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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA VERA LUCIA OBRZUT ARTRITE REUMATOIDE NO TRATAMENTO COM ACUPUNTURA São Paulo 2010

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  • ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA

    VERA LUCIA OBRZUT

    ARTRITE REUMATOIDE NO TRATAMENTO COM ACUPUNTURA

    São Paulo

    2010

  • VERA LUCIA OBRZUT

    ARTRITE REUMATOIDE NO TRATAMENTO COM ACUPUNTURA

    Trabalho apresentado a Escola Brasileira de Medicina Chinesa – EBRAMEC - como requisito parcial para a obtenção do título de Pós-graduação em Acupuntura. ORIENTADOR: Profª Luci Hayashi e CO-ORIENTADOR: Dr. Reginaldo Filho.

    São Paulo

    2010

  • AGRADECIMENTO

    Agradeço a todos que me apoiaram nesta jornada de conhecimentos

  • VERA LUCIA OBRZUT

    ARTRITE REUMATOIDE NO TRATAMENTO COM ACUPUNTURA

    Trabalho apresentado a Escola Brasileira de Medicina Chinesa como requisito parcial para a obtenção de título com Certificado de Conclusão de Curso de Pós-graduação em Acupuntura.

    ORIENTADOR: Profª Luci Hayashi

    CO ORIENTADOR: Dr Reginaldo Filho

    Curitiba, ___ de ________________ de ____.

    Banca Examinadora

    ____________________________________

    Professor

    ____________________________________

    Professor

  • RESUMO

    A artrite reumatóide é uma patologia inflamatória sistêmica crônica, com caráter auto-imune, a qual afeta as mais diversas articulações de uma forma simétrica e progressiva. Dentro do contexto da medicina ocidental, nas últimas décadas houve um progresso significativo na terapêutica dessa patologia, com o uso de agentes remissivos, porém a maioria com alta toxicidade conforme estudos científicos médicos. Nesse trabalho é demonstrado a acupuntura, terapêutica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, como tratamento para esta patologia, e que vem sendo cada vez mais procurado pelos pacientes, devido aos resultados

    satisfatórios, com alto potencial de benefícios sem efeitos colaterais.

    Palavras-chave: artrite reumatóide, acupuntura, Medicina Tradicional Chinesa,

    tratamento

  • Abstract

    Rheumatoid arthritis is a chronic systemic inflammatory disease with autoimmune, which affects many different joints in a symmetric and progressive. Within the context of western medicine in recent decades there has been significant progress in treating the disease with the use of agents remissive, but most with high toxicity as medical scientific studies. In this work we demonstrate acupuncture, therapeutic ancient traditional Chinese medicine as a treatment for this disease, which is being increasingly sought by patients, due to satisfactory results, with high potential benefits without side effects.

    Keywords: rheumatoid arthritis, acupuncture, traditional Chinese medicine,

    treatment

  • SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9

    2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................10

    2.1 ARTRITE REUMATOIDE (AR) ............................................................................10

    2.1.1 Variantes da Artrite Reumatóide ......................................................................10

    2.1.2 Morfologia na Artrite Reumatóide Inicial ..........................................................11

    2.1.2.1 Patogenia ......................................................................................................13

    2.1.2.2 Incidência ......................................................................................................14

    2.1.2.3 Diagnóstico ....................................................................................................15

    2.1.2.4 Tratamento ....................................................................................................16

    2.1.2.4.1Medicamentos.Utilizados.............................................................................16

    2.1.2.4.2 Cirurgia........................................................................................................18

    2.1.1.4.3 Outras Medidas não Medicamentosas........................................................18

    2.2 HISTORIA DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC) .............................19

    2.2.1 A teoria dos Canais e Colaterais (Jing Luo)......................................................20

    2.2.2 Teoria Yin e Yang .............................................................................................21

    2.2.3 As Cinco Substancias ......................................................................................22

    2.2.3.1 Jing – Essência .............................................................................................22

    2.2.3.2 Qi – Energia ..................................................................................................22

    2.2.3.3 Xue – Sangue ................................................................................................23

    2.2.3.4 Jin Ye - Líquidos Corpóreos ..........................................................................24

    2.2.3.5 Shen - Mente ou Espírito ...............................................................................25

    2.2.4 Os Cinco Elementos ........................................................................................25

    2.2.5 Métodos de Diagnóstico em MTC....................................................................26

    2.2.6 Contra-indicações da Acupuntura.....................................................................27

  • 2.3 ARTRITE REUMATOIDE NA ACUPUNTURA ....................................................27

    2.3.1 Etiologia ............................................................................................................29

    2.3.2 Sintomatologia ..................................................................................................31

    2.3.3 Diferenciação do Diagnóstico ...........................................................................31

    2.3.4 Métodos ............................................................................................................33

    2.3.4.1 Acupuntura Cutânea .....................................................................................33

    2.3.4.2 Acupuntura Auricular .....................................................................................33

    2.3.4.3 Ventosa .........................................................................................................34

    2.3.4.4 Aparelhos de Eletroestimulação....................................................................36

    2.3.5 Tratamento .......................................................................................................36

    2.3.5.1 Pontos Específicos do Qi e Sangue Deficientes ...........................................37

    2.3.5.2 Pontos Específicos de Desarmonias do Fígado (Gan) .................................37

    2.3.5.3 Pontos Específicos para Bloqueio (Síndrome Bi) .........................................38

    2.3.5.4 Pontos Específicos em Articulações Afetadas ..............................................39

    2.3.5.5 Pontos Específicos para os Tipos de Bloqueio ou Obstruções com Outras

    Prescrições ...............................................................................................................43

    2.3.6 Contra-indicações na Artrite Reumatóide ........................................................46

    2.3.7 Estudos Realizados de Acupuntura na Artrite Reumatóide ...........................46

    3 METODOLOGIA ....................................................................................................50

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................51

    5 CONSIDERACOES FINAIS ...................................................................................53

    REFERENCIAS .........................................................................................................54

    GLOSSARIO.........................................................................................................................58

  • 9

    1 INTRODUÇÃO

    A Artrite Reumatóide (AR) é uma doença inflamatória sistêmica crônica, com

    caráter auto-imune, a qual afeta as mais diversas articulações de uma forma

    simétrica, podendo ser acompanhada de um grau de comprometimento extra

    articular e funcional, além de diminuir a sobrevida e movimentos diários, sendo

    então, considerada uma doença de progressão rápida na fase inicial.

    Nas ultimas décadas houve um progresso significativo na terapêutica da AR

    com uso de agentes remissivos, porém, esses mesmos agentes não controlam a

    doença de maneira satisfatória, podendo gerar aumento de toxicidade, obrigando a

    suspensão dos mesmos. Sendo obrigatória a ressalva de que o impacto em longo

    prazo dessas novas terapias ainda é desconhecido, havendo a necessidade de

    tratamentos coadjuvantes menos tóxicos, com melhoras significativas aos pacientes.

    Desta forma é que entra o tratamento com Acupuntura, que é um dos

    componentes do sistema de saúde chinês utilizada há milênios, comprovando assim,

    a existência de rotas de energia que fluem pelo corpo, na qual a doença decorre do

    desequilíbrio ou bloqueio dessa energia.

    Nos últimos anos, mostrou-se grande aumento de pesquisas na tentativa de

    interpretar a Acupuntura e seus diagnósticos de melhora dentro dos conceitos

    científicos ocidentais. Ensaios clínicos têm demonstrado que essa terapia pode ser

    superior à medicina ocidental, com relação à prevenção e tratamento de diversas

    patologias. De acordo com essas informações, a Acupuntura mostra também ter um

    ótimo potencial de beneficio no tratamento da AR.

    Baseado nestas informações, o presente trabalho teve como objetivo realizar

    uma revisão sobre a Artrite Reumatóide e o tratamento com Acupuntura com base

    de dados SCIELO, MEDLINE, LILACS, utilizando artigos científicos, sites e livros

    nacionais e internacionais, compreendendo o período de 1973 a 2010, sendo que o

    cruzamento das principais palavras foi: artrite reumatóide, Acupuntura e Medicina

    Tradicional Chinesa (MTC).

  • 10

    2 REVISÃO DE LITERATURA

    2.1 ARTRITE REUMATOIDE (AR)

    A AR denominada também por doença reumatóide é uma patologia

    caracterizada por inflamação crônica e sistêmica com uma etiologia ainda, nos dias

    atuais, desconhecida. Sobretudo, dependendo do aspecto marcante da AR, a

    mesma pode ser progressiva e deformante, tendo como principais articulações

    comprometidas, as mãos e os pés. Independente desse fator pode haver

    comprometimento da pele, dos músculos voluntários, ossos, coração, vasos

    sanguíneos, pulmão e possivelmente de outros órgãos, sendo as alterações de

    deformidade e local de ação generalizada ou não (ROBBINS, S.; et. al. 1986).

    A patologia em questão é uma doença auto-imune sistêmica, conhecida por

    ser poliartrite periférica e simétrica, que acomete principalmente as articulações,

    sendo apenas uma manifestação de distúrbio sistêmico pela presença de auto-

    anticorpos circulantes, que seriam os "fatores reumatóides" os quais permitem,

    através desse padrão, se distinguir de outras doenças inflamatórias das articulações.

    No entanto, a maior incidência é ocorrer três vezes mais nas mulheres do que nos

    homens, nas quais a prevalência aumenta com a idade e que pode ocorrer

    associado a manifestações de rigidez matinal, fadiga e perda de peso (STEVENS,

    A.; et. al. 2002; BÉRTOLO, M.; et. al. 2009).

    Os eventos moleculares que levam ao início da doença reumatóide ainda

    permanecem desconhecidos, mas existe forte evidência que ocorre em indivíduos

    geneticamente predispostos. Já na população branca, essa predisposição genética

    parece estar associada à presença de antígenos de linfócitos humanos (HLA), mais

    especificamente as subclasses dos HLA-DR4(5,6) (TAVARES, L.; et. al., 2000).

    É considerável ressaltar que na maioria dos pacientes é limitado ao

    comprometimento articular e há alterações menores nos músculos e osso. Portanto,

    a AR em alguns casos, é acompanhada por nódulos cutâneos reumatóide; em

    outros, a doença é virtualmente confinada ao comprometimento da coluna vertebral

    ou pode também ser a doença acompanhada por esplenomegalia maciça,

    hiperesplenismo e úlceras cutâneas (ROBBINS, S.; et. al. 1986).

    2.1.1 Variantes da Artrite Reumatóide

    Existem outras formas clínicas de AR, uma delas é encontrada nos jovens,

  • 11

    conhecida atualmente por Artrite Idiopática Juvenil (AIJ), sendo uma artrite-sinovite

    muito próxima a AR. Nesse caso os aspectos clínicos podem ser por presença de

    psoríase, colite ulcerativa, enterite regional e doença de Whipple. Essa forma de

    artrite pode também estar acompanhada a condições de origem imunológica como o

    lúpus sistêmico eritematoso, esclerodermia, síndrome de Sjogren, doença do soro e

    moléstia reumática, comprometendo as articulações. Esses pacientes possuem

    menos de 16 anos, onde é possível encontrar mais vezes, casos em crianças entre

    um e três anos de idade e concentração maior em meninas. Porém, é marcada

    inicialmente por estado agudo febril semanas ou meses antes das manifestações

    articulares surgirem, e frequentemente ocorre nos joelhos e tornozelos. Mas essa

    doença é muito imprevisível, pois pacientes com alguma articulação comprometida

    pode não desenvolver artrite persistente e incapacitante, onde depois de ataque

    agudo logo se recuperam sem alterações de articulações comprometidas

    (ROBBINS, S.; et. al. 1986; SILVA, C.; et. al., 2004).

    Outra variante da AR, menos frequente, é conhecida como a síndrome de

    Felty, que consiste na esplenomegalia, manifestações de hiperesplenismo - como

    leucopenia - ulcera na perna, infecções secundárias e artrite reumatóide poliarticular,

    podendo elas, serem dominada por alterações hematológicas (ROBBINS, S.; et. al.

    1986; TAVARES, L.; et. al., 2000).

    E também conhecida como AR, a espondilite anquilosante localizada na

    coluna, é mais uma variante da AR, na qual, as articulações sacroilíacas estão

    sempre comprometidas, enquanto quadril e ombros possuem pouco

    comprometimento. Essa é uma doença mais característica de homens jovens com

    etiologia desconhecida, porém, há forte influencia hereditária. As alterações

    articulares são indistinguíveis, e como consequência, possuem os pacientes,

    mobilidade da coluna com casos severos de corpos vertebrais mobilizados.

    Considerando esse fator, há como resultado, uma acentuada cifose dorsal com

    postura característica e acentuada incapacitante, podendo haver maior limitação

    pelo comprometimento do quadril e ombros (ROBBINS, S.; et. al. 1986).

    2.1.2 Morfologia da Artrite Reumatóide Inicial

    Na realidade ainda não há uma definição consensual para a AR inicial, pois

    na maioria das vezes, segundo relato de vários autores, é valorizada a duração dos

    sintomas, sendo que o mais frequente mencionado, é o período que varia de menos

  • 12

    de três meses a um ano. Mas a base é considerar a presença de sinovite persistente

    que afete pelo menos três articulações, ou haver dores à compressão nas

    metacarpofalangeanas ou metatarsofalangeanas. E tão logo, os pacientes com

    sintomas, devem ser avaliados por médico experiente (BÉRTOLO, M.; et. al. 2009).

    A AR tem tendência a dar inicio nas pequenas articulações das mãos e pés,

    particularmente nas interfalangeanas, e posteriormente pode-se afetar os punhos,

    tornozelos e joelhos; algumas vezes a coluna cervical pode ser comprometida e,

    outras vezes, pode haver alteração também na articulação temporomandibular,

    dificultando a mastigação, sendo então, o comprometimento articular simétrico

    (ROBBINS, S.; et. al. 1986).

    Biópsias demonstraram que em fase inicial da doença, há uma inflamação

    aguda edematosa inespecífica com acentuada infiltração da sinovial por neutrófilos,

    linfócitos e mais ocasionais, os plasmócitos, podendo surgir alterações

    características sob a forma de uma sinovite difusa proliferativa. Deste modo, a

    membrana sinovial é substituída por um tecido inflamatório altamente vascularizado,

    onde muitas vezes forma massas poliplóides, infiltrado por linfócitos, macrófagos e

    plasmócitos gerando o pannus, conhecido também, por infiltração inflamatória.

    Sobretudo, o processo inflamatório se estende à cápsula articular e aos ligamentos

    de apoio, enfraquecendo e contribuindo para a disfunção articular onde o movimento

    articular pode romper o pannus mais elevado, levando ao sangramento com

    coágulos de fibrina e formação de tecido de granulação que acabam preenchendo o

    espaço articular. Já nos estágios finais, pode ocorrer presença de aderência fibrosa,

    óssea ocasionando união das superfícies articulares opostas (ROBBINS, S.; et. al.

    1986).

    De acordo com um artigo de revisão, os indivíduos predispostos são expostos

    a um eventual agente desencadeante que pode ser reconhecido por um complexo

    formado por uma célula apresentadora de antígeno (agente desencadeante

    desconhecido), geralmente um macrófago, através de suas moléculas do complexo

    de histocompatibilidade e por um linfócito, ambos de classe específica. Então, logo é

    desencadeado um complexo de processo inflamatório no sítio primário da doença

    que é a membrana sinovial, a qual se torna inflamada e proliferada, formando o

    pannus, ou seja, a proliferação de tecido sinovial, o qual invade o osso, a cartilagem

    e os ligamentos, levando ao dano e deformidade articular característicos da doença

    (TAVARES, L.; et. al., 2000).

  • 13

    2.1.2.1 Patogenia

    Através de um estudo realizado pelo artigo Associação entre Doença

    Periodontal e Patologias Sistêmicas, a AR apresenta um caráter progressivo que

    pode ser diagnosticada em três formas diferentes da doença: AR auto- limitada, que

    não progride e não causa lesões significativas; a AR facilmente controlável onde a

    patologia estabelecida é corretamente detectada, porem, a abordagem terapêutica

    inicial com recursos medicamentosos de anti-inflamatórios não esteróides permite

    que se evite a progressão; e a AR progressiva, na qual sua patologia consiste em

    caráter bastante progressivo e evolutivo, com considerável desafio para qualquer

    abordagem terapêutica porque, na maioria das vezes, é quase um fracasso

    (ALMEIDA, R.; et. al., 2006).

    A causa real ainda permanece desconhecida, porém, a circulação e as

    articulações de quase todos os pacientes com AR têm anticorpos denominados de

    fator reumatóide contra um determinado fragmento conhecidos como auto-

    anticorpos, sendo eles heterogêneos (ROBBINS, S.; et. al., 1986).

    De acordo com outros autores, a patologia da AR possui três alterações

    importantes, onde a primeira é a sinovite reumatóide, na qual a sinóvia apresenta

    edema e padrão viloso, havendo no estroma sinovial o aumento de células

    inflamatórias crônicas - principalmente nos linfócitos e plasmócitos. Depois, com o

    tempo, ocorre a destruição da cartilagem articular sendo que o tecido de granulação

    cresce através da superfície cartilaginosa, o pannus, apresentando assim, perda de

    cartilagem abaixo do pannus em extensão, sendo mais marcante nas bordas das

    articulações. E por fim, como terceira alteração, o pannus inflamatório produz a

    destruição óssea que nas margens da articulação vai estabelecer a destruição óssea

    osteolítica, sendo então, associado às deformidades (STEVENS, A.; et. al., 2002).

    O reconhecimento do agente desencadeante pelo complexo de

    histocompatibilidade e pelo linfócito, procede à ativação de macrófagos, de linfócitos,

    de moléculas de adesão e de moléculas associadas à função dos linfócitos, além de

    um grupo de mediadores inflamatórios, incluindo também as interleucinas, os fatores

    de necrose tumoral, os fatores de crescimento de fibroblastos, os fatores de

    crescimento derivados de plaquetas, os peptídeos estimuladores de monócitos e

    neutrófilos, o fator estimulador de colônias granulócito-macrófago, as

    prostaglandinas e o óxido nítrico, os quais, em conjunto, promovem um processo

  • 14

    inflamatório complexo resultando em proliferação celular, angiogênese e apoptose,

    que seria a morte celular programada responsável pela destruição celular

    (TAVARES, L.; et. al., 2000).

    Mas, na medida em que os eventos inflamatórios acontecem, os sinais e

    sintomas clínicos vão surgindo, onde, inicialmente, na fase de apresentação do

    antígeno desconhecido ao linfócito nenhuma manifestação é encontrada. Porém,

    com o início da resposta inflamatória, há a proliferação das células linfocitárias,

    liberação de citosinas, proliferação sinovial e angiogênese, sendo elas as

    responsáveis por perpetuação do processo inflamatório através da facilitação da

    chegada das células e mediadores inflamatórios. Nessa fase, a dor articular, o

    edema e a rigidez matinal são os sintomas principais, e pode se dizer que

    tardiamente, há evidente invasão do pannus no osso subcondral, erosão óssea e

    distorção da arquitetura articular, na qual, os sintomas incluem dor, edema,

    instabilidade e deformidades articulares, além de complicações extra-articulares

    (TAVARES, L.; et. al., 2000).

    2.1.2.2 Incidência

    A AR é uma alteração muito comum entre adultos, afetando de 0,5 a 3,8%

    das mulheres, e em três vezes menor, a incidência ocorre nos homens, de 0,15 a

    1,3%, porém esses dados variaram de acordo com critérios de diagnostico utilizado.

    Desses números, pode ocorrer em 70% nos idosos, principalmente em pacientes de

    terceira a sétima década de vida. E, do ponto de vista estatístico, existe um declínio

    a pré disposição genética sob a forma de agregações familiares, porém, ainda sem

    definição identificada dos padrões de herança (ROBBINS, S.; et. al. 1986).

    Em outra referência, autores discordam com relação às idades dos pacientes,

    na qual informam que a manifestação situa-se entre os 35 e 45 anos de idade com

    alterações patológicas importantes que seriam derivadas da sinovite reumatóide, da

    destruição da cartilagem articular e da destruição óssea focal (STEVENS, A.; et. al.

    2002).

    Porém, de acordo com Celmo Celeno Porto a patologia acomete 2 a 3% da

    população ocorrendo com mais frequência em adultos jovens, dos 20 aos 40 anos,

    com um nítido predomínio feminino em 70% dos casos (PORTO, C. 2005).

  • 15

    2.1.2.3 Diagnóstico

    De acordo com estudos, o diagnóstico depende da associação de uma série

    de sintomas e sinais clínicos, com achados laboratoriais e radiográficos (BÉRTOLO,

    M.; et. al. 2009).

    Sobre esse ponto de vista, a orientação para o diagnóstico da AR, é basear-

    se nos critérios de classificação do Colégio Americano de Reumatologia (ACR):

    1. Rigidez matinal: rigidez articular durando pelo menos uma hora;

    2. Artrite de três ou mais áreas: pelo menos três áreas articulares com edema

    de partes moles ou derrame articular, observado pelo médico;

    3. Artrite de articulações das mãos (punho, interfalangeanas proximais e

    metacarpofalangeanas);

    4. Artrite simétrica;

    5. Nódulo reumatóide;

    6. Fator reumatóide (FR) sérico;

    7. Alterações radiográficas: erosões ou descalcificações localizadas em

    radiografias de mãos e punhos.

    Sendo assim, os critérios de um a quatro devem ser presentes no paciente

    por pelo menos três semanas. E, as orientações para classificação do diagnostico

    de AR é de que quatro a sete dos critérios citados acima estejam presentes. Porém,

    é valido ressaltar que pacientes com até três critérios, são totalmente excluídos da

    possibilidade de um futuro desenvolvimento da doença, portanto, não são

    considerados como portadores de AR (BÉRTOLO, M.; et. al. 2009).

    No entanto, não há exames específicos para diagnosticar a AR, embora, o

    Fator Reumatóide seja encontrado em 80% dos adultos afetados, as pessoas sadias

    também podem apresentar normalmente FR sérico, sem desenvolver a doença.

    Esse FR pode aparecer inclusive em pacientes que apresentam outras doenças

    como o lúpus erimatoso sistêmico, mononucleose, síndrome de Sjögren entre outras

    (RODRIGUES, C.; et. al., 2006).

    Há estudos onde afirma-se que parâmetros laboratoriais encontram-se

    alterados, como o hematócrito diminuído, velocidade de hemossedimentação e

    proteína C reativa elevada, porém, mesmo que essas alterações não sejam

    especificas para a AR, auxiliam o clínico ao diagnostico laboratorial de lesão tissular

    (RODRIGUES, C.; et. al., 2006).

    Portanto, apesar de evidência progressiva de que o tratamento precoce da

  • 16

    AR leva a um melhor controle de doença e menor injúria articular, os critérios da

    ACR confiam fortemente na expressão dos simples sintomas clínicos da doença,

    mas os parâmetros clínicos não se manifestam em estágios iniciais. Então, são

    fundamentais os métodos laboratoriais que auxiliam no diagnóstico precoce

    (RODRIGUES, C.; et. al., 2006).

    2.1.2.4 Tratamento

    Durante muito tempo a abordagem recomendada para tratamento de AR

    seguiu o modelo tradicional para promover alivio sintomático com aspirina ou anti-

    inflamatórios não hormonais. Essa abordagem se baseou em dois princípios: a AR

    apesar das dores provocadas é uma doença de caráter essencialmente benigno; e,

    as drogas antirreumáticas modificadoras do curso da doença disponíveis eram

    potencialmente tóxicas e pouco toleradas. Porém esses princípios atualmente não

    são consideravelmente muito válidos (ZANETTE, 2010).

    Sobretudo, o tratamento ocidental da artrite reumatóide evoluiu muito nos

    últimos 25 anos, oferecendo a maioria dos pacientes melhoras dos sintomas e

    capacidade em continuar uma vida normal. Uma boa relação médico-paciente é

    fundamental para o sucesso terapêutico, cujos principais objetivos são a

    preservação da função articular e prevenção da incapacidade. Seu tratamento é de

    longo prazo, por vezes, para vida toda. Não existe até o momento cura para esta

    doença. O tratamento inclui conscientização e educação, medicamentos, terapia

    física e cirurgias reparadoras, que tem como objetivo melhoria dos sinais e sintomas,

    preservação ou melhora da função das articulações com sua reintegração social e

    boa qualidade de vida.

    2.1.2.4.1 Os principais medicamentos utilizados são:

    1. Anti-inflamatórios

    Os anti-inflamatórios para tratamento da AR não são esteroidais como a

    aspirina ou ibuprofeno, diclofenaco, indometacina, naproxeno, cetoprofeno e outros,

    são uma nova classe de anti-inflamatórios, inibidores seletivos da Cox-2 (celecoxib,

    rofecoxib e etoricoxib), que apresentam menor risco de sangramento

    gastrointestinal. Estas medicações são largamente utilizadas e efetivas no alívio da

    dor e da inflamação pela sua ação em inibir as prostaglandinas pró-inflamatórias.

    Entretanto não há evidências que estes agentes alterem a história natural dessa

  • 17

    patologia. Determinado anti-inflamatório pode ser efetivo para alguns pacientes e

    tóxicos para outros. A doença gástrica induzida por anti-inflamatórios, como a

    gastrite e úlceras incluindo as hemorragias, parece ser a complicação mais séria

    destes medicamentos. Outro efeito colateral inclui a nefrotoxidade.

    Os riscos do seu uso aumentam com a idade, com uso concomitante de

    corticoesteróides ou anticoagulantes, e com as doses elevadas de anti-inflamatórios,

    levam a efeitos colaterais prévios descritos, como a gastrite e úlcera gástrica, entre

    outros.

    2. Corticoesteróides

    Em médias doses, são efetivos para o controle de exacerbações e em baixas

    doses para a manutenção da doença e podem ser associados aos anti-inflamatórios

    não esteróides em determinados casos, nos quais a doença não esteja

    adequadamente controlada. O uso intra-articular é indicado e eficaz no tratamento

    de sinovites.

    3. Drogas modificadoras do curso da doença

    O uso desse medicamento irá alterar o curso da doença em pelo menos um

    ano. Uma avaliação é realizada por meio de relato de melhora da função articular,

    diminuição da sinovite inflamatória e retardo ou prevenção do dano estrutural

    articular. Sobretudo, o resultado da ação dessas drogas pode levar de semanas a

    muitos meses.

    Fazem parte deste grupo os compostos de ouro (aurotioglicose e

    aurotiomalato), antimaláricos (hidroxicloroquina e difosfato de cloroquina),

    sulfassalazina, methotrexate, leflunomide, e outros agentes (azatioprina e

    ciclofosfamida).

    4. Drogas que agem no fator de necrose tumoral

    Nos últimos anos, novos medicamentos vêm sendo desenvolvidos e já

    aprovados para o tratamento da artrite reumatóide, naqueles casos que não

    respondem as outras terapias. Desses medicamentos, os mais conhecidos são o

    enternacept, o infliximab e o adalimumabe que agem bloqueando uma proteína

    inflamatória denominada de fator de necrose tumoral. Apresentam uma ação

    precoce, na maioria dos casos melhorando rapidamente os sinais e sintomas,

  • 18

    inibindo a progressão da doença. Na maioria dos casos são ministrados em

    associação com o methotrexate ou leflunomide.

    5. Terapia Biológica

    Os agentes biológicos são uma nova classe de medicamentos, obtidos por

    engenharia genética que reproduzem os efeitos de substâncias já existentes em

    nosso organismo fabricadas por nosso sistema imune, atuando diretamente no

    processo inflamatório. Nesse processo ocorre uma sucessão de eventos que atuam

    em cadeia nos quais estão envolvidos varias moléculas, entre elas as citosinas que,

    são pequenas e potentes proteínas que possuem receptores que podem receber

    substâncias que a neutralizam. Foram identificadas quatro grandes famílias, entre

    elas a IL-1 (interleucina -1) e o TNF (fator de necrose tumoral) alfa e beta. Elas são

    produzidas por diferentes células. O TNF-alfa não é detectável no plasma de

    indivíduos normais, mas está elevado em várias doenças auto imunes e

    inflamatórias com amplo espectro de ação se associando a anemia, caquexia e

    febre.

    Os biológicos atualmente disponíveis agem como inibidores dos receptores

    das citosinas IL-1 e TNF. Como acima exposto são produzidas por muitas das

    células do organismo que estimulam outras células do sistema imunológico. A

    interleucina –1 e o TNF - fator de necrose tumoral - são produzidas em grande

    quantidade na artrite reumatóide, artrite psoriática, espondilite anquilosante e outras

    doenças inflamatórias. Na artrite reumatóide, o TNF ou IL-1 são a “gasolina” na

    articulação, aumentando o “ incêndio”, ou seja, amplificam a resposta inflamatória.

    Logo, a terapia biológica visa romper a cadeia inflamatória, atuando especificamente

    em algum elo que participa desta corrente, rompendo o mesmo, permitindo controlar

    os sintomas decorrentes da inflamação.

    2.1.2.4.2 Cirurgias

    São indicadas para a correção das articulações severamente afetadas, com o

    objetivo de corrigir as deformidades e melhorar a função articular.

    2.1.2.4.3 Outras medidas não medicamentosas

    A terapia física e ocupacional é importante devido a: proteção da articulação e

    de sua função; os exercícios para amplitude de movimento e fortalecimento

  • 19

    muscular são fundamentais para manter e melhorar a mobilidade articular bem como

    minimizar o estresse sobre as articulações. Exercícios aeróbicos, como caminhadas,

    ajudam diminuir a fadiga, melhoram o condicionamento cardiovascular e geram uma

    sensação de bem estar. Esses exercícios podem ser difíceis de serem realizados

    em pacientes com acometimento de quadris, joelhos ou pés; esses últimos devem

    ser orientados para sua realização em uma piscina (hidroterapia); colocação de

    órteses em articulações inflamadas, o que ocasiona uma redução da dor e

    inflamação com melhora do alinhamento dos componentes articulares.

    É importante ressaltar que a orientação para a perda de peso é importante

    porque reduz a carga exercida sobre as articulações inflamadas. O repouso

    adequado deve ser orientado nos períodos de reagudização dos sinais e dos

    sintomas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA, 2010).

    2.2 HISTÓRIA DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC)

    No Oriente, a Acupuntura vem sendo usada com finalidades terapêuticas e

    preventivas há vários milênios, pelo menos cerca de 5.000 anos. Sobretudo, na

    idade da pedra, aproximadamente 3.000 anos AC, a Acupuntura por depender de

    inserção de agulhas no corpo, eram feitas de espinhos de várias plantas, pedra,

    lascas de bambu, ossos e espinhas de peixe. E, agulhas de ouro foram

    recentemente descobertas no túmulo do príncipe da dinastia Han, Liu-Sheng

    (BALDRY, 2008).

    De acordo com o tratado Nei Jing, conhecido como o Clássico Imperador

    Amarelo sobre Medicina Interna, há descrições dos aspectos anatômicos,

    fisiológicos, patológicos, diagnósticos e terapêuticos das moléstias da medicina

    oriental. Provavelmente esse livro foi compilado entre 206 AC e 220 AC,

    permanecendo então como um dos pilares da antiga ciência mais respeitado na

    China, sendo, um dos principais livros texto utilizados por acupunturistas de todo o

    planeta (RIZZO, M. et. al., 2001; SUSSMANN, D.1973).

    Esse livro é atribuído ao lendário imperador Huang-ti, conhecido por

    Imperador Amarelo, sendo composto na forma de dialogo entre o Imperador Huang-

    ti e o médico Qi Bo e dividido em duas partes: Su Wen e o Ling-Shu. Nesse tratado

    já se afirmava um dos principios mais importantes do organismo, onde diz que o

    sangue flui continuamente por todo o corpo, sob o controle do coração (RIZZO, M.

    et. al., 2001; SUSSMANN, D.1973).

  • 20

    Na época, ao examinar pacientes, os antigos terapeutas chineses sentiam a

    pulsação em locais arteriais pelo corpo todo. Dessa forma, eles acreditavam que

    esse pulso era causado por uma força vital, que chamaram de Qi, então, inseriam

    agulhas nesses pontos para tratar doença. Hoje em dia, o pulso é um dos principais

    diagnósticos de tratamento pela MTC, porém sentida no punho somente (MA, Y.

    2006).

    Tão somente, o médico Sun Si Miao (581-673) foi quem introduziu o sistema

    de módulos para determinar a posição exata dos acupuntos no corpo das pessoas, o

    que independe de tamanho, por isso é tomado como medida por meio de polegadas

    modulares ou relativas (BALDRY, 2008).

    Acuponto é uma região da pele em que é grande a concentração de

    terminações nervosas sensoriais. Essa região está em relação íntima com nervos,

    vasos sangüíneos, tendões, periósteos e cápsulas articulares (WU, 1990).

    Sua estimulação possibilita acesso direto ao Sistema Nervoso Central (SNC).

    Estudos morfofuncionais identificaram plexos nervosos, elementos vasculares e

    feixes musculares como sendo os mais prováveis sítios receptores dos acupontos,

    porém há relatos de outros receptores presentes (RIZZO, M. et. al., 2001).

    Apesar da longa história da Acupuntura e do seu desenvolvimento, durante a

    dinastia Ching, 1644 a 1911, ela foi excluída do ensino nas universidades da China,

    e o seu declínio aumentou com o início do ensino da medicina ocidental alopática

    (SUSSMANN, D.1973).

    A República Popular da China introduziu então, uma mudança fundamental

    na evolução da história da Acupuntura com seu reconhecimento oficial no ano de

    1955, determinando em apenas uma frase, as medicinas, Acupuntura e saúde: "A

    medicina ocidental é muito boa; a medicina oriental também é muito boa; ambas

    juntas são muito melhores”(SUSSMANN, D. 1973).

    2.2.1 A TEORIA DOS CANAIS E COLATERAIS (JING LUO)

    Uma das bases da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é a teoria que trata

    dos Canais (Jing), que tem sentido de caminho e Colaterais (Luo), que tem

    conotação de rede, suas funções fisiológicas, cursos e distribuições no corpo

    humano (Enqin, Z.1988).

    Os Jing-Luo integram Zang_Fu (órgão e vísceras), pele, músculos, tendões,

    ossos, cabeça, membros, troncos e órgãos do sentido, unindo todos os tecidos e

  • 21

    estruturas do corpo, transportam o Qi (Energia) e Xue (Sangue), regulam Yin e Yang

    e mantém as funções e atividades de todas as partes do corpo em harmonia

    (DEADMAN, P. et al 2000).

    Sobretudo a acupuntura sistêmica é baseada sobre o sistema de 12 Canais

    principais, dos quais seis estão relacionados a Órgãos Yin (Zang) e seis às Vísceras

    Yang (Fu) e que correm ao longo do corpo como linhas de força, onde se pode

    interferir com diversas técnicas que fazem parte da Medicina Tradicional Chinesa.

    Outros Canais como os Canais Extraordinário (Vasos) não estão em relação

    direta com os Canais Principais, porém seus pontos de confluência estão localizados

    sobre eles, são em número de oito e é onde fica armazenado o excesso de Qi

    (Energia) dos Canais Principais. (Marques P. 2006).

    Já os Canais Tendinomusculares, originam-se nos pontos Jing dos Canais

    Principais, que lhes dão o Qi para a sua formação e atividade energética e por isso

    estão relacionados diretamente ao estado do Qi deles. Os pontos Jing fazem parte

    dos pontos chamados Shu Antigos, onde o fluxo do Qi é comparado ao volume do

    fluxo da água nos diferentes locais da natureza, estão localizados ao longo dos

    doze Canais Principais e se situam entre cotovelo e a ponta dos dedos, ou entre o

    joelho e a ponta dos artelhos. São chamados de: Jin/Jing-Nascente; Ying-Manacial;

    Shu-Riacho; Jing-Rio e He/Ho-Mar (OLIVEIRA, R. 2002).

    Segundo o Ling Shu “Os Canais e Colaterais determinam a vida e a morte,

    tratam de doze tipos de doenças, normalizam a deficiência e o excesso, não podem

    ficar obstruídos”.

    2.2.2 Teoria Yin e Yang

    Na filosofia oriental, as duas forças complementares ou os dois princípios Yin

    e Yang, são de formas contrárias que se harmonizam e que abrangem todos os

    aspectos e fenômenos da vida. Esse sistema há algum tempo, foi concebido pelos

    antigos chineses como um modo de explicar o Universo. Sendo considerada uma

    relação entre o Céu (Yang) e a Terra (Yin), observado como eles interagem com o

    homem e suas relações entre todas as coisas e objetos, descritos sempre, um em

    relação ao outro (MATSUMOTO, K. 1983).

    Para Maciocia, o Yin-Yang é essencialmente uma expressão de dualidade no

    tempo, uma alternância de dois estágios opostos no tempo. Cada fenômeno se

    alterna por meio de um movimento cíclico de altos e baixos, e a alternância de Yin-

  • 22

    Yang é a força motriz da mudança e desenvolvimento (MACIOCIA, G. 1996).

    A teoria de Yin-Yang esclarece principalmente a oposição, a

    interdependência, o suporte ao consumo e a relação de transformação recíprocas,

    do Yin e Yang, que são muito utilizadas na MTC para explicar a fisiologia e a

    patologia do corpo humano e servem como guia para o diagnóstico e tratamento no

    trabalho clínico (MAIKE, S. 2002).

    Sobretudo, o aparecimento e o desenvolvimento das doenças estão

    normalmente relacionados a dois fatores: fator patogênico (Xie Qi) e fator

    antipatogênio ou sistema auto-imune (Zheng Qi), logo, o tratamento pela Acupuntura

    consiste em equilibrar o Yin e o Yang, tonificando a insuficiência e drenando os

    excessos, sendo considerado o principio terapêutico fundamental (MACIOCIA, G.

    1996).

    2.2.3 As Cinco Substâncias

    O entendimento das cinco substâncias se refere ao Yin e Yang, e as mesmas

    são diversificadas e caracterizadas individualmente podendo ser classificadas em:

    2.2.3.1 Jing – Essência

    É conhecida como Essência e é herdada pelos pais ou hereditária. Também

    chamada de Qi Pré Celestial que se manifesta em ciclos de sete anos nas mulheres

    e de oito anos nos homens (HAYASHI, 2008).

    Tem como função principal a ativação das transformações, onde controla o

    crescimento, desenvolvimento e reprodução do ser humano. E, o órgão associado é

    o Rim (Shen), com distribuição nos oito Canais Extraordinários e no Jing Luo,

    armazenado no órgão citado (ROSS, 1994).

    2.2.3.2 Qi – Energia

    O Qi Energia está diretamente relacionado à Essência dos alimentos, a qual

    deriva dos alimentos e da bebida através da ação do Baço (Pi) e do Estomâgo (Wei)

    e combina com o ar do Pulmão (Fei), sob a influência do Coração (Xin) e do próprio

    Pulmão (Fei). Possuindo ação função de mover, aquecer, transformar, proteger,

    reter e nutrir os órgãos associados; sendo assim se distribui dentro e fora dos

    Canais e Vasos (ROSS, 1994).

    Segundo YAMAMURA (1996), há também o Qi Fonte que é energia básica do

  • 23

    corpo formada pela Essência dos Rins, pelos nutrientes absorvidos do alimento e

    pela energia absorvida do ar pelos Pulmões, fluindo por todo o corpo, sendo assim a

    base de todos os movimentos e atividades. Esta energia Qi Fonte manifesta-se de

    seguintes modos:

    1. Qi dos Órgãos

    Promove as atividades fisiológicas e funções de cada órgão.

    2. Qi dos Canais

    Promove as funções de transporte e de movimento dos Canais de energia.

    3. Qi Nutritivo

    É o Qi que circula junto com o sangue e suas principais funções fisiológicas

    são de transformar e produzir o sangue fazê-lo circular e auxiliá-lo na nutrição dos

    tecidos.

    4. Qi Protetor

    É o Qi que circula fora dos Canais de energia e dos órgãos, tendo função de

    aquecer os órgãos, circula entre a pele e os músculos para regular os poros

    cutâneos, abrindo-os ou fechando-os, também protege e umedece a pele e os pêlos.

    5. Qi Ancestral

    É o Qi que se coleta no tórax tendo como centro principal o VC17

    (Shanzhong). Dessa forma, circula até a garganta e desce para o abdome. Esse Qi

    sustenta a respiração e a fala, regula os batimentos cardíacos e é importante no

    fortalecimento do corpo, podendo ser desenvolvido pela meditação.

    2.2.3.4 Xue – Sangue

    É um liquido nutritivo que é movido pelo Qi, podendo ser também considerado

    uma forma densa do Qi. A principal função do Xue é nutrir, umedecer e aquecer o

    corpo todo. O sangue é a base da atividade mental que alimenta as vísceras, os

    órgãos, os tendões, mantendo o corpo humano em funcionamento (HAYASHI,

    2008).

    Os órgãos associados são o Coração (Xin), Fígado (Gan) e Baço (Pi), se

  • 24

    distribuindo nos Vasos e Canais (ROSS, 1994).

    A base da formação do Xue tem duas origens, a primeira é originada pelo

    Jing Qi Adquirido dos alimentos associados pelo Estômago (Wei) e transformados

    em Xue (Sangue) pelo Baço (Pi), e que é impulsionado e distribuído pelo corpo

    através do Pulmão (Fei) e do Coração (Xin). Já a segunda origem é do Jing Qi Inato,

    que está localizado nos Rins (Shen), possuindo a função de formação do Xue

    relacionada ao processo de purificação dos alimentos, que nem sempre possuem

    boa qualidade. O Jing Qi Inato é a Energia herdada de nossos pais no momento de

    nossa concepção, e que dá a nossa contitucionalidade, isto é, nossas características

    físicas, personalidade e tendências a desequilíbrios (CIRILO, H.)

    2.2.3.5 Jin Ye - Líquidos Corpóreos

    O Jin está restritamente relacionado com os fluidos corpóreos mais diluídos e

    menos densos, com a função de umedecer o organismo. E o Ye, está relacionado

    com os fluidos mais densos, com a função de nutrição. Em conjunto, Jin Ye são

    formados a partir dos alimentos (HAYASHI, 2008). Ambos são caracterizados por

    todo o líquido produzido pelo corpo humano.

    Pode-se dizer que o Jin umedece, aquece e nutre a pele e os músculos e o

    Ye umedece e nutre os Zang Fu, articulações, ossos, cérebro e "orifícios".

    Sobretudo a função é de umedecer os poros, a pele, o cabelo, os músculos, os

    olhos, nariz, a boca e outras partes do corpo; e nutrir os órgãos e vísceras internos,

    a medula, a coluna vertebral e o cérebro (ROSS, 1994).

    A formação dos Jin Ye inicia-se através da alimentação tanto de líquidos

    como de sólidos, sendo formado no processo da digestão no Estômago e

    transformado pelo Baço. O Intestino Delgado separa o puro do impuro, enquanto o

    Intestino Grosso absorve a água, a qual, o Intestino Delgado tem a função de

    separar e o Intestino Grosso a de promover a formação dos líquidos corporais. O

    Baço tem a função de transportar os Jin Ye para os Pulmões, que realizam a

    dispersão e distribuição, enquanto os Rins fazem o controle da regulação do

    metabolismo da água. Já o Triplo Aquecedor (San Jiao) é passagem para os Jin Ye

    e o Fígado tem a função de controlar e regular a energia vital e o sangue, que

    também transporta os Jin Ye. Os fluídos corporais impuros são excretado pela urina,

    muco, saliva, transpiração e exalado pelos Pulmões (CIRILO,H.)

  • 25

    2.2.3.6 Shen - Mente ou Espírito

    Na MTC, o Shen (Espírito) é uma parte integral do corpo e não um aspecto

    separado dele, ou seja, implica na existência material de Shen (Espírito) que é

    diferente da idéia ocidental de espírito ( ROSS, 1994).

    O órgão principal é o Coração (Xin), o qual tem como função vitalizar o corpo

    e consciência, residindo sua essência no próprio coração (Xin) (ROSS, 1994).

    Essa substância se refere às capacidades mentais, emocionais, intelectuais

    ou espirituais do ser humano possuindo relação direta com as funções do Coração

    (Xin) (HAYASHI, 2008).

    Portanto, cada Zang tem um aspecto mental:

    1. Shen: Mente ou Espírito - Coração (Xin)

    2. Po: Alma Corpórea - Pulmão (Fei)

    3. Hun: Alma Etérea - Fígado (Gan)

    4. Zhi: Força de Vontade - Rim (Shen)

    5. Yi: Intenção - Baço (Pi)

    2.2.4 Os Cinco Elementos

    Há mais de 400 a.C., os chineses utilizam um conjunto de conceitos na

    tentativa de compreender o mundo associado ao ser humano. Trata-se da teoria dos

    Cinco Elementos, constituídos pelos movimentos: Madeira, Fogo, Terra, Metal e

    Água, sendo vistos como as cinco propriedades inerentes a todas as coisas, onde

    cada movimento é uma simbolização de uma categoria de funções e de qualidades

    (ROSS, 1994; YAMAMURA, 1996).

    Essa teoria dos Cinco Elementos é uma tentativa de classificar os fenômenos

    da natureza, espécies vivas, da fisiologia, patologia e anatomia do corpo humano. É

    a compreensão e estudo da interação destas energias, classificadas em cinco

    elementos: madeira, fogo, terra, metal e água. Logo, podem-se compreender as

    influências da força da natureza na vida do homem, no meio ambiente e no

    relacionamento do homem para com ele mesmo. Esta teoria determinou um ciclo

  • 26

    biológico de geração, controle, subjugação e reversão do controle destas energias

    nela classificadas (YAMAMURA, 1996).

    A geração de energia implica na produção e promoção da energia. A ordem

    de geração é: Madeira gera Fogo; Fogo gera Terra; Terra gera Metal; Metal gera

    Água; Água gera Madeira. Há dois tipos de relação de geração entre os Cinco

    Elementos. A primeira é do elemento que gera (denominado mãe), que tonifica o

    gerado (denominado filho). A segunda é do elemento gerado (filho) que seda a

    energia do gerador (mãe). Já a restrição ou controle implica em evitar que exceda a

    energia do controlado. Há dois tipos de relação de restrição ou controle, a primeira o

    controlador (dominante ou avô) restringe a energia do controlado (dominado ou

    neto) diminuindo a sua energia. A segunda o controlador (dominante ou avô) não

    restringe a energia do controlado (dominado ou neto) aumentando a sua energia. A

    ordem de dominação ou controle é: Madeira domina Terra; Terra domina Água;

    Água domina Fogo; Fogo domina Metal; Metal domina Madeira. No entanto a

    reversão do controle ocorre quando um elemento dominado está em excesso de

    energia e reverte o controle agredindo o seu dominador. Este processo implica na

    reversão anormal do fluxo energético. A ordem de reversão seria: Madeira reverte Qi

    para Metal; Metal reverte Qi para Fogo; Fogo reverte Qi para Água; Água reverte Qi

    para Terra; Terra reverte Qi para Madeira (YAMAMURA, 1996).

    O conhecimento da Teoria dos Cinco Elementos pode auxiliar no diagnóstico

    e na escolha do princípio de tratamento, assim como, na seleção de pontos, dos

    Canais e das plantas (de acordo com o sabor) a serem utilizados de acordo com as

    leis de geração, controle/restrição/subjugação e reversão do controle (YAMAMURA,

    1996).

    Em resumo a teoria dos Cinco Elementos e do Yin-Yang está geralmente

    relacionada uma com a outra, complementando-se mutuamente, ambas com

    significado prático na explicação das atividades fisiológicas e nas mudanças

    patológicas, guiando a prática médica (MAIKE, S. 2002).

    2.2.5 Métodos de Diagnóstico na MTC

    Os quatro métodos de diagnóstico na MTC são: inspeção, auscultação e

    olfato, investigação e palpação. O histórico do caso e os sinais e sintomas clínicos

    obtidos através dos quatro métodos são a base para a diferenciação da síndrome.

    Na inspeção se faz a observação da expressão, da cor, da aparência e da língua.

  • 27

    Na auscutação e olfação ouve-se a fala, a respiração, a tosse e se há odores. Na

    investigação questiona-se o paciente sobre as todas as condições da doença e na

    palpação, sente-se o pulso e a sensibilidade ou outras reações ao longo dos Canais,

    pontos específicos ou partes do corpo do paciente (MAIKE, S.2000).

    2.2.6 Contra-indicações da Acupuntura

    Sobretudo, a Acupuntura possui poucas exclusões de uso, sendo mais

    limitantes às gestantes, evitando o uso sobre dermatites ou áreas tumorais e em

    portadores de marca-passo. Também é contraindicada a instituição do tratamento

    com Acupuntura antes de elaborado diagnóstico, correndo-se o risco de mascarar

    ou alterar os sinais clínicos (RIZZO, M. et. al., 2001).

    2.3 ARTRITE REUMATÓIDE NA ACUPUNTURA

    Segundo a MTC por YAMAMURA (1996), há vários tipos conhecidos de

    artrite, sendo classificados como doença de bloqueio ou obstrução (Síndrome Bi).

    Isso acontece quando, através dos Canais, a circulação de Qi e Xue é dificultada

    pela presença de Vento, Frio e/ou Umidade (YAMAMURA, 1996).

    Nesse caso, a doença por bloqueio, ou seja, a artrite é classificada de acordo

    com predominância de excesso. Se o Calor acompanhar o Vento e a Umidade, ou,

    se em determinado estágio da doença, o Frio torna-se Calor, haverá, nesses casos,

    o chamado Bloqueio por Calor ou artrite gerada por Calor. Se o distúrbio tornar-se

    crônico, os excessos podem penetrar os órgãos internos, o que resultará em

    Estagnação de Sangue trazendo os distúrbios circulatórios, sendo esse processo

    conhecido por Bloqueio do Coração (YAMAMURA, 1996).

    Em outras palavras, na dinâmica do fluxo de Qi, as juntas são áreas

    importantes de convergência de Qi e Sangue. Através delas o Yin e o Yang se

    encontram, o Exterior e o Interior convergem, assim como o Qi e Sangue entram e

    saem. As juntas também são os locais onde os fatores patogênicos convergem

    depois de entrar nos Canais, causando obstrução do fluxo de Qi e

    consequentemente a estagnação local de Qi e Sangue. Essa estagnação é

    responsável pela dor. Se a condição do corpo estiver fraca, ocorrerá uma má

    nutrição das juntas ou se as juntas estiverem fracas por super utilização, os fatores

    patogênicos externos penetram no corpo e se estabelecem mais facilmente.

    Finalmente, quando o Qi de defesa é Deficiente e a condição do corpo é fraca, o

  • 28

    espaço entre a pele e os músculos se abre, tornando-se propensa à invasão de

    Vento, Frio e Umidade (YAMAMURA, 1996).

    Há vários padrões de desarmonia envolvidos na AR, podendo haver uma ou

    mais desarmonias subsidiarias, na qual, algumas podem ter pouca conexão com o

    distúrbio principal. De acordo com o autor, a AR vem sempre associada com

    sintomas emocionais, onde o principal é o estresse (ROSS, 1994).

    Reforçando este conceito, Ernesto Garcia cita que o quadro clínico varia

    consideravelmente, porém pode se instalar bruscamente, em uma situação de

    tensão, mas de modo geral as primeiras manifestações são vagas, começando

    pelas pequenas articulações, frequentemente de forma simétrica, e em etapas

    posteriores pode afetar as grandes, levando a rigidez matinal, dor, diminuição de

    força e deformidades (GARCIA, E. 2006).

    De acordo com a dissertação de mestrado de Simone de Azevedo Zanette,

    estudos demonstraram a procura frequente de pacientes com AR para tratamento

    com a acupuntura e outras técnicas associadas, como eletroacupuntura,

    moxabustão, ventosas, auriculoterapia e outras. Em seu trabalho, há a ressalva com

    relação à interpretação dos resultados; os estudos podem ter sidos limitados devido

    ao tamanho insuficiente de pacientes e a não descrição na amostra, sobre a forma

    de como foi realizada a técnica terapeutica, no que se refere ao uso concomitante

    com outros tratamentos, à limitação de protocolo quanto ao número de acupuntos

    utilizados e ao tempo de retenção das agulhas (ZANETTE, S. 2005).

    Apesar desses fatos, dois ensaios clínicos foram encontrados avaliando a

    eficácia dessa terapia na AR, onde os critérios foram: pacientes com diagnóstico de

    AR, com alguma articulação a ser tratada por acupuntura ou eletroacupuntura,

    exceto coluna, e que não tenham servido como seus próprios controles. Incluíram

    também na avaliação a dor, o número de articulações dolorosas e edemaciadas, e a

    avaliação global da atividade da doença pelo médico e pelo paciente em estado

    funcional. Porém não foram considerados os estudos com desfechos que avaliaram

    a amplitude do movimento articular, força muscular e temperatura cutânea e

    articular, nem tão pouco, os estudos que utilizaram moxabustão, auriculoterapia ou

    outra técnica associada à acupuntura (ZANETTE, S. 2005).

    Em a Arte Chinesa de Curar, Félix Mann apresenta uma estatística de

    Mauries (Atas do 3 Jornal Internacional de Acupuntura) de Marselha, de todos os

    pacientes acometidos de moléstias reumáticas e associadas, que ele tratou durante

  • 29

    um determinado período de tempo, os quais haviam recebido diagnósticos e foram

    tratados apenas por médicos acupuntores, com ou sem sucesso, totalizando 167

    casos, e destes obteve 98 casos de cura, 36 casos de melhoras e 33 falhas, ou

    seja 80% de cura ou melhora (MANN, F.1994).

    2.3.1 Etiologia

    A AR é, por definição, a invasão de fatores patogênicos externos, tais como

    Vento, Frio e/ou Umidade dificultando a circulação de Qi e do Sangue, através dos

    Canais de Energia. O ataque de Energias Perversas nos Canais principais, nos

    Tendinomusculares e nos Secundários, acometem as articulações dos membros

    superiores e inferiores e da coluna vertebral, promove o bloqueio na circulação de

    Qi e sangue, provocando sua estagnação (YAMAMURA, 1996).

    As energias perversas, também conhecidas como fatores exógenos, são

    patógenos relacionados ao meio-ambiente que invadem o corpo humano através da

    boca, nariz ou da pele devido a sua dificuldade de ajuste às mudanças climáticas

    normais das estações do ano ou variações anormais do meio-ambiente. Sendo

    assim, os fatores patogênicos exógenos não são meros coadjuvantes, mas sim

    causadores do desequilíbrio Yin - Yang causando doenças.

    A primeira barreira do organismo contra a penetração de energias perversas,

    é constituída pelos Canais Tendinomusculares, que se situam entre músculos,

    tendões, articulações e pele. São Canais de Energia Secundários, grandes e

    superficiais, de caráter Yang e tem a função de movimentar músculos e articulações

    e promover a defesa do organismo, pois por eles circulam o Wei Qi. A estagnação

    de energia perversa nestes canais provoca sintomas dolorosos e musculares.

    Quando se superficializa, ramifica-se no tecido subcutâneo e pele, constituindo os

    pontos Ashi que são o reflexo da luta entre o Wei Qi e a Energia Perversa

    (MARQUES, P 2007).

    Há Seis Energias Perversas:

    1. VENTO (FENG): é um fator patogênico que ocorre predominantemente na

    primavera, favorecendo a ocorrência de patologias relacionadas ao Vento

    patogênico. As características gerais do Vento perverso são patologias de natureza

    Yang, dores erráticas, agitação, sudorese, temor ao vento e doenças de evolução

    rápida. Portanto a prevenção se dá ao evitar os seus fenômenos indutores que são

  • 30

    principalmente a exposição ao vento após a transpiração e dormir em local com

    correntes de ar (MAIKE, S. 1995).

    2. FRIO (HAN): ocorre predominantemente no inverno, da mesma maneira

    que são favorecidas as doenças relacionadas ao Frio patogênico.

    O Frio perverso tem como características gerais provocar doenças que apresentam

    bloqueio da circulação de Qi e Xue, contrações, temor ao frio, calafrios e dores que

    repuxam. A prevenção ocorre através de cuidados no sentido de evitar seus fatores

    indutores que são a exposição ao frio e tomar chuva ou vento após a transpiração

    (MAIKE, S. 1995).

    3. CANÍCULA (HUO) ou CALOR DO VERÃO (SYU): é uma energia que

    ocorre predominantemente no verão, assim como favorece as doenças relacionadas

    ao Calor patogênico. Suas características gerais são, fator patogênico Yang, que

    resulta da transmissão do calor e do fogo, apresentando origem única externa e se

    espalha no corpo, provocando sudorese, fere os jinye e esgota o Qi. A prevenção se

    dá através de cuidados evitando os seus fenômenos indutores, tais como a

    exposição prolongada ao sol nos dias quentes ou a permanência por longos

    períodos em ambiente quente com pouca ventilação (MAIKE, S. 1995).

    4. UMIDADE (SHI): é de frequência maior no final do verão, onde ocorre a

    época das chuvas , que segundo o poeta são as águas de março levando o verão,

    trazendo as doenças relacionadas à Umidade. As características gerais da Umidade

    perversa é ser de natureza Yin, pesada e impura, sensação de peso na cabeça e no

    corpo e entorpecimento. Seus fenômenos indutores são o uso de roupas molhadas

    pela chuva ou transpiração, habitar em locais baixos e úmidos ou exposição

    freqüente e por período prolongado com água no dia-a-dia, e evitá-los são formas de

    prevenção (MAIKE, S. 1995).

    5. SECURA (ZAO): ocorre predominantemente no final do outono quando há

    pouca umidade no ar, favorecendo as doenças relacionadas à secura perversa. O

    fator patogênico está apto a consumir Yin líquido, especialmente o Yin do Pulmão.

    As características gerais são consumo de Yin líquido, especialmente o Yin do

    Pulmão, pele seca, enrugada e rachada, secura na boca e nariz, secura e

  • 31

    irritabilidade na garganta e tosse seca. A prevenção se dá quando nesta época há

    injesta de muita água e manutenção dos locais de trabalho e moradia umidificados

    (MAIKE, S. 1995).

    6. CALOR (RE) e FOGO (HUO): são fatores patogênicos Yang que possuem

    intensidades diferentes, considerando o Fogo é mais grave e o Calor mais suave.

    Tem como características gerais as manifestações hemorragicas tais como,

    hematêmese, hemoptise, epistaxe e erupções de pele. Pode provocar infecções de

    pele e furúnculos. A prevenção se dá quando se evita a exposição ao calor extremo

    por longos períodos (MAIKE, S. 1995).

    2.3.2 Sintomatologia

    As principais manifestações clínicas são: dor, edema, peso, parestesia,

    amortecimento, fraqueza e rigidez muscular em membros superiores e inferiores,

    dos músculos paravertebrais, entre outras. A doença de Bloqueio ou Síndrome Bi,

    no caso da AR é classificada, de acordo com a predominância do Excesso. Assim,

    se o Calor acompanha o Vento e a Umidade, ou se em determinado estado da

    doença, o Frio torna-se Calor, ocorre, nesses casos, o Bloqueio do Calor. Se o

    distúrbio tornar-se crônico, então, os excessos podem penetrar os Órgãos internos,

    resultado em estagnação de Xue, trazendo distúrbio circulatório. Este processo é

    conhecido como Obstrução Dolorosa do Tipo Óssea (YAMAMURA, 1996).

    2.3.3 Diferenciação do Diagnóstico

    O principal sintoma das síndromes de Bloqueio (Bi) é a artralgia. Pode haver

    ainda dor muscular e dormência. Nos casos mais prolongados, podem estar

    presentes contratura das extremidades, ou inchaço ou deformidade das articulações

    (MIKE, S. 2002).

    De acordo com a diferenciação de síndromes, elas podem ser classificadas

    por cinco concepções principais de tipos de Bloqueios (Síndrome Bi), conforme as

    etiologias e suas manifestações (GARCIA, E. 2006).

    1. Bloqueio Migratório ou Síndrome Bi Migratória

    É atingido pelo Vento Perverso, onde a artralgia é múltipla e migra de uma região

    para a outra do corpo. Pode ser acompanhada de febre e calafrios, com pulso rápido

  • 32

    e revestimento da língua amarelado. É de natureza Yang e pode ocorrer dormência

    nos membros inferiores e superiores e os movimentos de flexão/extensão ficam

    prejudicados. (YAMAMURA, 1996).

    2. Bloqueio Fixo ou Síndrome Bi Fixa ou Pesada

    Ocorre por Umidade perversa e a artralgia é localizada, fixa, podendo ser

    acompanhada de sensação de peso no corpo e nos membros, entorpecimento,

    edema, e revestimento lingual gorduroso com pulso moderado. As dores são

    exacerbadas com as mudanças do tempo: vento, chuva e frio (YAMAMURA, 1996).

    Sobretudo, caracteriza-se por dor com sensação de peso que se agrava com

    o clima úmido (GARCIA, E. 2006).

    3. Bloqueio Doloso ou Síndrome Bi Dolorosa

    Ocasionado pelo Frio perverso com artralgia intensa em uma parte do corpo ou no

    centro, sendo que a dor piora em condições de frio e melhora com o calor. Possui

    revestimento lingual fino e esbranquiçado e pulso fino e duro (YAMAMURA, 1996).

    Não há inflamação local (MAIKE, S.2002).

    4. Bloqueio do Calor ou Síndrome Bi por Calor

    Refere-se à porção carnosa do músculo que fica quente e a área onde se localiza a

    dor fica avermelhada e edemaciada, na qual a dor piora com a pressão. A boca e a

    lingua ficam ressecadas e a urina escura. Esta forma pode evoluir para o derrame

    articular ou mesmos para uma infecção. Pode apresentar constipação intratável, o

    revestimento lingual é amarelo e gorduroso, com pulso rápido (YAMAMURA, 1996).

    Pode-se considerar como uma fase de agravamento das anteriores, onde os

    agentes patogênicos se combinam e se convertem em calor. Caracteriza-se pela

    inflamação e avermelhamento (GARCIA, E. 2006).

    5. Bloqueio do Coração

    Também conhecido por Bloqueio do tipo ósseo que ocorre em casos crônicos

    e se desenvolve a partir dos 04 anteriores. A obstrução persistente gera retenção de

    fluidos que se transforma em Mucosidade, que por sua vez obstrui as juntas e os

    Canais. Manifesta-se por atrofia muscular, inchaço, deformidade dos ossos e juntas.

    Neste estágio, afeta também os órgãos internos e outras condições patológicas

  • 33

    podem tomar parte da doença. A estagnação de Xue obstrui a circulação causando

    rigidez pronunciada por falta de nutrição dos tendões.

    Outro fator importante neste Bloqueio crônico é a Deficiência do Fígado e

    Rins. Quando o Fígado é deficiente os tendões não são nutridos, gerando dor e

    rigidez nas juntas. Quando os Rins são deficientes, os ossos são destituídos de

    nutrição, permitindo que a mucosidade se acumule nas juntas na forma de inchaços.

    Manifesta-se por sensação desconfortável e congestão no tórax, com presença de

    palpitações, dispnéia e irritação (YAMAMURA, 1996).

    2.3.4 Métodos

    2.3.4.1 Acupuntura Cutânea

    É o método normalmente usado para casos de artrite em que a característica

    primária é o edema, devendo-se puncionar nas proximidades da articulação

    inflamada, na região posterior da cabeça e pescoço. Nos processos espinhosos, a

    punção deverá ser lateralmente, correndo o segmento espinhal que corresponda à

    localização da articulação afetada. Tratar uma vez a cada três dias, e, cinco

    aplicações constituem um curso de tratamento (YAMAMURA, 1996).

    2.3.4.2 Acupuntura Auricular

    A auriculoterapia é uma técnica de análise e tratamento reflexológico por

    meio de estímulos no pavilhão auricular, a qual, em principio, é usada para tratar

    artrite cuja característica primária é a dor. Os pontos de maior utilização são o

    Simpático, Shenmen e o ponto de sensibilidade na orelha, associado ao local da dor

    no corpo. As aplicações irão depender da intensidade da dor, podendo se realizado

    diariamente ou em dias alternados e dez aplicações constituem um curso de

    tratamento (YAMAMURA, 1996).

    O ponto Shenmen está localizado na fossa superior triangular, sob o ramo

    superior da anti-hélice e também é chamado de "porta do Espírito". Para realmente

    localiza-lo, divide-se a parte superior em três regiões simétricas, estando sobre a

    linha que divide a primeira da segunda região da fossa superior triangular. Este

    ponto é muito importante, sendo usado em cerca de 80% dos pacientes, possuindo

    ação tranquilizante e calmante. É indicado para analgesia geral, dores no corpo

    devendo ser associado ao ponto do cérebro, agindo ainda como anti-inflamatório,

    anti-infeccioso (YAMAMURA, 1996).

  • 34

    O ponto simpático está localizado nos ramos da anti-hélice, no terço superior

    do ramo, mais lateralmente e um pouco acima da linha média. É um ponto usado em

    muitos casos, podendo regular a circulação sanguínea, tratar dores nos órgãos

    internos, sendo usado como analgesia dos mesmos, e é também anti-infeccioso

    (YAMAMURA, 1996).

    Outros pontos importantes a serem usados são os pontos hélice de 1a 6, que

    se distribuem a partir do tubérculo auricular para baixo até a borda inferior da

    curvatura do lóbulo da orelha, os quais têm as funções de dispersar Calor,

    desinflamar e eliminar infecções (MARQUES, P. 2006).

    O ponto Subcórtex tem um ótimo desempenho como analgésico, anti-

    inflamatório e tranqüilizante (WEN, T.1985).

    Segundo Ernesto Garcia, outros pontos principais, além da Zona

    correspondente à dor, são: Endócrino; Supra Renal; Alergia; Sangria no ápice e os

    pontos secundários são: Baço; Rim; Fígado e San Jiao. Os primeiros com funções

    antialérgicas e anti-infecciosa, razão pela qual, pode-se restabelecer a função

    endócrina, recuperar-se o sistema imunológico e eliminar Vento e Umidade. Os

    secundários porque estes quatro pontos, detém em primeira instância, o processo

    de deformação óssea, ao ser tonificado o Rim, e elimina-se a inflamação e o

    processo degenerativo dos tecidos moles e dos músculos, com os pontos Fígado e

    Baço e com o San Jiao controla-se o metabolismo dos líquidos, eliminando

    Umidade, lubrificando as articulações, eliminando inflamação e acalmando a dor

    (GARCIA, E. 2006).

    2.3.4.3 Ventosa e Moxabustão

    A ventosaterapia é um tipo de terapia não invasiva, que tem como

    procedimento básico, a colocação de campânulas ou copos redondos de vidro ou

    acrílico, sobre a pele, gerando a sucção do local, como ventosas. Seu principal

    efeito terapêutico é controlar a corrente sanguínea e tem como base a troca gasosa,

    visando limpar o sangue pela pele, já que a ventosa tem a mesma fisiologia da troca

    gasosa do pulmão e dos rins. Desse modo, eliminando os gases e toxinas

    estagnados no corpo pela pressão negativa produzida pelo vácuo, torna o sangue

    bioquimicamente equilibrado, com o pH das células homogeneamente estável.

    Segundo a MTC, as toxinas acumuladas pela sujeira da água, dos alimentos,

    ou emoções desequilibradas causam a estagnação do sangue coagulado, escuro,

  • 35

    sujo, nos músculos das costas ou nas articulações, causando as doenças, daí a

    necessidade de retirá-lo para que a pessoa possa se restabelecer. É tida como o

    "tratamento negativo”, que consiste em trazer as células doentes do sangue, do

    interior do corpo para a superfície, através de fortes absorções. Este método

    recupera as células doentes (YAMAMURA, 1996).

    Inicialmente, selecionar pontos próximos à articulação afetada e deixar as

    ventosas no lugar por 10 a 15 min. Podendo esse método ser combinado com a

    acupuntura cutânea, puncionando a agulha e aplicando as ventosas acima das

    mesmas, ou com sangria, picando a pele para retirada de sangue. Normalmente,

    quando as ventosas são removidas, a pele poderá ficar avermelhada e com

    pequena quantidade de sangramento. Aplicação das ventosas poderá ser realizada

    a cada dois a quatro dias, sendo então, cinco aplicações constituem um curso de

    tratamento (YAMAMURA, 1996).

    A moxabustão é uma técnica terapêutica da MTC que se baseia nos mesmos

    princípios e conhecimentos dos Canais de energia utilizados na Acupuntura, sendo

    amplamente utilizada em outros sistemas de Medicina Oriental Tradicional. Originou-

    se no norte da china, moxabustão – Jiú (pinyin) significa literalmente, “longo tempo

    de aplicação do fogo”, sendo considerada uma espécie de acupuntura térmica, feita

    pela combustão da erva Artemísia sinensis e Artemísia vulgaris. A cauterização, da

    qual deriva a moxabustão, foi um desenvolvimento que se seguiu ao uso do fogo.

    Considerou-se então que o aquecimento e a sensação de bem-estar que o fogo

    propiciava á vida nas cavernas frias e húmidas, assim como as curas furtivas que

    ocasionalmente aconteciam do toque de um carvão acesso ou pedaço de lenha em

    brasa, foram os primórdios da cauterização. A cauterização como método de curar

    doenças usava originalmente ramos e outros materiais combustíveis comuns. Sendo

    assim, o uso de plantas como principal substância de combustão, data do último

    período Chou. O livro de Mencios (290 a.C.) refere-se a esta planta com o seu uso já

    difundido naquele tempo. Antigamente, praticava-se geralmente o método de

    cauterização direta, aplicando-se o material combustível diretamente sobre a pele.

    Consta que as instruções são encontradas no tratado Tradicional de Zuo (581 a.C.)

    “acima ou abaixo dos vitais, a cauterização direta não pode ser usada”. Num outro

    livro “O livro dos segredos de Bian Que”, é mencionado fazer-se moxabustão para

    as pessoas dormirem. E o clássico de Medicina da Dinastia Han Oriental “Discussão

    das doenças causadas pelo frio”, também refere às doenças para o qual a

  • 36

    cauterização direta é permitida ou proibida (YAMAMURA, 1996).

    2.3.4.4 Aparelhos de Eletroestimulação

    Instrumentos elétricos são utilizados para estimular os pontos de Acupuntura,

    alguns simultaneamente com as agulhas. Através de dois eletrodos, faz-se passar

    uma pequena quantidade de energia elétrica entre duas agulhas, cada uma em um

    ponto de Acupuntura. Os aparelhos permitem regulagem de intensidade da corrente,

    e muitos permitem selecionar formas de onda e freqüências diferentes, que podem

    ser aplicadas alternadamente. Controles digitais fornecem maior constância na

    emissão da corrente, com as características escolhidas pelo acupunturista. A

    intensidade da corrente é em geral ajustada para a sensibilidade do paciente, de

    modo a não gerar desconforto. As freqüências fornecidas pelo aparelho devem estar

    numa faixa de menos de 1 até 100 Hz. O método mais utilizado, baseado em

    características neurofisiológicas, é a alternância de baixa com alta freqüência, em

    salvas, com intervalos de 5 a 10 segundos entre as duas. Os instrumentos atuais

    são capazes de medir variações na condutividade elétrica do ponto de Acupuntura

    durante a aplicação, ajustando a saída para esse parâmetro. A eletroacupuntura não

    deve ser empregada em cardiopatias graves, uso de marca-passo, e em pacientes

    debilitados. As regiões muito próximas da medula espinal e do coração devem ser

    evitadas. Recomenda-se seguir as normas de segurança ao manusear aparelhos de

    eletro estimulação (MENG, 1979).

    2.3.5 Tratamento

    O tratamento básico consiste em selecionar pontos local e distal dos Canais

    Yang que alimentam a área da dor com objetivo de expelir o Vento, dispersar o Frio

    e eliminar a Mucosidade, clarear o Calor e ainda nutrir o Xue, ou seja, é voltado para

    a restituição do equilíbrio pela abertura dos canais de energia, a fim de dispersar o

    Qi e Xue (YAMAMURA, 1996).

    Sobretudo, para tratar a AR, é interessante associar a Acupuntura com

    medicação anti-inflamatória. Essa técnica complementar é relativamente eficaz no

    tratamento da AR, sendo considerada um método primário de tratamento. Porém,

    em estágios agudos, pode-se aplicar a acupuntura cutânea em conjunto com

    ventosa para promover pequena sangria; já na fase crônica, quando o tipo frio é

    mais evidente, é interessante a associação de acupuntura com moxabustão

  • 37

    (YAMAMURA, 1996).

    2.3.5.1 Pontos Específicos do Qi e Xue Deficientes

    Normalmente o método é de tonificação, que significa aumentar o fluxo de

    energia no Canal, tomando cuidados com a aplicação de moxabustão,

    principalmente nos pontos que se conectam com os órgãos Yin, pois a deficiência do

    mesmo pode ocorrer crises emocionais, com relação de AR e estresse (ROSS,

    1994).

    Pontos selecionados de acordo com ROSS (1994):

    1. VC6 – Qihai: fortalece o Qi e a circulação de Qi.

    2. E36 – Zusanli: fortalece o Qi e o (Xue) sangue e a circulação deles.

    3. BA10 – Xuehai: regula a circulação de Energia nutritiva e do Xue; limpa o

    Calor do Xue.

    4. BA6 – Sanyinjiao: fortalece a função do Baço e Estomago para formar Qi e

    sangue; fortalece a circulação de Qi e Xue e limpa Calor do Xue.

    5. BA4 – Gongsun: fortalece o Baço, Estômago e Chong Mai; alivia a dor,

    especialmente na região epigástrica.

    6. BA20 – Pishu: fortalece o Baço e Xue.

    7. B17 – Geshu: revigora a circulação do Xue.

    8. B15 – Xinshu: revigora a circulação de Qi e Xue.

    2.3.5.2 Pontos Específicos de Desarmonias do Fígado (Gan)

    Para harmonização do fígado relacionado com artrite e estresse os pontos

    utilizados, segundo ROSS (1994), são:

    1. F3 – Taichong: harmoniza o Fígado para aliviar depressão de Qi do

    Fígado, onde acalma o Yang hiperativo.

    2. VB34 – Yanglingquan: atenua calor-umidade no Fígado e na Vesícula

    Biliar, onde acalma o Yang hiperativo.

    3. VB20 – Fengchi: acalma o Yang e clareia a mente (fortalece os olhos).

    4. VG20 – Baihui: acalma o Yang e a mente.

    5. Yintang (ponto extra): limpa e acalma a mente; atenua tensão e a dor de

    cabeça, tontura e insônia.

  • 38

    2.3.5.3 Pontos Específicos para o Bloqueio (Síndrome Bi)

    Os pontos relacionados a AR com estresse possuem método de

    tonificação com aplicação de moxabustão (ROSS, 1994).

    1. Mãos

    IG3 (Sanjian): harmoniza o Qi do Intestino Grosso; dispersa o Calor do Yang

    Ming; descongestiona o Qi estagnado da garganta e transforma a Umidade/Calor.

    IG4 (Hegu): libera o Calor interno para a superfície do corpo; dispersa o

    Vento, Vento/Calor e Vento/Frio; dispersa o excesso de Qi do Coração; promove a

    desobstrução de Qi estagnado dos Canais de energia; ativa a circulação do Qi e do

    Xue; transforma a Mucosidade, ou seja, a Umidade/Calor e tonifica a energia de

    defesa, o Wei Qi.

    IG5 (Yangxi): ponto Jing, relaxa tendões, alivia dor, harmoniza o Calor

    (ROSS, 1994).

    Sifeng (ponto extra): alivia dor nas articulações dos dedos das mãos

    (MARQUES, P. 2006).

    2. Ombros

    IG14 (Binao): beneficia o ombro, produz analgesia aliviando dor e sintomas

    na região.

    IG15 (Jianyu): expele Vento, dispersa Calor, melhora a mobilidade e também

    atua como prevenção da artrite.

    IG16 (Jugu): dissipa agente perverso, alivia dor.

    Jianneiling (ponto extra): equilibrar a Umidade (ROSS, 1994).

    3. Pescoço

    VG14 (Dazhui): liberta o Calor e a superfície (Lian, W. et al, 2005), dispersa

    Frio/Umidade.

    Chuanxi (ponto extra): sedar Yang em excesso, libera rigidez cervical.

    4. Região Lombar

    VG3 (Yaoyanguan): dispersar Calor/Umidade.

    B26 (Guanyuanshu): regulariza o Qi do Canal afetado.

    B31 (Baliao): repõe o Qi, ajuda o Yang, fortalece a região (ROSS, 1994).

  • 39

    5. Quadris

    VB30 (Huantiao): fortalece a coluna vertebral da região lombar e membros

    posteriores; remove as obstruções de Qi dos Canais, relaxa os tendões e músculos

    e dispersa a Umidade.

    VB34 (Yanglingquan): ativa a circulação do Xue; regulariza a mobilidade das

    articulações; relaxa e fortalece os tendões e músculos; fortalece os ossos e o joelho

    e dispersa o Vento e a Umidade-Calor das articulações do membro posterior.

    VB39 (Xuanzhong): ponto mestre (Hui) da medula, descongestiona e ativa o

    Canal e dissipa agentes patogênicos (ROSS, 1994).

    6. Joelhos

    E35 (Dubi): fortalece o Qi do Canal.

    E36 (Zusanli): faz circular o Qi e o Xue; aumenta a imunidade; transforma e

    umedece Calor; drena a Umidade e Umidade/Frio e dispersa o Vento e o Frio.

    BA10 (Xuehai): regula a circulação de energia nutritiva e do Xue; e limpa o

    Calor do Xue.

    BA9 (Yinlingquan): fortalece o Xue, melhorando a circulação (ROSS, 1994).

    VB34 (Yanglingquan): ativa a circulação do Xue; regulariza a mobilidade das

    articulações; relaxa e fortalece os tendões e músculos; fortalece os ossos e o joelho

    e dispersa o Vento e a Umidade-Calor das articulações do membro posterior

    (Yamamura, 1996), alivia dor (Lian, W. et al, 2005).

    2.3.5.4 Pontos Específicos em Articulações Afetadas

    Segundo YAMAMURA (1996), a acupuntura é o método primário para

    tratamento de artrite associada ao Vento quando associada à Umidade e Frio.

    Recomenda-se também a combinação de acupuntura com moxabustão associada a

    Calor, mas a melhor técnica é a sangria nos pontos relacionados.

    Na relação abaixo, estão os pontos recomendados para tratamento de artrite

    especifica:

    1. Mandíbula

    E7 (Xiaguan): elimina Umidade da região e afecções, principalmente com

    utilizaçao de moxabustão.

    ID19 (Tinggong): o ponto é utilizado para equilibrar e dispersar agente

  • 40

    perverso da região.

    TA17 (Yifeng): dispersa a Umidade.

    IG4 (Hegu): libera o Calor interno para a superfície do corpo; dispersa o

    Vento, Vento/calor e Vento-Frio; dispersa o excesso de Qi do Coração; promove a

    desobstrução de Qi estagnado dos Canais de energia; ativa a circulação do Qi e do

    Xue; transforma a Mucosidade, ou seja, a Umidade/Calor e tonifica a energia de

    defesa, o Wei Qi (YAMAMURA, 1996).

    2. Vértebras

    Jiaji (ponto extra), correspondendo à área da dor.

    B51 (Winmen): equilibra Yang da região em excesso.

    B40 (Weizhong): utilizado em Vento/Frio ou ombro congelado.

    VG26 (Renzhong): para a perda de Calor (YAMAMURA, 1996).

    3. Ombro

    IG11 (Quchi): desobstrui Calor/Vento.

    TA14 (Jianliao): equilibra possível febre interna.

    Jianneiling (ponto extra): mais usado em caso crônico.

    ID 11 (Tianzong): equilibra síndrome na cervical.

    TA3 (Zhongzhu): condição utilizada para ombro congelado.

    VB34 (Yanglingquan): ativa a circulação do Xue; regulariza a mobilidade das

    articulações; relaxa e fortalece os tendões e músculos; fortalece os ossos e o joelho

    e dispersa o Vento e a Umidade-Calor das articulações do membro posterior

    (YAMAMURA, 1996).

    4. Cotovelo

    IG11 (Quchi): desobstrui Calor/Vento.

    TA10 (Tianjing): equilíbrio do Qi.

    IG4 (Hegu): libera Calor interno para a superfície do corpo; dispersa Vento,

    Vento/Calor e Vento/Frio; dispersa o excesso de Qi do Coração; promove a

    desobstrução de Qi estagnado dos Canais de energia; ativa a circulação do Qi e do

    Xue; transforma a Mucosidade, ou seja, a Umidade/Calor e tonifica a energia de

    defesa, o Wei Qi (YAMAMURA, 1996) - (YU, L. et al 2007).

  • 41

    5. Punho, articulação intermetacárpica e dedos

    TA5 (Waiguan): utilizado para equilíbrio do mesmo.

    IG10 (Shousanli): dispersa Umidade.

    IG5 (Yangxi): ponto conhecido por riacho do Yang, harmonizando o Calor.

    TA4 (Yangchi): enrijecimento dos ossos e articulações.

    IG4 (Hegu): dispersa Calor-Umidade.

    PC7 (Daling): equilibra Qi.

    Shangbaxie (ponto extra): dispersa fator patogênico.

    Sifeng (ponto extra): equilibra Yang (YAMAMURA, 1996).

    ID5 (Yanggu): dispersa Calor, favorece tecidos moles, alivia a dor (YU, L. et al

    2007).

    6. Lombossacra

    VG3 (Yaoyangguan): dispersa Vento/Frio.

    ShiQizhuixia (ponto extra): harmoniza o Canal.

    B30 (Baihuanshu): fortalece a região.

    B26 (Guanyuanshu): usado quando diagnóstico de Calor.

    B40 (Weizhong): fortalecer a região.

    B60 (Kunlun): fortalece o Shen Qi; harmoniza a circulação de Qi e de Xue nos

    Canais de energia; harmoniza e fortalece o Xue Qi e dispersa o Vento e o Calor

    (YAMAMURA, 1996).

    7. Sacro ilíaco

    B27 (Xiaochangshu): fortalece a região, harmonizando a mesma.

    B28 (Pangguangshu): harmoniza o Qi, afastando a Umidade Calor da região

    do ponto; fortalece a região lombar e aumenta o Xia Jiao Qi (Aquecedor inferior).

    Ponto local da dor (Ashi) (YAMAMURA, 1996).

    8. Quadril

    VB30 (Huantiao): fortalece a coluna vertebral da região lombar e membros

    posteriores; remove as obstruções de Qi dos Canais de energia; relaxa os tendões e

    músculos e dispersa a Umidade.

    VB29 (Juliao): fortalece as articulações.

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    VB34 (Yanglingquan): ativa a circulação do Xue; regulariza a mobilidade das

    articulações; relaxa e fortalece os tendões e músculos; fortalece os ossos e o joelho

    e dispersa o Vento e a Umidade-Calor das articulações do membro posterior.

    VB39 (Xuangzhong): harmoniza o Qi (YAMAMURA, 1996).

    9. Joelho

    Heding (ponto extra): fortalece a região.

    Xixia (ponto extra): harmoniza a Umidade, dispersando-a.

    E35 (Dubi): dispersa Umidade/Frio.

    E34 (LiangQiu): libera afecções, melhorando mobilidade das pernas.

    E36 (Zusanli): faz circular o Qi e o Xue; aumenta a energia essencial,

    imunidade; transforma e umedece Calor; drena a Umidade e Umidade/Frio e

    dispersa o Vento e o Frio.

    VB34 (Yanglingqu