epidemiologia crítica ciencia emancipadora e...

19
El contenido de esta obra es una contribución del autor al repositorio digital de la Universidad Andina Simón Bolívar, Sede Ecuador, por tanto el autor tiene exclusiva responsabilidad sobre el mismo y no necesariamente refleja los puntos de vista de la UASB. Este trabajo se almacena bajo una licencia de distribución no exclusiva otorgada por el autor al repositorio, y con licencia Creative Commons – Reconocimiento de créditos-No comercial-Sin obras derivadas 3.0 Ecuador Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e interculturalidade de Jaime Breilh Prefacio a Edicao Brasileira Paulo Marchiori Buss 2006

Upload: phungthuan

Post on 04-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

El contenido de esta obra es una contribución del autor al repositorio digital de la Universidad

Andina Simón Bolívar, Sede Ecuador, por tanto el autor tiene exclusiva responsabilidad sobre el mismo y no necesariamente refleja los puntos de vista de la UASB.

Este trabajo se almacena bajo una licencia de distribución no exclusiva otorgada por el autor al repositorio, y con licencia Creative Commons – Reconocimiento de créditos-No comercial-Sin

obras derivadas 3.0 Ecuador

Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e interculturalidade

de Jaime Breilh Prefacio a Edicao Brasileira

Paulo Marchiori Buss

2006

Page 2: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos
Page 3: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

Epídemiologia.17ftica, de Jaime Breilh, r. emgrande medida. uma soma e \lma síntese de unlongo processo: a soma de urn processo deexplora~o. bífurca~óes. Illodifi(a~óes, muta\,oesavan~os e reflex6es que foram criando Uluaoncep\ao que é. sem sombra de dúvida, uma

das presen~as teóricas maís importantes que tema America Latina, mais especincamente (\Equadot no nmndtHientífico. Esta obra étambém Ulua síntese, porque consegue integrartodas essas tendendas. todas essas cOl1cep\oes,todos esses aval1\os e retrocessos numa análiseriquíssima e dt: grande significa9ao.

o livro se move em váriosníveis: é lima teoriasocial e unl~ crítica social; é urna epistemologiae UIllaepistemología crítica: é llma teoría das.aÚdee uma crítica aos seusparadigmasfundamentais. especialmente o paradigma dorisco: e, em grande medida, todos esses níveisesta o articulados, a tal ponto que as vezessentimos que a teoria social é urna teoria dasaúde e vice-versa.

Urna característica importante é que esta obrase insere Illuna tradi(;ao aberra das ciénciassociais críticas. Isso € importante porque,quando reflexóes como omarxislllo se fecham,é indefectível que morram, ao passo que,quando se abrem,. elas re\~goram seu própríopensam€nto e revitalizam as outras forrnas depensar. Trata-se de um texto que se baseia naepistemologia. entendida como lIm problemapolítico, on seja. tomr um problema obviamentecientífico, obViamente teórico. mas que supoerela~óes de poder, A tese do paradigma enunciaprecisamente isso - as rela~6es de poder quedefinem o que lima cOlllunidade científica pensallUIll dado momento: quais sao nao apenas ascorrel\tes teóricas de interpreta~ao, massobretudo as perguntas.

EP\OICIENCIA E

Page 4: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

Outro elemento central aquí exposto é acríticaao positivisllJo, Elfragmenta~o, Elvisáosuperficial, ao redu(Íollismo, ao empirismo apartir do qual se olha apenas paca a superfícieda vida sOCÍal;ao mesmo tempo o. texto deBreilh se coloca como urna crítica aosmonismos. aos propósítos de toda sorte deexplica~óes totalizantes.

QuaIlto ao problema da interculturalidade e domulticulturalismo, este trabalho o examina emdiferentes níveís. Mas também é preciso darcanta do. processo em seu conjunto: comoentender os problemas da etnia, os problemasllacíonais, nas novas cOlldi~óes de globaliza~a()7Creio que diversos pontos convergem para o.debáte que será exposto no texto que temosem maos.

Para mím, foi un¡ enorme prazer: e um texto quetfaz ¡mensa satisfa\ao e que surpreende. apesarde sua complexidade. renso que este livrocumpre seu compromisso de nos expor umacienCia el~ancipadoraj que procura refietir sobreas condi~óes de constm\ao de um prajerocontra-hegemónico; trata-se, no momento eJllque estamos vivendo, de uma contribui\áoextremamente Significativa.

Alejandro !r1orealloSociólogo; um dos mais importantes expoentesdas déncias sociais equatorianas e da América Latina.

JAIME BREILHMédito, doutor em Epidemiologla pela U!liversidadeFederal da Bahía (Ufba), doutor 1I01l0lis 1'111151\daUniversidad Nacional de Cajamarca, Pefll É: diretor doCentro de Estudos e AsSessoria en¡ Saúde (Ceas, Equador) eda }¡laestlia Intet71acíonal e/I Salud COI/ i1JfiX{lIe deEcosiste/lll\s (Universidades de Columbia Britaníc~.Canadá; (uenca, Machala v Bolívar, Equador). É lllll dosfundadores do movimentlllatillo-americallo da nova saÚdepública e auto~ dentre outros livros, de Epidnni,)[ogia.economía. política esalÍdi'.

Page 5: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

FUNDA¡;:ÁO OSWALDO CRUZ

Presidentepaulo Marchiori Buss

Vice-Presidente de Ensino, Informa<;:áo e Comunica<;:áoMaria do Carmo Leal

EDITORA FIOCRUZ

DiretoraMaria do Carmo Leal

Editor Executivoloáo Carlos Canossa Mendes

Editores CientíficosNísia Trindade Lima

Ricardo Ventura Santos

Conselho EditorialCarlos E. A. Coimbra Ir.Gerson Oliveira Penna

Gilberto Hochman

Lígia Vieira da Silva

Maria Cecflia de Souza Minayo

Maria Elizabeth Lopes Moreira

Pedro Lagerblad de Oliveira

Ricardo Lourenfo de Oliveira

Page 6: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

JAIME BREILH

EPIDEMIOLOGIA CRíTICACIENCIA EMANCIPADORA E INTERCULTURALlDADE

TRADU~ÁO

Vera Ribeiro

REVISÁO TÉCNICA

Luis David Castiel

EDITORA

tjFIOCRUZ

Page 7: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

Copyright © 2006 do autorTodos os direitos desta edi~ao reservados aFUNDA~O OSWALDO CRUZ / EDITORA

ISBN: 85-7541-095-4

Capa, projeto gráfico e editora~ao eletrónicaCarlos Fernando Reís & Adríana Carvalho

Revisao, copidesque e normaliza~ao de originais/anaína de Souza silva

Cataloga~ao-na-fonteCentro de Informa~ao Científica e TecnológicaBiblioteca da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

B835e Breilh, Jaime

Epidemiologia crítica: ciencia emancipadora e interculturalidade./Jaime Breilh. Rio de Janeiro : Editora FIOCRUZ, 2006.

317p., graf.

l.Epidemiologia. 2.Saúde pública. I.TÍtulo.

CDD - 20.ed. - 614.49

2006EDITORA FIOCRUZAv. Brasil, 4036 - sala 112 - Manguinhos21040-361 - Rio de Janeiro - RJTe!': (21) 3882-9039 e 3882-9041Telefax: (21) 3882-9006e-mail: [email protected]://www.fiocruz.br/editora

Page 8: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

Para Cristina,sÍntese do sentido profundo a que aspiro

para minha vida.le.

Para María Cristina eMaría José.demonstra~áo de que o amor solidário

continua a existir.

Page 9: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

Voz da identidade

Estou no mesmo ponto, porém cada vez maisJundo.Sempre golpeando para dentro, para dentro, buscando.

A América Latina tem sua própria raiz, que é necessário arrancare encontrar para dizermos nossas coisas,

para nos expressarmos com nossa própria voz (...)

Guayasamín. Pintor de América

Voz do presente

Tudo existe e se move sob uma única lei - a vida.Ninguém está separado de ninguém

Ninguém luta sozinho (...)A angústia e a dor, o prazer e a morte

Nao sao mais do que um processo para existir.

Frida Kahlo, Síntesis de la Fuerza de la Vida

Voz da utopia

Somos o queJazemos,mas, acima de tudo,

o queJazemos para mudar o que somos.

León Giego, Cantautor de la Utopía

Page 10: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

Sumário

Prefácio a Edi~áo Brasileira 11

Prólogo a Edi~áo Original ,.. 13

Apresenta~áo a Edi~áo Brasileira 19

Introdu~áo 21

1. Episteme e Práxis Social: como se transformam. avan~am ouretrocedem os conceitos científicos 87

2. Sujeito Histórico e Sujeito da Ciencia: fratura e emancipa~áo 99

3. Complexidade e Realismo Dialético 113

4. Obstáculos e Possibilidades diante de urna Epidemiologia semMemória e sem Sonhos: balan~o preliminar de um debate """"""""""'" 131

5. Dois Casos de Hegemonia por meio da Epidemiologia 155

6. Bases para urna Epidemiologia Contra-Hegemónica 165

7. Da Epidemiologia Linear a Epidemiologia Dialética 191

8. Projeto Ilustrativo: neo-humanismo popular em a~áo - avan~os naepidemiologia crítica da intoxica~áo por pesticidas " 219

Considera~óes Finais: a epidemiologia como práxis emancipadora ...... ". 259

Apendice "" 287

Referencias Bibliográficas 297

Page 11: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

Prefácio a Edi~áo Brasileira

Epidemiología Crítica.' ciéncia emancipadora e interculturalídade é o novolivro de Jaime Breilh, um dos mais importantes pensadores da epidemiologiasocial latino-americana, que tenho a honra e a satisfa~ao de prefaciar, pelagrande admira~ao científica, ética, intelectual e pessoal que tenho por ele.

Autor de vários livros sobre o tema, dentre os quais alguns traduzidospara o portugues com grande aceita~ao pelo público especializado do Brasil,como é o caso do livro Epidemiologia.· economia, medicina e polftica, suacontribui~ao ao desenvolvimento desta área do conhecimento tem-se expressa-do também em diversas outras frentes. A cria~ao e a permanencia do seu Cen-tro de Estudos e Assessoria em Saúde (Ceas), no Equador, mostram sua face delíder e organizador. A intensa participa~ao na docencia em diversas institui-~óes continentais, entre as quais devemos ressaltar as brasileiras, incluindo aFunda~ao Oswaldo Cruz (Fiocruz) -, onde Breilh proferiu conferencias e cursosem diversas ocasióes - é outro exemplo de sua dedica~ao a ciencia e de suanotável contribui~ao ao desenvolvimento da epidemiologia social.

Impossível olvidar, ainda, sua militancia política nos movimentos da saú-de coletiva continental. Recentemente Breilh foi o editor do lriforme Alternativosobre Saúde na América Latina, editado pelo Ceas, com a contribui~ao inclusi-ve de autores da Fiocruz. De outro lado, sua militancia social se expressa naprópria escolha dos objetos dos seus estudos, sempre os excluídos, sejam osindígenas do seu país, sejam os sem-voz das atividades laborais equatorianas.

Assim que, estamos diante de um autor excepcional, que tem conseguidoconciliar pesquisa, docencia e militancia política de forma harmónica e criati-va, por isso mesmo sendo considerado um dos criadores e um dos principaisnomes da epidemiologia social continental.

O presente livro está organizado em oito capítulos, e tem urna introdu~aobastante elucidativa sobre sua proposta, além de um apendice, urna apresenta-

11

Page 12: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

~áo feita para a edi~áo brasileira e um prólogo, escrito pelo professor EverardoDuarte Nunes, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A bibliografia,um capítulo a parte, tem cerca de 300 referencias e constitui urna excelente basede referencia para todos os interessados na epidemiologia crítica ou sociaL

Entre muitos temas de alto relevo para o debate contemporaneo da epide-miologia, o autor discute a questáo dos modos de vida confrontado com osfatores causais de risco, bem como as categorias de determina~áo e indetermi-na~áo, quantitativo e qualitativo, assim como as questóes das necessidadesem saúde e os modelos de desenvolvimento humano. Abordados do angulo daepidemiologia, tais temas recebem urna especial contribui~áo, original e capazde avan~ar o debate.

A literatura disponível no Brasil se ressente ainda de urna contribui~áocomo esta que Breilh coloca a disposi~áo dos seus leitores. No ponto em que seencontra o debate da epidemiologia no país, esta publica~áo é muito bem-vinda, por ser ilustrativa de urna contribui~áo original, profundamente marca-da pela experiencia do autor na formula~áo e na práxis de urna epidemiologiajá testada na realidade latino-americana.

Pauto Marchiori BussProfessor da Escola Nacional de SaúdePública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e

presidente da Funda~áo Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Epidemiologia endo autor, náo somenttsos campos do saber:pológico e político. Mpretativo que ele nosses campos teóricos,

Para o autor, a (náo se limita a 'umvestidas com a roupelabora~áo de um pnUm projeto audaciostencia, erudi~áo e árinfluenciado a saúdE

Certamente, ouminha percep~áo, esna discussáo da epipropostas para o ceTalvez pare~a óbviasubmete seu própricfaz parte, precisammente como um inconhecimento com ;e participam do mI

O livro encadeiao leitor urna orienapresentando urna

12

Page 13: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

~rardo:rafia,. base1.:pide-m osermi-[ades[o da:apaz

Prólogo a Edi~áo Original

li~áole sebem-~rca-logia Epidemiologia Crítica é um livro que demonstra o profundo conhecimento

do autor, nao somente sobre o tema específico que ele aborda, mas sobre diver-sos campos do saber: biológico, filosófico, epistemológico, sociológico, antro-pológico e político. Mais ainda, a maior proje~ao ou sentido do modelo inter-pretativo que ele nos propóe estabelece-se justamente no entrecruzamento des-ses campos teóricos, com sua trama de rela~óes.

Para o autor, a constru~ao de 'urna nova ciencia, crítica e multicultural',nao se limita a 'um novo arranjo de velhas idéias e fórmulas funcionalistas,vestidas com a roupagem sedutora de urna tecnologia de ponta'; trata-se daelabora~ao de um projeto complexo e desafiador de inova~ao teórica e prática.Um projeto audacioso, que alcan~a plenos resultados, como fruto da compe-tencia, erudi~ao e árduo trabalho de investiga~ao de um pesquisador que teminfluenciado a saúde pública ou saúde coletiva da América Latina.

Certamente, outros trabalhos serao escritos por Jaime Breilh, mas, emminha percep~ao, este livro oferece nao apenas urna síntese de sua trajetóriana discussao da epidemiologia, como também um avan~o em rela~ao a su aspropostas para o conjunto da medicina social iniciadas na década de 1970.Talvez pare~a óbvia esta constata~ao do espírito de renova\(ao a que o autorsubmete seu próprio projeto de conhecimento, mas essa maneira de trabalharfaz parte, precisamente, de sua trajetória intelectual, situando-o constante-mente como um intelectual de sua época, que dialetiza com freqüencia seuconhecimento com a realidade, e o faz sem esquecer os leigos que caminhame participam do mundo vivo.

O livro encadeia oito capítulos densos. Urna introdu~ao detalhada ofereceao leitor urna orienta\(ao para acompanhar a análise epistemológica de Breilh,apresentando urna multiplicidade de idéias que evidenciam a estreita rela\(ao

1Jussaúdeuz)ecruz)

13

Page 14: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

que o autor estabelece entre a construr,;áo epidemiológica dessa 'epidemiolo-gia crítica' e urna concepr,;áo emancipadora da práxis, que tem por base o'espar,;o e o tempo do saber'. É um trabalho extremamente bem concatenado,e nele, como diriam Bruyne e seus colaboradores (1977), os pólos epistemo-lógico, teórico, morfológico e técnico necessários a urna investigar,;áo intera-gem dialeticamente, oferecendo a oportunidade de acompanharmos um pro-cesso de construr,;áo de um projeto teórico e de exemplos empíricos que secompletam harmoniosamente.

Como explicaram os autores citados, "o campo da pesquisa inscreve-sedesde o início, e ao longo de toda a sua elaborar,;áo, num ambiente societário,mais denso do que aquele em que se ajustam todas as práticas sociais". Naspalavras de Bunge, "a organizar,;áo social da pesquisa náo escapa aos conflitospolíticos e sociais (... ), pois os cientistas náo estáo acima ou ao largo da dispu-ta social e política; ao mesmo tempo, sua ciencia náo se reduz a ideologia dosautores confrontados (...r. .

Daí resulta o ambiente em quatro campos que me parece oportuno citaraqui, pois, do meu ponto de vista, este livro os aborda com clareza: o campoda demanda social, o campo axiológico, o campo doxológico e o campo episte-mico. Náo há necessidade de nos estendermos sobre eles, cabendo apenas assi-nalar que, em sua inter-relar,;áo, eles contribuem para a possibilidade de cons-trur,;áo de urna sociologia ou de urna política da ciencia. o autor que aquicomentamos náo desconhece a problemática da construr,;áo científica e, dentreos inúmeros pontos abordados em seu trabalho, destaca-se e se coloca comoum ponto-chave para o campo da saúde coletiva e da epidemiologia, a fim de,como ele afirma, aperfeir,;oar nossa consciencia objetiva dos novos problemasde urna realidade muito complexa e caracterizada por urna espiral de ineqüi-dade* crescente, mas faze-lo trabalhando simultaneamente em prol de urnaconsciencia da subjetividade como ferramenta de impulso coletivo".

No intuito de materializar esse pressuposto básico, o autor afirma que,para se criar urna nova perspectiva para o campo da saúde, "entram em jogoalgumas definir,;óes-chave". Como tais, ele cita: a 'teoria da necessidade', as'concepr,;óes sobre os direitos humanos', as 'categorias e formas de interpre-tar a qualidade de vida e seus determinantes', os 'preceitos e mecanismos daseguranr,;a humana' e a 'elasticidade das operar,;óes preventivas e das ar,;óesem prol da saúde'. Assim, as questóes científicas e políticas somam-se asquestóes éticas - que Breilh denomina com urna expressáo muito feliz: 'aética do modo de vida'.

Em minha opiniáo, é nessa interface da ciencia, da política e da ética quetransita a construr,;áo que se propóe para a epidemiologia. Entendo que essas

• Ineqüidade [in equidad] é um neologismo do autor, que ele mesmo explicará mais adiante(Nota da Tradu~áo).

14

tres dimensóes consurna ciencia como 1para ele, a construr,;ocupe das reformulade sua introdur,;áo, 'para dentro da di semento quanto no (para os estudiosos.

Ao recorrer a usubmete a um juízsuas próprias posir,;vismo, das relar,;óe~e analisa de formasas dimensóes, quaobjeto 'saúde', exple se ordena, ontol(

Destaco que, ase para um pontodesse objeto: o deepidemiologistas ((os das áreas das ctrur,;áo intercultur,

Como afirmeiváo detalhando alternos a pretensáeelaborada com ascompetencia. Mastura do autor, quepidemiologia, cosim como o sucesr,;óes mais recenteEdgar Morin e Bosadores apontama) a luta contra (contra o predomíuniculturalidadepoderíamos charrluta por urna refeé tomado por eXIlar. A transcrir,;áoque tem sido um

Page 15: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

pidemiolo-or base o¡catenado,epistemo-ao intera-l um pro-)s que se

screve-se:ocietário,ais". Nasconflitosda dispu-logia dos

lilO citaro campoo episte-~as assi-de cons-lue aqui!, dentreca comofim de,

oblemasineqüi-

de urna

na que,!m jogolde', aslterpre-mos da¡ a~óesl-se as~liz: 'a

lca que!essas

adiante

tres dimensóes constituem as bases de urna epistemologia como reflexáo e deurna ciencia como processo. Citar o autor nesse ponto é imperativo, porque,para ele, a constru~áo de urna nova epidemiologia requer um trabalho 'que seocupe das reformula~óes ontológicas, epistemológicas e praxiológicas'. Ao longode sua introdu~áo, ele vai expondo e elaborando seu próprio projeto, trazendopara dentro da discussáo as questóes que, tanto no campo geral do conheci-mento quanto no campo específico da saúde, vem constituindo um desafiopara os estudiosos.

Ao recorrer a urna extensa bibliografia e percorre-la com seu estudo, ele asubmete a um juízo crítico, revelando, ao mesmo tempo, a originalidade desuas próprias posi~óes. Breilh retoma o problema do objetivismo e do subjeti-vismo, das rela~óes macro e micro da determina~áo dos fenómenos da saúde,e analisa de forma bastante clara os limites reducionistas da polariza~áo des-sas dimensóes, quando vistas de maneira isolada. Por outro lado, ao abordar oobjeto 'saúde', expóe didaticamente como esse objeto complexo se dimensionae se ordena, ontológica, epistemológica e praxiologicamente.

Destaco que, ao se opor a urna visáo reducionista da saúde, o autor voIta-se para um ponto que me parece fundamental em sua elaborada constru~áodesse objeto: o de que a complexidade e a muItidimensionalidade exigem dosepidemiologistas (e, por extensáo, de outros estudiosos, obviamente incluindoos das áreas das ciencias humanas) urna perspectiva que a analise como cons-tru~áo intercuItural e interdisciplinar.

Como afirmei anteriormente, ao concatenar urna série de idéias (que seváo detalhando ao longo do livro) , Breilh expóe seu s objetivos. Decerto náoternos a pretensáo de revelar todos os detalhes da obra, até porque esta foielaborada com aspectos cuja especificidade ultrapassa os limites de minhacompetencia. Mas, ao tomar a obra em sua totalidade (parafraseando a pos-tura do autor, que entende a totalidade, no caso da análise da saúde e daepidemiologia, como ruptura), percebemos um trabalho bem encadeado, as-sim como o sucesso de serem trazidas para o campo da saúde as contribui-~óes mais recentes da nova epistemologia da ciencia, em vozes como as deEdgar Morin e Boaventura de Souza Santos. Como assinala Breilh, tais pen-sadores apontam para quatro linhas de inova~áo da ciencia e de seu método:a) a luta contra o reducionismo empírico e formal quantitativista; b) a lutacontra o predomínio da racionalidade eurocentrica e androcentrica, contra auniculturalidade da ciencia; c) a luta contra o predomínio de teorias quepoderíamos chamar de 'totalizantes', ou de mega-relatos impositivos; d) aluta por urna reformula~áo da rela~áo entre o conhecimento academico - queé tomado por expressáo única do saber científico - e o conhecimento popu-lar. A transcri~áo desses pontos torna-se importante em meu comentário por-que tem sido um aspecto fundamental das discussóes no campo das ciencias

15

Page 16: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

humanas, que se voltam, como escreve Theotonio dos Santos, para desafiosque exigem "urna reformula~áo do paradigma científico vigente". Esses de-safios náo só afetam o corpus do conhecimento básico, ou da ciencia exata(hard science), como se estendem a diversas áreas do conhecimento aplicado,como no caso da sociologia da saúde. Assim, textos recentes, como os deAnnandale (1998) e Cockerham (2001), destacam a importancia da constru-~áo de urna teoria crítica da saúde e da doen~a e, como ressalta Annadale,sua importancia para o estudo das desigualdades na saúde, na estrutura declasses, no genero, na ra~a e na etnicidade.

Náo se trata de analisar ponto a ponto as questóes que o autor apresentacom propriedade e conhecimento, mas náo podemos deixar de salientar e dardestaque a algumas coloca~óes fundamentais para a compreensáo da saúde.Eu lembraria, por exemplo, a distin~áo entre 'urna teoria totalizante sobre asaúde' e urna 'constru~áo de urna narrativa metacrítica, ou metadiscurso,que compreenda a realidade como totalidade'. Pelo que se pode depreender, aconstru~áo de urna teoria geral da saúde só seria possível por meio de urnanarrativa metacrítica, baseada numa proposta intercultural. Para Breilh, asaúde coletiva deveria integrar os conhecimentos de base científica e os for-mulados pelas próprias culturas, o que redundaria, em minha opiniáo, numsaber ampliado em suas elabora~óes e aplica~óes. Para chegar a esse ponto,ele resgata sua trajetória de constru~áo teórica e de trabalho sobre a saúdecomo um processo multidimensional, tomando como categoria central, inici-almente, a de reprodu~áo social, e como proposta interpretativa, a de perfilepidemiológico, e enfatizando, num primeiro momento, a no~áo de classesocial. Como relata o autor, posteriormente seráo incorporados processoscomo o de genero e o étnico, para a compreensáo da ineqüidade e de seuresultado, a desigualdade.

Como já foi assinalado, acompanhar es se trabalho é fazer urna viagempelo interior de um campo de conhecimento que Breilh vai desvelando e reve-lando, náo apenas como os muitos guias que mostram somente belas paisa-gens e ressaltam os caminhos já percorridos, mas descobrindo panoramas no-vos e atraentes. Nessa viagem, há lembran~as carinhosas dos que muito con-tribuíram para essa caminhada da medicina social latino-americana - JuanCésar García, María Isabel Rodríguez, Miguel Márquez, os companheiros doCentro de Estudos e Assessoria em Saúde (Ceas), Cristina Laurell, Pedro Caste-llanos e tantos outros que integram essa história: Naomar de Almeida-Filho,Juan Samaja, Rita Barradas, Maurício Barreto. Nesse exercício de resgate erenova~áo do pensar epidemiológico, o autor vai reafirmando seu s própriosobjetivos de 'apoiar o processo de constru~áo de urna epidemiologia metacríti-ca e multicultural'. Mas isso náo basta, pois tal epidemiologia deverá traba-lhar na inser~áo do fazer epidemiológico na constrw;:áo da eqüidade e na disso-

lu~áo do poder, um.processos da reprocsolidário, de tal m(social quanto com

Em todos os (sua constru~áo a ftos conceituais eoposta a urna epidmológica que se areferencial do queco'. Náo se trata emiologistas (Baratgia foucaultiana, Epois se presume s'variáveis e modede "triangula~áo (cínios economicosligados aos das c

sáo muitos oos estudiosos domentários geraisNáo se pode deixélpor um extenso tpesquisadores dológico ao caso cedetalhada a epi dE

Urna das dernecessidade de elpre esse papel dEurna perspectivado saber popular.Menéndez, com !

~áo da epidemialcomunitária comtros criadores, Brda sociedade chsindicatos de trcassocia~óes comdos órgáos de depróprio Estado,respalda a partilnos planos jurídi

16

Page 17: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

fiosde-~ataIdo,de

tru-ale,de

ntadarIde.e a'so,r, ama1, a'or-umIta,ídeici-rfilssesos;eu

emve-sa-lO-

m-andote-10,

~elosíti-Ja-

;0-

lu~áo do poder, urna epidemiologia que abra sua a~áo para todo o conjunto deprocessos da reprodu~áo social, articulando-se com o fazer de um bloco socialsolidário, de tal modo que suas a~óes se concatenem tanto com a totalidadesocial quanto com o local.

Em todos os capítulos, Breilh vai fundamentando de forma detalhadasua constru~áo a favor de urna epidemiologia crítica, acrescentando elemen-tos conceituais e fortalecendo sua concep~áo de urna epidemiologia críticaaposta a urna epidemiologia oficial ou conservadora, numa dimensáo episte-mológica que se aprofunda na análise das rela~óes objeto-sujeito, dentro doreferencial do que o autor denomina 'perspectiva teórica do realismo dialéti-co'. Náo se trata de retomar questóes já amplamente discutidas pelos epide-miologistas (Barata, Ayres) sobre as fronteiras do saber, usando a terminolo-gia foucaultiana, e de determinar em que estado se encontra a epidemiologia,pois se presume seu caráter de ciéncia em cuja pesquisa náo se prescinde devariáveis e modelos matemáticos. O próprio autor enfatiza a necessidadede "triangula~áo de processos metodológicos atributivos e formais, de racio-dnios economicos, sociais e antropológicos, de recursos das ciéncias sociaisligados aos das ciéncias biológicas (... )".

Sáo muitos os aspectos que tornam obrigatória a leitura deste livro paraos estudiosos do campo da saúde, mas, como já dissemos, apresentamos co-mentários gerais e destacamos apenas os pontos que nos parecem básicos.Náo se pode deixar de assinalar que a intensa formula~áo teórica é respaldadapor um extenso trabalho de campo, realizado pelo autor e pelos grupos depesquisadores do Ceas. Neste livro, Breilh aplica o novo referencial epidemio-lógico ao caso concreto da intoxica~áo por pesticidas, estudando de formadetalhada a epidemiologia do trabalho com flores.

Urna das demandas que persistem frente ao campo da saúde coletiva é anecessidade de elaborar teoricamente seus objetos. Nesse sentido, o livro cum-pre es se papel de maneira cabal, buscando náo só construir academicamenteurna perspectiva para a epidemiologia, mas associando esse conhecimento aodo saber popular. Ao retomar o trabalho de outros pesquisadores, em especialMenéndez, com sua sugestáo de urna epidemiologia sintética (complementa-~áo da epidemiologia convencional com a popular), ou de urna epidemiologíacomunitária como a proposta por Tognoni, além de outras sugeridas por ou-tros criadores, Breilh enfatiza urna nova epidemiología, que se coloque a partirda sociedade civil dos oprimidos, dos comités de a~áo das organiza~óes esindicatos de trabalhadores, das organiza~óes de vizinhos e de bairros, dasassocia~óes comunitárias, dos espa~os democráticos do mundo académico edos órgáos de desenvolvimento socíal, bem como das fissuras democráticas dopróprio Estado, para poder enfrentar o poder capitalista que se recria e serespalda a partir do próprio Estado, como aparelho que concentra e canaliza,nos planos jurídico e administrativo, a domina~áo de cIasse de urna sociedade.

17

Page 18: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

Náo tenho dúvida de que este trabalho ilustra de maneira exemplar o quepropóe a teoria crítica, tanto no sentido do que significa a palavra 'crítica'quanto no que se refere a crítica interna (análise rigorosa da argumentac;áo edo método) e quanto ao que constitui o sentido da relac;áo entre as análises dascondic;óes de regulac;áo social, desigualdade e poder. No livro, as contribui-c;óes trazidas pela perspectiva do multiculturalismo crítico, do enfoque inter-disciplinar e de urna nova intersubjetividade sáo, entre outras coisas, as mar-cas de sua originalidade.

Se, para o autor, foi de extrema complexidade elaborar um trabalho táocuidadoso, náo foi fácil para nós a tarefa de argumentar sobre ele. Ao concluirsua leitura, somos capturados pelas provocac;óes e argumentos no que se refe-re ao campo da saúde coletiva, di ante da nova epidemiologia. Essa 'epidemio-logia crítica'. por sua amplitude e complexidade, leva a supor que convémrepensarmos a estrutura e a organizac;áo da saúde coletiva, tanto academica-mente quanto nos processos de intervenc;áo. É urna nova projec;áo da epide-miologia, que sem dúvida caminhará de máos dadas com as novas conquistasque váo sendo feitas em campos como os da sociologia. da antropologia e dasciencias políticas, cujos avanc;os teóricos foram importantes e crescentes nosúltimos anos.

Ao terminar a leitura deste livro, ressurge urna interrogac;áo teórica que éfundamental elucidar: essa 'epidemiologia emancipadora' constitui outro pa-radigma, ou será, antes, um novo modelo de organizac;áo/institucionalizac;áoda epidemiologia? Esta última opC;áo aparece quando recordamos que as basesdessa 'teoria crítica' já estavam construídas desde os anos 30 do século passa-do (refiro-me a Escola de Frankfurt. em especial no que se refere ao fato de queseu s integrantes estabeleceram o quanto o valor de urna teoria depende de suarelac;áo com a prática).

Náo há dúvida de que este trabalho de Jaime Breilh é dotado de profundaoriginalidade e é de importante projec;áo para diversas áreas da saúde coletiva.

Everardo Duarte NunesUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Campinas, julho de 2002

18

As idéias sodeste livro fazerrLatina desde o acoletiva. ou med'

A epidemioloca latino-americaponte s entre as incomo entre nosso

Entretanto, (para a monitorac;bem-estar dos peinteresses de umémais evidente qu<Estado e até do 1freqüentemente p

Mas tambémas ligadas aos dede maneiras comcomo um instruldemiologia críticémulando urna nopráticas da veJha

Hoje, mais dio papel e o con te~rganizac;áo Munsua 'Comissáo soque urna Juta ren¡

Page 19: Epidemiologia Crítica Ciencia emancipadora e ...repositorio.uasb.edu.ec/bitstream/10644/3618/1/Breilh, J-CON-213... · pensar. Trata-se de um texto ... 7 Creio que diversos pontos

1Ií.m-=J00J.I1WntmJGD1l!1lnnwmlIDIllRUDll'lWA!H(tlW!JqJllmrrf'llI[;UDJrO.!)]htfbm~rmti'Jb~~~.

JL -------......-_ _ _..... ..

_._._ -------..ftJUOOllrnn[OOl--

~~~-

~~UIU(prqpml(''Drtr''ImGJJ~~~_. , .... ",.~1~1Iiml1turdt+l_~~umM-~~1IlUI!lD

lIl~r¡JI[filIdJcgr~¡ImDlf- ~ - - - - -

_ ~p.JiOOlimn[§l~~IUI"IIIIIr."lm,'(.~~~-....11~~I)Iim~mmJmwnn"V.lI!W~m~~~~-rvnDIDJIi].

~~~dtg~--

~---- - ~'."'fiT'il'i'

ISBN 85-7541-095-4

..JII9 "788575"41 0950