enxaqueca
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TERAPIA DA ENXAQUECA(MIGRÂNEA)
TERAPIA DA ENXAQUECA(MIGRÂNEA)
• A DOR DE CABEÇA é um dos sofrimentos mais comuns da
humanidade. Dentre as dores de cabeça, a ENXAQUECA aflige
cerca de 6% dos homens e 15 a 18% das mulheres.
• A ENXAQUECA é caracterizada por ataques severos de dor de
cabeça latejante, disfunção autonômica e, às vezes, sinais
neurológicos ‘auras’.
• Estima-se que a ENXAQUECA cause a perda de 64 milhões de
dias de trabalho por ano, só nos EUA
PRINCIPAIS
PROBLEMAS DO MANEJO DA ENXAQUECA
• AUSÊNCIA DE ORIENTAÇÕES PRECISAS NO
MANEJO DA DOENÇA.
• DROGAS DE EFICÁCIA VARIÁVEL E EFEITO NEM
SEMPRE É PREDIZÍVEIS PARA UM DADO INDIVÍDUO.
• TERAPIA TENDE A SER PERSONALIZADA, VARIANDO
DE CASO A CASO
ABORDAGENS GERAIS
DORES DE CABEÇA ocasionais e com latejamento leve devem ser
tratadas com analgésicos moderados e combinação de analgésicos
• ENXAQUECAS com latejamento moderado ou severo que prejudicam o
desempenho do indivíduo devem ser tratadas com medicamentos
específicos com os DERIVADOS DO ERGOT e TRIPTANOS.
• ABORDAGENS PROFILÁTICAS devem ser empregadas para
enxaquecas severas que resultaram em mudanças significativas no modo
de vida do paciente.
A SÍNDROME
• A ENXAQUECA é uma SÍNDROME NEUROLÓGICA
ESPECÍFICA.
• O SINTOMA PRINCIPAL da enxaqueca consiste nos ataques de
dor de cabeça latejante, freqüentemente, unilaterais (hemicranias)
que duram de 4 a 72 h (com mediana de 24 h) e são agravados
pela movimentação do paciente.
• O DIAGNÓSTICO deve incluir pelo menos um dos sintomas
adicionais: NÁUSEA, VÔMITO, FOTOFOBIA OU FONOFOBIA.
A SÍNDROME
• AURAS PRODRÔMICAS, principalmente visuais, mas também
somestésicas ou motoras, ocorrem freqüentemente em 15% dos
pacientes e, ocasionalmente, em 31% dos casos.
• POLIÚRIA
• DIARRÉIA
• SINTOMAS PREMONITÓRIOS (alterações no humor e apetite 24
h antes do início dos ataques).
SUBTIPOS CLÍNICOS DE ENXAQUECAS
(IHS, International Headache Society)
Enxaqueca sem aura (“enxaqueca comum”)
Enxaqueca com aura (“enxaqueca clássica”)
Enxaqueca com aura típica
Enxaqueca com aura prolongada
Enxaqueca com aura de início abrupto
Enxaqueca hemiplégica familiar
Enxaqueca basilar
Aura de enxaqueca sem dor de cabeça
Enxaqueca oftalmoplégica
Enxaqueca de retina
TEORIA NEUROVASCULAR DA ENXAQUECA
• A ENXAQUECA tem sido considerada uma ‘DOENÇA
VASOESPÁSTICA’ desde os anos 40.
• A VASOCONSTRIÇÃO tem sido associada aos sinais
prodrômicos.
• A VASODILATAÇÃO tem sido associada às crises de dor.
• Não obstante, as alterações do fluxo cerebral não são suficientes
para a produção de dor. Por exemplo, não há dor durante a
intensa vasodilatação que acompanha a hipercapnia.
FISIOPATOLOGIA DA DOR NA ENXAQUECA
Aparentemente, a DOR DA ENXAQUECA depende de 3 fatores:
1) VASOS CRANIANOS
2) INERVAÇÃO DESTES VASOS pela divisão oftálmica do
trigêmino e pelos ramos dos nervos vertebrais cervicais (C1-C2).
3) REFLEXO PARASSIMPÁTICO TRIGÊMINO-AUTONÔMICO.
Em particular, a ativação periférica do trigêmino leva à liberação
do Peptídeo Relacionado ao Gene da Calcitonina (CGRP), um
agente vasodilatador que pode estar na origem da inflamação
vascular neurogênica.
FISIOPATOLOGIA DA DOR NA ENXAQUECA
FISIOPATOLOGIA DA AURA DA ENXAQUECA
A DEPRESSÃO ALASTRANTE, descrita pelo brasileiro Aristides
Leão (1944), é a possível causa das auras na enxaqueca.
O fenômeno consiste num DECRÉSCIMO DA ATIVIDADE
ESPONTÂNEA, OU EVOCADA, DO EEG, que alastra-se do
local estimulado por todo o hemisfério a uma velocidade de 2-3
mm/min. O registro das variações do potencial cortical revela
uma onda lenta de –40 mV, 1-2 min após o início do fenômeno,
seguida por uma onda positiva de menor amplitude, mas de
maior duração.
Após a indução da depressão alastrante, o FLUXO CEREBRAL É
REDUZIDO EM 20-25%, de forma similar ao observado nos
ataques de enxaqueca clássica (com aura).
PAPEL DA SEROTONINA NA ENXAQUECA
Várias evidências implicam a serotonina (5-HT) na enxaqueca.
1) Os níveis plasmáticos de 5-HT variam durante a enxaqueca.
2) A 5-HT e seus metabólitos estão aumentados na urina durante a
maior parte das dores de cabeça.
3) A enxaqueca pode ser precipitada por liberadores de 5-HT,
como a RESERPINA e FENFLURAMINA.
4) Grande parte das drogas anti-enxaqueca age em mecanismos
serotonérgicos que, por vezes, são bastante seletivos, como é o
caso dos TRIPTANOS e METISERGIDA. Estas drogas parecem
agir nos núcleos serotonérgicos da rafe (principalmente, dorsal e
magno) que modulam as aferências craniovasculares do
trigêmino, mas também em receptores dos próprios vasos
intracranianos.
PAPEL DA INFLAMAÇÃO VASCULAR NEUROGÊNICA
Este fenômeno consiste no extravazamento de plasma pela
despolarização de axônios perivasculares. Possivelmente, depende
da liberação de substância P, neurocinina A e, principalmente, do
CGRP, que é liberado durante os ataques de enxaqueca.
OUTRAS HIPÓTESES
Alterações de neurotransmissores (ácido glutâmico, óxido nítrico e
opióides), da condutância ao cálcio, da atividade dos núcleos da
rafe ou do sistema nervoso autônomo, também têm sido aventados
como fatores primários ou secundários na evolução de um ataque
de enxaqueca.
BASES GENÉTICAS DA ENXAQUECA
Comprovadamente, a ENXAQUECA HEMIPLÉGICA FAMILIAR está
associada a um gene do cromossomo 19 envolvido na
expressão da subunidade a1 do canal de cálcio voltagem-
dependente tipo P/Q.
MANEJO DA ENXAQUECA SEGUNDO A GRAVIDADE DO CASO CLÍNICO
As principais decisões do clínico devem considerar:
1) Pode-se tratar a enxaqueca com drogas que não requerem
prescrição como aspirina e agentes anti-inflamatórios não
esteroidais?
2) Se a terapia aguda for necessária, qual é a droga mais eficaz e
com menores efeitos colaterais?
3) O quadro exige um tratamento profilático?
MANEJO DA ENXAQUECA SEGUNDO A GRAVIDADE DO CASO CLÍNICO
Vários fatores podem predispor ou desencadear a enxaqueca. Eles
devem ser identificados e o paciente deve ser aconselhado em
evitá-los:
1) Álcool (vinho tinto).
2) Certos alimentos (chocolates, queijos, etc).
3) Padrões irregulares de sono.
4) Estresse.
5) Variações de fuso horário.
6) Altas altitudes.
7) Variações hormonais do ciclo menstrual.
MANEJO DA ENXAQUECA SEGUNDO A GRAVIDADE DO CASO CLÍNICO
Grau Característica Terapia
Leve Dores ocasionais (menos de 1 crise por mês) com latejamento, sem prejuízo maior do desempenho ou lazer.
Analgésicos fracos ou combinação de analgésicos, antieméticos
Moderado Dores moderadas ou severas (mais de 1 crise por mês), algum prejuízo do desempenho ou lazer, náuseas freqüentes
Combinação de analgésicos, triptanos, alcalóides do ergot e antieméticos
Severo Mais que 3 crises severas por mês com forte prejuízo do desempenho e lazer, náusea acentuada e/ou vômitos
Triptanos, alcalóides do ergot, medicação profilática e antieméticos
MANEJO DA ENXAQUECA LEVE
Nestes casos usam-se ANALGÉSICOS ANTI-INFLAMATÓRIOS
NÃO-ESTEROIDAIS ou combinação destes analgésicos e um
vasoconstritor moderado (ISOMETEPTENO).
O isometepteno tem atividade e -adrenérgica e é contraindicado
em pacientes com glaucoma, doença renal grave, hipertensão,
doenças cardíacas ou hepáticas, ou uso concomitante de
IMAOs.
Os anti-eméticos compreendem os ANTI-HISTAMÍNICOS
difenidramina (Benadril) e prometazina (Fenergan), e
ANTIDOPAMÍNICOS como a proclorperazina e a
metoclopramina (Plasil). No Brasil existem muitos medicamentos
à base de dipirona, recentemente liberada nos EUA
PRINCIPAIS AÇÕES FARMACOLÓGICASDOS ALCALÓIDES DO ERGOT
5HT DA NA
Bromocriptina
Ações irrelevantes
Emético menos potente que a ergotamina, po-tente agonista D2 (inibe a prolactina), ago-nista parcial e antagonista em várias regiões do SNC.
Antagonista menos potente que a di-hidro-ergotamina em vários tecidos.
MANEJO DA ENXAQUECA MODERADA OU SEVERA
Estes casos devem ser tratados com ALCALÓIDES DO ERGOT
(extraídos do fungo Claviceps purpúrea) ou com os TRIPTANOS
MANEJO DA ENXAQUECA MODERADA OU SEVERA
PRINCIPAIS AÇÕES FARMACOLÓGICASDOS ALCALÓIDES DO ERGOT
5HT DA NA
Ergotamina Agonista parcial em certos vasos, antagonista não seletivo em vários tipos de músculos lisos.
Emético potente por via endove-nosa.
Principalmente antagonista na periferia e SNC, agonista parcial e antagonista em certos vasos.
Di-hidroergo-tamina
Agonista parcial, antagonista em alguns tipos de músculos lisos.
Emético pouco potente, antago-nista não seletivo em gânglios sim-páticos.
Agonista parcial em veias, anta-gonista em va-sos, vários mús-culos lisos, na periferia e SNC.
MANEJO DA ENXAQUECA MODERADA OU SEVERA
PRINCIPAIS AÇÕES FARMACOLÓGICASDOS ALCALÓIDES DO ERGOT
5HT DA NA
Ergonovina
e
Metilergono-vina
Antagonistas po-tentes e seletivos em vários mús-culos lisos, ago-nistas parciais ou antagonistas no SNC.
Emético, inibem a prolactina menos que a bromocripti-na, antagonistas fracos em certos vasos, agonistas parciais e antago-nistas no SNC.
Agonistas parciais em vários vasos.
Metisergida Antagonista seletivo e potente em muitos tecidos e áreas do SNC, agonista parcial em certos vasos.
Ações irrelevantes
Ações irrelevantes
MANEJO DA ENXAQUECA MODERADA OU SEVERA
PRINCIPAIS AÇÕES FARMACOLÓGICASDOS TRIPTANOS
5HT DA NA
Sumatriptano
Almotriptano
Eletriptano
Frovatriptano Naratriptano
Rizatriptano
Zolmitriptano
Agonistas seletivos
de receptores
5-HT1D/1B
Inativos Inativos
MECANISMO DE AÇÃO DOS TRIPTANOS
Variável Suma Almo Ele Frova Nara Riza Zolmi
Dose Clínica Máx. (mg)
100 12,5 80 2,5 2,5 10 5
Eficácia Relat. ao Sumatrip.
> > nd < > =
Meia-Vida (h) 2,0 3,5 5,0 25,05,0-6,3
2,0 3,0
Concentração Máx. Plasma
(h)
2,0-2,5
1,4-3,8
1,4-2,8
3,02,0-3,0
1,01,8-4,0
Biodisp.Oral(%)
14 69 50 24-30 63-74 40 40
Met./ Excreção Primários
MAOCYP4
50/ MAO
CYP3A4
Rim (50%)
Rim (70%)
MAOCYO4
50/ MAO
TRATAMENTO PROFILÁTICO DE ENXAQUECA SEVERA
Todos agentes empregados no tratamento profilático devem ser
avaliados por 6 a 12 semanas, antes de serem considerados
ineficazes.
Caso eficazes, o tratamento deve ser continuado por 6 meses,
podendo ser interrompido após este período devido à alta
freqüência de remissão da enxaqueca.
Um novo período de 6 meses deve ser realizado em casos de
reincidência.
TRATAMENTO PROFILÁTICO DE ENXAQUECA SEVERA
Amitriptilina – O mecanismo dos efeitos anti-enxaqueca é
desconhecido. Os efeitos colaterais mais frequentes são devidos
à sua ação antimuscarínica.
Metisergida, Pizotifen, Ergonovina, Mianserina e Ciproeptadina –
São antagonistas da 5-HT. A metisergida é eficaz em 60-80% dos
pacientes e deve ser administrada por, pelo menos, 6 semanas
para surtir efeito. Os efeitos colaterais mais frequentes incluem
náusea, vômitos e diarréia. Alguns poucos pacientes podem
desenvolver fibrose retroperitoneal em tratamentos prolongados.
Portanto, após 6 meses o tratamento deve ser interrompido por 4
ou 8 semanas.
TRATAMENTO PROFILÁTICO DE ENXAQUECA SEVERA
Propranolol, Metoprolol, Timolol, Atenolol, Nadolol - São
antagonistas beta-adrenérgicos.
Bloqueadores de Canais de Cálcio – A flunarizina foi testada com
mais sucesso. Outros bloqueadores, como o diltiazem, verapamil,
nitrendipina e nifendipina também são eficazes. O verapamil
também parece ser eficaz em ataques agudos de enxaqueca.
Todos são bloqueadores de canais do tipo-L. Os efeitos colaterais
são leves e incluem constipação e hipotensão ortostática leve.
Antinflamatório Não-Esteroidais - O nalproxeno também apresenta
atividade profilática anti-enxaqueca.