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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NO NÍVEL LATO SENSU DE APERFEIÇOAMENTO EM CONHECIMENTOS MILITARES Cap Vet REGINALDO WEIDMANN FERREIRA A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE GESTÃO EM SEGURANÇA DE ALIMENTOS NO 1° REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO Rio de Janeiro 2012

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NO NÍVEL LATO SENSU DE

APERFEIÇOAMENTO EM CONHECIMENTOS MILITARES

Cap Vet REGINALDO WEIDMANN FERREIRA

A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE GESTÃO EM SEGURANÇA DE ALIMENTOS NO 1° REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO

Rio de Janeiro 2012

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Cap Vet REGINALDO WEIDMANN FERREIRA

A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE GESTÃO EM SEGURANÇA DE ALIMENTOS NO 1° REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Aperfeiçoamento em Conhecimentos Militares.

Coorientador: Cap Art André Luiz Lessa Gravina

Rio de Janeiro 2012

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Cap Vet REGINALDO WEIDMANN FERREIRA

A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE GESTÃO EM SEGURANÇA DE ALIMENTOS NO 1° REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Aperfeiçoamento em Conhecimentos Militares.

Aprovado em: ______/________________/______

COMISSÃO DE AVALIAÇÃO

_________________________________________ Anderson das Chagas Pedro – Cap Art – Presidente Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército

__________________________________________

Anderson Adonis Faria da Cruz – Cap Cav – Membro Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército

_________________________________________ André Luiz Lessa Gravina – Cap Art – Membro

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos iniciais são ao nosso senhor Deus por permitir meu

nascimento e desenvolvimento com saúde, assim como presentear-me com a

capacidade de buscar o conhecimento. Sou grato também aos meus pais Sidney (in

memoriam) e Jorecy os quais me educaram e ampararam até meu amadurecimento.

Sou grato ao Ten Cel Carlos Magno Fernandes do Nascimento, Comandante do

1°RCMec, assim como ao Maj Renato Campos, S3 do Regimento pelo apoio

durante a realização do meu curso de aperfeiçoamento, ao Cap Gravina, meu

coorientador, pelas explicações, incentivo e acompanhamento do desempenho.

Agradeço a minha esposa, Roberta e meus filhos Tainá e Kelvin, pela

compreensão e paciência pelas minhas ausências.

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“Todas as atividades humanas são condicionadas pelo fato de que os homens vivem juntos, mas a ação é a única que não pode sequer imaginada fora da sociedade dos homens. A atividade do labor não requer a presença de outros, mas um ser que laborasse em completa solidão não seria humano e sim um animal laborans no sentido mais literal da expressão... só a ação é prerrogativa exclusiva do homem: nem um animal, nem um deus é capaz de ação e só a ação depende inteiramente da constante presença dos outros.” (Hannah Arent).

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 7

1.1 OBJETIVO.................................................................................................. 10

1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................... 11

2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................... 12

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO 1°RCMec ........................................................... 12

2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS, INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS.. 12

2.2.1 Aquisição................................................................................................... 12

2.2.2 Recebimento............................................................................................. 13

2.2.3 Fiscalização.............................................................................................. 14

2.2.4 Destino das Sobras e Resíduos.............................................................. 14

2.2.5 Equipamentos e Utensílios...................................................................... 15

2.2.6 Preparo e Consumo.................................................................................. 15

2.2.7 Matéria Prima............................................................................................ 16

2.2.8 Pessoal...................................................................................................... 17

2.2.9 Abastecimento de Água Potável............................................................. 18

2.2.10 Documentação e Registro....................................................................... 18

2.2.11 Programa de Controle de Pragas............................................................ 18

2.2.12 Edificação e Instalações.......................................................................... 19

2.2.13 Instalações Sanitárias............................................................................. 20

2.2.14 Higiene de instalações, utensílios e equipamentos.............................. 20

2.2.15 Higiene de víveres.................................................................................... 21

3 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................... 21

REFERÊNCIAS.......................................................................................... 30

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A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE GESTÃO EM SEGURANÇA DE ALIMENTOS NO 1° REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO

Reginaldo Weidmann Ferreira1 e André Luiz Lessa Gravina2

Resumo: O Primeiro Regimento de Cavalaria Mecanizado é uma organização militar que possui em suas dependências um serviço de aprovisionamento cuja atividade principal é a produção de refeições para o seu efetivo. Tendo em vista tal atividade estar relacionada à questão da segurança alimentar, torna-se imprescindível estabelecer por meio do seu Plano de Gestão em Segurança de Alimentos procedimentos que propiciem a conscientização da importância e responsabilidade em atingir a conformidade com a legislação em vigor, avaliar as adaptações e correções necessárias, significativos reais ou potenciais de suas atividades, os benefícios para a higidez e sanidade da tropa que possam resultar da melhoria das instalações, equipamentos e no desempenho do pessoal, bem como as consequências potenciais da inobservância dos procedimentos operacionais recomendados. Neste sentido, o presente estudo teve por objetivo integrar os conceitos básicos e a informação científica relevante e atualizada, a fim de fornecer subsídios para a melhor compreensão de como ocorre a quebra da segurança nos alimentos e de que maneira a gestão em segurança pode evitar a ocorrência de contaminações e suas consequências. Para tal, foi realizada uma pesquisa bibliográfica baseada em publicações de autores de reconhecida importância no meio acadêmico, assim como a legislação em vigor na área de segurança alimentar. PALAVRAS-CHAVE: Gestão em segurança de alimentos, Boas práticas, Aprovisionamento e Sanidade. Abstract: The First Mechanized Cavalry Regiment is a military organization that has on its premises a provisioning service whose main activity is the production of food for its effective. In view of such activity is related to the issue of food security, it is essential to establish through its Management Plan for Food Safety procedures that foster awareness of the importance and responsibility to achieve compliance with current legislation, assess necessary corrections and adjustments, significant actual or potential activities, the benefits to the healthiness and sanity troop that may result from the improvement of facilities, equipment and staff performance as well as the potential consequences of disregarding the recommended operating procedures. In this sense, the present study aimed to integrate the basic concepts and relevant scientific information and updated in order to provide information for better understanding of how the breakdown occurs in food safety and how management can safely avoid the occurrence contamination and its consequences. To this end, we performed a literature-based publications of authors of acknowledged importance in the academic as well as legislation in the area of food security. KEYWORDS: Management in food safety, Good Practices, Supply and Sanitation 1 Graduação em Medicina Veterinária – Universidade Federal de Santa Maria

2 Especialista em Operações Militares - Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

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1 INTRODUÇÃO

Desde a pré-história os seres humanos precisam se organizar para trabalhar

em grupo. Com o tempo, as relações humanas se modificaram, tecnologias foram

criadas e aprimoradas. Houve momentos de crises que provocaram mudanças,

novos posicionamentos religiosos, sociais, políticos, financeiros, econômicos. Nada

se compara, porém, ao ritmo acelerado das transformações de hoje em dia,

resultado das influências advindas da globalização. A necessidade de se organizar o

processo produtivo levou ao surgimento da administração, considerada como elo

das engrenagens estratégica e operacional de qualquer organização.

Tradicionalmente, a administração, no sentido de aprimorar os processos

internos de uma instituição, envolve quatro funções básicas: planejamento,

organização, direção e controle. Atualmente, o termo gestão tem se mostrado mais

amplo em relação ao termo administração, porque não só identifica os propósitos

gerenciais de planejar e organizar tarefas e atividades como também enfatiza os

propósitos de liderar e controlar pessoas que constituem a organização.

O início da inspeção higiênico-sanitária data de 1805 quando Napoleão

Bonaparte, então imperador da França, nomeou médicos veterinários da Escola de

Medicina Veterinária de Lyon (1761) para assegurar a qualidade dos alimentos que

supririam suas tropas. Os médicos veterinários deveriam apreender o alimento que

não se apresentasse em bom estado de conservação ou fosse impróprio para

consumo. Portanto, havia preocupação não apenas com a disponibilidade, mas

também com a qualidade dos alimentos.

Pesquisadores calculam que, por ano, de 1 a 100 milhões de indivíduos

contraem doenças (infecções e intoxicações) decorrentes de alimentos consumidos

e água. No Brasil, no período de 1999 a 2008, de acordo com a Secretaria de

Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, ocorreram 6062 surtos de doenças

transmitidas por alimentos responsáveis por 117.330 doentes e 64 óbitos.

De acordo com o Center for Disease Control and Prevention (CDC), dos

Estados Unidos, define-se como surto de doença transmitida por alimentos (DTA) o

episódio no qual duas ou mais pessoas apresentam sintomas clínicos semelhantes

depois de ingerirem alimentos de mesma origem. Dependendo da proporção de um

surto, podemos ter a ocorrência de epidemias (envolve um número elevado de

pessoas) e pandemias (epidemias em grandes proporções). Há a ocorrência de

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“caso de DTA” quando apenas um consumidor é afetado após a ingestão de um

alimento.

Para que ocorra o surto é necessário:

a) Contaminação - é a presença do microrganismo viável ou do agente químico

causador da doença, que pode ser transmitida por diversas fontes, tais como:

matérias-primas, manipuladores, insetos, roedores e ambiente. Na maioria dos

casos, para que aconteça uma DTA é necessário que ocorra multiplicação, seja da

carga inicial do agente (para que atinja a dose infectiva) ou da quantidade de toxina

ou do agente químico presente no alimento. No caso de DTA causadas por

contaminantes biológicos, a velocidade de multiplicação depende dos seguintes

fatores: das características do microrganismo e do alimento (pH do alimento e faixa

de pH ótima para a multiplicação do microrganismo) e da temperatura em que o

alimento se encontra, e o tempo (a faixa de 20 a 50ºC é a mais propícia para a

multiplicação acelerada de patogênicos e, por isso, deve ser evitada). Existem três

tipos de contaminação: Física - quando há a presença nos alimentos de partículas

estranhas e visíveis a olho nu; Química - quando há a presença de produtos

químicos indesejáveis nos alimentos; Biológica - quando há a presença de

microrganismos prejudiciais ou suas toxinas nos alimentos. A contaminação

biológica apresenta as maiores ameaças à segurança de alimentos, pois são muito

difíceis de serem detectadas.

b) Sobrevivência - com exceção dos esporulados, a maioria dos perigos biológicos

pode ser eliminada pelo processamento térmico ou pela higiene alimentar. Por isso,

só ocorrem se houver falhas nesses procedimentos. No caso dos perigos químicos,

se estes estiverem presentes em níveis acima dos aceitáveis não existe forma de

eliminá-los nos processos normais de preparo dos alimentos.

c) Ingestão do alimento - há variação na resistência dos consumidores em relação

aos diferentes agentes de DTA. As pessoas mais suscetíveis são crianças, idosos,

gestantes e doentes. O grande problema no desenvolvimento de surtos é que

geralmente não se observam mudanças no sabor, no odor e na textura dos

alimentos e, portanto, a ingestão, aparentemente inofensiva, acontece e provoca a

DTA. Após o período de incubação, que pode variar dependendo da resistência

individual e da quantidade de microrganismos ou toxinas ingeridas, começam a

aparecer os sintomas. Estes podem ter diferentes gradações, devido aos mesmos

fatores. Quando somente parte do alimento apresenta contagens elevadas (dose

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infectiva), os sintomas ocorrem apenas nos que ingerirem essas partes. São comuns

surtos que afetam de 20 a 50% dos comensais.

No âmbito das Organizações Militares (OM) existe o risco da ocorrência de

problemas relacionados com doenças causadas pela falta de segurança de

alimentos. Tendo em vista evitar tal problema o Ministério da Defesa criou a Portaria

854/SELOM.

A portaria n°854/SELOM de 4 de julho de 2005 aprova o Regulamento Técnico

de Boas Práticas em Segurança Alimentar nas Organizações Militares.

O Secretário de Logística, Mobilização, Ciência e Tecnologia do Ministério da

Defesa, de acordo com o inciso III do Art. 1º do Regimento Interno da Secretaria de

Logística, Mobilização, Ciência e Tecnologia (Anexo V), aprovado pela Portaria nº

1.037/MD, de 13 de novembro de 2003, resolve:

Art. 1º Aprovar, na forma dos Anexos I e II a esta Portaria, o Regulamento Técnico

de Boas Práticas em Segurança Alimentar nas Organizações Militares e a Lista de

Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Cozinhas Militares e Serviços de

Aprovisionamento.

Art. 2º A presente norma tem por finalidade instituir as orientações técnicas

referentes às Boas Práticas em Segurança Alimentar nas Organizações Militares

(OM).

Art. 3º A implementação das referidas medidas incluem a adoção dos preceitos

relativos à inocuidade de alimentos e a sistematização de ações voltadas à

segurança alimentar.

Parágrafo único. A presente diretriz faz face à necessidade do constante

aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área de alimentos, visando à

proteção da saúde do potencial humano das Organizações Militares, bem como à

necessidade de compatibilizar a legislação vigente no âmbito das Forças Armadas,

relativas às condições higiênico - sanitárias no processamento e preparo de

alimentos, com a legislação dos Órgãos de Vigilância Sanitária em vigor.

Art. 4º O instrumento de verificação e controle sugerido é a Lista de Verificação das

Boas Práticas de Fabricação em instalações militares destinadas a produção e a

manipulação de alimentos (Anexo II) adaptada da RDC 275, de 21 de outubro de

2002, podendo sofrer ajustes a depender das particularidades de cada OM.

A segurança de alimentos tem por objetivo principal assegurar que o consumo

de um alimento não cause prejuízo de nenhuma forma ao consumidor, a partir da

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aplicação de um conjunto de atividades que podem ser denominadas simplesmente

como boas práticas. O Sistema de Segurança Alimentar é um conjunto de processos

que envolvem as atividades referentes à alimentação do efetivo de uma

Organização Militar (OM). Toda e qualquer atividade que tenha relação com a

alimentação da Tropa está envolta por esse sistema.

O Serviço de Aprovisionamento (Aprov) do 1°RCMec apresenta limitações em

suas instalações e equipamentos, assim como o pessoal responsável pelo

fornecimento de alimentos para o seu efetivo necessita adequar-se ao que

prescreve a legislação.

Para que o Aprov tenha condições de atender ao que está previsto em lei é

fundamental a formulação de um Projeto de Gestão, pois assim serão conhecidas as

diretrizes a serem seguidas.

Além disso, as demais OM que enfrentam situação semelhante, poderão

utilizar-se desse projeto em proveito próprio, abrangendo desta forma o Exército em

sua totalidade no sentido de minimizar os problemas relacionados com a segurança

de alimentos.

1.1 OBJETIVO

Com o Plano de Gestão em Segurança de Alimentos (PGSA), a OM deve

estabelecer metas e procedimentos que propiciem aos seus militares a

conscientização acerca da importância e responsabilidade em atingir a conformidade

com a legislação vigente, avaliar as mudanças e adaptações reais ou potenciais de

suas atividades.

O presente estudo pretendeu adequar as atividades no Aprov do 1°RCMec

com a legislação atual visando a proteção da saúde do potencial humano da OM,

bem como a necessidade de compatibilizar a legislação vigente no âmbito das

Forças Armadas, relativas às condições higiênico - sanitárias no processamento e

preparo de alimentos, com a legislação dos Órgãos de Vigilância Sanitária em vigor.

Para atingir este objetivo foi produzido um documento (PGSA da OM) para o

planejamento das ações no Aprov do 1°RCMec, em conformidade com a legislação,

definindo as ações e as medidas necessárias para regular as atividades a serem

desenvolvidas no âmbito da segurança de alimentos visando o desdobramento em

objetivos e metas a serem alcançadas.

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A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram

formulados objetivos específicos, de forma a encadear logicamente o raciocínio

descritivo apresentado neste estudo.

a) Aquisição

b) Recebimento

c) Fiscalização

d) Destino das sobras e resíduos

e) Equipamentos e utensílios

f) Preparo e consumo

g) Matéria prima

h) Pessoal

i) Abastecimento de água potável

j) Documentação e registro

l) Programa de controle de pragas

m) Edificação e instalações

n) Instalações sanitárias

o) Higiene de instalações, utensílios e equipamentos

p) Higiene de víveres

1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O estudo foi realizado por meio de análise dos documentos institucionais

relativos á Segurança de Alimentos no Âmbito do Exército Brasileiro, levantando as

principais dificuldades encontradas, assim como encontrando as soluções tendo em

vista cumprir o que a legislação determina, com os recursos disponibilizados.

Quanto à natureza, o presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa do

tipo aplicada, por ter por objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática

dirigidos à solução de problemas específicos relacionados ao cumprimento das

normas relativas à segurança de alimentos e o bem estar para a tropa.

Valendo-se para tal do método indutivo como forma de viabilizar a tomada de

decisões acerca do alcance da investigação, das regras de explicação dos fatos e

da validade de suas generalizações.

Trata-se de estudo bibliográfico que, para sua consecução, teve por método a

leitura exploratória e seletiva do material de pesquisa bem como sua revisão

integrativa, contribuindo para o processo de síntese e análise dos resultados de

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vários estudos, de forma a consubstanciar um corpo de literatura atualizado e

compreensível.

O delineamento de pesquisa contemplou as fases de levantamento e seleção

da bibliografia; coleta dos dados da OM, crítica dos dados, leitura analítica,

fichamento das fontes e elaboração do PGSA.

2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Na sequência, será feita uma caracterização da OM, determinando quais

etapas compõe o processo que envolve o serviço de Aprovisionamento, a partir daí

serão estabelecidos os procedimentos operacionais para o gerenciamento efetivo de

cada atividade desenvolvida no setor relacionada com a segurança de alimentos,

dando cumprimento ao que prescreve as instruções contidas na Portaria

854/SELOM.

Logo, o PGSA do 1°RCMec envolverá as etapas de Caracterização do Aprov

da OM , onde será feito um levantamento das principais atividades, instalações e

equipamentos estabelecendo simultaneamente o que prescreve a legislação, em

seguida serão descritas as recomendações e correções julgadas pertinentes.

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO APROV DO 1°RCMec

O 1°RCMec possui um efetivo aproximado de 600 (seiscentos) militares, os

quais na sua maioria consomem diariamente as refeições oferecidas pelo Serviço de

Aprovisionamento do Regimento (café, almoço, jantar e ceia), para tal dispõe de um

quadro composto por 30 (trinta) militares distribuídos em suas instalações com as

missões de adquirir gêneros e materiais, receber, controlar a documentação,

confeccionar alimentação, servir, limpar os equipamentos e as instalações.

As instalações do Aprov são compostas por: depósito de gêneros, câmara

fria, cozinha, padaria, copa, sanitários, refeitório de cabos/soldados, refeitório de

subtenentes/sargentos e refeitório de oficiais.

2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS, INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

2.2.1 Aquisição

A aquisição de matérias-primas, ingredientes e embalagens deve ser

precedida pela criteriosa elaboração do certame licitatório. Após conhecer as

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necessidades e dispor de crédito ou de previsão de descentralização de crédito para

aquisição de gêneros, a OM inicia o seu processo licitatório com a requisição. A

requisição deve conter, entre outras informações, o resultado de pesquisa de preços

no mercado, a fim de servir como parâmetro para a licitação. O edital de pregão

eletrônico deve conter cláusulas exigindo que as empresas fornecedoras tenham a

qualidade agregada em seus produtos e estejam de acordo com a Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (ANVISA), assim como cláusulas sobre inadimplência e prazo

para entrega dos gêneros. Muitas queixas existem das OM em relação a problemas

com fornecedores. Trata-se de um processo sensível que, acima de tudo, tem que

estar bem balizado já na elaboração do edital licitatório, constando claramente tudo

o que se deseja nessa relação. Inclusive a previsão de sanções administrativas. A

quantidade total do artigo adquirido deve ser compatível com o efetivo alimentado.

De posse do efetivo, inicia-se o planejamento para que a alimentação segura, de

boa qualidade calórica e em quantidade suficiente chegue ao prato do militar

arranchado. Como os cálculos do valor da etapa devida ao militar levam em

consideração seu Posto ou Graduação, a planilha informativa dos efetivos precisa

ser elaborada discriminando cada um dos seguintes grupos: Oficiais, subtenentes,

sargentos, cabos e soldados.

2.2.2 Recebimento

Tão logo a viatura chegue na OM, esta deve ser encaminhada para o

depósito correspondente para que possa ser conferido o material conforme o

constante na Guia de Fornecimento (GF) ou da Nota Fiscal (NF). Os artigos deverão

ser recebidos em área protegida de chuva, sol e poeira. As temperaturas devem

estar adequadas e serem registradas no ato do recebimento, para congelados

deverão apresentar a temperatura de - 18ºC (com tolerância de até -12ºC); quando

resfriados a tolerância de temperatura para recebimento deverá ser de 6 a 10ºC ou

conforme especificação do fabricante, e para os produtos refrigerados é aceitável o

recebimento de até 6ºC com tolerância a 7ºC. Os gêneros do quantitativo de

subsistência (Recebido do Depósito de Subsistência - QS) e do quantitativo de

rancho (Adquirido pela própria OM - QR) devem ser recebidos pelo aprovisionador

ou pelo encarregado do depósito de gêneros durante o expediente da manhã. O

encarregado pelo recebimento deve ser militar treinado e capaz de avaliar se as

características de cada produto como cor, sabor, cheiro, aparência e textura estão

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adequadas, verificar as condições da rotulagem (clara e completa), da embalagem

(integridade e limpeza), as condições do entregador (uniformizado e limpo) e as do

veículo utilizado para o transporte. A conferência dos artigos deve ser feita volume

por volume, para os artigos do QS acompanhada da GF. Para os artigos do QR,

verificar as informações do rótulo de cada artigo (marca, tipo, peso e validade) e a

NF confrontada com a Nota de Empenho (NE). No caso da NE não conter a marca

do artigo, a NF também é confrontada com o Mapa de Homologação. A qualidade do

artigo perecível recebido do Fornecedor deve ser satisfatória.

2.2.3 Fiscalização

A fiscalização no Sv Aprov deve compreender ações voltadas para o rancho e

para o processo de aquisição, recebimento, estocagem, preparo, destinação do lixo

e resíduos de alimentos.

O fiscal da OM deve realizar pelo menos uma inspeção mensal inopinada no

Sv Aprov. As inspeções, quando realizadas, devem ser publicadas em Boletim

Interno (BI). O OD (Ordenador de Despesas) também deve realizar as Inspeções no

Sv Aprov. O Saldo da Conta “07” do SIAFI deve ser compatibilizado com o Saldo no

SISCOFIS. Não deve haver divergências no saldo dos estoques de gêneros dos

depósitos. A OM deve solicitar o cancelamento da Nota Fiscal (NF) e envio de outra

corrigida, quando a quantidade recebida é diferente da NF. Em caso de quebra de

estoque, a OM deve abrir um processo administrativo para apurar as causas e

responsabilidades.

2.2.4 Destino das sobras e resíduos

A OM deve adotar os procedimentos a seguir: Possuir uma escala de serviço

para o fiscal de sobras e resíduos do rancho. As sobras devem ser pesadas e

lançadas no Mapa de Gêneros. Os resíduos e restos devem ser pesados e lançados

no Livro de Partes do Oficial-de-Dia. O fiscal controla os registros dos restos e

resíduos de Rancho. A OM deve possuir contrato com prestador de serviço para

retirada dos restos e resíduos. Os recipientes devem ser tampados utilizando sacos

de lixo apropriados para os resíduos sólidos e de fácil higienização. Realizar a

retirada freqüente dos resíduos da área de processamento. As lixeiras na área de

preparação dotadas de tampa sem contato manual. O lixo não pode sair da área de

produção pelo mesmo local onde entram as matérias-primas. Na total

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impossibilidade de áreas distintas, devem ser determinados horários diferentes. O

depósito externo de lixo deve permanecer fechado, limpo, fora da área de produção,

em local adequado. O esgotamento sanitário deve ser ligado à rede pública e em

bom estado. As caixas de gordura e esgoto devem estar fora da área de

manipulação e em bom estado de funcionamento e conservação.

2.2.5 Equipamentos e utensílios

Os equipamentos devem estar em número adequado e em bom estado de

conservação. Os equipamentos de conservação dos alimentos (frios e quentes)

devem apresentar medidor de temperatura em bom estado de funcionamento e em

localização adequada. As câmaras frigoríficas devem ser constituídas de material

lavável, prateleiras em aço inox, portas com isolamento térmico, com dispositivo

para abertura interna e livre de ralo ou grelha. Os freezers não podem apresentar

acúmulo de gelo na parte interna e/ou externa. Os utensílios devem estar em bom

estado de conservação, ser de material não contaminante e de fácil higienização.

Deve ser realizada a limpeza adequada de todos os equipamentos e utensílios. Os

alimentos devem ser armazenados nos armários e prateleiras distantes dos produtos

de limpeza e higiene. Os utensílios, após higienização, devem ser armazenados em

locais limpos e protegidos. Os armários e prateleiras do depósito de alimentos

devem possuir proteção contra poeira e insetos. Somente utilizar produtos de

limpeza regularizados pelo Ministério da Saúde. Executar a higienização periódica

dos equipamentos, utensílios e instalações. Registrar a calibração preventiva dos

equipamentos e instrumentos (plano de manutenção dos equipamentos).

2.2.6 Preparo e consumo

As linhas de produção devem ser ordenadas, independentes e sem

cruzamento de fluxo. Deve ser controlado o acesso de visitantes na área de

produção. Os produtos de limpeza e desinfetantes identificados e armazenados de

forma a evitar a contaminação dos alimentos. Os locais de pré-preparo devem ser

isolados por barreira técnica ou física da área de preparo. Durante o preparo do

alimento, a manipulação adequada, e sem riscos de contaminação. Deve-se realizar

o controle e o registro da temperatura dos alimentos prontos. Os alimentos cozidos

mantidos à temperatura superior a 60° C por no máximo 6 horas ou abaixo de 60° C

por no máximo 1 hora. As sobras frias e quentes devem ser armazenadas e

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reutilizadas adequadamente com temperatura de reaproveitamento controlada. A

temperatura da água nos balcões térmicos para distribuição do alimento pronto deve

ser mantida entre 80º C e 90ºC. Durante a cocção, os alimentos devem atingir, no

mínimo, 74ºC em todas as partes. O descongelamento de carnes deve ser feito de

modo seguro e lentamente. Na distribuição do alimento deve ser garantida a sua

integridade e não contaminação. As preparações a base de ovos devem obedecer

aos critérios de segurança. Os hortifrutigranjeiros higienizados adequadamente. O

abastecimento de gás deve estar em bom estado de conservação e instalado em

área protegida e ventilada.

2.2.7 Matéria prima

No recebimento do alimento deve haver a informação que permita sua

rastreabilidade (lote, data de fabricação, validade e identificação da origem). Os

alimentos devem ser adquiridos de fornecedores autorizados, possuírem embalagem

íntegra, sem alteração, higiênicas, próprias ao alimento e rótulos adequados à

legislação vigente. Deve existir local adequado e separado, para o recolhimento dos

produtos que não atendam aos parâmetros de qualidade. Os alimentos devem ser

armazenados em local limpo, organizado, ventilado e protegidos de contaminação.

Deve ser praticado no controle na armazenagem dos alimentos o sistema PEPS

(primeiro que entra é o primeiro que sai) ou PVPS (primeiro que vence é o primeiro

que sai). A entrega dos gêneros deve ser feita em veículos apropriados, limpos e por

entregadores com boa apresentação. No armazenamento dos alimentos, estes

devem ser dispostos de forma organizada, e separados por grupos observando o

empilhamento máximo recomendado pelo fabricante para cada produto. No

congelamento, os alimentos são armazenados à temperatura de 0ºC (zero) ou

menos, na refrigeração, os alimentos são armazenados em temperatura de 0ºC a

10ºC, e no estoque a seco os alimentos são armazenados à temperatura ambiente,

segundo especificações no próprio produto e recomendações dos fabricantes

constantes na rotulagem. Alimentos ou recipientes com alimentos não devem ficar

em contato direto com o piso, e sim apoiados sobre estrados ou prateleiras das

estantes, devendo ser respeitado o espaçamento mínimo que garanta a circulação

de ar (10 cm). Quando houver necessidade de armazenar diferentes gêneros

alimentícios em um mesmo equipamento, os alimentos prontos para o consumo

devem estar dispostos nas prateleiras superiores; os semiprontos e/ou pré-

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preparados nas prateleiras do meio, e os produtos crus nas prateleiras inferiores,

separados entre si e dos demais produtos. Deve ser controlado o prazo de validade

dos artigos de subsistência. É importante proceder a uma avaliação das condições

operacionais dos estabelecimentos fornecedores de matérias-primas, produtos semi-

elaborados ou produtos prontos, através de visita técnica, como subsídio para a

qualificação e triagem dos fornecedores.

2.2.8 Pessoal

O Manipulador de Alimentos é qualquer pessoa do serviço de alimentação

que entra em contato direto ou indireto com o alimento. Os manipuladores de

alimentos devem utilizar equipamentos de proteção (toucas, luvas e máscaras)

adequadamente, uniformes de cor clara, em bom estado de conservação e de uso

exclusivo para a atividade. Possuir boa apresentação individual e asseio corporal.

Demonstrar bons hábitos de higiene durante a atividade. O número de

manipuladores deve ser adequado à atividade. A lavagem de mãos durante a

manipulação de alimentos deve ocorrer com freqüência. Deve haver cartazes de

orientação sobre a correta lavagem das mãos. Deve existir Responsável Técnico

(RT) habilitado para o exercício da função, designado para a atividade na OM e

publicado em BI. Compete ao Comandante de cada Organização Militar designar o

RT, militar da área de saúde ou profissional capacitado em Boas Práticas para

serviços de alimentação que trabalhe efetivamente no local, conheça e acompanhe

o processo de produção, devendo possuir conhecimentos sobre os seguintes

assuntos: contaminantes alimentares, doenças veiculadas por alimentos,

manipulação higiênica dos alimentos e boas práticas para poder avaliar e intervir nos

possíveis riscos de contaminação, assegurar uma vigilância e controle eficaz no seu

processamento. Todos os militares que trabalham diretamente com a produção

devem receber treinamento constante em relação à higiene e técnicas corretas de

manipulação com vistas a adotar as precauções necessárias para evitar a

contaminação. O programa de capacitação dos manipuladores em higiene deve ser

descrito, sendo determinado a carga horária, o conteúdo programático e a

freqüência de sua realização, mantendo em arquivos os registros da participação

nominal dos funcionários. Devem ser realizados os exames médicos periódicos

acompanhados das análises laboratoriais como: hemograma, coprocultura,

coproparasitológico e, outras análises de acordo com avaliação médica se julgadas

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necessárias. A periodicidade dos exames médico-laboratoriais deve ser anual, ou a

cada substituição de seus integrantes, podendo ser reduzida de acordo com a

necessidade. Quando apresentarem feridas, lesões, cortes nas mãos e braços, ou

gastroenterites agudas ou crônicas (diarréia ou disenteria), infecções pulmonares ou

faringites devem ser afastados para outras atividades, sem prejuízo de qualquer

natureza. Devem-se manter atualizados os registros dos resultados dos exames de

saúde de cada manipulador de alimentos, e publicar em Boletim Interno da OM.

2.2.9 Abastecimento de água potável

A água utilizada para o consumo direto ou no preparo dos alimentos deve ser

límpida, transparente, insípida e inodora e controlada independente das rotinas de

manipulação dos alimentos. É obrigatória a existência de reservatório de água. O

reservatório deve estar isento de rachaduras e sempre tampado, devendo ser limpo

e desinfetado nas seguintes situações: quando for instalado, a cada 6 (seis) meses e

na ocorrência de acidentes que possam contaminar a água (animais, sujeira,

enchentes). O abastecimento de água deve estar ligado à rede pública. Os exames

de potabilidade da água devem se registrados e publicados em BI. O gelo deve ser

produzido a partir da água potável. O encanamento do reservatório d’água deve ser

satisfatório e sem infiltrações.

2.2.10 Documentação e registro

Devem existir os seguintes documentos: Manual de Boas Práticas.

Procedimento Operacional Padronizado (POP) para o controle de saúde do

manipulador. POP para o controle de vetores e pragas. POP para o controle de

higienização das instalações, equipamentos e móveis. POP para o controle de

potabilidade da água de abastecimento.

2.2.11 Programa de controle de pragas

Os procedimentos de boas práticas devem ser capazes de prevenir ou

minimizar a presença de insetos e roedores. Sempre que possível, devem ser

tomadas as seguintes providências: fechamento automático de portas internas e

externas; uso de protetores de borracha para vedar frestas das portas internas e

externas; uso de telas milimétricas em janelas ou em outras aberturas; vedação de

buracos, rachaduras e aberturas; uso de ralos sifonados; correto armazenamento de

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matérias-primas e produtos acabados; tratamento adequado do lixo; ausência de

vegetação próxima às áreas industriais; pátios e estacionamentos sem acúmulo de

resíduos; recolhimento dos restos de alimentos e qualquer outro tipo de lixo em

recipientes adequados; manutenção de ralos domésticos limpos e desobstruídos e

tampas de bueiros firmemente fechadas. Empresas contratadas para realizar o

serviço devem ser licenciadas ou cadastradas na Vigilância Sanitária, e a

manipulação e a aplicação de produtos desinfetantes deve ser efetuada de modo a

garantir a segurança dos produtos, dos operadores, dos usuários do serviço e do

meio ambiente, só podendo ser utilizados produtos registrados no Ministério da

Saúde.

2.2.12 Edificação e instalações

A área de produção deve possuir um layout de fluxo ordenado e sem

cruzamento. A área externa livre de focos de insalubridade, objetos em desuso, lixo,

animais, água estagnada e outros focos de contaminação. O acesso deve ser direto,

independente e não comum a outros usos. A operação de carga e descarga

realizada em área apropriada e em local protegido. No local do recebimento de

gêneros deve existir uma área para triagem com pia para pré-lavagem e

higienização. No local do recebimento de gêneros deve existir ainda balança aferida.

A área interna livre de objetos em desuso ou estranhos e de animais. Lavatórios

limpos e exclusivos na área de produção em quantidade e posição adequada ao

fluxo de produção, dotados de sabonete liquido, anti-séptico, toalha de papel não

reciclado e coletor de papel acionado sem contato manual são exigidos. O sistema

de eliminação de efluente e água residual deve encontrar-se em bom estado de

funcionamento e atender a capacidade de produção. As instalações hidráulicas

devem apresentar-se sem infiltrações e vazamentos. A fiação elétrica em bom

estado de manutenção, o teto com acabamento liso, impermeável, lavável, de cor

clara e de fácil limpeza, em bom estado de conservação (livre de trincas,

rachaduras, umidade, bolor, descascamento). O piso deve encontrar-se em bom

estado de conservação, sem rachaduras, deve ser de material antiderrapante e de

fácil higienização, possuir declive, drenos, ralos sifonados e grelhas que permitam

seu fechamento. As aberturas para ventilação, portas e janelas teladas e protegidas.

As paredes e divisórias devem apresentar acabamento liso, impermeável, lavável,

em cor clara, de fácil higienização e estar em bom estado de conservação (livre de

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falhas, rachaduras, umidade, bolor e descascamento). As portas e janelas devem

possuir superfícies lisas, de fácil limpeza, ajustadas ao batente e encontrar-se em

bom estado de conservação (livre de falhas, rachaduras, umidade, bolor e

descascamento). As portas externas devem possuir fechamento automático (molas).

A iluminação natural/artificial deve ser adequada à atividade. As luminárias limpas,

protegidas contra quebras e em bom estado. A ventilação e circulação de ar capaz

de garantir o conforto térmico e o ambiente livre de contaminação (fungos, fumaça,

gases, condensação de vapor). Deve possuir sistema de exaustão higienizado, com

telas removíveis e com manutenção adequada.

2.2.13 Instalações sanitárias

As instalações sanitárias devem estar limpas, em bom estado de

conservação, ventiladas e sem comunicação direta com a sala de refeições ou área

de manipulação. Os vasos sanitários devem possuir tampas, os lavatórios em

número adequado e dotados de papel higiênico, sabão-líquido, anti-séptico, toalhas

de papel não reciclado. As lixeiras devem possuir tampas.

2.2.14 Higiene de instalações, utensílios e equipamentos

As bactérias se multiplicam em resíduos que permanecem nos utensílios,

equipamentos e no ambiente de trabalho, contaminando os alimentos ali produzidos,

portanto devem ser mantidos em condições higiênico-sanitárias apropriadas. A

remoção do lixo deve ser diária e quantas vezes se fizer necessário, em recipientes

apropriados devidamente tampados e ensacados. A área de preparação do alimento

deve ser higienizada quantas vezes forem necessárias e imediatamente após o

término do trabalho. Devem ser tomadas precauções para impedir a contaminação

dos alimentos por produtos saneantes, que devem ser identificados, guardados em

local separado dos alimentos e registrados no Ministério da Saúde. As operações de

higienização de instalações, equipamentos, móveis e utensílios devem ser

registrados e conter informação sobre: natureza da superfície higienizada; método

de higienização; princípio ativo selecionado e sua concentração; tempo de contato

dos agentes químicos e/ou físicos utilizados na operação; temperatura e outras

informações que se fizerem necessárias. Quanto à periodicidade de limpeza deve

ser adotada a seguinte conduta: limpeza diária - pisos, rodapés e ralos; limpeza

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quinzenal - área de estoque e estrados; limpeza mensal – luminárias, interruptores

tomadas e telas; limpeza semestral - reservatório de água.

2.2.15 Higiene de víveres

Na higienização dos hortifrutigranjeiros, a pré-lavagem deve ser feita em água

potável e em local apropriado, e a desinfecção por imersão em solução clorada,

(hipoclorito de sódio a 2,0 – 2,5% , hipoclorito de sódio a 1% e cloro orgânico, todos

na concentração de 100 a 250 ppm) por 15 a 30 minutos. O enxágüe deve ser

sempre com água potável. As frutas não manipuladas, as frutas cujas cascas não

são consumidas e os ovos inteiros não necessitam de desinfecção. Os ovos devem

ser estocados em local arejado, limpo e fresco e longe de fontes de calor, e aqueles

com a casca rachada devem ser descartados. Não devem ser oferecidos ovos crus

ou alimentos preparados onde os ovos permaneçam crus (cremes, molhos,

maionese). Os ovos devem ser cozidos por no mínimo 7 minutos após fervura e os

ovos fritos devem apresentar as gemas duras.

3 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Da mesma forma que a maioria das instituições civis que implementam um

PGSA, o foco está no cumprimento dos requisitos legais e a busca do equilibrio

entre a preservação da saúde dos consumidores e a manutenção das atividades no

serviço de alimentação. Uma vez que grande parte das refeições consumidas pelo

efetivo ocorre no rancho do 1°RCMec, são necessários planejamento e

implementação de estratégias para o acompanhamento contínuo e sistemático das

atividades no Aprov, e ainda, para a recuperação e conservação das instalações e

equipamentos, bem como auxílio das politicas voltadas ao aperfeiçoamento do

pessoal relacionadas com a segurança de alimentos.

Com o presente estudo foi possivel diagnosticar os principais problemas de

segurança de alimentos da OM e propor solucões para a mitigação e/ou eliminação

dos mesmos.

Podem ser destacados alguns aspectos positivos no 1°RCMec no que se

refere a gestão da segurança de alimentos, dentre eles a boa manutenção das

instalações e equipamentos do Aprov, o gereciamento adequado das atividades no

serviço visando manter a sanidade e a higiêne e consequentemente a minimização

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das contaminações dos alimentos.

Notam-se que as edificações cujos pisos são construídos com material liso,

resistente, impermeável, lavável, de cores claras, antiderrapante, resistente ao uso

de substâncias corrosivas e de fácil higienização apresentam-se em bom estado de

conservação, com inclinação suficiente em direção aos ralos para não permitir o

empoçamento de água. Os ralos em número e o tamanho suficientes para garantir a

vazão da água nos momentos de higienização do piso, sifonados e as grelhas

possuidoras de sistema de fechamento opcional. As Paredes de acabamento liso,

impermeável, lavável, de cor clara e em bom estado de conservação.

Vale destacar também o correto dimensionamento das áreas que mesmo com

um fluxo perfeito, as operações poderiam ser prejudicadas no caso de

dimensionamento inadequado. Todos os locais garantem espaço suficiente para

equipamentos e pessoal, de acordo com o tipo e o volume de produção. A

adequação da área de manipulação e preparo dos alimentos é possuidora de um

sistema de exaustão promovendo conforto térmico, a renovação do ar e,

consequentemente, a isenção de fungos, gases, fumaça, gordura e condensação de

vapores, o fluxo linear, evitando o cruzamento de atividades e a contaminação

cruzada, por exemplo, entre alimentos prontos para o consumo e alimentos em

processamento ou matérias-primas, o controle integrado de pragas (insetos e

roedores), a higienização dos reservatórios de água (caixas) realizados

periodicamente através da contratação de empresa devidamente autorizada pela

ANVISA, a desinfecção por cloração da água utilizada para higiene de instalações e

utensílios, a qual é potável, obtida de fonte adequada (poço artesiano) e submetida

a exames periodicamente. A água de consumo e utilizada na confecção dos

alimentos fornecida pelo serviço estadual (CORSAN). Assim como os militares

comprometidos com a preservação da higiene no ambiente de manipulação e a

existência de Responsável Técnico (Veterinária). Também, as Instalações sanitárias

conservadas e equipadas com vaso sanitário com tampa, pia e mictório, localizadas

a fim de não permitir ligação com as áreas de armazenamento e de produção de

alimentos.

Observam-se positivamente as áreas de lixo as quais são projetadas para a

manutenção do lixo até seu recolhimento por empresa especializada de forma

protegida, isto é, sem o risco de entrada e permanência de insetos, roedores ou

animais. O material de construção utilizado é liso e impermeável, facilitando as

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operações de higiene. As lixeiras são de material lavável, com tampas sem

acionamento manual (com pedal) e em bom estado de conservação, providas de

sacos plásticos adequados e resistentes. Fica evidente que o lixo é retirado das

áreas de manipulação sempre que necessário, de maneira que não seja veículo de

contaminação de alimentos. Ao recolhimento, os recipientes de lixo são

higienizados, no mínimo, diariamente.

Constatam-se ainda a ausência de focos de insalubridade, objetos em

desuso, animais, insetos e roedores. Assim como o cuidado em utilizar caixas

plásticas para transferência de mercadorias nas áreas de produção, contribuindo

dessa maneira para a prevenção da entrada de insetos e roedores que poderiam

ocorrer caso fossem caixas de madeira e papelão.

Atenção especial deve ser dada para a instalação de telas milimetradas (2

mm) nas aberturas (portas e janelas) as quais devem estar bem conservadas,

ajustadas aos batentes e removíveis para as operações de higiene, assim como as

portas providas de fechamento automático (molas) e vedação na parte inferior para

evitar o acesso de pragas.

Sugere-se que o vestiário seja reformado e equipado com chuveiro, armários

individuais para cada funcionário para recepção e guarda da roupa de passeio na

primeira fase e troca de uniforme na etapa seguinte, mantidos em bom estado de

conservação.

Com relação á destinação dos resíduos oriundos das atividades, recomenda-

se a viabilização de projetos de gerenciamento baseado na coleta seletiva,

reciclagem e compostagem, os quais irão proporcionar uma visibilidade sustentável

do local e adequação à legislação ambiental.

Vale lembrar da importância de áreas de higiene de materiais de limpeza: um

local exclusivo equipado com tanque ou similar deve ser utilizado para as operações

de higiene de panos, rodos, vassouras, baldes e demais utensílios utilizados na

higiene das instalações e equipamentos. Estes produtos de limpeza devem estar

devidamente identificados, evitando seu uso equivocado e armazenados em local

exclusivo afastado de qualquer tipo de alimento ou embalagem. E ainda são

necessárias áreas distintas para o armazenamento de produtos alimentícios,

descartáveis e de higiene, com número suficiente de estrados e prateleiras, para que

nada fique apoiado diretamente sobre o piso.

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Muitas são as situações que podem levar a uma contaminação química ou

física dos alimentos como, por exemplo, através do gotejamento de óleos

lubrificantes dos equipamentos, do vazamento de fluidos de refrigeração,

desprendimento de peças de utensílios ou equipamentos, e pelo contato com

resíduos de praguicidas ou agentes de sanificação.

A OM deve designar responsáveis pelo monitoramento dessas situações para

prevenir a contaminação dos alimentos produzidos. Um programa de manutenção

preventiva de equipamentos também é fundamental no controle deste tipo de

contaminação.

Com relação as luminárias da área de manipulação, sugere-se que devam

dispor de sistema contra explosão e quedas acidentais de lâmpadas (suportes),

evitando desta forma a contaminação física do alimento por cacos de vidro.

Planos de higienização devem ser estabelecidos e cumpridos, conforme

exemplos a seguir:

TABELA 1 - Plano de higienização das paredes do refeitório

Ambiente Freqüência Produtos Utilizados

Procedimentos Responsável

Paredes Semanal

Detergente neutro e Solução clorada

Esfregar c/ água e

detergente neutro com auxílio de escova

exclusiva. Enxaguar com água. Sanificar com solução

clorada. Deixar secar

naturalmente.

Auxiliar de serviços gerais

Fonte: Sistemas de Gestão de Segurança de Alimentos, SENAC (2012).

TABELA 2 - Plano de higienização da câmara fria

Equipamento Freqüência Produtos Utilizados

Procedimentos Responsável

Câmara Fria

Limpeza: detergente neutro Bracol

Ao iniciar o procedimento de higiene, a

Auxiliar de serviços gerais

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Logo após o esvaziamento total da câmara ou Mensal (caso não ocorra o esvaziamento no intervalo de um mês)

725 (5%) Desinfecção: hipoclorito de sódio (10%)

câmara deve estar totalmente evacuada. Limpeza: Varreduras, jateamentos com água sob pressão e detergência, Esta etapa tem por objetivo a remoção de resíduos orgânicos, aderidos nas superfícies do ambiente, nos pallets, pisos, carretilhas, ganchos e prateleiras. O detergente deve ser aplicado manualmente sobre a superfície após o pré-enxágue com auxílio de esponjas para remoção das sujidades, em seguida proceder o enxágüe. Desinfecção: Aplicação do desinfetante por pulverização com posterior enxágüe.

Fonte: Sistemas de Gestão de Segurança de Alimentos, SENAC (2012).

Pode parecer que os procedimentos de higiene pessoal são básicos e simples

de serem cumpridos, mas esta pode ser uma das tarefas mais difíceis de

implantação. Isto acontece porque lidamos com pessoas de costumes e hábitos

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diferentes e há muito enraizados. Os responsáveis pela implantação destes

procedimentos precisam se conscientizar de sua importância, e não aplicá-los

apenas como tarefa mecânica.

Quanto à anti-sepsia das mãos são necessários alguns cuidados. Em primeiro

lugar é imprescindível que haja pias exclusivas para a higiene das mãos dos

colaboradores, em número suficiente e em locais adequados, todas providas de

água fria e/ou quente, sabão líquido bactericida ou sabão líquido sem perfume e

solução sanificante, papel-toalha não reciclado, lixeira com tampa sem acionamento

manual e instruções visíveis. As mãos devem ser higienizadas sempre: antes de

manipular alimentos; na troca de qualquer tarefa; após o uso de instalações

sanitárias; após realização de tarefas de limpeza; após retirar ou mexer em lixo;

após fumar ou comer; após pegar em dinheiro; após espirrar, tossir, assoar o nariz

ou tocar qualquer parte do corpo. O procedimento para a correta higienização das

mãos está no esquema representado passo-a-passo na figura 2:

1. Molhe as mãos e antebraços.

2. Aplique o sabão líquido bactericida .

3. Ensaboar até a altura dos cotovelos.

4. Ensaboar entre as unhas e os dedos.

5. Enxaguar bem. 6. Secar as mãos com papel toalha.

FIGURA 2 – Maneira correta de lavar as mãos

Fonte: Sistemas de Gestão de Segurança de Alimentos, SENAC (2012).

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A saúde dos manipuladores de alimentos deve ser controlada pelo médico da

OM, sendo os resultados publicados em BI e, ao surgimento de sintomas como

febre, icterícia, diarréia, vômito, dor de garganta com febre, lesões visíveis na pele,

como furúnculo e cortes profundos, secreção nos olhos, ouvidos ou nariz, é

aconselhável o afastamento das tarefas de manipulação até alta médica.

É imprescindível que o Responsável Técnico (RT) cumpra a missão de

fiscalizar as instalações, atividades e orientar o pessoal estimulando a promoção da

educação em segurança alimentar por meio de palestras e treinamentos que devem

ser publicados em BI.

Um programa de treinamento de pessoal em “Boas Práticas e Controles

Operacionais” deve ser estabelecido e cumprido pelo RT. A periodicidade deve ser

estabelecida de acordo com as necessidades detectadas pela OM, e mantida de

maneira que todos os colaboradores passem pelo treinamento. Recomenda-se que

os novos manipuladores passem pelo treinamento antes do início de suas atividades

na produção. É importante fazer e guardar registros de treinamentos, empresas

especializadas terceirizadas também podem ser contratadas para esta função.

Aconselha-se também a aquisição de termômetros devidamente calibrados,

com a finalidade de monitorar a temperatura das cubas (linha de servir) a qual deve

ficar entre 80 e 90°C, os dados registrados em uma planilha para averiguação do

Responsável Técnico, assim como o termômetro “espeto” para avaliar a temperatura

no interior do alimento que deve durante a cocção, atingir, no mínimo, 74ºC em

todas as partes. Equipamentos como termômetros e balanças devem ser calibrados

apenas por empresas credenciadas pelo Instituto Nacional de Metrologia

Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), isto é, que pertencem à Rede

Brasileira de Calibração (RBC). A determinação da freqüência da calibração varia de

acordo com o tipo de equipamento, as recomendações do fabricante e a exatidão

pretendida nas medições, entre outros itens.

É de suma importância que o RT descreva os procedimentos de Boas

Práticas implementados em documento específico: o Manual de Boas Práticas.

Algumas Vigilâncias Sanitárias (VS) disponibilizam roteiros para a elaboração deste

Manual, como a VS do município do Rio de Janeiro, que estabelece o passo-a-

passo para a confecção do Manual para os estabelecimentos de serviços de

alimentação. O Manual deve refletir a realidade do serviço, isto é, o que o Aprov já

faz com relação aos procedimentos de Boas Práticas e não o que deveria fazer.

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Recomenda-se ainda a confecção de pelo menos os Procedimentos

Operacionais (POPs) obrigatórios por lei:

- Higienização de instalações, equipamentos e móveis;

- Controle integrado de vetores e pragas urbanas;

- Higienização do reservatório;

- Higiene e saúde dos manipuladores.

Modelo de POP:

Procedimento Operacional Padronizado para Prevenção da Contaminação Cruzada

Objetivos:

- Descrever os procedimentos, bem como o monitoramento, registro, verificação e

ações corretivas no caso de não conformidades, a fim de evitar a ocorrência da

contaminação cruzada.

Descrição dos Procedimentos:

- Atitudes: Anti-sepsia das mãos entre as tarefas de manipulação. Manutenção da

higiene no ambiente, nos equipamentos e utensílios. Armazenamento dos produtos

crus e cozidos separadamente. Não utilizar os mesmos utensílios (facas e placas de

corte) para cortar alimentos crus e prontos para o consumo, identificando-os para

facilitar a separação.

Monitoramento:

- A conduta e o comportamento dos manipuladores, a utilização dos equipamentos,

utensílios são monitorados através de check-list diário individual, aplicado pelo chefe

da cozinha, assim como a higiene do ambiente, equipamentos e utensílios. Também

é verificado o armazenamento em separado entre crus e cozidos.

Ação Corretiva:

- Correção das não-conformidades detectadas no momento do monitoramento

através de reunião com os manipuladores diretamente envolvidos.

Registro:

- Através do quadro com Check-list de monitoramento.

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Quadro 1 - Check-list de monitoramento

Fonte: O autor

Verificação:

- Observação visual dos check-lists aplicados, seus resultados e ações corretivas,

quinzenalmente pelo Responsável Técnico.

Com relação as atividades desenvolvidas pelo pessoal no Aprov do

1°RCMec, é importante que os militares das sub-unidades apoiadas desenvolvam o

hábito da consciência com relação a segurança alimentar, divulgando a importância

em praticar os bons hábitos de higiêne, por exemplo: adentrar no refeitório trajando

fardamento limpo, inclusive os calçados e lavar as mãos previamente.

Vale ressaltar ainda que no PGSA do 1°RCMec, por envolver muitas

atividades relacionadas a questão da segurança de alimentos, é imprescindivel o

estabelecimento de metas , com prazos bem definidos, visando objetivos a serem

alcançados operacionalmente por atividades específicas do Aprov, com

responsabilização definida, devendo ainda ser atualizado anualmente.

Por fim, deve-se continuar os esforços de estímulo das boas práticas de

gestão em segurança de alimentos da OM, com a finalidade de educar,capacitar e

facilitar a compreensão dos problemas existentes e propor soluções viáveis do ponto

de vista técnico, econômico e sanitário.

Dias da Semana Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom

Conduta e comportamento dos

manipuladores

Anti-sepsia das mãos

Higiene

Armazenamento

Utilização

Responsável pelo Registro

Arquivamento por seis meses na Secretaria do Aprov

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REFERÊNCIAS 1. FORSYTHE, STEPHEN J. Microbiologia da Segurança Alimentar. Armed. Porto Alegre. P. 424, 2002. 2. FRANCO, BERNADETE D. G. DO MELO & LANDGRAF, MARIZA. Microbiologia dos alimentos. P.182, Editora Atheneu, São Paulo, 1996. 3. GERMANO, P. M. L. Higiene e vigilância sanitária de alimentos. 4. Ed. Barueri: Manole, 2011. 4. MEZOMO, I. B. Os serviços de alimentação : planejamento e administração. Barueri : Manole, 2002. 5. PEREIRA, C. T. Segurança alimentar – aspectos higiênico-sanitários. 2006. Disponível em: <http://rebrae.com.br/artigo/aspectoshigienicos.pdf>. Acesso em 20 jun. 2012. 6. SILVA JUNIOR, ENEO ALVES da. Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Alimentos. Vol. 1, p. 397, Livraria Varela. São Paulo, 1999. 7. Portaria nº 854/SELOM , de 4 de julho de 2005. Aprova o regulamento técnico de boas práticas em segurança alimentar nas Organizações Militares. Regimento Interno da Secretaria de Logística, Mobilização, Ciência e Tecnologia, Brasília, DF, inciso III, Art. 1º. 8. Portaria nº 1.428/MS, de 26 de novembro de 1993. Aprova o Regulamento Técnico para Inspeção Sanitária de Alimentos - COD - 100 A 001.0001, as Diretrizes para o Estabelecimento de Boas Práticas de Produção e de Prestação de Serviços na Área de Alimentos - COD - 100 a 002.0001, e o Regulamento Técnico para o Estabelecimento de Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ´ s) para Serviços e produtos na Área de Alimentos - COD - 100 a 003.0001 e COD - 100 a 004.0001. 9. Portaria Secretaria de Vigilância Sanitária/MS nº 326, de 30 de julho de 1997. Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/ Industrializadores de Alimentos. 10. Portaria CVS 06/99, de 10/03/1999, Centro de Vigilância Sanitária. Regulamento Técnico para Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores de Alimentos; BRASIL. Portaria CVS 09/99, de 16/11/2000, Centro de Vigilância Sanitária - Normas Técnicas para Empresas Prestadoras de Serviços em Controle de Vetores e Pragas Urbanas. 11. Resolução - RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados Aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos.

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12. Portaria 2.535/03 - SMS.G. Regulamento Técnico para o Controle Higiênico-Sanitário em Empresas de Alimentos. 13. Resolução - RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviço de Alimentação.