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Exemplar n° 82 Agosto 2016 Primeira publicação: 29 de Maio de 1995 Não jogue este impresso em vias públicas escola Escola de Educação Comunitária Av. Engenheiro Richard, 116 Grajaú - Rio de Janeiro, RJ (21) 2577-4546 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA A Realidade dos Refugiados Entenda o resultado do desespero dos que buscam refúgio somado à negligência das autoridades. Leia sobre a crise imigratória na Página 3. O Nome da Liberdade O estupro coletivo ocorrido em maio deste ano chocou o Brasil e reacendeu as discussões sobre a violência contra a mulher. Leia nas página 4 e 5. Onde está a sua loucura? Loucura: individualidade incompreendida ou princípio de julgamento? Leia sobre o olhar da sociedade e as diferentes formas de tratamento ao longo dos anos. Leia nas páginas 6 e 7. O Ensino Médio no Brasil Quais os objetivos da escola no Brasil no Ensino Médio? Para que os alunos são preparados nessa etapa? Leia na Página 3.

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Exemplar n° 82 Agosto 2016Primeira publicação: 29 de Maio de 1995

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escola

Escola de Educação ComunitáriaAv. Engenheiro Richard, 116

Grajaú - Rio de Janeiro, RJ(21) 2577-4546

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

A Realidade dos Refugiados

Entenda o resultado do desespero dos que buscam refúgio somado à negligência das autoridades. Leia sobre a crise imigratória na Página 3.

O Nome da Liberdade

O estupro coletivo ocorrido em maio deste ano chocou o Brasil e reacendeu as discussões sobre a violência contra a mulher. Leia nas página 4 e 5.

Onde está a sua loucura?

Loucura: individualidade incompreendida ou princípio de julgamento? Leia sobre o olhar da sociedade e as diferentes formas de tratamento ao longo dos anos. Leia nas páginas 6 e 7.

O Ensino Médio no Brasil

Quais os objetivos da escola no Brasil no Ensino Médio? Para que os alunos são preparados nessa etapa? Leia na Página 3.

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Vivenciamos tempos angustiantes, nos quais convivemos com a incerteza e a incredulidade no outro. Como pensar que podemos acreditar no outro, se não acreditamos sequer em nós mesmos?

Diante desse cenário tão enfadonho (sim, com o devido drama), apostar em um futuro de benesses e esperança tem sido cada vez mais prova de ousadia. Pois, que tal ousar?

É comum assistirmos à ousadia de um jovem ou de um adolescente que, beirando a impulsividade, consegue mostrar que o medo – que em doses comedidas pode ser tão construtivo – em altas doses é a chave para o fracasso.

É nesse descompasso de vida (ou desconcerto do mundo) no qual a sociedade se apresenta que tentamos e precisamos tentar descobrir os rumos que nos levam a enfrentar, superar, resistir e conquistar.

Sempre digo que a capacidade humana de adaptação às mais peculiares condições de vida nos permite sobreviver. Entretanto, por vezes, nos faz refém de um sentimento cômodo e a inércia chega de mansinho (desculpem-me os Físicos).

Em nossa caminhada – seja em nossas relações, seja nos estudos ou no trabalho – precisamos, por muitas vezes – rever o percurso. Instruções básicas de um bom navegador: se os ventos são favoráveis, se o mar tem boas condições, se há inimigos a se aproximar, se seguimos em frente ou paramos. Essas observações ora tão simples, são primordiais para que a viagem continue. O mar sempre traz o desconhecido, o inesperado – a

Como fazer educação na base do eu acho, sem refletir, sem medir consequências, sem recriar hoje e amanhã, sem respeitar, sem perceber que você vive cercado de pessoas diferentes? Escola pulsa, é vida.

A escola no Brasil é feita de acertos, erros, improvisações, professores e alunos bons e ruins, interferências construtivas e destrutivas, decisões pautadas pelo interesse econômico e político, pelo desconhecimento e pela ausência de experiência. É um cenário sofismado; é de papel e muitas vezes colorido, bonitinho, mas não resiste a um chuvisco. É a ideia da tentativa sem estudo reflexivo e analítico.

No mundo, há países que fogem à mediocridade na educação. Mas se enquadram em algumas dessas doenças dos subdesenvolvidos.

O sistema brasileiro apresenta a educação em estado permanentemente sem objetivo, copia o que o outro povo faz, não caracteriza as prioridades por regiões, ignora o que o aluno aspira e do que necessita para ter espaçono mundo em que vive, na exigênciado agora.

A educação no Brasil acomoda-se com a mesmice, essa invariabilidade doentia, porque finge que não vê o

Agosto 2016

desinteresse do aluno por essa escola obsoleta que lhe é imposta. Nossa doutrina educacionalvive de costas, envelhecida em si mesma, não percebe o caminho que está diante dela.

É muito difícil transformar essa realidade. Vamos viver muito tempo remendando o tecido-educação, porque estão fortalecidas pela ignorância da família brasileira as traças da contemporaneidade. O povo sem educação não acompanha a velocidade do novo. Não enxerga que a educação é uma necessidade antropológica.

Dizer que o aluno é o produto da família, assim como ressaltar que ele precisa de alimentação saudável e dos eteceteras que produzem seu desenvolvimento físico e mental é desinteressar quem nos lia até agora com alguma boa vontade.

Sendo assim, definamos o concreto: o aluno quer vida mansa, tudo fácil e também quer estudar, quer construir uma promissora perspectiva de vida, porque ele quer prestígio social, sucesso e dinheiro.

Para isso, ele precisa de uma família com a educação pulsante em seu pensamento e do professor que faz o aluno que odeia Química, Matemática, Física prestar atenção à aula e, incrível, até estudar.

Eis o caminho certo: a sociedade valoriza o professor e a escola que escolheu; assim, o bom professor e a escola valorados terão a chance de produzir o bom aluno.

Professor Abelardo Soares

vida igualmente. E por isso, reflexão e autoconhecimento são imprescindíveis. E também ter a capacidade de reconhecer que falhamos e que precisamos ouvir o outro; reconhecer nossa imensa porção humana e falha – tarefas tão árduas, visto que exigem resignação, humildade e compreensão sobre a vida.

Todos esses exercícios que descrevi começam a funcionar e a ter efeitos a partir do nosso cerne, particular e mais profundo. Nessa edição da PAPELETA, é isso que propomos aos nossos leitores: fazer um passeio pela nossa essência (e não se assuste com o que encontrar, é sempre surpreendente). Propomos uma receita de melhor viver: que cada colaborador releia seu texto; que cada leitor reveja suas opiniões; busquemos entender um pouco mais sobre nós mesmos. E assim, talvez consigamos entender o outro e o mundo, ao menos um pouco mais. Já basta.

Esperamos que cada leitura tenha o efeito inesperado em você, leitor.

Façam uma ótima leitura! Até a próxima.Professora Ana Carolina Nóbrega

Ao desconcerto do MundoOs bons vi sempre passarNo Mundo graves tormentos;E para mais me espantar,Os maus vi sempre nadarEm mar de contentamentos.Cuidando alcançar assimO bem tão mal ordenado,Fui mau, mas fui castigado.Assim que, só para mim,Anda o Mundo concertado.

Luís de Camões

MEL ESCOLA NÃO É

QUE BAITA EUFEMISMO!

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A sociedade vive atualmente em um ritmo extremamente acelerado. Trabalho, pressão psicológica, tempo corrido e outros fatores presentes no dia a dia fazem com que muitas pessoas busquem nos fármacos tranquilizantes o m estar não alcançado naturalmente. Contudo, as consequências provenientes de um remédio tão agressivo valem realmente a pena?

Na maior parte das vezes, o cotidiano dos indivíduos é uma rotina estressante. O tempo não atende às necessidades, o esgotamento físico e emocional são constantes e, nos jovens, o choque de realidade com a vida

adulta junto com a grande pressão pela expectativa sobre ele é resolvida fácil e rapidamente com medicação.

Em muitos casos, o problema pode ser tratado com a ida a psicólogos ou psiquiatras. Esse acompanhamento médico, por outro lado, é socialmente mal visto e recriminado. As pessoas que buscam esse tipo de ajuda são rotulados como loucos, desequilibrados, etc. Vários profissionais, em contrapartida, fazem uma prescrição indevida, ou seja, sem a necessidade, de fato, de um tratamento medicamentoso. Soma-se a isso à facilidade de obtenção de produtos por farmácias que requerem receita médica, devido, principalmente, à filiação a empresas que irão recompensá-los com algum tipo de benefício ou comissão.

Os tranquilizantes, como qualquer outra droga, causam dependência tanto física quanto psíquica. Além de efeitos colaterais ligados, em grande parte ao sistema nervoso, a tentativa de cessar o consumo após o vício é acompanhada de fortes crises de abstinência.

A eficiência no uso de remédios antidepressivos ou outros psicotrópicos, portanto, dependem da forma como são administrados para a ocorrência de resultados. O aprimoramento na fiscalização dos estabelecimentos fornecedores desse tipo de produto, campanhas da mídia mostrando a seriedade do assunto a maior discussão sobre ajuda psicológica em vários setores da sociedade são medidas capazes de acabar ou minimizar a negligência no uso de drogas tão agressivas.

Clara Beatriz – Pré III

O Uso Abusivo de Tranquilizantes

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A ambição em passar para uma universidade e e n t r a r n o m e r c a d o d e t r a b a l h o c r e s c e u consideravelmente entre os estudantes nos últimos anos. O ritmo frenético de suas rotinas e a cobrança interior e exterior a que são submetidas resplandecem em seus rostos exaustos.

A vida escolar dos jovens se reduziu a uma preparação para o vestibular. As instituições de ensino se preocupam apenas com a colocação que vão estar em exames feitos pelos vestibulandos. Não há uma dedicação por parte do sistema educacional de formar cidadãos os quais possuem habilidades que precisam ser valorizadas e exploradas da devida forma. O Brasil carece de um ensino médio que ofereça diferentes possibilidades de cursos, de acordo com a vocação e com o interesse do aluno.

Um sistema educacional de qualidade seria aquele em que os alunos pudessem encontrar na escola um espaço de crescimento não só intelectual, mas humano. Um lugar onde explorassem a cultura através de, como por exemplo, oficinas de teatro, dança, música e artes após o horário escolar. Tal medida proporcionaria aos jovens

uma formação rica em conhecimentos essenciais para suas vidas como integrantes de uma sociedade, indo além de saberem responder questões de vestibulares.

Lyane Guimarães – Pré III

O Ensino Médio no Brasil

[…] Todos os anos, eu sofro com o padecimento de amigos que se submetem à terrível prova, ou até de estranhos que vejo pelos jornais chegando um minuto atrasados, tendo insolações e tonturas, roendo metade do lápis durante o exame e no fim olhando para o infinito com aquele ar de sobreviventes.

Luis Fernando Veríssimo, O Flagelo do Vestibular

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No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos:Esses e outros dados vieram à tona após o estupro coletivo

ocorrido no Rio de Janeiro, em maio deste ano. O fato chocou o Brasil e reacendeu as discussões sobre a violência contra a

mulher.

NÚMEROS E PERFIS DA INDEFENSÁVEL CULTURA DO ESTUPRO

Reflexões sobre a violência contra a mulher colocaram em pauta a necessidade de refletir sobre as características que cercam a

escancarada cultura desse tipo de crime.

A utilização de dados numéricos para intensificar o valor argumentativo de uma tese é recorrente dentro de dissertações. Os algarismos são relevantes até em casos de barbárie, como o recente caso de estupro coletivo a uma jovem de dezesseis anos no Rio de Janeiro. 33 foi o número de homens abusadores e coniventes ao ato contra a adolescente – que inconsciente e dopada, foi violentada e sofreu uma exposição de imagens divulgadas na internet.

Ssegundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, quase 48 mil mulheres foram violentadas em 2015 no Brasil, gerando uma média de 1 estupro a cada 11 minutos. Os números não param por aí: de acordo com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), apenas 10% dos casos são registrados na polícia, pressuponde-se números ainda mais alarmantes de abuso sexual em território nacional.

Fatos não matemáticos que envolvem a cultura do estupro, pois, também precisam ser observados. Em primeiro lugar, nota-se que a sensação de impunidade na internet fez com que pessoas brincassem com a situação e se manifestassem de forma desumana perante o crime ocorrido, realizando piadas e debochando do ato. Ademais, é bastante vista a faceta de usuários que culpabilizaram a vítima, como se o fato da jovem possuir um filho ou consumir drogas desse o direito a qualquer indivíduo de abusá-la – um argumento que funciona como máscara dos reais motivos para o estupro.

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A Insistente Cultura do ESTUPRO

Ainda que seus corpos devessem pertencer somente a elas próprias, fazendo com que atingissem um papel de protagonismo na liberdade de suas ações e escolhas, a objetificação das mulheres e sua ideia de pertencimento ao homem, à família, às atitudes recatadas e ao lar são fatos historicamente influenciadores do comportamento social.

Outro perfil encontrado entre as publicações é o de defensor da conhecida falácia "olho por olho e dente por dente", torcendo e comemorando a possibilidade de os homens que cometeram o crime sofram abuso ou outros castigos físicos semelhantes quando detidos. Políticos com posicionamento paradoxais, já que apoiam agressores físicos dentro do universo eleitoral, mas se demonstraram contra a cultura do estupro virtualmente, são personagens também identificados e provocadores de inúmeras críticas, como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). Entretanto, a contradição não se limita ao universo político, pois está no discurso da faceta daqueles que se demonstraram espantados com o acontecido e que reagem com normalidade sob atitudes machistas ou as executam, compactuando para o enraizamento de tal pensamento na sociedade.

Positividade numérica e dos perfisEmbora uma sensação de injustiça seja gigante diante de

tamanho crime, números e perfis positivos também estão presentes na internet e nas ruas. Milhares de pessoas fizeram protestos em diversos locais do Brasil e mais de 700 mil usuários modificaram sua foto de perfil do Facebook ou do Twitter em uma campanha contra as características do estupro na população, de acordo com o Twibbon, plataforma que oferece a troca.

O presidente (até então) interino Michel Temer, seis dias após o estupro e dois dias após a circulação do vídeo do caso no Twitter, noticiou a criação de um departamento na Policia Federal só para averiguar crimes ao sexo feminino. É também indispensável falar sobre o perfil e a aglomeração da corrente feminista, que deu seu recado nas redes sociais em combate ao acontecimento em questão, ao ódio e ao medo que cercam as mulheres a cada esquina, originados de uma sociedade machista e patriarcal. As ações, todavia, não devem ficar só na internet, necessitando chegar até as estatísticas e à realidade do país. Para isso, a denúncia contra qualquer violência às mulheres é imprescindível e deve ser propagada. A torcida é para que os episódios de estupro venham à tona e, por conseguinte, ele seja cada vez mais combatido, diminuindo os números e perfis negativos do ódio, do machismo e dessa indefensável cultura.

Felipe Tinoco – ex-aluno

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DADOS DA PERSISTÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

33 violaram,34 viram35 compartilharam.

36 disseram “Era puta, queria mais!”,37 iguais tirariam sua paz,38 acham “nada demais”.

Até quando a contagem continua?Nesse mundo onde de roupa estamos nuas,Não andamos tranquilas nas ruas.

Nesse mundo onde “Ela é minha!”,“Foi só um tapinha!”,“Para de draminha!”

Nesse mundo onde “Me liga quando chegar”,não adianta para não se preocupar,pois no caminho ela pode precisar gritar.

Meu corpo não é objeto para brincar,nem seu desejo saciar.Ele é meu e só eu posso tocar.

Ana Beatriz Cosenza – Pré I

AFLITA REALIDADE

Agosto 2016

quando a dignidade

MEDO perde lugar para o

Por menos dominação e mais lutas!

Não há mulher que gosta de apanhar...Há mulher que é humilhada ao denunciar,

Que é machucada ao reagir,Que tem medo de acusar, e

Que não tem dinheiro para ir embora.

Liberdade é pouco! O que eu desejo ainda não tem nome!Clarice Lispector

Mulheres são assassinadas em casa.Aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres

no mundo são cometidos por um parceiro íntimo.

Mais de 13,5 milhões de mulheres já sofreram algum

tipo de agressão.Esse número equivale a 19% da população feminina com 16 anos

ou mais. Das que sofreram violência, 31% ainda precisam conviver com o agressor. E pior:

das que convivem com o agressor, 14% continuam

sofrendo violência.

Crianças sofrem junto com suas mães.

Em levantamento realizado pela Central de Atendimento à Mulher (Disque 180), ficou constatado que as crianças

estão diretamente envolvidas nos casos de

violência doméstica. Dentre as vítimas ouvidas 80%

tinham filhos. Só que 65% presenciaram a violência e 19% eram vítimas diretas

junto com as mães.

Quase todo mundo conhece uma vítima.É bem possível que você, que está lendo agora, também. 54% das

pessoas conhecem uma mulher que já foi agredida e 56% conhecem um homem que já praticou agressão contra a mulher.

Uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no Brasil.Só em 2014, o Brasil teve pelo menos 47 mil estupros. Mas o Fórum Brasileiro de Segurança Pública acredita que podem ter ocorrido entre 136 mil e 476 mil

casos.O problema na falta de

conclusão sobre os dados é a subnotificação do crime.

Dados extraídos da revista Superinteressante.

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O QUE DESCONHECEMOS SOBRE A LOUCURAAo longo da história, diferentes formas de tratamento revelavam quais eram os caminhos dos estudos e pesquisas

sobre os distúrbios psiquiátricos.Passando por furos no crânio, extração de dentes e afogamentos, veja as diferentes terapias desde o século V a.C.

INDUÇÃO AO VÔMITO(1715)

MÉTODO: Durante vários dias, diferentes tipos de

purgantes são ministrados ao paciente.

JUSTIFICATIVA: Enquanto dura a náusea, as

alucinações são suspensas e até removidas.

AFOGAMENTO (1828)MÉTODO: O paciente é colocado em uma

grande caixa com furos e imerso na água, até que «as bolhas parem de subir».

JUSTIFICATIVA: A suspensão de funções vitais possibilita que o paciente volte à vida com

maneiras mais ajustadas de pensar.

CIRURGIAS GINECOLÓGICAS (1890)

MÉTODO: Amputação do clitóris e retirada do útero.

JUSTIFICATIVA: A vagina e o clitóris têm grande influência na mente

feminina. A loucura pode ser resultado da agitação

provocada por esses órgãos.

LOBOTOMIA (1940)MÉTODO: A cirurgia consiste em danificar os

lobos frontais do cérebro.

JUSTIFICATIVA: Distúrbios acontecem porque pensamentos patológicos “fixam-se” nas células

cerebrais, especialmente nos lobos frontais. Para curar o paciente, é preciso destruí-las.

Fonte: http://super.abril.com.br/ciencia/louco-eu

EXTRAÇÃO DE DENTES (1916)MÉTODO: Remoção de dentes que apresentam problemas.

JUSTIFICATIVA: Bactérias são a causa de várias doenças crônicas e costumam ficar escondidas perto dos

dentes. Elas podem seguir até o sistema circulatório e chegar ao cérebro, causando doenças mentais.

FUROS NO CRÂNIO (século 5 a.C.)MÉTODO: Fazer buracos no couro cabeludo do paciente.

JUSTIFICATIVA: Os buracos permitem que os demônios, que provocam a loucura ao ocupar a

mente do paciente.

ELETROCHOQUE (1937)

MÉTODO: Uso da eletricidade diretamente na

cabeça para provocar o ataque de epilepsia.

JUSTIFICATIVA: A convulsão produz danos cerebrais,

eficientes na recuperação do paciente. A perda de

memória, outra consequência do choque, é

benéfica já que torna impossível a lembrança de eventos que lhe causem

preocupação ou angústia.

A cara da loucuraAlguns estereótipos que constituem o popular conceito de loucura

O deliranteDom Quixote é o

exemplo do herói sonhador,

que passa a viver dentro de seus próprios

sonhos. Enxerga gigantes em moinhos de

vento, cria uma realidade

própria, que, para ele, é a verdadeira realidade.

O profetaO profeta Gentileza

abandonou seu trabalho e sua família para andar pelas

ruas do Rio de Janeiro

pregando o amor e a paz.

O gênioVan Gogh é só

um dos exemplos da combinação entre talento extraordinário

e distúrbios mentais.

O MelancólicoUm tipo comum

no mundo moderno, o

deprimido é o homem que

perde o interesse pela

realidade e passa a viver “no escuro”,

abandonando progressivamen

te a relação consigo mesmo.

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www.eco.g12.brAgosto 2016

HISTÓRIA DA LOUCURA NA IDADE CLÁSSICA

De um lado, a loucura existe em relação à razão ou, pelo menos, em relação aos “outros”, que […] se encarregam de representá-la e atribuir-lhe valor de exigência; por outro lado, ela existe para a razão, na medida em que surge ao olhar de uma consciência ideal que a percebe como diferença em relação aos outros. […]

A loucura é individualidade singular cujas características próprias, a conduta, a linguagem e os gestos distinguem-se uma a uma daquilo que se pode encontrar no não-louco; em sua particularidade ela se desdobra para uma razão que não é termo de referência, mas princípio de julgamento […].

Michel Foucault – Fragmento adaptado

loucura?

Onde

a sua

está O termo loucura não é mais empregado entre médicos e estudiosos para classificar quaisquer tipos de distúrbios

psiquiátricos. A “loucura”, como popularmente são conhecidos esses distúrbios, são as psicoses, isto é, distorções do pensamento e do senso de realidade que, normalmente, prejudicam ou anulam

a qualidade de vida do paciente.

ENTENDENDO A LOUCURA

Em 1852, foi o inaugurado o primeiro hospício no Brasil por ordem de D. Pedro II. Antes mesmo desse momento, já circulavam pela sociedade várias definições de loucura e algumas pessoas eram rotuladas desse modo só por pensarem de forma diferente. Afinal, o que é considerado loucura?

Para muitos, loucura é uma questão de julgamento. A psiquiatria acredita que realmente existem doenças que afetam o cérebro, fazendo com que essas pessoas tenham episódios de falta de sanidade, sendo esses momentos algo constante. Há pessoas, entretanto, que em algum momento de sua vida tomam certa atitude fora do padrão social e são rotuladas como “louca”, “maluca”, etc.

Além de não sabermos a diferença de pessoas “loucas” e pessoas com atitudes fora do padrão, não entendemos como ambas conseguem viver assim. Na verdade, esses indivíduos aproveitam dessas características consideradas ruins, para passar por esse mundo cheio de problemas, conflitos e crises com mais facilidade.

Outra coisa que não sabemos sobre a loucura é que vários cientistas e estudiosos, músicos, artistas, poetas e outros pensadores eram considerados «malucos». Estes eram tidos de tal modo simplesmente por pensarem a frente de suas épocas, como Galileu Galilei a Albert Einsten.

Devemos assim, ter cuidado ao chamar alguém de louco. Algumas atitudes podem suavizar essa situação, como campanhas de conscientização, debates nas escolas sobre a “loucura”, seus episódios bem como a divulgação de pensadores e incentivo à pesquisas por psiquiatras sobre o tema.

Gabriella Emerim – Pré III

Rita Lee e Arnaldo Baptista

Dizem que sou louco por pensar assimSe eu sou muito louco por eu ser feliz

Mas louco é quem me dizE não é feliz, não é feliz...

Se eles são bonitos, sou Alain DelonSe eles são famosos, sou Napoleão

Mas louco é quem me dizE não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhorNão ser o normal

Se eu posso pensar que Deus sou eu

Se eles têm três carros, eu posso voarSe eles rezam muito, eu já estou no céu

Mas louco é quem me dizE não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhorNão ser o normal

Se eu posso pensar que Deus sou eu

Sim sou muito louco, não vou me curarJá não sou o único que encontrou a paz

Mas louco é quem me dizE não é feliz, eu sou feliz...

BALADA DO LOUCO

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Ana Beatriz Cosenza – Pré I

Lyane Guimarães – Pré III

Felipe Tinoco - ex aluno

Coordenação: Prof.ª Ana Carolina Nóbrega

www.eco.g12.br

Prof.ª Ana Carolina NóbregaProf. Abelardo SoaresDiagramação: Fabio de Carvalho

Editor Responsável: Prof.ª Ana Carolina Nóbrega

Colaboradores:

Ana Beatriz Peres – Pré III

Clara Beatriz Cavalcante – Pré III

Gabriella Emerim – Pré III

Limites do uso da

O Potencial e os

Maconha

Agosto 2016

XXXI CONCURSO DE LITERATURAMARIA HELENA XAVIER FERNANDES

“Todo conhecimento humano é relativo. Cada subida prepara a queda proporcional. [...] No final da estrada estamos no mesmo ponto de onde saímos, no zero, no nada.”

Carlos Heitor Cony

A PAPELETA convida você, a experimentar, pouco a pouco, a obra de Carlos Heitor Cony. Abra os olhos. Feche os olhos para o resto e boa leitura.

pequeno manual do

A imigração não é um assunto novo – a fome e a guerra sempre mostraram sua presença na vida de muitas pessoas, especialmente na daqueles que vivem na África e no Oriente Médio. Em busca de melhores condições de vida, os mesmos procuram abrigo em países próximos, principalmente em alguns da Europa.

A crise imigratória passou a realmente ser vista após a morte do menino sírio de 3 anos, que tentava com sua família se refugiar da guerra, na Grécia, através de um pequeno bote que transportava 17 pessoas. Este fato causou uma comoção mundial, a partir daí foram sendo encontrados muitos outros casos de negligência com as viagens dos imigrantes.

Após a turbulenta viagem, o imigrante sofre com a adaptação no país, quando procuram trabalho, ou não encontram ou exercem atividades em situação inóspitas, análogas a escravidão. Não há uma receptividade com o refugiado, muitos os tratam com desprezo como não fossem humanos.

Isso ocorre em muitos países, contudo a população europeia é a que tem pensamento mais excludente, principal-

a realidade dos

GRANDE MANUEL Anunciava-se como O Grande Manuel. Talvez não fosse grande

nem Manuel, mas era português, alto, parecido com o John Carradine, sotaque pesado, um refulgente turbante na cabeça.

Vinha cedo, aí pelo meio-dia, com grandes caixotes e malas. Trancava-se no salão de festas, botava o turbante e preparava suas mandingas. Seu forte era um número de bandeiras, bandeiras de todos os países, clubes, associações e profanas, bandeiras de coisas e lugares inexistentes que iam saindo de uma inofensiva piteira que fumegava em seus dentes.

Como, por que e onde o Grande Manuel começou a fazer mágicas são coisas da vida, de maneira geral, e dos mágicos, de maneira especial. Veio de da terra para tentar a cultura de batatas no Piauí, mas achou negócio pesado e preferiu a cultura das ilusões. Não plantava batatas. Plantava um relógio no vaso e do vaso nascia uma pomba que alçava voo e botava ovo. Quebrava-se o ovo. De dentro dele saía o relógio. Plantar batatas talvez fosse mais prático e compensador, mas as mágicas davam-lhe glória e honra. Não era um Manuel qualquer. Era o Grande Manuel.

Mas até os grandes manuéis têm suas pequenezas. A dele chamava-se: O pequeno manual dos mágicos. Uma tarde, o homem

perdeu o manual e um colega nosso apanhou o livro. Todo mundo aprendeu os truques e, à noite, o Grande Manuel passou vexame. Dizia: “olhem aqui este guarda-chuva!” A turma berrava: “não é guarda-chuva, é uma espingarda!” Um dos nossos subia ao estrado e desmascarava o impostor. Não houve vaia mas não houve aplauso: foi pior.

Nunca mais o Grande Manuel foi contratado. Deveria andar por aí, pelo interior, repetindo as artes aprendidas no pequeno manual. Ontem, ao abrir a porta lá de casa, vi o homem. O mesmo jeito de John Carradine, mais velho, o mesmo sotaque. Só que não era mais o Grande Manuel. Era simplesmente o Manuel dos Santos, mecânico autorizado pela firma que vende aspiradores de pó. Veio mudar uma peça do meu aparelho e ali estava, sem as grandes malas de panos e pombas, sem turbante, simplesmente com a maleta das ferramentas. Não me reconheceu – é óbvio. Eu era um menino então, no meio de duas centenas de meninos.

Abaixou-se, examinou o aspirador, remexeu na maleta. Entre as ferramentas, vi um livro velho, encardido. Talvez fosse o pequeno manual, mas não era: era o livro de assentamentos, com endereços de residências que deveriam ser visitadas.

Mesmo assim temi que o Manuel dos Santos repetisse o Grande Manuel e fizesse mágicas inoportunas ali: temi pelo meu aspirador: podia sair de suas fantásticas mãos transformado em liquidificador.

Temi em vão. Numa época em que todos somos um pouco mágicos, o Grande Manuel sepultou para sempre suas mandingas, rasgou seu pequeno manual. Ninguém mais acredita em mágicos, em camelôs do maravilhoso. Temos nossos próprios mágicos que fazem de graça coisas estapafúrdias por aí.

Perguntei quanto era. Não era nada, ao aspirador estava no prazo da garantia. Dei-lhe cem reais de gorjeta e ele achou muito. E não entendeu – nem entenderá nunca – por que um freguês, na manhã de outubro, deu-lhe tanta gorjeta por ter trocado um simples parafuso. A ele, que em outros tempos, trocava flores em pássaros, perseguindo a gorjeta do aplauso e a glória da estupefação que brotava de seus dedos tristes.

Carlos Heitor Cony

lmente com aqueles que vêm do Oriente Médio e da África. Temos notícias que alguns países da Europa querem leis para barrar a entrada de refugiados, alegando falta de financiamento e superlotação.

Para que não haja negligência com as viagens, os governos deveriam financiar, ou pelo menos, tornar mais acessível, os meios de transporte para a mudança de país. Os países que sabem que recebem um nível alto de imigrantes deveriam saber lidar com esta situação. Com a divulgação da mídia sobre a grave crise imigratória, e com as escolas promovendo debates sobre isso, a população iria ser conscientizada sobre a realidade e as necessidades dos refugiados.

REFUGIADOS

Ana Beatriz Peres – Pré III