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ESCOLA DIOCESANA DE CATEQUESE
COMO TRABALHAR O SEGUNDO TESTAMENTO NA CATEQUESE
EXPERIÊNCIA COM A PESSOA DE JESUS
ROBERTO BOCALETE
Para uma reflexão do Segundo Testamento é preciso considerar que sua criação literária tem relação com a mensagem das primeiras testemunhas em vistas da consolidação da fé e da identidade cristã
Quanto ao processo de estruturação: fato-interpretação-anúncio-
acontecimento-reinterpretação-palavra
A pedagogia de Deus, que continua se revelando nos
acontecimentos, convida-nos ao caráter da experiência, não reduzindo a catequese a uma
simples transmissão de um saber religioso, e a fé a simples
aceitação de um sistema doutrinal
O ponto de partida para o Segundo Testamento é Jesus de Nazaré, como grande mestre, aquele que convoca ao seguimento.
OBJETIVO: trabalhar estratégias pedagógicas para uma catequese
cristológica, sobre Jesus Cristo, tendo ele como eixo central de todo itinerário
catequético: em Jesus o homem é plenificado, predestinado a uma
experiência relacional.
Jesus, para revelar o Pai e anunciar o Reino de Deus, encarnou-se na vida dos homens.
Sua pedagogia foi sempre a partir das pessoas, na sua realidade e originalidade. Na vida pública, Jesus educa a todos de maneira personalizada,
Jesus não só se interessava pelos problemas humanos, mas sempre buscou fazer algo para solucioná-los.
Por seu modo de se relacionar e de ensinar não só a pessoa recebe nova valorização, mas também a vida cotidiana ganha nova dignidade
A catequese sobre Jesus
A catequese sobre Jesus deve levar nossos interlocutores desde o “Quem é Jesus?” (Mc 4,41), até a experiência de proclamar “Tu és o messias, o filho do Deus vivo” (Mt 16,15-17).
A catequese deve suscitar em nossos catequizandos a interrogação cheia de admiração: “Quem é este?”= QUERIGMA
É o primeiro passo para que se aqueça o coração em busca do
desejo de conhecer Jesus, mobilizando um processo existencial
de encontro, adesão, conversão e seguimento diante daquele que se oferece como caminho, verdade e
vida.
Para o seguimento de Jesus, a catequese deve ajudar o interlocutor a dar passos num itinerário de experiência e descoberta da pessoa de Jesus COMO:
“imagem do Deus invisível”, aquele que dignifica o humano, o primogênito de toda criação, encarnado, Palavra feito carne;
assim, o catequizando poderá abrir-se ao mistério e descobrir a presença de Deus no humano.
Esta primeira impressão admirativa, de encantamento por Jesus é alcançada no querigma,
primeiro anúncio que sob a ação do Espírito Santo, toca o centro
profundo da pessoa desencadeando um processo de catequese com garantia de êxito
•A confissão pessoal de Jesus como Messias será consequência de uma comunhão e intimidade com o mestre favorecida na catequese.
•Esta confissão compromete aquele que a professa, estabelecendo uma caminhada de configuração a Jesus, morto e ressuscitado.
A adesão ao Cristo leva necessariamente: a vincular-se com aquilo que Jesus mesmo se vincula, a confissão trinitária, à Igreja e ao discipulado, a especial delicadeza aos pobres e marginalizados.
Chaves para se dinamizar o itinerário
catequético:
Jesus Cristo vive: A catequese não tratará de buscar e personificar Jesus como um ideal abstrato de valores ou como paradigma de religiosidade, mas ajudar a descobrir Jesus como alguém vivo e ressuscitado.
Mostrar ao catequizando quem é Jesus mais do que o que é. Esse quem fica claro quando assumido como protagonista do NT e presente na história, pronto a um encontro que transforma.
Encontro com Jesus Cristo:
enquanto o interlocutor não se encontrar e aprofundar a relação pessoal com Jesus, o anúncio da presença de Cristo não irá vivificar seu coração.
Somente com a experiência é que os ensinamentos do mestre podem iluminar as vidas e a presença certa converter-se em força transformadora da existência.
O encontro é possível pela fé, experiência que a catequese deve favorecer
A catequese deve ajudar o catequizando a reconhecer o encontro com Jesus em sua vida, em meio aos anseios e expectativas;
A catequese deve iniciar seus interlocutores no intercâmbio de amor pelo qual serão transformados em filhos à imagem daquele por quem e para quem foram feitos.
Mediações de encontro com Cristo:
é necessário que o catequizando se encontre com o Cristo vivo, não como projeção imaginária de seus próprios desejos ou ilusões, mas como Palavra viva.
Esse conhecimento de Cristo será alcançado somente quando a catequese ajudar o interlocutor no contato e na comunhão de mediações históricas eleitas pelo próprio Jesus para tornar possível o contato experiencial com ele.
A catequese precisa favorecer :
momentos celebrativos, colocar os interlocutores em contato com Jesus, trabalhar a dinâmica pascal na qual introduz a fé e garantirá o conhecimento experiencial de Cristo, isento de tentação subjetivista, favorecer a identificação com o Senhor.
As tarefas da catequese na
experiência com a pessoa de Jesus
Propiciar o conhecimento de Jesus: para que a adesão de fé seja madura é preciso conhecimento e mergulho no mistério de salvação revelado em Jesus.
Educar para celebração do mistério de Cristo: o contato salvífico com a vida e a pessoa de Jesus se dará por meio da celebração dos mistérios de Cristo.
Uma boa catequese mistagógica deverá manifestar os significados dos ritos, sinais, símbolos litúrgicos, facilitando o mistério celebrado.
Menção especial merece a iniciação na oração e suas diversas modalidades, entendida como amizade com Cristo, encontro e relação do discípulo com seu mestre
Iniciar no discipulado: a catequese deve ajudar o interlocutor, por meio da experiência com Jesus, a tomar consciência das conseqüências que o chamado de Cristo dispõe em sua vida, rompendo com o mal e aderindo ao bem.
Incorporar na Igreja e na ação evangelizadora: ninguém permanece unido a Cristo se não estiver incorporado ao seu corpo místico, a Igreja. A igreja é o sacramento da presença de Cristo e participação da comunhão trinitária.
Catequese de Jesus por
idades
Catequese na infância: •Criança abre-se às relações humanas, à estima de si mesma. Religiosamente, sua iniciação está intimamente vinculada a este despertar vital em que a dimensão afetiva é fundamental.
• A catequese deve ter alto componente afetivo e a linguagem simbólica deve ser privilegiada nesta idade.
•Catequese na pré-adolescência:
• é tempo de transição, portanto, as experiências de amizade são fundamentais nessa idade.•Para o pré-adolescente, Jesus deve apresentado como amigo fiel, de quem é preciso aproximar-se para uma experiência de fidelidade. •Trabalhar narrações atualizadas do Evangelho e experiências de dramatização.
•Catequese na adolescência: •é período crítico na vida das pessoas; por ser tempo de transição, é momento se questionar a própria identidade. •É conveniente que a apresentação de Jesus siga uma linha progressiva: Jesus deve parecer como modelo de referencia para o adolescente construir sua vida pessoal. •A figura salvadora de Jesus diante de um mundo problemático, juntamente com o testemunho do catequista, são elementos cruciais nessa idade.
• Catequese para jovens e adultos:
• os jovens e adultos, chamados a responsabilidade diante da realidade.• Este é o momento de apresentar todo o mistério da vida de Jesus, divino e humano e favorecer uma experiência de relação pessoal com o ressuscitado. •Este itinerário deve articular-se com base no sólido conhecimento da fé e do seguimento, da experiência de conversão e do compromisso transformador.
A pedagogia das parábolas
Por meio de parábolas, Jesus Cristo levou a todos a mensagem de salvação, do Reino de Deus.
Narrando a parábola, Jesus focaliza a atenção do ouvinte exatamente sobre ele, que revela a imagem de Deus e inaugura o Reino.
A parábola não pretende antes de tudo, transmitir um ensinamento, mas propor um acontecimento, isto é, um fato salvífico o próprio Jesus, filho do Homem.
As parábolas de Jesus eram sempre extraídas de fatos ou coisas simples, tiradas do cotidiano conhecido de todo povo.
O catequista se requer esta capacidade de concretização e esta aderência ao cotidiano, evitando um anúncio genérico ou abstrato.
Partindo da atualidade de seus ouvintes, o catequista deve fazer brotar os significados e os valores ocultos no seu dia-a-dia
Através de seu conteúdo e de seu ponto provocatório, a parábola leva a descobrir alguma coisa completamente nova e a interrogar-se sobre seu significado.
Sendo as parábolas de linguagem simbólica, devem ser lidas e refletidas de forma cuidadosa e criteriosa, a fim de se evitarem distorções ou simplismo.
Um correto entendimento das parábolas para serem trabalhadas na catequese exige:
Acolhida a Jesus - Para que compreendamos as parábolas, é necessário que nos aproximemos de Jesus e vivamos uma vida de oração e de meditação nas Escrituras
•Estar disposto a ouvir Jesus –Não se poderá, pois, compreender corretamente uma parábola se não se partir das próprias Escrituras.
• Evitar os extremos: complicação ou simplificação. Em todas as parábolas há uma lição central e é o que devemos valorizar mais, deixando que a interpretação criativa do catequizando responda a ele mesmo muito do significado da ação educadora da parábola.
• Conhecimento do ambiente cultural dos dias de Jesus, para que bem compreendamos o que Jesus quis transmitir aos seus ouvintes daquela época, a fim de que façamos a devida contextualização, ou seja, que tragamos a parábola para os nossos dias.
Lembra-se que o objetivo é ilustrar as verdades que Jesus quis ensinar. A parábola tem por intento mostrar um fato importante, dela não se deve tirar, à força, lições de doutrina, destacando ainda que algumas partes são apenas complementos da história apresentada, parte do método pedagógico de Jesus revelar os valores do Reino de Deus.