escola de guerra naval cc jorge josÉ de moraes rulff · 2020. 10. 1. · escola de guerra naval cc...
TRANSCRIPT
ESCOLA DE GUERRA NAVAL
CC JORGE JOSEacute DE MORAES RULFF
A IMPORTAcircNCIA DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Rio de Janeiro
2009
2
CC JORGE JOSEacute DE MORAES RULFF
A IMPORTAcircNCIA DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Rio de Janeiro
Escola de Guerra Naval
2009
Monografia apresentada agrave Escola de Guerra
Naval como requisito parcial para a conclusatildeo do
Curso de Estado-Maior para Oficiais Superiores
Orientador CF Renato Luis Garcez Kopezynski
3
RESUMO
O litoral brasileiro eacute muito extenso possui inuacutemeras riquezas naturais e considerando a sua
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e a Plataforma Continental (PC) constata-se a
existecircncia de uma aacuterea mariacutetima medindo quase 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados
equivalente a cerca de 52 do territoacuterio nacional e de maior extensatildeo que a ldquoAmazocircnia
Verderdquo chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo Inicialmente descreve a Amazocircnia Azul agrave luz das
suas quatro vertentes Em seguida apresenta uma siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica e
destaca a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o Brasil Analisa o papel exercido
pela Marinha do Brasil na Defesa da Amazocircnia Azul Analisa a mentalidade mariacutetima do
povo brasileiro recorrendo a fatos histoacutericos e apresenta a situaccedilatildeo atual dos meios da
Marinha no que diz respeito agrave manutenccedilatildeo e ao adestramento de suas tripulaccedilotildees Aleacutem disso
analisa os principais pontos da Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e destaca as novas
perspectivas da Marinha Finalmente conclui que para defender a Amazocircnia Azul a Marinha
deve possuir um Poder Naval forte que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses
estrateacutegicos do Brasil e para que isso ocorra tornam-se necessaacuterias a adoccedilatildeo de poliacuteticas
nacionais que permitam um aporte regular de recursos para que a Marinha consiga se
reaparelhar e realizar a manutenccedilatildeo de seus meios
Palavras-chave Geopoliacutetica Amazocircnia Azul Mentalidade Mariacutetima Defesa Nacional
Atlacircntico Sul
4
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeOhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 4
2 A AMAZOcircNIA AZUL 6
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO
ATUAL
10
31 O Conceito de Geopoliacutetica 10
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade 11
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA
AZUL
13
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA
MARINHA DO BRASIL
16
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS
PERSPECTIVAS DA MARINHA DO BRASIL
18
7 CONCLUSAtildeO 21
REFEREcircNCIAS 24
4
1 INTRODUCcedilAtildeO
No cenaacuterio geopoliacutetico atual o Atlacircntico Sul tem uma grande importacircncia
estrateacutegica para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima importante para o comeacutercio de diversos
paiacuteses e principalmente para o Brasil
Aleacutem disso o nosso litoral eacute muito extenso e possui inuacutemeras riquezas naturais
tais como a pesca e o petroacuteleo Considerando a Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e a
Plataforma Continental (PC) brasileira constata-se a existecircncia de uma aacuterea mariacutetima
medindo quase 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados equivalente a cerca de 52 do
territoacuterio nacional e de maior extensatildeo que a ldquoAmazocircnia Verderdquo Essa aacuterea mariacutetima eacute
chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo e como toda fonte de riqueza pode se tornar objeto de cobiccedila
internacional Eacute vaacutelido ressaltar que grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da
grandiosidade da quantidade de riquezas existentes e da importacircncia para o Brasil da
Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005)
Por outro lado consegue-se identificar uma seacuterie de vulnerabilidades na
Amazocircnia Azul tais como a dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo a
grande extensatildeo de nossa ZEE e da PC a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC e
a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais induacutestrias na faixa litoracircnea ao alcance de
possiacuteveis ataques vindos do mar (VIDIGAL 2006)
Juntamente com essas vulnerabilidades natildeo se pode desconsiderar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas (ABREU 2007)
e a reativaccedilatildeo da IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
(VIDIGAL 2008)
Nesse contexto constata-se a necessidade premente de defender essa aacuterea
mariacutetima tatildeo importante para o Brasil e o esforccedilo principal nessa defesa poderaacute ser realizado
pela Marinha do Brasil
Infelizmente nos uacuteltimos anos o Niacutevel Poliacutetico natildeo tem dado uma grande
importacircncia a essa defesa o que tem acarretado uma disponibilizaccedilatildeo de recursos
orccedilamentaacuterios insuficientes para a manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais bem como para
o reaparelhamento da Marinha do Brasil
O propoacutesito desta monografia eacute analisar a importacircncia da Marinha do Brasil na
defesa da Amazocircnia Azul enfatizando a importacircncia geopoliacutetica dessa aacuterea o papel exercido
pela Marinha do Brasil a situaccedilatildeo dos meios necessaacuterios para realizar essa defesa e as
5
perspectivas futuras verificando a possibilidade de manutenccedilatildeo de um Poder Naval1 que
realize essa defesa e seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
______________ 1 Entende-se por Poder Naval a componente militar do Poder Mariacutetimo (BRASIL 2004)
6
2 A AMAZOcircNIA AZUL
A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) foi ratificada
por 148 paiacuteses incluindo o Brasil Nessa convenccedilatildeo ficou estabelecido que todos os recursos
econocircmicos localizados na massa liacutequida sobre o leito do mar e no subsolo marinho ao longo
de uma faixa de ateacute 200 milhas naacuteuticas satildeo de propriedade do Estado costeiro chamada
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) Em alguns casos a Plataforma Continental (PC)
que eacute o prolongamento natural da massa terrestre desse Estado pode se estender ateacute 350
milhas naacuteuticas No caso do Brasil a soma da ZEE com a PC resulta numa aacuterea de 45
milhotildees de quilocircmetros quadrados repleta de riquezas e que acrescenta ao paiacutes uma aacuterea com
mais de 52 de sua extensatildeo territorial Essa aacuterea eacute chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo
(CARVALHO 2005)
Nossa imensa Amazocircnia Azul jaacute se encontra registrada na Poliacutetica de Defesa
Nacional (PDN) da seguinte maneira
[] 45 O mar sempre esteve relacionado com o progresso do Brasil desde o seu
descobrimento A natural vocaccedilatildeo mariacutetima brasileira eacute respaldada pelo seu extenso
litoral e pela importacircncia estrateacutegica que representa o Atlacircntico Sul A Convenccedilatildeo
das Naccedilotildees Unidas sobre Direito do Mar permitiu ao Brasil estender os limites da
sua Plataforma Continental e exercer o direito de jurisdiccedilatildeo sobre os recursos
econocircmicos em uma aacuterea de cerca de 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados regiatildeo
de vital importacircncia para o Paiacutes uma verdadeira Amazocircnia Azul Nessa imensa
aacuterea estatildeo as maiores reservas de petroacuteleo e gaacutes fontes de energia imprescindiacuteveis
para o desenvolvimento do Paiacutes aleacutem da existecircncia de potencial pesqueiro A
globalizaccedilatildeo aumentou a interdependecircncia econocircmica dos paiacuteses e
consequumlentemente o fluxo de cargas No Brasil o transporte mariacutetimo eacute
responsaacutevel por movimentar a quase totalidade do comeacutercio exterior [] (BRASIL
2005 p5)
A quantidade de recursos econocircmicos existentes e a responsabilidade do paiacutes na
garantia dos mesmos leva ao estudo da Amazocircnia Azul sob o enfoque de quatro grandes
vertentes a econocircmica a ambiental a cientiacutefica e a de soberania (BRASIL 2009)
Na vertente econocircmica constata-se que 95 do nosso comeacutercio exterior eacute
transportado por via mariacutetima No ano de 2008 a soma das importaccedilotildees e exportaccedilotildees
totalizou um montante da ordem de US$ 3711 bilhotildees2 Nesse sentido verifica-se a grande
dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao comeacutercio mariacutetimo
Nessa vertente um produto muito importante eacute o petroacuteleo O Brasil extrai no mar
mais de 80 do seu petroacuteleo e alcanccedilou a sua autossuficiecircncia Levando-se em consideraccedilatildeo a
______________ 2 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo wwwdesenvolvimentogovbrsitiointernainternaphparea=58menu=571
7
recente descoberta de grandes reservas de petroacuteleo nos campos do preacute-sal3 entre o litoral do
Espiacuterito Santo e de Santa Catarina verifica-se como esse recurso natural diretamente ligado
ao mar eacute importante para o paiacutes Aleacutem do petroacuteleo eacute vaacutelido ressaltar os grandes depoacutesitos de
gaacutes natural descobertos na bacia de Santos e no litoral do Espiacuterito Santo que consolidaratildeo
esse produto no mercado brasileiro merecendo destaque como um importante combustiacutevel no
seacuteculo XXI (BRASIL 2009)
Um outro importantiacutessimo recurso natural da Amazocircnia Azul eacute a pesca que vem
sendo realizada praticamente de maneira artesanal Se essa atividade fosse bem aproveitada
poderia gerar muitos empregos para o paiacutes Nesse campo o Brasil tem um grande caminho
ainda a percorrer (BRASIL 2009)
Uma outra potencialidade dessa vertente da Amazocircnia Azul satildeo os noacutedulos
polimetaacutelicos encontrados no leito do mar que satildeo formados por concentraccedilotildees de oacutexidos de
ferro e manganecircs aleacutem de niacutequel cobre e cobalto No futuro caso as jazidas terrestres se
esgotem esses recursos tornar-se-atildeo importantes fontes de riqueza Nessa vertente natildeo se
pode deixar de ressaltar a importacircncia do turismo e dos esportes naacuteuticos atividades que estatildeo
se desenvolvendo de maneira acelerada no Brasil devido agrave beleza e a imensidatildeo de sua costa
aleacutem do clima propiacutecio agrave praacutetica dessas atividades (BRASIL 2009)
Na vertente ambiental o principal objetivo no acircmbito internacional eacute o uso
racional do mar que vem sendo perseguido internacionalmente por meio de organismos
governamentais e natildeo-governamentais No Brasil destacam-se uma seacuterie de programas de
preservaccedilatildeo ambiental envolvendo a conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo com relaccedilatildeo a esse tema e
a busca pelo desenvolvimento sustentaacutevel4 com a participaccedilatildeo conjunta da Marinha do Brasil
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) de
vaacuterios oacutergatildeos estaduais e municipais aleacutem de organizaccedilotildees natildeo-governamentais (BRASIL
2009)
Na vertente cientiacutefica destaca-se a existecircncia de uma seacuterie de projetos que visam o
uso racional do mar voltados para a aacuterea cientiacutefica O Comandante da Marinha coordena a
______________ 3 Entende-se por camada preacute-sal a faixa que se estende ao longo de 800 quilocircmetros entre os Estados do Espiacuterito
Santo e Santa Catarina abaixo do leito do mar e engloba trecircs bacias sedimentares (Espiacuterito Santo Campos e
Santos) O petroacuteleo encontrado nesta aacuterea estaacute a profundidades que superam os 7 mil metros abaixo de uma
extensa camada de sal que segundo geoacutelogos conservam a qualidade do petroacuteleo Disponiacutevel no endereccedilo
wwwfolhauolcombrfolhadinheiroUlt91u440468shtml 4 Entende-se por desenvolvimento sustentaacutevel a forma de desenvolvimento que natildeo agride o meio ambiente de
maneira que natildeo prejudica o desenvolvimento vindouro ou seja eacute uma forma de desenvolver sem criar
problemas que possam atrapalhar ou impedir o desenvolvimento no futuro Disponiacutevel no site
wwwbrasilescolacombr
8
Comissatildeo Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com representantes de quinze
Ministeacuterios e Instituiccedilotildees responsaacuteveis por uma seacuterie de accedilotildees que visam o uso racional das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras Aleacutem disso destacam-se alguns projetos tais como o
REMPLAC5 o REVIZEE
6 o PROMAR
7 o PROARQUIPELAGO
8 e o GOOSBRASIL
9
(BRASIL 2009)
Na opiniatildeo deste autor a vertente da soberania eacute a mais importante de todas pois
na Amazocircnia Azul os limites das aacuteguas jurisdicionais brasileiras natildeo existem fisicamente
apenas juridicamente Tais limites satildeo linhas sobre o mar e sendo assim a uacutenica forma de
garanti-los eacute utilizar os navios da Marinha do Brasil patrulhando ou realizando accedilotildees de
presenccedila nessas aacutereas mariacutetimas com suas aeronaves orgacircnicas e com o apoio de aeronaves
da Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB) (BRASIL 2009)
Agrave luz dessas quatro vertentes constata-se a grande importacircncia da Amazocircnia Azul
e a imensa responsabilidade que o Brasil possui na defesa desse gigantesco patrimocircnio diante
da cobiccedila e de possiacuteveis agressotildees dos eventuais adversaacuterios (CARVALHO 2005) Esse
pensamento foi resumido pelo Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimaratildees Carvalho
dizendo que ldquoToda riqueza acaba por se tornar objeto de cobiccedila impondo ao detentor o ocircnus
da proteccedilatildeordquo (CARVALHO 2005 p17) Essa responsabilidade nacional na defesa da nossa
Amazocircnia Azul em sua maior parte cabe agrave Marinha do Brasil atraveacutes do Poder Naval
Infelizmente a maior parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem consciecircncia dos
direitos do nosso paiacutes nas aacutereas mariacutetimas previstas na CNUDM bem como da importacircncia
estrateacutegica da Amazocircnia Azul Esse fato provavelmente contribuiu para a pouca importacircncia
dispensada pelos governantes agrave implantaccedilatildeo de poliacuteticas que visassem o aproveitamento das
riquezas bem como a disponibilizaccedilatildeo de recursos suficientes para a manutenccedilatildeo de um
Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005) Assim
CARVALHO ressaltou que
Para tal a Marinha tem que ter meios e haacute que se ter em mente que como dizia Rui
Barbosa esquadras natildeo se improvisam Para que em futuro proacuteximo se possa
dispor de uma estrutura capaz de fazer valer nossos direitos no mar eacute preciso que
sejam delineadas e implementadas poliacuteticas para a exploraccedilatildeo nacional e sustentada
das riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem como que sejam alocados os meios
necessaacuterios para a vigilacircncia a defesa e a proteccedilatildeo dos interesses do Brasil no mar
(CARVALHO 2005 p19)
______________ 5 Programa de Avaliaccedilatildeo da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Brasileira (BRASIL 2009)
6 Programa de Avaliaccedilatildeo do Potencial Sustentaacutevel dos Recursos Vivos da Zona Economicamente Exclusiva
(BRASIL 2009) 7 Programa de Mentalidade Mariacutetima (BRASIL 2009)
8 Programa Arquipeacutelago de Satildeo Pedro e Satildeo Paulo (BRASIL 2009)
9 Programa Piloto do Sistema Global de Observaccedilatildeo de Oceanos (BRASIL 2009)
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
2
CC JORGE JOSEacute DE MORAES RULFF
A IMPORTAcircNCIA DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Rio de Janeiro
Escola de Guerra Naval
2009
Monografia apresentada agrave Escola de Guerra
Naval como requisito parcial para a conclusatildeo do
Curso de Estado-Maior para Oficiais Superiores
Orientador CF Renato Luis Garcez Kopezynski
3
RESUMO
O litoral brasileiro eacute muito extenso possui inuacutemeras riquezas naturais e considerando a sua
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e a Plataforma Continental (PC) constata-se a
existecircncia de uma aacuterea mariacutetima medindo quase 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados
equivalente a cerca de 52 do territoacuterio nacional e de maior extensatildeo que a ldquoAmazocircnia
Verderdquo chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo Inicialmente descreve a Amazocircnia Azul agrave luz das
suas quatro vertentes Em seguida apresenta uma siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica e
destaca a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o Brasil Analisa o papel exercido
pela Marinha do Brasil na Defesa da Amazocircnia Azul Analisa a mentalidade mariacutetima do
povo brasileiro recorrendo a fatos histoacutericos e apresenta a situaccedilatildeo atual dos meios da
Marinha no que diz respeito agrave manutenccedilatildeo e ao adestramento de suas tripulaccedilotildees Aleacutem disso
analisa os principais pontos da Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e destaca as novas
perspectivas da Marinha Finalmente conclui que para defender a Amazocircnia Azul a Marinha
deve possuir um Poder Naval forte que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses
estrateacutegicos do Brasil e para que isso ocorra tornam-se necessaacuterias a adoccedilatildeo de poliacuteticas
nacionais que permitam um aporte regular de recursos para que a Marinha consiga se
reaparelhar e realizar a manutenccedilatildeo de seus meios
Palavras-chave Geopoliacutetica Amazocircnia Azul Mentalidade Mariacutetima Defesa Nacional
Atlacircntico Sul
4
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeOhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 4
2 A AMAZOcircNIA AZUL 6
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO
ATUAL
10
31 O Conceito de Geopoliacutetica 10
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade 11
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA
AZUL
13
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA
MARINHA DO BRASIL
16
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS
PERSPECTIVAS DA MARINHA DO BRASIL
18
7 CONCLUSAtildeO 21
REFEREcircNCIAS 24
4
1 INTRODUCcedilAtildeO
No cenaacuterio geopoliacutetico atual o Atlacircntico Sul tem uma grande importacircncia
estrateacutegica para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima importante para o comeacutercio de diversos
paiacuteses e principalmente para o Brasil
Aleacutem disso o nosso litoral eacute muito extenso e possui inuacutemeras riquezas naturais
tais como a pesca e o petroacuteleo Considerando a Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e a
Plataforma Continental (PC) brasileira constata-se a existecircncia de uma aacuterea mariacutetima
medindo quase 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados equivalente a cerca de 52 do
territoacuterio nacional e de maior extensatildeo que a ldquoAmazocircnia Verderdquo Essa aacuterea mariacutetima eacute
chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo e como toda fonte de riqueza pode se tornar objeto de cobiccedila
internacional Eacute vaacutelido ressaltar que grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da
grandiosidade da quantidade de riquezas existentes e da importacircncia para o Brasil da
Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005)
Por outro lado consegue-se identificar uma seacuterie de vulnerabilidades na
Amazocircnia Azul tais como a dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo a
grande extensatildeo de nossa ZEE e da PC a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC e
a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais induacutestrias na faixa litoracircnea ao alcance de
possiacuteveis ataques vindos do mar (VIDIGAL 2006)
Juntamente com essas vulnerabilidades natildeo se pode desconsiderar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas (ABREU 2007)
e a reativaccedilatildeo da IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
(VIDIGAL 2008)
Nesse contexto constata-se a necessidade premente de defender essa aacuterea
mariacutetima tatildeo importante para o Brasil e o esforccedilo principal nessa defesa poderaacute ser realizado
pela Marinha do Brasil
Infelizmente nos uacuteltimos anos o Niacutevel Poliacutetico natildeo tem dado uma grande
importacircncia a essa defesa o que tem acarretado uma disponibilizaccedilatildeo de recursos
orccedilamentaacuterios insuficientes para a manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais bem como para
o reaparelhamento da Marinha do Brasil
O propoacutesito desta monografia eacute analisar a importacircncia da Marinha do Brasil na
defesa da Amazocircnia Azul enfatizando a importacircncia geopoliacutetica dessa aacuterea o papel exercido
pela Marinha do Brasil a situaccedilatildeo dos meios necessaacuterios para realizar essa defesa e as
5
perspectivas futuras verificando a possibilidade de manutenccedilatildeo de um Poder Naval1 que
realize essa defesa e seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
______________ 1 Entende-se por Poder Naval a componente militar do Poder Mariacutetimo (BRASIL 2004)
6
2 A AMAZOcircNIA AZUL
A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) foi ratificada
por 148 paiacuteses incluindo o Brasil Nessa convenccedilatildeo ficou estabelecido que todos os recursos
econocircmicos localizados na massa liacutequida sobre o leito do mar e no subsolo marinho ao longo
de uma faixa de ateacute 200 milhas naacuteuticas satildeo de propriedade do Estado costeiro chamada
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) Em alguns casos a Plataforma Continental (PC)
que eacute o prolongamento natural da massa terrestre desse Estado pode se estender ateacute 350
milhas naacuteuticas No caso do Brasil a soma da ZEE com a PC resulta numa aacuterea de 45
milhotildees de quilocircmetros quadrados repleta de riquezas e que acrescenta ao paiacutes uma aacuterea com
mais de 52 de sua extensatildeo territorial Essa aacuterea eacute chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo
(CARVALHO 2005)
Nossa imensa Amazocircnia Azul jaacute se encontra registrada na Poliacutetica de Defesa
Nacional (PDN) da seguinte maneira
[] 45 O mar sempre esteve relacionado com o progresso do Brasil desde o seu
descobrimento A natural vocaccedilatildeo mariacutetima brasileira eacute respaldada pelo seu extenso
litoral e pela importacircncia estrateacutegica que representa o Atlacircntico Sul A Convenccedilatildeo
das Naccedilotildees Unidas sobre Direito do Mar permitiu ao Brasil estender os limites da
sua Plataforma Continental e exercer o direito de jurisdiccedilatildeo sobre os recursos
econocircmicos em uma aacuterea de cerca de 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados regiatildeo
de vital importacircncia para o Paiacutes uma verdadeira Amazocircnia Azul Nessa imensa
aacuterea estatildeo as maiores reservas de petroacuteleo e gaacutes fontes de energia imprescindiacuteveis
para o desenvolvimento do Paiacutes aleacutem da existecircncia de potencial pesqueiro A
globalizaccedilatildeo aumentou a interdependecircncia econocircmica dos paiacuteses e
consequumlentemente o fluxo de cargas No Brasil o transporte mariacutetimo eacute
responsaacutevel por movimentar a quase totalidade do comeacutercio exterior [] (BRASIL
2005 p5)
A quantidade de recursos econocircmicos existentes e a responsabilidade do paiacutes na
garantia dos mesmos leva ao estudo da Amazocircnia Azul sob o enfoque de quatro grandes
vertentes a econocircmica a ambiental a cientiacutefica e a de soberania (BRASIL 2009)
Na vertente econocircmica constata-se que 95 do nosso comeacutercio exterior eacute
transportado por via mariacutetima No ano de 2008 a soma das importaccedilotildees e exportaccedilotildees
totalizou um montante da ordem de US$ 3711 bilhotildees2 Nesse sentido verifica-se a grande
dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao comeacutercio mariacutetimo
Nessa vertente um produto muito importante eacute o petroacuteleo O Brasil extrai no mar
mais de 80 do seu petroacuteleo e alcanccedilou a sua autossuficiecircncia Levando-se em consideraccedilatildeo a
______________ 2 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo wwwdesenvolvimentogovbrsitiointernainternaphparea=58menu=571
7
recente descoberta de grandes reservas de petroacuteleo nos campos do preacute-sal3 entre o litoral do
Espiacuterito Santo e de Santa Catarina verifica-se como esse recurso natural diretamente ligado
ao mar eacute importante para o paiacutes Aleacutem do petroacuteleo eacute vaacutelido ressaltar os grandes depoacutesitos de
gaacutes natural descobertos na bacia de Santos e no litoral do Espiacuterito Santo que consolidaratildeo
esse produto no mercado brasileiro merecendo destaque como um importante combustiacutevel no
seacuteculo XXI (BRASIL 2009)
Um outro importantiacutessimo recurso natural da Amazocircnia Azul eacute a pesca que vem
sendo realizada praticamente de maneira artesanal Se essa atividade fosse bem aproveitada
poderia gerar muitos empregos para o paiacutes Nesse campo o Brasil tem um grande caminho
ainda a percorrer (BRASIL 2009)
Uma outra potencialidade dessa vertente da Amazocircnia Azul satildeo os noacutedulos
polimetaacutelicos encontrados no leito do mar que satildeo formados por concentraccedilotildees de oacutexidos de
ferro e manganecircs aleacutem de niacutequel cobre e cobalto No futuro caso as jazidas terrestres se
esgotem esses recursos tornar-se-atildeo importantes fontes de riqueza Nessa vertente natildeo se
pode deixar de ressaltar a importacircncia do turismo e dos esportes naacuteuticos atividades que estatildeo
se desenvolvendo de maneira acelerada no Brasil devido agrave beleza e a imensidatildeo de sua costa
aleacutem do clima propiacutecio agrave praacutetica dessas atividades (BRASIL 2009)
Na vertente ambiental o principal objetivo no acircmbito internacional eacute o uso
racional do mar que vem sendo perseguido internacionalmente por meio de organismos
governamentais e natildeo-governamentais No Brasil destacam-se uma seacuterie de programas de
preservaccedilatildeo ambiental envolvendo a conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo com relaccedilatildeo a esse tema e
a busca pelo desenvolvimento sustentaacutevel4 com a participaccedilatildeo conjunta da Marinha do Brasil
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) de
vaacuterios oacutergatildeos estaduais e municipais aleacutem de organizaccedilotildees natildeo-governamentais (BRASIL
2009)
Na vertente cientiacutefica destaca-se a existecircncia de uma seacuterie de projetos que visam o
uso racional do mar voltados para a aacuterea cientiacutefica O Comandante da Marinha coordena a
______________ 3 Entende-se por camada preacute-sal a faixa que se estende ao longo de 800 quilocircmetros entre os Estados do Espiacuterito
Santo e Santa Catarina abaixo do leito do mar e engloba trecircs bacias sedimentares (Espiacuterito Santo Campos e
Santos) O petroacuteleo encontrado nesta aacuterea estaacute a profundidades que superam os 7 mil metros abaixo de uma
extensa camada de sal que segundo geoacutelogos conservam a qualidade do petroacuteleo Disponiacutevel no endereccedilo
wwwfolhauolcombrfolhadinheiroUlt91u440468shtml 4 Entende-se por desenvolvimento sustentaacutevel a forma de desenvolvimento que natildeo agride o meio ambiente de
maneira que natildeo prejudica o desenvolvimento vindouro ou seja eacute uma forma de desenvolver sem criar
problemas que possam atrapalhar ou impedir o desenvolvimento no futuro Disponiacutevel no site
wwwbrasilescolacombr
8
Comissatildeo Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com representantes de quinze
Ministeacuterios e Instituiccedilotildees responsaacuteveis por uma seacuterie de accedilotildees que visam o uso racional das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras Aleacutem disso destacam-se alguns projetos tais como o
REMPLAC5 o REVIZEE
6 o PROMAR
7 o PROARQUIPELAGO
8 e o GOOSBRASIL
9
(BRASIL 2009)
Na opiniatildeo deste autor a vertente da soberania eacute a mais importante de todas pois
na Amazocircnia Azul os limites das aacuteguas jurisdicionais brasileiras natildeo existem fisicamente
apenas juridicamente Tais limites satildeo linhas sobre o mar e sendo assim a uacutenica forma de
garanti-los eacute utilizar os navios da Marinha do Brasil patrulhando ou realizando accedilotildees de
presenccedila nessas aacutereas mariacutetimas com suas aeronaves orgacircnicas e com o apoio de aeronaves
da Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB) (BRASIL 2009)
Agrave luz dessas quatro vertentes constata-se a grande importacircncia da Amazocircnia Azul
e a imensa responsabilidade que o Brasil possui na defesa desse gigantesco patrimocircnio diante
da cobiccedila e de possiacuteveis agressotildees dos eventuais adversaacuterios (CARVALHO 2005) Esse
pensamento foi resumido pelo Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimaratildees Carvalho
dizendo que ldquoToda riqueza acaba por se tornar objeto de cobiccedila impondo ao detentor o ocircnus
da proteccedilatildeordquo (CARVALHO 2005 p17) Essa responsabilidade nacional na defesa da nossa
Amazocircnia Azul em sua maior parte cabe agrave Marinha do Brasil atraveacutes do Poder Naval
Infelizmente a maior parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem consciecircncia dos
direitos do nosso paiacutes nas aacutereas mariacutetimas previstas na CNUDM bem como da importacircncia
estrateacutegica da Amazocircnia Azul Esse fato provavelmente contribuiu para a pouca importacircncia
dispensada pelos governantes agrave implantaccedilatildeo de poliacuteticas que visassem o aproveitamento das
riquezas bem como a disponibilizaccedilatildeo de recursos suficientes para a manutenccedilatildeo de um
Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005) Assim
CARVALHO ressaltou que
Para tal a Marinha tem que ter meios e haacute que se ter em mente que como dizia Rui
Barbosa esquadras natildeo se improvisam Para que em futuro proacuteximo se possa
dispor de uma estrutura capaz de fazer valer nossos direitos no mar eacute preciso que
sejam delineadas e implementadas poliacuteticas para a exploraccedilatildeo nacional e sustentada
das riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem como que sejam alocados os meios
necessaacuterios para a vigilacircncia a defesa e a proteccedilatildeo dos interesses do Brasil no mar
(CARVALHO 2005 p19)
______________ 5 Programa de Avaliaccedilatildeo da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Brasileira (BRASIL 2009)
6 Programa de Avaliaccedilatildeo do Potencial Sustentaacutevel dos Recursos Vivos da Zona Economicamente Exclusiva
(BRASIL 2009) 7 Programa de Mentalidade Mariacutetima (BRASIL 2009)
8 Programa Arquipeacutelago de Satildeo Pedro e Satildeo Paulo (BRASIL 2009)
9 Programa Piloto do Sistema Global de Observaccedilatildeo de Oceanos (BRASIL 2009)
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
3
RESUMO
O litoral brasileiro eacute muito extenso possui inuacutemeras riquezas naturais e considerando a sua
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e a Plataforma Continental (PC) constata-se a
existecircncia de uma aacuterea mariacutetima medindo quase 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados
equivalente a cerca de 52 do territoacuterio nacional e de maior extensatildeo que a ldquoAmazocircnia
Verderdquo chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo Inicialmente descreve a Amazocircnia Azul agrave luz das
suas quatro vertentes Em seguida apresenta uma siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica e
destaca a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o Brasil Analisa o papel exercido
pela Marinha do Brasil na Defesa da Amazocircnia Azul Analisa a mentalidade mariacutetima do
povo brasileiro recorrendo a fatos histoacutericos e apresenta a situaccedilatildeo atual dos meios da
Marinha no que diz respeito agrave manutenccedilatildeo e ao adestramento de suas tripulaccedilotildees Aleacutem disso
analisa os principais pontos da Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) e destaca as novas
perspectivas da Marinha Finalmente conclui que para defender a Amazocircnia Azul a Marinha
deve possuir um Poder Naval forte que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses
estrateacutegicos do Brasil e para que isso ocorra tornam-se necessaacuterias a adoccedilatildeo de poliacuteticas
nacionais que permitam um aporte regular de recursos para que a Marinha consiga se
reaparelhar e realizar a manutenccedilatildeo de seus meios
Palavras-chave Geopoliacutetica Amazocircnia Azul Mentalidade Mariacutetima Defesa Nacional
Atlacircntico Sul
4
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeOhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 4
2 A AMAZOcircNIA AZUL 6
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO
ATUAL
10
31 O Conceito de Geopoliacutetica 10
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade 11
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA
AZUL
13
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA
MARINHA DO BRASIL
16
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS
PERSPECTIVAS DA MARINHA DO BRASIL
18
7 CONCLUSAtildeO 21
REFEREcircNCIAS 24
4
1 INTRODUCcedilAtildeO
No cenaacuterio geopoliacutetico atual o Atlacircntico Sul tem uma grande importacircncia
estrateacutegica para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima importante para o comeacutercio de diversos
paiacuteses e principalmente para o Brasil
Aleacutem disso o nosso litoral eacute muito extenso e possui inuacutemeras riquezas naturais
tais como a pesca e o petroacuteleo Considerando a Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e a
Plataforma Continental (PC) brasileira constata-se a existecircncia de uma aacuterea mariacutetima
medindo quase 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados equivalente a cerca de 52 do
territoacuterio nacional e de maior extensatildeo que a ldquoAmazocircnia Verderdquo Essa aacuterea mariacutetima eacute
chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo e como toda fonte de riqueza pode se tornar objeto de cobiccedila
internacional Eacute vaacutelido ressaltar que grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da
grandiosidade da quantidade de riquezas existentes e da importacircncia para o Brasil da
Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005)
Por outro lado consegue-se identificar uma seacuterie de vulnerabilidades na
Amazocircnia Azul tais como a dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo a
grande extensatildeo de nossa ZEE e da PC a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC e
a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais induacutestrias na faixa litoracircnea ao alcance de
possiacuteveis ataques vindos do mar (VIDIGAL 2006)
Juntamente com essas vulnerabilidades natildeo se pode desconsiderar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas (ABREU 2007)
e a reativaccedilatildeo da IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
(VIDIGAL 2008)
Nesse contexto constata-se a necessidade premente de defender essa aacuterea
mariacutetima tatildeo importante para o Brasil e o esforccedilo principal nessa defesa poderaacute ser realizado
pela Marinha do Brasil
Infelizmente nos uacuteltimos anos o Niacutevel Poliacutetico natildeo tem dado uma grande
importacircncia a essa defesa o que tem acarretado uma disponibilizaccedilatildeo de recursos
orccedilamentaacuterios insuficientes para a manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais bem como para
o reaparelhamento da Marinha do Brasil
O propoacutesito desta monografia eacute analisar a importacircncia da Marinha do Brasil na
defesa da Amazocircnia Azul enfatizando a importacircncia geopoliacutetica dessa aacuterea o papel exercido
pela Marinha do Brasil a situaccedilatildeo dos meios necessaacuterios para realizar essa defesa e as
5
perspectivas futuras verificando a possibilidade de manutenccedilatildeo de um Poder Naval1 que
realize essa defesa e seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
______________ 1 Entende-se por Poder Naval a componente militar do Poder Mariacutetimo (BRASIL 2004)
6
2 A AMAZOcircNIA AZUL
A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) foi ratificada
por 148 paiacuteses incluindo o Brasil Nessa convenccedilatildeo ficou estabelecido que todos os recursos
econocircmicos localizados na massa liacutequida sobre o leito do mar e no subsolo marinho ao longo
de uma faixa de ateacute 200 milhas naacuteuticas satildeo de propriedade do Estado costeiro chamada
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) Em alguns casos a Plataforma Continental (PC)
que eacute o prolongamento natural da massa terrestre desse Estado pode se estender ateacute 350
milhas naacuteuticas No caso do Brasil a soma da ZEE com a PC resulta numa aacuterea de 45
milhotildees de quilocircmetros quadrados repleta de riquezas e que acrescenta ao paiacutes uma aacuterea com
mais de 52 de sua extensatildeo territorial Essa aacuterea eacute chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo
(CARVALHO 2005)
Nossa imensa Amazocircnia Azul jaacute se encontra registrada na Poliacutetica de Defesa
Nacional (PDN) da seguinte maneira
[] 45 O mar sempre esteve relacionado com o progresso do Brasil desde o seu
descobrimento A natural vocaccedilatildeo mariacutetima brasileira eacute respaldada pelo seu extenso
litoral e pela importacircncia estrateacutegica que representa o Atlacircntico Sul A Convenccedilatildeo
das Naccedilotildees Unidas sobre Direito do Mar permitiu ao Brasil estender os limites da
sua Plataforma Continental e exercer o direito de jurisdiccedilatildeo sobre os recursos
econocircmicos em uma aacuterea de cerca de 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados regiatildeo
de vital importacircncia para o Paiacutes uma verdadeira Amazocircnia Azul Nessa imensa
aacuterea estatildeo as maiores reservas de petroacuteleo e gaacutes fontes de energia imprescindiacuteveis
para o desenvolvimento do Paiacutes aleacutem da existecircncia de potencial pesqueiro A
globalizaccedilatildeo aumentou a interdependecircncia econocircmica dos paiacuteses e
consequumlentemente o fluxo de cargas No Brasil o transporte mariacutetimo eacute
responsaacutevel por movimentar a quase totalidade do comeacutercio exterior [] (BRASIL
2005 p5)
A quantidade de recursos econocircmicos existentes e a responsabilidade do paiacutes na
garantia dos mesmos leva ao estudo da Amazocircnia Azul sob o enfoque de quatro grandes
vertentes a econocircmica a ambiental a cientiacutefica e a de soberania (BRASIL 2009)
Na vertente econocircmica constata-se que 95 do nosso comeacutercio exterior eacute
transportado por via mariacutetima No ano de 2008 a soma das importaccedilotildees e exportaccedilotildees
totalizou um montante da ordem de US$ 3711 bilhotildees2 Nesse sentido verifica-se a grande
dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao comeacutercio mariacutetimo
Nessa vertente um produto muito importante eacute o petroacuteleo O Brasil extrai no mar
mais de 80 do seu petroacuteleo e alcanccedilou a sua autossuficiecircncia Levando-se em consideraccedilatildeo a
______________ 2 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo wwwdesenvolvimentogovbrsitiointernainternaphparea=58menu=571
7
recente descoberta de grandes reservas de petroacuteleo nos campos do preacute-sal3 entre o litoral do
Espiacuterito Santo e de Santa Catarina verifica-se como esse recurso natural diretamente ligado
ao mar eacute importante para o paiacutes Aleacutem do petroacuteleo eacute vaacutelido ressaltar os grandes depoacutesitos de
gaacutes natural descobertos na bacia de Santos e no litoral do Espiacuterito Santo que consolidaratildeo
esse produto no mercado brasileiro merecendo destaque como um importante combustiacutevel no
seacuteculo XXI (BRASIL 2009)
Um outro importantiacutessimo recurso natural da Amazocircnia Azul eacute a pesca que vem
sendo realizada praticamente de maneira artesanal Se essa atividade fosse bem aproveitada
poderia gerar muitos empregos para o paiacutes Nesse campo o Brasil tem um grande caminho
ainda a percorrer (BRASIL 2009)
Uma outra potencialidade dessa vertente da Amazocircnia Azul satildeo os noacutedulos
polimetaacutelicos encontrados no leito do mar que satildeo formados por concentraccedilotildees de oacutexidos de
ferro e manganecircs aleacutem de niacutequel cobre e cobalto No futuro caso as jazidas terrestres se
esgotem esses recursos tornar-se-atildeo importantes fontes de riqueza Nessa vertente natildeo se
pode deixar de ressaltar a importacircncia do turismo e dos esportes naacuteuticos atividades que estatildeo
se desenvolvendo de maneira acelerada no Brasil devido agrave beleza e a imensidatildeo de sua costa
aleacutem do clima propiacutecio agrave praacutetica dessas atividades (BRASIL 2009)
Na vertente ambiental o principal objetivo no acircmbito internacional eacute o uso
racional do mar que vem sendo perseguido internacionalmente por meio de organismos
governamentais e natildeo-governamentais No Brasil destacam-se uma seacuterie de programas de
preservaccedilatildeo ambiental envolvendo a conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo com relaccedilatildeo a esse tema e
a busca pelo desenvolvimento sustentaacutevel4 com a participaccedilatildeo conjunta da Marinha do Brasil
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) de
vaacuterios oacutergatildeos estaduais e municipais aleacutem de organizaccedilotildees natildeo-governamentais (BRASIL
2009)
Na vertente cientiacutefica destaca-se a existecircncia de uma seacuterie de projetos que visam o
uso racional do mar voltados para a aacuterea cientiacutefica O Comandante da Marinha coordena a
______________ 3 Entende-se por camada preacute-sal a faixa que se estende ao longo de 800 quilocircmetros entre os Estados do Espiacuterito
Santo e Santa Catarina abaixo do leito do mar e engloba trecircs bacias sedimentares (Espiacuterito Santo Campos e
Santos) O petroacuteleo encontrado nesta aacuterea estaacute a profundidades que superam os 7 mil metros abaixo de uma
extensa camada de sal que segundo geoacutelogos conservam a qualidade do petroacuteleo Disponiacutevel no endereccedilo
wwwfolhauolcombrfolhadinheiroUlt91u440468shtml 4 Entende-se por desenvolvimento sustentaacutevel a forma de desenvolvimento que natildeo agride o meio ambiente de
maneira que natildeo prejudica o desenvolvimento vindouro ou seja eacute uma forma de desenvolver sem criar
problemas que possam atrapalhar ou impedir o desenvolvimento no futuro Disponiacutevel no site
wwwbrasilescolacombr
8
Comissatildeo Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com representantes de quinze
Ministeacuterios e Instituiccedilotildees responsaacuteveis por uma seacuterie de accedilotildees que visam o uso racional das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras Aleacutem disso destacam-se alguns projetos tais como o
REMPLAC5 o REVIZEE
6 o PROMAR
7 o PROARQUIPELAGO
8 e o GOOSBRASIL
9
(BRASIL 2009)
Na opiniatildeo deste autor a vertente da soberania eacute a mais importante de todas pois
na Amazocircnia Azul os limites das aacuteguas jurisdicionais brasileiras natildeo existem fisicamente
apenas juridicamente Tais limites satildeo linhas sobre o mar e sendo assim a uacutenica forma de
garanti-los eacute utilizar os navios da Marinha do Brasil patrulhando ou realizando accedilotildees de
presenccedila nessas aacutereas mariacutetimas com suas aeronaves orgacircnicas e com o apoio de aeronaves
da Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB) (BRASIL 2009)
Agrave luz dessas quatro vertentes constata-se a grande importacircncia da Amazocircnia Azul
e a imensa responsabilidade que o Brasil possui na defesa desse gigantesco patrimocircnio diante
da cobiccedila e de possiacuteveis agressotildees dos eventuais adversaacuterios (CARVALHO 2005) Esse
pensamento foi resumido pelo Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimaratildees Carvalho
dizendo que ldquoToda riqueza acaba por se tornar objeto de cobiccedila impondo ao detentor o ocircnus
da proteccedilatildeordquo (CARVALHO 2005 p17) Essa responsabilidade nacional na defesa da nossa
Amazocircnia Azul em sua maior parte cabe agrave Marinha do Brasil atraveacutes do Poder Naval
Infelizmente a maior parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem consciecircncia dos
direitos do nosso paiacutes nas aacutereas mariacutetimas previstas na CNUDM bem como da importacircncia
estrateacutegica da Amazocircnia Azul Esse fato provavelmente contribuiu para a pouca importacircncia
dispensada pelos governantes agrave implantaccedilatildeo de poliacuteticas que visassem o aproveitamento das
riquezas bem como a disponibilizaccedilatildeo de recursos suficientes para a manutenccedilatildeo de um
Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005) Assim
CARVALHO ressaltou que
Para tal a Marinha tem que ter meios e haacute que se ter em mente que como dizia Rui
Barbosa esquadras natildeo se improvisam Para que em futuro proacuteximo se possa
dispor de uma estrutura capaz de fazer valer nossos direitos no mar eacute preciso que
sejam delineadas e implementadas poliacuteticas para a exploraccedilatildeo nacional e sustentada
das riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem como que sejam alocados os meios
necessaacuterios para a vigilacircncia a defesa e a proteccedilatildeo dos interesses do Brasil no mar
(CARVALHO 2005 p19)
______________ 5 Programa de Avaliaccedilatildeo da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Brasileira (BRASIL 2009)
6 Programa de Avaliaccedilatildeo do Potencial Sustentaacutevel dos Recursos Vivos da Zona Economicamente Exclusiva
(BRASIL 2009) 7 Programa de Mentalidade Mariacutetima (BRASIL 2009)
8 Programa Arquipeacutelago de Satildeo Pedro e Satildeo Paulo (BRASIL 2009)
9 Programa Piloto do Sistema Global de Observaccedilatildeo de Oceanos (BRASIL 2009)
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
4
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeOhelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 4
2 A AMAZOcircNIA AZUL 6
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO
ATUAL
10
31 O Conceito de Geopoliacutetica 10
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade 11
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA
AZUL
13
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA
MARINHA DO BRASIL
16
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS
PERSPECTIVAS DA MARINHA DO BRASIL
18
7 CONCLUSAtildeO 21
REFEREcircNCIAS 24
4
1 INTRODUCcedilAtildeO
No cenaacuterio geopoliacutetico atual o Atlacircntico Sul tem uma grande importacircncia
estrateacutegica para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima importante para o comeacutercio de diversos
paiacuteses e principalmente para o Brasil
Aleacutem disso o nosso litoral eacute muito extenso e possui inuacutemeras riquezas naturais
tais como a pesca e o petroacuteleo Considerando a Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e a
Plataforma Continental (PC) brasileira constata-se a existecircncia de uma aacuterea mariacutetima
medindo quase 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados equivalente a cerca de 52 do
territoacuterio nacional e de maior extensatildeo que a ldquoAmazocircnia Verderdquo Essa aacuterea mariacutetima eacute
chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo e como toda fonte de riqueza pode se tornar objeto de cobiccedila
internacional Eacute vaacutelido ressaltar que grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da
grandiosidade da quantidade de riquezas existentes e da importacircncia para o Brasil da
Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005)
Por outro lado consegue-se identificar uma seacuterie de vulnerabilidades na
Amazocircnia Azul tais como a dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo a
grande extensatildeo de nossa ZEE e da PC a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC e
a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais induacutestrias na faixa litoracircnea ao alcance de
possiacuteveis ataques vindos do mar (VIDIGAL 2006)
Juntamente com essas vulnerabilidades natildeo se pode desconsiderar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas (ABREU 2007)
e a reativaccedilatildeo da IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
(VIDIGAL 2008)
Nesse contexto constata-se a necessidade premente de defender essa aacuterea
mariacutetima tatildeo importante para o Brasil e o esforccedilo principal nessa defesa poderaacute ser realizado
pela Marinha do Brasil
Infelizmente nos uacuteltimos anos o Niacutevel Poliacutetico natildeo tem dado uma grande
importacircncia a essa defesa o que tem acarretado uma disponibilizaccedilatildeo de recursos
orccedilamentaacuterios insuficientes para a manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais bem como para
o reaparelhamento da Marinha do Brasil
O propoacutesito desta monografia eacute analisar a importacircncia da Marinha do Brasil na
defesa da Amazocircnia Azul enfatizando a importacircncia geopoliacutetica dessa aacuterea o papel exercido
pela Marinha do Brasil a situaccedilatildeo dos meios necessaacuterios para realizar essa defesa e as
5
perspectivas futuras verificando a possibilidade de manutenccedilatildeo de um Poder Naval1 que
realize essa defesa e seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
______________ 1 Entende-se por Poder Naval a componente militar do Poder Mariacutetimo (BRASIL 2004)
6
2 A AMAZOcircNIA AZUL
A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) foi ratificada
por 148 paiacuteses incluindo o Brasil Nessa convenccedilatildeo ficou estabelecido que todos os recursos
econocircmicos localizados na massa liacutequida sobre o leito do mar e no subsolo marinho ao longo
de uma faixa de ateacute 200 milhas naacuteuticas satildeo de propriedade do Estado costeiro chamada
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) Em alguns casos a Plataforma Continental (PC)
que eacute o prolongamento natural da massa terrestre desse Estado pode se estender ateacute 350
milhas naacuteuticas No caso do Brasil a soma da ZEE com a PC resulta numa aacuterea de 45
milhotildees de quilocircmetros quadrados repleta de riquezas e que acrescenta ao paiacutes uma aacuterea com
mais de 52 de sua extensatildeo territorial Essa aacuterea eacute chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo
(CARVALHO 2005)
Nossa imensa Amazocircnia Azul jaacute se encontra registrada na Poliacutetica de Defesa
Nacional (PDN) da seguinte maneira
[] 45 O mar sempre esteve relacionado com o progresso do Brasil desde o seu
descobrimento A natural vocaccedilatildeo mariacutetima brasileira eacute respaldada pelo seu extenso
litoral e pela importacircncia estrateacutegica que representa o Atlacircntico Sul A Convenccedilatildeo
das Naccedilotildees Unidas sobre Direito do Mar permitiu ao Brasil estender os limites da
sua Plataforma Continental e exercer o direito de jurisdiccedilatildeo sobre os recursos
econocircmicos em uma aacuterea de cerca de 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados regiatildeo
de vital importacircncia para o Paiacutes uma verdadeira Amazocircnia Azul Nessa imensa
aacuterea estatildeo as maiores reservas de petroacuteleo e gaacutes fontes de energia imprescindiacuteveis
para o desenvolvimento do Paiacutes aleacutem da existecircncia de potencial pesqueiro A
globalizaccedilatildeo aumentou a interdependecircncia econocircmica dos paiacuteses e
consequumlentemente o fluxo de cargas No Brasil o transporte mariacutetimo eacute
responsaacutevel por movimentar a quase totalidade do comeacutercio exterior [] (BRASIL
2005 p5)
A quantidade de recursos econocircmicos existentes e a responsabilidade do paiacutes na
garantia dos mesmos leva ao estudo da Amazocircnia Azul sob o enfoque de quatro grandes
vertentes a econocircmica a ambiental a cientiacutefica e a de soberania (BRASIL 2009)
Na vertente econocircmica constata-se que 95 do nosso comeacutercio exterior eacute
transportado por via mariacutetima No ano de 2008 a soma das importaccedilotildees e exportaccedilotildees
totalizou um montante da ordem de US$ 3711 bilhotildees2 Nesse sentido verifica-se a grande
dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao comeacutercio mariacutetimo
Nessa vertente um produto muito importante eacute o petroacuteleo O Brasil extrai no mar
mais de 80 do seu petroacuteleo e alcanccedilou a sua autossuficiecircncia Levando-se em consideraccedilatildeo a
______________ 2 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo wwwdesenvolvimentogovbrsitiointernainternaphparea=58menu=571
7
recente descoberta de grandes reservas de petroacuteleo nos campos do preacute-sal3 entre o litoral do
Espiacuterito Santo e de Santa Catarina verifica-se como esse recurso natural diretamente ligado
ao mar eacute importante para o paiacutes Aleacutem do petroacuteleo eacute vaacutelido ressaltar os grandes depoacutesitos de
gaacutes natural descobertos na bacia de Santos e no litoral do Espiacuterito Santo que consolidaratildeo
esse produto no mercado brasileiro merecendo destaque como um importante combustiacutevel no
seacuteculo XXI (BRASIL 2009)
Um outro importantiacutessimo recurso natural da Amazocircnia Azul eacute a pesca que vem
sendo realizada praticamente de maneira artesanal Se essa atividade fosse bem aproveitada
poderia gerar muitos empregos para o paiacutes Nesse campo o Brasil tem um grande caminho
ainda a percorrer (BRASIL 2009)
Uma outra potencialidade dessa vertente da Amazocircnia Azul satildeo os noacutedulos
polimetaacutelicos encontrados no leito do mar que satildeo formados por concentraccedilotildees de oacutexidos de
ferro e manganecircs aleacutem de niacutequel cobre e cobalto No futuro caso as jazidas terrestres se
esgotem esses recursos tornar-se-atildeo importantes fontes de riqueza Nessa vertente natildeo se
pode deixar de ressaltar a importacircncia do turismo e dos esportes naacuteuticos atividades que estatildeo
se desenvolvendo de maneira acelerada no Brasil devido agrave beleza e a imensidatildeo de sua costa
aleacutem do clima propiacutecio agrave praacutetica dessas atividades (BRASIL 2009)
Na vertente ambiental o principal objetivo no acircmbito internacional eacute o uso
racional do mar que vem sendo perseguido internacionalmente por meio de organismos
governamentais e natildeo-governamentais No Brasil destacam-se uma seacuterie de programas de
preservaccedilatildeo ambiental envolvendo a conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo com relaccedilatildeo a esse tema e
a busca pelo desenvolvimento sustentaacutevel4 com a participaccedilatildeo conjunta da Marinha do Brasil
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) de
vaacuterios oacutergatildeos estaduais e municipais aleacutem de organizaccedilotildees natildeo-governamentais (BRASIL
2009)
Na vertente cientiacutefica destaca-se a existecircncia de uma seacuterie de projetos que visam o
uso racional do mar voltados para a aacuterea cientiacutefica O Comandante da Marinha coordena a
______________ 3 Entende-se por camada preacute-sal a faixa que se estende ao longo de 800 quilocircmetros entre os Estados do Espiacuterito
Santo e Santa Catarina abaixo do leito do mar e engloba trecircs bacias sedimentares (Espiacuterito Santo Campos e
Santos) O petroacuteleo encontrado nesta aacuterea estaacute a profundidades que superam os 7 mil metros abaixo de uma
extensa camada de sal que segundo geoacutelogos conservam a qualidade do petroacuteleo Disponiacutevel no endereccedilo
wwwfolhauolcombrfolhadinheiroUlt91u440468shtml 4 Entende-se por desenvolvimento sustentaacutevel a forma de desenvolvimento que natildeo agride o meio ambiente de
maneira que natildeo prejudica o desenvolvimento vindouro ou seja eacute uma forma de desenvolver sem criar
problemas que possam atrapalhar ou impedir o desenvolvimento no futuro Disponiacutevel no site
wwwbrasilescolacombr
8
Comissatildeo Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com representantes de quinze
Ministeacuterios e Instituiccedilotildees responsaacuteveis por uma seacuterie de accedilotildees que visam o uso racional das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras Aleacutem disso destacam-se alguns projetos tais como o
REMPLAC5 o REVIZEE
6 o PROMAR
7 o PROARQUIPELAGO
8 e o GOOSBRASIL
9
(BRASIL 2009)
Na opiniatildeo deste autor a vertente da soberania eacute a mais importante de todas pois
na Amazocircnia Azul os limites das aacuteguas jurisdicionais brasileiras natildeo existem fisicamente
apenas juridicamente Tais limites satildeo linhas sobre o mar e sendo assim a uacutenica forma de
garanti-los eacute utilizar os navios da Marinha do Brasil patrulhando ou realizando accedilotildees de
presenccedila nessas aacutereas mariacutetimas com suas aeronaves orgacircnicas e com o apoio de aeronaves
da Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB) (BRASIL 2009)
Agrave luz dessas quatro vertentes constata-se a grande importacircncia da Amazocircnia Azul
e a imensa responsabilidade que o Brasil possui na defesa desse gigantesco patrimocircnio diante
da cobiccedila e de possiacuteveis agressotildees dos eventuais adversaacuterios (CARVALHO 2005) Esse
pensamento foi resumido pelo Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimaratildees Carvalho
dizendo que ldquoToda riqueza acaba por se tornar objeto de cobiccedila impondo ao detentor o ocircnus
da proteccedilatildeordquo (CARVALHO 2005 p17) Essa responsabilidade nacional na defesa da nossa
Amazocircnia Azul em sua maior parte cabe agrave Marinha do Brasil atraveacutes do Poder Naval
Infelizmente a maior parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem consciecircncia dos
direitos do nosso paiacutes nas aacutereas mariacutetimas previstas na CNUDM bem como da importacircncia
estrateacutegica da Amazocircnia Azul Esse fato provavelmente contribuiu para a pouca importacircncia
dispensada pelos governantes agrave implantaccedilatildeo de poliacuteticas que visassem o aproveitamento das
riquezas bem como a disponibilizaccedilatildeo de recursos suficientes para a manutenccedilatildeo de um
Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005) Assim
CARVALHO ressaltou que
Para tal a Marinha tem que ter meios e haacute que se ter em mente que como dizia Rui
Barbosa esquadras natildeo se improvisam Para que em futuro proacuteximo se possa
dispor de uma estrutura capaz de fazer valer nossos direitos no mar eacute preciso que
sejam delineadas e implementadas poliacuteticas para a exploraccedilatildeo nacional e sustentada
das riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem como que sejam alocados os meios
necessaacuterios para a vigilacircncia a defesa e a proteccedilatildeo dos interesses do Brasil no mar
(CARVALHO 2005 p19)
______________ 5 Programa de Avaliaccedilatildeo da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Brasileira (BRASIL 2009)
6 Programa de Avaliaccedilatildeo do Potencial Sustentaacutevel dos Recursos Vivos da Zona Economicamente Exclusiva
(BRASIL 2009) 7 Programa de Mentalidade Mariacutetima (BRASIL 2009)
8 Programa Arquipeacutelago de Satildeo Pedro e Satildeo Paulo (BRASIL 2009)
9 Programa Piloto do Sistema Global de Observaccedilatildeo de Oceanos (BRASIL 2009)
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
4
1 INTRODUCcedilAtildeO
No cenaacuterio geopoliacutetico atual o Atlacircntico Sul tem uma grande importacircncia
estrateacutegica para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima importante para o comeacutercio de diversos
paiacuteses e principalmente para o Brasil
Aleacutem disso o nosso litoral eacute muito extenso e possui inuacutemeras riquezas naturais
tais como a pesca e o petroacuteleo Considerando a Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e a
Plataforma Continental (PC) brasileira constata-se a existecircncia de uma aacuterea mariacutetima
medindo quase 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados equivalente a cerca de 52 do
territoacuterio nacional e de maior extensatildeo que a ldquoAmazocircnia Verderdquo Essa aacuterea mariacutetima eacute
chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo e como toda fonte de riqueza pode se tornar objeto de cobiccedila
internacional Eacute vaacutelido ressaltar que grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da
grandiosidade da quantidade de riquezas existentes e da importacircncia para o Brasil da
Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005)
Por outro lado consegue-se identificar uma seacuterie de vulnerabilidades na
Amazocircnia Azul tais como a dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo a
grande extensatildeo de nossa ZEE e da PC a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC e
a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais induacutestrias na faixa litoracircnea ao alcance de
possiacuteveis ataques vindos do mar (VIDIGAL 2006)
Juntamente com essas vulnerabilidades natildeo se pode desconsiderar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas (ABREU 2007)
e a reativaccedilatildeo da IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
(VIDIGAL 2008)
Nesse contexto constata-se a necessidade premente de defender essa aacuterea
mariacutetima tatildeo importante para o Brasil e o esforccedilo principal nessa defesa poderaacute ser realizado
pela Marinha do Brasil
Infelizmente nos uacuteltimos anos o Niacutevel Poliacutetico natildeo tem dado uma grande
importacircncia a essa defesa o que tem acarretado uma disponibilizaccedilatildeo de recursos
orccedilamentaacuterios insuficientes para a manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais bem como para
o reaparelhamento da Marinha do Brasil
O propoacutesito desta monografia eacute analisar a importacircncia da Marinha do Brasil na
defesa da Amazocircnia Azul enfatizando a importacircncia geopoliacutetica dessa aacuterea o papel exercido
pela Marinha do Brasil a situaccedilatildeo dos meios necessaacuterios para realizar essa defesa e as
5
perspectivas futuras verificando a possibilidade de manutenccedilatildeo de um Poder Naval1 que
realize essa defesa e seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
______________ 1 Entende-se por Poder Naval a componente militar do Poder Mariacutetimo (BRASIL 2004)
6
2 A AMAZOcircNIA AZUL
A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) foi ratificada
por 148 paiacuteses incluindo o Brasil Nessa convenccedilatildeo ficou estabelecido que todos os recursos
econocircmicos localizados na massa liacutequida sobre o leito do mar e no subsolo marinho ao longo
de uma faixa de ateacute 200 milhas naacuteuticas satildeo de propriedade do Estado costeiro chamada
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) Em alguns casos a Plataforma Continental (PC)
que eacute o prolongamento natural da massa terrestre desse Estado pode se estender ateacute 350
milhas naacuteuticas No caso do Brasil a soma da ZEE com a PC resulta numa aacuterea de 45
milhotildees de quilocircmetros quadrados repleta de riquezas e que acrescenta ao paiacutes uma aacuterea com
mais de 52 de sua extensatildeo territorial Essa aacuterea eacute chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo
(CARVALHO 2005)
Nossa imensa Amazocircnia Azul jaacute se encontra registrada na Poliacutetica de Defesa
Nacional (PDN) da seguinte maneira
[] 45 O mar sempre esteve relacionado com o progresso do Brasil desde o seu
descobrimento A natural vocaccedilatildeo mariacutetima brasileira eacute respaldada pelo seu extenso
litoral e pela importacircncia estrateacutegica que representa o Atlacircntico Sul A Convenccedilatildeo
das Naccedilotildees Unidas sobre Direito do Mar permitiu ao Brasil estender os limites da
sua Plataforma Continental e exercer o direito de jurisdiccedilatildeo sobre os recursos
econocircmicos em uma aacuterea de cerca de 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados regiatildeo
de vital importacircncia para o Paiacutes uma verdadeira Amazocircnia Azul Nessa imensa
aacuterea estatildeo as maiores reservas de petroacuteleo e gaacutes fontes de energia imprescindiacuteveis
para o desenvolvimento do Paiacutes aleacutem da existecircncia de potencial pesqueiro A
globalizaccedilatildeo aumentou a interdependecircncia econocircmica dos paiacuteses e
consequumlentemente o fluxo de cargas No Brasil o transporte mariacutetimo eacute
responsaacutevel por movimentar a quase totalidade do comeacutercio exterior [] (BRASIL
2005 p5)
A quantidade de recursos econocircmicos existentes e a responsabilidade do paiacutes na
garantia dos mesmos leva ao estudo da Amazocircnia Azul sob o enfoque de quatro grandes
vertentes a econocircmica a ambiental a cientiacutefica e a de soberania (BRASIL 2009)
Na vertente econocircmica constata-se que 95 do nosso comeacutercio exterior eacute
transportado por via mariacutetima No ano de 2008 a soma das importaccedilotildees e exportaccedilotildees
totalizou um montante da ordem de US$ 3711 bilhotildees2 Nesse sentido verifica-se a grande
dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao comeacutercio mariacutetimo
Nessa vertente um produto muito importante eacute o petroacuteleo O Brasil extrai no mar
mais de 80 do seu petroacuteleo e alcanccedilou a sua autossuficiecircncia Levando-se em consideraccedilatildeo a
______________ 2 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo wwwdesenvolvimentogovbrsitiointernainternaphparea=58menu=571
7
recente descoberta de grandes reservas de petroacuteleo nos campos do preacute-sal3 entre o litoral do
Espiacuterito Santo e de Santa Catarina verifica-se como esse recurso natural diretamente ligado
ao mar eacute importante para o paiacutes Aleacutem do petroacuteleo eacute vaacutelido ressaltar os grandes depoacutesitos de
gaacutes natural descobertos na bacia de Santos e no litoral do Espiacuterito Santo que consolidaratildeo
esse produto no mercado brasileiro merecendo destaque como um importante combustiacutevel no
seacuteculo XXI (BRASIL 2009)
Um outro importantiacutessimo recurso natural da Amazocircnia Azul eacute a pesca que vem
sendo realizada praticamente de maneira artesanal Se essa atividade fosse bem aproveitada
poderia gerar muitos empregos para o paiacutes Nesse campo o Brasil tem um grande caminho
ainda a percorrer (BRASIL 2009)
Uma outra potencialidade dessa vertente da Amazocircnia Azul satildeo os noacutedulos
polimetaacutelicos encontrados no leito do mar que satildeo formados por concentraccedilotildees de oacutexidos de
ferro e manganecircs aleacutem de niacutequel cobre e cobalto No futuro caso as jazidas terrestres se
esgotem esses recursos tornar-se-atildeo importantes fontes de riqueza Nessa vertente natildeo se
pode deixar de ressaltar a importacircncia do turismo e dos esportes naacuteuticos atividades que estatildeo
se desenvolvendo de maneira acelerada no Brasil devido agrave beleza e a imensidatildeo de sua costa
aleacutem do clima propiacutecio agrave praacutetica dessas atividades (BRASIL 2009)
Na vertente ambiental o principal objetivo no acircmbito internacional eacute o uso
racional do mar que vem sendo perseguido internacionalmente por meio de organismos
governamentais e natildeo-governamentais No Brasil destacam-se uma seacuterie de programas de
preservaccedilatildeo ambiental envolvendo a conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo com relaccedilatildeo a esse tema e
a busca pelo desenvolvimento sustentaacutevel4 com a participaccedilatildeo conjunta da Marinha do Brasil
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) de
vaacuterios oacutergatildeos estaduais e municipais aleacutem de organizaccedilotildees natildeo-governamentais (BRASIL
2009)
Na vertente cientiacutefica destaca-se a existecircncia de uma seacuterie de projetos que visam o
uso racional do mar voltados para a aacuterea cientiacutefica O Comandante da Marinha coordena a
______________ 3 Entende-se por camada preacute-sal a faixa que se estende ao longo de 800 quilocircmetros entre os Estados do Espiacuterito
Santo e Santa Catarina abaixo do leito do mar e engloba trecircs bacias sedimentares (Espiacuterito Santo Campos e
Santos) O petroacuteleo encontrado nesta aacuterea estaacute a profundidades que superam os 7 mil metros abaixo de uma
extensa camada de sal que segundo geoacutelogos conservam a qualidade do petroacuteleo Disponiacutevel no endereccedilo
wwwfolhauolcombrfolhadinheiroUlt91u440468shtml 4 Entende-se por desenvolvimento sustentaacutevel a forma de desenvolvimento que natildeo agride o meio ambiente de
maneira que natildeo prejudica o desenvolvimento vindouro ou seja eacute uma forma de desenvolver sem criar
problemas que possam atrapalhar ou impedir o desenvolvimento no futuro Disponiacutevel no site
wwwbrasilescolacombr
8
Comissatildeo Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com representantes de quinze
Ministeacuterios e Instituiccedilotildees responsaacuteveis por uma seacuterie de accedilotildees que visam o uso racional das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras Aleacutem disso destacam-se alguns projetos tais como o
REMPLAC5 o REVIZEE
6 o PROMAR
7 o PROARQUIPELAGO
8 e o GOOSBRASIL
9
(BRASIL 2009)
Na opiniatildeo deste autor a vertente da soberania eacute a mais importante de todas pois
na Amazocircnia Azul os limites das aacuteguas jurisdicionais brasileiras natildeo existem fisicamente
apenas juridicamente Tais limites satildeo linhas sobre o mar e sendo assim a uacutenica forma de
garanti-los eacute utilizar os navios da Marinha do Brasil patrulhando ou realizando accedilotildees de
presenccedila nessas aacutereas mariacutetimas com suas aeronaves orgacircnicas e com o apoio de aeronaves
da Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB) (BRASIL 2009)
Agrave luz dessas quatro vertentes constata-se a grande importacircncia da Amazocircnia Azul
e a imensa responsabilidade que o Brasil possui na defesa desse gigantesco patrimocircnio diante
da cobiccedila e de possiacuteveis agressotildees dos eventuais adversaacuterios (CARVALHO 2005) Esse
pensamento foi resumido pelo Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimaratildees Carvalho
dizendo que ldquoToda riqueza acaba por se tornar objeto de cobiccedila impondo ao detentor o ocircnus
da proteccedilatildeordquo (CARVALHO 2005 p17) Essa responsabilidade nacional na defesa da nossa
Amazocircnia Azul em sua maior parte cabe agrave Marinha do Brasil atraveacutes do Poder Naval
Infelizmente a maior parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem consciecircncia dos
direitos do nosso paiacutes nas aacutereas mariacutetimas previstas na CNUDM bem como da importacircncia
estrateacutegica da Amazocircnia Azul Esse fato provavelmente contribuiu para a pouca importacircncia
dispensada pelos governantes agrave implantaccedilatildeo de poliacuteticas que visassem o aproveitamento das
riquezas bem como a disponibilizaccedilatildeo de recursos suficientes para a manutenccedilatildeo de um
Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005) Assim
CARVALHO ressaltou que
Para tal a Marinha tem que ter meios e haacute que se ter em mente que como dizia Rui
Barbosa esquadras natildeo se improvisam Para que em futuro proacuteximo se possa
dispor de uma estrutura capaz de fazer valer nossos direitos no mar eacute preciso que
sejam delineadas e implementadas poliacuteticas para a exploraccedilatildeo nacional e sustentada
das riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem como que sejam alocados os meios
necessaacuterios para a vigilacircncia a defesa e a proteccedilatildeo dos interesses do Brasil no mar
(CARVALHO 2005 p19)
______________ 5 Programa de Avaliaccedilatildeo da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Brasileira (BRASIL 2009)
6 Programa de Avaliaccedilatildeo do Potencial Sustentaacutevel dos Recursos Vivos da Zona Economicamente Exclusiva
(BRASIL 2009) 7 Programa de Mentalidade Mariacutetima (BRASIL 2009)
8 Programa Arquipeacutelago de Satildeo Pedro e Satildeo Paulo (BRASIL 2009)
9 Programa Piloto do Sistema Global de Observaccedilatildeo de Oceanos (BRASIL 2009)
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
5
perspectivas futuras verificando a possibilidade de manutenccedilatildeo de um Poder Naval1 que
realize essa defesa e seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
______________ 1 Entende-se por Poder Naval a componente militar do Poder Mariacutetimo (BRASIL 2004)
6
2 A AMAZOcircNIA AZUL
A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) foi ratificada
por 148 paiacuteses incluindo o Brasil Nessa convenccedilatildeo ficou estabelecido que todos os recursos
econocircmicos localizados na massa liacutequida sobre o leito do mar e no subsolo marinho ao longo
de uma faixa de ateacute 200 milhas naacuteuticas satildeo de propriedade do Estado costeiro chamada
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) Em alguns casos a Plataforma Continental (PC)
que eacute o prolongamento natural da massa terrestre desse Estado pode se estender ateacute 350
milhas naacuteuticas No caso do Brasil a soma da ZEE com a PC resulta numa aacuterea de 45
milhotildees de quilocircmetros quadrados repleta de riquezas e que acrescenta ao paiacutes uma aacuterea com
mais de 52 de sua extensatildeo territorial Essa aacuterea eacute chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo
(CARVALHO 2005)
Nossa imensa Amazocircnia Azul jaacute se encontra registrada na Poliacutetica de Defesa
Nacional (PDN) da seguinte maneira
[] 45 O mar sempre esteve relacionado com o progresso do Brasil desde o seu
descobrimento A natural vocaccedilatildeo mariacutetima brasileira eacute respaldada pelo seu extenso
litoral e pela importacircncia estrateacutegica que representa o Atlacircntico Sul A Convenccedilatildeo
das Naccedilotildees Unidas sobre Direito do Mar permitiu ao Brasil estender os limites da
sua Plataforma Continental e exercer o direito de jurisdiccedilatildeo sobre os recursos
econocircmicos em uma aacuterea de cerca de 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados regiatildeo
de vital importacircncia para o Paiacutes uma verdadeira Amazocircnia Azul Nessa imensa
aacuterea estatildeo as maiores reservas de petroacuteleo e gaacutes fontes de energia imprescindiacuteveis
para o desenvolvimento do Paiacutes aleacutem da existecircncia de potencial pesqueiro A
globalizaccedilatildeo aumentou a interdependecircncia econocircmica dos paiacuteses e
consequumlentemente o fluxo de cargas No Brasil o transporte mariacutetimo eacute
responsaacutevel por movimentar a quase totalidade do comeacutercio exterior [] (BRASIL
2005 p5)
A quantidade de recursos econocircmicos existentes e a responsabilidade do paiacutes na
garantia dos mesmos leva ao estudo da Amazocircnia Azul sob o enfoque de quatro grandes
vertentes a econocircmica a ambiental a cientiacutefica e a de soberania (BRASIL 2009)
Na vertente econocircmica constata-se que 95 do nosso comeacutercio exterior eacute
transportado por via mariacutetima No ano de 2008 a soma das importaccedilotildees e exportaccedilotildees
totalizou um montante da ordem de US$ 3711 bilhotildees2 Nesse sentido verifica-se a grande
dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao comeacutercio mariacutetimo
Nessa vertente um produto muito importante eacute o petroacuteleo O Brasil extrai no mar
mais de 80 do seu petroacuteleo e alcanccedilou a sua autossuficiecircncia Levando-se em consideraccedilatildeo a
______________ 2 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo wwwdesenvolvimentogovbrsitiointernainternaphparea=58menu=571
7
recente descoberta de grandes reservas de petroacuteleo nos campos do preacute-sal3 entre o litoral do
Espiacuterito Santo e de Santa Catarina verifica-se como esse recurso natural diretamente ligado
ao mar eacute importante para o paiacutes Aleacutem do petroacuteleo eacute vaacutelido ressaltar os grandes depoacutesitos de
gaacutes natural descobertos na bacia de Santos e no litoral do Espiacuterito Santo que consolidaratildeo
esse produto no mercado brasileiro merecendo destaque como um importante combustiacutevel no
seacuteculo XXI (BRASIL 2009)
Um outro importantiacutessimo recurso natural da Amazocircnia Azul eacute a pesca que vem
sendo realizada praticamente de maneira artesanal Se essa atividade fosse bem aproveitada
poderia gerar muitos empregos para o paiacutes Nesse campo o Brasil tem um grande caminho
ainda a percorrer (BRASIL 2009)
Uma outra potencialidade dessa vertente da Amazocircnia Azul satildeo os noacutedulos
polimetaacutelicos encontrados no leito do mar que satildeo formados por concentraccedilotildees de oacutexidos de
ferro e manganecircs aleacutem de niacutequel cobre e cobalto No futuro caso as jazidas terrestres se
esgotem esses recursos tornar-se-atildeo importantes fontes de riqueza Nessa vertente natildeo se
pode deixar de ressaltar a importacircncia do turismo e dos esportes naacuteuticos atividades que estatildeo
se desenvolvendo de maneira acelerada no Brasil devido agrave beleza e a imensidatildeo de sua costa
aleacutem do clima propiacutecio agrave praacutetica dessas atividades (BRASIL 2009)
Na vertente ambiental o principal objetivo no acircmbito internacional eacute o uso
racional do mar que vem sendo perseguido internacionalmente por meio de organismos
governamentais e natildeo-governamentais No Brasil destacam-se uma seacuterie de programas de
preservaccedilatildeo ambiental envolvendo a conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo com relaccedilatildeo a esse tema e
a busca pelo desenvolvimento sustentaacutevel4 com a participaccedilatildeo conjunta da Marinha do Brasil
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) de
vaacuterios oacutergatildeos estaduais e municipais aleacutem de organizaccedilotildees natildeo-governamentais (BRASIL
2009)
Na vertente cientiacutefica destaca-se a existecircncia de uma seacuterie de projetos que visam o
uso racional do mar voltados para a aacuterea cientiacutefica O Comandante da Marinha coordena a
______________ 3 Entende-se por camada preacute-sal a faixa que se estende ao longo de 800 quilocircmetros entre os Estados do Espiacuterito
Santo e Santa Catarina abaixo do leito do mar e engloba trecircs bacias sedimentares (Espiacuterito Santo Campos e
Santos) O petroacuteleo encontrado nesta aacuterea estaacute a profundidades que superam os 7 mil metros abaixo de uma
extensa camada de sal que segundo geoacutelogos conservam a qualidade do petroacuteleo Disponiacutevel no endereccedilo
wwwfolhauolcombrfolhadinheiroUlt91u440468shtml 4 Entende-se por desenvolvimento sustentaacutevel a forma de desenvolvimento que natildeo agride o meio ambiente de
maneira que natildeo prejudica o desenvolvimento vindouro ou seja eacute uma forma de desenvolver sem criar
problemas que possam atrapalhar ou impedir o desenvolvimento no futuro Disponiacutevel no site
wwwbrasilescolacombr
8
Comissatildeo Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com representantes de quinze
Ministeacuterios e Instituiccedilotildees responsaacuteveis por uma seacuterie de accedilotildees que visam o uso racional das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras Aleacutem disso destacam-se alguns projetos tais como o
REMPLAC5 o REVIZEE
6 o PROMAR
7 o PROARQUIPELAGO
8 e o GOOSBRASIL
9
(BRASIL 2009)
Na opiniatildeo deste autor a vertente da soberania eacute a mais importante de todas pois
na Amazocircnia Azul os limites das aacuteguas jurisdicionais brasileiras natildeo existem fisicamente
apenas juridicamente Tais limites satildeo linhas sobre o mar e sendo assim a uacutenica forma de
garanti-los eacute utilizar os navios da Marinha do Brasil patrulhando ou realizando accedilotildees de
presenccedila nessas aacutereas mariacutetimas com suas aeronaves orgacircnicas e com o apoio de aeronaves
da Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB) (BRASIL 2009)
Agrave luz dessas quatro vertentes constata-se a grande importacircncia da Amazocircnia Azul
e a imensa responsabilidade que o Brasil possui na defesa desse gigantesco patrimocircnio diante
da cobiccedila e de possiacuteveis agressotildees dos eventuais adversaacuterios (CARVALHO 2005) Esse
pensamento foi resumido pelo Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimaratildees Carvalho
dizendo que ldquoToda riqueza acaba por se tornar objeto de cobiccedila impondo ao detentor o ocircnus
da proteccedilatildeordquo (CARVALHO 2005 p17) Essa responsabilidade nacional na defesa da nossa
Amazocircnia Azul em sua maior parte cabe agrave Marinha do Brasil atraveacutes do Poder Naval
Infelizmente a maior parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem consciecircncia dos
direitos do nosso paiacutes nas aacutereas mariacutetimas previstas na CNUDM bem como da importacircncia
estrateacutegica da Amazocircnia Azul Esse fato provavelmente contribuiu para a pouca importacircncia
dispensada pelos governantes agrave implantaccedilatildeo de poliacuteticas que visassem o aproveitamento das
riquezas bem como a disponibilizaccedilatildeo de recursos suficientes para a manutenccedilatildeo de um
Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005) Assim
CARVALHO ressaltou que
Para tal a Marinha tem que ter meios e haacute que se ter em mente que como dizia Rui
Barbosa esquadras natildeo se improvisam Para que em futuro proacuteximo se possa
dispor de uma estrutura capaz de fazer valer nossos direitos no mar eacute preciso que
sejam delineadas e implementadas poliacuteticas para a exploraccedilatildeo nacional e sustentada
das riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem como que sejam alocados os meios
necessaacuterios para a vigilacircncia a defesa e a proteccedilatildeo dos interesses do Brasil no mar
(CARVALHO 2005 p19)
______________ 5 Programa de Avaliaccedilatildeo da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Brasileira (BRASIL 2009)
6 Programa de Avaliaccedilatildeo do Potencial Sustentaacutevel dos Recursos Vivos da Zona Economicamente Exclusiva
(BRASIL 2009) 7 Programa de Mentalidade Mariacutetima (BRASIL 2009)
8 Programa Arquipeacutelago de Satildeo Pedro e Satildeo Paulo (BRASIL 2009)
9 Programa Piloto do Sistema Global de Observaccedilatildeo de Oceanos (BRASIL 2009)
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
6
2 A AMAZOcircNIA AZUL
A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) foi ratificada
por 148 paiacuteses incluindo o Brasil Nessa convenccedilatildeo ficou estabelecido que todos os recursos
econocircmicos localizados na massa liacutequida sobre o leito do mar e no subsolo marinho ao longo
de uma faixa de ateacute 200 milhas naacuteuticas satildeo de propriedade do Estado costeiro chamada
Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) Em alguns casos a Plataforma Continental (PC)
que eacute o prolongamento natural da massa terrestre desse Estado pode se estender ateacute 350
milhas naacuteuticas No caso do Brasil a soma da ZEE com a PC resulta numa aacuterea de 45
milhotildees de quilocircmetros quadrados repleta de riquezas e que acrescenta ao paiacutes uma aacuterea com
mais de 52 de sua extensatildeo territorial Essa aacuterea eacute chamada de ldquoAmazocircnia Azulrdquo
(CARVALHO 2005)
Nossa imensa Amazocircnia Azul jaacute se encontra registrada na Poliacutetica de Defesa
Nacional (PDN) da seguinte maneira
[] 45 O mar sempre esteve relacionado com o progresso do Brasil desde o seu
descobrimento A natural vocaccedilatildeo mariacutetima brasileira eacute respaldada pelo seu extenso
litoral e pela importacircncia estrateacutegica que representa o Atlacircntico Sul A Convenccedilatildeo
das Naccedilotildees Unidas sobre Direito do Mar permitiu ao Brasil estender os limites da
sua Plataforma Continental e exercer o direito de jurisdiccedilatildeo sobre os recursos
econocircmicos em uma aacuterea de cerca de 45 milhotildees de quilocircmetros quadrados regiatildeo
de vital importacircncia para o Paiacutes uma verdadeira Amazocircnia Azul Nessa imensa
aacuterea estatildeo as maiores reservas de petroacuteleo e gaacutes fontes de energia imprescindiacuteveis
para o desenvolvimento do Paiacutes aleacutem da existecircncia de potencial pesqueiro A
globalizaccedilatildeo aumentou a interdependecircncia econocircmica dos paiacuteses e
consequumlentemente o fluxo de cargas No Brasil o transporte mariacutetimo eacute
responsaacutevel por movimentar a quase totalidade do comeacutercio exterior [] (BRASIL
2005 p5)
A quantidade de recursos econocircmicos existentes e a responsabilidade do paiacutes na
garantia dos mesmos leva ao estudo da Amazocircnia Azul sob o enfoque de quatro grandes
vertentes a econocircmica a ambiental a cientiacutefica e a de soberania (BRASIL 2009)
Na vertente econocircmica constata-se que 95 do nosso comeacutercio exterior eacute
transportado por via mariacutetima No ano de 2008 a soma das importaccedilotildees e exportaccedilotildees
totalizou um montante da ordem de US$ 3711 bilhotildees2 Nesse sentido verifica-se a grande
dependecircncia do nosso paiacutes em relaccedilatildeo ao comeacutercio mariacutetimo
Nessa vertente um produto muito importante eacute o petroacuteleo O Brasil extrai no mar
mais de 80 do seu petroacuteleo e alcanccedilou a sua autossuficiecircncia Levando-se em consideraccedilatildeo a
______________ 2 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo wwwdesenvolvimentogovbrsitiointernainternaphparea=58menu=571
7
recente descoberta de grandes reservas de petroacuteleo nos campos do preacute-sal3 entre o litoral do
Espiacuterito Santo e de Santa Catarina verifica-se como esse recurso natural diretamente ligado
ao mar eacute importante para o paiacutes Aleacutem do petroacuteleo eacute vaacutelido ressaltar os grandes depoacutesitos de
gaacutes natural descobertos na bacia de Santos e no litoral do Espiacuterito Santo que consolidaratildeo
esse produto no mercado brasileiro merecendo destaque como um importante combustiacutevel no
seacuteculo XXI (BRASIL 2009)
Um outro importantiacutessimo recurso natural da Amazocircnia Azul eacute a pesca que vem
sendo realizada praticamente de maneira artesanal Se essa atividade fosse bem aproveitada
poderia gerar muitos empregos para o paiacutes Nesse campo o Brasil tem um grande caminho
ainda a percorrer (BRASIL 2009)
Uma outra potencialidade dessa vertente da Amazocircnia Azul satildeo os noacutedulos
polimetaacutelicos encontrados no leito do mar que satildeo formados por concentraccedilotildees de oacutexidos de
ferro e manganecircs aleacutem de niacutequel cobre e cobalto No futuro caso as jazidas terrestres se
esgotem esses recursos tornar-se-atildeo importantes fontes de riqueza Nessa vertente natildeo se
pode deixar de ressaltar a importacircncia do turismo e dos esportes naacuteuticos atividades que estatildeo
se desenvolvendo de maneira acelerada no Brasil devido agrave beleza e a imensidatildeo de sua costa
aleacutem do clima propiacutecio agrave praacutetica dessas atividades (BRASIL 2009)
Na vertente ambiental o principal objetivo no acircmbito internacional eacute o uso
racional do mar que vem sendo perseguido internacionalmente por meio de organismos
governamentais e natildeo-governamentais No Brasil destacam-se uma seacuterie de programas de
preservaccedilatildeo ambiental envolvendo a conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo com relaccedilatildeo a esse tema e
a busca pelo desenvolvimento sustentaacutevel4 com a participaccedilatildeo conjunta da Marinha do Brasil
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) de
vaacuterios oacutergatildeos estaduais e municipais aleacutem de organizaccedilotildees natildeo-governamentais (BRASIL
2009)
Na vertente cientiacutefica destaca-se a existecircncia de uma seacuterie de projetos que visam o
uso racional do mar voltados para a aacuterea cientiacutefica O Comandante da Marinha coordena a
______________ 3 Entende-se por camada preacute-sal a faixa que se estende ao longo de 800 quilocircmetros entre os Estados do Espiacuterito
Santo e Santa Catarina abaixo do leito do mar e engloba trecircs bacias sedimentares (Espiacuterito Santo Campos e
Santos) O petroacuteleo encontrado nesta aacuterea estaacute a profundidades que superam os 7 mil metros abaixo de uma
extensa camada de sal que segundo geoacutelogos conservam a qualidade do petroacuteleo Disponiacutevel no endereccedilo
wwwfolhauolcombrfolhadinheiroUlt91u440468shtml 4 Entende-se por desenvolvimento sustentaacutevel a forma de desenvolvimento que natildeo agride o meio ambiente de
maneira que natildeo prejudica o desenvolvimento vindouro ou seja eacute uma forma de desenvolver sem criar
problemas que possam atrapalhar ou impedir o desenvolvimento no futuro Disponiacutevel no site
wwwbrasilescolacombr
8
Comissatildeo Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com representantes de quinze
Ministeacuterios e Instituiccedilotildees responsaacuteveis por uma seacuterie de accedilotildees que visam o uso racional das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras Aleacutem disso destacam-se alguns projetos tais como o
REMPLAC5 o REVIZEE
6 o PROMAR
7 o PROARQUIPELAGO
8 e o GOOSBRASIL
9
(BRASIL 2009)
Na opiniatildeo deste autor a vertente da soberania eacute a mais importante de todas pois
na Amazocircnia Azul os limites das aacuteguas jurisdicionais brasileiras natildeo existem fisicamente
apenas juridicamente Tais limites satildeo linhas sobre o mar e sendo assim a uacutenica forma de
garanti-los eacute utilizar os navios da Marinha do Brasil patrulhando ou realizando accedilotildees de
presenccedila nessas aacutereas mariacutetimas com suas aeronaves orgacircnicas e com o apoio de aeronaves
da Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB) (BRASIL 2009)
Agrave luz dessas quatro vertentes constata-se a grande importacircncia da Amazocircnia Azul
e a imensa responsabilidade que o Brasil possui na defesa desse gigantesco patrimocircnio diante
da cobiccedila e de possiacuteveis agressotildees dos eventuais adversaacuterios (CARVALHO 2005) Esse
pensamento foi resumido pelo Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimaratildees Carvalho
dizendo que ldquoToda riqueza acaba por se tornar objeto de cobiccedila impondo ao detentor o ocircnus
da proteccedilatildeordquo (CARVALHO 2005 p17) Essa responsabilidade nacional na defesa da nossa
Amazocircnia Azul em sua maior parte cabe agrave Marinha do Brasil atraveacutes do Poder Naval
Infelizmente a maior parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem consciecircncia dos
direitos do nosso paiacutes nas aacutereas mariacutetimas previstas na CNUDM bem como da importacircncia
estrateacutegica da Amazocircnia Azul Esse fato provavelmente contribuiu para a pouca importacircncia
dispensada pelos governantes agrave implantaccedilatildeo de poliacuteticas que visassem o aproveitamento das
riquezas bem como a disponibilizaccedilatildeo de recursos suficientes para a manutenccedilatildeo de um
Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005) Assim
CARVALHO ressaltou que
Para tal a Marinha tem que ter meios e haacute que se ter em mente que como dizia Rui
Barbosa esquadras natildeo se improvisam Para que em futuro proacuteximo se possa
dispor de uma estrutura capaz de fazer valer nossos direitos no mar eacute preciso que
sejam delineadas e implementadas poliacuteticas para a exploraccedilatildeo nacional e sustentada
das riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem como que sejam alocados os meios
necessaacuterios para a vigilacircncia a defesa e a proteccedilatildeo dos interesses do Brasil no mar
(CARVALHO 2005 p19)
______________ 5 Programa de Avaliaccedilatildeo da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Brasileira (BRASIL 2009)
6 Programa de Avaliaccedilatildeo do Potencial Sustentaacutevel dos Recursos Vivos da Zona Economicamente Exclusiva
(BRASIL 2009) 7 Programa de Mentalidade Mariacutetima (BRASIL 2009)
8 Programa Arquipeacutelago de Satildeo Pedro e Satildeo Paulo (BRASIL 2009)
9 Programa Piloto do Sistema Global de Observaccedilatildeo de Oceanos (BRASIL 2009)
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
7
recente descoberta de grandes reservas de petroacuteleo nos campos do preacute-sal3 entre o litoral do
Espiacuterito Santo e de Santa Catarina verifica-se como esse recurso natural diretamente ligado
ao mar eacute importante para o paiacutes Aleacutem do petroacuteleo eacute vaacutelido ressaltar os grandes depoacutesitos de
gaacutes natural descobertos na bacia de Santos e no litoral do Espiacuterito Santo que consolidaratildeo
esse produto no mercado brasileiro merecendo destaque como um importante combustiacutevel no
seacuteculo XXI (BRASIL 2009)
Um outro importantiacutessimo recurso natural da Amazocircnia Azul eacute a pesca que vem
sendo realizada praticamente de maneira artesanal Se essa atividade fosse bem aproveitada
poderia gerar muitos empregos para o paiacutes Nesse campo o Brasil tem um grande caminho
ainda a percorrer (BRASIL 2009)
Uma outra potencialidade dessa vertente da Amazocircnia Azul satildeo os noacutedulos
polimetaacutelicos encontrados no leito do mar que satildeo formados por concentraccedilotildees de oacutexidos de
ferro e manganecircs aleacutem de niacutequel cobre e cobalto No futuro caso as jazidas terrestres se
esgotem esses recursos tornar-se-atildeo importantes fontes de riqueza Nessa vertente natildeo se
pode deixar de ressaltar a importacircncia do turismo e dos esportes naacuteuticos atividades que estatildeo
se desenvolvendo de maneira acelerada no Brasil devido agrave beleza e a imensidatildeo de sua costa
aleacutem do clima propiacutecio agrave praacutetica dessas atividades (BRASIL 2009)
Na vertente ambiental o principal objetivo no acircmbito internacional eacute o uso
racional do mar que vem sendo perseguido internacionalmente por meio de organismos
governamentais e natildeo-governamentais No Brasil destacam-se uma seacuterie de programas de
preservaccedilatildeo ambiental envolvendo a conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo com relaccedilatildeo a esse tema e
a busca pelo desenvolvimento sustentaacutevel4 com a participaccedilatildeo conjunta da Marinha do Brasil
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis (IBAMA) de
vaacuterios oacutergatildeos estaduais e municipais aleacutem de organizaccedilotildees natildeo-governamentais (BRASIL
2009)
Na vertente cientiacutefica destaca-se a existecircncia de uma seacuterie de projetos que visam o
uso racional do mar voltados para a aacuterea cientiacutefica O Comandante da Marinha coordena a
______________ 3 Entende-se por camada preacute-sal a faixa que se estende ao longo de 800 quilocircmetros entre os Estados do Espiacuterito
Santo e Santa Catarina abaixo do leito do mar e engloba trecircs bacias sedimentares (Espiacuterito Santo Campos e
Santos) O petroacuteleo encontrado nesta aacuterea estaacute a profundidades que superam os 7 mil metros abaixo de uma
extensa camada de sal que segundo geoacutelogos conservam a qualidade do petroacuteleo Disponiacutevel no endereccedilo
wwwfolhauolcombrfolhadinheiroUlt91u440468shtml 4 Entende-se por desenvolvimento sustentaacutevel a forma de desenvolvimento que natildeo agride o meio ambiente de
maneira que natildeo prejudica o desenvolvimento vindouro ou seja eacute uma forma de desenvolver sem criar
problemas que possam atrapalhar ou impedir o desenvolvimento no futuro Disponiacutevel no site
wwwbrasilescolacombr
8
Comissatildeo Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com representantes de quinze
Ministeacuterios e Instituiccedilotildees responsaacuteveis por uma seacuterie de accedilotildees que visam o uso racional das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras Aleacutem disso destacam-se alguns projetos tais como o
REMPLAC5 o REVIZEE
6 o PROMAR
7 o PROARQUIPELAGO
8 e o GOOSBRASIL
9
(BRASIL 2009)
Na opiniatildeo deste autor a vertente da soberania eacute a mais importante de todas pois
na Amazocircnia Azul os limites das aacuteguas jurisdicionais brasileiras natildeo existem fisicamente
apenas juridicamente Tais limites satildeo linhas sobre o mar e sendo assim a uacutenica forma de
garanti-los eacute utilizar os navios da Marinha do Brasil patrulhando ou realizando accedilotildees de
presenccedila nessas aacutereas mariacutetimas com suas aeronaves orgacircnicas e com o apoio de aeronaves
da Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB) (BRASIL 2009)
Agrave luz dessas quatro vertentes constata-se a grande importacircncia da Amazocircnia Azul
e a imensa responsabilidade que o Brasil possui na defesa desse gigantesco patrimocircnio diante
da cobiccedila e de possiacuteveis agressotildees dos eventuais adversaacuterios (CARVALHO 2005) Esse
pensamento foi resumido pelo Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimaratildees Carvalho
dizendo que ldquoToda riqueza acaba por se tornar objeto de cobiccedila impondo ao detentor o ocircnus
da proteccedilatildeordquo (CARVALHO 2005 p17) Essa responsabilidade nacional na defesa da nossa
Amazocircnia Azul em sua maior parte cabe agrave Marinha do Brasil atraveacutes do Poder Naval
Infelizmente a maior parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem consciecircncia dos
direitos do nosso paiacutes nas aacutereas mariacutetimas previstas na CNUDM bem como da importacircncia
estrateacutegica da Amazocircnia Azul Esse fato provavelmente contribuiu para a pouca importacircncia
dispensada pelos governantes agrave implantaccedilatildeo de poliacuteticas que visassem o aproveitamento das
riquezas bem como a disponibilizaccedilatildeo de recursos suficientes para a manutenccedilatildeo de um
Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005) Assim
CARVALHO ressaltou que
Para tal a Marinha tem que ter meios e haacute que se ter em mente que como dizia Rui
Barbosa esquadras natildeo se improvisam Para que em futuro proacuteximo se possa
dispor de uma estrutura capaz de fazer valer nossos direitos no mar eacute preciso que
sejam delineadas e implementadas poliacuteticas para a exploraccedilatildeo nacional e sustentada
das riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem como que sejam alocados os meios
necessaacuterios para a vigilacircncia a defesa e a proteccedilatildeo dos interesses do Brasil no mar
(CARVALHO 2005 p19)
______________ 5 Programa de Avaliaccedilatildeo da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Brasileira (BRASIL 2009)
6 Programa de Avaliaccedilatildeo do Potencial Sustentaacutevel dos Recursos Vivos da Zona Economicamente Exclusiva
(BRASIL 2009) 7 Programa de Mentalidade Mariacutetima (BRASIL 2009)
8 Programa Arquipeacutelago de Satildeo Pedro e Satildeo Paulo (BRASIL 2009)
9 Programa Piloto do Sistema Global de Observaccedilatildeo de Oceanos (BRASIL 2009)
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
8
Comissatildeo Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com representantes de quinze
Ministeacuterios e Instituiccedilotildees responsaacuteveis por uma seacuterie de accedilotildees que visam o uso racional das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras Aleacutem disso destacam-se alguns projetos tais como o
REMPLAC5 o REVIZEE
6 o PROMAR
7 o PROARQUIPELAGO
8 e o GOOSBRASIL
9
(BRASIL 2009)
Na opiniatildeo deste autor a vertente da soberania eacute a mais importante de todas pois
na Amazocircnia Azul os limites das aacuteguas jurisdicionais brasileiras natildeo existem fisicamente
apenas juridicamente Tais limites satildeo linhas sobre o mar e sendo assim a uacutenica forma de
garanti-los eacute utilizar os navios da Marinha do Brasil patrulhando ou realizando accedilotildees de
presenccedila nessas aacutereas mariacutetimas com suas aeronaves orgacircnicas e com o apoio de aeronaves
da Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB) (BRASIL 2009)
Agrave luz dessas quatro vertentes constata-se a grande importacircncia da Amazocircnia Azul
e a imensa responsabilidade que o Brasil possui na defesa desse gigantesco patrimocircnio diante
da cobiccedila e de possiacuteveis agressotildees dos eventuais adversaacuterios (CARVALHO 2005) Esse
pensamento foi resumido pelo Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimaratildees Carvalho
dizendo que ldquoToda riqueza acaba por se tornar objeto de cobiccedila impondo ao detentor o ocircnus
da proteccedilatildeordquo (CARVALHO 2005 p17) Essa responsabilidade nacional na defesa da nossa
Amazocircnia Azul em sua maior parte cabe agrave Marinha do Brasil atraveacutes do Poder Naval
Infelizmente a maior parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem consciecircncia dos
direitos do nosso paiacutes nas aacutereas mariacutetimas previstas na CNUDM bem como da importacircncia
estrateacutegica da Amazocircnia Azul Esse fato provavelmente contribuiu para a pouca importacircncia
dispensada pelos governantes agrave implantaccedilatildeo de poliacuteticas que visassem o aproveitamento das
riquezas bem como a disponibilizaccedilatildeo de recursos suficientes para a manutenccedilatildeo de um
Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia Azul (CARVALHO 2005) Assim
CARVALHO ressaltou que
Para tal a Marinha tem que ter meios e haacute que se ter em mente que como dizia Rui
Barbosa esquadras natildeo se improvisam Para que em futuro proacuteximo se possa
dispor de uma estrutura capaz de fazer valer nossos direitos no mar eacute preciso que
sejam delineadas e implementadas poliacuteticas para a exploraccedilatildeo nacional e sustentada
das riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem como que sejam alocados os meios
necessaacuterios para a vigilacircncia a defesa e a proteccedilatildeo dos interesses do Brasil no mar
(CARVALHO 2005 p19)
______________ 5 Programa de Avaliaccedilatildeo da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Brasileira (BRASIL 2009)
6 Programa de Avaliaccedilatildeo do Potencial Sustentaacutevel dos Recursos Vivos da Zona Economicamente Exclusiva
(BRASIL 2009) 7 Programa de Mentalidade Mariacutetima (BRASIL 2009)
8 Programa Arquipeacutelago de Satildeo Pedro e Satildeo Paulo (BRASIL 2009)
9 Programa Piloto do Sistema Global de Observaccedilatildeo de Oceanos (BRASIL 2009)
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
9
Com isso verifica-se a relevacircncia para o paiacutes da nossa Amazocircnia Azul
ressaltando as suas quatro vertentes com destaque para o aproveitamento de todas as suas
riquezas Essa importacircncia estaacute tambeacutem registrada na PDN que determina dentre outras as
seguintes orientaccedilotildees estrateacutegicas
[] 612 Em virtude da importacircncia estrateacutegica e da riqueza que abrigam a
Amazocircnia brasileira e o Atlacircntico Sul satildeo aacutereas prioritaacuterias para a Defesa Nacional
[]
[] 614 No Atlacircntico Sul eacute necessaacuterio que o Paiacutes disponha de meios com
capacidade de exercer a vigilacircncia e a defesa das aacuteguas jurisdicionais brasileiras
bem como manter a seguranccedila das linhas de comunicaccedilotildees mariacutetimas []
(BRASIL 2005 p 7)
Baseado na PDN constata-se a preocupaccedilatildeo do Niacutevel Poliacutetico com a defesa da
Amazocircnia Azul devido agrave sua importacircncia geopoliacutetica poreacutem como seraacute abordado mais
adiante isso ainda natildeo eacute o suficiente para cumprir a aacuterdua tarefa de defendecirc-la
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
10
3 A AMAZOcircNIA AZUL E O CENAacuteRIO GEOPOLIacuteTICO ATUAL
31 O Conceito de Geopoliacutetica
Napoleatildeo Bonaparte (1769-1821) declarou que ldquoA Poliacutetica de um Estado estaacute na
sua Geografiardquo (TOSTA 1984 p1) Esta declaraccedilatildeo jaacute continha uma ideacuteia de Geopoliacutetica
mostrando a estreita relaccedilatildeo das condiccedilotildees geograacuteficas de um Estado com o seu
desenvolvimento seguranccedila e relaccedilotildees internacionais (TOSTA 1984)
Mesmo que a ideacuteia de Geopoliacutetica jaacute tenha sido abordada por Napoleatildeo o alematildeo
Friedrich Ratzel (1844-1904) eacute considerado o precursor da Geopoliacutetica A sua teoria
destacava a influecircncia exercida pelos dois fatores geograacuteficos (espaccedilo e posiccedilatildeo) em todos os
fenocircmenos poliacuteticos e elaborou sete leis que ficaram conhecidas como as Leis do Crescimento
Espacial dos Estados ou Leis dos Espaccedilos Crescentes que explicavam a modificaccedilatildeo
geograacutefica dos espaccedilos poliacuteticos (TOSTA 1984)
Ao abordar a origem da Geopoliacutetica natildeo se pode deixar de citar a contribuiccedilatildeo do
sueco Rudolph Kjellen (1864-1922) que numa conferecircncia universitaacuteria empregou o termo
ldquogeopoliacuteticardquo pela primeira vez A sua obra mais importante foi ldquoO Estado como forma de
vidardquo aparecendo nessa a seguinte definiccedilatildeo de Geopoliacutetica ldquoCiecircncia que estuda o Estado
como organismo geograacutefico isto eacute como fenocircmeno localizado em certo espaccedilo da Terrardquo
(TOSTA 1984 p24) Assim levando em consideraccedilatildeo os fatores formadores de um Estado
ndash Territoacuterio Povo Economia Sociedade e Governo ndash dividiu a Poliacutetica em cinco ramos
distintos Geopoliacutetica Demopoliacutetica Ecopoliacutetica Sociopoliacutetica e Cratopoliacutetica Com isso a
Geopoliacutetica passava a investigar o territoacuterio como organizaccedilatildeo poliacutetica (TOSTA 1984)
Nesse momento eacute importante mencionar agrave teoria de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) que pregava a importacircncia do Poder Mariacutetimo no destino das naccedilotildees e que eacute vaacutelida ateacute
os dias atuais tornando-se um importante objeto de estudo da Estrateacutegia Naval (TOSTA
1984)
A partir daiacute uma seacuterie de autores passaram a tratar da Geopoliacutetica Dentre eles
destacamos o mestre brasileiro Everardo Backheuser (1879-1951) que definia a Geopoliacutetica
como ldquoa poliacutetica feita em decorrecircncia das condiccedilotildees geograacuteficasrdquo (TOSTA 1984 p 31)
Com relaccedilatildeo agrave geopoliacutetica brasileira consideram-se como seus trecircs precursores
intuitivos o historiador Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) o diplomata Alexandre
Gusmatildeo (1695-1753) e o estadista Joseacute Bonifaacutecio (1763-1838) (MATTOS 2002)
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
11
Os dois primeiros livros de Geopoliacutetica publicados no Brasil de autoria do
Capitatildeo Mario Travassos (1891-1973) foram ldquoProjeccedilatildeo Continental do Brasilrdquo e ldquoIntroduccedilatildeo
agrave Poliacutetica de Comunicaccedilotildees Brasileirasrdquo Em suas obras Mario Travassos destacava a
existecircncia de um antagonismo geograacutefico na Ameacuterica do Sul o Atlacircntico e o Paciacutefico
(MATTOS 2002)
Nos anos 70 o destaque no ramo da Geopoliacutetica brasileira foi o entatildeo Tenente-
Coronel Golbery do Couto e Silva (1911-1987) que nas suas obras dentre outras ideacuteias
ressaltou a importacircncia da posiccedilatildeo estrateacutegica do Brasil no Atlacircntico Sul (MATTOS 2002)
Golbery destacou a importacircncia do nordeste brasileiro no controle da zona de
estrangulamento do Atlacircntico (Natal-Dakar) quando serviu de apoio para os comboios norte-
americanos que demandavam a Aacutefrica ou a Europa por ocasiatildeo da Segunda Guerra Mundial
(FREITAS 2004)
Uma outra figura de vulto da Geopoliacutetica brasileira na deacutecada de 70 foi a
Professora Therezinha de Castro (1930-2000) que tratou de vaacuterios temas geopoliacuteticos em
especial a importacircncia estrateacutegica do Atlacircntico Sul dando ecircnfase agrave necessidade do Brasil vir a
possuir uma base na Antaacutertica Essa sua convicccedilatildeo materializou-se em 1983 quando o Brasil
instalou a Estaccedilatildeo Antaacutertica Comandante Ferraz (EACF) sob a responsabilidade logiacutestica da
Marinha na Ilha Rei George na Peniacutensula Antaacutertica (MATTOS 2002)
Finalmente natildeo se pode deixar de ressaltar a importacircncia do General Carlos de
Meira Mattos (1914-2007) para a Geopoliacutetica brasileira e para esta monografia Autor de
vaacuterios livros Meira Mattos deu destaque dentre vaacuterios assuntos ao fato da seguranccedila do
Brasil estar intimamente ligada ao Atlacircntico Sul devido principalmente agrave localizaccedilatildeo
estrateacutegica do saliente nordestino que projeta o paiacutes em direccedilatildeo agrave Aacutefrica influenciando
diretamente na proteccedilatildeo das rotas mariacutetimas para o norte da Europa Aacutefrica e Ameacuterica do
Norte (MATTOS 2002)
Nessa breve siacutentese da evoluccedilatildeo da Geopoliacutetica pode-se ter uma noccedilatildeo de sua
origem dando destaque agraves diversas figuras histoacutericas diretamente relacionadas com o tema
aleacutem dos geopoliacuteticos brasileiros que consolidaram a Geopoliacutetica no paiacutes Baseado no
pensamento de vaacuterias dessas figuras ilustres constata-se a importacircncia geopoliacutetica do
Atlacircntico Sul para o Brasil
32 A Geopoliacutetica Nacional na Atualidade
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
12
No cenaacuterio geopoliacutetico atual e devido agrave posiccedilatildeo geograacutefica o Brasil estaacute
vinculado agrave estrateacutegia de duas grandes aacutereas o continente sul-americano e o Atlacircntico Sul
Nesse sentido eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da vertente atlacircntica da Aacutefrica que a coloca
como linha de cobertura afastada da costa brasileira Caso uma potecircncia hostil ocupe a costa
atlacircntica da Aacutefrica poderaacute gerar um clima de inquietaccedilatildeo e pressatildeo beacutelica no Brasil Aleacutem
disso no Atlacircntico Sul existe uma grande quantidade de rotas de comeacutercio mariacutetimo
indispensaacuteveis agrave economia do nosso paiacutes (MATTOS 1975)
Assim a importacircncia do continente africano e do Atlacircntico Sul encontra-se
registrada na PDN da seguinte maneira
[] 31 O subcontinente da Ameacuterica do Sul eacute o ambiente regional no qual o Brasil
se insere Buscando aprofundar seus laccedilos de cooperaccedilatildeo o Paiacutes visualiza um
entorno estrateacutegico que extrapola a massa do subcontinente e incluiu a projeccedilatildeo
pela fronteira do Atlacircntico Sul e os paiacuteses lindeiros da Aacutefrica [] (BRASIL 2005
p 3)
Corroborando com esse pensamento o Almirante Vidigal apresentou a seguinte
consideraccedilatildeo sobre a importacircncia do Atlacircntico Sul
O recente anuacutencio pelos Estados Unidos da reativaccedilatildeo da IV Esquadra para operar
no Caribe e no Atlacircntico Sul indica um aumento do interesse por esta regiatildeo do
mundo Pode-se atribuir esta reativaccedilatildeo agraves descobertas anunciadas pelo Brasil na sua
plataforma continental o que poderaacute vir a ser uma fonte de preocupaccedilotildees para o
Brasil jaacute que ateacute hoje os Estados Unidos natildeo reconheceram a Convenccedilatildeo das
Naccedilotildees Unidas sobre o Direito do Mar que daacute ao paiacutes costeiro o direito exclusivo
sobre os recursos vivos e natildeo vivos na sua Zona Econocircmica Exclusiva (ZEE) na
plataforma continental no seu subsolo e nas aacuteguas sobrejacentes Em determinadas
condiccedilotildees previstas na Convenccedilatildeo admite o direito do Estado costeiro sobre os
recursos do solo e do subsolo aleacutem da ZEE A este fato vem somar-se a criaccedilatildeo em
2007 de um Comando Combinado ndash o Comando Aacutefrica ndash que tambeacutem envolve o
Atlacircntico Sul (VIDIGAL 2008 p8)
Um outro fato digno de menccedilatildeo eacute a presenccedila estrateacutegica do Reino Unido no
Atlacircntico Sul possuindo um verdadeiro cordatildeo de ilhas oceacircnicas das quais as mais
importantes satildeo as Ilhas de Ascensatildeo e o Arquipeacutelago das Malvinas ou Falklands Esse eacute
militarmente guarnecido e manteacutem meios navais aeronavais e de fuzileiros navais em sistema
de rodiacutezio (ABREU 2007)
Assim compreende-se melhor a importacircncia geopoliacutetica do Atlacircntico Sul para o
Brasil o que reforccedila ainda mais a necessidade de proteccedilatildeo da imensa aacuterea mariacutetima repleta de
riquezas chamada Amazocircnia Azul
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
13
4 O PAPEL DA MARINHA DO BRASIL NA DEFESA DA AMAZOcircNIA AZUL
Antes de abordar com profundidade a defesa da Amazocircnia Azul eacute vaacutelido recorrer
agrave histoacuteria para relembrar um episoacutedio ocorrido em 1962-1963 que ficou conhecido como a
ldquoGuerra da Lagostardquo e levou a uma crise entre o Brasil e a Franccedila conforme descrito abaixo
Apoacutes o apresamento de barcos de pesca franceses por navios de guerra brasileiros
no Nordeste a Franccedila deslocou navios de guerra para a regiatildeo e o Brasil chegou a
fazer o mesmo O problema claramente de inspiraccedilatildeo financeira dizia respeito agrave
interpretaccedilatildeo do artigo 2 da Convenccedilatildeo sobre a Plataforma Continental de 1958 agrave
eacutepoca vigente segundo o qual os Estados costeiros exercem direitos soberanos sobre
a plataforma continental para efeitos de exploraccedilatildeo e aproveitamento dos seus
recursos naturais Se para movimentar-se a lagosta nadasse na massa liacutequida ndash tese
defendida pelos franceses - natildeo poderia ser considerada recurso natural da
plataforma continental O Brasil defendia tese diferente isto eacute a lagosta para
locomover-se natildeo usaria a massa liacutequida e sim o solo marinho onde se deslocaria
por saltos e portanto deveria ser considerada como um recurso natural da
plataforma continental Mas finalmente o bom senso prevaleceu e natildeo houve
guerra entre os dois paiacuteses Ademais a discussatildeo sobre o meio de locomoccedilatildeo da
lagosta contribuiu para o estabelecimento das disposiccedilotildees da futura Convenccedilatildeo que
iria entrar em vigor em 1994 (VIDIGAL 2006 p44)
Esse importante episoacutedio histoacuterico mostra como um desacordo envolvendo os
recursos naturais da plataforma continental pode levar dois paiacuteses a uma crise podendo
evoluir para um conflito ressaltando a importacircncia que deve ser dada agrave defesa dos recursos
naturais da Amazocircnia Azul pelo Brasil
A PDN apresenta as seguintes definiccedilotildees
[] 14 Para efeito da Poliacutetica de Defesa Nacional satildeo adotados os seguintes
conceitos
I - Seguranccedila eacute a condiccedilatildeo que permite ao Paiacutes a preservaccedilatildeo da soberania e da
integridade territorial a realizaccedilatildeo dos seus interesses nacionais livre de pressotildees e
ameaccedilas de qualquer natureza e a garantia aos cidadatildeos do exerciacutecio dos direitos e
deveres constitucionais
II - Defesa Nacional eacute o conjunto de medidas e accedilotildees do Estado com ecircnfase na
expressatildeo militar para a defesa do territoacuterio da soberania e dos interesses nacionais
contra ameaccedilas preponderantemente externas potenciais ou manifestas (BRASIL
2005 p 2)
Com isso depreende-se que a Seguranccedila eacute um estado em que um paiacutes se encontra
e a Defesa corresponde agraves accedilotildees tomadas pelo mesmo para manter-se em Seguranccedila
Por outro lado na Amazocircnia azul existem algumas vulnerabilidades como
descrito abaixo
Entre as vulnerabilidades existentes que afetam o Poder Naval estatildeo a nossa
dependecircncia do traacutefego mariacutetimo no comeacutercio internacional a extensatildeo de nossa
ZEE e de nossa plataforma continental a importacircncia para o paiacutes do petroacuteleo e do
gaacutes extraiacutedos da plataforma e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e das principais
induacutestrias na faixa costeira ao alcance portanto de ataques provenientes do mar
(VIDIGAL 2006 p 262 e 263)
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
14
Tomando por base essas vulnerabilidades conclui-se que diversos atores possuem
responsabilidades na defesa da Amazocircnia Azul tal como a Forccedila Aeacuterea Brasileira (FAB)
poreacutem o papel principal cabe agrave Marinha do Brasil que possui os meios adequados para operar
nessa aacuterea mariacutetima e defendecirc-la em relaccedilatildeo agraves ameaccedilas externas (VIDIGAL 2006)
Nesse sentido deve ser dada especial atenccedilatildeo agrave proteccedilatildeo do traacutefego mariacutetimo
devido a sua importacircncia fundamental para a economia do paiacutes jaacute que 95 do nosso
comeacutercio exterior eacute transportado por via mariacutetima A ameaccedila a esse traacutefego pode ser
representada por navios de superfiacutecie submarinos ou aviaccedilatildeo embarcada (VIDIGAL 2006)
Com isso verifica-se a importacircncia do nosso Poder Naval ser dotado de meios
navais e aeronavais em quantidades suficientes e prontos para fazer frente a possiacuteveis ameaccedilas
em qualquer ponto da Amazocircnia Azul (VIDIGAL 2006)
Outro ponto a ser destacado na defesa da Amazocircnia Azul satildeo as accedilotildees de Patrulha
Naval que permitem a proteccedilatildeo das aacuteguas jurisdicionais brasileiras incluiacutedos aiacute os recursos
naturais existentes na nossa Zona Economicamente Exclusiva (ZEE) e na Plataforma
Continental (PC) com ecircnfase nas reservas de petroacuteleo e gaacutes extraiacutedos dessa plataforma Para
executar as accedilotildees de Patrulha Naval satildeo necessaacuterios navios dotados de grandes velocidades
com boa capacidade de permanecircncia no mar e se possiacutevel com capacidade de operar com
helicoacutepteros Aleacutem disso eacute vaacutelido destacar a importacircncia do apoio da aviaccedilatildeo baseada em
terra nessas accedilotildees (VIDIGAL 2006)
Um outro meio importantiacutessimo no contexto da defesa da Amazocircnia Azul eacute o
submarino conforme descrito abaixo
O submarino eacute a arma por excelecircncia do fraco contra o forte Sua capacidade de
operar com discriccedilatildeo isto eacute sem ser facilmente detectado torna-o adequado para o
ataque ao traacutefego mariacutetimo e agraves forccedilas inimigas para observaccedilatildeo para o
desembarque de pequenas forccedilas em pontos estrateacutegicos seja para a realizaccedilatildeo de
incursotildees seja para a coleta de informaccedilotildees para o lanccedilamento de campo de minas
defensivos ou ofensivos Sem duacutevida uma forccedila de submarinos eacute um elemento
indispensaacutevel ao poder naval brasileiro (VIDIGAL 2006 p 264)
Assim conclui-se ser necessaacuterio que a Marinha do Brasil seja dotada de uma
Forccedila de Submarinos significativa constituiacuteda de meios modernos e aprestados a fim de
obter uma grande capacidade dissuasoacuteria que seria extremamente ampliada com a construccedilatildeo
do submarino nacional de propulsatildeo nuclear que seraacute tratado no Capiacutetulo 6 desta monografia
(VIDIGAL 2006)
Tambeacutem eacute importante destacar a necessidade de se ter a capacidade de efetuar a
minagem defensiva de pontos importantes do nosso litoral (portos terminais etc) e a
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
15
varredura de campos ofensivos Para realizar essas tarefas torna-se necessaacuteria a existecircncia de
uma Forccedila de Minagem e Varredura capacitada a executaacute-las (VIDIGAL 2006)
Aleacutem de todas as necessidades abordadas neste capiacutetulo eacute muito importante que
exista um sistema de controle do traacutefego mariacutetimo eficiente e capaz de cobrir todas as aacuteguas
jurisdicionais brasileiras (VIDIGAL 2006)
Atualmente constata-se que no Niacutevel Poliacutetico o governo brasileiro estaacute dando
mais importacircncia agrave questatildeo da defesa nacional em comparaccedilatildeo aos anos anteriores como
descrito na nova Estrateacutegia Nacional de Defesa
Poreacutem se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo precisaraacute estar
preparado para defender-se natildeo somente das agressotildees mas tambeacutem das ameaccedilas
Vive-se em um mundo em que a intimidaccedilatildeo tripudia sobre a boa feacute Nada substitui
o envolvimento do povo brasileiro no debate e na construccedilatildeo da sua proacutepria defesa
(BRASIL 2008 p 1)
Assim verifica-se a importacircncia do papel que a Marinha do Brasil exerce na
defesa da Amazocircnia Azul face as suas vulnerabilidades ressaltando as principais
necessidades para a realizaccedilatildeo dessa defesa
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
16
5 A MENTALIDADE MARIacuteTIMA E A SITUACcedilAtildeO ATUAL DA MARINHA DO
BRASIL
ldquoChamamos de mentalidade mariacutetima de um povo a compreensatildeo da essencial
dependecircncia do mar para a sua sobrevivecircncia histoacutericardquo (VIDIGAL 2006 p 21)
Baseado nessa definiccedilatildeo pode-se observar na histoacuteria do Brasil vaacuterios
acontecimentos diretamente relacionados com a mentalidade mariacutetima do povo brasileiro
(VIDIGAL 2006)
A descoberta do Brasil deveu-se agrave vocaccedilatildeo mariacutetima do povo portuguecircs na eacutepoca
das grandes navegaccedilotildees Logo no iniacutecio da colonizaccedilatildeo observou-se que o desenho das
Capitanias Hereditaacuterias permitiu que cada um dos donataacuterios estabelecesse um porto de
acesso incentivando assim o traacutefego mariacutetimo (VIDIGAL 2006)
Um outro fato muito importante que marcou o iniacutecio da nossa Marinha foi a
consolidaccedilatildeo da Independecircncia que obrigou o governo a manter uma Esquadra em atividade
a qual veio mais tarde a ter atuaccedilatildeo determinante na pacificaccedilatildeo das revoltas do periacuteodo
regencial Aleacutem disso a nossa Marinha teve atuaccedilatildeo decisiva nas intervenccedilotildees no Uruguai e
na Guerra do Paraguai quando na Batalha do Riachuelo o Almirante Barroso conseguiu
heroicamente impedir o avanccedilo paraguaio (VIDIGAL 2006)
A acelerada evoluccedilatildeo tecnoloacutegica causada pela Revoluccedilatildeo Industrial no seacuteculo
XIX natildeo pocircde ser acompanhada pelo Brasil que era essencialmente agriacutecola e os recursos
escassos da economia nacional tiveram que ser empregados em vaacuterios setores em detrimento
da Marinha brasileira (VIDIGAL 2006)
A ocorrecircncia das duas Guerras Mundiais dificultaram as atividades mariacutetimas
brasileiras tanto devido a reduccedilatildeo do comeacutercio com os paiacuteses envolvidos como tambeacutem com
o surgimento de uma perigosa ameaccedila a guerra submarina irrestrita Assim a nossa Marinha
apoacutes o encerramento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) especializou-se na Guerra
anti-submarino limitada ao conceito de defesa do Atlacircntico Sul devido a Guerra Fria
(VIDIGAL 2006)
Foi observado em todos esses anos ateacute os dias atuais um grande esforccedilo dos
nossos Chefes Navais na tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre
esbarravam na insuficiecircncia de recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Nesse ponto eacute vaacutelido destacar a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo Com o
aumento da produccedilatildeo desse produto foi reconhecida a importacircncia das atividades que satildeo
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
17
realizadas pela Marinha e ficou estabelecido que um percentual de 15 desses ldquoroyaltiesrdquo10
seria destinado a ela poreacutem o que ocorre na realidade eacute que grande parte desses recursos natildeo
chegam agrave Marinha porque satildeo contingenciados pelo governo Se a Marinha recebesse
regularmente esses recursos seria possiacutevel planejar e executar adequadamente o
reaparelhamento da Forccedila (ABREU 2007)
Essa dificuldade de executar o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)
e de efetuar a manutenccedilatildeo dos nossos meios navais e aeronavais tem trazido consequecircncias
negativas para o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave
queda do niacutevel de adestramento das tripulaccedilotildees
Impulsionado pela necessidade premente de defender a Amazocircnia Azul com
ecircnfase na descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural da camada preacute-sal e em
consonacircncia com a nova Estrateacutegia Nacional de Defesa o atual Comandante da Marinha o
Almirante-de-Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto tem se empenhado bastante na busca
pela execuccedilatildeo do PRM por meio da interaccedilatildeo da Marinha com o Ministeacuterio da Defesa
Assim recorrendo agrave histoacuteria verificou-se a importacircncia que a Marinha sempre
teve em vaacuterios periacuteodos no nosso paiacutes poreacutem isso natildeo despertou suficientemente a atenccedilatildeo do
Niacutevel Poliacutetico que veio alocando recursos orccedilamentaacuterios insuficientes para a Marinha ao
longo de vaacuterios anos Isso ocasionou reflexos negativos no reaparelhamento da nossa Forccedila
na manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais e adestramento de suas tripulaccedilotildees Todos
esses fatores trazem consequencias negativas dificultando a defesa da Amazocircnia Azul
______________ 10
Este percentual foi estabelecido pela Lei n ordm 9478 de 1997 Informaccedilatildeo disponiacutevel no endereccedilo
wwwplanaltogovbrccivilleisL9478htm
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
18
6 A ESTRATEacuteGIA NACIONAL DE DEFESA (END) E AS NOVAS PERSPECTIVAS
DA MARINHA DO BRASIL
Baseado na Doutrina Baacutesica da Marinha (DBM) as tarefas baacutesicas do Poder
Naval satildeo as seguintes controlar aacutereas mariacutetimas negar o uso do mar ao inimigo projetar
poder sobre terra e contribuir para a dissuasatildeo (BRASIL 2004)
A nova Estrateacutegia Nacional de Defesa (END) apresenta como uma de suas
diretrizes ldquoDissuadir a concentraccedilatildeo de forccedilas hostis nas fronteiras terrestres nos limites das
aacuteguas jurisdicionais brasileiras e impedir-lhes o uso do espaccedilo aeacutereo nacionalrdquo (BRASIL
2008 p4)
Assim constata-se a importacircncia dada pelo governo brasileiro agrave dissuasatildeo de
forccedilas hostis nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras A maneira de se executar essa importante
diretriz eacute o Brasil dispor de um Poder Naval forte e capaz de defender a nossa Amazocircnia
Azul O meio que permite exercer a dissuasatildeo por excelecircncia eacute o submarino e a END tambeacutem
trata desse importante meio naval apresentando a seguinte diretriz
[] 6 Fortalecer trecircs setores de importacircncia estrateacutegica o espacial o ciberneacutetico e
o nuclear O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituiccedilatildeo Federal e da
adesatildeo ao Tratado de Natildeo Proliferaccedilatildeo de Armas Nucleares - com o uso
estritamente paciacutefico da energia nuclear Entretanto afirma a necessidade estrateacutegica
de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear O Brasil precisa garantir o equiliacutebrio
e a versatilidade da sua matriz energeacutetica e avanccedilar em aacutereas tais como as de
agricultura e sauacutede que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear E
levar a cabo entre outras iniciativas que exigem independecircncia tecnoloacutegica em
mateacuteria de energia nuclear o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear []
(BRASIL 2008 p 5)
Aleacutem disso a END refere-se aos objetivos estrateacutegicos da Marinha do Brasil da
seguinte maneira
[] 3 Para assegurar o objetivo de negaccedilatildeo do uso do mar o Brasil contaraacute com
forccedila naval submarina de envergadura composta de submarinos convencionais e de
submarinos de propulsatildeo nuclear O Brasil manteraacute e desenvolveraacute sua capacidade
de projetar e de fabricar tanto submarinos de propulsatildeo convencional como de
propulsatildeo nuclear Aceleraraacute os investimentos e as parcerias necessaacuterios para
executar o projeto do submarino de propulsatildeo nuclear Armaraacute os submarinos
convencionais e nucleares com miacutesseis e desenvolveraacute capacitaccedilotildees para projetaacute-los
e fabricaacute-los Cuidaraacute de ganhar autonomia nas tecnologias ciberneacuteticas que guiem
os submarinos e seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com
as outras forccedilas navais terrestres e aeacutereas [] (BRASIL 2008 p 13)
Uma outra preocupaccedilatildeo da END eacute a construccedilatildeo de uma nova base de submarinos
que abrigaria os convencionais e o nuclear (BRASIL 2008) Esse novo empreendimento jaacute
estaacute em estudo na Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM)
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
19
Quanto a esse meio a Marinha estaacute realizando a modernizaccedilatildeo dos nossos atuais
submarinos convencionais e em parceria com a Franccedila estatildeo previstas as construccedilotildees de
quatro submarinos convencionais do tipo ldquoScorpenerdquo e do submarino de propulsatildeo nuclear
(MOURA NETO 2009) Para coordenar o projeto do submarino nuclear a Marinha criou a
Coordenadoria Geral Especial do Submarino Nuclear (COGESN) subordinada ao Diretor-
Geral do Material da Marinha
Com relaccedilatildeo agraves demais tarefas do Poder Naval a END destaca que o Brasil natildeo
deve dar a mesma importacircncia a elas e sim estabelecer uma ordem de prioridade A
prioridade do Niacutevel Poliacutetico eacute que o Brasil disponha de meios capazes de negar o uso do mar
a qualquer inimigo que se aproxime do paiacutes por via mariacutetima o que implicaraacute na
reconfiguraccedilatildeo de nossas forccedilas navais (BRASIL 2008)
Apoacutes a garantia da negaccedilatildeo do uso do mar o paiacutes precisa manter a sua capacidade
de projetar o poder sobre terra e controlar aacutereas mariacutetimas Assim constata-se que agrave luz da
END essas duas uacuteltimas tarefas baacutesicas do Poder Naval se subordinam agrave negaccedilatildeo do uso do
mar (BRASIL 2008)
Assim segundo a END
A negaccedilatildeo do uso do mar o controle de aacutereas mariacutetimas e a projeccedilatildeo de poder
devem ter por foco sem hierarquizaccedilatildeo de objetivos e de acordo com as
circunstacircncias
(a) defesa proacute-ativa das plataformas petroliacuteferas
(b) defesa proacute-ativa das instalaccedilotildees navais e portuaacuterias dos arquipeacutelagos e das ilhas
oceacircnicas nas aacuteguas jurisdicionais brasileiras
(c) prontidatildeo para responder a qualquer ameaccedila por Estado ou por forccedilas natildeo-
convencionais ou criminosas agraves vias mariacutetimas de comeacutercio e
(d) capacidade de participar de operaccedilotildees internacionais de paz fora do territoacuterio e
das aacuteguas jurisdicionais brasileiras sob a eacutegide das Naccedilotildees Unidas ou de
organismos multilaterais da regiatildeo (BRASIL 2008 p 12)
Tomando por base essas tarefas o Brasil deveraacute procurar construir os seus meios
focado nas aacutereas estrateacutegicas de acesso mariacutetimo ao paiacutes sendo que duas delas deveratildeo ter
atenccedilatildeo especial uma que se estende de Santos a Vitoacuteria e outra na foz do Rio Amazonas
(BRASIL 2008)
Para o cumprimento de suas tarefas a forccedila naval de superfiacutecie deveraacute contar com
navios de grande porte capazes de operar e de permanecer por muito tempo em alto mar e
com navios de menor porte a fim de patrulhar o litoral e os principais rios navegaacuteveis
brasileiros (BRASIL 2008) Eacute vaacutelido ressaltar a importacircncia da aviaccedilatildeo naval embarcada
nesses navios para executar as tarefas da END
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
20
Uma outra determinaccedilatildeo importante da END foi que a Marinha se preparasse para
estabelecer em um lugar adequado o mais proacuteximo possiacutevel da foz do Rio Amazonas uma
Base Naval nos moldes da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) para que pudesse
futuramente apoiar os navios da ldquoEsquadra do Nordesterdquo11
que estariam operando naquela
aacuterea (BRASIL 2008)
Para atender agraves determinaccedilotildees da END a Marinha estaacute elaborando o Plano de
Equipamentos e Articulaccedilatildeo da Marinha do Brasil (PEAMB) Ressalta-se que seraacute proposto
ao Presidente da Repuacuteblica o Projeto de Lei de ldquoEquipamento e de Articulaccedilatildeo da Defesa
Nacionalrdquo apoacutes a consolidaccedilatildeo dos Planos de Equipamentos e de Articulaccedilatildeo das trecircs Forccedilas
Armadas incluindo assim a sociedade brasileira na discussatildeo (MOURA NETO 2009)
Em paralelo a Marinha vem tentando cumprir o seu PRM poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na disponibilizaccedilatildeo de
recursos orccedilamentaacuterios regulares que permitam o seu cumprimento e somente assim a
Marinha do Brasil poderaacute garantir a defesa da nossa Amazocircnia Azul
______________ 11
Entende-se por ldquoEsquadra do Nordesterdquo os navios que estariam operando no norte e nordeste do Brasil
apoiados pela Base Naval que seraacute construiacuteda nas proximidades da foz do Rio Amazonas em cumprimento agrave
determinaccedilatildeo da END
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
21
7 CONCLUSAtildeO
A Geopoliacutetica que surgiu com Ratzel e Kjeacutelen veio evoluindo com o passar dos
tempos contando com a contribuiccedilatildeo de ilustres figuras No Brasil se destacaram as obras de
Maacuterio Travassos Golbery do Couto e Silva Therezinha de Castro e Meira Mattos que deram
destaque a essa disciplina ressaltando entre outros pontos a importacircncia do Atlacircntico Sul
para o paiacutes
No cenaacuterio geopoliacutetico atual a Amazocircnia Azul jaacute discorrida com detalhes nesta
monografia tem importacircncia estrateacutegica relevante para o nosso paiacutes sendo uma via mariacutetima
do Atlacircntico Sul muito importante para o comeacutercio Aleacutem disso o nosso litoral por ser muito
extenso possui inuacutemeras riquezas naturais destacando-se a pesca e o petroacuteleo Infelizmente
grande parte da populaccedilatildeo brasileira natildeo tem noccedilatildeo da grandeza da quantidade de riquezas
existentes e da importacircncia que a Amazocircnia Azul representa para o Brasil
Ao mesmo tempo que se pode compreender a sua importacircncia consegue-se
identificar vaacuterias vulnerabilidades da Amazocircnia Azul destacando-se dentre elas a grande
dependecircncia do Brasil em relaccedilatildeo ao traacutefego mariacutetimo onde 95 do nosso comeacutercio exterior
eacute transportado por via mariacutetima a importacircncia do petroacuteleo e do gaacutes extraiacutedos da PC
aumentada com a descoberta das reservas do preacute-sal e a concentraccedilatildeo de nossa populaccedilatildeo e
dos principais centros industriais no litoral Agrave luz dessas vulnerabilidades natildeo se pode ignorar
uma possiacutevel cobiccedila de outros paiacuteses em relaccedilatildeo agraves riquezas da nossa Amazocircnia Azul bem
como alguma atitude hostil proveniente do mar Assim eacute vaacutelido ressaltar a presenccedila
estrateacutegica do Reino Unido no Atlacircntico Sul por meio de um cordatildeo de ilhas e a reativaccedilatildeo da
IV Esquadra Americana para operar no Caribe e no Atlacircntico Sul
Tudo isso leva a constataccedilatildeo da necessidade premente de defender a Amazocircnia
Azul e por possuir os meios navais e aeronavais capazes de operar nessa aacuterea mariacutetima a
Marinha do Brasil realiza o esforccedilo principal na defesa dessa imensa aacuterea
Assim verifica-se que para defender a Amazocircnia Azul o nosso Poder Naval deve
ser dotado de meios aprestados e em quantidades suficientes para fazer frente a possiacuteveis
ameaccedilas em qualquer ponto da mesma
Historicamente observou-se um grande esforccedilo dos nossos Chefes Navais na
tentativa de reaparelhamento da nossa Marinha poreacutem sempre esbarravam na insuficiecircncia de
recursos orccedilamentaacuterios alocados pelos governos
Com relaccedilatildeo aos recursos merece destaque a situaccedilatildeo dos ldquoroyaltiesrdquo do petroacuteleo
onde a parte que cabe agrave Marinha do Brasil tem sido contingenciada pelo governo Caso a
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
22
Marinha recebesse regularmente esses recursos seria possiacutevel executar adequadamente a
manutenccedilatildeo dos seus meios navais e aeronavais aleacutem de cumprir seu programa de
reaparelhamento
Essa dificuldade na execuccedilatildeo do Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM) e na manutenccedilatildeo dos meios navais e aeronavais tem trazido seacuterias consequumlecircncias para
o setor operativo no que diz respeito agrave baixa disponibilidade dos meios e agrave queda do niacutevel de
adestramento de suas tripulaccedilotildees
Apoacutes a descoberta das reservas de petroacuteleo e gaacutes natural do preacute-sal a necessidade
de defender a Amazocircnia Azul tornou-se mais premente ainda Assim o Almirante-de-
Esquadra Juacutelio Soares de Moura Neto atual Comandante da Marinha tem se empenhado
bastante na busca pela execuccedilatildeo do PRM
Em paralelo o Niacutevel Poliacutetico passou a dar mais importacircncia a necessidade de
defesa das nossas aacuteguas jurisdicionais fazendo constar na PDN e na nova Estrateacutegia Nacional
de Defesa orientaccedilotildees e determinaccedilotildees para a Marinha do Brasil realizar essa defesa Dentre
essas orientaccedilotildees destaca-se o projeto de construccedilatildeo do submarino nuclear nacional que
quando concluiacutedo aumentaraacute em muito a capacidade dissuasoacuteria da nossa Marinha
Atualmente esse projeto estaacute sendo capitaneado pela COGESN no acircmbito da Diretoria-Geral
do Material da Marinha
Aleacutem disso a Marinha estaacute elaborando o Plano de Equipamentos e Articulaccedilatildeo da
Marinha do Brasil (PEAMB) e em paralelo vem tentando cumprir o seu PRM a fim de
modernizar adquirir ou construir meios navais e aeronavais para cumprir as diretrizes
contidas na END e consequentemente defender com eficaacutecia a Amazocircnia Azul
Nesta monografia foi ressaltada a importacircncia geopoliacutetica da Amazocircnia Azul para
o Brasil e o importante papel da Marinha brasileira na defesa dessa importante aacuterea mariacutetima
foi analisada a situaccedilatildeo dos meios navais e aeronavais necessaacuterios para realizar essa defesa e
as perspectivas futuras no que se refere ao reaparelhamento da Forccedila Poreacutem para concluir
esse programa seraacute necessaacuterio um grande comprometimento do Niacutevel Poliacutetico na
disponibilizaccedilatildeo de recursos orccedilamentaacuterios regulares incluindo aiacute a parcela dos ldquoroyaltiesrdquo do
petroacuteleo que cabem agrave Marinha do Brasil Esse comprometimento somente seraacute atingido com a
interaccedilatildeo cada vez maior da Marinha do Brasil com o Ministeacuterio da Defesa
Assim conclui-se que existe a necessidade da adoccedilatildeo de poliacuteticas nacionais tal
como a aprovaccedilatildeo da Lei de ldquoEquipamento e Articulaccedilatildeo da Defesa Nacionalrdquo que permitam
esse aporte regular de recursos para que a Marinha do Brasil possa se reaparelhar e cada vez
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
23
mais conseguir manter um poder naval forte capaz de realizar a defesa da Amazocircnia Azul e
que seja condizente com a dimensatildeo e os interesses estrateacutegicos do Brasil
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
24
REFEREcircNCIAS
ABREU Guilherme Mattos de A Amazocircnia Azul O Mar que nos Pertence Caderno de
Estudos Estrateacutegicos Centro de Estudos Estrateacutegicos da Escola Superior de Guerra Rio de
Janeiro n 6 p 17-66 mar 2007
BRASIL Decreto n 5484 de 30 de junho de 2005 Aprova a Poliacutetica de Defesa Nacional
Brasiacutelia 2005 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo Brasiacutelia
DF 1 jul 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2004-
20062005decretoD5484htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Decreto n 6703 de 18 de dezembro de 2008 Aprova a Estrateacutegia Nacional de
Defesa Brasiacutelia 2008 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder Executivo
Brasiacutelia DF 19 dez 2008 Disponiacutevel em lthttp wwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-
20102008DecretoD6703htmgt Acesso em 15 jul 2009
______ Estado-Maior da Armada EMA 305 Doutrina Baacutesica da Marinha Brasiacutelia 2004
______ Marinha do Brasil Centro de Comunicaccedilatildeo Social da Marinha Vertentes da
Amazocircnia Azul Brasiacutelia [sn] 2009 Disponiacutevel em
lthttpswwwmarmilbrmenu_vamazonia_azulvertentehtmgt Acesso em 3 jul 2009
CARVALHO Roberto de Guimaratildees A outra Amazocircnia In SERAFIM Carlos Frederico
Simotildees (coord) Geografia ensino fundamental e ensino meacutedio o mar no espaccedilo geograacutefico
brasileiro Brasiacutelia Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2005 p 17-24
FREITAS Jorge Manoel da Costa A escola geopoliacutetica brasileira Rio de Janeiro
Biblioteca do Exeacutercito 2004
MATTOS Carlos de Meira Brasil Geopoliacutetica e Destino Rio de Janeiro Biblioteca do
Exeacutercito 1975
MATTOS Carlos de Meira Geopoliacutetica e modernidade a geopoliacutetica brasileira Rio de
Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 2002
MOURA NETO Juacutelio Soares de A marinha e a Estrateacutegia Nacional de Defesa Revista
Tecnologia amp Defesa Satildeo Paulo v 26 n 117 p-23 2009
TOSTA Octavio Teorias geopoliacuteticas Rio de Janeiro Biblioteca do Exeacutercito 1984
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira et al Amazocircnia azul o mar que nos pertence Rio de
Janeiro Record 2006
VIDIGAL Armando Amorim Ferreira O Brasil na Ameacuterica do Sul - uma anaacutelise poliacutetico-
estrateacutegica Brasiacutelia [sn] 2008 Disponiacutevel
emlthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentosOBrasilnaAmericado
Sulpdfgt Acesso em 11 mai 2009
25
25