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A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM CORPORAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS E SEU VIR A SER NO MUNDO Adriana Cocian Lemes Alaine dos Reis Veloso Teixeira Rivanei de Oliveira Moura RESUMO A percepção da criança sobre si mesma, diferenciando-se do mundo e dos outros, colabora para seu desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo. Considerando que o sujeito é um ser que deve ser visto em sua totalidade, o desenvolvimento de uma de suas habilidades influencia e é influenciada pelas demais também. Assim, através de um olhar Gestáltico e psicomotor, este trabalho tem como objetivo revelar a importância da imagem corporal para o desenvolvimento do sujeito, restringindo-se, sobretudo, às crianças de 0 a 2 anos na formação de seu esquema corporal, como fator relevante no seu desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo. Palavras-chave: Esquema Corporal; Imagem corporal; Desenvolvimento infantil; Gestalt-Terapia e Psicomotricidade.

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A IMPORTNCIA DA IMAGEM CORPORAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANA DE 0 A 2 ANOS E SEU VIR A SER NO MUNDOAdriana Cocian Lemes

Alaine dos Reis Veloso Teixeira

Rivanei de Oliveira Moura

RESUMO

A percepo da criana sobre si mesma, diferenciando-se do mundo e dos outros, colabora para seu desenvolvimento fsico, cognitivo e afetivo. Considerando que o sujeito um ser que deve ser visto em sua totalidade, o desenvolvimento de uma de suas habilidades influencia e influenciada pelas demais tambm. Assim, atravs de um olhar Gestltico e psicomotor, este trabalho tem como objetivo revelar a importncia da imagem corporal para o desenvolvimento do sujeito, restringindo-se, sobretudo, s crianas de 0 a 2 anos na formao de seu esquema corporal, como fator relevante no seu desenvolvimento fsico, cognitivo e afetivo.Palavras-chave: Esquema Corporal; Imagem corporal; Desenvolvimento infantil; Gestalt-Terapia e Psicomotricidade.ABSTRACT

The child's perception about itself, which makes it differ from the world and the others, collaborates to its physical, cognitive and affective development. Considering that the individual must be seen to the full, the development of one of its abilities influences and is influenced by the other ones as well. Therefore, through the Gestaltic and psychomotor view, this paper has the objective of revealing the importance of the body image to the development of the individual, especially children from 0 to 2 years old in their body schema formation, as a relevant factor in its physical, cognitive and affective development.

Keywords: body schema, development, Gestalt-Therapy and psychomotor skills

1. INTRODUO

1.1 ELEMENTOS DO PROJETO (RESUMO DO PROJETO)

(RIVANEI)1.2 BREVE HISTRICO DO TEMA

1.2.1 Consideraes histricas sobre o homem e seu corpoAndery, Micheletto e Srio (2007) revelam que apesar do grande desenvolvimento econmico e poltico nos sculos V e VI a.C., as cidades gregas passaram por grandes conturbaes e crises constantes. Atravs do alto desenvolvimento e crises vivida por Atenas, ela se tornou a cidade grega mais importante do perodo, atravs da importncia militar, econmica e poltica, refletindo aspectos culturais e intelectuais. Em 338 a. C, todas as cidades gregas perderam sua independncia poltica e econmica e, neste perodo, trs pensadores contriburam para produo de conhecimento: Scrates, Plato e Aristteles, aos quais todos realizaram uma obra que influenciou o momento histrico em que viveram e o desenvolvimento da filosofia e da cincia. Eles procuravam formas de ao que levariam o homem produzir conhecimento, propondo, cada um deles, mtodos para isso.

As contribuies feitas por Scrates, Plato e Aristteles, conforme Andery, Micheletto e Srio (2007), tiveram grandes contribuies para diversas reas de conhecimento cientfico, porm, vale ressaltar que o momento histrico em que cada um deles vivenciou contribuiu para que eles desenvolvessem suas teorias, em que a prpria cultura local influenciou a maneira de eles influenciarem, tambm, a cultura.

Para Scrates, segundo afirmaram Andery, Micheletto e Srio (2007), todos os homens eram iguais e todos poderiam descobrir em si mesmos a bondade e sabedoria que traziam em suas almas. A sabedoria s era possvel se o sujeito pudesse conhecer-se a si mesmo e conhecimento e controle dos prprios limites. As preocupaes de Scrates eram voltadas para as virtudes do homem, seu comportamento e seu conhecimento. Para ele, os homens j traziam dentro de si o conhecimento e era necessrio descobri-lo atravs do esforo de buscar a si prprio, ou seja, o autoconhecimento. O conhecimento descoberto em sua alma s poderia acontecer atravs do dilogo, logo, era impossvel ocorrer o conhecimento atravs de regras preestabelecidas, sendo, portanto, necessrio ser descoberto pelo homem em si mesmo.A viso tica de homem que Scrates deu nfase, em detrimento da viso naturalista, transformada em um conhecimento rigoroso, ao qual o conhecimento do homem visto como conhecimento do que permanente e universal, no sendo, portanto, especulaes. Atravs do pensamento de Scrates, ao qual ele afirmava que o que diferenciava o homem dos animais era a razo, foi possvel uma viso de que o ser humano capaz de inibir seus instintos e que ele seria capaz de se moldar da melhor forma para uma convivncia social mais harmoniosa. (ANDERY, MICHELETTO E SRIO, 2007).

Andery, Micheletto e Srio (2007), afirmam que para Plato, o conhecimento era fruto da reflexo do homem consigo mesmo e, para ser atingido, deveria ocorrer argumentao e discusso para validar cada passo da reflexo. O conhecimento no era para todos, mas apenas para aqueles que, por natureza de sua alma tinham as condies necessrias para que pudesse aprender. Os que tinham essas condies, poderiam se transformar em homens melhores para prepararem-se para o governo da cidade.

Plato acreditava que o homem era composto de corpo e alma imortal e era atravs da alma que vinham os conhecimentos, ou seja, o conhecimento preexistia na alma. O poder de transformao dos homens estava restrito apenas a existncia do mundo das coisas sensveis, em que poderia ser modificado e transformado. O conhecimento do mundo sensvel estava limitado mera opinio, reduzido a simples tcnica que permitia a sobrevivncia do homem, ao passo que o conhecimento do mundo das ideias era o verdadeiro saber, o verdadeiro conhecimento, um conhecimento contemplativo que levaria o homem a ter possibilidade de transformar e melhor governar a cidade. . (ANDERY, MICHELETTO E SRIO, 2007).

Andery, Micheletto e Srio (2007) afirmam que, de acordo com Plato, esse conhecimento no era dado ao homem, e para alcana-lo era necessrio passar por algumas etapas, tendo como incio o mundo sensvel e seu trmino no mundo das ideias. Quando o mundo das ideias era alcanado, envolvia-se o conhecimento e o uso da matemtica, transferindo a alma do mundo sensvel para o conceitual, permitindo uma ideia de saber com exatido e perfeio da prova e da construo lgica.

Plato considerava que os homens poderiam ser divididos de acordo com suas caractersticas de suas almas: o carter de bronze (dominados pelos desejos sensveis), o carter de prata (dominado pelo mpeto) e o carter de ouro (dominado pelo pensamento especulativo). Cada homem deveria trabalhar para o benefcio da cidade, segundo suas aptides para a cidade se manter ntegra e justa para com todos, visando o bem de todos e no de grupos. (ANDERY, MICHELETTO E SRIO, 2007).A colocao de uma alma dividida por caractersticas revela as dificuldades relacionadas emoo e motivao, por exemplo, considerando a importncia de se olhar o indivduo como um ser que possui diferenas individuais. Depois de certo tempo, Aristteles passou a no concordar mais com a noo do mundo das ideias e do mundo sensvel ao qual Plato se referia, pois enquanto Plato enfatizava a matemtica, Aristteles deu nfase na explicao dos seres vivos. Aristteles defendia a ideia de que os fenmenos da natureza tm uma essncia que a prpria de cada um deles e trazia uma forma diferente para estas questes relativas unicidade ou multiplicidade, bem como o movimento e imutabilidade do ser. (ANDERY, MICHELETTO E SRIO, 2007).Segundo Aristteles, cada ser era possuidor de uma substncia ao qual iria defini-lo, ou seja, seria a sua essncia (algo dentro dela) e, essa substncia s poderia ser compreendida pelo conhecimento. A essncia permaneceria sempre a mesma, pois para ele o universo era nico e finito, onde os seres na Terra eram divididos em animados e inanimados. As plantas, os animais e o prprio homem eram vistos como seres animados e, dessa forma, o que lhe dava a possibilidade de movimento era a sua alma, sua psique. Os minerais eram vistos como os seres inanimados e eram regidos pela natureza. (ANDERY, MICHELETTO E SRIO, 2007).As caractersticas de cada espcie, de acordo com Aristteles, no se modificariam, no considerava a possibilidade de transformao ou evoluo no mundo dos seres vivos, pois as mudanas de cada ser se repetem na natureza com muita preciso, onde cada indivduo e todos cumpriam uma determinada finalidade. Considerava, ainda, que todo ser vivo era possuidor de corpo e alma, e eles eram considerados indissociveis e vistos como a unidade do ser vivo. Ele classificava os seres pela complexidade de sua alma, podendo ser superior (continham o grau de organizao da matria) ou inferior. (ANDERY, MICHELETTO E SRIO, 2007).Aristteles, Andery, Micheletto e Srio (2007), buscava uma resposta racionalizada do universo atravs de um sistema explicativo natural e no divinizado referente ao mundo e ao homem. E, ainda considerava que era necessrio estabelecer o mtodo que os homens deveriam utilizar para chegar ao conhecimento. Para ele, o processo de conhecimento tinha incio na sensao (nvel mais elementar de conhecimento) para depois alcanar a memria (conservao das sensaes), a experincia (o conhecimento de relaes entre fenmenos singulares) e o conhecimento dos universais (Conhecimento da causa das coisas).

O conhecimento, para Aristteles, do ser enquanto ser (conhecimento de universais - considerado como cientfico), que implicava a formulao dos conceitos, s era possvel por meio da razo, ou seja, atravs do uso sistemtico do raciocnio. A obteno de conhecimento cientfico era alcanada atravs de duas vias de raciocnio: a induo (passagem dos individuais aos universais, estgio inicial e preparatrio do conhecimento cientfico), e a deduo (a partir de observaes alcanar uma definio vlida para todos os casos observados ou no). O raciocnio era visto por Aristteles como o elemento mais importante para o alcance do conhecimento. (ANDERY, MICHELETTO E SRIO, 2007).1.3 REVISO DE LITERATURA

O corpo multifacetado dentro da cincia concebido e conceituado de maneiras diversas, dentro das perspectivas e conceituaes tericas. De acordo com Galvo (1995), o corpo orgnico fundamental para dar suporte ao funcionamento psicomotor, Pois atravs das atividades psicomotoras que a criana poder construir as estruturas de pensamento e ao (relaes de linguagem, lgica, espaos temporais, psicomotoras e scio-afetivas), necessrias para o seu desenvolvimento.

Segundo Silva et al (2004), os pioneiros no estudo referente a construo da imagem corporal seus significados e sua as atuaes na representao de si, no homem, foram os neurologistas, Henry Head e Paul Schilder, que iniciaram os estudos em seus pacientes com leses cerebrais no sistema nervoso central, por volta do sculo XX.

De acordo com Ribeiro et al (2012, apud Fisher, 1990) existia naquele perodo a necessidade emergente da compreenso a cerca dos fenmenos: membro fantasma e a anosognosia. Estes fenmenos eram considerados distores disfuncionais da percepo do prprio corpo. Os estudos os levaram de encontro a uma hiptese que indicava que existe um esquema central da imagem corporal capaz de registrar as percepes corporais e integr-las, e as distores dessas percepes, estariam relacionadas a danos cerebrais especficos. A hiptese da existncia de uma imagem corporal corroborava junto s pesquisas para a compreenso e apreenso de conhecimentos ainda no adquiridos naquele perodo, nos casos clnicos.

De acordo com Ribeiro et al (2012), o conceito de imagem corporal para Schilder se da por meio da representao introjetada de si prpria, pela a pessoa ... entende-se por imagem do corpo humano a figurao de nossos corpos formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para ns" (RIBEIRO, 2012 et al, apud Schilder, 1994).

Sengundo Nsio(1995), em acordo com Klein, a construo da personalidade do ser humano, configura-se a partir da tenra infncia, atravs do movimento de , introjeo de um conceito de uma relao objetal, em si, da projeo desse conceito no mundo e da identificao desse, com ele prprio. Esse processo inconsciente realizado pela criana nas fases iniciais da vida, contribui para a formao de uma imagem corporal mental de si prpria, imagem essa, que se difere da imagem visual (reflexo do espelho) que percebe de si prprio.

De acordo com Nsio (2009), seguindo os conceitos de Lacan, pontua que a Imagem corporal se subdivide em dois conceitos a imagem corporal mental e a imagem visual (reflexo do espelho) de si prprio. Nsio (2009), afirma, que a imagem visual aquela recebida pelos rgos de percepo os olhos frente ao espelho o seu reflexo tal como ele . Nsio (2009), pontua que a imagem corporal metal que o sujeito tem de si prprio, difere-se da primeira imagem citada, pois independente do real refletido pelo espelho. A imagem corporal mental so os conceitos que a pessoa formula e cristaliza de si prpria de como ela se v, de como ela se percebe e como ela se sente.

Nsio conceitua sobre a imagem corporal,

a imagem do corpo a prpria substncia do nosso eu[...] no somos nosso corpo em carne e osso somos o que sentimos e vemos nosso corpo sou o corpo que sinto e o corpo que vejo (NSIO, 2009, Sumrio).

De acordo Galvo (1995), a com construo do eu e por consequncia a imagem corporal na criana, se constitui e ocorre durante toda a vida da pessoa, porm se estrutura nas fases iniciais da criana, assim suas atividades motoras de explorao experimentao so de fundamental importncia para sua evoluo.

1.3.1 Construo da identidade do sujeito

Lane (1989) afirma que todos ns somos personagens de uma histria que ns mesmos criamos. Desde o nascimento, ocupamos vrios subgrupos de identidade, seja como filhos, pais, ricos, pobres, brasileiros, negros, etc. E esses subgrupos muitas vezes ditam a maneira como agimos. A nossa identidade construda ao longo de nossa vida e, ao longo desta, atravs de experincias novas, desenvolvimento biolgico, essa identidade vai se modificando, de forma contnua. Ela chama a ateno para o um fato de que quando ns no sabemos quem somos, temos a tendncia de sentir maus pressentimentos de que vamos enlouquecer.

Lane (1989) faz questionamentos sobre como se identificar, ou seja, como saber quem somos, como nos definimos. Informaes so aplicadas a nossa identidade e, estas ajudam a nos definir como indivduos, pois ns nos chamamos da maneira que os outros nos chamam. A nossa identidade reforada atravs da diferena e da igualdade, onde nos encontramos no outro e nos diferenciamos do outro, resultando em um reconhecimento recproco.

Uma das maneiras de se esperar uma definio de identidade, segundo Lane (1989), atravs dos grupos que se faz parte, porm importante saber que a identidade, no seu sentido geral, no finita nem permanente. certo que dependendo da situao tomamos uma determinada identidade (filho, pai, etc.) aparentemente permanente, porm somos seres com muitas subidentidades que variam de acordo com a situao vivida e a cultura interiorizada, mas que pode ser modificada no decorrer da vida.

1.3.2 A infncia e seu reconhecimento como tal

Segundo Cirino (2001 apud BARBOSA, 2011, p.4), na Idade Mdia, as crianas no recebiam cuidados maternais e eram tratadas como se fossem adultos em miniatura, ou seja, o tratamento dado para estes infantes no era baseado em qualquer tratamento diferenciado ou especial. O incio do reconhecimento da infncia aparece no sculo XVI, considerando-a como um ser ao qual tinha em sua essncia maldade, sendo dessa maneira, pecadora por no conseguir fazer a utilizao da fala.

A viso da criana como um ser inocente, puro surge e que necessitava de cuidados e proteo, de acordo com Cirino (2001 apud BARBOSA, 2011, p.5) no sculo XVIII. Assim, a criana era cuidada pelos adultos a fim de proteg-las dos males que a sociedade poderia oferecer enquanto eram pequenas. Segundo Barbosa (2011), a partir desse momento, a criana passa a ser vista como um ser que precisa ser cuidado e preparado para um futuro, passando a surgir um lao afetivo entre a criana e seus pais, a responsabilidade dos pais em educar seus filhos. A partir disso, a psicologia comea sua atuao voltada para a natureza infantil, objetivando compreender e contribuir para desenvolvimento saudvel das crianas.

1.3.3 A criana sob o olhar Gestltico

Para Aguiar (2001 apud BARBOSA, 2011, p.6), a fase adulta do desenvolvimento humano no deve ser entendida como um perodo estvel, na qual sua fragilidade e instabilidade seriam apenas na infncia. Assim, tomando-se como pilar de entendimento os conceitos da Gestalt-terapia, a fase adulta tambm vista como um perodo de constantes modificaes, visto que, o homem um ser que sempre est desenvolvendo e se transformando durante toda sua vida, no importando qual etapa do desenvolvimento ele se encontra. Da mesma forma, a criana tambm no pode ser entendida como um ser exclusivamente passivo, pois, como em todas as outras etapas do desenvolvimento, durante a infncia o indivduo tambm modifica e modificado pelo mundo a partir do momento em que ele passa a se relacionar com ele. Logo, a criana deve ser entendida a partir de uma viso holstica, como uma totalidade.

Barbosa (2011) afirma que, embora a Gestalt-terapia possuir uma leitura especfica sobre o desenvolvimento do indivduo, reconhecido por ela a importncia das fases do desenvolvimento humano para entender cada fase da criana, bem como, saber o que ela j pode ser capaz de realizar.

Barbosa (2011) afirma que para uma adequada compreenso da criana, necessria a considerao dela como um todo, e no apenas uma parte dela que afeta seu todo e que completa sua totalidade. essencial analisar a relao existente entre as partes que compe o todo da criana, pois no possvel entender uma parte que se sobressai (figura) em um dado momento, se no for feita a integrao com o contexto onde essa figura se destaca (fundo).

Para Aguiar (2005 apud BARBOSA, 2011, p.7), ao afirmar que necessrio que o sujeito deva ser visto em sua totalidade, isso no quer dizer que todas as suas caractersticas devero ser percebidas de uma s vez e a todo instante. Inicialmente, feito contato com a parte que est se destacando no momento (figura), para relacion-la em relao com as outras que compe o sujeito. Diante disso, a Gestalt-terapia afirma que a criana entendida como um ser de relao, ao qual est sempre se relacionando com o meio ao qual est inserida (modificando e sendo modificada fazendo uso dos recursos que possui), constantemente se modificando em seu vir-a-ser.

O desenvolvimento infantil, segundo Antony (2006 apud BARBOSA, 2011, p.8), decorre de diversas influncias: ambientais, sociais, culturais, de fatores biolgicos, bem como, dos diversos acontecimentos que vo ocorrendo e que no podem ser previstos.

Para Barbosa (2011), o desenvolvimento da criana (assim como em toda vida do homem) ocorre atravs do contato que ela realiza, considerando a interao de seu biolgico e seu social (no devendo fazer qualquer prioridade entre eles), gerando uma aquisio de experincia e conhecimento atravs de elementos orgnicos e situacionais, em que cada aquisio resulta uma modificao de algo no meio.

De acordo com Aguiar (2005 apud BARBOSA, 2011, p.8), a Gestalt considera o homem como um ser de contato, de relao, de trocas, ao qual se desenvolve a partir de encontros e desencontros com outros que despertem algum significado nele. Assim, atravs do contato possvel ao sujeito descobrir seus potencialidades e limites, buscar seu equilbrio, bem como, tentar suprir suas necessidades atravs da autorregulao organsmica.

Barbosa (2011) afirma que a criana faz uso das potencialidades e recursos que possui para conseguir se relacionar com o meio ao qual est inserida, com o objetivo de tentar absorver tudo que para ela for nutritivo e repelir tudo aquilo que para ela for prejudicial ou desnecessrio.

Aguiar (2005) aponta que a energia agressiva tem um sentido muito importante no ajustamento criativo, pois ela que impulsiona o indivduo e o permite transformar o mundo. Sem a energia agressiva no se consegue destruir relaes antigas em favor das novas. Assim, quando falamos de desenvolvimento estamos falando o tempo todo em contato. (BARBOSA, 2011, p.9).

Para Soares (2005, apud BARBOSA, 2011, p.9), o processo de crescimento do indivduo torna-se mais favorvel a medida que vamos nos desenvolvendo, sendo um processo sucessivo, onde importante respeitar as limitaes de cada pessoa, considerando, entretanto, que sempre poder haver mais algum progresso no seu desenvolvimento.

Antony (2006) compara o processo de desenvolvimento da criana ao ciclo do contato exposto por Ponciano Ribeiro (2007). Seria como se a criana no incio de sua vida estivesse na confluncia e se encaminhasse para o egotismo. Dessa forma, no incio a criana no se separa do mundo ao seu redor, ao passo que no egotismo ela j tem uma noo de eu construda. No entanto, a autora afirma que a criana no deve permanecer no egotismo, pois isso a impediria de realizar trocas. Por sua vez, Aguiar (2005) fala de uma transio de heterossuporte para autossuporte, de indiferenciao para autonomia. (BARBOSA, 2011, p.9).

O desenvolvimento da criana, segundo Soares (2005, apud BARBORA, 2011, p.10), ocorre a partir de seu nascimento, a partir do momento que ela passa a fazer contato com outras pessoas no meio ao qual est inserida. Atravs da famlia feito seu primeiro contato com o mundo, e, nessa famlia, que a criana desenvolver suas potencialidades. Entretanto, Aguiar (2005, apud BARBORA, 2011, p.10) afirma que mesmo antes do nascimento o beb j se relaciona com seus pais. Dessa maneira, ele j modifica o mundo antes de seu nascimento.

Inicialmente, como afirma Aguiar (2005 apud BARBOSA, 2011, p.10), o beb no possui recursos que faam com que ele seja capaz de distinguir seu eu do no-eu. Paulatinamente, atravs das introjees apresentadas ao beb, ele vai construindo sua fronteira de contato, criando uma diferenciao para o beb sobre o que faz parte dele (seu eu) e o que no faz parte dele (seu no-eu).

Na infncia, para Oaklander (1980 apud BARBOSA, 2011, p.10), as funes cognitivas do indivduo ainda esto em desenvolvimento, fazendo com que a fronteira de contato da criana seja frgil. Dessa forma, a criana pode fazer introjees negativas a seu respeito, podendo ocasionar uma baixa autoestima, dificultando seu contato com o meio ao qual est colocada. Conforme a criana vai amadurecendo suas funes cognitivas, ela passa a ter mais autonomia, permitindo que suas potencialidades sejam desenvolvidas.

Aguiar (2005 apud BARBOSA, 2011, p.11) comenta que conforme a criana vai crescendo e se desenvolvendo, ela tambm vai fortalecendo sua autonomia, conseguindo se inserir no mundo, consegue buscar de maneira mais eficaz a satisfao de suas necessidades, bem como, comea a lidar com a realidade de que existem outras regras alm daquelas que ela aprendeu no seu ambiente familiar, onde as pessoas podem ter comportamentos e opinies diferentes dela.

Barbosa (2011) afirma que a criana, a partir de seu primeiro ano de vida aprende que capaz de dizer no para aquilo que ela no considere como necessrio ou o que ela acredite ser ruim para ela. Para que a criana seja capaz de fazer uma discriminao mais adequada dos estmulos apresentados a ela, importante que ela seja incentivada (pelo meio onde est inserida) a expressar seus sentimentos, ensinado-a ela que ela pode negar o que no desejar.

1.3.3 PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL Oliveira (2014) afirma que o termo psicomotricidade apareceu pela primeira vez no ano de 1920 e tinha como significado uma unio entrelaada do pensamento com o movimento, visto que tinha sido observado um relao muito prxima entre anomalias psicolgicas e anomalias motrizes, chegando-se ao termo psicomotricidade.De acordo com Oliveira (2014), O pensador grego Aristteles j fazia uso de um pensamento a respeito da psicomotricidade, quando este analisava a funo da ginstica como algo que o fizesse o esprito se desenvolver melhor, visto que servia para que o corpo pudesse ser educado, pudesse ter mais graa e vigor (partindo da ideia Aristotlica na qual homem era constitudo de corpo e alma).Segundo Oliveira (2014)

Aristteles d uma conotao da ginstica, de movimento, como algo mais do que simplesmente o exerccio; acredita que se deve procurar o melhor exerccio de acordo com o temperamento, o que convm para a maioria dos homens. (OLIVEIRA, 2014, p. 29).

Oliveira (2014) diz que muitos autores tem estudado a respeito da importncia e do significado da psicomotricidade, ela destaca autores como Merleau-Ponty (o homem como uma realidade corporal, onde ele o seu corpo), Harrow (as atividades de sobrevivncia do homem est relacionada ao seu desenvolvimento psicomotor), Piaget (estudo das estruturas cognitivas importncia do perodo sensrio-motor e da motricidade), Wallon (aspecto afetivo como anterior a qualquer outro tipo de comportamento- H uma estreita relao entre motricidade, afetividade e inteligncia no desenvolvimento infantil movimento, pensamento e linguagem como unidade inseparvel), Le Bouch, Defontaine (entendimento da psicomotricidade se d pela triangulao corpo, espao e tempo), Ajuriaguerra, Fonseca, Lapierre, etc.

A psicomotricidade, segundo Oliveira (2014), tem a proposta de permitir ao indivduo sentir-se bem da maneira que ele de fato, permitindo que ele se admita e se expresse de acordo com sua realidade corporal, proporcionando para a criana uma maneira prpria,dela conseguir buscar superao para suas dificuldades e dvidas. Atravs do movimento, a criana alcana certo suporte facilitando sua aquisio de conhecimento sobre o meio em que est inserida atravs de seu corpo, de suas percepes e sensaes.A boa evoluo da afetividade expressa atravs da postura, das atividades e do comportamento. Uma criana muito fechada em si mesma possui falta de espontaneidade e tem a tendncia de fechar tambm seu corpo, isto , tende a encolher-se e a trabalar com um tnus muito tenso, muito esticado. (OLIVEIRA, 2014, p.37).

A expresso da individualidade do sujeito expressa atravs de seu corpo. A partir de seu prprio corpo, a criana desenvolve a capacidade de se perceber e perceber as coisas ao seu redor. Assim, a criana ao tomar conhecimento sobre ela mesma, ser mais capaz de se diferenciar dos demais, de perceber as diferenas no meio em que vive. Atravs de seu corpo, a criana revela sua maneira de ser e estabelece seu contato com os outros. (OLIVEIRA, 2014).Para uma criana agir atravs de seus aspectos psicolgicos, psicomotores, emocionais, cognitivos e sociais, precisa ter um corpo organizado. Esta organizao de si mesma o ponto de partida para que descubra suas diversas possibilidades de ao e, portanto, precisa levar em considerao os aspectos neurofisiolgicos, mecnicos, anatmicos, locomotores. (OLIVEIRA, 2014, p.48).

O desenvolvimento do esquema corporal organizado atravs da maneira como a criana se relaciona com seu prprio corpo, fazendo uma construo mental na medida em que vai fazendo uso desse corpo. Dessa forma, desde o nascimento, a criana vai aprendendo a organizar as sensaes que ela vai experimentando. (OLIVEIRA, 2014).

O esquema corporal de uma criana at trs anos de idade revela que ela ainda no consegue se perceber diferente do meio ao qual faz parte, a conscincia do seu eu diferente do outro e do meio ainda no clara. Nesta fase, inicia-se o amadurecimento do seu sistema nervoso, ela sente uma necessidade muito grande em se movimentar, aumentando, dessa forma, suas habilidades de se perceber. Atravs dos movimentos realizados, a criana vai aumentando a experincia subjetiva de seu corpo, ampliando tambm, sua experincia motora. (OLIVEIRA, 2014).1.4 CONCEITUAES (USAREMOS A GESTALT, COLOCAR OS CONCEITOS GESTALTICOS QUE VAMOS UTILIZAR NO TRAB1.5 ALHO TODO)

GESTALT-TERAPIA

A Gestalt-Terapia, foi fundada entre os anos de 1940 e 1950 por Frederick Perls e est fundamentada nas teorias de base: Psicologia da Gestalt; Teoria de Campo; Teoria Organsmica e Teoria Holstica. O Humanismo, o Existencialismo e a Fenomenologia so suas filosofias de base, que possuem uma viso de mundo e de pessoa.

De acordo com Cardella (2002), a Gestalt-terapia considera importante a investigao do ser humano a partir das interaes estabelecidas com o meio circundante, a essa relao denomina campo organismo/ambiente a qual serve para indicar a relao estabelecida como fruto da experincia humana, ou seja, um campo frtil e permeado por significados.

A GESTALT-TERAPIA FENOMENOLGICA

Fenomenologia a busca da compreenso, baseada no que bvio ou revelado pela situao[...] em vez da interpretao do observador(YONTEF,1998 p.236).

De acordo com Yontef (1998), uma descrio fenomenolgica integra tanto o comportamento observado quanto os relatos pessoais e experienciais. um mtodo cientifico, de descrio (ver, observar, descrever e sintetizar) a busca da compreenso, baseada no que revelado pela situao, em vez da interpretao do observador. Seus principais conceitos so:

Fenmeno: algo que se mostra a conscincia, podendo ser emoo, gestos entre outros.

Descrio: Ver, observar, descrever, sintetizar: reduzir ou interpretar. A descrio feita de forma fidedigna, ao que apresentado, livre de interpretaes, descrever o que se v objetivamente.

Reduo fenomenolgica: juno e a descrio de uma temtica comum, presente nas experincias da pessoa.

Epoqu: colocar seus pensamentos julgamentos, seus conhecimentos e saberes anteriores em suspenso.

Checagem: a constatao se o paciente confirma, se concorda com o andamento do tratamento, se para ele faz sentido, aquilo que esta sendo abordado e trabalhado.

O objetivo da fenomenologia a awareness. A awareness essencial para reconhecer/verificar diferenas.

GESTALT-TERAPIA BASEIA-SE NO EXISTENCIALISMO

Segundo Yontef (1998), a Gestal-terapia existencial em dois sentidos: o primeiro quando enfatiza os aspectos humanos atuais e singulares a cada pessoa tanto no dia-a-dia quanto em terapia. Cada pessoa tem em si potencialidades e atravs de awareness a pessoa pode escolher controlar sua vida. O segundo sentido esta ligado a forma e a atitude no relacionar-se na Gestalt-terapia, esse relacionamento chamado Eu-Tu.

Yontef (1998), pontua que o dilogo existencial, uma forma de contato especializada no relacionamento Eu-Tu, que tem como interesse, a interao, o encontro com a outra pessoa. Na relao dialgica a presena; a incluso, a confirmao, a comunicao genuna e a no explorao, so ferramentas que contribuem para a eficincia do tratamento ou interveno psicoterpica.

Presena: o psicoterapeuta estar presente verdadeiramente, mostrando o seu verdadeiro self, mostrando como realmente esta e no como parece estar.

Incluso: colocar-se posicionar-se, o quanto possvel, na experincia do outro, sem jugar ou interpretar.

Confirmao: confirmar o sofrimento, a dor do outro e afirmar sua existncia nica e separada, compreendendo-o e aceitando-o.

Comunicao genuna: deixar que o que esta entre, controlar a relao, o relacionamento do cliente e o psicoterapeuta, a interao e a troca que acontece entre eles.

A awareness, a tomada de conscincia, a percepo daquilo que estava inconsciente mas que se clarificou e se tornou em sentido bvio, como destaca Yontef,

Awareness uma forma de experienciar. o processo de estar em contato atento com o evento mais importante do campo indivduo/ambiente com apoio energtico, cognitivo, emocional e sensrio-motor total. Um continuum constante e initerrupto de awareness leva a um Ah!, uma percepo imediata da unidade bivia entre elementos dspares no campo. (YONTEF,1998 p.236).

Segundo Yontef (1998), a regulao deverstica compe-se por afirmaes de obrigaes estabelecidas em padres externos (isolados de suas necessidades interiores e organsmica), de forma inflexvel e fixa, criando na pessoa uma diviso dualstica (atravs de introjees no assimiladas), gerando processos confusos, ora de rebelio automtica, ou de rebelio disfarada de conformismo, o que resulta em respostas patolgicas como atitudes antissociais,

Yontef (1998), ressalta que se por outro lado a possibilidade da experimentao, do julgamento, do que bom ou no e no que ele acredita, traz a possibilidade de regular-se organsmicamente. Essa autorregulao possibilita a interao e a integrao da realidade exterior com suas necessidades interior, o que exige uma conexo do self interior e o aspecto externo.

Yontef (1998), pontua que a autorregulao deverstica fixa e definitiva, j a autorregulao organsmica, faz parte de um processo de renovao, onde o feedback e o ajustamento criativo continuo, fazem parte deste processo que necessita de um continuo awareness e vigilncia para novas necessidades e para mudanas de recurso no self.

O objetivo na auto-organizao organsmica, de acordo com Yontef (1998), a aceitao do paciente como ele esta, confirmando o seu tornar-se, com esse reconhecimento, possvel conhecer-se e crescer.

A GESTALT-TERAPIA E O HUMANISMO

A Gestalt-terapia para Ribeiro (1985), concorda e coloca-se ao lado das psicoterapias humansticas, compreendendo o homem como centro, como valor positivo, como capaz de se autogerir e regular-se(p,29). O humanismo uma teoria do homem; assim ao fazer uso dessa teoria, a Gestalt ressalta que o seu processo psicoterpico baseia-se no objetivo do homem criar a si mesmo, existir, tomando posse de si e do mundo, enfatiza o positivo do homem e o seu potencial de vida, busca empoderar a pessoa de si mesmo e do mundo, possibilita a reflexo a partir do positivo, do criativo, enfim, daquilo que, a pessoa tem em si e talvez no perceba

De acordo com Ribeiro (1985), a psicoterapia humanstica tem a finalidade de levar a pessoa a plenitude de sua essncia (no agir, no pensar e no expressar-se pela linguagem).

A proposta de Gestalt-terapia mais do que uma reflexo humanstica, ela se realiza a partir de uma postura bsica, filosfica, existencial. Quer ser uma resposta a um modo especfico de se estar no mundo e a ele reagir. RIBEIRO, 1985, p. 31).CONCEITOS DA PSICOLOGIA DA GESTALT

Conceitos de acordo com Ribeiro (1985),

TODO E PARTE: a totalidade que nos percebida, embora a pessoa seja feita de partes e so nessas partes que se revelam suas queixas, essencial a considerao do Todo antes das partes, pois se acaso for considerado somente as partes, o Todo perde seu verdadeiro sentido/essncia.

FIGURA E FUNDO: a totalidade da realidade enquanto percebida como partes em correlao em um dado momento (RIBEIRO, 1985). A figura parte do todo, onde expressa de maneira destacada de outras situaes o fundo. A Figura e o Fundo no so estticos, podendo um tornar-se figura ou o fundo do outro.

A figura no uma parte isolada do fundo, ela existe no fundo. O fundo revela a figura, permite figura surgir. O que o cliente diz jamais pode ser entendido em separado, pois a figura "tem" um fundo que lhe permite revelar-se e do qual ela procede (RIBEIRO, 1985, p.74).

AQUI E AGORA: Conscincia de sua realidade de seu presente, sabendo que neste presente se tem tudo para se compreender e experienciar a sua realidade como um todo.

COMPORTAMENTO MOLAR: um comportamento consciente e externo, aquilo que observvel, como falar, andar e gesticular.

COMPORTAMENTO MOLECULAR: o comportamento que ocorre no organismo, frente a estmulos do ambiente, podem ser: fsicos e emocionais, sendo conscientes ou no.

MEIO GEOGRFICO: o qual realmente nos encontramos, um lugar fsico.

MEIO COMPORTAMENTAL: aquele, que imaginamos/criamos, pensamos estar. CONTATO

Para Ribeiro (1997), o contato um processo de unio ou separao de dois objetos diferenciados e independentes, sejam organismos ou objetos animados e inanimados. O contato a experincia entre o eu e o no-eu. O contato uma funo que provoca mudana a partir da inter-relao entre organismo-organismo ou organismo-ambiente. De acordo com Ribeiro (1997), o contato acontece tanto atravs das funes motoras e sensoriais, como na fronteira dos objetos.

Ribeiro (1997), relata que o contato um processo construdo por fases: o Pr-contato, a primeira relao com o objeto novo e desejado, a parte biolgica e sensitiva (abre-se a Gestalt); Contato, a interao com o objeto, com o meio, com a necessidade, onde se crio possibilidades de atuao; Contato Final, onde a necessidade inicial foi satisfeita e o Ps-contato, quando se internaliza a necessidade,(fecha-se a Gestalt).

FRONTEIRAS DO EU De acordo com Polster & Polster (2001), as fronteiras do eu so determinadas pelas experincias adquiridas durante a vida e influenciadas por assimilaes de novas vivncias. A fronteira do eu de um indivduo a fronteira daquilo em que para ele aceito (aes, ideias, pessoas, ambientes e valores) para se envolver com o mundo externo, consigo e com seu contedo interno.

De acordo com Polster & Polster (2001), ao entrar em contato com as fronteiras do eu, a pessoa deve compreender que possibilidades de riscos podem surgir e que tal situao pode contribuir para seu progresso pessoal e consequncias para novas exigncias pessoais. O contato pode possibilitar bem-estar, gratificao e crescimento, porm envolve riscos, uma vez que no previsvel to pouco esttico.Polster & Polster (2001), atravs do contato o individuo consegue relevantes mudanas em sua fronteira do eu. Pessoas que restringem o contato, diminuem a vivacidade daquilo que poderia ser uma experincia prazerosa e satisfatria.

Polster & Polster (2001), ressaltam que o poder do indivduo para criar sua prpria vida enfatizado pelo poder de reconhecer a adequao de seu ambiente. Porm esse reconhecimento, pode provocar ansiedade a mudana. Com isso, o indivduo se v como eu-sou-como-sou, e ao pensar assim fica preso, cristalizado, sem possibilidade de mudana e crescimento para si prprio.

De acordo com Polster & Polster (2001), pode-se perceber que existe uma inter-relao considervel entre as diversas formas de fronteiras do eu. A fronteira de exposio relaciona-se com o fato do indivduo ser observado ou reconhecido, sendo que para alguns indivduos a exposio pode ser perigosa, pelo desdm ou pelas exigncias dos outros. Polster & Polster (2001), pontuou sobre as fronteiras expressivas, as quais envolvem os comportamentos expressivos. As pessoas optam por no cometer certos comportamentos pela ameaa de perder sua prpria identidade. Por tanto, percebemos que as fronteiras do eu compem as fronteiras do ser humano e esse relacionamento dinmico que ocorre pelo contato envolvendo as figuras de interesse contribui para o crescimento/desenvolvimento do indivduo.

Uma fora que direciona o indivduo, poderosamente, o tempo inteiro, maturidade, independncia e auto-direo, num estado constante de superao de si mesmo atravs da experimentao de seus limites, do potencial diante dos obstculos e da realizao atravs de tais superaes. (MONTEIRO, [s.d.], [s.p.]).

2 Vir-a-ser

3 confluncia2: ns existimos, eu no (RIBEIRO, 2007, p.66).

4 egotismo3. :eu existo, eles no (RIBEIRO, 2007, p.65).

5 ANLISE E DISCUSSES (pode at citar algum autor, mas somente como sustendador de nossas ideias, pois aqui ser onde ns vamos criar) O tema abordado encontrou muitas dificuldades no que diz respeito ao material bibliogrfico especfico sobre o tema. Contudo, consideramos relevante esse estudo pela pretenso em abordar tal tema para que dessa forma se instigue mais produes que se aprofundem e debatam tal temtica.Os temas ncoras do trabalho (psicomotricidade, desenvolvimento, criana e imagem corporal), foram amplamente pesquisados e publicados. Todavia a correlao entre tais temas que se faz jus nossa colocao.

Embasados nos pressupostos tericos que indicam que o sujeito configura-se como pessoa que constri sua personalidade desde a tenra infncia, ainda em momentos to primitivos, sustentamos a suposio de que o meio ambiente e as pessoas que interagem com a criana, podem tanto tornar-se potencializador do desenvolvimento ou acarretar danos psquicos e identitrios a criana.Uma vez que a criana tenha internalizado o mundo por meio de suas relaes (sejam elas afetivas ou objetais), a criana constri fantasias simblicas de sentidos e significado para tais internalizaes. Essas concepes que faz do mundo e de si, que contribuiro para a construo de seu eu, da sua personalidade e da sua identidade a de uma imagem/representao de si prpria.Tanto as relaes intrnsecas e as extrnsecas, construdas pela criana constituem em si uma imagem de quem ela no mundo. Se as experincias e vivencias correram de maneira saudvel, sem acentuadas intercorrncias, a criana tende a construir uma imagem positiva de si no mundo, todavia se a criana sofreu intercorrncias traumticas, ou de outras ordens (como excesso ou falta de cuidados), expondo-a a risco ou no permitindo autonomia cabvel ao desenvolvimento de sua faixa etria, a criana pode construir uma imagem distorcida de si prpia. Podendo compreender-se como incapaz ou perceber-se como inadequada.Ao ser tirada a possibilidade da criana desbravar o mundo por meio de sua autonomia, ela pode regredir a estgios anteriores do desenvolvimento retardando o seu desenvolvimento motor e sua produo no mundo, pode tambem reagir agressivamente ao ambiente . Por no produzir satisfatoriamente as expectativas ambientais, pode ocorrer movimentos de se isolamento, por perceber-se diferente das outras crianas, ou ser intitulada pelos adultos como ineficiente e incapaz.

Aquilo que a criana acredita ser no mundo, colabora para sua produo no mundo. Uma vez que no tenha internalizado uma concepo satisfatria de seu meio, a criana tende a conflitar ou excluir-se do meio. Ao isolar-se a criana deixa de interagir com o meio e de extrair desse, novas possibilidades de sentidos vivnciais. Se ao contrario for, e a criana conflitar com o meio, essa tender a produzir respostas agressivas ao meio (bater, morder, chorar incessantemente, com outros e consigo mesma), como forma de conseguir do meio aquilo que lhe necessrio.O olhar atento as crianas nos seus primeiros dois anos de vida de extrema importncia, pois nesse perodo que a criana internaliza o mundo, cria uma concepo do mundo e constri uma representao de si, de pessoa que pertence a esse meio, e que aceita e que produz ou no satisfatoriamente para aqueles que so significativos em sua vida.

O estmulo motor da criana nesse perodo de extrema importncia, pois atravs do tons muscular e das possibilidades de atuar com seu corpo no mundo, que a criana percebe-se como ser eficiente, percebe que gratificada pelo meio, e atravs dessa vivncia desse ajustamento criativo, que ocorre a autorregulao-organsmica, em seu vir a ser no mundo.

6 CONSIDERAES FINAIS

Apesar do restrito material bibliogrfico especfico sobre o tema abordado, pode-se concluir que existem particularidades muito importantes que merecem ser mais exploradas a respeito da interveno psicomotora com o pblico infantil, especialmente, na faixa etria de 0 a 2 anos de idade, momento em que o desenvolvimento da criana est nos seus estgios iniciais.

Erroneamente, a criana vista por muitos como um ser passivo diante do meio ao qual faz parte, entretanto, conforme os conceitos da Gestalt-Terapia, a criana deve ser vista como um ser que modifica e modificada pelo mundo, atravs de suas relaes de contato com o meio no qual vive. Dessa forma, cabe aos profissionais em psicologia no restringir sua atuao apenas a tcnicas, necessrio, sobretudo, uma interao do profissional com a criana para que seja possvel compreend-la como um ser maior do que a soma de suas partes, respeitando suas particularidades enquanto indivduo, com vivncias e habilidades especficas.Sob um olhar Gestltico, a criana possui uma fronteira de contato frgil, entretanto, isso no faz com que ela seja vista como incapaz de determinar qual caminho deseja trilhar, nem que seja um ser totalmente passivo do ambiente que vive, pois mesmo ainda com restries devido sua imaturidade, ela possui em si uma sabedoria organsmica que capaz de orient-la a fazer o que de fato ela desejar atravs de seus recursos j adquiridos (atravs da orientao de seus cuidadores).A construo do sujeito algo complexo, onde ele vai se construindo gradativamente, ao longo de sua vida. Esta construo se d pela relao que o sujeito tem com o meio ao qual ele vive, atravs de suas prticas, em que a psicomotricidade tem uma participao muito revelante.

Nos primeiros anos de vida, a criana aprende a se diferenciar do mundo, e a atividade motora se revela muito importante para que isto ocorra. importante que o profissional que faz o uso da psicomotricidade tenha disponibilidade, alm da competncia tcnica, para oferecer a ajuda criana para que esta possa ter um melhor desenvolvimento de suas habilidades, tomando, assim conscincia de suas dificuldades.

REFERNCIAS

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ANEXOS

ANEXO 1UNIVERSIDADE CATLICA DOM BOSCO

FICHAMENTO 3 Data: 11/ 06 /2015Curso: PSICOLOGIA

Disciplina: TCC Prof.: Fernando 9 SemestreAcadmicos: Adriana Elizabeth Cocian Lemes Alaine dos Reis Veloso Teixeira Rivanei de Oliveira Moura

ROSSI, F.S. Consideraes sobre a Psicomotricidade na Educao Infantil. Revista Vozes dos Vales: Publicaes Acadmicas. Minas Gerais; n1; p.1-18, 2012.

Resumo:

O texto aborda o desenvolvimento motor e intelectual da criana atravs da perspectiva da psicomotricidade na educao infantil, em que a estrutura da educao psicomotora considerada como elemento indispensvel para o desenvolvimento fsico, afetivo e cognitivo da criana.

A psicomotricidade, alm de constitui-se como um fator indispensvel ao desenvolvimento global e uniforme da criana, tambm se constitui como a base fundamental para o processo de aprendizagem dos indivduos. Ela apresenta como meta: a motivao da capacidade sensitiva atravs das sensaes e relaes entre o corpo e o exterior; cultivo a capacidade perceptiva atravs do conhecimento dos movimentos e da resposta corporal; organizao a capacidade dos movimentos representados ou expressos atravs de sinais, smbolos, e da utilizao de objetos reais e imaginrios; fazer com que as crianas possam descobrir e expressar suas capacidades, atravs da ao criativa e da expresso da emoo; ampliao e valorizao da identidade prpria e a autoestima dentro da pluralidade grupal; criao de segurana e expresso atravs de diversas formas como um ser valioso, nico e exclusivo; e promoo de conscincia e respeito presena e ao espao dos demais.

Durante o processo de aprendizagem, os elementos bsicos da psicomotricidade so utilizados com frequncia e so importantes para que a criana associe noes de tempo e espao, conceitos, ideias, enfim, adquira conhecimentos, logo, conclui-se que algum problema em um destes elementos poder prejudicar a aprendizagem, criando algumas barreiras.

na Educao Infantil, que a criana busca experincias em seu prprio corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal, sendo fundamental e necessrio, a toda criana, passar por todas as etapas em seu desenvolvimento. Atravs de jogos, de atividades ldicas, por exemplo, a psicomotricidade permite a compreenso da forma como a criana toma conscincia do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio dele, localizando-se no tempo e no espao.

Comentrios:

O desenvolvimento motor contribui consideravelmente, em diversos aspectos, para a vida do indivduo, ou seja, um adequado desenvolvimento motor de uma criana revelar futuramente positivos avanos fsicos, psquicos e cognitivos para ela. Apesar de limitaes motoras serem influenciadas por outros fatores, como os biolgicos, podem-se fazer intervenes a fim de buscar solues clnicas e preventivas, de acordo com cada caso, visto que cada indivduo possui suas particularidades, suas heranas genticas, contexto vivencial, suas limitaes, etc.

A educao psicomotora deve ser colocada em prtica atravs de conhecimento adequado do desenvolvimento infantil e suas funes psicomotoras, ao qual dever atender as particularidades de cada criana, organizando seu planejamento e executando-o fazendo uso de estmulos, educao e terapia atravs de jogos, atividades ldicas, etc.

Com o auxilio da educao psicomotora, pode-se auxiliar a criana na construo de sua imagem do corpo. Isso permitir um melhor desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo no decorrer de seu crescimento. Logo, imprescindvel que a educao psicomotora seja iniciada bem cedo nas crianas, podendo j ser trabalhada em creches, escolas em sries iniciais, pois neste momento que a criana comea a conhecer seu corpo, suas vontades, ou seja, isso facilitar a compreenso de si mesma, durante seu crescimento, desenvolvimento e aprendizagem.

importante que o profissional esteja preparado para uma maneira diferente de analisar as particularidades de cada indivduo quando se trabalha com crianas, visto que, a coleta de informaes necessrias, bem como a forma de intervir realizada de forma diferente, ou seja, atravs de atividades ldicas (na grande maioria das vezes), sendo necessrio conhecer tanto o funcionamento fsico infantil, seu desenvolvimento, funes psicomotoras, tanto quanto, saber interagir com este pblico to particular que o infantil.

ANEXO 2

UNIVERSIDADE CATLICA DOM BOSCO

FICHAMENTO Data: 11/06/2015

Curso: PSICOLOGIA

9 semestre noturnoDisciplina: Trabalho de Concluso de Curso (TCC) Professor: Fernando Ulysses

Acadmico(a): Adriana Elizabeth Cocian Lemes

Alaine dos Reis Veloso Teixeira

Rivanei de Oliveira Moura

Fonte bibliogrfica

ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde; AMORIM, Katia de Souza; OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Olhando a criana e seus outros: uma trajetria de pesquisa em educao infantil. Psicologia USP, So Paulo, Julho/setembro, 2009, 20 (3), 437-464.

As autoras trazem uma concepo da importncia de estudos com referncia ao ensino de crianas de 0 a 3 anos de idade, a relevncia do tema e seu destaque nas ltimas dcadas. Autores tm se empenhado na busca de respostas a questionamentos sobre estratgias e aes para melhora do sistema de ensino e aprendizagem s crianas dessa faixa etria.

O texto apresenta crticas s linhas de estudos da Psicologia do Desenvolvimento em contraste com a perspectiva terico-metodolgico de anlise do comportamento e do desenvolvimento humano, denominada Rede de Significaes (RedSig).

A primeira linha de estudo da Psicologia do Desenvolvimento analise e comentada pelas autoras o Foco no Indivduo/Pessoa; nessa nuance, o foco dos estudo permanecem no indivduo, em especial a criana, a crtica esta na metodologia empregada que ao olhar somente para a criana e excluindo todo o contexto em que ela est inserida, perde-se elementos importantes nesse processo deixando pontos a serem respondidos. Um desses pontos a busca pela validao da definio dos estgios de desenvolvimento e suas sucesses, segundo as autoras, todas as fases de desenvolvimento da criana, seja elas na constituio orgnica no so capazes de determinar as suas sucesses e principalmente, no conseguem humanizar as crianas, que passam pela humanizao somente aps viverem seus contextos diversos e no somente fsicos e orgnicos.

No h como focar somente no indivduo se desde seu nascimento ele afetado bem como afeta seu meio social. Compreende-se que ao nascer uma criana, nasce tambm novos pais, tios, avs e isso deve ser considerado no estudo do desenvolvimento humano.

Na segunda linha de estudo da Psicologia do Desenvolvimento esta a ampliao do foco de indivduo para a dade. Essa dade trata-se de um processo construtivo social dando-se atravs de interaes e aes estabelecidas entre o indivduo e outras pessoas. A dade me-criana foi a particular e amplamente privilegiada, principalmente pelo imaginrio popular.

Nisso aparece a Teoria do Apego onde no contexto estudado, a creche deve substituir altura, o lar, o carinho e o afeto dedicado pela me.

Porm, o texto pontua contrrio a esse argumento trazendo a informao de que relatos histricos mostram que a famlia nuclear, tal como conhecemos, bem como o cuidado exclusivo da criana pela me, um fato recente e no generalizado no mundo. Tambm pontuada as novas estruturaes atuais de famlias, crianas que convivem com pais separados, com novos companheiros e novos irmos.

Numa concepo de creche, os cuidadores, diante de um nmero muito grande de crianas no consegue desenvolver um trabalho de afeto e trabalho emocional, resultando em um trabalho mecnico, levantando uma nova corrente de estudos na Psicologia do Desenvolvimento: o foco na interao de crianas.

Nessa perspectiva, nos anos 70, os estudos questionavam se haviam contribuies a partir de contato com os pares, ou seja, de criana para criana.

Nos ltimos anos, verificou-se que principalmente no primeiro ano de vida, existe um repertrio de interaes emocionais, ocorrncias essas ocasionais e fortuitos, no isentando a busca da prpria criana pelo outro. No era construda de forma intencional, mas sim atravs de gestos, de olhar e postura corporal, choro, sorriso na relao com outras crianas.

Por outro lado, existe a interao adulto-criana, que traz a importncia do aparelhamento das salas, dos passeios e disposies emocionais dos cuidadores pelas suas crianas.

Conforme aprendemos, necessrio retirar o olhar do indivduo, centrado na criana, bem como na dade me-criana, buscando investigar alm dessas fronteiras para a complexidade, abrindo-se para a diversidade e outras perspectivas possveis.

Portanto, deve-se buscar os diversos elementos socioeconmicos, polticos, histricos e culturais que atravessam o desenvolvimento da criana de 0 a 3 anos considerando a complexidade onde elas se encontram para a construo do bom desenvolvimento delas.

Pequenas citaes / transcries literais

Entendemos o desenvolvimento humano como um processo que envolve coconstruo nas e atravs das interaes que as pessoas estabelecem em cenrios especficos, os quais so socialmente regulados e culturalmente organizados. De uma perspectiva scio-histrica, tal processo se d pela imerso em prticas culturais onde atuam a partir de posies historicamente construdas em relao a seus parceiros. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p 438, 439).

Rede de Significaes (RedSig) [...] Ela estuda o desenvolvimento dentro de uma abordagem que contempla o paradigma da complexidade e possibilita que o foco de anlise de uma situao ou proposta se coloque nas interaes que as pessoas estabelecem, em contextos concretos, e que so permeadas por uma matriz scio-histrica e por significaes que tm materialidade no aqui e agora das situaes. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 439).

[...] o aspecto orgnico por si s no capaz de estabelecer as sequncias e os percursos do desenvolvimento e, muito menos de humanizar o beb a partir do nascimento (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 440).

Muitos autores tm buscado incorporar o outro e o contexto no estudo e prxis da rea. No entanto, [...] tem prevalecido a viso de que as outras pessoas [...] so variveis que podem vir a modular o processo de desenvolvimento da pessoa. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p 438, 439).

As influncias s podem ter efeito se o sujeito capaz de assimil-las e ele s pode fazer isso se j possui os instrumentos ou estruturas adequadas. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 441).

Discute-se assim que, ao nascer uma criana, nascem e se desenvolvem tambm uma me, um pai, uma av, um tio ou irmo. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 441).

[...] o desenvolvimento no resulta apenas de caractersticas, que emergem por maturao e so passveis de serem detectadas em avaliaes. Trata-se de um processo de construo social que se d nas e atravs das aes e interaes estabelecidas por esse indivduo com outras pessoas, em ambientes social e culturalmente organizados. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p 438, 439).

Dentre os animais, o ser humano aquele que, ao nascer, apresenta a maior impercia, imaturidade [...], sendo incapaz de sobreviver sozinho. [...] essa incompletude o teria constitudo como uma espcie biologicamente social. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 444).

Relatos histricos mostram que a famlia nuclear e, particularmente, o cuidado exclusivo da criana pequena pela me constitui um fenmeno e no generalizado no mundo (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, apud Aris, 1981; Poster, 1979).

Na prpria sociedade contempornea, diversas formas de estruturao e reestruturao familiar tm se multiplicado, com crianas, frequentemente convivendo com pais separados, com seus novos companheiros e com irmos de outras unies. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 445).

O modelo de cuidado provido por uma me em uma famlia nuclear, assim, mostrava-se claramente inadequado nas situaes das creches estudadas e, provavelmente, em qualquer situao de educao coletiva de crianas. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 446).

[...] identificamos inmeros processos interativos envolvendo bebs, mesmo os bem novinhos. Essas interaes ocorriam muitas vezes decorrentes do acaso, [...]. Porm, era possvel verificar que vrias aes e emoes das crianas indicavam uma busca pelo outro. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 449).

Essas atribuies de significados eram feitas pela criana no de forma intencional, sendo construdas atravs dos gestos, [...] na relao com o outro. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 450).

[...} aprende-se, em especial, na relao com o outro, no s o professor, mas tambm outras crianas. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 454).

A observao sistemtica do comportamento de cada criana em diversificados momentos condio necessria para investigar como ela se apropria de modos de agir, sentir e pensar culturalmente constitudos. (ROSSETTI-FERREIRA; AMORIM; OLIVEIRA, 2009, p. 455).

Elaborao pessoal sobre a leitura

Com base no texto, constatamos a importncia dos estudos das formas de atuao dos professores em crianas de 0 a 3 anos de idade. Suas bases tericas so determinantes para incentivar, apoiar, alavancar, bem como estagnar e reter os esforos dos investigadores.

Faz-se necessrio no fitar os olhos durante a investigao e estudos, somente no indivduo/criana, pois, a mesma esta inserido em um contexto social, a qual causa-lhe modificaes e ela mesma, deixa suas marcas nesse meio social.

No que remete a dade me-criana, compreendemos que fica invivel para situaes de creches esse mtodo, tendo em vista o cuidador, possuir sob seus cuidados um nmero muito grande de crianas, o qual o impede de fornecer afeto necessrio a cada uma; fato esse que torna o trabalho desse cuidador mecnico e pragmtico.

So necessrios investimentos dos profissionais para olharem em direo a multiplicidade e inmeras opes de aprendizagem pela criana sob as influncias do meio social em que ela se insere. O seu aprendizado ocorre na troca de interaes com outras crianas, ou seja, na troca de olhar, nos gestos e balbucios de seus pares. Troca essa que ocorrer de forma acidental, na maioria das vezes, porm, sempre com foco no outro.