ernest roth _ hipnotismo prático

167
8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 1/167  

Upload: di-di

Post on 04-Jun-2018

253 views

Category:

Documents


13 download

TRANSCRIPT

Page 1: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 1/167

 

Page 2: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 2/167

 

ERNEST ROTH 

2 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Hipnotismo Prático

Digitalização exclusivamente para fins didáticos; cegos e pessoas que de uma forma ou outra não podem ter acesso aolivro impresso.

É vedado qualquer tipo de comercialização e/oualteração deste arquivo.

Prefira sempre comprar o livro original, apoiandoassim o autor a escrever novos livros.

* * * * *

Digitalização, Formatação e Revisão por SamejSpenser: http://meadiciona.com/samejspenser. 

Page 3: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 3/167

 

ERNEST ROTH 

3ÍNDICE 

Page 4: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 4/167

 

ERNEST ROTH 

4 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 5: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 5/167

 

ERNEST ROTH 

5ÍNDICE 

Hipnotismo Prático

Page 6: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 6/167

Page 7: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 7/167

 

ERNEST ROTH 

7ÍNDICE 

C OMO H IPNOTIZAR UM G ALO DE BRIGA ......................................... 157  C OMO H IPNOTIZAR UM C  ANÁRIO OU OUTRAS  AVES ENGAIOLADAS

 .......................................................................................................... 158 

C OMO H IPNOTIZAR C  ÃES , G ATOS OU C OELHOS ............................. 158 NOTAS DO DIGITALIZADOR..................................................... 161 

Page 8: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 8/167

 

ERNEST ROTH 

8 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 9: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 9/167

 

ERNEST ROTH 

9PREFÁCIO 

PREFÁCIO 

SFORÇAMO-NOS seriamente, nas páginas seguintes, por dizer tudo acerca do hipnotismo, o que é, o que

 pode conseguir e como aprender a hipnotizar. Este livro estárepleto de informações muito valiosas, e achareis que ele re-almente contém mais sobre o assunto do que muitos volumesvendidos mais caro.

Lembrai-vos, em vossas experiências, de uma coisa —  ohipnotismo consiste apenas em colocar o indivíduo numacondição em que ele está mais disposto a aceitar sugestões doque em sua vida normal. Depois de o terdes colocado nessacondição, o que, na maioria dos casos é afinal muito simples,o resto está em vossas mãos. Deveis usar vosso próprio crité-rio, vosso próprio bom senso, quanto às melhores sugestões a

serem feitas. Um homem será bem sucedido e outro fracassa-rá como hipnotizador, porque um sabe o que sugerir e outronão o sabe.

E

Page 10: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 10/167

 

ERNEST ROTH 

10 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 11: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 11/167

 

ERNEST ROTH 

11TEORIAS SOBRE O HIPNOTISMO 

TEORIAS SOBRE O HIPNOTISMO 

Á  muitas teorias antigas relativas ao hipno-tismo, mas explicaremos somente as mais

importantes.Embora muitos homens de ciência falassem de

magnetismo e compreendessem que havia um poder

de uma espécie peculiar que um homem podia exercersobre outro, não foi senão quando Franz Anton Mes-mer, médico de Viena, apareceu em 1775, que o públi-co em geral deu alguma atenção especial ao assunto.Nesse ano Mesmer enviou uma carta circular a váriassociedades científicas, ou ―Academias‖ como são cha-madas na Europa, declarando sua convicção de que o

―magnetismo animal‖ existia, e que por meio dele umhomem poderia influenciar outro. Nenhuma atençãofoi dispensada à sua carta, exceto pela Academia deBerlim, que lhe deu uma resposta desfavorável.

Em 1778 Mesmer foi obrigado, por alguma razãodesconhecida, a deixar Viena e foi a Paris, onde teve asorte de converter às suas ideias o médico do Conde

de Artois, d‘Elson, e um dos professores da Faculdadede Medicina. Seu sucesso foi enorme; todos estavamansiosos por serem magnetizados, e o afortunado mé-dico vienense em breve foi obrigado a solicitar assis-tentes. Deleuze, o bibliotecário do Jardim das Plantas,que foi chamado o Hipócrates do magnetismo, deixouo seguinte relato das experiências de Mesmer:

Page 12: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 12/167

 

ERNEST ROTH 

12 HIPNOTISMO PRÁTICO 

“ No meio de uma grande sala achava-se uma tina decarvalho, de quatro ou cinco pés de diâmetro1 e de um

 pé de profundidade2. Era fechada por uma tampa dividi-da em duas partes, e encaixada em outra tina ou cuba.

 No fundo da tina algumas garrafas estavam dispostasem fileiras convergentes, de maneira que o gargalo decada uma delas ficava voltado para o centro. Outras gar-rafas cheias de água magnetizada, hermeticamente arro-lhadas, estavam colocadas em fileiras divergentes com

os gargalos voltados para fora. Quando várias séries degarrafas estavam assim empilhadas, o aparelho era con-siderado em estado de “alta pressão”. A tina estavacheia d‟água, na qual de vez em quando se adicionavamvidro em pó e limalhas de ferro. Havia também algumastinas secas, preparadas da mesma maneira, mas sem quelhes pusessem água. A tampa era perfurada para permi-

tir a passagem de hastes curvas móveis, que podiam seraplicadas a diferentes partes do corpo do paciente. Umacorda comprida estava também segura a uma argola, natampa, a qual os pacientes colocavam frouxamente emtorno de seus membros. Não era tratada nenhuma en-fermidade repulsiva, como chagas ou deformidades”.

Os enfermos eram quase sempre tratados em gru-pos. Submetendo-se a vários movimentos e exercícios,os pacientes eram considerados como curados pelos

1 Quatro pés equivalem a 121,92 centímetros. Cinco pés equivalem a152,4 centímetros (medida aproximada). Nota do Digitalizador SMJ.

2

 Um pé equivale a 30,48 centímetros (medida aproximada). SMJ.

Page 13: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 13/167

 

ERNEST ROTH 

13TEORIAS SOBRE O HIPNOTISMO 

efeitos magnéticos, ou ―Magnetismo Animal‖  como échamado.

Foi somente em 1779 que Mesmer publicou umpanfleto referente às descobertas do magnetismo ani-mal e a algumas de suas teorias. Eis como expunhasuas conclusões:

“Há uma ação e reação recíprocas ente os planetas, aTerra e a natureza, por intermédio de um constante flui-

do universal, sujeito a leis mecânicas ainda desconheci-das. O corpo animal é diretamente afetado pela insinua-ção deste agente na substância dos nervos. Dito agentecausa em corpos humanos propriedades análogas às doímã, motivo por que é chamado „Magnetismo Animal‟.

Este magnetismo pode ser transmitido a outros corpos, pode ser aumentado e refletido por espelhos, comunica-

do, propagado, e acumulado pelo som. Pode ser acumu-lado, concentrado e transportado. As mesmas regras seaplicam à propriedade contrária. O ímã é suscetível demagnetismo e de propriedade oposta. O ímã e a eletrici-dade artificial têm, com referência à moléstia, proprie-dades comuns a uma multidão de outros agentes que anatureza nos apresenta, e se o uso destes for seguido de

resultados úteis, são devidos ao magnetismo animal.Com o auxílio do magnetismo, então o médico esclare-cido quanto ao emprego da medicina pode tornar suaação mais perfeita, além de provocar e dirigir crises sa-

Page 14: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 14/167

Page 15: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 15/167

 

ERNEST ROTH 

15TEORIAS SOBRE O HIPNOTISMO 

O estado letárgico6  pode ser produzido primaria-mente pela fixação da atenção, ou se um indivíduo

estiver em estado cataléptico pode passar a letárgicocerrando-se-lhe os olhos. Nessa condição ele está in-consciente e não é facilmente susceptível às influênciasexternas. Os membros caem por seu próprio peso e eleestá num estado muito semelhante ao sono.

O estado de sonambulismo7 pode ser produzido emalgumas pessoas por meio da atenção fixa e, afirma-se,

pode ser causado inteiramente pela fricção do alto docrânio de um indivíduo em estado letárgico ou cata-léptico. Os olhos, neste estado, estão cerrados. Oumeio cerrados, e a pessoa agirá em muitos casos emresposta às sugestões que lhe forem dadas.

Estes três estágios, que são descritos detalhadamen-te pela escola de Salpêtrière, onde professava Charcot,

aos quais se dá grande importância, não parecem ocor-rer espontaneamente nas experiências de outras esco-las.

Bernheim,  que é o chefe da Escola de Nancy,  crêque no hipnotismo toda a força nervosa está concen-trada em uma ideia. A atenção pode ser mudada deum ponto para outro, de acordo com sugestões do o-

 6  LETARGIA: sf . 1.  med. Estado patológico em que há diminuição do

nível de consciência, e caracterizado por indiferença, sonolência e apatia.2. Sono profundo; letargo. 3. Indiferença, apatia; letargo. § le.tár.gi.co adj.[Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

7 SONAMBULISMO: sm. med. Estado de automatismo ambulatório, queocorre durante o sono, e em que o indivíduo realiza atos mais ou menoscoordenados e dos quais, quando desperta, não se recorda. [Miniaurélio

Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

Page 16: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 16/167

 

ERNEST ROTH 

16 HIPNOTISMO PRÁTICO 

perador, mas embora o objetivo da atenção possa seralterado, a concentração existe. A escola de Nancy a-

credita praticamente que a sugestão  explica tudo. A-firma que a hipnose é produzida pela sugestão somen-te, e que o hipnotismo se processa melhor em pessoasfortes e de boa saúde.

Verifica-se que as três teorias acima descritas apre-sentam grande variação de uma para outra. Quem es-tuda o hipnotismo terá que tirar uma conclusão por si

próprio, enquanto investiga os fatos. Possivelmentedescobrirá que a verdadeira teoria é uma combinaçãodas três que acabamos de expor. O hipnotismo é cer-tamente um fenômeno complexo e seria temerário ex-plicá-lo em uma sentença, em um parágrafo, ou mes-mo em um volume inteiro.

Page 17: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 17/167

Page 18: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 18/167

Page 19: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 19/167

 

ERNEST ROTH 

19O MÉTODO DE HIPNOTISMO DE BRAID 

uma distância de doze a quinze polegadas8 dos olhos,numa tal posição, acima da testa, que posas exigir dos

olhos e pálpebras o maior esforço possível, fazendocom que o paciente mantenha o olhar fixo e firme noobjeto.

Observar-se-á que devido ao ajustamento automáti-co dos olhos, as pupilas a princípio se contrairão e logodepois começarão a dilatar-se. Depois que o fizeremnuma certa medida e que tiverem tomado um movi-

mento vacilante, se os dedos indicador e médio damão direita, estendidos e um pouco separados, foremlevados do objeto em direção aos olhos, muito prova-velmente as pálpebras se cerrarão com um movimentovibratório, involuntariamente. Se isto não acontecer,ou se o paciente permitir que os olhos se movam, pedir-lhe-emos que recomece, fazendo-o compreender que

deve permitir que as pálpebras se fechem quando osdedos são levados novamente em direção aos olhos,mas os globos oculares devem ser mantidos fixados na mes-ma posição, e a mente presa exclusivamente à ideia do objetosuspenso acima dos olhos.

Verificar-se-á geralmente que as pálpebras se fe-cham com um movimento vibratório, ou se tornam

espasmodicamente cerradas. Depois de decorridos dezou quinze segundos, levantando-lhe brandamente osbraços e as pernas, observaremos que o paciente ten-derá a manter esses membros na posição em que o co-

 8 Doze polegadas (12‖) equivalem (aproximadamente) a 30,48 centí-

metros, e, quinze polegadas (15‖) equivalem (aproximadamente) a 38,1

centímetros. SMJ.

Page 20: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 20/167

 

ERNEST ROTH 

20 HIPNOTISMO PRÁTICO 

locarmos, se ele estiver intensamente hipnotizado. Casoisto não suceda, em um brando tom de voz peçamos-

lhe para reter os membros na posição estendida, e as-sim o pulso logo se tornará bastante acelerado, ficandoos membros rígidos e involuntariamente imóveis. No-taremos também que todos os órgãos de sentido espe-cial, excetuando a vista, inclusive os da sensibilidadeao calor e ao frio, o movimento e a resistência muscu-lares e certas faculdades mentais ficarão a princípio

prodigiosamente exaltados, tal como acontece em rela-ção aos efeitos primários do ópio ou das drogas. De-pois de certo ponto, todavia, esta exaltação de funçõesé seguida de um estado de depressão muito maior doque o torpor do sono natural. Pelo simples repouso ossentidos rapidamente mergulharão na condição origi-nal outra vez.

Do estado do mais profundo torpor dos órgãos dossentidos e da rigidez tônica dos músculos, os pacientespodem instantaneamente  passar à condição oposta  deextrema mobilidade e de exaltada sensibilidade, sedirigirmos uma corrente de ar contra o órgão ou osórgãos que queiramos incitar à ação, ou contra osmúsculos que queiramos tornar flexíveis e que se a-

chavam em estado cataléptico. Um golpe repentino oupressão sobre um músculo rígido anipnotizará ( ) umaparte rígida, mas sabe-se que uma pressão sobre o na-riz não restabelecerá o olfato, a menos que seja muito

( ) Anipnotizar, do grego “an hypnotizó” , isto é, acordar do estado hipnótico

ou anular-lhe o efeito.

Page 21: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 21/167

 

ERNEST ROTH 

21O MÉTODO DE HIPNOTISMO DE BRAID 

branda e continuada assim como o ato de se compri-mir um lenço contra a orelha não despertará a audição,

quando a orelha estiver entorpecida; do mesmo modouma fricção suave sobre a pele adormecida não restitu-irá a sensibilidade ou a mobilidade aos músculos queela cobre — a menos que seja tão suave como a titila-ção9 — e, entretanto, um ligeiro sopro instantaneamen-te despertará o todo para uma sensitividade e mobili-dade anormais, fato este espantoso e enigmático.

Se for permitido ao paciente fitar um objeto até queas pálpebras se lhe cerrem involuntariamente, em mui-tos casos isto lhe causará dor nos globos oculares eligeira inflamação da membrana conjuntiva. Para evi-tar este inconveniente o paciente deverá fechar as pál-pebras quando se efetuar a impressão na pupila —  járeferida anteriormente —  em virtude dos fenômenos

benéficos que este processo produz, desde que os glo-bos oculares se mantenham fixos, o que também evita-rá sensações desagradáveis nestes órgãos. Se o objetivofor causar espanto à pessoa com quem se opera, porachar-se incapaz de abrir os olhos, o primeiro métodoserá o melhor, pois uma vez fechados os olhos, é ge-ralmente impossível ao paciente abri-los, enquanto

que com o outro método eles podem ser abertos muitotempo depois de se cerrarem. Para propósitos curati-vos, contudo, o processo que evita dor aos globos ocu-lares é o preferido.

9 TITILAR: v.t.d. 1. Fazer cócegas a. 2.  fig. Agradar, lisonjear. 3. Ter es-

tremecimentos; palpitar. [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

Page 22: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 22/167

 

ERNEST ROTH 

22 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Conforme Braid, o fenômeno é devido somente  auma impressão feita nos centros nervosos pela condi-

ção física do paciente, independente de qualquer in-fluência proveniente de outrem ou posta em ação poroutrem, visto que qualquer pessoa pode hipnotizar-se,observando estritamente as simples regras estabeleci-das. Eis um notável exemplo:

“Um eminente professor, descobrindo que alguns de

seus alunos tinham adquirido o hábito de se hipnotiza-rem, ordenou-lhes que cessassem essa prática. Um dia,entretanto, ele contatou que uma moça se hipnotizara fi-tando a parede, e que um colega colocara uma canetaem sua mão, com a qual ela tinha escrito a palavra „Ca-

 petown‟, segurando a caneta com muita firmeza —   defato os dedos tinham uma rigidez cataléptica. O profes-

sor falou-lhe num tom de voz muito brando e chamou-a.Ela levantou-se e dirigiu-se a ele, e quando acordou ig-norava que ele a tivesse chamado ou o que se havia pas-sado”.

Um paciente pode ser hipnotizado mantendo os o-lhos fixados em qualquer direção. A hipnose ocorre maisvagarosa e fracamente quando o olhar é dirigido em li-nha reta, e mais rápida e intensamente quando os olhospodem ser mantidos na posição de estrabismo duplo,convergente e dirigidos para cima.

É muito importante notar que quanto mais os paci-entes são hipnotizados, devido à associação de ideias eao hábito, tanto mais susceptíveis eles se tornam —  e

Page 23: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 23/167

 

ERNEST ROTH 

23O MÉTODO DE HIPNOTISMO DE BRAID 

desta maneira estão sujeitos a serem afetados inteira-mente pela imaginação. Assim, se eles consideram ou

imaginam que há alguma coisa agindo, pela qual pos-sam ser afetados, serão afetados, embora não saibam acausa. Ao contrário, porém, o mais exímio hipnotiza-dor do mundo poderá exercer os seus esforços em vão,se o indivíduo não ceder ou não esperar ser hipnotiza-do ou se não o consentir mental e corporalmente.

É em razão deste mesmo princípio de superconcen-

trar atenção mantendo-a fixa em um assunto ou ideia que por si não é de natureza excitante, do excessivo esforço deum conjunto de músculos, da fadiga dos olhos, com arespiração reprimida e do repouso geral que acompa-nha tais experiências, que o cérebro e todo o organis-mo se excitam, produzindo o estado a que Braid cha-ma hipnotismo ou sono nervoso.

As provas mais evidentes de que esse estado é dife-rente do sono comum são os extraordinários efeitos queele produz. Na abstração profunda do espírito, sabe-sebem que o indivíduo se torna inconsciente aos objetosque o rodeiam e até mesmo a severos castigos corpo-rais, em alguns casos. Durante a hipnose ou sono nervo-so  as funções em ação parecem ser tão intensamente 

ativas que devem em grande parte arrebatar às demaisa quantidade de energia nervosa necessária para exci-tar sua sensibilidade. Isto por si só pode ser em grandeparte a causa do embotamento de sensações comuns,durante a sensibilidade anormal, e do dilatado alcanceda ação de certas outras funções.

Page 24: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 24/167

 

ERNEST ROTH 

24 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Indicamos aqui os sintomas de perigo e a maneirade despertar os pacientes, de modo a evitar males que

possam advir por falta dos devidos cuidados por partedo operador. Sempre que se observa que a respiraçãoestá muito opressa, a face muito vermelha, a rigidezexcessiva, ou a ação do coração muito rápida e tumul-tuosa, o paciente deve ser instantaneamente desperta-do. Isto se consegue rápida e prontamente com umbater de palmas, com um golpe súbito no braço ou na perna,

batendo-se no paciente rijamente com a mão espalmada, porpressão e fricção nas pálpebras, ou mesmo por umacorrente de ar soprada contra o rosto. Uma ou maisdestas ações devidamente postas em prática, geral-mente conseguem restabelecer o paciente com bastanterapidez.

O hipnotismo é um remédio não somente valioso,

mas também  perfeitamente seguro  contra muitos sofri-mentos, se usado criteriosamente. Não deve, entretan-to, ser praticado por pessoas com o simples propósitode satisfazer uma curiosidade ociosa. Em todos os ca-sos de tendência à apoplexia10, ou onde haja aneuris-mas11 ou sérias moléstias orgânicas do coração, não sedeve recorrer a essa prática, exceto com a necessária

10 APOPLEXIA: sf . med. Perturbação neurológica súbita, de origem vas-cular, e em que há privação de sentidos, de movimento, de fala, etc. [Mi-niaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

11 ANEURISMA: sm. Dilatação, de forma variável, de parede de artériaou de veia. § a.neu.ris.má.ti.co  adj. [Miniaurélio Eletrônico versão

5.12.81]. SMJ.

Page 25: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 25/167

 

ERNEST ROTH 

25O MÉTODO DE HIPNOTISMO DE BRAID 

precaução quanto à maneira calculada para atenuar aforça e a frequência da ação do coração.

Passando-se ao sono natural ou comum, os objetossão percebidos cada vez mais fracamente, as pálpebrascerram-se e ficam imóveis, todos os outros órgãos desentido especial se tornam gradualmente insensíveis ecessam de comunicar ao cérebro suas habituais im-pressões, os membros ficam flácidos devido à cessaçãodo tônus e da ação musculares, o pulso e a respiração

tornam-se mais vagarosos, as pupilas voltam-se paracima e para dentro e ficam contraídas.

No estado hipnótico produzido com o objetivo demostrar o que Braid chama fenômenos hipnóticos, avisão fica cada vez mais imperfeita, as pálpebras fe-cham-se, mas ficam bastante tempo com um movi-mento vibratório —  porém em alguns poucos casos

fortemente cerradas, como por espasmo dos músculosorbiculares. Os órgãos de sentido especial, particular-mente do olfato, tato, ouvido, calor, frio e resistênciatornam-se grandemente exaltados, e depois se tornaminsensíveis a um grau muito além do sono natural; aspupilas voltam-se para cima e para dentro, mas con-trariamente ao que acontece no sono natural, ficam ex-

tremamente dilatadas e altamente sensíveis à luz; apóscerto tempo estas se contraem, enquanto os olhos estãoainda insensíveis à luz. O pulso e a respiração ficam aprincípio mais lentos do que o normalmente; imedia-tamente, porém, ao se exigir ação dos músculos, mani-festa-se tendência à rigidez cataléptica, com pulso rá-pido e respiração ofegante e apressada. Os membros

Page 26: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 26/167

 

ERNEST ROTH 

26 HIPNOTISMO PRÁTICO 

são assim mantidos em estado de rigidez tônica porcerto espaço de tempo; é prudente, contudo, verificar o

estado de flacidez produzido pelo sono comum ounatural. A circunstância mais notável é que parece nãohaver nenhum estado correspondente de esgotamentomuscular proveniente dessa ação.

Quando os pacientes passam ao sono natural, dei-xam cair qualquer coisa que tenham em mãos. Duran-te o sono artificial ao que nos referimos, porém, o que

tiverem nas mãos ficará seguro com muito mais firme-za do que antes de adormecerem. Isto é uma diferençamuito importante.

A capacidade que têm os sonâmbulos hipnóticos dese equilibrarem é tão grande que não há memória dehaver caído nenhum deles. O mesmo se dá com os so-nâmbulos naturais. Este é um fato notável e parece

ocorrer do seguinte modo: eles adquirem um centro degravidade como se fora por instinto, da maneira maisnatural e, portanto, mais graciosa, e se os deixarmospermanecer nesta posição, logo ficarão em estado cata-léptico e imóveis. Da observação destes dois fatos, datendência e gosto geral pela dança mostrado pela mai-oria dos pacientes ao ouvirem animada música duran-

te o estado hipnótico, dos movimentos peculiarmentegraciosos e apropriados de muitos deles quando assimexcitados, pelas posições elegantes e variadas que sepode fazê-los tomar por meio de ligeiras correntes dear, e pela faculdade de manterem qualquer posiçãocom tanta facilidade, surgiu a suposição de que osgregos devem ao hipnotismo a perfeição de sua escul-

Page 27: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 27/167

 

ERNEST ROTH 

27O MÉTODO DE HIPNOTISMO DE BRAID 

tura, e os faquires da Índia o admirável feito que con-siste em manter o corpo suspenso por uma perna ou

por um braço.Verifica-se assim claramente que o sono hipnótico

difere do sono comum sob muitos aspectos, que háprimeiro um estado de excitação, como se dá com ovinho, com o ópio e com certas drogas, e, posterior-mente, um estado correspondente de profunda de-pressão ou torpor.

A sensibilidade táctil é tão grande, que o mais levetoque é sentido. A sensibilidade ao calor, ao frio e àpressão fica também exaltada a tal grau que é possívelao paciente sentir qualquer coisa sem contato positivo.Em certos casos alguns serão capazes de sentir o soprodos lábios de alguém que esteja a uma distância de17m a 29m aproximadamente, o que os fará curvarem-

se, enquanto que uma corrente de ar em sentido con-trário, produzida pelo abanar da mão ou por um le-que, os fará mover-se na direção oposta. O pacientetem tendência para aproximar-se ou afastar-se de impres-sões segundo sejam agradáveis ou desagradáveis, ou de a-cordo com sua qualidade ou intensidade. Dessa ma-neira, ele buscará os sons, mas fugirá dos sons altos,

conquanto harmoniosos. Deixando-se passar algumtempo e permitindo-se ao paciente ficar em estado dequietude, ele cairá no extremo oposto de rigidez, e detorpor de todos os sentidos, e assim não ouvirá o ruídomais alto, nem sentirá o odor mais fragrante ou o maisacre; não sentirá o que está quente ou frio, não só àsimples aproximação, mas até mesmo em contato dire-

Page 28: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 28/167

 

ERNEST ROTH 

28 HIPNOTISMO PRÁTICO 

to com a pele. Poderá então ser picado com um alfine-te, beliscado ou mutilado, sem despertar o mais ligeiro

sintoma de dor ou sensibilidade e os membros perma-necerão rigidamente fixos. Nesse estado um sopro di-rigido contra qualquer órgão instantaneamente desper-ta-o à sensibilidade e os músculos rígidos voltam aoestado de mobilidade. Assim o paciente pode ser in-consciente ao mais alto ruído, mas basta uma correntede ar ser dirigida contra o ouvido para que um ruído

moderado seja logo percebido tão intensamente, a pon-to de fazê-lo saltar e tremer violentamente, embora ocorpo todo tenha estado momentos antes em estado derigidez cataléptica. Poder-se-ia levar-lhe às narinasuma rosa, valeriana ou amônia concentrada sem quenada fosse percebido, mas um sopro no nariz instan-taneamente despertará o sentido de tal modo que, em-

bora a rosa tenha sido afastada a diversos metros dedistância, o paciente logo sairá a persegui-la, e mesmocom os olhos vendados alcançá-la-á tão certamentecomo um cão encontra a caça; entretanto, fugirá preci-pitadamente dos desagradáveis odores da valeriana eda amônia. O mesmo se passa com o sentido do tato.

Page 29: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 29/167

 

ERNEST ROTH 

29MÉTODO DE HIPNOTISMO DO DR. LIÉBAULT 

MÉTODO DE HIPNOTISMO DO DR. 

LIÉBAULT 

RAID, no ano de 1840, pela sua insistência nanecessidade de concentrar e fixar a atenção,

fez grandes avanços na ciência do hipnotismo; mas aLiébault,  de Nancy, cabe a honra de haver dado ao

mundo uma explanação do princípio racional do hip-notismo. Sabemos pelo próprio Liébault que a princí-pio ele foi atraído ao assunto pela leitura das obras deBraid. Este cientista sempre admitiu que o sistema deNancy deve a Braid a sua gênese. Referindo-nos aNancy devemos também mencionar Bernheim, quemuito desenvolveu e sistematizou o estudo do hipno-

tismo.O método que era comumente usado em Nancy é oseguinte:

O paciente assenta-se confortavelmente em uma ca-deira de braços, com as costas voltadas para a luz, e ooperador fica de pé ao seu lado, levantando dois dedos

de sua mão a uma distância de 12 a 15 polegadas dosolhos do paciente. Diz-se ao paciente que fite atenta-mente esses dois dedos e que tanto quanto possívelmantenha sua mente vazia de pensamentos. Logo que osolhos principiam a mostrar sinais de fadiga, o hipnoti-zador começa a sugerir sono, em um tom de voz um

 pouco velado e monótono. Às vezes o operador, sem

esperar que os sintomas apareçam, costuma logo ir di-

B

Page 30: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 30/167

 

ERNEST ROTH 

30 HIPNOTISMO PRÁTICO 

zendo ao paciente. “Estais começando a sentir-vos sono-lento”; “Vossa vista está se tornando turva”, etc., etc.,

enquanto que em outros casos esperará até que os olhosse ponham a piscar um pouco, e então procurará aumen-

tar a sonolência por sugestões, que são feitas logo queos sintomas principiam a se desenvolver.

Não se deve supor que em todos os casos seja ne-cessário seguir precisamente a mesma fórmula ou osmesmos detalhes de tratamento; mas o princípio é omesmo. Dessa forma o método de Nancy adota o pro-cesso de Braid de cansar fisicamente os olhos e combi-na com ele um sistema de sugestões verbais. Esse méto-do é o mais seguido, com variações em detalhes, pelosprincipais hipnotizadores de todos os países.

Naturalmente, não há um sistema que seja eficaz

em todos os casos; alguns pacientes serão de todo in-sensíveis a um método de tratamento, enquanto serãoprontamente susceptíveis a outro. O Dr. Moll diz quealcançou êxito, hipnotizando por meio de ―passes‖ onde a atenção fixa e a sugestão simples ou ambas,falharam, e vice-versa.

O método geralmente adotado não difere substan-

cialmente do de Nancy, acima descrito, mas incluire-mos em nossa descrição alguns detalhes de importân-cia prática. A primeira condição essencial para eficazindução da hipnose em uma pessoa que não haja sidopreviamente hipnotizada, é assegurar-se de que elaesteja em posição perfeitamente confortável, e quepossa conservar-se assim durante o período de indu-

Page 31: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 31/167

 

ERNEST ROTH 

31MÉTODO DE HIPNOTISMO DO DR. LIÉBAULT 

ção; cada pequeno detalhe neste assunto assume umimportante aspecto na determinação do grau de suces-

so ou de fracasso por parte do hipnotizador em umgrande número de casos; a espécie de cadeira na qualo paciente se senta, sua posição em relação à luz dasala; a posição de suas pernas, dos pés, dos braços edas mãos; não permitir que a cabeça se incline paratrás, enquanto puder ser suportada, devendo o indiví-duo sentar-se tão firmemente quanto seu conforto o

permita. O ambiente deve estar livre de quaisquer in-fluências perturbadoras; ruídos que geralmente nãonotamos causam mais dificuldades do que sons demais intensidade; assim, o tique-taque de um relógio,o abrir e fechar de uma porta, o murmúrio de pessoaspresentes na sala — tudo concorre para distrair a aten-ção do paciente em um momento crítico. Deve-se pe-

dir a este que mantenha sua mente livre de pensamen-tos tanto quanto possível; que não se perturbe comquaisquer métodos empregados pelo hipnotizador;que não dê atenção ao que ele possa dizer e, especial-mente, que não experimente ajudá-lo tentando cair emtranse. Todo cuidado deve ser tomado para se certifi-car que o paciente esteja perfeitamente calmo e livre de

qualquer nervosismo inconveniente. Uma vez coloca-da a pessoa confortavelmente na cadeira, o ponto se-guinte é fixar sua atenção. Para isto, não é teoricamen-te necessário que devemos recorrer a qualquer ajudafísica, mas a atenção é fixada muito mais facilmentequando se emprega esse auxílio. Para atrair a atenção,a fixação da vista é o melhor meio e mais rápido, e, por

Page 32: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 32/167

 

ERNEST ROTH 

32 HIPNOTISMO PRÁTICO 

conseguinte, diremos ao indivíduo que fite firmementequalquer objeto, tanto quanto possível sem pestanejar.

O objeto exato pouco importa; podem ser os dedos dooperador, ou um objeto pequeno seguro na mão dopaciente, mas não deve estar mais do que uns 30 cen-tímetros distante de seus olhos. Deve estar colocadoem uma posição tal, que para fitá-lo, os olhos estejamcompletamente abertos. O paciente ficará de costaspara a fonte de luz, a qual incidirá amplamente sobre o

objeto. São preferíveis as horas após o escurecer, pois,de manhã, a irritabilidade nervosa é geralmente maiordo que à noite, por conseguinte o indivíduo se tornapassivo com maior facilidade, e sua condição geral émais favorável. Após a refeição da noite, muitas pes-soas gostam de ficar quietas em uma cadeira por al-gum tempo, enquanto que durante o dia o constran-

gimento forçado pode ser mais ou menos incômodo; aluz artificial é melhor do que a luz do dia para ilumi-nar o objeto que o paciente vai fitar. Não se deve suporque todos esses detalhes tenham que ser necessaria-mente seguidos em todos os casos, pois tudo dependeem grande parte da susceptibilidade do indivíduo,mas somente se obterá uma média de mais de 80% de

êxitos se esses pormenores forem observados. A pri-meira hipnose é sempre a mais difícil, e após o indiví-duo haver sido hipnotizado algumas vezes, podere-mos geralmente dispensar muitas dessas precauções.

Vejamos agora o paciente. Passivo, com o olhar fi-xado no objeto determinado, parece estar a princípioem estado normal; depois de um intervalo de duração

Page 33: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 33/167

 

ERNEST ROTH 

33MÉTODO DE HIPNOTISMO DO DR. LIÉBAULT 

variável, surge nele uma alteração. Esta alteração nãopode ser descrita em algumas palavras, mas o hipnoti-

zador experimentado facilmente a reconhece; as pupi-las, algo dilatadas; as pálpebras talvez trêmulas; o in-divíduo está mais absorto no objeto do que estava noprincípio, o rosto perdeu sua expressão habitual, oritmo respiratório está ligeiramente alterado. Neste ponto a habilidade do hipnotizador tem seu maior alcance, pois tudo depende da percepção rápida e acurada das mu-

danças que o indivíduo está sofrendo; a hipnose está come-çando. A reação característica do paciente à sugestão também está começando, mas está longe de ser comple-ta, e temos de discernir quando ele não pode receber aprimeira sugestão, e quando ele pode receber. Se come-çarmos cedo demais, o perturbaremos; se esperarmosmuito tempo, ele poderá — e isto muitas vezes aconte-

ce — voltar  mais ou menos a seu estado normal, e te-remos perdido a oportunidade. Esta volta é seguidapor um gradual recomeço da hipnose, e antes que ahipnose definitiva seja produzida, esta alteração podeter lugar várias vezes. As primeiras sugestões não de-vem ser de caráter contrário ou objetável pela consci-ência do indivíduo. Assim fatos e sugestões se entre-

meiam com sugestões e fatos. ―As pálpebras estãotrêmulas; os olhos estão cansados; o sono está chegan-do‖  —  até que gradualmente o estado se afaste cadavez mais do normal; a hipnose final geralmente vem derepente: os olhos cerram-se e um sintoma pode serquase sempre observado — uma inspiração caracterís-

Page 34: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 34/167

 

ERNEST ROTH 

34 HIPNOTISMO PRÁTICO 

tica, profunda e entrecortada. Os estados indutivospodem ser assim classificados:

1.  Passividade;2.  Passividade com atenção;3.  Passividade e atenção agudas;4.  Hipnose.

A hipnose assim obtida varia para cada indivíduo,mas há certas classificações que são importantes; al-guns passam por um estágio ligeiro; outros, por umestágio profundo; em regra o estado hipnótico apro-funda-se com cada hipnose até mais ou menos a quar-ta ou no máximo a sexta hipnose; por esta ocasião oindivíduo terá alcançado o seu estágio mais profundo;

na hipnose subsequente a esta ele apresenta o fenôme-no deste estágio. Este fenômeno é curioso, mas cons-tante, e possibilita-nos classificar cada indivíduo, deacordo com seu estágio de hipnose, o que, em trabalhoexperimental, é extremamente útil. Estes estágios vari-am desde aquele que somente um perito pode reco-nhecer como hipnose, até outro em que os fenômenos

flagrantemente anormais se apresentam. A variedadedestes estágios é tão grande, que muitos observadoresfizeram tentativas de classificação; estas são úteis paradar ao leitor uma ideia das grandes diferenças entre ashipnoses de diferentes indivíduos.

Gurney, cujas pesquisas são valiosas, conquanto es-peculativas, dividiu a hipnose em dois estágios:

Page 35: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 35/167

 

ERNEST ROTH 

35MÉTODO DE HIPNOTISMO DO DR. LIÉBAULT 

1.  O estágio de ―alerta‖;

2.  O estágio ―profundo‖.

Forel enumera três estágios, a saber:

1.  Sonolência;

2.  Incapacidade de abrir os olhos. Obediência à

sugestão;3.  Sonambulismo. Perda de memória.

Lloyd Tuckey dá uma classificação muito semelhan-te à de Forel:

1.  Sono leve;2.  Sono profundo;3.  Sonambulismo.

Liébault descreveu seis estágios diferentes:

1. 

Sonolência;2.  Sonolência. Possível catalepsia sugerida;

3.  Sono leve. Possíveis movimentos automáti-cos;

4.  Sono profundo. O paciente cessa de estar emrelação com o mundo exterior;

Page 36: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 36/167

 

ERNEST ROTH 

36 HIPNOTISMO PRÁTICO 

5.  Ligeiro sonambulismo. Memória indistinta eobscura ao despertar;

6.  Profundo sonambulismo. Completa perda dememória ao despertar. Possíveis todos os fe-nômenos de sugestão pós-hipnótica. 

Bernheim sugere nada menos de nove divisões:

1.  Sonolência. As sugestões de calor local produ-zem efeito;

2.  Sonolência, com incapacidade de abrir os o-lhos;

3.  Catalepsia sugestiva ligeiramente presente;4.  Catalepsia sugestiva mais pronunciada;

5. Possibilidade de contrações sugestivas;6.  Obediência automática;

7.  Perda de memória ao despertar. Impossibili-dade de alucinações;

8.  Perda de memória; ligeira possibilidade de seproduzirem alucinações, mas não pós-hipnoticamente;

9.  Perda de memória; possíveis alucinações hip-nóticas e pós-hipnóticas.

O limite até o qual a sugestão afeta o indivíduo de-pende da proporção em que ele se acha inconscientedo mundo externo, e do grau até o qual a ação psíqui-

ca dos grupos neurônicos está inibida.

Page 37: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 37/167

Page 38: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 38/167

 

ERNEST ROTH 

38 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Esses insucessos nunca podem acontecer a um hip-notizador experimentado, contudo são conhecidos

muitos casos desses e nunca será demais insistir noperigo que representam as experiências imprudentesem hipnotismo.

Quando se vê que o paciente não acorda em obedi-ência ao operador, não devem ser feitas mais tentativas;será então necessário chamar imediatamente um hip-notizador prático; caso não seja este encontrado, deve-

se deixar o paciente dormir até cessar o sono hipnótico.Em um ou dois casos desta espécie, chegados ao co-nhecimento do autor, o mal causado foi quase inteira-mente devido às tentativas fúteis e ignorantes paradespertar o paciente.

A duração do sono hipnótico do indivíduo, se nãofor acordado, é muito variável. Alguns despertam no

momento preciso em que o operador os deixa, agindoo fato de sua ausência como uma sugestão de que elesnão se acham mais sob seu controle. Outros costumamser despertados por um ruído alto ou repentino. Ou-tros voltam a si pelos esforços feitos durante o estadohipnótico; assim, por exemplo, um paciente acordoucom as altas gargalhadas, que deu em obediência a

uma sugestão hipnótica. Se o sono for leve, os pacien-tes muitas vezes voltarão ao estado natural em um pe-ríodo muito breve; mas se for profundo, o sono podecontinuar por três a quatro horas. Bernheim mencionaum caso no qual o sono durou dezoito horas.

As condições após a hipnose costumam ser perfei-tamente normais. Nas mãos de um hipnotizador expe-

Page 39: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 39/167

 

ERNEST ROTH 

39MÉTODO DE HIPNOTISMO DO DR. LIÉBAULT 

rimentado o paciente nunca se queixa de estar sofren-do de qualquer ―sonolência‖ ou ―tonteira‖. Quaisquer

maus resultados são devidos exclusivamente à culpado operador.

Com referência às pessoas hipnotizadas, várias opi-niões têm sido emitidas, algumas certas e muitas malinformadas. Seria ocioso afirmar que algum tempera-mento determinado se preste à hipnose, quando sa-bemos que mais de oitenta por cento de todas as pessoas

experimentadas são hipnotizáveis, sendo esta a médiamínima  citada por qualquer um que conheça bastantedo assunto em sua aplicação prática. Falando por ex-periência própria, o autor deste livro verificou que aclasse que apresenta menor dificuldade, e que frequen-temente dá resultados experimentais muito satisfató-rios, encontra-se nos moços de educação mediana e de

boas qualidades gerais.Uma excessiva consciência de si próprio apresenta

alguma dificuldade, e, consequentemente, o neuróticomais ou menos espirituoso e o muito estúpido e pre-sunçoso assemelham-se um ao outro: são pacientesdifíceis. Os idiotas não são hipnotizáveis e os loucossão excessivamente difíceis de serem hipnotizados. O

sexo não parece afetar materialmente a questão. Existeuma concepção errônea algo vulgar e difundida queconsidera as manifestações histéricas como indícios defácil hipnotização. A histeria, entretanto, é quase sem-pre a causa de muita dificuldade e nunca facilita a in-dução. A nacionalidade pouco tem a ver com o assun-to. Na França, Liébault hipnotizou 985 pessoas em

Page 40: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 40/167

 

ERNEST ROTH 

40 HIPNOTISMO PRÁTICO 

1012; na Suécia, Wellenstrand hipnotizou 701 em 718;e na Holanda, Van Reutezhen hipnotizou 169 em 178.

Bernheim e Forel concordam, com referência à aplica-ção médica da hipnose, que a opinião de médicos quenão são capazes de hipnotizar pelo menos oitenta porcento de seus pacientes nada vale.

Quem é hipnotizável? Com o intuito de responder aesta pergunta sem experiências hipnóticas, Ochoro-wicz  inventou um instrumento especial —  o hipnos-

cópio; é um ímã em forma de anel, no qual a pessoa aser examinada põe o dedo. Supõe-se que as pessoashipnotizáveis experimentem certas sensações na pele econtrações nos músculos, enquanto que com as insus-cetíveis nada disso acontece. As pesquisas de outrosinvestigadores não confirmaram completamente essateoria.

Nem a neurastenia13, nem a palidez, nem a histe-ria14, ou a debilidade geral produzem uma disposiçãoà hipnose. A histeria não se adapta peculiarmente aohipnotismo. A histeria comum, com suas variáveismanifestações de dor de cabeça e a sensação de umabola na garganta, combinadas com o desejo histéricode ser interessante e de exagerar os sofrimentos supor-

tados, dá muito pouca disposição à hipnose. O espírito

13 NEURASTENIA: sf . 1.  psicol. Afecção mental caracterizada por asteniafísica ou psíquica, grande irritabilidade, cefaleia, e alterações do sono. 2.  pop. Mau humor. [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

14  HISTERIA: sf .  psiq. Neurose que se caracteriza pela presença de si-nais diversos (paralisias, distúrbios visuais, etc.), e que podem ser repro-duzidos por sugestão ou por autossugestão. [Sin.: histerismo.]. [Miniauré-

lio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

Page 41: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 41/167

Page 42: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 42/167

Page 43: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 43/167

 

ERNEST ROTH 

43MÉTODO DE HIPNOTISMO DO DR. LIÉBAULT 

das na vida, que creem em tudo que se lhes diz e quese deixam impressionar pelas coisas mais insignifican-

tes. Entretanto, quando se faz um esforço para hipno-tizá-las, oferecem viva resistência e não se produzemnelas os sintomas típicos da hipnose.

No que se refere à idade, as crianças menores detrês anos não podem absolutamente ser hipnotizadas,e mesmo até mais ou menos oito anos só o podem sercom dificuldade. Se bem que as crianças sejam a ou-

tros respeitos facilmente influenciáveis, seus pensa-mentos divagam com tanta facilidade que não podemfixar suas mentes em uma determinada figura, comono caso da hipnose. A idade avançada não é de modoalgum refratária15 à hipnose. De acordo com a experi-ência da escola de Nancy, após a hipnose, as pessoasmais idosas muitas vezes se lembram mais de tudo

que aconteceu do que as mais jovens. O sexo não temnenhuma influência particular; é um engano suporque as mulheres sejam mais hipnotizáveis do que oshomens. A frequência com que se fazem tentativascom uma mesma pessoa é da maior importância. En-quanto de acordo com Hanhule somente uma pessoaem dez prova ser suscetível na primeira tentativa, a

proporção aumenta enormemente com a frequênciadas sessões. Isto não é de se estranhar, devido à excita-ção mental manifestada por muitas pessoas no princí-pio. E sendo de muita importância para a hipnose que

15 REFRATÁRIO: adj. 1. Que resiste a certas influências químicas ou físi-

cas. [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

Page 44: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 44/167

 

ERNEST ROTH 

44 HIPNOTISMO PRÁTICO 

a atenção não deva ser distraída, muitas pessoas sãoantes de tudo obrigadas a aprender a concentrar seus

pensamentos.  Existem mesmo experimentadores queafirmam serem todos os indivíduos hipnotizáveis,desde que as tentativas continuem pelo tempo. ―Semdeclarar ser falsa esta opinião‖, diz o Dr. Moll:

“Posso fazer notar que fiz quarenta tentativas comalgumas pessoas sem obter a hipnose. Talvez, por esfor-

ços mais continuados se pudesse obter um resultado,como de fato aconteceu muitas vezes após as quarentatentativas frustradas. Em outros casos sucede exatamen-te o oposto, e quanto mais se experimenta, menos pro-veito se consegue: por um processo de autossugestão, oindivíduo persuade a si próprio que não é hipnotizável”.

Além dessas condições subjetivas há algumas ou-tras objetivas. Assim, por exemplo, ruídos perturbado-res na primeira experiência têm o poder de impedir ahipnose; atraem a atenção, e assim interferem no esta-do mental necessário para produzi-la. Mais tarde,quando o paciente já aprendeu a concentrar seus pen-samentos, os ruídos perturbam menos. Mas em expe-riências hipnóticas é necessária a mais absoluta abstra-ção de qualquer sinal de desconfiança por parte dospresentes. A menor palavra, um gesto, pode frustrar atentativa de hipnotizar. Como a disposição de espíritode um grande grupo é muitas vezes de desconfiança,assim como toda uma geração é algumas vezes cética,as grandes variações de suscetibilidade à hipnose, que

Page 45: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 45/167

 

ERNEST ROTH 

45MÉTODO DE HIPNOTISMO DO DR. LIÉBAULT 

se manifestam em diferentes tempos e lugares, sãoexplicáveis. Não é surpreendente que em uma ocasião

dez pessoas, uma após outra, sejam hipnotizadas, en-quanto que em outra ocasião dez outras pessoas semostrem todas refratárias.

A experiência e um conhecimento da condição men-tal da humanidade são indispensáveis ao hipnotiza-dor. A primeira é absolutamente necessária; é maisimportante do que o conhecimento da anatomia e da

fisiologia. Pela experiência aprende-se a discernir e aentrar no caráter íntimo do indivíduo. A prática e odom de observação possibilitam acentuar o esforçopreciso no momento exato, ou ao fixar a atenção ou aocerrar dos olhos. O operador experimentado sabe jul-gar se em certos casos será melhor falar para atingirseu objetivo, ou se —  como às vezes acontece —  as

palavras seriam um estorvo, e nesse caso seria maisconveniente exercer o principal esforço no fixar da a-tenção. Uma pessoa que seja facilmente hipnotizávelpode ser hipnotizada por qualquer um; mas quem ofor com grande dificuldade, somente poderá ser postoem hipnose por um bom e experimentado operador.Não constitui nenhuma contradição a isto dizer-se que

a impressão pessoal causada pelo operador pode sermuito importante e ter grande influência. Consequen-temente acontece que certa pessoa A, pode ser hipno-tizada por B, enquanto permanece refratária aos esfor-ços de C. Por outro lado pode acontecer que D sejahipnotizado por C, mas não por B. Isto mostra que ainfluência de uma pessoa sobre outra depende da in-

Page 46: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 46/167

 

ERNEST ROTH 

46 HIPNOTISMO PRÁTICO 

dividualidade de ambas. Encontramos a mesma coisana vida, na relação do professor para o aluno e deste

para o professor, ou nas relações recíprocas entre ami-gos e entre os que se amam. A influência de uma pes-soa sobre outra sempre depende da individualidadede ambas.

Que existe uma aptidão individual para hipnotiza-ção e para fazer sugestões é bastante certo. É verdadeque não devemos considerar esta faculdade como o

faziam os antigos mesmeristas, os quais supunhamque certas pessoas exerciam uma força física sobre ou-tras. Devemos considerá-la como tantas outras, quan-do se trata de alguma aptidão mental especial. A cal-ma, a presença de espírito e a paciência são essenciais,e nem todos podem exercer estas qualidades. Ocupar-se em hipnotizar uma pessoa diariamente, durante

horas de cada vez, demanda uma perseverança quenem todos possuem. É necessário muito mais paciên-cia para isto do que para escrever receitas, por exem-plo, centenas das quais poderiam ser feitas no mesmoespaço de tempo.

Page 47: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 47/167

 

ERNEST ROTH 

47HIPNOTISMO PELO MÉTODO DE FASCINAÇÃO 

HIPNOTISMO PELO MÉTODO DE

FASCINAÇÃO 

MÉTODO de fascinação, pela grande parte quenele desempenha o elemento pessoal, é o fa-

vorito dos professores mesméricos. Manda-se o paci-ente fitar com firmeza os olhos do operador. Frequen-

temente acontece que em breve espaço de tempo o pa-ciente passa a imitar todos os movimentos do opera-dor, sempre mantendo os olhos fitos nos seus. Estemétodo é algo arriscado, pois que, se o paciente forrefratário, o próprio operador pode involuntariamentetornar-se hipnotizado. Lloyd Tuckey menciona umcaso, no qual, ao usar este método certa ocasião, come-

çou a sentir que se desenvolviam nele os primeirossintomas de hipnose.O Dr. Bremaud, um médico da marinha, obteve em

homens tidos como perfeitamente sadios, um estado aque ele chama  fascinação, considerando-o como hipno-tismo na sua forma mais branda, que após repetidasexperiências se transforma em catalepsia.

Bremaud produzia a fascinação pela contemplaçãode um ponto brilhante.O paciente, em tal caso, cai num estado de estupor.

Ele segue os movimentos do operador e a excitaçãodos nervos produz contrações, mas a flexibilidade ca-taléptica não existe.

O

Page 48: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 48/167

 

ERNEST ROTH 

48 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Durante muito tempo, Bremaud — um magnetiza-dor de palco, como o mundo científico o chamava — 

pensou que ele houvesse descoberto esta ―fascinação‖,a ponto mesmo de dar-lhe um nome, segundo seu cri-tério. Eis como ele operava. No início de seus espetá-culos — que na época atraíam não somente toda Paris,mas também pessoas de todas as partes do mundo — após haver trabalhado com seus próprios pacientes eassim impressionando a imaginação da assistência,

perguntava se alguns dos espectadores desejavamsubmeter-se a uma experiência. Apareciam diversos.Ele escolhia um e mandava-o que se apoiasse sobre asmãos, de modo a enfraquecer sua força muscular. Ohipnotizador e o paciente ficavam no palco, diante daassistência, agora completamente interessada entre umque se esforçava por dominar e o outro que não queria

se submeter. A enervação do paciente sob a influênciados inúmeros olhos voltados para ele logo atingia seuclímax. O fascinador gritava então subitamente ―Olhepara mim!‖, ao que o candidato-paciente se erguia efitava atentamente os seus olhos. Com o olhar fulgu-rante cravado na infeliz vítima, na maioria dos casosconseguia fasciná-la. Sem dúvida, alguns indivíduos

costumavam fingir-se subjugados, enganando destemodo o operador, e quando saíam da sessão não dei-xavam de acusá-lo de charlatão. No conjunto, porém, oespetáculo era bem dirigido e seria injusto tomar comoregra geral o que apenas eram exceções particulares.

A fascinação assim progrediu. A atenção dos homensde ciência foi despertada pelos enormes anúncios que

Page 49: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 49/167

Page 50: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 50/167

 

ERNEST ROTH 

50 HIPNOTISMO PRÁTICO 

nômeno é claramente a sugestão. O indivíduo não pra-ticará nenhuma ação imitativa, nem será ―fascinado‖ 

pela bengala se não compreender completamente queisto se espera dele. De muitas maneiras, por um olharou por um movimento, o hipnotizador poderá levaruma sugestão ao seu paciente, a qual será tão potentecomo se fora feita por meio de palavras. Esta extremasuscetibilidade à sugestão ou não é conhecida, ou nãoé notada pelo público em geral, e os hipnotizadores

profissionais muitas vezes se valem dessa ignorânciacomum para entreterem os que assistem suas exibi-ções.

Esta última forma de fascinação foi usada pela pri-meira vez por Donato; depois foi descrita por Bre-maud, e foi também aplicada por Hansen. Donato, queoperava especialmente com jovens, procedia do se-

guinte modo:

O operador pede ao paciente que coloque as palmasdas mãos sobre as suas, estendidas horizontalmente,comprimindo-as para baixo com toda sua força. Todaatenção e toda a força física do paciente são absorvidasnesta manobra. Toda sua energia nervosa está concen-

trada neste esforço muscular, sendo assim evitada a dis-tração de seus pensamentos. O hipnotizador fita-o de

 perto, penetrante e rapidamente, levando-o por gestos —  e pela palavra se necessário for  —  a olhá-lo tão fi-xamente quanto seja capaz. Depois, o operador se afastaou anda em torno do paciente, mantendo seus olhos so-

 bre ele e atraindo seu olhar, enquanto que este o segue

Page 51: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 51/167

 

ERNEST ROTH 

51HIPNOTISMO PELO MÉTODO DE FASCINAÇÃO 

como se fascinado, de olhos abertos e incapaz de tirá-losdo rosto do operador. Uma vez dominado na primeira

experiência, a simples fixação do olhar basta para fazero indivíduo segui-lo, não sendo mais necessário fazercom que coloque suas mãos sobre as do operador.

Quando se trata de simples sugestão por gestos, e ohipnotizador fixa seus olhos sobre os do paciente, estecompreende que deve manter o olhar fixo e que deveseguir o operador por toda a parte. O paciente crê queestá sendo atraído para ele. É uma fascinação psíquicasugestiva e de modo algum física. Foram bem sucedi-das as experiências com os melhores sonâmbulos,quando estes não compreendiam o significado dosgestos do operador. Em tais casos a experiência podeter tido êxito pela imitação, se o paciente a viu bemexecutada com outra pessoa. Isto será, por conseguin-te, sugestão por imitação.

Entre indivíduos assim fascinados, alguns se sub-metem à influência sem sono hipnótico, do mesmomodo como fazem os que são hipnotizados por outrométodo. São suscetíveis à sugestão em condição ativa.Após a experiência se lembram do que fizeram; nãosabem por que se sentiam incapazes de deixar de se-guir e de fitar o hipnotizador. Outros de nada se lem-bram, após serem despertados com um sopro nos o-lhos ou por uma simples palavra. Não sabem o queaconteceu; estiveram em um estado de sonambulismocom os olhos abertos. Nesta fascinação sonambúlica épossível produzir-se a catalepsia e a alucinação. Nestes

Page 52: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 52/167

 

ERNEST ROTH 

52 HIPNOTISMO PRÁTICO 

mesmos indivíduos a catalepsia e a alucinação podemser induzidas por um gesto ou por uma simples pala-

vra; ou uma posição lhes poderá ser imposta, sem pré-via fascinação.

O despertar pode ser espontâneo. Os pacientes quedormem ligeiramente na primeira experiência, às ve-zes têm tendência para despertar rapidamente. É pre-ciso manter cerradas suas pálpebras, ou dizer de vezem quando ―durma‖, para tê-los constantemente sob

influência. O hábito de dormir é logo adquirido peloorganismo. O paciente então não acordará mais en-quanto o operador permanecer a seu lado, podendo,porém, despertar logo que se retire a influência deste.A maioria das pessoas deixadas a sós continuam dor-mindo por vários minutos, por meia hora, ou mesmopor uma e até mais horas. Um indivíduo dormiu 15

horas, outro, 18 horas.O Abade Faria  em 1814, aproximadamente, come-

çou a estudar o hipnotismo, e deve-se admitir que estedesenvolvimento é muito interessante e contém maisdo que os germens de toda a teoria de Braid e de todasas teorias referentes ao poder da imaginação ou dasugestão em consequência do mesmo.

Os fenômenos observados pelo Abade Faria emseus pacientes não diferem nos seus principais pontosde Puysegur e de outros operadores em seus pacientessonambúlicos, principalmente no que concerne à com-pleta perda de memória a respeito de tudo, ao desper-tar.

Page 53: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 53/167

Page 54: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 54/167

 

ERNEST ROTH 

54 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Diversas autoridades no assunto asseveram que oímã tem em certos casos o poder de hipnotizar. Isto

pode ser verdadeiro, mas muitos dos mais conhecidoshipnotizadores foram incapazes de descobrir qualquertraço de tal influência. É possível, contudo, que emcertos casos anormais o ímã possa ter esta virtude, masparece uma hipótese mais natural atribuir essas pou-cas hipnoses à sugestão, esse elemento que faz partede todos os métodos, e que é tão sutil em sua ação, que

se torna impossível ao operador, nesses casos, afirmarpositivamente que ele foi de todo evitado.

Braid deixou registrada uma de suas experiênciassobre a suposta influência do ímã. Disse-lhe uma se-nhora que ela não podia suportar a proximidade deum ímã, e que este tinha sempre a mais profunda in-fluência sobre ela, o que acontecia quando ela sabia de

sua proximidade. Braid, porém, para provar a nature-za desta influência, sentou-se perto dela em uma oca-sião, durante meia hora, com um poderoso ímã ocultoem seu bolso, e como esperava, nenhum efeito produ-ziu. Todavia, muitos hipnotizadores ainda creem nessepoder.

De fato a crença na ação do ímã sobre os seres hu-

manos é muito antiga. Os Magos do Oriente usavam-no para curar moléstias e os chineses e hindus usaram-no há muito tempo. Alberto Magno, no século XIII, emais tarde, Paracelso, Don Helmart e Kercher tambémo empregaram, assim como o astrônomo e ex-jesuítaHell,  de Viena, no fim do século XVIII. Vimos queMesmer também o usou a princípio, bem como muitos

Page 55: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 55/167

 

ERNEST ROTH 

55HIPNOTISMO PELO MÉTODO DE FASCINAÇÃO 

médicos, posteriormente. Reil, médico bastante conhe-cido, empregou o ímã terapeuticamente; em 1845 Rei-

chenbach  afirmou que algumas pessoas sensíveis ti-nham sensações peculiares quando em contato comum ímã. Disse também que muitas viam luz — a cha-mada Estranha Luz.

Page 56: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 56/167

Page 57: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 57/167

 

ERNEST ROTH 

57MÉTODO SUGESTIVO DE HIPNOTISMO 

MÉTODO SUGESTIVO DE HIPNOTISMO 

M dos mais recentes métodos de hipnotismoé a terapêutica sugestiva, ou hipnotismo

sugestivo. É produzido falando-se ao paciente do be-nefício que pode provir do uso da terapêutica sugesti-va, que é possível curá-lo ou pelo menos aliviá-lo pelo

hipnotismo, que nada há de estranho ou nocivo nisto,que é um sono comum ou torpor que pode ser produ-zido em todos, e que este tranquilo e benéfico estadorestaura o equilíbrio do sistema nervoso. Se for neces-sário, um ou dois indivíduos poderão ser hipnotizadosem sua presença, para mostrar-lhe que nada há de do-loroso, e que o fenômeno não é acompanhado de ne-

nhuma sensação fora do comum. Quando a ideia demagnetismo é assim banida de sua mente e desapareceo medo algo misterioso que se relaciona com este esta-do desconhecido, sobretudo quando o paciente pre-senciou outros serem curados ou beneficiados pelosmeios em questão, ele já não desconfia mais e se entre-ga; então se diz: ―Olhai para mim, não penseis em nada

senão em dormir ; vossas pálpebras começam a ficar pe-sadas; vossos olhos estão fatigados e começam a pis-car; estão ficando úmidos, não podeis ver distintamen-te, estão fechados‖. Alguns pacientes cerram os olhos eadormecem imediatamente. Com outros é preciso re-petir várias vezes, pondo-se mais ênfase no que se diz,acompanhado até mesmo de gestos. Pouca diferença

faz a espécie dos gestos. Levam-se dois dedos da mão

U

Page 58: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 58/167

 

ERNEST ROTH 

58 HIPNOTISMO PRÁTICO 

direita diante dos olhos do paciente e pede-se que olhepara eles, ou passam-se ambas as mãos diversas vezes

diante de seus olhos, ou convence-se o paciente a fixaros olhos nos nossos, ao mesmo tempo para concentrarsua atenção na ideia de sono. Vai-se dizendo:

“Vossas pálpebras estão se fechando, não podeis a- bri-las de novo; vossos braços estão pesados e tambémvossas pernas; não podeis sentir coisa alguma; vossas

mãos estão imóveis; não vedes nada; ides dormir ”.

Acrescenta-se então em tom de mando ―dormi!‖.Esta palavra quase sempre rompe o equilíbrio. Os o-lhos se cerram e o paciente dorme ou pelo menos éinfluenciado.

Usa-se a palavra ―dormi!‖  de modo a obter tantoquanto possível sobre o paciente uma influência su-gestiva que trará quase o sono ou um estado que mui-to se aproxima dele, pois o sono propriamente ditonem sempre ocorre. Se o paciente não tiver tendênciapara dormir e não mostrar nenhuma sonolência, setomará o cuidado de dizer que o sono não é essencial;que a influência hipnótica, donde vem o benefício, po-de existir sem o sono; que muitos pacientes são hipno-tizados sem que o saibam.

Se o paciente não fechar os olhos ou não os manti-ver fechados, não exija que eles se fixem nos vossos ounos dedos, por algum espaço de tempo, pois às vezesacontece que ficam completamente abertos indefini-damente, e em vez de ser concebida a ideia de sono,

Page 59: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 59/167

 

ERNEST ROTH 

59MÉTODO SUGESTIVO DE HIPNOTISMO 

somente resulta uma rígida fixidez dos olhos. Nestecaso será mais conveniente que o operador lhe cerre os

olhos. Depois de mantê-los fixos por um ou dois minu-tos, puxam-se as pálpebras para baixo ou distendem-se estas lentamente sobre os olhos, gradualmente fe-chando-os cada vez mais e assim imitando o processodo sono natural. Finalmente, conservam-se os olhos dopaciente fechados, repetindo a sugestão: ―Vossas pál-pebras estão coladas, não podeis abri-las. A necessida-

de de sono torna-se cada vez maior; não podeis resistirmais‖. Baixa-se a voz gradualmente, repetindo a or-dem: ―Dormi!‖, e é muito raro que se passem mais detrês minutos sem que se obtenha o sono ou algumgrau de influência hipnótica. É o sono por sugestão — um tipo de sono que é insinuado no cérebro.

Fazer passes ou fitar os olhos ou os dedos do ope-

rador é útil apenas para concentrar a atenção. Não sãoações absolutamente essenciais.

Com alguns pacientes se consegue mais resultadoagindo-se tranquilamente; com outros, a sugestão cal-ma não produz efeito. Com estes é melhor ser abrupto,restringir com voz autoritária a inclinação para rir, oua fraca e involuntária resistência que esta operação

possa provocar.Muitas pessoas são influenciadas na primeira ses-

são, outras o são na segunda vez ou na terceira. Depoisde serem hipnotizadas uma ou duas vezes, são rapi-damente influenciadas. Muitas vezes é bastante olharpara um paciente desses, abrir os dedos diante de seusolhos, dizer ―durma‖ e com um ou dois segundos, às

Page 60: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 60/167

 

ERNEST ROTH 

60 HIPNOTISMO PRÁTICO 

vezes instantaneamente, os olhos se cerram e todos osfenômenos do sono se apresentam. É somente após

certo número de hipnotizações, geralmente um pe-queno número, que os pacientes adquirem aptidãopara dormir rapidamente.

Ocasionalmente acontece que sete ou oito pessoaspodem ser hipnotizadas, sucessivamente, de fato qua-se instantaneamente. Há outras, entretanto, que sãorefratárias ou mais difíceis de influenciar. Uma segun-

da ou terceira tentativa muitas vezes produz a hipnoseque não foi conseguida a princípio.

Page 61: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 61/167

 

ERNEST ROTH 

61O HIPNOTISMO NAS MOLÉSTIAS 

O HIPNOTISMO NAS MOLÉSTIAS 

CADA  vez mais evidente que o atual interesseno hipnotismo depende principalmente de sua

utilidade na cura de vários males dos quais a humani-dade é a infeliz herdeira. A despeito de todas as dife-renças e da obstinada oposição dos profissionais da

velha escola, os círculos médicos estão cada vez maisconvencidos de que não podem desdenhosamente pôrde lado um minucioso exame da matéria.

 Já vimos que a escola de Nancy, representada porBernheim e Liébault, pensa que hipnotismo significasugestão e que realmente a sugestão é seu principalagente. Bernheim crê que a hipnose é um estado men-

tal peculiar, no qual a suscetibilidade à sugestão é e-xaltada. Disto conclui-se que a sugestibilidade existeindependentemente da hipnose e que, por conseguin-te, não há contradição entre as possibilidades da su-gestão, seja dentro ou fora da hipnose; uma é o com-plemento natural da outra. Foi a escola de Nancy quemostrou existirem muitas sugestões sem hipnose, e a

primeira de todas a reconhecer o valor curativo da su-gestão pura.Diversas moléstias podem ser curadas ou aliviadas,

simplesmente, fazendo-se crer ao paciente que ele embreve estará melhor, e implantando-se firmemente estaconvicção em seu espírito. Esta influência mental temsido usada desde os tempos mais remotos. O sono no

templo dos antigos gregos e egípcios era um meio de

É

Page 62: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 62/167

Page 63: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 63/167

 

ERNEST ROTH 

63O HIPNOTISMO NAS MOLÉSTIAS 

camos justificados ao situá-la em lugar de destaque naMedicina. Pois ninguém que leia os relatos com espíri-

to imparcial pode duvidar que Gassner e diversos ou-tros tiveram mais êxito do que muitos médicos cientis-tas, apesar de terem sido justamente chamados decharlatães. É possível que algumas das moléstias fos-sem de natureza histérica, mas houve muitas outras.Pelo menos é certo que em quase todas elas o trata-mento médico usual fracassara em curá-las. Como dis-

semos, porém, para que a sugestão seja eficaz o paci-ente deve crer firmemente que ele será curado. Estacrença deve ser incutida nele, e a questão é saber comofazê-lo mais seguramente. Qualquer enfermo que vá aLourdes com a crença certa de que será curado, e cujaexpectativa haja sido redobrada pelos relatos de outrose por sua própria fé como católico, conseguirá um re-

sultado inteiramente diferente do indivíduo que vaisem fé. Este é exatamente o caso de pessoas tratadaspor qualquer forma da ―Ciência Cristã‖.

Nem sempre é possível a um médico implantar acrença de seu poder pessoal, conquanto seja grande afé que seu paciente nele deposite. O hipnotismo é ummeio de atingir este fim, a despeito da oposição. De-

vemos agradecer a Liébault, de Nancy, por haver sidoo primeiro a empregar a sugestão metodicamente notratamento das moléstias. É verdade que a sugestãoverbal foi usada ocasionalmente pelos antigos mesme-ristas. Por outro lado, Braid não a reconheceu. Supu-nha antes que certos métodos de produzir catalepsia,

Page 64: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 64/167

 

ERNEST ROTH 

64 HIPNOTISMO PRÁTICO 

etc., influenciavam a distribuição do sangue, e queprovavelmente se passavam alterações nervosas.

Muitas pessoas, desconhecidas para Liébault, com-preenderam que, sob um ponto de vista médico, umestado no qual as contrações e a paralisia, a dor e ainsensibilidade à dor etc., podiam ser produzidas eremovidas, devia ser de enorme importância: mas de-vemos realmente considerar Liébault como o verda-deiro fundador da sugestão sistemática aplicada ao

tratamento médico.Naturalmente, a dificuldade de julgar o valor cura-

tivo da hipnose torna-se ainda maior devido à vagadefinição do que seja ―sugestão hipnótica‖. Assim,alguns se opõem ao tratamento sugestivo, alguns aotratamento hipnótico sugestivo, enquanto outros obje-tam às vezes à sugestão em geral, com ou sem hipno-

tismo; estes últimos têm razão, a despeito de seu falsoponto de vista, porquanto é impossível traçar uma li-nha definida entre a sugestão e o hipnotismo. É difícilhaver dúvida de que o hipnotismo e a sugestão ve-nham a ser gradualmente fundidos num assunto úni-co, porque as hipnoses espontâneas e passageiras pa-recem suceder muitas vezes na vida comum.

Consideremos agora simplesmente as principais ob- jeções apresentadas contra o hipnotismo como agenteterapêutico.

Uma importante objeção foi levantada por Ewald,de Berlim, que protestou enfaticamente contra a ex-pressão ―tratamento médico pelo hipnotismo‖. Diziaele que tratamento médico significava a arte médica e

Page 65: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 65/167

 

ERNEST ROTH 

65O HIPNOTISMO NAS MOLÉSTIAS 

o reconhecimento da Medicina, e que qualquer pastor,alfaiate ou remendão podiam hipnotizar, bastando

para isso apenas a confiança própria. Mas a Medicinanão tirou um incontável número de seus remédios domais rude empirismo17, das tradições dos ―pastores‖?Não pode qualquer remendão injetar morfina, aplicarventosa e ministrar laxativos, se dispuser do material?Entretanto, não desprezamos esses remédios, nem ba-nhos, nem massagens, etc. Por outro lado, seria um

grave engano crer que um delicado agente como ahipnose, que afeta e modifica as mais altas atividadesde nossas mentes, pudesse ser manipulado por umpastor, ou cujo uso lhe pudesse ser confiado. A ciênciamédica e o conhecimento psicológico, a capacidade dediagnosticar e de praticar, tudo é necessário para seuuso. Desde longa data a Ciência vem deixando o im-

portante fenômeno da hipnose entregue a irresponsá-veis e ignorantes operadores de palco; já é tempo debuscar uma compensação pela demora, e de conscien-ciosos pesquisadores da verdade devotarem-se a umminucioso exame de uma série de fenômenos que po-dem completar nossos conhecimentos sobre psicologiae sobre a fisiologia do cérebro.

Uma segunda objeção que muitas vezes se apresen-ta é a do perigo da hipnose. Este ponto deve ser seria-mente ponderado. Ora, pode-se afirmar com certezaque na Medicina há poucos remédios que não causari-

 17  EMPIRISMO: sm. Doutrina que admite que o conhecimento prove-

nha unicamente da experiência. § em.pi.ris.ta s2g. [Miniaurélio Eletrôni-

co versão 5.12.81]. SMJ.

Page 66: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 66/167

 

ERNEST ROTH 

66 HIPNOTISMO PRÁTICO 

am mal, se ministrados ignorante e descuidadosamen-te. Existem até mesmo medicamentos que podem fazer

mal, ainda que cautelosamente empregados, porquenão sabemos exatamente sob que condições eles setornam nocivos. Não precisamos falar sobre a morfina,a estricnina e a beladona, que às vezes têm causadodanos, mesmo quando a dose máxima não foi ultra-passada, nem sobre as mortes por clorofórmio, cujarazão ainda não foi devidamente explicada. Muitas

mortes resultaram do uso do cloreto de potássio. Sé-rios colapsos se verificaram após o emprego da antipi-rina. Acrescentamos a estes o nome de um soporativorecente —  o sulfonal —  que se supõe ser uma drogahipnótica perfeitamente inofensiva. Citemos também otratamento que consiste na suspensão temporária pelopescoço, que esteve recentemente muito em moda,

como cura da ataxia locomotora18. Sabe-se agora comcerteza que pode causar grande dano, ou mesmo amorte. Billroth recentemente apontou os grandes peri-gos oferecidos pelo ácido carbólico —  fenol ou ácidofênico —  largamente usado. E se deixarmos de pres-crever esses medicamentos, podemos desistir comple-

 18 ATAXIA: Incoordenação motora. Perturbação da coordenação mus-cular em que o movimento é controlado apenas parcialmente. Exemplos:Doença de São Vito, mal de Parkinson, paralisia cerebral. A ataxia é maisum sintoma do que uma doença. ATAXIA LOCOMOTORA PROGRESSIVA: Ainfecção da medula por sífilis é a causa da grave afecção progressiva dosistema nervoso. Pode aparecer a qualquer mo mento, dos cinco aosquinze anos, depois da infecção inicial. É chamada “Tabes dorsalis”  ainflamação da medula vertebral, de natureza sifilítica.  [Dicionário de

Termos Médicos]. SMJ.

Page 67: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 67/167

 

ERNEST ROTH 

67O HIPNOTISMO NAS MOLÉSTIAS 

tamente da Medicina, pois tudo que se emprega podefazer mal.

Certamente a questão não é saber se há ou não peri-go no uso de drogas. Devemos antes perguntar:

1.  Sabemos sob que condições aparece o perigosupostamente oculto na hipnose?

2.  Podemos remover estas condições e o conse-

quente perigo?3.  E se não pudermos, a vantagem resultante pa-ra o paciente compensa o perigo que ele corre?

A resposta a estas perguntas é decididamente a fa-vor do hipnotismo. Sabemos perfeitamente bem sobque condições ele é perigoso, o que não sabemos acer-

ca de algumas drogas. Em certos casos somos capazesde excluir essas condições, empregando determinadosmétodos inofensivos, diminuindo assim, se não queevitando inteiramente, o perigo. Naturalmente os pe-quenos desconfortos aos quais o paciente se expõe — uma breve dor de cabeça, olhos lacrimejantes e de-pressão —  nada significam, se comparados às vanta-

gens que podem resultar da hipnose.Contudo, não queremos negar de modo algum que

haja certos perigos no uso impróprio do hipnotismo.Quem já viu a diferença entre um indivíduo que rece-beu uma sugestão excitante e um que recebeu umasugestão calmante, concordará que tanto se pode fazerbem de um modo, quanto mal de outro. Uma pessoa

Page 68: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 68/167

 

ERNEST ROTH 

68 HIPNOTISMO PRÁTICO 

que faça absurdas sugestões para se divertir e satisfa-zer sua curiosidade, sem objetivo científico, não deve

admirar-se de produzir sofrimentos. Nunca será de-masiado prevenirmos nossos leitores contra tais diver-sões. Podemos nos espantar, se uma pessoa desperta-da subitamente de uma hipnose, durante um incêndioimaginário, se sinta mal após isso? Tais sugestões nãodevem absolutamente ser feitas, salvo com a máximaprecaução, tomando-se o cuidado de desfazê-las e de

acalmar o paciente, antes de acordá-lo. Este é o pontomais importante, pois mesmo que estes erros sejamcometidos, são de poucas consequências, desde que oindivíduo seja completa e convenientemente desper-tado. Muitos operadores ignoram por completo quedevem desfazer inteiramente as sugestões. Pensam serbastante soprar no rosto do paciente e se admiram que

este não se sinta bem ao acordar. É surpreendente quenão seja causado maior dano em consequência de in-suficiente conhecimento técnico. Isto é que é perigoso,não o hipnotismo.

Para mostrar como se deve destruir uma sugestão,suponhamos que uma sugestão excitante haja sido fei-ta a um indivíduo, que esteja perturbado, em conse-

quência disso. Deve-se dizer mais ou menos isso: ―Oque vos excitava já se acabou, foi apenas um sonho evós vos enganastes em acreditá-lo. Agora ficai tranqui-lo. Vós vos sentis descansado e à vontade. É fácil verque estais perfeitamente à vontade‖. Somente depoisdisso o paciente deve ser despertado, o que tambémnão pode ser feito repentinamente; é muito melhor

Page 69: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 69/167

Page 70: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 70/167

 

ERNEST ROTH 

70 HIPNOTISMO PRÁTICO 

ninguém será capaz de sugerir-vos qualquer coisaquando estiverdes desperto; nunca necessitais temer

ilusões dos sentidos, etc., como vos acontece em hip-nose, sois perfeitamente capaz de impedi-las‖. É ma-neira prudente, mas não infalível, de evitar o perigo.

Tais são os perigos do hipnotismo e os métodos depreveni-los. Todas as escolas concordam em um pon-to: que seu antídoto é a sugestão, e que eles não consti-tuem um obstáculo ao tratamento hipnótico.

Pode-se, porém, objetar que, conquanto um breveemprego do hipnotismo não seja nocivo, uma aplica-ção em larga escala, envolvendo uma repetida produ-ção do estado de hipnose, pode ser perniciosa. Istotambém poderia ser argumentado contra o uso de vá-rias drogas, pois que ainda não sabemos se seu usocontinuado não virá causar um envenenamento crôni-

co sério. A experiência é o único meio de decidir estasquestões. Liébault, que usou o hipnotismo como agen-te terapêutico por quase quarenta nos, observou casosde longa duração, sem notar quaisquer más conse-quências. Pelo contrário, a hipnose tornou-se mais pro-funda e a sugestão, consequentemente, mais fácil.

Pondera-se mais que os aspectos misteriosos e algo

estranhos do hipnotismo devem impedir sua aplica-ção. Ora, de certo deve ser perfeitamente indiferente aum médico que uma droga tire seu efeito da misterio-sa impressão que ela produz, ou pela sugestão, ou pelainfluência físico-química. A questão é que ela aja, e nãosua maneira de agir.

Page 71: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 71/167

Page 72: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 72/167

 

ERNEST ROTH 

72 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Vejamos agora que distúrbios são particularmentesubmetidos ao tratamento hipnótico e por ele benefici-

ados.Tanto quanto temos podido julgar até agora, as mo-

léstias nervosas não provenientes de anomalias ana-tômicas são os distúrbios mais frequentes influencia-dos pela hipnose. São particularmente sensíveis: doresde cabeça, dores de estômago, dores dos ovários, doresreumáticas e nevrálgicas, insônia, perturbações histéri-

cas, principalmente paralisias das extremidades e afo-nia —  perda da voz; distúrbios da menstruação, so-nambulismo espontâneo, sonhos aflitos, perda de ape-tite, alcoolismo e morfinismo, gagueira, perturbaçõesnervosas da vista, zumbido nos ouvidos, casos pro-longados de coréia19, dança de São Vito20, agorafobia— temor nervoso de atravessar espaços abertos — cãi-

bra dos escritores, etc.A histeria não é facilmente curável, conquanto se

possa obter melhora dos sintomas pelo hipnotismo esugestão, assim como por qualquer outro método. A-cima de tudo, porém, é necessário um cérebro sadiopara a hipnose; quanto mais sadio for, mais rápidosserão os resultados. Em pacientes histéricos muitas

19  CORÉIA: Popularmente conhecida como ―dança-de-são-vito‖. Atu-almente ela é rara em muitos países. Pode ocorrer em crianças e adoles-centes, acompanhando uma infecção na garganta. Os movimentos des-controlados ocorrem devido a um distúrbio temporário do cérebro. Otratamento consiste em ficar de repouso absoluto durante o estágio agu-do e tomar uma série prolongada de antibióticos. [Dicionário de TermosMédicos]. SMJ.

20

 Veja nota anterior. SMJ.

Page 73: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 73/167

 

ERNEST ROTH 

73O HIPNOTISMO NAS MOLÉSTIAS 

vezes o cérebro nunca é normal. Pela mesma razão édifícil tratar pessoas dementes pelo hipnotismo. Toda-

via, conseguiram-se melhoras nas formas mais bran-das de doenças mentais, como melancolia e manias.

Com referência às moléstias orgânicas, oriundas dealterações anatômicas dos órgãos, no que diferem dasdesordens funcionais, temos diante de nós um bomnúmero de observações verídicas, das quais se concluique as consequências das doenças podem ser parcial-

mente removidas pela hipnose. Mesmo que a sugestãonão consiga senão minorar a dor, já se terá asseguradouma acentuada melhora em uma moléstia orgânica;isto tem sucedido frequentemente em casos de reuma-tismo articular.

Entre outras enfermidades acompanhadas de lesãoorgânica, em uma criança de oito anos, um eczema21 

muito doloroso do ouvido tornou-se indolor pela su-gestão pós-hipnótica. Esta criança não podia suportaro mais ligeiro toque. Uma ordem que lhe foi dada emsua primeira hipnose produziu tal efeito, que lhe foipossível, depois, aguentar uma forte pressão naquelelocal.

Quais são as contraindicações do tratamento hipnó-

tico, isto é, que condições proíbem o uso do hipnotis-mo? Os mais destacados hipnotizadores na profissãomédica dizem não conhecerem nenhuma. É possível,entretanto, que quando certos fenômenos produzidos

21 ECZEMA: sm. Dermatose inflamatória, com formação de vesículas e

crostas. [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

Page 74: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 74/167

 

ERNEST ROTH 

74 HIPNOTISMO PRÁTICO 

pela autossugestão não possam ser evitados, o empre-go do hipnotismo seja contraindicado. Todavia, o efei-

to curativo desejado é tão mais importante do que umeventual ataque de histeria, etc., que, em geral, umoperador cuidadoso e esclarecido não deve permitir-sedeter-se ante aquele inconveniente. De qualquer modonão existem mais contraindicações contra este trata-mento do que contra qualquer outro.

A sugestão metódica é a chave do hipnotismo cura-

tivo. Quando o hipnotizado recusa a sugestão, o quealgumas vezes acontece, por grande que seja a impres-são misteriosa, não produzirá nenhum resultado tera-pêutico. Por outro lado, certas pessoas foram influen-ciadas hipnótica e sugestivamente, apesar de não a-creditarem que fossem hipnotizáveis; contudo não o-puseram qualquer resistência, e ao acordarem muito

se espantaram quando souberam que haviam sidohipnotizadas e beneficiadas pela hipnose. Informaçõesfalsas despertaram tanta desconfiança no tratamentohipnótico que em certos casos não se lhe dá créditoalgum. Mas o imenso poder da sugestão hipnótica édemonstrado pelo fato de ser eficaz em um grandenúmero de casos, a despeito da desconfiança; pois a

desconfiança é uma poderosa autossugestão, e esta é omaior adversário da sugestão externa. O sucesso dasugestão hipnótica será tanto maior quanto mais desa-parecer a desconfiança do público em geral, e quandose houver reconhecido que o hipnotismo, propriamen-te usado, é tão inofensivo quanto a eletricidade conve-nientemente aplicada. O hipnotismo e a sugestão so-

Page 75: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 75/167

 

ERNEST ROTH 

75O HIPNOTISMO NAS MOLÉSTIAS 

breviverão a muitos remédios cujos louvores enchemas colunas das revistas de Medicina atualmente.

Tem-se perguntado se o hipnotismo e a sugestãosão de valor real para a arte de curar. Para responder aisto, devemos considerar se um maior número de pa-cientes são curados ou melhorados por este meio doque exclusivamente por tratamento físico e químico. Édifícil decidir. Se supusermos que 50 por cento sãocurados ou melhorados pelo tratamento comum —  o

que de maneira alguma representa a verdade — e que2 por cento são curados ou melhorados pela sugestão,estes algarismos não significariam muito, pois que apercentagem se elevaria apenas de 50 para 52. Mas sesupusermos que pelos métodos ordinários22  somenteum por cento das neuroses funcionais são curadas oumelhoradas — o que é mais próximo da verdade — e

que 2 por cento são curadas ou melhoradas pela suges-tão, isto representaria um grande progresso, visto quea percentagem subiria de 1 para 3, isto é, o número dedoentes eficazmente tratados seria triplicado. E comtais possibilidades não vale a pena dar ao hipnotismouma oportunidade de eliminar ou aliviar a moléstia?

Na maioria dos casos são necessárias experiências

preparatórias. As primeiras tentativas devem ser pro-longadas apenas por alguns minutos. Se forem malsucedidas, é necessário aplicar métodos mais fortes,especialmente a atenção fixa. Como uma dor violenta

22  ORDINÁRIO: adj. 1.  Que está na ordem usual das coisas; habitual,comum. 2.  Regular, frequente.  [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81].

SMJ.

Page 76: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 76/167

 

ERNEST ROTH 

76 HIPNOTISMO PRÁTICO 

muitas vezes impede a hipnose, é melhor escolher ummomento em que o doente não a esteja sentindo para

se proceder à primeira tentativa. Assim a hipnose seráproduzida também mais tarde, mesmo no meio deviolenta dor. É geralmente necessária a sugestão oca-sionalmente, mesmo depois de obtidas melhoras ou acura, para impedir a volta dos sintomas.

O hipnotismo não dará necessariamente resultadosimediatos. Se a hipnose for profunda, pode-se conse-

guir um efeito muito rapidamente; em outros casossão precisos método e paciência, devendo ser tomadoem consideração o tempo que a enfermidade já durou.Quanto mais a ideia de dor estiver arraigada, tantomais difícil será vencê-la. Nesse caso uma forte autos-sugestão tem que ser substituída e conquistada poruma sugestão externa mais forte.

O hipnotismo não deve ser considerado como umaespécie de última esperança no tratamento das molés-tias. É dever de todo aquele que crê ser o hipnotismoinofensivo quando bem aplicado, usá-lo quando julgarque pode ser útil e antes que seja tarde demais. Muitosmales se tornam incuráveis apenas porque não sãoprontamente tratados a princípio.

Naturalmente, é preciso tomar cuidado ao se exa-minarem as características peculiares de cada paciente.Os indivíduos não são mais semelhantes mentalmentedo que o são fisicamente, e suas diferenças mentais sãomesmo maiores do que as corporais. Portanto é sim-plesmente natural que os operadores que têm conhe-cimentos psicológicos sejam bem sucedidos, enquanto

Page 77: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 77/167

 

ERNEST ROTH 

77O HIPNOTISMO NAS MOLÉSTIAS 

outros que seguem regras fixas e inflexíveis fracassam.As investigações de muitos autores mostram quais os

resultados que podem ser obtidos por um hábil uso dasugestão, pois que tiveram êxito em muitos casos pou-co animadores. É incompreensível que algumas pesso-as neguem o valor terapêutico do hipnotismo sim-plesmente porque suas poucas experiências própriasfalharam. O mesmo acontece com todos os instrumen-tos; um operador prático consegue êxito onde um sem

prática fracassa. Desse modo um hipnotizador expe-rimentado e consciencioso eliminará sofrimentos pelasugestão, enquanto um inábil pode produzi-los porfalta de experiência. É certo que as pessoas que sãosugestionáveis e fáceis de serem hipnotizadas podemser influenciadas por qualquer um. Mas em casos maisdifíceis, um médico que tenha experiência e conheci-

mento psicológico obterá êxito onde outros nada con-seguirão. Certamente, não é necessário deixar de usaroutros meios, enquanto estiver sendo empregado ohipnotismo; ao contrário, em cada caso as indicaçõesdevem ser seguidas. A sugestão não suplanta outrosmétodos de curar, mas completa-os.

Como é natural, tudo que possa tornar ineficaz a

sugestão, precisa ser evitado; e, antes de tudo, o medoda hipnose. Não há dúvida que isto pode causar maisdanos e produzir efeitos mais desfavoráveis do que aprópria hipnose. Por conseguinte, é aconselhável nãoempregá-la quando o paciente estiver excitado e ate-morizado por isso; de fato qualquer espécie de super-excitação pode tornar ineficaz a sugestão.

Page 78: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 78/167

 

ERNEST ROTH 

78 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Torna-se agora evidente que o estudo do hipnotis-mo aumentará muito nosso ponto de vista sob vários

aspectos; seremos capazes de solucionar muitos enig-mas que nos têm intrigado. Como se tem provado queaté mesmo alterações orgânicas podem ser causadaspor sugestão, seremos obrigados a atribuir uma im-portância muito maior às influências mentais do queaté agora atribuímos. Dessa forma as moléstias geral-mente chamadas imaginárias, mas que realmente não

o são, tornar-se-ão curáveis. Ambientes impróprioscausam ou aumentam muitas doenças. Poucas são aspessoas que não se impressionam quando de todos oslados lhes dizem que parecem estar muito doentes, emuitas têm sofrido tanto por este processo mental cu-mulativo como se tivessem sido envenenadas. Assimcomo a sugestão pode afastar a dor, também pode cri-

á-la e fortalecê-la. Pouco consolo é chamar tais doresde imaginárias, pois mesmo que sejam ―apenas imagi-nárias‖ perturbam tanto o paciente como se fosse real.

Na realidade, esta expressão ―dor imaginária‖, queé usada por médicos e também por leigos, é cientifi-camente falsa. Um autor comparou muito bem ―doresimaginárias‖  com alucinações. Ora, podemos dizer

que o objeto da alucinação seja imaginário, mas é falsodizer-se que a percepção seja imaginária; esta perma-nece a mesma, quer seja o objeto imaginário ou não.Assim se passa quando a dor é sentida, seja o médicocapaz ou não de descobrir sua causa física. Podemosdar a tal dor, sem sintomas objetivos, o nome que nosaprouver, mas podemos estar certos de que ela é uma

Page 79: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 79/167

 

ERNEST ROTH 

79O HIPNOTISMO NAS MOLÉSTIAS 

consequência necessária de algum distúrbio positivo.Certas ideias subjetivas causam tanta dor quanto um

espinho penetrante. Eliminá-las é tanto o dever de ummédico, quanto o de tirar um espinho do pé.

Page 80: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 80/167

 

ERNEST ROTH 

80 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 81: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 81/167

 

ERNEST ROTH 

81USOS DO HIPNOTISMO 

USOS DO HIPNOTISMO 

E  todas as circunstâncias relacionadas com osono hipnótico nada marca tão fortemente a

diferença entre esse e o sono natural quanto o maravi-lhoso poder que aquele apresenta de curar tantas mo-léstias de longa duração, que resistiram ao sono natu-

ral e a todos os recursos conhecidos durante anos.Surdos-mudos de nascença, de idades que variavamaté trinta e dois anos, estiveram privados da faculdadede ouvir até serem hipnotizados, entretanto lhes foipossível ouvir, quando mantidos em estado hipnóticopor tempo correspondente a oito, dez ou doze meses, esua audição melhorou ainda mais pela repetição do

mesmo tratamento. Suponho, pois, que esses pacientestenham passado dormindo seis horas em cada vinte equatro, muitos deles tiveram cinco, seis ou oito anosde sono contínuo e, contudo, despertavam como ti-nham se deitado, isto é, incapazes de ouvir. Apesardisso, alguma percepção de som lhes foi comunicadapor alguns poucos minutos de hipnotismo. Será possí-

vel exigir-se ou apresentar-se uma prova mais forte doque esta, de que o hipnotismo é muito diferente dosono comum? Uma senhora de cinquenta e quatro a-nos de idade estivera sofrendo, durante dezesseis a-nos, de amaurose ( ). Quando visitou Braid mal podia

( ) Perda parcial ou total da vista, sem lesão ou outra causa fisiológica iden-

tificada. (N. do T.).

D

Page 82: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 82/167

 

ERNEST ROTH 

82 HIPNOTISMO PRÁTICO 

ler duas palavras das de maior tipo em um cabeçalhode jornal. Após somente oito minutos de sono hipnóti-

co, todavia, pôde ler outras palavras e em três minutosmais todos os tipos menores, e na mesma tarde, comauxílio de seus óculos, ela leu o Salmo 118, 29 versosem tipo miúdo, em sua Bíblia Poliglota, que durantemuitos anos fora um livro interditado para ela. Houvetambém uma melhora muito acentuada em seu estadode saúde geral, desde que foi hipnotizada. Há alguém

que possa deixar de ver neste caso algo diferente dosono comum? Sentimo-nos seguros, pela experiênciapessoal e pelo testemunho de amigos profissionais, emcujo critério e imparcialidade podemos implicitamenteconfiar, de que adquirimos assim um importante agen-te terapêutico para certa classe de moléstias. Acredita-se que pode prestar grande benefício, se judiciosamen-

te aplicado. As doenças manifestam condições patoló-gicas totalmente diferentes, de acordo com as quaisdeve o tratamento variar. Não temos, portanto, ne-nhum direito de esperar encontrar um remédio uni-versal neste ou em qualquer outro método de trata-mento.

Laurent cita casos de pessoas que deixaram o fumo,

não por uma ordem dada diretamente, mas sugerindo-se que o cheiro do fumo é muito desagradável, queeste as envenenava lenta e seguramente, e que se opaciente não deixasse de usá-lo morreria. O resultadoé geralmente eficaz.

No tratamento de pacientes com o objetivo de fazê-los deixar o hábito do tabaco descobriu-se ser um exce-

Page 83: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 83/167

 

ERNEST ROTH 

83USOS DO HIPNOTISMO 

lente sistema, quando em estado sonambúlico, fazer vol-tar o indivíduo hipnótico aos primeiros períodos de sua

vida, ao tempo em que este hábito lhe era ainda des-conhecido, dizendo-se que nunca mais deverá nova-mente tocar no fumo, que não deverá fumar nem mas-car tabaco, ou fazer qualquer dessas coisas que ele nãofazia quando era menino. Pode-se sugerir-lhe que otabaco é nocivo em alto grau; que se o usar nunca sesentirá bem. Se pudermos conseguir que o paciente

prometa que nunca mais o usará, ele assim o fará. Aspromessas feitas em estado hipnótico raramente sãoquebradas. Muitas vezes é difícil conseguir que o indi-víduo prometa alguma coisa, mas quando se tem êxi-to, a cura é garantida.

Em muitos casos é necessário hipnotizar o pacientemuitas vezes antes que ele fique realmente curado do

hábito do tabaco. O sucesso muitas vezes depende dopróprio desejo do indivíduo. Se este estiver determi-nado a fumar quando se achar em seu estado normal,é quase impossível curá-lo pelo tratamento hipnótico.Por outro lado, se ele deseja ser curado e tem fé na o-peração, a cura é certa.

A imaginação é um fator potente na formação como

na cura de muitas práticas condenáveis. Citam-se al-guns de sofrimentos muito sérios em consequência dorepentino abandono do tabaco, mas, se o paciente forhipnotizado outra vez, pela sugestão, o sofrimentopode ser e quase sempre é aliviado, senão curado. Ooperador deverá estar firme, quando o paciente estiverno estado sonambúlico, e repetir duas ou três vezes:

Page 84: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 84/167

 

ERNEST ROTH 

84 HIPNOTISMO PRÁTICO 

―Certamente estareis livre de dor quando acordardes.Não precisareis fumar; o cheiro do fumo vos fará do-

ente outra vez; não gostais de fumo; é muito desagra-dável; estareis bem quando despertardes e não ficareisde novo doente pela falta de fumo; só ficareis doentese o usardes‖. É bom fitar firmemente o indivíduo en-quanto se fala, e, ou segurar sua mão na nossa, ou co-locar a mão em sua cabeça. Raramente é preciso terque hipnotizar um paciente mais de duas ou três vezes

para curá-lo do hábito de fumar.O hipnotismo parece prometer muito aos que so-

frem de hábitos condenáveis. Oedmann diz ter conse-guido bons resultados com a sugestão, na cura do al-coolismo. O sonambulismo sugestivo tem curadoquando todos os outros remédios conhecidos já falha-ram.

Em casos de embriaguez, a cura depende muito daduração de cada ―bebedeira‖ e do número de anos queo hábito está radicado na mente ou no cérebro do pa-ciente, assim como na condição física deste na ocasiãoem que se tentar o sono hipnótico. Quanto melhor es-tiver a saúde, mais rápida será a cura na maioria doscasos.

O hipnotismo não produz, necessariamente, resul-tados imediatos. Se a hipnose for profunda e resultarem estado sonambúlico, bons efeitos podem ser obti-dos muito prontamente; em outros casos são precisospaciência e método, devendo ser todas as dificuldadestomadas em consideração. Quanto mais a ideia de be-ber estiver arraigada, mais difícil é vencê-la. O Dr. Lié-

Page 85: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 85/167

 

ERNEST ROTH 

85USOS DO HIPNOTISMO 

bault e o Dr. Liegeoir foram somente capazes de curarum paciente, depois de sessenta sessões de hipnotis-

mo, cada uma das quais durava mais de meia hora.Por que o hipnotismo deva ser medido por um padrãodiferente do de outros métodos de tratamento é inex-plicável. Um médico muitas vezes se satisfaz em obterum resultado depois de semanas ou meses de trata-mento eletroterapêutico, e quantas vezes, depois demeses de perseverança, esse resultado não aparece?

Por que, então, devemos esperar que a terapêutica su-gestiva tenha êxito em um dia? Muitas vezes é neces-sária a paciência tanto de parte do médico quanto dodoente, em todos os tratamentos.

Muitos autores, especialmente Kroepelin, têm nosúltimos anos advogado o emprego da hipnose no al-coolismo. Corval diz que no alcoolismo qualquer mau

efeito resultante da abstinência pode ser evitado, sim-plesmente sugerindo-se que todo desejo e gosto pelabebida desaparecerão. Quando o operador se dirigirao paciente deve estar certo de falar firmemente, e dizermais ou menos isto: ―Prestai-me muita atenção. Lem-brai-vos, quando acordardes, que não bebereis nemprovareis qualquer vinho ou bebida, durante três dias

e três noites — lembrai-vos — e depois voltai‖. A su-gestão pós-hipnótica é um maravilhoso auxílio em taiscasos, e após duas ou três hipnoses se pode dizer aopaciente para não voltar durante três semanas, depoistrês meses, e finalmente para não vir nunca mais.

Berillon, Tanzistrand e outros são favoráveis a estemétodo gradual de curar. Berillon e Jennings susten-

Page 86: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 86/167

 

ERNEST ROTH 

86 HIPNOTISMO PRÁTICO 

tam que a autossugestão é um grande fator que difi-culta o tratamento tanto do alcoolismo quanto do mor-

finismo. O paciente é levado a desistir do tratamentopela autossugestão de que ele não pode passar sembeber ou tomar morfina. O caso seguinte é muito inte-ressante.

O paciente era um mecânico, fisicamente bem de-senvolvido, de quarenta e três anos de idade, casado, e

tinha três filhos sadios. Não se achava nele nenhumamoléstia orgânica. Cada três meses, regularmente, to-mava uma bebedeira que durava duas semanas. Expli-cava ele que não sentia nenhum desejo físico por bebi-das, mas tinha um impulso mental para beber que setornava uma ideia fixa, à qual lhe era impossível resistir.Ficava possuído desta ideia geralmente cerca de quatro

dias antes de ceder ao seu impulso. Puseram-no em es-tado sonambúlico e disseram-lhe de modo positivo quea ideia se desvaneceria. Mas não se desvaneceu. Na noi-te seguinte em que fora hipnotizado ele disse sentir queo impulso estava aumentando e que temia ter que ceder-lhe. Hipnotizado novamente, caiu em profundíssimo so-no. De maneira firme e severa disseram-lhe que lem-

 brasse que era um homem, com uma vontade firme, eque devia resistir ao desejo. Que não devia beber! Que ouísque o tornaria doente e que quando despertasse, a

 primeira coisa que deveria fazer era passar seis vezes, para baixo e para cima, diante de um botequim e não en-trar! E que pensar no uísque lhe faria mal! Logo que a-cordou do sono hipnótico, fez o que lhe fora dito. Foi

Page 87: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 87/167

 

ERNEST ROTH 

87USOS DO HIPNOTISMO 

vigiado por seu irmão, e não bebeu. No dia seguinte odesejo por bebida havia desaparecido completamente.

 No fim dos três meses seguintes ele confessou que a i-deia o perseguia novamente, mas não tanto quanto an-tes. Uma sessão hipnótica foi suficiente para dissipá-la.Ao cabo de mais nove meses, ele informou que tinhatomado um copo de uísque com um amigo e que a anti-ga ideia retornara. Foi hipnotizado, e desde então, emum período de três anos, não teve mais desejo de beber.

É sempre conveniente, quando se fazem sugestões aindivíduos em estado de sonambulismo, em assuntosimportantes, como deixar de beber, de fumar, etc., co-locarmos as mãos no dorso das suas e fitá-los firme-mente, enquanto damos as ordens ou fazemos suges-tões. É sempre necessário haver um sono para que se

manifeste uma ação rápida; uma simples inércia é su-ficiente em certos casos; mas raramente podem a mo-léstia ou o hábito serem minorados, a menos que opaciente se torne sonambúlico, sem se lembrar de coisaalguma ao despertar, salvo o que lhe dissermos paralembrar. Ele se tornará altamente sugestionável. Porexemplo, um homem vem a ser curado de morfino-

mania. O paciente é posto a dormir por meio de sugestão,isto é, fazendo-se a ideia de sono em sua mente. É tra-tado por meio de sugestão, isto é, fazendo-se a ideia decura penetrar em seu cérebro e ali ficar. Afirmai numtom de voz firme e baixo: ―Estais dormindo e deveisdormir profundamente; deveis  pensar bem  no que eudisser. Quando despertardes, haveis de lembrar-vos

Page 88: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 88/167

 

ERNEST ROTH 

88 HIPNOTISMO PRÁTICO 

de tudo que eu disser. Lembrar-vos-eis?‖ Afinal o pa-ciente pode  prometer . Se o fizer, teremos conseguido

muito no sentido de curá-lo. Se ele não falar, coloca-mos a mão em sua testa e continuamos: ―Quando a-cordardes, não precisareis de morfina; não gostareisdela, ela vos fará doente‖. Fechamos suas pálpebras,em silêncio, por alguns instantes, depois, em poucomais que um sussurro continuamos: ―Lembrai-vos detudo quanto digo quando acordardes. Não precisareis

de nenhum ópio, de modo algum; não sentireis dor. Odesejo não voltará mais‖. No intuito de aumentar aforça da sugestão, corporificando-a, por assim dizer,num sentido material, conforme o exemplo do Dr. Lié-bault, sugerimos uma sensação de calor no lugar doen-te. Mais ou menos em vinte minutos, acorda-se o paci-ente. Em alguns casos o paciente é hipnotizado duas

vezes, em outros, são necessárias muitas vezes antesque o desejo desapareça inteiramente.

É no sonambulismo que a sugestão atinge sua máxima e- ficiência, e as curas são muitas vezes instantâneas, che-gando a parecer miraculosas. Certos indivíduos resis-tem a muitas tentativas de hipnotizá-los; apenas caemem sonolência; o efeito obtido é ligeiro ou duvidoso.

Perseverando-se por algum tempo, vários dias oumesmo várias semanas, com hipnotizações de poucoresultado, algumas pessoas podem, afinal, ser postasem sono mais profundo, e então a ação terapêutica dasugestão pode ser rápida e duradoura.

 A forma de sugestão deve também ser variada e adap-tada à sugestibilidade especial do paciente. Uma sim-

Page 89: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 89/167

 

ERNEST ROTH 

89USOS DO HIPNOTISMO 

ples palavra nem sempre basta para incutir a ideia namente. Algumas vezes é necessário raciocinar, provar,

convencer e, em certos casos, afirmar decididamente;em outros, insinuar brandamente, pois, no estado dehipnose, como no de vigília, a individualidade moralde cada pessoa persiste de acordo com seu caráter, suainclinação, sua impressionabilidade, etc. O hipnotismonão plasma23  todos os indivíduos em um molde uni-forme, nem faz deles autômatos puros e simples, mo-

vidos somente pela vontade do operador. O hipnotis-mo aumenta a docilidade cerebral, faz a atividade au-tomática preponderar sobre a vontade. Esta, porém,persiste num certo grau, o indivíduo pensa, raciocina,discute, aceita mais prontamente do que no estado devigília, mas nem sempre aceita, especialmente nosgraus mais leves do sono. Nestes casos precisamos

conhecer o caráter do paciente, sua condição psíquicaparticular, para que possamos produzir nele uma im-pressão.

Muitas pessoas têm medo do hipnotismo, mas semrazão. Mesmo que a hipnose possa não ser absoluta-mente segura, contudo, não é de nenhum modo peri-gosa. Os perigos do hipnotismo são algo exagerados.

Nas mãos de um operador completo, seja médico ounão, não há mal. De fato, com o hipnotismo, ninguémpoderia causar mal a um paciente, como o faria com

23 PLASMAR: v.t.d. 1. Modelar em gesso, em barro, etc. 2. Dar forma a;modelar. (Plasma é o verbo PLASMAR no Presente do Indicativo: ―ele plas-

ma‖). [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

Page 90: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 90/167

 

ERNEST ROTH 

90 HIPNOTISMO PRÁTICO 

drogas. Muito mais conhecimento é preciso para ma-nejar a Medicina do que para manejar o hipnotismo.

Nunca se pergunta se um remédio não será perigo-so. Somente perguntamos se não podemos evitar operigo, usando-o cuidadosamente e cientificamente. Amelhor asserção que se possa fazer a respeito de umremédio ou de um método de cura, é que ele possatambém causar dano, pois o que nunca pode fazer ummal positivo nunca poderá também fazer um bem po-

sitivo. Esta asserção é até certo ponto justificável, con-quanto talvez exagerada, visto existirem na Medicinapoucos remédios que sejam inócuos se forem empre-gados sem cuidado e ignorantemente. Há até mesmomedicamentos que podem ser nocivos, embora caute-losamente usados, porque não sabemos exatamentesob que condições eles se tornam prejudiciais. Não

precisamos falar da morfina, da estricnina, que às ve-zes fazem mal, mesmo quando não ultrapassada a do-se máxima, nem das mortes pelo clorofórmio, cuja ra-zão não foi explicada. Thiem e P. Fischer, com louvá-vel franqueza científica, muito recentemente publica-ram um caso de pós-efeito fatal do clorofórmio: a mor-te verificou-se no quarto dia. Esses autores dizem que

há pelo menos uma morte em cada mil aplicações declorofórmio. Nem precisamos falar do perigo das ope-rações cirúrgicas. Queremos apenas mostrar que ummedicamento aparentemente inofensivo pode, muitoprovavelmente, ter produzido mais dano do que ohipnotismo. Muitas mortes resultaram do uso do clore-to de potássio. Sério colapso foi observado após o uso de

Page 91: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 91/167

 

ERNEST ROTH 

91USOS DO HIPNOTISMO 

antipirina — sulfonal — que se supõe ser uma drogahipnótica perfeitamente inofensiva. Tristes consequên-

cias resultam às vezes de seu emprego, e há pacientesque não podem tomá-la pelo receio de que esta ―ino-fensiva‖ droga possa produzir grande mal. O mesmoaconteceu com o tratamento de Mendel, por suspen-são, que em alguns anos se tornou quase moda, e doqual alguns entusiastas esperavam realmente a curada ataxia locomotora. Agora é certo que pode causar

grande dano, ou mesmo a morte. Muitas informaçõespublicadas mostram que mesmo a presença de ummédico não impede más consequências. Billroth apon-tou os grandes perigos do ácido carbólico — ácido fê-nico — que é frequentemente usado. Se desistirmos douso destes remédios, podemos desistir completamenteda Medicina, pois tudo que se emprega pode fazer

mal.O que acabamos de dizer é a favor do hipnotismo.

O futuro decidirá o seu destino, mas quase todos oshomens que pintam o mal ou os perigos do hipnotis-mo —  Gilles de La Tourette,  Ewald, Mendel, Rieger,Binswagor —  e são em geral contra ele, de modo al-gum deixam de empregar o sono hipnótico. Assim

fazendo, admitem que não seja o hipnotismo em si,mas seu mau uso é que é prejudicial.

Page 92: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 92/167

 

ERNEST ROTH 

92 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 93: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 93/167

 

ERNEST ROTH 

93ILUSÕES E ALUCINAÇÕES 

ILUSÕES E ALUCINAÇÕES 

EPOIS que o paciente é posto a dormir muitascoisas se podem fazer com ele. O hipnotismo,

com o qual quase todos nós estamos familiarizados, éo da espécie apresentada pelo experimentador ambu-lante, que vem ao palco com alguns indivíduos e de-

pois de fazê-los dormir, sugere toda a sorte de coisasinverossímeis, para que os outros vejam, e pede-lhesque pratiquem atos que eles recusariam fazer em esta-do normal. Consideremos esta fase do hipnotismo evejamos como essas ilusões e alucinações são produzi-das.

Talvez sejam necessárias algumas palavras em ex-

plicação do significado dos termos ilusão e alucinação.Por ilusão os psicólogos querem significar a interpre-tação falsa de uma percepção. Por exemplo, o indiví-duo olha um objeto e por alguma razão crê que esseobjeto seja alguma outra coisa. Pode estar olhando umtabuleiro de xadrez feito à imitação, e diz: ―Isto é umlivro‖. A razão de seu engano é que ele tem visto mais

livros parecidos com aquele objeto do que tabuleirosde xadrez. Ou sua mente pode estar tão ocupada comuma ideia a ponto de pensar que o objeto que vê é acoisa em que ele está pensando. Uma ilusão, portanto,é uma falsa percepção. Por alucinação queremos dizer:ver, ouvir ou sentir um objeto que não está presente.Na ilusão o objeto está presente e é mal interpretado;

D

Page 94: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 94/167

 

ERNEST ROTH 

94 HIPNOTISMO PRÁTICO 

na alucinação o objeto não está presente, mas pensa-mos que está.

É mais fácil criar uma ilusão do que uma alucina-ção, isto é, é mais fácil dar a uma pessoa uma bengalaou um guarda-chuva e dizer-lhe que é uma vara depescar, fazendo-a crer nisso, do que convencê-la deque ela segura uma vara de pescar quando realmentenada existe.

Ilusão do sentido é a definição para a alucinação,

quando usada com referência ao hipnotismo. É a per-cepção de um objeto quando em realidade nada existe.

Observamos numerosas alucinações na hipnose. Asalucinações da vista são causadas mais facilmentequando os olhos estão fechados, os pacientes veementão objetos e pessoas com os olhos fechados, comoem sonhos. Ao mesmo tempo pensam que seus olhos

estão abertos, exatamente como sabemos em sonhosque nossos olhos estão fechados.

Se quisermos produzir uma ilusão no sentido davista no momento de abrir os olhos, é necessário fa-zermos a sugestão rapidamente, do contrário o ato deabrir os olhos acordaria o paciente. O uso da atençãofixa é aconselhável enquanto a sugestão está sendo

feita, de modo que o paciente não possa despertar o-lhando ao seu redor. Os demais órgãos dos sentidospodem também ser iludidos. Batemos em uma mesa esugerimos a ideia de que um canhão está disparando.

Page 95: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 95/167

 

ERNEST ROTH 

95ILUSÕES E ALUCINAÇÕES 

Sopramos com o fole24 e fazemos a sugestão do resfo-legar de uma locomotiva. A alucinação de ouvir algu-

ma coisa, por exemplo, um piano, é produzida sem oauxílio de qualquer estímulo externo. Do mesmo mo-do podem ser enganados os sentidos do olfato, do gos-to e do tato. Sabe-se bem que os hipnotizados beberãoágua, ou mesmo tinta, pensando que é vinho, comerãocebolas por peras, cheirarão amônia pensando ser á-gua-de-colônia. Nesses casos, a expressão do rosto

produzida pela percepção sugerida corresponde tãoperfeitamente a ela que um efeito melhor seria dificil-mente conseguido, se fosse empregada a verdadeirasubstância. Digamos ao paciente que ele tomou rapé25 e ele espirrará. Todas as variedades do sentido do tato,da pressão, da temperatura, de dor, podem ser influ-enciadas. Digamos a uma pessoa que ela está de pé

sobre o gelo, ela sentirá frio imediatamente; tremerá,baterá os dentes e se envolverá em seu casaco. Parece-ria que os sentidos do tato e do gosto são influenciadoscom mais facilidade e frequência. Por exemplo, a su-gestão de um sabor amargo produz efeito muito maisdepressa do que a sugestão de uma ilusão da vista oudo ouvido. É verdade que muitas vezes os indivíduos

se julgam responsáveis pela ilusão; sentem o amargo,mas dizem ao mesmo tempo que deve ser uma sensa-

 24 FOLE: sm. Utensílio que produz vento, para ativar combustão, lim-

par cavidades, etc. [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.25 RAPÉ: sm. Tabaco em pó para cheirar. [Miniaurélio Eletrônico ver-

são 5.12.81]. SMJ.

Page 96: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 96/167

 

ERNEST ROTH 

96 HIPNOTISMO PRÁTICO 

ção subjetiva, visto não terem nada de amargo em suasbocas.

As ilusões dos sentidos podem ser sugeridas dequalquer modo. Podemos dizer ao paciente que ele vêum pássaro. Podemos sugerir a mesma coisa por umgesto, por exemplo, fingindo segurar um pássaro namão, principalmente depois que ele recebeu algumtreino hipnótico. O ponto principal é que o pacientecompreenda o que se pretende significar pelo gesto.

Naturalmente, diversos órgãos dos sentidos podemser influenciados pela sugestão ao mesmo tempo. Di-gamos a alguém, ―eis aqui uma rosa‖; a pessoa não sóvê, como cheira e sente a rosa. Finjamos dar a algumapessoa uma dúzia de ostras; ela as come logo, semmais sugestões. No caso, a sugestão afeta a vista, asensação e o paladar, simultaneamente. Muitas vezes

uma sugestão influencia o sentido muscular de manei-ra notável. Simulemos entregar ao paciente um copode vinho para que ele beba. Veremos que ele levará osuposto copo aos lábios, deixando um espaço entre amão e a boca, como se de fato segurasse um copo exis-tente. Não é necessário definir a ilusão para cada sen-tido em separado, o indivíduo faz isso por si próprio,

espontaneamente. Desse modo ele completa a maioriadas sugestões por um processo semelhante à sugestãoindireta.

Toda a sorte de impressões alucinatórias podem serproduzidas sobre o sentido do ouvido, do mesmo mo-do que sobre o sentido da vista e do paladar. A audi-ção do paciente pode-se tornar anormalmente aguda,

Page 97: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 97/167

 

ERNEST ROTH 

97ILUSÕES E ALUCINAÇÕES 

ou ele pode ser levado a ouvir coisas que não existem.Este estado característico subconsciente, quando não

sofre interferência de sugestão, torna o sentido da au-dição não só peculiarmente, mas, também, patologi-camente agudo.

Um indivíduo hipnotizado é muito mais sensível àmúsica. Esta tem para ele um significado mais profun-do do que para a mente normal. Em verdade existeainda inexplorado um vasto campo para experiência

nesse sentido. O efeito peculiar da música sobre oshipnotizados ainda não está explicado.

O fato de poder a música produzir efeitos notáveisem pessoas hipnotizadas dá à consciência subjetivauma importância psicológica que ela jamais teve antes,e indubitavelmente o futuro provará que este campo érico em tesouros ainda não descobertos.

Muitas sensações, muitas lembranças vagas e es-quecidas serão trazidas das profundezas e dos reces-sos deste maravilhoso país dos sonhos, serão estuda-das e enriquecerão o frio pensamento como gemas bri-lhantes e poéticas.

As alucinações e ilusões do paladar e do olfato po-dem também ser produzidas por sugestões, mas não

encerram nenhum interesse especial. A faculdade defalar pode ser inteiramente abolida ou parcialmenteinibida, e certas palavras serão esquecidas, à uma or-dem dada, enquanto perdurar o estado hipnótico.

Também podem ser esquecidas a lembrança de umapágina impressa ou de certas letras.

Page 98: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 98/167

 

ERNEST ROTH 

98 HIPNOTISMO PRÁTICO 

As alucinações podem agir sobre os cinco sentidosdo corpo, assim como sobre as emoções, quando um

paciente está hipnotizado.

Page 99: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 99/167

 

ERNEST ROTH 

99AUTOSSUGESTÃO 

AUTOSSUGESTÃO 

ALVEZ a melhor definição de autossugestão ouauto-hipnose  seja a de que o EU  predomina

sobre tudo o mais. Nenhuma sugestão pode livrar in-teiramente o corpo do EU predominante, nem tirar docérebro as ideias que nele persistem, a não ser sob a

influência da hipnose. Por conseguinte, em quase to-dos os casos em que a hipnose falha em dar pelo me-nos alívio, o mal é causado pelas autossugestões, comoveremos pelo que se segue, citado pelas mais famosasautoridades do mundo, neste assunto.

A autossugestão é agora reconhecida como um fatorem hipnotismo por todos os seguidores da escola de

Nancy. O professor Bernheim menciona-a como umobstáculo no caminho da cura de alguns de seus doen-tes. Um dos casos citados foi o de uma jovem que so-fria de um destroncamento tíbio-társico. O operadortentou hipnotizá-la, ela, porém, desistiu com desagra-do, dizendo que isto nada adiantaria. Contudo, conse-guiu fazê-la cair em sono bastante profundo duas ou

três vezes. Mas a contração dolorosa persistia; a jovemparecia sentir um prazer perverso em provar aos de-mais pacientes da clínica que o tratamento não surtiaefeito, que ela se sentia sempre pior . A ideia arraigada, aautossugestão inconsciente  era tal que nada poderia ar-rancá-la. Quando o tratamento foi iniciado, ela pareciaestar convencida de que o hipnotismo não poderia

curá-la. Estava esta ideia, tão profundamente arraiga-

T

Page 100: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 100/167

Page 101: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 101/167

Page 102: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 102/167

 

ERNEST ROTH 

102 HIPNOTISMO PRÁTICO 

externa, como uma pancada no braço, por intermédiode um ato mental consciente, diversas vezes produziu

a autossugestão, poderá repetir-se mecanicamentemais tarde, com todos os golpes, sem qualquer pen-samento consciente que se relacione com os efeitosdesses golpes.

É possível a uma pessoa produzir o estado hipnóti-co em si próprio, pelo exercício das mesmas faculda-des que o produzem, quando originado da sugestão

de outrem.Alguns indivíduos costumam cair em transe pro-

fundo e assim ficam por um período de tempo queregula de cinco minutos até duas horas, se olharempara um objeto brilhante, ou um monte de brasas, oupara água corrente límpida. Eles têm a faculdade deresistir a este estado ou de produzi-lo à vontade. Es-

tamos inteiramente seguros de que este poder de auto-hipnotismo é exercido por quase todas as pessoas. E-xistirá alguém que ao olhar uma miniatura não vejarefletida num diminuto rosto a fisionomia radiosa deum ente querido em tamanho natural? Na realidade, épossível que alguns estados de sono, que são geral-mente considerados patológicos, pertençam à auto-

hipnose.

Page 103: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 103/167

 

ERNEST ROTH 

103SUGESTÃO HIPNÓTICA 

SUGESTÃO HIPNÓTICA 

SUGESTÃO  —  que ainda não definimos demodo claro e absoluto — é a imposição tem-

porária da vontade de uma pessoa no cérebro de ou-trem por um processo puramente mental. O criado,executando uma ordem, está agindo sob sugestão; ele

obedece ao desejo de ganhar seu salário. O namorado,acedendo28  aos desejos de sua amada, submete-se auma vontade estranha à sua própria. O professor, en-sinando e repetindo todos os dias os mesmos preceitosaos seus alunos, impõe-lhes suas opiniões. O pai quecensura o filho por algum erro, esforça-se por inculcarseus próprios princípios para obter melhor conduta; a

mãe que acaricia o filho, tenta, por meio de suas carí-cias, conseguir o mesmo resultado; a esposa, que porsua doçura e por seus inúmeros meios de persuasãodirige o marido, impõe-lhe sua vontade. O orador, quecativa o auditório, age do mesmo modo. Tudo nestemundo, portanto, não é senão sugestão; pelo menos,na antiga acepção da palavra. Nenhum sono é necessá-

rio para esta espécie de sugestão, e sob este ponto devista podemos concordar com Liébault, Bernheim e aescola de Nancy.

Mas externamente, agentes físicos também produ-zem efeitos sugestivos sobre nós; dessa forma um li-

 28 ACEDER: v.t.d. 1. Concordar; assentir, aquiescer. Verbo intransitivo. 2. 

Aquiescer em algo. [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

A

Page 104: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 104/167

 

ERNEST ROTH 

104 HIPNOTISMO PRÁTICO 

vro, a vista de um acidente, ou de algum incidentecômico, uma explosão de aplausos ou os acordes de

uma música, enchem-nos de sensações de alegria oude melancolia.

Certos círculos dão o tom do que se considera talen-toso e indicam o que é bom em literatura ou em arte.Uma mulher bela lança uma moda que será seguida,se ela souber exibi-la. As roupas e a escolha de mobí-lias e de flores estão mesmo sujeitas a leis que não sa-

bemos como são feitas. Aqui achamos o mesmo incen-tivo latente29, cegamente seguido, iniciado por umavontade autoritária que arbitrariamente dita seus de-cretos, e é obedecida por todos os que nasceram paraserem seus humildes servos. Um homem superior érealmente um hipnotizador social, destinado a tornar-se o chefe de um grupo de sectários30, a quem ele dá a

palavra de ordem, ou o líder de assembleias que elefascina por sua eloquência. E todos esses seres incons-cientemente fascinados o aclamam, vivem por suaspalavras e encontram satisfação em serem assim con-duzidos.

É certo que nós somos naturalmente inclinados aobedecer; a luta e a resistência são as características de

alguns indivíduos raros; mas entre o admitir isto e di-

 29 LATENTE: adj.2g. 1. Não manifesto; oculto. 2. Dissimulado, disfarça-

do. [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.30 SECTÁRIO: adj. 1. Relativo ou pertencente a seita. 2.  fig. Que revela

parcialidade, intolerância, intransigência. sm. 3. Indivíduo sectário (1 e 2).4.  Partidário ferrenho de doutrina religiosa, política, etc.  [Miniaurélio

Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

Page 105: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 105/167

 

ERNEST ROTH 

105SUGESTÃO HIPNÓTICA 

zer que somos condenados a obedecer  — mesmo o maisinsignificante dentre nós — há um abismo. Mesmo no

estado hipnótico, que, em certos indivíduos parecequase abolir a capacidade de resistência ao poder davontade dos outros, a sugestão não é todo poderosa;ela tem suas limitações positivas, e podemos dar gra-ças aos céus por isto.

Se exagerarmos o significado de uma palavra, po-demos fazê-la exprimir qualquer coisa que desejemos,

destruindo completamente dessa maneira seu sentidooriginal. Assim têm procedido diversos hipnotizado-res com respeito ao assunto que ora tratamos. Tiraramtais conclusões das várias influências que a atmosferaambiente exerce sobre nós, seja por nossa educação,seja pelos preconceitos que esse ambiente nos incute, aponto de chegarem a crer que uma ordem verbal pode

transformar radicalmente um indivíduo, para o bemou para o mal. Em nossa opinião, a sugestão hipnóticaé uma ordem obedecida por uma pessoa em estado desono induzido, por alguns segundos; no máximo poralguns minutos. Não pode ser comparada, a não sermuito vagamente, às sugestões em estado de vigília,comunicadas a indivíduos que nunca estiveram sob

influência hipnótica. A sugestão hipnótica pode serrepetida, mas é absolutamente impotente para transformar  —  como já se afirmou —  um criminoso em um homemhonesto, ou vice-versa.

Page 106: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 106/167

 

ERNEST ROTH 

106 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 107: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 107/167

Page 108: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 108/167

 

ERNEST ROTH 

108 HIPNOTISMO PRÁTICO 

vas das pessoas profundamente interessadas umas nasoutras estão frequentemente em comunhão, especial-

mente quando o interesse pessoal ou o bem-estar doagente ou do paciente estão em jogo. Seja como for, écerto que a comunicação telepática pode ser estabele-cida à vontade pelo esforço consciente de uma ou deambas as partes, mesmo entre estranhos. As experiên-cias da Sociedade acima mencionada demonstrarameste fato. Admitir-se-á, portanto, para o propósito des-

te argumento, que a comunhão telepática pode ser es-tabelecida entre duas mentes subjetivas, à vontade decada um. O fato pode não ser percebido pelo indiví-duo, pois é possível que não se eleve acima do limiarde sua consciência subjetiva. Mas, para fins terapêuti-cos, não é necessário que o paciente saiba, objetiva-mente, que alguma coisa está sendo feita por ele. Na

verdade, muitas vezes é melhor que não o saiba.Na prática comum usam-se dois métodos; o primei-

ro é pela passividade por parte do paciente, com su-gestão mental por parte de quem cura. O segundo épela passividade por parte do paciente, com sugestãoverbal por parte de quem cura. Isto é, quem faz a su-gestão verbal muitas vezes transmite, inconsciente-

mente, uma sugestão mental à mente subjetiva do pa-ciente. Se aquele crê inteiramente na verdade de suaprópria sugestão, o efeito telepático será certamenteimediato, e sempre com evidente vantagem do pacien-te. Eis por que em todos os trabalhos de hipnotismo ede mesmerismo se insiste tenazmente sobre o valor e aimportância da confiança própria por parte do opera-

Page 109: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 109/167

 

ERNEST ROTH 

109SUGESTÃO TELEPÁTICA 

dor, ou por outras palavras, da crença em sua própriasugestão. A prática e a experiência demonstraram o

fato, mas nenhum autor nesse assunto tenta explicá-locientificamente. Mas quando se sabe que a telepatia é ométodo normal de comunicação entre mentes subjeti-vas, e que na cura por processos mentais ela é constan-temente empregada, consciente ou inconscientementepara as pessoas, a explicação é óbvia.

Dificilmente se encontrará uma família, da qual um

dos membros não tenha tido uma experiência da espé-cie que vamos narrar.

Estas impressões telepáticas podem ocorrer em es-tado de vigília a qualquer hora do dia. Passam-se co-mo sonhos durante o sono. Frequentemente ocorremno mesmo momento, ou depois que alguém se recolhe,antes de adormecer.

Registrou-se a seguinte experiência:

A Sra. E, uma irlandesa protestante, de sessenta a-nos, de boa reputação, conhecida como digna de crédito,era bem educada e extraordinariamente inteligente.

Certa manhã, ao almoço, ela disse que sua tia, a Sra.B, falecera na noite passada, na cidade de Cork, Irlanda.Afirmou que vira sua tia, descreveu a cena de sua morte,e que ouvira quando esta a chamara pelo nome.

Viu o velho relógio no quarto de sua tia, cujos pon-teiros marcavam uma e quinze da madrugada. Às três

Page 110: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 110/167

 

ERNEST ROTH 

110 HIPNOTISMO PRÁTICO 

horas dessa tarde, a senhora recebeu um cabograma31 in-formando-a da morte de sua tia, confirmando a hora da

morte, exatamente como vira.Pouco depois, uma carta recebida pela mesma senho-

ra dizia que em seus últimos momentos a tia a chamararepetidas vezes.

A referida senhora experimentara em ocasiões ante-riores fenômenos telepáticos idênticos.

Telepatia é uma palavra relativamente nova — pelomenos no sentido em que agora é frequentemente em-pregada. Por telepatia compreende-se a influência queuma pessoa, por sua vontade ou por suas sugestõesmentais, sem quaisquer meios materiais de comunica-ção, pode exercer sobre outra à distância. Quando umapessoa consegue por uma vez produzir em outra o quese conhece por sono hipnótico, nem sempre necessita-rá recorrer a passes ou ao contato pessoal para hipno-tizar o paciente novamente. O olhar do operador, atémesmo sua vontade, sem o olhar, pode exercer amesma influência sobre o indivíduo. Esta influência étambém às vezes, efetiva, quando o paciente ignorainteiramente a vontade do operador, mesmo que este- jam separados por considerável distância, em salasdiferentes, de portas fechadas entre eles.

A absoluta verdade desta afirmativa foi fartamenteverificada em diversas ocasiões, por vários operado-

 31 CABOGRAMA: sm. Telegrama expedido por cabo submarino. [Mini-

aurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

Page 111: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 111/167

 

ERNEST ROTH 

111SUGESTÃO TELEPÁTICA 

res, dos mais cuidadosos e dignos de confiança. É bas-tante dizer aqui, que ninguém que tenha sinceramente

examinado o assunto tem qualquer dúvida acerca daverdade do relato acima, feito há mais de um século àAcademia Francesa de Medicina. Deve-se notar, entre-tanto, que os operadores não são todos igualmenteeficazes e nem sempre são bem sucedidos. O mesmo éverdade a respeito dos indivíduos. O simples fato, to-davia, é que alguns operadores podem influenciar e

influenciam certos indivíduos à distância, sem que istotenha explicação por quaisquer dos meios sensoriaisconhecidos. Logo que isto seja admitido, então a ques-tão de distância — um metro ou dez, cem metros oumil, um quilômetro ou milhares — não é uma questãode teoria, mas de fato.

Também é fato que pessoas que não são nem ope-

radores nem pacientes — em nenhum dos sentidos emque esses termos são empregados em hipnotismo — podem comunicar-se e comunicam-se umas com asoutras, à vontade e compreensivelmente, pela telepati-a. Isto não quer dizer que possam a qualquer momen-to, e sob todas as circunstâncias, se comunicarem, nemque suas comunicações sejam completas e inteiramen-

te satisfatórias. Todavia, em momentos previamentecombinados, elas transmitem e recebem consciente-mente comunicações úteis, bem definidas e compreen-síveis. Há também certas pessoas — não muitas, entre-tanto — que podem, quando desejam, chamar a aten-ção de outras determinadas pessoas, telepaticamente, eisto frequentemente sucede.

Page 112: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 112/167

 

ERNEST ROTH 

112 HIPNOTISMO PRÁTICO 

O assunto da telepatia, que abrange propriamentetodos os métodos de transmissão de pensamento, que

não se valem dos meios mecânicos usuais nem doshabituais apelos aos sentidos, é um estudo comparati-vamente novo, promissor de grandes recompensas aoestudioso paciente e bem sucedido.

Veja o livro COMO LER OS PENSAMENTOS,

desta mesma editora.

Page 113: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 113/167

 

ERNEST ROTH 

113SUGESTÃO PÓS-HIPNÓTICA 

SUGESTÃO PÓS-HIPNÓTICA 

SUGESTÃO  pós-hipnótica significa que umpaciente cumprirá quaisquer instruções que

lhe forem dadas durante o sono hipnótico — pelo ope-rador — depois que acordar; praticará o ato aparente-mente inconsciente de haver recebido qualquer suges-

tão do operador. Talvez a melhor explicação disto sejacitando casos em que o operador e o paciente estejamambos acostumados às sugestões pós-hipnóticas.

Com este objetivo escolheremos uma ação praticadapor sugestão pós-hipnótica e suporemos ser um casode hipnose sem subsequente perda de memória.

Eis um caso destes, passado em estado de vigília.

Entregamos uma carta a X e pedimos-lhe pô-la no cor-reio, quando a caminho de casa, se passar por algumaagência postal.

Damos agora exatamente a mesma incumbência aY, que está em estado hipnótico, sem subsequenteperda de memória.

Em ambos os casos a incumbência é cumprida. A-

gora, a pergunta é: qual é a diferença entre os dois ca-sos? No caso de Y logo se destaca uma circunstância,isto é, que ele praticou o ato sem vontade ou talvezcontra sua vontade.

O fato de Y haver posto a carta no correio sem que oquisesse fazer não distingue seu caso do de X. X foipara casa com Z, com quem conversou por todo o ca-

minho. Passou por uma caixa postal e, se bem que con-

A

Page 114: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 114/167

 

ERNEST ROTH 

114 HIPNOTISMO PRÁTICO 

tinuasse a falar e aparentemente não reparasse a caixa,mecanicamente ali pôs a carta. Mais tarde se lembrou

de que tinha uma carta para mandar pelo correio;lembrava-se vagamente de o haver feito. Contudo,pôde convencer-se do fato, verificando que ela nãoestava mais em seu bolso. Concluímos, então, que elese desobrigou do encargo sem vontade consciente.

Seria mais notável se X praticasse alguma ação con-tra sua vontade. No exemplo acima descrito não foi este

o caso. Ele não teria feito o que lhe mandaram, sem oconsentimento de sua vontade. Por outro lado, ele selembraria da ação, se sua vontade se opusesse a ela. Ésempre necessário que haja consciência quando se e-xerce a vontade para impedir alguma coisa. É precisohaver uma ideia da ação a ser praticada. O importantena sugestão pós-hipnótica é exatamente o fato de que

ela é posta em prática contra a vontade, caso em que,naturalmente, o indivíduo sabe o que tem a fazer edisso tem uma ideia. Precisamente esta ideia é que fazcom que uma ação pós-hipnótica seja executada a des-peito da vontade.

A pergunta agora é se podemos encontrar uma ana-logia para isto na vida em vigília: se uma ideia pode

neste caso produzir um efeito morto ou qualquer ou-tro, contra a vontade. A resposta deve ser, ―muito co-mumente‖.

Vimos, quando falamos da sugestão em estado devigília, que uma ideia, às vezes, basta para dar causa auma ação ou a um estado particular a despeito da von-tade. Isto é um fato comum. Suporemos que A perdeu

Page 115: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 115/167

 

ERNEST ROTH 

115SUGESTÃO PÓS-HIPNÓTICA 

um amigo ou um parente querido e que por isto seacha deprimido e triste, não podendo conter as lágri-

mas. Passam-se os meses e ele se torna calmo, masquando chega o aniversário do falecimento cai nova-mente no mesmo estado de excitação mental e de lá-grimas, que ele não pode vencer. A ideia vivida foi obastante para lançá-lo, contra sua vontade, em um de-terminado estado.

Uma pessoa que gagueja está no mesmo caso. Sozi-

nha em casa, ela pode falar perfeitamente bem, masdiante de estranhos logo começa a gaguejar. Ela assimo faz porque pensa que deve gaguejar, e sua vontade éimportante tanto contra o pensamento, como contra agagueira. Vemos coisas semelhantes, constantemente.Certos estados de moléstias são causados simplesmen-te por serem intensamente esperados, os quais, então,

sobrevêm contra a vontade. Por conseguinte, não é deadmirar que uma sugestão pós-hipnótica possa sobre-pujar a vontade de um indivíduo.

Os movimentos e ações pós-hipnóticos executados adespeito da vontade — ou para falar mais exatamente,a despeito do desejo —  têm uma grande semelhançacom os movimentos instintivos bem conhecidos em

psicologia, que muitas vezes são feitos para darem oprazer que decorre do ato. Tais movimentos instinti-vos são inteiramente independentes da vontade; elesocorrem não obstante o desejo.

Todas as sugestões pós-hipnóticas são aparente-mente esquecidas entre o despertar e sua execução,como veremos nos seguintes casos.

Page 116: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 116/167

 

ERNEST ROTH 

116 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Sugerimos a D — durante o sono hipnótico, que aodespertar ele deveria friccionar sua coxa e perna dolo-

ridas, que se levantasse da cama, fosse até a janela evoltasse para a cama. Este indivíduo executou todosestes atos sem suspeitar que lhe houvessem dado umaordem enquanto dormia.

Sugerimos a S —  em uma ocasião, que ao acordarele deveria pôr o chapéu, trazê-lo até nós na sala con-tígua, tirá-lo da cabeça e colocá-lo na de outra pessoa.

Tudo isso ele fez sem saber por quê.De outra vez, achando-se presente um colega nosso,

M. Charpentier, sugerimos a S, quando adormeceupela primeira vez, que logo ao despertar tirasse oguarda-chuva daquele colega, colocado sobre a mesa,abrisse-o e desse duas voltas na varanda para a qualdava a sala. Passou-se algum tempo antes que ele des-

pertasse. Antes de abrir os olhos, saiu rapidamente dasala, para que a sugestão não pudesse ser reevocadapor nossa presença. Pouco depois o vimos com oguarda-chuva na mão, mas não aberto —  apesar dasugestão. Andou pelo corredor duas vezes de um ladopara outro. Dissemos-lhe, ―Que estais fazendo?‖ Res-pondeu, ―Estou tomando ar‖, ―Por quê? Estais com

calor?‖. ―Não, apenas tive esta ideia; às vezes andoaqui de um lado para outro‖. ―Para que é o guarda-chuva?‖. ―Pertence a M. Charpentier‖. ―Como! penseique fosse meu; parece-se um pouco com o meu; torna-rei a pô-lo no lugar de onde o tirei‖.

Certa manhã, às onze horas, sugerimos a C — que àuma hora da tarde ele seria tomado por uma ideia à

Page 117: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 117/167

 

ERNEST ROTH 

117SUGESTÃO PÓS-HIPNÓTICA 

qual não poderia resistir, ou seja, subir e descer a ruaEstanislau por duas vezes. À uma hora vimo-lo che-

gando a essa rua, ir de uma extremidade à outra, vol-tar e parar, como um vagabundo, sob as janelas. Masnão o fez por duas vezes, talvez por não ter entendidoa segunda parte da ordem sugerida, talvez por haverresistido a esta parte.

Noutra ocasião, durante o sono hipnótico de X — sugerimos o seguinte: ―Quando acordardes, ireis ao

meu escritório e escrevereis numa folha de papel‗Dormi muito bem‘; ‗Fareis uma cruz ao lado de vossonome‘‖.

Despertou em um quarto de hora. Foi ao escritório,escreveu a frase que lhe inculcáramos na mente, assi-nou-a e fez uma cruz ao lado do nome. ―O que signifi-ca esta cruz?‖, perguntamos. ―Como!‖ respondeu, ―Pa-

lavra de honra que não sei; eu a fiz sem pensar‖. Nodia seguinte fizemo-lo escrever outra sentença, comduas cruzes após seu nome; no outro dia, seu nomecom uma estrela. Na sessão seguinte, sugerimos-lheenquanto dormia: ―Quando acordardes, escrevereis,‗irei ter com M. Liébault quando chegar de fora‘, e vóso assinareis, mas cometendo um engano. Em vez de

assinardes vosso nome X — assinareis ‗Bernheim‘, en-tão dareis pelo engano, raspareis aquele nome e emseu lugar poreis o vosso‖. Tudo isso essa pessoa fezquando acordou e pareceu muito intrigado com seuerro. Pediu desculpas, mas não suspeitou que a res-ponsabilidade do engano não cabia a ele.

Page 118: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 118/167

 

ERNEST ROTH 

118 HIPNOTISMO PRÁTICO 

O efeito da sugestão de atos pós-hipnóticos não éabsolutamente inevitável. Alguns pacientes lhes resis-

tem. Sem dúvida o desejo de executar o ato é mais oumenos imperativo, mas eles resistem-lhe até certa me-dida.

O caso seguinte mostra a luta e a hesitação manifes-tadas no paciente antes de obedecer à ideia, até quefinalmente a sugestão dominou.

Uma jovem histérica foi trazida à Sociedade Médi-

ca, em Nancy, por M. Dumont. Foi hipnotizada emandaram que, ao despertar, tomasse a manga do vi-dro do bico de gás, sobre a mesa, pusesse-a no bolso ea levasse ao sair. Quando acordou, voltou-se timida-mente para a mesa, parecendo confusa por ver quetodos a olhavam. Após alguma hesitação, então, subiuna mesa, de joelhos, e assim permaneceu ali cerca de

dois minutos, aparentemente envergonhada de suaposição. Olhando alternadamente para as pessoas emvolta dela e para o objeto que ela deveria levar, esten-deu a mão e depois a retirou. Então, subitamente apa-nhou a manga de vidro, pô-la no bolso e fugiu. Ela nãoconsentiu em entregá-la enquanto não deixou a sala.

É estranho que ações sugeridas possam ser executa-

das não somente durante o tempo imediatamente se-guinte ao sono, mas também após um intervalo maisou menos grande. Se fizermos a um sonâmbulo pro-meter, durante o sono, que voltará no dia e na horamarcados, posto que não se lembre de sua promessaquando despertar, ele o fará.

Page 119: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 119/167

 

ERNEST ROTH 

119SUGESTÃO PÓS-HIPNÓTICA 

O professor Bernheim cita um caso em que fez seupaciente dizer que voltaria a encontrar-se com ele den-

tro de treze dias, às dez horas da manhã. O indivíduode nada se lembrou ao acordar. No décimo terceirodia, às dez horas da manhã, ele apareceu, tendo cami-nhado três milhas de sua casa ao hospital. Trabalharanas fundições durante toda a noite, fora para a cama àsseis horas da manhã, e acordara com a ideia de ter deir ao hospital para ver o professor. Disse ao Dr. Ber-

nheim que não tivera tal ideia nos dias precedentes eque não sabia que tinha de vir para vê-lo. A ideia vieraà sua mente no momento preciso em que devia realizá-la.

Dessa forma, uma sugestão dada durante o sonopode ficar adormecida no cérebro, e pode não vir aoconsciente senão no momento previamente fixado pa-

ra sua manifestação. Serão necessárias mais pesquisaspara explicar este curioso fato psicológico, e para de-terminar por quanto tempo pode assim ficar latenteuma sugestão hipnótica. É evidente que nem todos ossonâmbulos são suscetíveis a sugestões que se efetuamapós longo espaço de tempo.

Page 120: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 120/167

 

ERNEST ROTH 

120 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 121: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 121/167

 

ERNEST ROTH 

121OS PERIGOS DO HIPNOTISMO 

OS PERIGOS DO HIPNOTISMO 

HIPNOTISMO em si é perigoso aos que se sub-metem a ele? Não hesitamos em dizer que,

quando bem aplicado, não produz o mais ligeiro dano.Não interfere nas funções da vida orgânica; vimos quea respiração e a circulação não são influenciadas em

pessoas cujas mentes estão em repouso. Se, nas pri-meiras sessões, alguns indivíduos manifestam fenô-menos nervosos, como contrações musculares, respira-ção curta, aflição, aceleração do pulso, e se alguns pa-cientes histéricos têm paroxismos convulsivos durantea operação, estes sintomas, autossugestivos por assimdizer, são devidos a emoções morais, a um sentimento

de medo, e sempre desaparecem no tratamento se-guinte, graças a uma sugestão tranquilizadora, querestabelece a confiança. Quando o hábito estiver for-mado, os pacientes cairão no sono calmo e natural-mente despertam do mesmo modo, sem a mais leveinquietação, se o operador tiver o cuidado de sugerirque não haverá aflição ao despertar.

Nunca verificamos nenhum mal produzido pelosono hipnótico, pois a sugestão está sempre presentecomo um corretivo contra quaisquer sintomas desa-gradáveis que possam surgir.

Existe um perigo, contudo, que é importante reco-nhecer. Após haverem sido hipnotizados certo númerode vezes, alguns pacientes têm disposição para se en-

tregarem ao sono espontaneamente. Alguns, mal são

O

Page 122: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 122/167

 

ERNEST ROTH 

122 HIPNOTISMO PRÁTICO 

despertados já caem por si mesmos, novamente, nomesmo sono hipnótico. Outros adormecem assim du-

rante o dia. Esta tendência para a auto-hipnotizaçãopode ser reprimida pela sugestão. É bastante afirmarao indivíduo, durante o sono, que uma vez desperta-do, ele acordará completamente e não poderá entre-gar-se de novo ao sono espontaneamente, durante odia.

Outros são por demais facilmente suscetíveis à hip-

notização, quando são postos muitas vezes em sonam-bulismo. Qualquer um pode às vezes colocá-los nesteestado, por surpresa, simplesmente cerrando-lhes osolhos. Tal suscetibilidade ao hipnotismo é um  perigoreal. Entregues à mercê de qualquer um, privados deresistência psíquica e moral, certos sonâmbulos se tor-nam dessa forma fracos, e são plasmados pela vontade

dos sugestionadores.Os moralistas zelosos da dignidade humana, e que

se preocupam em pensar em tão grandes possibilida-des de perigo, têm razão. É justo que condenem umaprática que pode privar o homem de seu livre-arbítriosem a possibilidade de resistência de sua parte; elesestariam milhares de vezes certos, se o remédio não

estivesse lado a lado com o mal. Quando prevemos taltendência em nossos casos de sonambulismo, toma-mos o cuidado de dizer durante o sono — e isto é umaboa regra a seguir: ―Ninguém será capaz de hipnoti-zar-vos para vos dar alívio, exceto vosso médico!‖ E opaciente, obediente à ordem, é refratário a qualquersugestão estranha. Um dia, fizemos uma tentativa para

Page 123: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 123/167

 

ERNEST ROTH 

123OS PERIGOS DO HIPNOTISMO 

hipnotizar uma excelente sonâmbula que já fora hip-notizada várias vezes; nada se conseguiu. Chamaram

o Dr. Liébault; hipnotizou-a em poucos segundos.Perguntamos-lhe por que falháramos. Disse ela quealguns meses antes o Dr. Beaunis tinha sugerido du-rante o sono que o Dr. Liébault e ele próprio eram osúnicos que poderiam hipnotizá-la. Esta ideia, gravadaem sua mente e da qual não tinha consciência em esta-do de vigília, prevenira-a contra a sugestão estranha.

Assim o perigo de uma excessiva suscetibilidade podeser evitado pela própria sugestão.

Mas outra espécie de perigos pode resultar de alu-cinações provocadas. Sem dúvida, alucinações inofen-sivas, provocadas a longos intervalos, hipnóticas oupós-hipnóticas, perturbam a mente por alguns mo-mentos, do mesmo modo que os sonhos, mas o equilí-

brio é prontamente restabelecido logo que o sonhoalucinatório desapareça.

Dar-se-á o mesmo com as alucinações frequente-mente sugeridas à imaginação? No decorrer do temponão pode alguma perturbação permanecer na mente?Não é de se temer que um distúrbio mais ou menospronunciado das faculdades intelectuais possa sobre-

vir? Não gostaríamos de afirmar que certos cérebrosdelicados, predispostos à alienação mental, não pudes-sem sofrer sérios danos por experiências inoportunas einábeis dessa espécie, sabido que toda emoção, todaperturbação violenta, pode dar eclosão à loucura, cujogérmen dietético, muitas vezes hereditário, é inerenteao organismo? Simplesmente devemos dizer que das

Page 124: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 124/167

 

ERNEST ROTH 

124 HIPNOTISMO PRÁTICO 

muitas experiências realizadas, nunca nos constou queresultasse algum distúrbio psíquico.

Outro perigo real é o seguinte: depois de muitashipnotizações, depois de muitas alucinações provoca-das durante o sono, certos indivíduos se tornam susce-tíveis à sugestão e a alucinações no estado de vigília.

Suas mentes realizam com extrema facilidade todaconcepção insinuada; cada ideia se torna um ato, cadaimagem evocada, uma realidade; eles já não mais dis-

tinguem o mundo real do mundo imaginário que lhessugerem. É certo que a maioria só é assim suscetível àalucinação através da única pessoa que está acostu-mada a hipnotizá-los.

Entre esses indivíduos, porém, alguns podem sersuscetíveis à alucinação e à sugestão, nas mãos dequalquer um que saiba forçá-los a isso, especialmente

se o médico não tomar a precaução de atribuir a sipróprio o monopólio da capacidade de dar sugestões.

Uma vez produzida esta extrema suscetibilidade àalucinação, uma vez criada esta moléstia nervosa, nemsempre é fácil curá-la ou melhorá-la por uma novainterferência sugestiva. Mas não é necessário submetera mente humana a influência desta espécie. Sem dúvi-

da, algumas experiências de alucinação realizadas detempos em tempos são inofensivas, se forem executa-das com reservas; repetidas frequentemente e com omesmo indivíduo podem tornar-se perigosas.

Devemos proscrever uma coisa que pode ser eficaz,porque seu abuso é nocivo? Ninguém proscreve o vi-nho, o álcool, o ópio, a quinina, porque o uso imode-

Page 125: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 125/167

 

ERNEST ROTH 

125OS PERIGOS DO HIPNOTISMO 

rado ou intemperado dessas substâncias pode ocasio-nar acidentes. É certo que a sugestão aplicada por pes-

soas desonestas ou inescrupulosas é uma prática peri-gosa. A lei pode e deve intervir para reprimir seu abu-so.

A sugestão somente é benéfica quando usada, inteli-gentemente, para um fim terapêutico. Cabe ao médicoseparar o efeito útil do nocivo, e aplicá-la para alíviode seus pacientes.

O perigo do hipnotismo tem sido grandemente exa-gerado. Certa vez os habitantes de uma pequena cida-de deixaram de tomar sopa de batatas porque umamulher rolou pela escada e partiu o pescoço meia horadepois de ingerir esse alimento. Aqui se tiraram con-clusões do mesmo modo, e esta espécie de raciocínionão é incomum. Se uma pessoa fosse hipnotizada e

mais tarde sentisse qualquer mal, esse seria imediata-mente atribuído ao hipnotismo. Se raciocinarmos des-sa forma teremos que dizer que as águas de Carlsbadcausam apoplexia, porque o senhor X sofreu um ata-que de apoplexia duas semanas depois de voltar da-quela cidade, etc. Muitas coisas poderiam ser prova-das desse modo.

Dificilmente podemos admitir que tal lógica sejausada em círculos científicos. É certo que ouvimos di-zer muitas vezes, que quando os pacientes voltam deuma estação de águas sem estarem curados —  o quedeve acontecer frequentemente — são despedidos coma garantia confortante de que sentirão os efeitos maistarde. Até agora, se pensava que isto fosse uma pilhé-

Page 126: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 126/167

 

ERNEST ROTH 

126 HIPNOTISMO PRÁTICO 

ria de mau gosto, ou pelo menos, um esforço para con-solar o doente; nunca se acreditou que este princípio

fosse realmente aceito pelo mundo médico. Se um do-ente melhorasse ou piorasse seis meses depois de suavolta de uma estação de águas não se deveria atribuiro efeito aos banhos, porque neste intervalo outras coi-sas talvez o tivessem afetado. Assim considerando,devemos, como Pauly, rejeitar a relação encontradapor Binswanger e Ziemssen, entre a hipnose e os males

que lhe são subsequentes após longo tempo. Além dis-so, se aceitarmos seus sofismas32, será fácil provar domesmo modo que a medicina moderna tornou doentea humanidade, pois que remédio não poderá produzirimportantes resultados seis meses após seu uso? Quemédico já argumentou dessa forma? Friedrich, um ex-assistente de Ziemssen, escreveu longamente sobre os

perigos do hipnotismo; foi, contudo, refutado por Fo-rel, Schrenck-Notzing e Bernheim, que mostraram oscasos nos quais se supõe que a hipnose produziu re-sultados perigosos, publicados com cuidadosos deta-lhes. Torna-se claro —  como nos casos de Seglas,Lwoff, etc. —  ou que importantes precauções foramnegligenciadas, ou que uma conexão entre a hipnose e

a moléstia foi admitida de acordo com o princípio,POST HOC ERGO PROPTER HOC  (depois disso, logo, porcausa disso).

32  SOFISMA: sm. Argumento aparente (não conclusivo) que serve aopropósito seja de induzir outrem a erro, seja de ganhar a qualquer preçouma contenda ou discussão.  [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81].

SMJ.

Page 127: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 127/167

 

ERNEST ROTH 

127OS PERIGOS DO HIPNOTISMO 

Todavia, de modo algum negamos que existem cer-tos perigos no uso impróprio do hipnotismo.

Mendel afirma que produz nervosismo; que as pes-soas nervosas ficam piores e que as sãs se tornam ner-vosas pelo seu uso; mas Forel e Schrenck-Notzing pen-sam que isto seja um engano de Mendel, devido a terele aplicado o método de Braid, em vez de sugerir ahipnose verbalmente. O Dr. Moll admite que a atençãofixa continuamente por tempo excessivo pode ter efei-

tos desagradáveis. Pode resultar em debilidade nervo-sa ou excitação nervosa.  Mas quem foi hipnotizado ver-balmente e não recebeu nenhuma sugestão excitante jamaisse tornou “nervoso”. Isto é importante de se lembrar.Quem quer que haja visto a diferença entre um indiví-duo que recebeu uma sugestão e um que recebeu umasugestão calmante, concordará que tanto se pode fazer

bem por um modo quanto mal pelo outro. Um homemque faça sugestões absurdas para divertir-se e parasatisfazer sua curiosidade, sem objetivo científico, nãodeve espantar-se, se produzir sofrimentos. Sawolshs-kaja tem razão em advertir contra tais diversões. Tem-se observado que muitas vezes os pacientes ficam pio-res nos dias seguintes aos sonhos maus. Podemos ad-

mirar-nos de que uma pessoa despertada da hipnosedurante um incêndio imaginário possa sentir-se maldepois disso? Tais sugestões não devem ser feitas demodo algum, pois a maior parte do perigo está nassugestões desagradáveis, e nunca há nenhuma neces-sidade de fazê-las. Nunca será demais falar contra ouso do hipnotismo para tais propósitos. Deve-se tomar

Page 128: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 128/167

 

ERNEST ROTH 

128 HIPNOTISMO PRÁTICO 

cuidado. Empregar só palavras agradáveis ao indiví-duo, fazer apenas boas sugestões, e sempre se assegu-

rar que ele esteja tranquilo e em feliz disposição deespírito antes de despertar. Este é o  ponto mais impor-tante. Os enganos podem ser de pequena consequên-cia, desde que o paciente esteja completa e convenien-temente despertado, segundo a maneira usada emNancy e por todos os que seguem as prescrições dessaescola. O Dr. Moll pergunta, aos que falam dos perigos

do hipnotismo, se tomaram precauções para que odespertar fosse completo? Sabemos que a maioria daspessoas ignoram de todo que devem eliminar a suges-tão inteiramente. Pensam ser bastante soprar no rostodo indivíduo, e é espantoso que não sejam causadosmais danos em consequência de insuficiente conheci-mento técnico. Isto é que é perigoso, não o hipnotismo.

Não admira que haja às vezes consequências desagra-dáveis. É tão necessário saber a maneira correta de agirneste caso como para usar um cateter33.

Para mostrar como uma sugestão deve ser elimina-da, suponhamos que um indivíduo esteja perturbadoem consequência de uma sugestão excitante que lhefizeram. Deve-se dizer mais ou menos isso: ―O que vos

excitou acabou-se agora completamente; foi apenasum sonho, e estáveis enganado em acreditá-lo. Agoraficai tranquilo. Vós vos sentis calmo e à vontade. É

33 CATETER  (tér): sm. med. Instrumento tubular que é inserido no cor-po para retirar líquidos, introduzir sangue, soros, medicamentos, efetuarinvestigações diagnósticas, etc.  [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81].

SMJ.

Page 129: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 129/167

 

ERNEST ROTH 

129OS PERIGOS DO HIPNOTISMO 

fácil ver que estais perfeitamente à vontade‖. Somentedepois disso deve o paciente ser despertado; e isto não

pode ser feito repentinamente; há razões para julgarser melhor prepará-lo para esse momento. Geralmentese faz isto dizendo: ―Vou contar até três. Acordaiquando eu disser três‖, ou ―Contai até três e depoisacordai‖.

Estas três regras devem sempre ser observadas:

1.  Evitar o constante estímulo dos sentidos tantoquanto possível.

2.  Evitar todas as sugestões mentalmente exci-tantes, tanto quanto possível.

3.  Anular cuidadosa e seguramente toda suges-tão, antes de despertar.

Este método não pode produzir nervosismo, e, se asregras acima forem convenientemente seguidas, nãopode haver nenhum perigo na hipnose.

Forel menciona ligeiros distúrbios que às vezes sur-gem após a hipnose, conquanto não possam ser consi-derados um perigo real, sendo muitas vezes o resulta-

do de uma autossugestão, ou de um mau método. Po-dem ser: fadiga, langor34, peso dos membros, etc., apóso despertar. É fácil preveni-los pela sugestão nas hip-

 34  LANGOR: sm. Languidez. LANGUIDEZ: sf . Estado de lânguido; lan-

gor. LÂNGUIDO: adj. 1. Sem forças; fraco, debilitado, langoroso. 2. Mórbi-do, doentio. 3.  Voluptuoso, sensual, langoroso.  [Miniaurélio Eletrônico

versão 5.12.81]. SMJ.

Page 130: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 130/167

 

ERNEST ROTH 

130 HIPNOTISMO PRÁTICO 

noses profundas. É diferente nas hipnoses ligeiras, sebem que um hábil operador possa fazê-lo por uma

sugestão  pós-hipnótica, mesmo neste caso. Em outroscasos é melhor evitar-se a fadiga pela sugestão antesde despertar; de qualquer modo um bom sistema élivrar-se disso logo na primeira sessão, do contrárioaumenta pela autossugestão a cada tratamento e fi-nalmente pode tornar-se difícil de vencer. Esta sensa-ção de fadiga na hipnose ligeira é a mesma que às ve-

zes temos depois de um sono passageiro. Todos estesinconvenientes são pequenos e podem ser evitados emsua maior parte.

Os principais perigos do hipnotismo não são os queacabamos de citar, que aparecem raramente, mesmoquando são empregados métodos impróprios. Os pe-rigos reais mostram-se mais facilmente. São a crescente

tendência à hipnose e a exaltada suscetibilidade à su-gestão em estado de vigília. Esta exagerada suscetibi-lidade à hipnose mostra-nos quão cautelosos devemosser com o método de Braid, o qual é a mais frequente cau-sa disso, pois apenas o fixar acidental dos olhos emalgum objeto pode produzir uma hipnose repentina,simplesmente porque a ideia de uma hipnose anterior

é por esse meio vivamente reevocada.O perigo que mencionamos por último pode ser evi-

tado fazendo-se a seguinte sugestão ao paciente antesde acordá-lo: ―Ninguém jamais poderá hipnotizar-vossem vosso consentimento; jamais caireis em hipnose,contra vosso desejo; ninguém será capaz de sugerir-vos nada quando estiverdes em vigília; nunca precisais

Page 131: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 131/167

 

ERNEST ROTH 

131OS PERIGOS DO HIPNOTISMO 

ter medo de ter ilusões dos sentidos, etc., como tendesna hipnose; sois perfeitamente capaz de evitá-las‖. Es-

te é o meio mais seguro de impedir o perigo. Tais sãoos perigos do hipnotismo e tais são os métodos decombatê-los. Seu antídoto é a sugestão, e não constitu-em obstáculo ao tratamento hipnótico. Esses riscospodem ser evitados pelo uso conveniente do hipno-tismo.

Page 132: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 132/167

 

ERNEST ROTH 

132 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 133: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 133/167

 

ERNEST ROTH 

133O HIPNOTISMO PELA PRÁTICA CIENTÍFICA 

O HIPNOTISMO PELA PRÁTICA CIENTÍFICA 

ÃO há dúvida que o hipnotismo é um estadocomplexo que não pode ser explicado pron-

tamente em uma ou duas frases. Há, todavia, certosaspectos do hipnotismo que podemos supor suficien-temente explicados por alguns autores científicos, es-

pecializados no assunto.Primeiro, qual é o caráter das ilusões aparentementecriadas na mente de uma pessoa em estado hipnótico,por uma simples palavra proferida verbalmente, comoquando um médico diz, ―Agora, vou amputar vossaperna, mas não sentireis a mínima dor‖, e o pacientenada sofre?

Em resposta a esta pergunta, o antigo professor Wil-liam James, do Harvard College, uma das destacadasautoridades nos aspectos dos fenômenos psíquicos,nos Estados Unidos, relata as seguintes experiências:

Fazei um traço num papel ou num quadro negro, di-zei à pessoa que ele não está ali e ela nada verá, senão o

 papel limpo ou o quadro. A seguir, sem que ela veja,cercai o traço original de outros traços exatamente i-guais e perguntai-lhe o que vê. Ela apontará um por umos novos traços e omitirá o original todas as vezes, nãoimporta quão numerosos sejam aqueles, ou em que or-dem estejam dispostos. Similarmente, se a simples linhaoriginal, para a qual a pessoa está cega, for dobrada porum prisma de dezesseis graus, colocado diante de um de

N

Page 134: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 134/167

 

ERNEST ROTH 

134 HIPNOTISMO PRÁTICO 

seus olhos —  sendo os dois mantidos abertos —  ela diráque agora vê um traço, e apontará a direção na qual está

a imagem vista através do prisma.Outra experiência prova que o indivíduo precisa ver

a imagem a fim de recusar-se tomar conhecimento dela.Traçai uma cruz vermelha, invisível ao hipnotizado,numa folha de papel branco, fazendo, porém, com queele olhe fixamente para um ponto no papel, ou perto dacruz vermelha. Ao dirigir sua vista para a folha branca

ele verá uma pós-imagem verde-azulada da cruz. Isto prova que ela impressionou sua sensibilidade. Ele sen-tiu, mas não a percebeu. Realmente a ignorou; recusou-se a reconhecê-la, por assim dizer.

O Dr. Ernest Hart, um autor inglês, num artigo pu-blicado na famosa Revista de Medicina Britânica, dáuma explicação geral dos fenômenos do hipnotismoque podemos aceitar como verdadeiro no seu todo,mas que é evidentemente incompleta. O autor parecereduzir demais a influência pessoal que todos exerce-mos em várias ocasiões, da qual ele se recusa a tomarconhecimento, não porque pretenda negá-la, mas por-que teme dar apoio ao fluido magnético e similares.Diz ele:

“Chegamos ao ponto em que se torna claro que o es-tado produzido nesses casos, é conhecido sob um varia-do calão inventado, seja para ocultar a ignorância, ou

 para exprimir hipóteses, ou para mascarar o objetivo deimpressionar a imaginação, e possivelmente de assaltar

Page 135: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 135/167

 

ERNEST ROTH 

135O HIPNOTISMO PELA PRÁTICA CIENTÍFICA 

os bolsos de um público crédulo e ávido de prodígios —  termos tais como: condição mesmérica, sono magnético,

clarividência, eletrobiologia, magnetismo animal, transede fé e muitos outros nomes. Este estado, digo, é sempresubjetivo. É independente de passes ou de gestos, nãotem nenhuma relação com qualquer fluido emanado dooperador; não tem nenhuma relação com sua vontade,ou com qualquer influência que ele exerça sobre objetosinanimados; a distância não o afeta, nem a proximidade,

nem a intervenção de quaisquer condutores ou não con-dutores, seja seda, vidro, pedra, ou mesmo uma paredede tijolos. Podemos transmitir a ordem de dormir pelotelefone ou pelo telégrafo. Podemos praticamente con-seguir os mesmos resultados até eliminando o operador,se pudermos obter o meio de influenciar a imaginaçãoou de afetar a condição do indivíduo por intermédio de

qualquer uma de tantas invenções.Que significa tudo isto? Farei referência a um ou

dois fatos em relação à estrutura e à função do cérebro emostrarei uma ou duas simples experiências de muitoantiga data, as quais suponho que concorram para umaexplicação. Recordamos algo do que sabemos da ana-tomia e da localização das funções do cérebro, e da na-

tureza do sono comum. O cérebro, como sabemos, é umcomplicado órgão, constituído internamente de massasde nervos, ou gânglios, sendo que as centrais e funda-mentais estão relacionadas com as funções automáticase ações involuntárias do corpo  —   tais como a ação docoração, dos pulmões, do estômago, intestinos, etc.  —  enquanto a superfície envolvente mostra um sistema decomplexas convulsões ricas em matéria cinzenta, espes-

Page 136: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 136/167

Page 137: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 137/167

 

ERNEST ROTH 

137O HIPNOTISMO PELA PRÁTICA CIENTÍFICA 

vidas, ou em homem ou em animais, que durante o sononatural a parte superior do cérebro —  as convoluções de

sua superfície, que com saúde e no estado de vigília sãolevemente rosadas, como uma face corada, devido à cordo sangue que circula através da rede de vasos capilares,torna-se branca e quase sem sangue. É nessas convolu-ções, como também sabemos, que residem a vontade e o

 poder de direção; de modo que no sono a vontade é abo-lida e a consciência desaparece gradualmente, quando o

sangue é repelido pela contração das artérias. Assim,também, a consciência e o poder de direção podem serabolidos se alterarmos a qualidade de sangue que corre

 pelas convoluções do cérebro. Podemos introduzir umasubstância volátil, como clorofórmio, e seu primeiro e-feito será suprimir a consciência, produzir um profundosono e uma abençoada insensibilidade à dor. Efeitos

semelhantes podem ser conseguidos mais lentamente pela absorção de uma droga, como o ópio; ou podemos produzir alucinações, introduzindo no sangue outrassubstâncias tóxicas, como o cânhamo indiano ou o es-tramônio. Não temos consciência do mecanismo que

 produz a contração arterial e a falta de sangue das con-voluções relacionadas com o sono natural. Mas não fi-camos completamente sem controle sobre elas. Como sesabe, podemos nos ajudar a acomodar-nos para dormir,como dizemos em linguagem comum. Retiramo-nos pa-ra um quarto escuro, aliviamo-nos do estímulo dos sen-tidos especiais, livramo-nos da influência de ruídos, deluz forte, de cores vivas ou de impressões tácteis. Dei-tamo-nos e esforçamo-nos para acalmar a atividade ce-rebral, afastando pensamentos inquietantes, ou, como às

Page 138: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 138/167

 

ERNEST ROTH 

138 HIPNOTISMO PRÁTICO 

vezes o povo diz, “tentamos pensar em nada”. E, feliz-mente, quase sempre o conseguimos mais ou menos

 bem. Algumas pessoas possuem até mesmo um controlemais pronunciado sobre este mecanismo do sono. Ge-ralmente consigo pôr-me a dormir a qualquer hora dodia, ou na poltrona da biblioteca ou na carruagem. Istoé, por assim dizer, um processo de auto-hipnotização, emuitas vezes o ponho em prática, quando vou de casaem casa, em ocasiões de grande ocupação. Às vezes dis-

traio meus amigos e minha família exercendo esta fa-culdade, que penso não ser muito difícil de adquirir.Também sabemos que muitas pessoas podem acordar auma determinada hora da manhã, fixando-a em suamente pouco antes de dormir. Ora, eis aí algo que mere-ce um exame um pouco mais amplo, mas que tomariaagora muito tempo para desenvolver-se de um modo

completo. Quase todos sabem alguma coisa do que seentende por ação reflexa. Os nervos que vão dos váriosórgãos ao cérebro levam mensagens às suas diversas

 partes com grande rapidez, as quais são respondidas porondas reflexas de impulsos. Se fizermos cócegas nas so-las dos pés, excitaremos a contração dos artelhos ou oriso involuntário, ou talvez apenas um tremor e umacontração da pele, conhecida como pele de galinha ouarrepio. A irritação da extremidade do nervo na pele le-vou uma mensagem aos gânglios voluntários ou invo-luntários do cérebro, que responderam refletindo outravez de volta os impulsos nervosos que contraíram osmúsculos dos pés ou da pele, ou deram causa ao desper-tar de ideias associadas e à explosão de riso. Do mesmomodo, se durante o sono aplicarmos calor na sola dos

Page 139: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 139/167

 

ERNEST ROTH 

139O HIPNOTISMO PELA PRÁTICA CIENTÍFICA 

 pés, o indivíduo poderá sonhar que está andando sobresuperfícies quentes —  sobre o Vesúvio ou o Fujiama, ou

lugares ainda mais quentes —  ou sonhará com aventurassobre superfícies geladas ou em regiões árticas, se lhe

 pusermos gelo na sola dos pés.

Vê-se, portanto, que temos um mecanismo no corpo,conhecido pelos fisiologistas como sistema nervoso ide-omotor ou sensório-motor, que pode produzir, semconsciência do indivíduo e automaticamente, uma série

de contrações musculares. E lembremo-nos que os en-voltórios das artérias são musculares e contrácteis sob ainfluência de estímulos externos, agindo independente-mente da consciência ou quando a consciência está sus-

 pensa. Darei outro destes exemplos para completar acadeia de fenômenos naturais do cérebro e do corpo, eque desejo trazer à observação para explicação dos ver-

dadeiros fenômenos, distintos dos fenômenos falsos oufalsamente interpretados de hipnotismo, mesmerismo eeletrobiologia. Tomarei a excelente ilustração citada pe-lo Dr. B. W. Carpenter no seu antigo, mas valioso livro“A Fisiologia do Cérebro”. Quando um homem famintovê alimento, ou quando, digamos, um menino famintoolha o interior de uma casa de pasto, ele sente água na

 boca e tem a sensação de algo a roer-lhe o estômago.Que significa isto? Significa que a impressão mental produzida nele pelo agradável e apetitoso espetáculocausou uma secreção de saliva e de suco gástrico, isto é,o cérebro, através do sistema nervoso ideomotor, man-dou uma mensagem que dilatou os vasos em torno dasglândulas salivares e gástricas, aumentou o fluxo desangue através delas e apressou sua secreção. Temos

Page 140: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 140/167

 

ERNEST ROTH 

140 HIPNOTISMO PRÁTICO 

aqui, então, uma atividade mental puramente subjetiva,agindo por intermédio de um mecanismo, completamen-

te ignorado pelo menino, o qual ele não pode controlar,e que produz a dilatação ou contração dos vasos, açãoesta que, como vimos, é a condição essencial da ativi-dade cerebral e da evolução do pensamento, e está rela-cionada com a atividade ou com a abolição da consciên-cia, e com a atividade ou com a suspensão da funçãonos centros da vontade e nas convoluções superiores do

cérebro, como em outros centros de localização.Assim, temos algo como uma chave para os fenôme-

nos, que, como indiquei, são semelhantes ao sono mes-mérico, ao hipnotismo e à eletrobiologia, com os quaismuito têm em comum. Espero que já tenhamos conse-guido eliminar de nossas mentes a falsa teoria  —  isto é,a teoria que se provou experimentalmente ser falsa  —  

de que a vontade, ou os gestos, ou o fluido magnéticoou vital do operador são necessários para a abolição daconsciência e da suspensão da vontade do indivíduo.Vemos agora que as ideias que surgem da mente são su-ficientes para influenciar a circulação no cérebro da pes-soa com quem se opera, e tais variações no suprimentode sangue do cérebro também são adequadas para pro-

duzir sono em estado natural, ou sono artificial, seja pe-la privação, ou pelo excessivo aumento, ou ainda poruma anormalidade local na quantidade ou na qualidadedo sangue. De maneira idêntica é possível produzir ocoma e uma prolongada insensibilidade pela pressão dos

 polegares na carótida, ou alucinações, sonhos e visões, por meio de drogas, ou por um estímulo externo dosnervos. Também neste caso a consciência pode ser afe-

Page 141: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 141/167

 

ERNEST ROTH 

141O HIPNOTISMO PELA PRÁTICA CIENTÍFICA 

tada apenas marcialmente, e a pessoa em quem se pro-duziu o sono, seja por meios físicos, ou pela influência

da sugestão, pode ficar sujeita à vontade dos outros eincapaz de exercer sua própria volição”35.

Em suma, a teoria do Dr. Hart é que o hipnotismoprovém do controle do suprimento de sangue ao cére-bro, ou suprimindo-o de alguma parte, ou aumentan-do-o em outras partes. Esta teoria é apoiada pelo fatobastante conhecido de poderem certas pessoas enru-bescer ou empalidecer à vontade, e de algumas outrascorarem à menção de certas coisas, ou à lembrança dedeterminadas ideias. Certas outras ideias as tornarãopálidas. Ora, se fizer com que algumas partes do cére-bro enrubesçam ou fiquem pálidas, não há dúvida deque resultará o hipnotismo, pois que esses efeitos sãodevidos ao abrir e ao fechar dos vasos sanguíneos. Po-demos dizer que o indivíduo é impelido por algunsmeios a impedir o fluxo de sangue para certas partesdo cérebro e a assim mantê-lo até que se lhe mandedeixá-lo afluir novamente.

35 VOLIÇÃO: sf . Ato em que há determinação de vontade. [Antôn.: no-

lição. Pl.: –ções.]. [Miniaurélio Eletrônico versão 5.12.81]. SMJ.

Page 142: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 142/167

 

ERNEST ROTH 

142 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 143: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 143/167

 

ERNEST ROTH 

143PRÁTICAS DIVERSAS 

PRÁTICAS DIVERSAS 

C OMO F  AZER U MA P ESSOA C  AIR P  ARA F RENTE

OU P  ARA T RÁS  

PÓS  havermos conseguido a confiança e o

assentimento da pessoa com quem vamosoperar, peçamos-lhe que fique de pé diante de nós, deolhos fechados e com os pés juntos. Digamos-lhe paratentar pensar o que sentiria se estivesse caindo paratrás. Tentemos encher toda sua mente com a sensaçãode queda, peçamos-lhe que não tente cair nem resista àqueda.

Quando estivermos certos de que a pessoa compre-endeu exatamente o que queremos, coloquemo-nospor detrás dela e passemos-lhe brandamente as mãospela testa, do centro para os lados de três, assim conti-nuando por alguns momentos e sugerindo num tombaixo e monótono. ―Agora, estais começando a cair;sentis que estais caindo para trás, para trás, para trás‖.

Corramos o dedo pela parte posterior da cabeça atéencontrarmos a depressão do pescoço; aí comprimi-mos um pouco e gradualmente continuamos a correr odedo para baixo.

Nesse ponto muitos pacientes sentirão uma tendên-cia a cair para trás. Alguns caem de repente, outros,apenas se inclinam e resistem. Não desistamos. Repi-

A

Page 144: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 144/167

Page 145: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 145/167

 

ERNEST ROTH 

145PRÁTICAS DIVERSAS 

C OMO F  AZER U MA P ESSOA  J UNTAR AS M  ÃOS  

Coloquemos o paciente em uma cadeira, assentadoem posição confortável. Façamos com que junte asmãos, com os dedos entrelaçados e os braços estendi-dos. Coloquemo-nos em frente a ele e peçamos-lhe quefite nossos olhos.

Enquanto nos fita batemos lentamente em seus bra-

ços, impelindo-os para baixo e dizendo-lhe, ―Ides sen-tir que vossos braços estão ficando rijos. Os músculosestão ficando cada vez mais rígidos. O cotovelo já estáassim e não podeis dobrá-lo; vossos dedos estão seprendendo uns aos outros. Vossos dedos estão seprendendo uns aos outros. Vossos braços estão rijos,não podeis dobrá-los. Vossas mãos estão se prendendo

uma à outra, cada vez mais apertadas‖. Continuemosa fitá-lo, repetindo num tom convincente e decididoalgumas palavras como essas.

Desde que tenhamos convencido o paciente de nos-sa seriedade e capacidade, chegará um momento emque a expressão de seus olhos mudará e suas mãosficarão seguras uma na outra.

Quando acharmos que ele atingiu este ponto — e épossível falar-lhe até que ele atinja e ultrapasse esseponto — dizemos-lhe, ―Agora vossas mãos estão pre-sas…  presas…  presas; é impossível para vós separá-las; estão presas uma à outra. Tentai separá-las. Nãopodeis fazê-lo. Tentai de novo. Tentai‖.

Page 146: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 146/167

 

ERNEST ROTH 

146 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Em muitos casos o paciente ficará completamenteincapaz de desprender as mãos. Em outros, ficarão um

pouco presas, mas ele será capaz de abri-las e, possi-velmente, em alguns poucos casos nada sentirá. Nãodevemos permitir que as mãos fiquem presas por mui-to tempo, mas quando nos convencermos de que opaciente não pode separá-las, batemos palmas ou esta-lamos os dedos e dizemos-lhe: ―Está bem, está bem‖, everemos que ele pode desprendê-las sem qualquer

dificuldade.Devemos ter cautela para não perdermos nosso

próprio controle. Não nos esqueçamos de que o paci-ente age conforme sugerimos. Se por qualquer possibi-lidade o operador se tornar histérico, no caso de o pa-ciente não separar as mãos da primeira vez que lhemandarem, é provável que ele também se torne histé-

rico por imitação. É preciso dizer-lhe decididamenteque tudo está bem, que agora pode desprender asmãos, e não haverá nenhuma dificuldade.

C OMO F  AZER U MA P ESSOA E  SQUECER  S EU N OME  

Façamos com que um rapaz fique de pé diante denós, fitando-nos diretamente os olhos. Fixemos o olharnele, firmemente, por alguns minutos, e quando no-tarmos uma alteração na aparência de suas pupilascomecemos a passar e passar a mão em seu rosto, decima para baixo e em torno da boca, lenta e cuidado-samente, sem muita pressão.

Page 147: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 147/167

 

ERNEST ROTH 

147PRÁTICAS DIVERSAS 

Digamos-lhe: ―Os músculos em volta de vossa bocaestão se tornando rígidos. Vossos lábios estão ficando

presos um ao outro. Os músculos estão tão rígidos quenão podeis abrir a boca, ela está presa…  presa. Nãopodeis abrir a boca. É impossível para vós abri-la. Nãopodeis dizer-me qual é o vosso nome. Dizei-me, se soiscapaz. Não podeis fazê-lo… mas tentai‖.

Se continuarmos a olhá-lo firmemente e tivermoscuidado para que não desvie a atenção de nós, nem

por um momento, continuando a falar-lhe em um tomassim, em muitos casos ele achará impossível abrir aboca, e em outros casos esquecerá absolutamente seunome. Se lhe dissermos enfaticamente que seu nome éSmith, e o repetirmos algumas vezes, podemos con-vencê-lo do fato de tal maneira, que ele assentirá coma cabeça se lhe perguntarmos se não é verdade. Pode-

remos despertá-lo pelo mesmo processo já descritoantes. Subitamente deixamos de fitar seus olhos e esta-lamos os dedos ou batemos palmas, dizendo ―Estábem!‖.

C OMO T ORNAR RIJA A P ERNA  

Algumas vezes podemos divertir-nos muito com aseguinte experiência. Coloca-se um rapaz de pé, diantede nós, fitando-nos os olhos, como no caso precedente.Corremos as mãos pelo lado de uma de suas pernas,deixando-as parar um momento na junta do joelho.

Page 148: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 148/167

 

ERNEST ROTH 

148 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Digamos-lhe enquanto fazemos esses passes: ―Vos-sa perna está ficando rija. Já não podeis dobrar a junta

do joelho. Podeis sentir que vossos músculos estãosempre cada vez mais rígidos. É impossível para vósdobrar a perna; está rija…  rija…  rija. Tentai dobrá-la.Não podeis fazê-lo. Tentai… tentai… com força‖.

Quando nos convencermos de que a perna está per-feitamente rija, dizemos-lhe: ―Agora vejamos comoandais‖. Movemo-nos para trás, diante dele, sempre

fitando seus olhos. Seus esforços para caminhar comuma perna rija e com outra que não o está, provavel-mente muito divertirão.

Não haverá nenhuma dificuldade em despertá-lo seempregarmos o mesmo método recomendado anteri-ormente.

Deve-se notar que em nenhuma das experiências

precedentes o paciente foi posto a dormir. É possívelproduzir essas contrações musculares, sem sono. Asexperiências que acabamos de descrever podem, natu-ralmente, ser variadas de muitos modos.

Antes de começarmos devemos, também aqui, to-mar muita cautela em convencer o indivíduo de quesabemos o que falamos. É preciso dissuadi-lo da cren-

ça de que temos alguma influência estranha sobre ele.Tentemos explicar-lhe que não são as pessoas de men-te fraca os melhores pacientes hipnóticos, e que o serhipnotizado não depende de modo algum da força devontade.

Page 149: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 149/167

 

ERNEST ROTH 

149OUTROS MÉTODOS 

OUTROS MÉTODOS 

M ÉTODO DE H IPNOTISMO DE F LOWER  

UTRO método que pode ser usado com grandevantagem, em muitos casos, para fazer dormir

o paciente é o recomendado por Sydney Flower, o edi-tor da ―Terapêutica Sugestiva‖, outrora conhecida co-mo ―Revista de Hipnotismo‖.

O ponto essencial no método de Flower é que en-quanto o operador conta, o paciente abre e fecha osolhos, mantendo o ritmo da contagem. Coloca-se opaciente numa posição tão confortável quanto possívele fica-se de pé, diante dele, fitando-lhe os olhos e fa-zendo com que fite os nossos. Digamos-lhe que vamoscontar lentamente, e a cada número que dissermosqueremos que ele feche os olhos, depois os abra, e quese prepare para fechá-los de novo quando dissermos opróximo número. Por exemplo, contamos vagarosa-mente 1…  2…  3… 4. A cada número o paciente devefechar os olhos, abrindo-os no intervalo de um paraoutro. Notaremos, enquanto continuarmos a conta-gem, que o período durante o qual os olhos permane-cem abertos torna-se cada vez mais curto, e, finalmen-te, em vez de os olhos se abrirem, haverá provavel-mente apenas um movimento das pálpebras.

Com este método, muitos pacientes dormirão atécontarmos quinze ou vinte, sendo raramente necessá-

O

Page 150: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 150/167

 

ERNEST ROTH 

150 HIPNOTISMO PRÁTICO 

rio contarmos mais de cem. Quando virmos que osolhos estão cerrados e que o paciente não parece capaz

de abri-los, em vez de continuarmos contando, come-cemos a dizer —  tendo o cuidado em não mudar oritmo do tom anterior: ―Estais com sono… estais comsono…  ides dormir profundamente… dormir profun-damente… dormir… dormir‖. Com a maioria dos pa-cientes achei isto muito mais rápido do que o processode fitar um objeto ou o de simplesmente falar de dor-

mir. O método de despertar, neste caso, é o mesmo deque já falamos antes.

H IPNOTISMO I NSTANTÂNEO  

Afirma o Dr. Sage ser inteiramente possível hipno-

tizar quase instantaneamente pessoas que tenham sidoinfluenciadas antes, e algumas vezes até mesmo as quese submetem pela primeira vez. Façamos o indivíduoassentar-se numa cadeira e comecemos a andar juntodele. Ao chegarmos perto, fitemos rapidamente seusolhos, batendo-lhe de leve no queixo com os dois pri-meiros dedos da mão direita, dizendo-lhe muito deci-

didamente que ele sente dor de dentes. Os dedos nãodevem ficar imóveis e sim continuar batendo no quei-xo firmemente, sem que, contudo, se afastem. Conti-nuemos a dizer-lhe que tem dor de dentes e que o fazsofrer muito, sempre o olhando diretamente nos olhos.A probabilidade é que pouco depois ele salte com umurro de dor. Dizemos-lhe então para olhar-nos direta-

Page 151: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 151/167

 

ERNEST ROTH 

151OUTROS MÉTODOS 

mente e sugerimos-lhe que a dor de dentes passou,mas que se cerrar os olhos dormirá. Depois, algumas

poucas sugestões como: ―estais com sono… estais comsono… ides dormir‖, é todo o necessário para pô-lo emprofundo sono hipnótico.

Page 152: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 152/167

 

ERNEST ROTH 

152 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 153: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 153/167

 

ERNEST ROTH 

153COMO ACORDAR UM PACIENTE 

COMO ACORDAR UM PACIENTE 

OS  capítulos anteriores dissemos resumida-mente como acordar um paciente que haja

sido hipnotizado. Naturalmente, o essencial é conven-cê-lo de que compreendemos o que estamos fazendo, epara isto devemos manter nosso próprio controle. Em

quase todos os casos um ligeiro choque, como o estalardos dedos, ou o bater de palmas, repetidos algumasvezes, com a afirmativa, ―Estais bem! Estais bem… acordai!‖ bastarão para despertá-lo.

Se o paciente não despertar imediatamente com es-sa sugestão, deve-se lembrar de que não há nenhumperigo no sono hipnótico. O indivíduo acordará por si

se for deixado só, ou melhor, passará do sono hipnóti-co ao sono natural, e despertará deste no tempo con-veniente.

É prudente, antes de despertar o indivíduo, sugerir-lhe: ―Agora vou acordar-vos e vos sentireis bem. Vos-sa cabeça ficará lúcida e vos sentireis exatamente comose houvésseis dormido‖. Uma sugestão desta espécie

frequentemente evita uma ligeira dor de cabeça, a queestão sujeitas certas pessoas, especialmente quando ahipnose foi produzida pelo fitar dos olhos.

Às vezes encontramos uma pessoa que não acorda àsimples ordem de despertar e com o estalar dos dedos.Nesse caso o abanar com um leque às vezes auxilia, e osopro nos olhos costuma frequentemente despertar o

paciente, quando uma simples ordem não consegue.

N

Page 154: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 154/167

Page 155: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 155/167

 

ERNEST ROTH 

155COMO ACORDAR UM PACIENTE 

pria capacidade. O nosso nervosismo impressionará oindivíduo e fará com que se torne histérico. Às vezes o

paciente costuma acordar e depois se põe a dormir denovo. Nesse caso é aconselhável sugerir-lhe, antes deacordá-lo, que quando despertar ele estará bem e nãoficará sonolento, mas permanecerá acordado. Apósincutir-lhe isto, despertemo-lo.

Lembremo-nos, porém, do seguinte — não há peri-go para o indivíduo se ele não acordar imediatamente.

Simplesmente passará ao sono ordinário e natural.

Page 156: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 156/167

Page 157: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 157/167

 

ERNEST ROTH 

157COMO HIPNOTIZAR ANIMAIS 

COMO HIPNOTIZAR ANIMAIS 

ESTRANHO, mas verdadeiro, que algumas pes-soas possam hipnotizar animais, mas não seres

humanos, enquanto que outras conseguem mais resul-tado com seres humanos do que com animais. É neces-sário muita prática e perseverança para dizer se uma

pessoa tem uma aptidão natural ou uma influênciasobre animais.

C OMO H IPNOTIZAR UM P OMBO  

Coloque-se um pedacinho de massa branca na ex-tremidade do bico, segurando-o firmemente por umminuto, até que sua atenção se fixe nesse objeto. Osolhos convergirão, como num ser humano e o pomboserá hipnotizado. Ele dorme, ou fica rígido, mas nadapode ser levado a fazer neste estado. Para acordá-lo,basta soprá-lo ou agitar um lenço diante dele e fazerum ruído.

C OMO H IPNOTIZAR UM G  ALO DE B RIGA  

Apanha-se o galo em disposição de briga, e após co-locá-lo sobre uma mesa, fazemos alguns passes com odedo indicador sobre sua cabeça e pelo bico abaixo.Amarramos-lhe uma perna à outra, com um pedaço de

É

Page 158: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 158/167

 

ERNEST ROTH 

158 HIPNOTISMO PRÁTICO 

barbante, e colocamo-lo no chão diante de uma linhatraçada com giz. Em poucos minutos ele deve tornar-

se inteiramente passivo. Desamarramos-lhe as pernas,empurrando-o um pouco, e ele ficará inteiramente in-diferente. Pomos sua cabeça debaixo da asa e ele amanterá ali.

Deixamo-lo no chão em qualquer posição e não faránenhuma tentativa para mover-se. Acorda-se do mes-mo modo como ao pombo.

C OMO H IPNOTIZAR UM C  ANÁRIO OU OUTRAS

 AVES E NGAIOLADAS  

Chegamos em frente à gaiola e atraímos a atençãodo pássaro. Movemos a mão da direita para a esquer-

da brandamente, ao mesmo nível de sua cabeça e deseus olhos, a uma distância de doze polegadas dagaiola. Façamos isto por alguns minutos, movendo-nos gradualmente cada vez mais para perto, com pas-ses curtos, até a distância de 27 ou 54 milímetros apro-ximadamente, do pássaro, quando ele fechará os o-lhos, pondo-se a dormir até cair do poleiro. Acorda-se

do mesmo modo como ao pombo, mas sempre des-mesmerizando-o com passes de baixo para cima e so-prando-o.

C OMO H IPNOTIZAR C  ÃES  ,  G  ATOS OU C OELHOS  

Page 159: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 159/167

 

ERNEST ROTH 

159COMO HIPNOTIZAR ANIMAIS 

Fazem-se passes firmemente sobre os olhos, pelonariz abaixo, assim se continuando por uns poucos

minutos. Se o animal treme ou torna-se agitado é umbom sinal. Operemos com intenção, como se o fizés-semos a um ser humano. É melhor não fechar os olhosdo animal com os dedos, mas continuar com brevespasses locais até que os olhos se cerrem por si ou queas pupilas se tornem dilatadas.

Algumas vezes um cão resistirá a todos os esforços

para mesmerizá-lo por passes, mas é vencido pelo o-lhar, sendo o olho um poderoso agente para mesmeri-zar todos os animais.

Dizem que as serpentes podem ser hipnotizadas eque podem ser fascinadas por meio de música, sendoaté mesmo possível, algumas vezes, fazê-las imitaremde certo modo os movimentos do encantador. Supõe-

se também que os animais podem ser hipnotizados narazão direta de sua capacidade para concentrar a aten-ção, e como regra isto é mais pronunciado nos animaisdomésticos do que nos selvagens. O estado catalépticonos animais pode ser produzido por uma pressãoconstante ou pela excitação de certos nervos. É muitodifícil em muitos casos, e com animais maiores é quase

impossível devido à resistência que mostram a princí-pio. Diz-se que por meio de inibições é possível tornarcatalépticos gatos, cães, pombos, canários, frangos,estorninhos, lagostas, rãs, serpentes, sapos e lagartos.O hipnotismo de animais, se pode a rigor ser chamadohipnotismo, é de muito pouco valor científico. As ex-periências são interessantes, pois que mostram o efeito

Page 160: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 160/167

 

ERNEST ROTH 

160 HIPNOTISMO PRÁTICO 

que pode ser conseguido nos animais inferiores pelafadiga dos nervos, mas quase todo seu valor se resume

nisto.

FIM.

Page 161: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 161/167

 

ERNEST ROTH 

161NOTAS DO DIGITALIZADOR 

NOTAS DO DIGITALIZADOR 

UERO  deixar claro algumas coisas referentes àdigitalização deste livro.

Durante a digitalização, procurei manter a formata-ção o mais próximo do original impresso. Mas houveocasiões em que precisei fazer alterações. Por exemplo,

o índice foi algo que alterei para facilitar a consulta e aleitura do mesmo.Outra alteração que fiz, foi nas margens das pági-

nas, deixando-as um pouco mais pronunciada paraaqueles que, por algum motivo, venham a imprimireste material, (lembrando que desde a primeira capa,até a última capa, está pronta para ser impressa, res-

peitando o espaço para a encadernação), possam adi-cionar anotações manuais de pontos importantes.Também incluí páginas em branco entre alguns ca-

pítulos. Estas páginas servem para se respeitar o pa-drão dos livros físicos, onde cada capítulo sempre co-meça na página ímpar, (ou par, conforme a editora).Isto também facilita a localização dos capítulos através

da numeração do índice.Tentei adequar o conteúdo do livro para a ―NovaOrtografia da Língua Portuguesa‖, (mas sem interferirno estilo da escrita do autor), para que os leitores pos-sam se adequar. Como exemplo, posso citar o título docapítulo da página 99, onde no original é: ― Auto-sugestão‖, e o correto hoje é ―Autossugestão‖. 

Q

Page 162: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 162/167

 

ERNEST ROTH 

162 HIPNOTISMO PRÁTICO 

As notas de rodapé originais estão sinalizadas porum asterisco (*); estas são as notas incluídas pelo autor

e/ou tradutor. Já as notas sinalizadas por numeraisarábicos, (1, 2, 3), foram incluídas por mim, (SamejSpenser), no intuito de facilitar a compreensão do lei-tor devido ao estilo literário com que foi escrito o livro.Nestas notas, utilizeis os seguintes dicionários:

ROSA, Ubiratan (org.):  Minidicionário Compactoda Língua Portuguesa — Ed. Rideel — 9ª Edição— ISBN 85-339-0268-9 — ©1999;

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda:  Mini-aurélio Eletrônico versão 5.12.81  (O Miniauréliocorresponde à 7ª edição, revista e atualizada,do Minidicionário Aurélio, da Língua Portu-

guesa, contendo mais de 30 mil verbetes e lo-cuções. © 2004 by Regis Ltda. Direitos cedidoscom exclusividade para a língua portuguesaem todo o mundo para a Editora Positivo Lt-da.);

Dicionário de Termos Médicos em PDF — (clique aqui para fazer o download).

Adicionei também alguns links onde acredito queseja do interesse do leitor conhecer um pouco maissobre o personagem e/ou assunto. A maior parte des-ses links dirige o leitor para páginas do Wikipédia,sendo que alguns links remetem a páginas no idiomainglês. Utilizem a Ferramenta de Tradução do Google, 

Page 163: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 163/167

 

ERNEST ROTH 

163NOTAS DO DIGITALIZADOR 

(ou outro de sua preferência), para apreciar o conteú-do.

Espero ter contribuído com seu aprendizado e a-primoramento, ou pelo menos com sua curiosidade!

Boa sorte e boas induções a todos!

Atenciosamente,Samej Spenser. 

Page 164: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 164/167

 

ERNEST ROTH 

164 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 165: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 165/167

 

ERNEST ROTH 

165NOTAS DO DIGITALIZADOR 

Page 166: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 166/167

 

ERNEST ROTH 

166 HIPNOTISMO PRÁTICO 

Page 167: ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

8/13/2019 ERNEST ROTH _ Hipnotismo Prático

http://slidepdf.com/reader/full/ernest-roth-hipnotismo-pratico 167/167

  167NOTAS DO DIGITALIZADOR