Equidade no sistema de financiamento no

contexto latino-americano

Gregory Elacqua

Economista Principal de Educação do BID

Conteúdos

I. Introdução

II. Equidade em perspectiva comparada

III. Como aumentar a equidade no Brasil?

Introdução

Os gastos com educação na américa latina e Brasil

vêm crescendo continuamente nas últimas décadas

Gasto em Educação (% do PIB), entre 1999-2015

Fonte: UIS UNESCO

Os gastos com educação na américa latina e Brasil

vêm crescendo continuamente nas últimas décadas

Gasto por aluno no ensino fundamental, 1999-2015 Gasto por aluno no ensino medio, 1999-2015

Fuente: UNESCO

Apesar da melhora no nível de aprendizado, o Brasil

ainda apresenta desigualdade educacional persistente

entre os mais ricos e os mais pobres

220

225

230

235

240

245

250

255

260

265

2007 2009 2011 2013

Mate

mática P

B 2

015

Baixo NSE Alto NSE

0,5 desvios-padrão

Fonte: Prova Brasil Matemática 9º ano e Indicador INEP de Nível Socioeconômico

Desigualdade no aprendizado por nível

socioeconômico varia entre estados

Fonte: Prova Brasil Matemática 9º ano e Indicador INEP de Nível Socioeconômico

Desigualdade socioeconômica de resultado nos estados

brasileiros

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Desvios-Padrão Prova Brasil

Fonte: Prova Brasil Matemática 9º ano 2007-13 e Indicador INEP de Nível Socioeconômico

Mudança na desigualdade socioeconômica

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

Mudança n

a d

esig

uald

ade 2

007

-13

Desigualdade aumentou Desigualdade diminuiu

A Desigualdade no aprendizado por nível

socioeconômico aumentou para a maioria dos

estados

Em alguns países, o gasto por aluno é desigual entre

regiões, o que pode explicar em parte, a desigualdade do

apredizado

Fuente: Elaboración propia con base en:

Brasil: Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (SIOPE) 2015

Perú: Sistema Integrado de Administración Financiera (SIAF) 2015

Colombia: Formato Único Territorial (FUT) 2016

Argentina: CGECSE/DNPE/SlyCE, Ministerio de Educación y Deportes (MEyD)

Chile: Ministerio de Educación, SINIM y Superintendencia de Educación 2015

-6000 -4000 -2000 0 2000 4000 6000

Argentina

Brazil

Colombia

Peru

Chile

New Jersey, EEUU

Favorece

regiões

mais pobres

Favorece

regiões

mais ricas

No Brasil,

esta

diferença

chega a

$1.956

dólares

(R$6.259

reais)

Os estados brasileiros mais ricos gastam, em média,

mais recursos para educação que os mais pobres

Fonte: SIOPE, 2015; Indicador IDHM dos estados, 2015

O desenho do Sistema de Financiamento pode tanto

reduzir como acentuar a inequidade no acesso aos

recursos educacionais

- Fontes de financiamento e equidade

o Trade-off entre gasto total e equidade na distribução, especialmente em

países com alta participação de recursos locais

- Regras de alocação e equidade

o Mecanismos para distribuir os recursos podem incorporar critérios de

equidade que compensem características socioeconômicas dos alunos, das

escolas ou do seu entorno

Equidade em perspectiva comparada

Classificação das fontes de financiamento de

acordo com a fonte da receita e regras de

alocação

- Recursos coletados a nível

local – principal fonte de desigualdade

- Fundeb (no caso do Brasil)

- Transferências realizadas

pelo governo central para os estados ou municípios sem critérios socioeconômicos

na sua distribuição (transferências do FNDE).

- Transferências pró-

equidade do governo central. Há dois principais exemplos, os subsídios

compensatórios e as fórmulas ponderadas de financiamento. No caso do Brasil, a

Complementação da União representa um subsídio compensatório.

Financiamento da educação básica na América Latina

segundo as fontes de financiamento

Fonte: Elaboração própria com base

em:

Brasil: Sistema de Informações

sobre Orçamentos Públicos em

Educação (SIOPE) 2015

Perú: Sistema Integrado de

Administración Financiera (SIAF)

2015

Colombia: Formato Único

Territorial (FUT) 2016

Argentina: CGECSE/DNPE/SlyCE,

Ministerio de Educación y Deportes

(MEyD)

Chile: Ministerio de Educación,

SINIM y Superintendencia de

Educación 2015

VS

Diferentes modelos de financiamento na América Latina de acordo

com as regras de alocação de recursos

DISCRICIONÁRIO FÓRMULAS DE FINANCIAMENTO

Na Argentina as provincias mais ricas gastam duas

vezes mais recursos que as provincias mais pobres

Fonte: Argentina: CGECSE/DNPE/SluCE, Ministério da Educação e Desportos (MeyD)

Na Colômbia, apesar de pequena, a diferença entre os

municipios mais ricos e mais pobres se explica pela

receita local

Na Colômbia, os municípios mais ricos e mais pobres

recebem mais recursos

Fonte: Sistema Integrado de Administración Financiera

(SIAF) 2015 e Saber 5

envigado

san andres

sabaneta

chÍa

mosquera

tunja

barranquilla

bogota

floridablanca

girardot

itagui

cartagena

soledad

rionegro

armenia

cali

sogamoso

buga

medellin

bello

quibdÓ

duitama

ibague

fusagasuga

valledupar

manizales

bucaramangapalmira

santa marta

neiva

villavicencio

soacha

barrancabermeja

zipaquira

jamundÍ

dosquebradas

sincelejo

atlantico

yumbo

tulua

piedecuesta

facatativa

popayan

pereira

cartago

yopalbuenaventura

pasto

monteriariohacha

apartado

cucuta

giron

malambo

lorica

cienaga

cundinamarca

la guajira

magangue

florencia

quindio

valle

maicao

tumaco

turboipiales

bolivar

cesar

sahagun

casanare

arauca

antioquia

sucre

tolima

meta

cordoba

pitalito

magdalena

boyaca

caldas

santanderrisaralda

vichada

putumayo

norte santander

guaviare

amazonas

caucahuilachoco

nariÑo

vaupes

caqueta

uribia

guainia1

00

01

50

02

00

02

50

03

00

03

50

0

Gasto

po

r e

stu

dia

nte

(U

SD

PP

P)

0 .2 .4 .6 .8% madres sin secundaria completa Saber 5

No Chile, a inequidade gerada pelos recursos locais é

contrabalanceada pelos recursos compensatórios do

governo central para os municipios mais pobres

-0,6

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1999 2014 1999 2014

Math Language

Te

st sta

nd

ard

de

via

tio

n

Lowest SES quintile Highest SES quintile

-0.69 s.d. -0.74 s.d.

Avaliação Externa (Desvio

Padrão)

Como resultado, no Chile houve uma redução na diferença

de aprendizado em linguagem e matemática

Matemática Linguagem

Fonte: SIMCE

No Peru, o gasto por aluno é maior nas regiões mais pobres

graças às políticas para atrair professores às escolas de

difícil lotação

Fonte: Elaboração própria com base em: Sistema Integrado de Administración Financiera (SIAF) 2015 y

Encuesta Nacional de Hogares - ENAHO - 2015

No Peru, os professores que trabalham em escolas rurais

ganham mais

No Brasil, a distribuição dos recursos favorece os mais

ricos.

A maior fonte de desigualdade é a receita local.

Fuente: Elaboración propia con base en Sistema de Informações sobre

Orçamentos Públicos em Educação (SIOPE) 2015 e Índice de Desarrollo Humano

(2010)

Em resumo

- Há uma maior desigualdade nos sistemas com maior descentralização

fiscal (Argentina e Brasil), onde os recursos próprios representam uma

importante fração dos gastos educacionais. Nestes sistemas, existe um

trade-off entre o nível total de recursos e a equidade na distribuição.

- Nos países mais centralizados (Chile, Colômbia e Peru), o principal

desafio é como incorporar critérios de equidade nas transferências do

governo central, mantendo incentivos para a eficiência a nível regional

e local, transparência no uso de recursos e incentivos para contribuir

com mais recursos para a educação.

Como aumentar a equidade no Brasil?

O governo federal pode adotar medidas pró-equidade

- COMPLEMENTAÇÃO DA UNIÃO

• Aumentar recursos repassados via complementação da união,

focalizando estados e/ou municípios mais vulneráveis e condicionar

à medidas pró-equidade;

- FNDE

o Ponderar parte dos repasses do FNDE com critérios socioeconômicos

Os governos locais podem adotar medidas pró-equidade

- Além da desigualdade regional no acesso aos recursos

educacionais, parte importante da inequidade é gerada dentro dos

sistemas de ensino, ou seja, dentro dos estados.

- Como os governos estaduais podem promover maior equidade dentro

dos seus sistemas de ensino?

o Desenvolver sistemas de informação e custo;

o Desenhar fórmulas de financiamento de escolas

o Implementar programas focalizados

o Desenvolver sistemas de contrato e alocação de professores permanentes

priorizando os melhores professores às escolas mais vulneráveis

o Criar incentivos para professores trabalharem em escolas vulneráveis e

de difícil acesso