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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS Cap Inf DANIEL HENRIQUE AGUILAR PEREIRA A COMPANHIA DE FUZILEIROS BLINDADA DOTADA DE VIATURA BLINDADA DE TRANSPORTE DE PESSOAL M113-BR EM OPERAÇÕES EM AMBIENTE URBANO NO CONTEXTO DE OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS: UMA PROPOSTA DE TÉCNICAS, TÁTICAS E PROCEDIMENTOS Rio de Janeiro 2017

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Cap Inf DANIEL HENRIQUE AGUILAR PEREIRA

A COMPANHIA DE FUZILEIROS BLINDADA DOTADA DE VIATURA BLINDADA

DE TRANSPORTE DE PESSOAL M113-BR EM OPERAÇÕES EM AMBIENTE

URBANO NO CONTEXTO DE OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS

GOVERNAMENTAIS: UMA PROPOSTA DE TÉCNICAS, TÁTICAS E

PROCEDIMENTOS

Rio de Janeiro

2017

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAP Inf DANIEL HENRIQUE AGUILAR PEREIRA

A COMPANHIA DE FUZILEIROS BLINDADA DOTADA DE VIATURA BLINDADA

DE TRANSPORTE DE PESSOAL M113-BR EM OPERAÇÕES EM AMBIENTE

URBANO NO CONTEXTO DE OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS

GOVERNAMENTAIS: UMA PROPOSTA DE TÉCNICAS, TÁTICAS E

PROCEDIMENTOS

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Militares.

Orientador: Cel Inf Manoel Márcio Gastão

Rio de Janeiro

2017

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436c

2017 Pereira, Daniel Henrique Aguilar

A Companhia de Fuzileiros Blindada dotada de Viatura Blindada

de Transporte de Pessoal M113-BR em operações em ambiente

urbano no contexto de operações de apoio a órgãos governamentais:

uma proposta de técnicas, táticas e procedimentos / Daniel Henrique

Aguilar Pereira. – 2017.

224 f. : il.

Dissertação (Mestrado) – Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais,

Rio de Janeiro, 2017.

1. VBTP M113-BR. 2. Operações de Apoio a Órgãos

Governamentais. 3. Blindados de Transporte de Pessoal. I. Escola de

Aperfeiçoamento de Oficiais II. Título.

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CAP Inf DANIEL HENRIQUE AGUILAR PEREIRA

A COMPANHIA DE FUZILEIROS BLINDADA DOTADA DE VIATURA BLINDADA

DE TRANSPORTE DE PESSOAL M113-BR EM OPERAÇÕES EM AMBIENTE

URBANO NO CONTEXTO DE OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS

GOVERNAMENTAIS: UMA PROPOSTA DE TÉCNICAS, TÁTICAS E

PROCEDIMENTOS

Dissertação de mestrado apresentada à

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais,

como requisito parcial para a obtenção do

grau de Mestre em Ciências Militares.

Data de aprovação:

Banca Examinadora

____________________________________________

LUIZ HENRIQUE GONÇALVES PLUM – Ten Cel Mestre em Ciências Militares

Presidente/EsAO

________________________________________________

FREDERICO ALTERMANN NETO– Cap Mestre em Ciências Militares

1º Membro/EsAO

_______________________________________________

MANOEL MÁRCIO GASTÃO – Cel Doutor em Ciências Militares

2º Membro/EsAO

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela a oportunidade de enfrentar este desafio, iluminando-

me durante toda a caminhada.

À minha esposa, Vanessa, dedicada e compreensiva em todos os momentos,

oferecendo amor e apoio, mesmo quando não teve a merecida atenção.

Aos meus pais, Urbano e Márcia, pela educação e amor.

Aos Cap Dos Santos, Villela, De Paula e Pimentel, camaradas que apoiaram

de diversas formas o cumprimento desta missão e que buscaram me motivar quando

faltava o ânimo necessário para continuar.

Ao Sr Cel Márcio, orientador deste oficial, pelas observações oportunas que

nortearam a confecção deste trabalho, pela compreensão e pelo apoio incondicional.

Aos companheiros que participaram das entrevistas e questionários relativos

à pesquisa.

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RESUMO

Este estudo analisa se o emprego da Viatura de Transporte de Pessoal M113-BR, recentemente modernizada, influencia a adoção de técnicas, táticas e procedimentos (TTP) da Companhia de Fuzileiros Blindada (Cia Fuz Bld) em ambiente urbano, em Operações de Apoio a Órgãos Governamentais, preenchendo uma lacuna na doutrina militar terrestre brasileira. Constata-se que a Cia Fuz Bld ainda não possui TTP para o emprego dessa viatura. A VBTP M113-BR sofreu um processo de modernização e foi empregada na Operação São Francisco, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, o que aponta para sua utilização em futuras operações, devido a sua proteção blindada e mobilidade em vias urbanas. Casos históricos de embates de forças regulares contra facções criminosas em ambiente urbano retratam a necessidade de proteção blindada e uso oportuno de viaturas de transporte de pessoal sobre lagartas, por sua mobilidade e dimensões reduzidas, nas comunidades brasileiras. Identifica-se, ainda, a necessidade de favorecer o emprego mais otimizado do conjunto blindagem-mobilidade da Cia Fuz Bld. Este estudo se torna relevante para a melhor adaptação da tropa blindada ao material bélico existente, visando à adequação das ações para garantir a lei e a ordem em situações nas quais as Forças Armadas vêm sendo frequentemente empregadas. O tema é desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica sobre aspectos relacionados ao histórico da VBTP M113-BR, seu processo de modernização, a atuação das Forças Armadas na Operação São Francisco e o emprego de blindados em ambiente urbano. Posteriormente, foram aplicados questionários e realizadas entrevistas com militares com experiência em emprego de blindados, e com militares que integraram a Cia Fuz Bld, na da Operação São Francisco e utilizaram a viatura em ambiente urbano. Analisando os resultados desta pesquisa, conclui-se que a modernização da VBTP M113-BR possibilita a adoção de TTP por parte de uma Cia Fuz Bld. Por fim, apresenta-se uma proposta de TTP para futuras operações nesse cenário.

Palavras-chave: VBTP M113-BR. Operações de Apoio a Órgãos Governamentais. Blindados de Transporte de Pessoal.

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ABSTRACT

This study analyzes whether the employment of the newly modernized M113-BR Personnel Transport Vehicle influences the adoption of techniques, tactics and procedures (TTP) of the Armored Marines Company (Cia Fuz Bld) in the urban environment, in Operations Supporting Government Bodies, filling a Brazilian military ground doctrine. It can be seen that the Cia Fuz Bld does not yet have TTP for the use of this vehicle. The VBTP M113-BR underwent a modernization process and was employed in São Francisco Operation, in the Maré Complex, in Rio de Janeiro, which points to its use in future operations due to its armored protection and mobility in urban roads. Historical cases of clashes of regular forces against criminal factions in urban environments portray the need for armored protection and timely use of personal transport vehicles on caterpillars, due to their mobility and small size, in Brazilian communities. It also identifies the need to favor the more optimized use of the armored-mobility set of the Cia Fuz Bld. This study becomes relevant for the better adaptation of the armored troops to the existing war material, aiming at the adequacy of the actions to guarantee law and order in situations in which the Armed Forces are frequently employed. The theme is developed from a bibliographical research on aspects related to the history of VBTP M113-BR, its modernization process, the performance of the Armed Forces in Operation São Francisco and the use of armored vehicles in urban environments. Subsequently, questionnaires were applied and interviews were carried out with soldiers with experience in the use of armored vehicles, and with soldiers who were part of the Cia Fuz Bld, participated in São Francisco Operation and used the vehicle in an urban environment. The analysis of results led to the conclusion that the modernization of VBTP M113-BR makes it possible for a Cia Fuz Bld to adopt TTP. Finally, we propose some TTP for future operations in this scenario.

Keywords: VBTP M113-BR. Supporting Operations to Governmental Organs. Armored Vehicle for Personnel Transportation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Facções criminosas presentes na Maré......................................... 27

Figura 2 - Modelos de áreas urbanas.............................................................. 38

Figura 3 - Vista aérea da favela da Maré............................................................ 43

Figura 4 - Divisão das principais comunidades na Maré................................. 45

Figura 5 - Histórico da VBTP M113-BR........................................................... 48

Figura 6 - Novo motor Detroit Diesel .............................................................. 52

Figura 7 - M113A2Mk1- configuração ......................................................................... 53

Figura 8 - Ocupação do Gc na VBTP M113-BR....................................................... 55

Figura 9 - Apresentação da VBTP M113-BR............................................................. 57

Figura 10 - Instalação das alavancas de pivoteamento .......................................... 58

Figura 11 - VBTP realizando teste de pivoteamento................................................. 59

Figura 12 - VBTP M113-BR com a lagarta de borracha.................................... 60

Figura 13 - VBTP-MR GUARANI.......................................................................... 64

Figura 14 - VBTP MOWAG PIRANHA III....................................................................... 66

Figura 15 - VBTP M113 A1 TP ........................................................................................ 67

Figura 16 - VBTP EE-11 URUTU...................................................................... 69

Figura 17 - Operações no Amplo Espectro....................................................... 87

Figura 18 - VBTP sendo empregada como plataforma para difusão de

informações à população................................................................

100

Figura 19 - VBTP sendo empregada em um Check-Point ............................... 102

Figura 20 - VBTP sendo empregada na disseminação de mensagens por

alto-falantes.....................................................................................

103

Figura 21 - Operação de cerco na Op São Francisco....................................... 104

Figura 22 - VBTP M113-BR sendo empregada em uma ação.......................... 105

Figura 23 - Viatura Blindada Stryker dos EUA.................................................. 110

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Figura 24 - Viatura Blindada BMR 600 da Espanha.......................................... 112

Figura 25 - VCTP- TAM da Argentina................................................................ 114

Figura 26 - Instalação retrovisores de moto na VBTP M113-BR....................... 146

Figura 27 - Destacamento de FE empregando a VBTP M113-BR.................... 147

Figura 28 - Modelo de capacete balístico empregado pelo Destacamento de

Forças Especiais............................................................................

161

Figura 29 - Diferença entre um fuzil FAL e um Para FAL cano reduzido.......... 166

Figura 30 - Adaptador para instalação da Metralhadora MAG.......................... 212

Figura 31-

Figura 32 -

Proteção balística para Motorista e para o atirador........................

Instalação retrovisores de moto na VBTP M113-BR.......................

213

214

Figura 33 - Lagarta de borracha instalada na VBTP M113-BR......................... 215

Figura 34 - Utilização de saco de areia sobre o chassi da VBTP...................... 215

Figura 35 - Banda de borracha lateral da VBTP M113-BR .............................. 216

Figura 36 - Viatura sem a banda de borracha lateral da VBTP M113-BR ........ 217

Figura 37 -

Figura 38 -

Figura 39 -

Figura 40 -

Figura 41 -

Figura 42 -

Figura 43 -

Figura 44 -

Diferença entre um fuzil FAL e um Para FAL cano reduzido........

Vtr Marruá sendo empregada com a VBTP M113-BR....................

Realização de Patrulhamento misto com a VBTP M113-BR.........

VBTP M113-BR sendo empregada como disque denúncia..........

Emprego de capacete balístico com headset.................................

Modelo de capacete balístico empregado pelo DOFEsp...............

Instalação de câmera de ré na VBTP M113-BR.............................

Instalação de lâmina frontal para remoção de obstáculos..............

217

219

220

221

222

222

223

224

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Posto ou graduação da amostra ....................................... 133

Gráfico 2 - Quantidade de adestramentos realizados empregando a

VBTP M113-BR..................................................................

135

Gráfico 3 - Quantidade de missões reais realizadas empregando a

VBTP M113-BR .................................................................

137

Gráfico 4 - Eficiência da VBTP M113-BR ........................................... 138

Gráfico 5 - Aprovação sobre a utilização da VBTP M113-BR em

OAU, no contexto de OAOG .............................................

140

Gráfico 6 - Formas de Emprego da VBTP M113-BR em OAU, no

contexto de OAOG ............................................................

142

Gráfico 7 - Efeito de dissuasão causado pelo emprego da VBTP

M113-BR ...........................................................................

143

Gráfico 8 - Adaptações necessárias para emprego da VBTP M113-

BR .....................................................................................

145

Gráfico 9 - Efetivo ideal para realizar patrulhamento empregando a

VBTP M113-BR..................................................................

149

Gráfico 10 - Duração ideal para realizar patrulhamento empregando a

VBTP M113-BR..................................................................

153

Gráfico 11 - Efetivo ideal para realizar Check Point/ Static Point

empregando a VBTP M113-BR..........................................

154

Gráfico 12 - Duração ideal para realizar Check Point empregando a

VBTP M113-BR .................................................................

156

Gráfico 13 - Grau de satisfação da tropa sobre a blindagem da VBTP

M113-BR............................................................................

158

Gráfico 14 - Nível de eficiência das comunicações utilizando a VBTP

M113-BR ...........................................................................

160

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Gráfico 15 - Meios de comunicações utilizando a VBTP M113-BR na

Operação São Francisco ...................................................

162

Gráfico 16 - Armamentos que devem ser utilizados pela Cia Fuz Bld

utilizando a VBTP M113-BR ..............................................

164

Gráfico 17 - Formas de emprego da VBTP M113-BR por Forças

Policiais/ Forças Especiais.................................................

167

Gráfico 18 - Uso de EVN em conjunto com a VBTP M113-BR.............. 169

Gráfico 19 - Tipos de dano colateral causados pelo emprego da

VBTP M113-BR .................................................................

170

Gráfico 20 - Formas de manutenção da VBTP M113-BR em OAU, no

contexto de OAOG...........................................................

172

Gráfico 21 - Manobrabilidade da VBTP M113-BR em áreas de favela.. 174

Gráfico 22 - Tipo de viatura blindada mais apta para operar em

ambiente urbano................................................................

175

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Tipos e características das ruas de acordo com a doutrina

americana...................................................................................

39

Quadro 2 - População do Complexo da Maré.............................................. 43

Quadro 3 - Informações técnicas da VBTP M113-BR.................................. 55

Quadro 4 - Características das viaturas empregadas na Operação São

Francisco....................................................................................

70

Quadro 5 - Organização do Pel Fuz Bld....................................................... 80

Quadro 6 - Contingentes empregados na Op São Francisco....................... 94

Quadro 7 - Efetivo Orgânico (F Pac da 11ª Bda Inf Lev e Elm CMSE)........ 95

Quadro 8 - Efetivo de Elmentos de outras OM que não pertenciam à 11ª

Bda Inf L.....................................................................................

96

Quadro 9 - Efetivo total empregado pela F Pac IV....................................... 96

Quadro 10 - Efetivo empregado pela Cia Fuz Bld.......................................... 97

Quadro 11 - Ações táticas nas operações de apoio a órgãos

governamentais..........................................................................

105

Quadro 12 - Características das viaturas empregadas pelos Exércitos

Brasileiro, Americano, Espanhol e Argentino em OAU..............

115

Quadro 13 - Variável “Emprego do M113-BR em OAU”, no contexto de

OAOG.........................................................................................

120

Quadro 14 - Variável “Técnicas, Táticas e Procedimentos da Cia Fuz Bld”... 121

Quadro 15 - Tamanho amostral (n) em função do tamanho populacional..... 123

Quadro 16 - Comparação entre as TTP da F Pac e das facções criminosas. 133

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LISTA DE ORGANOGRAMAS

Organograma 1 - Organograma de um BIB................................................... 74

Organograma 2 - Organograma de uma Cia Fuz Bld..................................... 75

Organograma 3 - Organização do BtlBldFuzNav........................................... 82

Organograma 4 - Organização da CiaVtrBldSL............................................. 83

Organograma 5 - Organização geral da F Pac e do GptOpFuzNav-Maré..... 95

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LISTA DE ABREVIATURAS

AF Alto-falante

APC Armoured Personnel Carrier

Ap F Apoio de Fogo

APOP Agente Perturbador da Ordem Pública

BIB Batalhão de Infantaria Blindado

Bld Blindado

Btl Batalhão

Cb Cabo

CC Carro de Combate

CFN Corpo de Fuzileiros Navais

Cia Companhia

Cia Fuz Bld Companhia de Fuzileiros Blindada

Cl Bld Centro de Instrução de Blindados

CML Comando Militar do Leste

CMS Comando Militar do Sul

CV Comando Vermelho

DOFEsp Destacamento Operacional de Forças Especiais

EB Exército Brasileiro

EM Estado-Maior

EUA Estados Unidos da América

F Pac Força de Pacificação

FA Forças Armadas

FACE Forças Armadas Convencionais na Europa

FDI Forças de Defesa de Israel

FMS Foreign Military Sales

FT Força-Tarefa

F Ter Força Terrestre

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Fuz Fuzileiro

GC Grupo de Combate

GCB Gerenciamento do Campo de Batalha

GE Guerra Eletrônica

GLO Garantia da Lei e da Ordem

GM Guerra Mundial

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

MB Marinha do Brasil

MC Manual de Campanha

MD Ministério da Defesa

MEM Material de Emprego Militar

Nr Número

OAOG Operações de Apoio a Órgãos Governamentais

OAU Operações em Ambiente Urbano

Op Operações

PEEx Plano Estratégico do Exército

Pel Pelotão

Pel Ap Pelotão de Apoio

Pel Fuz Bld Pelotão de Fuzileiros Blindado

PMERJ Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

QDM Quadro de Distribuição de Material

QO Quadro Organizacional

RCC Regimento de Carros de Combate

SU Subunidade

TCP Terceiro Comando Puro

TTP Técnicas, Táticas e Procedimentos

U Unidade

UPP Unidade de Polícia Pacificadora

VB Viatura(s) Blindada(s)

VBTP

Vtr

Viatura Blindada de Transporte de Pessoal

Viatura

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 17

1.1 PROBLEMA............................................................................................... 23

1.1.1 Antecedentes do problema..................................................................... 23

1.1.2 Formulação do problema........................................................................ 25

1.2 OBJETIVOS............................................................................................... 28

1.3 QUESTÕES DE ESTUDO......................................................................... 29

1.4 JUSTIFICATIVA......................................................................................... 30

2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 34

2.1 AMBIENTE URBANO................................................................................ 34

2.1.1 O Complexo da Maré............................................................................... 40

2.2 CARACTERÍSTICAS DA VBTP M113-BR................................................. 47

2.2.1 Histórico da VBTP M113.......................................................................... 47

2.2.2 VBTP M113-BR......................................................................................... 49

2.2.3 Apresentação viaturas blindadas empregadas Op São Francisco..... 62

2.2.3.1 VBTP-MR Guarani..................................................................................... 63

2.2.3.2 Viatura Mowag Piranha III......................................................................... 64

2.2.3.3 VBTP M113 A1 TP da Marinha do Brasil.................................................. 66

2.2.3.4

2.2.4

VBTP EE-11 Urutu 11...............................................................................

Comparação das viaturas empregadas na Op São Francisco...........

68

69

2.3 A COMPANHIA DE FUZILEIROS BLINDADA........................................... 72

2.3.1 A Brigada Blindada.................................................................................. 72

2.3.2 O Batalhão de Infantaria Blindado......................................................... 74

2.3.3 A companhia de Fuzileiros Blindada..................................................... 75

2.3.4 O Pelotão de Fuzileiros Blindado........................................................... 78

2.3.4.1 Motorista da VBTP M113-BR.................................................................... 80

2.3.5 Batalhão de blindados de fuzileiros navais.......................................... 81

2.3.6 A Companhia de Viaturas Blindadas sobre Lagartas.......................... 82

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2.4 OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS................... 84

2.4.1 Amplo espectro dos conflitos................................................................ 84

2.4.2 Operação São Francisco......................................................................... 91

2.5 EMPREGO DE BLINDADOS EM AMBIENTE URBANO........................... 98

2.5.1 Principais blindados empregados em OAU por outros exércitos...... 108

2.5.1.1 Stryker do Exército dos EUA..................................................................... 108

2.5.1.2 BMR 600 do Exército da Espanha............................................................. 112

2.5.1.3 VCTP-TAM do Exército da Argentina........................................................ 113

3 METODOLOGIA........................................................................................ 117

3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO…........................................................... 117

3.1.1 Definição conceitual da variável............................................................ 119

3.2 AMOSTRA................................................................................................. 122

3.3 DELINEAMENTO DE PESQUISA............................................................. 124

3.3.1 Procedimentos para a revisão da literatura.......................................... 125

3.3.2 Procedimentos metodológicos.............................................................. 126

3.3.3 Instrumentos............................................................................................ 127

3.3.4 Análise dos dados................................................................................... 130

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 131

4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS............................... 131

4.1.1 Levantamento do posto ou graduação da amostra.............................. 133

4.1.2 Nível de adestramento............................................................................ 134

4.1.3 Eficiência da VBTP M113-BR.................................................................. 137

4.1.4 Formas de emprego da VBTP M113-BR................................................ 141

4.1.5 Efeito de Dissuasão da VBTP M113-BR................................................ 143

4.1.6 Adaptações na VBTP M113-BR.............................................................. 144

4.1.7 Patrulhamento e estabelecimento de Check Point.............................. 149

4.1.8 Blindagem e Comunicações................................................................... 157

4.1.9 Armamentos empregados e utilização por Forças Especiais............. 163

4.1.10 Uso de Equipamento de visão noturna e danos colaterais................. 168

4.1.11 Manutenção da VBTP M113-BR.............................................................. 171

4.1.12 Manobrabilidade da VBTP M113-BR...................................................... 179

5 CONCLUSÃO............................................................................................ 185

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REFERÊNCIAS......................................................................................... 185

APÊNDICE A – Questionário em apoio à pesquisa de campo................. 194

APÊNDICE B – Roteiro de entrevista...…................................................. 203

APÊNDICE C – Proposta de técnicas, táticas e procedimentos para

uma Cia Fuz Bld dotada da VBTP M113-BR em OAU, no contexto de

OAOG........................................................................................................

208

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17

1 INTRODUÇÃO

A intrincada história militar do século XX registrou uma série de conflitos

bélicos, desde guerras assimétricas de baixa intensidade até duas conflagrações de

nível mundial. Um traço marcante, contudo, foi verificado na maioria delas: a

presença de veículos blindados.

Durante a 1ª Guerra Mundial (GM)1, conhecida também por "guerra de

posição", teve início o pensamento sobre a mobilidade como característica dos

novos conflitos. Tal mobilidade só seria alcançada com o emprego de um meio de

combate blindado à prova de projéteis, com adequado poder de fogo e capacidade

de se deslocar fora dos "caminhos" e através do campo.

Com o advento dessa máquina no teatro das operações, começou uma nova

fase do combate terrestre, na qual o soldado de Infantaria passaria a ser

transportado com relativa proteção dos tiros das temidas metralhadoras e da

artilharia no campo de batalha, a fim de cumprir sua missão principal: a conquista do

terreno (SANDERSON, 2007, p. 9). A proteção blindada começava, assim, a ser

fundamental nas operações militares.

Após a 2ª GM2 e o início da Guerra Fria, o desenvolvimento de viaturas

blindadas sofreu enorme impulso, fruto das inovações tecnológicas que surgiam.

Apesar desse avanço, as crises surgidas no mundo exigiam veículos mais leves e

adaptáveis aos novos cenários. Viaturas rápidas e baratas passaram a constituir a

ordem do dia, e muitos veículos automotores de uso civil foram convertidos em

viaturas blindadas, para preencher as necessidades de transporte de pessoal e de

viaturas de combate de infantaria (RIBEIRO, 2013, p. 2).

A maioria da população mundial está vivendo em áreas urbanas e, dessa

forma, muitos exércitos encontram dificuldades para evitar ou desbordar áreas

1 Na 1ª GM, predominou a guerra de 2ª geração, desenvolvida pelo Exército francês, cujo objetivo era

o atrito, e a doutrina foi resumida pelos franceses como sendo “a artilharia conquista – a infantaria ocupa” (LIND, 2005, p. 13). 2 Na 2ª GM, foi desenvolvida pelo Exército alemão a “blitzkrieg” ou a guerra de manobra. A guerra de

3ª geração é baseada não no poder de fogo e atrito, mas na velocidade, surpresa e no deslocamento mental e físico (LIND, 2005, p. 13).

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edificadas em suas operações. Consequentemente, a opção mais viável para os

comandantes será, de acordo com a situação, operar em ambiente urbano. Em

virtude desse panorama, surgiram viaturas blindadas mais leves e rápidas, aptas a

operar nas cidades.

Já no final da década de 60, tornava-se evidente a necessidade de viaturas mais leves do que os carros de combate para atuarem em ambiente urbano, como na crise política social ocorrida na Irlanda do Norte. Os carros de combate exerciam uma ação de choque desproporcional sobre a população local que manifestava-se nas ruas. Além disso as viaturas eram muito lentas, pesadas para as ruas das cidades e com uma potência de fogo muito além da necessária para a ocasião além de um custo muito elevado para se manter em operação diariamente. Por isso, o número de viaturas blindadas mais leves passou a dominar o comércio de materiais de defesa mundial para fazer frente as ameaças nacionalistas que eclodiram no mundo exemplificadas através das reivindicações apresentadas por insurgentes locais em regiões como os Bálcãs e o Afeganistão (RIBEIRO, 2013, p. 1).

Atualmente, as operações militares estão voltadas para o ambiente urbano. O

aumento significativo nas populações das cidades teve como consequência o

aumento de centros de médio e grande porte, que, aliado à grande influência da

opinião pública mundial nas operações urbanas, tem sido determinante na busca de

Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP) mais adequados para esse ambiente

operacional (OLIVEIRA, 2011, p. 12). O crescimento populacional gerou mudanças

nos planejamentos das Operações em Ambiente Urbano (OAU), sobretudo em

virtude do fator de decisão “considerações civis”.

A crescente urbanização e o crescimento acelerado da população nas cidades aumentaram tanto nos últimos anos do século XX, que suas influências nas operações militares tornaram-se significativas no cenário mundial tornando-se um dos mais importantes fatores da decisão (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 1993, p. 1-5).

Dessa forma, cresce a importância de realizar estudos sobre operações

militares em ambiente urbano e, por consequência, sobre como empregar o meio

blindado nesse cenário.

Em razão do crescimento demográfico mundial, há cidades em todos os

continentes do planeta, o que leva, invariavelmente, os conflitos para dentro das

localidades. Aumentam, assim, os combates urbanos, a exemplo de conflitos

recentes, como a Guerra do Iraque, Afeganistão e Síria. Ademais, após o ataque

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terrorista às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001,

surgiu um novo tipo de conflito, no qual um Estado é atacado por oponentes não

estatais. A este tipo de guerra denominou-se guerra de 4ª geração3 (LIND et al.,

1989, p. 25).

O combate moderno transformou-se em uma tarefa complexa, sendo

resumidamente caracterizado por:

a) maior necessidade de inteligência militar;

b) combate continuado;

c) uso intensivo da Guerra Eletrônica (GE);

d) emprego de operações psicológicas;

e) maior capacidade de sobrevivência no campo de batalha;

f) ênfase nas considerações civis;

g) maior profundidade nas ações; e

h) grande mobilidade, rapidez e sincronização das operações

características marcantes da tropa blindada.

Os meios blindados, sejam sobre lagartas ou sobre rodas, quer sejam

veículos blindados de combate ou de transporte de tropa, têm como uma de suas

principais características a rapidez de deslocamento. Tal rapidez está relacionada

não só à motorização, mas também à proteção blindada, que irá permitir ao veículo

transpor resistências com maior facilidade, não se detendo por tempo excessivo na

tarefa de reduzi-las. Essa rapidez é desejável em todo e qualquer ambiente de

combate, mas em ambiente urbano ela é essencial para manter a agressividade e

diminuir o tempo de exposição ao inimigo, garantindo a segurança da tropa

(MESQUITA, 2009, p. 4).

O crescimento desorganizado das cidades acabou gerando desigualdades

econômicas e elevada taxa de desemprego, levando aos habitantes das grandes

cidades a migrarem para o crime organizado e o tráfico de drogas.

3 Na guerra de 4a geração, o Estado perde o monopólio sobre a guerra. Em todo o mundo, os

militares se encontram combatendo oponentes não estatais, tais como a al-Qaeda, o Hamas, o Hezbollah e as Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia. A guerra de 4

a geração é também

marcada por uma volta a um mundo de culturas, não meramente de países, em conflito (LIND, 2005, p. 14).

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Com relação ao Brasil, o emprego das Forças Armadas (FA) em ambiente

urbano também sofreu algumas modificações. Segundo Fonseca (2012, p. 7), ao

analisar a atual conjuntura brasileira em relação à segurança pública, verifica-se

uma crise no setor, principalmente nos grandes centros urbanos como São Paulo e

Rio de Janeiro, onde as forças auxiliares nem sempre estão preparadas para

controlar a violência e combater o tráfico de drogas.

No passado, os militares consideravam como ameaça, quase que

exclusivamente, a invasão de seu território pátrio por outro Estado. No entanto, essa

percepção de ameaça exclusiva mudou ao longo do tempo. As forças armadas

contemporâneas procuram identificar e combater as chamadas novas ameaças.

Assim,

[...] desafios secundários como terrorismo internacional e o tráfico de drogas e armamentos sugeriram a alguns autores que novas ameaças à segurança nacional e internacional estão tomando o lugar das velhas ameaças da guerra nuclear e da guerra convencional (VILLA; REIS, 2006, p. 38).

No ambiente interno, essas novas ameaças são denominadas de Agentes

Perturbadores da Ordem Pública (APOP). Dessa maneira, cresce a participação do

Exército Brasileiro (EB) em OAU no contexto de Operações de Apoio a Órgãos

Governamentais (OAOG), nas quais as FA acabam deixando em segundo plano sua

atribuição principal de defender o país de uma ameaça externa e trabalham, em

conjunto com as forças auxiliares, em prol da segurança interna.

O Brasil é, de acordo com o artigo primeiro da Constituição de 1988, uma

República Federal “formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do

Distrito Federal”. A Carta Magna dispõe também, em seu artigo 144, que

[...] a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I – polícia federal; II – polícia rodoviária federal; III – polícia ferroviária federal; IV – polícias civis; V – polícias militares e corpos de bombeiros militares. (BRASIL, 1988).

No entanto, o artigo 142 do mesmo estatuto prevê que as Forças Armadas,

constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições

nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na

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disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República. Destinam-se à

defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer

destes, da lei e da ordem.

Assim, chega-se à ideia fundamentada de que o Brasil é uma República

Federativa na qual a segurança pública é responsabilidade direta das polícias

federais e estaduais, mas que admite, em situações excepcionais, o emprego das

Forças Armadas para garantir a lei e a ordem. Diante dessa situação, as operações

militares do EB estão cada vez mais focadas no ambiente urbano no contexto de

OAOG.

De acordo com Fagundes (2008, p. 27), a atual conjuntura mundial torna os

centros urbanos um fator decisivo no combate. Em OAU, são inúmeros os meios

disponíveis pelo EB no combate a grupos de APOP.

As operações em ambiente urbano possuem diversas características

especiais, segundo Oliveira (2011, p. 11): “necessidade do estudo detalhado do

terreno (interior da localidade) e do inimigo; comando e controle complexos;

necessidade de regras de engajamento detalhadas, proteção blindada, entre outras”.

Dessa maneira, a tropa blindada, cujas TTP são diferentes da tropa convencional,

pode e deve ser empregada nesse cenário.

Segundo Mesquita (2009, p. 3), falar em guerra moderna sem se referir ao

combate urbano é praticamente impossível, e combater em localidade sem

considerar o emprego do meio blindado (Bld) é uma decisão extremamente

temerária. O adequado emprego desse nobre meio influencia diretamente o sucesso

das operações militares.

O grande avanço tecnológico mundial, particularmente no setor bélico, se

traduz no surgimento de blindados cada vez mais sofisticados, o que torna o

emprego destes meios fator decisivo para o combate e traz para o exército que

detém esta tecnologia vantagens significativas no campo de batalha e em especial

em OAU.

As Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP), também

denominadas internacionalmente como Armoured Personnel Carrier (APC), são

veículos de combate blindados projetados para transportar a infantaria para o campo

de batalha. O Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na Europa (FACE), de

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19 de novembro de 1990, define blindados de transporte de pessoal como “um

veículo de combate blindado projetado e equipado para transportar um grupo de

combate de infantaria e que, via de regra, está dotado com armamento orgânico de

calibre inferior a 20mm” (RIBEIRO, 2013, p. 2).

As VBTP podem possuir rodas ou lagartas e são geralmente armadas com

apenas uma metralhadora. Em geral, não são projetadas para tomar parte em

combates que se caracterizam pela execução de fogos diretos, mas para transportar

tropas para o campo de batalha a salvo de estilhaços e emboscadas. Incluem-se

como exemplos desta categoria de viaturas os modelos M113 americano e brasileiro

M113-BR (sobre lagartas), o VAB francês (sobre rodas), o holandês-alemão GTK

Boxer (sobre rodas), o BTR soviético (sobre rodas), o Urutu e o Guarani brasileiros

(sobre rodas).

Considerando as novas necessidades impostas pelo combate moderno, o EB

vem procurando adequar-se à nova realidade, concebendo metas estratégicas.

Nesse contexto, o Plano Estratégico do Exército (PEEx) 2016-19 prevê a

restruturação das tropas blindadas, e para atingir parte dessa meta, a Viatura

Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP) M113-BR passou por um projeto de

modernização (BRASIL, 2015f, p. 11).

O Parque Regional de Manutenção/5, localizado na cidade de Curitiba/

Paraná, apresentou oficialmente a VBTP M113-BR de número 150, em dezembro de

2013, o que caracterizou o encerramento da primeira fase do projeto de

modernização desse modelo de viatura. As VBTP M113-BR vêm sendo distribuídas

aos Batalhões de Infantaria Blindados (BIB) - 7º BIB, 13º BIB, 20º BIB e 29º BIB –

desde dezembro de 2013, já tendo sido empregadas na Operação São Francisco,

no Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro (MURMEL, 2015, p. 1).

O emprego da viatura blindada em ambiente urbano no contexto de

Operações de Apoio a Órgãos Governamentais exige TTP das frações de forma

específica, como por exemplo: o emprego da proteção blindada, das comunicações,

dirigibilidade, adaptação da viatura ao ambiente urbano e manutenção das viaturas.

Nesse sentido, a presente investigação pretende analisar as Técnicas,

Táticas e Procedimentos do emprego da VBTP M113-BR em OAU, a fim de fornecer

dados que permitam o correto emprego da Companhia de Fuzileiros Blindada (Cia

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Fuz Bld) em ambiente urbano no contexto de Operações de Apoio a Órgãos

Governamentais (OAOG), na Operação São Francisco.

1.1 PROBLEMA

Esta seção tem por objetivo apresentar o problema levantado, que deverá ser

respondido durante a execução deste trabalho.

Para cumprir suas missões, a Companhia de Fuzileiros Blindada, orgânica do

Batalhão de Infantaria Blindado, conta com a VBTP M113-BR. As Cia Fuz Bld foram

empregadas na Operação São Francisco, uma operação em ambiente urbano que

teve o contexto de Operações de Apoio a Órgãos Governamentais.

É imperativo que o comandante da fração conheça as TTP para o emprego

da viatura blindada disponibilizada para sua fração, tendo em vista a complexidade

das operações em ambiente urbano, particularmente em áreas de favela, ambiente

que enfrenta problemas que geram insatisfação em grande parte da população e

ocasionam frequentes manifestações populares.

Como ator participante de operações em ambiente urbano, o EB deve buscar

a adoção das TTP do emprego do meio blindado no contexto de Operações de

Apoio a Orgãos Governamentais, em particular a VBTP M113-BR, devido a sua

recente modernização.

1.1.1 Antecedentes do problema

Segundo Calixto (2015, p. 13), os veículos blindados, criados na década de

1910, vêm sendo cada vez mais utilizados como forma de obter vantagem no campo

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de batalha. Com o passar do tempo, esses veículos deixaram de ser somente

ferramentas de ultrapassagem de obstáculos e posicionamento de tropa a pé e se

tornaram cada vez mais sofisticados, recebendo armas e equipamentos eficientes,

aumentando a letalidade e a proteção dos tripulantes. Estes, então, deixaram de ser

meros fuzileiros e passaram a ser motoristas de blindados, atiradores, municiadores,

combatentes capacitados a operar essas máquinas de guerra, conforme prevê o

Quadro Organizacional (QO) do Batalhão de Infantaria Blindado. Surgiu assim a

necessidade de realizar estudo sobre esse meio nobre e decisivo nas operações em

ambiente urbano no contexto de OAOG.

De acordo com Bastos (2015, p. 109), o dia 25 de novembro de 2010 será

lembrado como marco histórico importante para as operações de blindados no

Brasil, em ambiente urbano. Naquele ano, uma verdadeira guerra civil atingiu a

cidade do Rio de Janeiro- RJ e foi exibida ao vivo pelas redes de televisão, sendo

acompanhada por milhões de telespectadores. A Marinha do Brasil (MB), por meio

de seu Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), inovou ao ceder seus blindados, entre

eles a VBTP M113 A1 TP, para as Forças de Segurança Pública daquele estado.

Teve início, assim, o emprego de blindados em ambiente urbano no contexto de

Operações de Apoio a Órgãos Governamentais.

Além da Marinha do Brasil, os Batalhões de Infantaria Blindados orgânicos

das Brigadas Blindadas do Exército Brasileiro são equipados com as VBTP M113-B

e, recentemente, têm recebido as novas VBTP M113-BR. O projeto de

modernização dessa viatura é resultado de parceria firmada entre o Governo

Brasileiro, o Governo Americano e a empresa British Aerospace Systems.

Cada processo completo de modernização de uma viatura dura cerca de

quatro meses, passando por etapas encadeadas e precisas que, ao final, levam o

blindado ao estado novo, totalmente modificado e reforçado, com características

únicas e potência compatível às novas demandas da Força Terrestre (F Ter),

segundo Murmel (2015).

Os trabalhos começaram com o protótipo feito em 2012 com mão de obra

americana. Em 2013, foi estabelecida a linha de montagem que, naquele ano,

completou 42 unidades. Em 2014 foram modernizadas mais 60, e no ano de 2015

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somaram-se 48, fechando o lote previsto no primeiro contrato, totalizando 150

viaturas.

Após sua modernização, a VBTP M 113-BR foi empregada de forma inédita

pelo EB em ambiente urbano, na Operação São Francisco, no Complexo da Maré,

no Rio de Janeiro, entre 2014 e 2015. Verificou-se então o emprego de uma viatura

blindada sobre lagartas em OAOG, que, no entanto, reuniu características comuns a

um conflito de 4ª geração, empregando amplamente o binômio homem-carro.

1.1.2 Formulação do problema

Uma das estratégias utilizadas pelo Governo Federal para reduzir o tráfico de

drogas foi a ocupação as favelas do Rio de Janeiro, com o apoio efetivo das Forças

Armadas, em especial o Exército Brasileiro, seguida da implantação das Unidades

de Polícia Pacificadora (UPP). Essa foi e continua sendo a solução do governo para

levar a presença do Estado a regiões antes entregues ao tráfico.

As UPP, conforme conceituado pela Secretaria de Segurança Pública do Rio

de Janeiro, têm como objetivo central proporcionar uma aproximação entre a

população local e a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Esse novo

modelo de Segurança Pública foi a forma encontrada pelo Governo do Rio de

Janeiro para recuperar territórios perdidos para o tráfico e levar a inclusão social à

parcela mais carente da população.

Pode-se dizer que o EB, auxiliado pela MB e pelos órgãos de segurança

pública do Estado do Rio de Janeiro, participou de duas grandes OAOG desde 2010.

Essas duas grandes operações tiveram por objetivo pacificar áreas violentas da

cidade do Rio de Janeiro, ambas dominadas por traficantes de drogas: os

Complexos do Alemão e da Penha e o Complexo da Maré.

O emprego das FA no contexto das comunidades do Complexo da Maré

iniciou-se com a autorização da Presidente da República, atendendo à solicitação do

governo do Estado do Rio de Janeiro, em 05 de abril de 2014, por meio da

Operação São Francisco, sob coordenação do Comando Militar do Leste (CML). A

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finalidade era cooperar no processo de pacificação, preservação da ordem pública,

contribuição do restabelecimento da paz social na região e a incolumidade das

pessoas e do patrimônio dessas comunidades (CAMPOS, 2016, p. 12). A VBTP

M113-BR, que já havia sido empregada pela MB na Operação Arcanjo, no morro do

Alemão, foi empregada pela primeira vez pelo EB nesse tipo de operação no

território brasileiro.

No âmbito do EB, a utilização das VBTP M113-BR se deu por intermédio da

Forças de Pacificação da Maré (Operação São Francisco), no Rio de Janeiro, a

partir de abril de 2014, onde operaram blindados da 5ª Brigada de Cavalaria

Blindada e posteriormente veículos da 6ª Brigada de Infantaria Blindada. Os

blindados foram empregados em área urbana, densamente povoada, em conjunto

com forças da Marinha, através dos Fuzileiros Navais e Forças Policiais (BASTOS,

2015, p. 111).

O Complexo da Maré é uma das comunidades mais carentes do município do

Rio de Janeiro, um ambiente com alta periculosidade e baixo Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH). Constituía um reduto de criminalidade, sendo

formada por uma urbanização irregular, com muitos becos. Tornou-se uma área

propícia ao homizio de organizações criminosas, o que impôs a realização de ações

por parte das FA para restabelecer a lei e a ordem.

Nessa localidade havia gangues e facções criminosas, como o Comando

Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e as milícias, dotadas de diversos

armamentos, como fuzis 7,62mm e 5,56mm. Esses grupos passaram a hostilizar os

militares, instalando principalmente seteiras nas construções de alvenaria. Sendo

assim, era muito difícil localizar as posições de onde eram realizados disparos pelos

APOP.

A figura 1, abaixo, mostra as fações criminosas presentes no Complexo da

Maré antes da Operação São Francisco (na cor azul, áreas dominadas pelas

milícias; em vermelho, do CV; e em verde, regiões a comando do TCP).

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FIGURA 1 - Facções criminosas presentes na Maré antes da Operação São Francisco Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

Na Operação São Francisco foram empregadas inicialmente as viaturas

motorizadas, como caminhões e viaturas ¾ toneladas (Ton), pelos pelotões de

fuzileiros, orgânicas dos batalhões de infantaria. Entretanto, estes, quando recebiam

disparos na sua direção, tinham necessariamente que desembarcar das viaturas e

abrigar-se ao terreno, a fim de se protegerem, uma vez que não contavam com

proteção blindada.

Além disso, no ambiente urbano, sobretudo em favelas, a maioria das

confrontações ocorrem a curtas distâncias, o que faz com que os projéteis dos fuzis

ainda retenham energia suficiente para penetrar o colete à prova de balas dos

combatentes e as construções, permitindo que os APOP ocupem sítios cobertos e

abrigados para executarem disparos em direção à tropa. Nesse sentido, a utilização

de uma plataforma blindada torna-se necessária para oferecer proteção aos militares

em OAU no contexto de OAOG.

Para solucionar esse problema, houve a necessidade de empregar uma

viatura blindada, com características de combate compatíveis com tropa de

Habitantes: Aprx 130.000

Domicílios: Aprx 42.000

Comunidades: 15

Área: 7Km²

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infantaria. Considerando essas características, a viatura disponível nos Quadros de

Distribuição de Material (QDM) das Unidades de Infantaria do EB aptas a cumprir

esse tipo de missão é a VBTP M113-BR, de dotação dos BIB.

Devido a sua recente modernização, há relatos de que poucas são as

publicações que descrevem os pontos fortes e oportunidades de melhoria no

emprego de tropa blindada, especificamente sobre as TTP empregando a VBTP

M113-BR, em OAU no contexto de OAOG, como na Operação São Francisco,

enquadrada em uma Cia Fuz Bld.

Tendo em vista a recente utilização da VBTP M113-BR nas favelas do Rio de

Janeiro e a especificidade de TTP a serem adotados pela tropa blindada, aliada à

falta de documentação que aborde o emprego de tropa blindada em OAU, em

particular no contexto de OAOG, surge a seguinte situação-problema: em que

medida as possibilidades e limitações da VBTP M113-BR influenciam na adoção de

TTP de uma Cia Fuz Bld, em OAU no contexto de OAOG?

1.2 OBJETIVOS

A fim de propor as TTP adotadas pela utilização da VBTP M113-BR pela Cia

Fuz Bld, em OAU no contexto de OAOG, como na Operação São Francisco, o

presente trabalho teve por finalidade reunir os ensinamentos, relatórios e

experiências vivenciadas pelos militares que participaram das ações de preparação

e emprego dos contingentes do EB que integraram essa Operação. Assim, o objetivo

geral foi propor técnicas, táticas e procedimentos para uma Cia Fuz Bld, dotada de

VBTP M113-BR operando em ambiente urbano em um contexto de OAOG.

A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram

formulados os objetivos específicos, abaixo relacionados, que permitirão o

encadeamento lógico do raciocínio descritivo aqui apresentado:

a) descrever as particularidades do ambiente urbano e sua influência

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nas operações militares;

b) apresentar as características da VBTP M113-BR;

c) explicar a composição, a organização e as missões da Companhia

de Fuzileiros Blindada;

d) identificar a composição, a organização e as missões da

Companhia de Viaturas Blindadas Sobre Lagartas (CiaVtrBldSL) do

Corpo de Fuzileiros Navais;

e) descrever os principais conceitos relativos a OAOG;

f) apresentar os principais aspectos doutrinários do emprego

blindados em OAU pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do

Brasil;

g) apresentar uma comparação entre as viaturas blindadas

empregadas na Operação São Francisco;

h) apresentar os principais aspectos doutrinários do emprego de

blindados em OAU pelos Exércitos dos EUA, da Argentina e da

Espanha;

i) descrever as TTP adotadas pela Cia Fuz Bld com o emprego VBTP

M113-BR durante a Operação São Francisco e concluir sobre os

ensinamentos e as melhores práticas; e ainda, como essa

experiência poderia melhorar o adestramento da tropa blindada;

j) propor as TTP para uma Cia Fuz Bld empregando VBTP M113-BR

em OAU no contexto de OAOG.

1.3 QUESTÕES DE ESTUDO

Partindo do questionamento acerca de qual seriam as TTP para o emprego

do VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG, algumas questões de estudo

foram formuladas:

a) Quais as principais características do ambiente urbano, nas

operações militares?

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b) Quais as características da VBTP M113-BR após sua

modernização?

c) Quais as características da Companhia de Fuzileiros Blindada?

d) Como são empregados os blindados pela Marinha do Brasil em

OAU?

e) Quais viaturas blindadas foram empregadas pelas FA na Operação

São Francisco?

f) Quais são os principais conceitos relativos a OAOG?

g) Como os blindados são empregados nos Exércitos dos EUA, da

Espanha e da Argentina em OAU?

h) Como a VBTP M113-BR poderá ser empregada pela Cia Fuz Bld

em OAU no contexto de OAOG?

i) Quais os equipamentos, adaptações e requisitos necessários para o

emprego da VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG?

j) Quais TTP foram adotados durante o emprego da VBTP M113-BR

pela Cia Fuz Bld na Operação São Francisco?

k) Quais TTP utilizadas durante a Operação São Francisco,

empregando VBTP M113-BR, poderiam ser aplicadas em futuras

OAU no contexto de OAOG?

1.4 JUSTIFICATIVA

O ambiente operacional urbano apresenta especificidades únicas que o

diferenciam totalmente de qualquer outro, resultando em relevantes consequências

táticas, cujos efeitos se fazem sentir nas táticas, técnicas e procedimentos a serem

adotados.

A experiência do emprego do EB durante a Operação São Francisco, no

Complexo da Maré, vem sendo analisada por meio de artigos e reportagens que

demonstram a evolução e a importância do trabalho das FA em prol da sociedade

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brasileira. Porém, na mesma proporção, não se encontram muitos registros

científicos de como essa evolução acompanhou o emprego da tropa, particularmente

o meio blindado em ambiente urbano. Novos manuais do EB estão sendo criados ou

atualizados; assim, cresce de importância o estudo sobre como empregar a tropa

blindada nesse ambiente operacional.

As experiências vivenciadas pelos militares em todos os níveis durante a

Operação São Francisco, entre os anos de 2014 e 2015, estão presentes nas

memórias dos Comandantes (Cmt) e Batalhão (Btl) membros do Estado-Maior (EM),

dos comandantes de Companhia (Cia), Pelotão (Pel), Grupo de Combate (Gc) e

Motoristas de VBTP que empregaram de forma inédita a VBTP M113-BR em

ambiente urbano no contexto de OAOG.

As OAU exigem a adoção das TTP da tropa blindada para atuar nas cidades,

especialmente nas favelas, como as existentes na cidade do Rio de Janeiro. De

acordo com Mesquita (2009, p. 3), essas adaptações nas operações em ambiente

urbano estão relacionadas à realidade atual, em função da franca urbanização que o

mundo vem enfrentando desde a década de 1950. A migração de áreas rurais para

áreas urbanas é uma clara tendência. Além disso, a população vem crescendo

exponencialmente nos últimos 25 anos, criando concentrações urbanas

desordenadas. Esse cenário indica que é muito difícil que em conflitos modernos

seja possível evitar que forças terrestres conduzam operações dentro ou nos

subúrbios de áreas urbanas. Dessa forma, torna-se fundamental o estudo de

operações militares em ambiente urbano.

A tendência do combate moderno, especialmente no vetor terrestre, é o

amplo emprego de tropas blindadas, dotadas de maior potência de fogo, proteção

blindada, velocidade, mobilidade e de um sistema de comunicações amplo e flexível.

Assim sendo, é necessário considerar o emprego de tropas dotadas de viaturas

blindadas em OAU, desde pequenas localidades até grandes centros. No contexto

de OAOG, no qual os oponentes possuem armamento similar às FA, a proteção

blindada torna-se necessária para fazer frente às ameaças.

Segundo Zuchino (2004, p. 65), os blindados não só podem operar em

ambiente urbano, como também prevalecer; assim, em todas as operações militares

em ambiente urbano deve ser levado em consideração o emprego dos meios

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blindados, devido a suas características específicas.

A constante evolução tecnológica vem dinamizando a integração dos

sistemas de armas no campo de batalha. As forças blindadas ainda permanecem

como um fator decisivo no combate, graças a suas características. Face a esta

modernização, cresce de importância a questão de estudo das TTP para o emprego

da VBTP M113-BR, uma vez que são os novos blindados das Unidades de Infantaria

do Exército Brasileiro. Os constantes avanços doutrinários e tecnológicos obrigam a

estudar o material a ser empregado pelos vários escalões - no caso em questão, a

VBTP M113-BR -, de modo que a viatura seja empregada com eficiência em OAU no

contexto de OAOG.

O presente estudo justifica-se, portanto, por promover uma discussão

embasada em procedimentos científicos a respeito de um tema atual e de suma

importância para a modernização e atualização do emprego da tropa blindada em

OAU. Pretende-se ampliar o cabedal de conhecimento acerca das TTP para o

emprego da VBTP M113-BR em ambiente urbano no contexto de OAOG, servindo

como pressuposto teórico para outros estudos que sigam nesta mesma linha de

pesquisa. Além disso, também como forma de se buscar melhor planejamento e

adestramento da Cia Fuz Bld, este estudo permitirá que o EB evolua com sua

doutrina de emprego de blindados em um cenário cada vez mais frequente na

atualidade.

Cabe ressaltar que o resultado desta pesquisa poderá servir como

instrumento facilitador para os cursos do Centro de Instrução de Blindados (CIBld),

como o Curso de Operador de VBTP M113 e o Curso Tático de Blindados, para

cursos e estágios no Centro de Instrução de Garantia de Lei e da Ordem (CI GLO), e

para as diversas escolas de formação, como a Academia Militar das Agulhas Negras

(AMAN), a Escola de Sargentos das Armas (EsSA) e a Escola de Aperfeiçoamento

de Oficiais (EsAO), contribuindo com o aprimoramento da Doutrina Militar Terrestre.

Este estudo pretende dar ferramentas às frações da Companhia de Fuzileiros

Blindada, durante o cumprimento de suas missões em ambiente urbano no contexto

de OAOG, de modo a evitar o desgaste da tropa e para que se alcance o mínimo de

efeitos colaterais na população.

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A correta utilização da VBTP M113-BR, bem como a adoção de TTP

adequados, além de gerar economia de recursos financeiros, facilitará o trabalho dos

órgãos de apoio logístico e contribuirá para a melhoria da imagem do Exército.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Com a finalidade de analisar as TTP do emprego da VBTP M113-BR em OAU

no contexto de OAOG, serão abordadas as bases teóricas mais relevantes para o

presente estudo. Assim, esta seção será dividida nos seguintes tópicos: ambiente

urbano, características da VBTP M113-BR, a Companhia de Fuzileiros Blindada,

conceito de OAOG e o emprego de blindados em OAU.

2.1 AMBIENTE URBANO

Devido ao crescente processo de urbanização, será cada vez mais frequente

o emprego de forças militares em epicentros político, econômico, social e cultural em

todo o mundo. A realidade é que muitas das operações militares, senão todas, serão

conduzidas em arredores ou no interior do ambiente urbano. O controle de grandes

áreas urbanas será crítico, nos futuros conflitos, para a consecução dos objetivos

táticos, operacionais e estratégicos (BRASIL, 2008a, p. 1).

No que tange à dimensão física, os elementos da F Ter devem ser aptos a operar em áreas estratégicas previamente definidas como prioritárias, dentro ou fora do Território Nacional. Além disso, os ambientes com características especiais (terreno difícil, clima extremo, vegetação peculiar, áreas edificadas etc.), incluindo condições meteorológicas altamente desfavoráveis, exigem tropas com capacidades peculiares. Como exemplo, destacam-se o a selva; a caatinga; a montanha; o pantanal; o “ambiente urbano”, o deserto; a savana; dentre outros. (BRASIL, 2014c, p. 2).

As tropas blindadas fazem parte da Força Terrestre, sendo essenciais em

operações em área urbana, como a Operação São Francisco. Assim, devem ser

capazes e preparadas para operar em ambiente urbano.

As operações militares em ambiente urbano não significam novidades dentro

do cenário mundial. A História demonstra que exércitos guerrearam em áreas

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urbanas no decurso dos tempos, desde a antiguidade até dias atuais, podendo ser

citadas inúmeras batalhas: a Segunda Guerra Mundial; Saigon, em 1975; Beirute,

em 1982; Cidade do Kwait, em 1991; Mogadíscio, em 1993; Grozny, em 1994;

Bagdá, em 2003; Fallujah, em 2004; e recentemente, a Síria. E ainda, são exemplos

da participação do EB nas OAU a Missão das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH)

e até as operações ocorridas no Rio de Janeiro em 2010, no Complexo do Alemão e

nos anos 2014 e 2015, no Complexo da Maré.

Com relação ao conceito de ambiente urbano, a doutrina do Exército do

Estados Unidos da América (EUA) define área urbana como um complexo

topográfico onde há predominância de construções realizadas pelo homem ou onde

há grande densidade populacional (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2006a, p. 2-

2). Nessas condições, muitas vezes é necessário que as tropas dividam o espaço

com as populações urbanas, normalmente mais densas que as populações rurais, o

que confere ao combate caráter assimétrico.

Para a doutrina do Exército da Espanha (ESPANHA, 2010, p. 2), as principais

características das áreas urbanas são a presença da população civil e de não

combatentes, estruturas feitas pelo homem e infraestrutura associadas às mesmas.

As ações táticas possíveis para operar em uma área urbana podem ser orientadas

tanto para o terreno (ataque ou defesa de uma cidade) como para o inimigo. Para

atuar nesse cenário, existem variáveis como distribuição, densidade, tipo de

construção e altura dos edifícios, bem como os meios de comunicação periféricos.

Outra definição do Exército Americano, com relação a sua doutrina de OAU,

prescreve que área urbana é uma concentração de estruturas, facilidades e pessoas

que dão forma à economia e à cultura de determinada área (ESTADOS UNIDOS,

2006b, p. 1-2, tradução nossa).

O referido manual descreve, ainda, as cinco categorias de áreas urbanas:

- vila (população de 3.000 habitantes ou menos);

- pequenas cidades (população de 3.000 a 100.000);

- cidade (população de 100.000 a 1 milhão de habitantes);

- metrópole (população de 1 milhão a 10 milhões de habitantes); e

- megalópoles (população acima 10 milhões de habitantes).

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Nos manuais do EB, não existe ainda uma classificação específica com

relação às áreas urbanas.

Em OAU, o estudo do terreno e das condições meteorológicas é um dos

principais fatores de decisão. É realizado por meio da análise detalhada das

condições de observação e campos de tiro, das cobertas e abrigos, dos obstáculos

que restringem ou impedem o movimento, dos acidentes capitais, dos corredores de

mobilidade, das vias de acesso e das condições meteorológicas locais. Como

conclusão, são levantados os efeitos de todos esses fatores sobre nossas

operações e as do inimigo (BRASIL, 2014c, p. 3-12).

Essa análise é importante para selecionar que tipo de blindado é o mais

adequado para operar em ambiente urbano. Os conhecimentos das peculiaridades

deste ambiente operacional devem sempre estar na mente do Estado-Maior (EM) e

do Comandante de Unidade (Cmt U) e comandantes das pequenas frações, para

que seja alcançado o êxito na missão.

Além disso, a doutrina americana, de acordo com o manual FM 03-06.11

(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2006b, p. 2-3) para estudo do ambiente urbano,

ao analisar o aspecto do terreno para integrar o Processo Integração Terreno,

Condições Meteorológicas, Inimigo e Considerações Civis (PITCIC), leva em conta a

densidade de construção e a densidade populacional, os padrões de rua e tipos de

urbanização. Os bairros são divididos segundo etnia e desenvolvimento econômico,

modernização, presença de sistemas industriais e de utilidade, diferentes técnicas e

materiais de construção. Assim, o modelo das áreas urbanas é classificado em:

a) Centro da cidade e área comercial: é o coração da área urbana do

distrito comercial do centro. É relativamente pequeno e compacto,

mas contém uma porcentagem maior de lojas, escritórios e

instituições públicas. Normalmente contém a maior densidade de

edifícios de vários andares e áreas subterrâneas. Na maioria das

cidades, o centro passou por um desenvolvimento mais recente do

que a periferia. Como resultado, as duas regiões são muitas vezes

bastante diferentes. Os centros de cidade típicos de hoje são feitos

de edifícios que variam muito em altura.

b) Subúrbios residenciais: estão localizados na periferia do centro da

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cidade, sendo compostos por ruas de 12 a 20 metros de largura,

com frentes contínuas de prédios de tijolos ou concreto. As alturas

de construção são bastante uniformes.

c) Áreas residenciais: consistem em casas geminadas ou moradias

familiares com quintais, jardins, árvores e cercas.

d) Área residencial densamente povoada: típica construção moderna

nas grandes cidades é composta por prédios de apartamentos de

vários andares, separados por áreas abertas e edifícios, com ruas

largas dispostas em padrões retangulares.

e) Áreas industriais: são geralmente localizadas sobre ou ao longo das

principais rotas de transporte ferroviário e rodoviário nos complexos

urbanos. A identificação de meios de transporte dentro dessas

áreas é fundamental, porque estas instalações, especialmente as

ferroviárias, podem ser obstáculos significativos para o movimento

militar.

f) Fortes: são instalações construídas com intuito de defesa, podendo

ser feitas de terra, pedra, madeira, tijolo, concreto, concreto armado

ou materiais combinados. Alguns fortes recentes são construídos no

subsolo, tipo bunker, e empregam blindagem pesada,

comunicações internas e sistemas de defesa química, biológica e

nuclear.

g) Favelas: não necessariamente seguirão qualquer um dos modelos

acima e podem ser encontradas em muitas zonas diferentes dentro

de áreas urbanas. Podem ser construídas com materiais que vão

desde papelão, passando aos barracos de lata ou zinco, até

construções de concreto.

A figura abaixo descreve uma cidade de acordo com a doutrina americana.

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FIGURA 2 – Modelos de áreas urbanas. Fonte: ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (2006b, p. 2-1).

A doutrina militar americana, ainda de acordo com o manual FM 03-06.11

(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2006b, p. 2-9), também faz a análise do tipo de

material utilizado nas construções no ambiente urbano, para poder identificar os que

estão presentes em suas zonas de ação, objetivos e áreas de influência. Essa

análise tem por objetivo compreender os efeitos das armas empregadas contra as

construções e edifícios. A capacidade de identificar os tipos de material de

construção e de compreender os efeitos das armas permite que os comandantes

deem instruções claras a seus subordinados sobre a execução da missão. Tal

análise também leva em conta o risco de danos colaterais.

Esse estudo também é importante no caso do emprego de viaturas blindadas,

pois os veículos precisam ser usados de forma precisa para evitar danos colaterais e

evitar a destruição de carros e habitações, o que gera a falta de apoio da população

nas operações em ambiente urbano.

O ambiente operacional tornou-se congestionado, uma vez que as operações tendem a ser desenvolvidas prevalentemente em áreas humanizadas ou no seu entorno. A presença da população e de uma miríade de outros atores dificulta a identificação dos contendores e aumenta a possibilidade de danos colaterais decorrentes das operações militares. Isso não quer dizer que a letalidade de um exército deva ser reduzida, mas

Periferia

Centro

Periferia

Favela

Área industrial

Periferia de centro

Residenciais (prédios)

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que ela deve ser seletiva e efetiva. Somado aos aspectos da dimensão humana, esse fator impôs que as “Considerações Civis” assumissem a condição de fator preponderante para a tomada de decisão em todos os níveis de planejamento e condução das operações. (BRASIL, 2014b, p. 4-5).

Assim, o emprego de plataformas blindadas como a VBTP M113- BR deve

ser feito para atingir a letalidade seletiva da força oponente e evitar danos colaterais

desnecessários.

Ainda com relação à doutrina do Exército americano, outro valioso

conhecimento que a doutrina vigente brasileira não aborda é a classificação dos

tipos de ruas e avenidas. O conhecimento dos padrões das ruas e avenidas

possibilita aos comandantes verificar a existência ou não de corredores de

mobilidade e/ ou vias de acesso, por exemplo, para realizar o processo de

integração terreno, condições meteorológicas, inimigo e considerações civis durante

o estudo de situação do comandante tático. No caso da tropa blindada, o

conhecimento do tipo de rua ou viela onde irá ocorrer a operação promove maior

segurança para a fração e permite que o motorista tenha consciência situacional

sobre terreno no qual a viatura irá trafegar. O quadro 1 informa os tipos de ruas

encontradas em OAU segundo a doutrina americana.

Forma Tipos ruas Características

Retangular Ruas paralelas e perpendiculares, em formato de

quadrículas.

Raiada

Ruas que se desenvolvem a partir de um ponto

central, formando ângulos menores que 360º.

Radial Ruas que se desenvolvem a partir de um ponto

central, formando ângulos maiores que 360º.

QUADRO 1 – Tipos e características das ruas de acordo com a doutrina americana (Continua)

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Anel radial Similar ao radial, porém apresenta anéis interligando

as ruas.

Contornada Influência do terreno na construção das ruas,

contornando as curvas de nível das elevações.

Irregular Sem padrão e forma definida.

Combinada Combinação de um ou mais tipos.

Linear Única avenida com construções regulares em ambos

os lados.

QUADRO 1 – Tipos e características das ruas de acordo com a doutrina americana (Conclusão) Fonte: ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (2006b, p. 2-9).

2.1.1 O Complexo da Maré

O Complexo da Maré, ou simplesmente Maré, assim denominado pela

prefeitura do Rio de Janeiro, é um bairro com conglomerado de pequenos bairros da

Zona Norte da capital fluminense.

A Maré, de acordo com Alem (2008, p. 6), teve seu território delimitado pelo

Decreto nº 7.980, de 12 de agosto de 1988, da seguinte forma: da Baía de

Guanabara, na Foz do Canal do Cunha, seguindo pelo leito deste até a Avenida

Brasil, por esta (incluído apenas o lado par, excluindo o Viaduto de Manguinhos) até

a Rua Pirangi; daí, pelo prolongamento do alinhamento desta até a Baía de

Guanabara, e pela orla ao ponto de partida.

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Além disso, segundo Teodosio (2006, p. 75), o complexo ocupa uma região

às margens da Baía de Guanabara, caracterizada primitivamente por vegetação de

manguezal. Ocupada desde meados do século XX por palafitas, os manguezais, que

sofriam os efeitos das marés, aos poucos foram sendo aterrados com entulhos

(rejeitos de obras) doados pela população vizinha e eventualmente pelo poder

público, despejando lixo.

A Lei nº 2.119, de 19 de janeiro de 1994, incluiu-o na XXXª Região Administrativa (Região Administrativa da Maré). Essa lei cria o bairro da Maré na XXXª Região Administrativa, e altera o limite dos bairros de Olaria; Ramos; Bonsucesso e Manguinhos e dá outras providências. O complexo da Maré constitui-se num agrupamento de várias favelas, sub-bairros com casas, e conjuntos habitacionais. Com cerca de 130.000 moradores, possui um dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro, consequência dos baixos indicadores de desenvolvimento social que caracterizam a região (ALEM, 2008, p. 7).

Quanto a sua localização, de acordo com Pinto Homem (2015, p. 58), a Maré

é também limitada por grandes vias expressas locais. A Oeste, pela Avenida Brasil e

a Leste, pela Linha Vermelha. É ainda cortada transversalmente pela Linha Amarela

e pela Avenida Brigadeiro Trompowski, que terminam por interligar-se com a Av.

Brasil e Linha Vermelha, constituindo a mais importante conexão rodoviária urbana

do município, rota obrigatória para o aeroporto internacional Tom Jobim, para a

cidade de São Paulo e para as zonas norte, oeste e sul da cidade. Assim, o

Complexo da Maré é uma área estratégica, que tem influência em toda cidade do

Rio de Janeiro.

Além disso, em termos de circunvizinhança, o Complexo da Maré se

posiciona adjacente à Cidade Universitária, da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ), que reúne dezenas de milhares de estudantes; está, ainda, muito

próxima do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), tornando-se parte da rota

principal de passagem para os visitantes da cidade do Rio de Janeiro.

Segundo Rohling (2015, p. 70), o Complexo da Maré é um conjunto de 16

comunidades de moradores, formado por ruelas, becos e construções apinhadas, de

acabamento e infraestrutura precários, que foram sendo erguidas em meio a

pequenas ilhas e manguezais às margens da Baía de Guanabara, a partir dos anos

1940. Famílias desalojadas por obras urbanísticas e viárias no centro da cidade do

Rio de Janeiro passaram a construir casas sobre palafitas naquele local, vivendo

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sobretudo da pesca. A região foi sendo paulatinamente aterrada, com rejeitos de

obras e entulho transportados de outros pontos da cidade por caminhões do serviço

público. Hoje, a Maré abriga cerca de 130.000 pessoas e é considerada o maior

complexo de favelas da capital carioca.

Toda a região da Maré era ocupada por pântanos e manguezais junto à orla da Baía de Guanabara. Vários deles desapareceram com os sucessivos aterros. O termo “Maré” tem origem no fenômeno natural que afligia os moradores das palafitas que ocuparam a região. A mais antiga das comunidades que compõem o chamado “Complexo da Maré” é o Morro do Timbau, cuja ocupação se iniciou em 1940. A expansão do Timbau surgiu sobre palafitas no manguezal contínuo ao morro, na localidade conhecida como Baixa do Sapateiro, datada de 1947. Na década de 1950 surgiram as comunidades Parque Maré, uma expansão sobre palafitas da Baixa do Sapateiro, e Parque Roquete Pinto, uma série de aterros sobre um manguezal no final da Rua Ouricuri junto à Baía. Na década de 1960, surgem as comunidades de Parque Rubens Vaz, Parque União, Parque Nova Holanda e Praia de Ramos. Em 1982, é implementado o “Projeto Rio”, grande intervenção pública para reassentar os moradores das palafitas em conjuntos habitacionais. Os prédios residenciais foram erguidos sobre aterros dos manguezais do antigo saco de Inhaúma e da Ilha do Pinheiro. Os principais conjuntos habitacionais do Complexo da Maré são Vila Do João (1982), Conjunto Esperança (1982), Vila Do Pinheiro (1983), Conjunto Pinheiro (1989), Conjunto Bento Ribeiro Dantas (1992), Conjunto Nova Maré (1996) e Salsa e Merengue (2000), oficialmente, denominada Novo Pinheiro. O Bairro da Maré foi criado, delimitado e codificado pela Lei Nº 2119, de 19 de janeiro de 1994, com alterações nos limites de bairros de Olaria, Ramos, Bonsucesso e Manguinhos (OLIVEIRA; SILVEIRA; SOUZA,, 2016).

Quanto a sua origem, por estar às margens da Baía de Guanabara, a região

da Maré é ocupada desde os tempos coloniais. A urbanização definitiva, no entanto,

começou a ser estabelecida nos anos 1930. Naquela época, as habitações eram

palafitas, sujeitas às marés – daí decorre o nome do local. A região se expandiu com

o passar dos anos e o número de habitantes cresceu vertiginosamente. Chegaram

migrantes de outras regiões do país e até mesmo estrangeiros, usualmente

africanos, que deixavam suas pátrias em função das violentas guerras de

independência (ARAÚJO, 2012, p. 68). Dessa forma, devido a sua ocupação

desorganizada desde do século passado, a região convive com a criminalidade.

De acordo com a doutrina do Exército americano, pela quantidade de

habitantes e sua constituição, o Complexo da Maré seria considerado uma cidade

(possui mais de 100.000 moradores); e de acordo com o modelo de área urbana da

mesma doutrina, seria considerada uma favela, o que demonstra a complexidade de

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planejamento para operações nesse cenário. A figura 3 retrata a vista de cima do

Complexo da Maré.

FIGURA 3- Vista aérea da favela da Maré Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

Já o quadro 2 apresenta a divisão das comunidades e conjuntos, com

respectiva população e número de domicílios. Para fins de planejamento das

pequenas frações, é de grande valia conhecer o tamanho da população e a

quantidade de domicílios na sua área de operações, com a finalidade de planejar

qual efetivo será empregado em determinada região, bem como definir qual blindado

é mais compatível com aquele terreno.

COMUNIDADES E CONJUNTOS POPULAÇÃO DOMICÍLIOS

Parque Roquete Pinto 7.488 2.382

Parque Rubens Vaz 5.154 1.710

QUADRO 2 – População do Complexo da Maré (Continua)

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Parque União 19.662 6.621

Ramos 3.073 932

Comunidade Vila do Pinheiro 388 108

Avenida Canal 319 105

Parque Roquete Pinto 7.488 2.382

Avenida Canal II 12 5

Timbau 5.916 1.964

Pata Choca 1.536 538

Baixa do Sapateiro 7.562 2.499

Parque Maré 12.421 4.018

Maré (Rua Guilherme Frota) 273 94

Nova Holanda 13.341 4.085

Conjunto Bento Ribeiro Dantas 2.898 719

Conjunto Esperança 3.994 1.332

Conjunto Nova Maré 3.174 850

Conjunto Pinheiros 4.117 1.337

Conjunto Salsa e Merengue 6.926 2.021

Conjunto Vila do João 12.970 4.435

Conjunto Vila Pinheiros 14.418 4.679

Joana Nascimento 64 24

Paraibuna -- --

QUADRO 2 – População do Complexo da Maré (Continuação)

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Área Formal 4.064 1.301

Total 129.770 41.759

QUADRO 2 – População do Complexo da Maré (Conclusão) Fonte: Oliveira, Silveira e Souza (2016)

Além disso, na figura 4 é possível visualizar as principais comunidades e

avenidas situadas no Complexo da Maré.

FIGURA 4 – Divisão das principais comunidades do Complexo da Maré Fonte: Nascimento et al. (2016)

O Complexo da Maré, quanto ao terreno, por ser uma área de favela,

caracteriza-se por vias estreitas e de traçado irregular, pela construção de moradias

nas encostas dos morros e pela existência de lajes interligando moradias. A maioria

das casas são obras de estrutura precária, com pouca ou nenhuma resistência à

penetração de projéteis. As facções criminosas empregam vigias e mensageiros, e

dominam as partes altas dos morros. Possuem armamento de calibre militar e

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desfrutam de posições de tiro que permitem bater os pontos de acesso através de

seteiras nas casas (BRASIL, 2015e, p. 7).

Dessa forma, o estudo do terreno é fundamental para o emprego do meio

blindado, em particular a VBTP M113-BR, em área favelizada como o Complexo da

Maré, pois as vias de acesso são restritas e dificultam o deslocamento das viaturas

nesse tipo de localidade.

Com relação ao crime organizado, o complexo da Maré era aterrorizado

durante a Operação São Francisco pela ação violenta de três facções criminosas

rivais que utilizavam táticas, técnicas e procedimentos de grupos de violência

extremista – o Comando Vermelho (CV), o Terceiro Comando Puro (TCP) e as

milícias.

De acordo com Rohling (2015, p. 71), esses grupos criminosos eram

constituídos, na sua maioria, por jovens do sexo masculino, na faixa etária de 15 a

35 anos. Muitas crianças e mulheres, inclusive grávidas, estão envolvidas

diretamente com o tráfico – são olheiros, mensageiros, “fogueteiros” e vendedores

de droga. Algumas delas participavam dos enfrentamentos. As armas utilizadas

contra a tropa por esses grupos variaram desde pistolas e fuzis de diversos calibres

até pedras, tijolos, garrafas, fogos de artifício e estilingues. Foram identificados

também simulacros de armas feitas com canos e armas de pressão que utilizam

projéteis plásticos não letais, que se assemelham a fuzis verdadeiros, conhecidos

como airsoft.

A análise do fator de decisão inimigo é de suma importância em OAU no

contexto de OAOG, e o levantamento das peculiaridades do oponente – nesse

cenário, os APOP e as facções criminosas – servirá de base para determinar suas

vulnerabilidades. As deficiências do inimigo devem ser exploradas pelos escalões

considerados, superior e subordinado, devendo ser alvo de estudo pormenorizado

pela Inteligência. O emprego da VBTP M113-BR pela Cia Fuz Bld é um meio de

explorar a deficiência da força oponente, que não possui meios blindados.

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2.2 CARACTERÍSTICAS DA VBTP M113-BR

O presente tópico tem por finalidade abordar o histórico da VBTP M113-BR e

suas principais características.

2.2.1 Histórico da VBTP M113

A VBTP M113 surgiu nos anos 1950 nos Estados Unidos. De acordo com

Bastos (2015, p. 11), os veículos blindados foram sendo aprimorados, até que o

fabricante Food Machinery and Chemical Corporation (FMC Corporation) criou um

veículo com blindagem de alumínio, grande mobilidade e variada gama de modelos

e versões, que recebeu a denominação standard de VBTP M-113. Tornou-se um

ícone ocidental, alcançando uma produção de 80.000 unidades e transformando-se

em importante ferramenta para ajudar a infantaria na sua árdua luta em ocupar o

terreno e transportar o pessoal em segurança.

No início da década de 50, o Brasil estabeleceu um acordo militar com os

EUA, segundo o qual o Exército Brasileiro adquiriu 584 unidades da VBTP M113,

que foram efetivamente utilizadas até 1972, ainda na versão a gasolina. Desde

então, a Infantaria Blindada do Exército Brasileiro possui como viatura de dotação a

VBTP M-113. Após uma década de utilização na versão a gasolina, houve

necessidade de modernização, pelo alto consumo e preço do combustível. A

empresa Motopeças Transmissões S.A, de Sorocaba-SP, foi a responsável pela

tarefa. Suas principais modificações consistiram na troca do motor a gasolina por

outro a diesel Mercedes–Benz de 172 HP e na colocação de uma torreta que o

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diferencia das demais VBTP M113 usadas no mundo, recebendo assim o nome de

VBTP M113B (BRASIL, 2016a, p. 1).

Concebido para dar mobilidade à infantaria, que podia viajar protegida em seu interior, a VBTP M113 se converteu em um autêntico “taxi para o campo de batalha”, o mais famoso de sua categoria, pois possui características ímpares, como ser fácil de dirigir, fácil de manter, econômico de se operar, e com uma política de venda muito ampla, através Foreign Military Sales (FMS). Os Estados Unidos promoveram sua exportação a países considerados amigos, a preços módicos, e, em alguns casos, sem qualquer custo, na atualidade ainda é enorme, podendo ser adquirido também de diversos outros países, os quais possuem estoques de vários modelos, alguns oferecendo modernização e peças de reposição. Enfim, uma cadeia logística confiável, algo muito atraente para países sem muitos recursos financeiros para investirem em um substituto, extremamente caro e complexo (BASTOS, 2015, p. 13).

A figura 5 apresenta o histórico da VBTP M113 desde a década de 60,

quando inicialmente se empregava a versão a gasolina, e sua evolução com

previsão de emprego pelo Exército americano até 2032.

FIGURA 5 - Histórico da VBTP M113 Fonte: Brasil (2015d) Curso de Operador de VBTP M113-BR

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O Exército Brasileiro, por conta dos conflitos que ora se sucediam (Iraque,

Afeganistão, Somália, Síria, Haiti, entre outros), passou a integrar suas frações em

Força-Tarefa (FT), isto é, um combinado de carros de combate (CC) e fuzileiro

blindado e demais armas de apoio, resultando assim em maior eficiência no

emprego da tropa blindada. Com a chegada do carro de combate Leopard 1A5 nos

Regimentos de Carros de Combate (RCC), verificou-se que as viaturas que

transportavam os fuzileiros numa FT, isto é, a VBTP M113B, não acompanhavam os

Leopard, perdendo assim os fuzileiros parte de sua mobilidade na FT.

Após vários projetos de modernização e através de diversos protótipos,

finalmente em 2012 chegou-se a um resultado positivo. O Brasil, por intermédio do

Parque Regional de Manutenção/5, (Pq R Mnt/5), com sede em Curitiba-PR, e em

parceria com a empresa norte-americana BAE Systems, iniciou o trabalho de

modernização da VBTP M113B (BRASIL, 2016a, p. 1). Assim, foi criada a VBTP

M113-BR.

De acordo com a Diretriz de Instrução de Blindados do Comando Militar do

Sul (BRASIL, 2016c, p. 3), a adoção de novos meios blindados, em particular a

VBTP M113-BR, pela força terrestre, repercute de maneira abrangente na

preparação de recursos humanos, sejam estes vocacionados para o emprego em

campanha, seja para a logística de manutenção. Essa realidade impele ao

desenvolvimento de uma nova mentalidade, adaptada à tecnologia e às

possibilidades do material, direcionando a instrução para ser realizada da maneira

mais fiel e realística possível.

O conhecimento detalhado das características, capacidades e

vulnerabilidades dos Meios de Emprego Militar (MEM) blindados garante seu melhor

emprego, propicia que as operações sejam conduzidas de acordo com os

planejamentos e maximiza as possibilidades de que seja alcançada a vantagem

necessária no campo de batalha.

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2.2.2 VBTP M113-BR

O CMS é um Grande Comando Operacional no qual se concentram a maioria

das viaturas blindadas (VB) do Exército Brasileiro; por isso, tem decisiva importância

para a implementação da Estratégia da Dissuasão presente na Estratégia Nacional

de Defesa (END) (BRASIL, 2016b, p. 3).

De acordo com a Diretriz de Instrução de Blindados do CMS (BRASIL, 2016c,

p. 82), as definições são as seguintes:

a) Viaturas blindadas: são as viaturas operacionais, motorizadas, que

possuem carroceria (chassi) com características peculiares, de

modo a permitir relativa proteção a seus componentes mecânicos e

à guarnição ou fração transportada, contra o fogo do inimigo, além

de serem dotadas organicamente de armamento e equipamentos

adequados à missão a que se destinam;

b) Viatura Blindada de Transporte de Pessoal: são viaturas blindadas,

de rodas ou de lagartas, destinadas ao transporte de militares o

mais próximo possível do local de seu emprego no campo de

batalha. Podem ainda apoiar pelo fogo as ações desembarcadas.

De acordo com o manual Doutrina Militar Terrestre (BRASIL, 2014b, p. 6-6),

as grandes unidades (GU) pesadas do Exército são as Brigadas Blindadas (Bda

Bld), protagonistas na decisão do combate terrestre e integrantes da reserva

estratégica da força terrestre, de atuação vocacionada para o extremo do espectro

dos conflitos que exija grande ação de choque (guerra). No sentido de auferir

melhores condições a essas GU, o Exército Brasileiro tem realizado projetos

estratégicos, dentre os quais o Projeto Leopard, firmado junto à República

Federativa da Alemanha, e a modernização das Viaturas Blindadas de Transporte

de Pessoal M113-B (VBTP M113-BR), firmado junto à empresa British Aerospace

Systems (BAE Systems).

Segundo Bastos (2015, p. 68), tudo isto foi implementado através do

Programa Foreign Military Sales (FMS), promovido pelo Governo dos Estados

Unidos (USG). Na verdade, trata-se de um acordo governo a governo: USG/FMS e

Governo Brasileiro/Exército Brasileiro (EB), cujo resultado foi a contratação, pelo U.S

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Army Tank-Automotive & Armaments Comand (TACOM), em 21 de dezembro de

2011, da empresa americana BAE Sytems, reponsável por todo o processo de

modernização.

O conceito de modernização, de acordo com Brasil (2015a, p. 175), aborda a

modificação introduzida no material ou sistema, ou sua total substituição, com a

finalidade de atualizá-lo e readequá-lo às necessidades operacionais ou atividades

de pesquisa e desenvolvimento, incorporando melhoramentos tecnológicos ao

material, em fase de utilização e objetivando melhor desempenho operacional.

Devido à necessidade de os BIB se adaptarem às novas exigências do combate

moderno, a VBTP M113 passou por esse processo de transformação, dando origem

ao M113-BR.

Em 2010, foi aprovada a Diretriz de Implantação do Projeto de Modernização

da VBTP M113-B (BRASIL, 2010b, p. 21). Segundo Bastos (2015, p. 68), assim

surgiu o maior e mais completo processo de modernização da VBTP M-113 já

realizado no país, muito embora o mesmo não seja realizado por uma empresa

brasileira. Buscou-se uma empresa capacitada, com larga experiência, que no caso

foi a BAE Systems. Essa empresa tem fornecido os kits de modernização, os

manuais técnicos, o maquinário e o ferramental especializado, além de treinamento

de pessoal, utilizando as infraestruturas do PqRMnt/5 de Curitiba-PR. Lá foi criada

uma moderna linha de produção, como se fosse uma fábrica, que muito lembra as

linhas de produção de nossa indústria de defesa em seu período áureo dos anos

1980.

Uma das justificativas principais do projeto de modernização residiu no fato de

as VBTP, distribuídas aos elementos dos Batalhões de Infantaria Blindados e dos

Regimentos de Cavalaria Blindada (RCB), não possuírem as características

necessárias a uma viatura blindada de combate de fuzileiros, segundo os atuais

conceitos dos combates blindados. A modernização incluiu substituição do motor e

transmissão, caixa de câmbio automático, suspensão, sistema de arrefecimento,

sistema de navegação anfíbio e sistema de extinção de incêndio, aproximando-se da

versão M113 A2 Mk1, versão dessa viatura blindada da Marinha do Brasil. Além

disso, a empresa selecionada providenciará instalação para permitir o emprego de

sistemas de rádio, a ser fornecido pela Elbit Systems (ARRUDA, 2015, p. 40).

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Além disso, o novo sistema de alimentação é do tipo injeção direta e possui

um reservatório de combustível de 360 litros, com maior capacidade de

armazenamento que a versão VBTP M113-B, cujo tanque de combustível possuía

apenas 310 litros – consequentemente, houve aumento da autonomia da viatura.

Segundo Santos Lima (2011, p. 1), seu motor antigo a diesel da Mercedes-

Benz OM352A (180HP) foi substituído pelo motor turbo diesel 6V53T de 265HP da

Detroit Diesel Corporation (DDC) e a transmissão original Allinson TX200 foi

substituída por uma unidade de transmissão cross drive Allison TX100-1A,

permitindo uma velocidade máxima de 61 Km/h (uma pequena perda em relação à

velocidade anterior, que girava em torno de 64 a 66 Km/h) com alcance máximo de

483Km (um pouco mais do que os 480Km anteriores). Seu peso bruto também foi

reduzido de mais de 12.000Kg para 11.440Kg, permitindo mais mobilidade ao

veículo blindado, visando prover maior capacidade de sobrevivência, tanto em

cenários de operações em ambiente urbano como em campo aberto.

FIGURA 6 - Novo motor Detroit Diesel de 6 cilindros em V e 265 HP de potência Fonte: Brasil (2015d) Curso de Operador de VBTP M113-BR

A VBTP M113-BR corresponde, em termos de motor e suspensão, à versão

A-2Mk1, mas já customizado para as necessidades do Exército Brasileiro. A figura 7,

a seguir, mostra a configuração da VBTP M113A2Mk1.

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FIGURA 7 - M113A2Mk1- Configuração Fonte: Brasil (2015d) Curso de Operador de VBTP M113-BR

O processo de modernização da VBTP M113-BR envolve 13 etapas. De

acordo com Bastos (2015, p. 71), o projeto é extremamente complexo, pois é muito

mais do que uma manutenção de 4º Escalão, implicando diversas modificações

introduzidas, em versões posteriores e em todos os seus sistemas integrados,

obedecendo a uma sequência de diversos processos, a saber:

a) desmontagem;

b) primeira lavagem;

c) jateamento com partículas de aço inox, que proporciona melhor

rendimento e pouca suspensão no ar;

d) segunda lavagem;

e) soldagem;

f) terceira lavagem;

g) primer de fundo;

h) montagem;

i) início dos testes para ver o funcionamento de todo o sistema, o qual

obedece a um teste de rodagem de 80 km, testes de aclividades,

inclinação lateral, flutuabilidade e semipivoteamento;

j) quarta lavagem;

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k) aprovado, recebe a pintura camuflada;

l) acabamento final, recebendo novos assentos, assoalhos; banco do

atirador e chefe de carro, marcações internas e externas, bolsas

com os manuais, mais todo ferramental e kit de primeiros-socorros;

m) é enviado para as unidades que se encontram na sequência de

recebimento das novas VBTP M-113 BR.

Resumidamente, cada carro é desmontado, lavado, jateado para remoção da pintura antiga, lavado novamente, soldado para reparar danos no casco, e lavado uma terceira vez para remover resíduos de graxa, jateamento e solda. Em seguida recebe o conjunto de força (motor e suspensão) e a pintura verde provisória. Então são acrescentados demais componentes e o carro sai do pavilhão rodando para receber a lagarta. Após rodar pelo asfalto e concreto dentro das instalações, o blindado entra na fila para o teste. Só após o teste de pivoteamento e de flutuação, realizado no campo de instrução a 33 km de Curitiba, é que o blindado recebe a pintura camuflada e vai para a preparação final, onde o interior é completado, são colocados avisos e é feita mais uma checagem, e então vai para o pátio onde aguarda distribuição para a OM de destino (MURMEL, 2015, p. 1).

Com relação aos custos envolvidos no complexo contrato para modernização

de 150 VBTP-M113, o mesmo foi orçado em mais de U$53 milhões de dólares,

ficando o custo unitário em torno de U$ 331.000,00. Deve-se levar em conta que o

custo de cada viatura, para fins patrimoniais, é da ordem de R$740.000,00, também

incluídos todos os insumos, aquisições locais, energia elétrica, água, etc. (BASTOS,

2015, p. 70).

VBTP M113-BR é um veículo sobre largatas, com capacidade anfíbia limitada

a pequenos cursos de água, grande capacidade de deslocação todo-o-terreno e alta

velocidade em estradas de terra batida. A família M113 engloba uma ampla gama de

versões e modificações tanto para combate como para apoio de combate. Além

disso, essa plataforma blindada pode atuar em terra ou água, a temperaturas de -

10°C a 50°C, e pode ser transportada por via aérea, férrea ou rodoviária. Seu

principal armamento é uma metralhadora Browning 12,7 mm (.50). (BRASIL, 2015d,

p. 15).

A família de veículos M113 pode ser utilizada como plataforma de morteiros,

na versão ambulância, de comando e outros. Não existem versões específicas para

essas missões no Brasil, sendo os M113-BR modificados mediante improviso,

conforme a necessidade.

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Com relação às operações com a viatura, a tripulação pode ficar sentada no

seu interior, com um militar de frente para o outro ou com a escotilha aberta, com os

atiradores de pé, realizando segurança em 360 graus, para proporcionar maior

capacidade de observação e potência de fogo em todas as direções. A tripulação

pode embarcar e desembarcar da viatura através de uma rampa hidráulica.

FIGURA 8 - Ocupação do Grupo de combate (Gc) em uma VBTP M113-BR Fonte: Brasil (1980, p. 2-29)

O quadro 3 apresenta as principais informações da VBTP M113-BR.

ITEM INFORMAÇÃO

Armamento Metralhadora Browning 12.7mm (.50 pol) M2

Comprimento 4.851 mm

Largura 2.686 mm (com as saias de borracha e ferragens instaladas)

Altura 2.560 mm (até o topo da proteção balística frontal da Mtr.50)

Distância do solo 434.8 mm (parte dianteira)

QUADRO 3 – Informações técnicas da VBTP M113-BR (Continua)

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Velocidade máxima à frente 61 km/h

Velocidade máxima à ré 9,5 km/h

Rampa máxima 60%

Inclinação lateral 30%

Obstáculo máximo vertical 0,70 m

Transposição de fosso até 1,67 m

Motor Detroit 265 HP 6V53T

Consumo através campo 15 L/h

Consumo através estrada 1,8 km/h

Capacidade do tanque de combustível 360 litros

Autonomia 540 km

Carga máxima rebocável 6,583 Ton a 2,5 km/h

Pressão sobre o solo (peso de combate): 59 kPa (8.57 PSI).

Valor U$ 2.300.000,00

Guarnição 02 homens

Efetivo 09 homens

QUADRO 3 – Informações técnicas da VBTP M113-BR (Conclusão) Fonte: Brasil (2015d).

Essas informações são fundamentais para os comandantes de fração,

especialmente em áreas de favelas, que possuem restrições ao movimento de

viaturas.

Segundo Brasil (2015d, p. 15) a VBTP M113-BR apresenta como

possibilidades:

a) possibilidade de transposição imediata de cursos d'água com a

devida preparação da viatura;

b) possibilidade de emprego em temperaturas rigorosas, negativas e

positivas;

c) grande adequabilidade a todos os modais de transportes,

possibilitando inclusive o lançamento aeroterrestre;

d) proporciona relativo apoio de fogo (Ap F) às tropas

desembarcadas, bem como relativa proteção blindada a armas

automáticas de pequenos calibres;

e) grande necessidade de suprimentos Sup Cl III e IX.

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A figura a seguir apresenta as principais características com relação às

dimensões e peso da VBTP M113-BR. O peso de embarque considera a viatura

abastecida, sem acessórios, sem equipamento de comunicações, armamento e sem

pessoal/carga. Já peso sem pessoal prevê o veículo abastecido, com acessórios,

equipamento de comunicações, armamento e sem pessoal/carga. O peso de

combate é caracterizado pelo veículo abastecido, com acessórios, equipamento de

comunicações, armamento e pessoal com equipamento.

FIGURA 9 - Apresentação da VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015d) Curso de Operador de VBTP M113-BR

Quanto às dimensões em OAU, não há como se vislumbrar o emprego de

viaturas blindadas sobre lagartas sem que haja danos no seu deslocamento. Pelas

características das Operações em Ambiente Urbano no contexto de OAOG, esses

danos ocorrem principalmente contra calçadas e veículos civis que se encontram

parados nas ruas estreitas. Dessa forma, é necessário ter um conhecimento sobre

os dados técnicos da viatura para minimizar os danos colaterais nesse cenário.

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Umas das principais mudanças da VBTP foram as instalações das alavancas

de pivoteamento. Essa inovação é usada para girar a VBTP em torno do próprio

eixo. Puxando a alavanca, o disco de freio existente na saída do diferencial

controlado é bloqueado, permitindo que toda força seja utilizada na outra lagarta.

FIGURA 10 - Instalação das alavancas de pivoteamento na VBTP M113- BR Fonte: Brasil (2015d) Curso de Operador de VBTP M113-BR

As mudanças mecânicas do M113-B para o M113-BR conferiram ao veículo

um menor raio de curva através do seu semipivoteamento, manobra na qual uma

das lagartas é travada para que o carro faça uma curva fechada e desenhe um

círculo no chão, permitindo maior trafegabilidade a essa plataforma blindada

(MURMEL, 2015, p.1). O pivoteamento é de suma importância em OAU, uma vez

que o motorista consegue fazer manobras para entrar e sair das vielas nas áreas

favelizadas sem que a viatura fique presa nos becos. Aumenta-se, assim, a

segurança da fração que está em operações.

Outra característica essencial em ambiente urbano é a mobilidade, que

também está relacionada à rapidez de deslocamento. É alcançada principalmente

pela aptidão que o veículo tem de superar obstáculos, tanto verticais, quanto

horizontais. Nesse mister, os veículos sobre lagarta apresentam vantagem em

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relação àqueles sobre rodas, inclusive em ambiente urbano. Normalmente, os

veículos sobre lagarta são mais manobráveis do que aqueles sobre rodas, por

realizarem curvas com raios menores e por vezes realizarem o pivoteamento (giro

sobre o eixo vertical). Soma-se a isso o fato de os trens de rolamento serem menos

vulneráveis, por serem constituídos de lagartas.

FIGURA 11 - VBTP M113- BR realizando teste de pivoteamento Fonte: Murmel (2015)

De acordo com relatório da Força de Pacificação V (BRASIL, 2015b), a

natureza da VBTP M113-BR – leve em comparação a outras VBTP existentes no

Exército Brasileiro, como a VBTP Guarani, sobretudo devido a sua blindagem em

duralumínio - minimizou os danos que poderiam decorrer de uma viatura com grande

peso, principalmente pela pressão que as lagartas exercem no solo. Verificou-se

ainda que a lagarta garantiu grande mobilidade ao carro, transpondo obstáculos que

poderiam ser impeditivos a veículos sobre rodas. Esses fatores permitem um

planejamento de operações mais seguras, usando a proteção blindada do carro até

o ponto mais próximo dos objetivos das missões.

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Outra adaptação importante foi a troca das lâmpadas incandescentes nos

faróis por LED, que emite mais luz e dura mais tempo, permitindo maior visibilidade

ao motorista nas operações noturnas.

Outro acessório importante que poderá ser utilizado em futuras OAU no

contexto de OAOG são as lagartas de borracha, “band track”, que estão sendo

instaladas nas VBTP M113-BR. No ano de 2014, foram adquiridas no Canadá, da

empresa Soucy International Inc., uma tradicional produtora de lagartas de borracha

desde 1967. Desde 2004, essa empresa produz kits para o M113, um conjunto de

lagartas de borracha, composto por um reforço de metal envolto por uma malha de

aço contínua, que evita que a lagarta ceda e necessite de constantes ajustes de

tensão, como ocorre na lagarta convencional de aço (T-130).

FIGURA 12 - VBTP M113- BR com a lagarta de borracha instalada Fonte: Murmel (2015)

Segundo Bastos (2015, p. 91), as características técnicas desse veículo

proporcionam redução na vibração e no ruído. Com relação ao peso, a lagarta de

borracha canadense pesa, cada conjunto, 1.029 Kg contra 1.406 kg das metálicas,

além de trazer maior conforto aos tripulantes, menor consumo de combustível,

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preservação do equipamento e maior capacidade de carga em função do menor

peso. O fabricante garante que ela possui uma durabilidade de 7.000km, numa

otimização de 65% em estrada pavimentada e 35% de estrada de terra, reduzindo

em muito os custos de manutenção, por não haver necessidade de substituição

periódica das almofadas amovíveis nem trocas de buchas internas, como as lagartas

metálicas.

Pelo fato de o PqRMnt/5 ser o responsável pela modernização das VBTP

M113-B, transformando-as em M113-BR, acabou sendo responsável por realizar

testes com o kit adquirido, juntamente com o 20º BIB.

De acordo com o relatório de informações técnicas (RIT), observou-se que,

durante o teste de rodagem, obteve-se uma resposta rápida da viatura nas curvas e

redução muito significativa na vibração no ruído interno. Isso traz melhor ergonomia

para o operador e para a tripulação, além de preservar os equipamentos eletrônicos

embarcados e o trem de rolamento da VBTP M113-BR. O nível de ruído interno,

medido com decibelímetro, foi 3dB menor que a lagarta de aço T-130 (BRASIL,

2014, p. 6).

Os testes ainda comprovaram que a lagarta de borracha seria uma boa opção

para terreno asfáltico ou seco, com uma redução de 4,8 a 10% no consumo de

combustível. O custo de aquisição é mais alto do que as tradicionais em metal, mas

tem uma vida útil 40% maior e menor custo de manutenção.

As lagartas de borracha não foram empregadas durante a Operação São

Francisco, mas poderão ser de grande valia em futuras OAU no contexto de OAOG.

Além disso, foram instalados recentemente a rádio Falcon III, que permite

estabelecer ligações da VBTP M113-BR, o escalão superior e o intercomunicador

Sotas, que possibilita as ligações internas da guarnição da viatura.

A Harris, tradicional fabricante de sistemas e de tecnologia de comunicações,

recebeu uma encomenda de 14 milhões de dólares do Brasil para fornecer rádios

táticos das famílias Falcon II e Falcon III para as Forças Armadas brasileiras.

Segundo Guerra Neto (HARRIS..., 2011, p.1), o transceptor RF-7800V ou Falcon III,

que equipa a VBTP M113-BR, tem capacidade de transmitir/receber dados de alta

velocidade até a taxa de 192kbps, na faixa de frequências de 30 MHz a 108MHz,

com 50 Watts de potência, tornando-o o mais avançado transceptor militar em VHF.

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A aquisição desse novo equipamento irá permitir a comunicação entre os

comandantes de fração, facilitando as coordenações e o posicionamento dos

blindados em OAU no contexto de OAOG.

O Rádio Falcon III está interconectada ao intercomunicador Sotas. O sistema

permite uma comunicação clara, com eliminação de ruídos e interferências entre os

membros do grupo de combate. De acordo com Guerra Neto (THALES – SOTAS...,

2014, p.1), o Sotas é um sistema completo para intercomunicação em campo de

batalha digital. Ele integra roteadores, estações de usuário e outros dispositivos que

fazem parte de uma completa família de produtos. Trata-se de um sistema de

arquitetura flexível que proporciona suporte total de informações desde o centro de

operações até o combatente no campo. O Sotas confere aos combatentes uma

percepção situacional conjunta e, com seu conceito modular, pode ser facilmente

adaptado e expandido a qualquer momento, sem interferir na instalação inicial. Cabe

destacar que o Intercomunicador Sotas não estava instalado nas viaturas na

Operação São Francisco.

No combate moderno, em que a consciência situacional é importante em

todos os níveis, a instalação da Falcon III e do intercomunicador proporcionará a

ligação interna e com escalão superior das frações que utilizarem a VBTP M113-BR.

Assim, verificou-se que foram feitas mudanças na VBTP M113-BR que poderão

influenciar diretamente nas TTP da Cia de Fuz Bld em OAU no contexto de OAOG.

2.2.3 Apresentação das outras viaturas blindadas empregadas na Operação

São Francisco

Serão apresentadas aqui as características das viaturas blindadas

empregadas pelas forças militares durante a Operação São Francisco.

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2.2.3.1 VBTP-MR Guarani

A VBTP-MR Guarani é um veículo blindado de transporte de pessoal 6x6

atualmente em desenvolvimento pela IVECO-FIAT do Brasil, como parte do

programa de modernização da frota blindada.

O Projeto Guarani tem por objetivo transformar as Organizações Militares de

Infantaria Motorizada em Mecanizada e modernizar as Organizações Militares de

Cavalaria Mecanizada. As viaturas foram entregues à 15ª Brigada de Infantaria

Mecanizada, sediada em Cascavel-PR, para mobiliar as Companhias de Fuzileiros

do 30º Batalhão de Infantaria Mecanizado com sede em Apucarana, do 33º Batalhão

de Infantaria Mecanizado, com sede em Cascavel-PR, e o 34º Batalhão de Infantaria

Mecanizado, com sede em Foz do Iguaçu, unidades orgânicas dessa Brigada.

As viaturas incorporarão as seguintes inovações tecnológicas: baixa assinatura térmica e radar; capacidade de navegação por GPS ou inercial; proteção blindada para munição perfurante incendiária em especial antiminas terrestres (que conta também com assentos suspensos no teto do veículo que visam diminuir os danos em caso de um impacto vindo por baixo). O Guarani ainda traz diversos recursos tecnológicos de primeira linha. Dentre eles encontram-se o sistema automatizado de pressurização dos pneus, as suspensões independentes em cada uma das seis rodas, ar-condicionado com sistema de filtros contra armas químicas, biológicas e nucleares, sistema de Gerenciamento de Campo de Batalha, sistema de Consciência Situacional, torre automática com canhão 30mm, visão noturna, e reparo automatizado para metralhadora .50 ou 7,62mm (FAN, 2014, p. 1).

Possui capacidade anfíbia, podendo transportar até 11 militares (2+9). No

quesito segurança, possui proteção antiminas sob as rodas, couraça e assentos

individuais suspensos, além de possuir cinto de segurança de cinco pontas. Sua

proteção balística é composta de blindagem contra tiros de 7,62mm perfurante e

estilhaços de granadas de artilharia 155 mm, sendo preparada para receber

blindagem adicional (RIBEIRO, 2013, p. 10).

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FIGURA 13 - VBTP-MR Guarani Fonte: Ribeiro (2013, p.9)

Segundo Ribeiro (2013, p. 9), a viatura possui as seguintes características:

- Efetivo: 2+9;

- Peso: 14,5t;

- Peso em ordem de marcha: 18,3t;

- Capacidade de carga: 3,8t;

- Velocidade máxima: 100 km/h;

- Autonomia: 600 km;

- Motor: Cummins PFT;

- Potência: 514hp; e

- Relação peso por potência: 28,39 hp/t.

2.2.3.2 Viatura Mowag Piranha III

A viatura Piranha Mowag é um veículo blindado de combate desenvolvido

pela Mowag, empresa suíça (desde abril de 2010, o nome mudou para General

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65

Dynamics European Land Systems – Mowag GmbH). Cinco gerações desses

veículos já foram produzidas, fabricadas pela Mowag ou sob licença por outras

empresas, e as variantes estão em serviço com as forças militares ao redor do

mundo, inclusive na Marinha do Brasil (RIBEIRO, 2013, p. 7).

Mesmo sendo uma viatura sobre rodas, possui boas condições de

deslocamento através de campo, devido à existência de um sistema central de

calibragem dos pneus (central tire inflation system – CTIS), que ajusta a pressão dos

pneus à natureza do solo. Possui ainda elevada mobilidade, particularmente sobre

eixos apoiados por estradas e em ambiente urbano, proporcionada pelo seu sistema

de tração 8x8, aos dois eixos direcionais e elevada potência do motor (BRASIL,

2008b, p. 6-2).

De acordo com Brasil (2008b, p. A-1), a viatura possui as seguintes

características:

a) Guarnição: 2 militares

b) Tropa embarcada: 11 militares

c) Velocidade máxima: 105 Km/h

d) Capacidade de combustível: 320 litros

e) Autonomia: 700 km

f) Peso (Kg): 18500

g) Comprimento: 7,57 m

h) Largura: 2,68 m

i) Altura: 2,93 m

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FIGURA 14 - VBTP MOWAG Piranha III Fonte: Brasil (2008b, p. 6-1)

2.2.3.3 VBTP M113 A1 TP da Marinha do Brasil

A Viatura Blindada Sobre Lagartas M-113A1, em uso no CFN, dispõe de uma

metralhadora de .50” que, em base de fogos, pode apoiar a tropa de infantaria no

assalto às posições inimigas e, na defensiva, bater, com fogos rasantes e de

flanqueamento, as possíveis vias de acesso do inimigo (BRASIL, 2008b, p. 4-1).

A ação de choque é consideravelmente ampliada quando essas viaturas são

empregadas emassadas, produzindo um acentuado impacto físico e psicológico

sobre o inimigo, principalmente quando obtida a surpresa.

Segundo Bastos (2015, p. 96), vale destacar que em 06 de setembro de 2013

foi aprovada, pelo Comando da Marinha, a criação da nova especialidade do Corpo

de Fuzileiros Navais, a de Blindados. Isto deveu-se ao acentuado crescimento do

emprego de blindados pelo CFN, em Operações de Apoio a Órgãos

Governamentais, bem como em razão do conceito de seu emprego nas mais

modernas forças militares de diversos países, onde a mobilidade, proteção blindada

e poder de choque têm proporcionado a utilização de tais meios.

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Os blindados acabaram por representar importantes características dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais e, no caso do M-113, esses se mostraram de grande utilidade nas recentes e inusitadas operações de apoio às Forças de Segurança Pública, no Rio de Janeiro, desde 2010, na Operação Arcanjo, no Morro do Alemão, onde sua utilização, juntamente com outros tipos de blindados sobre rodas e lagartas operados pelo CFN, foram decisivos para o sucesso alcançado, mostrando a grande importância na criação desta especialidade (BASTOS, 2015, p. 96).

De acordo com Brasil (2008b, p. 4-2) a viatura possui as seguintes

características:

a) Guarnição: 2 militares

b) Tropa embarcada: 11 militares

c) Velocidade máxima: 64,3 Km/h

d) Capacidade de combustível: 360 litros

e) Autonomia: 483 km

f) Peso (Kg): 11000

g) Comprimento: 4,86 m

h) Largura: 2,69 m

i) Altura: 2,20 m

FIGURA 15 - VBTP M113 A1 TP Fonte: Brasil (2008b, p. 4-2)

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Segundo Bastos (2015, p. 95), a VBTP M113 A1 TP, próxima de seus 40

anos de operação, apresentou considerável desgaste, sendo que apenas 66%

estavam em condições operacionais. Como não seria viável sua substituição, partiu-

se para uma modernização, assim como no Exército Brasileiro. A empresa

selecionada foi a Israel Military Industries (IMI), que atua em parceria com a Marinha

do Brasil, através do Centro de Reparos e Suprimentos do CFN, parte integrante do

Centro Tecnológico do CFN, cujo programa prevê a modernização das 24 VBTP

M113 A1 TP.

Após o processo de modernização, as viaturas blindadas especiais sobre

lagartas M113 receberam a denominação de VBTP M113-MB1 (MB- Marinha do

Brasil e 1- primeiro modernizado).

2.2.3.4 VBTP EE-11 Urutu

No final dos anos 80, surgia no Brasil o EE-11 Urutu, construído pela empresa

Engenheiros Especializados S/A (ENGESA). Trata-se de um equipamento pensado

dentro da realidade do parque automobilístico nacional, que se tornou um sucesso

de vendas, equipando tanto o EB e Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) como

exércitos de outros países, da América Latina, África, Ásia e Oriente Médio (SILVA,

2010, p.51).

De acordo com Fonseca (2012, p.18), esse blindado foi desenvolvido pela

ENGESA em 1970 e começou a ser produzido em 1976, com o objetivo de mobiliar

as FA. Devido a sua grande adaptabilidade, foi exportado para diversos países de

Oriente Médio, América Latina e África. Foram produzidas cerca de 1.500 unidades,

em diversas versões.

O Urutu é um blindado leve para transporte de tropa, podendo acolher de 12 a

14 homens equipados, e possui uma blindagem constituída de duas camadas. Em

seu projeto, buscou-se utilizar grande parte de tecnologia nacional, para garantir a

durabilidade e reposição de peças.

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Segundo Fonseca (2012, p.18), a viatura possui as seguintes características:

- Peso: 11.000 kg a 14.000 Kg

- Motor: Detroit Diesel 6V-53T 6cyl (260 cv)

- Velocidade máxima: 105 Km/h

- Autonomia máxima: 850 km

- Blindagem: 6 mm a 12 mm

FIGURA 16 - VBTP EE-11 Urutu. Fonte: Fonseca (2012, p.18)

2.2.4 Comparação da Viaturas Blindadas empregadas na Operação São

Francisco

Quanto à comparação das viaturas blindadas empregadas na Operação São

Francisco, o quadro 4 traz as dimensões e peso das plataformas blindadas utilizadas

nessa missão.

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VIATURAS/

CARACTERÍS-

TICAS

VBTP

M113-BR

VBTP

M113-A1

(Marinha do

Brasil)

VBTP

EE 11

URUTU

VBTP

MOWAG

PIRANHA III

VBTP-MR

GUARANI

COMPRIMENTO 4,85 metros (m) 4,86m 6,10m 7,57 m 6,91 m

LARGURA 2,67 m 2,69m 2,39 m 2,68 m 2,70 m

ALTURA 2,53 m 2,20m 2,12 m 2,93 m 2,34 m

PESO 11 toneladas (t) 11 t 13 t 18,5 t 14,5 t

QUADRO 4 - Características das viaturas empregadas na Operação São Francisco Fonte: Brasil (2015c), Relatório da F PAC V

Além disso, de acordo com o relatório de desempenho de material emprego

militar, confeccionado junto com o Relatório da Força de Pacificação (F PAC) V

(BRASIL, 2015c), a VBTP M113-BR apresentou:

a) quanto ao efeito dissuasório: excelente efeito, causado pela ação

de choque (efeito das lagartas e do barulho do deslocamento);

b) quanto à flexibilidade, a viatura foi utilizada tanto para o transporte

de tropa convencional, de policiais e destacamento de Forças

Especiais. Além disso, foi empregada no carregamento de

materiais, veículos (motocicletas) apreendidos, criminosos presos

durante as operações e transporte de feridos;

c) quanto à facilidade para o desembarque, a VBTP M113-BR

apresenta acesso regular para a tropa, com uma porta de

emergência na rampa traseira e a escotilha do compartimento de

tropa. O acesso pode ser feito tanto pela porta quanto pela rampa;

d) quanto às medidas de combate a incêndio: a possui sistema interno

para extinção de incêndios, bem como extintores convencionais;

e) - quanto ao espaço de manobra: essa viatura necessita de pouco

espaço para manobra, devido a sua capacidade de realizar o

pivoteamento e devido a suas dimensões reduzidas, enquanto as

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outras viaturas blindadas empregadas necessitavam de um espaço

considerável para realizar manobras na zona de ação da operação;

f) quanto à proteção para o atirador: o veículo possui uma torreta de

proteção que protege lateralmente em 360º, mas não para o alto,

assim o atirador fica parcialmente exposto;

g) quanto à segurança para tropa: a VBTP M113-BR apresentou bom

nível de proteção/segurança para a tropa. Sua blindagem de liga

leve (mistura de alumínio e magnésio) suportou os calibres

utilizados pelas organizações criminosas, tendo sido registrados

diversos casos de perfuração parcial.

Cabe destacar que, quanto ao uso, a VTBP Guarani foi considerada de difícil

operação, sendo necessário treinamento especializado no CI Bld. Já a VTBP M113-

BR e a Urutu foram avaliadas como de fácil utilização pela tropa, sendo apenas

necessário instruções técnicas aos militares que empregaram as viaturas e não

pertenciam a SU Bld.

Como limitações, a VBTP M113-BR apresentou:

a) Quanto à visão noturna: não possui sistema de visão noturna;

quando necessário, a tripulação teve que usar OVN, que não

pertencia à viatura. Já o Guarani possui sistema de visão termal

para o motorista e o comandante do carro.

b) Quanto ao armamento de dotação: necessita de adaptação para

receber a metralhadora (Mtr) MAG 7,62 mm; já a VTBP Guarani

possui reparo adaptado para receber a Mtr MAG 7,62 mm.

c) Quanto ao gerenciador do campo de batalha (GCB): este é um

software desenvolvido para integrar o sistema de comando e

controle embarcado na viatura blindada e tem finalidade de prevenir

o fratricídio, uma visão noturna eficiente, particularmente visão

termal, que permite a visualização da assinatura térmica do

oponente. A VTBP M113-BR, assim como o Urutu, não possui esse

equipamento, sendo necessário que a tripulação empregue GPS

para orientações ou outros aplicativos disponíveis nos celulares dos

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militares. Já o Guarani possui esse sistema, assim o Cmt da fração

possui maior consciência situacional.

d) Quanto ao dano colateral: devido ao emprego da lagarta metálica

na Operação São Francisco, a VBTP M113-BR causou maior dano

colateral que o Urutu e o Guarani, destruindo calçadas e causando

avarias em veículos civis que se encontravam na área de

operações.

2.3 A COMPANHIA DE FUZILEIROS BLINDADA

Neste tópico, antes de ser abordada a Companhia de Fuzileiros Blindada

propriamente dita, será apresentada a constituição da Brigada Blindada, do Batalhão

de Infantaria Blindado, da Companhia de Fuzileiros Blindada e do Pelotão de

Fuzileiros Blindado. Além disso, também será descrita a constituição do Batalhão de

Blindados de Fuzileiros Navais e da Companhia de Viaturas Blindadas Sobre

Lagartas do Corpo de Fuzileiros Navais.

2.3.1 A Brigada Blindada

De acordo com o Manual de Fundamentos Doutrina Militar Terrestre (2014, p.

6-2), a Infantaria blindada, em função de sua mobilidade tática, potência de fogo,

proteção blindada e ação de choque relativa, pode executar operações continuadas:

ofensivas, defensivas, realizar manobras de desbordamento de grande amplitude,

limitadas às condições do terreno, buscando atuar à retaguarda do inimigo; participar

de operações de aproveitamento do êxito e perseguição; operar em condições de

visibilidade reduzida e/ou sob condições meteorológicas adversas; integrar forças

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conjuntas em operações anfíbias; participar de operações de pacificação e de “apoio

a órgãos governamentais”. Permite ações rápidas em locais previamente escolhidos,

para desequilibrar o combate em virtude das seguintes características: emprego da

plataforma veicular blindada; armamento com alta letalidade e precisão; e

comunicações eficazes e interativas. Sendo assim, as tropas blindadas devem estar

em condições de serem empregadas em OAU no contexto de OAOG.

Ainda de acordo com o referido manual, as Grande Unidades (GU) Pesadas,

são as Brigadas Blindadas, constituídas pelas unidades de Regimentos de Carros

de Combate (RCC) e Batalhões de Infantaria Blindados. Como força potente e

altamente móvel, são as GU da F Ter mais aptas ao emprego no extremo do

espectro dos conflitos, como o elemento de decisão do combate terrestre. Sua

missão é cerrar sobre o inimigo, a fim de destruí-lo ou neutralizá-lo, utilizando o fogo,

a manobra, a ação de choque e a proteção blindada. São aptas para as ações

ofensivas altamente móveis e com grande profundidade. Além disso, são aptas a

realizar operações de apoio a órgãos governamentais, especialmente com os

Batalhões de Infantaria Blindado, que possuem a VBTP M113-BR e já foram

empregados nesse tipo de missão na Operação São Francisco.

As Brigadas Blindadas (Bda Bld) existentes atualmente no Exército Brasileiro

são a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (Bda C Bld) e a 6ª Brigada de Infantaria

Blindada (Bda Inf Bld), formada com base nos BIB e RCC com os necessários

apoios de fogo, ao movimento, de comunicações e logístico.

A 5ª Bda C Bld e a 6ª Bda Inf Bld constituem a reserva estratégica da Força

Terrestre, estando assim desdobradas no território nacional:

- 5ª Bda C Bld em Ponta Grossa, Paraná;

- 6ª Bda Inf Bld em Santa Maria, Rio Grande do Sul.

De acordo com Souza Junior (2010, p. 60), observa-se que os principais

conflitos armados recentes, como a 1ª Guerra do Golfo, a Guerra do Iraque, entre

outros, se caracterizam sobretudo pela rapidez das ações, curta duração e pelas

operações em ambiente urbano. Desse modo, é lícito supor que devam existir tropas

blindadas em locais estratégicos, como reserva estratégica, e em plenas condições

operacionais para, caso haja necessidade, serem rapidamente empregadas. A

concentração de tropas dessa natureza demanda grande operação logística, cujo

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fator da decisão tempo é preponderante e depende, assim, das vias e meios de

transportes existentes na região.

2.3.2 O Batalhão de Infantaria Blindado

O Exército Brasileiro possui apenas quatro Batalhões de Infantaria

Blindados (BIB), a saber: 7º BIB, em Santa Cruz do Sul-RS; 13º BIB, em Ponta

Grossa-PR; 20º BIB, em Curitiba-PR e 29º BIB, em Santa Maria-RS.

O Batalhão de Infantaria Blindado é a unidade tática orgânica de Brigadas

Blindadas de Cavalaria e Infantaria. O BIB possui como organização: uma

companhia de comando e apoio, e quatro companhias de fuzileiros blindadas

(BRASIL, 2007a, p. A-1).

ORGANOGRAMA 1 – Organograma de um BIB Fonte: Brasil (2007a, p. A-1)

Para o transporte das VBTP M113-BR nos Batalhões Blindados, existem

carretas específicas para estradas pavimentadas. As carretas normalmente rebocam

uma prancha, que tem capacidade para duas VBTP M113-BR. Essas pranchas

foram essenciais para deslocar os blindados para a guarnição do Rio de Janeiro

C Ap

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durante a Operação São Francisco, já que o deslocamento através estrada exige

elevado consumo de combustível e gera desgaste das almofadas das lagartas.

2.3.3 A Companhia de Fuzileiros Blindada

A Companhia de Fuzileiros Blindada é a unidade tática orgânica dos BIB para

as quatro operações básicas: ofensiva, defensiva, pacificação e operações de apoio

a órgãos governamentais. Esta subunidade possui a seguinte organização: uma

seção de comando, três pelotões de fuzileiros blindados e um pelotão de apoio.

ORGANOGRAMA 2- Organograma de uma Cia Fuz do BIB Fonte: Brasil (2007a, p. A-3)

A Cia Fuz é uma tropa valor Subunidade (SU), elemento de manobra dos

batalhões de infantaria. É particularmente apta para realizar o combate a pé, ainda

que utilizando meios de transportes terrestres (dentre os quais os blindados, sendo

Ap

Cmdo

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76

um deles a VBTP M113-BR), aéreos ou aquáticos para seu deslocamento. É, por

excelência, a tropa do combate aproximado, com capacidade de operar em qualquer

terreno e sob quaisquer condições climáticas ou meteorológicas (BRASIL, 2005, p.

1-2).

O emprego de uma Cia Fuz Bld em OAU apresenta as seguintes

características, segundo Brasil (2002b, p. 1-3): mobilidade (resultante de serem

todos os seus elementos transportados em plataformas blindadas); flexibilidade

(produto da mobilidade, estrutura e constituição em pessoal e meios); potência de

fogo (função do armamento orgânico, a metralhadora .50); proteção blindada

(proporcionada pela blindagem de suas VBTP); ação de choque (resultante do

aproveitamento simultâneo de suas características de mobilidade, potência de fogo

e proteção blindada); e sistema de comunicações amplo e flexível.

De acordo com Brasil (2014a, p. 24), no Quadro de Distribuição de Material

(QDM), a companhia de Fuzileiros blindada possui:

- 02 VBTP M113-BR para seção de comando;

- 04 VBTP M113-BR para cada Pelotão de Fuzileiros Blindado;

- 02 VBTP M113- BR para o Pelotão de Apoio;

- 02 viaturas blindadas de combate – morteiro.

Cabe destacar, no entanto, que o EB ainda não possui esse tipo de viatura

para os morteiros nos Batalhões de Infantaria Blindado. Dessa forma, normalmente

são substituídas por VBTP M113-BR, quando há necessidade de empregar o

morteiro orgânico da Cia Fuz Bld. No caso de OAU no contexto de OAOG,

normalmente o morteiro não será empregado devido ao fator de decisão

“considerações civis”. Assim, essas viaturas blindadas poderão ser utilizadas para

outras finalidades, como reforçar um pelo Pelotão de Fuzileiros Blindado (Pel Fuz

Bld) em determinada área ou operação.

No que diz respeito a possibilidades e limitações, a Cia Fuz Bld apresenta

alguns aspectos importantes. De acordo com Brasil (2002b, p.1-4), são

possibilidades da Cia Fuz Bld:

a) conduzir operações ofensivas, defensivas continuadas;

b) aproveitar o êxito e perseguir o inimigo;

c) conduzir operações de segurança;

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d) atacar e contra-atacar sob fogo inimigo;

e) conduzir ou participar dos movimentos retrógrados e das ações

dinâmicas da defesa;

f) participar de envolvimentos e desbordamentos;

g) efetuar operações de junção;

h) executar ações contra forças irregulares;

i) acompanhar o ataque dos carros de combate para destruir as

resistências inimigas remanescentes;

j) conquistar e manter o terreno;

k) realizar a transposição de oportunidade e imediata de cursos

d’água;

l) cerrar sobre o inimigo para destruí-lo, neutralizá-lo ou capturá-lo;

m) cumprir missões no quadro da defesa interna, entre elas OAU no

contexto de OAOG.

Já como limitações, a Cia Fuz Bld possui:

a) Quanto ao inimigo:

- vulnerabilidades a ataques aéreos;

- relativa sensibilidade ao emprego de minas e armas anticarro e aos

obstáculos artificiais.

b) Quanto ao terreno:

-terrenos montanhosos, arenosos, pedregosos, cobertos e

pantanosos reduzem sua mobilidade e sua ação de choque;

- necessidade de rede rodoviária para prover seu apoio logístico;

- sensibilidade às condições meteorológicas adversas, reduzindo sua

mobilidade.

c) Quanto aos meios:

- necessidade de volumoso apoio logístico, particularmente dos

suprimentos de classe III, V e IX e de manutenção;

- limitada capacidade de transporte de seus trens;

- dificuldade em assegurar o sigilo desejável, em virtude do ruído e

da poeira produzidos por suas viaturas, quando em deslocamentos;

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- necessidade de transporte rodoviário ou ferroviário para seus

blindados nos deslocamentos administrativos a grandes distâncias;

- mobilidade estratégica limitada, devido ao elevado peso e ao

desgaste nos trens de rolamento de seus blindados;

- em operações, elevada dependência do apoio prestado pela

engenharia, artilharia, logística, aviação do exército e força aérea;

- o material blindado exige manutenção permanente e dispendiosa.

Segundo Brasil (2005, p. 1-2), a companhia de fuzileiros apresenta como

missões básicas:

a) Na ofensiva: cerrar sobre o inimigo, para destruí-lo ou capturá-lo,

utilizando-se, para isto, do fogo, do movimento e do combate

aproximado. Pelo fogo, procura neutralizar o inimigo permitindo o

movimento. Pela combinação do fogo e do movimento, coloca-se

nas melhores condições possíveis em relação às defesas inimigas.

Finalmente, pelo combate aproximado, é concretizado o

cumprimento da missão, lançando-se violentamente sobre o

inimigo, a fim de, pelo assalto, ultimar sua destruição ou capturá-lo.

b) Na defensiva: manter o terreno, impedindo, resistindo ou repelindo

o ataque inimigo, por meio do fogo e do combate aproximado, e

expulsando-o ou destruindo-o pelo contra-ataque.

Cabe destacar que o Manual C7-10 da Companhia de Fuzileiros (BRASIL,

2005) não apresenta as missões da companhia em OAOG e em operações de

pacificação. Dessa forma, cresce de importância o estudo das TTP da Cia Fuz Bld

em OAU no contexto de OAOG visando a futuras atualizações doutrinárias.

2.3.4 O Pelotão de Fuzileiros Blindado

O pelotão de fuzileiros blindado (Pel Fuz Bld) é o elemento básico da Cia Fuz

Bld, constituindo a peça de manobra da SU Fuz Bld, empregado geralmente como

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um todo. Seu emprego mais comum, entretanto, é como integrante de uma força-

tarefa (FT).

O Pel Fuz Bld é comandado por um 1º ou 2º Tenente, sendo organizado em

cinco grupos: um Grupo de Comando (Gp Cmdo), um Grupo de Apoio (Gp Ap) e três

Grupos de Combate (GC), totalizando 41 militares. O Gp de Cmdo e o Gp de Apoio

ocupam a VBTP do Cmt de Pel. Cada GC possui para si uma VBTP M113-BR,

dotando o Pel um total de quatro VBTP M113-BR (BRASIL, 2001, p.1-3). A

Guarnição das Viaturas é composta pelos Cabo Motorista (Cb Mot) e o Soldado

Atirador da Metralhadora .50 (Sd At Mtr .50).

O Pelotão de Fuzileiro Blindado não tem em sua organização viaturas sobre

rodas, e sim a Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP M113-BR), viatura

sobre lagartas, que tem todo seu compartimento destinado ao transporte do Grupo

de Combate.

O pelotão de apoio é a fração de apoio de fogo da SU. É constituído por um

grupo de comando, por uma seção de morteiros médios (com duas peças) e por

uma seção de canhões sem recuo anticarro (com três peças) (BRASIL, 2001, p.1-7).

Devido ao seu elevado poder de fogo, normalmente em OAU no contexto de

OAOG, não será empregado nesse tipo de operação, mas suas VBTP M113-BR

poderão ser aproveitadas para outras finalidades. Na figura abaixo, é possível

verificar a organização do Pel Fuz Bld.

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80

QUADRO 5 - Organização do Pel Fuz Bld Fonte: Brasil (2001, p. 1-5)

2.3.4.1 Motorista da VBTP M113-BR

O motorista da VBTP M113-BR é peça fundamental tanto no Pel Fuz Bld

quanto na Cia Fuz Bld, uma vez que é o militar responsável por guiar a viatura nas

operações. De acordo com a Diretriz de Blindados do CMS (BRASIL, 2016b), o

motorista da VBTP M113-BR é um cabo, sendo requisitos para sua formação: o

curso de formação de cabos (CFC) e a carteira nacional de habilitação (CNH)

categoria B.

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O Programa-Padrão (PPT 17/1) de treinamento específico do motorista de

viaturas blindadas regula a formação do motorista de VBTP M113-BR e a instrução

destinada à habilitação dos cabos e dos soldados possuidores do CFC para o

desempenho dos cargos específicos de motorista de viaturas blindadas de combate,

transporte, especial e reconhecimento, previstos nos QO das Organizações Militares

Blindadas (BRASIL, 2002a, p.8). Além de guiar a viatura nas operações, o Cabo

Motorista (Cb Mot) auxilia diretamente na manutenção da viatura.

2.3.5 Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais

O CFN possui para diversas missões e para as OAU no contexto de OAOG, o

Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav). Para cumprir suas

tarefas, o BtlBldFuzNav é organizado com um Estado-Maior (EM) e quatro

subunidades: a Companhia de Carros de Combate (CiaCC), a Companhia de

Viaturas Blindadas Sobre Lagartas (CiaVtrBldSL), a Companhia de Viaturas

Blindadas sobre Rodas (CiaVtrBldSR) e a Companhia de Comando e Serviços

(CiaCSv).

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ORGANOGRAMA 3 – Organização do BtlBldFuzNav Fonte: Brasil (2008b, p.2-2)

Comparando o Batalhão de Infantaria Blindado com Batalhão de Blindados

dos Fuzileiros Navais, é possível verificar algumas diferenças, tais como: o BIB

possui apenas viaturas sobre lagartas (VBTP M113-BR), já o BtlBldFuzNav possui,

além da companhia de viaturas blindadas sobre lagartas, viaturas blindadas sobre

rodas e uma companhia de carros de combate, permitindo maior flexibilidade e

poder de combate ao batalhão. Existem, no entanto, quatro BIB no EB, enquanto

que na MB existe apenas um Batalhão Blindado.

2.3.6 A Companhia de Viaturas Blindadas sobre Lagartas

De acordo com Brasil (2008b), a Companhia de Viaturas Blindadas sobre

Lagartas (CiaVtrBldSL) possui:

a) Finalidade

A CiaVtrBldSL tem a finalidade de prover apoio de transporte blindado aos

Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav), cumprindo tarefas de

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apoio ao combate e apoio de serviços ao combate. Para alcançar esse propósito,

cabe à CiaVtrBldSL as seguintes tarefas:

- ampliar a mobilidade das organizações por tarefas nucleadas por

tropa de infantaria, particularmente aquelas que requeiram

proteção blindada;

- apoiar pelo fogo a tropa de infantaria;

- ampliar a capacidade de comando, controle e comunicações dos

GptOpFuzNav;

- realizar o transporte de material e de pessoal em terra; e

- participar de ações de reconhecimento e segurança e economia

de forças.

b) Organização

A organização da CiaVtrBldSL compreende uma Seção de Comando

(SeçCmdo) com duas Viaturas Blindadas sobre Lagartas Comando (VtrBldSLCmdo),

duas Viaturas Blindadas sobre Lagartas Morteiro e três Pelotões de VtrBldSL, cada

um com duas SeçVtrBldSL a quatro VtrBldSLTP cada.

ORGANOGRAMA 4 - Organização da CiaVtrBldSL Fonte: Brasil (2008b, p.3-4)

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Dessa forma, é possível verificar que existem diferenças entre o Pel Fuz Bld

do EB, que possui quatro viaturas blindadas, e o PelVtrBldSL da MB, que tem na

sua constituição oito VBTP.

Já a Cia Fuz Bld do Exército Brasileiro possui 18 VBTP M113-BR, enquanto a

Companhia de Viaturas Blindadas sobre Lagartas da Marinha do Brasil é composta

por 28 viaturas blindadas.

2.4 OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS

Antes de explorar o conceito de Operações de Apoio a Órgãos

Governamentais, é preciso ter o entendimento sobre o amplo espectro dos conflitos.

2.4.1 Amplo espectro dos conflitos

O século XXI tornou-se palco de uma era de conflitos assimétricos e difusos.

Segundo Gray (2006, p. 32), a assimetria deste novo tipo de conflito é descrita da

seguinte forma: os combates podem travar-se contra grupos de inimigos formados e

reconhecíveis que se movimentam entre civis, contra inimigos disfarçados de civis e

– com e sem intenção – contra civis (SMITH, 2005, p. 325). Em conjunto com os

combates em ambiente urbano, podem ocorrer operações de pacificação e OAOG.

As operações desencadeadas na atualidade são caracterizadas pela

interdisciplinaridade (militares, policiais e civis) e pela multidimensionalidade

(abordagem integral das expressões do poder), concentrando diversos atores e

implicando grande esforço interagência. Tal tendência será, por exemplo, como

realidade no escopo das missões estabelecidas pela Organização das Nações

Unidas (ONU) no século XXI. De forma similar, o termo “Full Spectrum Operations”,

cunhado pelos EUA, ou amplo espectro dos conflitos adaptado para a Doutrina

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Militar Terrestre, remete à condução de operações militares com propósitos

combinados ou simultâneos, em qualquer tipo de cenário e com a presença das

agências civis.

O Espectro dos Conflitos representa uma escala na qual se visualizam os diferentes graus de violência politicamente motivada. Abrange desde a Paz Estável, em um extremo, até a situação de Guerra, no outro. Ao longo desse espectro, a Paz Instável é a situação na qual ocorre violência localizada e limitada, que não comprometa a segurança do Estado como um todo; e a Crise, caracterizada por grave ameaça ao Estado cujo nível de violência não implique no envolvimento de toda a capacidade militar da Nação (contingência limitada) (BRASIL, 2014b, p. 4-1).

No amplo espectro dos conflitos, podem ser conduzidas as quatro operações

básicas: ofensiva, defensiva, de pacificação e de apoio a órgãos governamentais.

É o Conceito Operativo do Exército, que interpreta a atuação dos elementos da F Ter para obter e manter resultados decisivos nas operações, mediante a combinação de Operações Ofensivas, Defensivas, de Pacificação e de Apoio a Órgãos Governamentais, simultânea ou sucessivamente, prevenindo ameaças, gerenciando crises e solucionando conflitos armados, em situações de Guerra e de Não Guerra. Requer que comandantes em todos os níveis possuam alto grau de iniciativa e liderança, potencializando a sinergia das forças sob sua responsabilidade (BRASIL, 2014c, p. 3-6).

Segundo Bassolli (2013, p. 44), o amplo espectro dos conflitos deve ser

entendido como toda a gama de possibilidades de emprego da Força, desde as

ações militares realizadas em situação de paz estável, até o extremo oposto do

espectro: a guerra total entre Estados. Entre os dois extremos, estariam situações de

ajuda humanitária, ações de GLO e atendimento a calamidades; instabilidade

interna; “paz instável”; insurgência; e ações de guerra irregular. A Força deve estar

apta a realizar, portanto, operações clássicas (ofensiva e defensiva), operações de

pacificação e operações em apoio a órgão governamentais.

Assim, o emprego das FA na defesa da nação, segundo a Doutrina Militar de

Defesa (2007b, p. 43), constitui a atividade finalística das instituições militares e visa

primordialmente à garantia: da soberania; da integridade territorial e patrimonial; e da

consecução dos interesses estratégicos nacionais. De forma sintética, o emprego

das FA pode ocorrer nas situações de:

- Guerra: são aquelas que empregam o Poder Militar, explorando a plenitude de suas características de violência (defesa da Pátria).

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- Não Guerra: são aquelas que, embora empregando o Poder Militar, no âmbito interno e externo, não envolvem o combate propriamente dito, exceto em circunstâncias especiais, onde este poder é usado de forma limitada – garantia dos poderes constitucionais; garantia da lei e da ordem; atribuições subsidiárias; prevenção e combate ao terrorismo; ações sob a égide de organismos internacionais; emprego em apoio à política externa em tempo de paz ou crise (BRASIL, 2007, p. 43, grifo nosso).

Quanto aos princípios e procedimentos empregados pela Força Terrestre nas

OAU no contexto de OAOG se classificam como Operações de Não Guerra

(BRASIL, 2014c, p. 2-8).

Além disso, de acordo com o manual A Força Terrestre Componente nas

Operações (BRASIL, 2014d, p. 2-2), ao atuarem em qualquer parte do espectro, as

forças estarão envolvidas na assistência ou na proteção da população; na proteção

de estruturas críticas; na dissuasão de ameaças; e/ou na destruição de oponentes.

Tais ações podem demandar capacidades que extrapolem as existentes nas forças,

normalmente resolvidas por meio da integração com outros órgãos governamentais.

Assim, além de operações defensivas e ofensivas, serão desenvolvidas, em um

mesmo ambiente operacional, as OAOG.

As Operações no Amplo Espectro têm por característica, portanto, a

combinação (simultânea ou sucessiva) de diferentes atitudes: ofensivas, defensivas,

de pacificação e de apoio a órgãos governamentais, caso necessário, e a máxima

integração entre as forças e com outras agências, tudo isso aplicado em uma escala

variável de violência.

A figura a seguir demonstra as operações no amplo espectro.

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FIGURA 17 - Combinação de atitudes, característica das Operações no Amplo Espectro Fonte: Brasil (2014c, p. 4-1)

As Forças Armadas Brasileiras são constituídas pela Marinha, pelo Exército e

pela Aeronáutica. São instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas

com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da

República, que pauta suas ações no que prescreve o Artigo 142 da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988. No Art. 142, está prescrito que as Forças

Armadas se destinam à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e à

garantia da lei e da ordem.

Segundo Souza Neto (2015, p. 19), o Ministério da Defesa vem ampliando o

emprego das Forças Armadas nas Operações de Apoio a Órgãos Governamentais,

em particular nas ações voltadas para a garantia da lei e da ordem (GLO) na cidade

do Rio de Janeiro. O incremento dessas ações ocorreu em razão dos compromissos

assumidos pelo Brasil em sediar grandes eventos internacionais, como a Copa do

Mundo de Futebol em 2014, e as Olimpíadas, em 2016.

Sob este enfoque, no escopo das Operações de “Não Guerra” será

encontrada uma categoria de operações que engloba as operações de GLO e as

operações interagências, consolidando um formato próprio da aplicação do Poder

Nacional e envolvendo a participação de diversos atores estatais. São as chamadas

Operações de Apoio a Órgãos Governamentais.

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As Operações de Apoio a Órgãos Governamentais compreendem o apoio prestado por elementos da F Ter, por meio da interação com outras agências, definido em diploma legal, com a finalidade de conciliar interesses e coordenar esforços para a consecução de objetivos ou propósitos convergentes com eficiência, eficácia, efetividade e menores custos e que atendam ao bem comum, evitando a duplicidade de ações, dispersão de recursos e a divergência de soluções. No território nacional, esse apoio é regulado por diretrizes baixadas em ato do Presidente da República. (BRASIL, 2014c, p. 4-21).

Como exemplos atuais desse tipo de operação, ocorreram a Operação

Arcanjo, no Morro do Alemão, e a Operação São Francisco, no Complexo da Maré,

ambas na cidade do Rio de Janeiro-RJ. Durante Operação São Francisco, a Polícia

Militar do Estado do Rio de Janeiro continuou operando na Maré mas de forma

insuficiente, caracterizando uma operação militar em ambiente urbano no contexto

de OAOG.

Segundo Brasil (2014c, p. 4-21), essas operações de apoio podem ser

efetivadas no país e/ou no exterior e contribuem para a garantia da soberania

nacional, dos poderes constitucionais, da lei e da ordem – depois de esgotados os

instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das

pessoas e do patrimônio –, salvaguardando os interesses nacionais e cooperando

para o desenvolvimento nacional e o bem-estar social. A integração interagências é

condição sine qua non nesse tipo de operação e, em algumas ocasiões, são

semelhantes às Operações de Pacificação. Diferem, contudo, por serem

desencadeadas em situações e áreas onde, por destinação legal, os órgãos

governamentais permanecem no seu exercício funcional, mas de forma insuficiente,

ou quando os meios são inexistentes ou indisponíveis ao desempenho regular de

sua missão constitucional. Esse tipo de operações não é exclusividade do EB; outros

exércitos também utilizam operações similares a OAOG.

O Exército dos EUA emprega em sua doutrina as operações ofensivas,

defensivas, operações de apoio civil e de estabilização ou stability operations.

As forças do Exército realizam operações de Estabilização e apoio civil para dissuadir a guerra, resolver conflitos, promover a paz, fortalecer os processos democráticos, manter a influência dos EUA ou acessar o exterior, ajudar as autoridades civis dos EUA e apoiar imperativos morais e legais. As operações de Estabilização promovem e sustentam a estabilidade regional e global. As operações de apoio civil atendem às necessidades urgentes de civis designados dos EUA até que as autoridades civis possam

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realizar essas tarefas sem assistência militar. Quase todas as operações urbanas envolverão algum tipo ou forma de operação de Estabilização ou operação de apoio civil combinada e sequenciada com operações ofensivas e defensivas (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2006a, p. 9-1, tradução nossa).

De acordo com os EUA (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2006b, p. 14-1),

vários tipos de operações de estabilidade são conduzidos por muitas razões. As

finalidades das operações de estabilidade são:

- proteger os interesses nacionais;

- promover a paz ou impedir a agressão;

- cumprir as obrigações dos tratados internacionais ou impor acordos

e políticas;

- ajudar países aliados, governos amigáveis e agências;

- incentivar um governo estrangeiro fraco ou vacilante;

- manter ou restaurar a ordem;

- proteger a vida e a propriedade;

- deter ou responder ao terrorismo;

- reduzir a ameaça de armas convencionais e armas de destruição

em massa para a segurança regional; e

- eliminar ou conter subversão, anarquia e insurgência.

Com relação aos tipos de operações de estabilidade segundo a doutrina do

Exército dos EUA, existem os seguintes: operações de paz, defesa interna

estrangeira, apoio às insurgências, apoio às operações contra o tráfico de drogas,

combate ao terrorismo, operações de evacuação de não combatentes, controle e

destruição de armas e demonstração de força.

Cabe destacar que como os EUA possuem forte estrutura de defesa interna,

com a polícia bem equipada e recursos financeiros, essas operações ocorrem

geralmente fora do país. E quanto ao Exército da Espanha, este adota nomenclatura

idêntica à doutrina americana, recebendo a denominação de Estabilización.

De acordo com o Manual PD3-303, do Ejército de Tierra Español, (Espanha,

2010, p. 1-4), operações de estabilização são aquelas que através do uso

equilibrado das capacidades coercivas e construtivas de uma força de ajuda militar

contribuem para estabelecer um ambiente seguro e estável, favorecendo a

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reconciliação entre adversários locais e regionais. E ainda, apoiam o

estabelecimento e o desenvolvimento das instituições políticas, sociais, legais e

econômicas, facilitando a assunção plena das responsabilidades do governo pela

autoridade legítima da nação anfitriã.

Atividades de estabilização, segundo a doutrina espanhola, são agrupadas

em quatro categorias:

- suporte para a segurança;

- o apoio a reforma do setor de segurança;

- suporte para a restauração inicial de serviços; e

- apoiar as tarefas iniciais do governo.

Já com relação à doutrina Argentina, as questões atinentes à Defesa

Nacional, será necessário levar permanentemente em conta a diferença entre a

Defesa Nacional, voltada para a defesa externa, e a segurança interior ou defesa

interna.

Segundo a Lei de Defesa Nacional Argentina (ARGENTINA, 1988, p. 2), os

membros do Sistema Nacional de Defesa são:

a) o Presidente da Nação;

b) o Conselho de Defesa Nacional;

c) o Congresso Nacional, no exercício dos poderes conferidos pela

Constituição para o tratamento das Comissões de Defesa de ambas

as casas;

d) o Ministro da Defesa;

e) o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas;

f) as Forças do Exército, da Marinha e Aeronáutica da República

Argentina.

Já de acordo com a Lei de Segurança Interior da Argentina (1991, p. 1),

fazem parte do sistema de segurança interna:

a) o Presidente da Nação;

b) os governadores das províncias que aderem a esta lei;

c) o Congresso Nacional;

d) os Ministros do Interior, Defesa e Justiça;

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e) a Polícia Federal, a Polícia de Segurança Aeroporto e a polícia

província

f) Guarda Nacional e Prefeitura Naval Argentina.

Dessa maneira, as Forças Armadas da Argentina não fazem parte da defesa

interna do país e ainda não executam Operações de Apoio a Órgãos

Governamentais como o EB, sendo seus militares empregados exclusivamente para

defesa externa. Já as Forças Armadas americanas e espanholas desenvolvem

operações de estabilização que são similares a OAOG. Assim, a Doutrina Militar

Terrestre se encontra alinhada com os Exércitos americano e o espanhol.

2.4.2 Operação São Francisco

A Operação de Apoio a Órgãos Governamentais realizada durante 2014 e

2015, no Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, recebeu a denominação

de Operação São Francisco.

Segundo Pilar, Dória e Pinto Homem (2014, p. 45), em face da atual política

de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, que tem instalado

periodicamente UPP nas comunidades dominadas por APOP, e em decorrência da

solicitação do governador do Estado do Rio de Janeiro, foi autorizado pelo Aviso nº

106 do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, em 31 de

março, o “emprego temporário e episódico de meios das Forças Armadas em ações

na Garantia da Lei e da Ordem (GLO)”, para a preservação da ordem pública e

incolumidade das pessoas e do patrimônio, no Complexo da Maré (Diretriz

Ministerial nº 9/2014). O Governador do Estado do Rio de Janeiro solicitou o

emprego das Forças Armadas naquela unidade federativa, dando continuidade ao

processo de pacificação do estado, em razão da momentânea insuficiência de

recursos da Polícia Militar do Estado. Cabe destacar que as operações de apoio a

órgãos governamentais englobam as ações de GLO.

Os Agentes de Perturbação da Ordem Pública, que estavam presentes no

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meio da população moradora do Complexo da Maré, são pessoas ou grupos de

pessoas cuja atuação momentaneamente comprometa a preservação da ordem

pública ou ameace a incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Em decorrência, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, o Ministério da

Defesa (MD) e o Ministério da Justiça firmaram acordo segundo o qual as partes se

comprometeram, com base em uma OAU no contexto de OAOG, com ações de

Garantia da Lei e da Ordem, a empregar, no Complexo da Maré, os meios

necessários para a prestação de segurança e serviços em benefício da população.

De acordo com Escoto (2016, p. 4), em abril de 2014, após diversos ataques

a UPP que causaram inúmeras mortes de policiais militares e danos a suas

instalações, material e viaturas, o EB foi empregado na difícil missão de pacificar o

maior complexo de favelas do Rio de Janeiro. Havia várias comunidades e uma

população de cerca de 130.000 habitantes, equivalente a uma cidade brasileira de

médio porte, aterrorizada pela ação violenta de três facções criminosas rivais que

utilizam táticas, técnicas e procedimentos de grupos de violência extremista – o

Comando Vermelho (CV), o Terceiro Comando Puro (TCP) e as milícias. Esse foi o

cenário da Operação São Francisco.

Esse evento, associado ao Acordo para o emprego dos militares na Cidade do Rio de Janeiro, assinado pelo Ministro de Estado da Defesa e pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, propiciou o arcabouço legal para, pela primeira vez, ser empregado um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) da Marinha do Brasil em uma operação conjunta com o Exército Brasileiro sob a égide da Garantia da Lei e da Ordem com amplo espectro de poderes policiais, sendo os principais: o de condução de presos e o de inspeção e revista (PILAR; DÓRIA; PINTO HOMEM, 2014, p. 45).

De acordo com Brasil (2015h, p. 2-4), as operações de pacificação são

desencadeadas no contexto de um “Estado de exceção”, caracterizado por um

período em que parcelas da ordem jurídica – sobretudo aquelas reservadas à

proteção das garantias fundamentais – são suspensas por medidas advindas do

Estado, para o atendimento de necessidades urgentes e específicas. É uma

situação temporária de restrição de direitos e concentração de poderes que, durante

sua vigência, permite presteza no processo decisório e nas medidas essenciais a

serem tomadas em situações emergenciais.

Dessa maneira, e considerando que as ações das Forças Armadas na

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Operação São Francisco não ocorreram mediante decretação de Estado de exceção

por nenhuma das autoridades competentes. Fica claro que o termo “Operação de

Pacificação” não se encaixa doutrinariamente na questão como uma operação de

pacificação, encaixando-se melhor nesse cenário, uma operação de apoio a órgãos

governamentais.

Desta forma, após receber e analisar a solicitação do governador do Estado

do Rio de Janeiro, a Presidente da República determinou o emprego das Forças

Armadas, segundo o extrato abaixo transcrito, enviado para o Ministro da Defesa:

Incumbiu-me a Excelentíssima Senhora Presidente da República de informar que, atendendo à solicitação contida na Exposição de Motivos nº 00039/GSI de 28 de março de 2014, fundamentada no Art. 142 da Constituição Federal, nos § 1º a § 6º do Art. da Lei Complementar nº 97/1999 e nos Art. 2º a 4º do Decreto nº 3.897/2001, autorizou o emprego das Forças Armadas, nas seguintes condições: a. Missão: A fim de cooperar com o governo do Estado do Rio de Janeiro em seu processo de pacificação, empregar temporariamente, militares das Forças Armadas em garantia da lei e da ordem, em coordenação com os órgãos de segurança pública federais, estaduais e municipais. b. Órgãos envolvidos: Ministério da Defesa, Ministério da Justiça, Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e órgãos de segurança pública situados no Estado do Rio de Janeiro e outros que, eventualmente, venham a tomar parte nas atividades. (SOUZA NETO, 2015, p. 19, grifo nosso).

Coube ao Exército Brasileiro assumir o comando das OAU no contexto de

OAOG, em apoio ao Estado do Rio de Janeiro na região delimitada do Complexo da

Maré, dentro de uma área de aproximadamente 10 km², na cidade do Rio de

Janeiro. Para tal, foram empregadas tropas do Exército e da Marinha do Brasil

enquadradas por uma Brigada denominada “Força de Pacificação”, com um efetivo

aproximado de 3.500 militares, por um período inicial de quatro meses.

Segundo Souza Neto (2015, p. 20), a missão da tropa consistia em realizar,

24 horas por dia, todos os dias da semana, o patrulhamento ostensivo a pé e

motorizado nas ruas, becos e vielas da área da Maré e o estabelecimento dos

Postos de Bloqueio e Controle de Vias Urbanas (PBCVU) nos principais acessos de

entrada da comunidade, onde seriam realizadas abordagens de pessoas e revistas

de veículos e motos.

No total da Operação São Francisco, houve seis contingentes, sendo que

cada tropa operou num período aproximado de dois a três meses. O quadro 6

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apresenta a tropa e o respectivo período na Operação São Francisco.

CONTINGENTE TROPA PERÍODO

I Brigada de Infantaria Paraquedista 04 de abr a 30 maio 14

II 6a Brigada de Infantaria Blindada 30 maio a 06 ago 14

III 4a Brigada de Infantaria Montanha 06 de ago a 15 out 14

IV 11a Brigada de Infantaria Leve 15 out a 15 dez 14

V 14a Brigada de Infantaria Motorizada 15 de dez a 19 fev 15

VI 10a Brigada de Infantaria Motorizada 19 fev 15 a 31 mar 15

QUADRO 6 - Quadro de contingentes empregados na Operação São Francisco Fonte: Souza Neto (2015, p. 21)

Com relação ao emprego da VBTP M113-BR na Operação São Francisco, a

viatura foi empregada a partir da F PAC V, com uma Cia Fuz Bld, em reforço ao

comando da F PAC, devido à necessidade de maior proteção blindada e ação de

choque a tropa que estava operando na Maré.

Pode-se dizer que a ação do Exército Brasileiro trouxe bons resultados.

Conforme a nota de imprensa do Centro de Comunicação Social do Exército

(BRASIL, 2015i), os resultados obtidos durante a operação no Complexo da Maré

foram altamente positivos:

As metas estipuladas para esta Operação foram atingidas pela retomada da área enquadrada e pela perda da liberdade de ação das organizações criminosas. Não há espaço na comunidade que não foi patrulhado, o uso ostensivo de armas diminuiu e o comércio ilegal de entorpecentes teve uma forte redução. Destaca-se o apoio da população, que deixou de ser explorada de forma impune pelo crime e passou a se beneficiar da crescente presença do Estado, sob a forma de melhorias nas áreas sociais.

Desde o início da operação foram realizadas mais de 65.000 ações, 583 prisões, 228 apreensões de menores por cometimento de atos infracionais e 1.234 apreensões de drogas, armas, munições, veículos, motos e materiais diversos. Destaca-se a prisão de integrantes importantes na estrutura do crime organizado, causando desestruturação organizacional nas facções e uma perda significativa nos lucros com o comércio de entorpecentes (BRASIL, 2015i).

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O organograma abaixo demonstra a complexidade da organização geral da

força de pacificação durante a Operação São Francisco.

ORGANOGRAMA 5 - Organização Geral da F Pac e do GptOpFuzNav-Maré Fonte: Pinto Homem (2015, p. 60).

Como exemplo de efetivo empregado por um contingente durante a Operação

São Francisco, os quadros 6, 7, 8 e 9 apresentam dados da Força de Pacificação IV.

FRAÇÃO OFICIAIS PRAÇAS Total

Cmdo F Pac 32 56 88

2º BIL 29 467 496

5º BIL 32 478 510

28º BIL 35 453 488

Esqd C Mec 5 130 135

QUADRO 7 - Efetivo orgânico (F Pac da 11ª Bda Inf Lev e Elm CMSE) (Continua)

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Dst Log 13 102 115

Pel Eng 2 46 48

Dst Ap 8 164 172

Total 156 1.896 2.052

QUADRO 7 - Efetivo orgânico (F Pac da 11ª Bda Inf Lev e Elm CMSE) (Conclusão) Fonte: Brasil (2015c)

FRAÇÃO OFICIAIS PRAÇAS Total

DOFEsp 6 19 25

DOAI 1 1 2

GE 2 6 8

CIE 3 0 3

Assessoria Jurídica 5 2 7

Total 20 28 45

EFETIVO TOTAL DO EXÉRCITO

TOTAL EB 173 1.924 2.097

QUADRO 8 - Efetivo de Elementos de Outras OM que não pertenciam à 11ª Bda Inf Leve Fonte: Brasil (2015c)

FRAÇÃO OFICIAIS PRAÇAS Total

Gpt Op FN 32 560 592

Cia MARÉ PMERJ

4 192 196

TOTAL DE TROPA EMPREGADA

TROPA 2.692

QUADRO 9 - Efetivo total empregado pela F Pac IV Fonte: Brasil (2015c)

Em virtude de alguns incidentes com militares feridos e um militar morto

durante a F Pac IV, e devido ao poder de combate das facções criminosas, uma

companhia de fuzileiro blindada foi passada em reforço a comando da Brigada

responsável pelo contingente que estava operando na Maré. O quadro 10 exibe o

efetivo da Cia Fuz Bld durante a F Pac V.

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FRAÇÃO Seção de Cmdo Pel Fuz Bld Total

Cia Fuz Bld 32 37 x 4 180

QUADRO 10 - Efetivo total empregado pela Cia Fuz Bld durante a F Pac V Fonte: Brasil (2015c)

Para a Operação São Francisco, a Cia Fuz Bld sofreu algumas modificações

no seu quadro organizacional (QO). Os Pel Fuz Bld perderam seu grupo de apoio e

o pelotão contou com o efetivo de 37 militares. Já o pelotão de apoio transformou-se

em um Pel Fuz Bld, assim a companhia possuía quatro pelotões de fuzileiros dando

maior flexibilidade ao Cmt Cia.

De acordo com Pinto Homem (2015, p. 57), no nível operacional, na

Operação São Francisco a Força se viu diante de um desafio similar ao dos Conflitos

de Quarta Geração. Considerando as características peculiares a tais conflitos,

muitos aspectos coincidiram com aquela versão da guerra dos quais,

fundamentalmente, destacam-se: a presença ativa de opositores não estatais

(representados pelos APOP) em um ambiente incerto e difuso; questões de

segurança alinhando-se às de defesa, formando um campo político mais amplo,

complexo e de caráter permanente (Segurança e Defesa do Estado), que

transcende a esfera militar, torna interdependentes todos os campos do Poder

Nacional e faz interagir diversas agências públicas (Polícia, Defesa Civil,

Inteligência, dentre outras); a influência de organizações não governamentais

(ONGs), movimentos sociais, instituições filantrópicas e grupos sociais diversos; a

impossibilidade de controle sobre os meios de comunicação de massa e o acesso

irrestrito à informação digital, limitando a capacidade estatal de moldar a opinião

pública; a indefinição geográfica da linha de contato (ausência de linearidade no

campo de batalha); a extrema assimetria entre as Forças Armadas e seus

oponentes; e a simultaneidade de ações de naturezas distintas em um espaço de

manobra fisicamente limitado: ofensiva, defensiva, pacificação e OAOG (Operações

em Amplo Espectro).

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2.5 EMPREGO DE BLINDADOS EM AMBIENTE URBANO

As operações em ambiente urbano têm diversas características específicas

que fazem deste um dos ambientes operacionais mais difíceis de combater. O

manual americano FM 3-06.11 (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2006b, p. 1-2)

descreve algumas características do combate em área urbana:

a) constantes mudanças das situações táticas e logísticas,

influenciadas pelos fatores da decisão;

b) as unidades que lutam em áreas urbanas tornam-se

frequentemente isoladas ou sentem-se como isoladas;

c) as OAU requerem o planejamento centralizado e a execução

descentralizada – consequentemente, as comunicações verticais e

horizontais são de difícil estabelecimento e manutenção;

d) presença de população civil (não combatentes);

e) alto consumo de munição;

f) grande número de vítimas (ricochetes, quebra de vidro, queda de

alturas e outros);

g) espaço limitado de manobra, sendo que os veículos blindados,

como a VBTP M113-BR, têm dificuldade de operar nestas áreas;

h) terreno tridimensional onde as forças amigas e inimigas conduzirão

operações em superfície, acima da superfície, ou abaixo da

superfície da área urbana;

i) ocorrência de danos colaterais de grande vulto, principalmente nos

conflitos de grande intensidade;

j) grande importância da inteligência humana;

k) necessidade do emprego de caçadores; e

l) necessidade de isolamento de pontos críticos.

Os blindados serão amplamente empregados nas OAU, no contexto de

OAOG, devido ao seu poder dissuasório e à proteção blindada que conferem à

tropa. Assim, são necessárias Técnicas, Táticas e Procedimentos para o emprego

eficiente das viaturas blindadas.

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Dentro desse contexto, um termo que vem sendo empregado recentemente é

o de “táticas, técnicas e procedimentos” (TTP), assim definido segundo o Glossário

das Forças Armadas (BRASIL, 2015a, p. 267-226):

- tática: arte de dispor, movimentar e empregar as forças militares

em presença do inimigo ou durante o combate. Cuida do

emprego imediato do poder para alcançar os objetivos fixados

pela estratégia, compreendendo o emprego de forças, incluindo

seu armamento e técnicas específicas.

- procedimento: forma específica de executar uma atividade.

- técnica: conjunto de métodos e processos de uma arte ou

profissão.

Com relação ao emprego de blindados em OAU, de acordo com Brasil

(2010a, p. 6-8), os meios blindados devem ser empregados principalmente como:

(1) elementos de demonstração de força na ação de dissuasão;

(2) plataformas para difusão de informações à população na campanha

psicológica;

(3) estabelecimento de postos de bloqueio e controle de vias urbanas

(PBCVU), check point e static point; e

(4) proteção blindada nas ações de investimento.

Na figura a seguir, é possível verificar a VBTP M113-BR sendo empregada

para difundir informações para a população do Complexo da Maré.

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FIGURA 18 – VBTP sendo empregada como plataforma para difusão de informações à população. Fonte: Brasil (2015c).

Atualmente, a proteção da tropa assume papel fundamental, uma vez que os

APOP, como na Operação São Francisco, possuem diversos tipos de armamentos.

Como reflexos da importância da dimensão humana, torna-se necessário adotar

soluções que priorizem a redução do custo em vidas humanas, a proteção do

homem e a preservação do bem-estar físico e mental – como, por exemplo,

equipamentos de proteção individual, “plataformas blindadas” e sistemas de

proteção ativa e passiva (BRASIL, 2014b, p. 7-2).

A proteção blindada é essencial em praticamente todas as ações em

ambiente urbano. Há um caso histórico do Exército da Espanha, na Missão das

Nações Unidas no Congo, no qual a proteção blindada, além de salvar os militares

evitou danos colaterais na população civil e conquistou o apoio da população.

Em 21 de agosto de 2006, durante a missão da União Europeia de apoio à MONUC, no Congo, militares do Exército Espanhol tiveram que acudir com veículos blindados ao resgate um grupo de embaixadores e funcionários da ONU que estavam no residência do candidato Jean-Pierre Bemba, devido aos conflitos armados ao redor de entre várias facções. Durante o resgate, os soldados foram atacados pela multidão, recebendo impactos de fuzil em alguns blindados, BMR-600. Em vez de responder ao fogo, o que provavelmente teria causado vítimas inocentes e um aumento nos

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confrontos os militares abstiveram-se de usar suas armas, mantendo uma atitude firme e calma por causa de um perfeito cumprimento da sua missão e conseguiram controlar os agressores, adotando medidas de proteção e intimidatórias (apontando armas e usando a plataforma blindada para se desengajar, etc.). Graças a esta capacidade de proteção das tropas espanholas, os diplomatas foram capazes de deixar a residência de Bemba sem ferimentos, e melhoraram de forma mensurável relações com a população civil, que viu como a atuação dos soldados espanhóis justificada presença da União Européia para evitar uma possível escalada de combates naquele país. Este desempenho foi qualificado pelo Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, pelo comandante da força, pelo ministro de relações Exteriores e pelo chefe do Estado-Maior do Congo, como vital para o acontecimento do segundo turno das eleições naquele país (ESPANHA, 2010, p. 4-4, tradução nossa).

O caso acima atesta a importância da proteção blindada em OAU, que além

de proteger a tropa, a pode persuadir os oponentes, evitando o aumento da

escalada de confrontos.

Não se pode deixar de considerar que as características dos meios blindados

impõem um efeito psicológico extremamente favorável a quem os emprega,

sobretudo em função da sua ação de choque. Essa situação cria uma condição

dissuasória determinante para o sucesso em operações em ambiente urbano,

permitindo inclusive um desengajamento mais fácil de tropas à pé que estejam face

a tropas com armamento automático, como o exemplo do caso histórico citado.

Outra forma de empregar a VBTP M113-BR no Complexo da Maré se deu

através do estabelecimento de check point nas ruas suspeitas de crime organizado.

Na figura 19, é possível observar o emprego da VBTP M113-BR no estabelecimento

de um check point.

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FIGURA19 – VBTP M113-BR sendo empregada durante a Op São Francisco em um check point Fonte: Brasil (2015c)

Além disso, de acordo com o Manual de Blindados dos Fuzileiros Navais

(BRASIL, 2008b, p. 6-13), no interior do ambiente urbano, os blindados também são

extremamente úteis na tarefa de desobstrução de ruas e avenidas por meio da

adaptação de lâminas e do uso de correntes nas viaturas blindadas de transporte de

pessoal. O poder de choque do blindado é grande valia nas áreas de favelas, uma

vez que os APOP constroem obstáculos para dificultar a passagem das tropas e da

polícia.

Podem-se utilizar os blindados para transporte alternativo de pessoal,

material, água, munição, etc. As viaturas blindadas também são utilizadas para

demonstração de força, principalmente em conflitos de baixa intensidade como

operações de apoio a órgãos governamentais, distúrbios civis, operações de polícia

e pontos de controle.

Além do emprego de blindados pelo Exército e pela Marinha, a Infantaria da

Aeronáutica tem um estudo para o emprego de blindados em ambiente urbano no

contexto de OAOG. Nessa situação, segundo Silva (2010, p. 52), o emprego de

blindados em tais operações apresenta um poder dissuasório elevado, uma vez que

os veículos intimidam os elementos adversos, à mercê do seu tamanho, velocidade,

blindagem e capacidade de lançamento de agentes não letais.

Com relação ainda ao emprego de blindados pela Aeronáutica, os mesmos

poderão ser utilizados para a autodefesa de superfície de bases aéreas e outras

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instalações e meios de interesse da Força Aérea, a fim de contrapor-se a um grande

espectro de forças inimigas.

Em tal cenário, a utilização de uma viatura blindada como a VBTP M113-BR

garantiria à tropa de infantaria da Aeronáutica segurança em suas operações

defensivas e ofensivas, meios de mobilidade e proteção balística capazes de

assegurar a execução das ações de reação, retardamento e contra-ataque. Isso

permitiria o engajamento, neutralização ou destruição da força inimiga antes que os

recursos da Força Aérea a serem defendidos fossem danificados ou destruídos por

ataques de infiltração à distância (morteiros, foguetes, etc.) ou assaltos de infantaria.

Além disso, proporcionaria o lançamento rápido de postos de vigilância avançados,

negando, assim, ao inimigo, a utilização de acidentes capitais do terreno para fogo e

observação sobre as instalações aeronáuticas. A perda de uma aeronave em termos

materiais e financeiro é enorme para a Aeronáutica, assim o uso de uma plataforma

blindada como a VBTP M113-BR pode aumentar a proteção das bases aéreas.

Outra utilização da VBTP M113-BR eficaz é o emprego do blindado pelo

Destacamento de Operações de Apoio à Informação na disseminação de

mensagens por alto-falantes (AF) e por panfletos. Durante a Operação São

Francisco, a viatura leve AF (sem blindagem) teve que ser substituída por uma

VBTP M113-BR porque estava sendo alvo frequente de disparos das facções

(ESCOTO, 2016, p.11). A figura 26 apresenta uma VBTP M113-BR sendo

empregada como viatura alto-falante.

FIGURA 20 – VBTP M113- BR sendo empregada na disseminação de mensagens por alto-falantes Fonte: Brasil (2015c)

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Além disso, de acordo com Mesquita (2009, p. 4), a utilização da ação de

choque nas ações de investimento é confirmada pelos principais exércitos do

mundo, como foi o exemplo do norte-americano que empregou uma brigada

blindada na conquista de Bagdá, em 2003, em detrimento do emprego de forças

leves. Estas últimas, embora extremamente aptas ao combate casa a casa, não

possuem poder de fogo suficiente para garantir a ação de choque necessária à

decisão do combate no menor tempo possível. Além disso, a pouca ou nenhuma

proteção blindada as tornam vulneráveis a pequenas resistências.

Durante a Operação São Francisco, a VBTP M113-BR foi empregada em

operações de investimento com finalidade de demonstração de força e realizar o

cerco em áreas suspeitas de crime organizado. As figuras abaixo demonstram a

tropa utilizando a proteção blindada em uma ação de investimento durante a

Operação São Francisco.

FIGURA 21 – Operação de Cerco realizada na Operação São Francisco. Fonte: Brasil (2015c)

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FIGURA 22 – VBTP M113- BR sendo empregada em uma ação de investimento Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

Além disso, em OAU no contexto de OAOG, as tropas devem estar aptas a

combater. De acordo com o Manual EB60-ME- 12.401 (BRASIL, 2016d, p. 2-8) as

ações táticas nas Operações de Apoio a Órgãos Governamentais são apresentadas

no quadro 11.

Proteger Apoiar Preservar

Restaurar Garantir Combater

QUADRO 11 – Ações Táticas nas Operações de Apoio a Órgãos Governamentais Fonte: Brasil (2016d, p. 2-8).

Analisando o quadro acima, dada a presença da ação tática “combater”, é de

grande valia o emprego de blindados em OAU no contexto de OAOG, em particular

a VBTP M113-BR, que aumentará a ação de choque e a proteção blindada contra os

APOP, uma vez que além das ações de proteger e apoiar a população, restaurar,

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garantir e preservar as leis e a ordem, haverá confrontos até que esses objetivos

sejam alcançados.

Com relação ao emprego da VBTP M113 em OAU, pode-se destacar algumas

operações marcantes. Segundo Calixto (2015, p. 39) o Exército Brasileiro empregou

essa plataforma blindada em 2007, durante o 7º contingente brasileiro da

MINUSTAH, a fim de pacificar a área ao redor da chamada “Casa Azul”, em Port Au

Prince, no Haiti, com VBTP M-113 cedidas pelo Exército jordaniano. Essa operação

foi denominada Operação Jauru Sudamericano e foi considerada como uma das

maiores OAU realizadas no Haiti naquela década. A operação foi desencadeada

quando se decidiu neutralizar a ação de APOP naquela região, pois o oponente

contava com armamento e tinha considerável organização. Graças à concentração

de meios e à proteção blindada, foi realizada uma operação com enorme

complexidade e que resultou num grande sucesso.

Outra OAU no contexto de OAOG em que a VBTP 113 foi empregada foi a

Operação Arcanjo, na Vila Cruzeiro e no Morro do Alemão, em 25 de novembro de

2010. Em resposta à solicitação enviada pelo governador do Estado do Rio de

Janeiro, o Presidente da República determinou que as Forças Armadas fossem

empregadas para garantir a ordem pública na capital daquele estado.

Segundo Carvalho (2013, p. 48) após a autorização presidencial, a Secretaria

de Segurança Pública estadual passou a coordenar o emprego da Polícia Militar, em

particular do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), da Polícia Civil, de membros

da Polícia Federal (PF) e dos recursos logísticos do Ministério da Defesa solicitados

ao Governo Federal. Foram empregados inicialmente veículos da Marinha do Brasil

(blindados sobre lagartas e sobre rodas, além de blindados anfíbios e alguns

caminhões e veículos leves) e 127 fuzileiros navais na operação. Durante a

operação utilizaram-se blindados, em particular a VBTP M113 da MB, em

patrulhamentos, estabelecimento de pontos de controle e defesa de pontos

estratégicos.

De acordo com Bastos (2015, p. 109), a Operação Arcanjo mostrou que

qualquer operação policial daquela envergadura necessita de meios blindados de

transporte de pessoal que possa dar a mobilidade necessária, a proteção e a pronta

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resposta que os obsoletos “caveirões” não conseguem, devido, principalmente, a

sua falta de mobilidade e capacidade de pronta resposta.

Os “caveirões” empregados pelo BOPE são improvisos que, num primeiro

momento, acreditava-se, poderiam ser instrumento que garantiria o transporte de

tropas até os locais nos quais seria necessária pronta resposta. No entanto, devido a

seu peso excessivo e suas limitações mecânicas, e por se tratar de veículos

originalmente criados como transportes de valores, em alguns casos construídos

sobre chassi de ônibus urbano, não conseguem atingir seus objetivos.

A partir de 2011, os blindados da MB voltaram a ser empregados em

operações na Rocinha, Maré, Morro do Alemão, Vila Cruzeiro e outras favelas do

Rio de Janeiro, em diversas OAU no contexto de OAOG. Dentre os diversos

blindados que tomaram parte nessas operações, o de maior quantidade e que se

tornou o mais popular foram as VBTP M113 da Marinha do Brasil.

Segundo Bastos (2015, p. 111), no ano de 2010, durante a Operação Arcanjo

no Morro do Alemão, diversas VBTP M113 do CFN foram atingidas por tiros de

7,62mm, embora nenhum tenha perfurado o veículo. Dessa forma, a proteção

blindada é destacada, uma vez que nas favelas do Rio de Janeiro as facções

criminosas possuem fuzis e outros armamentos, como granadas.

Após essas operações, as forças policiais não só do Rio de Janeiro, mas

também de outros estados da Federação, passaram a se preocupar em se equipar

com blindados modernos e desenvolvidos para OAU, adquirindo-os de países como

África do Sul, Estados Unidos e Israel.

Em abril de 2014, foi assinado o contrato entre a Polícia Militar do Estado de

São Paulo (PMESP) e as empresas israelenses Plasan Security Solutions e Hatehof

Armored Veichles Ltd., para aquisição de 14 novos blindados antidistúrbios que irão

substituir os veículos em uso e dar nova dimensão e proteção às forças policias em

operações antidistúrbio em OAU, tão frequentes nas grandes cidades brasileiras.

Ainda segundo Bastos (2015), o modelo adquirido da empresa Plasan, num

total de seis unidades, é usado para controle de distúrbios civis de alta capacidade.

Pode transportar até 24 soldados totalmente equipados, mais dois tripulantes. Sua

proteção balística no compartimento da guarnição, motor e vidros obedece a norma

NIJ Padrão 0.108,01, nível 04, sendo a blindagem nível NIJ IV+; no piso, possui

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proteção antiminas, além de proteção contra explosivo improvisado (IEDs)

detonados sobre o veículo.

Já os modelos adquiridos da Hatehof, num total de oito (sendo quatro de cada

tipo) são: Riot Control Vehicles, equipados com um canhão de água como

capacidade de 2.500 litros. Possuem leve proteção blindada, são 4x4 e sua

tripulação é de três homens. O outro modelo é o WOLF, amplamente utilizado pelas

forças de defesa de Israel e outras forças militares e policiais em diversos países,

em missões como: transporte de pessoal, patrulhamento na fronteira, garantia da lei

e da ordem, intervenção rápida, manutenção da paz, evacuação médica, dentre

outros. É um blindado multiuso 4x4, pode transportar até nove soldados e o acesso

ao seu interior se dá através de cinco portas amplas que facilitam o embarque e o

desembargue da tropa; possui pneus run flat, motor diesel V-8, 325 HP.

A aquisição de tais veículos pelas forças policiais brasileiras demonstra a

importância atual da proteção blindada em OAU.

2.5.1 Principais blindados empregados em OAU por outros exércitos

A seguir, serão apresentados os blindados empregados em OAU pelos

Exércitos dos EUA, da Espanha e da Argentina.

2.5.1.1 Stryker do Exército dos EUA

De forma similar ao Exército Brasileiro, as brigadas blindadas, GU pesadas, o

Exército americano possui as Heavy Brigade Combat Team (HBCT), que têm como

missão cerrar sobre o inimigo para destruí-lo ou capturá-lo através do fogo e

movimento. Repelem os ataques de seus oponentes por meio de contra-ataques,

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poder de fogo e combate aproximado, sendo suas características principais ação de

choque e grande poder de fogo.

De acordo com Souza Junior (2010, p. 96), os norte-americanos organizam

suas unidades blindadas de forma semelhante à dos Regimentos de Cavalaria

Blindados brasileiros, isto é, com subunidades de carros de combate e de fuzileiros

blindados, chamando-as de Batalhões de Armas Combinadas (CAB). É normal a

formação de forças-tarefas (FT) nível SU para o cumprimento das diversas missões.

A HBCT é composta por dois CAB, uma unidade de cavalaria – recon

squadron esquadrão de reconhecimento), com missões de reconhecimento, um

grupo de artilharia 155 mm autopropulsado (field artilery battalion), um batalhão

logístico, uma companhia de comunicações e uma companhia de inteligência.

Ressalta-se que cada CAB possui uma companhia de engenharia blindada e

também uma companhia de apoio avançado, sob controle operacional, que fornece

suprimento, realiza reparos, manutenções e a recuperação de veículos.

Com relação ao emprego de blindados em OAU, o Stryker é a viatura

americana mais empregada nesse cenário atualmente. Segundo Ribeiro (2013, p. 9)

o Stryker é um veículo blindado de oito rodas derivado do veículo canadense LAV III

e produzido pela General Dynamics Land Systems para o Exército dos Estados

Unidos. Um dos principais objetivos delineados como parte do plano de

transformação do exército norte-americano foi a capacidade de desdobrar uma

brigada em qualquer lugar do mundo dentro de 96 horas, uma divisão em 120 horas

e cinco divisões dentro de 30 dias. Assim, requisitos de mobilidade operacional

ditaram que o veículo deveria ser transportável por aeronaves C-130.

De acordo com o manual americano FM 3-21.31, (2003, p. 1-1) a missão da

Brigada da Stryker do Exército dos Estados Unidos é desdobrar-se globalmente, em

todo tipo de ambiente operacional, em particular nas operações em ambiente

urbano. Seu deslocamento deve ser realizado de forma rápida, por ar, em condições

de conduzir operações de forma independente ou integrando uma força de escalão

superior. A Bda Stryker deve realizar o primeiro combate e apoiar o desdobramento

das demais brigadas que chegam ao teatro de operações (TO).

Com a exceção de algumas variantes especializadas, o armamento básico do

Stryker é uma estação de armas remotamente controlada, Protector M151, equipada

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com uma metralhadora M2 de calibre .50 ou com uma metralhadora M240 de

7,62mm; ou ainda, um lançador de granadas automático Mk-19. Em agosto de 2005,

Kongsberg firmou um contrato para fornecer uma câmera de imagem térmica não

refrigerada, TIM1500, para a estação de armas.

O Stryker pode alterar a pressão em todos os oito pneus para atender às

condições do terreno: estrada, campo, lama, areia ou neve. O sistema avisa ao

motorista quando a viatura ultrapassa a velocidade recomendada para aquela

situação de pressão dos pneus. Então, automaticamente, infla os pneus para o

próximo ajuste de pressão mais elevada. O sistema também pode avisar o motorista

de um pneu furado, embora o Stryker seja equipado com pneus run flat, que

permitem que o veículo se mova vários quilômetros antes de o pneu se deteriorar

completamente.

O Stryker possui proteção contra fogos de armamento leve e estilhaços de

artilharia. A principal função da viatura Stryker é transportar os fuzileiros o mais à

frente possível, onde desembarcarão e conduzirão o combate a pé. Seu armamento

destina-se à proteção aproximada dos fuzileiros desembarcados.

FIGURA 23 - Viatura blindada Stryker Fonte: (STRYKER..., [s.d.])

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De acordo com Ribeiro (2013, p. 9), outras características dessa viatura são:

- fabricante: General Dynamics Land Systems;

- efetivo: 2 (guarnição) + 9 militares;

- peso: 16,47 t;

- capacidade de carga: 3,2t;

- velocidade máxima: 100 km/h;

- autonomia: 530 km;

- motor: Caterpillar 3126 diesel

- potência: 350hp; e

- armamento: metralhadora 12.7mm

2.5.1.2 BMR 600 do Exército da Espanha

Segundo Ribeiro (2013, p. 2), o Exército espanhol adota em sua formação

básica, no nível brigada e inferiores, a composição mista de meios blindados (lagarta

e roda), o que facilita o adestramento e a integração da tropa. Desta forma, busca

adequar-se às demandas que surgirão no combate moderno, podendo responder de

maneira mais rápida e oferecer flexibilidade ao planejamento.

O protótipo do BMR600 (blindado médio sobre rodas) foi construído em 1975.

Foi aprovado para prestar serviço ao Exército Espanhol e sua produção teve início

em 1979. Mais de 1.500 veículos de transporte de pessoal BMR600 foram

construídos para o Exército Espanhol e exportados para Egito, México, Marrocos,

Peru e Arábia Saudita.

O BMR600 é um veículo 6x6 sobre rodas e possui como armamento uma

metralhadora 12.7mm. Sua blindagem de alumínio oferece proteção contra armas

pequenas de pequeno calibre e estilhaços de artilharia. O BMR600 tem uma

tripulação de dois homens e pode levar 11 militares. As tropas entram e saem do

veículo através das portas traseiras ou escotilhas na parte superior. O BMR600 é

alimentado pelo motor Pegaso 9157/8 diesel, desenvolvendo 310 HP. A viatura está

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112

equipada com suspensão hidropneumática com distância ao solo ajustável. O

BMR600 é uma viatura de transporte de pessoal totalmente anfíbio, sendo

impulsionado na água por dois waterjets.

O emprego do BMR 600 tem sido fundamental para o desempenho das forças

espanholas em operações de estabilização internacionais na antiga Iugoslávia, no

Afeganistão, Iraque e Líbano. Em virtude do aumento de poder de combate dos

oponentes, as viaturas estão sendo equipadas com blindagem passiva adicional e

com ar condicionado, devido ao calor excessivo da área de operações em que são

utilizadas.

De acordo com site oficial do Exército de Terra da Espanha (2017), outras

características dessa viatura são:

- fabricação: Santa Bárbara (Espanha)

- efetivo: 2 (guarnição) + 9 militares;

- peso: 15,4t;

- altura: 2 m;

- comprimento: 6,15 m;

- velocidade máxima: 96 km/h;

- largura: 2,5 m

- autonomia: 800 km.

FIGURA 24 - Viatura blindada BMR 600 do Exército da Espanha. Fonte: (BMR-600…, [s.d.])

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113

2.5.1.3 VCTP-TAM do Exército da Argentina

O Exército da Argentina possui duas brigadas blindadas, a “I” e a “II”. O

Regimento de Infantaria Mecanizado (RI Mec) é a principal tropa de infantaria da

brigada blindada argentina, estando organizado em três companhias de fuzileiros

mecanizada e uma companhia de comando e apoio.

Segundo o manual a Companhia de Infantaria Mecanizada ROP 01-08 (2003,

p. 11), a SU é composta por três pelotões de fuzileiros e seção de comando. As

principais viaturas blindadas dessa companhia são:

- Tanque Médio Argentino (TAM) – na versão veículo de combate de

transporte de tropa (VCTP);

- VBTP M113 – viatura de transporte de pessoal.

Com relação ao emprego de blindados em OAU, de acordo com manual, o

Regimento de Infantaria Mecanizado ROP 01-02 (2004, p. 271) faz algumas

considerações com relação ao emprego de blindados em OAU:

Junto com as áreas arborizadas, as OAU serão um dos ambientes de

combate mais restritivos, do ponto de vista tático, para o desenvolvimento da

manobra com blindados.

As características essenciais em ambiente urbano, em relação ao emprego de

blindados para a doutrina argentina são:

a) canalização absoluta na manobra dos blindados e canalização

relativa do progresso da infantaria a pé;

b) redução da observação e dos campos de tiros pela presença de

edifícios;

c) facilidade do ocultamento de armas anticarros para emboscar os

blindados;

d) facilidade de construção de todos os tipos de obstáculos contra as

viaturas blindadas;

e) lenta progressão das operações;

f) isolamento lateral que dificulta a condução dos elementos e produz

perturbações nas comunicações de rádio;

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g) alto risco de incêndio.

Segundo o referido manual, em virtude das características do ambiente

operacional, o RI Mec deve evitar sempre que possível o combate em ambiente

urbano. Entretanto, quando apresentar necessidade de operar em cidades, o RI Mec

possui uma aptidão considerável para o combate em cidades pequenas, mas

encontrará dificuldade em cidades com certo grau de urbanização e terá de ser

reforçado com infantaria motorizada nas grandes localidades.

A VBTP M113 do Exército Argentino é similar a nossa VBTP M113-B. Assim,

será abordada neste tópico apenas a VCTP-TAM, que pode ser também empregada

em OAU.

O TAM é o veículo blindado padrão do Exército Argentino, desenvolvido a

partir do modelo alemão Rheinstahl Marder, por uma equipe de engenheiros

argentinos e alemães. Seu desenvolvimento começou em 1974 e resultou na

construção de três protótipos, sendo que a produção seriada se deu a partir de 1979

pela Tanque Argentino Médio Sociedade de Estado (TAMSE), fundada pelo governo

argentino com o propósito de produzir esse modelo. Dificuldades econômicas

interromperam a produção em 1986, com 256 entregues. Foi retomada em 1994,

com um total de 657 veículos de todos os modelos, sendo 376 TAM (carro de

combate) e 216 VCTP-TAM.

FIGURA 25 - VCTP- TAM Fonte: (BLINDADO VCTP..., 2012)

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Segundo o site oficial do Exército Argentino (2017), a VCTP-TAM possui as

seguintes características:

- motor: MTU MB833, V6 diesel;

- potência: 720 HP;

- permite a ultrapassagem de vaus até 2 m;

- possui sistema de visão noturna;

- guarnição: 2 (guarnição +10 militares);

- altura: 2,67 m;

- comprimento: 6,90 m;

- largura: 3,29 m

- peso: 28,2t;

- velocidade máxima: 75 Km /h;

- armamento – possui 01 (um) canhão automático 20 mm Rh 202 e

02 (duas) metralhadoras MAG 7,62 mm;

- capacidade de operar em todas as regiões do país, montanha até

4.500 metros acima do nível do mar, floresta tropical, deserto da

Patagônia e planícies desertas.

Finalizando este tópico, o quadro 12 faz uma comparação entre as dimensões

e o peso das viaturas blindadas dos Exércitos brasileiro (VBTP M113-BR),

americano, espanhol e argentino empregadas em OAU.

VIATURAS/

CARACTERÍSTICAS

VBTP M113-BR STRYKER BMR 600 VCTP-TAM

COMPRIMENTO 4,85 m 6,95 m 6,15 m 6,90 m

LARGURA 2,69 m 2,72 m 2,50 m 3,29 m

ALTURA 2,56 m 2,64 m 2,00 m 2,67 m

PESO 10 t 16,47 t 15,4 t 28,2 t

QUADRO 12 – Características das viaturas empregadas pelos Exércitos brasileiro, americano, espanhol e argentino em OAU Fonte: o autor

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116

Observando-se o quadro acima, verifica-se que a VBTP M113-BR possui

medidas similares às das viaturas dos exércitos estudados, mas com relação ao

peso é bem mais leve. Cabe destacar que em um ambiente de área favelizada,

como o Complexo da Maré, viaturas muito pesadas poderão causar grandes danos

colaterais, causando transtorno para os habitantes locais e perdendo assim o apoio

da população.

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3 METODOLOGIA

Esta seção tem por finalidade apresentar detalhadamente o caminho que se

pretende percorrer para solucionar o problema levantado, especificando os

procedimentos necessários para atingir os objetivos da pesquisa, além da coleta e

análise das informações de interesse.

Foram contemplados não só a fase de exploração de campo, mas também a

escolha do espaço e do grupo de pesquisa, o estabelecimento dos critérios de

amostragem, a construção de estratégias para entrada em campo, assim como a

definição de instrumentos e procedimentos para análise dos dados. Desta forma,

para um melhor encadeamento de ideias, esta seção foi dividida nos seguintes

tópicos: objeto formal de estudo, amostra e delineamento de pesquisa.

3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO

O estudo pretende verificar em que medida as possibilidades e limitações da

VBTP M113-BR influenciam na adoção de TTP de uma Cia Fuz Bld em OAU no

contexto de OAOG, a fim de aumentar a operacionalidade da Cia Fuz Bld, e como

esse novo processo poderá contribuir para um melhor adestramento da tropa

blindada em futuras OAU. O contexto estudado será “OAOG” – no caso, a Operação

São Francisco, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, entre 2014 e 2015. O

espaço a ser considerado na presente pesquisa se limitará ao emprego dessa

viatura em “ambiente de urbano”.

As peculiaridades das OAU no contexto de OAOG e a demanda pelo

emprego da tropa blindada levarão em consideração as características do combate

moderno, utilizando, para tal, casos recentes da história do emprego de viaturas

blindadas em OAU. O estudo está limitado ao consentimento voluntário de

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participação por parte dos militares selecionados na amostra, bem como através de

seus conhecimentos e experiências profissionais.

A revisão de literatura tem apontado, até então, para o aumento da ocorrência

de operações em ambiente urbano, particularmente as OAOG, utilizando, por via

terrestre, meios blindados do Exército Brasileiro e da Marinha do Brasil. Com base

na revisão, o estudo será dedicado a avaliar um dos meios empregados pelas tropas

– a VBTP M113-BR. Nas condições supracitadas, esse veículo é utilizado para

proteção blindada e transporte da tropa e diversas outras finalidades. Assim,

pretende-se analisar de que maneira as possibilidades e limitações do emprego da

VBTP M113-BR irão influenciar na adoção de TTP de uma Cia Fuz Bld.

Em um primeiro momento, a partir do estudo da Operação São Francisco no

Complexo da Maré, considerando as particularidades do ambiente urbano, procurou-

se focalizar os aspectos doutrinários de emprego dos meios blindados, os

ensinamentos colhidos e as evoluções instituídas nos Exércitos argentino, espanhol

e norte-americano, e do CFN, enfocando o emprego de SU Bld e suas TTP em OAU

no contexto de OAOG.

O alcance da pesquisa ficou limitado ao estudo dos blindados empregados

pelo Exército Brasileiro, pela Marinha do Brasil e por EUA, Argentina e Espanha. A

escolha desses países não foi aleatória. Ela se deu pelo destaque que tais nações

têm no cenário internacional e regional, ou por já terem participado de operações de

estabilização, que são semelhantes às OAOG do Exército Brasileiro.

O estudo limitou-se à pesquisa de operações militares exclusivamente em

ambiente urbano. Fixou-se no emprego do EB para os dias atuais e futuros, em

situações de não guerra e em território nacional no contexto de OAOG.

Ainda como limitação à pesquisa, cabe ressaltar a falta de manuais brasileiros

sobre emprego da tropa blindada em OAOG, uma vez que os manuais de campanha

do EB, até o presente momento, abordam apenas as operações convencionais

ofensivas e defensivas. Assim, torna-se necessária a complementação ou obtenção

de dados com especialistas e militares que participaram desse tipo de operação.

Para manter a objetividade, a pesquisa se limitou a buscar somente as

contribuições das OAU no contexto de OAOG que incidiram diretamente no emprego

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de SU Bld, em particular as possibilidades e limitações da VBTP M113-BR e sua

influência na adoção de TTP de Cia Fuz Bld.

Cabe salientar que este trabalho abordou sobretudo a função de combate

Movimento e Manobra da tropa blindada, em particular da Cia Fuz Bld, empregando

a VBTP M113-BR. Portanto, não serão estudadas a fundo as demais funções de

combate componentes de uma SU Bld, as quais foram mencionadas quando

necessário, mas também não foram objeto específico de análise.

Da análise das variáveis envolvidas no presente estudo, “o emprego da

VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG” apresenta-se como variável

independente, tendo em vista que se espera que sua manipulação exerça efeito

significativo sobre a variável dependente “Técnicas, Táticas e Procedimentos da

Cia Fuz Bld”. Devido às características qualitativas das variáveis de estudo, foi

necessário defini-las conceitual e operacionalmente, a fim de torná-las passíveis de

observação e de mensuração.

3.1.1 Definição conceitual da variável

No presente estudo, a variável independente “o emprego da VBTP M113-BR

em OAU no contexto de OAOG” pode ser entendida como utilização da viatura

através das inovações do seu projeto de modernização, a qual apresenta

possibilidades e limitações em suas características que poderão influenciar quando

utilizada em operações em ambiente urbano em OAOG. Os indicadores da variável

estudada serão: potência de fogo, mobilidade em vias urbanas, visibilidade noturna,

proteção blindada, sistemas de comunicações e manutenção da viatura.

O quadro a seguir apresenta a definição operacional da variável independente

(VI):

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VI DIMENSÕES INDICADORES FORMAS DE MEDIÇÃO

Emprego da VBTP

M113–BR em OAU no contexto de

OAOG

Potência de fogo

Tipo de armamento e

munição

Pergunta 16 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Mobilidade em vias urbanas

Dano colateral e manobrabilidade

Perguntas 21 e 22 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Visibilidade noturna

Utilização de equipamento de visão noturna

Pergunta 18 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Proteção blindada

Tipo de blindagem

Pergunta 13 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Sistemas de comunicações

Tipo de equipamentos e material utilizado

Perguntas 14 e 15 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Manutenção da viatura

Pessoal e material

empregado na manutenção

Pergunta 20 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

QUADRO 13 – Variável “Emprego do M113–BR em OAU no contexto de OAOG” Fonte: o autor

A variável dependente “As TTP da Cia Fuz Bld” pode ser entendida como as

Técnicas, Tática e Procedimentos empregados por uma Subunidade (SU) de

Fuzileiros Blindada em OAU no contexto de OAOG. Os indicadores dessa variável

serão: adaptações da VBTP, doutrina do emprego, patrulhas blindadas, controle de

distúrbios e estabelecimento de check point, alcançando, assim, a maneira mais

eficiente de se empregar a tropa blindada em ambiente urbano, obtendo o maior

poder de combate possível.

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No quadro que se segue, é possível compreender a definição operacional da

variável dependente (VD):

VD DIMENSÕES INDICADORES FORMAS DE MEDIÇÃO

As TTP da Cia Fuz Bld

Adaptações da VBTP

Utilização de sacos de areia para proteção Pergunta 7 do questionário.

Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Utilização de AF

Emprego de retrovisores

Possibilidade de emprego da metralhadora MAG

Doutrina

Adestramento em OAU

Perguntas 2, 3 e 4 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Emprego da VBTP em OAU

Patrulhas blindadas

Tempo de duração

Perguntas 9 e 10 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Efetivo empregado

Controle de distúrbios

Efeito dissuasório da VBTP

Pergunta 6 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Check Point com a VBTP

Tempo de duração Perguntas 11 e 12 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Efetivo empregado

Material empregado

Deslocamentos de tropa

Transporte de Forças Auxiliares

Pergunta 17 do questionário. Consulta a relatórios da Operação São Francisco. Pesquisa bibliográfica. Entrevistas realizadas.

Transporte de Elm FE/ Comandos

QUADRO 14 – Variável “Técnicas, Táticas e Procedimentos da Cia Fuz Bld” Fonte: o autor

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3.2 AMOSTRA

Será definida, inicialmente, a população do presente estudo, composta pelas

duas Cia Fuz Bld das Forças de Pacificação V e VI que empregaram a VBTP M113-

BR. Cabe destacar que a SU foi empregada somente nos 5º e 6º contingentes da

Operação São Francisco, sendo composta por militares do 13º BIB e 20º BIB.

Participaram, ainda, Capitães que fizeram parte do Destacamento de Forças

Especiais durante a Operação São Francisco e empregaram a VTBP M113-BR,

oficiais especialistas em blindados, todos tendo realizado cursos no CI Bld e

Capitães Fuzileiros Navais que participaram do Grupamento Operativo dos

Fuzileiros Navais, na referida Operação.

Para chegar ao cálculo do efetivo das duas Cia Fuz Bld, foi utilizado o efetivo

de oficiais, subtenentes, sargentos e cabos motoristas de VBTP, sendo que a Cia

Fuz Bld foi composta por dois capitães (Cmt SU e Scmt SU), quatro tenentes (4 Pel

Fuz Bld), um Subtenente, 16 Sargentos, sendo quatro por Pel Fuz Bld e 12 Cabos

motoristas de VBTP M113-BR. Foram utilizadas três viaturas por pelotão. Sendo 35

militares por SU em cada contingente, empregadas duas Cia Fuz Bld, o total de

indivíduos das duas Cia Fuz foi de 70 militares.

Além disso, participaram do estudo seis Capitães que fizeram parte do

Destacamento de Forças Especiais, sete oficiais especialistas em blindados, todos

tendo realizado cursos no CI Bld, e dois Capitães Fuzileiros Navais que participaram

do Grupamento Operativo dos Fuzileiros Navais na Operação São Francisco. Desta

forma, a população total foi composta por 90 indivíduos.

Tendo por base o quadro de tamanho amostral (n) em função do tamanho

populacional (N), publicado por Rodrigues (2006, p. 72), e utilizando o tamanho da

população com 90 indivíduos, a amostra selecionada deveria contar com um efetivo

mínimo de 73 indivíduos. Assim, participaram do estudo 80 militares que

responderam a questionário e que empregaram a VBTP M113 em OAU, no contexto

de OAOG.

Segue abaixo o quadro de tamanho amostral (n) em função do tamanho

populacional (N), utilizado para o cálculo da amostra:

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QUADRO 15 – Quadro de tamanho amostral (n) em função do tamanho populacional (N). Fonte: Rodrigues (2006, p. 72).

A escolha desta amostra deve-se ao fato de estes militares possuírem

conhecimentos e experiências que lhes permitirão avaliar de forma significativa as

questões levantadas, contribuindo de maneira positiva para a conclusão do estudo.

Como critério de inclusão, os militares devem:

- ser voluntários a participar do estudo;

- ter servido em BIB após a modernização da VBTP M113-BR; ou

- ter participado da Operação São Francisco, integrando uma Cia Fuz

Bld empregando a VBTP M113-BR; ou

- ter participado da Operação São Francisco no Destacamento de

Forças Especiais e empregado a VBTP M113-BR ou no

Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais.

O critério de seleção da amostra tomou por base o conhecimento dos

militares com relação ao objeto em estudo. Assim, eles poderão contribuir de forma

eficiente nos questionamentos sobre possibilidades e limitações da VBTP M113-BR

que influenciam a adoção de TTP pela Cia Fuz Bld, em OAU no contexto de OAOG.

E ainda, no que concerne às operações com essa viatura, em particular em OAU no

contexto de OAOG e com a finalidade de levantar as TTP para o emprego da VBTP

M113-BR pela Cia Fuz Bld. Em suma, poderão transformar suas experiências em

conhecimento científico.

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Além disso, serão entrevistados militares de notório saber sobre o emprego

de blindados em OAU, que serviram em BIB após a modernização da VBTP M113-

BR.

3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Será apresentado a seguir a planejamento metodológico da presente

pesquisa, que visou solucionar o problema proposto. Será realizada uma pesquisa

aplicada de cunho qualitativo, iniciada com a seleção dos documentos, relatórios,

entrevistas e questionários, a partir da qual se seguirão a coleta e a crítica dos

dados, e, por fim, uma discussão.

O trabalho será desenvolvido a partir da análise de relatórios da Operação

São Francisco, com a finalidade de levantar dados sobre a utilização da VBTP

M113-BR, combinando revisão de literatura, entrevistas e tabulação dos dados

obtidos em questionários. Todas as atividades de entrevista e questionários serão

realizadas nas Organizações de Infantaria Blindada e nas Unidades que enviaram

militares para a Operação São Francisco, e na Escola de Aperfeiçoamento de

Oficiais, na Vila Militar, Rio de Janeiro-RJ.

Quanto à natureza, o presente estudo, de cunho qualitativo, é uma pesquisa

do tipo aplicada, que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à

solução de problemas específicos. A modalidade qualitativa viabiliza a percepção

dos especialistas, possibilitando a absorção da subjetividade e da individualidade

que facilitam a compreensão do problema (RODRIGUES, 2006, p. 36).

O método descritivo permite o levantamento de opiniões, possibilitando a

realização de associações entre as variáveis do problema e ampliando o

conhecimento sobre o tema. A indução, empregada no método de análise dos

dados, permite a elaboração de conclusões gerais, resultantes de indagações de

casos reais. A discussão dos resultados fundamentada no método indutivo se fará

eficaz e pertinente, uma vez que será realizada a análise de questionários e

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entrevistas (RODRIGUES, 2006, p. 30).

Levando-se em consideração o objetivo geral desta pesquisa, é possível

concluir que este estudo tem uma modalidade exploratória e que poderá elucidar e

tornar familiares as ideias, ainda pouco conhecidas, a respeito da TTP de uma SU

Fuz Bld empregando a VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG. Visa

explorar as percepções, sugestões e o conhecimento dos oficiais e praças do EB

que empregaram essa viatura após sua modernização em operações nesse cenário.

O delineamento da pesquisa contemplou inicialmente as fases de

levantamento e seleção da bibliografia, leitura analítica e fichamento das fontes. Em

um segundo momento, foram conduzidas e aplicadas as pesquisas de campo

referentes aos objetivos específicos, por meio de questionários dirigidos aos

militares selecionados para certificar em que medida as possibilidades e limitações

da VBTP M113-BR influenciam na adoção de TTP de Cia Fuz Bld em OAU no

contexto de OAOG. Por fim, será realizada a argumentação e discussão dos

resultados, valendo-se para tal do método indutivo como forma de generalizar os

resultados obtidos para os integrantes da população objeto.

3.3.1 Procedimentos para a revisão da literatura

Para a definição de termos, redação e estruturação de um modelo teórico de

análise que viabilizasse a solução do problema de pesquisa, realizou-se a revisão de

literatura nos seguintes moldes:

a) Fontes de busca

- manuais de campanha do EB;

- manuais, legislações e protocolos militares voltados ao preparo e

emprego tático e técnico de blindados;

- livros e monografias da Biblioteca da Escola de Aperfeiçoamento

de Oficiais e da Biblioteca da Escola de Comando e Estado-

Maior do Exército;

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- monografias do Sistema de Monografias e Teses do EB;

- artigos científicos relacionados ao tema em questão;

- relatórios da Operação São Francisco;

- sites da internet e manuais dos Exércitos norte-americano,

argentino e espanhol;

- manuais técnicos e táticos da VBTP M113-BR;

- publicações especializadas, nacionais e estrangeiras, na área da

defesa, particularmente nos assuntos relacionados à utilização

de blindados em ambiente urbano;

- publicações especializadas, nacionais e estrangeiras, na área da

defesa, particularmente nos assuntos relacionados às operações

de estabilização e operações de apoio a órgãos governamentais.

b) Estratégia de busca para as bases de dados eletrônicas

Foram utilizados os seguintes descritores: "Operações de Apoio a Órgãos

Governamentais”, “Operação São Francisco”, “Complexo da Maré”, “Operações de

Estabilização”, “blindados”, “VBTP M113-BR”, “emprego de blindados em ambiente

urbano”, respeitando as peculiaridades de cada base de dado.

Após a pesquisa eletrônica, as referências bibliográficas dos estudos

considerados relevantes foram revisadas, com o objetivo de encontrar artigos não

localizados no estudo.

3.3.2 Procedimentos metodológicos

a) Critérios de inclusão

- estudos publicados em fontes fidedignas;

- estudos publicados em português, espanhol, inglês;

- estudos publicados de 1980 a 2017;

- estudos quantitativos e qualitativos que descrevem experiências no

emprego de blindados em OAU;

- estudos qualitativos sobre as características do ambiente urbano;

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- estudos sobre a utilização dos blindados pela Marinha do Brasil;

- estudos sobre a utilização dos blindados pelos Exércitos norte-

americano, espanhol e argentino;

- estudos de operações com emprego recente de blindados.

b) Critérios de exclusão

- estudos que reutilizam dados obtidos em trabalhos anteriores

(fontes secundárias);

- estudos cujo foco central não seja relacionado ao ambiente

operacional urbano.

c) Pré-teste

A fim de levantar possíveis falhas de elaboração, dúvidas durante a execução

e a clareza dos instrumentos utilizados, realizou-se um pré-teste do questionário e

das entrevistas. Esse pré-teste utilizou elementos pré-amostrados constituídos de

oficiais e praças do 13º BIB que participaram da Operação São Francisco que

atendessem aos requisitos para participação na pesquisa. Os possíveis erros

levantados no pré-teste foram tratados e corrigidos, buscando a fidedignidade e a

confiabilidade dos instrumentos empregados para o levantamento de dados.

3.3.3 Instrumentos

A fim de propiciar a mensuração da variável “o emprego da VBTP M113-BR

em OAU no contexto de OAOG”, a presente pesquisa utilizou como instrumentos

ficha de coleta de dados, entrevistas e questionários.

a) Ficha de coleta de dados

Realizou-se coleta bibliográfica e documental para verificar em que medida as

possibilidades e limitações do emprego da VBTP M113-BR influenciam na adoção

de TTP de uma Cia Fuz Bld em OAU no contexto de OAOG. A pesquisa buscou

levantar, em uma primeira fase, toda a documentação que discorresse

especificamente sobre as características do ambiente urbano, da VBTP M113-BR,

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128

aspectos relativos à Cia Fuz Bld, conceito sobre as OAOG e o emprego de blindados

em ambiente urbano, objeto de estudo desta pesquisa. Em uma segunda fase,

realizou-se análise desta documentação, buscando verificar os seguintes aspectos:

- identificar a forma de emprego de blindados e da VBTP M113-BR em

OAU no contexto de OAOG;

- os casos históricos de emprego de blindados em OAU, em ambiente

urbano;

- a doutrina de emprego de blindados nesse cenário pela Marinha do

Brasil;

- a doutrina de emprego de blindados em ambiente urbano nos Exércitos

norte-americano, espanhol e argentino;

- identificar as TTP de uma SU Bld, empregando VBTP M113-BR como

na Operação São Francisco, através dos relatórios da missão.

b) Questionário (Apêndice A)

Como instrumento de pesquisa, a fim de levantar os dados relacionados à

forma como as possibilidades e limitações do emprego da VBTP M113-BR

influenciam as TTP de Cia Fuz Bld em OAU, serão utilizados questionários. As

perguntas foram elaboradas de forma a permitir mensurar as variáveis do problema,

através dos indicadores de cada variável abordada. Portanto, as respostas às

diversas perguntas se caracterizarão como sendo a base de estudo para a

consecução dos diversos objetivos específicos da pesquisa.

Os questionários foram enviados via e-mail para os militares que integram a

amostra. Foram enviados, ainda, questionários a militares que trabalham de forma

direta com o tema do estudo e atenderam aos critérios de inclusão. Antes das

questões propriamente ditas, uma introdução apresenta o pesquisador e situa o

informante sobre o objetivo da pesquisa e sua importância, além das instruções de

preenchimento.

As questões foram abertas, fechadas e mistas, de modo a se obter variadas

informações sobre o que se procurou descobrir. Com a variedade de questões, o

informante repassou outras experiências e sugestões que o pesquisador não previu

na formulação do questionário, enriquecendo a conteúdo adquirido. Não houve

distinção na formulação das perguntas com relação à função exercida pelo militar,

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129

para que ocorresse tendência de visualização dos diferentes pontos de vista e

escalões de emprego.

Acredita-se que, com a revisão do assunto, os informantes teriam melhores

condições de opinar sobre os questionamentos e, assim, aumentar a qualidade da

informação que se buscou coletar. Ao final da dissertação, encontra-se o roteiro do

questionário a ser aplicado no Apêndice A.

Foi realizado um pré-teste do questionário em militares do 13º BIB que

participaram da Operação São Francisco empregando a VBTP M113-BR, no ano de

2016, no intuito de verificar formatação, entendimento e redação dos

questionamentos. Novas ideias surgiram após a realização do pré-teste.

c) Entrevistas (Apêndice B)

A fim de permitir uma interação direta do pesquisador com militares

envolvidos com as questões de estudo, foram realizadas entrevistas com

profissionais de notório saber na área de conhecimento em estudo ou que utilizaram

a VBTP M113-BR durante a Operação São Francisco.

Os roteiros das entrevistas foram enviados por e-mail diretamente aos

militares selecionados, que os responderam também por e-mail ao autor. Este, no

caso de dúvida, realizou o diálogo telefônico direto com os entrevistados, até

alcançar o resultado esperado com esta forma de coleta de dados. Antes das

questões propriamente ditas, uma introdução foi feita com o objetivo de apresentar o

pesquisador e situar o informante sobre o objetivo da pesquisa e sua importância,

além das instruções de preenchimento.

As entrevistas se revestem de importância para a pesquisa, tanto pela função

que ocupam quanto pelo grande envolvimento que têm com o desenvolvimento da

doutrina do emprego da VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG. Desta

forma, as entrevistas foram enviadas aos seguintes militares: Ten Cel Flávio Moreira

Mathias – Cmt do 13º BIB; Maj Ronaldo Baeta Nogueira – Cmt Cia Fuz Bld na F Pac

V; Cap Luiz Henrique de Lima Areias –Scmt Cia Fuz Bld na F Pac V; Cap Paulo

Sérgio Raghiant Bentes Júnior – Cmt Cia Fuz Bld na F Pac VI; e Ten Renner

Ferreira Bordallo – Cmt Pel Fuz Bld na F Pac V.

A entrevista foi do tipo semiestruturada, que ofereceu ao pesquisador maior

flexibilidade, uma vez que permitiu intervenções de acordo com seu

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130

desenvolvimento. O roteiro de entrevista encontra-se no Apêndice B.

3.3.4 Análise dos dados

A análise dos dados foi realizada de forma distinta para os diversos

instrumentos utilizados. Para a ficha de coleta de dados, foram analisados os dados

qualitativos, para buscar o levantamento das informações acerca das TTP de uma

Cia Fuz Bld empregando a VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG. A

apresentação dos resultados se deu pela apresentação da revisão da literatura do

presente estudo e pela apresentação dos dados colhidos nos questionários.

Pelo fato de esta pesquisa ser predominantemente qualitativa, pouco foi

empregado dos recursos estatísticos para análise dos dados, embora alguns

resultados numéricos forneçam informações importantes para se atingir o objetivo de

estudo. Os dados colhidos foram agrupados e analisados tendo por base cada

pergunta do questionário após análise do pesquisador.

Os questionários foram analisados através de um tratamento qualitativo

elaborado a partir das respostas. Os resultados foram apresentados por meio de

recursos gráficos e confrontados com a revisão da literatura.

Foi feita, ainda, uma análise das entrevistas realizadas, a fim de identificar

temas centrais das respostas obtidas. Em seguida, realizou-se a comparação das

entrevistas, buscando pontos comuns convergentes ou divergentes acerca das

questões propostas. Desta forma, foi possível extrair considerações e conclusões a

respeito do tema em estudo.

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131

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção apresentam-se os resultados obtidos através dos questionários

aplicados, que visam auxiliar a análise sobre em que medida as possibilidades e

limitações da VBTP M113-BR irão influenciar a adoção das TTP de uma Cia Fuz Bld

em OAU no contexto de OAOG. Partindo deste objetivo, o tema foi analisado por 80

militares que puderam de alguma forma contribuir com a pesquisa apresentando

suas opiniões sobre o assunto. Os dados foram analisados e verificados antes de

serem apresentados.

4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados foram obtidos a partir dos questionários respondidos pelos

militares que empregaram a VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG

(Apêndice A). A experiência de 80 militares, especialistas em operações com a

viatura, está retratada nos dados apresentados. Foram confrontados os dados

obtidos em todos os processos do estudo (pesquisa bibliográfica, entrevistas e

questionários), chegando-se a conclusões parciais.

Apurou-se inicialmente, por meio de pesquisa bibliográfica, que desde 2013,

com a modernização da VBTP M113-BR, os Batalhões de Infantaria Blindados vêm

recebendo essas viaturas e muitas operações em ambiente urbano no contexto de

OAOG foram desencadeadas no Brasil. Dentre as missões desempenhadas pela

Força Terrestre, destaca-se a Operação São Francisco, em que a VBTP M113-BR

foi utilizada pela primeira vez em OAU no contexto de OAOG.

Na pesquisa bibliográfica, com relação à adoção de TTP, ao pesquisar o

relatório da F Pac V, foi elaborado um quadro comparativo entre o modo operativo

da Força de Pacificação e as facções criminosas do Complexo da Maré.

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QUADRO 16 – Comparação entre as TTP da F Pac e das facções criminosas Fonte: BRASIL (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

Verifica-se que a Força de Pacificação adotava técnicas, táticas e

procedimentos bem diferentes em relação aos APOP. Em virtude do aumento dos

confrontos com as facções criminosas, foi necessário passar, em reforço ao

Comando da Força de Pacificação, uma Cia Fuz Bld nos 5º e 6º contingentes. Assim

foi empregada, pela primeira vez em ambiente urbano, a VBTP M113-BR.

A aplicação do questionário e a realização das entrevistas buscaram

solucionar o problema deste estudo. A seguir, serão apresentados os resultados da

pesquisa de campo, com a discussão e conclusões parciais.

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133

4.1.1 Levantamento do posto ou graduação da amostra

A pergunta número (Nr) 1 do questionário teve a finalidade de verificar o posto

ou graduação dos 80 militares que participaram do estudo e que empregaram a

VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG. Entre esses militares, 65 fizeram

parte das duas Cia Fuz Bld durante a Operação São Francisco, seis capitães fizeram

parte do Destacamento Operacional de Forças Especiais (DOFEsp) durante a

referida operação, sete oficiais especialistas em blindados haviam realizado cursos

no CI Bld e dois capitães fuzileiros navais participaram do Grupamento Operativo

dos Fuzileiros Navais na Operação São Francisco.

Cabe destacar que a Cia Fuz Bld foi empregada no 5º e 6º Contingentes da

Operação São Francisco, sendo composta por militares do 13º BIB e 20º BIB. A Cia

Fuz Bld foi composta por dois capitães (Cmt SU e Scmt SU), quatro tenentes (4 Pel

Fuz Bld), um subtenente, 16 sargentos, sendo quatro por Pel Fuz Bld, e 12 cabos

motoristas de VBTP M113-BR. Foram utilizadas três viaturas por pelotão. Assim, o

total foi de 35 militares por SU em cada contingente.

GRÁFICO 1 - Posto ou graduação da amostra Fonte: o autor

1%

19%

13%

1%

36%

30%

Major

Capitão

Tenente

Subtenente

Sargento

Cabo

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134

De acordo com o gráfico 1, 67% da amostra foi composta por praças, sendo

que responderam ao questionário um subtenente, 29 sargentos e 24 cabos

motoristas de VBTP – ou seja, os militares que estiveram ligados diretamente ao

emprego da viatura em OAU no contexto de OAOG.

Quanto à amostra, 33% foram oficiais – 10 tenentes, 15 capitães e um major

(que na data da missão ainda era capitão e desempenhou a função de Cmt SU).

Dessa forma, participaram do estudo militares diretamente envolvidos com o

emprego da VBTP M113-BR, após sua recente modernização, compartilhando

dados e informações sobre o emprego desta plataforma blindada em ambiente

urbano no contexto de OAOG.

4.1.2 Nível de adestramento

A pergunta Nr 2 do questionário teve a finalidade de verificar a quantidade de

adestramentos empregando a VBTP M113-BR em ambiente urbano, no contexto de

OAOG, no nível Cia Fuz Bld, realizados pelos militares integrantes da amostra.

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GRÁFICO 2 – Quantidade de adestramentos realizados empregando a VBTP M113-BR Fonte: o autor

De acordo com o gráfico Nr 2, 45% da amostra já realizou mais de quatro

adestramentos empregando a VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG.

Como preparação para os contingentes da Operação São Francisco, foram

feitos alguns adestramentos para os militares se ambientarem à viatura. Entretanto,

alguns militares foram para a missão sem realizar nenhum adestramento, devido à

troca de militares na véspera da partida da operação, sobretudo aqueles do 5º

Contingente, que foram selecionados para a operação sem ter tempo ideal de

preparação para a missão.

A instrução militar do EB é regulada por diversas documentações, das quais

se destacam os Programas Padrão (PP), que definem os objetivos a serem atingidos

pelos diversos grupamentos de instrução. Na fase de adestramento de Garantia da

Lei e da Ordem (GLO), que ocorre no fim do primeiro subperíodo da instrução

individual de qualificação, conhecida como Programa de Adestramento Básico

(PAB), ainda não se havia previsto o emprego da VBTP M113-BR durante as

instruções.

No PP de instrução de qualificação do cabo e soldado - Instrução de Garantia

12%

25%

11% 4% 3%

45%

Nenhum

Uma Vez

Duas Vezes

Três Vezes

Quatro Vezes

Mais de quatro vezes

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136

da Lei e da Ordem e instrução comum, EB 70-PP-11.012 (2013, p.8-17), com

relação às viaturas blindadas, são previstas apenas instruções de embarque e

desembarque da viatura. Assim, era muito pequena a carga horária destinada ao

emprego das plataformas blindadas.

Militares podem vir a ser escalados para operações reais sem terem realizado

nenhum adestramento com a VBTP. A situação ideal para tropa blindada é que

todos os militares estejam adaptados ao blindado, mas em virtude das

movimentações e transferências dos oficiais e sargentos, podem ocorrer situações

emergenciais em que o militar é escalado para determinada operação sem ter

realizado nenhum adestramento com essa plataforma.

Assim, seria interessante acrescentar instruções no PP com o emprego de

viaturas blindadas no PAB GLO. Até o 5º contingente, só foram empregadas tropas

motorizadas e mecanizadas; a partir daí, a Cia Fuz Bld participou pela primeira vez

desse tipo de operação empregando a VBTP M113-BR, quando o comando da

Força de Pacificação verificou a necessidade de aumentar a proteção blindada nas

operações no Complexo da Maré. Com o acionamento rápido da tropa blindada,

tempo de preparação específica para a missão foi reduzido. Houve dificuldade para

um adestramento completo das frações, uma vez que as SU foram acionadas no

decorrer da operação, e não estava previsto seu emprego inicialmente.

A pergunta Nr 3 do questionário teve a finalidade de verificar a quantidade de

missões reais empregando a VBTP M113-BR em ambiente urbano no contexto de

OAOG, no nível Cia Fuz Bld, realizadas pelos militares integrantes da amostra.

De acordo com gráfico 3, 56% realizaram apenas uma vez missões reais

empregando a VBTP M113-BR, fato relacionado à recente modernização da viatura,

uma vez que os blindados chegaram aos BIB no final de 2013. Além disso, 24% da

amostra participou duas vezes, sendo principalmente os cabos motoristas de VBTP

M113-BR, uma vez que alguns tiveram que participar dos dois contingentes nos

quais a Cia Fuz Bld foi empregada na Operação São Francisco, devido à falta de

motoristas para realizar o rodízio.

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GRÁFICO 3 – Quantidade de missões reais realizadas empregando a VBTP M113-BR Fonte: o autor

O fato de a maioria da amostra ter participado apenas uma vez de operações

reais com o emprego da VBTP M113-BR está relacionado ao rodízio realizado entre

o 5º e o 6º contingente. Os militares que responderam que participaram de mais de

quatro vezes fizeram parte, em sua maioria, do Destacamento de Forças Especiais;

os cabos motoristas de VBTP conduziram as viaturas em todas as situações.

Em virtude da recente modernização da VBTP M113-BR, há uma tendência

de aumentar a quantidade de militares que irão utilizar a viatura em ambiente urbano

no contexto de OAOG.

4.1.3 Eficiência da VBTP M113-BR

A pergunta Nr 4 do questionário teve a finalidade de verificar a eficiência da

VBTP M113-BR em ambiente urbano no contexto de OAOG.

De acordo com gráfico 4, 84% da amostra achou eficiente o emprego da

0%

56% 24%

3%

1%

16%

Nenhuma

Uma vez

Duas Vezes

Três Vezes

Quatro Vezes

Mais de quatro Vezes

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VBTP M113-BR; outros 15% consideraram o emprego parcialmente eficiente. A

principal causa levantada pelos militares que responderam “parcialmente eficiente”

foi o barulho elevado que a viatura faz, prejudicando o princípio de guerra de

surpresa nas operações. Foi constatado que o som da VBTP M113-BR denunciava o

início de algumas operações, assim os APOP se escondiam da tropa ao escutar o

barulho.

GRÁFICO 4 – Eficiência da VBTP M113-BR Fonte: o autor

A maioria da amostra considerou que o emprego da VBTP M113-BR foi

eficiente, pois agregou grande poder de combate nas missões reais no contexto de

OAOG, sobretudo pelos fatores dissuasão e proteção blindada. A plataforma

blindada proporcionou segurança à tropa, visto que na área de operações ocorriam

tiroteios frequentes. O poder de choque e o novo motor da VBTP M113-BR, que deu

maior potência ao carro e evitou panes que eram comuns na versão antiga, foram os

pontos positivos levantados que fizeram com que a grande maioria da amostra

considerasse eficiente o emprego VBTP M113-BR. Assim, de acordo com o

84%

1%

15%

SIM

Não

Parcialmente

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139

resultado da amostra, verifica-se que a VBTP M113-BR foi eficiente para operações

em ambiente urbano no contexto de OAOG, podendo ser utilizada novamente em

futuras operações semelhantes.

Alterando a sequência das perguntas, será apresentado o resultado da

pergunta número 8, que também está relacionada com a eficiência do emprego da

VBTP M113-BR. Essa pergunta teve a finalidade de verificar se a VBTP M113-BR,

sendo uma viatura sobre lagartas, estaria apta para operar em ambiente urbano no

contexto de OAOG.

De acordo com o gráfico Nr 5, 77% dos militares que responderam ao

questionário consideraram que a VBTP M113-BR está apta para operar em

ambiente urbano no contexto de OAOG. Todavia, 22% da amostra marcou como

resposta que a viatura está apta parcialmente, sendo que as principais causas

levantadas para esta reposta foram: a utilização da lagarta de ferro, já que ainda não

haviam sido instaladas as de borracha; outro fator foi o barulho do motor, que

dificultava as comunicações, uma vez que na Operação São Francisco ainda não

estava instalado nas viaturas o InterCom Sotas. Apenas um militar considerou que a

viatura não está apta para esse tipo de operação.

A lagarta metálica apresenta como óbices ao seu emprego em ambiente

urbano o desgaste prematuro, o ruído e o danos colaterais causados ao asfalto e ao

meio-fio da área de operações, em especial o desgaste das almofadas amovíveis.

Foi considerada útil pelos militares da amostra a adoção da lagarta de borracha em

substituição à de metal em futuras operações, como forma de amenizar os

problemas causados pela mesma. As lagartas de borracha já foram instaladas em

algumas viaturas e poderão ser utilizadas em operações nesse ambiente.

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GRÁFICO 5 – Aprovação sobre a utilização da VBTP M113-BR em OAU, no contexto de OAOG Fonte: o autor

De acordo com o Tenente Bordallo, que exerceu a função de Cmt Pel Fuz Bld

na Operação São Francisco e que possui o curso de operador de VBTP M113, em

ambiente urbano tanto as viaturas sobre lagartas quanto sobre rodas são aptas.

Aquelas sobre rodas são mais frequentemente utilizadas, como é o caso da Força

de Pacificação do Haiti. No caso de favelas, como a Maré, a VBTP M113-BR sobre

lagartas possui praticidade maior, pois consegue realizar uma curva de pequeno

raio, ao travar a lagarta de um lado e movimentar a do outro. Essa curva permite

maior flexibilidade em ruas estreitas de comunidades. As viaturas sobre rodas que

estavam na Operação São Francisco encontravam dificuldades maiores para se

locomoverem nas ruas estreitas e vielas.

Do exposto, verifica-se que mesmo sendo uma viatura sobre lagartas, a VBTP

M113-BR pode ser empregada em ambiente urbano no contexto de OAOG. Suas

características após a modernização, sobretudo devido ao pivoteamento e ao novo

motor, aumentaram a eficiência da viatura e elevaram a confiança da tropa no carro.

As lagartas de borracha teriam reduzido sobremaneira os danos causados ao

calçamento da área de operações. Entretanto, o cuidado da tropa, que

posteriormente consertou todos os estragos produzidos nas ruas da favela, mostrou

77%

1%

22%

SIM

NÃO

PARCIALMENTE

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141

o respeito pelos populares da favela, tendo sido um fator de aproximação da tropa

com a população.

4.1.4 Formas de emprego da VBTP M113-BR

A pergunta Nr 5 do questionário teve a finalidade de verificar as formas de

emprego da VBTP M113-BR em ambiente urbano, no contexto de OAOG.

De acordo com Brasil (2010a, p. 6-8), os meios blindados devem ser

empregados, principalmente em OAU no contexto de OAOG, com as seguintes

finalidades: elementos de demonstração de força na ação de dissuasão; plataformas

para difusão de informações à população na campanha psicológica; estabelecimento

de postos de bloqueio e controle de vias urbanas (PBCVU), check point e static

point; e proteção blindada nas ações de investimento. Dessa forma, verifica-se que a

VBTP M113-BR foi empregada de acordo com que prescreve a doutrina durante a

Operação São Francisco.

Segundo o Major Baeta, que exerceu a função de Cmt SU em OAU no

contexto de OAOG, importante regra a ser empregada neste tipo de operação com

relação ao uso de blindados é a tropa mostrar sua presença, por meio do movimento

a pé e do patrulhamento à noite. Essas ações permitem estabelecer elos com a

população local, que passará a considerá-los como verdadeiras pessoas, e não

como alienígenas que descem de uma caixa blindada. Passear num comboio

blindado, fazendo viagens de dia como um turista em uma área hostil, além de

afastar do conhecimento da situação local, fará com que a tropa se torne alvo fácil.

Sendo assim, para a utilização da VBTP M113-BR, deve-se prever que tanto os

militares embarcados, quanto desembarcados tenham apoio mútuo da viatura.

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GRÁFICO 6 – Formas de Emprego da VBTP M113-BR em OAU, no contexto de OAOG. Fonte: o autor

Segundo a pesquisa, essa questão permitia escolher mais de uma opção. As

principais formas de emprego da VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG

foram: patrulhamento ostensivo, com 96,2% de escolhas; transporte de pessoal e

estabelecimento de check point/static point, 93,6% das respostas; transporte de

Forças Especiais, 76,9%; e transporte de forças policiais, que obteve 71,8%.

Além dos dados apresentados no gráfico 6, foi levantado ainda que a VBTP

M113-BR poderá ser empregada na escolta de agentes e peritos da Polícia Civil e

Defesa Civil, evacuação de feridos, remoção de obstáculos deixados pelos APOP

para dificultar a passagem da tropa, transporte de APOP capturado e em apoio a

operações de controle de distúrbios (OCD).

De acordo com Capitão Raghiant, que exerceu a função de Cmt SU durante

toda a operação, outra missão imposta à Cia Fuz Bld foi desengajar frações

motorizadas ou a pé detidas por fogos utilizando a proteção blindada da VBTP

M113-BR.

96,2%

93,6% 93,6%

76,9% 71,8%

42,3% 42,3% 42,3% 34,6% 33,3%

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143

E ainda, outra lição aprendida foi o recebimento de uma Vtr Marruá ¾ Ton por

Pel Fuz Bld, com a finalidade de cada fração-valor do pelotão possuir uma viatura

leve em condições de evacuar um ferido para um hospital, um preso para a

delegacia ou outros tipos de transportes, possibilitando maior velocidade às frações.

Sendo assim, verificou-se que a VBTP M113-BR poderá ser empregada de

diversas maneiras além das previstas na literatura vigente, aumentando o poder de

combate da Cia Fuz Bld em ambiente urbano no contexto de OAOG.

4.1.5 Efeito de Dissuasão da VBTP M113-BR

A pergunta Nr 6 do questionário teve a finalidade de verificar o efeito de

dissuasão sobre os APOP através do emprego VBTP M113-BR em ambiente urbano

no contexto de OAOG sobre os APOP.

GRÁFICO 7 – Efeito de dissuasão causado pelo emprego da VBTP M113-BR Fonte: o autor

95%

0% 5%

SIM

NÃO

PARCIALMENTE

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144

De acordo com Brasil (2010a, p. 4-16), as demonstrações de força visam

dissuadir os APOP e/ou as pessoas que ela conduz de atitudes que possam

ocasionar confronto com a força legal. A ação de demonstração de força é realizada

pela exposição à observação dos elementos que se opõem à força legal de uma

tropa de efetivo, atitude, armamento e material capaz de convencê-los de que será

inútil opor-se à ação dessa tropa. No caso do presente estudo, a Cia Fuz Bld

empregou a VBTP M113-BR em demonstração de força como forma de dissuasão.

O emprego de tropas blindadas tem grande poder dissuasório e é muito

eficiente neste tipo de ação. Assim, a VBTP M113-BR foi utilizada de acordo com a

doutrina vigente e foi considerada por 95% da amostra que possui efeito de

dissuasão sobre os APOP.

Foi relatado, ainda, que ao monitorar a rede rádio dos APOP pela Inteligência

da Força de Pacificação, era nítido que os mesmos se sentiam amedrontados com a

presença da VBTP M113-BR e que a viatura possuía velocidade e chegava a locais

nos quais as outras viaturas não iam, causando assim grande poder dissuasório

sobre os APOP. Do exposto, verifica-se que o emprego da VBTP M113-BR como

demonstração de força causou efeito dissuasório nos APOP, sendo válida sua

utilização em OAU no contexto de OAOG.

4.1.6 Adaptações na VBTP M113-BR

A pergunta Nr 7 do questionário teve a finalidade de verificar as adaptações

necessárias na VBTP M113-BR para melhorar seu emprego em ambiente urbano no

contexto de OAOG. Nesta pergunta, era permitido ao militar escolher mais de uma

opção.

De acordo com o gráfico 8 verificou-se que, para o emprego da VBTP M113-

BR em ambiente urbano no contexto de OAOG, serão necessárias algumas

adaptações, como: instalação de retrovisores, sirenes e câmeras nos ângulos para

facilitar a direção da viatura, utilização da lagarta de borracha para diminuir os danos

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145

no calçamento urbano, colocação de sacos de areia sobre o chassi da viatura para

aumentar a proteção da tropa, instalação de plataforma ou assoalho para melhorar a

observação e posições de tiro dos militares, adaptação para o emprego da

Metralhadora MAG e substituição do atirador da metralhadora .50 por militar dotado

de fuzil com luneta.

GRÁFICO 8 – Adaptações necessárias para emprego da VBTP M113-BR Fonte: o autor

De acordo com o Relatório da Força de Pacificação V e VI, foram necessárias

adaptações para o emprego da VBTP M113-BR. Nas figuras abaixo, é possível

verificar algumas adaptações realizadas na viatura.

0,0%

50,0%

100,0%

Retrovisorese câmeras

Lagartas deborracha

Sacos deareia

Plataformapara

observação

Emprego daMtr. MAG

Atirador comLuneta

88,60%

81,00%

69,60% 69,60%

67,10%

48,10%

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FIGURA 26 – Instalação retrovisores de moto na VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

Na pesquisa realizada junto a militares que atuaram na Operação São

Francisco, constatou-se que a principal dificuldade encontrada na utilização da

VBTP M113-BR foi a realização de manobras nos locais estreitos, em especial sob

fogos. Em relação a esta dificuldade, as principais causas levantadas foram a

existência de pontos cegos nas laterais da viatura, a falta de equipamentos

auxiliares de navegação e a inexistência de espelhos retrovisores. Com relação a

esse aspecto, o cabo motorista Gazolla, que exerceu essa função na Maré, relatou

que a torre existente da metralhadora .50 atrapalha a visão do motorista para o lado

direito, principalmente; assim, o emprego de retrovisores improvisados de

motocicletas auxiliou na condução da viatura.

De acordo com Major Baeta, que exerceu a função de Cmt SU, algumas

adaptações na viatura foram necessárias durante a Operação São Francisco. Com

relação ao uso de retrovisores e sirenes, foi visto que por vezes o cabo motorista da

VBTP necessitou de visada de sua retaguarda, de onde costumeiramente surgiam

motocicletas, bicicletas e pedestres. Por vezes foi necessário solicitar que algum

veículo ou até mesmo pedestre se retirasse da frente da VBTP, além de alguns

militares realizarem o balizamento da viatura; assim, essa adaptação tornou-se

necessária para evitar acidentes.

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Além disso, a adaptação do suporte da metralhadora (Mtr) .50 para utilizar a

metralhadora MAG viabiliza o emprego da tropa com armamento de apoio de fogo e

coletivo no mesmo calibre do armamento individual, o fuzil 7,62 mm. Entretanto, o

emprego da Mtr MAG durante a Operação São Francisco teve mais o caráter

dissuasório, visto que seria necessário um emprego de excessivo poder de fogo

pelos APOP e pelas facções criminosas para que o comandante de fração pudesse

determinar o uso desse armamento em resposta, em virtude das regras de

engajamento e a limitação do uso da força, característica marcante das OAU no

contexto de OAOG.

Já a colocação dos sacos de areia em torno da escotilha de tropa

proporcionou maior proteção aos militares embarcados, os quais ficam com o tronco

para fora da couraça do blindado. Ademais, essa adaptação permite aos fuzileiros

realizar a pontaria com mais precisão, ao ser possível tomar uma posição de tiro

apoiada. A utilização de sacos de areia tem por finalidade aumentar a proteção da

tropa, além de evitar ricochetear algum projétil disparado por APOP na população.

Na figura abaixo, é possível verificar um destacamento de Forças Especiais

empregando tal adaptação na VBTP M113-BR.

FIGURA 27 – Destacamento de Forças Especiais empregando a VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

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Outra adaptação importante utilizada na Operação São Francisco foi a

instalação de plataformas ou pallets no interior da VBTP M113-BR. De acordo com

Brasil (2015b), a altura média dos soldados que fizeram parte da Cia Fuz Bld era de

1,70m. Com isso, a posição de tiro do militar na escotilha da VBTP M113-BR era

prejudicada, além de sua observação ser reduzida. Dessa forma, levantavam-se ou

retiravam-se os bancos da viatura, e eram instalados pallets ou assoalhos para

aumentar a altura do piso do carro. Com essa conduta, o militar melhorou sua

posição de tiro e aumentou seu campo de observação.

Foram levantadas ainda mais algumas sugestões de adaptações, como:

instalação de sistema de refrigeração interna, devido ao calor da área de operações;

instalação do gerenciador do campo de batalha (GCB), para obtenção da

consciência situacional; instalação de câmeras de ré para auxiliar na condução da

viatura; e instalação da proteção blindada para o motorista e para o atirador, como a

já existente na VBTP URUTU, uma vez que os mesmos ficam expostos.

De acordo com o Tenente Schultz, que exerceu a função de Cmt Pel Fuz Bld,

o mais difícil com relação ao emprego da VBTP M113-BR era o calor interno. O

mesmo afirma que marcou com um termômetro a temperatura e chegava a fazer 50

graus no interior do blindado, fato que desgastava física e psicologicamente a tropa.

Então, as TTP adotadas por sua fração foram as patrulhas curtas e se abrigar em

algum lugar seguro para beber água e recuperar os militares.

Do exposto, conclui-se que apesar da modernização da VBTP M113-BR, para

operar em ambiente urbano, deverão ser feitas algumas adaptações na viatura para

aumentar seu poder de combate e sua manobrabilidade. Cabe destacar a

criatividade dos militares da Cia Fuz Bld para solucionar esses problemas, como a

simples instalação de retrovisores de motos e sirenes nos blindados, que evitou

danos colaterais desnecessários. Além disso, existem estudos no CI Bld para

aquisição de câmeras de ré e do GCB para a VBTP M113-BR, mas são materiais de

custo elevado e não há previsão de chegada de recursos financeiros para tal

finalidade.

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4.1.7 Patrulhamento e estabelecimento de check point

A pergunta Nr 9 do questionário visou verificar o efetivo ideal para realização

do patrulhamento ostensivo empregando a VBTP M113-BR em ambiente urbano no

contexto de OAOG.

GRÁFICO 9 – Efetivo ideal para realizar patrulhamento empregando a VBTP M113-BR Fonte: o autor

De acordo com o gráfico 9, é possível verificar que 58% da amostra

respondeu que o efetivo ideal para patrulhamento ostensivo empregando a VBTP

M113-BR seria de 9 a 11 militares, conforme prevê a doutrina vigente, uma vez que

o GC blindado é constituído de 11 militares. Segundo Brasil (2001, p. 1-5), o grupo

de combate blindado é formado por um cabo motorista, um atirador de metralhadora

.50, um sargento comandante de grupo e duas esquadras com quatro homens,

8%

33%

58%

1%

4 a 6 militares

6 a 8 militares

9 a 11 militares

Efetivo maior que 11militares

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totalizando um efetivo de 11 militares. Com tal efetivo, o GC ganha maior poder de

combate tanto embarcado ou quando o grupo desembarcar para o patrulhamento a

pé.

Na operação São Francisco, foi realizado tanto o patrulhamento embarcado

na VBTP M113-BR, quanto o patrulhamento misto com parte do GC a pé e parte

embarcada, dois ou três militares, pela necessidade de deixar pessoal observando a

movimentação nas lajes e apoiando pelo fogo a tropa que progredia desembarcada.

Entretanto, 33% da amostra analisou que o efetivo ideal seria de seis a oito

homens, para haver espaço na viatura para transporte de material e mais espaço

para mobilidade quando a tropa estiver embarcada. Já o efetivo de quatro a seis

militares é melhor para o transporte de elementos Forças Especiais, já que essa

tropa atua com menor efetivo que a blindada.

Ainda com relação ao efetivo para patrulhamento, de acordo com o Capitão

Raghiant, o QCP do Pel Fuz Bld, em sua constituição convencional é de três grupos

de combate e um grupo de apoio, em um Batalhão de Infantaria Blindado. Durante a

Operação São Francisco, o QCP da missão excluiu o Grupo de Comando e o Grupo

de Apoio, mantendo apenas o Cmt Pel e o Adj Pel. Da mesma forma, o QDM de um

Pel Fuz Bld possui quatro VBTP M113BR, mas na Operação São Francisco

inicialmente utilizaram-se apenas três carros por pelotão.

A análise do terreno da Maré mostrou que a maioria das vias, principalmente

no Timbau, não permitiu que os blindados se desdobrassem dentro das condições

ideais de apoio mútuo e dispersão. Assim, o emprego de três carros por um eixo de

progressão levava ao emassamento das viaturas, encolunando os meios, expondo a

guarnição e os blindados. Apenas com um veículo por via não havia o apoio mútuo

entre os blindados. E ainda, em determinadas missões, verificou-se que três carros

eram demasiados para a área de operações. A situação ideal em determinadas

áreas foi o emprego de duas viaturas operando com apoio mútuo.

Para minimizar esta dificuldade, foi necessário criar o 4º GC para as missões

em que se fazia necessário ter quatro viaturas, operando dois GC em determinada

parte da área de operações com apoio mútuo e a outra dupla de blindados em outro

local. Assim, retiraram-se dois homens por GC, passando o 4º GC ao comando do

Adjunto, prática já realizada em alguns contingentes da missão de paz no Haiti. O

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resultado obtido foi a flexibilidade do Cmt Pel de utilizar quatro carros em missões

específicas, nas quais a mobilidade e proteção blindada tinham preponderância em

relação ao volume de fogos do GC desembarcado.

Essa opção por diminuir o efetivo do GC não foi considerada ideal pelos Cmt

Pel, mas atendeu à necessidade de maior proteção blindada e volume de viaturas

na área de operações. O ideal para futuras OAU, no contexto de OAOG, seria a

manutenção do efetivo previsto em QCP de um Pel Fuz Bld em um Batalhão,

convertendo o efetivo do grupo de apoio em 4º GC.

Com relação às práticas adotadas durante a realização das patrulhas, é

possível destacar alguns procedimentos específicos devido ao emprego da VBTP

M113-BR. De acordo com Brasil (2015b), dentro do possível, priorizou-se o

patrulhamento a pé apoiado pela viatura, principalmente na área de Pinheiros,

região da área de operações onde não havia restrição ao movimento das viaturas.

Nessa região adotou-se a seguinte prática: a grande mobilidade da VBTP M113-BR

pela área permitia que se realizasse o patrulhamento blindado por toda a zona de

ação. Assim, iniciava-se o patrulhamento pelo perímetro externo, reduzindo-se o

perímetro a cada volta, em um sistema circular. Por fim, era realizado um movimento

coordenado e com velocidade, no qual o pelotão ocupava pontos de controle

predeterminados no interior da célula de patrulhamento. Em seguida, realizava-se

um vasculhamento do centro para o perímetro externo, a pé. Posteriormente, os

blindados se deslocavam para o exterior da área, ocupando posições que

controlassem o acesso a essa célula, junto aos grupos de combate, realizando

check points. O objetivo desse procedimento não era obter a surpresa, e sim o

emprego da dissuasão e a utilização do princípio da massa.

Já o estudo do terreno na área do Timbau mostrou que o patrulhamento

apoiado pelas viaturas não seria possível em boa parte da área, por haver grande

parte de terreno que restringia o uso da VBTP M113-BR. As práticas adotadas

foram: constituição de um ponto forte temporário, em uma área de reunião de

blindados, nível pelotão. A partir deste ponto, as patrulhas a pé, nível GC, eram

lançadas em um raio de até 300 m do ponto estação, com a finalidade de obter

apoio mútuo dos carros. Os grupos saíam sempre se alternando, não mais de um

GC patrulhando simultaneamente. Os grupos que permaneciam à Área de Reunião

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realizavam a segurança dos carros e estabeleciam um check point, verificando

carros, motos e pessoal, além de, dentro das possibilidades do terreno, ocuparem

lajes, para obter melhor observação. Essas frações ainda garantiam ao Cmt Pel a

possibilidade de manobrar caso fosse necessário.

No cenário apresentado, em que foi criado um ponto forte temporário numa

área de reunião de blindados, em algumas situações utilizava-se esse mesmo

dispositivo empregando as VBTP M113-BR, mas com os três GCs patrulhando

simultaneamente por itinerários múltiplos, mantendo elementos na segurança dos

carros. Esse dispositivo criava um efeito de massa superior ao processo anterior,

dificultando o monitoramento da tropa por parte dos APOP.

Outra prática ocorrida durante o patrulhamento foi a implementação do

homem de operações de Informação (Op Info) do pelotão. Diante das

particularidades da Operação São Francisco, principalmente em relação a seus

objetivos informacionais, verificou-se a dificuldade do pelotão em dosar suas ações

cinéticas e não cinéticas. A manutenção das condutas do pelotão voltadas para a

segurança da fração entrava em choque com a necessidade de segurança imposta

pelo ambiente. Para minimizar essa dificuldade, orientou-se o Pel Fuz Bld, de forma

que os fuzileiros atuassem como “sensores passivos”, enquanto o Adjunto de

Pelotão recebeu instruções para realizar o contato efetivo com a população com

base na coleta de informações, realizando o levantamento de necessidades e

percepções da comunidade.

Como resultado, a utilização de um único militar como principal laço do

pelotão com a comunidade ampliou a confiança da população com a tropa. A

segurança das patrulhas mostrou-se em melhores condições ao se atribuir a missão

específica para esse Homem Op Info. A determinação de apenas um homem para

dar “voz” ao pelotão facilita o alinhamento do discurso, mantém uma postura na

abordagem com a população e aumenta a confiança da população na tropa, através

da empatia desenvolvida por esse militar. Em operações em ambiente urbano, no

contexto de OAOG, por se tratar de um tipo de missões que visam garantir ou

restaurar a lei e a ordem, é de capital importância que a população possa depositar

sua confiança na tropa que realiza a operação.

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Ainda com relação ao patrulhamento, a pergunta Nr 10 do questionário teve

por objetivo verificar qual seria a duração ideal em quantidade de horas para

realização do patrulhamento ostensivo empregando a VBTP M113-BR em ambiente

urbano no contexto de OAOG.

De acordo com Brasil (2015c), o patrulhamento ostensivo empregando a

VBTP M113-BR tinha duração de quatro horas. A duração das patrulhas dependia

da relação tempo de patrulhamento x descanso da tropa. Como o Pel Fuz Bld foi

construído de três GC, o patrulhamento durava quatro horas e o GC tinha oito horas

de descanso.

GRÁFICO 10 – Duração ideal para realizar patrulhamento empregando a VBTP M113-BR Fonte: o autor

Segundo o gráfico 10, 44% da amostra respondeu no questionário que o

tempo de duração ideal seria de quatro horas, assim como está no relatório da F Pac

V. Já 28% dos militares responderam que três horas seria ideal para realizar o

patrulhamento ostensivo.

27%

28%

44%

1%

2 horas

3 horas

4 horas

Superior a 4 horas

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Apenas um militar respondeu que o tempo ideal deveria ser superior a quatro

horas, mas quando ocorre o aumento a duração do tempo de patrulha o rendimento

operacional tende a diminuir, devido ao calor excessivo da área de operações e o

cansaço dos militares. Esse fato pode comprometer a segurança da tropa, devido ao

maior tempo de exposição frente aos APOP. Dessa forma, verificou-se a

necessidade de um tempo de descanso compatível, para que o militar esteja em

boas condições físicas e psicológicas para operar com a VBTP M113-BR.

A pergunta Nr 11 teve a finalidade de verificar qual seria o efetivo ideal para

realização do check point/static point empregando a VBTP M113-BR em ambiente

urbano no contexto de OAOG.

GRÁFICO 11 – Efetivo ideal para realizar Check Point/ Static Point empregando a VBTP M113-BR Fonte: o autor

De acordo com Brasil (2015c), o efetivo empregado no estabelecimento de

check point/ static point utilizando a VBTP M113-BR ocorreu tanto no nível GC, com

11 militares, quanto no Pel Fuz Bld, com efetivo superior a este número.

11%

29% 42%

18%

4 a 6 militares

6 a 8 militares

9 a 11 militares

Efetivo Superior a 11militares

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Segundo o gráfico 11, 42% da amostra considerou que o melhor efetivo para

estabelecimento de check point seria de nove a 11 militares; 29% entre seis a oito

militares; e 18% com efetivo superior a 11 militares. Foi relatado que, para fins de

planejamento, o efetivo depende do fluxo de pessoas, veículos e quantidade de vias

urbanas a serem monitoradas.

Segundo Brasil (2015b), o Pel Fuz Bld mostrou-se apto a realizar a atividade

de check point utilizando as próprias VBTP M113-BR como obstáculos nas vias.

Além disso, a própria viatura blindada oferece um local para revistas pessoais mais

detalhadas em seu interior.

Com relação à doutrina vigente, de acordo com Brasil (2010a, p. 2-6), a

dissuasão em OAU no contexto de OAOG é obtida por meio do emprego do princípio

da massa, caracterizado ao se atribuir ampla superioridade de meios às forças

legais em relação aos APOP. Dessa forma, o estabelecimento de check point nível

Cia Fuz Bld ou Pel Fuz Bld poderia ocorrer no contexto do princípio da massa, sendo

válido em determinadas horas do dia em que o fluxo de pessoas e viaturas é maior,

ou quando surgirem denúncias sobre as atividades das facções criminosas. No

período noturno, em que a circulação é menor, poderá ser nível GC.

Ainda com relação ao estabelecimento de check point, ao se analisar o

modus operandi dos APOP no interior da favela, foi verificado que em alguns pontos

eram recorrentes suas ações de tiros contra a tropa, engajando sob a mira de

armamentos os militares em patrulhamento ou check point. Assim, com a finalidade

de minimizar este fato, utilizou-se a VBTP M113-BR como plataforma para tiro de

caçador, quer seja de dentro do veículo, utilizando a rampa abaixada, ou sobre o

carro, abrigado nos sacos de areia instalados na VBTP; ou ainda, utilizando a torre

do carro.

Dessa forma, a VBTP M113-BR mostrou ser uma plataforma móvel propícia

paro o emprego do caçador, utilizando sua proteção blindada e mobilidade. Pode ser

utilizado um especialista, FE ou com curso de caçador, caso seja necessário realizar

a neutralização de APOP, diminuindo o risco de danos colaterais.

Finalizando este tópico, a pergunta Nr 12 do questionário teve a finalidade de

verificar qual seria a duração ideal para estabelecimento check point/ static point

empregando a VBTP M113-BR em ambiente urbano no contexto de OAOG. De

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acordo com Brasil (2010a, p. 4-13), o check point é estabelecido para controlar o

movimento da população da área; capturar APOP; isolar os APOP na área de

operações e impedir a entrada de seus apoios e reforços; impedir o acesso de

pessoas a determinadas áreas; e restringir a liberdade de movimento dos APOP. Os

check points podem ser podem ser permanentes ou inopinados.

Durante a Operação São Francisco, foram estabelecidos diversos check

points dentro das características da doutrina vigente, visando principalmente retirar a

liberdade de ação das facções criminosas e suas atividades ilegais. A presença da

tropa blindada em pontos-chave da área de operações gerou a diminuição do tráfico

de drogas e ilícitos no período em que Cia Fuz Bld foi empregada.

GRÁFICO 12 – Duração ideal para realizar Check Point empregando a VBTP M113-BR Fonte: o autor

Segundo o gráfico 12, houve equilíbrio nas respostas da amostra, sendo que

28% responderam que a duração ideal seria de 45 minutos, 25% sinalizaram que o

tempo ideal seria de uma hora e 21% optaram pelo tempo de duração de duas

23%

28% 25%

21%

3%

30 minutos 45 minutos 1 hora 2 horas Duração superior a 2 horas

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horas. Apenas 3% responderam que a duração superior a duas horas. É

conveniente que a força legal se beneficie do fator surpresa ao desencadear suas

operações. Dessa forma, foi mencionado no questionário que os locais e a duração

do chek point sejam inopinados, com a finalidade de surpreender os APOP e evitar

uma situação de rotina que pode comprometer a segurança dos militares.

Do exposto, verifica-se que a VBTP M113-BR agrega capacidades para a Cia

Fuz Bld, permitindo que suas frações adotem TTP para a realização de

patrulhamento ostensivo e estabelecimento de check poinst.

4.1.8 Blindagem e Comunicações

A pergunta Nr 13 do questionário teve por finalidade verificar se a blindagem

da VBTP M113-BR foi satisfatória em ambiente urbano no contexto de OAOG. De

acordo com Brasil (2002, p. 1-3), dentre as características das forças blindadas,

destaca-se a proteção proporcionada pela blindagem das viaturas. Em OAU no

contexto de OAOG, esta proteção tornou-se necessária em virtude do poder de

combate dos APOP, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, onde as facções

criminosas possuem armamento similar ao das Forças Armadas.

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GRÁFICO 13 – Grau de satisfação da tropa sobre a blindagem da VBTP M113-BR Fonte: o autor

Segundo o gráfico 13, 91% da amostra respondeu no questionário que a

blindagem da VBTP M113-BR foi satisfatória. Tanto nos relatórios da F Pac V e VI

ocorreram incidentes em que foi exigida a proteção blindada da viatura e a mesma

suportou o armamento utilizado pelos APOP. Levando-se em consideração que as

facções criminosas ativas no Complexo da Maré não possuíam ou não empregaram

armamento anticarro, a blindagem da VBTP M113-BR atendeu à demanda da tropa

blindada, não havendo nenhum caso de perfuração da blindagem. Apenas 9%

consideraram a blindagem parcialmente satisfatória e nenhum militar não aprovou a

proteção blindada da viatura, fato que gerou segurança na tropa e aumentou sua

confiança e coragem para cumprir as diversas operações que foram

desencadeadas.

Ainda com relação à blindagem, a natureza da VBTP M113-BR, leve em

comparação a outras VBTP empregadas na Operação São Francisco, devido a sua

composição em duralumínio, minimizou os danos que poderiam decorrer de uma

viatura com grande peso e que geraria excessiva pressão sobre o solo.

91%

0% 9%

SIM NÃO PARCIALMENTE

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A proteção blindada conferida por sua blindagem de liga leve é capaz de

resistir a tiros de Fz 7,62 mm. Entretanto, cabe ressaltar que para que o motorista

possa usufruir dessa proteção blindada, é necessário que o mesmo esteja

escotilhado, contando com o apoio dos periscópios para a condução da mesma. O

mesmo ocorre com relação ao atirador da metralhadora .50 que não possui a

proteção blindada em sua totalidade, pois não consegue executar o tiro escotilhado.

Com relação a esse aspecto, de acordo com o Tenente Vitor Mele, que

exerceu a função de Cmt Pel Fuz Bld, há de se pensar em uma maneira de melhorar

a proteção blindada na escotilha do cabo motorista de VBTP, como por exemplo,

utilizando um vidro transparente blindado, uma vez que é inviável pilotar escotilhado

em ambiente de favela e diversas vezes o motorista foi alvo de disparos dos APOP.

Do exposto, verifica-se que a blindagem da VBTP M113-BR é satisfatória

para OAU no contexto de OAOG, sendo necessário, entretanto, realizar adaptações

na viatura para aumentar a proteção do cabo motorista e do soldado atirador da

metralhadora .50.

Já a pergunta Nr 14 do questionário teve o objetivo de verificar se as

comunicações disponíveis na VBTP M113-BR são eficientes para comunicar-se

dentro do carro, da viatura com o GC desembarcado e com o Pelotão em ambiente

urbano no contexto de OAOG.

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GRÁFICO 14 – Nível de eficiência das comunicações utilizando a VBTP M113-BR Fonte: o autor

Segundo o gráfico 14, houve equilíbrio nas respostas da amostra, sendo que

44% da amostra considerou eficientes os meios de comunicações disponíveis, 17%

responderam “parcialmente eficiente” e 39% dos militares não aprovaram os meios

de comunicações utilizados em conjunto com a VBTP M113-BR. Foi verificado na

pesquisa que houve dificuldade nas comunicações devido ao barulho do motor da

viatura e pelo fato de ainda não estar instalado na viatura o Intercom Sotas.

Recentemente, foram instalados a rádio Falcon III, que permite estabelecer

ligações da VBTP M113-BR e o escalão superior, e o intercomunicador Sotas, que

possibilita as ligações internas da guarnição da viatura. A Rádio Falcon III está

interconectada ao intercomunicador Sotas, e o sistema permite uma comunicação

clara, com eliminação de ruídos e interferências, entre os membros do grupo de

combate. A aquisição desse novo equipamento irá proporcionar as comunicações

entre os comandantes de fração, facilitando a coordenação e o posicionamento dos

blindados em OAU no contexto de OAOG. Entretanto, no período da Operação São

Francisco, ainda não havia sido instalado o Intercom Sotas, fato que dificultou a

comunicação dentro da viatura.

Além disso, o capacete balístico utilizado pela Cia Fuz Bld na Operação São

44%

39%

17%

SIM NÃO PARCIALMENTE

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Francisco dificultou a emprego do headset4 disponível. Os militares da amostra

sugeriram, então, capacetes balísticos idênticos aos usados pelo DOFEsp, que

possuem espaço adequado para os fones e facilitam a comunicação dos militares.

A aquisição desse modelo de capacete balístico para a Cia Fuz Bld

empregando a VBTP M113-BR ampliará o comando e o controle em futuras OAU no

contexto de OAOG. Ele será de grande valia, uma vez que, devido à mobilidade das

viaturas, as comunicações se tornam extremamente necessárias. Na figura abaixo, é

possível verificar o modelo de capacete utilizado pelo Destacamento de Forças

Especiais.

FIGURA 28 – Modelo de capacete balístico empregado pelo Destacamento de Forças Especiais Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

Ainda com relação às comunicações, a pergunta Nr 15 do questionário teve a

finalidade de verificar quais equipamentos de comunicações foram empregados em

conjunto com a VBTP M113-BR na Operação São Francisco. Nesta pergunta, era

permitido ao militar escolher mais de uma opção.

Segundo gráfico 15, o equipamento rádio Motorola XTS foi o meio de

comunicação mais utilizado durante a Operação São Francisco, em conjunto com a

4 Headset é um equipamento formado por um fone de ouvido e um microfone acoplado, usado na

área de telecomunicação, com desenho ergonômico, que é fixado na cabeça do usuário.

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VBTP M113-BR, com 79,7%. Outros meios de comunicação foram bastante

utilizados, como telefones celulares, com 53,2% das respostas, e o sistema de

comando e controle pacificador, com a mesma porcentagem. Além disso, a Falcon III

teve como resposta 46,8%; os aplicativos das redes sociais, 34,2%; e o equipamento

rádio Motorola APX-2000, com 6,3%.

Verificou-se que o sistema Falcon Harris III existente nas VBTP M113-BR é

muito eficiente, mas a utilização dos equipamentos rádio Motorola APX-2000 e XTS

se mostraram mais práticos, sendo portáteis, permitindo o uso de fones de têmpora

e possuindo localizador GPS para mostrar a posição da fração no sistema

pacificador de comando e controle em combate.

GRÁFICO 15 – Meios de comunicação utilizando a VBTP M113-BR na Operação São Francisco Fonte: o autor

Com relação ao uso de celulares e aplicativos, TTP adotadas foram o uso de

smartphones na orientação do terreno. Durante os reconhecimentos iniciais da área

de operações, os militares desconheciam a área e necessitavam constantemente

consultar cartas impressas da área de operações. Esse procedimento dentro da área

urbana mostrou-se como uma fragilidade, expondo o comandante da fração. Dessa

MotorolaXTS

Celular Pacificador Falcon III Aplicativos MotorolaAPX-2000

79,70%

53,20% 53,20% 46,80%

34,20%

6,30%

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163

maneira, para minimizar esse problema foram utilizados smartphones funcionais

com cartas da área presos ao antebraço dos militares por meios de suportes para

braço, utilizados em atividades físicas, similar aos acessórios usados em corridas de

orientação. Tal conduta facilitou a orientação do militar, que consultou sua

localização sem tirar por completo sua atenção do ambiente à sua volta.

A partir do exposto, apesar de o Intercom Sotas não estar ainda instalado na

VBTP M113-BR, os meios de comunicação existentes possibilitaram o comando e

controle e mais uma vez a criatividade dos militares foi essencial para minimizar as

deficiências encontradas, com uso de smartphones e seus aplicativos tanto para

comunicação quanto para orientação na área de operações.

4.1.9 Armamentos empregados e utilização por Forças Especiais/Forças

Auxiliares

A pergunta Nr 16 do questionário visou verificar quais armamentos deveriam

ser empregados pela Cia Fuz Bld em conjunto com a VBTP M113-BR em OAU no

contexto de OAOG. Também nesta pergunta, era permitido ao militar escolher mais

de uma opção.

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164

GRÁFICO 16 – Armamentos que devem ser utilizados pela Cia Fuz Bld utilizando a VBTP M113-BR Fonte: o autor

De acordo com Brasil (2010a, p. 2-4), nas operações em ambiente urbano no

contexto de OAOG, o uso da força deve ser restrito ao mínimo absolutamente

indispensável. O uso progressivo da força deve ser levado em consideração

respeitando-se os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e legalidade. A

tropa blindada deve se adequar a esse cenário e usar armamentos compatíveis com

este tipo de operação. Assim, no nível tático da Cia Fuz Bld, devem ser

estabelecidas regras de engajamento com a finalidade de preservar a imagem da

Força Terrestre e conquistar o apoio da população da área de operações.

Segundo o gráfico 16, é possível que verificar que os principais armamentos

sugeridos pela amostra foram: pistola 9mm, com 97,5%; e armamentos não letais,

como granadas antidistúrbios, com 93,8% das repostas; espingarda calibre 12mm

com 92,5%, a qual é possível empregar munição não letal de borracha e

lacrimogêna; e o lançador de granadas AM 600, que é capaz de lançar granadas

lacrimogêneas. Dessa maneira, as respostas foram de acordo com a doutrina

vigente da limitação do uso da força, sendo que os militares optaram pelos

armamentos menos letais para OAU no contexto de OAOG.

97,50% 93,80% 92,50% 87,50% 86,30% 66% 65%

5%

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165

Além dos armamentos do gráfico 16, os militares que responderam ao

questionário sugeriram o uso do spray de pimenta e armamento menos letal de

choque para as operações de controle de distúrbio.

De acordo com Brasil (2015b), a metralhadora .50 de dotação da VBTP

M113-BR, apesar de ser um armamento com grande efeito dissuasório, não se

mostrou funcional para o emprego em OAU no contexto de OAOG. A utilização da

metralhadora MAG de calibre 7,62 mm se mostrou mais adequada, pois esta

mantém um efeito dissuasório e é um armamento coletivo, que possibilita o apoio

mútuo entre as viaturas. O berço da torre do M113-BR não possui condições de

estabilizar a MAG, por isso o armamento se mostrou ineficaz para o emprego. A

posição da torre é de extrema importância para esse tipo de operação, pois possui

uma posição de observação favorável, com um campo de tiro mais profundo.

Assim, para minimizar esta situação, uma prática utilizada foi dotar o atirador

da metralhadora .50, que ocupa a torre da VBTP M113-BR, com um fuzil com luneta.

Apesar da perda do volume de fogos realizados pelas armas de emprego coletivo, o

emprego do atirador com fuzil com luneta na torre permitiu um ganho na sua

capacidade de observação. Se por um lado houve perda do volume de fogos,

ampliaram-se a observação e a possibilidade do tiro seletivo, diminuindo os danos

colaterais que poderiam advir das armas coletivas. E ainda, a dotação deste militar

com luneta não impede que a torre possa ser mobiliada com a arma coletiva, o que

aumenta mas possibilidades desse militar.

Ainda com relação ao armamento a ser utilizado pelos militares da Cia Fuz

Bld, verificou-se que o fuzil Para-FAL, cujo calibre de 7,62mm causa maior efeito

dissuasório nas facções criminosas. Dessa forma, é conveniente as frações

utilizarem tanto o fuzil IA 2 5,56mm quanto o Para-FAL.

De acordo com o Tenente Vitor Mele, discute-se muito a respeito da utilização

de um fuzil de calibre 5,56mm em OAU no contexto de OAOG. O mesmo afirma que

o Para-FAL, por ser 7,62mm, possui maior poder de dissuasão que um armamento

de calibre 5,56mm e gera maior capacidade de combate às frações nesse tipo de

operação, embora sua fabricação seja mais antiga que a do fuzil I A2.

Além disso, o Para-FAL com cano reduzido facilita o embarque e o

desembarque da viatura e aumenta a mobilidade dos fuzileiros, pela possibilidade de

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166

rebater sua coronha. O cano mais curto se mostrou mais adequado devido ao

pequeno espaço existente dentro da viatura, uma vez que o GC blindado é

constituído de 11 homens.

Cabe destacar que, para a Operação São Francisco, os militares da Cia Fuz

Bld receberam o Para-FAL somente na fase de preparação e durante a missão, uma

vez que os BIB ainda possuem a antiga versão do Fuzil FAL. Dessa forma, o

adestramento da SU foi prejudicado. Seria interessante a troca do FAL dos BIB pelo

Para-FAL ou IA 2, de forma que a SU blindada realizasse seu adestramento do PAB

GLO com o mesmo armamento que empregará em OAU no contexto de OAOG.

Na figura abaixo, é possível verificar a diferença entre o Para-FAL cano

reduzido e o fuzil FAL ainda presente nas reservas de armamento dos BIB.

FIGURA 29 – Diferença entre um fuzil FAL e um Para-FAL cano reduzido Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

Do exposto, há a necessidade de se respeitar as regras de engajamento e a

letalidade seletiva em OAU no contexto de OAOG. Para tanto, a Cia Fuz Bld

necessita tanto de armamentos menos letais quanto aqueles com poder dissuasório,

com calibre 7,62 mm, para quando for preciso garantir a segurança dos militares e

da população.

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A pergunta Nr 17 do questionário teve a finalidade de verificar como

elementos das Forças Auxiliares/Policiais e elementos Forças Especiais/Comandos

empregaram a VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG. Nesta pergunta era

permitido ao militar escolher mais de uma opção.

De acordo com Brasil (2010, p. 2-5), dentre os fundamentos do emprego em

ações de garantia da lei e da ordem, está prevista a atuação de forma integrada.

Assim, em OAU no contexto de OAOG, o planejamento e a execução contemplam a

possibilidade de participação das outras Forças, órgãos de segurança pública e

órgãos do Poder Executivo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e afins. As

Forças Policiais operaram em conjunto com a Cia Fuz Bld na Operação São

Francisco, utilizando a proteção blindada da VBTP M113-BR.

GRÁFICO 17 – Formas de emprego da VBTP M113-BR por Forças Policiais/ Forças Especiais Fonte: o autor

Segundo o gráfico 17, a VBTP M113-BR poderá ser empregada de várias

maneiras pelas Forças Auxiliares/Policiais ou Forças Especiais/Comandos. Obteve-

se como resposta da amostra: 91,3% o uso da proteção blindada para ações diretas,

ProteçãoBlindada

Transportepara regiões

de difícilacesso

Cerco Condução depreso

Investimento Transporte dematerial

91,30% 83,20% 80%

58,80% 52,50%

26,30%

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168

83,2% o transporte para regiões de difícil acesso, 80% o emprego nas operações de

cerco, 58,8% na condução de APOP preso/capturado, 52,5% nas ações de

investimento e 26,3% para realizar transporte de material.

De acordo com Brasil (2010a, p. 6-6), as ações de investimento consistem na

entrada de grupos de Forças Especiais na área conturbada, para conquistar os

acidentes capitais que permitam o controle da área, neutralizar grupos armados e

capturar líderes das facções criminosas. A posse dos objetivos cria as condições de

segurança e controle necessários ao desencadeamento das demais ações. O

investimento pode ser realizado durante ou logo após o cerco e requer o emprego

de tropas altamente especializadas. A ação pode contar com a utilização de meios

aeromóveis e meios blindados como a VBTP M113-BR para a infiltração. Assim, a

proteção blindada da VBTP M113-BR é de grande valia para as Forças

Auxiliares/Policiais e para as Forças Especiais/Comandos, por aumentar o poder de

combate dessas frações.

4.1.10 Uso de Equipamento de Visão Noturna e danos colaterais

A pergunta Nr 18 do questionário teve a finalidade de verificar a necessidade

de emprego de equipamento de visão noturna (EVN) durante a utilização da VBTP

M113-BR, em OAU, no contexto de OAOG.

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GRÁFICO 18 – Uso de EVN em conjunto com a VBTP M113-BR Fonte: o autor

Durante a pesquisa, verificou-se que os EVN foram empregados apenas

pelos fuzileiros desembarcados em poucas oportunidades, uma vez que o Complexo

da Maré era bem iluminado na maior parte da área de operações. Dessa forma,

segundo o gráfico 18, 54% da amostra respondeu que não houve necessidade de

uso de EVN, enquanto 46% consideraram que havia necessidade. Assim, o EVN

não foi empregado na Operação São Francisco para a condução da viatura, uma

vez que a quantidade de luzes no Complexo da Maré não demandou sua utilização

com esta finalidade.

Cabe destacar que, como parte do contrato do projeto de modernização da

VBTP M113-BR, no final do ano de 2016 teve início a instalação dos equipamentos

de Visão Termal (Periscópio M17 DT) que contribuirá para a progressão,

observação, segurança, comando e controle para futuras operações em ambiente

urbano no contexto de OAOG.

Já a pergunta Nr 19 do questionário buscou verificar se houve dano colateral

causado pelo emprego da VBTP M113-BR pela Cia Fuz Bld e o tipo de dano, em

OAU, no contexto de OAOG. Nesta pergunta era permitido ao militar escolher mais

de uma opção.

46%

54% SIM

NÃO

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GRÁFICO 19 – Tipos de dano colateral causados pelo emprego da VBTP M113-BR Fonte: o autor

Segundo o gráfico 19, 100% da amostra respondeu que o emprego da VBTP

M113-BR causa dano colateral em OAU no contexto de OAOG, fato associado às

ruas estreitas da área de operações, enorme quantidade de carros e motos civis

estacionados nas ruas e falta de câmeras de ré que auxiliem na manobrabilidade da

viatura. Foram instalados retrovisores para facilitar a condução do carro, mas o

Complexo da Maré apresentou ruas de difícil direção, o que gerou dano colateral ao

utilizar o blindado na Operação São Francisco.

Os principais danos colaterais causados foram: 96,5% da amostra respondeu

dano no calçamento urbano; 87,5% optaram pela resposta “colisão com veículos”; e

51,2% consideraram colisão com moradias da população local.

Com a finalidade de manter o apoio dos habitantes, havia uma equipe de

controle de danos, cuja responsabilidade cabia ao Batalhão Logístico que apoiava a

Força de Pacificação. Verificou-se, durante a pesquisa, que o dano colateral

causado pela viatura blindada pode ser aproveitado para travar contato com a

população e colher informações para futuras operações.

De acordo com o Capitão Raghiant, Cmt SU na Operação São Francisco, não

SIM NÃO Colisão comveículos

Dano nocalçamento

Colisão commoradias

100,00%

0

87,50% 96,50%

51,20%

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171

há como vislumbrar o emprego de viaturas blindadas sobre lagartas sem que haja

danos no seu deslocamento. Pelas características da operação e do ambiente,

esses danos ocorreram principalmente contra calçadas e veículos civis. O controle

de danos para esses eventos mostrou-se rápido e eficiente, sendo utilizado dentro

do espectro das Operações de Informação, alinhado com os objetivos informacionais

traçados.

Uma prática adotada para reduzir as dimensões da VBTP M113-BR e evitar o

dano colateral foi retirada da banda de borracha que fica na lateral da viatura para

ganhar espaço nas vielas e ruas estreitas. Essa medida é de fácil adoção e, além de

preservar o material, esse procedimento poderá ser utilizado em futuras operações

em ambiente urbano.

E ainda, levantou-se na pesquisa a necessidade de aumentar a quantidade

de instrução para os cabos motoristas de VBTP M113-BR para condução da viatura

nesse ambiente operacional na fase de preparação para a operação. Cabe destacar,

no entanto, que o racionamento de combustível e o elevado consumo das viaturas

blindadas prejudicam o treinamento contínuo dos motoristas.

4.1.11 Manutenção da VBTP M113-BR

A pergunta Nr 20 do questionário teve o objetivo de verificar como é realizada

a manutenção (Mnt) da VBTP M113-BR pela Cia Fuz Bld em OAU no contexto de

OAOG.

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172

GRÁFICO 20 – Formas de manutenção da VBTP M113-BR em OAU, no contexto de OAOG Fonte: o autor

Com relação à doutrina vigente cabe destacar que, quanto aos meios, a Cia

Fuz Bld, segundo Brasil (2002, p. 1-5), apresenta como limitação a necessidade de

volumoso apoio logístico, particularmente dos suprimentos de classe III, V e IX e de

manutenção. Devido à natureza diuturna das operações em ambiente urbano, a

manutenção das viaturas é um ponto-chave deste tipo de missão, pois a baixa de

viaturas reduz o poder de combate das frações, tornando necessária a manutenção

contínua dos blindados.

O Subtenente Adelson desempenhou a função de encarregado de material da

Cia Fuz Bld sobre as VBTP M113-BR. Ele foi responsável por administrar a

manutenção preventiva e corretiva, o apoio aos suprimentos para manutenção

destas, como peças e lubrificantes, e ainda por confeccionar relatórios de danos nos

equipamentos VBTP M113-BR. O militar destacou a importância que deve ser dada

à manutenção no preparo e durante toda a operação, para evitar panes no meio de

operações reais, que comprometeriam a segurança da tropa.

Foi verificado na pesquisa que a Cia Fuz Blz era dotada de uma seção de

manutenção, sob comando de um oficial de Material Bélico, com equipamento de

manutenção não orgânico do BIB, e sim do Batalhão Logístico (B Log) que apoiava

a Força de Pacificação, o que permitiu a manutenção diuturna das viaturas. Os

Motoristas da VBTP Seção Mnt do B Log Pel Transporte da CiaC Ap

48,10%

59,50%

26,60%

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173

motoristas da VBTP eram responsáveis pela manutenção básica e de limpeza da

viatura. A manutenção de 2º escalão ficava a cargo do B Log em apoio direto. Além

disso, eventualmente equipes do Parque Regional Manutenção 5 compareciam ao

Rio de Janeiro para realizar missões de manutenção mais complexas.

De acordo com Brasil (2015c), a VBTP M113-BR apresentou grande consumo

de óleos lubrificantes e graxas usados nos trens de rolamento devido ao calor da

área de operações e a quantidade de manobras bruscas para se deslocar nas vielas

do Complexo da Maré.

Finalizando, segundo o gráfico 20, com a relação à manutenção durante a

Operação São Francisco: 59,5% da amostra respondeu que era realizada pela

Seção Mnt do B Log; 48,1% consideraram que era feita pelos motoristas da VBTP

M113-BR; e 26,6% sugeriram que a manutenção era de responsabilidade do Pelotão

de Transporte da Companhia de Comando e Apoio.

Com relação à logística, segundo Brasil (2015b), para o suprimento classe III

(combustível), foi instalado um posto de abastecimento nas instalações do CPOR,

operando 24 horas dia. O abastecimento ocorria mediante vale preenchido pelo

chefe da turma de manutenção (Ch Tu Mnt). Já os lubrificantes para a VBTP M113-

BR, por sua especificidade, foram conduzidos pela Tu Mnt.

Com relação ao suprimento classe IX (motomecanização), todo o material

necessário à manutenção da VBTP M113-BR coube à Tu Mnt. A utilização do cartão

corporativo para atender às demandas específicas de motomecanização acelerou o

processo de recuperação das viaturas indisponíveis. Além disso, foi de grande valia

o apoio do Parque Regional de Manutenção 5, local onde ocorreu a modernização

da viatura, do 5º B Log Bld e do 4º B Log Bld. Devido à especificidade de materiais

para manutenção da viatura, estabeleceu-se contato direto com a própria OM

apoiadora, pelo Ch Tu Mnt e Cmt SU.

Do exposto, verifica-se que a manutenção é de suma importância nas

operações em ambiente urbano, sendo necessária a manutenção preventiva e

contínua para evitar a indisponibilidade dos blindados.

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174

4.1.12 Manobrabilidade da VBTP M113-BR

A pergunta Nr 21 do questionário teve a finalidade de verificar se a VBTP

M113-BR possui boa manobrabilidade em vias urbanas como em áreas de favela.

GRÁFICO 21 – Manobrabilidade da VBTP M113-BR em áreas de favela. Fonte: o autor

Segundo o gráfico 21, 76% da amostra considerou que a VBTP M113-BR

possui boa manobrabilidade em vias urbanas. A pesquisa constatou que, através de

estudo prévio da área de operações, era possível deslocar-se com bastante

mobilidade. Dessa forma, antes de qualquer operação, é de grande valia colher

informações da célula de inteligência sobre o terreno para alcançar maior mobilidade

em operações em ambiente urbano.

Já 24% dos militares que participaram do estudo optaram pela opção “não”,

uma vez que houve dificuldade de condução nas ruas e vielas mais estreitas, sendo

76%

24%

SIM NÃO

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175

necessário, em algumas ocasiões, o balizamento da viatura para evitar acidentes e

danos colaterais.

Com relação à manobrabilidade, a VBTP M113-BR mostrou-se apta a atuar

no Complexo da Maré. A atualização do mapa de trafegabilidade daquele terreno,

adequando-o ao M113BR, foi fator preponderante para o planejamento das

operações. Com isso constatou-se que, em quase todos os pontos da favela, onde a

viatura ¾ toneladas era utilizada pelas tropas motorizadas, também trafegava a

plataforma blindada.

Finalizando a aplicação do questionário, ainda com relação à mobilidade em

vias urbanas, a pergunta Nr 22 teve por objetivo verificar qual viatura blindada é

mais adequada para operar em ambiente urbano no contexto de OAOG.

GRÁFICO 22 – Tipo de viatura blindada mais apta para operar em ambiente urbano Fonte: o autor

De acordo com o gráfico 22, 77,5% da amostra considerou que VBTP M113-

BR é a viatura blindada mais apta para operar em ambiente urbano no contexto de

OAOG. Em segundo lugar, com 12,5%, está a VBTP Guarani; e em terceiro, com

7,5%, a viatura blindada Urutu. Apenas 2,5% optaram pela VBTP Mowag Piranha III.

VBTP M113-BR GUARANI URUTU PIRANHA

77,50%

12,50% 7,50%

2,50%

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176

Segundo o Capitão Raghiant, as mudanças mecânicas da VBTP M113B,

antiga versão para a VBTP M113-BR, conferiram ao carro menor raio de curva,

através do seu pivoteamento. Além disso, a natureza do veículo blindado, leve em

comparação a outras VBTP devido a sua blindagem em duralumínio, minimizou os

danos que poderiam decorrer de uma viatura com grande peso e pressão exercida

sobre o solo. A lagarta garantiu grande mobilidade ao carro ao transpor obstáculos

que poderiam ser impeditivos a veículos sobre rodas. Esses fatores permitiram

planejar operações mais seguras, usando a proteção blindada do carro até o ponto

mais próximo dos objetivos das missões.

Dentre as observações feitas pelo DOFEsp com relação à VBTP M113-BR,

destaca-se o aspecto positivo de a viatura pivotear no mesmo eixo, o que

proporciona excelente mobilidade e manobrabilidade. Outro aspecto favorável a sua

mobilidade são suas dimensões reduzidas, se comparada aos carros Guarani e

Piranha, proporcionando o emprego em terreno restritivo ou impeditivo para essas

viaturas blindadas.

No final da pesquisa, foi aberta na amostra um espaço para militares

compartilharem suas experiências e impressões que pudessem contribuir para a

pesquisa. Algumas foram destacadas e serão apresentadas em seguida.

O Tenente Vitor Mele, que exerceu a função de Cmt Pel Fuz Bld, com relação

à manobrabilidade da VBTP M113-BR observou sua superioridade em comparação

à viatura Guarani no contexto do emprego em regiões com predominância de

favelas. Existiam diversos pontos-chave da favela da Maré onde somente a VBTP

M113-BR era capaz de acessar. Ademais, a manobra "pivô" foi essencial em

diversos momentos.

Na opinião do Capitão Nepomuceno, fuzileiro naval oriundo do Batalhão de

Blindados da Marinha do Brasil, a VBTP M113, embora não seja dotada de rodas,

possui maior flexibilidade de emprego em áreas favelizadas por não ficar detida em

medidas simples utilizadas pelos APOP, tais como a colocação de óleo em

arruamentos íngremes. Além disso, suas dimensões favorecem o emprego em

favelas, como o Complexo da Maré.

Além disso, o Tenente Aquino, que desempenhou a função de Cmt Pel Fuz

Bld, relatou que passou por duas emboscadas no morro do Timbau, ocasiões em

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177

que a viatura obteve bom desempenho. Destacou ainda que sua blindagem suportou

os disparos de 7,62mm e seu motor mais potente após a modernização conseguiu

subir as elevações sem dificuldade. Ademais, sua mobilidade foi um fator de grande

utilidade, pois o blindado possuía o pivoteamento realizando manobras em regiões

de difícil acesso.

De acordo com o Capitão Albemar, que integrou o DOFEsp, a VBTP M113-

BR apresenta excepcional manobrabilidade em áreas com pouco espaço, tendo em

vista a capacidade de manobrar sobre o próprio eixo. A alta manobrabilidade,

associada à proteção blindada que oferece para os militares em seu interior, e até

mesmo o abrigo para os militares desembarcados, torna essa viatura a mais apta

para OAU no contexto de OAOG. Cabe ressaltar, porém, que se deve estudar a

implementação de mais blindagem para a VBTP, tendo em vista os novos

armamentos e munições adquiridas pelos APOP, que podem facilmente perfurar a

atual blindagem.

Segundo o Sargento Nascimento, que desempenhou a função de

comandante de GC, a VBTP M113-BR é fundamental em operações urbanas,

mesmo com grande possibilidade de danos colaterais. A proteção blindada oferecida

muitas das vezes é o único artifício completo de proteção utilizado pela tropa em

terrenos irregulares e descontínuos. Diversas vezes esta viatura salvou militares

que, em patrulhamento ostensivo, foram emboscados e necessitavam de retraimento

rápido e seguro. As adaptações na viatura se fazem necessárias e diminuirão os

prejuízos causados pelo seu emprego. No decorrer da missão, foi possível concluir

que algumas guarnições não estavam em condições de operar de maneira

profissional o equipamento de comunicações do carro, sobretudo em situações de

emergência. Faz-se então necessário um adestramento rigoroso e completo com

todos os ocupantes da viatura, visando a uma maior confiança e tranquilidade em

missões reais.

Do exposto, chega-se à conclusão parcial de que a utilização da VBTP M113-

BR é extremamente indicada para OAU no contexto de OAOG, devido a sua

mobilidade e proteção blindada. Algumas adaptações podem ser feitas com o intuito

de melhorar sua operacionalidade. Se comparada com outras viaturas empregadas

na Operação São Francisco, a VBTP M113-BR tem a vantagem de ser menor e mais

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178

compacta que o Guarani, o Urutu e Piranha da MB e apresentar boa

manobrabilidade se comparada às viaturas sobre rodas que não executam

pivoteamento. Para solucionar as deficiências encontradas no emprego da viatura,

foram adotadas TTP pela Cia Fuz Bld que serão apresentadas ao final do trabalho,

em forma de proposta para possam ser empregadas em futuras OAU no contexto de

OAOG.

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179

5 CONCLUSÃO

Pesquisas relacionadas às TTP para o emprego da VBTP M113-BR pela Cia

Fuz Bld em OAU no contexto de OAOG e demais estudos sobre operações em

ambiente urbano são de grande necessidade para o Exército Brasileiro, haja vista o

atual emprego da Força Terrestre nesse cenário. Cada vez mais, serão

desenvolvidas operações em que proteção blindada e ações de choque se tornarão

necessárias.

As OAU no contexto de OAOG estão sendo desencadeadas de acordo com a

evolução histórica dos acontecimentos do Brasil, em que as forças de segurança

pública se mostram insuficientes para assegurar a segurança da população. Isso

exige o emprego das Forças Armadas para garantir a lei e a ordem e constitui uma

realidade para a qual os militares devem estar preparados para atuar.

A competência do militar brasileiro, demonstrada durante as OAU no contexto

de OAOG, confere às Forças Armadas brasileiras um conceito positivo, que traz

como consequência a frequente utilização dos militares para solucionar o problema

da segurança pública. A tendência é que haja, de forma constante, tropas brasileiras

em todo o território nacional colaborando com a garantia da lei e da ordem,

operando nas principais cidades brasileiras, principalmente no Rio de Janeiro, onde

a insegurança atinge índices elevados.

Dessa forma, aumenta a importância do aperfeiçoamento constante dos

quadros das Forças Armadas e da atualização e modernização do material, como o

presente estudo sobre a VBTP M113-BR, tanto para buscar maior eficiência no

emprego, quanto para a adoção de TTP adequados ao ambiente urbano e às regras

de engajamento desse tipo de operação.

O objetivo principal do presente trabalho foi propor técnicas, táticas e

procedimentos para uma Cia Fuz Bld dotada de VBTP M113-BR operando em

ambiente urbano, em um contexto de OAOG. Assim, pode-se dizer que o objetivo

geral deste trabalho foi atingido, materializado pela produção do Apêndice “C”, bem

como todos os objetivos específicos.

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Os resultados obtidos neste estudo são significativos, claros e objetivos. A

pesquisa foi elaborada de maneira que as questões de estudo pudessem ser

respondidas durante sua realização. Sua análise permitiu visualizar oportunidades

de melhorias nas TTP e no adestramento da Cia Fuz Bld, principalmente por meio

dos questionários aplicados.

Com relação aos resultados, o estudo pode indiretamente contribuir para a

adequação da atual estrutura das instruções para a tropa blindada com a verdadeira

necessidade da tropa. Visa favorecer, em um contexto mais amplo, o aprimoramento

das técnicas, táticas e procedimentos a serem utilizados em futuras operações em

que uma SU blindada for empregada.

Os dados coletados por intermédio dos questionários e entrevistas com

militares que empregaram a VBTP M113-BR durante a Operação São Francisco,

profissionais experimentados e conhecedores dos assuntos em estudo,

evidenciaram aspectos práticos e objetivos no emprego da VBTP M113-BR pela SU

blindada, já apresentados e discutidos.

Pesquisando sobre as atuais instruções durante o Período de Adestramento

de Garantia da Lei e da Ordem, por meio da análise dos Programas-Padrão, durante

a aplicação de questionários e entrevistas, observa-se que não existe nenhuma

instrução prevista para o emprego da VBTP M113-BR em OAU no contexto de

OAOG. Desta feita, o estudo conclui que seria importante promover exercícios de

adestramentos para Cia Fuz Bld, amparados por documentação militar, visando à

preparação do combatente para emprego eficiente e seguro da viatura, já que em

virtude da situação atual do País tropas blindadas poderão ser acionadas para

serem empregadas a qualquer momento.

De pouco adianta a modernização da VBTP M113-BR se a mesma não puder

ser empregada pelos militares de forma otimizada. Assim, devem ser previstas

instruções para todos militares nesse cenário e sobretudo para os motoristas, que

são acostumados a conduzir a viatura em ambiente de campo e encontram

dificuldades na condução em áreas favelizadas, onde a direção da viatura é bem

mais complexa.

Pesquisando ainda sobre as ações realizadas pela Cia Fuz Bld nos 5º e 6º

contingentes da Força de Pacificação na Operação São Francisco, delimitação

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temporal deste estudo, verificou-se que, pela primeira vez, foram empregadas as

VBTP M113-BR pela tropa brasileira. Essas viaturas, recentemente modernizadas,

foram fundamentais para garantir a lei e a ordem no Complexo da Maré, no Rio de

Janeiro, no período em que as Forças Armadas estiveram presentes, devido a sua

manobrabilidade e proteção blindada.

Observa-se ainda que, no Exército Brasileiro, não existem manuais

específicos sobre as TTP para o emprego da VBTP M113-BR pela Cia Fuz Bld,

versando sobre as características, possibilidades e limitações da viatura.

Normalmente, as instruções são voltadas para situação de defesa externa e para

ambiente de área rural, e há necessidade de estabelecimento de TTP para o

ambiente urbano. Além disso, as fontes de consulta são de certa forma limitadas,

uma vez que não se encontra no Exército Brasileiro título que aborde TTP para a

utilização dessa plataforma blindada pela Cia Fuz Bld, em OAU no contexto de

OAOG.

As instruções ministradas para operar com a VBTP M113-BR são

fundamentais na preparação da tropa blindada para empregar a viatura em ambiente

urbano no contexto de OAOG, uma vez que poderão ocorrer confrontos com facções

criminosas fortemente armadas. É necessário o aprimoramento nas TTP para

utilização da viatura

Verifica-se a necessidade de aumentar as instruções para cabos motoristas

obterem mais habilidade para conduzir a viatura em ambiente favelizado, onde as

ruas são estreitas e de difícil direção. E ainda, deve haver instruções de quadros e

adestramentos voltados especificamente para o ambiente urbano, para oficiais e

sargentos dos BIB, já que nem sempre haverá preparação específica para esse tipo

de operação, como ocorre nos contingentes selecionados para as missões de paz

no Haiti, em que a tropa chega a ter seis meses de preparação.

Do presente trabalho, pode-se verificar que a pesquisa resolve o problema

proposto, pois foi constatado, através da análise dos resultados obtidos, que o

emprego da VBTP M113-BR influencia a adoção de TTP de uma Cia Fuz Bld em

OAU no contexto de OAOG, e que os programas-padrão atuais não contemplam

todos os conhecimentos necessários para realizar a preparação da SU blindada e

proporcionar o emprego mais eficiente da viatura.

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A bibliografia existente é escassa, não existindo muitas fontes de consulta

sobre o assunto. Entretanto, as experiências vividas pelos militares durante a

Operação São Francisco que empregaram diretamente a viatura proporcionaram

uma base suficiente para executar a pesquisa proposta. Os relatórios

confeccionados durante a operação e colaboração de militares especialistas em

operações com blindados enriqueceram o compêndio de dados coletados sobre o

assunto e corroboram os objetivos aqui propostos.

A metodologia escolhida para este trabalho foi suficiente, pois o objetivo

estabelecido foi plenamente alcançado. Por intermédio da análise e discussão dos

resultados, é possível assegurar que as possibilidades e limitações da VBTP M113-

BR, as condições do terreno físico e humano influenciam na adoção de TTP de uma

Cia Fuz Bld em OAU no contexto de OAOG. Na análise e discussão dos resultados,

foram apresentadas as TTP adotadas pela SU blindada durante a Operação São

Francisco.

É fundamental destacar a necessidade de realizar novas pesquisas

relacionadas ao assunto. Sugere-se que nos futuros trabalhos que tratem do

emprego da VBTP M113-BR em ambiente urbano aborde-se, como questão central,

seu emprego com a lagarta de borracha, haja vista que a mesma não foi empregada

em situações reais. O estudo de outras viaturas blindadas sobre lagartas de

menores dimensões que possam ser empregadas no ambiente proposto também

deve ser realizado. Além disso, sugere-se o estudo de instalação de ar

condicionado, câmeras de ré, do gerenciador do campo de batalha na VBTP M113-

BR e proteção blindada para o motorista e atirador da viatura, visando aumentar a

segurança, o conforto e a consciência situacional das frações.

Assim, como uma solução momentânea para minimizar os efeitos dessa

lacuna, e contribuindo para o desenvolvimento das ciências militares, foi elaborada

uma proposta de táticas, técnicas e procedimentos adequados para uma companhia

de fuzileiros blindada dotada da VBTP M113-BR nesse cenário, constante no

Apêndice “C” – “Proposta de Técnicas, Táticas e Procedimentos de uma Cia Fuz Bld

dotada da VBTP M113-BR em OAU no contexto de OAOG”. Foram elencadas,

ainda, oportunidades de melhoria para aperfeiçoamento da Doutrina Militar Terrestre

Brasileira. Sugere-se que este apêndice seja consultado por militares que servirem

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em OM blindada e participarem de operações sobre o referido assunto, servindo

como fonte de consulta.

Recomenda-se a realização de exercícios avaliados pelo Centro de Avaliação

e Adestramento do Exército (CAAdEx), com essa temática, a fim de se verificar a

eficiência e eficácia das TTP propostas no Apêndice C. E se for julgado adequado e

necessário, o presente trabalho poderá ser remetido ao Comando de Operações

Terrestres (COTER) como base para modificações nos programas-padrão e

melhoria das instruções da tropa blindada, e para o Centro de Instrução de

Blindados, servindo como subsídio para adequação da instrução vigente, visando ao

aprimoramento de recursos humanos e da doutrina militar.

De uma maneira geral, conclui-se que apesar da importância do emprego da

VBTP M113-BR, existem poucos dados sobre as TTP para seu emprego pela Cia

Fuz Bld, fruto da sua recente modernização. Essa viatura é dotada de características

que a torna totalmente apta para operar no cenário estudado, pois em ambiente

urbano há a necessidade de uma viatura que proporcione a proteção blindada, com

dimensões reduzidas e grande manobrabilidade, capacidade gerada por sua

possibilidade de realizar o pivoteamento. Além disso, seu novo motor e a aquisição

de novas tecnologias, como lagarta de borracha, o intercomunicador Sotas e o

equipamento rádio Falcom III, fazem dela uma viatura capaz de ser utilizada em

futuras OAU no contexto de OAOG.

Além disso, apesar da importância da tropa blindada, muitos militares nos

planejamentos insistem no emprego de viaturas motorizadas, não dando a devida

importância para a proteção blindada em OAU no contexto de OAOG. Ademais,

existe a mentalidade de que as viaturas sobre rodas possuem maior dirigibilidade em

ambientes urbanos confinados e estreitos, o que não corresponde à realidade, como

foi verificado durante a pesquisa. Sendo assim, torna-se necessário conhecer os

materiais de emprego militar disponíveis na Força Terrestre, a fim de serem

empregados de forma efetiva, dentro da lei e com flexibilidade.

Conclui-se que existe a necessidade de preenchimento desta lacuna

doutrinária (como empregar a Cia Fuz Bld dotada da VBTP M113-BR em ambiente

urbano no contexto de OAOG), considerada por especialistas do assunto como um

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tema de fundamental importância que tem sido pouco treinado e estudado no

Exército Brasileiro.

Por fim, pretende-se conscientizar as autoridades militares em todos os níveis

sobre a relevância do problema em questão, tendo em vista o aprimoramento do

preparo da Força Terrestre Brasileira para as operações em ambiente urbano.

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194

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO EM APOIO À PESQUISA DE CAMPO

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Mestrado em Ciências Militares

Sou o Cap Inf DANIEL HENRIQUE AGUILAR PEREIRA, da turma de

formação de 2006 da AMAN, mestrando em Ciências Militares, ora cursando a

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).

Estou realizando uma pesquisa para solucionar o seguinte problema: em que

medida as possibilidades e limitações da VBTP M113-BR influenciam a adoção de

técnicas táticas e procedimentos (TTP), de uma Companhia de Fuzileiros Blindada,

em Operações em Ambiente Urbano, no contexto de Operações de Apoio a Órgãos

Governamentais?

As Operações de Apoio a Órgãos Governamentais compreendem o apoio

prestado por elementos da F Ter, por meio da interação com outras agências,

definido em diploma legal, com a finalidade de conciliar interesses e coordenar

esforços para a consecução de objetivos ou propósitos convergentes com eficiência,

eficácia e efetividade e que atendam ao bem comum, evitando a duplicidade de

ações, dispersão de recursos e a divergência de soluções. No território nacional,

esse apoio é regulado por diretrizes baixadas em ato do Presidente da República.

Gostaria que o senhor contribuísse na elaboração do meu trabalho,

respondendo ao presente questionário. Suas informações são de grande

importância, e poderão servir de subsídios para o aprimoramento da Doutrina Militar

Terrestre do Exército Brasileiro.

Solicito que o senhor complemente suas respostas, evitando respostas

simples, sim ou não, justificando sempre que possível. As informações prestadas

nos questionários serão tratadas de maneira genérica no trabalho, sem expor

nomes.

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1) Posto ou Graduação (Atual)

( ) TC/Coronel

( ) Major

( ) Capitão

( ) Tenente

( ) Sargento

( ) Cabo

2) Quantas vezes o senhor executou ADESTRAMENTOS empregando a VBTP

M113 BR em ambiente urbano no contexto de OAOG, no nível Cia Fuz Bld?

Nenhuma

Uma vez

Duas vezes

Três vezes

Quatro vezes

Mais de quatro vezes

3) Quantas vezes o senhor executou MISSÕES REAIS com emprego da VBTP

M113 BR em ambiente urbano no contexto de OAOG, no nível Cia Fuz Bld?

Nenhuma

Uma vez

Duas vezes

Três vezes

Quatro vezes

Mais de quatro vezes

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4) Caso tenha realizado adestramentos ou missões reais em ambiente urbano, no

contexto de OAOG, com o emprego da VBTP M113-BR, o senhor considerou

eficiente o emprego dessa viatura pela Cia Fuz Bld?

( ) Sim

( ) Não

( ) Parcialmente

5) Durante operações em ambiente urbano, no contexto de OAOG, em quais

situações e formas de emprego a VBTP M113-BR poderá ser empregada pela Cia

Fuz Bld? Assinale todas as opções pertinentes.

( ) Patrulhamento ostensivo;

( ) Transporte de pessoal;

( ) Transporte de material;

( ) Transporte de elementos das forças policiais;

( ) Transporte de elementos das forças especiais;

( ) Estabelecimentos de check points/ static points;

( ) Plataforma para difusão de informações;

( ) Viatura alto-falante;

( ) Plataforma para o emprego da metralhadora MAG;

( ) Plataforma para tiro de caçador.

( ) Outro:

6) Na sua opinião, o emprego da VBTP M113-BR em ambiente urbano, no contexto

de OAOG, causa efeito de dissuasão sobre elementos da força adversa (F Adv)?

( ) Sim

( ) Não

( ) Parcialmente

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197

7) As operações em Ambiente Urbano no contexto de OAOG exigem algumas

adaptações na VBTP M113-BR. Em sua opinião, quais adaptações são necessárias

na viatura para seu emprego em operações em ambiente urbano no contexto de

OAOG? Assinale todas as opções pertinentes.

( ) Instalação de retrovisores e câmeras nos ângulos mortos para facilitar a direção

da viatura.

( ) Colocação de sacos de areia sobre o chassi para aumentar a proteção da

guarnição.

( ) Adaptação para empregar o Metralhadora MAG.

( ) Utilização de lagartas de borrachas para diminuição de dano no calçamento

urbano.

( ) Emprego do atirador com luneta ao invés do atirador da Metralhadora . 50.

( ) Emprego de plataforma no interior da Vtr para melhorar a observação e posição

de tiro dos militares.

( ) Outro:

8) A VBTP M113- BR é uma viatura sobre lagartas. Na sua opinião, esse tipo de

viatura blindada é apta para operar em ambiente urbano, no contexto de OAOG?

( ) Sim

( ) Não

( ) Parcialmente

9) Considerando a Operação São Francisco, os patrulhamentos empregando uma

VBTP M113-BR: em sua opinião qual seria o efetivo ideal de militares?

( ) Efetivo: 4 a 6 militares;

( ) Efetivo: 6 a 8 militares;

( ) Efetivo: 9 a 11 militares;

( ) Efetivo: Efetivo superior a 11 militares;

( ) Outro:

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10) Considerando a Operação São Francisco, durante os patrulhamentos do Grupo

de Combate empregando a VBTP M113-BR: em sua opinião, qual seria a duração

ideal das patrulhas?

( ) Duração: 2 horas

( ) Duração: 3 horas

( ) Duração: 4 horas

( ) Duração: superior a 4 horas

( ) Outro:

11) Considerando a Operação São Francisco durante o estabelecimento de check

points: na sua opinião qual seria o efetivo ideal de militares empregado?

( ) Efetivo: 4 a 6 militares;

( ) Efetivo: 6 a 8 militares;

( ) Efetivo: 9 a 11 militares;

( ) Efetivo: Efetivo superior a 11 militares;

( ) Outro:

12) Considerando a Operação São Francisco durante o estabelecimento de check

points por um Grupo de Combate realizando patrulhamento: na sua opinião, qual

seria o tempo de duração ideal para os check points ?

( ) Duração: 30 minutos

( ) Duração: 1 hora

( ) Duração: 2 horas

( ) Duração: superior a 2 horas

( ) Outro:

13) Considerando as missões e operações de que o senhor já participou, a

blindagem da viatura foi satisfatória para operar em ambiente urbano no contexto de

OAOG?

( ) Sim

( ) Não

( ) Parcialmente

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14) Os meios de comunicação disponíveis na VBTP M113-BR são eficientes para

comunicar-se internamente dentro da Cia Fuz Bld e com o Escalão superior, em

ambiente urbano no contexto de OAOG?

( ) Sim

( ) Não

( ) Parcialmente

15) Em complemento à pergunta anterior, marque quais equipamentos o senhor

empregou como meio de comunicação durante a Operação São Francisco? Assinale

todas as opções pertinentes.

( ) Rádio Falcon III

( ) Radio Motorola XTS

( ) Celular

( ) Aplicativos das redes sociais

( ) Sistema de Comando e Controle Pacificador

( ) Outro:

16) Na sua opinião, quais armamentos devem ser empregados pela Cia Fuz Bld

utilizando a VBTP M113-BR em ambiente urbano no contexto de OAOG? Assinale

todas opções pertinentes.

( ) Fuzil Para-Fal

( ) Fuzil I A2

( ) Pistola 9 mm

( ) Cl. 12 mm

( ) Metralhadora MAG

( ) Metralhadora .50

( ) Lançador de granada AM 600

( ) Granadas antidistúrbios

( ) Outro:

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17) Durante as operações em ambiente urbano no contexto de OAOG, como

elementos das Forças Auxiliares/Policiais e elementos Forças Especiais/Comandos

utilizaram a VBTP M113-BR em conjunto com Cia Fuz Bld? Assinale todas as

opções pertinentes.

( ) Transporte para região de difícil acesso

( ) Uso da proteção blindada para ações diretas

( ) Condução de APOP preso/ capturado

( ) Transporte de material

( ) Ações de investimento

( ) Operações de cerco

( ) Outro:

18) Durante as operações em ambiente urbano no contexto de OAOG, houve a

necessidade de empregar equipamentos de visão noturna durante a utilização da

VBTP M113-BR?

( ) Sim

( ) Não

19) Durante as operações em ambiente urbano no contexto de OAOG, houve dano

colateral causado pelo emprego da VBTP M113-BR pela Cia Fuz Bld? Se sim,

marque quais foram os danos colaterais. Assinale todas as opções pertinentes.

( ) Sim

( ) Não

( ) Colisão com veículos (carros/motos) de civis;

( ) Danos no calçamento urbano;

( ) Colisão com as moradias.

( ) Outro:

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20) Com relação ao emprego da VBTP M113-BR durante as operações em ambiente

urbano no contexto de OAOG, como foi realizada a manutenção da viatura pela Cia

Fuz Bld? Assinale as opções pertinentes.

( ) A manutenção era realizada pelos próprios motoristas da VBTP M113-BR;

( ) A manutenção era realizada pela seção de Manutenção do Blog que estava em

apoio direto;

( ) A manutenção era realizada por elementos do Pel Transporte da Cia C Ap.

( ) Outro:

21) Com relação à mobilidade em vias urbanas, como áreas favelizadas, a VBTP

M113-BR possui boa manobrabilidade?

( ) Sim

( ) Não

22) Ainda com relação à mobilidade em vias urbanas, como áreas favelizadas, qual

viatura blindada é mais adequada para operar em ambiente urbano no contexto de

OAOG?

( ) VBTP M113-BR

( ) VBTP- MR Guarani

( ) VBTP EE11 Urutu

( ) VBTP MOWAG Piranha III

23) Este espaço é reservado para que o Sr compartilhe suas experiências e

impressões que possam contribuir para a pesquisa. Sua contribuição será muito

importante para a conclusão do presente trabalho, que poderá ser um argumento

representativo para emprego da VTBP M113-BR em futuras OAU no contexto de

OAOG.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

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MUITO OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO!

As informações prestadas serão de fundamental importância para a

conclusão desta pesquisa.

Sua opinião e suas experiências profissionais poderão contribuir para o

desenvolvimento da doutrina militar terrestre do Exército Brasileiro.

Desde já, coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos ou

sugestões.

Agradeço desde já a atenção dispensada, colocando-me à disposição:

telefone (0xx21) 98123-9405, e e-mail: [email protected]

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203

APÊNDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Mestrado em Ciências Militares

Posto – Nome Completo OM

Sou o Cap Inf DANIEL HENRIQUE AGUILAR PEREIRA, da turma de

formação de 2006 da AMAN, mestrando em Ciências Militares, ora cursando a

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).

Estou realizando uma pesquisa para solucionar o seguinte problema: em que

medida as possibilidades e limitações da VBTP M113-BR influenciam a adoção de

técnicas táticas e procedimentos (TTP) de uma Companhia de Fuzileiros Blindada

em Operações em Ambiente Urbano, no contexto de Operações de Apoio a Órgãos

Governamentais?

Gostaria que o senhor contribuísse na elaboração do meu trabalho,

respondendo à presente entrevista. Suas informações são de grande importância e

poderão servir de subsídios para o aprimoramento da doutrina militar terrestre do

Exército Brasileiro.

As Operações de Apoio a Órgãos Governamentais compreendem o apoio

prestado por elementos da F Ter, por meio da interação com outras agências,

definido em diploma legal, com a finalidade de conciliar interesses e coordenar

esforços para a consecução de objetivos ou propósitos convergentes com eficiência,

eficácia e efetividade e que atendam ao bem comum, evitando a duplicidade de

ações, dispersão de recursos e a divergência de soluções. No território nacional,

esse apoio é regulado por diretrizes baixadas em ato do Presidente da República.

Em face do exposto, faço os seguintes questionamentos:

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1) Como o senhor avalia, quanto à relevância, o tema “emprego de blindados em

operações em ambiente urbano no contexto operações de apoio a órgãos

governamentais” nos dias de hoje?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2) O senhor acredita que a doutrina sobre utilização da VBTP M113-BR das

Organizações Militares de Infantaria Blindada, no tocante ao emprego em ambiente

urbano no contexto de operações de apoio a órgãos governamentais, precisa de

atualização? Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3) A organização militar do senhor já realizou missões reais ou adestramentos com a

VBTP M113-BR em operações em ambiente urbano no contexto de operações de

apoio a órgãos governamentais? Se sim, quais as formas de emprego do meio

blindado?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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4) O senhor acredita que a VBTP M113-BR está apta a realizar operações em

ambiente urbano no contexto operações de apoio a órgãos governamentais? Por

quais razões?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5) Quais as técnicas táticas e procedimentos (TTP) com a VBTP M113-BR que o

senhor julga mais importantes nas operações em ambiente urbano, no contexto de

operações de apoio a órgãos governamentais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6) Com relação às operações de apoio a órgãos governamentais, de que maneira a

VBTP M113-BR pode ser empregada?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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206

7) Na sua experiência com Exércitos de outros países (SFC), teve a oportunidade de

vivenciar ou acompanhar a preparação e o emprego de blindados em operações em

ambiente urbano? Quais foram as principais lições aprendidas?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

8) Com relação ainda à pergunta anterior. O Exército desse país dispõe tecnologias

no emprego de blindados em ambiente urbano que não são empregadas pelo

Exército Brasileiro? Caso positivo, quais são?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

9) As impressões que o senhor possua sobre o emprego da VBTP M113-BR em

operações em ambiente urbano, no contexto de operações de apoio a órgãos

governamentais, são importantes no desenvolvimento deste trabalho. Caso o senhor

deseje, utilize o espaço abaixo para exposição de comentários acerca do tema

apresentado, ou mesmo para relatar alguma experiência profissional pessoal que

tenha relação com o tema proposto.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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MUITO OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO!

As informações prestadas serão de fundamental importância para a

conclusão desta pesquisa.

Sua opinião e suas experiências profissionais poderão contribuir para o

desenvolvimento da Doutrina Militar Terrestre do Exército Brasileiro.

Desde já, coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos ou

sugestões (telefone→ (0xx21) 98123-9405, e e-mail: [email protected]).

Agradeço desde já a atenção dispensada,

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APÊNDICE C-

PROPOSTA DE TÉCNICAS, TÁTICAS E PROCEDIMENTOS PARA UMA CIA FUZ BLD DOTADA DA VBTP M113-BR EM OPERAÇÕES

EM AMBIENTE URBANO, NO CONTEXTO DE OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

PROPOSTA DE TÉCNICAS, TÁTICAS E PROCEDIMENTOS PARA UMA CIA FUZ BLD DOTADA DA VBTP M113-BR EM OPERAÇÕES

EM AMBIENTE URBANO, NO CONTEXTO DE OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS

2017

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PROPOSTA DE TÉCNICAS, TÁTICAS E PROCEDIMENTOS PARA UMA CIA FUZ BLD DOTADA DA VBTP M113-BR EM OPERAÇÕES

EM AMBIENTE URBANO, NO CONTEXTO DE OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS

NOTA

A presente proposta foi elaborada pelo Cap Inf DANIEL HENRIQUE

AGUILAR PEREIRA e é fruto da Dissertação de Mestrado desenvolvida na Escola

de Aperfeiçoamento de Oficias, sob o título: A COMPANHIA DE FUZILEIROS

BLINDADA DOTADA DE VIATURA BLINDADA DE TRANSPORTE DE PESSOAL

M113-BR EM OPERAÇÕES EM AMBIENTE URBANO NO CONTEXTO DE

OPERAÇÕES DE APOIO A ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS: UMA PROPOSTA DE

TÉCNICAS, TÁTICAS E PROCEDIMENTOS.

A presente proposta trata do emprego da Viatura de Transporte de Pessoal

M113-BR em operações em ambiente urbano, no contexto de operações de apoio a

órgãos governamentais.

Solicita-se aos usuários desta proposta a apresentação de sugestões que

tenham por objetivo aperfeiçoá-la, ou que se destinem à supressão de eventuais

incorreções

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1. Emprego da Metralhadora MAG 7,62 mm na torre da VBTP M113-BR

A VBTP M113-BR é dotada de uma metralhadora .50 M2 HB Browning. É um

armamento pesado, de calibre 12,7 mm, com alcance útil de 900m e de utilização de

2600 metros, utilizada como arma de ataque e defesa. É um armamento versátil,

sendo utilizado por vários exércitos no mundo como armamento coaxial ou

antiaéreo, equipando carros de combate (coaxial ou antiaérea), VBTP, Vtr,

aeronaves ou empregada em reparos terrestres para emprego terrestre ou

antiaéreo. Esta metralhadora é eficiente contra tropa de infantaria, veículos não

blindados ou blindados leves, embarcações, fortificações leves e aeronaves a baixa

altitude.

Face ao seu alto poder de penetração, é um armamento altamente letal, para

uso exclusivo em combate, não se adequando a OAU no contexto de OAOG. Nesse

contexto, é possível verificar a importância do estudo da adaptação de uma

metralhadora MAG 7,62 mm na torre da VBTP M-113 B/BR, pois possui um calibre

mais adequado para emprego em ações de menor intensidade, viabilizando o

emprego gradual da força, fundamento básico nesse tipo de operação. Cabe

ressaltar que mesmo este armamento deve ser utilizado segundo rigoroso

cumprimento das regras de engajamento, contra alvos claramente identificados e

avaliando os danos colaterais que possam advir de seu emprego, pois possui

elevada cadência de tiro e capacidade de penetração nas paredes das residências.

Assim, é viável a construção de um berço para Mtr MAG 7,62 mm na torre da

VBTP M113-BR, permitindo realizar o apoio de fogo da fração, com armamento de

mesmo calibre que o fuzil empregado pela tropa. Ressalta-se que, embora o M113

possua berço para Mtr .50 (orgânica do carro), não é possível o emprego de tal

armamento em OAU no contexto de OAOG.

De acordo com Brasil (2015e, p.15), existe um adaptador desenvolvido no

Parque Regional de Manutenção 5 (PqRMnt 5). Trata-se de uma alternativa

relativamente simples e de baixo custo, que permite a adaptação da Mtr 7.62 mm no

berço do reparo para Mtr .50 já existente na torre da VBTP M113-BR. Consiste em

um suporte metálico de duralumínio com orifícios para fixação no berço do reparo da

torre e orifícios para fixação da metralhadora MAG 7,62 mm.

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Possui baixo custo, uma vez que é confeccionado com os meios orgânicos de

usinagem do PqRMnt 5, sendo terceirizado apenas o processo de anodização, que

tem o custo de aproximadamente R$ 120,00 (cento e vinte reais) por peça. É um

sistema de rápida aplicação nas viaturas, não requerendo especialização do pessoal

envolvido na instalação.

FIGURA 30 - Adaptador para instalação da Metralhador MAG Fonte: Brasil (2015e)

2. Militar dotado de fuzil com luneta na torre da VBTP M113-BR

Dentre as particularidades de emprego dos blindados em ambiente urbano,

uma que afeta diretamente sua eficiência é a escolha correta do tipo de munição a

ser utilizada. No caso da VBTP M113-BR, seu armamento orgânico é a metralhadora

.50; entretanto, em OAU no contexto de OAOG, esse armamento geralmente não é

empregado, para não causar grandes danos colaterais e, em virtude das regras de

engajamento, para evitar uso desproporcional da força.

Dessa forma, é viável o emprego de militar dotado de fuzil com luneta na torre

da VBTP M113-BR, a fim de melhor aproveitar a referida posição, no tocante à

capacidade de observação e precisão no tiro. Ressalta-se que tal medida não

impede que a mencionada torre também seja mobiliada com arma coletiva,

aumentando, assim, o rol de capacidades nas operações em ambiente urbano.

3. Instalação de assoalhos no interior da VBTP M113-BR

É pertinente que seja colocado um assoalho, tipo pallet no piso interno da

VBTP M113-BR, com a finalidade de proporcionar ao atirador uma posição de tiro

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mais estável durante o deslocamento da patrulha, uma vez que a baixa estatura do

militar brasileiro dificulta a tomada de uma posição de tiro na viatura.

4. Transporte de escada para acesso a pontos dominantes

É viável que cada fração transporte na VBTP M113-BR uma escada dobrável

de alumínio de aproximadamente dois metros, para facilitar o acesso a pontos

dominantes (locais de comandamento) sobre as ações da tropa, permitindo assim a

observação e melhor consciência situacional para o comandante da fração.

5. Torre de proteção balística para o motorista da VBTP M113-BR

É viável a adaptação da torre de proteção balística para o motorista de VBTP

e para o atirador da metralhadora, tal qual o modelo usado no Urutu, garantindo a

condução da viatura com total aproveitamento e proteção, face às ameaças

apresentadas no ambiente urbano, uma vez que na maioria das vezes o motorista é

obrigado a conduzir a viatura desescotilhado. Na figura a seguir, é possível verificar

a cápsula de proteção instalada sobre a escotilha do motorista e da torre blindada

instalada na escotilha do atirador da MAG, na VBTP EE-11 Urutu utilizada no Haiti.

FIGURA 31 - Proteção balística para Motorista e para o atirador Fonte: Brasil (2015c)

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6. Emprego de retrovisores para auxiliar na condução da VBTP M113-BR

É indispensável a instalação de retrovisores para auxiliar na condução da

VBTP M113-BR. Trata-se de um item simples, de fácil aquisição e baixo custo, mas

que em muito auxiliaria na redução dos pontos cegos da VBTP. Na escolha do local

para instalação dos espelhos, cabe ressaltar que os mesmos devem servir quando o

cabo motorista estiver escotilhado, e também quando não estiver, e que a sua

posição, aliada ao seu tamanho, não deve criar pontos cegos à visão do terreno à

frente da VBTP. Na figura abaixo, é possível verificar a instalação de retrovisores de

moto na VBTP M113-BR.

FIGURA 32 – Instalação retrovisores de moto na VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

7. Substituição das lagartas metálicas por lagartas de borracha

Originalmente dotado de um sistema de lagartas do tipo trilho de aço,

composto por patins individuais de ferro, almofadas fixas e amovíveis, buchas e

pinos-guias, a VBTP M113-BR demonstrou ser adequada em muitos aspectos às

necessidades impostas em OAU no contexto de OAOG. Apresentou, contudo, como

já mencionado, problemas quanto aos níveis altos de ruídos, e sobretudo grande

danificação das ruas, meios-fios e acessos nas comunidades nas quais foram

empregadas.

Junto ao processo de modernização desta viatura, está sendo implementada

a aplicação da lagarta de borracha, que é fabricada pela empresa canadense Soucy-

Track. Tal sistema vem ao encontro das sugestões apresentadas no relatório da

Operação São Francisco. As lagartas de borracha do tipo Rubber Track Systems

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buscam aliar tecnologia, durabilidade e economia, aumentando a aceleração em

estradas pavimentadas e proporcionando a ausência da necessidade de

manutenção, além de outras características, como redução de peso, maior

durabilidade e menor trepidação, além de reduzir o dano colateral no calçamento

urbano. Assim, para futuras OAU no contexto de OAOG, aconselha-se substituir a

lagarta metálica pela lagarta de borracha.

FIGURA 33 - Lagarta de borracha instalada na VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c)

8. Utilização de sacos de areia sobre o chassi da VBTP M113-BR

É aconselhável colocar sacos de areia nas escotilhas, pois isso possibilita

maior proteção para os atiradores; além disso, permite um local de apoio para o

armamento proporcionando uma posição mais estável para a execução de algum

disparo, essas TTP são de fácil adoção e custo baixo. Na figura abaixo, verifica-se a

utilização de sacos de areia sobre o chassi da VBTP M113-BR.

FIGURA 34 – Destacamento de Forças Especiais empregando a VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

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9. Embarque da viatura em segurança

É interessante que, quando ocorrer o embarque ou desembarque, a rampa ou

porta dessa viatura esteja voltada para alguma parede ou anteparo, a fim de

possibilitar maior segurança no embarque. Isso evitará que, caso ocorra algum

disparo por parte de algum APOP na direção da viatura, a munição não entre nesse

veículo e cause baixas nos ocupantes que estão dentro do blindado.

10. Retirada da banda lateral de borracha da VBTP M113-BR

Esse procedimento visa ganhar espaço nas vielas estreitas e evitar danificar o

material. De fácil adoção a banda lateral pode ser removida e guardada para ser

empregada em atividades de campo.

FIGURA 35 – Banda de borracha lateral da VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

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FIGURA 36 – Viatura sem a banda de borracha lateral da VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

11. Emprego do fuzil Para-Fal de cano reduzido

É conveniente a utilização, pela tropa blindada, do fuzil Para-FAL de cano

reduzido, devido ao seu calibre 7,62 mm que possibilita poder de combate às

frações. Por suas dimensões, facilita o embarque e desembarque da VBTP M113-

BR, sendo possível rebater a coronha, ganhando espaço no interior da viatura

quando a tropa estiver embarcada. Na figura abaixo, pode-se verificar a diferença

entre as dimensões de um fuzil FAL e um Para-FAL de cano reduzido, que

proporciona maior mobilidade aos fuzileiros.

FIGURA 37 – Diferença entre um fuzil FAL e um Para-FAL cano reduzido Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

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12. Empregar o Pel Fuz Bld com 4 (quatro) grupos de combate

Assim como já foi empregado por alguns contingentes na missão de Paz do

Haiti, é interessante que o Pel Fuz Bld seja constituído por quatro GC e tenha

também quatro VBTP M113-BR, aumentando o poder de combate da fração e a

flexibilidade do Cmt Pel. Ao invés do grupo de apoio previsto no QCP, a ativação do

4º GC permite que seja empregado o princípio da massa e possibilita maior rodízio

entre as frações.

13. Realização de pistas com os motoristas em ambiente urbano

Com a finalidade de melhorar a condução dos cabos motoristas, é necessário

a realização de pistas de treinamento em ambiente urbano, com ênfase da manobra

de pivoteamento, uma vez que os motoristas são acostumados com a direção em

ambiente de campos de instrução em área rural. Estas TTP visam aproximar os

motoristas do cenário que será encontrado em OAU.

14. Emprego do Pel Fuz Bld em conjunto com a Vtr ¾ ton Marruá

É de grande valia cada Pel Fuz Bld receber uma Vtr Marruá ¾ ton em OAU no

contexto de OAOG. Tal procedimento é interessante pela necessidade de cada

fração valor Pel possuir uma viatura leve em condições de evacuar um ferido para

um hospital, um preso para a delegacia ou outros tipos de transportes que

necessitem maior velocidade. E ainda, para chegar a pontos fora da área de

operações em que não é conveniente a viatura blindada transitar, como um hospital.

Nesse sentido, o Cmt Pel deve designar um militar como chefe dessa viatura,

encarregado de realizar as ações citadas, permitindo que os GC Bld permaneçam

operando na Zona de Ação.

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FIGURA 38 – Viatura Marruá sendo empregada em conjunto com a VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

15. Patrulhamento misto com apoio mútuo

É conveniente a realização do patrulhamento ostensivo misto, com parte do

GC a pé e parte embarcada, cerca de dois ou três militares, com apoio mútuo de

aproximadamente 300 metros da viatura. Esse procedimento é interessante pela

necessidade de que se deixe pessoal observando a movimentação nas lajes e

apoiando pelo fogo a tropa que progride desembarcada a pé. Permite que se

estabeleçam elos com a população local e ao mesmo tempo oferece proteção a

tropa pé, que pode rapidamente utilizar a proteção blindada caso ocorra um

confronto com os APOP, devido à proximidade da viatura.

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FIGURA 39 - Realização de Patrulhamento misto com a VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c)

16. Plataforma blindada usada para disseminar o disque-informação

A VBTP M113-BR pode ser empregada para disseminar informações para a

população local, que poderá fazer denúncias do crime organizado da área de

operações. Normalmente a população tem receio de fazer denúncias, com medo das

facções criminosas. Dessa forma, a utilização do disque-informação é viável para

levantar dados para futuras operações, e a colocação de uma faixa na viatura

permitiria estabelecer ligações com a população. Assim como o disque-informação,

poderão ser passadas outras mensagens de interesse da Força Terrestre para os

habitantes da localidade. Na figura abaixo, é possível verificar o emprego da VBTP

M113-BR com essa finalidade.

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FIGURA 40 – VBTP sendo empregada como plataforma para difusão de informações à população Fonte: Brasil (2015c)

17. Emprego de armamento letal e armamento não letal

É conveniente para as frações que empregarem a VBTP M113-BR em OAU

no contexto de OAOG o uso de armamento letal, como pistolas 9 mm, fuzis 7,62mm

e 5,56 mm, e o emprego em conjunto de armamento não letal, como a espingarda

calibre 12 com munição de borracha, granadas antidistúrbios, spray de pimenta e

lançadores de granadas lacrimogêneas. Essas TTP visam atender as regras de

engajamento previstas nesse tipo de operação. Com relação ao fuzil, é viável nas

frações haver militares tanto com 5,56mm e indivíduos com o 7,62mm, haja vista

que durante a pesquisa foi verificado que o calibre 7,62 é temido pelas facções

criminosas presentes nesse cenário.

18. Instruções para Forças Policiais e o DOFEsp

As Forças Policiais, os militares do DOFEsp e outros militares que não

fizerem parte da Cia Fuz Bld deverão receber instruções da guarnição da VBTP

M113-BR, sobre as limitações e possibilidades dessa viatura no que tange à parte

de embarque e desembarque. Além disso, deverão ser padronizados os

procedimentos na parte de ocupação das escotilhas e torre, proporcionando, de

forma sistemática, a divisão da ocupação de cada militar na escotilha. Essas TTP

visam que todos os indivíduos tenham conhecimentos básicos para o emprego da

viatura.

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19. Uso de capacete com headset

É de grande valia para as frações que operam com a VBTP M113-BR o uso

de capacetes balísticos em conjunto com headset, visando otimizar as

comunicações internas da fração, com a tropa desembarcada e com o escalão

superior. Essas TTP visam proporcionar segurança à tropa blindada durante o

estabelecimento das comunicações. Na figura a seguir, é possível verificar um

exemplo de um militar empregando um modelo de capacete com uso do headset.

FIGURA 41 - Emprego de capacete balístico com headset Fonte: Brasil (2015c)

FIGURA 42 – Modelo de capacete balístico empregado pelo Destacamento de Forças Especiais Fonte: Brasil (2015c) Relatório da Força de Pacificação V

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20. Utilização do sistema de câmeras

É recomendável a instalação de um sistema de câmeras na VBTP M113-BR.

Com o motorista escotilhado, os ângulos mortos criados pelos periscópios M 17

podem ser atenuados através da instalação de câmeras de ré, que forneceriam

assistência nas manobras.

A utilização de câmeras na viatura visa diminuir a incidência de danos

colaterais à população, nos pequenos incidentes que acontecem em OAU no

contexto de OAOG, tendo em vista a redução do campo visual criada pelo periscópio

M 17 quando o motorista está escotilhado.

Além da função principal, as câmeras se prestariam, também, ao registro de

imagens das operações, servindo tanto aos levantamentos de inteligência quanto

para resguardar a tropa de acusações não verídicas. Na figura a seguir, é possível

verificar um protótipo em que foi instalada uma câmera de ré na VBTP M113-BR.

FIGURA 43 - Instalação de câmera de ré na VBTP M113-BR Fonte: Brasil (2015c)

21. Instalação de lâmina frontal para remoção de obstáculos

É recomendável a instalação de uma lâmina frontal para desobstrução de vias

urbanas em OAU no contexto de OAOG, uma vez que os APOP utilizam diversos

obstáculos para bloquear a passagem da tropa blindada. Na figura seguir, verifica-se

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a VBTP EE-11 Urutu utilizada no Haiti com a lâmina instalada à frente da VBTP.

Dessa maneira, sugere-se tal adaptação na VBTP M113-BR.

FIGURA 44 - Instalação de lâmina frontal para remoção de obstáculos Fonte: Brasil (2015C)