esaú e jacó

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ESAÚ E JACÓ MACHADO DE ASSIS

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ESAÚ E JACÓ

MACHADO DE ASSIS

Penúltimo romance de Machado de Assis.

CXXI capítulos.

Narrador da história: A apresentação da advertência no início do

livro, explicando que o texto foi encontrado no meio de cadernos

manuscritos, torna o Conselheiro Aires, que é personagem, num

autor suposto. Mas Aires não é o narrador: quem narra é o

narrador onisciente. A voz machadiana, que conversa com o

leitor, se sobrepõe à do Conselheiro. O esquema narrativo é

complexo, pois há um narrador em terceira pessoa que também

dialoga em primeira pessoa com o leitor.

Período histórico

Publicado em 1904, o livro foi escrito em uma época de

transição na política brasileira, o país deixa de ser uma

monarquia para ser uma república.

CITAÇÕES DE CLÁSSICOS:

“Camões afirmou que de certo pai só se podia esperar tal filho, e a ciência confirma

esta regra poética.” (Capítulo XXIV)

A INTERTEXTUALIDADE

“ Pessoas do tempo, querendo exagerar ariqueza, dizem que o dinheiro brotava dochão, mas não é verdade. Quando muito,caía do céu. Cândido e Cacambo...

Ai, pobre Cacambo nosso! Sabes que é onome daquele índio que Basílio da Gamacantou no Uruguai. Voltaire pegou dele parao meter no seu livro, e a ironia do filósofovenceu a doçura do poeta. Pobre JoséBasílio!” (Capítulo LXXIII)

DIGRESSÕES FILOSÓFICAS

[...] “aprenda as verdades eternas”.

— Verdades eternas pedem horas eternas, ponderou este (Conselheiro Aires),

consultando o relógio. (Capítulo XIV)

CONVERSAS COM O LEITOR

“O que a senhora deseja, amiga minha, é chegar já ao capítulo do amor ou dos amores,

que é o seu interesse particular nos livros.” (Capítulo XXVII)

Humor e ironia:

“Quando a sorte ri, toda a natureza ri também, e o coração ri como tudo o mais.Tal

foi a explicação que, por outras palavras menos especulativas, deu o irmão das almas

aos dois mil-réis.” (Capítulo III)

“Esaú e Jacó, filhos de Isaac e Rebeca nascem apedido do pai que clama a Deus a dádiva dosfilhos, já que a esposa era estéril. Ainda na barriga,as duas crianças brigam e Rebeca tem a revelação,pela boca de Javé, de que eles representam a brigaentre duas nações que se separam em suasentranhas. Um povo vencerá o outro, e o maisvelho servirá ao mais novo. Esaú se tornou umcaçador e Jacó preferia a tranquilidade, vivendo sobtendas. Isaac se identificava com Esaú; Rebecapreferia Jacó. Jacó ambicionava ser o primogênito,direito que dava a Esaú, como o primeiro a sair dabarriga da mãe, ter a autoridade patriarcal sobre osirmãos. Esaú, voltando do campo esgotado defome, só recebe a comida de Jacó quando lheconcede o direito à primogenitura.”

O título vem com o significado de um texto bíblico em que narra a

história de gêmeos que eram muito diferentes. Esaú foi o primeiro a

nascer, portanto, a primogenitura já era destinada a ele. Já quando

maior, era caçador, robusto e com feições muito másculas, diferente

de Jacó que por sua vez, não tinha o mesmo tamanho do irmão e

tinha preferência por ficar junto da mãe cozinhando.

O pai preferia mais a Esaú e a mãe, tinha mais carinho por Jacó.

Um dia Esaú voltado faminto de uma caçada e viu o irmão

cozinhando lentilhas e acaba pedindo ao irmão uma porção de sua

comida.

Jacó, que sempre almejou a primogenitura do irmão e aproveitou

para propor uma troca. Jacó só daria o prato de comida se o irmão

passasse a primogenitura a ele.

Esaú que nunca tinha se importado muito com seu título de

sucessor do pai, logo fez a troca, passando a primogenitura

ao irmão.

Após a troca feita, o pai dos gêmeos veio a adoecer, e na

hora da benção simbólica para a transferência de bens

Jacó aparece com uma pele de animal encobrindo seu

braço para se passar por Esaú.

PERSONAGENS

Pedro: Jovem monarquista. Formado em medicina, apaixona-se pela

jovem Flora e a disputa com seu irmão. É amigo do Conselheiro Aires,

por quem tem grande estima. Torna-se deputado republicano

conservador e, no fim da narrativa, rompe laços com seu irmão.

Paulo: Irmão gêmeo de Pedro, republicano, formado em direito. Como

o irmão, apaixona-se por Flora e a disputa com ele. Sofre com a morte

da amada. É amigo do conselheiro Aires. Elege-se deputado reformista

ao final da narrativa, rompendo definitivamente laços com Pedro.

Natividade: Mãe de Pedro e de Paulo, Natividade é uma mulher forte e

condescendente. Viveu para os filhos, os amigos e a família. Tentou,

em vão, estabelecer a paz entre os gêmeos, sonhando toda a vida com

a “grandiosidade” anunciada pela cabocla.

Santos: Pai de Pedro e Paulo, marido de Natividade. Homem de

origem humilde, que fez fortuna com usura e tornou-se banqueiro. De

fé duvidosa, converte-se ao espiritismo.

Flora: Jovem misteriosa, firme e ingênua a um só tempo. Apaixona-se

pelos gêmeos Pedro e Paulo. Indecisa, acaba ficando perturbada

mentalmente e morrendo. Pode ser entendida como a metonímia do

Brasil, sem esperança entre os jogos de interesse políticos.

Batista: Pai de Flora e marido de D. Cláudia. É um oportunista, sem

opinião firme e influenciável facilmente. Considera-se conservador, mas

quando se dá a queda destes, alia-se aos liberais. Não consegue ter o

seu sonhado retorno à política concretizado.

D. Cláudia: Mãe de Flora e mulher de Batista. Mulher superficial,

interesseira e fútil. Está sempre buscando maneiras de reconduzir o

marido à política, para reaver a satisfação pessoal.

Conselheiro Aires: Conselheiro do império, Aires é um homem

viajado, diplomata experiente e tido em alta conta pelos amigos. É

quem auxilia Natividade na campanha de paz entre os gêmeos e ajuda

Flora a lidar com seu sofrimento. É refinado, discreto e um tanto cético.

Análise psicológica de personagens

Paulo e Pedro

Republicano e Monarquista

Rivais: desde o ventre materno e Flora

Unidos: amor à mãe

Pedro – cauteloso – Medicina

Paulo – arrojado – Direito

Pedro vem de São Pedro, que na tradição bíblica se vincula

ao conservadorismo: faz Medicina, carreira que figura como

conservadora na literatura da época, tem um retrato do

imperador francês Luís XVI e defende a monarquia.

Paulo remonta a São Paulo, faz Direito, carreira tida como

liberal no período, tem uma gravura de Robespierre e defende

a república. Mas há uma inversão importante ao final da

narrativa.

Com a proclamação da República, pressupõe-se que Pedro,

sempre a favor da monarquia, se tornaria um crítico do novo

regime, e que Paulo continuaria defendendo-o. Mas não é o

que ocorre.

Afinal, situacionista e oposicionista?

Santos alegrou-se com a notícia mas foi até seu

amigo espírita, Plácido

Briga = Grandeza dos meninos

Cresceram fisicamente iguais, mas muito diferentes

Brigavam por coisas banais

Filhos gêmeos de Natividade e Agostinho Santos

De nada valem os conselhos de Aires, nem as

previsões de discórdia de A Cabocla do Castelo.

“Grandes homens no futuro”

Fazendo o caminho de volta um mendigo pedia pelas

almas...

Primeira paixão: Flora

Pedro tinha “sorte”: morava no RJ

Paulo nem tanto: São Paulo

Batista recebe o cargo de presidente da província

Pedro, apaixonado...

Golpe foi dado no governo e o país deixou de ser

Império e tornou-se República

Quem ficou feliz?

Pedro ignorava tudo!

Batista continuou no RJ

Os dois fizeram um acordo

Flora PERTURBADA! Foi à casa de D. Rita, irmã deAires em Andaraí

Desenhava e tinha outros pretendentes

Nóbrega torna-se rico

Flora adoece

Todos iam visitá-la e Paulo a examinava

“É moça, virgem, e morre de doença estranha, mal de

sentimento ou coisa parecida” (Massaud Moisés)

Opiniões políticas: Pedro aceitou a República, mas Paulo

queria mais

Foram ver o túmulo de Flora

Os dois foram eleitos deputados

Natividade morreu: “sempre seriam amigos”

Primeiro ano na política: amigos fieis

Depois, voltara, ao ódio.

“Aires apenas afirmou que eram os mesmos”

Previsão da cabocla: Grandes homens, porém

inimigos