ernesto bozzano comunicações mediúnicas entre vivos
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Ernesto Bozzano
Comunicaes medinicas entre vivos
Do original italiano
Delle comunicazioni medianiche tra viventi
Contedo resumido
Nesta obra Bozzano faz a anlise de uma classe de fenmenos medinicos curiosa e pouco explorada: a
possibilidade de comunicao entre os espritos en-
carnados, ou os vivos como nos denominamos em nosso plano material.
Atravs da investigao cientfica, o autor apre-senta e esclarece as seguintes questes: Os vivos po-
dem comunicar-se pelos mdiuns? Ento possvel a
uma pessoa viva desdobrar-se em duas partes: corpo de um lado e esprito de outro? Mas se aceitarmos is-
so no estaremos retrocedendo s supersties de um
passado morto, que o desenvolvimento das Cincias superou h muito?
Demonstra o autor que necessrio investigar as reais possibilidades e os limites em que se pode de-
senvolver a ao teleptico-medinica entre pessoas vivas, auxiliando, desta forma, a demonstrao da au-
tenticidade esprita das comunicaes anlogas com
as entidades de mortos.
Sumrio
Um estudo de Psicologia integral ............................................... 4
Introduo .................................................................................... 8
1 Categoria Mensagens experimentais no mesmo
aposento ................................................................................. 10
2 Categoria Mensagens medinicas entre vivos e
distncia ................................................................................. 25
Subgrupo A - Mensagens inconscientemente transmitidas ao mdium por pessoas imersas no sono ................. 27
Subgrupo B - Mensagens transmitidas inconscientemente ao mdium por pessoas em estado de viglia .......... 43
Subgrupo C - Mensagens obtidas por vontade expressa do mdium ............................................................... 54
Subgrupo D - Mensagens transmitidas por vontade expressa de pessoa distante ............................................... 95
Subgrupo E - Casos de transio no momento da morte ou na agonia .......................................................... 101
Subgrupo F - Mensagens transmitidas com auxlio de entidade espiritual ............................................ 107
Concluses ................................................................................ 157
Um estudo de Psicologia integral
Os estudos da Psicologia introspectiva do passado limitavam-
se ao campo subjetivo. Os estudos da Psicologia experimental
moderna perderam-se no campo sensorial. O desenvolvimento da Psicologia profunda abriu a possibilidade de uma sntese, que a
atual Parapsicologia tenta realizar. Mas essa sntese j existe e
seu ponto modal o mdium ou sujeito paranormal, em cujo psiquismo se fundem as manifestaes anmicas e espirituais.
o que o eminente pesquisador italiano professor Ernesto Bozzano demonstra neste volume, dando uma resposta antecipada e
definitiva a todas as questes de tipo bizantino hoje levantadas
nesse terreno.
* * *
maneira do que se fez no sculo passado e nos princpios do atual, investigadores sistemticos ou sectrios, uns e outros apegados de forma anticientfica a preconceitos culturais ou
religiosos, procuram sustentar a natureza puramente anmica dos
fenmenos paranormais. Chegam a elaborar hipteses de tipo teatral, como a de Tyrell sobre as aparies ou a de Sudre sobre
as variaes de personalidade do sensitivo, com a desesperada
finalidade de afastar do campo das pesquisas a evidncia da natureza psicolgica dos fenmenos. Bozzano refutou, com
lgica insupervel, em vrios trabalhos, mas particularmente
neste volume e em seu monumental Animismo ou Espiritismo? (resultado de quarenta anos de observaes e estudos) essas
hipteses inviveis. Charles Richet, no fim da vida, reconheceu
que as monografias de Bozzano erram de clareza meridiana, afirmando que elas contrastam com as teorias que atravancam
as Cincias.
Richet, prmio Nobel de Fisiologia em 1913, faleceu em 1935. Com a sua morte a Metapsquica foi praticamente posta de
lado pelos cientistas. Mas cinco anos depois j os profs. William McDougal e Joseph Banks Rhine davam impulso
Parapsicologia, demonstrando que a clarividncia (1940) estava
provada em rigorosas pesquisas de laboratrio. Grande nmero
de parapsiclogos, hoje, com Rhine frente, sustentam a tese de
Bozzano de que esses fenmenos provam a existncia no homem de algo que no se reduz ao fsico. As teorias sensoriais foram
novamente golpeadas pela evidncia da percepo extra-
sensorial. Apesar disso, o velho Sudre voltou lia para sustentar a sua posio superada e parapsiclogos como Robert
Amadou, Robert Tocquet e alguns clrigos desprovidos de senso
crtico empenharam-se numa campanha mundial de difamao de pesquisadores e mdiuns do passado, julgando o que no
viram.
Neste volume, Bozzano apresenta um dos seus estudos mais lcidos e mais pertinentes (na atualidade) sobre a natureza dos
chamados fenmenos psi. Tratando das comunicaes medinicas entre vivos, demonstra que o psiquismo
independente da criatura humana o mesmo e age da mesma
maneira nos fenmenos anmicos (ou mentais, como so hoje classificados) e nos fenmenos espritas. Vai alm,
demonstrando que a simples admisso do extra-sensorial prova
que o psiquismo humano no pode ser reduzido s funes orgnicas. Se podemos ter percepes e comunicar-nos sem o
intermedirio habitual dos sentidos fsicos porque no somos
somente materiais.
Mas no apenas a concluso lgica que pesa na balana.
Bozzano, cujo esprito cientfico inegvel e dos mais penetrantes, no se contentaria somente com dedues e
indues. Por isso nos mostra o argumento irrefutvel dos fatos,
em que sempre se apoiou. No se trata, pois, de um simples debate em torno de hipteses a favor e contra. O que temos neste
livro uma exposio de fatos, e o que somente os cegos no
vem, de fatos que se repetem incessantemente por toda parte e em todos os tempos. Assim, o lanamento da primeira traduo
deste livro em portugus uma contribuio valiosa e necessria ao desenvolvimento atual dos estudos da fenomenologia
paranormal, particularmente no Brasil, que vem sofrendo o
impacto de campanhas sistemticas e interesseiras de
desmoralizao desse importante campo da investigao
cientfica.
Muitas inteligncias capazes ainda se acomodam no pressuposto ingnuo de que este um problema de interpretao.
Mas a realidade bem outra. As interpretaes constituem apenas a fumaa de camuflagem lanada pelos que no querem
aceitar a evidncia dos fatos, seja por uma questo de atitude (o
que anticientfico) ou de posio dogmtica, materialista ou religiosa (o que hoje culturalmente inaceitvel). O problema
que este livro coloca de Cincia e por isso mesmo os dados que
apresenta so objetivos.
J tempo de se compreender que a preveno mental to
danosa para o avano do conhecimento quanto o foi no passado a preveno emocional do fidesmo religioso. Querer saber se
somos mais do que simples organismos materiais no menos
cientfico, nem menos digno ou menos inteligente do que procurar saber se somos apenas organismos materiais. E por que
motivo devemos encarar objetivamente os fenmenos materiais e
negar o direito de iseno ao estudo dos fenmenos psicolgicos (no mais alto sentido da expresso)? Que direito tem o cientista
de afirmar a inexistncia de fenmenos que tantos outros
cientistas pesquisaram e cuja realidade sustentaram, enquanto eles, os negadores, se limitam a opinies e argumentos?
A Psicologia integral que a Parapsicologia atual procura atingir uma exigncia do desenvolvimento cientfico dos
nossos dias. Essa Psicologia integral necessria para o
verdadeiro conhecimento do homem, e mais do que isso, para a compreenso da prpria natureza csmica, da qual o homem
parte integrante. Tolos no so os que sustentam o que viram,
mas os que negam o que no viram. Mais tolos ainda quando teimam em no ver para no terem de refundir a precariedade de
seus conhecimentos. Este livro , sobretudo, um exemplo: o
grande exemplo de um positivista que, maneira de Lombroso, do prprio Richet e atualmente de Rhine, Soal, Price e Pratt, foi
capaz de reexaminar os seus conceitos apriorsticos e reajustar a sua posio cientfica realidade dos fatos.
So Paulo, janeiro de 1968.
J. Herculano Pires
Introduo
Designa-se por fenmenos medinicos um conjunto de mani-
festaes, tanto fsicas como inteligentes, que se produzem com
o auxlio de foras ou faculdades subtradas temporariamente de um mdium algumas vezes tambm, em pequena escala, dos
assistentes , por vontade que independe do mdium e dos
assistentes. Tal vontade pode ser a de um morto ou a de um vivo.
Quando a vontade de um vivo que se apresenta, s o pode fazer atravs dos mesmos processos espirituais exercidos por um
morto: faculdades subconscientes e supranormais para um vivo,
conscientes e normais para um morto. Resulta da que as duas classes de manifestaes so idnticas por natureza, com a
distino puramente formal de que quando se verificam por obra
de um vivo, tomam o nome de fenmenos anmicos e quando por obra de um morto, denominam-se fenmenos espritas. claro,
pois, que as duas classes de manifestaes so uma o comple-
mento necessrio da outra, e isto de tal sorte, que o Espiritismo ficaria sem base se no existisse o Animis