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Equilíbrio de ácido/base IMPORTÂNCIA DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE: Os fluídos biológicos são mantidos a um pH entre 7.35 e 7.45 Equilíbrio: PO 2 , PCO 2 e [H + ] Reacções importantes: H + + HCO 3 - H 2 CO 3 CO 2 + H 2 O H 2 CO 3 Níveis anormais de ião hidrogénio – resultam em acidose ou alcalose CONSEQUÊNCIAS DE DESEQUILÍBRIOS Aumento Diminuição PCO 2 vasodilatação periférica dor de cabeça tremor, coma (sintomas finais) parastesia caimbras musculares tetanio PO 2 fibrose pulmonar e da retina (apenas no tratamento prolongado com O 2 ) cianose confusão e coma hipotensão pulmonar [H + ] hiperventilação hipercalémia diminuição contração miocárdio depressão SNC hiperventilação parastesia caimbras musculares tetanio coma Equilíbrio de ácido/base 1 – Regeneração dos iões bicarbonato Glomérulo Sangue Na + HCO 3 - Lumen do Células do tubulo renal Fluído intersticial Na + HCO 3 - H + H 2 CO 3 tubulo renal HCO 3 - H + H 2 CO 3 HCO 3 - Na + Na + intersticial - filtrado no glomérulo - combina-se com os iões H + dando origem ao ácido carbónico que dá origem a CO 2 e água. - o CO 2 difunde para as células do tubulo proximal onde é convertido a ácido carbónico que dá origem a H + e iões bicarbonato. H 2 O CO 2 H 2 O CO 2

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Cristina V. Almeida 1

Equilíbrio de ácido/baseIMPORTÂNCIA DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE:Os fluídos biológicos são mantidos a um pH entre 7.35 e 7.45Equilíbrio: PO2, PCO2 e [H+]Reacções importantes:

H+ + HCO3- ↔ H2CO3

CO2 + H2O ↔ H2CO3

Níveis anormais de ião hidrogénio – resultam em acidose ou alcalose

CONSEQUÊNCIAS DE DESEQUILÍBRIOS

Aumento Diminuição

PCO2

vasodilatação periféricador de cabeçatremor, coma (sintomas finais)

parastesiacaimbras muscularestetanio

PO2

fibrose pulmonar e da retina (apenas no tratamento prolongado com O2)

cianoseconfusão e comahipotensão pulmonar

[H+]

hiperventilaçãohipercalémiadiminuição contração miocárdiodepressão SNC

hiperventilaçãoparastesiacaimbras muscularestetaniocoma

Equilíbrio de ácido/base1 – Regeneração dos iões bicarbonato

Glomérulo Sangue

Na+ HCO3-

Lumen do

Células dotubulo renal

Fluídointersticial

Na+

HCO3-H+

H2CO3

tubulo renal

HCO3- H+

H2CO3

HCO3-

Na+Na+

intersticial

- filtrado no glomérulo- combina-se com os iões H+ dando origem ao ácido carbónico que dá

origem a CO2 e água.- o CO2 difunde para as células do tubulo proximal onde é convertido a

ácido carbónico que dá origem a H+ e iões bicarbonato.

H2OCO2H2O CO2

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Cristina V. Almeida 2

Equilíbrio de ácido/base2 – Excreção de ácidos metabólicos Glomérulo Sangue

HPO42-

Lumen do túbulo renal

Células dotúbulo renal

Fluídointersticial CO2H2O

HPO42-H+

H2PO4-

NH +

HCO3-

H2CO3

HCO3-

Na+

H+

NH3NH3

H+

Na+Na+

Tanto a hipercalcemia e hipercalemia inibem a excreção renal de amónio

- reacção com o monohidrogenofosfato: os iões fosfato são filtrados pelo glomérulo e podem existir no fluído tubular sob a forma de NaH2PO4Na2HPO4 + H+ → NaH2PO4 + Na+

- reacção com o amoníaco: o amoníaco não é filtrado pelo gloméruloglutamina → ácido glutâmico + NH3NH3 + H+ + NaCl →NH4Cl + Na+

NH4+

Equilíbrio de ácido/base – Transporte do CO2

CO2 O2

H+CO2 + H2OHemoglobina

(HHb)Anidrase carbónica

- Nos GV, o metabolismo é anaeróbio, logo é produzido pouca quantidade de CO2 → o CO2 entra → a hemoglobina serve de tampão aos iões H+

É o acontece a nível dos tecidos

Cl-

HCO3-

(HHb)carbónica

Membrana plasmática do eritrócito

H2CO3 HCO3-

(maior poder tampão quando desoxigenada, o que acontece durante a passagem pelos tecidos). Há difusão de bicarbonato.

- Nos pulmões, ocorre o processo reverso devido à baixa pressão de CO2 nos capilares dos alvéolos. O CO2 é produzido a partir do bicarbonato e difunde para os alvéolos para ser excretado pela respiração.

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Equilíbrio de ácido/base – Determinação laboratorial de parâmetros ácido/base

DETERMINAÇÃO: medida da concentração do ião H+ ([H+]) em sangue arterial, contendo como anticoagulante a heparina.determinação do PCO2

determinação do PO2

COLHEITA DA AMOSTRA:retirar o ar da seringa e se possível realizar imediatamente a análise. se tiver de ser transportada tapar a ponta, fechar num saco de plástico e colocar no gelo.

INSTRUMENTAÇÃO ANALÍTICA:• eléctrodos selectivos de ião.

• Serve de base à determinação de bicarbonato (não é o mesmo que o bicarbonato – CO2 total –determinado por autoanalisadores)

Valores de referência (sangue arterial) :Ião hidrogénio – 35-46 nmol/L (pH 7,36-7,44)PO2 – 85-105 mmHgPCO2 – 35-46 mmHgBicarbonato total (CO2) – 22-30 mmol/L

[ ][ ] 100HCOPCOkH

3

2 ×= −

+

Equilíbrio de ácido/base – Distúrbios ácido/base

ACIDOSE NÃO-RESPIRATÓRIA (METABÓLICA): Directamente:- aumento da produção (ex.: cetoacidose diabética) ou diminuição (ex.: falha glomerular renal, provocando uma diminuição da filtração de sódio e fosfato) da excreção do ião hidrogénio

Indirectamente:- perda de bicarbonato

H+ + HCO3- ↔ H2CO3

CO2 + H2O ↔ H2CO3

aumento de H+, diminuição do bicarbonato e PCO2

⇒ ↑ CO2, Hiperventilação (não chega para normalizar, porque é o excesso de H+ que

estimula a hiperventilação)

⇒ Aumento da excreção renal (H+)

Alcalose respiratória

Acidose não-respiratória[H+] ↑pH ↓PCO2 ↓[HCO3

-] ↓

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Cristina V. Almeida 4

Equilíbrio de ácido/base – Distúrbios ácido/base

ACIDOSE RESPIRATÓRIA: ex.: obstrução do aparelho respiratório

Caracterizado por um aumento de PCO2 ⇒ aumento H+ e bicarbonato

H+ + HCO3- ↔ H2CO3 Acidose respiratória3 2 3

CO2 + H2O ↔ H2CO3

ALCALOSE NÃO-RESPIRATÓRIA (METABÓLICA): ex.: perda de H+ não tamponado ou administração de álcalisCaracterizado por um aumento na concentração de bicarbonato

pAguda Crónica

[H+] ↑ lig.↑ ou NpH ↓ lig.↓ ou NPCO2 ↑ ↑[HCO3

-] lig.↑ ↑

extracelular ⇒ redução da [H+] (aumento da excreção urinaria)

H+ + HCO3- ↔ H2CO3

CO2 + H2O ↔ H2CO3Alcalose não-respiratória[H+] ↓pH ↑PCO2 ↑[HCO3

-] ↑

Equilíbrio de ácido/base – Distúrbios ácido/base

ALCALOSE RESPIRATÓRIA: A causa principal de alcalose respiratória é uma diminuição de PCO2

Diminuição do PCO2 ⇒ diminuição H+ e bicarbonato → redução da excreção renal de H+

Al l i tó iH+ + HCO3- ↔ H2CO3

CO2 + H2O ↔ H2CO3

Alcalose respiratóriaAguda Crónica

[H+] ↓ lig. ↓ ou NpH ↑ lig. ↑ ou NPCO2 ↓ ↓[HCO3

-] lig. ↓ ↓

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Cristina V. Almeida 5

Equilíbrio de ácido/base – Distúrbios ácido/base

Acidose Alcalose

Não-respiratória Respiratória Não-

respiratória respiratória

Aguda Crónica Aguda Crónica

[H+]

pHPCO2

[HCO3-]

↑ Lig. ↑ ou N

↓ Lig. ↓ ou N↑ ↑

Lig ↑ ↑

↓ Lig. ↓ ou N

↑ Lig. ↑ ou N↓ ↓

Lig ↓ ↓[HCO3 ]

H+ + HCO3- ↔ H2CO3

CO2 + H2O ↔ H2CO3

↓ Lig. ↑ ↑ ↑ Lig. ↓ ↓

Hidratos de Carbono (HC)GLICOSE SANGUÍNEA

A concentração de glicose no sangue é rigorosamente controlada.Fontes de glicose:

carbohidratos da dietagluconeogenesis mantêm as concentrações de glicose L – fígadoglicogenolisis

HORMONAS ENVOLVIDAS NA HOMEOSTASE DA GLICOSE

ç gdentro dos limites normais

HORMONAS EFEITO NA GLICOSE SANGUÍNEA PRINCIPAL MECANISMO DE ACÇÃO

Insulina ↓Inibição da gliconeogenesis (L)

estimulação da síntese de glicogénio (L e M) estimulação do uptake de glicose (M e A)

L fígadoM – músculoA – tecido adiposo

Adrenalina ↑ estimulação da glicogenolisis (L e M)

Glucagon ↑ estimulação da glicogenolisis (L)estimulação da gluconeogenesis (L)

Cortisol ↑ estimulação da gluconeogenesis (L)diminuição do uptake de glicose (M e A)

Hormona de crescimento ↑ estimulação da glicogenolisis (L)

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Hidratos de Carbono (HC) – Homeostasis da glicose sanguínea

FígadoMúsculoCorpos

cetónicos

Gli é i decomposição I-G+

cetogenese I- G+

GlicoseI+ Energia

Glicogénio decomposição I G

síntese I+

GluconeogeneseI- G+

ProteínasAminoácidoslipogenese

I+

decomposição I-

Tecido adiposo

Ácidos gordoslivres Triglicerídeos

Isíntese I+

I- - acção inibida pela insulinaI+ - acção estimulada pela insulina

G+ - acção estimulada pelo glucagon

lipolise I- G+

Hidratos de Carbono (HC) – Homeostasis da glicose sanguínea

INSULINAÉ um polipeptideo segregado pelas células β das ilhotas de langerhans em resposta a um aumento da concentração de glicose sanguínea.

BIOSÍNTESE DA INSULINA

A hormona da tiroide também exerce influência na glicose sanguínea:

peptido-C

S S

proinsulinaS S

insulina

Síntese estimulada:- glucagina (segregado

pelas células α das ilhotas de langerhans)

- peptideo inibidor gástrico

- tirosina: acção diabetogena- tiroidectomia: inibe o desenvolvimento da diabetes

ALTERAÇÕES NA HOMEOSTASE DA GLICOSE PODEM ORIGINAR- Hiperglicemia (Diabetes)- Hipoglicemia

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Cristina V. Almeida 7

Hidratos de Carbono (HC) – Diabetes mellitus

DIABETES MELLITUSA nova classificação estabelece a existência de quatro tipos clínicos, etiologicamente distintos, de Diabetes:

I – Diabetes Tipo 1- Resulta da destruição das células β do pâncreas, com insulinopenia absoluta, passando a insulinoterapia a ser indispensável para assegurar a sobrevivência.- Na maioria dos casos, a destruição das células β dá-se por um mecanismo auto-imune, pelo que se passa a denominar Diabetes tipo 1 Auto-imune.- Em alguns casos, no entanto, não se consegue documentar a existência do processo imune, passando a ser denominada por Diabetes tipo 1 Idiopática.

II – Diabetes Tipo 2É a forma mais frequente de Diabetes, resultando da existência de insulinopenia relativa, com maior ou menor grau de insulinorresistência.

Hidratos de Carbono (HC) – Diabetes mellitus

DIABETES MELLITUS

III – Diabetes Gestacional

Corresponde a qualquer grau de intolerância à glucose documentado, pela primeira vez, durante a gravidez.

IV – Outros tipos específicos de Diabetes

Correspondem a situações em que a Diabetes é consequência de um processo etiopatogénico identificado, como, por exemplo, doença pancreática.

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Cristina V. Almeida 8

Hidratos de Carbono (HC) – Diabetes mellitus

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA IDDM E NIDDM (diabetes tipo 1 e 2 descontrolado)

Tem muita fome (Polifagia) Urina muito (Poliúria) *urina doce* Desânimo, fraqueza,cansaço físicoDiabetes tipo 1 ou tipo 2 descontrolado:perda de peso

Tem muita sede (Polidipsia)

Infecções frequentes(pele, urina e genitais)

No Diabetes tipo 2: ganha peso

Lesões nas pernas ou nos pésde díficil cicatrização Alterações visuais

Hidratos de Carbono (HC) – Diabetes mellitus • As complicações da diabetes aumentam com a duração da doença,

sendo os responsáveis pela mortalidade e morbilidade:•Nefropatia•Neuropatia•Retinopatia•Arteriopatiap

Hiperglicemia – na diabetes mellitus consiste num aumento da produção de glicose pelo fígado e em menor escala a uma diminuição da remoção da glicose da corrente

sanguínea.

RIMNos rins a glicose filtrada pelos glomérulos é normalmente

l t t b id l t b l icompletamente reabsorvida pelos tubulos renais.No entanto, para concentrações sanguíneas superiores a 180 mg/dl

(10 mmol/L) – limite renal para a glicose – a reabsorção torna-se saturada e aparece glicose na urina.

- se um indivíduo tiver uma conc. de glicose de 200 mg/dl, tem deapresentar glicosuria

- Se tiver apenas uma alteração renal (não no metabolismo dos HC) com alteração da reabsorção de glicose, pode haver glicosuria sem apresentar uma conc. elevada no sangue.

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Hidratos de Carbono (HC) – Diabetes mellitus

Glicosuria resulta duma diurese osmótica:- aumento da excreção de água- subida da osmolaridade sérica → estimula a sede

A diurese osmótica e a sede causam os sintomas característicos de:A diurese osmótica e a sede causam os sintomas característicos de:- poliuria - polidipsia (ingestão exagerada de líquidos)

Diabetes mellitus não tratada pode provocar alterações patológicas profundas originando:

- cetoacidose diabética- hiperglicémia não cetónica- acidose láctica

Hidratos de Carbono (HC) – Diabetes mellitus

↓ Uptake de glicose ↑ glicogenolisis ↑ gluconeogenisis ↑ proteolise ↑ lipólise

↑saída da glicosehepática

Sequência de acontecimentos que levam a hiperglicemia e as suas consequências

hiperglicemia

glicosuria

diurese osmótica

perda de água

↑osmolaridadesérica

sede

↑aminoácidos séricos

↑síntese de ureia

↑ácidos gordos livres no soro

↑cetogénese

perda de água, sódio e potássio

hipovolémia

↓GFR

urémia pré-renal

vómito cetonémia

acidosehiperventilação

↓ excreção renalde H+Relação insulina-

glucaginaestá diminuída

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Hidratos de Carbono (HC) – Hipoglicemia

HIPOGLICEMIAPode verificar-se em doentes

Tratados a longo prazo com agentes hipoglicemiantesOcasionalmente (atraso na refeição após ingestão de insulina, erro na

dosagem de insulina, exercício físico não habitual,...)

CAUSAS MAIS FREQUENTES:Hipoglicemia reactiva – provocada por estímulos específicos, que pode incluir a ingestão de alimentos

Induzida por drogas (insulina, sulfonilureias,...)Pós-prandial (após cirurgia gástrica, hipoglicemia reactiva

essencial,...)Induzida pelo álcoolDi tú bi t bólit i t (i t l â i h ditá i àDistúrbios metabólito inerente (intolerância hereditária à

fructose,...)Hipoglicemia em jejum

Tumores produtores de insulina (insulinomas)Tumores secretores de substâncias semelhantes à insulinaDoença hepática graveDoença de armazenamento de glicogénio

Hidratos de Carbono (HC) – Hipoglicemia

HIPOGLICEMIASINTOMAS:

Aguda Devido à neuroglicopenia: confusão, parastesia, convulsões, comaDevido à estimulação simpaticomimética: palpitações, taquicardia,

tremor,...

CrónicaAlterações na personalidadePerda de memóriaPsicoseDemência

Os estados de hipoglicemia aguda normalmente respondem rapidamente à administração de glicose.

Doentes com hipoglicemia crónica (insulinoma) apresentam alterações no comportamento e psicoses, estando ausentes as manifestações de hipoglicemia aguda.

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Hidratos de Carbono (HC) – Glicose no L.C.R.

GLICOSE NO L.C.R.

É determinada em indivíduos em que se suspeita de meningite bacteriana

Nos casos positivos verifica-se uma diminuição da concentração da glicose devido ao metabolismo das bactérias

A concentração de glicose no L.C.R. é 60% da concentração da glicose sanguínea, sendo o resultado interpretado em função desta determinação.

Hidratos de Carbono (HC) – Determinação laboratorial de glicose

DIAGNÓSTICO de distúrbios no metabolismo dos hidratos de carbono consiste basicamente no doseamento da glicose plasmática em:

- jejum- após testes de estimulação ou supressão

AMOSTRASangue venoso – amostra de eleição (soro deve ser separado das

células num intervalo de 30 minutos ou adicionar fluoreto de sódio)

Sangue capilar – crianças – valores mais elevados (semelhantes aos do sangue

arterial)

sangue total testes iniciais. sangue total – testes iniciais – importantes no controlo em ambulatório– incluído um inibidor da glicólise

Quando refrigerado, a glicose é estável no soro ou plasma durante 48 horas.Em armazenamento mais prolongado, mesmo a –20ºC, os valores de glicose baixam significativamente e progressivamente.

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Cristina V. Almeida 12

Hidratos de Carbono (HC) – Determinação laboratorial de glicose

Podem ser divididos em dois grupos:

Químicos – maioria baseados nas

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA GLICOSE

propriedades redutoras da glicose (falta de especificidade)

Enzimáticos – métodos mais específicos

Mais específico dosmétodos não enzimáticos

- maior grau de especificidade- método de referência para a det.

de glicose- elevado custo-sem interferentes (habituais em outros métodos)

Hidratos de Carbono (HC) – Determinação laboratorial de glicose

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA GLICOSE

Fenilamina-fenazona(aceitador de O )

*

* reacção altamente específica

**(baixo custo)

(aceitador de O2) –reagente de Trinder** reacção menos

específica (numerosas substâncias redutoras inibem a oxidação do cromogénio usado na reacção da peroxidase)

ácido ascórbico (vit.C) –origina uma diminuição dos valores

(etanol e iodeto)

- preciso- linear- livre de interferências importantes

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Cristina V. Almeida 13

Hidratos de Carbono (HC) – Determinação laboratorial de glicose

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA GLICOSEComparação das condições de reacção para a análise de glicose

Hidratos de Carbono (HC) – Determinação laboratorial de glicose

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA GLICOSEDrogas que interferem com os testes laboratoriais para a determinação de glicose no soro

* Interferências importantes

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Cristina V. Almeida 14

Hidratos de Carbono (HC) – Determinação laboratorial de glicose

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA GLICOSEReacções de substâncias encontradas na urina nos testes de determinação da glicosuria:

Hidratos de Carbono (HC) – Determinação laboratorial de glicose

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA GLICOSEos valores de referência têm de ser ajustados: - Conforme o método

- Conforme a amostraSoro ou plasma: 70-110 mg/dL (3,9-6,1 mmol/L)Sangue total: 60-100 mg/dL (3,3-5,6 mmol/L)Urina

qualitativa: negativoquantitativa (24 h): 130 mg/dia (glicose)

L.C.R.: 40-80 mg/dL (2,8-4,4 mmol/L)

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Cristina V. Almeida 15

Hidratos de Carbono (HC) – Glicose em jejum

GLICOSE EM JEJUMOs resultados da glicose podem ser classificados em hiperglicemia e hipoglicemia.

Após um jejum nocturno consideram-se como valores aceitáveis:50 – 110 mg/dL

Diagnóstico de diabetes mellitus pode ser realizado pelo doseamento da glicose em jejum:- valores > 126 mg/dL (valor anormal)- se estes resultados aconteceram duas ou mais vezes, pode ser diagnosticado diabetes de acordo com o critério NDDG (National Diabetes Data Group)

Doentes com intolerância à glicose têm conc. de glicose em jejum e em testes de tolerância à glicose entre valores normais e elevados – estado inicial de história de diabetes.

Hipoglicemia:- valores de glicose em jejum abaixo de 45 mg/dL são claramente anormais

- valores de glicose em jejum acima de 55 mg/dL são normalmente considerados aceitáveis

- nos recém-nascidos e crianças os valores são normalmente inferiores

Hidratos de Carbono (HC) – Variação plasmática da glicose

VARIAÇÃO PLASMÁTICA DA GLICOSE:

- Em indivíduos saudáveis, a concentração plasmática de glicose varia pouco durante o dia e geralmente dentro do intervalo de 45 a 130 mg/dL

- Nos idosos saudáveis, a concentração da glicose pode atingir níveis de 180 mg/dL

- Em diabéticos tipo 2 as variações de glicose são mais bruscas, com flutuações tão elevadas como 150 mg/dL

- Níveis de glicose abaixo de 45 mg/dL não são usuais e alerta para uma futura investigação, especialmente em indivíduos sintomáticos (resposta fisiológica após refeição ou indicativo de um distúrbio metabólico dos HC)

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Cristina V. Almeida 16

Hidratos de Carbono (HC) – Teste de tolerância à glicose

TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TTG):Quando os valores de glicose em jejum são inferiores a 128 mg/dL

em indivíduos com suspeita de intolerância à glicose, pode ser indicada a prova de tolerância à glicose.

Como o diabetes mellitus durante a gravidez está associado a uma maior morbilidade e mortalidade perinatal o teste de tolerância àmaior morbilidade e mortalidade perinatal, o teste de tolerância à glicose pode ser necessário (durante a gravidez, a glicose em jejum é normalmente inferior, mas a intolerância aumenta durante o segundo e terceiro trimestre).

Neste teste é medida a resposta do indivíduo a uma sobrecarga de glicose, doseando os seus níveis após determinados intervalos de tempo. Estes exames foram padronizados: após quer uma sobrecarga de glicose, por via oral ou intravenosa, são determinados os valores de glicose.

Apesar do TTG ser sensível, é pouco específico (dá resultados anormais numa grande variedade de doenças, é influenciado pela dieta,...)

Hidratos de Carbono (HC) – Teste de tolerância à glicose

TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TTG) - FASE DE PREPARAÇÃO:As condições do teste têm de ser rigorosamente controladas de forma a que os dados obtidos tenham significado:

- Três dias antes do teste o indivíduo deve ter uma alimentação diária contendo pelo menos 150 mg de HCcontendo pelo menos 150 mg de HC.

- Dois dias adicionais são necessários se a dieta não for a indicada anteriormente.

- Necessário um jejum de 12 horas antes de realizar o teste.- Só é realizável em indivíduos em ambulatório (inactividade, como a estada em cama, está associada com intolerância à glicose).

- Fumar e exercício físico não são permitidos.- Anorexia e outros condições invalidam o teste dado estaremAnorexia e outros condições invalidam o teste dado estarem associados a uma dieta insuficiente.

- Distúrbios endócrinos como acromegalia, hipertensão ou síndroma de Cushing estão associados a intolerância à glicose. Deve ser corrigida antes de realizar o teste.

- Muitos medicamentos como os salicilatos, diuréticos e anticonvulsivantes diminuem a secreção de insulina. Devem ser evitados pelo menos 3 dias antes do teste.

- Contraceptivos orais causam resistência à glicose e alteram o seu t1/2

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Cristina V. Almeida 17

Hidratos de Carbono (HC) – Teste de tolerância à glicose

TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TTG) - PROCEDIMENTO:

CARGA DE GLICOSE: 50 g, 75 g ou 100 g- 75 g para adultos não grávidos- 1,75 g/Kg de peso corporal (até 75 g) para pediátricos

í í- Em diabetes gestacional, 100 g em indivíduos com níveis de glicose elevados numa amostra colhida, após uma hora, a seguir a uma sobrecarga de 50 g de glicose.

- Doses mais elevadas são mais sensíveis e reprodutíveis, mas levam a mais náuseas e vómitos, que invalidam o teste.

RECOLHA DE AMOSTRAS- Glicose em jejum (linha de base) entre 7 e as 9 A M após 30- Glicose em jejum (linha de base) – entre 7 e as 9 A.M., após 30 minutos (pelo menos) de descanso

- Ingestão da carga de glicose (durante 5 minutos), no máximo 5 minutos após a colheita da primeira amostra

- Recolha de outras amostras em intervalos de tempo definidos (depende do critério usado para a interpretação) após a primeira colheita

Hidratos de Carbono (HC) – Teste de tolerância à glicose

Grávida:

O´Sullivan:- Determinação em jejum-Carga de 50 g :

ó 1 hapós 1 hora< 140 mg/dL

> 140 mg/dL – faz-se teste de tolerância à glicose com carga de 100g

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Cristina V. Almeida 18

Hidratos de Carbono (HC) – Teste de tolerância à glicose

TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TTG) – GRÁFICO DE EVOLUÇÃO DOS NÍVEIS DE GLICOSE:

A resposta do diabético ao TTGÉ comparada com uma resposta normalnormal- nos diabéticos, a curva da glicose está elevada e atrasada

- em respostas normais, o pico éatingido passados 30 minutose retoma a linha de base passado duas horas

Hidratos de Carbono (HC) – Teste de tolerância à glicose

TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TTG) – A CURVA DE TOLERÂNCIA À GLICOSE AJUDA NO DIAGNÓSTICO DE OUTRAS DOENÇAS

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Hidratos de Carbono (HC) – Teste de tolerância à glicose

TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TTG) –CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA A DIABETES MELLITUS(avaliação dos resultados):(avaliação dos resultados):

Consultar anexo à aula

DIAGNÓSTICO DE DIABETES (Plasma Venoso)I – Glicemia de jejum ≥126 mg/dl ou ≥7,0 mmol/louII– Sintomas clássicos + Glicemia ocasional ≥200 mg/dl ou ≥11,1mmol/louIII – Glicemia ≥200 mg/dl ou ≥ 11,1mmol/l, na PTGO com 75g de Glucose, às 2 horas

NOTA: Na ausência de hiperglicemia inequívoca, associada a sintomas clássicos, estes critérios devem ser confirmados num segundo tempo

TOLERÂNCIA DIMINUÍDA À GLUCOSE (TDG)TOLERÂNCIA DIMINUÍDA À GLUCOSE (TDG)Glicemia de jejum <126 mg/dl ou <7,0 mmol/l e às 2h (PTGO) ≥140 e <200 mg/dl ou≥7,8 e <11,1 mmol/lANOMALIA DA GLICEMIA DE JEJUM (AGJ)Glicemia de jejum ≥110 e <126 mg/dl ou ≥6,1 e <7,0 mmol/l

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Hidratos de Carbono (HC) – Teste de tolerância à glicose

TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TTG) – COMPARAÇÃO DE QUATRO CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO DO TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE:

Impaired glucose tolerance (tolerância à glicose alterada)

Hidratos de Carbono (HC) – Teste Glicose 2 horas pós-prandial

TESTE Glicose 2 HORAS PÓS-PRANDIALOBJECTIVO:É usado como teste de despiste e de diagnóstico da diabetes mellitus e para monitorizar os níveis de glicose (controlo).

PROCEDIMENTOPROCEDIMENTO:- colheita de sangue em jejum- 2 horas após:

- pequeno-almoçoou- almoço

EVOLUÇÃO:O t á i li l áti i f i ãO aumento máximo na glicose plasmática a seguir a uma refeição ocorre passados 60 a 90 minutos e após 2 horas os níveis são similares aos níveis encontrados em jejum.

Nas pessoas mais idosas, contudo, a concentração de glicose após 2 horas poderá ser ligeiramente superior em relação ao jejum.

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Hidratos de Carbono (HC) – Teste 2 horas pós-prandial

TESTE 2 HORAS PÓS-PRANDIALTem sido referido na literatura como o teste mais sensível no diagnóstico de diabetes.

Tem como factor limitante o facto da falta de controlo rigoroso das condições (quantidade de HC a idade do indivíduo infecçõescondições (quantidade de HC, a idade do indivíduo, infecções decorrente,...) – são responsáveis pelas diferenças na interpretação dos resultados.

Segundo a literatura o TTG (mais rigoroso) deverá ser utilizado quando os níveis de glicose 2 horas pós-prandial são superiores a 140 mg/dL (7,8 mmol/L).

Um diabético bem controlado tem sido definido como aquele tendo um qvalor de glicose plasmática inferior a 130 mg/dL (7,2 mmol/L)

Hidratos de Carbono (HC) – Determinação de proteínas glicosiladas

DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNAS GLICOSILADASHEMOGLOBINA GLICOSILADA

O controlo da diabetes mellitus pela concentração da glicose plasmática reflecte alterações agudas e não alterações a longo termo.

Uma técnica mais útil para controlar a diabetes consiste em dosear hemoglobinas glicosiladas – hemoglobinas com glicose ou fosfato de glicose ligados à amina terminal de uma ou ambas as cadeias β.

Embora muitas outras proteínas, como a albumina, sejam glicosiladas, as hemoglobinas glicosiladas são em número suficiente e têm um tempo de semi-vida suficientemente longo para serem usados por rotina na monitorização da glicose a longo-prazo.ç g g p

A taxa de formação da hemoglobina glicosilada é proporcional à concentração de glicose no sangue.A reacção é reversível, mas uma vez formado o produto estável HbA1, ela permanecerá permanecerá no glóbulo rubro (G.R.) o tempo de vida desse mesmo glóbulo (6-8 semanas).

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Hidratos de Carbono (HC) – Determinação de proteínas glicosiladas

HEMOGLOBINA GLICOSILADA

Quando hemolisados os G.R. humanos são sujeitos a um processo de cromatografia usando uma resina de troca-iónica.

surgem 3 ou mais pequenos picos

HEMOGLOBINA A1a, A1b e A1c

que eluem antes do pico principal da hemoglobina A

Estas hemoglobinas são formadas por modificação pós-sintética da hemoglobina A, a uma baixa velocidade, directamente dependente da concentração de glicose durante o tempo de vida do G.R. (120 dias)

Hemoglobina A1c (80% da Hb A1):Indivíduos saudáveis – 3-6% do total da hemoglobina Diabéticos – pode duplicar ou triplicar (dependendo dos

níveis de hiperglicemia)Outras variantes de hemoglobina:

A1a – 1,6% da hemoglobina totalA1b – 0,8% da hemoglobina total

Hemoglobina A15 – 8% da hemoglobina total

Estas hemoglobinas estão também aumentadas

nos diabéticos

Hidratos de Carbono (HC) – Determinação de proteínas glicosiladas

HEMOGLOBINA GLICOSILADA

Quando é doseada a fracção total (A1a, A1b e A1c) ⇒ Hemoglobina A1 ou A1acHemoglobina A1c:

- aumenta a sua síntese na falta de controlo de glicose- em diabéticos bem controlados, a sua concentração retoma os valoresem diabéticos bem controlados, a sua concentração retoma os valores

do intervalo de referência- é proporcional à concentração de glicose no sangue → o seu

doseamento é um bom meio de controlo a longo prazo do diabetes

MÉTODOS DE DOSEAMENTO- Electroforese (interferência da Hb F, migra igual) - Focagem isoelétrica (demorado, equipamento caro)- Ensaios radioimunológicos- Cromatografia (troca-iónica HPLC afinidade) - sofre interferência de- Cromatografia (troca-iónica, HPLC, afinidade) - sofre interferência de

hemoglobinas anormais ou em concentrações inusuais- Colorimetria

Não existe método de referência

Métodos mais frequentemente

usados

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Hidratos de Carbono (HC) – Determinação de proteínas glicosiladas

HEMOGLOBINA GLICOSILADA

O teste não é válido nos indivíduos com anemia hemolítica (vida do G.R. está diminuída)

Alguns métodos sofrem a interferência de variantes da hemoglobinaAlguns métodos sofrem a interferência de variantes da hemoglobina dando resultados falsamente elevados

OUTRAS DETERMINAÇÕES

A determinação das proteínas séricas glicosiladas poderá vir a tornar-se um índice de controlo (o tempo de vida é de 4 semanas. Mais rapidamente dá informações sobre a evolução da doença)

A concentração de frutosamina é proporcional à concentração de albumina glicosilada, podendo-se usar a sua determinação.

Hidratos de Carbono (HC) – Distúrbios em outros hidratos de carbono

DISTÚRBIOS EM OUTROS HIDRATOS DE CARBONOFRUCTOSE1) fructosúria essencial (condição benigna) – deficiência em

fructoquinase (1)2) intolerância hereditária à fructose (náuseas, vómitos, hipoglicemia,

f t i ó i tã d f t bit l)frutosuria após a ingestão de fructose, sucrose ou sorbitol) –def. fructose 1 fosfato aldolase (3)

3) deficiência de fructose-1,6-difosfatase (2) (impede a gliconeogenese. Produz glicose enquanto houver glicogénio)

- Alimentos: fruta, legumes,..

- Intervalo de referência: 1 – 6 mg/dL

- Valores superiores a 100 mg/dL após uma carga de fructose está associado a distúrbios no metabolismo da fructose.

inibe

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Hidratos de Carbono (HC) – Distúrbios em outros hidratos de carbono

DISTÚRBIOS EM OUTROS HIDRATOS DE CARBONOGALACTOSEMIA

É um distúrbio genético pouco frequente.

Características:- baixa conc de glicose plasmática- baixa conc. de glicose plasmática- incapacidade de metabolizar a galactose (existe no leite sob

a forma do dissacarídeo lactose: galactose+glucose) por falta da galactose-1-phosphate uridyl transferase resultando na acumulação da galactose

Síndroma clássico aparece na criança aparentemente normal ao nascer mas que após ingestão de leite, desenvolve diarreia, vómitos, icterícia,..., atraso mental.

Diagnóstico precoce e tratamento imediato – previne a ocorrência deDiagnóstico precoce e tratamento imediato – previne a ocorrência de danos irreversíveis

DOENÇAS ASSOCIADAS AO ARMAZENAMENTO DE GLICOGÉNIOResulta de uma deficiência específica de enzimas envolvidas no metabolismo do glicogénio. Existem vários tipos de doença.

Consequências: acumulação de glicogénio no fígado, mas em algumas deficiências, este depósito é generalizado.

Hidratos de Carbono (HC) – Distúrbios em outros hidratos de carbono

DISTÚRBIOS EM OUTROS HIDRATOS DE CARBONOL-LACTATO

O ácido láctico é um ácido forte, dissociado a pH fisiológico (L-lactato e ião hidrogénio).

Lactato é o produto final do metabolismo anaeróbio e os seus níveis pestão associados com a disponibilidade de oxigénio.

Deficiência de oxigénio: o sistema citocromo está incapacitado de funcionar como um intermediário na transferência de hidrogénio para o oxigénio molecular.

Piruvato + NADH + H+ → L-lactato + NAD

Lactato – acumulasse no músculo esquelético, fígado e eritrócitos.

Produto final. Na presença de oxigénioreverte a piruvato

q , gDepois difunde-se e aumentam os seus níveis na corrente sanguínea.

Situações associadas ao aumento de lactato: problemas cardíacos, perda de sangue, exercício,...

DETERMINAÇÃO: métodos enzimáticos usando a lactato desidrogenase.

AMOSTRA: sangue arterial (preferido), sangue venoso (mais usado). Se houver degradação da glicose à aumento do piruvato.