo de músculos não-classificados daarticulação do joelho inclui o sartório, o grácil, opoplíteo, o gastrocnêmio e o plantar. Os dois últimosmúsculos atuam predominantemente na articulaçãodo tornozelo, embora passem atrás da articulaçãodo joelho e possuam alguma capacidade de flexão.

Mecanismo de bloqueio do joelho

Normalmente, quando o joelho está completamenteestendido numa posição ereta normal, a linha degravidade passa na frente do ponto de contatotibiofenural. Assim, o joelho é mantido em extensãopelo torque gravitacional. Devido à disparidade nosdiâmetros dos côndilos femorais medial e lateral edos meniscos correspondentes, a contraçãocontinuada do quadríceps da coxa pode, e énecessária para causar rotação lateral do fêmursobre a tíbia. Esta rotação faz com que o fêmur seassente mais intimamente nos meniscos no que foidenominado um movimento de "encaixe emparafuso".

Considerações mecânicas sobre as lesões dojoelho

As entorses do joelho resultam de movimentos queultrapassam os limites normais da articulação.Quando forçados além dessa restrição natural, osligamentos podem ser submetidos a uma tensãosuperior a seu limite elástico, colocando-os naregião plástica de sua curva de carga-extensão. Oresultado é uma deformação permanente dosligamentos, cuja magnitude depende da forçaaplicada. No joelho, a entorse ligamentosa podeocorrer em qualquer direção de movimento. No tipotalvez mais comum de lesão do joelho,freqüentemente visto no campo de futebolamericano, o pé é fixado e o fêmur giramedialmente com referência à tíbia, que ao mesmotempo gira lateralmente. Todo o joelho é deslocadomedialmente, resultando em tensão ligamentosamedial. Quando a força é continuada, o ligamentocruzado anterior e, por fim, o cruzado posterior sãosubmetidos à tensão. A "tríade infeliz" refere-se auma lesão que afeta simultaneamente o ligamentocolateral medial, ligamento cruzado anterior emenisco medial.

Uma entorse intensa é o precursor da luxação dojoelho patelofemoral ou tibiofemural. Um fatoranatômico que predispõe um indivíduo à luxaçãopatelofemoral é um ângulo anormal. O ângulo Q é odesvio entre a linha de tração do quadríceps da

coxa e o ligamento da patela. Geralmente é medidocomo o ângulo entre a linha da espinha ilíacaântero-superior e o centro da patela e a linha docentro da patela à tuberosidade da tíbia.

Um ângulo Q de 10º é considerado normal. Ângulosmaiores podem resultar em luxações laterais dapatela quando a contração do quadríceps reduz oângulo.

De gravidade bem maior e, felizmente, menoscomum, é a luxação tibiofemural.

A lesão de meniscos geralmente é simultânea àentorse ligamentosa. Os mecanismos de lesão dosmeniscos medial e lateral diferem.

Os atletas freqüentemente sentem uma dor ao longoda perna que chamam de shin splints e existemvárias teorias acerca da causa da incapacidade eparece ser uma condição epidêmica entredançarmos, corredores, etc.

As lesões de esqui são comuns e muito instrutivaspara o cinesiologista. Envolvem dois fatores -fixação e intensificação - e três movimentos -rotação lateral, queda para frente e rotação medial.Uma lesão ocorre apenas se os dois fatores e pelomenos uma das forças estiverem presentes. Afixação se dá quando um esqui se toma fixado, porsua vez, segurando o pé preso ao esqui.

Se as presilhas do esqui não se soltarem e umagrande quantidade de energia cinética estiverpresente, um esforço de torção é exercido atravésde rotação lateral. Esse mecanismo mais comum delesões do esqui produz fratura do maléolo lateral,fratura espiral do tornozelo e/ou tíbia, ou entorsedo joelho e tornozelo.

Quando a ponta de um esqui penetra na neve,sobrevêm uma desaceleração abrupta, projetando oesquiador sobre o cano de suas botas. Pode ocorreruma fratura pelo cano da bota, laceração do tendãode Aquiles e luxação dos tendões fibrilares.

A rotação medial é causada pelo cruzamento daponta de um esqui com a ponta do outro. Asconseqüências podem ser entorse do tornozelo,lesão do joelho, fraturas do maléolo medial efraturas espirais da tíbia.

Os exercícios que fazem com que o joelhosustentador de peso seja completamente fletidoforam condenados como potencialmente perigosospara as estruturas de suporte do joelho.

O impedimento da rotação do pé fixado nessasituação causa maior tensão sobre os ligamentos ecartilagens do joelho.

A solução para essa prática perigosa é limitar o graude flexão dos joelhos, como nos exercícios deagachamento paralelo.

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TORNOZELO E O PÉ

A articulação do tornozelo consiste nas articulaçõestalocrural (tibiotalar e talofibular) e tibiofibulardistal. É classificada como uma sinovial emdobradiça em virtude de sua arquitetura óssea, umsistema de ligamentos colaterais medial e lateral, acápsula articular e a parte distal da membranainteróssea. A articulação do tornozelo é crucial natransmissão de força do corpo e para o corpodurante a sustentação de peso e outras cargas.

As magnitudes dessas forças podem ser tão grandes,até 10 vezes o peso corporal durante alguns tipos decorrida, por exemplo, que até mesmo pequenosdesalinhamentos estruturais, ou lesões podemacarretar problemas ortopédicos crônicos eintensos.

A transmissão de forças se dá na junção daextremidade distal da tíbia e face superior do tálus;a fibula exerce um papel pequeno.

Arquiteturalmente, um encaixe ou abertura providade borda, é formado pelos maléolos da tíbia e dafíbula no qual a face superior do tálus se ajusta.

Essa estrutura é uma importante fonte deestabilidade para a articulação do tornozelo.

Os principais ligamentos que sustentam aarticulação incluem a parte distal da membranainteróssea a cápsula articular, ligamento deltóide(medialmente) e ligamento calcâneo-fibular(lateralmente), os quatro últimos são consideradosligamentos colaterais.

O gínglimo biaxial permite uma flexão deaproximadamente 45º conhecida como dorsiflexão euma extensão de 45º conhecida como flexão plantar.Várias populações obviamente demonstram valoresbem maiores. Em geral os primeiros 10 a 20º sãodefinidos como dorsiflexão, o movimento restante édefinido como flexão plantar.

ARTICULAÇÃO SUBTALAR

A articulação subtalar, uma sinovial plana entre aface interior do tálus e a face superior do calcâneo,é considerada uma das articulações intertársicas. Omovimento do pé através da articulação subtalarpode ser modelado representando-se o tornozelo(classificado anatomicamente como um gínglimo)como uma articulação esferóide. O gínglimo uniaxialdo tornozelo combinado com o eixo da articulaçãosubtalar permite efetivamente ao pé três eixos derotação.

Sammarco relatou que o eixo da articulaçãosubtalar está a cerca de 420 do calcanhar, dirigidopara frente e para cima (a 38º da vertical) e a 16ºmedialmente d o eixo longitudinal do pé.

A articulação subtalar permite essencialmente doismovimentos, independentes do movimento naarticulação do tornozelo. A inversão do pé ocorrequando a planta é virada medialmente, e a eversãodo pé quando a planta é virada lateralmente.

A eversão e inversão são às vezes referidas comopronação e supinação, respectivamente. A eversãofreqüentemente ocorre com dorsiflexão e abdução(rotação lateral do pé), ao passo que a inversãopode ocorrer com algum grau de flexão plantar eadução (rotação medial).

Em geral, a amplitude de movimento demonstrauma média de 20º de inversão e 5º de eversão.

ARTICULAÇÃO TRANSVERSA DO TARSO

A articulação transversa do tarso (mediotársica)pode ser considerada a junção entre as articulaçõestalonavicular, triaxial e calcaneocubóidea, biaxial.

Os ossos navicular e cubóide se articulam de talmodo que permitem apenas um leve movimento eportanto, podem ser considerados um únicosegmento. Vista por cima, a articulação transversado tarso forma uma linha em forma de S.

A articulação permite movimentos da parte anteriordo pé com referência à parte posterior.

São permitidos dois tipos de movimento através dedois eixos. O eixo em torno do qual ocorrem ainversão e eversão é orientado com o eixolongitudinal do pé, subindo de trás para frente apartir da face plantar do pé a um ângulo de 15º edirigido medialmente a um ângulo de 9º.

O movimento em torno desse eixo permite que o pése adapte a uma variedade de orientações dasuperfície durante a locomoção.

Um segundo eixo que sobre de modo semelhante aoprimeiro, mas a um ângulo de 52º, dirige-semedialmente a um ângulo de 57º. Esse eixo derotação aumenta a dorsiflexão e flexão plantar. Aorientação dos eixos e por conseguinte domovimento é variável e influenciada pelaarquitetura do pé da musculatura que atravessa as

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articulações.

O movimento do pé distal à articulação transversado tarso, pertence às articulações intertársicas etarsometatársicas. Em ambos os casos, o movimentorestringe-se a uma dorsiflexão quase desprezível e a15º de flexão plantar. Os dedos se movem em flexãoe expansão em torno das articulaçõesmetatarsofalângicas (sinoviais em dobradiça).

O movimento em torno das articulaçõesmetatarsofalângicas inclui a abdução e adução. Ohálux ou dedão tem uma amplitude de flexão de 30ºe uma amplitude de extensão de 90º. Os demaisdedos tem uma amplitude de flexão um poucomaior, 50º.

MUSCULATURA DA ARTICULAÇÃO DO TORNOZELO EDO PÉ

A parte do membro inferior entre o joelho e aarticulação do tornozelo é o local de origem para osmúsculos que produzem movimento do tornozelo.Estes músculos são classificados em três grupos -crural anterior, cervical posterior e crural lateral.

Dos músculos associados ao tornozelo e pé, 12 sãoextrínsecos ao pé e 19 intrínsecos.

Crural anterior

Os músculos crurais anteriores estão associados aocompartimento anterior que é limitado pela tíbia esepto intermuscular.

O tibial anterior geralmente é considerado uminversor do pé (articulação subtalar), embora algunspesquisadores tenham relatado que ele não é ativodurante a inversão, a menos que ocorra dorsiflexãosimultaneamente.

É razoavelmente bem aceito que o tibial anteriornão desempenha qualquer papel na sustentaçãoestática normal do arco longitudinal do pé.

Durante condições com cargas dinâmicas,entretanto, a contração muscular auxilia a fonte

primária de sustentação do arco, as estruturasosteoligamentosas. Os indivíduos com pés planostambém necessitam de sustentação muscular dosarcos, especialmente pelo tibial anterior.

Crural posterior

Os músculos do grupo crural posterior são aindaclassificados em superficiais ou profundos. O gruposuperficial, o gastrocnêmio, e sóleo e o plantar. Ogrupo profundo é composto pelo poplíteo, flexorlongo do hálux, flexor longo dos dedos e tibialposterior.

As duas cabeças do gastrocnêmio e o sóleo sãoreferidos como triceps da perna.

Os músculos que compõem o grupo profundo são opoplíteo, o flexor longo do hálux, como o nome dizatua principalmente na flexão do hálux, inserindo-sena base da falange distal.

O flexor longo dos dedos cujo tendão se divide emquatro tendões separados que fixam nas bases dasquatro falanges distais.

A afirmativa de Soderberg, de que se sabe poucosobre o tornozelo e o pé é correta, tendo em vista acontrovérsia que envolve as ações do flexor longo dohálux e o flexor longo dos dedos.

Gray indicou que o flexor longo do hálux contribuisignificativamente para a propulsão do pé durante amarcha; contudo, Frenette e Jackson relataramque, embora não seja essencial nesse papel, omúsculo é crucial na manutenção do equilíbriodurante a posição ereta.

Crural lateral

Dois músculos compõem o grupo crural lateral, osfibulares longo e curto. Um septo intermuscularsepara esse grupo dos grupos anterior e posterior.Ambos os músculos passam atrás do maléolo lateralpara suas inserções na face plantar do pé.

Auxiliam a flexão plantar, embora suas principaiscontribuições sejam para a pronação do pé (eversãoe abdução combinadas).

CONSIDERAÇÕES MECÂNICAS SOBRE AS LESÕES DOTORNOZELO E DO PÉ

As lesões da articulação do tornozelo são otraumatismo mais comum em esportes.Funcionalmente a articulação em dobradiça sinovialpermite apenas a dorsiflexão e flexão plantar.

Um movimento extremo em qualquer uma das duasdireções pode ser lesivo mas é menos freqüente doque o movimento causado por forças dirigidaslateralmente que resultam em inversão ou eversão.

As lesões por inversão são responsáveis por 85% detodas as lesões do tornozelo. Em relação ao eixo daperna, as lesões por inversão também compreendemforças de adução e flexão plantar. Se odeslocamento articular é intenso o bastante para

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lacerar parcial ou completamente ligamentos desustentação, a face medial do tálus avança sobre omaléolo medial sobre o qual gira. Desse modo, osligamentos laterais são submetidos a tensão e, casoa inversão continue, o maléolo medial pode sofreruma fratura em geral numa direção vertical.

Nas lesões por eversão, o maléolo lateral que é maislongo que seu equivalente medial, torna-sesobrecarregado quando o pé se move lateralmentecom referência à tíbia e também se abduz e sedorsiflete.

O maléolo lateral impede que o tálus gire. Ao invés,o avanço do tálus sobre o maléolo lateral causa umatensão extrema no tálus antes de traquinar osligamentos mediais. Sobrevém comumente umafratura fibular, às vezes com lesão do ligamentodeltóide, situado medialmente. A lesão dosligamentos laterais é possível se o deslocamento daarticulação prosseguir.

Johnson, Dowson e Wright relataram as diferentesinfluências de sapato de cano longo e curto sobre aslesões da articulação do tornozelo. Como seesperava, eles constataram que os sapatos de canolongo reduzem a tensão sobre os ligamentoscolaterais durante a inversão e versão, tornandoesse tipo de sapato mais seguro. Entretanto, comoos sapatos de cano longo são mais pesados, eles sãousados freqüentemente.

Constatou-se que os sapatos de cano curto têm opotencial de causar maior lesão ligamentosa, se omaterial for mecanicamente duro devido à restriçãoimposta ao movimento da articulação subtalar. Osautores recomendaram que, caso os sapatos de canocurto sejam usados, eles devem ser o mais flexívelpossível ao redor da articulação do tornozelo.

ANOTAÇÕES

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A MARCHA

"No primeiro ano de vida, há estreita relação entreas funções que aparecem e desaparecem e aevolução estrutural do sistema nervoso central. Éfora de discussão que as funções mais elementaresde sistemas mais primitivos vão sendopaulatinamente inibidas pelos sistemashierarquicamente superiores (Jackson, J.)".

Compreendemos que a marcha na criança está alémdo desenvolvimento motor, mas unido a esteencontramos as sensações experimentadas pelobebê no decorrer do primeiro ano de vida comosendo de imensa importância para o deambular,assim como para fazê-lo de forma correta.

A postura do bebê deve ser vista e analisada doponto de vista funcional e as compensaçõesantálgicas que surjam devem ser corrigidas o maisprecocemente possível.

O bebê começa a deambular entre os doze equatorze meses iniciais da sua vida, porém issodependerá, e muito, das experiências que elevivenciará nesta fase.

OS PRIMEIROS PASSOS:

Na verdade observamos os primeiros passos do bebêcomo sendo através do reflexo de apoio plantar(RAP) e marcha reflexa. Este teste neurológico servepara avaliar a maturidade a nível medular no bebê.Estes reflexos devem estar presentes até o segundomês de vida.

Em tomo dos nove meses de idade o bebê começa aficar de pé com apoio, na verdade é nesta fase queo bebê começa a equilibrar-se na posiçãoosteostática e assim se preparar para o início damarcha.

Depois dessa fase o bebê começa a experimentar oficar de pé sem auxílio de um apoio; esta posturaintermediária entre o começo da fase de equilíbrioe a marcha é quando o centro de gravidade começaa se ajustar para os primeiros passos.

Marcha com apoio: Uma vez atingida a posição depé, tendo as mãos apoiadas, a criança dá passoscom a base de sustentação muito alargada.

Apesar de começar a deambulação, a criança aindautiliza o engatinhar para explorar o meio à suavolta.

Marcha sem apoio: Nesta fase a criança deambula,sem apoio das mãos, com a base de sustentaçãoainda muito alargada e muita instabilidade deequilíbrio.

O apoio plantar é feito basicamente pelo bordomedial dos pés e calcâneo. Em geral durante amarcha, atitude dos membros superiores, e deabdução das escapuloumerais, flexão dos cotovelos,

a fim de auxiliar no equilíbrio do corpo ao deslocar-se.

Somente quando a criança começa a andar é queaparecem as reações de equilíbrio na posição de pé.

Chamamos de alteração nesta fase a criança que aodeambular o faça com apoio, se andar nas pontasdos pés ou se claudicar.

O colocar a criança de pé, mesmo com apoioprecocemente, pode levar a sérios danos a colunaespinhal, assim como deformidades nos joelhos queirão interferir na marcha.

A MARCHA:

A terminologia marcha é descrita como referência àsatividades de um membro. A maior unidadeempregada à marcha é chamada de ciclo damarcha. No ato normal de caminhar, um ciclo demarcha começa quando o calcanhar do membro dereferência contacta a superfície de sustentação, eeste ciclo termina quando o calcanhar do mesmomembro contacta novamente o solo.

O ciclo da marcha divide-se em duas fases: aprimeira de apoio e balanço e a segunda de duplasustentação. Na marcha normal a fase de apoioconstitui 60% do ciclo da marcha e é definida comoo intervalo em que o pé do membro de referênciaestá em apoio com o solo; a fase de balançoconstitui 40% do ciclo da marcha, e é onde omembro de referência não contacta o solo. A duplasustentação refere-se aos dois intervalos num cicloda marcha em que o peso corporal está sendotransferido de um pé para o outro, e ambos os pésestão em contato com o solo, ao mesmo tempo.

DETERMINANTES DA MARCHA:

Durante um ciclo completo, o centro de gravidade édeslocado duas vezes em seu eixo vertical. O pico sedá durante o meio da postura na fase estáticaquando a perna sustentadora de peso está vertical eseu ponto mais baixo quando as duas pernas estãosustentando peso com posição de apoiar o calcanhare a outra em ponta de dedos.

Rotação e inclinação pélvica: A rotação pélvica visadiminuir a ondulação vertical, na qual a pelve oscilasobre um eixo da coluna lombar. O grau decompensação da pelve durante o passo tambémdiminui o ângulo entre a pelve e a coxa e a perna eo solo. Por outro lado, a inclinação pélvica é umaqueda da pelve do lado do balanceio. A perna deapoio está aduzida e a perna em movimentolevemente aduzida, e fletida no quadril e joelhopara se erguer do solo.

Flexão do joelho na fase de apoio: O joelho

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durante a fase de apoio está completamenteestendido quando o calcanhar toca o solo, o queinicia a fase de apoio para a perna Quando o corpose desloca sobre o seu centro de gravidade o joelhoflete, o corpo passa sobre o pé e o joelhogradualmente reestende até a extensão total no fimda fase de apoio.

O movimento conjugado entre o joelho e otornozelo relaciona-se com a ondulação da pelve.No apoio do calcanhar, o tornozelo promove 90º dedorsiflexão e gradualmente flete em sentido plantarpara se aplanar no solo quando o corpo se aproximado centro de gravidade.

A ATIVIDADE MUSCULAR NA MARCHA:

Os músculos acionadores, estabilizadores edesaceleradores possuem um papel de grandeimportância para a realização da marcha.

Os músculos eretores da espinha elevam a pelve eos glúteos estabilizam o quadril, durante o desviolateral da pelve. Os flexores do quadril iniciam afase de movimento ocasionando um pêndulo nosmúsculos da coxa e perna.

O quadríceps exerce uma grande atividade musculardurante a marcha, assim como os abdominais,isquios-tibiais, gastrocnêmios, solear, psoas,piramidal, quadrado lombar.

Podemos observar que todos os músculos, até decadeias musculares mais distantes, são solidáriospara a realização da marcha, e mais, que o estadopsicossocial do indivíduo altera a marcha.

Observamos que um ato tão mecânico, eaparentemente simples, é tão complexo e envolvetantas articulações, músculos, centro de gravidade,equilíbrio, sistema nervoso central e periférico, emesmo assim conseguimos realizar a marcha, namaioria das vezes, no primeiro ano de vida.

Durante muito tempo se pensou que quanto maiscedo o bebê ficasse de pé e treinasse a marcha,mais rápido e eficaz esta seria. Hoje sabemos que adeambulação necessita de todo um aprendizado,desde o nascimento até a maturação dos sentidos esentimentos, e que as experiências que o bebênecessita vão além de colocá-lo de pé, mais derespeito a sua maturação, tempo para estimulá-lovisualmente, tátil e fazê-lo querer experimentar omundo.

O caminhar é mais amplo do que o simples fato deconseguir dar alguns passos. É fazê-lo em direção aobem estar, a segurança de fazê-lo sem medo dofuturo, mais na confiança de que existe alguémcapaz de ampará-lo no caso dele vir a tropeçar.

ANOTAÇÕES

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CONCLUSÃO

Sendo assim, a biomecânica é definida como aaplicação de princípios de engenharia a sistemasbiológicos, ou o estudo de forças internas e externasgeradas por, e atuantes sobre sistemas biológicos edos efeitos dessas forças sobre cada parte doorganismo humano.

A análise e avaliação do movimento humano,contudo, não necessariamente incluemcontribuições de todos esses fatores. No entanto,boa parte deles são essenciais para o bomfuncionamento das estruturas que formam o corpolhe proporcionando um melhor desempenho e deforma eficiente.

Uma boa postura é a atitude que uma pessoaassume utilizando a menor quantidade de esforçomuscular e, ao mesmo tempo, protegendo asestruturas de suporte contra traumas. Os desviosposturais tais como a lordose cervical, cifose dorsal,lordose lombar e escoliose podem levar ao usoincorreto de outras articulações, tais como as dosombros, braços, articulações têmporo-mandibulares, quadris, joelhos e pés. Manterposturas erradas por tempo prolongado podeacarretar alterações posturais ocasionandoenrijecimento das articulações vertebrais eencurtamento dos músculos.

Esses defeitos estruturais causam alterações dascurvaturas normais da coluna vertebral, tornando-amais vulnerável as tensões mecânicas e traumas.

Lordose

É o aumento anormal da curva lombar levando auma acentuação da lordose lombar normal(hiperlordose). Os músculos abdominais fracos e umabdome protuberante são fatores de risco.Caracteristicamente, a dor nas costas em pessoascom aumento da lordose lombar ocorre durante asatividades que envolvem a extensão da colunalombar, tal como o ficar em pé por muito tempo(que tende a acentuar a lordose).

A flexão do tronco usualmente alivia a dor, de modoque a pessoa freqüentemente prefere sentar oudeitar.

Cifose

É definida como um aumento anormal daconcavidade posterior da coluna vertebral, sendo ascausas mais importantes dessa deformidade, a mápostura e o condicionamento físico insuficiente.Doenças como espondilite anquilosante e aosteoporose senil também ocasionam esse tipo dedeformidade.

Escoliose

É a curvatura lateral da coluna vertebral, podendoser estrutural ou não estrutural. A progressão da

curvatura na escoliose depende, em grande parte,da idade que ela inicia e da magnitude do ângulo dacurvatura durante o período de crescimento naadolescência, período este onde a progressão doaumento da curvatura ocorre numa velocidademaior. O tratamento fisioterápico usandoalongamentos e respiração são essenciais para amelhora do quadro.

ANOTAÇÕES

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Hino do Estado do Ceará

Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!

Hino Nacional

Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!