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ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LATO SENSU ADMINISTRAÇÃO E MARKETING KARINA SCHEUER ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO DE COMPRA DOS FUNCIONÁRIOS DE FARMÁCIAS DE PORTO ALEGRE Análise entre as redes: Panvel e Mais Econômica Vila Velha - ES 2010

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ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL

LATO SENSU ADMINISTRAÇÃO E MARKETING

KARINA SCHEUER

ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO DE COMPRA DOS

FUNCIONÁRIOS DE FARMÁCIAS DE PORTO ALEGRE

Análise entre as redes: Panvel e Mais Econômica

Vila Velha - ES

2010

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KARINA SCHEUER

ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO DE COMPRA DOS

FUNCIONÁRIOS DE FARMÁCIAS DE PORTO ALEGRE

Análise entre as redes: Panvel e Mais Econômica

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Pós - Graduação Lato Sensu em Administração e Marketing, pela ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, sob a orientação da Prof. Me. Beatriz Christo Gobbi.

Vila Velha - ES

2010

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KARINA SCHEUER

ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO DE COMPRA DOS

FUNCIONÁRIOS DE FARMÁCIAS DE PORTO ALEGRE

Análise entre as redes: Panvel e Mais Econômica

Aprovada pela Banca Examinadora em 18.01.2010.

_____________________________________________

Prof. Me. Beatriz Christo Gobbi Orientadora

_____________________________________________ Prof.

_____________________________________________ Prof.

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Dedico este trabalho a Deus e à pessoa que

me estimula, me fortalece e acredita e me

incentiva em todos os momentos. Meu

amigo, marido e grande amor Marcelo.

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4

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus e a todas as oportunidades

que me proporcionou para o bom

desempenho deste trabalho.

Agradeço à ESAB e a todos seus

professores e colaboradores que fizeram

parte de mais uma etapa de minha vida.

Agradeço a todas as pessoas que

participaram deste processo, especialmente

o Marcelo Ali.

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O preparo favorece a sorte.

Marcelo Ali

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RESUMO

A grande competitividade no varejo farmacêutico contextualiza um cenário onde os produtos em sua grande maioria são idênticos. A partir do momento em que as empresas e corporações se transformam orientadas para o cliente atingem um elevado grau de ganhos empresariais. Em primeiro lugar, elas conquistam uma notável vantagem competitiva no mercado externo. Em segundo lugar, em termos internos elas tornam-se capazes de cultivar funcionários satisfeitos. Dessa forma, esta pesquisa buscou investigar o comportamento de compra dos funcionários das farmácias e se os mesmos são clientes das lojas ou das redes em que trabalham. Foi realizada uma pesquisa qualitativa através de entrevista padronizada ou estruturada, as perguntas foram feitas ao grupo de 10 funcionários das redes de farmácias Panvel e Mais Econômica. O instrumento da coleta qualitativa utilizado foi um roteiro de entrevista dividido em duas partes. A primeira parte para determinar o perfil do respondente e a segunda a respeito do conhecimento da empresa em que trabalha, o perfil de compra, a motivação, a fidelização, o serviço, a satisfação e a decisão de compra. Ficou caracterizado que o perfil de compra dos funcionários é similar, em geral compram nas lojas em que trabalham ou nas lojas da própria rede, mas os funcionários da Mais Econômica são mais sensíveis aos preços e também existe uma competição acirrada em relação às metas pessoais, pois chegam a comprar produtos vencidos para que a loja não tenha prejuízo.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Evolução do marketing segundo suas características e tecnologia

Empregada .............................................................................................. 19

Figura 2 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor .............. 21

Figura 3 Mudança de estilo de vida conforme o ciclo de vida. ......................... 24

Figura 4 Hierarquia das necessidades de Maslow ............................................. 28

Figura 5 Modelo de estímulo e resposta do comportamento do comprador ... 30

Quadro 1 Respondentes da Rede Panvel.............................................................. 71

Quadro 2 Respondentes da Rede Mais Econômica ............................................. 72

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................... 11

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................... 13

1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 13

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................ 14

1.3.1 Objetivo geral..................................................................................... 14

1.3.2 Objetivos específicos ........................................................................ 14

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ........................................................... 14

1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA......................................................... 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................... 17

2.1 MARKETING DE SERVIÇOS .............................................................. 17

2.1.1 A evolução do marketing .................................................................. 18

2.1.1.1 Características dos tipos de marketing ................................................ 19

2.2 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ....................................... 20

2.2.1 Influências que afetam o comportamento do consumidor ............ 21

2.2.1.1 Influência cultural ................................................................................. 22

2.2.1.2 Influência social ................................................................................... 23

2.2.1.3 Influência pessoal ................................................................................ 24

2.2.1.4 Influência psicológica .......................................................................... 25

2.3 O PROCESSO DE COMPRA .............................................................. 25

2.3.1 Tomada de decisão de compra ........................................................ 26

2.3.1.1 As necessidades do consumidor ......................................................... 27

2.3.1.2 O envolvimento do consumidor ........................................................... 29

2.4 A PERCEPÇÃO DE VALOR ............................................................... 31

2.5 SATISFAÇÃO DO CLIENTE ............................................................... 32

2.5.1 Relacionamento ................................................................................. 33

2.6 ENDOMARKETING ............................................................................. 34

2.7 COMUNICAÇÃO INTERNA ................................................................ 35

2.7.1 Instrumentos de comunicação interna ............................................ 36

2.8 IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO ....................................................... 38

2.8.1 Conceitos comportamentais da motivação .................................... 40

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2.9 VENDAS .............................................................................................. 42

2.9.1 A atividade de vendas ....................................................................... 42

2.9.2 A evolução da venda ......................................................................... 42

2.9.3 Venda de serviços ............................................................................. 43

2.9.3.1 Características dos serviços ................................................................ 43

2.10 O PERFIL DO VENDEDOR ................................................................ 46

2.10.1 Prospecção ........................................................................................ 47

2.11 LIDERANÇA ....................................................................................... 48

2.11.1 Características e habilidades da liderança ..................................... 50

2.11.2 Supervisão de vendedores ............................................................... 51

2.11.3 Força de vendas ................................................................................ 51

2.11.4 Programas de reconhecimento dos funcionários .......................... 53

2.12 MARKETING FARMACÊUTICO .......................................................... 53

2.12.1 Estratégias de marketing para farmácias e drogarias ................... 56

3 AS REDES DE FARMÁCIAS .............................................. 59

3.1 PANVEL .............................................................................................. 59

3.2 MAIS ECONÔMICA ............................................................................. 61

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................ 63

4.1 PERFIL DA AMOSTRA ....................................................................... 63

4.2 RELACIONAMENTO COM A EMPRESA ............................................ 64

4.2.1 Conhece as metas da empresa e da sua loja? ............................... 64

4.2.2 Como considera a comunicação da empresa com os

funcionários? ..................................................................................... 64

4.2.3 Conhece seus benefícios na empresa? Há desconto ou

pagamento facilitado para os funcionários? .................................. 65

4.3 COMPORTAMENTO DE COMPRA .................................................... 65

4.3.1 Funcionários da Panvel .................................................................... 65

4.3.2 Funcionários da Mais Econômica .................................................... 66

4.4 MERCHANDISING .............................................................................. 67

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 73

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA ..................................................... 76

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1 INTRODUÇÃO

Palavras Chave: Comportamento de compra. Endomarketing. Cliente-funcionário.

No cenário atual é grande a competitividade entre as empresas de bens de consumo

e prestação de serviços. Em razão disso, é vital para o sucesso dos negócios

vigentes que empreendedores, administradores, operadores de marketing e outros

colaboradores, envolvidos nos processos das empresas, estejam atentos para a

importância dos clientes internos e externos.

O comportamento do consumidor tem sido analisado por profissionais de psicologia,

analistas de consumo, publicitários e economistas que procuram entender quais

fatores atuam sobre o consumidor no momento da compra. De acordo com Engel,

Blackwell e Miniard (2000, p. 6) o comportamento do consumidor é definido como

sendo “as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de

produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem

essas ações”. Já Mowen e Minor (2006, p. 3) consideram que é “o estudo das

unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no

consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e idéias”.

Para manter bons níveis de competitividade – e eficácia na tomada de decisão -

muitas empresas passam atualmente por um período de adaptação, procuram

alinhar o objetivo dos seus negócios ao perfil do seu público-alvo.

Já no ambiente farmacêutico a concorrência está dividida entre as redes de

farmácias e farmácias independentes, portanto a diversificação da oferta de serviços

passa a ser uma das principais alternativas para movimentar as lojas. Trata-se de

um mercado promissor, cada vez mais fragmentado, onde o número de

estabelecimentos não pára de crescer, um ambiente onde as empresas do varejo

farmacêutico têm adotado estratégias para superar os obstáculos ao seu

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desenvolvimento. Entre essas iniciativas, destaca-se a diversificação da oferta de

serviços, que visam fidelizar os consumidores.

Contudo, cabe ressaltar que o profissional do ramo farmacêutico possui

características muito específicas, como especificações técnicas dos produtos,

identificar as necessidades dos clientes, a oferta dos produtos regulamentada por lei

específica, assim como a comunicação das empresas concorrentes, foco dos

promotores dos laboratórios de acordo com a rede, entre outros.

Além dos elementos citados, pode-se destacar que o atendimento cumpre papel

fundamental dentro do negócio farmacêutico, e que ultimamente é o centro de

muitos problemas detectados nos pontos-de-venda. Prova disso, são os crescentes

investimentos, dos concorrentes desse mercado-alvo, nas áreas da administração

de marketing com o intuito de aprofundar os conhecimentos do segmento. Com isso,

desenvolve-se o estudo sobre o comportamento do consumidor no processo de

aquisição de produtos e serviços, sabendo-se que este conhecimento possibilitará

um planejamento de novas formas na oferta de produtos, apontando estratégias de

marketing cada vez mais eficazes no atendimento das farmácias para seus clientes.

Até o momento, o foco das farmácias está direcionado ao seu público alvo externo,

ou seja, seu cliente. No entanto, o seu público interno, ou seja, seus funcionários

também são clientes e deve ser analisada a forma de escolha do ponto de venda e o

perfil de compra, tendo em vista que a maioria das empresas oferece vantagens aos

seus funcionários para a compra de produtos na própria rede, seja em forma de

descontos ou pagamento facilitado.

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1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Atualmente, o setor farmacêutico é um dos mercados que mais sofre mudanças e

que apresenta fortes tendências de crescimento. E os funcionários que ficam

diariamente dentro da loja atendendo, recebendo informações e sendo um veículo

para promover a venda. Será que estes são clientes das farmácias em que

trabalham ou buscam os mesmos produtos na concorrência?

1.2 JUSTIFICATIVA

O mercado farmacêutico possui um crescimento médio de 13% ao ano, conforme

dados da ABRAFARMA - Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias,

e estas empresas buscam a cada dia uma diferenciação e a fidelização de seu

público alvo. Além de investir em treinamento, qualificação e educação de seus

funcionários, as farmácias e os laboratórios farmacêuticos se unem em busca de um

mesmo ideal, promover a venda e gerar lucratividade.

Como mensurar o envolvimento do funcionário com a empresa e a equipe de

trabalho, já que muitas vezes eles possuem cotas individuais e necessitam vender o

máximo possível para compor seu salário ao final do mês e em outras redes a cota é

única e global a todos os funcionários, ou seja, todos em busca de um mesmo

objetivo.

Esta pesquisa visa identificar se o funcionário que convive diariamente com diversos

produtos, busca constantemente atingir a meta da loja e/ou pessoal, também possui

o entendimento que sua própria compra interfere em seus resultados e se existem

fatores que interferem em sua escolha.

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Identificar se os funcionários são clientes das farmácias em que trabalham?

1.3.2 Objetivos específicos

• Analisar o perfil de compra dos funcionários;

• Identificar se os clientes, os propagandistas ou os amigos e familiares

interferem em sua decisão de compra;

• Verificar qual o seu envolvimento com a empresa em busca de metas

corporativas e pessoais ou se está somente interessado em seus benefícios

pessoais.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa se limitou a pesquisar uma pequena parte dos funcionários de duas

redes de farmácias de Porto Alegre.

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1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA

A presente pesquisa caracteriza-se como sendo um estudo de caso, pesquisa

descritiva e qualitativa.

Segundo Gil (2007, p.17) “pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e

sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas

propostos”. Na visão de Yin (2005), o estudo de caso é uma investigação empírica

que dentro da vida real, investiga um fenômeno contemporâneo, quando os limites

entre a vida real e o fenômeno não estão definidos de uma forma clara.

Para Gil (2007), o estudo de caso se caracteriza por ser profundo e exaustivo de um

ou poucos objetos, para obter conhecimento amplo e detalhado. Os resultados são

abertos, o que nos sugere hipóteses e não conclusões.

Marconi e Lakatos (2007, p.274), “o estudo de caso refere-se ao levantamento com

mais profundidade de determinado caso ou grupo humano sob todos os seus

aspectos” enquanto que para Samara (2007), as pesquisas descritivas buscam, por

meio de entrevistas ou discussões, descrever situações de mercado e relacioná-las,

confirmando o que foi proposto na definição do problema de pesquisa e

respondendo as indagações feitas.

Segundo Malhotra (2005, p.57), “a pesquisa descritiva é um tipo de pesquisa

conclusiva que tem como principal objetivo a descrição de algo – normalmente

características ou funções de mercado”. Já para o autor na página 113 “a pesquisa

qualitativa proporciona melhor visão e compreensão do problema”. A pesquisa

qualitativa não é analisada estatisticamente, pois é composta de amostras pequenas

e não-representativas de acordo com Malhotra (2005).

A pesquisa qualitativa foi aplicada através de entrevista padronizada ou estruturada.

O instrumento da coleta qualitativa utilizado foi um roteiro de entrevista (Apêndice

A), dividido em duas partes. A primeira parte para determinação o perfil do

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respondente e a segunda a respeito do conhecimento da empresa em que trabalha,

perfil de compra, motivação, fidelização, serviço, satisfação e decisão de compra.

Foram entrevistados 10 funcionários das redes Panvel e Mais Econômica no mês de

novembro de 2009. Cada rede foi representada por um gerente e 4 balconistas ou

vendedores. No momento da pesquisa foi levado em conta o tempo em que

trabalhava na rede para haver uma equidade na comparação das redes.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 MARKETING DE SERVIÇOS

O marketing possui diversas definições, uns acreditam que é uma ciência, outros

crêem ser arte. No entanto, os serviços estão intimamente ligados às definições do

marketing, pois os serviços estão em todos os lugares, seja ao entrar em um

estacionamento, freqüentar um restaurante ou comprar uma mercadoria.

Antes de se adotar uma única e exclusiva compreensão sobre o marketing é

importante verificar como têm evoluído suas definições.

Em 1960, a American Marketing Association (AMA) definia marketing como “o

desempenho das atividades de negócios que dirigem o fluxo de bens e serviços do

produtor ao consumidor ou utilizador”. Em outubro de 2007, a nova definição

adotada pela AMA “marketing é a atividade, conjunto de instituições, bem como os

processos de criação, comunicação, entrega e troca de ofertas que tenham valor

para os consumidores, clientes, parceiros e sociedade em geral” demonstra que

deixou de ser uma relação restrita entre cliente-consumidor tornando-se abrangente

a todos os envolvidos em uma relação comercial.

Para Kotler e Armstrong (2007, p. 4) “marketing é um processo administrativo e

social pelo qual indivíduos e organizações obtêm o que necessitam e desejam por

meio da criação e troca de valor com outros”, acrescenta ainda que é “o processo

pelo qual as empresas criam valor para os clientes e constroem fortes

relacionamentos com eles para capturar seu valor em troca”. Considerando que é a

chave para alcançar as metas organizacionais, sendo mais eficiente do que os

concorrentes para integrar as atividades de marketing, satisfazendo, assim, as

necessidades e desejos dos mercados-alvos.

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Mowen e Minor (2006, p. 4) consideram que marketing é a “atividade humana

direcionada a satisfazer necessidades e vontades por meio de processos de troca

humana”.

Definem ainda Kotler e Keller (2006, p. 4) que “o marketing envolve a identificação e

a satisfação das necessidades humanas e sociais”. Complementa ainda, Kotler e

Armstrong (2006, p. 3), ao considerar que marketing “é a entrega de satisfação para

o cliente em forma de benefício” e que seus dois principais objetivos são “atrair

novos clientes, prometendo-lhes valor superior, e manter os clientes atuais,

propiciando-lhes satisfação”, acrescenta ainda que “o bom marketing é essencial

para o sucesso de toda organização, seja ela grande ou pequena, com ou sem fins

lucrativos, nacional ou global”.

No entanto, Cobra (2007) define marketing como uma filosofia, uma norma de

conduta da empresa. Para o autor:

Mais importante que entender a definição de marketing é compreender que deve ser encarado como filosofia, uma norma de conduta para a empresa, em que as necessidades latentes dos consumidores devem definir as características dos produtos ou serviços a serem elaborados e as respectivas quantidades a serem oferecidas”. (COBRA, 2007, p. 20).

Diante de tantas definições, podemos concluir que o marketing de serviços está

contido no marketing, devido ao fato de que a satisfação de um produto ou serviço

está intimamente ligada pela forma de que ele chegará até o cliente, seja por

transporte aéreo, embalagem ou contato físico.

2.1.1 A evolução do marketing

O conceito de marketing evolui ao longo do tempo, segundo Swift (2001) o

marketing precisa ser orientado para o cliente de forma individual ou um-a-um

conforme é mostrado na Figura 1:

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Figura 1 – Evolução do marketing segundo suas características e tecnologia empregada

Fonte: Adaptada de Swift (2001, p.38).

2.1.1.1 Características dos tipos de marketing

As principais características de cada tipo de marketing, de acordo com Peppers e

Rogers (1994) são:

• Marketing de massa: voltado para participação do mercado, pensava em

vendas individuais, com segmentação limitada, com uma cara e grande

campanha onde enfoca nas transações e não no relacionamento com cliente.

Sua tecnologia é interna com arquivos simples fazendo uso de malas-diretas

e contando com apenas alguns pacotes de operações;

• Marketing dirigido: Passa a efetuar suas campanhas mais dirigidas

segmentando-as e com isso diminuindo o marketing de massa, passando a

enfocar nos produtos. O lado tecnológico conta com banco de dados

individual aplicado aos projetos com soluções de análise limitada;

• Marketing de cliente: nesse momento do marketing o cliente começa a

participar do processo, onde ocorre um refinamento continuo do processo de

marketing. O enfoque passa a ser no cliente e no evento com múltiplos

tratamentos a mais de um cliente segmentado. O fator tecnológico conta com

data warehouse que por este momento definimos como um grande banco de

dados com muitas informações detalhadas com dados e análise integrados,

possuindo condições de conhecer cada cliente e baseado num processo de

analise de modelagem e refinamento;

Marketing

de

Massa

Marketing

Dirigido

Marketing

de

Cliente

Marketing

Um a Um

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• Marketing one-to-one: atualmente o marketing one-to-one ou marketing um-a-

um segmenta interativamente os clientes com comparação em tempo real,

possui TV interativa, páginas Web ativas possibilitando muita integração com

o cliente, pois faz relacionamentos individualizados e com poder de fazer

previsões sobre os clientes. O aporte tecnológico conta com a integração de

data warehouses com múltiplos pontos de contato, podendo ou não ser

ativados pela Internet e contando com processo inter-organizacional e

gerenciados por interação.

Segundo Peppers e Rogers (1994), em o marketing um-a-um, afirma que os clientes

são diferentes, e que esta é a principal realidade a ser enfrentada. Após esse

entendimento o que se deve saber é o que o cliente precisa, após isso oferecer o

produto certo na maneira que o cliente deseja no tempo certo. Segue dizendo que o

marketing não acontece por si só, ou seja, é o resultado das ações e iniciativas

conscientes das pessoas dentro das organizações. Ensina ainda que o que os

consumidores querem é comodidade e isenção de transtornos.

2.2 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

O comportamento do consumidor tem sido analisado por profissionais de psicologia,

analistas de consumo, publicitários e economistas que procuram entender quais

fatores atuam sobre o consumidor no momento da compra.

De acordo com Engel, Blackwell e Miniard (2000, p. 6), o comportamento do

consumidor é definido como sendo “as atividades diretamente envolvidas em obter,

consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que

antecedem e sucedem essas ações”. Já Mowen e Minor (2006, p. 3) consideram

que é “o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na

aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e

idéias”.

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21

Para identificar o comportamento de compra do consumidor, é importante analisar

as influências que afetam a sua tomada de decisão. Podemos destacar que este

conhecimento pode ter um valor pessoal e também pode auxiliar as empresas a

compreender melhor os seus consumidores por meio da identificação de fatores que

influenciam suas próprias atividades de consumo.

2.2.1 Influências que afetam o comportamento do consumidor

As compras do consumidor são extremamente influenciadas pelas características

culturais, sociais, pessoais e psicológicas. Na maior parte das vezes, os profissionais

de marketing não podem controlar esses fatores, mas devem levar em

consideração, como mostra a figura 2:

Figura 2 - Fatores que influenciam o comportamento do consumidor

Fonte: Adaptada de Kotler e Armstrong (2006, p. 119).

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Para melhor entendimento das influências comportamentais, vejamos suas

principais características.

2.2.1.1 Influência cultural

A cultura é um conceito de muita relevância para o entendimento do comportamento

do consumidor e pode ser vista como a personalidade de uma sociedade. Inclui

tanto idéias abstratas como valores e ética, quanto serviços e objetos materiais,

como automóveis, vestuário, comida, arte e esportes, que são produzidos ou

valorizados em uma sociedade.

É também considerado um fator dos desejos e do comportamento de uma pessoa. O

comportamento humano é em grande parte adquirido. Ao crescer em uma

sociedade, uma criança adquire valores, percepções, desejos e comportamentos de

sua família e de outras instituições importantes. (KOTLER; ARMSTRONG, 2006).

De acordo com Solomon (2008) a cultura é a acumulação de significados, rituais,

normas e tradições compartilhadas entre os membros de uma sociedade, assim

como complementam Engel, Blackwell e Miniard (2000), sendo “um conjunto de

valores, idéias, artefatos e outros símbolos significativos que ajudam o indivíduo a se

comunicar, a interpretar e a avaliar como membros da sociedade”.

Pode-se verificar que a cultura é um dos fatores com grande influência sobre o

comportamento do consumidor e é extremamente importante conhecer a cultura

onde irá atuar a empresa para que seja aceito os seus produtos por parte de seus

consumidores. Não são poucos os casos onde empresas multinacionais ao se

instalar em países de hábitos muito distinto do país de origem; por falta de pesquisa

e de estudos sobre o local, não são bem aceitos e tem que adequar seus produtos.

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2.2.1.2 Influência social

O ser humano é influenciado também pelos diversos grupos com que convive: como

a família, o grupo de pessoas do trabalho, o grupo do futebol, do churrasco e por

qualquer grupo que pertença. Esses grupos são chamados de grupos de referência

e possuem normas e comportamentos a serem seguidos pelas pessoas que

desejam fazer parte dele.

Solomon (2008) considera que todos nós pertencemos a grupos, tentamos agradar

aos outros e seguimos pistas de como nos comportarmos observando as ações dos

outros para evitar que sejamos excluídos.

Ao tentar se integrar e fazer parte de um determinado grupo, o indivíduo tenta se

adequar e parecer ao máximo com seus integrantes e nesse momento acaba

aderindo novas necessidades e desejos de compra. O grupo exerce o chamado

poder social sobre seus integrantes. Afirma ainda Solomon (2008), que o poder

social refere-se à capacidade de alterar as ações de outros tanto positivamente

como negativamente.

Os grupos de referência para Kotler e Armstrong (2006, p. 122) “agem como pontos

de comparação ou referência diretos (face a face) ou indiretos na formação do

comportamento e das atitudes de uma pessoa”.

A família, por ser o menor grupo de referência que o indivíduo interage, é também a

mais importante influência de compra na sociedade. Kotler e Armstrong (2006,

p. 124) complementam dizendo que “a família é a mais importante organização de

compra de produto de consumo da sociedade”.

Cobra (2007, p. 58) considera que cada membro da família exerce influência na

decisão de compra dos demais e descreve “a família recebe influências do grupo de

referência, da classe social de que faz parte, de seu estilo de vida, da personalidade

e do sexo de cada membro da família, entre outros fatores externos e internos”.

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2.2.1.3 Influência pessoal

Kotler e Armstrong (2006, p. 125) consideram que “as decisões do comprador são

influenciadas também por suas características pessoais, como idade e estágio no

ciclo de vida, ocupação, situação financeira, estilo de vida, personalidade e auto-

imagem”.

Em cada estágio do ciclo econômico da vida de um consumidor, ele terá um estilo

de vida; um hábito de consumo, conforme pode ser observado na figura 3 seguinte:

Estágio do Ciclo de Vida Estilo de Vida e hábitos de consumo

Estudante Prática de esportes

Recém-casado Carro, móveis e roupas

Meio de carreira profissional Viagem, roupas, livros, cursos de

aperfeiçoamento

Auge da carreira profissional Roupas, carros luxuosos, casas de praia

e campo

Aposentado Eventos culturais e sociais, viagens

Figura 3 - Mudança de estilo de vida conforme o ciclo de vida. Fonte: Adaptada de Cobra (2007, p. 63).

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2.2.1.4 Influência psicológica

As escolhas de compra de uma pessoa são bastante influenciadas por quatro

importantes fatores psicológicos: motivação, percepção, aprendizagem e crenças e

atitudes:

• Motivação ou impulso - a motivação inicia com o reconhecimento de uma

necessidade e é sentida quando há diferença suficiente entre o estado

desejado ou o preferido de ser e o estado real. De acordo com Kotler e

Armstrong (2006, p. 129) a “motivação é uma necessidade suficientemente

forte para fazer com que a pessoa busque satisfazê-la”;

• Percepção é o processo por meio do qual uma pessoa seleciona, organiza e

interpreta as informações recebidas para formar uma visão significativa do

mundo;

• Aprendizagem são mudanças no comportamento de uma pessoa surgidas

graças à experiência;

• Crenças é um pensamento descritivo que a pessoa tem em relação a alguma

coisa;

• Atitudes compreendem as avaliações, os sentimentos e as tendências

relativamente coerentes de uma pessoa em relação a um objeto ou uma

idéia.

2.3 O PROCESSO DE COMPRA

O processo de compra tem sido definido como atos individuais que envolvem

diretamente a compra e uso de bens e serviços, incluído os processos decisórios

que precedem e determinam esses atos.

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Para Kotler e Armstrong (2006, p. 136) o processo de compra “se inicia com o

reconhecimento da necessidade – quando o comprador reconhece um problema ou

uma necessidade, percebe uma diferença entre seu estado atual e seu estado

desejado”, enquanto que para Ferrel e Hartline (2005, p.113) “o processo de compra

começa com o reconhecimento de uma necessidade, depois atravessa os estágios

da busca de informações, avaliação das alternativas, decisão de compra e avaliação

pós compra”. Observa-se que o segundo autor avalia pós-compra como sendo uma

característica do processo de decisão inicial, enquanto o primeiro autor observa

apenas a necessidade e o desejo de ter.

Diariamente, os consumidores tomam diversas decisões de compra; deve-se

pesquisar detalhadamente para saber o que, como, quanto, quando, onde e porque

os consumidores compram ou escolhem determinado estabelecimento para adquirir

a mesma mercadoria que é encontrada em tantos outros lugares.

2.3.1 Tomada de decisão de compra

Engel, Blackwell e Miniard (2000) consideram que “a chave da vantagem competitiva

sustentável em longo prazo para varejistas, fornecedores e outros parceiros neste

processo é uma estratégia abrangente para o impacto máximo no consumidor. Isto

normalmente envolve decisões centrais e definição de uma plataforma de valor,

alcançando uma infra-estrutura eficiente e implementando um programa de

comunicações de marketing integrado”.

Define-se decisão como: escolha de uma opção entre duas ou mais alternativas.

Precisa-se de mais de uma alternativa para que se possa fazer a escolha. Ao

deparar-se diante da escolha de fazer ou não fazer uma compra, da escolha entre a

marca X e a marca Y, ou de passar o tempo fazendo “A” ou “B”, essa pessoa está

em posição de tomar uma decisão. Nem todas as decisões de compra exigem

grande esforço, pois o processo de tomada de decisão do consumidor seria um

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processo exaustivo, que deixaria pouco tempo para qualquer outra coisa, conforme

Schiffman e Kanuk (2000).

Os pesquisadores do consumidor abordam a tomada de decisão a partir de uma

perspectiva racional. De acordo com Solomon (2008), as pessoas calmas e

cuidadosamente integram o máximo possível de informações e tem conhecimento

sobre o produto, pensa-se nos prós e nos contras de cada alternativa e chegam a

uma decisão satisfatória. Complementa ainda que os gerentes de marketing devem

estudar com atenção os passos da tomada de decisão para compreender como os

consumidores obtêm informações, como formam crenças e quais critérios usados

para escolher um produto.

Solomon (2008) afirma ainda que o momento de compra ocorre quando impulsos

iniciais aumentam verdadeiramente a possibilidade de comprarmos muito mais (ao

invés de comprarmos menos, à medida que nossas necessidades são satisfeitas),

quase como se ficássemos “acelerados” e nos precipitássemos em uma avalanche

de gastos (todo mundo já passou por isso).

2.3.1.1 As necessidades do consumidor

Os clientes compram produtos para satisfazer necessidades que são identificadas

por Maslow apud (Cobra, 2007) como sendo cinco necessidades básicas comuns a

todas as pessoas, conforme segue:

• Necessidades Fisiológicas: fome, sede, sexo, alimentos, roupas e segurança,

segurança no setor de abrigo;

• Necessidades de Segurança: proteção pela rotina;

• Necessidades de amor e afeição: afeição distinta das necessidades biológicas

como sede, sexo, frio, fome, etc;

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• Necessidades de estima e ego: auto-respeito, prestígio, sucesso e

reconhecimento;

• Necessidades de auto-realização: busca de realização.

Cobra (2007, p. 40), salienta que quando as necessidades básicas começam a ser

satisfeitas passa a existir uma necessidade de segurança em que o indivíduo busca

um segundo nível de realização na escala hierárquica de Maslow. As necessidades

sociais representam um desejo para o indivíduo tornar-se aceito dentro do grupo

social do qual faz parte, e os fatores como amar e ser socialmente aceito passam a

ser importante.

De acordo com Maslow apud Kotler e Armstrong (2006, p. 130), “as necessidades

humanas são dispostas em uma hierarquia, da mais urgente a menos urgente”,

complementa ainda que “primeiramente, as pessoas tentam satisfazer as

necessidades mais importantes. Quando uma necessidade importante é satisfeita,

ela deixa de ser um elemento motivador e a pessoa tenta então satisfazer a próxima

necessidade mais importante”.

A hierarquia das necessidades de Maslow é mostrada na figura 4:

Figura 4 - Hierarquia das necessidades de Maslow

Fonte: http://www.portaldaadministracao.org/wp-content/uploads/2007/08/piramide.gif

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Para Kotler (1998, p. 27), “as necessidades e os desejos das pessoas de hoje estão

confusos”, enquanto que para Cobra (2007, p. 37), “as necessidades são muitas

vezes percebidas ou não pelas pessoas”.

Ao compreender como se forma e como atua a personalidade do ser humano, pode-

se compreender como as coisas afetam as pessoas e como elas reagem a essas

coisas, conforme destacam os autores:

Em estudos de consumidores, a personalidade é definida como respostas consistentes a estímulos ambientais. A personalidade de um indivíduo proporciona experiências e comportamentos relacionados ordenada e coerentemente. Personalidade é o padrão particular de organização que torna um indivíduo único e diferente de todos os outros. (ENGEL, BLACKWELL E MINIARD, 2000, p. 283).

Após analisar as necessidades que influenciam o consumidor é importante que

também seja identificado quais são os estímulos relevantes na decisão de compra.

2.3.1.2 O envolvimento do consumidor

O comportamento de compra difere muito de produto para produto e é classificada

com base em seu grau de envolvimento e no nível de diferença entre as marcas que

podem ser classificados em quatro tipos, conforme Kotler e Armstrong (2006):

• Complexo: quando o consumidor está altamente envolvido em uma compra e

percebem diferenças significativas entre as marcas;

• Dissonância Cognitiva: quando os consumidores estão altamente envolvidos

em uma compra cara, incomum e que envolvem risco, mas vêem poucas

diferenças entre as marcas;

• Compra habitual: envolve baixo envolvimento do consumidor e poucas

diferenças significativas entre as marcas. Podem até escolher sempre a

mesma marca, mas isso acontece mais por hábito do que por fidelidade. Os

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consumidores parecem se envolver pouco com produtos de baixo custo

comprados com freqüência;

• Busca de variedade: há baixo envolvimento e significativas diferenças entre

as marcas. Geralmente o consumidor troca muito de marca devido à

variedade do que à insatisfação.

Além do grau de envolvimento do consumidor, é importante observar que o

consumidor sofre estímulos no momento da decisão de compra. Estes estímulos de

marketing consistem dos 4Ps: produtos, praça, preço e promoção e de outros que

são as principais forças e acontecimentos nos ambientes econômico, tecnológico,

político e cultural do comprado, conforme Kotler e Armstrong (2006).

O modelo de estímulo e resposta do comportamento do consumidor apresentado na

figura 5 mostra que as ações de marketing e outros estímulos penetram na “caixa-

preta” do consumidor e produzem determinadas respostas. (KOTLER;

ARMSTRONG, 2006, p. 119).

Marketing e Outros Estímulos

“Caixa-preta” do comprador

Respostas do comprador

Marketing Outros

Características do comprador

Processo de decisão de compra do comprador

Escolha do produto Escolha da marca Escolha do revendedor Freqüência de compra Volume de compra

Produto Preço Praça Promoção

Econômico Tecnológico Político Cultural

Figura 5 - Modelo de estímulo e resposta do comportamento do comprador Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2006, p. 119).

Quando os clientes se motivam a comprar um serviço para atender uma

necessidade insatisfeita, normalmente passam por um processo de compra mais

complexo do que se decidissem comprar um produto. Lovelock e Wright (2007). Já

Cobra (2007) salienta que na maioria das vezes, quanto mais informação os

consumidores recebem acerca das características de um produto, menos o preço é

usado como um indicador de qualidade.

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2.4 A PERCEPÇÃO DE VALOR

A percepção de valor dos consumidores é modificada no decorrer do tempo e

inúmeros fatores contribuíram para que houvesse comparações, tais como o

aumento das exigências e a busca mais detalhada de informações sobre o que lhes

atende da melhor forma possível. Kotler (1998, p. 51) afirma que o consumidor deve

ter a percepção do valor do que está adquirindo. Já Lovelock e Wright (2007)

consideram que valor é o mérito de uma determinada ação ou objeto em relação às

necessidades de um indivíduo em um dado momento.

As mudanças na relação entre o consumidor e os produtos adquiridos têm ganhado

mais ênfase a cada dia. De acordo com Cobra (2007, p. 205), “o consumidor compra

não o que o serviço ou produto é, mas a satisfação da necessidade que o produto

ou serviço pode produzir”.

O mercado disponibiliza, atualmente, uma vasta quantidade de produtos e serviços e

o consumidor normalmente opta por aquela que melhor lhe ofertar a relação

benefício/custo, ou seja, a oferta que agregar maior valor, conforme define Kotler:

VALOR ENTREGUE AO CONSUMIDOR é a diferença entre o valor total esperado e o custo total do consumidor. VALOR TOTAL PARA O CONSUMIDOR é o conjunto de benefícios esperados por determinado produto ou serviço. CUSTO TOTAL DO CONSUMIDOR é o conjunto de custos esperados na avaliação, obtenção e uso do produto ou serviço. (KOTLER 1998, p. 51).

Kotler e Armstrong (2006, p. 63) salientam que “valor para o cliente é a diferença

entre o que ele ganha adquirindo e utilizando um produto e o que gasta para fazer a

aquisição” e para ser bem-sucedida, a empresa deve oferecer mais valor e

satisfação para os clientes do que seus concorrentes. Conclui ainda, que “devem

ganhar vantagem estratégica posicionando agressivamente suas ofertas em relação

às de seus concorrentes na mente dos consumidores”.

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2.5 SATISFAÇÃO DO CLIENTE

O comportamento de compra de um consumidor é influenciado principalmente por

características culturais, sociais, pessoais e psicológicas. Embora tais características

não possam ser controladas, podem ser levadas em consideração pelos

profissionais de marketing, no relacionamento entre a organização e o público

consumidor.

Muito se fala de mudanças, modernidade, dificuldade para adaptação ao mercado,

margens apertadas, entre outras variáveis aparentemente difíceis de controlar.

Porém, a chave para abrir a porta do sucesso da atividade varejista, neste início de

século, está na criatividade do empresário em entender o comportamento do

consumidor e gerar ações na forma de produtos, serviços e preços justos para atraí-

lo, encantá-lo e torná-lo fiel ao ponto de venda, conforme Sampaio (2002).

De acordo com Hoffmann e Bateson (2006), satisfação ou insatisfação do cliente é

uma comparação das expectativas do cliente com suas percepções a respeito do

encontro de serviços real.

A qualidade do serviço oferecido pode ser classificada de duas maneiras: o serviço

previsto e o serviço desejado. O serviço previsto é uma expectativa de

probabilidade. Reflete o nível de serviço que os clientes acreditam ser provável

ocorrer e o serviço desejado é uma expectativa ideal. Reflete o que os clientes

realmente querem comprar com o serviço previsto, que é o que provavelmente

ocorrerá. Portanto, na maioria dos casos, o serviço desejado reflete uma expectativa

mais alta do que o serviço previsto.

A satisfação do cliente depende da sua percepção sobre o desempenho do produto

em relação às suas expectativas, complementa ainda que para produzir valor e

satisfação superiores para os clientes, as empresas precisam de informações de

quase todos os níveis, destacam Kotler e Armstrong (2006).

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Para Lovelock e Wright (2007), a satisfação do cliente fornece muitos benefícios

para uma empresa e níveis mais altos de satisfação do cliente resultam em maior

fidelidade. No longo prazo, é mais lucrativo manter bons clientes do que

constantemente atrair e desenvolver novos clientes para substituir os que saem.

De acordo com as definições apresentadas, podemos definir que a satisfação é uma

relação entre o desempenho e as expectativas percebidas. Se o desempenho não

alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito. Se o desempenho alcançar as

expectativas, o cliente ficará satisfeito. E se o desempenho for além das

expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito ou encantado. Segundo os autores,

clientes altamente satisfeitos disseminam informações positivas e, na verdade,

tornam-se um anúncio ambulante e falante para uma empresa, o que reduz o custo

para atrair novos clientes.

2.5.1 Relacionamento

Segundo Poser (2005), relacionamento é a forma com que as empresas devem

manter e lucrar com seus clientes. A autora afirma que o relacionamento com o

cliente é uma estratégia que conduz fortemente para a meta de fidelizar e reter

clientes, mas não só fidelizar os melhores clientes oferecendo-lhes o que eles

querem da empresa. Fortalecendo constantemente o canal de fidelização, e

aumentando o valor e a freqüência de consumo deste cliente fiel aos produtos e

serviços da empresa. Continua dizendo que precisamos premiar nossos clientes, por

preferirem a nossa marca e a nossa empresa, mas que devemos lhes dar a atenção

que eles querem receber e não a que achamos que devemos dar. Somente desta

forma, podemos manter e fidelizar clientes, que o trabalho da empresa em implantar

um software de gestão de relacionamento mesmo que possa parecer exagero a

principio, pois normalmente as empresas acham que conhecem seus clientes o

suficiente para não precisarem de programas de relacionamento informatizados, e

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finaliza afirmando que não podemos deixar de dar atenção especial a quem nos traz

lucro.

2.6 ENDOMARKETING

Bekin (2006) cita que até alguns anos, o planejamento estratégico girava em torno

de três elementos centrais: produto, marketing e gestão. Essa doutrina gerava uma

crença estranha: a de que as pessoas não existiam.

O autor menciona ainda, que alguns autores aceitam uma definição genérica para

endomarketing. Para eles, “endomarketing é um esforço planejado usando uma

abordagem mercadológica para superar a resistência organizacional a mudanças e

obter alinhamentos, motivar e coordenar interfuncionalidades, integrando

funcionários para uma implantação eficaz de estratégias corporativas e funcionais, a

fim de atingir a satisfação do cliente por meio de um processo de criação de

funcionários motivados e orientados para o cliente”.

Para Bekin (2006), o endomarketing consiste em ações de marketing dirigidas para

o público interno da empresa ou organização. Sua finalidade é promover entre os

funcionários e os departamentos os valores destinados a servir o cliente ou,

dependendo do caso, o consumidor. Essa noção de cliente, por sua vez, transfere-

se para o tratamento dado aos funcionários comprometidos de modo integral com os

objetivos da empresa. O comprometimento implica a adesão aos valores e objetivos

da empresa por meio do endomarketing e pressupõe o trabalho em equipe, em um

contexto marcado pela cooperação e pela integração dos vários setores da

organização. “O objetivo do endomarketing é tornar transparentes ao funcionário os

objetivos da organização, de forma a harmonizar o objetivo do funcionário com o

objetivo global da empresa”. Considera ainda, que “a função do endomarketing é

deixar claro que nos processos internos da organização também existe uma figura

chamada cliente” (BEKIN, 2006, p.49).

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O autor (2006) relata que quando o funcionário não cumpre seu papel a contento,

toda a cadeia é comprometida. Se não tenho recursos, se não disponho de meios de

produção utilizados corretamente, atinjo “algum resultado”, mas não o “melhor

resultado”. Este será atingido quando eu tiver a pessoa responsável por aquela

determinada etapa do processo produzindo de acordo com objetivos claros,

estabelecidos de maneira compreensível para ela. Conforme Levitt apud Bekin

(2006, p.5), “se a empresa espera atingir objetivos lá fora, precisa se certificar de

que todos nela estão comprometidos com esse objetivo”.

2.7 COMUNICAÇÃO INTERNA

Segundo Brum (2005), a comunicação interna existe em qualquer tipo de empresa e

pode ser encontrada, muitas vezes, naquela velha circular que não circulou, cujo

assunto ninguém ficou sabendo e que, após não ter mais validade, foi parar no

mural ao lado da informação do produto que alguém pretende vender.

Algumas empresas são mestras na arte de se comunicar com o público interno.

Outras convivem com uma extrema dificuldade nesse aspecto, mas nem por isso

deixam de repassar a “informação”, mesmo que de forma inadequada.

O que a maioria das empresas necessita é estabelecer canais que combatem a famosa “rádio corredor” ou “rádio peão”. Já foi cientificamente constatado que, à medida que o processo de endomarketing se desenvolve, os boatos tendem a cair. (BRUM, 2005, p. 51).

De acordo com Brum (2005), existem duas estratégicas básicas relacionadas com a

comunicação interna.

A primeira focaliza a empresa, a visão da direção, os propósitos e os objetivos

gerais da organização. Os programas voltados para a mudança de uma determinada

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cultura, que comunicam uma nova visão da empresa, enquadram-se nesta categoria

que visa modificar as atitudes dos funcionários, promovendo o compromisso e a

lealdade para com a organização.

A segunda estratégia focaliza a tarefa, pois diz respeito à comunicação de questões

específicas relacionadas ao trabalho. Isso inclui não apenas a comunicação sobre a

tarefa, como também a coleta das opiniões dos funcionários sobre formas de

melhorar o desempenho e a adoção de novos métodos de trabalho. Neste caso, os

objetivos da administração estão muito mais relacionados à melhoria da eficiência

dos serviços ou dos processos de produção.

Essa classificação concentrada na administração ou nas tarefas, no entanto, pode

mascarar problemas mais sérios com os quais as empresas se defrontam no seu

dia-a-dia.

2.7.1 Instrumentos de comunicação interna

Quanto a seus instrumentos - Bekin (2006) - deve-se usar a comunicação pessoal e

a impressa, por meios de boletins, house organs, circulares, quadros de aviso.

Deve-se utilizar também a comunicação telefônica, pelo telemarketing interno,

mobilizando áreas, departamentos e pessoas para a troca de informações e

esclarecimentos, e óbvio, a comunicação eletrônica. Esse conjunto visa ao eficaz

gerenciamento do relacionamento com os funcionários por meio do ERM - Employee

Relationship Management (gestão do relacionamento com funcionários).

Para atingir as metas citadas anteriormente ao endomarketing possui alguns instrumentos tradicionalmente utilizados pelo marketing que são folders, material promocional, pesquisa de satisfação, painéis, comerciais, jornal, atividades festivas com clientes, entre outros. (BEKIN, 2006, p.9).

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Brum (1998), relaciona os instrumentos operacionais que podem ser utilizados:

• Confecção de vídeos que podem ser institucionais, de apresentação dos

produtos (tem como objetivo colocar em contato direto a equipe interna com a

realidade em que o seu produto é utilizado);

• Manuais técnicos e educativos os quais apresentam os produtos, os serviços

os lançamentos, as tendências (em relação à tecnologia e à moda);

• Revista com história em quadrinhos;

• Jornal interno com a utilização de vários encartes, como, por exemplo, área

de recursos humanos, projetos, produção e associação de funcionários. Pode

ser utilizada, também, a versão do jornal de parede;

• Cartazes motivacionais, informativos em forma de quebra-cabeça, sempre

com o objetivo de passar novas informações para equipe interna;

• Canais diretos (reunião com o diretor, presidência ou ouvidor interno);

• Palestras internas, programas para apresentar as novidades da empresa, as

tendências e a evolução que a mesma teve;

• Grife interna que pode ser utilizados em roupas, bonés e acessórios;

• Memória, ou seja, o resgate da história da empresa, com objetivo de passar a

evolução da mesma, às pessoas que a desconhecem;

• Radio interno para a divulgação de notícias;

• Vídeo jornal para a divulgação de lançamentos, pronunciamentos de diretores

e gerentes;

• Intranet;

• Convenções internas: uso da equipe interna para divulgação de atividades;

• Manuais de integração: muito utilizados para divulgação de alguns aspectos

da cultura organizacional.

Da mesma forma Brum (2005), cita que existem empresas que possuem os mais

variados instrumentos de comunicação interna, sem que eles sejam sistemáticos ou

estejam integrados.

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Fazer endomarketing não significa elaborar uma frase que determine a missão da empresa, colocá-la num quadro e pendurá-lo na parede para que seja visto pelos funcionários. Endomarketing é um conjunto de ações e instrumentos que, sistemáticos e integrados, vendem uma mesma idéia ou um mesmo conceito ao público interno (BRUM, 2005, p. 51).

Bekin (2006), cita que a sistematização deve se dar levando em consideração o

elemento surpresa, ou seja, todo o mês e, se possível, toda a semana, deve haver

novidades. A integração, por sua vez, acontece a partir de uma mesma

programação visual, fazendo com que o funcionário identifique os diversos

instrumentos como parte de uma mesma campanha.

Por desconhecerem essas regras, ainda existem muitas empresas comunicando-se

de forma desencontrada, com grandes espaços de tempo entre uma ação e outra e

por intermédio de instrumentos completamente diferentes entre si, incapazes de

implementar e solidificar um mesmo conceito.

Este é outro motivo pelo qual as empresas procuram desenvolver esforços de

endomarketing: transformar tudo aquilo que já fazem em nível de comunicação

interna num programa único e eficaz.

2.8 IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO

Bekin (2006) “muito do trabalho inicial com o endomarketing tinha o foco na

motivação dos funcionários e sua satisfação”. Acreditava-se que uma empresa deve

possuir funcionários satisfeitos a fim de ter consumidores satisfeitos.

O autor cita que a motivação é fundamental para qualquer coisa que se faça na vida.

Sobretudo para aquelas coisas que exigem um esforço maior, como é o caso do

trabalho. Ela está ligada à sobrevivência de quem trabalha, no sentido em que afeta

a qualidade de vida, a interação com o mundo, e a sanidade.

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A motivação inspira e mobiliza a pessoa para seguir em determinada direção. É uma

iniciativa própria. O funcionário motivado se compromete com o trabalho. Trabalhar

motivado é importante para a empresa e fundamental para o empregado.

É importante para o administrador entender e compreender as razões determinantes

do comportamento do indivíduo e dar a ele as informações necessárias para um

bom trabalho. O uso de reforços positivos, como o reconhecimento por um serviço

bem feito, melhora a auto-estima dos empregados.

Existem várias técnicas para fazer com que os empregados se sintam motivados,

como criar canais de comunicação fáceis de usar, promover reuniões destinadas a

comemorar o sucesso do grupo, reconhecer publicamente um trabalho bem feito e

aprender com os próprios empregados sobre aquilo que os motiva e quais atividades

eles desenvolvem em tempo livre.

Ainda podem ser utilizadas outras maneiras de manter os empregados motivados

reconhecendo suas necessidades pessoais, como recompensar financeiramente, de

forma competitiva, pois passa a ser mais difícil manter as pessoas estimuladas a

fazer um bom trabalho e aprimorar seus conhecimentos a longo prazo sem um

retorno financeiro bem definido, tanto em termos atuais como no médio e longo

prazo. Mas, é bom ficar claro que só recompensar financeiramente não é suficiente,

é preciso ficar atento a outros fatores que se relacionam com o empregado, a

empresa, e o mais importante o ambiente onde ele trabalha.

Com um funcionário motivado a empresa vai melhorar seu desempenho em termos

de qualidade, produtividade e satisfação dos clientes, visto que contêm mais

elementos que permitem aumentar e sustentar essa motivação e o

comprometimento dos empregados, funcionários ou colaboradores para melhoria

dos resultados.

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2.8.1 Conceitos comportamentais da motivação

De acordo com Chiavenato (2004, p.171) “motivação pode ser conceituada como o

esforço e a tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcançar algo”. O

autor considera que a motivação funciona como um dinamizador, um impulsionador

do comportamento humano. Salienta ainda, que o conhecimento do mecanismo de

ação das necessidades humanas é fundamental para a condução das pessoas e

equipes de trabalho, no sentido de evitar frustrações e de encaminhar soluções

positivas para o alcance dos objetivos individuais. “Na realidade, a motivação está

contida dentro das próprias pessoas e pode ser amplamente influenciada por fontes

externas ao indivíduo ou pelo próprio trabalho na empresa”. (CHIAVENATO, 2004,

p.183).

Descrita por Schermerhorn (2003) a motivação se refere às forças dentro de uma

pessoa responsáveis pelo nível, direção e persistência do esforço despendido no

trabalho. O nível é a quantidade de esforço que a pessoa emprega, isto é, quão duro

trabalha (pouco ou muito); direção é o que a pessoa opta por fazer quando está face

a um grande número de alternativas possíveis (se vai empregar o esforço visando a

qualidade ou a quantidade do produto); persistência se refere a quanto tempo a

pessoa continua numa determinada ação (desiste, se está difícil, ou continua

tentando).

Foi constatada por Schermerhorn (2003) que satisfação no trabalho é apenas uma

dentre as atitudes importantes que influenciam o comportamento humano no local

de trabalho. Está fortemente relacionada, por exemplo, com o comprometimento

organizacional - a medida pela qual uma pessoa se identifica fortemente com a

organização e se sente parte dela. “aspectos comuns da satisfação no trabalho

relacionam-se com pagamento, condições de trabalho, qualidade da supervisão,

colegas e o trabalho em si”. (SCHERMERHORN, 2003, p.97).

As organizações precisam se assegurar de que estão fornecendo os recursos, o

treinamento e o feed back apropriados para que o esforço feito pelo funcionário seja

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traduzido em bom desempenho no trabalho. “Se houver compatibilidade entre as

recompensas que as pessoas recebem com seu trabalho e as recompensas que

elas esperam receber, elas ficarão satisfeitas com seu trabalho”. (GUERRIER, 2003,

p. 148).

Kotler e Armstrong (2006) citam que a gerência pode elevar o moral e o

desempenho das forças de vendas por meio do clima organizacional é uma

expressão que descreve o que os vendedores acham das oportunidades e do valor

que têm dentro da empresa e das recompensas por bom desempenho oferecidas

por ela. Algumas empresas tratam os vendedores como se eles não fossem

importantes, ao passo que outras os tratam como seus principais motores do

sucesso e lhes dão oportunidades de renda e promoção praticamente ilimitadas.

Não é nenhuma surpresa que as empresas que têm pouca consideração por seus

vendedores enfrentem alta rotatividade e baixo desempenho. Onde há alto apreço

pelos vendedores, há menor rotatividade e melhor desempenho.

Muitas empresas motivam seus vendedores estabelecendo cotas de vendas-

padrões que determinam quanto os vendedores devem vender e como as vendas

deverão ser repartidas entre os produtos da empresa. A remuneração geralmente é

relacionada com o grau de cumprimento dessas cotas. As empresas também

utilizam vários incentivos positivos para aumentar o empenho das forças de vendas.

Reuniões de vendas proporcionam oportunidades de convívio social, quebra da

rotina, chances de conversar com os maiorais da empresa e oportunidades para

expor sentimentos e se identificar com um grupo mais amplo. As empresas também

patrocinam concursos de vendas para incentivar a força de vendas a fazer um

esforço maior do que seria normalmente esperado. Outros incentivos incluem

homenagens, prêmios em produtos e em dinheiro, viagens e planos de participação

nos lucros.

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2.9 VENDAS

2.9.1 A atividade de vendas

Teixeira et. al. (2007) citam que a atividade de vendas tem como foco

efetivar/estimular um consumo cuja propensão foi planejada e ferramentalizada por

marketing. A área de vendas vai influenciar diretamente os resultados de marketing,

pois tem conhecimento do mercado comprador, da concorrência e está mais

próxima das oportunidades surgidas no mercado. Ressalta-se que, apesar da

importância da atividade de vendas, muitos profissionais ainda não perceberam que,

ao investir nela, também estão investindo na longevidade da empresa e contribuindo

para o tripé de sustentação empresarial: caixa, lucro e perpetuação.

2.9.2 A evolução da venda

Bekin (2006) relata que em um passado de demanda maior que oferta, período de

alta inflação e poucos competidores, a função de vendas não considerava as

necessidades do cliente e o ritmo de saída dos produtos. Comercialmente, passou a

desenvolver vários mecanismos para otimizar a venda orientada muito mais para as

compras. Houve concentração do volume de negócios, melhoramento da

administração das empresas de distribuição, informatização do planejamento e

controle dos resultados e ascensão do nível cultural dos distribuidores. A partir

dessas mudanças no cenário competitivo, o poder de barganha começou a ser

executado pelos intermediários. O gerenciamento mais atento do ponto-de-venda

ressaltou a rentabilidade gerada pela administração, reduzindo a importância dos

volumes negociados. Essas ocorrências no mercado obrigaram as empresas a

repensar a função de vendas e a remanejar o sistema de distribuição e a forma de

olhar os canais de vendas. Foram as primeiras idéias de plano de marketing. Era

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uma proposta de elaboração de planos específicos para atender a tais clientes, com

satisfação garantida.

Hoje, a função de vendas oferece à distribuição um nível de serviço que otimiza os custos logísticos (entregas programadas, periodicidade das visitas de acordo com o estoque), abordagem de venda orientada para exigências específicas e relação voltada para o lucro, com planos de venda adequados a cada cliente. Aí, sim, finalmente, a função de vendas integra-se ao marketing para satisfazer as exigências do cliente final (BEKIN, 2006, p. 27).

2.9.3 Venda de serviços

Segundo Kotler e Armstrong (2006) um produto é qualquer coisa que possa ser

oferecida a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo. O conceito

de produto não se limita a objetos físicos. Além dos bens tangíveis, podemos

considerar como produto os serviços-atividades ou benefícios oferecidos para

venda, os quais são essencialmente intangíveis e não resultam na posse de nada.

2.9.3.1 Características dos serviços

Las Casas (2004) cita que as principais características dos serviços são:

intangibilidade, heterogeneidade, perecibilidade, demanda flutuante e

inseparabilidade.

Há características dos serviços que não podem ser tocadas, sentidas, cheiradas. O

intangível traduz-se mais em atos, ações, desempenhos. Intangibilidade consiste

nas atividades dos vendedores diante de seus consumidores. Nesse momento, a

prestação de serviços e o consumo ocorrem ao mesmo tempo.

Na comercialização de serviços, devido ao aspecto de intangibilidade, a reputação

da empresa e sua imagem no mercado são aspectos relevantes. A imagem da

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empresa é o resultado de uma série de detalhes que variam desde a apresentação e

aparência do vendedor até o layout e a organização do escritório. Uma relação de

clientes bem atendidos e satisfeitos ajuda a transmitir credibilidade maior,

principalmente se a empresa não for conhecida no mercado.

As vendas poderão ser feitas de forma indireta, pelo apoio de agência de propaganda, imprensa especializada e professores. O profissional responsável pela empresa poderá participar de congressos, dar palestras, escrever artigos e monografias, para criar uma imagem de credibilidade em seu campo de atuação (LAS CASAS, 2004, p.188).

Las Casas (2004) relata que a inseparabilidade refere-se à simultaneidade de

produção e consumo. Na maioria dos setores, o consumo de serviços depende do

vendedor, isto é, da venda direta. Essa característica faz com que as empresas

atentem para o fato de que o desentendimento com um funcionário da organização

poderá prejudicar o relacionamento com o cliente. A ênfase, portanto, concentra-se

no desenvolvimento da orientação profissional para dar uma imagem de

competência, honestidade e sinceridade.

Evidentemente, os serviços não podem ser produzidos em massa, nem estocados

como um produto tangível. O fato de a prestação de serviços estar intimamente

ligada aos funcionários da empresa exige uma capacidade antecipada, com mais

contratações e treinamento, diante da previsão de maior demanda, mesmo que não

ocorra.

A perecibilidade refere-se às instalações não utilizadas. No momento em que uma

companhia aérea prestadora de serviços voar com assentos vazios, o produto estará

sendo perdido, pois a empresa deixará de prestar um serviço naquele exato

instante.

Segundo Las Casas (2004) as características do serviço são determinantes na

comercialização desse setor. Como se trata de produtos intangíveis, alguns

aspectos tornam-se mais relevantes e, entre eles, a imagem e o nível de

conhecimento do vendedor. Ora, se o comprador de serviço compra atos, ações e

desempenhos, o consumo ocorre quando vendedor e comprador estão em interação

em seus contatos pessoais.

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Esse é um aspecto importante, pois quanto mais treinamento o vendedor de

serviços procurar e melhor desempenhar seu nível de atendimento, melhor será a

imagem que projetará e melhor o serviço que o consumidor receberá. A satisfação

do consumidor depende, pois do nível de conhecimentos e da capacidade do

vendedor. Este, no entanto, deve considerar a companhia para quem trabalha.

Como o marketing é um esforço integrado, a venda pessoal deve estar em perfeita

sintonia e harmonia com os demais instrumentos mercadológicos; daí decorre que o

profissional de vendas deve agir conforme as instruções que recebe de alta

administração. Caso contrário estará criando dificuldades para a empresa alcançar

seus objetivos. A imagem do vendedor reflete não somente seu nível de

conhecimento, mas também sua aparência, seus comportamentos, sua forma de

agir etc.

Decorrente dessa contratação, a venda de serviços pode ser feita de duas formas

básicas: com uma abordagem centralizada no desempenho da empresa, ou

centralizada no problema do cliente.

Na abordagem com enfoque no desempenho da empresa, o vendedor menciona ao

seu cliente em potencial todos os méritos passados obtidos, como clientes atendidos

e satisfeitos recursos humanos e instalações. Um consultor de empresas, ao vender

seus serviços com essa abordagem, irá incluir em sua apresentação resultados

obtidos, estrutura de sua organização, capacidade de colegas profissionais e

instalações. O enfoque no desempenho valoriza aspectos externos e méritos obtidos

na profissão. Assim, se ganha confiança do cliente pela comparação e pelo

testemunho de outros.

O enfoque no problema do cliente orienta-se por outro tipo de consideração. Em vez

de estar principalmente preocupado em mostrar ao cliente que a empresa é

capacitada, o vendedor procura demonstrar que conhece o assunto e dirige toda a

sua apresentação enfocando o problema do cliente. No exemplo do consultor de

empresas mencionado anteriormente, ele faria sua apresentação procurando

resolver o problema apresentado, propondo soluções alternativas e fazendo

recomendações.

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Enquanto muitos vendedores procuram enfatizar um ou outro tipo em suas vendas

de serviços, o ideal e o mais indicado é que os dois enfoques sejam utilizados.

Enquanto o primeiro ajuda a sedimentar a confiança do consumidor, o segundo

auxilia o indivíduo a constatar que o profissional realmente conhece o assunto.

O ideal é que o vendedor de serviços tenha sempre à mão papel e lápis, ou algo

concreto para que seja usado em suas apresentações. O esforço em materializar o

intangível da forma mais tangível possível deve ser a preocupação constante nas

vendas. (LAS CASAS, 2004).

2.10 O PERFIL DO VENDEDOR

O perfil do novo profissional de vendas inclui a comercialização de produtos

acompanhada do fornecimento de um serviço. Para tanto, o vendedor deve vender:

• A si mesmo, como interlocutor profissional;

• A empresa para a qual trabalha;

• O produto;

• As suas atividades de suporte para garantir o melhor negócio e o serviço mais

adequado ás exigências do cliente.

Esse novo papel é determinado pelas novas perspectivas comerciais, que avaliam

as exigências do consumidor e estudam as necessidades da distribuição.

Segundo Kotler (2006) selecionar vendedores não seria problema se a empresa

soubesse por quais características procurar. Se soubesse que os bons vendedores

são extrovertidos, agressivos e cheios de energia, poderia simplesmente verificar se

os candidatos têm essas características. Mas muitos vendedores de sucesso são

tímidos, reservados e de fala mansa. Mesmo assim, continua a busca da lista

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mágica de características que significam sucesso certo nas vendas. Um

levantamento sugere que bons vendedores são os que têm alta dose de entusiasmo,

persistência, iniciativa, autoconfiança e dedicação ao trabalho. Eles consideram as

vendas um meio de vida e são fortemente orientados ao cliente. Outro estudo

sugere que os bons vendedores são independentes, automotivados e excelentes

ouvintes. E ainda, outro estudo recomenda que vendedores devem ser amigos dos

clientes, bem como persistentes, entusiasmados, aplicados e, acima de tudo,

honestos.

Devem ter motivação interna, ser disciplinados, bons trabalhadores e capazes de desenvolver fortes relacionamentos com os clientes. Por fim, estudos mostram que os vendedores são aqueles que gostam de trabalhar em equipe, e não os lobos solitários (KOTLER; ARMSTRONG, 2006, p.421).

2.10.1 Prospecção

O sucesso no ambiente competitivo da atualidade significa que uma empresa deve

estar sempre procurando novos clientes. A estratégia básica de um vendedor deve

ser gastar o maior tempo possível com bons clientes “potenciais-pessoas” que

reconhecem suas necessidades e estão prontas para comprar.

A prospecção é o método ou sistema pelo qual o vendedor aprende os nomes das

pessoas que precisam do produto e dispõem de recursos para comprá-lo. Há duas

etapas para uma boa prospecção. A primeira delas é gerar informações e identificar

possíveis compradores. A segunda etapa é qualificar os possíveis clientes de acordo

com os que têm maior probabilidade de comprar.

Segundo Kotler (2006) a primeira etapa do processo de venda é a prospecção -

identificação de clientes potenciais qualificados. Abordar os clientes potenciais

certos é crucial para o sucesso da venda. Como diz um especialista. “Se a força de

vendas começar a correr atrás de qualquer ser que respire e que aparentemente

tenha um orçamento, a empresa se arrisca a acumular em sua carteira uma porção

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de clientes cujo atendimento é dispendioso, que são difíceis de agradar e que nunca

concordam com nenhuma de suas proposições de valor”. E continua: “a solução

para isso não é nenhuma ciência espacial. Os vendedores devem ser treinados para

explorar ativamente o território à procura dos clientes potenciais certos”.

Muitas vezes o vendedor precisa abordar muitos clientes potenciais para conseguir

apenas umas poucas vendas. Embora a empresa forneça algumas indicações, os

vendedores precisam ter habilidades para descobrir seus próprios clientes. Podem

pedir indicações aos clientes existentes. Podem pesquisar nomes em jornais e em

listas telefônicas.

Os vendedores também precisam saber como qualificar as indicações, isto é, como identificar e separar as boas das ruins. Os clientes potenciais podem ser classificados segundo a capacidade financeira, o volume de negócios, as necessidades especiais, a localização e a possibilidade de crescimento (KOTLER; ARMSTRONG, 2006, p.429).

2.11 LIDERANÇA

Stanton e Spiro (2000) relatam que liderança é o processo pelo qual uma pessoa

influencia o comportamento de outras pessoas visando ao cumprimento de metas

específicas. Líderes competentes podem motivar pessoas a realizar mais do que

elas conseguiriam por si mesmas.

A liderança é essencial para que um gerente de vendas seja eficaz? Pensamos que

sim. Alguém precisa cuidar de cada unidade organizacional e proporcionar a

liderança necessária para alcançar as metas da organização. A liderança é o

ingrediente gerencial que torna as organizações mais eficazes.

Líder é o individuo que chefia, comanda e orienta, em qualquer tipo de ação,

empresa ou linhas de idéias. A liderança é a função do líder. Essa é uma forma de

dominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos. A liderança deve

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ser entendida como tal a partir do momento em que o grupo age voluntariamente no

apoio e pratica as orientações provenientes do líder, conforme Las Casas (2006).

O gerente de vendas exigente, controlador, interessado no volume de vendas está

desaparecendo. Atualmente, os gerentes de vendas de sucesso são vistos como

líderes de equipes, e não como chefes. Eles ainda dirigem e orientam pessoas, mas

fazem isso por meio da colaboração e do enpowerment (delegação de poderes ou

de autoridades) em lugar do controle e do comando. (STANTON e SPIRO, 2000).

Para ter sucesso no século 21, os gerentes de vendas, precisarão adaptar suas

estratégias, seus estilos e atitudes. Algumas das principais mudanças são.

• Tratar os vendedores como companheiros e trabalhar em parceria com eles

para obter lucratividade e satisfação do cliente;

• Aplicar ferramentas motivacionais flexíveis a uma força de vendas híbrida

composta de televendedores, profissionais diretos de marketing;

• Manter-se atualizado com as últimas tecnologias que incidem sobre o

relacionamento comprador-vendedor;

• Trabalhar em estreita colaboração com outros departamentos internos, como

membro da equipe corporativa em busca da satisfação do cliente;

• Procurar sempre maneiras de exceder as expectativas do cliente e

proporcionar valor agregado ao relacionamento comprador-vendedor;

• Criar um ambiente flexível de aprendizado e de adaptação.

Em termos de capacitação, “habilidades com pessoas” é mais importante do que as

habilidades de análise e avaliação. A capacidade de desenvolver técnicas de

relacionamento orientadas para a equipe é especialmente importante. Os gerentes

de vendas modernos devem ser sensíveis às necessidades e capacidades

individuais, preocupando-se mais com a comunicação e com a orientação do que

com o monitoramento e controle (STANTON; SPIRO, 2000, p.13).

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2.11.1 Características e habilidades da liderança

Stanton e Spiro (2000) relatam que a identificação de possíveis líderes não é fácil.

As qualidades de liderança de um indivíduo não podem ser julgadas sempre pelo

desempenho da unidade administrativa dessa pessoa. A eficácia da liderança está

baseada na combinação das características pessoais, habilidades e

comportamentos gerenciais e a situação.

Características Pessoais:

• Autoconfiança: os líderes devem acreditar em si mesmos. Para transmitir

confiança aos outros, eles devem dar o exemplo. Devem ter confiança na sua

capacidade e em suas opiniões para enfrentar os desafios e problemas

inerentes ao cargo de gerente de vendas;

• Iniciativa: os líderes são pessoas independentes que tomam iniciativas. Eles

assumem responsabilidades. Os líderes recebem bem as modificações e

criam as mudanças. Eles querem e anseiam pelos riscos associados às

mudanças;

• Energia: os líderes normalmente têm altos níveis de energia. Eles são

trabalhadores, seguindo em frente quando alguma coisa precisa ser feita. Os

líderes devem gerenciar uma ampla variedade de atividades e

relacionamentos entre pessoas. Isso consome muita energia. Além disso,

uma pessoa muito enérgica é vista pelas outras como motivada e

entusiasmada. Esse comportamento é contagioso e se dissemina por aqueles

que estão ao redor do líder;

• Criatividade: os líderes necessitam de criatividade e imaginação. A

organização procura por seus líderes para encontrar soluções de problemas,

um desafio que muitas vezes engloba criatividade e novas abordagens;

• Maturidade: os líderes eficazes devem estar mais interessados no bem-estar

de suas organizações e no desenvolvimento das pessoas do que na sua

própria importância ou ascendências sobre outros.

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2.11.2 Supervisão de vendedores

Kotler e Armstrong (2006) citam que vendedores novos precisam bem mais do que

território, remuneração e treinamento necessitam de supervisão. Por meio da

supervisão, a empresa orienta e motiva a força de vendas para que realize um

trabalho melhor.

Até que ponto os gerentes de vendas devem se envolver com a tarefa de auxiliar os

vendedores a administrar seus territórios de atuação?

Muitas empresas auxiliam seus vendedores a identificar os clientes-alvo e a estabelecer as normas de visitas. Além disso, elas podem determinar quanto tempo sua força de vendas deve gastar na procura de clientes potenciais. (KOTLER; ARMSTRONG, 2006, p.424).

Muitas empresas têm adotado sistemas de automação da força de vendas-

operações de força de vendas computadorizadas. A automação não apenas reduz

os custos da força de vendas e amplia a produtividade, como melhora também a

qualidade de decisões de gerenciamento.

2.11.3 Força de vendas

Segundo Kotler e Armstrong (2006) a força de vendas é o elo crítico entre a

empresa e seus clientes. Em muitos casos, os vendedores servem a dois senhores:

a empresa vendedora e comprador. Primeiramente, representam a empresa junto

aos clientes. Descobrem e desenvolvem novos clientes e passam informações sobre

os produtos e serviços da empresa. Vendem aproximando-se dos clientes,

apresentando seus produtos, discutindo objeções, negociando preços e condições e

fechando vendas. Além disso, os vendedores prestam serviços aos clientes,

realizam pesquisas e trabalhos de inteligência de mercado e fazem relatórios de

vendas.

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Ao mesmo tempo, os vendedores representam os clientes junto à empresa, agindo

como defensores de seus interesses. Eles retransmitem as preocupações dos

clientes com os produtos e as ações da empresa àqueles que podem estudá-las e

resolvê-las. Informam-se sobre as necessidades dos clientes e trabalham com

outras pessoas da empresa para desenvolver mais valor para o cliente. O vendedor

freqüentemente age como um “gerente de contas” administrando o relacionamento

entre a empresa vendedora e o comprador e, portanto, deve trabalhar em conjunto

com os outros profissionais da empresa, sejam eles da área de marketing ou de

outros setores.

À medida que as empresas adotam uma abordagem mais forte de orientação ao

mercado, suas forças de vendas tornam-se cada vez mais focadas no mercado e

mais orientadas ao cliente. Segundo a antiga visão, os vendedores deveriam se

preocupar com as vendas, e a empresa, com os lucros. Já a visão corrente sustenta

que eles não devem se limitar apenas a produzir vendas, devem também saber

como produzir satisfação para o ciente e lucro para a empresa. Além de ganhar

novos clientes e fazer vendas, devem estar habilitados a auxiliar a empresa a criar

relacionamentos duradouros e lucrativos com os clientes.

No processo de gerenciamento é preciso primeiro decidir aonde se deseja ir e depois imaginar como chegar lá. Em termos mais formais, a gerência deve primeiro estabelecer seus objetivos e depois planejar as suas estratégias e táticas apropriadas para alcançá-los. Para implantar esse planejamento, as atividades e as pessoas devem ser enquadradas adequadamente e coordenadas com eficácia (STANTON; SPIRO, 2000, p. 66).

2.11.4 Programas de reconhecimento dos funcionários

Os programas de reconhecimento podem apresentar diferentes formatos. Os

melhores fazem uso de múltiplas fontes e reconhecem as realizações tanto dos

indivíduos como dos grupos.

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Podem ser exemplificados pelo cumprimento pessoal do chefe ao trabalho pelo bom

trabalho efetuado, pelo envio de um bilhete ou de uma mensagem por correio

eletrônico felicitando-o por algo positivo, por uma notícia no jornal da empresa ou

por cerimônias de premiações nas quais troféus e placas são oferecidos aos

indivíduos e às equipes.

De acordo com a teoria do reforço, recompensar um comportamento com o

reconhecimento imediato equivale a encorajar a sua repetição. (ROBBINS, 2008).

2.12 MARKETING FARMACÊUTICO

Uma das principais tarefas do marketing é servir às reais necessidades dos clientes,

sendo que seu verdadeiro objetivo é ganhar o mercado e não apenas vender os

produtos. Segundo Bose (2001), um marketing astuto pretende descobrir que

mercado é o seu. A farmácia é um elo importante no esquema de comercialização e

consumo de remédios. O marketing farmacêutico tem, portanto, a tarefa de alcançar

o consumidor final, ou seja, o paciente normalmente através de um intermediário

médico, ou diretamente ligado a ele. (BOSE, 2001).

Ainda segundo Bose (2001), o mercado farmacêutico pode estar dividido nos

seguintes aspectos:

• Mercado Consumidor, que consiste em indivíduos que procuram um médico

para o tratamento de suas doenças;

• Mercado Institucional que abrange os hospitais privados ou públicos e o

próprio governo;

• Mercado Industrial, constituído pelas drogas a granel usadas na fabricação de

distintas formulações.

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Desta forma, é necessário atingir, através do marketing, todos os setores para obter

o almejado êxito.

A idéia de que o Marketing é “capaz de tudo a qualquer preço” no mercado

farmacêutico vai desaparecer se surgirem atuações éticas e criativas. Todos os

envolvidos no processo de decisão sobre o uso de medicamentos têm obtido muito

mais informações e a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem

assumido efetivamente seu papel de entidade reguladora. O direcionamento do

Marketing Farmacêutico para informação cada vez mais científica é uma realidade

para a qual talvez não exista retrocesso. (ITALIANI, 2006, p. IX).

Segundo Italiani (2006), o mercado farmacêutico representa um dos mercados de

maior importância dentro do cenário nacional tanto pelo volume vendido como pela

importância à saúde da população em geral.

Dados da ANVISA relatados pelo Conselho Nacional da Saúde apontam que:

• As dez maiores produtoras de medicamentos no Brasil (entre 628 empresas)

respondem por 44% do faturamento total do setor e os 40 maiores produtores

por 86%;

• A produção farmacêutica no Brasil é fundamentalmente de transformação de

princípios ativos em formas farmacêuticas acabadas, sendo a dependência

de importações de princípios ativos de 80%;

• A rentabilidade média dos 15 maiores laboratórios farmacêuticos foi de 15%,

sendo que cinco deles obtiveram lucros de até 37,3%, bem maior do que as

médias observadas em outros setores industriais.

Desta forma, considera-se que este cenário implica alto volume de faturamento o

que, conseqüentemente, influencia no marketing deste setor.

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No mercado brasileiro, segundo dados da ABIFARMA, 51% dos mais pobres, que

ganham até quatro salários mínimos por mês, consomem apenas 16% do total de

produtos farmacêuticos, enquanto os mais ricos, 15% da população que possui

renda média a mais de dez salários mínimos, consomem 48% do total de

medicamentos. Para aumentar este potencial no mercado brasileiro precisa-se

adotar não somente políticas de preços mais acessíveis, mas principalmente,

estratégias que possibilitem uma diferenciação em longo prazo de empresas e

produtos. (ITALIANI, 2006).

Conforme Italiani (2006), atualmente, as empresas não trabalham mais em

mercados onde havia poucos concorrentes, com condutas quase sempre

previsíveis. Hoje, os concorrentes estão focados tanto na penetração como na

expansão de mercados.

É preciso que o relacionamento com os clientes se torne cada vez mais próximo, no

qual ouvir é o verbo mais utilizado pelas empresas de sucesso. O conceito de

clientes que inclui a classe médica e os consumidores finais do produto expande-se,

principalmente, aos funcionários das empresas. (ITALIANI, 2006).

Neste cenário, nos termos de Italiani (2006) o comprometimento de todos dentro de

uma instituição é o ponto-chave na implementação das estratégias de uma

companhia, pois através dela surgem novas idéias, novos mecanismos de feedback

e melhores qualidade e quantidade nos serviços prestados.

É por este motivo que as farmácias vêm adotando diferentes táticas a fim de fidelizar

seus clientes. Muitas delas têm como objetivo tornar este espaço o mais lucrativo

possível, como será explanado em seguida.

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2.12.1 Estratégias de marketing para farmácias e drogarias

O setor de varejo, onde se encontram as farmácias e drogarias, representa um

importante segmento para atuação do profissional de marketing, existem vários

fatores que trazem à tona a necessidade de um foco ainda maior nas estratégias de

Marketing, já que investimentos no passado têm dado lugar à otimização de custos.

(ITALIANI, 2006).

Deste modo, na visão do autor, com a melhora da situação econômica do país, o

setor de varejo vem percebendo que é muito difícil conquistar a exclusividade de

compra de um cliente, principalmente daquele que possui acesso ilimitado a

informação, mas que é altamente viável aumentar o tempo de fidelidade deste

cliente através de novos produtos e serviços. Para o setor farmacêutico três

aspectos são fundamentais para manter e aumentar os clientes, os quais são:

• Atendimento: que deve estar presente em todos os funcionários da farmácia,

pois o atendimento é a entrega com excelência de produtos e serviços para o

cliente, de forma que lhe satisfaça plenamente seus desejos e/ou

necessidades. (ITALIANI, 2006);

• Confiabilidade: que significa confiança, fidelidade. Partindo desta premissa, o

autor destaca que o treinamento de profissionais é fundamental em relação à

confiabilidade. (ITALIANI, 2006);

o Quando percebemos que os profissionais que nos atendem possuem

conhecimento, postura e atualização, sentimos nossas necessidades

‘protegidas’ e, consequentemente, não vemos a necessidade de

procurarmos outra empresa. Pelo menos a cada três meses deve ser

realizado algum curso ou reunião de atualização com o seu pessoal

para orientação e ajustes finos do perfil dos concorrentes, dos clientes

e da empresa e as estratégias para o próximo período. (ITALIANI, 2006

p.175).

• Indicação pelos pacientes: significa diferenciação emocional.

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Segundo Italiani (2006), quando pacientes, principalmente os idosos, têm boa

resposta a determinado medicamento, geralmente acabam indicando o mesmo para

pessoas próximas. Evidentemente que o médico sempre vai ser o componente mais

importante no processo de uso de um produto, mas ele acaba sofrendo influências

quando um paciente a sua frente lhe diz:

“Meu (amigo, vizinho, parente) utilizou este medicamento para a mesma doença e está muito bem. O senhor pode receitar “x” para mim?

Para produtos MPIs (Medicamentos Isentos de Prescrição), o chamado “boca-a-

boca” tem um peso enorme na escolha de um medicamento.

Não podemos deixar de citar a maior influência que o farmacêutico está exercendo no balcão da farmácia ao orientar os pacientes em como utilizar adequadamente um medicamento. Como todo ser humano, este profissional também sofre influência das informações que circulam no mercado. (ITALIANI, 2006, p.126).

Em contrapartida, Soares (1989) afirma que:

A informação a qual temos realmente acesso é à propaganda de medicamentos de venda livre, veiculada pelos meios de comunicação de massa, e às propagandas dos produtos 'éticos' (de venda sob prescrição médica), divulgados principalmente através de propagandistas e anúncios em revistas científicas; essas propagandas são orientadas para estimular as vendas dos produtos e, portanto, praticamente não trazem informações sobre contra-indicações, reações adversas, efeitos colaterais, entre outras. Como apontam várias pesquisas, os propagandistas são uns dos principais responsáveis pela 'educação continuada' dos médicos, no Brasil e em outros países. (SOARES, 1989, p.14)

Já segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as propagandas de

medicamentos devem ser fidedignas, exatas, verdadeiras, informativas, equilibradas,

atualizadas e passíveis de comprovação; os textos e ilustrações devem ser

compatíveis com os dados científicos.

Em artigo publicado no site www.guiadafarmacia.com.br, Bardelli (2009), esclarece

que:

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O marketing experimental é um conceito que surgiu na década de 90 e desde lá vem sendo aplicado no canal farma para completar os serviços farmacêuticos e, conseqüentemente, aumentar o tíquete médio da loja. [...] permitir o uso antes da compra, maneira de tornar real o que uma marca prega. (BARDELLI, 2009)

Assim, a comunicação visual é usada a fim de ampliar e promover maiores

facilidades para os consumidores, incluindo variada sinalização dos universos

com cores distintas, imagens e frases conceituais e também dicas de saúde,

beleza e bem-estar. Para tal, uma das principais propostas segundo o artigo de

Bardelli (2009) é o “agrupamento de todas as categorias de produtos em quatro

grandes universos: Saúde, Sua Beleza, Cuidados Diários e Coisas de Criança”.

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3 AS REDES DE FARMÁCIAS

3.1 PANVEL

As informações a seguir foram obtidas através da intranet, recurso usado somente

para comunicação interna entre os funcionários da empresa.

A história do grupo Panvel começou no ano de 1870, quando veio da região de

Maróstica, norte da Itália, perto de Veneza, mais uma leva de imigrantes para a

américa, com destino ao Rio Grande do Sul. Entre os imigrantes, encontra-se

Giacomo Pizzato, casado com Maria. A família cresce e dedica-se à atividade rural,

mas o filho, José Pizzato recebe instrução escolar e volta à casa paterna decidido a

se mudar para Porto Alegre onde cria a empresa Comercial Pizzato, Secos e

Molhados.

No ano de 1898, nasceu a empresa Vasco Alves Azambuja e Cia., dedicada ao

comércio de produtos químicos, medicamentos e perfumarias. No inicio do século

XIX, no ano de 1920, começa a sociedade José Pizzato com seu primo, Júlio

Mottim, também neto de imigrantes. A sociedade entre os primos serve para

direcionar, cada vez mais, o negócio para o ramo de drogaria e produtos químicos,

afastando a empresa do comércio de secos e molhados. Nesta época, José Pizzato

representava o Laboratório Andrômaco, portanto circulava com desenvoltura no

meio farmacêutico.

Em 1935, o farmacêutico alemão Otto H. Weber, sem herdeiros, convida o sobrinho

Wolfgang Otto Weber para trabalhar no ramo de medicamentos. É ele quem sucede

o tio na condução dos negócios, a partir dos anos 50.

Em 1959, é formada a empresa Pizzato, Panitz Ltda., com a participação das

famílias Pizzato e Mottim.

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Wolfgang Weber propõe a fusão das farmácias Vasco e Azambuja e a Drogaria

Ellwanger, que dá origem a Drogaria Velgos no ano de 1951. Participaram também

dessa associação as Empresas D. C. Lino (proprietário da Drogaria Ervedosa),

Drogaria Gavioli e Muller Streb. Das seis farmácias iniciais em 1951, o Grupo

chegou a ter 24 lojas em 1973, quando se une com a Panitz para formar a rede

PanVel. Logo, a marca Panvel vem da junção de parte do nome Panitz com parte do

nome Velgos.

A empresa atua no atacado e no varejo, sendo que no varejo é a maior rede de

farmácias do Sul e a quarta maior rede do país, atualmente com 262 lojas,

possuindo no total 3.600 colaboradores com faturamento de R$ 1.200 bilhão, com

expectativa de crescimento de 15% ao ano.

De acordo com a pesquisa realizada pela Revista Amanhã, a PanVel possui uma

boa imagem junto ao consumidor final e uma marca forte. O que tornar líder em

lembrança de marca, Top of Mind, por 17 anos consecutivos.

A forma de atuação é marcada pela estratégia focada em serviços e atendimento

diferenciado. Enquanto a concorrência procura adotar políticas agressivas de

desconto, a estratégia de diferenciação através de serviços e qualidade aproxima

muito a rede Panvel dos consumidores das classes A e B, público junto ao qual a

empresa possui larga vantagem de market share.

A Panvel vem conquistando o público de classe C, com crescimento de 10%, o que

pode ser justificado pela entrada dos medicamentos genéricos, que aumentou o

acesso destas pessoas a medicamento.

Para os diretores do grupo, acima de tudo, estas ações sinalizam uma cultura

administrativa de modernizar equipamentos e estar sintonizado com as mais

avançadas técnicas de gerenciamento. Eles destacam que todos os investimentos,

ao longo da história da organização foram realizados com recursos próprios.

Em 2009, o Grupo Panvel passou pela segunda vez por uma revisão da sua missão

e valores da organização, bem como a definição da visão da empresa este

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acontecimento é de grande importância, pois atualmente a empresa possui uma

missão que só serve para o grupo Panvel.

• Missão

O grupo Panvel tem como missão: “Proporcionar saúde e bem estar às pessoas”.

• Visão

A visão da empresa é: “Ser a melhor provedora de produtos e serviços de saúde e

bem estar nos mercados em que atuarmos”.

• Valores

Os valores da empresa orientam os colaboradores para que a missão da empresa

seja verdadeira, bem como para que possa atingir o que almeja. Os valores do

grupo Panvel são os seguintes: Trabalho em equipe; excelência no atendimento;

ética; inovação; agilidade; orientação para o resultado.

Quanto aos colaboradores definidos pela Panvel, estes estão fortemente presentes

no dia-a-dia da organização e podem ser facilmente percebidos por todos os

colaboradores, fornecedores e clientes.

3.2 MAIS ECONÔMICA

As informações a seguir foram obtidas através do site www.maisconomica.com.br.

A rede de farmácias Mais Econômica foi inaugurada no ano de 1986, pelo Sr. Wilson

Lopes, na Av. Rio Grande do Sul, 268, Canoas RS. Com visão empreendedora,

associou-se formando a Rede Econômica no inicio de 1992, esta sociedade durou

10 anos, período em que se constituíram 16 lojas.

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Sempre com olhar no futuro e com sua visão empreendedora, o fundador percebeu

que somente poderia crescer se rompesse a sociedade. Então, a partir 2002, propôs

a separação da sociedade, negociação que durou 4 anos e se concretizou em 2006.

Pensando no futuro, em julho de 2005 o Sr Wilson Lopes, juntamente com sua fiel

equipe, contando com a parceria de seus fornecedores e já visando a expansão do

mercado, com suas duas lojas iniciou a abertura de novas filiais e, após um ano de

expansão, em setembro de 2006, ocorreu a tão esperada separação. Agregaram-se

assim oito filiais da antiga rede para a Mais Econômica.

Hoje, a rede Mais Econômica possui em média 3.000 funcionários distribuídos no

centro administrativo, logístico e em 130 filiais localizadas em diversas cidades do

Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Como prova do crescimento, foi concluída as instalações da nova sede, uma área de

20.000m², sendo 6.000m² de área construída para o centro de distribuição,

administração e refeitório, além de uma grande área de lazer.

Em outubro de 2009 foi adquirida todas as lojas da farmácia do Sesi-RS,

arrematadas por R$ 5,85 milhões.

• Missão

o Proporcionar um ótimo atendimento a cada um dos nossos milhares de

clientes que visitam uma de nossas lojas;

o Proporcionar uma boa compra, com clareza, carinho, respeito, amor e

acima de tudo profissionalismo, assim oferecendo produtos de alta

qualidade;

o Buscar junto aos nossos fornecedores: indústria farmacêutica e

parceiros, o melhor para assim oferecê-lo aos nossos clientes, com isto

reduzindo o preço e deixando-o mais acessível.

Buscar sempre as novidades do mercado, inovando e sempre esclarecendo todas

as dúvidas de nossos queridos clientes.

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4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 PERFIL DA AMOSTRA

De acordo com os respondentes, o perfil da amostra da rede Panvel ficou entre 26 e

34 anos, enquanto na Mais Econômica é de 24 a 39 anos.

A renda média dos funcionários da Panvel ficou em até R$ 1.000,00 para quem tem

menos de um ano de empresa e mais de R$ 1.000,00 após este período. Constatou-

se que há um plano de carreira claro e definido na empresa. Existe uma meta

coletiva da loja, todos buscam o mesmo objetivo e a premiação é igual para todos.

Na Rede Mais Econômica, em geral os atendentes, independente do tempo de

serviço recebem, em média R$ 1.000,00, e o gerente acima deste valor. A forma de

remuneração é variável, cada colaborador possui uma meta pessoal e deve atingi-la

para buscar o acréscimo em seu salário.

Quando os colaboradores eram questionados sobre o tempo que trabalhavam na

empresa, os funcionários da Panvel referenciavam “eu estou só há 2 anos”,

enquanto os da Mais Econômica “eu já estou há 1 ano”. Observa-se que há uma

dissonância de comportamento. A pesquisadora compreende que enquanto um

respondente deseja permanecer na equipe e participar do plano de carreira da

empresa, o outro pensa que já está com sua missão cumprida na empresa.

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4.2 RELACIONAMENTO COM A EMPRESA

4.2.1 Conhece as metas da empresa e da sua loja?

Em geral, os respondentes de ambas as redes conhecem as metas da empresa e de

sua loja. Normalmente o gerente da loja informa a equipe sobre os objetivos a serem

alcançados.

4.2.2 Como considera a comunicação da empresa com os

funcionários?

De acordo com os funcionários da Panvel, a comunicação é muito boa. Há diversos

meios: intranet, extranet, telefone, superiores, e-mail, etc. Segue algumas respostas

dos entrevistados:

• - Boa, sempre que ligo me informam rapidamente,

• - Ótima. Existe intranet, fone e fácil acesso. Parece uma empresa familiar.

Para a rede Mais Econômica, a comunicação é boa, mas já foi melhor, foi passada a

idéia de que alguns perderam o livre acesso das informações que tinham com a

rede. O diretor não é mais tão presente como antigamente. De acordo com os

entrevistados:

• - Já foi melhor. Hoje tá mais complicado. A empresa ta se fechando.

• - Tenho que perguntar sempre.

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4.2.3 Conhece seus benefícios na empresa? Há desconto ou

pagamento facilitado para os funcionários?

Para a rede Panvel 100% dos respondentes consideram saber claramente seus

benefícios dentro da empresa. Todos relataram seguramente sobre o desconto de

15% na compra de produtos sobre o valor de venda e o pagamento facilitado no

contra-cheque.

Na rede Mais Econômica, os funcionários também sabem os benefícios, mas nem

tudo ficou claro desde o momento em que foram contratados. Normalmente

questionam seus colegas e seus superiores. Com relação aos benefícios de compra,

80% consideram ser igual ao tratamento oferecido aos clientes e somente 20%

soube indicar que havia o cartão Goodcard e promoções internas de produtos com

vencimento próximo e com baixo giro.

4.3 COMPORTAMENTO DE COMPRA

4.3.1 Funcionários da Panvel

Os respondentes informaram que todos compram produtos de higiene pessoal e

medicamentos na própria farmácia, e principalmente na loja em que trabalham. Só

compram produtos de outro local se a loja não vender, como vendas por catálogos:

Avon e Natura, ou se precisarem com urgência, então solicitam telentrega no próprio

bairro, próximo às suas residências. Consideram que o desconto que recebem de

15% é vantajoso e não convém comprar na concorrência. Conforme os

entrevistados:

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• - Aqui mesmo. Antes no supermercado, agora aproveito e levo daqui mesmo.

• - Na Panvel. Espero chegar as ofertas ou compro produtos de catálogos Avon

e Natura.

• - Só quando estou em casa e preciso de algo com urgência.

• - Depois que entrei aqui, não comprei mais nada em outras farmácias.

• - Não, jamais me verá na concorrência.

• - Não, só se a Panvel não trabalhar.

• - Não, para que se aqui é melhor.

Possuem o entendimento que no momento da compra, suas necessidades são

satisfeitas em um primeiro momento, após é entendido como benefício para a loja e

a equipe.

• - Em mim, mas sei que vou ajudar a loja também.

• - Em mim, e não compro em outra da rede.

É importante ressaltar que a equipe da Panvel possui um sentimento de traição,

caso compre em outras lojas. A maioria dos funcionários gostam e admiram os

produtos marca própria e são clientes da loja.

4.3.2 Funcionários da Mais Econômica

Na Mais Econômica, os respondentes são clientes de suas lojas, desde que seja

mais barato que na concorrência. Alguns não gostam que seus colegas saibam o

que estão comprando devido à competitividade interna de vendas. Na maioria das

vezes, procuram comprar para auxiliar seu desempenho pessoal de vendas no final

do mês. Já chegaram a comprar produtos vencidos para que não houvesse

devolução para o depósito.

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• - Onde for mais barato.

• - Às vezes na farmácia, se está mais barato.

• - Compro toda hora. Se for mais barato sim.

Possuem o entendimento que no momento da compra pessoal, estão ajudando a

alcançar a meta pessoal e suas necessidades são satisfeitas em um segundo

momento. Conforme as respostas abaixo.

• - Os dois, primeiro penso na loja.

• - Ajudo os funcionários a alcançar a meta.

• - Penso na meta da loja, e aproveito para levar para casa.

• - As duas coisas, preciso e me ajuda a ganhar a meta.

• - Penso na minha meta, já levei produto vencido.

Em geral, não compram em outras lojas concorrentes, tentam ser o mais fiel possível

a loja, mas se necessário for, ou se o preço for mais conveniente, não hesitarão em

comprar na concorrência, conforme as respostas abaixo:

• - Sim. Só em último caso.

• - Muito difícil, compro nas outras da rede, mas não na concorrência.

• - Não, acabo pegando aqui mesmo.

• - Sim, se for mais barato.

4.4 MERCHANDISING

Ao serem questionados a respeito da influência que os promotores de

merchandising de laboratórios farmacêuticos têm sobre a decisão de compra dos

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funcionários, foi constatado que em ambas as redes a demonstração e as

informações levadas por este profissional pode fazer com que sua decisão de

compra seja modificada. Alguns consideram que a experimentação é fundamental e

se for oferecido algum brinde facilita ainda mais, conforme relatam:

• - Podem interferir.

• - Me desperta curiosidade.

• - Não sou influenciável, mas se eu experimentar, talvez eu compre.

• - Sim, muitas vezes.

• - Às vezes, depende do carisma de cada um.

• - Sim, mas eles falam mais com a gerente.

Referente a confiança do produto, foi questionado se os funcionários indicam os

produtos que usam para os seus clientes, e, praticamente 100% consideram muito

importante a opinião do atendente de farmácia no momento da compra, sua

experiência anterior e de outros clientes.

• - Sim, claro.

• - Sim, mas só os que já experimentei.

• - Claro, com certeza.

• - Claro e posso falar melhor ainda.

• - Sim, passo mais confiança.

• - Interfere, todos somos influenciáveis.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Das inúmeras necessidades dos consumidores e das diversas alternativas de

produção das empresas, busca-se oferecer variados tipos de bens tangíveis e

intangíveis, no caso bens e serviços. A intangibilidade é a forma percebida do

serviço oferecido como qualidade, rapidez, conveniência, custo-benefício e

satisfação.

No entanto, as necessidades e as percepções mudam de acordo com cada grupo de

pessoas ou até mesmo a cada pessoa, podendo ser trabalhado serviços iguais para

grupos distintos ou definir novos produtos e serviços para grupos específicos. À

medida que as necessidades vão sendo satisfeitas, outras necessidades vão

aparecendo.

Desta forma, é preciso identificar o perfil do profissional que faz parte da equipe de

trabalho para melhor compreender a filosofia da empresa e o contexto a que a

mesma busca se inserir e competir.

De acordo com a pesquisa proposta foram atendidos plenamente os objetivos

específicos. Ficou identificado que o perfil de compra dos funcionários é similar, em

geral compram nas lojas em que trabalham ou nas lojas da própria rede, mas os

funcionários da Mais Econômica são mais sensíveis aos preços e também existe

uma competição acirrada em relação às metas pessoais, chegam até a comprar

produtos vencidos para que a loja não tenha prejuízo.

A grande maioria dos entrevistados consideraram que sua decisão de compra é

influenciada pelos promotores de merchandising, familiares, amigos e até mesmo

clientes. A cada nova experiência conseguem indicar e oferecer com melhor

propriedade o produto aos seus clientes.

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Ficou claramente evidenciado que os funcionários da Panvel são mais unidos e

buscam atingir as metas da empresa em conjunto, independente de vantagem

pessoal, pois sabem que o resultado será compartilhado com todos. Em contra

partida, os funcionários da Mais Econômica pensam primeiro em sua meta pessoal,

caso a loja não atinja a meta coletiva, o seu está garantido e, se não for o gerente a

contribuir ou ajudar com a cota do vendedor, outro vendedor não o ajudará. É uma

equipe focada em venda e individualizada.

Finalmente o objetivo geral foi atendido que era identificar se os funcionários são

clientes das farmácias em que trabalham. Sim, todos são clientes das farmácias em

que trabalham, mas vale ressaltar que cada pessoa possui um agente motivador

para decisão de compra. Seja o preço do produto, a crença e a confiança na

empresa ou a busca de metas pessoais.

Segue quadro das entrevistas realizadas divididos por cada rede de farmácia

pesquisada.

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Pergunta \ Respondente A B C D E

Idade 29 29 36 26 34

Salário Até R$

1.000,00 Até R$

1.000,00 De 2.000,00 a

3.000,00

De R$ 1.000,00 a

R$ 2.000,00

Até R$ 1.000,00

Tempo 2 anos 2 meses 16 anos 3 anos 4 meses

Conhece metas da

empresa e da loja? Sim

Sim, a gerente informa

Sim. Com

certeza. Sim, sei a cada mês.

Como considera a

comunicação com os

funcionários?

Boa, sempre que ligo me informam

rapidamente

Boa, a gerente é bem clara.

Ótima. Existe intranet, fone e fácil acesso. Parece uma

empresa familiar.

Muito boa, clara e

objetiva.

Boa, sempre consigo resolver minha

dúvida com rapidez

Conhece os benefícios da

empresa? Sim Sim Sim. Sim. Sim.

Há descontos ou pgto

facilitado para os

funcionários?

Sim, desconto de 15% e pgto

em folha

Sim, desconto no

cartão Panvel e pgto em

folha

Sim, desconto e facilidade de

pagamento.

Sim, tem 15%

desconto no cartão

Sim, cartão e folha.

Onde costuma comprar

produtos higiene pessoal Aqui mesmo.

Antes no supermercad

o, agora aproveito e levo daqui

mesmo

Na Panvel. Espero chegar as ofertas ou

compro produtos de

catálogos Avon e Natura.

Na minha loja.

Aqui mesmo, ainda mais que temos meta este

mês.

Os promotores de

laboratório interferem em

sua escolha?

Podem interferir.

Me desperta curiosidade.

Não sou influenciável,

mas se eu experimentar

, talvez eu compre.

Sim, muitas vezes.

Às vezes, depende

do carisma de cada

um,

Sim, mas eles falam

mais com a gerente.

Você indica aos clientes os

produtos que utiliza. Sim, claro.

Sim, mas só os que já

experimentei.

Claro, com certeza.

Claro e posso falar

melhor ainda.

Sim, passo mais

confiança.

Você faz compras pessoais

em sua loja? Sim Sim Sim. Sim. Sim.

Quando compra em sua

loja pensa primeiro em

você ou no que está

contribuindo?

Em mim, mas sei que vou ajudar a loja também.

Em mim

Em mim, mas sei que vou ajudar a loja

também.

Em mim, e não

compro em outra da rede.

Em mim, inclusive já

comprei produtos

que bonificavam.

Costumo comprar na

concorrência.

Só quando estou em

casa e preciso de algo com urgência.

Depois que entrei aqui, não comprei

mais nada em outras

farmácias.

Não, jamais me verá na

concorrência.

Não, só se a Panvel

não trabalhar.

Não, para que se aqui é

melhor.

Quadro 1 - Respondentes da Rede Panvel Fonte: da Autora

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Pergunta \ Respondente A B C D E

Idade 25 39 24 24 25

Salário Até R$

1.000,00

De R$ 1.000,00 a

R$ 2.000,00

Até R$ 1.000,00

Até R$ 1.000,00

Até R$ 1.000,00

Tempo 1 ano 6 meses

3 anos 1 ano 3 anos 6 meses

Conhece metas da

empresa e da loja? Sim Sim Sim. Sim.

Mais ou menos.

Como considera a

comunicação com os

funcionários?

Boa, já foi melhor.

Facilmente, livre acesso aos donos e

aos funcionários.

Muito boa, geralmente peço para Gerente.

Já foi melhor. Hoje tá mais

complicado. A empresa ta se

fechando.

Tenho que perguntar sempre.

Conhece os benefícios da

empresa? Sim. Sim. Sim.

Sim. Temos que ir atrás, a empresa não

fala claramente.

Sim, principalmente

da loja.

Há descontos ou pgto

facilitado para os

funcionários?

Sim.

Igual aos clientes, apenas o desconto.

Desconto e promoção interna de produtos

vencidos e com baixo

giro. Goodcard.

Igual aos clientes. Mesmo

percentual.

Não, igual ao clientes.

Onde costuma comprar

produtos higiene pessoal

Onde for mais barato.

Farmácia mesmo.

Às vezes na farmácia, se

está mais barato.

Compro toda hora.

Se for mais barato sim.

Os promotores de

laboratório interferem em

sua escolha?

Um pouco. Com

certeza. sim.

Interfere, todos somos

influenciáveis. Sim.

Você indica aos clientes os

produtos que utiliza.

Sim, se gosto

porque não.. Indico, claro. Indico. Indico. Claro.

Você faz compras pessoais

em sua loja? Não. Sim. Sim. Sim. Sim.

Quando compra em sua

loja pensa primeiro em

você ou no que está

contribuindo?

Compro onde cabe

no meu bolso.

Os dois, primeiro penso na

loja. Ajudo os

funcionários a alcançar a meta. Prod. Vencidos.

Penso na meta da loja, e aproveito para levar para casa.

As duas coisas,

preciso e me ajuda a

ganhar a meta.

Penso na minha meta, já levei produto

vencido.

Costumo comprar na

concorrência. Sim.

Só em último caso.

Muito difícil, compro nas

outras da rede, mas

não na concorrência.

Não, acabo pegando aqui

mesmo.

Sim, se for mais barato.

Quadro 2 - Respondentes da Rede Mais Econômica Fonte: da Autora

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

PERFIL

Nome:

Cargo:

Salário: até 1000 De 1000 a 2000 De 2000 a 3000 Mais de 3000

Tempo de empresa:

QUESTÕES

Conhece as metas da empresa e da sua loja?

Como considera a comunicação da empresa com os funcionários?

Conhece seus benefícios na empresa?

Há desconto ou pagamento facilitado para os funcionários?

Onde costuma comprar shampoo e material de higiene pessoal?

Onde costuma comprar medicamentos?

Os promotores de laboratórios interferem em sua escolha?

Você indica aos seus clientes os produtos que utiliza?

Você faz compras pessoais em sua loja?

Quando você compra em sua loja, pensa primeiro em:

Compro para mim, satisfaço minhas necessidades

Compro para a loja, vai ajudar nas vendas

Costuma comprar na concorrência.