esalpicos 2 2007-2008

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Em reportagem Ser aluno de desporto Ser professor de des- porto No mural Metamorfoses das Artes Pág. 11 Da Terra ao Espaço Astronomia Pág. 2 Págs. 6 e 7 crónicas... traços... escritas... da imaginação Escola S/3 de Amato Lusitano Av. Pedro Álvares Cabral 085-6000 Castelo Branco Tel. 272339280 Fax. 272329776 E-mail: [email protected] www.esal.edu.pt Ano I - Nº 2 Junho 2008 Jornal da Escola Secundária/3 de Amato Lusitano Salpicos dos Cursos Profissionais págs.7 e 8 Editorial Salpicos da ESAL Dias das línguas Pág. 5 “O céu é azul…os pássaros têm penas…” pode ler-se no mural “Escola mundo de cores”. Acrescento: os pássaros têm asas. Voemos então, por cima da nossa escola e visitemos algumas das áreas que enquadram o tema que escolhemos para o eSalpicos: os Cursos Profissionais. Poisemos na oficina de Electricidade e Electrotecnia. Aqui fazem-se ligações, de fios e de olhares, geram-se correntes, de alta tensão e de abraços, montam- se robots, de sensores e percursos. Mais ao lado, a Mecatrónica e o Frio. Estabelecem-se circuitos, de gelo e de calor, une-se o ferro, de solda e de chamas, liga-se o compressor, aumentando a pressão e o risco, “mecatronica- se” juntando a mecânica, a electrónica e o computador. Do alto, vemos também a Informática. Teclam-se sistemas e palavras, desenham-se algoritmos e mensagens de amor, programam-se linguagens com novas semânticas. Espreitemos o Design e a Contabilidade. De um lado, as linhas, do outro, os números. A arte de organizar os livros de contas e de projectar os equipamentos, corporizando a imaginação e o rigor da fiscalidade. Mas o que mais nos apraz neste voo de pássaro é ver perdido o medo de vestir as batas. Até há pouco tempo, a bata era quase desprestigiante; hoje, o colorido das batas, azuis para uns, bege para outros, branca para alguns é paradigma de trabalho e de orgulho, muitas vezes visível nas nódoas de óleo, nos furos que a solda marcou, nas cores que as tingiram, nos salpicos de serradura. Assim se criam pontes que ligam a aprendizagem de formações técnicas e gerais com o futuro mundo do trabalho que lhes pisca o olho convidativo. Que esse piscar de olhos não seja ilusório e cumpra a sua missão… hr Mural a descobrir:

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Jornal da Escola Secundária/3 de Amato Lusitano

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Page 1: eSalpicos 2 2007-2008

Em reportagemSer aluno de desportoSer professor de des-portoNo mural

Metamorfoses

das Artes

Pág. 11

Da Terraao Espaço

Astronomia

Pág. 2

Págs. 6 e 7

crónicas...traços...escritas...

da imaginação

Escola S/3 de Amato Lusitano Av. Pedro Álvares Cabral 085-6000 Castelo Branco

Tel. 272339280Fax. 272329776

E-mail: [email protected]

Ano I - Nº 2 Junho 2008

Jornal da Escola Secundária/3 de Amato Lusitano

Salpicosdos CursosProfissionais

págs.7 e 8

Editorial

Salpicos da ESAL

Dias daslínguas

Pág. 5

“O céu é azul…os pássarostêm penas…” pode ler-se no mural“Escola mundo de cores”.Acrescento: os pássaros têm asas.Voemos então, por cima da nossaescola e visitemos algumas dasáreas que enquadram o tema queescolhemos para o eSalpicos: osCursos Profissionais.

Poisemos na oficina deElectricidade e Electrotecnia. Aquifazem-se ligações, de fios e deolhares, geram-se correntes, dealta tensão e de abraços, montam-se robots, de sensores epercursos.

Mais ao lado, a Mecatrónicae o Frio. Estabelecem-se circuitos,de gelo e de calor, une-se o ferro,de solda e de chamas, liga-se ocompressor, aumentando apressão e o risco, “mecatronica-se” juntando a mecânica, aelectrónica e o computador.Do alto, vemos também aInformática. Teclam-se sistemas epalavras, desenham-se algoritmose mensagens de amor,programam-se linguagens comnovas semânticas.

Espreitemos o Design e aContabilidade. De um lado, aslinhas, do outro, os números. Aarte de organizar os livros decontas e de projectar osequipamentos, corporizando aimaginação e o rigor da fiscalidade.

Mas o que mais nos aprazneste voo de pássaro é verperdido o medo de vestir as batas.Até há pouco tempo, a bata eraquase desprestigiante; hoje, ocolorido das batas, azuis para uns,bege para outros, branca paraalguns é paradigma de trabalho ede orgulho, muitas vezes visívelnas nódoas de óleo, nos furos quea solda marcou, nas cores que astingiram, nos salpicos deserradura.

Assim se criam pontes queligam a aprendizagem deformações técnicas e gerais com ofuturo mundo do trabalho que lhespisca o olho convidativo. Que essepiscar de olhos não seja ilusório ecumpra a sua missão…

hr

Mural adescobrir:

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Da Terra ao Espaço

A maioria das pessoaspensa que a astronomia é umaciência cara, difícil e aborrecida.Pensa que para ser astrónomoé necessário ter equipamento dealta tecnologia, comotelescópios de elevada resolução,“super computadores” comsimulações do céu nocturno ouaté mesmo um observatório nocimo de uma montanha. Não ébem assim. Qualquerinteressado pode ter acesso aesta ciência. Para isso basta umacarta celeste (mapa do céunocturno), um par de binóculose muita paciência. Juntandoestes três ingredientes,podemos passar uma noiteexcepcional na companhia dasestrelas.

Para começar, sugiro queleiam um bom livro deintrodução à astronomia. Vãover que não é nada do outromundo e quando já tiverem umanoção de como funciona aastronomia, aconselho que,munidos de uma carta celeste,saiam para o campo (de noite, éclaro!) para se familiarizaremcom o céu nocturno. Tentemidentificar, com a ajuda da carta,as principais constelações e assuas estrelas mais brilhantes evão reparar que, ao fim dealguns dias, já conhecem asprincipais constelações do nossohemisfério. Tudo isto ainda sem

do nossopropósito …

Já desde o início do ano de2008 que tínhamos a ideia dedivulgar a Física e a Astronomianesta escola, de modo apromover um maior interessepor estas duas áreas da ciência.Foi então que pensámos divulgarestas ciências através do Jornalda escola, o “eSalpicos”.

Pretendemos, assim, comesta rubrica, que denominámos“Da Terra ao Espaço” dar aconhecer aos nossos leitorestanto a Astronomia como aFísica de uma forma simples,divertida e eficaz; com artigosinteressantes, problemas pararesolver, curiosidades e muitomais.

Luís Dias, Ricardo Santos,João Goulão, 11ºD

Astronomia para principiantes

binóculos ou telescópio.Quando já tiverem um

bom conhecimento do céu, istoimplica saber localizar asconstelações, saber o nome dealgumas estrelas e sabermanejar com destreza uma cartaceleste, então sugiro quecomprem um bom par debinóculos (para quem gosta, odinheiro é bem empregue). Comestes podem explorar ainda maiso céu, desde a superfície da luaaos enxames de estrelas ealgumas nebulosas. De certezaque, nesta segunda fase, nãovão conseguir controlar a ânsiade ver mais e mais. É, então,que está na altura de partir parauma aventura: o telescópio.

Com este objecto, vãopoder ver os planetas, os anéisde Saturno, as luas de Júpiter,o céu profundo: galáxias,enxames, nebulosas globularese planetárias e o inimaginável.Claro que isto já representa umgrande salto e é preciso pensarbem na compra de umtelescópio. Acima de tudo,peçam informações, consultemsites e leiam livros.

Como vêem, não é assimtão complicado gostar e praticara astronomia. Experimentem evão ver que é fascinante!

Luís Dias, 11ºD

No dia 16 de Maio, vieramà ESAL dois especialistas emastronomia para interagirem comos seus alunos do 3º ciclo, numdia diferente que procurouaproximá-los desta ciência.

A actividade podia contervárias componentes, depen-dendo da faixa etária a que sedestinava, objectivos da acçãoe condições logísticas: palestra,sessão de observação do Sol,ateliers e sessão de observaçãonocturna.

O dia iniciou-se com umapalestra sobre Astronomia,adequada à faixa etária daaudiência, seguida de umasessão de esclarecimentos, onde

os alunos puderam tirar dúvidase inquirir sobre curiosidadesastronómicas.

De seguida, efectuou-seuma sessão de observação doSol, sendo que a redução danebulosidade ajudou bastante.Infelizmente, o Sol nãoapresentava as denominadas“manchas solares”. No entanto,o telescópio de infravermelhospermitiu a visualização depormenores que não são visíveisatravés dos nossos olhos.

Face à excelentecolaboração entre as duasescolas, na parte da tarde, aactividade decorreu no jardim-escola João de Deus. As criançasmais pequenas também sedeliciaram com as imagensobtidas no telescópio, bem comocom a cativante apresentaçãoem powerpoint do sistema solar.

Foi um dia diferente.Esperamos nós que a sementedo prazer que a ciência e oconhecimento encerram possaser agora bem cuidada.Poderemos, assim, ter adultoscujos horizontes vão muito alémda imensidão do nosso mar.Esses poderão ser os nossosnovos descobridores.

Rui Duarte

Especialistas da astromiana escola

Sabia que…

- Em Vénus um dia é maior doque um ano. Este planetademora cerca de 243 diasterrestres a girar em torno desi próprio e apenas 225 dias emtorno do Sol.

- O monte Olimpo, situado emMarte, é a maior montanha dosistema solar com cerca de 4vezes o tamanho do monteEvereste.

- A grande “mancha vermelha”de Júpiter não é mais do queum gigantesco furacão, commais do dobro do tamanho daTerra, que dura há mais de 300anos.

- O Universo também tem“nuvens”, chamadas nebulosas,que são gigantescosaglomerados de gases e poeirainterestelar (podem ter mais de7000 anos-luz de tamanho!).

- O primeiro instrumentoparecido com um foguete podeser traçado até aos Gregos noano de 400 A.C., quandoArchytas de Tarentum construiuum pombo de madeira a vapor.

Olharo Sol cáda Terra

Curiosidades

Direcção

Conceição NevesEtelvina Pinto

Francisco Belo, 11ºCHélder RodriguesHermínia PomboRaquel Afonso

Rui Duarte

Colaboradores

Álvaro Pitas, 12ºEAndré Costa, 11ºM

David Ventura, 12ºEElisa Pacheco, 9ºA

Joana Tavares, 10ºEJoão Alberto, 12ºC

João BelémJoão Flores

João Goulão, 11ºDJorge Belo, 12ºE

Helena Nunes, 10ºBHelena Pinho

Ilda CasteleiraInês Vilela, 12ºBLeonídeo Antunes

Luís AscensãoLuís Dias,11ºDLuís Moreira

Mafalda Neves, 12ºBMargarida Matos, 12ºEMargarida Vilela, 10ºEMarta Portugal, 12ºC

Otília DuartePaulo Duarte

Paulo Silva, 12ºDPedro Batista, 12ºC

Ricardo Santos, 11ºDRúben Antunes, 10ºM

Sofia Pedro, 12ºESuzana Barreto

Tiago Antunes, 9ºA

Ficha Técnica

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Salpicos da ESAL

No dia 17 de Abril, realizou-se mais um intercâmbio com oIES Javier Garcia Tellez deCáceres.

Participar em actividadesculturais e desportivas,fomentando as relações deamizade entre as escolas dosdois países foram alguns dosobjectivos delineados ecumpridos nesta visita.

O encontro iniciou-se comuma sessão de boas vindas porparte do Director do Instituto,Andrés Guerra, seguindo-seactividades desportivas. Trêsjogos marcaram o período damanhã: um desafio de Futebolde Salão, uma competição deVoleibol e um jogo de orientaçãonas instalações do Instituto.

Intercâmbio - un abrazocon Caceres

Branco, y el 19 de Abril delmismo año en Cáceres. Traseste inicio fueron varios los añoslos que estuvimos realizándolosde esta manera.Posteriormente acordamos quefueran un año en cada localidad,debido a que se repetían mucholas actividades, hasta que en el1998, interrumpimos dichosintercambios.

Fueron varios años deagradables intercambios,rompimos las barrerasexistentes entre dos localidadestan cercanas (160 Kms), y queestaban condenadas aentenderse, fueron infinidad deactividades las que realizamos,tanto pedagógicas, culturales,deportivas etc.En mayo de 2007, hemos vueltoa retomar dicho intercambio,deseamos que perdure en eltiempo.

Andrés Rico Guerra

Agradables Intercambios

Aún perdura en mimemoria, la primera visita quelos representantes de la EscolaSecundaria “Amato Lusitano” deCastelo Branco, con João Prataa la cabeza, nos hicieron en elmes de marzo de 1984, con laintención de iniciar unintercambio Cultural, connuestro Instituto.

Al equipo Directivo queestábamos entonces dirigidospor Alfredo Villegas, nos perecióbien la idea y ese mismo año,nos pusimos a trabajar,haciendo reuniones tanto enCastelo Branco como enCáceres, con el objeto de iniciardichos intercambios en el curso1984-85.

En principio el acuerdo fuerealizar en el mismo curso, unintercambio en cada localidad, yasí comenzamos.El día 15 de Marzo de 1985,realizamos el primero en Castelo

Jogo de orientação pela cidade Entrega de prémios

A parte da tarde foidedicada à descoberta da cidade.Na parte antiga de Cáceres, foiorganizado um jogo deorientação urbana para osalunos e, para os professores,uma visita cultural.

Esta relação de amizadeentre as duas escolas remontaà década de oitenta, altura emque a primeira delegação daAmato Lusitano se deslocou aEspanha com a intenção deiniciar um intercâmbio cultural,no mês de Março de 1984. Umano depois, a escola espanholadeslocou-se a Castelo Branco.A relação foi intensa até 1998,acabando por ser retomada emMaio do ano passado. RA

do Director do IES Javier Garcia Tellez

Subitamente Ouvem-seNovas Sonoridades na nossaEscola…

Bem, subitamente,subitamente, talvez não... Esteespírito, esta vontade jáestavam presentes,interiormente, em todos nós queconstituimos este novoprojecto. Foi só necessário fazera faísca: juntar a predisposiçãocom as condições de realizaçãoe... soltar as amarras! Tudocomeçou quando decidimosjuntar-nos, lá pelo mês deNovembro, para prepararmosalgumas canções para a festa deNatal da ESAL. Entre sopranos,contraltos, tenores e baixos,éramos dez entusiásticas almasmusicais, ensaiando todas asterças-feiras à noite, paraprepararmos a surpresa. O dialá chegou, e cantámos o melhorque pudemos e soubemos.Parece que correu bem, e queos Meninos Jesuses da festa(miúdos e graúdos) gostaram.E nós descobrimos que nosdivertimos e desfrutámos como que fizemos. Assim, decidimoscontinuar. E criámos este novoprojecto, o qual baptizámos de“Sons da ESAL”. O espírito inicialcontinua: realizar em conjuntoalgo de que todos gostamos;criar momentos de música, comalegria e entusiasmo; partilharcom a comunidade este gostoque nos vai na alma. E servir aEscola, sempre que esta precisardo nosso contributo. Foi o queaconteceu recentemente: no dia30 de Abril actuámos pelaprimeira vez “oficialmente”, noencerramento da Semana dasLínguas, com um repertóriototalmente novo. Ensaiámos aolongo de todo o 2º período.Crescemos em número (destavez éramos doze em palco,agora acompanhados pelossons de uma guitarra).Cantámos músicas das maisvariadas línguas, tendo em contao contexto do evento: inglês,francês, espanhol, latim e, claro,português!

Cantar: outra forma deensinar

Sons da ESAL

Agora, o caminho continua.Procuramos aperfeiçoar-nos,encontrando aos poucos anossa identidade, com ahumildade de quem sabe que hámuito a fazer para melhorar, semnunca ser possível atingir aperfeição.

Por fim, deixamos estamensagem: recebemos debraços abertos quem a nós sequeira juntar. Todos são bemvindos: professores, alunos,funcionários, encarregados deeducação, amigos,... Enfim, sóhá duas condições a respeitar:boa disposição e afinação! E oresto virá por acréscimo!Venham até nós, e vejam eoiçam como nos divertimos...Um dia destes, perguntava a umcolega, procurando saber setinha ali um candidato aelemento do coro: “Cantas?”. Aoque ele respondeu,inspiradamente: “Não, masouço!” E é mesmo isso. O quedesejamos é que, quem nãogoze da nossa companhiacantando, participe, ouvindo, evenha alguma vez a desfrutar donosso prazer em fazer música!

MaestrinaHelena Pinho

SopranosIlda Lucas

Maria Margarida DiasMaria Quitéria Mateus

Teresa Jacinto

ContraltosMaria da Conceição Neves

Maria Rosália Pedroso

TenoresHélder Rodrigues Luís Ascensão

BaixosJosé Manuel Gonçalves

Luís Moreira

GuitarristaCélia Martins

Helena Pinho

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PmatE - Projecto Matemática Ensino

ESAL marca presençana 6ª edição do Mat12

Salpicos da ESAL

Ana Galvão, aluna do 9º Bclassificou-se em 8º lugar na ediçãode 2008 das Olimpíadas doAmbiente, entre 15936concorrentes na categoria B (alunosde 3º ciclo).

A final nacional, na qualparticiparam os 30 melhores alunosdas duas anteriores eliminatórias,decorreu em Seia. E odia começou cedo no topo da Serrada Estrela. Ao longo do trajecto dacaminhada, foi abordado o efeito daúltima glaciação na paisagem, oimpacto da poluição nosecossistemas e a dificuldade deconservação de espécies na áreaprotegida. Avistaram-se zimbrais,cervunais e turfeiras, flora típica doParque Natural, e alguns jovenspuderam observar a lagartixa-da-montanha (Lacerta monticolamonticola), uma subespécieendémica da Estrela, e aranhas dafamília Lycosidae.

Ainda neste dia e depois deum piquenique no CISE,retemperador da caminhada, osfinalistas visitaram os museus doPão e do Brinquedo. No final datarde, assistiram a uma palestrasobre a recuperação de aves e oscomportamentos humanos que as

Oitavo lugar para Ana Galvão nasOlimpíadas do Ambiente

prova escrita e, de seguida,participaram em diversasexperiências, onde tiveram aoportunidade de conhecer oprocesso de formação da chuva, aimportância da cobertura dos solos,a possibil idade de avaliar aqualidade da água através dasespécies de fauna que nela habita,as fragilidades e complexidades dasrelações inter-especificas e asmetodologias de avaliação do ruídoe da qualidade do ar. Osparticipantes tiveram ainda aoportunidade de visitar asexposições do CISE.

O fim-de-semana terminoucom a Sessão Final, já na presençade encarregados de educação e deprofessores. Após um debate,procedeu-se à divulgação dosvencedores das XIII Olimpíadas doAmbiente e entregues os prémios.

“Espectacular, adorei. Foi, naverdade uma das melhoresexperiências da minha vida”,salienta a Ana que tem a certezade que no próximo ano voltará aparticipar. Aliás todos o devem fazerpois quem não adere a estainiciativa “não sabe o que perde”,conclui. Rui Duarte

colocam em risco, que terminou aopôr-do-sol, com a devolução de doispeneireiros comuns (Falcotinnunculus) e duas corujas-do-mato (Strix aluco). Após o jantar,decorreram as provas orais queconsistiram em defender, em grupo,temas ambientais actuais, onde foipremiada a criatividade, acapacidade de argumentação, apostura e os conhecimentos.

No dia seguinte, os finalistasrealizaram individualmente uma

No dia 16 de Maio, realizou-se a Final Nacional das ONI’2008.Afinal contou com a presença de 30finalistas oriundos de 17 escolas dopaís, tendo a ESAL sidorepresentada por três alunos:Cristiano Santos do 12ºH, IvanAntunes do 11ºB e DanielTrigueiros do 10ºN. A provaconsistiu na resolução de 3problemas, cada um cotado com100 pontos. O nosso alunoCristiano Santos do 12ºH (CursoTecnológico de Informática)resolveu os 3 problemas, tendoficado em 10º com 79 pontos,ficando a escassos pontos do 8lugar, o último seleccionado. Os 8primeiros classificados irão agorater um estágio de preparaçãoespecífico para concursos deprogramação e, desse estágio,sairão os 4 alunos que irãorepresentar Portugal nasOlimpíadas Internacionais deInformática no Egipto, na cidade doCairo, de 16 a 23 de Agosto.

Três alunosna final

Olimpíadas Nacionais deInformática 2008

Como já vem sendo hábito,alguns alunos da nossa escolaparticiparam na competição nacional“Mat12” inserida no ProjectoMatemática Ensino (PmatE)dinamizado anualmente pelaUniversidade de Aveiro.

Assim, no dia 30 de Abrilacompanhado pela ProfessoraHermínia Pombo, um grupo de 21alunos, composto por dois alunosdo 12º ano e os restantes do 10º,dirigiu-se à referida Universidade afim de realizar a prova.

Foi ainda possível participarnoutras actividades a decorreremno campus da Universidade queincluíam jogos tradicionais,insufláveis, entre outros, ondetivemos a possibilidade de testar adestreza física e conviver com osrestantes participantes.

No Auditório da Livraria daUniversidade visitámos a exposiçãointeractiva “Experimentar aMatemática!” que com o patrocínioda UNESCO e de entidades dediferentes países, desde de 2004,tem palmilhado vários continentes.Pavimentações, números e códigossecretos, ordem e caos,optimização, formas na natureza e

Venda desolidariedade

No quadro da Área deProjecto, as alunas CarolinaDomingues, Joana Dias e MarianaGonçalves do 12º D trabalharamtécnicas de cultivo e reproduçãovegetativa de plantas aromáticas.

Com a colaboração da EscolaSuperior Agrária, também elaboraramum álbum informativo, persona-lizaram dezenas de vasos e pratos,criaram marcadores para cada vaso,com as informações inerentes a cadaespécie e, por fim, estabeleceramuma banca de venda na escola.

O dinheiro conseguido vai serentregue a uma instituição decaridade. Pode assim dizer-se que,para além da componente científicainerente à investigação queefectuaram, trabalharam ereforçaram os valores humanos quetambém devem fazer parte daformação de qualquer jovem.

Uma viagemno tempo

No dia 9 de Maio de 2008, asturmas B e G do 10º ano,acompanhadas pelas professorasGraça Dias e Quitéria Mateus,realizaram uma viagem no tempo.Destino: Museu Calouste Gulbenkian.

Depois de uma manhã bempassada no Parque das Nações,dirigimo-nos à Fundação CalousteGulbenkian onde conhecemos osjardins que nos pareceram obra doDivino. Algo tão sereno e belo quedespertaria qualquer pessoa quetenha andado com os olhos fechadosperante as belezas da vida.

Ao entrar no Museu, fomoslevados para a Antiguidade. Desde aareia escaldante do Egipto àexuberância francesa do Século XVIII,passando pelas divindades greco-romanas, pelas tapeçarias do Médio-Oriente, pela arte oriental e pelaexposição de pintura, tudo ali setornava mágico. E nós eramosmagicamente catapultados parasociedades e culturas diferentes eapaixonantes.

Foi um dia único, comexperiências únicas e sentimentossingulares. Resta-me, em nome dasduas turmas, agradecer àsprofessoras de Filosofia que nosacompanharam.

Helena Nunes, 10º B

arte eram os principais conteúdosabordados nesta exposição.Já durante a tarde, fizemos umavisita guiada pelos diferentesdepartamentos da Universidade epela Biblioteca e tivemos, assim, aoportunidade de sentir um pouco doespírito universitário.

Graças a uma animadacantoria acompanhada por umacoreografia, ganhámos todos umaentrada livre para o Oceanário deLisboa.Antes do regresso, ainda visitámoso centro de Aveiro e fomos a umazona comercial. Foi um dia bempassado e que esperamos poderrepetir mais vezes.

Joana Tavares, 10ºE Margarida Vilela, 10ºE

Ervas aromáticas

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A última semana do mês deAbril foi dedicada às Línguas,sob o mote “Eu Gosto doPortuguês! I Love English!J’Adore le Français!”

A programação contem-plou eventos de índole variada:desde a projecção de filmes, ajogos de equipas, ementastradicionais das gastronomiasportuguesa, inglesa e francesaconfeccionadas e servidas nacantina da escola, obedecendoà Língua “protagonista” do dia.

Os professores e alunosforam convidados a mostrarema sua alma criativa, desen-volvendo textos à volta dapalavra preferida de cada um,surpreendendo, nalguns casos,pela beleza que se nãoantecipara.

Ao longo da semana,esteve patente uma exposiçãode trabalhos realizadosmaioritariamente pelos alunosdos 10º e 11º anos de Inglês.

A tarde do último dia foiparticularmente interessante emvirtude de toda a populaçãoescolar não se ter poupado aesforços para levar a cena umsarau que, em verdadeiroespírito de escola, atingiumomentos de sensibilidademuito bonitos. Alunos eprofessores do Departamentode Línguas deram o seu melhore, de peito aberto, revelaram-se sérios artistas. Para finalizar,

Dias das línguas

A Fundação CalousteGulbenkian desenvolve umprograma dedicado ao Ambiente,relacionando as questõesambientais com a saúde, ainovação tecnológica e acidadania.

Foi no âmbito deste projectoque, no dia 14 de Maio, trêstécnicas da Fundação CalousteGulbenkian e da Associação PODESdesenvolveram uma actividadecom os alunos do 10º A. 

Após uma conferência,acerca dos grandes desafiosambientais que a humanidadeenfrenta, os alunos trabalharamem grupo, produzindo um textoonde exprimiram as suas opiniõesrelativamente a um dos tópicosapresentados à discussão. O textofoi gravado, e irá ser disponibilizado

Projecto da Gulbenkian envolve alunos na defesado ambiente

Programa Gulbenkian Ambiente

via internet/youtube para que aspreocupações dos alunos da nossaescola possam chegar a todo omundo.

Esta actividade foidesenvolvida em seisestabelecimentos de ensinoseleccionados a nível nacional.   A Fundação CalousteGulbenkian, através destePrograma, assume a vontade deintervir na sustentabilidade doAmbiente, pretende mostrar queo direito à qualidade ambiental eo dever de preservar o ambientesão elementos constitutivos dacidadania e aposta na cooperaçãoe diálogo entre os diversos actoresda sociedade com o intuito deformar políticas públicas.

RD

Em grupo, defendem-se posiçõesTécnica da Fundação apresenta oPrograma Ambiente

No dia 3 de Abril, a EscolaSecundária de Amato Lusitano foivisitada pela Governadora Civil,Maria Alzira Serrasqueiro,acompanhada por uma comitivacomposta por diversosrepresentantes de entidadespúblicas - GNR, PSP, Bombeiros,Protecção Civil e SEF, entre outras.

Os alunos assistiram a uma“aula” ministrada pela GovernadoraCivil sobre cidadania, ficando aconhecer as responsabilidades queassumiu, quando aceitou o cargoque desempenha. Perceberam quetem como missão representar oGoverno no distrito de CasteloBranco e estabelecer a mediaçãoentre os cidadãos e a AdministraçãoCentral e compreenderam ainda queo Governo Civil desempenha umpapel fundamental em determi-nadas áreas como a segurançapública, a protecção civil, a gestãodos processos eleitorais e emissãode passaportes.

Relacionada com a segurançae a protecção, abordou-se aquestão dos acessos deemergência nesta escola que, nestemomento, não estão conformes aoexigido pelas normas de segurança,como o simulacro de incêndio deDezembro pôs em evidência.

Depois de se ter interessadopelos diferentes projectos daescola, Alzira Serrasqueiro deu porfinalizada a sua visita a este espaçoque a fez recordar os tempos emque exerceu a actividade docente.

Eu gosto do Português... ...I love English...J'adore le Français

entregaram-se os prémios aosvencedores dos concursos queforam animando a semana,nomeadamente o RecipeContest, dinamizado pelosprofessores do grupo 330, e aoqual os alunos generosamenteaderiram. As iguariasresultantes desta competiçãoacompanharam o tradicional Fiveo’clock Tea, tendo a festaterminado tão portuguesmenteà volta de uma mesa digna deBuckingham Palace no dia emque foi anfitrião do Palais del’Elysée. Querem melhor exem-

plo de interculturalismo?!Feito o balanço, bem se

pode concluir que o logótiposeleccionado para a actividadenão poderia ter sido maisadequado. De facto, umasemana tão variada, generosa egenuinamente participada sópoderia mesmo existir porquehá motores humanos nestaescola, muitos, que carburam aum combustível que se chama“Eu Gosto do Português! I LoveEnglish! J’Adore le Français!”

Suzana Lopes Barreto

GovernadoraCivil visita aESAL

10º F

Page 6: eSalpicos 2 2007-2008

Era quase velha eestava sozinha

da imaginação

crónicas...traços...

escritas...

Era quase velha e estavaquase sozinha. Olhava para ochão. Todas as que estavam comela olhavam para o chão, talcomo ela. Mas aquela quasevelha, acompanhada por outrasjá quase velhas, estava quasesozinha. Vi-a, de longe, alevantar-se e a tentar fugir aotempo que passava por ela.Veloz. Rápido. E ela, quase velhae quase sozinha, levantou-secomo que para correr. Tropeçouna bengala que atrasava a fugaao tempo, rápido e veloz… ecaiu. E o tempo passou por ela.Veloz. Rápido.

E ela, que era já velha ejá sozinha porque o tempo játinha passado por ela, olhou

para mim. E eu, tal como todasas quase crianças e quasegente, encolhi os ombros e seguio meu caminho. Na minha vida,o tempo ainda ia muito lá atrás.E aquela luta não era a minha.Mesmo assim, voltei para trás.Quando já ninguém estava aolhar, peguei-lhe na mão quentepara ajudar e levantei-a a ela eà bengala.

E ela, já atrasada dotempo, muito velha e muitosozinha, sorriu-meenvergonhada e sentou-se ondeestava.

À espera. Porque o tempoia longe.

Inês Vilela, 12ºB

No silêncio da terra fria, no escuro da solidão, uma sementerestou.Os ventos uivantes das guerras sobre ela passaram.O inverno do ódio tudo à sua volta calou.Espinhos abundantes em seu campo se geraram.

Mas, da terra árida e ressequida, uma flor brotou!

Ponham-se as mesas nos jardins reais!Sirva-se o banquete de opulentas iguarias!Transbordem as taças do vinho da alegria!

Venham judeus e árabes, talibãs e americanos!Venham europeus e africanos, chineses e tibetanos!Venham ricos e pobres, humildes e soberbos!Venham todos os que estão no uso da razão!

Que todos vistam trajes de festa e sorrisos!Que todos venham de coração aberto!

Venham todos, sem excepção, celebrar o perdão!

Leonídio Antunes

Margarida Matos, 12ºE

altura, começa a cair chuva queé feita das tuas lágrimas. E entregotas de tristeza e nostalgia, asaudade vai-se diluindo. Sãoestas estrelas que te iluminam anoite, até que o dia surja e atristeza dê lugar à alegria. Sãoestas estrelas que se embrulhamno brilho da ternura e são feitasde saudade. Saudade de umapessoa que partiu sem aviso elevou uma parte do teu coração.Saudade de uma infânciairremediavelmente perdida, ondetudo era feito de alegria, verdadee sonhos. Saudade de umaroma único e irrepetível que seperdeu no tempo, mas perdurana tua memória. Saudade de umsabor que tu não sabes dizer seera doce ou amargo, intenso ousuave, porque te sabia à ternurade alguém tão querido. Saudadede um beijo doce, de um abraçoquente, de um sorriso límpido,de uma voz inconfundível, de umolhar sincero. Saudade de umavida que já foi tua e te escapoudas mãos sem tu saberes como.Saudade de um passado queainda não passou. Saudade.

Mafalda Neves, 12º B

SaudadeSaudade. A minha palavra

preferida. Queres saber o que é?Dá-me a tua mão. Fecha osolhos. Respira fundo. Chiu! Nãodigas nada. Não tenhas medo.Eu estou aqui contigo. Pelas asasda imaginação, vamos voar atéà Saudade…

Chegou a noite da triste-za. Estás a ver o céu negro?Hoje não tem lua da esperança.É enorme! Não sei onde ele co-meça. E tu? Sabes onde começao céu? Não sei onde termina. Etu? Sabes onde termina o céu?E se eu te contasse um segre-do? Tu és aquele céu, feito detudo e de nada, sem princípionem fim. De repente, começama surgir estrelas. Conseguesver? Primeiro uma, depois ou-tra, olha mais uma! Repara bem:umas são maiores, outras maispequenas; umas brilham tanto,outras são mais tímidas. Sabeso que são aquelas estrelas? Nãosabes? Vou dizer-to baixinho,porque mais ninguém podesaber: são pedacinhos desaudade - inevitavelmente pre-sentes, mas eternamenteinalcançáveis. Às vezes, asestrelas são tantas que o céunão chega para as abrigar. Nessa

A Música “compõe” a VidaE cada “som” é diferente,Para que possa ser ouvidaPor toda...toda a gente!...

A Música está na AlmaDa nossa Existência;Anima, educa, acalmaCom Arte e Ciência...

O “compasso” do Coração,A “melodia” da nossa VozCriam com emoçãoMúsica dentro de Nós!

A Música

relembras, trincas, comes, sa-boreias, cada uma e cada qual,no seu género e no seu núme-ro. Palavras ocultas, palavrassecretas, palavras cómicas, queesboçam um sorriso tímido noteu semblante.

Palavras frias, melancólicas,palavras pavorosas, palavrasmedonhas, palavras maléficas,palavras nocivas, palavras sen-tidas, choradas, lastimadasincompreendidas; palavras essasque conjugas com tristeza, con-jugas pesarosamente e comsurdez.

São todas essas palavrasque transformam o mundo, e fa-zem da vida uma simples pala-vra com vários significados e si-nónimos. Elisa Pacheco 9ºA

Palavras pequenas, grandes,médias, às vezes gordinhas, ele-gantes, esbeltas. Palavras ho-mónimas, homógrafas,homófonas, agressivas, inten-sas, suaves. Palavrasesdrúxulas, graves, agudas, ir-ritantes, carinhosas, expressi-vas.

Palavras que falam, pala-vras que riem, palavras que so-nham e acompanham-te na vida.

Todas elas simples e me-ras palavras. Palavras que todosos dias proferes com devoção,com paixão e que transportamum pensamento, um olhar mís-tico, um pedaço de alma. Pala-vras que revelam um pouco deti, num qualquer espaço tempo-ral, seja ele presente, passadoou futuro. Palavras que evocas,

Palavras

“Canções” de Paz e Glória,“Canções” do campo, da cidade,No papel ou na Memória,Ficam para a Eternidade...

E chama-se Vontade,A Melodia tão natural,Cantada com Humildade

Ilda Casteleira

(compositora da vida)

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Jacques Brel morreu a 9 deOutubro de 1978. Com pouco mais de 25 anos,contactei pela primeira vez coma sua música, em Castelo Bran-co, em 1980, junto à Sé Cate-dral, quando, ao viajar num car-ro de um amigo meu, ouvi noseu rádio, os primeiros acordesde “Dans le Port d’Amsterdam”.E perguntei imediatamente: -Quem está a cantar isto? A res-posta foi: - Jacques Brel. Gra-vei para sempre tal nome… A partir desse dia foi umadescoberta, um encantamento,um enamoramento que me le-vou a comprar todos os discosde vinil que me apareciam pelafrente. Levei horas, dias, anosa ouvir e a maravilhar-me comas suas músicas e poemas.

Em 1981 dinamizei mesmouma conferência sobre “Brel e aessência da Poesia”, na EscolaSecundária Nuno Álvares, ondeera então professor. Em 1988 vi uma das poucasimagens de uma actuação deBrel, na RTP, no Hospital PulidoValente: fiquei maravilhado e co-movido pela autenticidade da in-terpretação. Ele nunca cantou afingir: não “trichava”. Quando alguém me fala des-te “grande e puro da canção”,estou sempre disposto a trocarimpressões, a ouvir experiênci-as sempre inovadoras de quan-do contactamos com este génio,um dos trovadores do século XX,a par de John Lennon, BobDylan, Joan Baez, José Afonso…

Luís Ascensão

Brel: 30 anosdepois...

E então eu disse-lhes: deixemosa apresentação de imagens,deixemos também osHeterónimos e vamos falar depalavras, uma qualquer palavra,de que gostem, de que nãogostem, ridícula, curta, longa…E agora não quero plano e agoranão quero saber o tema.Espantem-me. E espantaram-me. Pareciam outros. Eramoutros. A Sofia respira fundo,olha nos olhos os colegas e faza sua melhor “actuação” com asua exposição sobre a palavraponto, o Gonçalo enfrenta omedo que lhe faz tremer a voze fala-nos de conclusão, e aAna, tímida e esquiva, aindatenta virar outra vez as costasà plateia, mas lembra-se,endireita-se, levanta umpouquinho a voz e discorresobre a palavra número. Comoexemplos. Em geral, maisfluentes, tendo cuidado com alógica e a estrutura damensagem a comunicar, comutil ização reflectida dearticuladores…

A importância destaalteração introduzida noPrograma do Secundário nadisciplina de Português éinquestionável. A importânciapara a vida prática dos alunostambém. Tão indiscutível que medispenso de elaborar a lista decapacidades que descobrem,desenvolvem e exercitam.Porque, se o não domínio dalíngua escrita compromete osucesso profissional dos jovens,talvez o comprometa ainda maisa incorrecção e a pouca fluênciana oralidade.

Pense-se, então, nosenão da pequena carga horáriada disciplina. Os momentosformais de avaliação oraldecorreram em asfixia de tempono 2º Período. Quase em corrida.Como não deveria ser. No 3ºPeríodo, fizeram-se com calma,mas prejudicaram o exercício daexpressão escrita que será aúnica a ser testada no examede Junho.

Etelvina Pinto

A Portaria da oralidade

Corria o final de Outubro.Já as planificações feitas, já oscritérios de avaliação de cadadisciplina aprovados emPedagógico e apresentadospelos Directores de Turma aosEncarregados de Educação.Quer dizer, já as aulas iamtomando o seu ritmo próprio...e eis que surge a seguinteportaria:

Portaria n.º 1322/2007de 4 de Outubro

Artigo 9.ºProdução, tratamento e análise de

informação sobre as aprendizagens dosalunos

6 — São obrigatórios momentosformais de avaliação da oralidade ou dadimensão prática ou experimental,integrados no processo de ensino -aprendizagem, de acordo com as alíneasseguintes: a) Na disciplina de Português acomponente de oralidade tem um pesode 25 % no cálculo da classificação aatribuir em cada momento formal deavaliação, nos termos da alínea a) do n.º2 do artigo 14.º;

Sobre a oportunidade domomento, não me alargo emcomentários porque a data daPortaria fala por si. A tempo ehoras, se para o futuro. Muitodepois do tempo, se para esteano. Era para este ano, à laia deordem faraónica: que seescreva, que se faça.

Sendo a alteraçãoperfeitamente consequente comos objectivos da disciplina,alterou-se a planificação,ajustaram-se percentagens,pensou-se na calendarização,tenteou-se no modo de fazer,de avaliar… e, em meados deNovembro, já o Machado entravaem pânico de exposição durantea sua interpretação da Guernicade Picasso, já o Pedro falavaapaixonadamente das Quedas deágua de Escher, e a Ritacomparava Os Emigrantes deDomingos Rebelo com Osregressantes de Tomás Vieira,por exemplo… Uns agarradinhosà “cábula”, temendo naufragar

na tarefa, outros, assumindo-acorajosamente, mas afogando-se nos nervos, alguns nadando,mas em vozes e/ou gestosaflitos… Cada um aprendendocom cada outro. Todosaprendendo-se.

E, como vem sendocostume sentir-se nesta era depressas, estamos em Janeiro, jáquase Fevereiro. E tornou-seentão evidente o “senãozito” quetodos nós tínhamos encontradoquando chegou a Portaria:esqueceram-se de alterar acarga horária da disciplina já quea obrigatoriedade de momentosde avaliação formal odeterminaria por lógicamatemática. Os alunos tomarama seu cargo então aapresentação dos Heterónimos.Esforçaram-se, estudaram,investigaram e apareceram asmatérias em “Powerpoints” maisou menos esmerados. Láapareceu Alberto Caeiro commúsica de fundo, em esquemasrigorosamente elaborados, comextractos da obra no momentoexacto, com um acróstico a fazera síntese das linhas gerais doautor, em entoações seguras depalestrantes, chamadas Mafaldae Inês. E o David a falar RicardoReis muito organizadinhoacompanhado pelo André,sempre um pouquinho trapalhãona sua energia. Até chegouÁlvaro de Campos histérico eexcessivo e abúlico e cansado e… nas vozes alternadas da Ritaque não quer ser Ana e da outraInês. Foram trabalhos sérios,mas os alunos, prisioneiros darigidez dos conteúdos atransmitir, foram menosespontâneos. No entanto, ovocabulário era agora maiscuidado, os gestos e a posturamais condizentes com acomunicação, a consciência danecessidade de aprofundar iasendo interiorizada. No geral,todos estiveram um poucomelhor, oferecendo-me bonsmomentos e alguns assombros.E falta de tempo! E eles? Quasetodos nervosamente contentes,ligeiramente mais crescidos.

Assume-se como poeta sensacionista porque

Lê o mundo pelas sensações, dando primazia à visão.

Brota nele a certeza de que nada

Existe para além daquilo que apreende pelos sentidos.

Recusa o pensamento abstracto e a filosofia, pois

Tem a certeza de que estes deturpam a realidade.

Olha para a Natureza e espanta-se a cada nova descoberta. 

Olhar Alberto CaeiroComparação e polissíndeto são figuras de estilo essenciais,

Adopta uma linguagem simples, com recurso ao substantivo comum concreto

E escreve poemas com verso livre, métrica irregular e sem rima.

Incita Pessoa, Campos e Reis a aceitarem tranquilamente o Mundo. Esta é a

Receita para se ser feliz, segundo o poeta da Natureza,

O Mestre Alberto Caeiro. Inês Vilela e Mafalda Neves, 12ºB

Português - Avaliar o falar

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Reportagem

O EnsinoProfissional na ESAL

Os cursosprofissionais foram

introduzidos nasescolas públicas em2004 e, desde então,

a ESAL tem feitouma forte apostaneste sistema de

ensino.

profissional supervisionada emcontexto real, que lhes permitiráaplicar directamente os conheci-mentos aprendidos na escola. Nofinal deste ano lectivo, serão 37os alunos em estágio (19 do cur-so de contabilidade e 18 do cursode mecatrónica).

A realização desta formaçãonão seria, obviamente, possívelsem a colaboração do tecido em-presarial da região. Todas as em-presas contactadas têmcorrespondido de modo muito po-sitivo às propostas da escola.

Apesar dos números apre-sentados, a aposta no ensino pro-fissional na Amato não ficará poraqui já que se pretende aumentara frequência destes cursos. Em2005,segundo os dados do GIASE,os alunos inscritos no ensino pro-fissional representavam em Por-tugal apenas 10,5% do total dosalunos do ensino secundário, en-quanto que na União Europeia estevalor corresponde a 56%. Talcomo noutros indicadores, tam-bém neste estamos muito longeda média da Europa com a qualtanto gostamos de nos compa-rar! Existe, de facto, um grandepotencial de crescimento dos cur-sos profissionais nas escolas doensino público e a ESAL vai acom-panhar esta dinâmica já que temtodas as condições para desem-penhar bem este desafio que éafinal de toda a sociedade portu-guesa – a formação de técnicosqualificados, que ajudem o país adesenvolver-se de modo susten-tado.

Otília DuarteDirectora do Curso Profissional deContabilidade

A Escola Secundária deAmato Lusitano tem a sua origemna antiga Escola Industrial eComercial de Castelo Branco, cria-da pelo Decreto nº 40209/55 de28 de Junho, com o objectivo dedotar a cidade e o Concelho deCastelo Branco duma escola queformasse técnicos especializadosnas áreas da metalomecânica e deserviços. A escola começou afuncionar em instalaçõesprovisórias situadas no velho PaçoEpiscopal, hoje Museu FranciscoTavares Proença Júnior, no anolectivo de 1955/1956. O edifícioonde hoje nos encontramos foiinaugurado no ano lectivo de 1962/1963. Desde então, o sistemaeducativo português sofreu inúme-ras alterações. No entanto, estaescola continuou a leccionar cur-sos com uma vertente técnica nasáreas de formação mecânica, elec-tricidade, contabilidade e secreta-riado.

Em 1974, foi extinto o antigoensino técnico, limitando-se oscurrículos a seguir uma matriz única,em que a prática foi cedendo lugar

28 e 12º ano - 9) repartidos por 7cursos profissionais, que cobremáreas tão diversificadas como acontabilidade, o design, amecânica, a electricidade e ainformática.

A matriz curricular destescursos privilegia a formação técni-ca, embora não descure a forma-ção geral e a específica. Num totalde 3100 horas, 1600 são dedicadasàs matérias técnicas inerentes acada curso e incluem uma compo-nente de 420 horas de formaçãoem contexto de trabalho, ou seja,um estágio obrigatório e, como tal,avaliado. Esta é, de facto, umamais-valia muito importante des-tes cursos. Os alunos exer-cem uma actividade

à teoria e em que as disciplinasconsideradas técnicas quasedesapareceram. Em 1983, apar dos cursos gerais, foi criadano ensino secundário uma via téc-nico – profissional, que existiu atéao início da década de 90, sendosubstituída pelo ensinotecnológico que, dadas assemelhanças com os cursos decarácter geral, não constituiuopção diferenciada pelo que pou-ca adesão mereceu por parte dapopulação escolar. O ensino pro-fissional era, então, ministradoexclusivamente nos centros deformação e em escolasprofissionais privadas.

Em 2004, foi decidido peloentão Ministro da Educação DavidJustino reintroduzir o ensino pro-fissional na rede de escolas dosistema público.

Perante esta possibilidade,a Amato decidiu aderir, pelo quefoi criado no ano lectivo de 2004/2005 o Curso Profissional de Frioe Climatização cujo ciclo termi-nou no ano lectivo 2006/2007 com18 alunos diplomados. No ano lec-tivo de 2005/2006, abriu-se oCurso Técnico de Contabilidade eno ano seguinte alargou-se a ofer-ta com a abertura do Curso Téc-nico de Mecatrónica. O ano lecti-vo que agora termina (2007/2008)foi o ano da expansão do ensinoprofissional da Amato. Existem,neste momento, a frequentar oensino profissional na escola 132alunos (10º ano – 95; 11º ano -

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Testemunhos

Os meusobjectivos comoaluno de umc u r s op r o f i s s i o n a lc o n s i s t e m ,resumidamente,em frequentar econcluir com

sucesso o curso que escolhi e,posteriormente, integrar o mercadode trabalho.

Em relação aos motivos que,por vezes, levam os alunos a optarpor esta via de ensino, devo avisá-los de que os curso profissionais sãodiferentes do ensino regular, masnão se pense que dão para “tirarférias”. Para tudo na vida énecessário ter vontade ededicação. Se existirem estes doisfactores, tudo será muito mais fácil.Para se conseguir completar umcurso profissional, tal como qualqueroutro, é necessário empenho emuito trabalho. Não podemos estarà espera que nos dêem o diploma,temos que fazer por merecê-lo.

Se me perguntarem em quecircunstâncias se deve optar por umcurso profissional, eu respondo coma minha própria experiência:frequentei o ensino regular, mas

estava muito indeciso acerca docaminho que realmente, pretendiaseguir. Não sabia exactamente oque pretendia para o meu futuro,mas os meus planos não passavampor frequentar o ensino superior.Nessa situação, optei por recomeçaro ensino secundário num cursoprofissional, que me permite concluiro 12º ano e, ao mesmo tempo,receber uma qualif icaçãoprofissional.

Na minha opinião, nem só dedoutores se faz Portugal. O nossopaís precisa de técnicos qualificadosem áreas muito diversas.

Tenho esperança de que ocurso que frequento – Frio eClimatização – me dê umapreparação teórica e prática que mepermita ser um bom técnico nestaárea e que me abra algumas portasno mercado de trabalho.

Para terminar, deixo umapelo aos jovens que se sintamindecisos quanto ao rumo a seguir:esclareçam as vossas dúvidas,tomem um decisão consciente e nãose esqueçam de que nas vossasmãos está o vosso futuro e podeestar o do país.

Rúben Antunes, 10ºM

Ser alunodo curso profissi-onal de Técnicode Mecatrónicaestá a ser umaexperiência mui-to boa.

Trata-se deum curso que me

cativa bastante, não apenas pelosconteúdos dos quais vou tendo co-nhecimento, mas também, pelos pro-fessores que, na minha opinião, têmdesempenhado um papelfundamental.

O curso profissional deMecatrónica é, em meu entender,uma boa aposta para o futuro dosjovens que gostam e têm interesseem seguir concretamente esta via,porque, devido à escassez de técni-cos nesta área, possibilita boas sa-ídas profissionais.

Perguntam-me, por vezes:“O que éisso da Mecatrónica?”

Hoje em dia, a mecatrónicaestá em todo o lado, em tudo o queenvolva electricidade, electrónica,mecânica, automação, domótica.Costumo dizer que a mecatrónica serelaciona com tudo o que mexe oufaz mexer. Trata-se de uma área doconhecimento e da aplicação práti-ca desse conhecimento que interfe-re de forma muito directa nas nos-sas vidas e que, por exemplo, podeproporcionar um grande conforto naforma como desfrutamos das nossascasas.

Gosto de ser aluno do EnsinoProfissional e, particularmente, doCurso de Mecatrónica porque mesinto realizado e bem sucedido nasaprendizagens que tenho vindo econtinuarei a fazer.

André Costa,11ºM

Ser aluno de umCurso Profissional

Cursos profissionais,que saída?

João Flores,representante dos

Cursos Profissionais noConselho Pedagógico e

Director do CursoTécnico de Frio e

Climatização, fala-nossobre este sistema de

ensino.

seja uma porta de entrada nomercado de trabalho.

- Como estão organizados?Estão organizados por módulos(unidades de aprendizagemautónomas no âmbito do programade cada disciplina), que permitemadaptar a formação ao ritmo deaprendizagem de cada aluno.Têm um currículo com a duração de3 anos (3100 horas), distribuídaspelas componentes de formação:sócio –cultural – comum a todos oscursos; cientifica – comum a todosos cursos da mesma área deformação , e técnica – variável decurso para curso.É também obrigatória a existênciade um período de formação emcontexto de trabalho, o estágio, coma duração de 420 horas.

- Quais as vantagens dos cursosprofissionais para os alunos quenão pretendem prosseguir estudossuperiores?Estes cursos constituem umaalternativa bastante válida, pois,

- O que são os cursosprofissionais?Os cursos profissionais são umamodalidade de formação inserida noensino secundário, que secaracteriza por uma forte ligação aomundo profissional, recorrendo àformação em contexto de trabalho(estágios) aliando a teoria àvertente prática.Uma vez que grande parte da suacarga horária é dedicada à formaçãotécnica, tecnológica e prática, estescursos permitem desenvolvercompetências específicas para oexercício de uma profissão.

- A quem se dirigempreferencialmente os cursosprofissionais?Os cursos profissionais dirigem-se atodos os jovens que tenhamconcluído o 3º ciclo do ensino básico(9º ano) e que querem fazer umaformação profissional específica, ouque prefiram um estilo deaprendizagem mais prática. Poroutro lado, estes cursos sãotambém uma forma de combater oinsucesso e o abandono escolar porparte dos alunos com um percursoescolar menos bem sucedido e queprocuram na escola uma qualificaçãoprofissional que os cursos do ensinoregular não proporcionam e que

além de proporcionarem aintegração na vida activa através deuma formação direccionada para omundo do trabalho, permitem,também, se assim o desejarem, oprosseguimento de estudos noensino superior.A conclusão do curso confere aoaluno um diploma equivalente aoensino secundário, 12º ano e ocertif icado de qualif icaçãoprofissional de nível 3.

- O que é um certificado dequalificação profissional de nível3.Uma qualificação profissional é acertif icação resultante de umadeterminada formação profissional.(Decisão do Conselho da Europa de16 de Julho de 1985 – 85/368CEE).Este tipo de qualif icaçãocompreende o desempenho defunções de trabalho de execução deexigente valor técnico, que podemser realizadas de forma autónoma,embora enquadradas em directivasgerais, e/ou incluirresponsabilidades de orientação ecoordenação, que pressupõem oconhecimento de processos deactuação. Este tipo de certificaçãocorresponde ainda a profissionaisaltamente qualif icados, quedesempenham funções de chefesde equipa ou técnicos intermédios.

- Como avalia a ligação que temexistido entre a ESAL e asempresas da região? Tem havidoreceptividade para que os alunospossam realizar a formação emcontexto de trabalho?A conclusão de um curso profissionalimplica a Formação em contexto realde trabalho, isto é, um estágio de420 horas. 140 horas no segundoano de formação e 280 horasterceiro ano de formação.

Neste contexto, a escolaestabeleceu contactos comempresas e entidades da região, nosentido de virem a serimplementadas parcerias quepermitam aos formandos arealização da sua Formação emContexto de Trabalho,manifestando, sempre toda adisponibilidade para continuarem aacolher formandos de outroscursos. É uma área em que a escola nãotem tido qualquer dificuldade.

- Quais as maiores dificuldadescom que se tem deparado?Ao contrário de que possa pensara maior dificuldade não é falta definanciamento, uma vez que estescursos são financiados por fundoscomunitários, mas pontualmentedificuldades de tesouraria daescola.A maior dificuldade reside nonúmero de jovens que secandidatam aos cursos. Nopresente ano lectivo houve 3 cursosque não abriram por falta deinscrições, e outros abriram com onúmero mínimo de alunos.

- A ESAL tem conhecimento acercado percurso dos alunos queconcluíram o curso no ano lectivoanterior?A escola não tem nenhum processode monitorização dos alunos queconcluíram o curso. O conhecimentoque temos sobre o seu percursoprofissional é através de contactosocasionais. No entanto posso dizerque 7 dos 12 alunos que concluíramo curso desempenham funções nasua área de formação.

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TestemunhosSer professorde um Curso Profissional

-sional. A aprendizagem valorizao desenvolvimento de competên-cias para o exercício de uma pro-fissão, em articulação com o sec-tor empresarial local. E continua:São destinatários dos cursosprofissionais os indivíduos que seencontrem nas seguintes condi-ções: conclusão do 9º ano de es-colaridade ou equivalente; procu-ra de um ensino mais prático evoltado para o mundo do traba-lho.

Portanto, parece que pode-mos inferir que estes cursos visamfacilitar a inserção no mundo dotrabalho o que, à partida, éirrepreensível (sabemos como oemprego é um objectivo prioritáriopara os jovens que saem das es-colas). Mas cuidado, é fundamen-tal não inverter as coisas: salvomelhor opinião, não é com a cria-ção de cursos profissionais queas oportunidades de emprego...aparecem. Pelo contrário: um cur-so profissional só deverá ser cria-do se for expectável uma ofertarazoável de emprego na área emque o mesmo se insere. Ou pelomenos, assim deveria ser. Casocontrário, pode-se estar pura esimplesmente a enganar os jovensatraídos à frequência desse cur-so, na medida em que poderiam

O que é “ser pro-fessor de umCurso Profissio-nal”? Este o moteque me foi lança-do, o tema queme foi propostoao ser solicitado

para escrever um artigo para estejornal. Conseguirei chegar a bomporto, sabendo bem que a áreadas letras não é por aí além a mi-nha especialidade? E, ainda porcima, em “vinte, vinte e cinco li-nhas de uma folha A4” (Helderdixit)? Tenho muitas dúvidas.

Antes do mais, começariapor dizer uma espécie de “verda-de de Monsieur de La Palisse”: serprofessor de um Curso Profissio-nal é ser… professor! Portanto:alguém que possui um conjunto decapacidades, uma preparaçãoadequada para exercer uma de-terminada actividade profissional,tal e qual como qualquer profes-sor. E se não as tenho – as ditascapacidades – só me resta pro-curar obtê-las, ponto final. Signi-fica isto, prosaicamente, que nãoexiste qualquer mística em ser pro-fessor de um Curso Profissional,se é que estavam à espera que odissesse…

depois ter dificuldade em conse-guir trabalho. Isso explica a exi-gência, como característica de umcurso profissional, da tal “forte li-gação com o mundo profissional”e da “articulação com o sectorempresarial local”. É isso que setem feito, por esse país fora, sem-pre que um qualquer curso profis-sional é dado à luz? Se tem, ópti-mo. Se não tem, então está muitomal. É que nenhuma outra lógicadeve presidir à criação desses cur-sos a não ser esta: criar profissio-nais devidamente qualificados eadequados às necessidades deuma sociedade caracterizada peladivisão do trabalho e que tenhamdepois razoáveis oportunidades decolocação. De modo algum interes-sa formar técnicos… para o desem-prego.

Assim se compreende a enor-me satisfação que é, para um pro-fessor de um Curso Profissional, en-contrar mais tarde ex-alunos seusa ocupar um posto de trabalho e aexercer, com profissionalismo ecompetência, as suas tarefas. Nemimaginam o orgulho que se sente,saber que, de um modo ou outro,também nós demos um contributo(pequeno ou grande, não interes-sa) para a autonomia desse jovem.

Adianto outra questão: osCursos Profissionais levantam pro-blemas especiais ao desempenhode um professor? Em princípio, não.Por que razão haveria de ser dou-tro modo? Se os alunos estão mo-tivados e empenhados no cursoque escolheram e se o professortem a preparação adequada, ascoisas funcionarão tão bem comoem qualquer outro curso. Agora,isto que acabo de dizer tem muitoque se lhe diga. É que as escolhasque os alunos fazem transportam,de forma subjacente e muitas ve-zes escamoteada (ou pelo menosnão explicitada) condicionalismosde vária ordem que, isso sim, po-dem constituir obstáculos ao de-sempenho do professor. Mas isso émuito pano para mangas e estemomento revela-se, de facto, as-saz inadequado para uma aborda-gem ponderada e séria dessa pro-blemática.

Bom, mas o que são, ou paraque são, os Cursos Profissionais?Resolvi “deslocar-me” (via Net) aoGuia de Acesso ao Ensino Secun-dário, do Ministério da Educação eli o seguinte: Os Cursos Profissio-nais são uma modalidade de edu-cação, inserida no ensino secun-dário, que se caracteriza por umaforte ligação com o mundo profis-

Pediram-me umas linhassobre o que éser professordo ensinop ro f i s s i ona l .Pensei, cogitei,r e f l e c t i ,d e s e n t e r r e i

momentos das muitas horasvividas a ser professora de turmasdo ensino profissional … Afinal,para quê? Eu apenas sei (e seráque sei?!) ser professora.Professora de turmas, de alunos,do Hélder, do João, da Anabela,do Fábio …

A relação entre o acto deensinar e o de aprender tem tantode complexo como de fascinante.É fonte de muitas picardias edesavenças, mas, igualmente, dedeleites e recompensas. Aimpressão mais viva na minhamente, sempre, trinta e picos anosde professora, é reconhecer o

muito que tenho aprendido comaqueles que me tenho propostoensinar. Cabe ao professor, é certo,a orientação pedagógica das suasturmas. Não há pejo em reconhecerao professor o direito, ou antes aobrigação, de avaliar, interromperos alunos, corrigir os seusenunciados, fazer perguntas cujasrespostas já conhece. É aobrigação de serviço, inerente aopapel que a sociedade espera verdesempenhado por quem escolheuser professor. Sem negar aoprofessor o exercício de um poderautorizado, que não autoritário, há,todavia, que considerar o poderexercido pelos alunos e ainda omodo como um e os outrosinteragem. Ensinar / Aprender é umprocesso de interacção entrepessoas. É importanteconhecermo-nos e aceitarmo-nospara que sejamos capazes deaceitar e compreender o outro, jádizia alguém que pensou muito maisque eu sobre estas problemáticas.

Os princípios da autenticidade,aceitação, compreensão,motivação e criatividade fazemflorescer a relação professor-aluno. Tão importante como por osos meus alunos a falar Inglês éajudá-los a desenvolvercompetências de cidadania,autonomia, curiosidade; alunosque, se o professor lhes pedir quesaltem, não indaguem a altura aque o professor quer o salto, masantes o porquê desse salto. E,acreditem, ADORO que eles falemInglês!

Verbalizar o meu sentir daminha profissão não é coisa pouca.Nem sempre tenho conseguidopassar a minha mensagem aoHélder, ao João, à Anabela, ao Fábio… A captação de simpatizantespara a minha causa não podepassar por facilitismos nem porfacilidades. Passa por contratosnegociados, explanados, às vezeszangados e unilateralmenteimpostos, fazendo-lhes sentir que

não lhes estou a pedir a lua, mastão-só, a ajudá-los a abrir portasque lhes permitam passagem paraum lugar ao sol. Eu quero umlugarao sol para todos os meusalunos, disso não tenho dúvida!Sei, igualmente, que o lugar ao solpreferido de cada um é capaz devariar tanto como uns só seremcapazes de apreciar a exóticaestrelícia, enquanto outros serecusam a olhar, sequer, para algoque não sejam os malmequeressilvestres. Os gostos não seexplicam, aceitam-se. Também eunão sou capaz de explicar o que éser professora do ensinoprofissional. Sinto, mas nãoexplico, a professora que tento serpara cada um dos meus alunos,independentemente do nome docurso. Sabem, já lhes mudaram onome tantas vezes! Ao curso, estáclaro, que os alunos são semprealunos e os professores são aindaprofessores.

Suzana Lopes Barreto

Luís Moreira

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das Artes

Alunos de artessalpicam a ESAL

E que sal!... E que picos!...

Metamorfoses: mural de grandes dimensões

Está mais bonita, aESAL.

Demoremos o olharnos traços, nas

cores, na mensa-gem! E façamos ocaminho que nos é

proposto, talvezrelembrando

António Machado:“Caminante, son tushuellas el camino, y

nada más;caminante, no haycamino, se hace

camino al andar. ...”

Mais uma vez, durante setedias, a Amato foi palco de umamaratona de pintura. Continu-ando o percurso das turmas doscursos de Artes com obra feita

mos. No contexto deste tra-balho, Metamorfoses tem a vercom transformação de ideias econceitos”.

O mural, inspirado na ban-da desenhada e na cultura lati-na, inclui símbolos que têm a vercom formas modulares padroni-zadas trabalhadas nas aulas e,a representar os extremos,ícones sempre actuais como CheGuevara e Marilyn Monroe.Ligando estes dois símbolos, afrase “why be normal, when youcan be yourself” encerra a men-sagem central, apontando umcaminho aos jovens da ESAL. Omural continua com uma tornei-ra aberta, a torneira do saber edas novas ideias sempre a jor-rar e termina com a frase“Escola…Adoooro!”.

nesta escola, os alunos do 12ºE,sob a orientação do professorÁlvaro Espadanal, deram vida àsparedes exteriores do Bar dosalunos, pintando um mural degrandes dimensões. Metamorfo-ses é o título desta intervençãogigantesca que, segundo o re-ferido professor, “pretende seruma narrativa simbólica de con-teúdos formais modernos… re-flexo da sociedade em que vive-

Que significado? Que leitura?Agora, dizem-nos, a obra per-tence-nos e se “se hace caminoal andar” faz-se a leitura aoolhar!Aqui fica o registo, no eSalpicos,preto no branco. As cores es-peram a tua visita.Obrigado Álvaro, obrigado me-ninos e meninas por esta ESALmais bonita. HR, RA

Memórias do diaseguinte

As previsões apontavampara bom tempo, o que vinha acalhar, pois a tarefa de queestávamos incubidos assim oexigia. S. Pedro deu uma ajudae não choveu.

A tarefa era nem maisnem menos a pintura de ummural, na parte exterior dasvelhinhas instalações do bar daEscola Amato Lusitano. Oobjectivo era dar vida a essasparedes exteriores que,degradadas pelos anos,imploravam que alguém seinteressasse por elas. Metemosmãos à obra.

A semana que antecedeua pintura foi agitada, poistivemos que ultimar váriospormenores, tudo tinha queestar pensado para que oresultado final fosse positivo eo melhor.

Numa 1ª fase, e ainda emaulas, pintou-se uma dasparedes, para dar a conhecerum pouco do projecto que iriadecorrer ao longo do fim-de-semana.

Durante a noite de 24para 25 de Abril, numa tremendaagitação, projectámos osdesenhos nas paredes para darinício à pintura do mural. Dia 25de Abril, iniciámos então apintura. Todos já sabiam astarefas a realizar. Não passou aolargo a curiosidade quesuscitávamos nas pessoas queiam passando e, como tal,tivemos várias visitas queentravam e admiravam o nossotrabalho e nos incentivavam acontinuar. Apesar deste dia tersido bastante cansativo e nosencontrarmos exaustos,estávamos satisfeitos por algojá começar a aparecer nas

pobres paredes.Outro dia começou e,

apesar de ainda sentirmos aressaca do dia anterior, havia quepuxar das nossas energias, poisesta missão assim o exigia,sendo necessário fazer valertodo o nosso empenho para darcontinuidade ao nosso trabalho.No almoço desse dia, tivemos oprazer de receber várias visitas,entre as quais um membro doConselho Executivo e duasprofessoras nossas (LínguaPortuguesa e Oficina de Artes)que apreciaram o trabalho jádesenvolvido e nos incentivarama continuar, com palavras deânimo e reconhecimento. A tardedeste dia foi bastante árdua,pois o calor fazia-se sentir, o queprovocava em nós um “…verdadeiro cansaço, cansaço…”.

Tivemos que alargar oprazo de conclusão do mural,pois ainda estávamos bastanteatrasados e voltámosnovamente no domingo, 27 deAbril, para concluir o tão desejadoprojecto. O cansaço eraevidente, mas o espírito de uniãomanteve-se mesmo durante anoite de domingo para segunda.Nessa noite, o frio fez-se sentir,mas o calor da fogueira e oespírito de diversão de todosnós e do nosso Professor deDesenho que, ao longo destesdias nos apoiou e ajudou, foramsuficientes para concluir estamissão, que de certeza nuncairemos esquecer e ficará parasempre marcada nos murosdesta Escola.

Jorge Belo, 12ºE

É difícil descrever estesdias. Foi uma experiência única:o sofrimento misturou-se como prazer e a alegria. A dor e ocansaço estiveram à flor da pele,mas a alegria e o prazer de fazere contemplar esta obra superoutudo. Nem sempre foi fácil...Tive vontade de desistir, mas aforça que nos uniu a todos eramaior.

O que mais me tocouforam as palavras de umaprofessora: “Vocês têm futuro!”Muito obrigado a ela e a todosquantos nos apoiaram das maisvariadas formas: o professorÁlvaro Espadanal, os nossospais e todos aqueles quepermitiram que este sonho setornasse realidade!

David Ventura, 12º E

Nunca mais se apagará daminha memória aquela manhã dodia 28 de Abril que concluía cincodias de trabalho dedicado e desonho.(...) Para mim, em cadacentímetro de tinta estava umbocado de cada um de nós, umbocado de sofrimento, alegria,dedicação, amor... Sim, é isso,aquelas paredes somos nós.

Álvaro Pitas, 12º E

Quando admirei todo onosso trabalho na segunda-feirade manhã, nem queria acreditar.Adooorei aqueles dias todos,apesar de termos trabalhadoimenso. Seis dias seguidos semparar. Eu não conseguia largar aescola, com o desejo de ver tudoterminado. E o meu desejo aliestá concretizado... com muitoorgulho! Sofia Pedro, 12º E

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Efemérides

da biblioteca

Dia da Europa

No dia 9 de Maio, assina-lou-se o Dia da Europa. Foi nes-ta data no ano de 1950 queRobert Schuman apresentouuma proposta de criação de umaEuropa organizada, requisitoindispensável para a manutençãode relações pacíficas.

Esta proposta, conhecidacomo “Declaração Schuman”, éconsiderada o começo da criaçãodo que é hoje a União Europeia.Actualmente o dia 9 de Maiotornou-se um símbolo europeu(Dia da Europa) que, juntamentecom a bandeira, o hino, a divisa

e a moeda única (o euro), re-presenta a identidade política daUnião Europeia.

O Dia da Europa constituiuma oportunidade paradesenvolver actividades efestejos que aproximam aEuropa dos seus cidadãos e ospovos da União entre si.

A Biblioteca comemoroueste dia com actividades depesquisa sobre a União Europeiadirigidas aos alunos do 3º ciclo.Os vencedores foram os alunosAlexandre Aparício e BrunoFelner do 9ºB. RA

Conhecer Autores JuvenisTambém com o objectivo de

promover a leitura e em articu-lação com a disciplina de Áreade Projecto do 7º ano, a Biblio-teca e os professores desta áreadisciplinar não curricular desen-volveram a actividade “Conhecerautores juvenis”.

Foram propostos váriosescritores portugueses de entreos autores de obrasrecomendadas pelo PlanoNacional de Leitura e cada grupode alunos escolheu um autor euma obra para realizarem atarefa proposta: elaboração deum guião para um programacultural televisivo sobre umescritor juvenil português.

Após a recolha da informa-ção, os grupos prepararam

o programa televisivo constituí-do por três partes: apresenta-ção do escritor convidado; en-trevista com o escritor; experi-ência de leitura (da obra escolhi-da) por parte de um leitor. Osalunos elaboraram também apre-sentações em PowerPoint sobreos vários escritores com a finali-dade de integrar o site do pro-grama televisivo.

Este trabalhou implicou ac-tividades de pesquisa sobre oescritor em causa assim como aleitura de um livro desse autor,contribuindo-se assim para o de-senvolvimento de competênciasno âmbito da literacia da infor-mação, ao mesmo tempo que sepromoveu a leitura. RA

Dia Mundial do Livro

O dia Mundial do livro e dosdireitos de autor comemora-sea 23 de Abril. Foi instituído pelaUNESCO e é uma data simbólicapara a literatura mundial:morreram neste dia e no mesmoano de 1616, Cervantes,Shakespeare e Inca Garcilaso dela Vega. É também a data denascimento ou de morte deoutros proeminentes autorescomo Maurice Druon, K.Laxness, Vladimir Nabokov,Josep Pla e Manuel Mejía Vallejo.

A ideia desta celebraçãoteve origem na Catalunha onde,em 23 de abril, dia de S. Jorge,uma rosa é dada em troca decada livro vendido, honrando avelha tradição catalã segundo aqual os cavaleiros ofereciam àssuas damas uma rosa vermelhade São Jorge, recebendo delasum livro.

Ao celebrar este dia aolongo de todo o mundo, aUNESCO visa promover a leitu-ra, a edição e a protecção da pro-priedade intelectual através

de direitos de autor, incentivan-do todos, e em particular os jo-vens, a descobrir o prazer da lei-tura.

Para assinalar este dia aBiblioteca promoveu trêsconcursos: “Concurso de LivrosArtísticos” cujos trabalhos foramelaborados pelos alunos do11ºG, 11ºH e 12ºE nasdisciplinas de Desenho A,Desenho B e Oficina de Arte, soba orientação da professora MariaJoão Serrasqueiro e teve comovencedores na modalidade depintura, Raquel Matos do 11ºG,na modalidade de escultura, So-fia Pedro do 12ºE, o livro maisvotado pela comunidade escolarpertence a Inês Oliveira do 11ºH;o Concurso “O Melhor Leitor dolivro “A Princesa e o Sapo” deAna Saldanha cuja vencedora foiAna Galvão do 9ºA; o Concurso“O Melhor Leitor do livro “O Gor-ro Vermelho” de Ana Saldanha,conquistado por Susana Janecado 9ºB. RA

Promoção da leitura

Alunos ilustram livros deAna Saldanha

Com o objectivo de promo-ver a leitura, a Biblioteca, em ar-ticulação com a disciplina de Ofi-cina de Arte, lançou um desafioaos alunos do 9º ano com vistaao desenvolvimento de um pro-jecto de ilustração de livros.

Esta actividade realizadadurante este período, contoucom o apoio do formador PauloVale, pintor da nossa comunida-de, convidado para orientar oprojecto.

O formador Paulo Vale e a professora Cidália Mota orientam os traba-lhos de ilustração

Foram escolhidos dois li-vros da autoria de Ana Saldanha,“A Princesa e o Sapo” e “O Gor-ro Vermelho” da colecção “Erauma vez…Outra vez”, a ilustrarpelos alunos do 9ºA e 9ºB res-pectivamente. Esta colecção éinspirada em histórias tradicio-nais, mas adaptadas aos tem-pos modernos. Criam-se contex-tos e personagens da época

contemporânea que reflectemproblemas idênticos aos quesurgem nas versões dos contostradicionais, mas que continuama fazer parte da sociedade actu-al e do desenvolvimento dos jo-vens de hoje.

Outras disciplinas articula-ram as suas actividades com esteprojecto,explorando astemáticas que se prendem comproblemáticas fundamentais nodesenvolvimento da personalida-

de dos jovens como a importân-cia das relações interpessoais edo respeito pelos outros; a con-quista da autonomia, da cora-gem, da auto-confiança; o sen-timento de pertença a uma fa-mília, a uma comunidade; a im-portância da amizade; a inse-gurança face à sociedade con-temporânea entre outras.

Raquel Afonso

No âmbito do Plano Nacional de Leitura

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Cem Anos de Solidão re-trata a história da amaldiçoadafamília Buendía ao longo dos seuscem anos de existência, vividosna cidade fictícia de Macondo. Éassim um retrato de uma famí-lia, com as suas sete geraçõesque nada têm de comum e sãoao mesmo tempo a representa-ção da tragédia, mas também doamor universal com todas assuas obsessões, milagres, fan-tasias, tragédias, incestos, adul-térios, sexualidade, pragas,guerras, glórias e fracassos.

A obra tem uma forte com-ponente nostálgica, o que reme-te para o tema central, a soli-dão. Quando tudo parece estarbem, há sempre um aconteci-mento que altera todo o cursoda história e conduz à solidão deuma ou mais personagens, acen-tuando o seu drama pessoal efamiliar, numa reviravolta queconsegue sempre surpreender oleitor e provocar-lhe sentimen-tos de compaixão e proximidade

Ao longode todos estesanos, principal-mente desde arevolução in-dustrial, o serhumano temabusado de to-dos os princípi-

os naturais. A tão querida ima-gem de um planeta Terra sau-dável e viçoso onde existia umequilíbrio natural entre todos osecossistemas não passa agorade uma nostálgica lembrança.Lembrança tal que, por vezes, éescondida como se fosse sigilo,ou algo proibido. O nosso pla-neta está a ser afectado por to-dos os nossos actos, está a de-senvolver uma doença que, como passar do tempo, está a darpassos largos e inevitáveis para

Cem Anos de Solidãode Gabriel Garcia Marquez

Experiência de leitura por Marta Portugal, 12ºC

da família e a personagem co-mum a todas as gerações, “otempo não passa, enrola-se so-bre si mesmo como um cara-col”. E, ao enrolar-se, encon-tra-se o fim desta família amal-diçoada, sobre a qual uma pro-fecia contida nos pergaminhosde um cigano se revela ao últi-mo descendente vivo. Aodecifrá-la e antes de chegar aoúltimo verso, num final momen-to de consciência e lucidez, esteapercebe-se de que “ (...) nãosairia nunca desse quarto, poisestava previsto que a cidadedos espelhos (ou das miragens)seria arrasada pelo vento e des-terrada da memória dos Homensno momento em que AurelianoBabilonia acabasse de decifraros pergaminhos e que tudo oque neles estava escrito erairrepetível desde sempre e parasempre, porque as estirpescondenadas a cem anos de so-lidão não tinham uma segundaoportunidade sobre a Terra”.

em relação às personagens. Estaé de facto a grande magia daobra, a forma como se cria umambiente familiar e de proximi-dade com o leitor através do am-biente envolvente da própria ci-dade, dos problemas quotidianosdas personagens, das suas tra-gédias. Por isso, não é possívelficar indiferente e acaba-se porsentir com as personagens,sofrer com elas, sentindo a mes-ma solidão mas continua-se aquerer cada vez mais mergulharno seio daquela família.

E assim o tempo passa.Passam cem anos. Passam semse dar conta com uma alternânciaentre períodos de rápida evolu-ção em que tudo acontece aomesmo tempo, com outros perí-odos em que o tempo pára e aspersonagens parecem viverabandonadas à sua sorte, sozi-nhas, esquecidas e sem poderalgum para alterar um destinoque está traçado desde o início.Tal como diz Úrsula, a matriarca

Uma Verdade Inconveniente

planeta. Agora mais do que nun-ca deveríamos consciencializar-nos que, ao poluirmos ou fazeracções que parecem insignifican-tes, estamos a prejudicar-nosa nós próprios e às futuras ge-rações que irão pagar por to-dos os nossos erros. Será al-tura de pensarmos: “Como che-gou o planeta a este ponto?”.

Só nós o podemos aju-dar. Não é impossível e muitomenos difícil. Pequenas atitudescomo andar mais de transpor-tes públicos, desligar a televi-são, as luzes ou todos os apa-relhos que não estão a ser uti-lizados, lavar os dentes com atorneira fechada, reciclar, redu-zir e reutilizar podem marcar adiferença e contribuir para umfuturo melhor.

Pensemos nisso!

uma destruição atroz. Cabe-nosa nós, homens do séc. XXI,mostrar um pouco de compaixãoe talvez consciência por esta es-fera que permite que respiremose nos dá o dom da vida.

O documentário “Uma Ver-dade Inconveniente” evidenciacom todas as letras como o nos-so lar se está a degradar e revelatambém como irá ficar futura-mente se não forem tomadasmedidas convenientes.

Ajudar na cura do planetaterra não compete unicamenteaos grandes proprietários de in-dústrias poluentes, competetambém a todo o ser humano querespira e habita na Terra. O serhumano tem-se mostrado muitoegoísta e ambicioso e as suasatitudes têm trazido cada vezmais consequências ao nosso

Comentário por Elisa Pacheco, 9ºA

Pequenosgestos podem

salvar oplaneta

Biblioteca leva alunos areflectir sobre o Ambiente

Consumir menos água:

- Escovar os dentes sem a tor-neira a correr.- Tomar duches mais curtos.- Encher o lavatório de águapara lavar a louça em vez de adeixar correr.- Fechar o autoclismo.- Não deixar torneiras a pingar.

Gastar menos energia:

- Apagar as luzes das divisõesonde não estamos e utilizar lâm-padas fluorescentes.- Desligar todos os aparelhoselectrónicos e não os deixar emstandby quando não os estiver-mos a usar.- Não deixar a porta do frigorí-fico aberta. Escolher depressao que pretendemos tirar.- Manter as portas fechadas eisolar as janelas para que nãose perca o calor.- Máquinas de lavar cheias delouça/roupa evitam desperdíci-os de energia e de água.

Reciclar:

- Separar o lixo, utilizando osrespectivos ecopontos.- Evitar o uso de papéis comcheiros e decorações para quea reciclagem seja facilitada.- Ter um pano de cozinha sem-pre à mão para evitar utilizarguardanapos ou papel de cozi-nha sempre que precisarmoslimpar gotas de água.- Aproveitar envelopes usados.- Não imprimir documentos semnecessidade.

Transportes:

- Utilizar transportes públicosem vez do automóvel;- Ao comprar um automóvel,optar pelos híbridos ou pelosque consumem menos combus-tíveis.- Verificar regularmente a pres-são dos pneus do automóvelpara gastar o menor combustí-vel possível.

Tiago Antunes, 9ºA

iblioteca

Um olhar de quem não vêÀ conversa com Catarina Caio

Para uma aluna invisual, adisciplina de Oficina de Arte foimuito importante. Aprendi a utilizarmateriais muito diversos comoligaduras de gesso, folha dealumínio, arroz, açúcar, sal,serradura, areia fina e grossa,aparas de madeira, vidro, estanho,plasticina, lápis, tintas…

“Vi” com as minhas mãosas máscaras dos meus colegasque realizei com ligaduras degesso e tive muito prazer emtrabalhar a folha de alumínioporque tudo era mais evidentepara mim.Pareceu-me muito engraçadousar materiais que utilizamos na

nossa alimentação – o arroz, porexemplo - quando fiz ostrabalhos em vitral.

Em todo o momento sentio apoio e o incentivo dos meuscolegas e do professor.

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No passado dia 5 de Maio(segunda-feira) decorreu entre as12 e as 13.30 horas, uma acção desensibilização intitulada “112 -Cadeia de Sobrevivência”,organizada pelo grupo de Biologia/Geologia e dinamizada por umaequipa do INEM. Esta acção,destinada aos alunos das turmasA, B, C, D e E do 10º ano, teve lugarno auditório gentilmente cedidopelo Instituto Português daJuventude.

O objectivo desta acção erasensibil izar os alunos para aimportância do Instituto Nacionalde Emergência Médica e mostraralgumas linhas de acção eprocedimentos base na resposta aemergências. A equipa do INEMutilizou informação em suportedigital (PowerPoint) paraapresentar a organização eexplicar os procedimentos daresposta de emergência face aincidentes, referindo algumasexperiências pessoais relevantesno sentido de melhor sensibilizar aassistência. No final, todos ficarama conhecer melhor o que acontecequando se liga para o 112 e comose deve proceder em caso deemergência.

Paulo Duarte

mentos de ensino da cidade deCastelo Branco, colocaram-se 28detectores CR-39 em diversasescolas (e dentro destas, em váriosespaços), recolheram-se os dadose trataram-se os mesmos noLaboratório de RadioactividadeNatural, com a colaboração dosinvestigadores da área, Prof. DoutorAlcides Pereira e bolseiros PauloPinto e Ana Vicente.

Dos resultados obtidos nosdiversos estabelecimentos deensino, de realçar as seguintesescolas que ultrapassaram os 400Bq/m3, valor limite permitido pelaComissão das ComunidadesEuropeias: Secundária Nuno Álvares(409 Bq/m3), João de Deus (410 Bq/m3), EB1 Cansado (429 Bq/m3), EB1Horta D’Alva (503 Bq/m3), EB1 Mina(1512 Bq/m3). Na nossa escolaforam colocados três detectores queregistaram os valores 19 Bq/m3, 944Bq/m3 e 373 Bq/m3.

Após a análise dosresultados, pode-se evidenciar queas escolas construídas em pedra(granito) e mais antigas são as queapresentam maiores concentrações.Na maioria desses estabeleci-mentos de ensino, os valores deconcentração de radão ultrapassamo valor l imite permitido pelaComissão das ComunidadesEuropeias, os 400 Bq/m3. As escolasque se encontram nesta situaçãosão a Escola Secundária NunoÁlvares, Escola João de Deus, EscolaEB1 Cansado, Escola EB1 Mina eEscola EB1 Horta D’Alva.

Salientamos que o caso quenos parece mais preocupante,

Estudo realizado noâmbito da Área de

Projecto, detecta cincoescolas com níveis de

concentração de radãoacima dos 400 Bq/

m3400, valor permitidopelas comunidades

europeias

Níveis de Radão nas escolas da cidade

No Laboratório de RadioactividadeNatural em Coimbra

O radão é um gásradioactivo natural que estápresente em diversos solos oumateriais rochosos, concentrando-se em ambientes fechados, comocaves e arrecadações dos edifícios.Nas condições normais detemperatura e pressão, é incolor einodoro, não sendo, por essemotivo, detectável aos nossossentidos. Deste modo, torna-seóbvio o risco associado a esteelemento, em particular nas casasde habitação onde tende aconcentrar-se.

Em Portugal, este gás é oresponsável por mais de 50% dadose de radiação fornecida porfontes naturais. As concentraçõesdo gás radão em edifícios sãoinfluenciadas por factoresgeológicos e meteorológicos, bemcomo pela tipologia construtiva.Assim, verifica-se que são vários osfactores que afectam aconcentração de radão dentro deuma habitação, nomeadamente anatureza do solo, os materiais deconstrução, a temperaturaambiente, a pressão atmosférica e

a ventilação.Com o objectivo de conhecer

melhor este gás, os alunos PauloSilva, Pedro Baptista e João Alberto,da turma C do 12º ano deescolaridade, propuseram, comotrabalho da Área de Projecto, odesenvolvimento de um estudointitulado: “A presença do gás radãoem alguns estabelecimentos deensino da cidade de CasteloBranco”. Este trabalho contou como apoio do professor da disciplina edo Laboratório de RadioactividadeNatural, do Departamento deCiências da Terra, da Faculdade deCiências e Tecnologias daUniversidade de Coimbra.

Para a medição dos níveis degás radão em alguns estabeleci-

Cinco escolas com valores acima do permitido

atendendo aos resultados, é aEscola EB1 Mina, uma vez que aconcentração obtida é quase quatrovezes superior ao valor limite.

Parece-nos que as principaisrazões que estão na origem destasituação são o facto da escola estarassente directamente no solo, o quepode fazer com que o radão seinfiltre mais facilmente através defissuras nos pavimentos, fendas nasfundações e paredes, juntas deconstrução ou espaços nãopreenchidos na base da edificação;os materiais de construção seremessencialmente o granito; e a salaonde foi colocado o detector não serarejada.

Deste modo, a fim decolmatar esta situação serãoalertadas as entidadescompetentes para a necessidade deventilar a sala, tapar todas asfendas existentes no pavimento oujuntas de tubagens e colocar nopavimento membranas que sejamimpermeáveis ao gás radão.

No que respeita à nossaescola, podemos concluir que, como detector colocado na cave,verificou-se uma maiorconcentração de radão, 373 Bq/m3,do que com os dois detectorescolocados no rés-do-chão. Mais umavez, estes valores sugerem-nos queo facto de a sala testada ser umacave, incrementa a concentração deradão.

Paulo Silva, 12ºC João Alberto, 12ºC Pedro Batista, 12ºC

112 - Cadeia desobrevivência

Acção de sensibilização

As turmas A, B, C, D e E do10º ano participaram, no dia 22 deAbril, na Visita de Estudo ao CaboMondego, na Figueira da Foz,dinamizada pelos professores deBiologia e Geologia. A visita começoumuito cedo, com a saída da Escolapor volta das sete e meia da manhãe o primeiro acontecimento dedestaque ocorreu logo poucodepois. Tendo sido obrigados aparar, como é já tradição neste tipode actividades, para uma visitinhaà casa de banho numa estação deserviço em Ansião, eis que, paranosso grande espanto, uma dasduas camionetas se recusa atrabalhar devido a um problemaeléctrico. Valeu-nos a experiência esabedoria dos senhores motoristase, ao fim de cerca de uma hora, jános fazíamos de novo ao caminho.

Tudo decorreu tranquila-mente desde então, até à nossachegada ao ponto de encontro comas guias do Visionarium – omiradouro da Bandeira, no cimo daSerra da Boa Viagem. Quem nãoconhece tal local deveria visitá-lo,pois dali alcança-se uma paisagembastante bonita em volta dapovoação de Quiaios que possui umparque de merendas extraordinário

Geomonumento do Cabo MondegoAlunos de Biologia e Geologia em visita de estudo

Começámos aí a nossajornada no sentido de saber ohistorial da região. Foi-nos explicadaa morfologia de toda aquela zona eos acontecimentos geológicos queali tiveram lugar. Passámos, deseguida, a uma parte tambémbastante agradável das visitas – oalmoço ao ar livre!!

Da parte da tarde, iniciámosa descida da Serra da Boa Viagemem direcção ao Cabo Mondego, numpercurso pedestre em que, se nostivéssemos conseguido manter emsilêncio, poderíamos ter observado,segundo nos afirmou a guia,algumas das espécies animaistípicas da região, tais como águias,javalis e mesmo esquilos. Limitámo-nos então a ver toda uma fantásticaflora local com árvores de idade etamanhos já consideráveis, pelomenos as poucas que sobraram dosincêndios devastadores de anosanteriores. Ainda no mesmopercurso, os alunos deliraram coma caça aos fósseis, tendoencontrado alguns vestígios deseres que ali viveram há algunsmilhões de anos atrás, comoAmonites e moluscos bivalves.

Já perto da costa, foi-nospermitido visitar o interior do recinto

da fábrica de cimento que ali laborae explicadas a sua história e aorigem geológica dos materiais queexplora. Também nos forammostradas as pegadas de algunsdinossauros que por alideambularam há muito, muitotempo.

Para completar a nossajornada visitámos um localemblemático da Figueira da Foz - oFoz Plaza, centro comercial ondeaproveitámos para lanchar.

A visita de estudo acabouassim, após um dia divertido e muitoanimado, tendo-nos permitidoconhecer um pouco mais do nossopatrimónio biológico e geológico,visualizar estruturas e compreendersituações cuja dimensão nunca étotalmente alcançada numa sala deaula. Paulo Duarte

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Matrículas 2008/2009

A partir de 30 de Junho

Documentos necessários para a matrícula

- Envelope com os impressos para o ano que pretende frequentar (aadquirir na Papelaria da escola);- 1 fotografia identificada no verso (nome/ano de escolaridade);- Bilhete de Identidade e fotocópia;- Fotocópia do Cartão de Assistência Médica;- Boletim Individual de Saúde actualizado.

Cursos Científ ico- Humanísticos

(Noct.)

C u r s o s d e E d u c a ç ã o e F o r m a ç ã o

C u r s o s T e c n o l ó g i c o s

C u r s o s P r o f i s s i o n a i s

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MURAL DO eSALPICOS

Cursos Profissionais

Quando a água corre, pode haver uma ponte.E tantos cursos há no horizonte!Quando a vida vai e a escolha é prementeUm curso profissional pode ser pertinente!

Na informática...de tanto teclar, de tanto escrever, até as ideias fazem ocabelo crescer...

Na mecatrónica, no frio e nas eléctricasinstalações... fios e botões são aosmilhões!

E se o robot não quer fazer a subidinha,vai uma ajudinha...

Na contabilidade... contas sempre na hora, pelos impostos, sem juros de mora!Se a conta for errada, é certo que a coima será cobrada!

Na construção civil, no design e nacarpintaria...medir está na ordem do dia.E se queremos qualidade, “imaginaçãoao poder” e muita criatividade!